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7.7 A CARTA AOS ROMANOS1


7.7.1 O CONTEXTO DA CARTA AOS ROMANOS
Já à primeira leitura, Rm apresenta índole diversa da de outros escritos paulinos. Em
parte, isto se deve ao fato de que se dirigia a uma comunidade não fundada por S. Paulo. Quais
as origens da comunidade cristã em Roma?

Havia em Roma uma colônia judaica formada por prisioneiros judeus levados para
Roma pelo general Pompeu em 63 a.C. Muitos destes conseguiram a liberdade e fixaram
residência em Roma. É de crer que, por ocasião do primeiro Pentecostes cristão, muitos judeus
de Roma se achavam na Cidade santa. Convertidos ao Evangelho, regressaram a Roma, onde
deram origem a um núcleo de cristãos provenientes do judaísmo.
Essa comunidade deve ter sido confirmada na fé pela pregação do Apóstolo São Pedro.
Em consequência, quando Paulo escrevia aos romanos, já existia em Roma uma Igreja
numerosa, bem organizada e famosa por sua fé (cf. Rm 1,8; 15,14; 16,16.19). Constava, em sua
maioria, de pagãos convertidos à fé. Sabe-se que em 49/50 o Imperador Cláudio expulsou de
Roma judeus que provocavam tumultos por causa de Cristo. Isto deve ter diminuído
sensivelmente o número de judeu-cristãos em Roma, pois Paulo se lhes apresenta como
“apóstolo dos gentios” (Rm 11,13; 1,5) e “ministro de Cristo Jesus entre os pagãos” (Rm 15,16);
exorta os destinatários a não desprezar os israelitas (Rm 11,17-25) e a observar deveres que
eles têm para com os judeus (Rm 15,25-27; cf. também Rm 1,16).
Pergunta-se: por que é que o Apóstolo quis escrever a tal comunidade?
São Paulo tinha por princípio, em sua vida missionária, não intervir na vida de
comunidades que outros haviam evangelizado (cf. Rm 15,20s; 2Cor 10,13-16). Todavia, o caso

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Curso Bíblico Mater Ecclesiae. Estêvam Tavares Bettencourt, Maria de Lourdes Corrêa Lima, 2016; p. 165-172.
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da Igreja Romana lhe parecia diferente: Roma era a capital do Império pagão. Ora, consciente
da sua missão de anunciar a fé entre os gentios (cf. Gl 1,15s; Rm 1,14s; Ef 3,8s), Paulo julgava
que devia chegar até Roma e mesmo até a Espanha (que marcava os limites do Império romano
e da oikouméne, terra habitada). Já no fim da sua permanência em Éfeso (56), o Apóstolo
concebeu o projeto de ir até Roma (At 19,21); depois passaria para a Espanha (Rm 15,23s). Das
relações com os irmãos de Roma o Apóstolo só podia esperar confirmação e proveito na fé (Rm
1,10-15).
Nutrindo tal desejo, Paulo quis preparar sua visita aos cristãos de Roma mediante uma
carta (Rm 15,23s.28s). Esta foi escrita no fim da terceira viagem missionária, quando Paulo
passava os três meses de inverno de 57/58 em Corinto, à espera de uma nave que o levasse à
Palestina. Estas circunstâncias são confirmadas pelo fato de que o Apóstolo está para ir a
Jerusalém levando as esmolas dos fiéis da Acaia e da Macedônia – o que bem concorda como
quadro do fim da terceira viagem missionária (cf. At 19,21; 1Cor 16,14; 2Cor 8,1s). Além disto,
em Rm 16, 1s Paulo recomenda aos leitores Febe, diaconisa da igreja de Cêncreas e portadora
da carta (ora, Cêncreas era porto contíguo a Corinto).
Paulo deve ter ditado a Tércio, seu escriba (cf. Rm 16,22). [...] Por conseguinte, Rm é
fruto maduro das reflexões diurnas e do trabalho noturno do Apóstolo durante quase a metade
de um inverno coríntio. Representa, sem dúvida, o ponto mais elevado da elaboração teológica
do Apóstolo. Foi redigida em tom muito impessoal, à guisa de tratado teológico, visto que o
autor não conhecia pessoalmente a comunidade destinatária.
7.7.2 O CONTEÚDO DA CARTA
Não tendo problemas particulares a tratar, São Paulo quis abordar o tema geral “vida
crista”, ou melhor, a justificação que nos faz viver como filhos de Deus, herdeiros do Pai e
coerdeiros com Cristo (cf. Rm 8,15-17).
Essa justificação ou a maneira de nos tornarmos justos ou amigos e filhos de Deus, é a
do Patriarca Abraão; este, sem méritos prévios, foi chamado por Deus para receber a bênção;
acreditou na Palavra de Deus, obedecendo-lhe corajosamente, e, em consequência, foi feito
amigo de Deus. O modelo de Abraão é perene e definitivo também para os cristãos.
Ao falar de Abraão, chamado gratuitamente, São Paulo não podia deixar de pensar em
Moisés, que, seis séculos depois de Abraão, trouxe a Lei, com promessas de bênçãos para quem
cumprisse preceitos, e de punição para os transgressores. Afirma, porém, que a Lei foi algo de
provisório na história do povo de Deus; terminou sua missão com a vinda de Cristo, de modo
que atualmente o modelo de Abraão é o que Deus propõe ao homem.
7.7.3 ESTRUTURA
1,1-5 SAUDAÇÃO E AÇÃO DE GRAÇAS
PARTE I – O EVANGELHO É A FORÇA DE DEUS QUE SALVA
1,16-17 Tema geral
1,16⸺8,39 1,18⸺3,20 A ira de Deus
3,21⸺4,25 A salvação vem pela fé
5,1⸺8,39 Viver de modo novo
9,1⸺11,36 PARTE II – DEUS E ISRAEL
12,1⸺15,13 PARTE III – A VIDA CRISTÃ
15,14⸺16,27 CONCLUSÃO – Ministério de Paulo, projetos, saudações, recomendação e louvor.
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7.7.4 A MENSAGEM DA CARTA


Rm é considerada a mais importante das epístolas paulinas pela profundidade com que
explana o tema central do Cristianismo: a santificação do homem se faz mediante a fé em
Cristo. É a expressão de certa plenitude de pensamento do Apóstolo.
O ponto culminante de toda a epístola é o capítulo 8, também de todos o mais longo.
Este capítulo continua, em tom cada vez mais inflamado, a descrição da nobreza da vida cristã,
descrição iniciada no cap. 6 (batismo, ressurreição para uma vida nova). Vida cristã é vida
conforme o Espírito de Deus, que habita em nós, mas vida de luta, pois o espírito deve obter o
triunfo sobre a carne, levando-a à transfiguração no dia da ressurreição universal (8,1-13). Este
triunfo é preparado por Deus Pai, que nos fez filhos, a fim de dar ao Cristo Jesus muitos irmãos,
coerdeiros da glória do Primogênito (8,1-18). Atualmente, desta glória só temos uma esperança.
7.7.4.1 Análise de texto – Rm 8
Chegamos ao ápice da carta, uma das páginas mais ricas e belas de Paulo, uma excelsa
página da literatura religiosa da humanidade. O cap. é dominado pelo Espírito/espírito, palavra
repetida 29 vezes. Quem me livrará? gritava no final do parágrafo precedente. Agora responde:
o Messias, infundindo-me um novo princípio mais poderoso, o Espírito Santo que, sem
aniquilar o instinto, o submete e supera. Essa posição induz uma explanação por oposição dos
dois poderes: Espírito e instinto (ou sensualidade), pneuma/sarx. O Espírito capacita para
cumprir a lei e assegurar a vida (cf. Sl 51,12-14; Ez 36,27).
- A palavra grega sarx corresponde ao hebraico basar, que designa qualquer ser
vivo, em especial o homem, particularmente como ser fraco e caduco. Paulo
emprega a palavra polarizada, oposta a pneuma = espírito; pneuma pode
designar o espírito humano (com letra minúscula) ou o divino (com letra
maiúscula). Das diversas traduções propostas, “carne” desfoca o significado,
devido a nossos hábitos linguísticos; “baixos instintos” se aproxima bastante.
Preferi simplesmente “instinto”, polarizado por Espírito.
- Pois bem, o instinto é um dinamismo no homem que inspira e promove ações;
mas, deixado a si, se opõe a Deus e conduz à morte definitiva (cf. Gn 6,3.5). O
Espírito de Deus ou do Messias se instala em nosso espírito como princípio de
vida nova. Primeiro, inspira ações concordes com ele; depois estende-se seu
v. 1-13 poder até vivificar o corpo mortal. Vence a fragilidade ética e a caducidade
orgânica do homem. Salva o homem inteiro,
v. 1 Condenação: em virtude das cláusulas penais da lei (Dt 27-28).
Lei significa aqui um regime particular: poder, jurisdição e
v. 2 também o modo de exercê-los. Morte aliada com Pecado impõe
uma lei tirânica que escraviza o homem. O Espírito, pela
mediação do Messias, impõe uma lei mais forte, que liberta todos
os escravos e os destina à vida.
- A lei era impotente: primeiro, porque mandava e proibia de fora
sem comunicar o vigor; segundo, pela resistência ou fragilidade
v. 3-4 do homem instintivo.
- Paulo enuncia claramente a preexistência de Cristo, enquanto
Filho de Deus. A “carne” é a condição humana mortal, é o
terreno onde o Messias enfrenta hamartia, provocando-a para
derrotá-la (cf. Is 8,9s; 14,25), sem contaminar-se e cumprindo
cabalmente o conteúdo válido da lei. A “carne” humana é
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impotente; a carne humana de Jesus Cristo se expõe à agressão


mortal do Pecado, para vencer o Pecado morrendo, e a Morte
ressuscitando.
O instinto é de conservação e desenvolvimento, é também
egoísmo e egocentrismo. Mas o homem não se realiza pelo
v. 5-7 egoísmo, antes se consome e fracassa: tende à morte. Não aceita
os mandamentos restritivos de Deus (cf. Gn 2,17), considera
Deus como rival (cf. Is 30,9-11).

O Espírito do Messias é o Espírito de Deus. É dom de Cristo aos


v. 9 que creem nele; portanto, se alguém não o possui, é sinal de que
não é cristão, não pertence a Cristo. É pedido do Sl 51,12-14 no
novo contexto cristão.
O corpo é mortal (Sl 39; 49; 90), frustra o destino à imortalidade.
v. 10-11 Mas o Espírito o supera com sua força vivificante, que abrange
também o corpo mortal (Ez 37), como se demonstrou na
ressurreição de Jesus Cristo (1Cor 4,14; Fl 3,21).
Mortificar significa dar morte; seu objeto devem ser as ações
v. 12-13 hostis a Deus e contrárias à vida cristã. O Espírito dá forças para
isso.
O Espírito nos faz filhos de Deus e herdeiros. No AT Deus se mostra como pai
do povo: libertador (Ex 4,23), educador (Dt 8,5), defraudado (Dt 32,6; Is 1,2;
v. 14-17 63,8.16), afetuoso (Jr 31,20; Os 11,1), compreensivo (Sl 103,13); pai do rei (Sl
2 e 89,27s; 2Sm 7). Duas vezes, num texto tardio, um indivíduo chama Deus de
Pai (Eclo 23,4; 51,10). No NT a revelação de Deus como Pai é central.
v. 15-16 Duas testemunhas confirmam nossa filiação: nosso instinto filial ou “espírito de
filhos”, que nos sugere o apelo afetuoso “Abba”, e o Espírito (cf. 1Jo 4,18).
Herdeiro: GI 4,7; 1Pd 1,4. É consequência de sermos filhos, sem problemas de
exclusão ou preferência: comparar com os problemas de sucessão de Gn 21,10;
v. 17-18 27,36-38; Jz 11,2, e a sucessão dinástica (1Rs 1; Sl 45). Para terminar, introduz
outra oposição que exporá no parágrafo seguinte: sofrimentos presentes/glória
futura. A demora se explica porque o herdeiro não entra imediatamente na posse
da herança. Compartilhar com Cristo não exige repartir a herança; exige, sim,
partilhar a paixão (Fl 3,10-11).
A oposição é curiosa. Não opõe alegrias a sofrimentos, como se poderia esperar
v. 18 da filosofia corrente. Opõe glória, uma qualidade divina que irradia e nos atinge.
Comparar com 3,23.
A interpretação desses vv. depende do significado atribuído a ktísis: criação ou
humanidade. A tradição exegética tem optado pelo primeiro. O correlativo
“nós” e o contexto sobre escravidão e liberdade, corrupção e glória, fracasso e
v. 19-23 esperança, favorecem o segundo. Com outras palavras: a “nós”, os cristãos, se
opõe o resto da humanidade; e não a “nós”, os homens, se opõe o resto da
criação.
A relação que propomos, entre humanidade e cristãos filhos de
v. 19 Deus, é semelhante à de Jr 31,9s, entre pagãos e Israel filho do
Senhor; ver também 1Jo 3,2.
Segundo essa explicação, a corrupção ou escravidão do homem (cf. 1Cor
v. 20-21 15,26). Pois bem, os filhos de Deus são livres por natureza; enquanto tais, não
nasceram na escravidão. É o argumento de Deus em Ex 4,23 e Jr 2,14. Sua
liberdade é gloriosa porque quem os adota lhes comunica sua glória.
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v. 22 “Dores de parto” indica às vezes a intensidade da dor e da angústia, outras vezes


exprime a dor fecunda: comparar Jr 4,31 com 1Sm 4,19-22.
v. 23 Se a corrupção é escravidão, o escravo é “resgatado” para a imortalidade, que é
liberdade. Também o corpo pertence à condição filial de filhos de Deus.
v. 24-25 Expressam a tensão escatológica entre a salvação realizada e a pendente.
Segundo uma interpretação, não conseguimos (como crianças) articular
devidamente nossos desejos e necessidades, e o Espírito se encarrega de
formulá-los; como o Espírito é dinamismo de ação, também é dinamismo de
oração. Segundo outra interpretação, o Espírito acrescenta sua intercessão
v. 26-27 “inefável” a nossas súplicas. Em ambas as interpretações, o Espírito age como
mediador eficaz: na primeira parece mais interior ao homem, na segunda
aparece fora. Poderíamos distinguir entre intérprete e intercessor (os dois
compostos de inter-). Aquele que sonda é Deus (Jr 11,10; Pr 15,1l1).
O capítulo se encerra com essa espécie de canto triunfal ao amor que Deus e
Cristo nos têm. Por ele podemos vencer em qualquer processo a que nos
submetam, podemos derrotar os mais fortes inimigos coligados. Embora o
parágrafo comece com o amor do homem a Deus, a iniciativa não é do homem,
pois foi Deus que começou destinando e chamando (cf. Dt 7,7-8; Jr 31,2).
“Tudo concorre”. Alguns manuscritos põem Deus como sujeito:
v. 28 o sentido não muda. Ver em Gn 50,20 como Deus converte o mal
em bem.
A imagem de Deus (Gn 1,27), deformada pelo pecado, se refaz
v. 29 como imagem ou semelhança do irmão mais velho. O unigênito
do Pai e primogênito de Maria (Lc 2,7) será primogênito da
humanidade. A filiação é correlativa da fraternidade.
O final de um processo de cinco fases é “glorificar”, ou seja,
v. 28-39 v. 30 comunicar ao homem sua glória, vinculada agora à sua imagem
(que é o homem) e que não pode ser comunicada à falsa imagem,
que é o ídolo (cf. Is 42,8; 48,11).
v. 31 “Estar contra” e “acusar” ou ser fiscal é em hebraico o verbo
satan: ver o começo do livro de Jó e Zc 3.
v. 32 Alude ao episódio de Isaac: Gn 22,12-16; com sua atitude, o
patriarca demonstrou seu “respeito a Deus”.
v. 34 É como um credo sintetizado. Cita Sl 110,1 para expressar a
exaltação de Jesus.
v. 36 A citação pertence a uma súplica coletiva (Sl 44,11). O mesmo
salmo (44,4) explica a vitória pela ação exclusiva de Deus.
A vitória de Jesus Cristo em Jo 16,33 é aqui vitória nossa, pelo
amor que Deus nos demonstrou na obra de Jesus Cristo. Diz o
v. 37-39 Cântico dos Cânticos (8,6) que “o amor é forte como a morte”;
Paulo está dizendo que o amor é mais forte que a morte, que Deus
nos ama para além da morte; concluímos que esse amor é penhor
de ressurreição.

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