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Havia em Roma uma colônia judaica formada por prisioneiros judeus levados para
Roma pelo general Pompeu em 63 a.C. Muitos destes conseguiram a liberdade e fixaram
residência em Roma. É de crer que, por ocasião do primeiro Pentecostes cristão, muitos judeus
de Roma se achavam na Cidade santa. Convertidos ao Evangelho, regressaram a Roma, onde
deram origem a um núcleo de cristãos provenientes do judaísmo.
Essa comunidade deve ter sido confirmada na fé pela pregação do Apóstolo São Pedro.
Em consequência, quando Paulo escrevia aos romanos, já existia em Roma uma Igreja
numerosa, bem organizada e famosa por sua fé (cf. Rm 1,8; 15,14; 16,16.19). Constava, em sua
maioria, de pagãos convertidos à fé. Sabe-se que em 49/50 o Imperador Cláudio expulsou de
Roma judeus que provocavam tumultos por causa de Cristo. Isto deve ter diminuído
sensivelmente o número de judeu-cristãos em Roma, pois Paulo se lhes apresenta como
“apóstolo dos gentios” (Rm 11,13; 1,5) e “ministro de Cristo Jesus entre os pagãos” (Rm 15,16);
exorta os destinatários a não desprezar os israelitas (Rm 11,17-25) e a observar deveres que
eles têm para com os judeus (Rm 15,25-27; cf. também Rm 1,16).
Pergunta-se: por que é que o Apóstolo quis escrever a tal comunidade?
São Paulo tinha por princípio, em sua vida missionária, não intervir na vida de
comunidades que outros haviam evangelizado (cf. Rm 15,20s; 2Cor 10,13-16). Todavia, o caso
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Curso Bíblico Mater Ecclesiae. Estêvam Tavares Bettencourt, Maria de Lourdes Corrêa Lima, 2016; p. 165-172.
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da Igreja Romana lhe parecia diferente: Roma era a capital do Império pagão. Ora, consciente
da sua missão de anunciar a fé entre os gentios (cf. Gl 1,15s; Rm 1,14s; Ef 3,8s), Paulo julgava
que devia chegar até Roma e mesmo até a Espanha (que marcava os limites do Império romano
e da oikouméne, terra habitada). Já no fim da sua permanência em Éfeso (56), o Apóstolo
concebeu o projeto de ir até Roma (At 19,21); depois passaria para a Espanha (Rm 15,23s). Das
relações com os irmãos de Roma o Apóstolo só podia esperar confirmação e proveito na fé (Rm
1,10-15).
Nutrindo tal desejo, Paulo quis preparar sua visita aos cristãos de Roma mediante uma
carta (Rm 15,23s.28s). Esta foi escrita no fim da terceira viagem missionária, quando Paulo
passava os três meses de inverno de 57/58 em Corinto, à espera de uma nave que o levasse à
Palestina. Estas circunstâncias são confirmadas pelo fato de que o Apóstolo está para ir a
Jerusalém levando as esmolas dos fiéis da Acaia e da Macedônia – o que bem concorda como
quadro do fim da terceira viagem missionária (cf. At 19,21; 1Cor 16,14; 2Cor 8,1s). Além disto,
em Rm 16, 1s Paulo recomenda aos leitores Febe, diaconisa da igreja de Cêncreas e portadora
da carta (ora, Cêncreas era porto contíguo a Corinto).
Paulo deve ter ditado a Tércio, seu escriba (cf. Rm 16,22). [...] Por conseguinte, Rm é
fruto maduro das reflexões diurnas e do trabalho noturno do Apóstolo durante quase a metade
de um inverno coríntio. Representa, sem dúvida, o ponto mais elevado da elaboração teológica
do Apóstolo. Foi redigida em tom muito impessoal, à guisa de tratado teológico, visto que o
autor não conhecia pessoalmente a comunidade destinatária.
7.7.2 O CONTEÚDO DA CARTA
Não tendo problemas particulares a tratar, São Paulo quis abordar o tema geral “vida
crista”, ou melhor, a justificação que nos faz viver como filhos de Deus, herdeiros do Pai e
coerdeiros com Cristo (cf. Rm 8,15-17).
Essa justificação ou a maneira de nos tornarmos justos ou amigos e filhos de Deus, é a
do Patriarca Abraão; este, sem méritos prévios, foi chamado por Deus para receber a bênção;
acreditou na Palavra de Deus, obedecendo-lhe corajosamente, e, em consequência, foi feito
amigo de Deus. O modelo de Abraão é perene e definitivo também para os cristãos.
Ao falar de Abraão, chamado gratuitamente, São Paulo não podia deixar de pensar em
Moisés, que, seis séculos depois de Abraão, trouxe a Lei, com promessas de bênçãos para quem
cumprisse preceitos, e de punição para os transgressores. Afirma, porém, que a Lei foi algo de
provisório na história do povo de Deus; terminou sua missão com a vinda de Cristo, de modo
que atualmente o modelo de Abraão é o que Deus propõe ao homem.
7.7.3 ESTRUTURA
1,1-5 SAUDAÇÃO E AÇÃO DE GRAÇAS
PARTE I – O EVANGELHO É A FORÇA DE DEUS QUE SALVA
1,16-17 Tema geral
1,16⸺8,39 1,18⸺3,20 A ira de Deus
3,21⸺4,25 A salvação vem pela fé
5,1⸺8,39 Viver de modo novo
9,1⸺11,36 PARTE II – DEUS E ISRAEL
12,1⸺15,13 PARTE III – A VIDA CRISTÃ
15,14⸺16,27 CONCLUSÃO – Ministério de Paulo, projetos, saudações, recomendação e louvor.
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