Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
2019
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS
Imagem:
1 – Tensão e deformação
EDIMAR N. MONTEIRO
UNNESC
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 2
1.1 CONCEITO DE TENSÃO .................................................................................................................. 2
1.1.1 TENSÃO NORMAL MÉDIA SOB CARGA AXIAL..................................................................... 6
Exercícios ........................................................................................................................................15
1.1.2 TENSÃO DE CISALHAMENTO MÉDIA ...................................................................................18
Exercícios ........................................................................................................................................28
1.1.3 TENSÃO NO PLANO OBLÍQUO...............................................................................................30
Exercícios ........................................................................................................................................35
1.2 CONCEITO DE DEFORMAÇÃO .....................................................................................................37
1.2.1 DEFORMAÇÃO NORMAL .........................................................................................................38
Exercícios ........................................................................................................................................42
1.2.2 DEFORMAÇÃO POR CISALHAMENTO..................................................................................44
Exercícios ........................................................................................................................................48
1.3 RELAÇÃO TENSÃO-DEFORMAÇÃO: PROPRIEDADES MECÂNICAS...................................49
1.3.1 ENSAIOS DE TRAÇÃO E COMPRESSÃO E DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO .......49
Exercícios ........................................................................................................................................53
1.3.2 COMPORTAMENTO DA TENSÃO-DEFORMÇÃO DE MATERIAIS DÚCTEIS E FRÁGEIS
...............................................................................................................................................................54
Exercícios ........................................................................................................................................59
1.3.3 LEI DE HOOKE...........................................................................................................................60
Exercícios ........................................................................................................................................65
1.3.4 ENERGIA DE DEFORMAÇÃO..................................................................................................68
Exercícios ........................................................................................................................................71
1.3.5 COEFICIENTE DE POISSON ...................................................................................................72
Exercícios ........................................................................................................................................75
1.3.6 DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO PARA O CISALHAMENTO .....................................76
Exercícios ........................................................................................................................................80
1.4 FATOR DE SEGURANÇA E TENSÃO ADMISSÍVEL ..................................................................82
Exercícios ........................................................................................................................................89
RESPOSTAS ...........................................................................................................................................93
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................95
APÊNCIDE A – PROPRIEDADES DE ALGUNS MATERIAIS ...........................................................96
INTRODUÇÃO
Inicialmente, cumpre destacar que a resistência dos materiais (ou mecânica dos
materiais) é o ramo da ciência que estuda a relação entre as cargas externas que agem
sobre um determinado corpo sólido e a distribuição dessas cargas em seu interior, o que
chamamos de tensões, bem como, as deformações que estão relacionadas a essas
tensões.
Assim, ao contrário do que é estabelecido no estudo da mecânica dos corpos rígidos,
em que, os elementos estruturais e/ou de máquinas são considerados como sendo
perfeitamente rígidos, ou seja indeformáveis, no estudo da resistência dos materiais
estabeleceremos a relação entre os carregamentos externos, as tensões e as deformações
provocadas por esses carregamentos em um corpo sólido (não mais perfeitamente rígido).
Em resumo:
Considerem um corpo rígido sob solicitação externa cujas forças internas resultantes
que atuam numa dada seção transversal arbitrária estão orientadas sobre um eixo de
referência tridimensional como mostrado na Figura 1.1.
Figura 1.2 – (a) Corpo rígido sob solicitação interna, (b) distribuição do carregamento interno, (c) cargas
internas resultantes em um ponto de referência “0” e (d) cargas internas resultantes decompostas sob um
eixo de referência.
Fonte: HIBBELER, 2018, p. 4
Prof. Edimar N. Monteiro e-mail: eng.enmonteiro@gmail.com
96
Observe-se que a aplicação dos preceitos do equilíbrio dos corpos rígidos – nesse
caso, a aplicação do método das seções – nos permite determinar um conjunto de cargas
resultantes decompostas sobre um referencial newtoniano fixo, ponto “0”: momento de
torção (𝑇), força normal (𝑁), força de cisalhamento (𝑉) e momento fletor (𝑀).
As formas com que esses carregamentos são distribuídos sobre a área da seção
transversal em estudo dão origem a dois “tipos” distintos de tensões: as tensões normais
e as tensões de cisalhamento (cisalhantes), entretanto, a relação entre essas cargas e a
geometria da seção transversal (que nos permite determinar essas tensões) são diferentes
e resultam em quatro fórmulas matemáticas distintas, vejamos:
𝑁
𝜎=
𝐴
normais (devido à força normal)
(𝜎) 𝑀𝑐
𝜎=
𝐼
(devido ao momento fletor)
Tensões
𝑇𝑐
𝜏= 𝐽
Figura 1.4 – Elemento de área ∆𝐴 de uma seção arbitrária e as cargas que atuam sobre ele
Fonte: HIBBELER, 2018, p. 17.
Prof. Edimar N. Monteiro e-mail: eng.enmonteiro@gmail.com
96
∆𝐹𝑧
𝜎𝑧 = lim (1.1)
∆𝐴→0 ∆𝐴
∆𝐹𝑥
𝜏𝑧𝑥 = lim (1.2)
∆𝐴→0 ∆𝐴
∆𝐹𝑦
𝜏𝑧𝑦 = lim (1.3)
∆𝐴→0 ∆𝐴
Esse elemento cúbico obtido mostra que o estado de tensão em um ponto do corpo é
caracterizado por componentes que agem em cada uma de suas faces. Se determinarmos
as componentes que agem nos seis lados do elemento cúbico, conseguimos expressar o
estado geral de tensões que age nesse ponto, tal como mostrado na Figura 1.6.
Figura 1.6 – Estado geral de tensão que agem em um elemento cúbico em torno de um ponto do corpo
rígido
Fonte: HIBBELER, 2018, p. 18.
Prof. Edimar N. Monteiro e-mail: eng.enmonteiro@gmail.com
96
Figura 1.7 – (a) Treliça submetida a uma solicitação externa, (b) carga atuante no emento de treliça, (c)
carga interna em uma seção arbitrária do elemento de treliça e (d) perfil de deformação da barra
Fonte: HIBBELER, 2018, p. 19 e 37.
1
Materiais homogêneos têm as mesmas propriedades físicas e mecânicas em todo o seu volume.
2
Materiais isotrópicos têm as mesmas propriedades em todas as direções, ao contrário dos materiais anisotrópicos
que têm propriedades diferentes em direções diferentes.
Prof. Edimar N. Monteiro e-mail: eng.enmonteiro@gmail.com
96
+↑ 𝐹𝑅𝑧 = ∑ 𝐹𝑧 ; ∫ 𝑑𝑁 = ∫ 𝜎 𝑑𝐴; 𝑁 = 𝜎𝐴 ∴
𝑵
𝝈= (1.4)
𝑨
Em que:
𝜎 = tensão normal média em qualquer ponto na área de seção transversal, em 𝑃𝑎;
𝑁 = força normal interna resultante aplicada no centroide da área de seção transversal,
em 𝑁;
𝐴 = área de seção transversal da barra, em 𝑚2 .
Deve ficar claro que existe somente uma tensão normal em qualquer elemento de
volume do material localizado em cada ponto da seção transversal de uma barra sob
carga axial. Isso pode ser evidenciado se considerarmos o diagrama de equilíbrio de um
elemento de volume obtido de uma barra sob carga axial, tal como mostrado na Figura
1.9(a).
Figura 1.9 – (a) diagrama de equilíbrio de um elemento de volume obtido de uma barra sob tração axial e
(b) equilíbrio de tensões (estado monoaxial).
Fonte: HIBBELER, 2018, p. 20.
+↑ ∑ 𝐹𝑧 = 0; 𝜎 (∆𝐴) − 𝜎 ′ (∆𝐴) = 0 ∴
𝜎 = 𝜎′
Prof. Edimar N. Monteiro e-mail: eng.enmonteiro@gmail.com
96
Até agora, nossa análise foi conduzida admitindo-se que a carga interna 𝑁 e a área
de seção transversal da barra eram constantes, como resultado a tensão normal 𝜎 = 𝑁⁄𝐴
também é constante em todo o comprimento da barra. Entretanto, em algumas situações
práticas, uma mesma barra pode estar sujeita a várias cargas externas ao longo de seu
eixo ou pode ocorrer mudanças em sua área de seção transversal, como mostra a Figura
1.11(a).
Figura 1.11 – (a) barra submetida a cargas axiais diversas e (b) diagrama de carga axial
Adaptado de: HIBBELER, 2018, p. 22.
Nesses casos, a tensão no interior da barra irá variar de uma seção para a outra e
para determinar a tensão normal máxima será necessário determinar o ponto em que a
razão 𝑁⁄𝐴 é máxima. Para isso, é necessário determinar a fora interna 𝑁 em cada uma das
seções da barra, sendo conveniente, nesses casos, traçar o diagrama de carga axial ou
normal que representa graficamente a variação da carga normal 𝑁 em relação à posição 𝑥
ao longo do comprimento da barra, como mostrado na Figura 1.11(b).
EXEMPLO 1.1) Cada barra da treliça tem uma área de seção transversal de 780 𝑚𝑚2.
Determine a tensão normal média nas barras 𝐵𝐶, 𝐵𝐷 e 𝐷𝐸. Considere 𝑃 = 40 𝑘𝑁.
EXEMPLO 1.3) O elemento 𝐴𝐶 mostrado na figura está submetido a uma força vertical de
3 𝑘𝑁. Determine a posição 𝑥 dessa força de modo que a tensão de compressão média no
apoio liso 𝐶 seja igual à tensão de tração média na barra 𝐴𝐵. A área de seção transversal
da barra é 650 𝑚𝑚2 e a área 𝐶é 500 𝑚𝑚2.
EXEMPLO 1.4) A barra possui uma área de seção transversal de 400 × 10−6 𝑚2 .
Considerando que está sujeita a uma carga axial triangular distribuída ao longo do seu
comprimento, a qual vale 0 em 𝑥 = 0 e 9 𝑘𝑁/𝑚 em 𝑥 = 1,5 𝑚, e a duas cargas
concentradas, como mostrado, determine a tensão normal média na barra como função de
𝑥 para 0 ≤ 𝑥 ≤ 0,6 𝑚.
Exercícios
1.5) A viga uniforme é suportada por duas hastes 𝐴𝐵 e 𝐶𝐷 que possuem áreas transversais
de 10 mm² e 15 mm², respectivamente. Determine a intensidade w da carga distribuída para
que a tensão normal média em cada haste não exceda 300 𝑘𝑃𝐴.
1.6) O eixo construído consiste na junção de um tubo 𝐴𝐵 e uma barra sólida 𝐵𝐶. O tubo
possui diâmetro interno de 20 𝑚𝑚 e diâmetro externo de 28 𝑚𝑚, enquanto a barra sólida
tem diâmetro de 12 𝑚𝑚. Determine a tensão normal média nos pontos 𝐷 e 𝐸. Além disso,
indique se a tensão é de tração ou compressão.
1.8) A coluna feita de concreto com densidade de 2300 𝑘𝑔⁄𝑚3 . Em sua parte superior 𝐵,
esta está sujeita a uma força de compressão de 15 𝑘𝑁. Determine a tensão normal média
na coluna em função da distância 𝑧 medida a partir da sua base.
1.9) A viga é suportada por duas hastes, 𝐴𝐵 e 𝐶𝐷, que têm áreas de seção transversal de
12 𝑚𝑚2 e 8 𝑚𝑚2 , respectivamente. Determine a posição 𝑑 da carga de 6 𝑘𝑁 para que a
tensão normal média em cada haste seja a mesma.
1.10) A barra possui uma área de seção transversal de 400 × 10−6 𝑚2 . Considerando que
foi sujeita a uma carga axial triangular distribuída ao longo do seu comprimento, a qual vale
0 em 𝑥 = 0 e 9 𝑘𝑁/𝑚 em 𝑥 = 1,5 𝑚, e ás duas cargas concentradas, como mostrado,
determine a tensão normal média na barra como função de 𝑥 para 0,6 ≤ 𝑥 ≤ 1,5 𝑚.
Imaginemos agora, que as duas chapas finas fixadas pelo parafuso são puxadas em
sentidos opostos, ou seja, são submetidas a uma carga de tração (Figura 1.13a). Nesse
caso elas aplicarão cargas iguais e opostas no parafuso, como mostrado na Figura 1.13(b).
Figura 1.13 – (a) junta de sobreposição sujeita a cargas externas iguais e opostas, (b) diagrama de corpo
livre do parafuso de fixação e (c) seção no parafuso
Adaptado de: BEER et al., 2011, p. 30
Observem que devido a pequena espessura das chapas a distância entre as cargas
opostas é suficientemente curta para que a flexão (dobra) experimentada pela parte entre
as cargas possa ser desprezada. Assim, nesse caso, ocorrerá cisalhamento direto, de
modo que o único efeito da carga sobre o parafuso será a tendência a “cortá-lo” num plano
tangente à carga, como mostrado na Figura 1.13(c).
Prof. Edimar N. Monteiro e-mail: eng.enmonteiro@gmail.com
96
𝑽
𝝉=𝑨 (1.5)
Em que:
𝜏 = tensão de cislhamento média na seção, em 𝑃𝑎;
𝑉 = força de cisalhamento interna resultante na seção, em 𝑁;
𝐴 = área da seção de sustentação da carga, em 𝑚2 .
(a) (b)
Figura 1.16 – (a) aplicação prática do cisalhamento simples e (b) aplicação prática do cisalhamento duplo
Adaptado de: BEER et al., 2011, p. 48.
Figura 1.18 – (a) força cortante aplicada a um plano, (b) tensões de cisalhamento que agem em um
elemento cúbico extraído desse plano, (c) forças que agem no elemento cúbico e (d) estado de tensão de
um elemento de volume sob cisalhamento puro
Fonte: HIBBELER, 2018, p. 25.
Para que possamos compreender por que isso ocorre, devemos relembrar que a força
atuante em cada face do elemento é o produto da tensão pela área. Com base nessa
definição podemos estabelecer, por exemplo, a condição de equilíbrio translacional na
direção 𝑦. Para isso, escrevemos (com base na Figura 1.18c):
𝜏𝑧𝑦 = 𝜏 ′ 𝑧𝑦
𝜏𝑧𝑦 = 𝜏𝑦𝑧
Esse resultado mostra que a ação de uma tensão de cisalhamento em uma das faces
de um elemento cúbico de volume, fazendo que ele tenda a girar em um sentido, requer a
ação de uma tensão de cisalhamento de mesma intensidade em um plano perpendicular
ao plano de ação da tensão inicial, fazendo com que ele tensa a girar no sentido oposto.
Os oriundos da aplicação da propriedade complementar do cisalhamento fazem com
que o estado de tensão de um elemento de volume submetido a uma única força cortante
seja aquele mostrado na Figura 1.18c, que representa o estado de tensão de um elemento
sob cisalhamento puro.
EXEMPLO 1.5) Se a junta de madeira tem uma espessura de 150 𝑚𝑚, determine a tensão
de cisalhamento média desenvolvida ao longo das seções 𝑎 − 𝑎 e 𝑏 − 𝑏.
EXEMPLO 1.6) O elemento inclinado na figura está submetido a uma força de compressão
de 3.000 𝑁. Determine a tensão de compressão média ao longo das áreas de contato lisas
definidas por 𝐴𝐵 e 𝐵𝐶 e a tensão de cisalhamento média ao longo do plano horizontal
definido por 𝐸𝐵𝐷.
EXEMPLO 1.7) A viga é apoiada por um pino em 𝐴 e um elo curto 𝐵𝐶. Se 𝑃 = 15 𝑘𝑁,
determine a tensão de cisalhamento média desenvolvida nos pinos 𝐴, 𝐵 e 𝐶. Todos os pinos
estão sujeitos a cisalhamento duplo, como mostra a figura, e cada um tem diâmetro de
18 𝑚𝑚.
Exercícios
1.16) O alicate de pressão é usado para dobrar a extremidade do arame 𝐸. Se uma força
de 100 𝑁 for aplicada nas hastes do alicate, determine a tensão de cisalhamento média no
pino 𝐴. O pino está sujeito a cisalhamento duplo e tem diâmetro de 5 𝑚𝑚.
Vimos nas seções anteriores que as forças axiais aplicadas em uma barra provocam
tensões normais na direção perpendicular a área de sustentação da carga, ao passo que a
aplicação de forças transversais em parafusos e pinos, por exemplo, provocam tensões de
cisalhamento que agem na direção tangente ao plano de aplicação da carga. Entretanto,
essas relações entre carregamento e tensão somente são válidas se tivermos analisando
planos perpendiculares as barras ou conexões, como mostrado nas Figuras 1.19(a) e (b).
(a) (b)
Figura 1.19 – (a) tensão normal agindo em um plano perpendicular da barra e (b) tensão de cisalhamento
agindo em um plano perpendicular do parafuso
Adaptado de: BEER et al., 2011, p. 43.
(a) (b)
(c) (d)
Figura 1.20 – (a) plano de tensões orientado a um ângulo 𝜃 medido em relação a um eixo perpendicular a
carga externa e (b) diagrama de corpo livre da barra seccionada, (c) decomposição da cara e (d) tensões
que agem no plano obliquo.
Adaptado de: BEER et al., 2011, p. 43.
Se o plano obliquo for medido 𝜃 graus em relação a uma linha perpendicular ao plano
de aplicação da carga, como mostrado na Figura 1.20(a), podemos estabelecer uma
equação específica para essa situação.
Para a condução dessa análise, estabelecemos a seção em um plano obliquo e
obtemos a carga interna nessa seção, como mostrado na Figura 1.20(b). A carga interna
resultante, 𝑃, pode ser decomposta em uma componente perpendicular e outra tangente
ao plano obliquo, denotadas por 𝑁 e 𝑉, respectivamente, como mostrado na Figura 1.20(c).
Observem que a área 𝐴𝜃 do plano obliquo sobre o qual agem as componentes da
carga 𝑃 depende da inclinação 𝜃 do plano e é diferente da área de seção transversal 𝐴 da
barra (Figura 1.20c). Uma relação entre essas áreas pode ser estabelecida. Para isso,
considere a relação entre as áreas 𝐴, 𝐴𝜃 e 𝜃 tal como representado na Figura 1.21.
𝐴𝜃 𝐴
cos 𝜃 = ∴ 𝐴𝜃 =
𝐴 cos 𝜃
𝑷
𝝈 = 𝑨 𝒄𝒐𝒔𝟐 𝜽 (1.6)
Por sua vez, a razão entre a componente tangencial da carga interna, 𝑉, e a área do
plano obliquo 𝐴𝜃 , resulta em uma tensão de cisalhamento no plano, 𝜏 = 𝑉/𝐴𝜃 . Da mesma
forma, podemos escrever essa tensão em função da carga externa 𝑃⃗ e da área de seção
transversal 𝐴:
𝑷
𝝉 = 𝑨 𝐬𝐢𝐧 𝜽 𝐜𝐨𝐬 𝜽 (1.7)
Importante observar que há uma limitação na aplicação das Equações 1.6 e 1.7.
Isso ocorre porque elas foram desenvolvidas para determinar as tensões normais e de
cisalhamento que agem em um plano obliquo cuja inclinação é medida em relação a um
plano perpendicular ao eixo de aplicação da carga externa. Assim, caso o ângulo do plano
obliquo seja medido em relação a um plano tangente ao eixo de aplicação da carga, deve-
se utilizar o ângulo complementar a 90° para o valor de 𝜃 nas Equações 1.6 e 1.7. Vejam
essa diferença nos exemplos 1.8 e 1.9.
EXEMPLO 1.8) A junta de topo quadrada aberta é usada para transmitir uma força de 250 𝑁
de uma placa a outra. Determine as componentes da tensão de cisalhamento média e da
tensão normal média que essa cria na face da solda, seção 𝐴𝐵.
EXEMPLO 1.9) Dois elementos de madeira de seção retangular uniforme são unidas
através de uma cola específica. Sabendo que 𝑃 = 11 𝑘𝑁, determine as tensões normal e
de cisalhamento desenvolvidas na junta.
Exercícios
1.17) O corpo de falhou no ensaio de tração a um ângulo de 52° sob uma carga axial de
100 𝑘𝑁. Se o diâmetro do corpo de prova for 12 𝑚𝑚, determine a tensão de cisalhamento
média e a tensão normal média que agem na área do plano de falha inclinado. Determine
também qual a tensão normal média em atuação sobre a seção transversal quando ocorreu
a falha.
1.18) A prancha de madeira está sujeita a uma força de tração de 2 𝑘𝑁. Determine a tensão
de cisalhamento média e a tensão normal média desenvolvidas nas fibras de madeira
orientadas ao longo da seção 𝑎 − 𝑎 a 30° em relação ao eixo da prancha.
1.19) O bloco de plástico é sujeito a uma força de compressão axial de 600 𝑁. Supondo
que as tampas nas partes superior e inferior distribuam a carga uniformemente ao longo
do bloco, determine a tensão normal média e a tensão de cisalhamento média que age na
seção 𝑎 − 𝑎.
1.20) Dois elementos usados na construção de uma fuselagem de aeronave são unidos por
uma solda boca de peixe (do inglês, fish-mouth weld) de 30°. Determine a tensão normal
média e a tensão de cisalhamento média no plano de cada solda. Suponha que cada plano
inclinado suporta uma força horizontal de 2 𝑘𝑁.
1.21) Dois elementos de ação são unidos por uma solda de topo angulada de 30°.
Determine a tensão normal média e a tensão de cisalhamento média suportada no plano
da solda.
1.22) Determine a maior intensidade 𝑤 da carga uniforme que pode ser aplicada à estrutura
sem que a tensão normal média ou tensão de cisalhamento média na seção 𝑏 − 𝑏
ultrapasse 𝜎 = 15 𝑀𝑃𝑎 e 𝜎 = 16 𝑀𝑃𝑎, respectivamente. O elemento 𝐶𝐵 possui uma seção
transversal quadrada de 30 𝑚𝑚 cada lado.
(a) (b)
Figura 1.22 – (a) corpo de prova altamente elástico antes da aplicação da carga e (b) corpo de prova
altamente elástico após a aplicação da carga.
Fonte: HIBBELER, 2018, p. 58.
Veremos que, até certo ponto, existe uma proporcionalidade entre a tensão e a
deformação, em ambos os casos.
Figura 1.23 – Deformação normal sofrida por uma barra sob carga axial
Fonte: HIBBELER, 2018, p. 58.
𝐿0 + 𝛿 = 𝐿 ∴
𝜹 = 𝑳 − 𝑳𝟎 (1.8)
Em que:
𝛿 = deformação normal média, em 𝑚;
𝐿 = comprimento final; em 𝑚;
𝐿0 = comprimento inicial; em 𝑚.
𝐿−𝐿0
𝜖= (1.9)
𝐿0
𝜹
𝝐=𝑳 (1.10)
𝟎
Em que:
𝜖 = deformação específica normal média, adimensional ou 𝑚𝑚⁄𝑚𝑚 , 𝑖𝑛⁄𝑖𝑛;
𝛿 = deformação normal média, em 𝑚, 𝑚𝑚, etc.;
𝐿0 = comprimento inicial, em 𝑚, 𝑚𝑚, etc.
Observem que a razão é adimensional pois tanto 𝛿 como 𝐿0 são dados em unidade
de comprimento (𝑚, 𝑚𝑚, 𝑖𝑛, etc.). Entretanto, na prática de engenharia essa grandeza é
comumente expressa em unidades de: 𝑚⁄𝑚 , 𝑚𝑚⁄𝑚𝑚 , 𝑖𝑛⁄𝑖𝑛, entre outras.
Importante notar a diferença entre 𝜹 e 𝝐. A deformação, 𝛿, estabelece a deformação
(alongamento ou contração) de um elemento estrutural ou de máquina quando este é
submetido a uma carga axial, ou seja, mede o alongamento ou redução de seu
comprimento em unidades dimensionais.
Por sua vez, a deformação específica, 𝜖, estabelece o percentual de deformação
(alongamento ou contração) de um elemento estrutural ou de máquina quando este é
submetido a uma carga axial, ou seja, mede a porcentagem de alongamento ou contração
de seu comprimento em relação ao tamanho inicial.
A maioria dos materiais de engenharia sofre pequenas deformações normais, ou seja,
𝜖 ≪ 1. Sempre que isso for verdadeiro, podemos adotar a premissa da “análise de
pequenas deformações” que permite a simplificação dos cálculos da deformação normal.
Dentre as simplificações possíveis podemos adotar que tan 𝜃 ≈ 𝜃, com 𝜃 dado em radianos.
EXEMPLO 1.10) A barra rígida é sustentada por um pino em 𝐴 e pelos cabos 𝐵𝐶 e 𝐶𝐸. Se
a carga 𝑃⃗ aplicada à viga provocar um deslocamento de 10 𝑚𝑚 para baixo na extremidade
𝐶, determine a deformação normal específica desenvolvida nos cabos 𝐶𝐸 e 𝐵𝐷.
EXEMPLO 1.11) Parte de uma ligação de controle para um avião consiste em um elemento
rígido 𝐶𝐵𝐷 e um cabo flexível 𝐴𝐵. Se uma força for aplicada à extremidade 𝐷 do elemento
e provocar uma rotação 𝜃 = 0,3°, determine a deformação normal específica no cabo. Em
sua posição original o cabo não está esticado.
Exercícios
1.25) Quando a força 𝑃⃗ é aplicada ao braço rígido 𝐴𝐵𝐶, o ponto 𝐵 desloca-se verticalmente
para baixo através de uma distância de 0,2 𝑚𝑚. Determine a deformação normal
desenvolvida no fio 𝐶𝐷.
1.26) Se a força aplicada 𝑃⃗ faz com que o braço rígido 𝐴𝐵𝐶 gire no sentido horário sobre o
pino A através de um ângulo de 0,02°, determine a tensão normal desenvolvida nos fios 𝐵𝐷
e 𝐶𝐸.
1.27) As hastes rígidas 𝐴𝐵 e 𝐵𝐶, conectadas por pinos, estão inclinadas em 𝜃 = 30° quando
estão descarregadas. Quando a força 𝑃⃗ é aplicada, 𝜃 se torna 30,2°. Determine a
deformação normal média no cabo 𝐴𝐶.
1.28) O cabo 𝐴𝐵 não está alongado quando 𝜃 = 45°. Se uma carga é aplicada à barra 𝐴𝐶,
o que faz com que 𝜃 se torne 47°, determine a deformação normal no cabo.
(a) (b)
(c)
Figura 1.24 – deformação normal sofrida por uma barra sob carga axial
Fonte: HIBBELER, 2018, p. 59.
Se aplicarmos uma força cortante nesse elemento, esses segmentos de reta tendem
a sofrer uma mudança de ângulo de modo que deixem de ser perpendiculares entre si,
como mostrado na Figura 1.24(b). Notem que o ângulo, antes reto, pode tornar-se agudo
ou obtuso, a depender do sentido de aplicação da carga.
Essa mudança de ângulo que ocorre entre os segmentos de reta é chamada de
deformação por cisalhamento, 𝑦 (gama), e é sempre medido em radianos (rad), que são
adimensionais.
Assim, a deformação por cisalhamento, 𝑦, representa a variação na inclinação de dois
segmentos de reta que estão inicialmente perpendiculares entre si de modo que o ângulo
final se torne 𝜃. Essa deformação pode ser, matematicamente, expressa por:
𝝅
𝒚=𝟐−𝜽 (1.11)
Em que:
𝑦 = deformação por cisalhamento, em 𝑟𝑎𝑑;
𝜃 = ângulo dos segmentos após a aplicação da carga, em 𝑟𝑎𝑑.
Notem que a Equação 1.11 mede a diferença entre o ângulo de 90° (𝜋⁄2 𝑟𝑎𝑑) e o
ângulo final 𝜃, de modo que, de forma simplificada, a deformação por cisalhamento mede
o quanto o ângulo de 𝟗𝟎° foi alterado, podendo tornar-se maior ou menor.
EXEMPLO 1.13) A forma original de uma peça de plástico é retangular. Determine (a) a
deformação por cisalhamento em 𝐷 e (b) a deformação normal média que ocorre ao longo
das diagonais 𝐴𝐶 e 𝐷𝐵.
Exercícios
1.31) A placa triangular é deformada na forma mostrada pela linha tracejada. Determine a
deformação normal desenvolvida ao longo da aresta 𝐵𝐶 e a tensão de cisalhamento
média no canto 𝐴 em relação aos eixos 𝑥 e 𝑦.
1.32) A placa quadrada é deformada na forma mostrada pela linha tracejada. Determine a
tensão normal média ao longo da diagonal 𝐴𝐶 e a deformação de cisalhamento do ponto
𝐸 em relação aos eixos 𝑥 e 𝑦.
(a)
(b)
Figura 1.24 – (a) corpo de prova padronizado (𝑑0 ≈ 12,4 𝑚𝑚 e 𝐿0 ≈ 51 𝑚𝑚) típico para ensaio de tração e
(b) máquina para condução do ensaio de tração
Fonte: HIBBELER, 2018, p. 72 e BEER et al., 2011, p. 59.
Prof. Edimar N. Monteiro e-mail: eng.enmonteiro@gmail.com
96
𝑷
𝝈=𝑨 (1.12)
𝟎
𝜹
𝝐=𝑳 (1.13)
𝟎
Em que:
𝜎 = tensão nominal ou tensão de engenharia, [𝑃𝑎]
𝜖 = deformação específica ou deformação de engenharia, [𝑚/𝑚]
𝑃 = carga axial, [𝑁]
𝐴0 = área original da seção transversal do corpo de prova, [𝑚2 ]
𝛿 = deformação (𝐿 − 𝐿0 ) do corpo de prova num dado instante, [𝑚]
𝐿0 = comprimento original do corpo de prova.
Figura 1.25 – Diagrama tensão-deformação de engenharia para aços baixo carbono (material dúctil) – Esse
tipo de diagrama apresenta ponto de escoamento bem definido, assim o limite de escoamento pode ser
determinado pela simples observação desse ponto
Fonte: BEER et al., 2011, p. 72.
Nesse caso, a tensão verdadeira é obtida por 𝜎𝑉 = 𝑃 ⁄𝐴, em que 𝐴 representa a área de
seção no momento de aplicação da carga e a deformação específica verdadeira é obtida pela
𝐿 𝑑𝐿 𝐿
expressão: 𝜖𝑉 = ∫𝐿 𝐿
= ln 𝐿 .
0 0
Exercícios
𝑳𝒓𝒖𝒑−𝑳𝟎
%𝑨𝑳 = (𝟏𝟎𝟎) (1.14)
𝑳𝟎
𝑨𝟎 −𝑨𝒇
%𝑹𝑨 = (𝟏𝟎𝟎) (1.15)
𝑨𝟎
Em que:
%𝐴𝐿 = porcentagem de alongamento, ductilidade
%𝑅𝐴 = porcentagem de redução de área, ductilidade
𝐿𝑟𝑢𝑝 = comprimento de ruptura do corpo de prova, [𝑚]
𝐿0 = comprimento inicial do corpo de prova, [𝑚]
𝐴𝑓 = área final ou área d corpo de prova no momento da ruptura, [𝑚2 ]
𝐴0 = área original do corpo de prova, [𝑚2 ]
Por sua vez, materiais frágeis exibem pouco ou nenhum escoamento ou deformação
antes da falha. A Figura 1.29 mostra um típico diagrama tensão-deformação de engenharia
para um material frágil sob tração.
A falha abrupta desses materiais (sem muita deformação anterior) ocorre devido a
presença de imperfeições em seu interior, o que origina a formação de trincas que se
propagam rapidamente, levando-as a falha repentina. A Figura 1.30 evidencia o modo de
falha típico de materiais frágeis sob tração.
(a) (b)
Figura 1.31 – Diagrama tensão-deformação de engenharia típico: (a) para o ferro fundido cinzento e (b)
para o concreto
Adaptado de: HIBBELER, 2018, pp. 78-79.
EXEMPLO 1.14) Um corpo de prova metálico com formato cilíndrico, com diâmetro original
de 12,8 𝑚𝑚 e comprimento útil de 50,8 𝑚𝑚 é tracionado até a fratura. O diâmetro no ponto
de fratura é 6,60 𝑚𝑚 e o comprimento útil na fratura é 72,14 𝑚𝑚. Calcule a ductilidade em
termos da redução percentual de área e do alongamento percentual.
Exercícios
𝝈 = 𝑬𝝐 (1.16)
Em que:
𝜎 = tensão normal no regime elástico, [𝑃𝑎];
𝐸 = módulo de elasticidade, [𝑃𝑎];
𝜖 = deformação específica ou de engenharia, [𝑚/𝑚].
EXEMPLO 1.15) Um ensaio de tração para um aço liga resultou no diagrama tensão-
deformação mostrado na Figura que segue. Calcule e módulo de elasticidade e o limite de
escoamento com base em uma deformação residual de 0,2%. Identifique no gráfico o limite
de resistência e a tensão de ruptura.
EXEMPLO 1.16) A Figura (a) que segue mostra uma haste de alumínio com área de seção
transversal circular e sujeita a um carregamento de 10 𝑘𝑁. Se uma porção do diagrama
tensão deformação para o material é a mostrada na Figura (b), determine o valor
aproximado do alongamento da haste quando a carga é aplicada. Se a carga for removida,
qual é o alongamento permanente da haste? Considere 𝐸𝑎𝑙 = 70 𝐺𝑃𝑎.
Exercícios
1.45) Defina módulo de elasticidade.
1.46) Qual o material é submetido a um aumento de temperatura há uma redução em seu
módulo de elasticidade. Verdadeiro ou falso? Justifique sua resposta.
1.47) A adição de elementos de liga em um aço, especialmente o carbono, afeta
consideravelmente seu módulo de elasticidade de modo que quanto maior o teor de
carbono, maior o módulo de elasticidade. Verdadeiro ou falso? Justifique sua resposta.
1.48) O diagrama tensão-deformação de tração de uma liga de aço é mostrado, determine:
(a) o módulo de elasticidade, (b) o limite de escoamento para um desvio de 0,02%, (c) o
limite de resistência a tração, (d) se um cilindro de 10 𝑚𝑚 de diâmetro e 75 𝑚𝑚 de
comprimento fabricado com esse material for submetido a uma carga de 20 𝑘𝑁, qual será
o alongamento sofrido?
1.49) Uma barra de 100 𝑚𝑚 de comprimento tem diâmetro de 15 𝑚𝑚. Se uma carga axial
de 100 𝑘𝑁 é aplicada, determine a mudança no comprimento. 𝐸 = 200 𝐺𝑃𝑎.
1.50) Uma barra tem comprimento de 200 𝑚𝑚 e área de seção de 625 𝑚𝑚2. Determine o
módulo de elasticidade do material se quando submetido a uma carga de 45 𝑘𝑁 sofre uma
deformação de 0,075 𝑚𝑚. O material apresenta comportamento elástico nessa situação.
1.51) Uma haste de 10 𝑚𝑚 de diâmetro possui módulo de elasticidade 𝐸 = 100 𝐺𝑃𝑎. Se a
haste tem 4 𝑚 de comprimento e estiver sujeita a uma carga axial de tração de 6 𝑘𝑁,
determine seu alongamento. Suponha comportamento linear elástico.
1.51) Uma barra com comprimento inicial de 50 𝑚𝑚 apresenta o diagrama tensão-
deformação mostrado. Se ela for submetida a uma carga 𝑃 = 100 𝑘𝑁, determine a
deformação resultante.
1.52) Se o cabo 𝐵𝐶 alonga-se 0,2 𝑚𝑚 após a aplicação da força 𝑃, determine sua magnitude. O
cabo é fabricado com aço A-36 e apresenta diâmetro inicial de 3 𝑚𝑚.
1.55) A figura mostra o diagrama 𝜎 − 𝜖 para as fibras elásticas que compõem a pele e os músculos
dos seres humanos. Determine o módulo de elasticidade das fibras.
1.56) Determine a deformação da barra vazada quando submetida a uma carga 𝑃 = 100 𝑘𝑁. A
barra é feita com uma liga de aço cujo diagrama tensão deformação pode ser aproximado pela
figura mostrada.
1.57) O diagrama tensão-deformação para uma resina de poliéster é mostrado na figura que segue.
Se a viga rígida é suportada pela barra 𝐴𝐵 e o apoio 𝐶𝐷 que são fabricados com esse material,
determine a maior carga 𝑃 que pode ser aplicada sem que ambos os suportes se rompam. O
diâmetro da barra é 12 𝑚𝑚 e do apoio 40 𝑚𝑚.
∆𝑼 𝟏
𝒖= = 𝟐 𝝈𝝐 (1.17)
∆𝑽
Em que:
𝑢 = densidade de energia de deformação, [𝐽/𝑚3 ];
𝜎 = tensão normal, [𝑃𝑎];
𝜖 = deformação específica, [𝑚/𝑚].
𝝈𝟐
𝒖𝒓 = 𝟐𝑬𝒆 (1.18)
Em que:
𝑢𝑟 = módulo de resiliência, [𝐽/𝑚3 ];
𝜎𝑒 = limite de escoamento, [𝑃𝑎];
Prof. Edimar N. Monteiro e-mail: eng.enmonteiro@gmail.com
96
Por sua vez, quando toda a área sob o gráfico tensão-deformação é utilizada para o
cálculo da densidade de energia de deformação, estamos considerando o módulo de
tenacidade do material. Essa importante propriedade indica a quantidade total de energia
que o material pode absorver até imediatamente antes da falha.
Na prática de engenharia, materiais com elevado módulo de tenacidade são
preferidos, uma vez que podem sofrer apreciáveis deformações antes da falha, dando
indícios prévios de sobrecarga. Em contrapartida, materiais com baixo módulo de
tenacidade falham sem absorver muita energia, ou seja, sem muita deformação prévia.
A Figura 1.37 é a representação da área sob o gráfico do diagrama tensão-
deformação que é utilizada para o cálculo do módulo de tenacidade.
Exercícios
1.58) A figura mostra o diagrama 𝜎 − 𝜖 para as fibras elásticas que compõem a pele e os
músculos dos seres humanos. Determine os módulos de tenacidade e resiliência
aproximados das fibras
1.59) O diagrama tensão-deformação para o osso é mostrado na figura e pode ser descrito
pela equação 𝜖 = (0,45 × 10−6 )𝜎 + (0,36 × 10−12 )𝜎 3 , em que 𝜎 está em 𝑘𝑃𝑎. Determine o
módulo de tenacidade do osso considerando que a falha ocorra em 𝜖 = 0,12 𝑚𝑚/𝑚𝑚.
Quando um corpo deformável é submetido a uma carga axial de tração, ele não
somente se alonga na direção longitudinal, mas também se contrai na direção radial ou
lateral, tal como ilustrado na Figura 1.38.
Figura 1.38 – Alongamento longitudinal e contração lateral de uma barra submetida à tração axial
Fonte: BEER et al., 2011, p. 104.
𝛿 𝛿′
𝜖𝑙𝑜𝑛𝑔 = 𝐿 e 𝜖𝑙𝑎𝑡 = 𝑟
No início do século XIX, foi observado pelo cientista francês S. D. Poisson que, dentro
do regime elástico, a razão entre as deformações longitudinais e laterais são constantes,
visto que 𝛿 e 𝛿′ são proporcionais. Em sua homenagem, a constante de proporcionalidade
que resultou desses estudos é chamada de coeficiente de Poisson, 𝜈 (lê-se nú), dado
pela Equação 1.19.
𝝐
𝝂 = − 𝝐 𝒍𝒂𝒕 (1.19)
𝒍𝒐𝒏𝒈
Em que
𝜈 = Coeficiente de Poisson;
𝜖𝑙𝑎𝑡 = deformação específica lateral ou radial, [𝑚/𝑚];
𝜖𝑙𝑜𝑛𝑔 = deformação específica longitudinal, [𝑚/𝑚].
EXEMPLO 1.18) Uma barra de aço 𝐴36 tem as dimensões mostradas na figura que segue.
Se uma força axial 𝑃 = 80 𝑘𝑁 for aplicada à barra, determine a mudança em seu
comprimento e a mudança nas dimensões da área de sua seção transversal após a
aplicação da carga. O material comporta-se elasticamente. 𝐸𝑎ç𝑜 = 200 𝐺𝑃𝑎 e 𝜈𝑎ç𝑜 = 0,32.
Exercícios
1.60) Uma barra de 100 𝑚𝑚 de comprimento tem 15 𝑚𝑚 de diâmetro. Se uma carga axial
de 10 𝑘𝑁 é aplicada a ela, determine a alteração sofrida em seu diâmetro. 𝐸 = 70 𝐺𝑃𝑎, 𝜈 =
0,35.
1.63) O tampão tem diâmetro de 30 𝑚𝑚 e se ajusta no interior de uma luva rígida com
diâmetro interno de 32 𝑚𝑚. Tanto o tampão quanto a luva têm comprimento de 50 𝑚𝑚.
Determine a pressão axial, 𝑝, que seve ser aplicada na parte superior do tampão para que
ele entre em contato com os lados da luva. Além disso, até que ponto o tampão deve ser
comprimido para baixo para isso acontecer? O tampão é feito de um material para o qual
𝐸 = 5,0 𝑀𝑃𝑎 e 𝜈 = 0,45.
𝝉 = 𝑮𝜸 (1.20)
Em que:
𝜏 = tensão de cisalhamento no regime elástico, [𝑃𝑎]
𝐺 = módulo de elasticidade ao cisalhamento ou rigidez torcional, [𝑃𝑎]
𝛾 = deformação de cisalhamento específica, [𝑟𝑎𝑑/𝑟𝑎𝑑 ]
𝑬
𝑮 = 𝟐(𝟏+𝝂) (1.21)
Em que:
𝐺 = módulo de elasticidade ao cisalhamento ou rigidez torcional, [𝑃𝑎]
𝐸 = módulo de elasticidade, [𝑃𝑎]
𝜈 = Coeficiente de Poisson,
EXEMPLO 1.19) Um corpo de prova de liga de titânio é testado em torção, e a Figura (a)
mostra o diagrama tensão-deformação de cisalhamento. Determine o módulo de
cisalhamento 𝐺, o limite de proporcionalidade e o limite de resistência ao cisalhamento.
Determine também a máxima distância 𝑑 de deslocamento horizontal da parte superior de
um bloco desse material, mostrado na Figura (b), se ele se comportar elasticamente quando
submetido a uma força de cisalhamento 𝑉. Qual é o valor de 𝑉 necessário para causar esse
deslocamento?
(a) (b)
Fonte: HIBBELER, 2018, p. 93
Exercícios
1.64) Uma barra circular com 600 𝑚𝑚 de comprimento e 20 𝑚𝑚 de diâmetro está sujeita a
uma carga axial 𝑃 = 50 𝑘𝑁. A deformação experimentada pela barra é 𝛿 = 1,40 𝑚𝑚 e o
diâmetro assume o valor 𝑑 ′ = 19,9837 𝑚𝑚. Determine o módulo de elasticidade e o módulo
de rigidez torcional desse material. Assuma que o material não sofre escoamento.
1.65) Um bloco com 20 𝑚𝑚 de espessura está firmemente colado entre placas rígidas.
Quando uma força 𝑃 é aplicada o bloco deforma-se na forma mostrada pela linha tracejada.
Determine a magnitude da carga 𝑃. O módulo de rigidez do material é 𝐺 = 26 𝐺𝑃𝑎. Assuma
que o bloco não sofre escoamento.
1.66) Um bloco com 20 𝑚𝑚 de espessura está firmemente colado entre placas rígidas.
Quando uma força 𝑃 é aplicada o bloco deforma-se na forma mostrada pela linha
tracejada. Determine a deformação de cisalhamento permanente no bloco quando a carga
𝑃 é liberada.
1.67) A figura mostra a porção elástica do diagrama tensão-deformação para uma liga de
alumínio. O corpo de prova usado para o ensaio tem comprimento de referência de 50 𝑚𝑚
e 12,5 𝑚𝑚 de diâmetro. Quando a carga aplicada for 45 𝑘𝑁, o novo diâmetro do corpo de
prova será 12,478 𝑚𝑚. Calcule o módulo de cisalhamento, 𝐺𝑎𝑙 , para o alumínio.
1.69) Um bloco de polímero é fixado por chapas rígidas em suas superfícies superior e
inferior. Se a chapa superior se desloca 2 𝑚𝑚 horizontalmente quando estiver sujeita a uma
força horizontal 𝑃 = 2 𝑘𝑁, determine o módulo de cisalhamento do polímero. A largura do
bloco é de 100 𝑚𝑚. Suponha que o polímero é linearmente elástico.
Discutimos nas seções anteriores alguns efeitos das solicitações externas sobre os
materiais que compõem os elementos estruturais ou de máquinas. Vimos que é possível,
conhecendo-se o carregamento em cada elemento, determinar a tensão e a deformação
que irão ocorrer nesses elementos. Além disso, também discutimos a relação entre a
tensão e a deformação e as formas pelas quais elas podem ser correlacionadas para
determinar as propriedades mecânicas dos materiais.
Com base nesses estudos, podemos, num primeiro momento, admitir que o projeto
mecânico desses elementos pode ser pensado sob dois aspectos: (1) conhecendo-se as
solicitações externas, podemos selecionar um material com propriedades mecânicas
adequadas para suportá-lo sem que ele se deforme plasticamente, ou seja, podemos
selecionar um material com tensão limite de escoamento, 𝜎𝑒 , maior ou igual à tensão no
ponto mais crítico de cada elemento da estrutura ou máquina. Além disso, se desejarmos
controlar a deformação sofrida por cada elemento, podemos selecionar um material com
módulo de elasticidade, 𝐸, adequado. (2) conhecendo-se as propriedades dos materiais
através dos quais a estrutura ou máquina é fabricada, podemos limitar as solicitações
externas para as tensões e deformações resultantes em cada elemento fique dentro do
previsto.
Entretanto, em situações reais de engenharia, nem sempre (quase nunca) é possível
determinar com precisão as propriedades mecânicas dos materiais e, de forma mais
acentuada, as reais solicitações externas que a estrutura ou máquina estarão sujeitas. Além
disso, devemos prever alguns inconvenientes que são comumente encontrados em
situações reais:
• Apesar de os materiais metálicos terem suas propriedades mecânicas definidas com
grau aceitáveis de precisão, materiais como madeira, concreto, polímeros e
compósitos podem apresentar alta variabilidades de suas propriedades mecânicas;
• Mecanismos de desgastes como: abrasão, corrosão, entre outros, tendem a
danificar os materiais durante o tempo;
• Uma estrutura pode ser projetada para suportar somente carregamentos estáticos,
mas, durante sua utilização, ela pode estar sujeita a vibrações, impactos e outros
carregamentos acidentais não considerados no projeto;
• As dimensões estabelecidas no projeto de um elemento estrutural ou de máquina
podem não se materializar, devidas as imperfeiçoes oriundas do processo de
fabricação;
Prof. Edimar N. Monteiro e-mail: eng.enmonteiro@gmail.com
96
Uma forma utilizada pelos engenheiros para lidar com essas e outras incertezas
durante o projeto é estabelecendo uma carga admissível para cada elemento estrutural ou
de máquina através da utilização de um número chamado de fator de segurança, 𝑭𝑺, que
é a razão entre a carga de ruptura, 𝐹𝑟𝑢𝑝 , e a carga admissível, 𝐹𝑎𝑑𝑚 , como mostrado pela
Equação 1. 22.
𝑭
𝑭𝑺 = 𝑭 𝒓𝒖𝒑 (1.22)
𝒂𝒅𝒎
𝝈
𝑭𝑺 = 𝝈 𝒓𝒖𝒑 (1.23)
𝒂𝒅𝒎
𝝈𝒓𝒖𝒑
𝑭𝑺 = 𝝈 (1.24)
𝒂𝒅𝒎
Em que:
𝐹𝑆 = fator de segurança;
𝜎𝑟𝑢𝑝 = tensão normal de ruptura, [𝑃𝑎];
𝜏𝑟𝑢𝑝 = tensão de ruptura em cisalhamento, [𝑃𝑎];
𝜎𝑎𝑑𝑚 = tensão normal admissível (admitida no projeto), [𝑃𝑎];
𝜏𝑎𝑑𝑚 = tensão cisalhante admissível (admitida no projeto), [𝑃𝑎].
Uma análise das Equações 1.23 e 1.24 nos leva a concluir que quanto maior o 𝐹𝑆
adotado no projeto, menor a tensão que se admite (𝜎𝑎𝑑𝑚 ou 𝜏𝑎𝑑𝑚 ) num dado elemento
estrutural e, com isso, maior será sua área de seção transversal. Isso implica em aumento
de custos de produção. Assim, estabelecer um 𝑭𝑺 apropriado para um dado projeto
requer um balanço entre custo e segurança.
Por fim, observe-se que a tesão de ruptura, 𝜎𝑟𝑢𝑝 ou 𝜏𝑟𝑢𝑝 , não necessariamente
representam a tensão de ruptura obtida através da realização de ensaios mecânicos. Isso
é verdadeiro somente no caso dos materiais frágeis, como o ferro fundido e o concreto, em
que a tensão de ruptura é, de fato, o parâmetro a ser considerado no projeto. No caso de
materiais dúcteis, como aços de baixo teor de carbono, utiliza-se a tensão de escoamento,
𝜎𝑒 ou 𝜏𝑒 , no lugar de 𝜎𝑟𝑢𝑝 ou 𝜏𝑟𝑢𝑝 , uma vez que o elemento deve ser dimensionado para
que as deformações ocorram somente no regime elástico.
EXEMPLO 1.22) A haste em suspensão está apoiada em sua extremidade por um disco
circular fixo acoplado, como mostrado na Figura. Determine o diâmetro mínimo exigido para
a haste e a espessura mínima do disco necessária para suportar a carga de 20 𝑘𝑁. A tensão
normal admissível para a haste é 𝜎𝑎𝑑𝑚 = 60 𝑀𝑝𝑎, e a tensão de cisalhamento admissível
para o disco é 𝜏𝑎𝑑𝑚 = 35 𝑀𝑝𝑎.
Exercícios
1.71) As hastes 𝐴𝐶 e 𝐵𝐶 são usadas para suspender a massa de 200 𝑘𝑔. Uma vez
fabricadas em um material com 𝜎𝑎𝑑𝑛 = 150 𝑀𝑃𝑎, determine o diâmetro mínimo requerido
de cada haste.
1.72) A junta está presa por dois parafusos. Determine o diâmetro exigido para os parafusos
se a tensão de ruptura por cisalhamento para os parafusos for 𝜏𝑟𝑢𝑝 = 350 𝑀𝑃𝑎. Use um
fator de segurança para cisalhamento 𝐹𝑆 = 2,5.
1.73) Se cada um dos três pregos tem um diâmetro de 4 𝑚𝑚 e pode suportar uma tensão
de cisalhamento média de 60 𝑀𝑃𝑎, determine a força máxima permitida 𝑃 que pode ser
aplicada à placa.
1.74) O suporte é colado ao membro horizontal na superfície 𝐴𝐵. Se o suporte tem uma
espessura de 25 𝑚𝑚 e a cola pode suportar uma tensão de cisalhamento média de
600 𝑘𝑃𝑎, determine a força máxima 𝑃 que pode ser aplicada ao suporte.
1.75) Se o parafuso de olhal é feito de um material com 𝜎𝑟𝑢𝑝 = 250 𝑀𝑃𝑎 determine o
diâmetro mínimo requerido 𝑑 da sua haste. Aplique um fator de segurança de 𝐹𝑆 = 1,5.
1.76) Determine a força máxima 𝑃 que pode ser aplicada à haste se ela for feita de material
com 𝜎𝑟𝑢𝑝 = 250 𝑀𝑃𝑎. Considere a possibilidade de que a falha ocorra na haste e na seção
𝑎 − 𝑎. Aplicar um fator de segurança 𝐹𝑆 = 2.
1.77) O pino é feito de um material com uma tensão de ruptura de falha de 𝜏𝑟𝑢𝑝 = 100 𝑀𝑃𝑎.
Determine o diâmetro mínimo requerido do pino para o 𝑚𝑚 mais próximo. Aplique um fator
de segurança de 𝐹𝑆 = 2,5.
1.78) Se a cabeça do parafuso e o suporte foram feitos do mesmo material com uma tensão
de cisalhamento defeituosa de 𝜏𝑟𝑢𝑝 = 120 𝑀𝑃𝑎, determine a força máxima permitida 𝑃 que
pode ser aplicada ao parafuso, de modo que ele não atravesse a placa. Aplique um fator
de segurança de 𝐹𝑆 = 2,5 contra falha de cisalhamento.
1.79) As hastes 𝐴𝐵 e 𝐶𝐷 são feitas de aço cuja tensão de ruptura por tração é 𝜎𝑟𝑢𝑝 =
510 𝑀𝑃𝑎. Usando um fator de segurança 𝐹𝑆 = 1,75 para tração, determine o menor
diâmetro das hastes de modo que elas possam suportar a carga mostrada. Considere que
a viga está acoplada por pinos em 𝐴 e 𝐶.
1.80) O parafuso de olhal é usado para sustentar a carga de 25 𝑘𝑁. Determine seu diâmetro
𝑑 com aproximação de múltiplos de 5 𝑚𝑚 e a espessura exigida ℎ com aproximação de
múltiplos de 5 𝑚𝑚 do suporte de modo que a arruela não penetre ou cisalhe o suporte. A
tensão normal admissível para o parafuso é 𝜎𝑎𝑑𝑚 = 150 𝑀𝑃𝑎 e a tensão de cisalhamento
admissível para o material é 𝜏𝑎𝑑𝑚 = 35 𝑀𝑃𝑎.
1.81) Seis pregos são usados para manter a viga em 𝐴 contra a coluna. Determine o
diâmetro mínimo exigido para cada prego, com aproximação de 1 𝑚𝑚, se forem feitos de
material com 𝜏𝑟𝑢𝑝 = 112 𝑀𝑃𝑎. Aplique um fator de segurança 𝐹𝑆 = 2 na ruptura por
cisalhamento.
1.84) Uma treliça é usada para sustentar a carga mostrada. Determine a área de seção
transversal requerida da barra 𝐵𝐶 se a tensão normal admissível for 𝜎𝑎𝑑𝑚 = 165 𝑀𝑃𝑎.
RESPOSTAS
REFERÊNCIAS
CALLISTER, W. D. Jr. Ciência e engenharia dos materiais: uma introdução. 8 ed. Rio
de Janeiro: LTC, 2013.
BEER el al. Mecânica Vetorial para Engenheiros: Estática. 9. ed. Porto Alegre: AMGM,
2012.
BEER, F. P; et al. Mecânica dos Materiais. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012.
HIBBELER, R. C. Resistência dos materiais. 10. ed. São Paulo: Pearson Education do
Brasil, 2018.
HIBBELER, R. C. Resistência dos materiais. 7. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2010.
ROY, R; CRAIG, Jr. Mecânica dos Materiais. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003.