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Abstract: This article analyzes the provisional measure and the tax anterioriry and how
Brazilian Supreme Court deals with both institutes, especially towards the compatibility
between the concept of urgency and the postponement of the provisional measure
effects. The effectiveness of the provisional measure is immediate in order to attend
exceptional situations.
Sumário:
1. INTRODUÇÃO - 2. MEDIDA PROVISÓRIA - 3. MEDIDA PROVISÓRIA E CRIAÇÃO DO
TRIBUTO - 4. MEDIDA PROVISÓRIA E ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA - 5. A
ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA EM RELAÇÃO À MEDIDA PROVISÓRIA, SEGUNDO A VISÃO
DO STF - 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS - 7. BIBLIOGRAFIA
1. INTRODUÇÃO
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MEDIDA PROVISÓRIA E ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA.
Análise da jurisprudência do STF em relação ao
cruzamento da eficácia imediata da medida provisória
com o diferimento da eficácia da lei tributária
alteridade, tornando a tributação o principal sustentáculo ao custeio dos direitos sociais,
sob os auspícios da cosmicidade e da corporeidade, de forma a priorizar a ética do bem-
estar. A dignidade da pessoa humana, como referencial de sobrenível, legitima a limitação
da liberdade individual e do exercício da propriedade, em prol da garantia de níveis
mínimos de subsistência.
A ciência jurídica debruça-se, nessa era nova de direitos, sobre a compatibilização entre
o financiamento do Estado e as garantias constitucionais dos contribuintes, sobretudo no
tocante à segurança jurídica, com ênfase no respeito à legalidade e à anterioridade
tributária, destacando-se a observação de como o STF tem tratado tais matérias, em
especial quanto à edição de medidas provisórias, utilizadas para substituir a plenitude do
parlamento na criação e majoração de tributos.
O corte metodológico foi feito pela seleção dos acórdãos emitidos após a publicação da EC
32, de 11.09.2001, que constitucionalizou a instituição e majoração de tributos por medida
provisória, com definição da sua vigência no exercício seguinte, somente no caso de
transformação em lei até o último dia do ano de edição. Foram separados 29 julgados,
cuja seleção se deu com base na dimensão signativa das expressões “medida provisória”
e “anterioridade tributária”, deixando de ser considerados os que, num segundo olhar,
revelavam-se não tratar pontualmente do assunto estudado.
2. MEDIDA PROVISÓRIA
O engenho dos checks and balances objetivava garantir o exercício das funções estatais
de modo harmônico, acorde à referência de cada poder. Mas essa finalidade havia de ser
ponderada pela possibilidade de combinação entre as funções estatais, através do
exercício atípico, como o desempenho, pelo Legislativo, do julgamento de contas do chefe
do Poder Executivo. Em sentido idêntico, a transferência temporária da competência
legislativa ao Executivo, para a edição de enunciados gerais abstratos, equiparados à lei
oriunda da atividade parlamentar. Também os regulamentos internos baixados pelo
Legislativo, visando a normatizar as atividades intestinas do poder, o que significa o
exercício de função típica da Administração.
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MEDIDA PROVISÓRIA E ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA.
Análise da jurisprudência do STF em relação ao
cruzamento da eficácia imediata da medida provisória
com o diferimento da eficácia da lei tributária
governabilidade, indicado às situações de emergência, quando falece a eficácia das vias
ordinárias para gerenciar crises. A esta altura, é preciso digressionar e atentar ao mito da
separação de poderes, como narrativa renovada e recorrente acerca do insulamento de
funções, que cerraria a atuação de cada um deles à tipicidade predeterminada. Todavia
essa separação absoluta não se apresenta à história das nações como algo factível, ou
seja, o rigor da secção é mitigado pela assunção cruzada de atribuições, como o
julgamento do Presidente da República pelo Senado, nos crimes de responsabilidade
pública (atividade especificamente judicante exercida pelo Legislativo).
Essa fase histórica de preponderância do Executivo é assim descrita por José Levi Mello
do Amaral Júnior:3 “Sim, o Decreto-lei de 1967 estava inserido em uma prática
institucional de nítidos traços autoritários, muito comuns, como visto, ao longo de boa
parte do século XX. Em tal circunstância, como bem sintetiza Giuseppe Viesti, a separação
dos Poderes ou era expressamente repudiada, ou ganhava natureza de mera aparência.
Os mecanismos de controle estavam subordinados ao grupo ou partido dominante. (…)
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MEDIDA PROVISÓRIA E ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA.
Análise da jurisprudência do STF em relação ao
cruzamento da eficácia imediata da medida provisória
com o diferimento da eficácia da lei tributária
Assim, o Governo – nada tendo a temer em razão da inexistência de oposição – legislava
sempre que considerasse necessário. Previa-se, não raro, sucessiva aprovação
parlamentar, mas sem nenhum valor substancial, dado o contexto autoritário descrito”.
Num e noutro caso, os requisitos de adoção das medidas referidas ligam-se a situações
de transferência parcial da função legislativa, de forma que a urgência, necessidade e
relevância são conceitos elásticos, a serem levados ao caso concreto, embora possa ser
fixado quociente que permita a aferição objetiva da urgência.
A propósito dos pressupostos à edição dos atos em pauta, Raul Machado Horta9 afirma:
“Os ‘provvedimenti provvisori’ do texto italiano são autorizados ‘in casi straordinaria di
necessitá e d’urgenza’, enquanto as medidas provisórias da Constituição brasileira
pressupõem o caso de ‘relevância e urgência’. Casos extraordinários de necessidade e de
urgência ensejam verificação mais rigorosa, no juízo de admissibilidade, que o caso de
‘relevância e urgência’, refletindo redação mais branda na sua primeira parte, pois a
relevância, sempre sujeita a avaliação subjetiva e discricionária, não dispõe da energia e
da evidência objetiva dos casos extraordinários de necessidade de urgência”.
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MEDIDA PROVISÓRIA E ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA.
Análise da jurisprudência do STF em relação ao
cruzamento da eficácia imediata da medida provisória
com o diferimento da eficácia da lei tributária
Sobre o interesse principal deste artigo, interessa focar que a emanação das medidas
provisórias depende do periculum in mora sobre a situação enfrentada pelo governo, a
justificar a derrogação temporária da função legislativa pelo Executivo, quando a saída
pela via ordinária da legislação se revelar ineficaz. O limite temporal para a avaliação da
medida extraordinária poderia ser o prazo de discussão e votação do projeto de lei de
iniciativa presidencial, em regime de urgência, ou seja, 100 dias, como resultado da
contagem dos tempos lançados no art. 64, §§ 2.º e 3.º, da CF/1988 (LGL\1988\3), com
a redação do art. 1.º da EC 32, de 11.09.2001.10-11
No Estado Fiscal clássico, germinou o dever fundamental de pagar tributo, margeado pela
proibição do confisco, porque a acumulação de bens é o programa político a ser assumido
pelo direito público, que se submete ao direito privado, segundo a concepção kantiana de
que a posse é direito subjetivo, exercido como derivação do direito natural e que depois é
avalizado pelo Estado.
O custo dos direitos de defesa de primeira geração é mais contido, o que permite a
imposição de uma carga tributária menor, com a sucumbência do poder de tributar ao
mínimo indispensável à conservação da esfera de interesses particulares. A expropriação
pelo Erário do patrimônio privado, pelo sentimento antiestatalista que adveio com a
derrocada do absolutismo, era tida como um estorvo ao direito de propriedade,
entronizado como via de submissão do Estado aos interesses mercantis.
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MEDIDA PROVISÓRIA E ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA.
Análise da jurisprudência do STF em relação ao
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com o diferimento da eficácia da lei tributária
social. Nesse sentido, Cristina Pauner Chulvi:13-14 “Assim, se pode defender que a
solidariedade inspira o modo de atuar do dever constitucional e, em geral, de todo o
ordenamento jurídico, porque o Estado social reconhece implicitamente as diferenças
entre os grupos sociais e sua repercussão na liberdade e, por outro lado, leva o legislador
a eliminar tais diferenças, estabelecendo as condições para uma transformação da
sociedade de individualista à solidária. Pode afirmar-se, portanto, que a solidariedade atua
como justificação que legitima o estabelecimento do dever de contribuir ao financiamento
dos gastos públicos no Estado Social e Democrático de Direito”.
A fruição dos direitos fundamentais depende não somente da sua positivação, senão dos
custos públicos financiados pelos contribuintes, à luz da capacidade econômica e das
demais limitações constitucionais ao poder de tributar, nelas inclusa a anterioridade
tributária, ou critério da não surpresa, que incide, em geral, cumulativamente, com a
anterioridade de exercício somada à anterioridade nonagesimal. A finalidade dessa
garantia é a previsibilidade que deve cercar a atividade econômica das pessoas, de
maneira a ter condições de planejar a vida defronte a formas mais gravosas de alcance
público da tributação.
A ação leal do Estado para com os cidadãos, nas fronteiras da criação tributária, é ligada
ao mandamento da legalidade, na sua forma mais específica e apurada, isto é, trata-se
de cláusula pétrea, que se apresenta em reforço à legalidade geral do art. 5.º, II, da
CF/1988 (LGL\1988\3)16 (ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei), excepcionados apenas os casos de previsão do próprio Poder
Constituinte Originário. Para a satisfação da legalidade estrita do direito tributário não
basta a lei material, mas é indispensável a lei formal, submetida previamente ao filtro da
democracia deliberativa, no juízo de fundamentação do plenário. Não há cessão de espaço
à constrição do contribuinte sem que ele mesmo, por seus representantes, promova a
autoimposição tributária.
É a lei em sentido formal, em sua acepção técnica, como imperativo de coatividade externa
ao sujeito, que deve reger a limitação da liberdade patrimonial, porque nenhuma afronta
à dignidade humana há de ser cometida pelo legislador tributário ao dispor sobre a tomada
da riqueza individual. É o parlamento, locus de convergência da representação popular,
forrado no sufrágio universal, que deve consentir, segundo a regra da maioria, na criação
ou majoração das fontes de financiamento público, na forma de receitas derivadas.
Medida provisória não é lei, mas ato normativo discricionário do Chefe do Executivo, com
força de lei e que é emitido segundo os limites e pressupostos da Constituição. A
combinação linear do signo “com força de lei” não dá guarida à dúvida semântica: se
houve a necessidade, pelo Poder Constituinte, de compará-la à lei é porque de lei não se
trata.
A faceta sígnica do direito não pode ser subtraída, daí que a semiótica jurídica é convocada
ao desvelamento da leitura metalinguística. O mundo se realiza na e pela linguagem, que,
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com o diferimento da eficácia da lei tributária
com o rompimento da metafísica, toma o caráter antiessencialista e se volta ao holismo e
à imersão na cotidianidade. Por isso, Humberto Maturana17 assevera que “tudo o que nós
seres humanos fazemos, nós fazemos na linguagem”.
O contribuinte se obriga, desde o ponto de partida da lei criadora do tributo, editada pelo
parlamento, a construir a norma jurídica tributária moldada na estrutura implicacional
antecedente/consequente, através da qual o enunciado legal é reescrito conforme um
juízo condicional, que estabelece um nexo intersubjetivo decorrente da causalidade
jurídica.
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Análise da jurisprudência do STF em relação ao
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reguladas”.
A legalidade tributária é direito individual declarado pela inicialidade fundante e que tem
enlace no núcleo duro da Constituição, radicado na intangibilidade dos dispositivos pétreos
e que velam por imprimir estabilidade ao Texto, permitindo-se a intervenção legislativa
apenas para ampliar sua abrangência, nunca para subtrair ou limitar direitos.
Embora não seja objeto deste trabalho, alvitramos que a intangibilidade da vontade
originária, pronúncia da axiologia predominante, não pode servir de torniquete à inserção
dos valores decorrentes da própria dialética social, mormente com o advento da sociedade
de informação, chancelada pela ampliação dos meios de expressão e interação, com maior
possibilidade de participação democrática. Em outro dizer, a alteração pretendida, uma
vez ungida pelo sufrágio universal, há de ser examinada como forma de quebra dos limites
materiais do poder criador, razão de ser do asserto de Adriano Sant’Anna Pedra 24 de que
“nada no texto constitucional impede que o povo faça, diretamente, quaisquer alterações
na Constituição”.
Há autores que veem com tranquilidade a medida provisória ser instrumento formal da
imposição tributária e que, ao assumirem postura de leniência à expansão do exercício da
função executiva, pouco caso fazem à segurança jurídica, já que as pessoas só devem ser
instadas à tributação para a qual tenham consentido, através do processo legislativo de
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MEDIDA PROVISÓRIA E ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA.
Análise da jurisprudência do STF em relação ao
cruzamento da eficácia imediata da medida provisória
com o diferimento da eficácia da lei tributária
participação dos dois poderes do Estado (Executivo e Legislativo) e do debate amplo antes
da lei entrar em vigor. É o Poder Legislativo que compete inovar a ordem jurídico-
tributária, não mero ato singular normativo de manifestação volitiva da Administração.
O STF tem sido favorável à medida provisória, em desdém à autoimposição tributária, com
destaque para a ADIn 1.417-0/DF,27 que deferiu liminar de acolhimento à MedProv 1.325,
de 09.02.1996,28 regulamentadora das contribuições do PIS/Pasep. O voto do relator, Min.
Octavio Gallotti, é objetivo, quando assere que “tendo força de lei, é meio hábil, a medida
provisória, para instituir tributos, e contribuições sociais, a exemplo do que já sucedia com
os decretos-leis do regime ultrapassado como sempre esta Corte entendeu”.
Mas tal dever, que se apresenta como materialmente constitucional, no direito brasileiro,
é uma forma de realizar os direitos prestacionais e se assenta na sociabilidade, que, na
busca ontológica heideggeriana, avança na direção do ser-com, a coexistência, o
compartilhamento do mundo com o outro, refutando-se o idealismo metafísico, paradigma
da filosofia moderna. Para Martin Heidegger,30 o mundo da pre-sença é mundo
compartilhado, ou seja, o ser-em é ser-com os outros.
Mas o Estado Social surge indiferente ao rompimento pretendido pela doutrina marxista
em direção ao comunismo científico. No lugar da revolução proletária, a economia
burguesa constrange-se a abrir mão do liberalismo e da desregulação do mercado em prol
da intervenção estatal, para fornecer os instrumentos à acomodação das reivindicações
das massas exauridas pelas agruras da Revolução Industrial, no sentido de obtenção de
garantias mínimas de sobrevivência.
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MEDIDA PROVISÓRIA E ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA.
Análise da jurisprudência do STF em relação ao
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com o diferimento da eficácia da lei tributária
efetivação da justiça social.
A anterioridade é direito individual e, portanto, cláusula pétrea, que, enquanto não passe
pelo sufrágio universal que a altere, há de ser acatada como dispositivo inamovível, sendo
que, no Estado Democrático e Social Fiscal 32 (as características do Estado Social são
ajustadas à revivescência do governo minimalista e garantidor da estabilidade monetária,
segundo o Consenso de Washington, sob a inspiração de Friedrich Von Hayek), a garantia
ao contribuinte é alargada pela cumulação da anterioridade anual à nonagésima.
Essa anterioridade, tal qual concebida no direito tributário, não se reproduz em outro ramo
do direito e, em conjunto com a irretroatividade e a reserva absoluta de lei, marcam a
irradiação da segurança jurídica à cidadania no sentido da valorização do direito à
propriedade, como herança do individualismo liberal.
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MEDIDA PROVISÓRIA E ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA.
Análise da jurisprudência do STF em relação ao
cruzamento da eficácia imediata da medida provisória
com o diferimento da eficácia da lei tributária
reformulação funcional dos poderes no sentido de uma distribuição que garanta um
sistema eficaz de freios e contrapesos, para que a separação dos poderes não seja um
empecilho à efetivação de direitos fundamentais, bem como à intervenção do Poder
Judiciário, quando provocado, na implementação de direitos”. Mas tal aproximação não
pode se desatrelar do primado da segurança, vez que ao fisco não é dada a concessão de
sufocar o sujeito passivo da obrigação tributária com exigências que o impossibilite
estabelecer o planejamento e a viabilidade dos negócios, sob pena de sotoposição de um
dos fundamentos do Estado brasileiro, isto é, a livre iniciativa, resultado da opção pelo
sistema capitalista.
A confiança no direito estatal impõe que as regras se desenhem às claras, de modo que
as pessoas confiem que as consequências jurídicas, que sucedem às hipóteses de
incidência, se farão como delineadas na abstratividade legal, ou seja, a ocorrência do fato
lícito, descrito deonticamente nos seus aspectos material, espacial e temporal, determina
a aparição da relação jurídica tributária cujo objeto é a prestação pecuniária compulsória,
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
A medida provisória, como ato jurídico normativo, não é lei, porque possui condição
resolutiva da aprovação do Congresso Nacional, mas que, pelo significado contextual do
símbolo urgência, do art. 62, caput, da CF/1988 (LGL\1988\3),36-37 não se esquiva da
imanência de ter imediata eficácia, isto é, capacidade para produzir, desde logo, os efeitos
jurídicos abstratamente previstos no enunciado.
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MEDIDA PROVISÓRIA E ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA.
Análise da jurisprudência do STF em relação ao
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com o diferimento da eficácia da lei tributária
e a medida provisória, insistimos, no eito da matriz italiana do decreto legge, subsiste
restrita a ser instrumento para o governo enfrentar situações de excepcionalidade, cuja
solvência fique impossibilitada pelo trâmite do projeto de lei no Legislativo.
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com o diferimento da eficácia da lei tributária
prejuízos com o lucro real podia se fazer até quatro anoscalendário subsequentes ao da
apuração. Desse modo, não poderia a sistemática ser modificada por norma legal editada
quando já havia direito adquirido à dedução dos prejuízos resultantes de exercícios
anteriores, sem qualquer limite, sob pena de ofensa ao princípio da irretroatividade da lei,
da certeza e da segurança jurídicas. No caso, a alteração do critério da apuração do lucro
real imposta pela Lei 8.981/1995 gerou aumento de tributo, agravando a situação do
contribuinte. A norma jurídica inovadora, para alcançar o balanço fiscal encerrado em
31.12.1994, deveria ter sido publicada até o dia 31.10.1994, o que não se verificou. Como
visto, não trata a espécie de inconstitucionalidade do art. 58 da MedProv 812/1994,
convertida na Lei 8.981/1995, mas de sua aplicação ao balanço fiscal concluído no último
dia do ano de 1994, em razão do princípio nonagesimal consagrado no art. 195, § 6.º, da
Carta Federal”.
Para o estudo, é destacado o AgRg no AgIn 749.301/SP,47 onde a agravante defende que
o período entre o início da exigência da exação e 31.01.1999 (começo da vigência da lei
de conversão) tinha lei válida, mas que não gerava efeito, por não haver condições fáticas
de atuação.
A 2.ª Turma, em voto unânime, entendeu, com o relator, que “o processo legislativo
desenvolvido com a mudança do meio da enunciação normativa – de medida provisória
para lei ordinária – não importou solução de continuidade para norma tributária neles
prescrita, motivo por que não há de se falar em exigibilidade desta somente após
publicação da lei ordinária resultante (Lei 9.715/1998)”.
No recurso, o recorrente entendia ser a medida provisória meio inapropriado para o trato
no campo tributário, uma vez que havia limitação material à edição de tal ato, que também
não aceitava o princípio da anterioridade, pela sua vocação eficacial imediata.
No entanto, a 1.ª Turma, por unanimidade e, com espeque na ADIn 1.135/DF,50 entendeu
que, ao revés do raciocínio esposado neste trabalho, as medidas provisórias são idôneas
para versar sobre matéria tributária, com diferimento da sua eficácia, em desprezo ao
pressuposto de urgência.
Dessume-se, enfim, que o STF despreza o estado de necessidade, para a edição de medida
provisória, medida esta que tem o dom de inovar a ordem tributária desde a sua edição,
não comportando a dilação agasalhadora da anterioridade, pois não se afina com a
urgência o que pode esperar para surtir efeitos jurídicos.
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imanente à fisionomia jurídica da entidade o entrar em vigor imediatamente quando
publicada. Abriga uma contradição de ordem semântica cogitar de medida provisória
publicada, mas com prazo inicial de vigência fixado em tempo posterior. E a urgência?”.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Análise da jurisprudência do STF em relação ao
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Como quer que seja, o financiamento do Estado compreende o dever fundamental de
pagar tributo, correlativo aos direitos fundamentais. Tal dever se contrapõe ao direito de
propriedade, de modo que a obrigação tributária, como preço da liberdade, não albergue
atuação confiscatória e de aquebrantamento da justiça fiscal, porque não há espaço ao
regime tributário subtrativo da dignidade humana. Nesse sentido, consolida-se a
imunidade do mínimo existencial e o princípio da capacidade contributiva.
Medida provisória, por ter vigência antecipada à aprovação da lei substitutiva, só deve ser
adotada em situações de emergência, o que não ocorre, na regra geral, com os tributos,
submetidos ao princípio da anterioridade, como previsibilidade objetiva indispensável ao
planejamento da vida econômica do contribuinte.
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tributos se aplica, na esmagadora maioria, o diferimento da vigência do enunciado
prescritivo de instituição.
De outro lado, consoante o art. 68, § 1.º, da CF/1988 (LGL\1988\3),55-56 não são objeto
de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, nos quais se inclui
a criação e majoração de tributos, o que foi inobservado pelo Poder Reformador na EC
32/2001, quando fez constar da literalidade textual a medida provisória como introdutora
de regra da tributação somada à incompatibilidade com o diferimento da respectiva
vigência.
A síntese tirada deste trabalho é que os três podres republicanos contribuem, cada um ao
seu modo, para menosprezar o dever fundamental de pagar tributo, retratado nas
exigências do financiamento estatal, distribuídas na Constituição, cuja percepção é
atrelada ao direito à propriedade. E desde a construção moderna do direito civil, sob
inspiração lockeana, a propriedade é a finalidade primeira do contrato social, garantida
como direito natural do indivíduo.
Aos três entes impõe-se a coarctação aos limites formais e materiais estatuídos nos
direitos que estão acima dos órgãos políticos ordinários, dado o pré-comprometimento
que a eles se determinam. O poder de tributar, quando relativo ao rol de intervenções do
Poder Derivado, não pode se afastar, por um triz que seja, da obra do seu criador. E a
atuação do STF, foco principal deste estudo, se evidencia em descaso com a urgência da
medida provisória, ao cruzá-la com a anterioridade tributária, em incompatibilidade com
a situação de emergência a ser atendida pelo Estado com o ato excepcional.
7. BIBLIOGRAFIA
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7. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2003.
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Hrieniewicz, Severo. Para filosofar hoje. 8. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
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Maturana, Humberto. Cognição, ciência e vida cotidiana. Belo Horizonte: UFMG, 2001.
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Warat, Luiz Alberto. O direito e sua linguagem. 2. ed. aum. Porto Alegre: Sergio Antonio
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3 Amaral Júnior, José Levi do. Medida provisória e a sua conversão em lei: a Emenda
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7 Britto, Carlos Ayres. Teoria da Constituição. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p. 25.
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Análise da jurisprudência do STF em relação ao
cruzamento da eficácia imediata da medida provisória
com o diferimento da eficácia da lei tributária
8 Niebuhr, Joel de Menezes. O novo regime constitucional da medida provisória. São
Paulo: Dialética, 2001. p. 77.
11 “Art. 64.(…)
§ 2.º Se, no caso do § 1.º, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se
manifestarem sobre a proposição, cada qual sucessivamente, em até quarenta e cinco
dias, sobrestar-se-ão todas as demais deliberações legislativas da respectiva Casa, com
exceção dos que tenham prazo constitucional determinado, até que se ultima a votação.
§ 3.º A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos Deputados far-se-á
no prazo de dez dias, observado quanto ao mais o disposto no parágrafo anterior.”
12 Nay, Olivier. História das ideias políticas. Trad. Jayme A. Clasen. Petrópolis: Vozes,
2007. p. 507.
14 “Asi, se puede defender que la solidaridad inspira el modo de actuar del deber
constitucional y, en general, de todo el ordenamiento jurídico porque el Estado social
‘reconoce implícitamente las diferencias entre grupos sociales y su repercusión en la
libertad y de otra, empuja al legislador a trabajar para que estas diferencias sean
eliminadas estableciendo las condiciones para una transformación de la sociedad de
individualista a solidaria’. Puede afirmarse, por tanto, que la solidaridad actúa como
justificación que legitima el establecimiento del deber de contribuir al sostenimiento de
los gastos públicos en el Estado social y democrático de Derecho.”
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MEDIDA PROVISÓRIA E ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA.
Análise da jurisprudência do STF em relação ao
cruzamento da eficácia imediata da medida provisória
com o diferimento da eficácia da lei tributária
16 Brasil. Constituição da República (LGL\1988\3) Federativa do Brasil. Brasília: Senado
Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2006. p. 15.
18 Saussure, Ferdinand de. Curso de linguística geral. 21. ed. São Paulo: Cultrix, 1999.
p. 80.
21 Vilanova, Lourival. Causalidade e relação no direito. 4. ed. rev., atual. e ampl. São
Paulo: Ed. RT, 2000. p. 288.
22 Carrazza, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. 22. ed. São
Paulo: Malheiros, 2006. p. 275-276.
23 Araujo, Luiz Alberto David; Nunes Júnior, Vidal Serrano. Curso de direito
constitucional. 7. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 10.
26 “Art. 62.(…)
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Análise da jurisprudência do STF em relação ao
cruzamento da eficácia imediata da medida provisória
com o diferimento da eficácia da lei tributária
Contribuintes e a reforma tributária. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003. p. 22.
30 Heidegger, Martin. Ser e tempo: parte I. Trad. Márcia de Sá Cavalcante. 11. ed.
Petrópolis: Vozes, 2002. p. 170.
31 Bonavides, Paulo. Do Estado liberal ao Estado social. 5. ed. rev. e ampl. Belo
Horizonte: Del Rey, 1993. p. 185.
35 Mascaro, Alysson Leandro. Filosofia do direito. São Paulo: Atlas, 2010. p. 296.
40 Bittar, Eduardo Carlos Bianca. Linguagem jurídica. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 89.
44 “Art. 195.(…)
§ 6.º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após
decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou
modificado, não se lhes aplicando o art. 150, III, b.”
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Análise da jurisprudência do STF em relação ao
cruzamento da eficácia imediata da medida provisória
com o diferimento da eficácia da lei tributária
51 Carvalho, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 17. ed. São Paulo: Saraiva,
2005. p. 64.
52 Warat, Luiz Alberto. O direito e sua linguagem. 2. ed. aum. Porto Alegre: Sergio
Antonio Fabris Ed., 1995. p. 66.
54 Hrieniewicz, Severo. Para filosofar hoje. 8. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2010. p. 98.
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MEDIDA PROVISÓRIA E ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA.
Análise da jurisprudência do STF em relação ao
cruzamento da eficácia imediata da medida provisória
com o diferimento da eficácia da lei tributária
56 “Art. 68.(…)
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