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Exercícios

A CONCENTRAÇÃO

A concentração é mais importante do que de ordinário nos apercebemos. A correta


concentração é necessária à efetivação harmoniosa de muitas de nossas atividades na vida. Na
verdade, guarda relação decisiva para com algumas de nossas outras faculdades mentais.

Em nosso interesse pela concentração, não recorramos à usual definição dos


dicionários. Antes, encaremo-la do ponto de vista de nossa experiência pessoal. Se usamos a
palavra concentração com referência a vários objetos espalhados, que desejamos apanhar,
que queremos dizer? Neste caso, pensamos em concentração no sentido de juntarmos esses
objetos que estão separados, espalhados. Trata-se, o quanto possível, do ato de tentarmos
reunir os objetos numa espécie de unidade. Isto é, para todos os fins práticos, estamos
fazendo com que os objetos passem a um estado compacto, parecendo constituir mais uma
unidade do que um conjunto de muitas unidades.

Numa outra analogia para o uso da palavra concentração, se, diante das portas
fechadas de um auditório, vemos um grande ajuntamento de pessoas esperando que as portas
se abram, podemos dizer que se trata de uma concentração de pessoas. Mais uma vez,
queremos dizer que muitos seres estão reunidos num estado de relativa unidade. Agora,
consideremos a concentração no sentido psicológico, mental. Afirmamos, então, que nos
estamos concentrando em alguma coisa. Novamente perguntemo-nos: que queremos
exatamente dizer com isto? E curioso notar que, com frequência, não pensamos no significado
das palavras que usamos. Elas vão se encaixando, talvez natural ou habitualmente, naquilo que
estamos dizendo. Mas, qual é nossa compreensão pessoal dessas palavras? Uma compreensão
restrita da concentração e suas funções nos levará a tirar pouco proveito desta faculdade.
Suponhamos que desejamos trabalhar com uma coisa de tamanho muito reduzido, ou
intricada. Por exemplo, admitamos que se trata de enfiar uma linha numa agulha finíssima, ou
de colocar um parafuso muito pequeno num orifício de um mecanismo qualquer. Todos
tivemos experiências deste gênero. Sabíamos que, nessas circunstâncias, não podíamos
permitir que nossa visão ficasse mudando de um ponto para outro, porque, para conseguirmos
o resultado desejado, era necessário focalizarmos intensamente a visão nos minúsculos
objetos com que estávamos trabalhando.

Há outra maneira de descrever este aspecto mental da concentração. Trata-se da


focalização da atenção. No exemplo acima, isto consistia em tornarmos nossa faculdade de
concentração precipuamente sensível a nossas impressões visuais. Num outro exemplo, se
estamos escutando um famoso violinista, estamos focalizando nossa faculdade auditiva, nosso
sentido de audição, nas ondas sonoras que nos atingem.

Ora, este ato de tornarmos nossa consciência sensível exclusivamente a uma espécie
de impressão introduz um fator muito importante no tocante à concentração. Simplesmente,
trata-se da relativa supressão das demais faculdades sensoriais, ou seja, de as subordinarmos,
no momento, à faculdade que estamos empregando. Isto nos leva à relação da consciência
para com nossas cinco faculdades sensoriais, exteriores ou periféricas. Estas faculdades são:
visão, audição, paladar, olfato e tato.
E que podemos dizer sobre a consciência?

Este é um assunto extensamente estudado em nossas monografias. Contudo, para


nosso objetivo atual, diremos que a consciência é uma corrente de sensibilidade em todo o
nosso corpo, e esta corrente, que também será mais amplamente explicada nas monografias,
é um atributo da força vital. Quando essa sensibilidade, ou consciência, sofre a ação de algum
estímulo, como vibrações de luz, ou ondas sonoras, essas impressões ou vibrações de
consciência são transmitidas para os órgãos da visão, os olhos, e daí para o centro visual do
cérebro, ou para os ouvidos e o centro auditivo do cérebro. Nesse centro, as impressões, ou
vibrações ondulatórias, são transformadas em sensações de visão ou audição, ou de qualquer
dos demais sentidos periféricos. Um intricado processo fisiológico mostra como tudo isto
ocorre, mas este processo escapa ao âmbito de nosso estudo da concentração.

Na concentração, como determinamos que um sentido seja mais sensível do que os


demais? Em primeiro lugar, é preciso compreendermos que nossa intensa concentração pode
alternar seu foco, de um estímulo, um conjunto de impressões, para outro, Isto pode ser tão
rápido que não percebamos a alternação. Todavia, isto não deve ser confundido com
desatenção ou divagação da consciência. Por exemplo, quando estamos assistindo a um filme
sonoro em que estamos interessados, nossa consciência, nossa percepção, alterna-se
rapidamente entre as impressões visuais e as sonoras. Pode nos parecer que ambos os tipos
de impressão estão sendo recebidos concomitantemente; mas, na realidade, testes
psicológicos demonstraram que, nessas condições, dá-se uma rápida alternação da
consciência, de um conjunto de impressões para outro.

Nossa atenção, nossa concentração em coisas externas, tanto pode ser compelida do
exterior como interiormente decidida. Objetos em movimento atraem a atenção mais
prontamente do que objetos estacionários. Luzes e sons fortes tendem a atrair a atenção, que
neles, então, preferivelmente se focaliza. Eles excitam a consciência, com a intensidade de seu
estímulo. Além disso, o tamanho de um objeto, se ele predomina sobre objetos adjacentes,
também atrai especial atenção. Portanto, simplesmente, concentramos a faculdade sensória
naquilo que mais fortemente atua sobre a mesma.

A vontade desempenha papel fundamental no poder de concentração. A ideia, o


motivo ou propósito em mente, é que suscita a vontade. Se nos determinamos a fazer algo, é
porque temos o desejo de fazê-lo. Nem todo desejo que tenhamos será agradável, do ponto
de vista de satisfação física. Por analogia, podemos ter um trabalho cansativo e desagradável a
realizar. Por um lado, preferiríamos esquecê-lo. Por outro lado, sentimos o impulso da
consciência moral de que se trata de um dever, ou uma obrigação a ser cumprida. Este
impulso moral ou ético de consciência constitui, portanto, o desejo mais forte. Compele a
focalização de nossa consciência naquele trabalho. Por conseguinte, a vontade que determina
a ação é sempre o desejo mais intenso, predominante no momento. Uma vontade fraca ou
vacilante indica que a pessoa não tem um único e intenso desejo. A vontade, portanto, será
ineficaz em canalizar sua consciência, ou seja, focalizá-la, em concentração. Como já
afirmamos, a vontade é um desejo dominante. Porém, há desejos menos intensos, de que
tomamos consciência, que muitas vezes desafiam a força da nossa vontade. Todos temos
consciência, em certos momentos, desse conflito de aparente indecisão entre motivações
mentais. O ardor, a força dinâmica da determinação de dirigir a consciência, tem de ser
mantida o mais livre possível de distrações, sejam estas devidas a impressões externas ou a
fugazes ideias internas.

Suponhamos que queremos chegar a um significado pessoal para a palavra


conhecimento. Queremos que ele seja conclusão nossa. Começamos pensando somente na
palavra conhecimento. Tente fazer isto, com os olhos abertos. Enquanto estiver olhando
fixamente para a frente, os objetos que estiver enxergando o distrairão. Sua atenção se
desviará para eles. Isto será indicação de que sua vontade ainda não estará suficientemente
forte para o objetivo pretendido. Simplesmente, a palavra conhecimento ainda não estará
constituindo uma ideia compulsiva em sua consciência.

Num exercício como o que acabamos de propor, temos de pronunciar mentalmente a


palavra conhecimento (ou qualquer outra palavra que tenha sido escolhida), repetidamente,
até que ela se torne uma sensação, na consciência, mais forte do que qualquer coisa percebida
no ambiente.

Certamente, você já ouviu a expressão “ele está longe...”. Isto sugere apenas que,
embora com os olhos abertos, e as demais faculdades sensoriais em estado normal, o
indivíduo não está cônscio de quaisquer impressões por elas captadas. Isto é, sua consciência,
devido ao estado intenso de pensamento, está focalizada numa ideia, em sua sensação
mental.

Exercício Número Um:

Pense na cor azul. Concentre-se mentalmente, isto é, focalize sua atenção nesta cor.
Veja-a em sua mente, porém, com os olhos abertos. Use a vontade para repelir quaisquer
impressões de coisas exteriores que o possam distrair. Como recurso inicial, poderá visualizar
uma coisa comum, associada à cor azul. Por exemplo, veja, em sua mente, um límpido céu
azul. Isto deve ser relativamente fácil. Depois, gradativamente elimine de sua consciência a
visualização do céu e faça com que persista somente a cor azul.

Exercício Número Dois:

Tente o mesmo exercício anterior, porém, com os olhos fechados. Este exercício será
menos difícil do que o anterior. Entretanto, verificará o amado Membro que pensamentos
fugazes, oriundos de sua memória, tenderão a ser despertados em sua consciência, conflito
com sua vontade, ou seja, com seu desejo de pensar exclusivamente na cor azul. Poderá
praticar a concentração mental com outras ideias, diferentes da ideia de cor; por exemplo, um
símbolo, como um triângulo, uma cruz, um círculo. Evite, porém, uma ideia complexa, isto é,
composta de diversos elementos com igual força atrativa.

Suponhamos que você está visitando um museu de arte, onde são exibidos quadros de
pintores famosos. Deseja concentrar-se num determinado quadro, a fim de tirar o máximo
proveito de sua apreciação. Ao concentrar sua atenção visual nesse quadro, deve então fazer
com que um elemento do mesmo se destaque em sua consciência. Esse elemento pode ser a
harmonia de cores, o contraste de luz e sombra, a composição geral, ou o tema da pintura. O
importante é evitar que sua concentração oscile de um elemento do quadro para outro.
Exercício Número Três:

Tente agora este outro exercício de concentração numa imagem mental. Pense num
ponto (.). Veja com clareza esse ponto, em sua mente. Depois, veja dois pontos (..). Em
seguida, sucessivamente, trêSs e quatro pontos. Finalmente, veja em sua mente uma série de
pontos, como abaixo ilustramos. . .. ... ....

Desta feita, porém, não visualize os pontos separadamente. Antes, concentre-se na imagem de
todo o conjunto de pontos, de toda a série, a um só tempo. Não os funda em um ponto único,
mas, repetimos, concentre-se na visão mental de toda a série de pontos: um, dois, três, e
quatro.

Exercício Número Quatro:

Finalmente, visualize uma circunferência em volta do seu corpo, à semelhança de um


cinto, um cordão ou uma faixa. Mentalmente, veja essa circunferência começar a se formar no
centro de suas costas. Depois, visualize-a gradativamente se estendendo ao seu redor, até que
esteja circundando completamente o seu corpo. Não visualize a circunferência por partes,
mas, faça com que sua consciência a veja como uma linha estendendo-se ao seu redor até
circundá-lo por completo. Apenas observe, mentalmente, a extensão da circunferência, desde
seu ponto inicial até que se complete. A princípio, achará isto difícil, porém, com a prática da
concentração, combinada com visualização, verá que os resultados serão compensadores.

A principal diferença entre concentração e contemplação reside no uso da consciência.


A concentração consiste, na focalização da consciência ou atenção em coisas exteriores a nós,
que registramos através dos sentidos objetivos, como ocorre em nossa consciência de ouvir,
ver, etc. A contemplação é um processo mais subjetivo, que tem lugar inteiramente no âmago
da própria mente e independe dos órgãos sensórios externos. Este processo subjetivo ocorre
quando estamos imaginando, visualizando, e mesmo meditando.

Parte 2: A Imaginação

Antes de tentarmos uma interpretação do que seja imaginação, convém que a


distingamos de alguns de nossos outros processos mentais. A imaginação não é uma forma de
percepção empírica. Esta consiste em nos tornarmos objetivamente conscientes, através de
nossas funções sensíveis a coisas exteriores. Por exemplo, quando você está lendo esta
monografia, está usando sua faculdade receptora de visão para ver as palavras impressas.
Aquilo que está sentindo tem origem fora de sua mente. A ideia que lhe ocorre provém, direta
e imediatamente, de impressões exteriores visualmente sentidas. O mesmo se pode dizer de
suas faculdades receptoras de audição, paladar, tato e olfato. Elas são canais que lhe
permitem conscientizar-se do mundo que lhe é exterior. A memória também se origina,
naquilo que você sentiu no mundo exterior por meio de sua percepção isto é, suas cinco
faculdades sensórias. Por exemplo, aqui está um símbolo, o triângulo:
Ele é, evidentemente, uma coisa existe fora do estudante. A imagem visual forma em
sua consciência imediatamente olhar o Estudante para o triângulo. Agora, tire os olhos desta
página por alguns instantes e, enquanto estiver olhando para outra parte, procure relembrar o
triângulo que acabou de ver. Veja-o tão nitidamente quanto possível, em sua mente, sem usar
os olhos.

Tente agora. Foi-lhe mais difícil trazer da memória a imagem mental do triângulo do
que vê-lo exteriormente. Isto ocorreu porque as impressões memória não são tão intensas
como as sensações recebidas diretamente através de seus sentidos. Em outras palavras, o
Estudante pode ver uma coisa muito mais nitidamente do que é capaz de relembrá-la.

Brevemente, consideremos outro exemplo, para distinguirmos raciocínio de


imaginação. Num sentido muito amplo, podemos dizer que nosso raciocínio se faz,
comumente, por dois métodos: o indutivo, e o dedutivo, o indutivo consiste em procedermos
de uma ideia particular para uma conclusão geral. Podemos explicar melhor este raciocínio
pela seguinte analogia: Um botânico verifica que certa planta cresce num determinado tipo de
solo e não num outro. Mas, qual é a causa geral desta observação particular? Por que é um
solo melhor do que o outro, para aquela planta? Simplesmente, há algum fenômeno geral que
é responsável pelo caso particular observado. O método dedutivo de raciocínio consiste,
fundamentalmente, em proceder de uma experiência geral para os detalhes de que ela
consiste. Recorramos a mais uma analogia: Um crime foi cometido. A polícia dispõe de indícios
distintos, relativamente a esse crime. Esses detalhes têm de ser correlacionados, integrados,
para que se possa determinar o detalhe original, ou seja, quem é o criminoso e, talvez, qual foi
o seu motivo.

Em todos esses exemplos, estivemos lidando com realidade, isto é, algo que
percebemos objetivamente. Pelo menos pensamos que se tratava de uma realidade e
procuramos, subsequentemente, percebê-la. Na imaginação, porém, estamos interessados em
algo que não existe; pelo menos nunca existiu para nós, como uma coisa ou condição exterior.

Digamos que pensamos num veículo do futuro, provido de um dispositivo que extrai
do espaço sua energia de propulsão. A fonte é infinita e econômica. Ora, ainda não existe esse
veículo, e suponhamos também que nunca ouvimos falar de coisa alguma que se parecesse
com a nossa ideia, nem vimos qualquer coisa parecida. A possibilidade de essa ideia imaginada
tornar-se realidade só existe como um evento futuro. Suponhamos, por outro lado, que
imaginamos como viviam os primeiros seres humanos, na pré-história, há muitos milhares de
anos. Neste caso, estamos imaginando algo que parece perdido no passado. Mas, se a nossa
concepção, nossa ideia imaginada, posteriormente se tornasse realidade, mediante pesquisa
antropológica e arqueológica, então ela estaria no futuro, em relação a nós. Isto é,
relativamente ao estado atual de nossa imaginação, qualquer prova que corroborasse nossa
ideia torná-la-ia uma realidade do futuro.

Não obstante, nem toda ideia imaginada pode ser absolutamente original em todos os
aspectos. Qualquer ideia tem de se relacionar, a algum grau, com algo que já existia. Deve
representar uma extensão, uma elaboração, ou uma alternativa para algo que já se conhece.

Para explicar este ponto, consideremos novamente nossa analogia de um veículo


propulsionado por uma energia extraída do espaço. Toda a ideia começa com a noção de
veículo; isto é, de um método de transporte que ultrapasse tudo o que “ora exista”. Esta
última expressão é o ponto de partida sobre o qual se desenvolve a imaginação. Na
imaginação, a mente projeta, de algum elemento, uma coisa ou condição que ela conhece, e
este conhecimento pertence ao presente. Existem dois tipos gerais de imaginação: espontânea
e deliberada. O Estudante deverá procurar recordar sua experiência pessoal de um ou de
ambos estes tipos de imaginação, conforme os explicamos a seguir, separadamente. A
imaginação espontânea é uma impressão instantânea, intuitiva, sugerindo uma ideia que se
relaciona com aquilo que estamos percebendo ou em que estamos pensando num dado
momento. Por exemplo, desejamos atravessar uma rua, à noite, dentro de uma faixa para
pedestres. O tráfego é relativamente intenso e a rua não é bem iluminada. Os carros que se
aproximam não nos podem ver até praticamente atingirem aquela faixa. A situação, portanto,
é de grande risco. Subitamente, ao pisarmos na faixa, surge em nossa mente a ideia de que
poderia ser criado um dispositivo eletrônico que ligasse automaticamente uma luz de alerta
para os carros, quando um pedestre entrasse na faixa. É irrelevante se a ideia que imaginamos
é prática, ou não. O fato é que ela é espontânea — intuitivamente provocada por alguma
situação que vivemos. A imaginação deliberada está diretamente relacionada com esforço
criativo. A intenção é de provocar uma transição, uma mudança, uma transformação em
alguma coisa. Mas a diferença entre a imaginação deliberada e a espontânea reside em que a
primeira se refere a algo que foi objeto de prévia reflexão. Admitamos, por exemplo, que o
Estudante é um comerciante que vende vários tipos de produtos elétricos. E que recebe um
novo dispositivo, que seria bem vendido se suas funções fossem devidamente apresentadas
aos clientes. Envia então um anúncio aos mesmos, em forma de um folheto capaz de
imediatamente atrair atenção. Uma fotografia daquele dispositivo, bastante complexo, por si
só, no folheto, não seria suficiente. Em outras palavras, que poderia representar as funções do
dispositivo de modo dramaticamente interessante, no folheto?

O Estudante trabalha mentalmente no problema. De repente, lampeja em sua


consciência uma ideia iluminadora. Em sua imaginação, surge a ideia de um desenho muito
atrativo, para a capa do folheto, do novo produto que deseja introduzir. Isto é um exemplo de
imaginação deliberada.

Agora, passamos a lhe propor dois exercícios simples para estimular e desenvolver a
imaginação.
Exercício Número Um:

Começaremos pela imaginação espontânea. Todos os dias, a caminho do trabalho,


esteja particularmente atento ao ambiente. Procure se conscientizar de tudo o que vir — nisto
consiste a boa observação. Todos enxergamos enquanto caminhamos, porém, poucas dessas
impressões se registram conscientemente em nossa mente. Isto é, não nos lembramos de ter
visto muita coisa que, na verdade, percebemos visualmente.

Portanto, quando vir alguma coisa ao caminhar, procure compreendê-la; isto é, tomar
conhecimento daquilo que veja. Isso deve ter, pelo menos, algum significado para o próprio
Estudante. Pergunte-se então: Poderia isto ser aprimorado? Seria possível torná-lo mais
eficiente, mais útil? Poderia alguma coisa substituí-lo, algo que fosse talvez mais econômico e
prático?

Não insista impositivamente nestas perguntas. Antes, deixe que um fluxo de ideias
intuitivas estimule sua imaginação. Aquilo que visualize talvez não constitua um
aprimoramento; ou, por outro lado, poderá ser emocionantemente surpreendente, para o
Estudante, o fato de que ninguém tenha pensado na sua ideia.

Usamos a palavra intuição, várias vezes. Esse exercício que acabamos de propor não é
realizado necessariamente para provocar uma real mudança, em algum momento futuro,
naquilo que o Estudante vê. Antes, destina-se a desenvolver intuitivamente uma associação de
ideias e, com isto, aprimorar a imaginação criadora.

Exercício Número Dois:

Agora, tente alguns exercícios de imaginação deliberada. Sugeriremos certas palavras


ou expressões que representam problemas atuais, isto é, coisas que o homem moderno tem
de enfrentar. Pedimos ao estudante que pense no significado de cada palavra ou expressão, do
ponto de vista de uma possível solução para o problema que ela represente.

Afaste de sua mente quaisquer ideias que se lembre de ter lido ou ouvido, sobre o
assunto que a palavra ou expressão designe. Fazemos esta solicitação porque desejamos que
sua própria imaginação seja utilizada no exercício. Se, enquanto o estudante estiver pensando
na palavra ou expressão, surgir em sua consciência uma ideia que pareça racional e original,
isto constituirá um exemplo de imaginação deliberada. Trata-se portanto, em outras palavras,
da extensão de aspectos do conhecimento de alguma coisa a um novo estado, ou uma nova
condição, assim como uma imagem em sua mente.

Admitamos, francamente, que nem tudo que imaginamos tem condição de se tornar
realidade; contudo muitas de nossas grandes invenções, grande parte do nosso progresso
social, ocorreu graças ao processo de imaginação deliberada. Poderá ser vantajoso ao
Estudante ler a biografia de grandes inventores. Cremos que perceberá como muitos deles
chegaram a suas criações pelo processo de imaginação deliberada.

Aqui estão, então, as palavras e expressões que sugerimos com relação a este
exercício:
SUPERPOVOAMENTO URBANO

PAZ

TRÁFEGO

FUTURO DA HUMANIDADE

Se o estudante quiser, poderá considerar outros problemas humanos, durante este


exercício.

Finalmente, precisamos distinguir fantasia de imaginação criadora. A fantasia é uma


imaginação indisciplinada. Isto é, na fantasia, não há preocupação quanto a ser o tema
coerente com a lei natural ou suas consequências. Por exemplo, numa fantasia, um indivíduo
pode se conceber extremamente rico, adquirindo tudo que deseja. No entanto, esse indivíduo
talvez não tenha qualquer profissão ou capacidade especial, e nem mesmo a aspiração do
desenvolvimento pessoal. Evidentemente, seu ponto de partida mental não se apoia em
qualquer realidade específica. Neste caso, não há possibilidade de ligação entre os elementos
da fantasia do indivíduo e sua aptidão natural ou seu caráter.

PARTE III - EMOÇÕES

INTRODUÇÃO

Como sabemos, as emoções nos são úteis de vários modos. No entanto, houve
momentos em que desejamos que tivéssemos sido menos emotivos, devido aos efeitos que se
seguiram. O sermos hipersensíveis tem vantagens e desvantagens. Como podemos saber
quando é melhor expressarmos uma emoção natural, e quando é melhor que a suprimamos?
Além disso, que emoções são automaticamente boas, isto é, benéficas, quase sempre, e quais
as que podem redundar em nosso descrédito? Admiramos a pessoa dotada de razoável
sensibilidade, que reage compassivamente ao seu ambiente e às circunstâncias. Todavia, a
maioria de nós não encara favoravelmente a pessoa que se entrega irracionalmente a
explosões emocionais; ou seja, simplesmente, a pessoa que dá rédeas soltas a toda espécie de
emoção, sem discernimento. Como as emoções desempenham um papel importante em nossa
vida, às vezes mais do que percebemos, cremos que o conteúdo desta terceira parte será útil
ao Estudante, como mais uma “técnica prática para a vida diária”.

Nossos estados emocionais são muito comuns. Aliás, o homem foi um ser emocional
por muito mais tempo do que tem sido um ser racional, ou reflexivo. Durante milênios e
milênios, por incontáveis anos de obscuridade intelectual, o homem foi mais guiado por suas
emoções do que por seus processos de pensamento. Mesmo atualmente, muitos homens são
seres mais emocionais do que racionais; isto é, são mais influenciados por impactos
emocionais do que por estímulos ao seu intelecto. Em outras palavras, somos em maior
percentagem seres “afetivos”, do que seres “pensantes”, usando-se aqui a palavra afetivos
com referência a emoções.

Talvez possamos abordar melhor este assunto revisando as teorias ou os fatos mais
genericamente conhecidos, sobre nossas emoções. Que sentimentos ou sensações são
designados como emoções? Os mais comuns são: medo, aversão, raiva, deleite, exultação,
afeto, alegria, pesar, regozijo, êxtase, espanto, vergonha, pavor, ternura, amor, ódio, ciúme,
ansiedade, apreensão, orgulho, remorso, e exaltação. Algumas dessas palavras referem-se a
uma só emoção básica, porém, constituem diferentes graus da mesma. Por exemplo, pavor,
ansiedade, apreensão, e medo, são correlatas, assim como regozijo e alegria.

Considerando todas essas emoções em conjunto, foram elas divididas em amplas


categorias, segundo seu efeito geral em nós, assim como fortes e fracas, agradáveis e
desagradáveis, lentas e súbitas. As emoções que nos são agradáveis — felicidade, regozijo,
alegria, etc. — são aquelas que estão em harmonia com o nosso ser. O medo também tem o
seu valor. Faz-nos conscientes de uma ameaça, põe-nos em guarda, dá-nos oportunidade de
fugir ou nos proteger. Estas sensações estão relacionadas com os instintos e impulsos
primários da própria vida.

A palavra emoção vem do latim, emovere, que significa sacudir ou agitar. Entretanto,
nem todas as chamadas emoções nos agitam, necessariamente. Algumas têm efeito muito
tranquilizante, calmante, assim como um grande sentimento de paz.

O que provoca essas manifestações emocionais? Causadas por alterações nas


condições internas do organismo, elas resultam de estímulos externos ou internos. Esses
estímulos atuam direta ou indiretamente sobre o organismo, causando uma reação manifesta.
Em consequência, o comportamento do indivíduo para com a pessoa ou a coisa que tenha
provocado o estímulo é acelerado ou retardado. O indivíduo pode classificar essas sensações
como prazer, felicidade, raiva, censura, e assim por diante.

Estímulos externos, vibrações de várias fontes, acarretam impulsos nervosos aferentes


(que entram), que são transmitidos ao sistema nervoso central. Os impulsos reagentes seguem
então caminhos neurais eferentes (que saem) para diferentes órgãos, glândulas, etc.
Produzem alterações motoras, estimulando ou inibindo músculos e glândulas. Alguns desses
efeitos são: fluxo de lágrimas, transpiração (suor frio), arrepio, e alteração da corrente
sanguínea arterial, tornando a pele pálida ou corada. Pode também ocorrer diminuição ou
aumento do pulso.

Considerável pesquisa tem sido desenvolvida para descobrir o efeito, sobre as


glândulas, de estímulos causadores de reação emocional. Tem sido observado que a excitação
emocional afeta as glândulas suprarrenais. Num projeto de pesquisa, atletas (jogadores de
futebol que estavam no banco dos reservas) foram examinados após um jogo particularmente
emocionante, de que não haviam participado. A análise de seu sangue indicou excessivo teor
de açúcar. No dia seguinte, esse excesso desaparecera.

O medo, a ira, e a dor, podem estimular as suprarrenais a preparar o organismo para


uma situação de emergência, tal como fugir ou lutar. Essas emergências requerem excepcional
dispêndio de energia, e resistência. Portanto, as glândulas injetam secreções que
proporcionem necessária energia. Muitas de nossas experiências na vida, constituindo parte
de nossa existência pessoal, são emocionais. Reagimos a condições capazes de proporcionar
felicidade, ou que induzam regozijo, compaixão, curiosidade, etc. Além disso, nosso
relacionamento em sociedade depende muito de interpretarmos as reações emocionais dos
outros indivíduos com que nos associamos.

Graças aos sorrisos, lágrimas, tons de voz, gestos, muito podemos dizer quanto a que
sensações emocionais está uma pessoa vivendo num dado momento. Somos com frequência
forçados a ajustar nossas próprias reações a suas aparentes emoções. Por exemplo, não
raciocinamos sobre a expressão alegre de outra pessoa. Antes, a ela reagimos, porque pode
induzir semelhante emoção em nós mesmos. Neste sentido, podemos dizer que determinadas
emoções, até certo ponto, são contagiosas; isto é, funcionam como estímulo capaz de
despertar idênticas emoções em nós mesmos.

Mas, qual é o mecanismo da emoção? Ou seja, como é que os sentimentos ou as


sensações das emoções decorrem de algum estímulo externo, por exemplo? A teoria
conhecida como Teoria de James-Lange propõe uma explicação. William James e o
pesquisador dinamarquês, CarI Georg Lange, chegaram simultaneamente à mesma conclusão,
em 1880. Essa teoria pretende demonstrar como a consciência que o homem tem de suas
emoções está relacionada com suas alterações orgânicas emocionais.

Disse James: “As alterações orgânicas seguem diretamente a percepção do fato


excitante, e nosso sentimento das mesmas alterações, quando elas ocorrem, constitui as
emoções.”

Em termos simples, essa teoria nos diz que estímulos percebidos produzem alterações
no corpo, e que as sensações que temos dessas alterações constituem aquilo que
experimentamos como emoções. Em outras palavras, a alteração orgânica precede a sensação
da emoção. Assim, isto significaria que, ao percebermos algum fato excitante, nosso coração
poderia começar a bater mais depressa e nossa respiração poderia se tornar mais rápida, antes
de sentirmos a emoção de medo, por exemplo.

Costuma-se afirmar que isto parece contradizer a opinião geral e a experiência geral
das pessoas. Entretanto, filmes de pessoas reagindo a estímulos excitantes determinaram que
se passa apenas meio segundo entre a percepção do evento estimulante e a alteração física
própria da emoção. Por conseguinte, é possível que a alteração física preceda a sensação, e
seja a causa da sensação da emoção.

A Teoria de James-Lange argumenta que os impulsos aferentes, oriundos dos sentidos


receptores, como os olhos, os ouvidos, passam para o cérebro. Este, como já foi dito, emite
outros impulsos (eferentes) para afetar as glândulas, os nervos motores, etc., e provocar as
alterações físicas. W. B. Cannon, famoso pesquisador no campo da Psicologia, refutou a Teoria
de James-Lange. Disse ele que os impulsos aferentes oriundos do estímulo original, nos
receptores externos (sentidos) são transmitidos ao hipotálamo. (O hipotálamo está localizado
no cérebro, na base do tálamo). Do hipotálamo, esses impulsos são retransmitidos para o
cérebro (parte súpero-anterior). Mas surge também, no hipotálamo, um padrão coordenador
de impulsos. Estes incluem impulsos sensórios para o córtex, onde a experiência emocional é
percebida e onde se dá uma excitação dos nervos motores do corpo.
A principal diferença entre estas duas teorias é a seguinte: Cannon sustenta que o
hipotálamo controla e pode inibir os impulsos aferentes, com isto controlando, até certo
ponto, a intensidade das emoções.

Seríamos realmente seres humanos muito frios, inexpressivos — mais como


computadores - se não sentíssemos emoções. Por exemplo, não sentiríamos tristeza nem
aflição, mas tampouco sentiríamos felicidade, piedade, com paixão, solidariedade, ou êxtase.
Naturalmente, nossas emoções podem se tornar exageradas, como no caso de pessoas
emocionalmente perturbadas. Essas pessoas estão incapacitadas de inibir ou controlar as
impressões estimulantes, sejam externas, sejam internas.

Se uma pessoa é normal e não apresenta distúrbio mental ou nervoso, pode exercer a
vontade de modo a manter suas emoções dentro de limites razoáveis, embora não
necessariamente para reprimi-las ou suprimi-las de todo.

Os antigos estóicos, da Grécia, consideravam qualquer manifestação emocional uma


fraqueza — inclusive a manifestação de compaixão ou misericórdia. Orgulhavam-se de nunca
sentir medo ou prazer sensual. Isto, naturalmente, é um exagero, de modo que esse
comportamento pode ser tão perigoso para a saúde como as explosões emocionais.

Ao usarmos a vontade para controlar emoções, ela deve ser fortalecida, o quanto
possível, pelo uso da razão. Por exemplo, consideremos uma pessoa com medo de palco. Sua
imaginação da condição com que se defronta torna-se o estímulo excitante interno que produz
o medo. Não obstante, a razão deve assistir a vontade na oposição à imagem que a mente
estabeleceu. A razão deve dizer a essa pessoa que ela conhece o seu tema, e que seu auditório
não é hostil, mas, neutro, e assim por diante.

Alguns indivíduos, porém, têm maior sensibilidade a estímulos externos do que outros.
Assim, algumas pessoas considerarão imediatamente certo incidente uma demonstração de
crueldade, e reagirão tornando-se zangadas. Outras talvez não sejam absolutamente afetadas
pelo mesmo comportamento, de modo que poderiam ser chamadas, no que concerne a suas
reações, rudes e frias. Algumas pessoas são emocionalmente afetadas por certa música, ao
passo que outras não são por ela comovidas. Em alto grau, portanto, essa variável reação
emocional, no que tange ao seu grau de intensidade, pode ser genética, isto é, hereditária.

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