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envolve troca de fatos, emoções, idéias, opiniões, entre duas ou mais pessoas. Nesse
sentido entendemos que os registros e as trocas de plantões dependem da comunicação
havida entre a equipe e devem envolver a evolução do estado de saúde do cliente idoso e
especificamente as reações advindas do uso de medicações. Acreditamos que a
importância deste trabalho é justificada, uma vez que necessitamos suscitar discussões
sobre tal temática e também despertar o interesse de acadêmicos e profissionais de
enfermagem na busca de atualização de seus conhecimentos e de se manter um fluxo de
informações nos registros e passagens de plantões, no que se refere a administração de
medicamentos em idosos. O interesse de explorar esta problemática surgiu quando
cursávamos a disciplina optativa Enfermagem nas Emergências ao Adulto e ao Idoso (no
5º período do currículo de graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem Alfredo
Pinto, no 1º semestre de 2001). Neste momento, foi solicitado ao nosso grupo (composto
por 10 acadêmicos) a realização de um trabalho com o tema : “Assistência ao Idoso”. Ao
pesquisarmos e elaborarmos essa atividade, nós, autoras desse presente estudo, nos
sentimos incomodadas sobre a administração de medicamentos em idosos, e alguns
questionamentos foram surgindo dos quais destacamos: A Administração de
Medicamentos em idosos requer conhecimentos específicos? Como o uso de fármacos
pode ser um problema na saúde dos idosos? Frente a esses questionamentos, nos
interessamos em conhecer mais para buscarmos respostas que pudessem saciar o nosso
desejo de aprendizado, respostas estas fundamentadas em uma metodologia que nos
permita refletir a prática, desenvolvendo uma atitude crítica acerca da assistência que
prestamos, convertendo os conhecimentos adquiridos numa prática fundamentada e
contextualizada. A administração de medicamentos é uma das responsabilidades mais
importantes do enfermeiro e demais integrantes da equipe envolvidos no cuidado ao
paciente. As drogas constituem meios primários de terapia para pessoas com alterações
na saúde, porém qualquer droga pode ser altamente prejudicial se administrada
incorretamente. É de fundamental importância que o enfermeiro esteja imbuído de todos
os conhecimentos possíveis sobre medicamentos, compreender os seus efeitos, seu uso ou
abuso, dosagens corretas, métodos de administração, sintomas de intoxicação e reações
anormais que possam surgir no tratamento de várias condições, monitorizando
freqüentemente as respostas do cliente. E essa monitorização se faz possível através dos
registros adequados de enfermagem, nos relatos em troca de plantões e nas trocas de
informações com a equipe multidisciplinar. Quanto a “passagem de plantão” Camargo
et al. (1998) afirmam que é importante estarmos atentos para uma comunicação coerente
e objetiva, entre os membros da equipe, com o devido propósito de informar o que
realmente foi ouvido e observado, para facilitar a continuidade dos cuidados de
enfermagem ao paciente. E em relação aos registros Iyer et al. (1993) ressaltam que ele
estabelece um mecanismo de comunicação entre os membros da equipe de saúde,
garante uma avaliação do cliente, cria um registro legal permanente de cuidados
proporcionados ao cliente. Essa comunicação se faz necessária na busca de uma
assistência de qualidade e sem riscos para o cliente. Nesse sentido, um cuidado
responsável e sistematizado precisa ser subsidiado por um conhecimento científico sobre
a farmacocinética e a farmacodinâmica das medicações, especialmente no que se refere
aos idosos, além de uma rotina de registros e trocas de plantões, que tornem possível um
fluxo de informações sobre a saúde desse idoso. As palavras de Arcuri (1991)
corroboram com essa afirmativa quando diz que é responsabilidade do enfermeiro
planejar as ações que envolvam a administração de medicamentos fundamentandose em
bases científicas. Isso requer envolvimento e compromisso, condições básicas para a
responsabilidade profissional. E os aspectos fundamentais desse compromisso dizem
respeito ao conhecimento
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profundo dos princípios de ação das drogas, sendo sua aplicação vinculada ao uso da
metodologia científica, sistematizando ações de enfermagem de alto teor qualitativo para
que resultem em bemestar, recuperação e satisfação do cliente/paciente. O cuidado de
enfermagem no que tange a administração de medicamentos não se restringe apenas a
simples administração, mas envolve também a observação por parte do enfermeiro e sua
equipe das reações da medicação, sejam elas imediatas ou tardias . Para tanto se torna
imprescindível a comunicação entre a equipe, que vai desde os registros de enfermagem
até as informações passadas nas trocas de plantão, onde estas devem ressaltar todas as
alterações que ocorreram com o paciente, alterações essas físicas e comportamentais,
observadas ou mesmo relatadas pelo idoso, para que se torne possível fazer um
acompanhamento adequado da eficácia da terapia e suas conseqüências neste indivíduo.
Pois há uma tendência em aceitar o uso das drogas como algo comum e sem riscos, não
levando muito em consideração as possíveis reações advindas do uso das mesmas. Duarte
(1998) afirma que as drogas utilizadas pelos idosos podem provocar efeitos nocivos tanto
de comportamento como físicos, razão pela qual o uso de medicamentos não pode ser
feito de forma indiscriminada. As reações desfavoráveis no uso de fármacos gera um dos
principais problemas de saúde nos idosos. Alguns dos fatores significantes para esta
problemática são as prescrições múltiplas, a presença de doenças crônicas que exigem
terapia com vários medicamentos a longo prazo, as dosagens inadequadas e as alterações
próprias do envelhecimento (BRASIL. MS, 1999). O enfermeiro que presta assistência a
esses indivíduos precisa estar ciente de alguns aspectos específicos. Para tanto iremos
descrever sucintamente sobre a farmacodinâmica, em geral, para então discutirmos como
a idade avançada pode favorecer o aparecimento ou ainda potencializar reações
indesejáveis. De acordo com Burnside (1979) a idade parece atuar nos mecanismos
responsáveis pela utilização dos fármacos. A instalação, a intensidade e a duração da
reação do paciente achamse na dependência de variações individuais no grau e taxa de:
1) Absorção no local de administração; 2) Distribuição dentro do corpo; 3) Metabolismo;
4) Eliminação para fora do corpo. De acordo com este mesmo autor, há indícios cada vez
maiores de que esses fatores mudam com a idade, o que pode acarretar um risco para
efeitos indesejáveis. Abaixo seguem alguns fatores fisiológicos dos idosos que irão
favorecer a toxicidade (ASPERHEIM, 1994; SMELTZER; BARE, 1999): A absorção das
drogas está alterada pela demora no esvaziamento gástrico, diminuição da motilidade
gástrica, diminuição na eficácia nos sistemas de transportes celulares e na diminuição do
fluxo sangüíneo gastrointestinal; As alterações na distribuição de drogas incluem menor
tamanho corporal e diminuição da massa muscular, como também pela diminuição do
conteúdo de água corporal e diminuição do débito cardíaco; O metabolismo está reduzido
devido à diminuição do fluxo sangüíneo para o fígado, pela diminuição do tamanho do
fígado, e pela diminuição da atividade enzimática, levando a uma ação prolongada do
medicamento; A excreção das drogas está reduzida devido ao declínio da função renal,
independente de qualquer nefropatia. A lentificação da depuração da droga aumenta a
meia vida do fármaco no organismo. Todos esse fatores combinados contribuem para os
feitos das superdosagens no paciente idoso. As dosagens dos medicamentos muitas vezes
têm de ser reduzidas e o enfermeiro precisa estar atento a qualquer alteração que possa
vir a aparecer no paciente idoso. “A enfermagem que combina observação atenta e
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inteligente com integridade moral e usa bom senso na administração das drogas, sem
dúvida alguma trará duradouras contribuições à sua profissão e aos pacientes sob seus
cuidados” (ASPERHEIM, 1994, p.45) Nesse sentido, temos como objetivos desse
estudo: 1) Verificar se os acadêmicos de enfermagem observaram reações
indesejáveis na utilização de medicamentos com pacientes idosos; 2) Despertar sobre
a importância da comunicação na administração de medicamentos em idosos. O
presente estudo tornase relevante a medida que alerta sobre a importância de um olhar
diferenciado pela Enfermagem para com os pacientes idosos submetidos a terapia
medicamentosa, levando em consideração: as alterações próprias do envelhecimento, o
uso prolongado de medicamentos, as interações medicamentosas na tentativa de prestar
um assistência de qualidade e sem riscos para estes pacientes. Metodologia O presente
estudo é do tipo exploratório com uma abordagem qualitativa. Tal modalidade
metodológica constituiuse fundamental para o alcance dos objetivos visto que, segundo
Minayo (2000, p.21,22): “..., ela trabalha com o universo de significados, motivos,
aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundos
das relações, dos processos e do fenômenos que não podem ser reduzidos à
operacionalização de variáveis.” Os sujeitos deste estudo foram 20 acadêmicos de
enfermagem do 5º e 6º período. A escolha por desenvolver a pesquisa junto a esses
acadêmicos deveuse ao fato dos mesmos já terem vivenciado situações no cuidado a
pacientes idosos, em suas experiências nos campos de estágio vinculados a parte prática
desenvolvidas nas disciplinas dos referidos períodos. Portanto, tais sujeitos estão aptos a
relatar o que está sendo focalizado neste estudo a partir da realidade por eles vivenciada.
Atendendo as questões éticas e legais vinculadas à pesquisa o sujeitos foram esclarecidos
quanto ao seu anonimato e sua participação voluntária. Como instrumento para coleta de
dados elaboramos um questionário (anexo1) composto por perguntas direcionadas ao
objeto e objetivos do estudo. A coleta de dados se deu no 1º semestre de 2001, sendo os
acadêmicos abordados em meio às suas atividades na escola. Na apresentação dos dados
as falas dos usuários foram identificados através de peseudônimos, atribuindolhes nomes
de planetas. Resultados e análise dos dados Buscando entender se os acadêmicos de
enfermagem do 5° e 6° períodos de uma universidade pública possuíam conhecimentos
específicos sobre administração de medicamentos em idosos, com ênfase nas ações /
reações esperadas e indesejáveis, partimos para análise de suas respostas procurando
pontos que convergissem. Sendo assim, algumas considerações tornaramse relevantes.
Em relação a utilização de medicamentos na terapia de pacientes idosos, foi constatado
que a droga mais utilizada foi a Dipirona®, seguido do Lasix®, AAS®, Diazepan®,
Aminofilina® e por último Cedilanid®. Com esses dados, analisamos a 2ª pergunta e
observamos que a maioria dos acadêmicos sabiam descrever as principais ações/reações
dos medicamentos utilizados, porém, tinham um enfoque maior para as reações esperadas
dos medicamentos e não tiveram a preocupação de descreverem as ações indesejáveis ao
organismo idoso. Essa observação é reafirmada com as respostas da 3ª pergunta, com a
qual buscamos alcançar o nosso 1° objetivo, que seria saber se os acadêmicos observaram
reações indesejáveis na utilização de medicamentos em pacientes idosos, visto que esses
pacientes pelas próprias alterações do envelhecimento e o uso múltiplo de medicamentos,
estão mais predispostos a sofrer com as reações indesejáveis. Novamente foi evidente a
preocupação dos acadêmicos em relatar as reações esperadas no uso das medicações. Isso
nos fez perceber que eles não tinham como uma das preocupações primordiais as reações
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adversas tão comum na terapêutica dos idosos. Tal afirmativa pode ser confirmada
através dos depoimentos que abaixo seguem: “ a reação foi de conforto logo quando a
medicação começava a fazer efeito, as queixas desapareciam”. (Vênus) “ Com a
administração da Dipirona houve redução da febre, ou seja, esta cedeu.” (Plutão) “ ...
diminuiu o quadro de ansiedade, apresentandose menos agitado, melhora no quadro de
interação e humor estável”. (Mercúrio) Sabemos o quão é importante o enfermeiro estar
atento as reações desejáveis do medicamento para poder monitorizar as respostas do
cliente, porém, o que nos chamou a atenção, foi que a maioria dos acadêmicos só
descreveu o que era esperado. E o que era indesejado? Será que não aconteceu, ou não foi
relacionado com o uso da medicação? Não é nossa intenção fazer um julgamento acerca
dessa temática, mas sim propor uma reflexão para os profissionais de enfermagem, para
que estes estejam conscientes do seu papel na administração de medicamentos e que
busquem se aprofundar nos conhecimentos de farmacodinâmica / farmacocinética, desde
a nomenclatura até a composição química, vias de administração, absorção e efeitos
colaterais, para a promoção de uma assistência de enfermagem sistematizada, baseada em
princípios científicos e com isso uma assistência verdadeiramente de qualidade.
Considerações finais Na construção desse estudo, evidenciamos a importância da
apropriação de conhecimentos específicos na assistência ao idoso, e a necessidade de se
manter um fluxo de informações nos registros de enfermagem e nas passagens de
plantões para uma comunicação adequada das reações que possam surgir no uso de
fármacos em idosos, para uma avaliação eficaz da terapia medicamentosa. É preciso
conhecer as peculiaridades dessa parcela da população que necessita de um olhar
diferenciado para a promoção de uma assistência de enfermagem de qualidade, livre de
riscos, desenvolvendo ações de saúde junto aos idosos com vistas a manter sua
independência e autonomia. Os acadêmicos de enfermagem e enfermeiros que prestam
cuidados a pacientes idosos têm um espaço importante para atuar com autonomia,
sistematizando um corpo de conhecimentos específicos. Acreditamos que um cuidado de
qualidade, no que se refere a administração de medicamentos fundamentase no
compromisso com a qualidade de suas ações, o que requer conhecimentos específicos
sobre os fármacos e suas implicações no organismo idoso para a preservação da sua
integridade, sendo necessário que cada profissional tenha interesse em atualizar seus
conhecimentos. Por fim acreditamos que é de fundamental importância o
desenvolvimento de pesquisa nesta área um vez que a produção científica de enfermagem
é escassa. ANEXO 1 1) Assinale os medicamentos que já utilizou na terapia de pacientes
idosos: □ Cedilanid® □ Aminofilina® □ Dipirona® □ AAS® □ Diazepan® □ Lasix®
2) Descreva as principais ações e reações do (s) medicamentos (s) assinalado(s). R.:
________________________________________________________________________
_______________ 3) Registre, sucintamente, a reação apresentada pelo paciente. R.:
________________________________________________________________________
_______________
<http://www.proceedings.scielo.br/pdf/sibracen/n8v2/v2a084.pdf>.