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SUA PETIÇÃO
DIREITO
TRABALHISTA
Seção 6
DIREITO TRABALHISTA
Sua causa!
Caro aluno, bem-vindo à seção 6! Na seção 3 você fez as vezes de advogado de Miguel Antônio dos
Santos e apresentou Recurso Ordinário. Já na seção 4 você atuou como advogado da AZ Automóveis
S/A, apresentando Recurso Ordinário. Na seção 5 você, mais uma vez, atuou como patrono da AZ
Automóveis S/A, apresentando as Contrarrazões ao Recurso Ordinário interposto pelo Reclamante.
Não se pode esquecer que esta atuação para as duas partes da relação processual se deu apenas para
fins didáticos, não podendo ocorrer na prática, sob pena de violação dos preceitos éticos que regem a
advocacia.
Nesta seção você atuará como advogado da AZ Automóveis S/A. Em 22/11/2019 houve a publicação
de despacho pela 1ª Vara do Trabalho de Pelotas/RS negando seguimento ao Recurso Ordinário da
reclamada. Veja-se o conteúdo do despacho:
Você, aluno, deve analisar o despacho prolatado pela 1ª Vara do Trabalho de Pelotas/RS, a fim de
constatar os equívocos nele constante, que serão justamente os fundamentos a serem utilizados na
peça processual. Nela você deverá demonstrar as razões pelas quais houve equívoco na referida
decisão judicial.
Agora você na qualidade de advogado da Reclamada AZ Automóveis S/A deverá elaborar o recurso
adequado à defesa de seus interesses, ou seja, buscar o instrumento processual correto para que o
Recurso Ordinário interposto tenha chance de ser analisado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª
Região.
Fundamentando!
Diante do interesse de sua cliente em interpor recurso do despacho que negou seguimento ao Recurso
Ordinário, cumpre a você, aluno, verificar qual é o remédio processual cabível.
A CLT, prevê em seu capítulo VI (arts. 893 a 901) os recursos cabíveis no Direito Processual do Trabalho,
a saber: Embargos ao TST, Embargos à Execução, Embargos de Declaração, Recurso Ordinário, Recurso
de Revista, Agravo, Agravo de Instrumento, Agravo de Petição. Além deles também é possível a
interposição de Recurso Extraordinário, nos termos do art. 102, inciso III, “a”, da Constituição Federal
de 1988, após esgotados os recursos cabíveis junto ao Tribunal Superior do Trabalho.
Você deve ler atentamente todos eles para se certificar que irá interpor o recurso correto, haja vista
o inconformismo de AZ Automóveis S/A com a decisão de 1º grau, que negou seguimento ao seu
Recurso Ordinário.
No Direito Processual do Trabalho vigora a regra de que as decisões interlocutórias são irrecorríveis.
Isto está expresso no art. 893, §1º, da CLT (BRASIL, 1943), que assim dispõe:
O dispositivo legal em comento condiciona o reexame de decisão interlocutória somente por meio de
recurso interposto em face de decisão definitiva.
Neste contexto indaga-se: a decisão que negou seguimento ao Recurso Ordinário é interlocutória?
Existe recurso cabível? A CLT não define o que vem a ser decisão interlocutória, razão pela qual nos
valemos da aplicação subsidiária do Código de Processo Civil, por força do art. 769, da CLT. Veja-se o
que dispõe o art. 203, do CPC (BRASIL, 2015):
Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e
despachos.
§ 1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o
pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase
cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução.
§ 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se
enquadre no § 1º. (destaque e grifos nossos).
Decisão interlocutória, portanto, é toda aquela que não põe fim à fase cognitiva do processo ou que
não extingue a fase de execução. No caso sob exame não se tem dúvida da natureza interlocutória da
decisão, vez que não pôs fim à fase de conhecimento da reclamação trabalhista.
Todavia, o art. 897, da CLT, traz previsão legal expressa acerca do meio legal a ser adotado em face de
decisão que nega seguimento a recurso.
2 – Agravo de Instrumento
O art. 897, da CLT, prevê o cabimento do Agravo de Instrumento “dos despachos que denegarem a
interposição de recursos” (BRASIL, 1943). Ele deve ser dirigido à autoridade prolatora do despacho
que negou seguimento ao recurso, mediante petição fundamentada.
Recebida a petição de Agravo de Instrumento, a autoridade que denegou seguimento ao recurso (no
caso da situação-problema o Juiz da 1ª Vara do Trabalho de Pelotas/RS) poderá realizar juízo de
retratação, isto é, permitir o seguimento do recurso até então trancado ou manter sua decisão.
No primeiro caso os autos serão remetidos para análise do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região,
haja vista a retratação.
Na segunda hipótese será aberta vista à parte contrária para apresentar Contraminuta ao Agravo de
Instrumento e, em seguida, os autos serão remetidos para o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª
Região julgar o Agravo.
Não se pode esquecer da previsão contida no art. 899, §7º, da CLT (BRASIL, 1943):
Tendo em vista que o depósito recursal tem natureza jurídica de garantia do juízo, deve-se analisar a
necessidade desse depósito, sobretudo à luz das inovações trazidas pela Lei nº 13.467/17,
notadamente no art. 899, da CLT.
No caso em comento a sentença foi publicada no Diário Oficial da União em 02/10/2019, quarta-feira.
Neste contexto, a petição de Agravo de Instrumento deve ser formulada combatendo as razões
constantes do despacho que negou seguimento ao Recurso Ordinário. Deve-se, portanto, explicar as
razões pelas quais a decisão está equivocada. Analisando o despacho judicial verifica-se que a
irregularidade apontada diz respeito ao prazo de interposição do Recurso Ordinário interposto pela
Empresa Reclamada. Assim, você deve lançar mão de todos os argumentos jurídicos possíveis para
demonstrar a tempestividade do apelo.
O objetivo do Agravo de Instrumento é destrancar o Recurso Ordinário ao qual foi negado seguimento
pelo primeiro juízo de admissibilidade (a quo). Assim, você, aluno, deve requerer que o Agravo de
Instrumento seja analisado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região.
Por fim, deve-se esclarecer que o Agravo de Instrumento tem somete efeito devolutivo, não
suspendendo a execução da decisão já prolatada.
3 – Procedimento
Como dito no tópico anterior, o recurso será interposto por simples petição dirigida ao órgão que
publicou a decisão combatida, no caso quem prolatou o despacho que negou seguimento ao Recurso
Ordinário. O ato processual em questão deve ser praticado no prazo de 08 (oito) dias úteis, contados
da publicação da decisão que negou seguimento ao Recurso Ordinário.
Vamos peticionar!
Respire fundo, pois sua cliente precisa de você! Ela tem a esperança que as razões de Recurso
Ordinário sejam aceitas e que a condenação seja totalmente revertida. Obviamente que para tanto é
imperioso o sucesso do recurso a ser interposto neste momento processual.
Indique na peça recursal a tempestividade e as razões pelas quais é cabível o citado recurso no caso
sob exame.
Elenque na sua peça processual os argumentos fáticos e os fundamentos jurídicos que amparam a
pretensão de sua cliente. Deve-se combater não a sentença que julgou parcialmente procedentes os
pedidos, mas as razões pelas quais o juízo a quo negou seguimento ao Recurso Ordinário da AZ
Automóveis S/A.