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Resumo: Esta obra tem por objetivo estudar o papel das mulheres gregas nas esferas sócio-
jurídica em Atenas e Esparta. Sinalizamos as seguintes hipóteses: no campo jurídico houve
uma significativa mudança no tratamento dado à mulher, na equiparação dos direitos civis e
nas medidas protetivas. Já no campo sócio-cultural observa-se a contínua luta rumo ao
respeito e reconhecimento da sua contribuição na construção do desenvolvimento econômico
e estabelecimento da sua função. A partir de pesquisas bibliográficas e documentais,
priorizar-se-á aqui, o método lógico dedutivo.
1. Introdução
O presente trabalho tem por objetivos estudar o papel das mulheres gregas nas esferas
sócio-jurídica na Grécia Antiga especificamente nas cidades-estado de Atenas e Esparta e
traçar um paralelo com o Brasil contemporâneo; tendo em vista que de modo paradigmático
elas eram de certa forma, desprovidas de direitos políticos e jurídicos e encontravam-se
plenamente submetidas socialmente. Em Atenas, a atuação da mulher era bem limitada:
educada para ser dócil e reservadas ao mundo doméstico, a sua subserviência era transferida
do pai para o marido após o matrimônio. Em Esparta, a situação era um pouco diferente, as
mulheres recebiam educação igual as dos homens, participavam inclusive de torneios e
atividades esportivas, a fim de fortalecer o seu corpo para gerar filhos saudáveis e vigorosos;
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Acadêmico do IV semestre do curso de Direito na Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, graduado em
Física pela UESC , pós graduado em Física pela UnB .
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Acadêmica do IV semestre do Curso de Direito na Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, graduada em
História pela UESC, especializando em História do Brasil pela Unime.
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Acadêmico do IV semestre do curso de Direito na Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC.
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ANAIS DO II ENCONTRO NACIONAL DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA
DO GRUPO INSTITUCIONAL DE PESQUISA EM DIREITOS HUMANOS E FUNDAMENTAIS – GPDH
Universidade Estadual de Santa Cruz – Ilhéus/BA – 2011
elas assim como os homens, iam aos quartéis ao sete anos de idade para serem educadas e
treinadas para a guerra.
Diante do contexto ora exposto, trabalharemos com as hipóteses de que no campo
jurídico houve uma significativa mudança no tratamento dado à mulher no que tange à
equiparação dos direitos civis, bem como, na criação de medidas protetivas a exemplo da Lei
11.340/2006 (Lei Maria da Penha). Já no campo sócio-cultural observa-se uma incessante luta
feminina no sentido de alcançar o respeito e o reconhecimento da sua importante contribuição
na construção do desenvolvimento econômico e estabelecimento da sua função social,
rompendo com as barreiras do preconceito e da desvalorização.
A condição de subserviência da mulher grega nas cidades-estados de Atenas e Esparta
limitava-as à execução de atividades domésticas (mesmo quando se lhe era permitido
fazer/participar de atividades no exterior dos limites domésticos), com o objetivo de deixar
claro o seu papel de co-partícipe no processo de construção social, impondo-lhes o silêncio, a
obediência, ou , como no caso das espartanas, preparando-as para serem meras reprodutoras
de guerreiros. Reduzindo, dessa forma, a mulher à condição de executora de tarefas menores e
menos valorizadas socialmente, limitando seus direitos civis. Tal situação de desigualdade
entre homens e mulheres na Grécia antiga nos faz refletir sobre as heranças sócio-jurídicas
legadas à mulher contemporânea a partir da análise comparativa do papel da mulher nas
esferas jurídico-social atuais e daquela época.
2. Um pouco de História
A História da Grécia, para fins didáticos, costuma ser dividida em períodos. Sendo
eles: Período Pré-Homérico (séc. XX – XII a.C.), caracterizado pela formação dos Reinos
independentes, a divisão em camadas sociais; Período Homérico (séc. XII – VIII a.C.), assim
chamado por serem os poemas de Homero – Ilíada e Odisséia – os únicos registros escritos,
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também conhecido como “Idade das Trevas”, esse período foi marcado pela invasão dos
povos dórios que não dominavam a escrita e pouco se produziu em termos de conhecimento,
traz ainda como característica as comunidades gentílicas. O Período Arcaico (séc. VIII – VI
a.C.) marcado pela colonização de vários povos, dentre eles os fenícios, que contribuíram com
a escrita fonética, o alfabeto que foi acrescido de vogais pelos gregos; Período Clássico (séc.
V e IV a.C.) qualificado como a Grécia das Cidades – as póleis ou a polis – eram entidades
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SHIMIDT, Mário. A Nova História Crítica.
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3. Sobre a Mulher
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SOARES, Orlando. A Evolução do Status Jurídico-social da Mulher.
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BOURDIEU, Pierre. A Dominação Masculina.
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4. As Mulheres de Atenas
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ARISTÓTELES. Política, 1997. 14 p.
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Ibid 7. p 14. Ibid., p 32.
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contava com a adesão das mulheres das cidades gregas de Esparta, de Beocia e de Coríntio,
para por fim a tais hostilidades. Outra peça teatral, desta vez com autoria de Sófoles,
apropriada de saberes jurídicos para exemplificar o Direito Natural, traz como heroína a
figura de Antígona, filha incestuosa de Édipo (que matara seu pai para casar-se com sua mãe),
que invoca regras transcendentais para justificar a sua posição desafiadora diante da
concepção da norma positivista9.
Observamos, portanto, que mesmo diante de tais ficções em que a mulher aparece
agindo como sujeito ativo e não mero objeto passivo, a lição ao final de cada espetáculo trazia
mais a forma de como a mulher não deveria se comportar e manter a estrutura daquela
sociedade onde o papel da mulher subordinada é uma das marcas que contempla o passado
Grego e mais especificamente de Atenas.
5. Em Esparta
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GODOY, Arnaldo Moraes. A Mulher no Direito Grego Clássico: Uma Abordagem Literária.
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GIORDANE, Márcio Curtis. Antiguidade Clássica – História da Grécia.
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dança. Elas, assim como os homens, iam aos quartéis aos sete anos de idade para serem
educadas e treinadas para a guerra, mas, não ficavam alojadas, após os treinos diários
retornavam para casa, onde recebiam aulas de educação sexual da própria mãe, e quando
atingiam a chamada menarca (primeira menstruação), começavam a receber aulas práticas de
sexo, para gerarem bons cidadãos para o estado. E tinham uma educação mais avançada que a
dos homens, já que seriam elas que trabalhariam e cuidariam da casa enquanto seus maridos
estivessem nos campos de batalha servindo ao exército.
6. Hoje no Brasil
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Tais como: As leis de cotas (Lei 9.504, de 30/9/1997), que reserva o mínimo de 30% e o
máximo de 70% para candidatos do mesmo sexo. Anteriormente a Lei 9.100/95, já assegurava
uma cota mínima de 20% das vagas de cada partido ou coligação para a candidatura de
mulheres; direitos trabalhistas, integração das trabalhadoras domésticas à previdência social,
licença maternidade de 120 dias; Saúde sexual e reprodutiva, que com a CFRB/88 passou a
ser um direito social; Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), que visa proteger a mulher da
violência familiar; entre outros.
7. Conclusões
No período clássico da história grega, a mulher assumiu um papel diverso nos planos
sócio-jurídico das cidades-estado de Atenas e Esparta. Nesta última, ela participava
ativamente do movimento propulsor da sociedade, o militarismo, muito embora fosse com a
finalidade de tornar-se casulo saudável para a procriação de indivíduos perfeitos para o Estado
espartano. Naquela, a função social da mulher era considerada inexistente, visto que não
possuía direitos, não participava das decisões políticas, não haviam ascendido à condição de
cidadã. Na cidade-estado berço da democracia, eram submissas, obedientes, pacatas, e
constantemente humilhadas.
Traçando um paralelo com a realidade contemporânea brasileira, houve uma mudança
significativa no tratamento dado à mulher, no plano jurídico, pois várias conquistas foram
alcançadas no sentido da equiparação dos direitos destas ao direito dos homens, e também na
criação de medidas que visam proteger a aplicação de tais normas. Entretanto, no plano sócio-
cultural a evolução acontece, embora a passos lentos, a luta feminina no sentido de
desconstruir práticas seculares e alcançar o respeito, o reconhecimento e a valorização, por
vezes faz-nos lembrar dos tempos da Antiguidade Clássica. E romper com certos preconceitos
incrustados na essência de uma sociedade ainda paternalista indica que ainda temos um
caminho longo, embora legítimo, pela frente.
8. Referências Bibliográficas
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AQUINO, Rubim Santos Leão de; FRANCO, Denise de Azevedo; LOPES, Oscar Guilherme
P. Campos. História das sociedades- Das comunidades Primitivas Às Sociedades
Medievais. Rio de Janeiro: Ao livro Técnico, 1980.
BOURDIEU. Pierre. A dominação masculina. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.
BRASIL. Constituição: República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. 292
p.
FOUCALT, Michel. Microfísica do poder. 10. ed Rio de Janeiro: Graal, 1992. 295 p.
JAEGER, Werner. Paidéia: a formação do homem grego. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
1413 p.
MACIEL, José Fabio Rodrigues; AGUIAR, Renan. . História do direito. 2. ed. São Paulo:
Saraiva, 2008. x, 167p.
RODRIGUES, Almira, et all. O Progresso das Mulheres no Brasil. Versão para internet,
disponível em:
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<http://www.mp.sp.gov.br/portal/page/portal/Cartilhas/Progresso%20das%20Mulheres%20no
%20Brasil.pdf>. Acesso em 15 nov. 2011.
SCMIDT, Mario Furley. Nova História Crítica : Ensino Médio: Volume único. São Paulo:
Nova Geração, 2005. 840p.
SOARES, Orlando. A evolução do status jurídico social da mulher. Rio de Janeiro: Rio,
1978. 246 p.
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