AUMENTE

SUA RENDA
NA INTERNET
12 1

20 2

34 3

7 PARA VOCÊ 17 ANÁLISE

Protagonista da própria vida Como anda a igualdade de
PÁGINA gêneros nas empresas

24 RECEPÇÃO
8 FEEDBACK
9 #VOCÊNOINSTA
COM A CRISE, MUITAS PESSOAS ESTÃO BUSCANDO
10 ONLINE
NOVAS FORMAS DE COMPLEMENTAR O SALÁRIO.
CONFIRA 20 IDEIAS INOVADORAS PARA GANHAR AGORA
DINHEIRO COM VÍDEOS, BLOGS, E-BOOKS E 12 BASTIDORES
Conheça o campus do Google
CURSOS ONLINE E AS PLATAFORMAS EM QUE
VOCÊ PODE OFERECER SEU TRABALHO COMO
em São Paulo, que vai incentivar
negócios digitais no Brasil
FREELANCER OU FAZER BICOS NAS HORAS VAGAS 14 NOTAS
Exportações geram empregos
18 MUNDO
Jovens japoneses querem
trabalhar até o fim da vida
20 POR DENTRO
Como é a rotina da Netshoes
22 ENTREVISTA
COM O PRESIDENTE
Rolf Hoenger, da Roche
CARREIRA
34 TRABALHO EM SÉRIE
O designer que experimentou um
trabalho por dia em 31 lugares

F O T O S : 1 R O G É R I O PA L L AT TA 2 MANOEL MARQUES 3 MATHEUS PENA

SUMÁRIO
42
64
38 É PRECISO
CORAGEM
O inglês Simon Sinek explica por
que a coragem é fundamental
para os líderes, que devem
proteger suas equipes e
arriscar quando necessário
42 DE OLHO NO FUTURO
Melhore sua tomada de decisão
aprendendo os segredos das
pessoas que acertam acima
da média em suas previsões
46 ETERNO
TREINADOR
Alex Ferguson, ex-técnico do
Manchester United, lança livro
sobre liderança e sobre como
ser um chefe admirado
1
50
4
68
MERCADO
50 BRASIL BLINDADO:
FLORESTA DE EMPREGOS
Com 93% de sua produção
voltada às exportações, a
indústria de papel e celulose se
beneficia do dólar alto, amplia a
produção e segue contratando
58 A VIDA DEPOIS
DO IMPEACHMENT
Como ficam a economia,
o mercado de trabalho
e as suas finanças com a
mudança de governo no Brasil
60 TRABALHO COM
UMA MALA DE BRINDE
Tem crescido a oferta de
F O T O S : 1 I S T O C K 2 MÁRCIO BRUNO 3 ROGÉRIO PALLATTA 4 PAULO SANTOS 5 DIVULGAÇÃO
2
60 3
5
posições que exigem que
os profissionais morem em
AGENDA
72 Cursos, workshops,
mais de uma cidade. Como palestras e eventos, no Brasil,
saber se esse esquema de no mundo e na internet
trabalho funciona para você
ARTIGOS
DINHEIRO 76 Empreenda na rede
64 TOPA RACHAR A CORRIDA? Por Neil Patel
Trocar o veículo por um 77 Carreiras imunes à crise
serviço de aluguel ou Por Rafael Souto
transporte compartilhado
pode ser uma alternativa para REVIRAVOLTA
quem quer economizar 82 CONTRA O PRECONCEITO
A modelo Luana Génot, que
68 LAZER QUE CABE NO BOLSO criou uma ONG para combater
Os destinos internacionais com a discriminação racial
melhor custo-benefício e os sites
e aplicativos que ajudam a gastar Tiragem: 80 997 exemplares
78
menos na viagem de férias Ilustração de capa: Wil Silva

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| prêmio bola De prata | Semana Do bem-eStar
eDitor reSponSÁvel
Wardi Awada
PARA VOCÊ
PROTAGONISTA
DA PRÓPRIA VIDA
V
olta e meia as revistas fazem pesqui-
sas para conhecer melhor seu públi-
co leitor. E algo que sempre me cha-
mou a atenção ao ouvir os leitores e
os não leitores da VOCÊ S/A era a
clara percepção de que os primeiros
são aqueles que vão chegar mais lon-
ge em sua carreira. E a razão por trás disso é o protagonis-
mo de nossos leitores em relação à própria vida. Em vez de
esperar por reconhecimento ou por um aumento no salário,
eles são pessoas preocupadas em identificar as atitudes
necessárias para ter um melhor desempenho no trabalho,
para crescer na empresa, para negociar melhorias na re-
muneração ou planejar melhor o orçamento para fazer o
dinheiro render mais. Ou são aqueles que preparam sua
transição em busca de um trabalho que os faça mais felizes.
A crise econômica brasileira tem exigido de nós esse
protagonismo. Nada como viver uma crise – que pode
ser uma demissão na família ou a inflação alta, que deixa
nosso salário mais curto – para sair da zona de conforto
e buscar ativamente novas soluções, em vez de apenas
esperar que a situação melhore. Segundo uma pesquisa
do Instituto Data Popular com 3 500 pessoas em 153
municípios, 72% dos brasileiros estão à procura de um
segundo emprego ou de alternativas para ganhar dinhei-
ro extra. Nesta edição, a matéria de capa trata exata-
mente disso – de buscar alternativas.
Vanessa Vieira
Editora-chefe
A internet é uma ferramenta de trabalho para boa parte
de nós, mas também pode abrir portas para uma infini-
dade de formas de ganhar dinheiro, mesmo para quem
não pretende abrir um negócio digital. Todos nós temos
alguma habilidade – redação de textos, conhecimento de
uma segunda língua, programação, design – ou ao menos
tempo livre, que pode ser usado fazendo coisas tão diver-
sas quanto responder pesquisas, testar aplicativos e sites
ou transcrever áudio. E tudo isso pode render dinheiro.
E, se até o tempo livre estiver em falta, você também pode
faturar com os objetos que estão sem uso em casa – ven-
dendo ou alugando. Tudo isso é potencializado pela in-
ternet, que facilita o contato entre quem quer vender e
quem quer comprar algum produto ou serviço.
As crises são períodos de grande aprendizado – nos dei-
xam mais criativos e resilientes. Elas nos obrigam a bus-
car a eficiência, a enxergar aquilo que já precisava ser
mudado, mas que podíamos deixar para depois nos mo-
mentos de conforto. As crises nos fazem ter, principal-
mente, uma atitude mais empreendedora em relação à
nossa carreira. Esse, aliás, é o assunto do artigo de nosso
novo colunista, Neil Patel, um dos mais reconhecidos
especialistas em marketing digital da atualidade e cola-
borador de importantes revistas e sites internacionais de
negócios. Hoje, é isso que desejo a você: atitude empre-
endedora e protagonismo, para que sua carreira não seja
só o que lhe oferecerem – mas aquilo que você quiser.
V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 7
 COMPANHIAS
COM LÍDERES
FORMADOS
INTERNAMENTE
TÊM RESULTADO
FINANCEIRO DUAS
VEZES MELHOR. FEEDBACK
NO FACEBOOK NO INSTAGRAM
GIZELE ARAUJO @PASCHOALOTTO.OFICIAL
Muito boa matéria... Já chegou por aqui a revista
Infelizmente tem pessoas @vocesa com as outras 39
que não olham 360 graus. empresas que ganharam com
(Sobre a reportagem Os a gente o selo de Melhores
Reis do Networking.) Empresas para Come-
çar a Carreira 2016.
NORMÂNIA GURGEL
Uma prática fundamental! @KELVINCOSTTA
(Sobre a reportagem Os Aqui fazemos juntos uma das
Reis do Networking.) melhores empresas para co-
meçar a carreira. #orgulhode-
NO LINKEDIN serneoenergia #Celpe (Sobre
o Guia - Melhores Empresas
DÊNIS CASTRO para Começar a Carreira.)
Parabéns pelo conteúdo
@INGRID_SANTOS10
riquíssimo da revista deste
7º lugar é para poucos! #mars
mês. Comprei e estou indicando
(Sobre o Guia As Melhores Empre-
aos amigos. Atualmente estou
sas para Começar a Carreira.)
trabalhando como autônomo
e de olho no mercado para me @PRODUZINDOFUTUROS
recolocar. Encontrei uma forma Sim, estamos! #melhorespa-
JÁ NAS BANCAS de melhorar meu networking racomecaracarreiraparajovens
escrevendo textos no Pulse do #ProduzindoFuturosVotorantim
Linkedin. (Sobre a reportagem (Sobre o Guia As Melhores Empre-
Os Reis do Networking.) sas para Começar a Carreira.)
vocerh.uol.com.br
ONDE ERRAMOS e não 1981 Sustentável (ed.
(Entrevista com 214), o lançamento
• Na reportagem o Presidente, do iogurte sem
Os Reis do ed. 215). lactose da marca
Networking Yorgus ocorreu em
(ed. 215), o • O número correto
de funcionários da abril. O segmento
nome correto Paschoalotto é que apresenta
da personagem é 6 518 (As Melhores crescimento
Marienne Coutinho. Empresas para de 20% é o de
• A data de Começar a iogurte grego, e
fundação do Carreira, ed. 215). não o de iogurte
Graacc é 1991, • Na matéria Onda sem lactose.

DISPONÍVEL PARA TABLET

#NOI NSTA

SWEET HOME OFFICE

Em junho nossos leitores
compartilharam fotos dos seus
cantinhos destinados ao trabalho O escritório
do analista
@rodri-
goouniko tem
até miniatura
personalizada

O engenheiro ambiental
@radicaiselivres compartilhou
seu escritório rock’n’roll

O técnico de A nutricionista
enfermagem @joselitasan-
@janio_nascimento toss tem um
mostrou que é escritório
bastante organizado todo fofo

Próximo desafio: #MANHAPRODUTIVA

Tomar um café bem quente, meditar ou correr. O que você faz para ter uma manhã
mais produtiva e encarar os desafios de mais um dia de trabalho? Compartilhe com
a gente o seu ritual de toda manhã com as hashtags #manhaprodutiva e #vocenoinsta.
Não esqueça de deixar seu perfil público. As melhores serão publicadas nesta coluna.

V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 9
 ONLINE h t t p : //v oc e s a .u o l .c o m .b r /o n l i n e /

Siga a VOCÊ S/A nas redes socia is

F a c e b o o k , I n s t a g r a m e Tw i t t e r : @ v o c e s a

Game milionário
Não faz muito tempo que Yuri
Barros, de 23 anos, levava
bronca do chefe por jogar
games no trabalho. O hobby,
entretanto, se tornou um negó-
cio lucrativo quando o capixaba
foi convidado pela empresa
Strategy Fisrt, de Quebec, no
Canadá, para se mudar para o
país e desenvolver jogos. Com
contrato assinado e embarcan-
do até o final do ano, os ganhos
do desenvolvedor vão superar
os 100 000 reais. No site você
confere uma entrevista com
Yuri e entende como a virada
na carreira aconteceu.

Profissional
Bárbara Rocha e
1 globalizado
Vagner Alcantelado:
viagem pelo mundo
e bicos variados
Na pág. 22, você lê uma
entrevista com Rolf Hoenger,
presidente da farmacêutica
Roche, no Brasil. Suíço, ele está
à frente da subsidiária desde
2013 e já morou em cidades
como Moscou, Almaty, Buenos
Aires e San José. No site, leia
a entrevista completa com o
executivo e saiba mais sobre a
trajetória dele.
1

LUTA PELA IGUALDADE

Fundadora do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR),
Luana Génot, nossa entrevistada para a seção Reviravolta
(pág. 82), fala com detalhes sobre os projetos de sua ONG,
que tem como objetivo disseminar o combate ao preconceito
por meio de parcerias com empresas.

1 0 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A FOTOS: 1 ALEXANDRE CASSIANO/DIVULGAÇÃO 2 MARCO PINTO

 BASTIDORES
Inovação

CELEIRO DE
STARTUPS
Iniciativa do Google, o Campus São Paulo
vai reunir empreendedores e incentivar
os negócios digitais no Brasil

O
Po r E l i s a To z z i

Google não atua apenas no mundo

virtual. Tem, também, iniciativas
físicas. E uma delas chegou ao
Brasil no mês passado: o Campus
São Paulo, um prédio instalado na
região da Avenida Paulista que aco-
lhe quem tem ideias de negócios
digitais. O objetivo é criar uma co-
munidade de empreendedores que usam o espaço para tra-
balhar, fazer networking e participar de cursos. O Campus
São Paulo se une a outros cinco campi ao redor do mundo,
em cidades como Londres, Tel-Aviv e Seul. “Queremos
aumentar a densidade de startups no país para ampliar
as chances de surgirem empresas de sucesso”, diz André
Barrence, diretor do Campus. “Além disso, o movimento de
empreendedorismo digital aumenta a geração de empregos,
algo importante para o momento de crise atual.” A arqui-
tetura do local ajuda na interação: há cafés, espaço para
coworking e salas temáticas, como a “Vaca Amarela” (foto),
em que o silêncio é sagrado. Para entrar na comunidade,
não é preciso pagar, apenas se cadastrar no site campus.co/
sao-paulo, o que dá direito ao uso de alguns andares. Há,
também, a chance de os empreendedores se transformarem
em residentes, recebendo mentoria do Google e tendo aces-
so 24 horas ao prédio. Para isso, devem se inscrever no site
até dia 8 de julho. Nessa etapa, serão selecionadas entre
dez e 15 startups. “Procuramos negócios que tragam solu-
ções que possam ser expandidas globalmente”, diz André.

1 2 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A F O T O : R O G É R I O PA L L AT TA
 Campus São Paulo,
do Google: criação de
uma comunidade de
empreendedores digitais

V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 13
AGORA

Porto de Santos (SP):

expectativa é de que a
balança comercial
tenha superávit de 50
bilhões de reais em 2016
Exportações 1

Saldo positivo alto representante para a América

Latina e Caribe dentro da União dos
Exportadores da Comunidade dos

E
ntre as empresas brasileiras
que comemoram resultados
apesar da crise estão as que
apostam nas exportações. En-
quanto em 2014 a balança comercial
registrou déficit de 4 bilhões de reais,
para este ano, a previsão é de supe-
rávit de 50 bilhões. O incentivo às
exportações vem da necessidade de
buscar novos mercados, frente à crise
interna, e do dólar alto, que torna os
produtos brasileiros mais competiti-
vos no mercado externo. O brasileiro
Gilberto Lima Junior, vice-presidente
da Câmara Americana de Comércio
(Amcham-DF) e recém-nomeado
Países de Língua Portuguesa, terá a
missão de aproveitar esse momento
favorável para promover a exportação
pelo país. O mercado de trabalho
agradece, já que, segundo o Minis-
tério do Desenvolvimento, a cada 1
bilhão de dólares em exportações, são
gerados 50 000 empregos no Brasil.

Diversidade

Busca pela inovação

Nos dias 11 e 12 de junho foi realizado, em parceria com o Facebook, o hackaton
MasterCard Shift 2016, o terceiro evento desse tipo no Brasil, que tem como
objetivo incentivar a inovação. A novidade foi o aumento do público feminino.
Enquanto em 2015 só cinco mulheres participaram da maratona, em 2016, o
número saltou para 30, entre os 147 participantes. “Internamente, a companhia
também apoia o equilíbrio de gênero: 45% dos funcionários da Mastercard são
mulheres – e elas ocupam 30% dos cargos de liderança”, diz Miriam Oliveira, 2
diretora de Produtos e Soluções Globais da Mastercard na América Latina.

1 4 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A
Inovação

LIDERANÇA
DIGITAL
A
carreira de Otto Berkes
se deu no mundo digital.
Atual diretor de tecnolo-
gia da CA Technologies 2

– companhia que ajuda empresas,

como o Itaú, a desenvolver aplicativos
–, ele foi um dos criadores do Xbox,
videogame que revolucionou o merca-
do ao permitir a interação online dos
usuários e, também, um dos respon-
sáveis por desenvolver o serviço de
vídeos sob demanda da HBO. Em sua
passagem pelo Brasil, em junho, Otto
conversou com a VOCÊ S/A sobre as
transformações digitais na liderança.
De que maneira a tecnologia é
importante para os líderes hoje?
A tecnologia ajuda empresas a criar
soluções de forma mais fácil, rápida
e segura, e também serve para gerir
equipes, pois é fundamental a cons-
tante comunicação entre times e
leitura de dados dos clientes.
Como criar um ambiente de inovação?
Primeiro, é necessário dar mais po-
der às equipes. Aquele tipo de chefe
que quer saber tudo o que está acon-
tecendo e tomar todas as decisões
está caindo por terra, principalmen-
te por conta da velocidade com que
as coisas acontecem. Para criar times
autônomos, é importante permitir
que eles errem e que se sintam con-
fortáveis para decidir no dia a dia.
Para isso, é essencial é deixar que as
pessoas façam testes e corrijam o
que não está dando certo.
Qual seu conselho para a liderança?
Delegar responsabilidades para os
funcionários de todas as camadas e
níveis da empresa, essa é a forma de
se tornar um líder que coloca a mão
na massa e que ajuda a resolver pro-
blemas. Um bom gestor pensa, tam-
bém, na diversidade. Produtos e
soluções refletem as equipes que os
criaram. E, para ter produtos hete-
rogêneos, é preciso ter equipes he-
terogêneas – se todas as pessoas
pensarem do mesmo jeito, é possível
que concordem com o andamento de
um projeto que está ruim.

Desenvolvimento

CEO por um mês

A Adecco, empresa suíça de gestão, selecionou 50 jovens de diversas
nacionalidades para passar 30 dias ao lado do diretor executivo da empresa
no seu respectivo país. O objetivo é dar a oportunidade para que futuros líderes
acompanhem o cotidiano de um presidente. A seleção dos profissionais não
foi simples: mais de 54 000 candidatos se inscreveram no projeto e passaram
por um processo intenso de entrevistas. Os dez jovens que mais se destacarem
no mês de imersão passarão por outra peneira e um deles será o “CEO global”
e vai receber os conselhos de Alain Dehaze, CEO internacional da empresa.

F O T O : 1 G E R M A N O LÜ D E R S 2 DI V U L G AÇ ÃO
AGORA
Avenida Faria Lima, em
São Paulo: estudo sobre
economia criativa
Tendência
SÃO PAULO CRIATIVA
O
que faz uma cidade ser cria-
tiva? É isso que a consulto-
ria global especializada em
economia criativa Creative
Class Group (CCG) responde em seus
estudos ao redor do mundo. O intuito
dos pesquisadores é criar vínculos
com universidades para analisar as
tendências econômicas e geográficas
de diversas regiões do globo. No ano
passado, a CCG fechou uma parceria
com a Faculdade de Belas Artes, de
São Paulo, e, desde maio, está fazendo
Mulheres
Sucesso feminino
A consultoria KPMG fez uma pesquisa
global com 204 mulheres que são
empreendedoras ou líderes de
empresas presentes na lista das
5 000 melhores da revista americana
Inc. O objetivo era entender o que
é sucesso para essas profissionais.
Veja ao lado alguns resultados.
1 6 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A
1
um estudo, ao lado de estudantes de
pós-graduação, sobre a criatividade
paulistana em setores como tecnolo-
gia, arquitetura, design e ciência. Os
dados vão ajudar a entender quais
são os desafios da economia criativa
no âmbito empresarial e social. “Uma
das melhores formas de colocar mais
pessoas dentro da economia criativa
é ensinar design para crianças caren-
tes”, diz Steven Pedigo, diretor do
CCG. “E uma crise econômica é um
dos melhores momentos para inovar.”
QUAIS AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
PARA SER BEM-SUCEDIDA?
67%
TRABALHO DURO
65%
PERSEVERANÇA EM PERÍODOS DIFÍCEIS
64%
DISPOSIÇÃO PARA CORRER RISCOS
Saúde
Ginástica
sob medida
Quando surgiu, em 2012, a Gym-
Pass queria ajudar pessoas a ter,
por meio de uma mensalidade
baixa, acesso a academias e au-
las de ginástica em todo o país
através de convênios com marcas
como Runners e Competition. A
startup cresceu e percebeu que
as empresas também poderiam
aderir ao serviço. Afinal, os
profissionais querem benefícios
flexíveis e autonomia para fazer
esporte. Hoje, a Gympass atende
a 120 companhias e está ajudan-
do as empresas a melhorar os
índices de saúde. Na Unilever, a
prática de atividade física entre
os funcionários subiu dos 23%
antes do GymPass para 64%.
E o risco cardíaco caiu 50%.
2
Runners, em São Paulo: Gympass é
alternativa para que empresas
economizem com programas de saúde
SER AUTOCONFIANTE
AJUDA A TER SUCESSO?
83%
É ESSENCIAL
15%
É BENÉFICO, MAS NÃO ESSENCIAL
1,5%
NÃO É TÃO IMPORTANTE ASSIM
1 GERMANO LUDERS; 2 DIVULGAÇÃO
AGORA
ANÁLISE F I A*

Homens X Mulheres
A igualdade de gêneros é um tema muito discutido na sociedade, mas as empresas ainda precisam
trabalhar duro para fazer com que os funcionários e as funcionárias tenham as mesmas oportunidades
– principalmente no que diz respeito ao salário. Veja como está esse tema entre as companhias do Guia
VOCÊ S/A – As 150 Melhores Empresas para Você Trabalhar 2015, em análise da FIA.

HOMEM MULHER

A ÁREA MAIS FEMININA É A DE ADMINISTRAÇÃO E RECURSOS HUMANOS

28% 72%
AS MAIS MASCULINAS, TECNOLOGIA E LOGÍSTICA
TI

80% 20%
LOGÍSTICA

81% 19%
QUANDO O ASSUNTO É DINHEIRO, A DESIGUALDADE É GRITANTE
As mulheres são maioria nas primeiras faixas salariais e minoria nos contracheques mais parrudos*
ATÉ DE DE DE DE MAIS
1 448 1 448 2 172 4 344 8 688 DE
A A A A 11 584
2 172 4 344 8 688 11 5840

40% 26% 19% 22% 22% 26% 13% 16% 3% 5% 3% 6%

*VALORES EM REAIS

E, SE OLHARMOS COM LUPA OS SALÁRIOS AS MULHERES SÃO MAIS CRÍTICAS

DOS GERENTES, VEREMOS QUE AS MULHERES, 74% 56% 74%
EMBORA OCUPEM O MESMO CARGO DOS DEL AS ACREDITAM DAS DAS MULHERES
HOMENS, AINDA GANHAM MENOS QUE SUAS PROFISSIONAIS SENTEM
EQUIPES SÃO CONFIAM NOS REALIZAÇÃO
VERDADEIROS COLEGAS. PROFISSIONAL.

30% ESSE ÍNDICE SOBE PARA TIMES. ENTRE ENTRE OS ENTRE OS

50%
OS HOMENS, HOMENS, ESSA HOMENS,
O PERCENTUAL PERCEPÇÃO A PORCENTAGEM
DEL AS TÊM HOLERITE É DE CHEGA A SOBRE PARA
ACIMA DE 11 584 REAIS ENTRE OS HOMENS 78% 64% 79%
*F O N T E: F U N D AÇ ÃO I N S T I T U T O D E A D M I N I S T R AÇ ÃO

VO
VOC ÊC ÊS /A
S /A| J| UMLAHI O D E 2 0 1 6
5 | 17
AGORA
MU N DO
1

Suíça

Tóquio, no Japão: jovens
pretendem trabalhar 1
Japão até o fim da vida
Medida
extrema
No final de maio, a
seguradora suíça Zurich
Insurance divulgou uma nota
informando que Martin Senn,
ex-CEO da companhia, ha-
via cometido suicídio – o caso
aconteceu três anos depois
de outro suicídio na empre-
sa, o de Pierre Wauthier, CFO
da Zurich Insurance. Mar-
tin tinha 59 anos e se demi-
tiu em dezembro de 2015, de-
pois de dez anos trabalhando
lá, seis como presidente. Ao
se desligar, o executivo disse

Até morrer confiar que a empresa atin-

giria suas metas, porém re-

A
consultoria Manpower Group
fez uma pesquisa global para
entender quais são os anseios,
desejos e hábitos de trabalho
da Geração Y, grupo que, até
2020, ocupará 35% das vagas disponí-
veis no mundo. Uma das perguntas dos
pesquisadores para esse jovens era a
seguinte: “Até quando vocês pretendem
trabalhar?”. E a resposta mais surpre-
endente veio do Japão: 37% disseram
que querem continuar em atividade até
morrer – índice que ficou muito acima
do de outros países. Na China, 18% dos
entrevistados deram a mesma respos-
ta. No Brasil, o percentual caiu para
10%. E, na Espanha, apenas 3% dos
millenials trabalhariam tanto assim.
conheceu alguns contra-
tempos. Entre os problemas
estavam o pagamento de 275
milhões de dólares para co-
brir o acidente de um clien-
te, a tentativa frustrada de
adquirir a empresa de se-
guros RSA Group e a queda
de 40% no valor das ações
da companhia em 2015.

Estados Unidos

Guerra colorida
As janelas de prédios comerciais da Canal Street, em
Manhattan, Nova York, foram inundadas por desenhos e
frases feitos com papéis coloridos. Conhecida por abrigar
agências de publicidade – entre elas os escritórios da
Havas Worldwide, Horizon Media, Cake Group, Biolumina
e Harrison and Star –, a rua foi palco de uma “briga de
post-its”. Tudo começou com um “Olá”, mas logo adquiriu
diversos formatos, indo dos personagens de Os Simpsons
até o fantasminha do aplicativo Snapchat. A criatividade
dos publicitários, porém, durou só um mês. Segundo o
2
jornal americano The New York Post, os gestores de um Janela de prédio na Canal Street, em Nova York: publicitários usaram
dos prédios pediram que as criações fossem retiradas. post-its para fazer uma competição bem-humorada

1 8 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A FOTOS: 1 ISTOCK 2 REUTERS

 POR DENTRO

1 RITMO ACELERADO
A cultura de startup ainda está
presente, o que faz com que os
6 FLEXIBILIDADE, MAS NEM TANTO
O funcionário consegue fazer
sua jornada de acordo com suas de-
projetos sejam colocados em prática mandas. O home office, porém, não
de forma acelerada para dar resultados é estruturado e deve ser alinhado
logo — ou para serem repensados. com os gestores caso a caso.
Isso pode trazer pressão e, muitas
vezes, excesso de tarefas.
7 OLHO DO DONO
Marcio Kumruian está presente em
Centro de distribui-
ção da Netshoes, em
Barueri (SP): cultura
1 2 AUTONOMIA NOS PROCESSOS
A empresa não tem uma estrutura rí-
gida e processos padronizados. Tomadas
todos os processos e não é raro que
o reconhecimento aos colaboradores
venha diretamente dele. O que é bom
de startup
de decisão podem ser feitas por funcio- por um lado pode, às vezes, prejudicar.

10
nários de diversos níveis. Embora traga Afinal, as decisões podem ser baseadas
autonomia e menos burocracia, a falta somente nos critérios do presidente.
de normas dificulta um pouco a gestão.

3 AMBIENTE INFORMAL
O escritório não tem portas e é
comum ver o CEO, Marcio Kumruian, an-
dando pelos corredores de calça jeans
e tênis. O ambiente é jovem e informal.
8 FEEDBACK DESESTRUTURADO
A empresa não possui um programa
de avaliações estruturado e os feedbacks
ocorrem informalmente — e são dados,
inclusive, pelos colegas, que podem
endossar qualidades de outros funcio-

COISAS A linha entre vida pessoal e profissional,

entretanto, pode ficar um pouco tênue.
nários na intranet. No LoveMondays,
alguns colaboradores comentam que

QUE VOCÊ
sentem falta de algo mais padronizado.

4 LÍDER DO SEGMENTO
À frente entre as companhias de
9 SALÁRIO AGRESSIVO

PRECISA e-commerce e com mais de 40 prêmios

nos últimos três anos, a Netshoes é uma
Embora ofereça salários acima da
média, os benefícios não são muito

SABER empresa de vanguarda. Isso dá aos pro-

fissionais liberdade para inovar e pontos
diferentes dos praticados por outras
empresas — e não há flexibilidade

SE QUISER
positivos no currículo. para montar o próprio pacote.

TRABALHAR 5 INCENTIVO AO ESPORTE

A valorização do esporte é sentida
no dia a dia. Há programas de incen-
10 MERITOCRACIA REAL
A empresa recompensa, de
fato, os funcionários que entregam

NA NETSHOES
tivo às atividades físicas com apoio resultados. Pelo ritmo de expansão da
de personal trainers e o Mobike, um companhia e pelas diferentes opera-
bicicletário com mais de 20 bicicle- ções, é possível crescer lateralmente

N
tas à disposição dos empregados. e ter um bom trânsito entre as áreas.
os últimos nove anos, o
Grupo Netshoes multipli-
cou seu quadro por 20, Palavra da empresa
saltando de 90 para 2 000
“Avaliamos as competências comportamentais
funcionários, e iniciou atividades na
acima das técnicas. Buscamos pessoas com
Argentina e no México. Em 2015,
olhar do dono e que tenham resiliência para
faturou 2 bilhões de reais e se trans-
acompanhar a agilidade das nossas entregas”
formou em grupo, o que ocorreu
meses depois do lançamento da Zat- SERGIO POVOA
DIRETOR DE RECURSOS HUMANOS DO GRUPO NETSHOES 2
tini, e-commerce voltado para moda.
P O R LUC I A NA L I M A

2 0 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A F O T O S : 1 A L E X A N D R E B AT T I B U G L I 2 G L A D S T O N E C A M P O S
AGORA
E N T R E V I S TA C O M O P R E S I D E N T E

Executivo
Acredita que a economia do país
vai melhorar no longo prazo?
Sim. É um mercado grande, impor-

global
tantíssimo para a Roche, com mais
de 18 milhões de habitantes, e um
país que passa por um processo de
envelhecimento. Essa população vai
precisar de inovação e de soluções.
Funcionário da Roche desde 1993, o suíço Rolf Hoenger
preside a filial brasileira da companhia e tem como objetivo Quando chega a uma nova
consolidar a expansão da empresa no país P O R E L I S A T O Z Z I cidade, qual o maior desafio?

N
Ler o entorno. Você nunca constrói
nada do zero. A tarefa é não destruir
o Brasil desde 2013, Rolf Hoenger, de 51 anos, fala o que já existe, pegar o que já está
português fluentemente. E essa, além do alemão de aí e criar algo novo. O mais difícil é
entender por que aquilo existe em
seu país de origem, a Suíça, não é a única língua que
determinado país. No meu caso, as
ele domina. Rolf pode conversar tranquilamente em mudanças trazem um desafio pesso-
inglês, francês, russo e espanhol. Claro que isso não é al: transportar meus seis labradores.
Por causa do peso, só posso levar
por acaso. Com 26 anos de carreira, 23 deles na Roche,
três por voo. Então eu e minha es-
o atual presidente da farmacêutica no Brasil já teve posa viajamos em aviões separados.
escritórios em cidades como Moscou (Rússia), Almaty (Casaquistão),
Buenos Aires (Argentina) e San José (Costa Rica). Por aqui, seu desafio Sua trajetória no mundo
corporativo é longa. Nunca
é impulsionar o crescimento do mercado local, incentivar a inovação e pensou em mudar de rumo?
manter os investimentos na região. Tanto que, mesmo em um período de Não. Eu não abriria uma empresa
crise, a farmacêutica vai injetar, nos próximos cinco anos, 300 milhões por abrir, teria que ser algo grande,
atrelado aos meus valores. E isso eu
de reais na fábrica do Rio de Janeiro. O intuito é fazer com que a planta
tenho na Roche. Meu sonho era ter
se torne referência na América Latina e aumente as vendas em 20%. feito medicina. Mas, por motivos
financeiros, não pude cursar essa
carreira e me tornei economista.
Entrar na Roche me deu o clique:
Por que direcionou a sua carreira Você chegou ao Brasil em 2013, eu ajudaria pacientes sem ser mé-
para países em desenvolvimento? quando a desaceleração econômica dico. Percebi que faria a diferença
Preciso ser honesto para responder. estava começando. Como a Roche na vida das pessoas. Por isso, não
Eu não me imagino trabalhando na está lidando com esse momento? penso em sair. Afinal, realizei um
Suíça. É chato. Não tem nada para No mundo em desenvolvimento, cri- sonho. Recebemos depoimentos de
resolver e você se acostuma a isso, ses não são novidade – mas geram pessoas que usam nossos medica-
a não ter muito com o que contribuir. enormes oportunidades. A Roche mentos. Um deles me emocionou.
Eu queria algo mais desafiador. tem uma filosofia de inovação e de Foi da esposa de um paciente com
Quando fui para Moscou, ainda não pensar no longo prazo. Por isso, acre- câncer de pulmão. Ela escreveu
tinha entrado na Roche, mas já es- ditamos em ciclos maiores. Estamos para agradecer, pois o remédio ti-
tava atrás disso. Era fim dos anos 80, investindo 3 milhões de reais na fá- nha melhorado um pouco a quali-
em plena Perestroika. Foi muito in- brica de Jacarepaguá, no Rio de Ja- dade de vida do marido. Um ano
teressante ver isso acontecer e co- neiro. Na indústria farmacêutica, os depois, escreveu novamente con-
nhecer novas pessoas. Um dos maio- ciclos de inovação duram três anos tando que, graças ao medicamento,
res benefícios de morar fora é ter e, para um lançamento, pode levar seu marido pôde comparecer ao
essa conexão com os locais. Você dez anos. Por isso, pensar só no cur- casamento do filho. Por isso, eu pen-
aprende muito, tem muita troca. to prazo não faz sentido. so: sair daqui para fazer o quê?

2 2 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A FOTO: MARCO PINTO

 No mundo em
desenvolvimento,
crises não são
novidade – mas
geram enormes
oportunidades
CAPA D I N H E I RO

AUMENTE
SUA RENDA
NA INTERNET

COM A CRISE, MUITAS PESSOAS ESTÃO BUSCANDO FORMAS DE COMPLEMENTAR

O SALÁRIO. CONFIRA 20 IDEIAS INOVADORAS PARA GANHAR DINHEIRO COM VÍDEOS, BLOGS,
E-BOOKS E CURSOS ONLINE, TRABALHAR COMO FREELANCER OU FAZER BICOS
NAS HORAS VAGAS COM A AJUDA DE PLATAFORMAS E SITES ESPECIALIZADOS
Por LUCIANA LIMA

2 4 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A
D
esde 2015, a situ-
ação fi nanceira
começou a aper-
tar para muitos
brasileiros. No
ano passado, 1,5
milhão de pesso-
as perderam o
emprego com
carteira assinada e, com uma infl ação
estimada em 7,25%, mesmo quem ainda
está trabalhando sente que a grana está
mais curta. Prova disso é que, segundo
uma pesquisa do Instituto Data Popular
com 3 500 pessoas em 153 municípios,
72% dos entrevistados estão à procura de
um segundo trabalho ou de soluções para
ganhar algum dinheiro extra. No ano pas-
sado eram 62%. “Em um momento de in-
segurança, no qual muita gente teme
perder o emprego ou teve seu poder de
compra reduzido por causa da infl ação, é
natural que as pessoas busquem alterna-
tivas”, afi rma Marcelo Coutinho, coorde-
nador do mestrado profi ssional em admi-
nistração de empresas da Fundação
Getulio Vargas (FGV) de São Paulo.
Se antigamente as alternativas eram os
famosos bicos, cujos clientes em potencial
se limitavam a um círculo pequeno de pes-
soas, porque eram divulgados boca a boca,
hoje em dia a internet é a melhor vitrine
para quem deseja aumentar os ganhos.
Segundo dados da Câmara Brasileira de
Comércio Eletrônico, 62% dos 2 558 ins-
critos no programa de capacitação para
pequenas e médias empresas oferecido pela
entidade estão desempregados e buscam
informações para começar um negócio
online. “Se antes você vendia limonada na
rua, hoje você monta um e-commerce e
cria um delivery de limonada. O custo de
um negócio digital é inferior ao de um ne-
gócio offl ine e você tem um alcance muito
maior”, afi rma Edney Souza, professor es-
pecialista em marketing digital da Escola
Superior de Propaganda e Marketing
(ESPM) de São Paulo. Os sites de oferta
de trabalho freelancer também vêm au-
mentando sua popularidade entre quem
busca uma renda extra. Só no GetNinjas,
uma das maiores plataformas para oferta
de serviços, houve um aumento de 75% no
número de usuários cadastrados entre ja-
neiro e junho de 2016. “O acesso à internet
cresceu muito entre a população brasilei-
ra nos últimos anos e as pessoas passaram
a ter mais confiança para contratar, e tam-
bém para oferecer serviços online”, diz
Eduardo L’Hotellier, CEO do site GetNinjas.
Mas ainda há muitos outros caminhos
para quem pretende complementar a renda
sem sair de casa, com alguns cliques – e
muita pesquisa na web, é claro. Uma das
pessoas que descobriram isso foi a escrito-
ra paranaense Juliana Alcântara, que rea-
lizou durante três anos buscas em fóruns
e em redes sociais atrás de formas de ga-
nhar dinheiro com ferramentas online. Esse
trabalho resultou no e-book 50 Maneiras
Reais de Ganhar Dinheiro na Internet,
publicado de forma independente, em mar-
ço, na Amazon.com – mais um jeito de fa-
turar com a ajuda da rede. “Eu percebia
que não existia muita informação sobre o
tema e, quando havia, não era muito con-
fiável. Como sempre quis trabalhar de casa,
fui pesquisando e testando os sites”, diz.
Ao longo desta reportagem, você vai co-
nhecer as histórias de profissionais que já
estão ganhando dinheiro com a ajuda da
internet, além de ideias inovadoras e rela-
tivamente simples de fazer isso via sites,
redes sociais ou outras plataformas, com o
respectivo caminho das pedras – ou dos
cliques. A ideia não é ficar rico, mas usar
melhor seu tempo livre e aproveitar de for-
ma produtiva os conhecimentos e recursos
que você já tem para aumentar sua renda.
Você vai se surpreender ao se dar conta de
quantas oportunidades de faturar mais
podem estar passando despercebidas.
V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 25
CAPA D I N H E I RO

1.
TRADUZA TEXTOS ONLINE
Mesmo quem não tem formação em
letras pode usar o conhecimento de uma
5.
“Eu ganhei
língua para traduzir textos online. Em dinheiro
alguns sites, você precisa comprovar
experiência e qualificação. Outros
montando um
exigem fazer uma prova de tradução. curso online”
SITES: unbabel.com, gengo.com,
translated.net/pt

2.
VENDA E-BOOKS
Alguns sites, como a Amazon, possuem
uma plataforma de autopublicação, para
colocar obras à venda. Em geral, os livros
são comercializados por valores baixos,
cerca de 5 reais. Há plataformas dão a
opção de deixar os livros gratuitos por
um tempo, para aumentar sua visibilida-
de e impulsionar as vendas.
SITES: saraiva.com.br/publique-se,
kdp.amazon.com, ptbr.kobo.com/writinglife

3.
TESTE APLICATIVOS E SITES
Algumas empresas pagam para testar
a usabilidade de sites e aplicativos. O
trabalho consiste em navegar pelos
canais, contar sua experiência e relatar

O
se encontrou algum erro. Os valores
costumam variar entre 5 e 15 dólares.
analista de sistemas algumas formas de ensinar o
SITES: analysia.com/user.asp, enrollapp.com,
Jamilton Damasceno, que sabia. Nessas buscas en-
testaisso.com.br/ de 28 anos, veio de Ou- controu a Udemy, plataforma
rinhos, em Minas Ge- americana de educação online,

4.
FORNEÇA TEXTOS
Você pode ganhar dinheiro escrevendo
para sites especializados em comprar ar-
tigos. Atenção ao uso das palavras-cha-
ves certas para que o texto se saia bem
em Search Engine Optimization (SEO),
técnica que ranqueia as publicações nos
buscadores da internet. SITES: escrever.
com/, br.textmaster.com, textbroker.com.br
rais, para São Paulo há três
anos e trabalhava como coor-
denador de desenvolvimento
de softwares em uma empresa
de serviços hospitalares. Em
dezembro de 2015, depois de
tanto ouvir dos amigos que
deveria compartilhar os co-
nhecimentos de programação
e perceber que existia pouco
conteúdo disponível sobre o
tema, começou a pesquisar
e resolveu montar um curso
explicando como desenvolver
um aplicativo de celular. Com-
prou um microfone de 80 reais
e utilizou plataformas gratui-
tas disponíveis na internet
para formatar as aulas. Em
menos de 20 dias, mesmo ain-
da não estando pronto, o curso
já tinha 60 alunos inscritos e
havia rendido para Jamilton
1 200 reais em matrículas.

2 6 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A
 Como concluiu que os projetos

6.
educacionais poderiam ser
mais lucrativos caso se dedi-
casse em tempo integral, o
analista resolveu se demitir
para se dedicar 100% ao bico,
transformando-o na sua prin- Crie
cipal fonte de renda. Investiu
em equipamentos, montou uma sozinho
estrutura de estúdio e resolveu
se profissionalizar, abrindo
um
uma empresa. Hoje Jamilton já aplicativo
tem mais de 3 700 alunos e fa-
tura 20% a mais do que recebia
EXISTEM
no emprego fixo. “É preciso ter
boa didática e oferecer conte- ALGUMAS
údo de qualidade. Tem muita
coisa na internet, mas está dis- PLATAFORMAS
persa. Se você consegue reunir
e organizar toda a informação
QUE OFERECEM
de forma simples e acessível, SOFTWARES
as pessoas estão dispostas a
comprar o seu produto”, afirma. PARA CRIAR

Lucro triplicado APLICATIVOS

Marcelo Coutinho, professor – O QUE
da FGV, também aponta para
a importância de pesquisar PERMITE QUE
DICAS PARA bem o tema e escolher plata-
formas em que seu investimen- MESMO QUEM
MONTAR SEU
CURSO ONLINE to não precisa ser muito gran-
NÃO ENTENDE
de. “No mundo inteiro, existe
• ESCOLHA UM TEMA uma demanda alta por progra- DE PROGRAMA-
QUE VOCÊ DOMINA madores, e o mercado de edu-
E USE EXEMPLOS ÇÃO POSSA
cação à distância está crescen-
COTIDIANOS PARA QUE
AS PESSOAS ASSIMILEM
do. Você precisa olhar para
Para avaliar se o trabalho esses fatores e escolher algo
DESENVOLVER
O ASSUNTO MAIS
FACILMENTE. extra poderia mesmo ser ren- que exija um investimento bai- UM JOGO OU
tável, durante quatro meses o xo, que muitas vezes pode ser
• DISPONIBILIZE
ALGUMAS AULAS
analista conciliou o emprego na apenas o seu tempo”, diz. APP SIMPLES.
ANTECIPADAMENTE, empresa de saúde com a ativi- Devido ao sucesso das au-
SITES:
MESMO QUE NÃO dade. Depois do curso de apli- las, o negócio de Jamilton já mobileroadie.com,
TENHA O CURSO cativos, o Jamilton lançou mais vem saindo do mundo virtual. theappbuilder.com,
COMPLETO. ASSIM,
duas formações, uma de desen- “Tenho recebido convites para pt.goodbarber.com
VOCÊ PODE SENTIR
A RECEPTIVIDADE AO
volvimento de sistemas e outra dar palestras e propostas
SEU PRODUTO. de aplicativos para Android. para desenvolver aplicativos
“Trabalhava aos finais de se- e sistemas corporativos para
• FAÇA AULAS CURTAS mana e após o expediente”, diz empresas”, afirma o empreen-
DE, NO MÁXIMO,
Jamilton. Nesse período, só a dedor, que pretende atingir
DEZ MINUTOS.
produção dos cursos da Udemy até o fim do ano a marca de
SITES: udemy.com,
learncafe.com, já estava lhe rendendo entre 15 000 alunos e, assim, tripli-
eadplataforma.com 4 000 e 5 000 reais mensais. car seu faturamento.

FOTO: ROGÉRIO PALLATTA V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 27

CAPA D I N H E I RO
Q
ue muita gente ganha di-
7. nheiro virando youtubber
ou blogger não é novida-
de, porém, até mesmo o
“Eu ganhei Instagram pode ser uma plata-
dinheiro forma para aumentar sua renda
– sem precisar divulgar treinos
tornando-me ou o look do dia. Foi o que des-
cobriu Juliana Matos, de 28
instagrammer anos, formada em relações in-
profissional” ternacionais e que trabalhava
no marketing de uma agência
de conteúdo até o ano passado,
quando decidiu largar tudo
para se dedicar ao trabalho de
instagrammer profissional.
2 8 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A
DICAS PARA
SE TORNAR UM
INSTAGRAMMER
• FIQUE MAIS ATENTO
AO QUE VOCÊ IRÁ
POSTAR, FAÇA UMA
CURADORIA DO
CONTEÚDO E CRIE UMA
LINGUAGEM QUE DÊ
IDENTIDADE ÀS SUAS
FOTOS. ALGUMAS
PESSOAS TÊM UM
ESTILO MAIS ARTÍSTI-
CO, OUTRAS REFLETEM
O COTIDIANO.
Há três anos, a mineira en-
trou na rede social e começou
a postar fotos do dia a dia da
• MANTENHA A
COERÊNCIA ENTRE O
QUE VOCÊ QUER
família e dos amigos, sem ne-
nhum conhecimento de foto-
DIVULGAR E O QUE
VOCÊ PUBLICA, ASSIM
grafia. Depois que seu perfil foi
divulgado nos canais Insta-
SEU PÚBLICO NÃO VAI
REJEITAR O CONTEÚDO
gram Brasil e Instagram Mun- PATROCINADO.
do, em menos de 24 horas, os
700 seguidores que ela possuía
• COLOQUE NAS
INFORMAÇÕES BÁSICAS
saltaram para 6 000. “Foi algo
totalmente natural, por causa
DO SEU PERFIL E-MAIL
E TELEFONE DE
CONTATO. DESSE MODO,
da qualidade das fotos que eu AS EMPRESAS
postava”, afirma. ENCONTRARÃO VOCÊ
A partir daí, Juliana passou MAIS FACILMENTE.
a receber propostas de divul- SITE: instagram.com
FOTO: PAULO SANTOS
 8.
gação. No início eram peque-
nas marcas, lojas de roupas ou
acessórios, que queriam que
ela divulgasse seus produtos
no Instagram por meio de suas
fotos. Logo, empresas grandes ENSINE UMA LÍNGUA
também começaram a procu-
rá-la e a relações internacio- PELA INTERNET
nais viu nisso uma oportuni-
dade de tr a n sfor m a r u m
Alguns sites oferecem a possibilidade de
hobby em profissão. “Você cria
você ensinar uma língua, seja o português
um público com o qual as mar-
cas querem se associar. Então para estrangeiros ou outros idiomas em
elas te procuram para divul-
gar novos produtos porque que você seja fluente. As aulas de 30 minutos
elas se interessam por aquela
audiência”, diz Juliana. são vendidas, em média, por 15 dólares.
Há cerca de um ano, quando
já ganhava ao redor de 3 000 SITES: cambly.com, skimatalk.com, crowdio.com

reais por mês com os projetos

que o Instagram lhe rendia,
Juliana decidiu largar o empre-
go na agência e se profissiona-
lizar. Fez um curso de fotogra-
fia, comprou lentes e uma
câmera nova. Dentre as mar-
cas para as quais já fez divul-
gação estão Fiat, Samsung,
Asus e Facebook. E a insta-
grammer pretende ir mais lon-
ge. “Enviei uma proposta para
a Latam Airlines e estamos em
negociação porque já soube de
divulgações que a companhia
havia feito com outros perfis”,
afirma. Hoje, Juliana fatura
entre 5 000 e 15 000 reais por
mês, dependendo do trabalho,
e cobra 1 500 reais por cada
divulgação na rede.
De acordo com Edney Souza,
professor da ESPM, profissio-
nalizar-se é o caminho ideal
para quem quer transformar
um hobby na principal fonte
de renda. “Para fazer uma
transição segura, o melhor é
começar no seu tempo livre,
capacitar-se assim que possível
e dividir sua receita, não fican-
do dependente de apenas um
anunciante ou cliente.”
9.
RESPONDA
PESQUISAS
Existem empresas que pagam
para que você responda
questionários usados por elas
para testar lançamentos de
produtos e serviços.
SITES: br.toluna.com,
globaltestmarket.com,
mundodeopinioes.com.br
10.
GOOGLE AD SENSE
Por meio do Google Ad Sense
você pode colocar links de
anunciantes no seu blog ou
canal do YouTube e cobrar por
isso. Você recebe pelos cliques
no link. Os canais com mais
visualizações veiculam as me-
lhores mídias. SITE: google.com.
br/intl/pt-BR/adsense
11.
SEJA CLIENTE
OCULTO
Você pode se cadastrar em
certas páginas para visitar
restaurantes e hotéis, entre
outros estabelecimentos, e
fazer relatórios avaliando o
serviço oferecido por eles.
Sites: clientemisterioso.com.br,
onyou.com.br, orangespp.com.br
12.
TORNE-SE UM
AMIGO LOCAL
Que tal se oferecer para
mostrar a cidade para
estrangeiros sob a ótica de um
nativo? O valor gira em torno
de 150 dólares e os passeios
duram, em média, quatro horas.
SITE: rentalocalfriend.com

V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 29
CAPA D I N H E I RO
13.
“EU GANHEI
DINHEIRO
COMO
ANUNCIANTE
AFILIADO”
O
advogado carioca Victor
Damásio trabalhava em
um escritório de direito
quando conheceu o sis-
tema de anúncios afiliados, há
quatro anos. Trata-se de um
modelo de publicidade na in-
ternet pelo qual uma pessoa
divulga produtos por meio de
links ou banners em seu site
ou blog e, a cada compra rea-
lizada, recebe uma comissão
que varia entre 15% e 50% do
valor do artigo vendido.
Para testar o modelo, Victor
decidiu se inscrever na Hot-
mart, uma plataforma em que
empresas oferecem produtos
para serem divulgados e optou
por começar por um audiobook
de corrida. Criou um blog para
as pessoas acompanharem os
treinos e, ao mesmo tempo,
fazer propaganda do livro. O
audiobook custava 50 reais e
Victor ficava com 20 reais por
cada venda. No primeiro mês,
o advogado conseguiu vender
100 unidades e percebeu que
a ideia poderia dar certo. “Fi-
quei menos sedentário e ainda
ganhei um dinheiro extra com
isso”, afirma Victor.
Para multiplicar os ganhos,
3 0 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A
o advogado decidiu sair do
emprego, criou outros sites
sobre assuntos diversos e pas-
sou a anunciar em redes so-
ciais produtos dos mais varia-
dos tipos, como cursos de
guitarras e de técnicas de
sedução. Com o tempo, as ven-
das já lhe rendiam cerca de 2
800 reais por mês. “Para im-
pulsionar as negociações, tam-
bém criei grupos de discussão
e eventos para ampliar meus
contatos e audiência”, diz.
Atualmente, Victor possui
um grupo com mais de 25 000
membros e passou a focar em
produtos mais caros, com mar-
gem de lucro maior. No mo-
DICAS PARA
SE TORNAR UM
ANUNCIANTE AFILIADO
• CRIE SITES DE ASSUNTOS
VARIADOS E SEJA AFILIADO
DE DIVERSOS PRODUTOS,
ASSIM, MESMO QUE AS
COMISSÕES SEJAM
BAIXAS, VOCÊ AUMENTA
SUA RECEITA.
• PRODUZA CONTEÚDO
RELACIONADO AOS
PRODUTOS QUE VOCÊ
ESTÁ VENDENDO. SE
ESTIVER ANUNCIANDO
ESTEIRAS DE ACADEMIA,
POR EXEMPLO, ESCREVA
ARTIGOS SOBRE O
ASSUNTO OU FAÇA
RESENHAS DE PRODUTOS
DO SEGMENTO.
• VERIFIQUE A REPUTAÇÃO
DO PRODUTO QUE VAI
ANUNCIAR. COMO OS
SITES DE AFILIADOS
OFERECEM DEVOLUÇÃO
GRATUITA EM ATÉ 30 DIAS,
VOCÊ PRECISA TER
CERTEZA DE QUE O ITEM
VAI AGRADAR O CLIENTE.
SITES: hotmart.com,
br.lomadee.com
mento, ele é afiliado do curso
Fórmula de Lançamento, um
conjunto de técnicas desenvol-
vidas pelo empresário ameri-
cano Jeff Walker e importado
pelo brasileiro Erico Rocha
para vender pela internet. Eri-
co é especialista em marketing
digital para pequenos negócios
online, com mais de 1 milhão
de seguidores em sua página
no Facebook e 9,5 milhões de
visualizações em seu canal no
YouTube. Como afiliado do
produto de Erico, Victor ganha
1 500 reais a cada venda. “No
último ano, vendi 45 cursos e
ganhei quase 70 000 reais”,
afirma o advogado.
FOTO: FABRIZIA GRANATIERI

“Eu ganhei
14. dinheiro
trabalhando
como
freelancer”
R
odrigo Gondim, de 31
anos, é administrador de
empresas e atua como
analista de finanças de
uma companhia de agronegó-
cio. Para aumentar a renda, há
cerca de um ano fez um cadas-
tro na plataforma GetNinjas
para oferecer seu trabalho
FOTO: ROGÉRIO PALLATTA
como planejador financeiro
freelancer nas horas vagas. “Vi
uma matéria sobre o site e
achei que seria uma oportuni-
dade”, diz Rodrigo.
Já no primeiro mês, o admi-
nistrador recebeu uma propos-
ta de uma startup que queria
montar um plano de negócio
para atrair investidores. O pro-
jeto durou cerca de quatro me-
ses e rendeu a Rodrigo 14 000
reais. “Deixo bem claro que só
tenho disponíveis os fins de
semana, porque não pretendo
transformar a atividade em mi-
nha renda principal”, afirma.
Mesmo frilando só aos sábados
e domingos, Rodrigo recebe,
DICAS PARA
SE TORNAR
FREELANCER
• ESCOLHA A
PLATAFORMA QUE MAIS
SE ALINHE COM O TIPO DE
TRABALHO QUE VOCÊ
OFERECE. HÁ SITES PARA
DESIGNERS, PRODUÇÃO
DE CONTEÚDO E OFERTA
DE SERVIÇOS DE NÍVEL
SUPERIOR, ENTRE
OUTROS.
• DEFINA UMA ROTINA
DE TRABALHO
COM HORÁRIOS
ESTABELECIDOS PARA
DEDICAR AO TRABALHO
FREELANCER.
• CRIE UM PORTFÓLIO
ONLINE, MANTENHA UMA
REPUTAÇÃO COM SEUS
CLIENTES CUMPRINDO
PRAZOS RIGOROSAMENTE
E RESPONDA RÁPIDO AS
MENSAGENS DOS
CLIENTES EM POTENCIAL,
PARA NÃO PERDÊ-LOS
PARA A CONCORRÊNCIA.
SITES: getninjas.com.br,
99freelas.com.br,
freelancer. com
em média, 25 propostas de tra-
balho por mês. Como costuma
selecionar duas, fatura entre
2 000 e 3 000 reais com o bico.
Mas a demanda é alta. “Eu po-
deria aceitar mais trabalhos,
mas, como tenho um emprego
em tempo integral, não dá”, diz.
Nesse tipo de atividade, or-
ganização e cumprimento de
prazos são fundamentais.
“Você precisa criar uma rotina
de trabalho e construir uma
reputação online, além de en-
tender que quanto mais traba-
lhos pegar, menor será a qua-
lidade”, diz Tomas O’Farrell,
co-fundador da Workana, pla-
taforma de trabalho freelancer.
V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 31
 CAPA D I N H E I RO

15. 16.
Transcreva COMERCIALIZE ARTESANATO
EM PLATAFORMAS ONLINE
20.
.áudio
VOCÊ PODE
Se você tem talento para fabricar produtos
artesanais, pode anunciá-los e comercializá- “EU GANHEI
RECEBER PARA
-los em sites especializados. Tirar boas fotos e DINHEIRO
divulgar os links em redes sociais é fundamental
OUVIR ÁUDIOS E para atrair compradores. ALUGANDO
TRANSCREVER
SITES: elo7.com.br, tanlup.com
COISAS NA
INTERNET”
17.
O CONTEÚDO

D
DELES. epois do aluguel de imó-
veis e de carro, a nova
SITES:
workhub. VENDA O QUE NÃO USA MAIS fronteira é alugar itens
transcribeme.com,
Alguns sites permitem montar lojas com pessoais, desde equipa-
audiotext.com.br,
transcritoja.com produtos que você não usa mais. Eles oferecem a mentos eletrônicos até vesti-
plataforma tecnológica e você só precisa enviar dos de festa, na internet. No
boas fotos dos produtos, por uma comissão fim do ano passado, o enge-
que varia entre 15% e 30% do preço dos itens nheiro de software Henrique
vendidos. SITES: enjoei.com, mercadolivre.com.br Gonçalves, de 30 anos, estava
em busca de uma câmera foto-
gráfica profissional para regis-
trar as imagens de uma viagem
com a mulher. Em suas pesqui-

18. sas na internet, descobriu o

site Alooga, de aluguel de ob-
jetos pessoais. “Não compen-
SEJA UM BLOGUEIRO sava gastar tanto dinheiro
OU YOUTUBBER ESPECIALIZADO comprando um equipamento
Embora esteja cada vez mais difícil entrar no mercado de produção de que depois teria pouco uso.
conteúdo online, é possível criar um canal do YouTube ou um blog para Uma amiga me indicou o site
ganhar dinheiro com publicidade ou patrocínio. Quanto menos explorado for e eu gostei da ideia”, afirma.
o assunto que você quer tratar, maiores as chances de conseguir uma boa Quando retornou da viagem,
audiência e atrair anunciantes. em janeiro, Henrique resolveu
SITES: youtube.com, wordpress.com, blogspot.com
colocar a bicicleta que estava
encostada havia algum tempo
para locação. Fez o anúncio

19. no site e, logo na primeira se-

mana, começaram a chegar os
e-mails. Desde então, ele alu-
GANHE DINHEIRO COM SEU CARRO OU SUA CASA gou a magrela mais de 12 ve-
Alugar seu carro, sua casa, um quarto ou até mesmo o sofá da sua sala pode zes. “Vi que era muito fácil e
render dinheiro em alguns sites. Com a locação de um quarto, dá para tirar que havia outros itens que eu
por volta de 2 300 reais por mês. Com uma diária de aluguel do seu carro, é não usava com frequência e
possível ganhar entre 45 e 200 reais, conforme o modelo. No Uber, é possível que poderia alugar.” Com isso,
ganhar até 7 000 reais trabalhando de dez a 12 horas por dia. o engenheiro já colocou para
SITES: fleety.com.br, airbnb.com.br, blablacar.com.br, parpe.com.br, uber.com locação skate, prancha de sur-
+ LEIA MAIS SOBRE COMPARTILHAMENTO DE VEÍCULOS NA REPORTAGEM fe, raquete, furadeira, impres-
TOPA RACHAR A CORRIDA?, PÁG. 64. sora e até um leitor Kindle.

3 2 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A
DICAS PARA ALUGAR
SEUS OBJETOS
PELA INTERNET
• VEJA SE O CLIENTE TEM A CONTA
VERIFICADA, POSSUI FOTO DE PERFIL
E SE TRATA DE ALGUÉM REAL.
• DEFINA PRAZOS PARA O ALUGUEL
DOS ITENS. PARA ITENS MUITO BARATOS,
DETERMINE UMA PERIODICIDADE MÍNIMA
PARA O NEGÓCIO COMPENSAR. OBJETOS
QUE DEMANDAM MAIS TEMPO DE USO
TAMBÉM EXIGEM UMA DIÁRIA MAIS BAIXA
PARA SEREM ATRAENTES.
• TIRE FOTOS ANTES DE ALUGAR O
PRODUTO PARA TER PROVAS, CASO
ELE VOLTE COM AVARIAS. O ALOOGA,
POR EXEMPLO, TEM UM SISTEMA DE
GARANTIA QUE COBRE ATÉ 1 500 REAIS.
SITES: alooga.com.br,
rentforall.com.br
FOTO: PAULO SANTOS
O anúncio nesse tipo de site
costuma ser gratuito, mas
cobra-se uma comissão que
varia entre 10% e 15% sobre o
valor de cada locação concre-
tizada. O prazo de aluguel é
variável. “O Kindle, por exem-
plo, eu alugo por cerca de cin-
co dias”, afirma. Usuário do
Alooga há pouco mais de um
semestre, Henrique fatura en-
tre 200 e 500 reais mensais
com as locações. “É um dinhei-
ro que paga pequenas contas
da casa, como o supermercado
da semana, por exemplo”, diz.
Geralmente Rodrigo fecha
negócio com pessoas físicas,
mas já chegou a alugar a im-
pressora sem uso para uma
empresa que estava com os
equipamentos em manuten-
ção. “Se eu tivesse produtos
mais caros, como eletrônicos
e móveis de escritório, poderia
ganhar muito mais”, afirma.
Por isso, o engenheiro preten-
de colocar mais itens para
locação. “Tenho uma luva de
boxe, um kimono e algumas
malas de viagem que pretendo
anunciar também”, diz.
V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 33
CARREIRA PRO P Ó S I TO

3 4 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A
 1

TRABALHO
EM SÉRIE
O designer Eduardo Talley dedicou o mês de maio
a experimentar uma atividade por dia em 31 lugares
diferentes no projeto criado por ele e batizado
de One Day Hand Po r An n a C a r o l i n a R o d r i g u e s

U
ma boa h istó-
ria para contar.
Era disso que o
designer brasi-
liense Eduardo
Ta l ley, de 31
anos, sentia fal-
ta. Depois de dez anos trabalhando
em agência de publicidade como di-
retor de arte, ele simplesmente pediu
demissão. Na época, ganhava bem,
mas, certo dia, não viu mais sentido
no que fazia, juntou dinheiro e saiu
para dar uma volta ao mundo. “Eu
sempre tive um perfil de dedicação,
nunca fui o cara mais criativo do
mundo, mas sempre trabalhei muito
bem. Acho que isso foi importante
porque eu era aquele que apagava
incêndio. Só que o fato de ser conhe-
cido por esse perfil me prejudicou
muito em termos de rotina de tra-
balho, de não ter final de semana,
nem férias.” Com o salário que tinha
guardado, viajou durante um ano por
vários países do mundo, sem traba-
lhar. “Foi definitivamente a melhor
coisa que fiz na vida e recomendo
pra todo mundo.”
O plano era viajar, fazer uma pes-
quisa de mercado e tendência, vol-
tar e abrir um negócio. Ele comprou
uma daquelas passagens de volta
ao mundo, que, ao contrário do que
muitos pensam, não é tão cara assim.
Dependendo do número de trechos
comprados, é possível adquiri-las
por 1 500 dólares. Esse plano mudou
quando Eduardo percebeu a maneira
como pessoas de outros países se re-
lacionam com o trabalho e a carreira
no estrangeiro. Surgiu a vontade de

F O T O S : 1 M AT H E U S P E N A ; 2 DI V U L G AÇ ÃO V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 35
CARREIRA PRO P Ó S I TO
pensar mais sobre novos modelos de
trabalhar. “Lá fora, as pessoas ter-
minam a escola e não vão direto pra
faculdade, não definem de cara o que
vão fazer da vida delas com 18 anos.
Elas viajam, trabalham algum tempo
em alguns lugares. Conheci gente de
19 anos com pouca grana que está
viajando pelo mundo por três anos.”
Hoje em dia, há várias maneiras de
viabilizar isso, mas é claro que dá
certo medo. Existem diversos sites
lá fora em que é possível receber coi-
sas em troca de trabalho. “Quando
eu viajei não tinha nenhuma dessas
ferramentas. Acho que se eu viajasse
hoje em dia com o mesmo valor de
quando eu viajei, eu teria conseguido
ficar três anos fora.”
Quando retornou ao Brasil, cerca
de dois anos atrás, criou o projeto Out
to Lunch, para realizar tarefas “no
horário do almoço”. A ideia era sair
da frente do computador e produzir
trabalhos e projetos diferentes do que
fazia dentro da agência. Mas, desde
então, decidiu que não teria mais um
emprego fixo e que iria experimen-
tar coisas diferentes. “Reduzi meu
custo de vida, aprendi e trabalhei em
construção, produção, alimentação,
expedição ou qualquer coisa que me
proporcionasse o mínimo de experi-
ência e dinheiro para pagar as poucas
contas que tenho hoje”, diz Eduardo.
Um dos problemas que enfrentou
foi justamente a reação das outras
pessoas. “A cultura brasileira é muito
diferente para entender essa propos-
ta. Ainda vivemos e temos uma he-
rança muito forte do que é o ‘modelo
correto’ de vida. Temos que estudar,
decidir com 18 anos o que vamos ser,
nos formar, trabalhar, casar, comprar
um carro, uma casa, ter filhos, ter
uma carreira, nos aposentar e, se
tivermos condições financeiras e fí-
sicas, aproveitar com conforto o resto
de vida”, afirma. Qualquer coisa que
fuja dessa receita é difícil de ser apli-
cada no Brasil. “Eu falava que queria
trabalhar e receber por um dia de tra-
3 6 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A
DIVERSIDADE DE TAREFAS
Veja algumas das atividades executadas por Eduardo
Talley durante seu mês como trabalhador serial
O TRABALHO MAIS CEDO
EMPRESA: Da Horta Cultivo Afetivo
O QUE FEZ: entregas de suculentas para o Dia das Mães.
Ele teve que levantar às 4h30 da manhã para ir até o
Ceagesp comprar as plantas.
O TRABALHO QUE PAGOU MAIS
EMPRESA: Pistache Ganache
O QUE FEZ: participou da intervenção de marcas urbanas
para uma coleção de móveis que tinham sido jogados fora.
No final, ganhou uma das cadeiras de design.
O TRABALHO MAIS PESADO
EMPRESA: Jardim Secreto
O QUE FEZ: ajudou a construir a parte de teste de uma
horta orgânica, o que demandou horas de trabalho
braçal cavando a terra e plantando.
O TRABALHO MAIS GRATIFICANTE
EMPRESA: Cade Vila Mariana
O QUE FEZ: plantou árvores em uma área pública perto
do Parque do Ibirapuera para que o ambiente ficasse
mais agrafável para os moradores.
O TRABALHO MAIS DIVERTIDO
EMPRESA: Bloco Tarado ni Você
O QUE FEZ: participou da produção do bloco de Carnaval
durante a Virada Cultural de São Paulo e, claro, aproveitou
para dançar ao som das marchinhas.
O TRABALHO MAIS GOSTOSO
EMPRESA: Cervejaria Nacional
O QUE FEZ: auxiliou na produção das bebidas para
o bar Pub Brewery. O final foi ótimo porque Eduardo
pôde experimentar as cervejas que fabricou.
O TRABALHO COM O MELHOR CHEFE
EMPRESA: Fibra
O QUE FEZ: construiu um suporte para guardar os formões
da marcenaria. Quem o ensinou a fazer isso foi o paciente
Ricardo Donadio, dono da empresa.
F O T O : M AT H E U S P E N A
balho. Mas muitos tiveram dificulda- companhias tradicionais verão esse procurado para voltar ao mercado. Os
de em entender, não compreendiam tipo de iniciativa. “Não acredito que trabalhos como freelancer ajudam a
qual o propósito disso, ou pergunta- mude nada para grandes. Ao contrá- complementar a renda. O fato de ter
vam se eu queria emprego. Eu dizia: rio, acredito que seja uma provocação um apartamento próprio, em Brasília,
‘Quero uma experiência, você vai me contra elas, do tipo ‘saia do seu traba- também deu mais tranquilidade para
contratar por um dia e vai me pagar lho corporativo e experimente fazer tocar o projeto, visto que aluguel é
por isso’.” O designer recebeu não só algo novo em que você acredite’.” um dos custos mais altos atualmente.
dinheiro, mas bens e Mas o que leva uma
itens de valor pelo tra- pessoa a largar um
balho oferecido. Como trabalho em que tirava
sentia a resistência de cerca de 15 000 reais
muitos empregadores, mensais para fazer tra-
resolveu dar outro for- balhos que, nesse pri-
mato ao projeto. meiro mês, renderam
Foi aí que consolidou “apenas” 1 500 reais?
toda a experiência em “Há várias pessoas que
apenas um mês – em não veem mais senti-
maio deste ano, Edu- do no que fazem e que
ardo trabalhou em um querem fazer algo dife-
lugar diferente por dia. rente, mas não sabem
Bastou um domingo de o quê”, diz Eduardo.
março para desenvol- De acordo com ele, o
ver a ideia que batizou principal objetivo do
de One Day Hand e ODH é provocar algo
pensar o site (one- nas pessoas. “É ex-
dayhand.com) em que perimentar algo novo
apresenta o projeto, e descobrir aquilo de
divulga suas habili- que você gosta, e saber
dades e explica quais que é capaz de fazer
tipos de trabalho gos- um trabalho que nunca
taria de aprender. Ali pensou que faria antes.
há, também, uma es- Quero provocar as pes-
pécie de diário com soas e fazê-las perce-
as atividades de cada ber que não precisam
trabalho. A divulgação? de uma carreira para
Um único post em sua viver. Que mudanças
linha do tempo do Fa- são possíveis e que é
cebook falando sobre o possível fazer algo di-
projeto e pedindo que ferente, nem que seja
amigos compartilhem e por um dia”, afirma.
indiquem possíveis tra- Muitos convites vie-
balhos. “Consegui mais ram de outras cidades
propostas e e-mails do Em um dos dias do projeto, Eduardo Talley foi recebido pelo pessoal da também e agora Edu-
que pude responder.” Braveman Handmade Leather Goodies para produzir carteiras de couro ardo planeja uma edi-
Houve muita procura ção no Rio de Janeiro.
de empresas novas, startups, pro- Em termos de dinheiro, Eduardo “Meu objetivo pessoal com esse pro-
jetos e iniciativas. Foi um resultado decidiu tocar o projeto da mesma ma- jeto, além de contar uma história, é
inesperado, já que não existiu divul- neira como tem vivido nos últimos experimentar, aprender e acumular
gação em nenhum blog ou site. O nú- dois anos: com baixo custo e verba o máximo possível de habilidades
mero alto de compartilhamentos foi suficiente para se manter durante o que me proporcionem trabalhar em
grande para um post pessoal, mas mês. Ele conta que ainda tem um re- qualquer lugar do mundo e me man-
ainda pequeno para entender como as conhecimento grande e que é muito ter sempre em movimento.”

V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 37
ENTREVISTA G E S TÃO

É PRECISO
CORAGEM
Ser um líder inspirador depende
de inúmeros fatores. Mas um deles,
segundo o inglês Simon Sinek,
é importantíssimo: a valentia
para proteger as equipes e para
arriscar quando necessário
Por Elisa Tozzi

ual
al o principal requisito de
uma liderança inspiradora?
Essa é uma pergunta que
gera muitas respostas. E o
inglês Simon Sinek, especia-
lista em gestão e palestrante
aclamado do TED, encontrou
uma palavra satisfatória: cora-
gem. Para ele, o que faz com que
os profissionais sejam vistos
como excelentes líderes é a capa-
cidade de proteger as equipes e a
ousadia para arriscar. Simon está
lançando no Brasil o livro Líde-
res Se Servem por Último (44,90 reais, HSM) – e a
metáfora do título explica exatamente o que ele
acredita ser o grande papel de um bom gestor de
pessoas: desenvolver os times, fazendo com que os
subordinados sejam os primeiros a “se alimentar”.
Só assim os profi ssionais conseguem ter força para
produzir e motivação para trabalhar.

3 8 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A
A sua teoria de liderança diz
que grandes líderes colocam os
interesses dos times em primeiro
lugar e “comem por último”. Por
que essa atitude é importante?
A metáfora “os líderes comem por
último” se relaciona com a dos pais,
que sempre alimentam as crianças
primeiro – não porque leram isso em
um livro, não porque foram ensina-
das, simplesmente porque usam o
instinto paterno ou materno. Esse
instinto de cuidar de pessoas que
dependem de você pode ser aplicado
à liderança. Liderar não é sobre estar
“Nós seguimos os bons líderes
não porque precisamos,
mas porque queremos”
Simon Sinek
no comando. É sobre cuidar das pes-
soas que estão sob o seu comando.
Essa é a verdadeira liderança. Os
líderes que comem por último até
poderiam comer primeiro, pois o
cargo permite. Eles poderiam, tam-
bém, conseguir regalias e vantagens
por conta da posição que ocupam.
Mas não fazem isso. Os verdadeiros
líderes preferem sacrificar seus in-
teresses para cuidar bem da vida das
pessoas que fazem parte de sua equi-
pe – e nunca sacrificam a vida do
time para cuidar de seus próprios
interesses. Eles escolhem comer por
último por uma questão de honesti-
dade e lealdade. Os líderes são aque-
les que protegem. E, quando as pes-
soa s se sentem seg u r a s, el a s
transmitem essa segurança para os
colegas, clientes e consumidores.
Seu livro mostra a evolução da li-
derança do Período Paleolítico até
FOTO: DIVULGAÇÃO
os dias de hoje. Como eram os
líderes do tempo das cavernas?
O que faz com que alguém seja um
líder no Período Paleolítico e hoje é
exatamente a mesma coisa. O que
evolui são as condições em que ope-
ramos. No Paleolítico, vivíamos em
cavernas em tribos que tinham en-
tre 100 e 150 pessoas. Nossos líde-
res eram homens fortes e grandes
– e havia os homens-alfa. Naquela
época, a questão era sobreviver. Os
homens mais fortes, os “alfas”, eram
capazes de suportar cargas pesadas,
encontrar alimentos e proteger a
tribo do perigo. Por conta disso, eles
tinham o privilégio de possuir a pri-
meira escolha de carne da tribo
(para se sentirem mais fortes e con-
tinuar caçando) e a primeira esco-
lha da companheira que gostariam
de ter (para garantir que os melho-
res genes fossem perpetuados).
Eles tinham esses privilégios
porque cuidavam bem da tribo?
Havia um código antropológico do
que significava liderar no Paleolítico,
que é o mesmo até hoje: os liderados
permitem um tratamento preferen-
cial para o líder. Mas isso tem um
custo, o líder tem que agir de acordo
com o interesse coletivo. Se os lide-
rados dão ao líder todos os benefícios
e ele não os protege do perigo, não
é um líder de verdade. A liderança é
um serviço. Serviço vem com sacri-
fício. Se não há sacrifício, não há
serviço, nem liderança.
V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 39
ENTREVISTA
Martin Luther King durante o discurso “Eu tenho um sonho”, em 1963: grandes
líderes conseguem atrair pessoas porque transformam palavras em ações
Que características transformam
alguém em um líder excepcional?
O requisito para ser um líder não é
ter visão ou carisma. É ter coragem.
Liderar significa que temos que dar
o primeiro passo, que temos que co-
locar a corda no pescoço para defen-
der aquilo em que acreditamos. Todos
os bons líderes são corajosos, e cora-
gem não é algo que, miraculosamen-
te, surge dentro de você. Nossa cora-
gem vem da coragem dos outros,
daqueles que fi zeram algo antes de
nós e que nos olham nos olhos e di-
zem: “Eu acredito em você. Você con-
segue fazer isso”. Características
como egocentrismo e ganância aca-
bam com o significado da palavra li-
derar. A liderança é sobre cuidar das
4 0 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A
G E S TÃO
pessoas pelas quais você é responsá-
vel. Aqueles que se esquecem disso
não são líderes, são simplesmente
autoridades que mandam usando fer-
ramentas como medo ou a necessida-
de que o empregado tem de manter
aquele trabalho. Mas nós não segui-
mos esses profissionais. Nós seguimos
os bons líderes não porque precisa-
mos, mas porque queremos.
Quais as diferenças
entre gerentes e líderes?
Gerentes se preocupam com melho-
rias. Líderes se preocupam com saltos
à frente. Gerentes se concentram em
sistemas, métricas, processos e re-
sultados. Líderes mantêm o foco na
percepção de como as ações do time
influenciam nos resultados. Gerentes
olham para os números. Líderes
olham para o “nós”. Todos os gerentes
de métricas têm a oportunidade de
se tornar líderes de pessoas.
O Brasil está enfrentando uma
crise econômica e, ao mesmo tem-
po, uma crise de liderança insti-
tucional. Nas empresas, o que os
líderes precisam fazer para com-
bater a descrença de seus times?
Se tornar líderes melhores. Lideran-
ça não é uma campanha de marke-
ting. Não se trata de convencer as
pessoas, mas de cuidar das pessoas.
Liderança não é sobre enviar uma
mensagem. É sobre a mensagem em
si. Pense no Dr. Martin Luther King:
250 000 pessoas foram ouvi-lo falar
de perto. Não houve lembretes por
e-mail, campanha no Facebook ou
hashtags para atrair essa multidão.
Todos eles se reuniram porque ti-
nham algo em comum – acreditar em
uma América em que as leis deveriam
ser iguais para todos, independente-
mente de cor da pele, religião ou
classe econômica. Dr. King foi capaz
de criar um movimento forte em um
momento de crise porque não ficou
parado esperando por um futuro me-
lhor. Ele não fez o discurso do “Eu
tenho um plano”. Ele fez o discurso
do “Eu tenho um sonho” e transfor-
mou em palavras o que ansiava. Com
isso, Dr. King nos deu um mundo do
qual poderíamos fazer parte e no
qual poderíamos contribuir. Ele não
quis tentar provar como poderia re-
solver tudo sozinho. Ele criou as con-
dições (e o desejo) para que nós fi-
zéssemos isso juntos, ao lado dele.
Líderes Se Servem
por Último
Simon Sinek
Editora: HSM
Preço: 44,90 reais
320 páginas
FOTO: GETTY IMAGES
CARREIRA H A B I L I DA D E

DE OLHO
NO FUTURO
O psicólogo e cientista social Philip Tetlock descobriu que a maioria
das previsões feitas por especialistas é furada. Mas existe um
grupo capaz de prever (e acertar) acima da média. Conheça os
segredos dessa elite e como aplicá-los no trabalho Por Luciana Lima

E
m 1956, o médico
polonês Archie
Cochrane re-
cebeu de u m
oncologista de
renome o diag-
nóstico de que
possuía um
câncer terminal
e teria poucos anos de vida. Por sor-
te, a previsão do especialista estava
equivocada e, após a análise do teci-
do supostamente canceroso por um
patologista, Archie se surpreendeu
com a suspensão de sua sentença de
morte. O episódio foi o responsável
por tornar o polonês o fundador do
movimento médico denominado me-
dicina baseada em evidências (MBE),
que defendia o uso de métodos cientí-
ficos para as práticas de saúde. Uma
resposta simplista poderia apontar
que se tratava de um erro médico,
difícil mas possível de acontecer. En-
tretanto, de acordo com o psicólogo e
cientista social canadense Philip Te-
tlock, a origem do equívoco estava no
fato de que nem Archie havia duvida-
do do diagnóstico nem o oncologista
questionara seu próprio julgamento,
mesmo sem o relatório do patologis-
ta como prova. Ou seja, o médico,
munido de um “complexo de Deus”,
acreditava que seu juízo não neces-
sitava de validação. O exemplo está
presente no livro que Philip lançou
em fevereiro, em parceria com o escri-
tor Dan Gardner, batizado de Super-
previsores – A Arte e a Ciência de
Antecipar o Futuro (Objetiva, 44,90
reais), e aponta para um dos nortes
da tese que defende: a ausência da
dúvida e do rigor científico afeta as
decisões de médicos, empresários e
líderes governamentais.
Nos últimos 20 anos, o estudioso
analisou previsões realizadas por
profissionais de renome e chegou a
uma primeira conclusão: especia-
listas têm tanta chance de prever
o futuro (mais precisamente 15%)
quanto chimpanzés de acertar no
alvo atirando dardos. Divulgada em
2005, a comparação causou polêmi-
ca e feriu alguns egos. A segunda
descoberta, porém, provocou curio-
sidade. Por meio de uma pesquisa
feita pelos autores em parceria com
a Iarpa (Intelligence Advanced Rese-
arch Projects Activity), consórcio de
inteligência do governo americano,
eles constataram que existem alguns
analistas capazes de acertar 60% a
mais do que a média. No estudo, eles
acompanharam pessoas comuns – do-
nas de casa, aposentados, professores
– que eram incitadas a fazer previ-
sões sobre acontecimentos políticos
e econômicos. Os bons resultados de
alguns deles, que não tinham acesso
a informações privilegiadas, foram
surpreendentes. Esse grupo de supe-
ranalistas não possui nenhum talento
excepcional. O que faz com que eles
se destaquem é a forma de pensar –
mais racional do que a média. E a boa
notícia é que esse tipo de raciocínio
pode ser desenvolvido por todos nós.

4 2 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A ILUSTRAÇÕES: ISTOCKIMAGES
PREVISÕES CERTEIRAS
AS ESTRATÉGIAS DOS SUPERANALISTAS PARA AJUDAR VOCÊ A IMAGINAR O QUE VEM POR AÍ
DUVIDE DAS SUAS CRENÇAS
Para a ciência, a melhor evidência
de que uma hipótese é verdadeira é
um experimento que comprove que
ela é falsa. Parece loucura, mas é a
maneira como os cientistas fazem
para descartar todas as alternati-
vas de erro. E essa capacidade de
duvidar constantemente de que
estamos de posse da verdade é uma
das características fundamentais
dos superanalistas. “Muitas pesso-
as não separam o fato da opinião
e, assim, se convencem de que seu
ponto de vista está correto baseado
na emoção, ignorando a realidade”,
diz Silvio Celestino, coach de São
Paulo. Isso não quer dizer que seja
necessário mudar de ideia o tempo
todo, mas adquirir conhecimentos
e atualizar suas crenças. “Pessoas
que ficam presas a valores antigos
não conseguem acompanhar essas
mudanças nem propor soluções ino-
vadoras para problemas”, diz Josué
Bressane, sócio-diretor da Falconi
Gente, empresa de recrutamento e
seleção, de São Paulo.
ADMITA QUE SEU
CONHECIMENTO É LIMITADO
Mesmo os superanalistas sabem
que, em um mundo complexo, nosso
conhecimento e nossa capacidade
de prever cenários e mudanças é
limitado. Segundo os autores, as
previsões de longo prazo são menos
propensas a se concretizar. Então,
para se tornar um analista de elite,
é preciso reconhecer que, embora
dominemos um assunto muito bem,
não possuímos todo o conhecimento
e, às vezes, precisamos de ajuda.
“Os líderes não reconhecem sua
vulnerabilidade. Precisamos extrair
conhecimentos dos outros para
complementar a nossa visão de
mundo”, diz Roberto Camanho,
professor da Escola Superior de
Propaganda e Marketing (ESPM) e
diretor de novos mercados da Am-
plix, consultoria de automação de
processos, ambas de São Paulo.
AVALIE OS ERROS POR TRÁS DOS
FRACASSOS – E DOS SUCESSOS
Além de não usar desculpas esfar-
rapadas para os fracassos, os supe-
ranalistas avaliam os projetos em
que obtiveram sucesso. O objetivo é
encontrar explicações para os acer-
tos. Muitas escolhas bem-sucedidas
são fruto de situações externas e
não significam, necessariamente,
que o raciocínio anterior estava
totalmente correto. “A retrospectiva
é um processo poderoso porque, se
você não avalia o que está vivendo,
entra em um piloto automático e
não questiona se está tomando as
melhores decisões ou se é melhor
quebrar esses padrões”, diz Mônica
Barroso, empreendedora e coach
que ministra aulas de empreen-
dorismo na The School of Life, em
São Paulo. Quer dizer: quanto mais
consciência você tiver dos seus pas-
sos, mais objetiva será a sua visão
de futuro. Mas nada de se flagelar
constantemente. “É preciso adotar
uma postura construtiva, equilibrar
erros e acertos e entender por que
aquilo aconteceu”, diz Mônica.
V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 43
CARREIRA H A B I L I DA D E

PENSE EM PROBABILIDADES ENTREVISTA

Poucas questões são 100% corretas
ou incorretas. Ficar constantemente
pensando no “talvez” não traz infor-
HUMILDADE
mações relevantes sobre cenários
futuros, mas identificar os graus
INTELECTUAL
de incerteza e levá-los em conta é O ESCRITOR DAN GARDNER CONTOU A VOCÊ
importante para formar um racio- S/A POR QUE TER UM EQUILÍBRIO ENTRE
cínio. “As previsões tendem a ser CERTEZA E INCERTEZA É IMPORTANTE
mais precisas se você utilizar dados PARA FAZER BOAS PREVISÕES
e fatos e analisar informações”, diz
Josué. Mas existe algo intangível
nessa conta: a sua percepção pesso- Vocês se definem de lado a certeza Em um estudo ho-
al e o fato de que todos nós podemos como céticos absoluta das suas landês os voluntários
cometer equívocos. “Entender que otimistas. Por quê? crenças. Tudo é uma foram convidados a
não existe uma regra geral para As pessoas tendem questão de probabi- identificar os sinais
tudo capacita o indivíduo a adquirir a ir para extremos lidade – uma escolha fisiológicos do medo.
uma visão sistêmica e se preparar quando se trata de sobre algo varian- Para um grupo de
para cenários futuros”, diz Anderson previsões. Em uma do de 1% a 99%. funcionários foi dito
Sant’Anna, professor e coordenador extremidade elas Esse “pensamento que receberiam
do núcleo de desenvolvimento de não investigam o probabilístico” é uma 20 fortes choques
pessoas e liderança da Fundação histórico do espe- ferramenta essencial elétricos e para
Dom Cabral, de Minas Gerais. cialista e confiam para uma boa toma- outro, 17, porém,
sem hesitar nos seus da de decisão. E, intercalados entre
prognósticos. No finalmente, ter hu- leves e fortes. Em
USE VÁRIAS FONTES outro extremo estão mildade quer dizer seguida os choques
DE INFORMAÇÃO os céticos. Nós nos que você sabe que foram dados. Quem
Os superanalistas compreendem posicionamos no as pessoas cometem experimentou mais
os riscos de fazer previsões apres- meio-termo porque, erros e que – já que medo? O último
sadas e reúnem uma gama de embora acreditemos você também é uma grupo, porque nunca
fontes confiáveis antes de emitir um que nosso desejo de pessoa – também se sabia se os cho-
julgamento. Porém, eles também prever seja maior que poderá cometê-los. ques seriam suaves
reconhecem que é preciso encontrar nossa capacidade de Isso é o que os psi- ou intensos. Nós
um equilíbrio entre ter posições fir- acertar, também sa- cólogos chamam de temos uma profunda
mes e qualificadas e ficar remoendo bemos que existe al- metacognição, que aversão psicológica
muito as decisões. “O ser humano guma capacidade de torna os indivíduos a incertezas e por
tem duas formas de decidir: pela antever as situações. mais propensos a se isso nos afastamos
intuição e pela razão. A intuição é Nós nunca seremos perguntar cons- de posicionamentos
mais rápida porque é resultado de videntes e gurus tantemente se eles que considerem a
experiências semelhantes às que capazes enxergar um estão certos nas existência delas.
tivemos anteriormente, já a ra- futuro distante, mas suas ações e assim
zãoé mais demorada porque exige algumas melhorias corrigir os erros.
um tempo de reflexão. O segre- podem fazer uma SUPERPREVISÕES:
do é unir as duas para diminuir diferença real. No Brasil estamos A ARTE E A CIÊNCIA DE
otempo de decisão”, diz Roberto. vivendo uma ANTECIPAR O FUTURO
Objetiva
A forma como você escolhe as Por que a época de incerteza 352 páginas
suas fontes também irá ajudar a humildade político-econômica R$ 38,90
acelerar esse processo. Excesso intelectual é na qual muitas
de dados não é conhecimento. É importante? pessoas tendem a
preciso selecionar algumas pes- Ter humildade inte- assumir posições
soas de confiança que possam ser lectual significa que inflexíveis. Por que
consultadas frequentemente. você pode deixar isso acontece?

4 4 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A FOTO: DIVULGAÇÃO
CARREIRA L I D E R A N ÇA

4 6 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A
 ETERNO
TREINADOR
Um dos técnicos mais
respeitados do mundo,
Alex Ferguson lança livro
sobre liderança e mostra como
se tornar um chefe admirado
S
e existe um técnico de
futebol que é reveren-
ciado por jogadores e
torcedores de todo o
mundo, é o escocês
Alex Ferguson. Centro-
avante quando era joga-
dor, ele teve uma car-
reira impressionante
como treinador: foram
38 anos nessa função –
27 à frente de um dos
maiores times do mundo, o Manchester
United. Em sua trajetória na equipe ingle-
sa, Ferguson conquistou 38 troféus (entre
eles, dois da Liga dos Campeões) e revelou
jogadores que se tornariam craques in-
ternacionais, como Cristiano Ronaldo e
David Beckham. Agora, três anos depois
de se aposentar, o treinador usa toda a sua
experiência de gestão de equipes para lan-
çar o livro Liderança (Intrínseca, 49,90
reais), escrito ao lado de Michael Moritz,
presidente da Sequoia Capital, e outro ex-
pert no tema. Na obra, Ferguson explica
quais são os ingredientes que fazem com
que os times se tornem vencedores, mos-
tra por que os líderes são tão importantes
na condução dos liderados para o sucesso
e explica, com exemplos pessoais, como se
tornar um treinador admirado. A seguir,
leia um trecho de Liderança.
Trecho
do livro
Inspiração
ão se consegue extrair o me-
N lhor das pessoas com surras
de chicote. Isso se faz con-
quistando o seu respeito, fa-
zendo com que se acostumem com o triunfo
e convencendo-as de que são capazes de
melhorar seu desempenho. Não consigo pen-
sar em nenhum treinador que tenha sido bem-
-sucedido por algum período com um reino
de terror. Acontece que as palavras mais
poderosas de um idioma são: “Bom trabalho”.
Grande parte da liderança consiste em extrair
de cada um aqueles 5% extra de desempenho
que as pessoas desconhecem ter.
Era sempre importante que os jogadores
apagassem da mente a memória da tempora-
da anterior, tivéssemos vencido ou perdido.
Se tivéssemos nos saído bem no último ano,
isso não necessariamente garantiria que nos
daríamos bem outra vez. E, se tivéssemos
perdido, eu não tinha interesse em prolongar
qualquer ressaca de derrotismo. A comissão
técnica — em particular a equipe de ciências
do esporte — me procurava com novas ideias
antes ou durante a pré-temporada, mas eu
nunca fazia uma reunião para ficar remoendo
o passado com os jogadores. Costumava
reuni-los ao meu redor em um semicírculo no
campo de treino e enfatizava o meu desejo de
vencer, usando isso como uma oportunidade
para estabelecer expectativas. Perguntava
aos mais experientes, que já tinham começa-
do a adquirir o gosto do Manchester United
pela vitória, quantas medalhas haviam ganha-
do. Dizia-lhes que não poderiam se considerar
atletas do Manchester United até terem con-
quistado dez medalhas. Lembro-me de ter dito
a Rio Ferdinand que ele não poderia se consi-
derar um jogador do Manchester United até
ter alcançado o nível de Ryan Giggs. É claro
que essa era uma missão impossível.
V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 47
CARREIRA L I D E R A N ÇA
É muito mais fácil fazer coisas difíceis quan-
do os outros gostam de você. Embora nunca
tenha almejado a popularidade, sempre tentei
dar uma atenção particular às pessoas no
Manchester United — ou dos outros clubes
com que me envolvi — que trabalhavam nos
bastidores e eram os nossos heróis anônimos.
E isso não era algo forçado e falso; simples-
mente parecia a coisa certa a fazer. Essas
pessoas não recebiam salários multimilioná-
rios nem aplausos do público; não usavam
relógios Patek Philippe ou dirigiam Bentleys.
Algumas — a equipe da lavanderia, os funcio-
nários do estádio, os garçons — iam trabalhar
de ônibus. Eles eram os sustentáculos do
clube. Alguns permaneceram por mais tempo
no Manchester United do que Ryan Giggs. De
certo modo, eles são o equivalente no clube
ao funcionalismo público — duram mais do que
o governo e, no Manchester United, mantinham
a continuidade e uma conexão com a nossa
tradição. Para mim era muito fácil ter afinida-
de com eles, já que a maioria tinha origens
parecidas com a minha.
Alguns técnicos tentam ser populares entre
os jogadores e se tornar um deles.
Isso nunca dá certo. Como líder, não é
preciso ser amado — ainda que de vez em
quando seja útil ser temido. Entretanto, aci-
ma de tudo, é preciso ser respeitado. Há al-
guns limites naturais que, quando cruzados,
tornam a vida mais difícil. Quando eu jogava
no Rangers, eles contrataram um novo trei-
nador, David White. Ele era jovem e um bom
homem, mas não estava à altura. Além de se
sentir intimidado pelo clube, ele vivia sob a
sombra de Jock Stein, do Celtic. Os jogadores
não tinham muito respeito por ele — em par-
te porque ele tinha muita intimidade com os
rapazes. O mesmo aconteceu no Manchester
United quando Wilf McGuinness sucedeu Sir
Matt Busby, em 1969. Wilf tinha muitas coisas
contra ele. Estava ocupando o lugar de uma
lenda; tinha apenas 31 anos e nenhuma ex-
periência como técnico. Contudo, o pior era
o fato de ele comandar um grupo de homens
com quem havia jogado. Era uma posição
impossível para ele. O meu predecessor ime-
diato no Manchester United, Ron Atkinson,
teve um problema parecido. Ele havia tido
muito mais sucesso como técnico do que
Wilf, mas também escolheu fraternizar com
4 8 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A
os jogadores. Isso realmente não funciona.
Um líder não é um dos comandados.
É vital manter certa distância. Ela pode ser
expressa de maneiras simples porém signi-
ficativas. Por exemplo, eu costumava me
sentar na frente do ônibus do time. Os joga-
dores compreendiam essa distância e, ao fim
da temporada, quando davam suas festas,
eu nunca era convidado. Convidavam toda a
comissão técnica, mas me deixavam de fora.
Isso não me ofendia. Eles estavam certos.
Com uma exceção no Aberdeen, nunca fui ao
casamento de um jogador. Havia uma linha
que eles não estavam preparados para cru-
zar, e eles respeitavam a minha posição. Isso
sem dúvida facilitava as coisas, porque,
Como líder,
não se pode
ficar correndo
de um lado
para outro
do navio
como técnico, não se pode ser sentimental
em relação aos jogadores. Certa vez, Jock
Stein me disse: “Não se apaixone pelos jo-
gadores, porque eles vão traí-lo”. Isso pode
soar um pouco rígido, mas Jock estava certo
ao dizer que não podemos criar laços com
aqueles que trabalham para nós. Só se pode
ter esse tipo de ligação quando eles estão
com problemas — quando precisam do seu
conselho. Perdi a conta das vezes que ajudei
jogadores com problemas pessoais e tenho
orgulho por eles terem confiado em mim a
ponto de saber que nossas conversas mor-
reriam comigo. Nessas situações, eu agia
como um padre, um pai ou advogado — o que
quer que fosse necessário para resolver o
problema. Mesmo hoje, muitos ex-jogadores
me pedem conselhos; isso reflete a confian-
ça que era a base do nosso relacionamento.
Quando os jogadores ficavam mais velhos,
eu não podia me dar ao luxo de ser gentil com
eles à custa do clube. Todas as evidências
estão no campo de futebol. Ele não mente.
Precisei tomar muitas decisões terríveis e tive
de ser implacável. Nunca esperei que os joga-
dores me amassem, mas também não queria
que me odiassem, porque então teria sido
impossível extrair o máximo deles. Tudo que
eu queria era que me respeitassem e seguis-
sem as minhas instruções. A não ser que você
entenda as pessoas, é muito difícil motivá-las.
Aprendi isso anos atrás na Escócia, quando
recebi uma lição de um jovem. Quando eu
treinava o Aberdeen, costumávamos viajar
para Glasgow toda quinta-feira à noite para
treinar meninos num campo de grama sinté-
tica para identificar os melhores jovens talen-
tos. Eu estava lá certa noite, usando meu
casaco com as iniciais “AF”, quando vi um
menino de uns oito anos fumando um cigarro.
Eu disse:
— Largue esse cigarro, filho. O que seu pai
pensaria se o visse fumando?
O menino me olhou e retrucou:
— Vá se f*!
E então se afastou. Meu auxiliar técnico,
Archie Knox, que estava comigo, morreu de rir
do modo como o garoto havia acabado comi-
go. Acontece que, ao refletir sobre o inciden-
te, percebi que não sabia nada sobre o meni-
no. Eu não fazia ideia de onde ele vinha, de
como eram seus pais, se havia sido provoca-
do pelos colegas ou por que alimentava tanta
raiva. A não ser que se saiba esse tipo de
coisa e se compreenda a personalidade da
pessoa, é impossível tirar o máximo dela. An-
tes de contratarmos jogadores, em especial
os mais novos, eu sempre tentava entender
as circunstâncias em que haviam crescido.
Os primeiros dez ou doze anos da vida de um
indivíduo têm uma influência profunda em
quem ele será na vida adulta.
LIDERANÇA
Autor: Alex Ferguson
Editora: Intrínseca
49,90 reais
352 páginas
 T R A JE T ÓRI A
L ONGE VA

CONHEÇA A CARREIRA
VENCEDORA DE ALEX
FERGUSON, QUE FICOU
27 ANOS ANOS À FRENTE
DO MESMO TIME 2 0 13
ANUNCIA A APOSENTADORIA E COMANDA A SUA ÚLTIMA
PARTIDA EM UM JOGO CONTRA O WEST BROMWICH.
UMA ESTÁTUA DE FERGUSON É INAUGURADA NA
19 5 7-19 6 0 PORTA DO OLD TRAFFORD, CASA DO UNITED.
ESTREIA COMO JOGADOR DE
FUTEBOL NO TIME ESCOCÊS
AMADOR QUEEN’S PARK. FERGUSON, 2008
QUE ERA ATACANTE, DISSE QUE CONQUISTA SUA SEGUNDA LIGA DOS CAMPEÕES SOBRE O
A SUA PRIMEIRA PARTIDA PELO GRANDE RIVAL, ARSENAL. GANHA, TAMBÉM, OUTRO MUNDIAL
TIME FOI UM PESADELO. DE CLUBES – DESSA VEZ EM CIMA DO EQUATORIANO LDU.

19 6 4 -19 6 7
COMEÇA A JOGAR COMO PROFISSIONAL NO DUNFERMLINE
2003
LANÇA AO ESTRELATO UM
ATHLETIC FOOTBALL CLUB, TAMBÉM NA ESCÓCIA.
FRANZINO ATACANTE DE 18 ANOS
QUE ESTAVA NO SPORTING, DE
PORTUGAL: CRISTIANO RONALDO.
19 6 9
ENTRA NO FALKIRK, TIME EM QUE EXERCEU UM PAPEL DUPLO:
DE JOGADOR E DE TÉCNICO AO MESMO TEMPO. FOI A PRIMEIRA
VEZ QUE DIRIGIU UMA EQUIPE. 2001
FERGUSON COMEÇA A PENSAR SOBRE A APOSENTADORIA.
MAS DESISTE E ASSINA UM CONTRATO DE RENOVAÇÃO LONGEVO
19 7 3 -19 74 19 74 COM O MANCHESTER, DESSA VEZ POR MAIS 11 TEMPORADAS.
INGRESSA NO É CONVIDADO PARA SER TREINADOR DO EAST
AYR UNITED, STIRLINGSHIRE, NA ESCÓCIA, MAS NÃO DURA
ONDE ENCERRA MUITO NO CARGO. O TIME PERDEU PARA O 19 9 9
SUA CARREIRA RIVAL ST. MIRREN E FERGUSON FOI DEMITIDO O UNITED BATE O PALMEIRAS DE LUIZ
COMO JOGADOR. ALGUNS MESES DEPOIS DE SER CONTRATADO. FELIPE SCOLARI NO MUNDIAL DE CLUBES.

19 7 8 -19 8 6 19 9 8 -19 9 9
ASSUME O ABERDEEN E FAZ UM ÓTIMO TRABALHO. EM 1980, É O PRIMEIRO TÉCNICO DE UM
CONQUISTA O CAMPEONATO ESCOCÊS – TAÇA QUE NÃO TIME INGLÊS A GANHAR A TRÍPLICE
ERGUIAM DESDE 1955. A EQUIPE GANHOU TRÊS CAMPEONATOS COROA: PREMIER LEAGUE, COPA DA
NACIONAIS, QUATRO COPAS DA ESCÓCIA E A COPA EUROPEIA, INGLATERRA E LIGA DOS CAMPEÕES.
TORNEIO QUE PRECEDEU A LIGA DOS CAMPEÕES.

19 9 8
19 8 6 19 8 7 19 9 2-19 9 3 É NOMEADO “SIR” PELA RAINHA
TORNA-SE TÉCNICO DA EQUIPE FERGUSON DESCOBRE, NO CITY, GANHA A ELIZABETH, DA INGLATERRA.
INGLESA MANCHESTER UNITED, PAUL RIVAL DO UNITED, UM JOGADOR PRIMEIRA PREMIER
MCGRATH
NA QUAL TERÁ UMA CARREIRA DE QUE ACHA MUITO PROMISSOR. LEAGUE – TROFÉU
27 ANOS. COM UM PERFIL DURO E É RYAN GIGGS, AINDA COM 14 QUE AINDA
DISCIPLINADOR, ELE CONSEGUE ANOS. O TREINADOR CONSEGUE LEVANTOU MAIS 19 9 3
FAZER COM QUE JOGADORES CONTRATÁ-LO E GIGGS SERÁ 12 VEZES. DAVID BECKHAM
COMO NORMAN WHITESIDE, PAUL BRYAN
UM ÍDOLO DO TIME, VESTINDO FERGUSON É É OUTRA APOSTA DO
MCGRATH E BRYAN ROBSON, QUE ROBSON A CAMISA COMO JOGADOR ATÉ ELEITO O TÉCNICO TREINADOR QUE DÁ
ESTAVAM DEPRIMIDOS E ABUSANDO 2014 E TORNANDO-SE, ENTÃO, DO ANO PELA CERTO. ELE FICOU
DA BEBIDA, VOLTEM A JOGAR BEM. ASSISTENTE TÉCNICO. PRIMEIRA VEZ. NO TIME ATÉ 2003.

V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 49
MERCADO E S PEC I A L

FLORESTA
DE EMPREGOS Com 93% de sua produção voltada às exportações, a indústria
brasileira de papel e celulose se beneficia do dólar caro e tem
planos de contratar, enquanto outros setores fecham postos
Por Izabel Duva Rapoport

5 0 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A FOTO: M Á RCIO BRU NO

 BRASIL BLINDADO
PAPEL E CELULOSE

Coleta de toras
das áreas de plantio
da Klabin: empresa
acaba de inaugurar
nova fábrica
em Ortigueira,
no Paraná

Gigante do papel
O Brasil é o quarto maior produtor mundial
de celulose. Confira alguns números do setor

REPRESENTATIVIDADE RECEITA BRUTA EM 2015

NO PIB INDUSTRIAL
70 bilhões
de reais

22% EMPREGOS DIRETOS

E INDIRETOS
4,23 milhões

EXPORTAÇÕES RENDA GERADA

8,4 bilhões 11,6 bilhões
DE DÓLARES OU
de reais

INVESTIMENTO
PREVISTO ATÉ 2020
3,8%
DO TOTAL 53 bilhões
de reais

V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 51
MERCADO E S PEC I A L

P
ara ter pros- O número de trabalhadores dessa in- mais com menos, e em menos tem-
peridade por dústria – responsável por 34% dos po, possibilita ao Brasil abastecer o
um ano, culti- 7,74 milhões de hectares de árvores mercado de forma mais rápida e a
ve grãos. Por plantadas no Brasil – passa de 4,23 preços competitivos, trazendo impac-
dez, cu lt ive milhões, entre empregos diretos e tos positivos aos produtos derivados
árvores. E por indiretos. E a expectativa, seguindo dessa cadeia”, afirma Elizabeth de
100 anos, cul- na contramão da crise nacional, é Carvalhaes, presidente da Indústria
tive pessoas.” contratar ainda mais. E a projeção Brasileira de Árvores (Ibá), entidade
É difícil não do setor é investir 53 bilhões de reais responsável pela representação ins-
se lembrar do em projetos no país até 2020. titucional da cadeia produtiva de ár-
pen sa mento Fatores como a alta do dólar, a gran- vores plantadas. A situação nunca foi
do filósofo chi- de demanda internacional (93% da tão favorável para o setor no país e só
nês Confúcio produção local é exportada), a qua- não está perfeita, segundo Elizabeth,
ao conhecer as histórias dos profis- lidade do produto e a produtividade porque as empresas vinham operan-
sionais e companhias da indústria no topo do ranking mundial (pelo do havia anos com o dólar baixo. “Um
de papel e celulose no Brasil, muitas menor ciclo de colheita que existe) passado ruim para a indústria que,
delas próximas do seu centenário, justificam a bonança pela qual o se- hoje, está em recuperação.” Atual-
como é o caso da Klabin (117 anos) e tor passa no Brasil. “A capacidade mente, o setor é responsável por 6%
da Suzano Papel e Celulose (92 anos). das empresas nacionais de produzir do PIB industrial do Brasil.

5 2 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A F O T O : F Í B R I A / DI V U L G AÇ ÃO

Cultivo de gente
Em novembro de 2015, período em
que profissionais de outros setores
já enfrentavam as incertezas do ce-
nário econômico do país, Thomás
Balistiero, de 35 anos, engenheiro
florestal da Fibria – maior produtora
mundial de celulose de eucalipto
com quatro unidades de negócio no
Brasil –, foi promovido a gerente-
-geral de operações florestais da
planta de Mato Grosso do Sul. Com a
promoção, passou a ser o gestor res-
ponsável pelas operações florestais
na fábrica de Três Lagoas, que passa
por uma expansão para aumentar
a sua capacidade de produção em
1,75 milhão de toneladas de celu-
lose por ano, chegando a um total
de 3 milhões de toneladas anuais.
“Hoje, são mais de 2 000 pessoas
na área florestal de Três Lagoas e
eu venho sendo preparado ao longo
dos últimos anos justamente para
liderar grandes equipes”, afirma
Thomás, que participa com frequ-
ência de programas de desenvol-
vimento de líderes na companhia.
O projeto de expansão da Fibria,
que planeja chegar a 3 000 postos
de trabalho até o fim de 2017, prevê
um investimento de 8,7 bilhões de
reais e a criação de 40 000 empre-
gos diretos e indiretos ao longo de
toda a execução da obra. “A empre-
sa tem dado preferência à contra-
tação da mão de obra local”, afirma
Luis Fernando Torres Pinto, diretor
Ampliação da fábrica da
Fibria em Três Lagoas
(MS): meta de elevar a
produção em 1,75 milhão
de toneladas anuais
“A CAPACIDADE DAS
EMPRESAS NACIONAIS
DE PRODUZIR MAIS COM
MENOS, E EM MENOS
TEMPO, POSSIBILITA AO
BRASIL ABASTECER O
MERCADO DE FORMA
MAIS RÁPIDA E A
PREÇOS COMPETITIVOS”
ELIZABETH DE CARVALHAES,
PRESIDENTE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
DE ÁRVORES (IBÁ)
V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 53
MERCADO E S PEC I A L

Custos de produção de celulose no Brasil e nos principais países produtores

JAPÃO

CHINA

FRANÇA/BÉLGICA

OUTROS/ÁSIA

SUÉCIA

PENÍNSULA IBÉRICA/NORUEGA

ESTADOS UNIDOS

FINLÂNDIA

CANADÁ

INDONÉSIA

CHILE/URUGUAI

ÁFRICA

RÚSSIA

BRASIL

Planta da Eldorado Brasil em Três Lagoas (MS):

previsão de investir 9 bilhões e contratar 6 000 pessoas

5 4 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A F O T O S : 1 A N N A C A R O L I N A N E G R I / VA L O R 2 M A R C I O S C H I M M I N G / F Í B R I A
EM DÓLARES, POR TONELADA de desenvolvimento humano e or-
F O N T E: I B Á
ganizacional da Fibria. Segundo o
508 executivo, mais de 1 000 pessoas da
comunidade já foram contratadas
498 e estão em fase de treinamento e

468 capacitação, tanto na área florestal,

quanto na industrial.
456 E essa não é só a realidade da Fi-

424 bria. A Eldorado Brasil, quinta maior

produtora mundial de celulose de
424 fibra curta (matéria-prima de fral-

420
das, papel-jornal e papel-moeda),
está em processo de ampliação da
406 sua unidade de negócio, também lo-
calizada em Três Lagoas, município
404 já popularmente conhecido como a

342 “capital mundial da celulose”. O pla-

no é investir 9 bilhões na obra para
327 aumentar a capacidade de produção

315 em 2 milhões de toneladas por ano,

superando os 4 milhões de toneladas
311 anuais – montante que dará origem
ao maior complexo industrial do
2

235 Brasil, com previsão de iniciar sua

produção no fim de 2018. Pioneira
na utilização de drones para mape-
ar a topografia de suas florestas, a
Eldorado é um dos empregadores
mais atraentes para quem busca uma
oportunidade de trabalho no setor.
“Atualmente temos cerca de 5 000
funcionários, e a nossa previsão é ter
mais 6 000 pessoas atuando na se-
gunda linha da unidade”, conta Elcio
Trajano Junior, diretor de recursos
humanos da companhia.
Dinamismo
Setor inaugura uma
nova fábrica a cada dois
anos no Brasil, um
investimento de
16 a 20
bilhões de reais
F O N T E: I B Á
1 Paulo Eduardo Rocha Brant, dire-
Thomás Balistiero, da Fibria: promoção a
gerente-geral de operações em plena crise
Os profissionais mais demandados
pelo setor são das áreas de engenha-
ria florestal, engenharia civil (para
atuar na construção das novas plan-
tas) e de finanças (que trabalhem
com análise, planejamento e mode-
lagem financeira), segundo o Fesap
Group, empresa de recrutamento
executivo com sede em São Paulo.
“Sem dúvida é um setor em alta no
que diz respeito a carreira”, afir-
ma Luana Maluf, sócia-consultora
do Fesap. Na Cenibra, empresa de
Minas Gerais que foi reconhecida
em 2015 pelo Guia VOCÊ S/A –
As 150 Melhores Empresas para
Você Trabalhar como a campeã da
categoria Papel e Celulose, as con-
tratações dos colaboradores pró-
prios vêm aumentando ano a ano,
passando de 3 748 em 2013 para 4
314 em 2015. “Noventa por cento das
posições de liderança são ocupadas
por meio de um programa interno de
gestão estratégica de pessoas”, diz

V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 55
MERCADO E S PEC I A L

tor-presidente da empresa. Segundo

ele, a iniciativa é uma oportunidade
para os talentos da companhia che-
garem a posições gerenciais.

Aumento de responsabilidade
Um dos que têm se beneficiado do
bom momento da indústria de papel
e celulose é Vinicius Campos, de 39
anos, gerente comercial de cartões
da Klabin em São Paulo. Em 2014,
sua área de responsabilidade era
somente no Brasil. Em 2015, ele
passou a atender toda a América
Latina. E, neste ano, seu mercado
de atuação chegou a países como
Suécia e Estados Unidos. Com for-
mação em finanças e participação
nos resultados da companhia, ele
tem motivos de sobra para come-
morar o crescimento do setor. “Essa
participação representa uma fatia
significativa do meu salário anual:
por volta de 35% da minha remune-
ração é variável”, diz Vinicius.
Um dos reflexos da expansão dos
negócios da Klabin foi a recente
inauguração – depois de 24 meses
em obra – de sua nova fábrica de
celulose, localizada no município
de Ortigueira, no Paraná. Com um
investimento de 8,5 bilhões de reais
– o maior em seus 117 anos de histó-

Vinicius Campos, da Klabin:

expansão no mercado
internacional inflou a
1
remuneração variável

A todo vapor
Desde o ano passado, a indústria de papel e celulose só cresceu, com impacto sobre as contratações
PRODUÇÃO BRASILEIRA PRODUÇÃO BRASILEIRA EXPORTAÇÕES EXPORTAÇÕES
DE CELULOSE DE PAPEL DE CELULOSE DE PAPEL
(EM MILHÕES DE TONELADAS, NO (EM MILHÕES DE TONELADAS, NO (EM MILHÕES DE TONELADAS, NO (EM MILHARES DE TONELADAS, NO
PRIMEIRO TRIMESTRE DO ANO) PRIMEIRO TRIMESTRE DO ANO) PRIMEIRO TRIMESTRE DO ANO) PRIMEIRO TRIMESTRE DO ANO)

2016 2015 2016 2015 2016 2015 2016 2015

4,5 4,1 2,57 2,55 3,2 2,8 515 462

F O N T E: I B Á

5 6 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A FOTOS: 1 PAULO SANTOS 2 DIVULGAÇÃO

 2

Tecnologia de ponta: Eldorado Brasil utiliza drones para mapear a topografia de suas florestas de eucalipto no Mato Grosso do Sul

ria – a nova unidade é responsável os olhos de profissionais de outros pessoas vindas de indústrias como
por 1 400 empregos diretos e indi- setores. No mês passado, em junho, telecomunicações, bens de consu-
retos. Durante a construção, mais a Klabin, maior produtora nacional mo duráveis e não duráveis, entre
de 20 000 pessoas trabalharam nos de papéis do Brasil, ficou entre as 11 outras”, afirma Sergio Piza, diretor
canteiros – um volume bem acima empresas mais atraentes para traba- de gente e gestão da Klabin. É um
da metade da população do municí- lhar, em lista realizada e divulgada daqueles poucos casos em que os
pio, de 23 000 habitantes, o que ex- pela rede social para profissionais profissionais podem acreditar, sem
plica por que a empresa faz brilhar LinkedIn. “Estamos no radar de medo, que dinheiro dá em árvores.

Vagas e salários
Confira as posições mais demandadas no momento por essa indústria e os salários médios

POSTOS EM ALTA CONTRACHEQUE (EM REAIS)

ENGENHEIRO E PROFISSIONAIS CARGOS OPERACIONAIS ................................ 1 883
GERENTE FLORESTAL: DE FINANÇAS: COORDENAÇÃO .............................................. 7 502
GERÊNCIA ....................................................... 18 783
PARA TRABALHAR NA DA ÁREA DE ANÁLISE,
EXPANSÃO OU ABERTURA PLANEJAMENTO E
DE NOVAS FÁBRICAS MODELAGEM FINANCEIRA DIREÇÃO ......................................................... 50 500

F O N T E S : F E S A P G R O U P E G U I A VO C Ê S /A - A S M E L H O R E S E M P R E S A S PA R A VO C Ê T R A B A L H A R

V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 57
MERCADO CENÁ R IO

A VIDA DEPOIS DO
O que esperar da contas públicas, retomar a confiança
e fazer reformas estruturais e institu-
economia e do mercado de cionais. No curto prazo, as perspecti-
trabalho com a mudança vas de uma recuperação econômica
de governo no Brasil permanecem ruins. Os números mais

O
Por Izabel Duva Rapoport
Brasil vive um mo-
mento de expectati-
va quanto ao futuro.
A mudança no cená-
rio político trouxe ao
atual governo, admi-
nistrado pelo presi-
dente interino Mi-
chel Temer, desafios
como reequilibrar as
recentes, porém, são otimistas com
relação ao futuro, pois sinalizam um
retorno gradativo de investimentos.
Um dos sinais mais importantes foi o
crescimento do Índice de Confiança do
Consumidor (ICC), medido pela Fede-
ração do Comércio de Bens, Serviços e
Turismo do Estado de São Paulo, que
registrou, em junho, alta de 7,9% em
relação a maio, interrompendo uma
sequência de 40 meses de quedas.
A decisão definitiva sobre o im-
peachment, no Senado, só deve sair

ESTRATÉGIAS PARA O PERÍODO

AS EXPECTATIVAS DOS ESPECIALISTAS EM EMPREGO E ECONOMIA PARA ABERTURA
DE VAGAS, REMUNERAÇÃO E INVESTIMENTOS DURANTE O NOVO GOVERNO

EMPREGOS SETORES EM ALTA SALÁRIOS

A GERAÇÃO DE VAGAS
SERÁ DIRETAMENTE
PROPORCIONAL À CAPA-
S EGUNDO RICARDO AMORIM, DA
RICAM, OS SETORES QUE VÃO
CONTRATAR PRIMEIRO SÃO: AGRO-
M ESMO COM A VOLTA DO CRESCIMENTO
ECONÔMICO, AS TAXAS DE DESEMPREGO
AINDA DEMORARÃO A REAGIR, O QUE FARÁ COM
CIDADE DO GOVERNO DE NEGÓCIO, ALIMENTAÇÃO, EDUCAÇÃO QUE AS NEGOCIAÇÕES SALARIAIS CONTINUEM
APROVAR AS REFORMAS E SAÚDE. “ESSE GRUPO JÁ ESTÁ DIFÍCEIS. OS PROFISSIONAIS QUE TRABALHAM
NO CONGRESSO. “A COM UM DESEMPENHO ECONÔMICO EM EMPRESAS QUE JÁ ESTÃO ENTREGANDO
EXEMPLO DA RELAÇÃO MELHOR EM COMPARAÇÃO COM RESULTADOS TÊM MAIS ESPAÇO PARA NEGOCIAR.
ENTRE AS COMMODITIES OS OUTROS MERCADOS”, AFIRMA. JÁ OS QUE ATUAM EM COMPANHIAS CUJA PREVISÃO
E A TAXA DE CÂMBIO OU A REAÇÃO DE ÁREAS MAIS DEPEN- DE GANHOS ESTÁ AFETADA PELA CRISE DEVEM
DA INDÚSTRIA AUTOMOTI- DENTES DE ESTÍMULOS FISCAIS E AGUARDAR. “O EXECUTIVO DE ALTA PERFORMANCE
VA COM A LIBERAÇÃO DE DE CONFIANÇA, COMO CONSTRUÇÃO PRECISA TER CONSCIÊNCIA DE FAZER A ABORDAGEM
CRÉDITO PELOS BANCOS”, CIVIL E INDÚSTRIA AUTOMOTI- NO MOMENTO CERTO”, DIZ RODRIGO SOARES, DA HAYS,
AFIRMA FERNANDO GÓES, VA, DEVE SER MAIS LENTA. EMPRESA DE RECRUTAMENTO, DE SÃO PAULO.
DA OCKAM. NO MÉDIO
PRAZO, A RETOMADA
PROGRESSIVA DAS
OBRAS DE INFRAESTRU-
TURA, DAS CONCESSÕES PROMOÇÕES
E DAS PARCERIAS
PÚBLICO-PRIVADAS
DEVE CRIAR POSTOS
DE TRABALHO NAS
N UM PERÍODO DE CORTE DE CUSTOS, A ESTRATÉGIA PARA AUMENTAR AS CHANCES DE PROMOÇÃO É
PROPOR SOLUÇÕES QUE AJUDEM A EMPRESA A AUMENTAR SUA EFICIÊNCIA E IR ATRÁS DE NOVAS
FONTES DE RENDA PARA A COMPANHIA. “O PROFISSIONAL NÃO DEVE SE DEIXAR CONTAMINAR PELO CLIMA
ÁREAS DE ENGENHARIA, DE CRISE, MAS TRABALHAR PARA TRANSFORMAR OS RESULTADOS”, DIZ RICARDO AMORIM. QUEM ESTÁ
TECNOLOGIA, AGRONE- ACUMULANDO FUNÇÕES DEVE SER RECOMPENSADO QUANDO O CENÁRIO COMEÇAR A MELHORAR. E QUEM
GÓCIO E SERVIÇOS. NÃO ESTÁ DISPOSTO A ESPERAR, ENTRETANTO, DEVE FICAR ATENTO ÀS OPORTUNIDADES FORA DO PAÍS.

5 8 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A
IMPEACHMENT
em agosto, mas a mudança de gover-
no já gera novas expectativas junto
ao empresariado. “Esse efeito é mais
psicológico do que prático. Mas isso
A MUDANÇA NO não é um avanço pequeno se compa-
rado ao quadro de paralisia do gover-
CENÁRIO POLÍTICO no Dilma Rousseff”, diz Fernando
TROUXE AO Góes, da Ockam Consulting, consul-
toria de gestão de negócios, de São
ATUAL GOVERNO, Paulo. “Basta que o novo governo
consiga a aprovação das medidas no
ADMINISTRADO Congresso para que a economia se
recupere e volte a viver um ciclo de
PELO PRESIDENTE crescimento.” É claro que a queda de
alguns ministros de Temer atrapalha
INTERINO a restauração da credibilidade, mas,
segundo o executivo, não compromete
MICHEL TEMER, a retomada econômica. “Se o marco
DESAFIOS COMO
REEQUILIBRAR
AS CONTAS EDUCAÇÃO CONSUMO
regulatório acontecer, vai destravar
as atividades do empresariado”, diz.
A boa notícia é que a recuperação,
quando vier, deve ser forte. Esse é o
assunto de Depois da Tempestade
(Prata Editora, 49,90 reais), em que
Ricardo Amorim, CEO da Ricam Con-
sultoria Empresarial, de São Paulo,
aborda o cenário pós Dilma Rousseff.
Para ele, o desemprego ainda deve
crescer antes de começar a cair e os
setores que vão se recuperar mais
rápido são agronegócio, alimentação,
educação e saúde. “As vagas na cons-
trução e na indústria automotiva
também vão voltar, mas, como são
mais dependentes de confiança e de
crédito, devem demorar mais”, diz.

PÚBLICAS, C OM O DÓLAR ALTO,

MUITAS EMPRESAS
BRASILEIRAS FORAM
O S INDICADORES APONTAM PARA UMA LEVE QUEDA DA INFLAÇÃO. EM JUNHO,
O IPCA-15, USADO COMO PRÉVIA DA INFLAÇÃO, FICOU EM 0,40%, BEM ABAIXO DO
RESULTADO DE MAIO, QUANDO A ALTA CHEGOU A 0,86%. SEGUNDO O IBGE, ESSE FOI O
RETOMAR A ADQUIRIDAS POR GRUPOS
ESTRANGEIROS. EM JUNHO,
MENOR ÍNDICE PARA O MÊS DESDE 2013, QUANDO FICOU EM 0,38%. AINDA ASSIM, É
NECESSÁRIO CAUTELA AO REALIZAR UM PROJETO CARO. “AS PESSOAS AINDA ESTÃO
CONFIANÇA POR EXEMPLO, FOI APROVADA
UMA EMENDA QUE PERMITE A
PREOCUPADAS COM O EMPREGO E O SALÁRIO, MAS, QUANDO A CONFIANÇA VOLTAR, O
CONSUMO TAMBÉM VOLTARÁ”, DIZ MARCOS GOUVÊA DE SOUZA. MAS É PRECISO TER
COMPANHIAS GRINGAS DETER ATENÇÃO, PORQUE OS JUROS PERMANECERÃO ALTOS PARA CONTER A INFLAÇÃO E SE
DA CLASSE 100% DO CAPITAL DAS AÉREAS PREVÊ UMA NOVA ELEVAÇÃO DO DÓLAR, O QUE AUMENTA O RISCO DE ENDIVIDAMENTO.
BRASILEIRAS. “NESTE NOVO CON-
EMPRESARIAL TEXTO, OS PROFISSIONAIS TÊM
QUE ESTUDAR IDIOMAS E ADQUIRIR

E REALIZAR UMA VISÃO GLOBAL”, DIZ MARCOS

GOUVÊA DE SOUZA, DIRETOR-GERAL
DO GRUPO GS&MD, DE SÃO PAULO.
REFORMAS PROFISSIONAIS DESEMPREGADOS
(QUE NÃO TÊM DINHEIRO) PODEM
IMÓVEIS INVESTIMENTOS
S E VOCÊ TEM DINHEIRO PARA
DAR UMA BOA ENTRADA OU A RECOMENDAÇÃO É INVESTIR
EM APLICAÇÕES COMO CDB,

ESTRUTURAIS E RECORRER À OFERTA DE CURSOS

GRATUITOS ONLINE DE QUALIDADE,
DISPONÍVEIS EM CANAIS COMO O
INSTITUCIONAIS COURSERA. PARA QUEM ESTÁ EMPRE-
GADO, É POSSÍVEL SE DESENVOLVER
MESMO DURANTE O EXPEDIENTE.
“ENVOLVER-SE COM PROJETOS
MAIS COMPLEXOS, ESPECIALMENTE
AQUELES QUE NINGUÉM QUER TOCAR,
É UM BOM CAMINHO. SE O PROJETO
EVENTUALMENTE DER CERTO E
TROUXER RECEITAS, IMPULSIONA A
CARREIRA DE QUEM SE ENVOLVEU”,
AFIRMA RICARDO AMORIM, DA RICAM.
PARA COMPRAR À VISTA, APRO-
VEITE O MOMENTO DE EXCESSO DE
OFERTA E NEGOCIE DESCONTOS. EM
ABRIL DE 2016 FORAM VENDIDAS
7 146 UNIDADES DE IMÓVEIS EM
TODO O BRASIL, UM RECUO DA 14,4%
ANTE AS VENDAS DO MESMO MÊS
DE 2015. MAS AGORA NÃO É UMA
BOA HORA PARA O FINANCIAMENTO
IMOBILIÁRIO. O MOTIVO? JUROS
ALTOS. ENTRAR NUMA DESSAS É
CORRER ALTOS RISCOS, COMO UMA
POSSÍVEL DIMINUIÇÃO DA RENDA
POR CONTA DA PERDA DO EMPREGO.
LCI, LCA E TESOURO DIRETO, COM
BAIXA OU NENHUMA TAXA DE
ADMINISTRAÇÃO. OS MAIS VANTAJO-
SOS DEVEM SER OS TÍTULOS PRÉ-
-FIXADOS ATRELADOS À INFLAÇÃO,
JÁ QUE SE PREVÊ QUE, ATÉ O FIM
DO ANO, OS JUROS BÁSICOS DEVEM
BAIXAR. “É RECOMENDÁVEL PENSAR
DE FORMA CONSERVADORA.
APLICAR EM FUNDOS CAMBIAIS OU
NA BOLSA, NESTE PERÍODO DE IN-
CERTEZAS, SÓ MESMO SE VOCÊ FOR
UM INVESTIDOR PROFISSIONAL”, DIZ
FERNANDO GÓES, DA OCKAM.

FOTO: LAÍLSON SANTOS V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 59

MERCADO G E S TÃO D O T E M P O
TRABALHO...
COM UMA MALA
DE BRINDE
A oferta de posições que exigem que os profissionais se dividam entre duas ou mais
cidades tem crescido. Avalie se esse esquema de trabalho funcionaria para você
Q
uando se candidatou
ao posto de diretora
de RH da agência de
publicidade NBS, a
executiva Adriana
Massari, de 44 anos,
foi questionada se
estava de acordo
com um dos pré-
-requisitos do car-
go: atender as duas
unidades da agência – a matriz, no
Rio de Janeiro, e o escritório de São
Paulo. Adriana topou o desafio. De
lá para cá, foram quatro anos de via-
gens, passando de segunda a quarta-
-feira no Rio e as quintas, sextas e
fi ns de semana em São Paulo. Foi um
período de sacrifícios, principalmen-
te porque o fi lho de Adriana tinha 13
anos de idade na época. “Ele estava
entrando na adolescência, aquela fase
em que a gente se preocupa com as
amizades, com os locais aonde seu
fi lho vai. Eu tinha uma culpa muito
grande.” Mas foi também uma época
de grande aprendizado. “Atuar nesses
dois mercados me ensinou sobre a
importância dos fatores culturais e
da flexibilidade na gestão de pessoas.
As prioridades, a linguagem, a forma
como cada povo enxerga o trabalho
6 0 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A
Por Vanessa Vieira
são diferentes. No Rio, por exemplo,
você tem de ser mais informal, tem
de adequar o discurso”, afi rma ela.
A experiência adquirida nesse pe-
ríodo foi crucial para que Adriana
fosse convidada, em dezembro do ano
passado, a assumir a diretoria de RH
do grupo Dentsu Aegis Network no
Brasil, onde cuida de cinco agências,
com escritórios no Rio, São Paulo,
Belo Horizonte, Brasília e Curitiba.
“Como são mais cidades, agora mi-
nha passagem por cada uma é mais
curta”, diz a executiva.
Histórias como a de Adriana estão
cada vez mais comuns no mercado
de trabalho, em consequência de
uma série de fatores. Em primei-
ro lugar, o avanço das tecnologias
facilitou a comunicação remota e
possibilitou colocar um mesmo
profi ssional a serviço de diferen-
tes operações. “Isso explica, por
exemplo, a concentração da gestão
de grandes áreas, como a América
Latina, sob a responsabilidade de
um mesmo profi ssional. Em casos
mais extremos, temos visto divisões
chamadas genericamente de ‘mer-
cados internacionais’, que podem
reunir regiões tão diferentes como
América Latina, Ásia e Pacífi co”,
afi rma Rafael Souto, da consultoria
Produtive, de recolocação profi ssio-
nal. “Mas é também uma forma de
trabalhar a cultura organizacional,
porque tem prevalecido a visão de
que é mais fácil assegurar o alinha-
mento da cultura quando diferentes
áreas são supervisionadas por um
mesmo gestor”, diz Rafael.
Fase de consolidação
No Brasil, essa situação também
tem se intensificado em função de
fusões e aquisições, que acabam por
ampliar o número de operações sob
a responsabilidade de um mesmo
profi ssional. Segundo Rafael Sou-
to, esse modelo de trabalho é mais
comum em cargos de gestão e em
negócios que estão em fase de con-
solidação em novos mercados. Este
é o caso do engenheiro eletrônico
peruano Herbert Galiano, de 49
anos, diretor de desenvolvimento
de negócios na América do Sul da
WeDo Technologies, empresa por-
tuguesa de tecnologia. Herbert, que
vive com a família em Campinas
(SP), foi contratado pela WeDo há
três anos com a missão de expandir
os negócios da companhia na Amé-
rica do Sul. A cada mês, o executivo
 passa uma semana no Brasil, nos
escritórios do Rio ou de São Paulo, e
as três semanas seguintes são divi-
didas entre Lima, no Peru; Santiago,
no Chile e La Paz, na Bolívia. “Ba-
sicamente, passo os fi ns de semana
em Campinas”, diz ele. Ele explica
que precisa ficar um período maior
a cada mês nessas capitais – em vez
de fazer viagens pontuais – porque
ainda está construindo uma base de
clientes nesses mercados. “Mas esse
trabalho já está dando frutos. Nossa
previsão é inaugurar um escritório
em Santiago em 2017”, diz Herbert.
Na impossibilidade de ter uma
casa em cada uma dessas cidades, o
engenheiro eletrônico adotou como
regra hospedar-se sempre nos mes-
mos hotéis. “Aos poucos, você vai
conhecendo as pessoas e aquela
região da cidade. Dá a sensação de
ter uma base fi xa”, diz ele. Nos dias
em que viaja entre as cidades que
atende, Herbert perde
cerca de 5h30 entre
Silvia voo e espera em aero-
Azevedo portos. Para o execu-
DIRETORA DA ENERSUD
tivo, quem vive uma
E DA FINE INSTRUMENT
TECHNOLOGY rotina dessas precisa
aprender a exercitar o
TRABALHO EM: desapego. “Você perde
Maricá e aniversários e muitas
São Carlos datas i mpor ta ntes.
Eu tento compensar
isso me comunicando
muito por WhatsApp
e redes sociais e apro-
veitando a companhia
TEMPO GASTO
da família no fi m de se-
COM DESLOCAMENTO:
10 horas semanais mana”, afi rma. Do pon-
(ENTRE VOOS E VIAGEM to de vista profissional,
PELA ESTRADA) Herbert acredita que
o grande ganho desse
tipo de experiência é
o networking constru-
ído. “Mesmo que mude
DISTÂNCIA PERCORRIDA
de empresa, os rela-
AO LONGO DO MÊS: cionamentos que você
1 060 faz são um capital que
quilômetros você leva aonde quer
que vá”, diz ele.

FOTO: CADU PILOTTO V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 61

MERCADO G E S TÃO D O T E M P O
Herbert
Galiano
DIRETOR DE DESENVOLVI-
MENTO DE NEGÓCIOS DA
WEDO TECHNOLOGIES NA
AMÉRICA DO SUL
TRABALHO EM:
São Paulo, La Paz,
Lima e Santiago
TEMPO GASTO COM
DESLOCAMENTO:
11 horas semanais
Piora no Rio (ENTRE VOO E ESPERA
Outro fator que, segundo os especia- EM AEROPORTOS)
listas, tem provocado um aumento
do número de profi ssionais brasilei-
ros dispostos a se dividir entre duas
ou mais cidades foi a piora do merca-
do de trabalho no Rio de Janeiro, que DISTÂNCIA PERCORRIDA
fez com que muitos cariocas come- AO LONGO DO MÊS:
çassem a buscar oportunidades em 9 000
São Paulo. “Muitos se candidatam e quilômetros
já se prontificam a atender as duas
capitais”, diz Simone Madrid, da Talk
to Top, empresa de Executive Sear- alternam entre Rio de Janeiro e São
ch, no Rio de Janeiro. Embora mais Paulo. Desde 2010, quando vendeu
comum em posições de alta gestão, sua participação em uma empresa,
esse modelo de trabalho já está che- ela resolveu apostar em dois outros
gando a posições de média gerência negócios – uma empresa de turbinas
de alguns setores, como tecnologia. eólicas de pequeno porte em Maricá
“Há casos, por exemplo, de coorde- (RJ) e uma empresa de tecnologia
nadores de assistência técnica que de ressonância magnética em São
atendem escritórios espalhados por Carlos (SP), ambas administradas
todo o país”, diz Rafael Souto. por ela. A cada vez que vem a São
A empresária carioca Silvia Aze- Carlos, Silvia precisa pegar um voo
vedo, de 46 anos, é uma das que se entre Rio e Campinas e enfrentar
6 2 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A
O teste da
vida dupla
Prós
VALORIZAÇÃO DO PASSE:
TER SOB SUA RESPONSABILIDADE
MAIS DE UMA ÁREA DEMONS-
TRA A CONFIANÇA DA EMPRESA
NAQUELE PROFISSIONAL.
COMPETITIVIDADE:
ESSAS FUNÇÕES INDICAM CAPA-
CIDADE DE GERIR PROJETOS QUE
ENVOLVEM MÚLTIPLAS REGIÕES.
VISIBILIDADE E INFLUÊNCIA:
AO CIRCULAR POR MAIS ESCRI-
TÓRIOS, SE RELACIONAR E SE
REPORTAR A DIFERENTES LIDE-
1 RANÇAS, O PROFISSIONAL GANHA
MAIS EXPOSIÇÃO E UMA REDE DE
CONTATOS MAIS RICA, O QUE PODE
FAVORECER AS PROMOÇÕES.
RÁPIDA AQUISIÇÃO DE
EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL:
A VIVÊNCIA DE OUTRAS REALIDA-
DES CULTURAIS É VALORIZADA
PELO MERCADO. NORMALMENTE,
ESSA BAGAGEM É ADQUIRIDA EM
EXPERIÊNCIAS INDIVIDUAIS DE
EXPATRIAÇÃO. NESTE CASO, É
POSSÍVEL CONHECER DIFERENTES
CULTURAS SIMULTANEAMENTE.
REPERTÓRIO SOBRE
DIFERENTES AMBIENTES
DE NEGÓCIOS:
O CONHECIMENTO SOBRE O
MERCADO DE OUTROS PAÍSES É
UM DIFERENCIAL NO MOMENTO
DA CONTRATAÇÃO PARA ALGUMAS
FUNÇÕES. “NUMA EMPRESA QUE
TEM PLANOS DE SE EXPANDIR
PELA AMÉRICA LATINA, ALGUÉM
QUE JÁ CONHECE O MERCADO
ARGENTINO, POR EXEMPLO, LEVA
VANTAGEM”, DIZ RAFAEL SOUTO.
COMPARE OS PRÓS E OS
CONTRAS DE ACEITAR UMA
POSIÇÃO QUE EXIJA VIVER
EM MAIS DE UMA CIDADE
Contras
IMPACTO NA VIDA PESSOAL:
DE ACORDO COM O MOMENTO DE
VIDA EM QUE SE ESTÁ, ESSE TIPO
DE CARGO PODE SER MAIS SACRIFI-
CADO. ELES FUNCIONAM MELHOR
PARA QUEM É SOLTEIRO OU JÁ ESTÁ
COM OS FILHOS CRIADOS E É MAIS
DIFÍCIL PARA OS RECÉM-CASADOS
OU PAIS DE FILHOS PEQUENOS.
DIFICULDADE DE
CONSTRUIR UMA ROTINA:
PLANOS PESSOAIS, COMO FREQUEN-
TAR REGULARMENTE A ACADEMIA
OU FAZER UMA PÓS-GRADUAÇÃO
PODEM SER PREJUDICADOS PELOS
VOOS NO MEIO DA SEMANA E
PELA DIVISÃO DAS ATIVIDADES
ENTRE DUAS OU MAIS CIDADES.
RESISTÊNCIA DAS
EQUIPES LOCAIS:
A ACEITAÇÃO, POR UMA EQUIPE
REGIONAL, DE UM GESTOR VINDO DE
FORA NEM SEMPRE É TRANQUILA.
REPORTE A MUITAS CHEFIAS:
É PRECISO ESTABELECER CLARA-
MENTE AS RESPONSABILIDADES ES-
PERADAS E A QUEM O PROFISSIONAL
SE REPORTARÁ, DE MODO QUE SE
POSSA DESENVOLVER UM PROJETO
COMUM, COM AÇÕES COERENTES EN-
TRE SI, NAS DIFERENTES UNIDADES.
PROBLEMAS DE ADAPTAÇÃO:
CABE INVESTIGAR QUAL A ESTRU-
TURA DE CUSTOS OFERECIDA A
QUEM TEM UMA SEGUNDA BASE. SE
VOCÊ É O TIPO DE PESSOA QUE NÃO
AGUENTA PASSAR METADE DO MÊS
EM HOTÉIS, INVESTIGUE SE A EM-
PRESA COBRIRIA OS CUSTOS DE UM
ALUGUEL NO SEGUNDO ENDEREÇO.
FOTOS: 1 PAULO SANTOS 2 ROGÉRIO PALLATTA
Adriana
Massari
DIRETORA DE
RH DO GRUPO DAN
TRABALHO EM:
2
Rio e
São Paulo
TEMPO GASTO COM
DESLOCAMENTO:
5 horas semanais
(ENTRE VOO E ESPERA
EM AEROPORTOS)
DISTÂNCIA PERCORRIDA
AO LONGO DO MÊS:
2 856
quilômetros
mais duas horas de estrada – uma
operação que consome cerca de
cinco horas no total. A empresária
diz que a principal lição deixada por
essa experiência é a compreensão
de que não se pode ser onipresente.
“Antes, tinha dificuldade para dizer
não. Hoje, montei uma equipe muito
boa e aprendi a delegar”, diz ela.
Para o investidor e palestran-
te paranaense Allan Costa, de 44
anos, a vida de deslocamentos entre
Curitiba e São Paulo, onde ele passa
um terço do mês, foi uma escolha,
baseada na chance de aproveitar
as oportunidades de negócios que
surgem na capital paulista. Como
passa um período prolongado fora do
Paraná, onde fica sua família, Allan
também mantém um flat em São
Paulo. “Por enquanto, só tenho es-
critório em Curitiba. Em São Paulo,
trabalho em espaços de coworking
ou em cafés”, diz ele. Allan diz que
o fato de não gostar de rotina e de
ter um horário flexível de trabalho
o ajuda a administrar a vida dupla.
“Quando estou em Curitiba, organi-
zo meu dia para assistir aos ensaios
de música do meu fi lho, de 13 anos,
e jogar basquete com ele.”
Mas todos os entrevistados desta
matéria lembram que é preciso estar
preparado para lidar com a frustra-
ção e com a sensação de impotência
em muitos momentos. “São muitas
variáveis fora do seu controle, inclu-
sive atmosféricas. Tem dias em que a
sua família está te esperando, você já
está no aeroporto e o voo é cancela-
do. Aí, você tem que pegar sua mala
e voltar para o hotel. É bem difícil”,
diz Adriana Massari.
V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 63
DINHEIRO MO B I L I DA D E

TOPA RACHAR
A CORRIDA?
Trocar o veículo pelos serviços de aluguel e de transporte compartilhado pode ser
uma alternativa para quem quer economizar. O que levar em conta para decidir
se esse sistema vale a pena para você Po r An n a C a r o l i n a Ro d r i g u e s e Va n e s s a Vi e i r a

Faça a conta
A RELAÇÃO-CUSTO BENEFÍCIO DAS MODALIDADES
DE TRANSPORTE VARIA CONFORME O USO E O
TAMANHO DO PERCURSO. SAIBA O QUE CONSIDERAR
AO CALCULAR O SISTEMA MAIS ECONÔMICO

UBER X
Preço de partida de
3 reais, 0,35 real por
minuto e 1,43 real por
quilômetro rodado.
CARRO PRÓPRIO
Parcela de financiamen-
to, seguro, IPVA,
estacionamento,
combustível, licencia- PARPE
mento e depreciação do 45 a 200 reais (diária de
bem (desvalorização do locação de um carro,
investimento ao comprar conforme o modelo).
o carro, em vez de render
em alguma aplicação)
 N
a esteira da re-
gulamentação
dos aplicativos
de transporte
individual de
pa ssagei ros,
como Uber, Easy
e 99 Taxis, a
Prefeitura de
São Paulo tam-
bém autorizou
em maio, por meio de decreto, os
serviços de compartilhamento de
veículos e de carona solidária. Com
a permissão na capital paulista, a
tendência é que outras cidades bra-
sileiras sigam pelo mesmo caminho.
O compartilhamento de veículos
ZAZCAR é uma tendência mundial. Já são 5,8
Mensalidade de 49,90 milhões de usuários ao redor do
reais, mais 3,90 reais por
hora e 0,89 real por planeta, um mercado que movimen-
quilômetro rodado. ta 650 milhões de euros ao ano. Por
enquanto, com 2,1 milhões de clien-
tes e 31 000 veículos, a Europa é a
principal consumidora per capita
dos serviços de transporte compar-
tilhado. Mas os países emergentes
já representam um mercado cres-
cente para esse tipo de atividade.
Em apenas três anos, o número de
empresas do ramo mais do que do-
brou em países como Brasil, China,
Índia, Malásia, México, África do
Sul e Turquia. Já são 22 operadoras
TÁXI
espalhadas por 41 cidades.
4,50 reais de partida e
2,75 reais por quilômetro A expectativa é que, até 2021, 35
rodado na bandeira 1. milhões de pessoas em todo o mun-
do recorrerão a alguma modalidade
de transporte compartilhado, indica
um estudo do The Boston Consulting
Group. “Cada vez mais, as pessoas,
em vez de serem proprietárias de
veículos, vão usar o veículo de ter-
ceiros como serviço, e não como um
bem. Isso é uma tendência recorren-
te no mundo, que acreditamos que
vai prosperar”, afi rmou Fernando
Haddad, prefeito de São Paulo, na
nota sobre o decreto que autorizou
esses aplicativos na capital paulista.
F O N T E: D I V U L G AÇ ÃO /
EM PRESAS E PREFEIT U R A
D E S ÃO PAU L O

FOTO: LEVI BIANCO V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 65

DINHEIRO MO B I L I DA D E

Carona sob medida

COMO FUNCIONAM OS DIFERENTES APLICATIVOS DE TRANSPORTE COMPARTILHADO E QUAL ATENDE MELHOR AS SUAS NECESSIDADES

DESCRIÇÃO INDICAÇÃO VANTAGENS DESVANTAGENS

• CARONA EM CARRO • VIAGENS • NÃO SÃO COBRADAS • HÁ O RISCO DE O
BLABLACAR PARTICULAR INTERMUNICIPAIS TARIFAS. OS VIAJANTES CONDUTOR, QUE É O DONO
APENAS COMPARTILHAM DO CARRO, CANCELAR A
OS CUSTOS COM VIAGEM DE ÚLTIMA HORA.
COMBUSTÍVEL E PEDÁGIO.

• QUALQUER PASSAGEIRO • PESSOAS COM • SEGUNDO A EMPRESA, • O USUÁRIO DIVIDIRÁ

EASY SHARE QUE ESTEJA PRÓXIMO E FLEXIBILIDADE DE O PASSAGEIRO PODE O CARRO COM DES-
QUE VÁ PARA A MESMA HORÁRIO, POIS AS ECONOMIZAR ATÉ 60% CONHECIDOS, O QUE
REGIÃO QUE VOCÊ PODE CORRIDAS FICAM MAIS AO FAZER O TRAJETO ENVOLVE RISCOS.
INGRESSAR NO CARRO E DEMORADAS DEVIDO AOS NESSE SISTEMA.
RACHAR O VALOR. DESVIOS PARA BUSCAR
OUTROS PASSAGEIROS.

• PERMITE ALUGAR • PARA QUEM NÃO • É POSSÍVEL ESCOLHER • ALÉM DO VALOR DA

FLEETY O CARRO DE OUTRAS QUER APENAS CHEGAR O CARRO SEGUNDO O LOCAÇÃO, SÃO COBRADAS
PESSOAS PAGANDO A ALGUM LUGAR, MAS COMPROMISSO – UM UMA TAXA DE LIMPEZA E
POR HORA. É POSSÍVEL TER A COMODIDADE JIPE PARA UM PASSEIO UMA TAXA DE SERVIÇO.
PESQUISAR OS VEÍCULOS DE ESTAR COM UM NO CAMPO OU UM SEDÃ
MAIS PRÓXIMOS DO VEÍCULO À DISPOSIÇÃO. PARA UM EVENTO À
SEU ENDEREÇO. NOITE, POR EXEMPLO.

• AO SELECIONAR A OPÇÃO •USUÁRIOS COM • O VALOR DA VIAGEM • POR CAUSA DOS

UBER POOL POOL, O CLIENTE SINALIZA DISPONIBILIDADE DE SAIR PODE SER ATÉ 40% MAIS DESVIOS PARA PEGAR
QUE ESTÁ DISPOSTO A COM ANTECEDÊNCIA E, BARATO QUE UM UBER X, OUTROS PASSAGEIROS,
USAR O CARRO COM ASSIM, EVITAR ATRASOS. A OPÇÃO MAIS AS CORRIDAS DEMORAM,
OUTRO PASSAGEIRO COM ECONÔMICA DE UBER. EM MÉDIA, 15 MINUTOS
TRAJETO PARECIDO, PARA A MAIS DO QUE AS
QUE DIVIDAM A CONTA. TRADICIONAIS.

• APÓS A EMPRESA • IR AO TRABALHO. • PARA TER A INSCRIÇÃO • SEMPRE HÁ O

CARONETAS SE CADASTRAR, OS APROVADA, OS USUÁRIOS RISCO DE ATRASOS
EMPREGADOS SE PRECISAM COMPROVAR E CANCELAMENTOS,
INSCREVEM NO APP, QUE QUE TRABALHAM NUMA O QUE PODE SER
APONTA PESSOAS PARA DAS EMPRESAS PROBLEMÁTICO PARA
DIVIDIREM O COMBUSTÍVEL PARCEIRAS, MEDIDA QUE QUEM TEM HORÁRIOS
ATÉ O TRABALHO. AUMENTA A SEGURANÇA. RÍGIDOS NO TRABALHO.

• APÓS O CADASTRO, O • AQUELES QUE PRECISAM • NESSE SISTEMA, • MESMO QUE SÓ SE USE
ZAZCAR CLIENTE ALUGA UM DE UM VEÍCULO COM MEMBROS DE UMA O VEÍCULO POR UM DIA,
CARRO POR HORA OU DIA. CERTA FREQUÊNCIA FAMÍLIA PODEM UTILIZAR ALÉM DOS 3,90 REAIS
DEPOIS, BASTA PEGÁ-LO DURANTE O MÊS. DIVERSOS CARROS AO POR HORA E DO 0,89
NA ESTAÇÃO DE RETIRADA MESMO TEMPO, SEM REAL POR QUILÔMETRO
MAIS PRÓXIMA. E USAR PRECISAR TER VÁRIOS RODADO, PAGA-SE TAXA
PELO PRAZO RESERVADO. VEÍCULOS NA GARAGEM. DE 49,90 REAIS MENSAIS.

• O APLICATIVO CONECTA • QUEM QUER TER UM • NO ATO DA LOCAÇÃO, • O PERÍODO MÍNIMO

PARPE DONOS DE CARROS E CARRO À DISPOSIÇÃO O USUÁRIO TAMBÉM DE LOCAÇÃO É DE
PESSOAS INTERESSADAS DURANTE O DIA TODO. CONTRATA UM SEGURO UMA DIÁRIA.
EM ALUGAR UM VEÍCULO. QUE PROTEGE AMBAS
AS PARTES EM CASO
DE ACIDENTES E
AVARIAS AO VEÍCULO.

F O N T E: E M P R E S A S

6 6 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A

Economia real
De modo geral, os motoristas que
mais têm a ganhar com o transpor-
te compartilhado são os donos de
veículos urbanos que dirigem menos
de 7 500 quilômetros por ano, donos
de carros compactos que rodam
menos de 16 000 quilômetros e pro-
prietários de automóveis grandes
que percorrem menos de 24 500
quilômetros anuais. Nesses casos,
o uso mais esporádico do veículo
não justifica os altos gastos mensais
com manutenção do automóvel
(veja gráfi co) e a adoção de uma
ferramenta de compartilhamento
mostra-se mais vantajosa.
Para o fotógrafo mineiro Tomás
Arthuzzi, de 28 anos, morador de São
Paulo, a troca do carro particular pelo
compartilhamento representou uma
grande economia ao fi m do mês. Com
seguro e IPVA, ele gastava quase
5 000 reais por ano, uma média de
FOTO: PAULO SANTOS
400 reais por mês. Além disso, o car-
ro consumia entre dois e 2,5 tanques
de gasolina por mês, a 180 reais cada
um. “Juntando com manutenção pre-
ventiva, óleo, oficina e outras despe-
sas, eu gastava 1 000 reais mensais
para manter o carro”, diz. “Sem falar
na depreciação do veículo.”
Depois de fazer essa conta, Tomás
optou por vender o carro e, hoje, re-
corre aos apps de compartilhamento
pelo menos duas vezes ao dia, para
ir e voltar do estúdio onde trabalha
– uma distância de 3,3 quilômetros.
Ele costuma pedir o Uber Pool, mo-
dalidade de transporte em que dois
passageiros ou mais dividem o veí-
culo. “Funciona muito bem, porque
costumo trabalhar em horários al-
ternativos, fora do período de rush.
É importante levar isso em conta
porque o Pool às vezes dá umas vol-
tas para buscar outros passageiros,
o que pode atrapalhar alguém que
Tomás Arthuzzi, fotógrafo, de São Paulo: esteja com pressa”, afi rma. Nesse
economia de 700 reais mensais ao trocar esquema de transporte, o fotógrafo
o carro por um app de caronas
gasta 300 reais por mês, o que repre-
senta uma economia de 700 reais.
Pé na tábua Nas horas vagas, Tomás também re-
corre ao aplicativo Blablacar, para
O NÚMERO DE USUÁRIOS DE SERVIÇOS
rachar os gastos com combustível e
DE TRANSPORTE COMPARTILHADO
pedágios das viagens que faz a Belo
CRESCE EM RITMO ACELERADO
Horizonte, onde vive sua família.
(em milhões de pessoas)
O consultor fi nanceiro Valter Poli-
ce Junior, de São Paulo, alerta que a
2010 1,16 adoção do transporte compartilhado
não funciona para todo mundo. Para
saber se representaria uma economia
2012 2,34 para você, compare o custo de dife-
rentes modalidades nos trechos que
3,48 você percorre habitualmente. Uma
2013
dica, para fazer isso, é usar as ferra-
mentas de previsão de cálculo do
2014 4,94 trajeto disponíveis nos aplicativos de
táxi e de compartilhamento. Valter
também sugere um teste. “Durante
2016 5,18
um ou dois meses, deixe de usar o
carro e experimente substituí-lo por
2021 35,0* outras alternativas. Essa experiência
trará não só indicações fi nanceiras
* E S T I M AT I VA F O N T E: F R O S T A N D S U L L I VA N (2 014) mas também sobre como você se sen-
S T R AT E G I C I N S I G H T O F T H E G L O B A L C A R S H A R I N G
M A R K E T E B O S T O N C O N S U LT I N G G R O U P. tiria fazendo essa troca”, diz.
V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 67
DINHEIRO FÉRIAS
LAZER
QUE CABE
NO BOLSO
Mesmo com o orçamento mais apertado, os
brasileiros querem viajar para fora do país. Saiba
como planejar o seu passeio gastando menos
B
rasileiro, quando
está de férias, gos-
ta de viajar. É o que
mostra a pesquisa
da Ipsos para a em-
presa de assistên-
cia Europ Assistan-
ce, realizada entre
março e maio des-
te ano com 750
pessoas de todo o
país. Apesar de mais da metade (66%)
dos entrevistados dizer que pretende
cortar custos com viagens este ano,
64% desejam visitar algum lugar en-
tre junho e setembro, sendo os des-
tinos internacionais a preferência de
47% deles. O problema é que o nosso
orçamento disponível para a viagem
é o menor entre os países pesquisados:
o gasto médio previsto foi de 1 212
reais. Será que é possível se aventurar
no exterior com essa quantia?
Mesmo com o dólar em queda em
relação ao câmbio dos últimos me-
ses, a cotação ainda é alta e muitas
pessoas têm optado por trocar os
Estados Unidos – destino interna-
cional favorito por aqui – por outras
opções. Um levantamento realizado
6 8 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A
pela VOCÊ S/A com dados da agên-
cia de viagens CVC e do site Quan-
to Custa Viajar mostrou que os
países da América do Sul e as praias
do Caribe estão se tornando as prin-
cipais escolhas para quem planeja
uma viagem internacional mesmo
com o orçamento reduzido. A ideia,
ao visitar nossos vizinhos latino-
-americanos, é economizar com a
passagem aérea e explorar países
onde o real ainda está valorizado
em relação à moeda local. O tenen-
te do Exército Gabriel Garcia, de
22 anos, foi um dos que elegeram a
América do Sul para as férias deste
ano. Ao todo, foram 32 dias de aven-
turas, entre fevereiro e março, per-
correndo Peru, Bolívia, Argentina
e Chile. Nesses locais, ele visitou
atrações como a cidade inca de Cus-
co; Huacachina, uma vila de dunas
ao redor de um oásis; o lago Titica-
ca; o Salar de Uyuni e o deserto do
Atacama. “O mais legal da América
do Sul são as paisagens e o quão
barato é viajar por aqui em relação
a outros lugares”, afi rma Gabriel.
Para economizar na viagem, ele
seguiu à risca um planejamento para
FOTO: DIVULGAÇÃO
 RAIO X DA
ECONOMIA
A estratégia do tenente
do Exército Gabriel
Garcia para cortar
custos em sua viagem
internacional
DIAS DE VIAGEM

32
PAÍSES VISITADOS
Peru, Bolívia,
Argentina e Chile
MEDIDAS PARA ECONOMIZAR
ESCOLHA DO DESTINO
Gabriel preferiu países
onde a moeda local não é
o dólar, para contar com
um câmbio mais favorável.
PASSAGEM COM MILHAS
O tenente utilizou
os pontos acumulados
no cartão para adquirir
a passagem.
PESQUISA PRÉVIA
Gabriel investigou com
antecedência os preços
praticados nas cidades
que visitaria, para saber
o que está caro ou barato
e estabelecer um limite
de gastos diários.
POUPANÇA DE VIAGEM
Para que a viagem
não representasse
um peso adicional às
suas finanças, ele fez,
ao longo de um ano,
uma reserva mensal
de 200 a 300 reais
pensando nas férias.

V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 69
DINHEIRO FÉRIAS

NÃO DEIXE O DETECTOR DE DÍVIDAS APITAR

ALGUNS APLICATIVOS PODEM AJUDAR VOCÊ
A MANTER OS CUSTOS DA VIAGEM SOB CONTROLE
LOCOMOÇÃO
PARA QUEM VAI VIAJAR PELA EUROPA, HÁ UMA
OPÇÃO DE TREM CHAMADA INTERRAIL PASS
(BIT.LY/INTERRAIL_PASSES), QUE LEVA, A UM
PREÇO FIXO, OS PASSAGEIROS POR 30 PAÍSES DO
CONTINENTE – UM DIA EM CADA – OU POR UM PAÍS
INTEIRO. PESQUISE AINDA AS COMPANHIAS AÉREAS
DE BAIXO CUSTO, COM PASSAGENS BARATAS
PASSAGENS HOSPEDAGEM PARA QUEM VOA EM HORÁRIOS INCÔMODOS E
AVIÃO? ÔNIBUS? TREM? É IMPORTANTE AVALIAR PARA QUEM QUER GASTAR O MÍNIMO COM EMBARCA EM AEROPORTOS MAIS DISTANTES.
O MEIO DE TRANSPORTE COM MELHOR RELAÇÃO HOSPEDAGEM, FICAR EM UM HOSTEL PODE
CUSTO-BENEFÍCIO E ADEQUADO AO SEU TEMPO DE SER A SOLUÇÃO. O SITE HOSTELS.COM, POR
VIAGEM. GABRIEL PREFERIU VIAJAR DE ÔNIBUS NA EXEMPLO, APRESENTA DIVERSAS OPÇÕES DESSE
MAIOR PARTE DO SEU ITINERÁRIO, MAS ESCOLHEU TIPO DE ESTABELECIMENTO EM CIDADES DO
IR DE AVIÃO DE LIMA PARA CUZCO, NO PERU, E DE MUNDO TODO, INFORMANDO PREÇO DA DIÁRIA,
SALTA PARA CÓRDOBA, NA ARGENTINA, PORQUE CLASSIFICAÇÃO DO PÚBLICO E DISTÂNCIA DO
O CUSTO DAS PASSAGENS ERA PRATICAMENTE CENTRO DA CIDADE. ALGUNS DELES PERMITEM
O MESMO. ALGUNS APLICATIVOS AJUDAM A PAGAR A HOSPEDAGEM COM TRABALHO. O SITE
CALCULAR O GASTO DE TRANSPORTE COM CADA WORLDPACKERS.COM, POR EXEMPLO, MOSTRA SEGURO DE VIAGEM
MEIO. O ROME2RIO.COM, POR EXEMPLO, MOSTRA OS LOCAIS DISPONÍVEIS NA CIDADE ESCOLHIDA POUCA GENTE LEMBRA, MAS O PRÓPRIO CARTÃO
OS CAMINHOS MAIS VIÁVEIS – E BARATOS – E QUE MÃO DE OBRA CADA ESTABELECIMENTO DE CRÉDITO PODE FORNECER O SEGURO-VIAGEM
DISPONÍVEIS ENTRE O LOCAL DE ORIGEM E O PROCURA (ALÉM DA CARGA HORÁRIA E DEMAIS EMBUTIDO NA COMPRA DAS PASSAGENS, SEM
DESTINO DESEJADO. O APP TAMBÉM OFERECE AS PRÉ-REQUISITOS). OUTRA POSSIBILIDADE É CUSTOS ADICIONAIS. UM MÊS ANTES DO EMBARQUE,
OPÇÕES DE PROCURAR HOTÉIS E ALUGAR CARROS USAR O AIRBNB E ALUGAR UM QUARTO NA CASA ACIONE A OPERADORA DO SEU CARTÃO PARA
E MOSTRA ATRAÇÕES TURÍSTICAS DO LOCAL. DE ALGUÉM POR PREÇOS MAIS EM CONTA. SABER SE TEM DIREITO A ESSE SERVIÇO.

VIZINHOS EM ALTA
CONFIRA OS DESTINOS COM A MELHOR RELAÇÃO CUSTO-BENEFÍCIO* NESTA TEMPORADA DE FÉRIAS

BUENOS AIRES, ARGENTINA MONTEVIDÉU, URUGUAI SANTIAGO, CHILE

PASSAGEM IDA E VOLTA: A PARTIR DE 779 REAIS PASSAGEM IDA E VOLTA: A PARTIR DE 803 REAIS PASSAGEM IDA E VOLTA: A PARTIR DE 1 038 REAIS
MÉDIA DE CUSTO DIÁRIO: 137 REAIS MÉDIA DE CUSTO DIÁRIO: 260 REAIS MÉDIA DE CUSTO DIÁRIO: 123 REAIS
PACOTE PROMOCIONAL: A PARTIR PACOTE PROMOCIONAL: A PARTIR DE PACOTE PROMOCIONAL: A PARTIR DE
DE 837 REAIS (4 DIAS E 3 NOITES) 845 REAIS (4 DIAS E 3 NOITES) 952 REAIS (4 DIAS E 3 NOITES)

F O N T E: Q UA N T O C U S TA V I A J A R E C VC . *PA S S AG E N S C O M TA X A S N ÃO I N C L U Í D A S . P R E Ç O S VÁ L I D O S PA R A J U N H O .

7 0 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A

COMPRA DE MOEDA
A ESTRATÉGIA MAIS INDICADA COSTUMA SER
COMPRAR A MOEDA DO PAÍS DE DESTINO REGU-
LARMENTE, QUANDO HÁ QUEDA NA COTAÇÃO. MAS
MAURO CALIL SUGERE FAZER A COMPRA DE UMA
VEZ SE IDENTIFICAR UMA TAXA ESPECIALMEN-
TE BOA. ELE ORIENTA A LEVAR A MAIOR PARTE
DO DINHEIRO EM DÓLAR A DESTINOS ONDE O
COMÉRCIO ACEITA A MOEDA, COMO A ARGENTI-
NA, E SÓ TROCAR SEGUNDO A NECESSIDADE.
PROMOÇÕES
ALGUMAS AGÊNCIAS, COMO A CVC, ESTÃO
OFERECENDO CÂMBIO REDUZIDO PARA O DÓLAR, O
QUE BARATEIA A VIAGEM. PARA CERTOS DESTINOS,
PRINCIPALMENTE NAS PRAIAS CARIBENHAS, VALE
A PENA ADERIR AOS PACOTES COM HOSPEDAGEM,
PASSEIO E ALIMENTAÇÃO JÁ INCLUÍDOS.
CARTAGENA, COLÔMBIA
PASSAGEM IDA E VOLTA:
A PARTIR DE 1 301 REAIS
MÉDIA DE CUSTO DIÁRIO:
93 REAIS
FOTOS: SHUTTERSTOCK
ALIMENTAÇÃO
TENTE ESTIPULAR UM LIMITE DIÁRIO PARA GAS-
TAR COM ALIMENTAÇÃO. O SITE E APLICATIVO
QUANTO CUSTA VIAJAR MOSTRA OS LUGARES
MAIS POPULARES PARA COMER NAS CIDADES,
ASSIM COMO O GASTO MÉDIO DIÁRIO COM
ALIMENTAÇÃO. NOS CRUZEIROS, COMER EM
CASSINOS OU NO BARCO SAI MAIS CARO. ENTÃO
APROVEITE O CAFÉ DA MANHÃ DO HOTEL E
LEVE LANCHES AOS LUGARES DISTANTES.
PASSEIOS
NO SITE KAYAK.COM, É POSSÍVEL VER O CUSTO
DO LAZER NO DESTINO. HÁ O PREÇO DE
INGRESSOS NAS ATRAÇÕES TURÍSTICAS, SHOWS
QUE ACONTECERÃO NO PERÍODO E MUSEUS.
ASSIM, VOCÊ DEFINE COM ANTECEDÊNCIA O
QUE CABE OU NÃO NO SEU ORÇAMENTO.
CUSCO, PERU
PASSAGEM IDA E VOLTA:
A PARTIR DE 1 500 REAIS
MÉDIA DE CUSTO DIÁRIO:
131 REAIS
realizar, durante todo o ano, a maio-
ria dos seus pagamentos e transações
financeiras pelo cartão de crédito,
de modo a acumular o máximo de
pontos para trocar por milhagens
no programa Multiplus, da TAM. Com
isso, ele conseguiu bancar suas pas-
sagens aéreas de ida e volta. “Assim
que cai meu salário, eu pago meu
cartão e também guardo de 200 a
300 reais numa poupança separada
só para viagens”, afirma o tenente,
que, com essas medidas, já realizou
duas grandes viagens internacionais.
Gabriel também procurou calcular
quanto, em média, gastar por dia
durante a viagem. Ele fez isso por
meio de pesquisas na internet e ano-
tando em um caderno as faixas de
preços para alimentação e lazer.
Para o consultor financeiro Mau-
ro Calil, de São Paulo, o planejamen-
to de uma viagem internacional
nesse período de crise tem de ser
ainda mais cuidadoso. Mas não são
todos os consumidores que estão
atentos a esse ponto. Segundo a CVC,
com a busca por promoções e por
melhorias no câmbio, o tempo entre
a compra da passagem e o dia do
embarque tem caído: se antes a com-
pra da passagem era feita com três
ou dois meses de antecedência, hoje
esse prazo caiu para um mês de an-
tecipação. O problema dessa estra-
tégia é a falta de programação do
resto da viagem, o que pode signi-
ficar tarifas mais caras nos hotéis
ou despesas não planejadas duran-
te o passeio, com risco de endivida-
mento. “Seu planejamento deve
começar com a pergunta sobre quan-
to você pode gastar”, diz Mauro.
Mas, se você está na turma dos que
decidiram a viagem de última hora,
confira ao lado uma série de dicas
para economizar com passagens,
hospedagem, transporte, alimenta-
ção e lazer. Afinal, se tem uma coi-
sa que ninguém quer trazer na ba-
gagem depois de um belo passeio
são dívidas. E boa viagem!
V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 71
 NO BRASIL
SÃO PAULO
42ª CONARH
QUEM OFERECE: ABRH-Brasil
PROGRAMA: a maratona de ativi-
dades com 120 expositores e
50 palestrantes traz à tona as
principais tendências em capital
humano e gestão de pessoas.
Entre os convidados estão no-
mes como Maílson da Nóbrega
(ex-ministro da Fazenda), Nizan
Guanaes (fundador do grupo
ABC) e Carlos Ayres Britto (ex-
-ministro do STF). A mesa de
encerramento contará com a as
debatedoras do programa Saia
Justa, do GNT.
de 15 a 18 de agosto
• Transamerica ExpoCenter
(Avenida Dr. Mario Vilas Bôas Ro-
drigues, 387 – Santo Amaro)
• 2 817 reais para associados ABRH e
4 696 reais para não associados (até
dia 31 de julho)
• Inscrições: http://bit.ly/Conarh
7 2 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A
PROGRAMA DE
LIDERANÇA FEMININA
QUEM OFERECE: Fecap – Faculdade
Escola de Comércio
Álvares Penteado
PROGRAMA: universitárias ou recém-
-formadas poderão ampliar seu
entendimento sobre os desafios
da carreira e seus objetivos profi s-
sionais, além de se preparar para
a entrada no mercado de trabalho
aprendendo a negociar desde cedo
através da troca de experiências
com as outras participantes.
de 15 a 19 de julho, das 19h às 22h20
• Centro Universitário FECAP
Liberdade (Avenida da Liberdade, 532)
• 115 reais para alunos e ex-alunos;
460 reais para o resto do público
• Inscrições: http://bit.ly/liderança_feminina
Conarh no ano passado:
em agosto, especialistas
discutirão as tendências
em gestão de pessoas
1
2ª SEMANA DE EDUCAÇÃO
EXECUTIVA
QUEM OFERECE: FGV – Fundação
Getulio Vargas
PROGRAMA: oito palestras e workshops
com grandes nomes do mercado
abordarão temas como relações
governamentais, gestão fi nan-
ceira, setor automotivo, relações
internacionais, arquitetura, negó-
cios, gestão empresarial, gestão
de projetos e marketing. Um dos
destaques é a palestra Projetos
Internacionais e o Projeto de Li-
derança, com José Eurípedes Go-
mes, CEO da GMSF, e ex-diretor
da área internacional da HP.
de 11 a 15 de julho, às 19h • FGV Unidade 9 de
Julho – Rua Itapeva, 432 - Bela Vista
• Grátis (vagas limitadas) • Inscrições:
http://bit.ly/FGV_educaçãoexecutiva
 CURSOS NO BRASIL
WORKSHOPS E NO MUNDO
PALESTRAS PARA VOCÊ SE
EVENTOS APERFEIÇOAR
E D I Ç ÃO : E L I S A T O Z Z I

RIO DE JANEIRO
PROGRAMA DE
PROTAGONISMO CRIATIVO O PODER DAS CONEXÕES (NETWORKING)
QUEM OFERECE: Polifonia PARA POTENCIALIZAR NEGÓCIOS
PROGRAMA: na sua terceira QUEM OFERECE: Clube do Networking
turma, o curso da Polifonia, PROGRAMA: os participantes podem interagir e conhecer
escola de negócios e design outros empreendedores e empresários, com o objetivo de
com foco em desenvolvimento buscar novas ideias e oportunidades para seu negócio.
da liderança, tem duração
de quatro meses com dois 15 de julho, das 9h às 11h30
encontros presenciais • Shopping Nova América – Avenida Pastor Martin Luther King Jr , 126, Aud.
noturnos por semana e Offices 3000, Inhaúma • Gratuito • Inscrições: http://bit.ly/palestra_conexões
um sábado por mês. A
programação é dividida
em Desenvolvimento do
Potencial de Protagonismo,
Orquestração de Times
Criativos e Design de
Empreendimento, incluindo
workshops e coaching.

quatro meses a partir de 19 de agosto

• Avenida Pedroso de Morais, 547 –
sala 1010 • 9 600 reais (7 600 para
empreendedores sociais e 11 600 para
empresas) • Inscrições: até 31 de julho
no site http://bit.ly/Polifonia
1

CRIANDO NEGÓCIOS SOCIAIS

QUEM OFERECE: ESPM Rio de Janeiro
PROGRAMA: com o objetivo de desenvolver práticas de estruturação e
validação de negócios sociais, o curso mostra as diferenças entre os
vários tipos de negócios sociais: os yunus, os inclusivos e os de impacto
socioambiental.

de 16 a 30 de julho, todo sábado das 9h às 15h • Rua do Rosário, 111 – Centro

Curso na Polifonia: união de técnicas • 900 reais parcelado em até 2 vezes
de design e de negócios • Inscrições: até 14 de julho no site http://bit.ly/ESPM_rj

FOTOS: 1 DIVULGAÇÃO; 2 ISTOCK V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 73

AGENDA

NO BRASIL CURITIBA
INTELIGÊNCIA COMERCIAL –
PORTO ALEGRE A ARMA SECRETA DOS GRANDES
ESTRATEGISTAS EM NEGÓCIOS
FRACTAL – COMUNICAÇÃO QUEM OFERECE: Malu Neves, cofunda-
SEM INTERMEDIÁRIOS dora do Networking Groups
QUEM OFERECE: Perestroika PROGRAMA: através de conceitos e
PROGRAMA: o curso vai falar sobre práticas da Programação Neuro-
as mudanças nas relações de linguística (PNL), a proposta é
consumo, a evolução das fer- ensinar estratégias para melhorar a
ramentas de comunicação e linguagem, autoconfiança e o po-
as maneiras como as marcas, der de comunicação. Assim, o aluno
veículos e empresas precisam vai conseguir vender sua proposta
explorar novos caminhos. de negócio com mais facilidade.

de 11 a 23 de agosto, das 20h às 22h30 de 12 de julho, das 18h30 às 22h30

segunda a sexta e das 10h às 17h aos sábados Opera Coworking
Avenida Cel. Lucas de Oliveira, 894 – Bela Vista (Avenida João Gualberto, 1881 – Juveve)
• 3 600 reais parcelados em até 6 vezes • 120 reais (1º lote) a 150 reais (2º lote) NO MUNDO
• Inscrições: http://bit.ly/Fractal_PortoAlegre • Link: http://bit.ly/inteligencia_comercial

ONLINE
DO BAR
AO MERCADO
QUEM OFERECE: Descola
PROGRAMA: lembra aquela ideia
pensada numa conversa com
os amigos? Agora ela pode
virar um negócio de verdade.
O curso encoraja, por meio
de visões diferentes sobre
empreendedorismo, os que de-
sejam entrar nesse mercado.
• 45 minutos • Gratuito
• Link: http://bit.ly/bar_mercado
GERENCIAMENTO
DE PROJETOS: O
ESSENCIAL PARA O SUCESSO
QUEM OFERECE: Coursera e Uni-
versidade da Califórnia
PROGRAMA: vídeos, leituras e
questionários ensinam sobre os
principais elementos de geren-
ciamento de projetos e liderança
de equipe, tornando o participante
apto a aplicar tais conhecimen-
tos no ambiente de trabalho.
• Inglês, com legendas em português
• de 4 a 8 horas
• Gratuito (29 dólares, com certificado)
• Link: http://bit.ly/sucesso_california
ANÁLISE E PLANEJAMENTO
FINANCEIRO
QUEM OFERECE: EAD Sebrae
PROGRAMA: empreendedores inte-
ressados em projetar estratégias
empresariais para seus negócios
aprenderão como alcançar esse
objetivo por meio de ferramen-
tas de controle financeiro, o
que aumenta a eficiência das
empresas de pequeno porte.
• 15 horas divididas em 30 dias
• Grátis • Link: http://bit.ly/SEBRAE_análise
SUÍÇA
FINANÇAS ESTRATÉGICAS
QUEM OFERECE: IMD
PROGRAMA: a escola suíça de
negócios oferece aulas voltadas
para executivos da área de
finanças que querem se
aperfeiçoar. Esses profissionais
vão aprender a ter mais
confiança em seus próprios
investimentos, entender como
como criar valor para a empresa
em que trabalham e descobrir
as melhores estratégias para
aumentar o desempenho
financeiro de suas companhias.
O curso dura cinco dias e é
ministrado em inglês.
de 5 a 9 de setembro
IMD Campus de Lausanne, na Suíça
(Chemin de Bellerive 23, 1003)
• 9 900 francos suíços
(incluindo material e almoços)
• Inscrições: http://bit.ly/IMD_finanças

74 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A
 CURSOS WORKSHOPS PALESTRAS EVENTOS

Campus do IMD em Lausanne: aulas

sobre finanças para executivos

BERLIM
TECH OPEN AIR 2016
QUEM OFERECE: Tech Open UG
PROGRAMA: o foco desse evento de três dias é compar-
tilhar experiências em relação a empresas de tec-
nologia. CEOs das mais variadas startups, artistas
e cientistas se reúnem em Berlim para palestras
descontraídas, acompanhadas de painéis interativos,
música ao vivo, instalações artísticas e food trucks.
de 13 a 15 de julho • Funkhaus Berlin (Nalepastrasse, 18, 12459)
• 324,50 euros pelo ingresso inteiro
• Inscrições: http://bit.ly/tech_open_berlim
BOSTON
FINANCE FOR SENIOR EXECUTIVES
QUEM OFERECE: Harvard Business School
PROGRAMA: curso de uma semana para gestores que não
são especialistas fi nanceiros e que desejam uma
educação executiva com foco em fi nanças. Os partici-
pantes aprenderão, com palestras e discussões em
grupo, a aplicar técnicas de análise fi nanceira,
trabalhar com mercados de capitais e defi nir metas
de desempenho.
de 10 a 15 de julho • HBS Campus – Boston • 12 250 dólares, com
acomodação e refeições • Inscrição: http://bit.ly/finanças_harvard

LI V RO S
SONHAR ALTO, PENSAR GRANDE
THEUNIS MARINHO
• EDITORA GENTE • 39,90 REAIS • 224 PÁGINAS
Ninguém alcança o sucesso por sorte – é preciso
determinação e força de vontade. O autor mostra
como a persistência é o melhor caminho para
conquistar objetivos e realizar sonhos.
O CHAMADO – VOCÊ É O HERÓI
DO PRÓPRIO DESTINO
MARIA TEREZA GOMES
• EDITORA ATLAS • 49 REAIS • 200 PÁGINAS
Entender e aceitar os chamados profissionais e
pessoais é o tema deste livro, que ensina como
lidar com os medos e aprender com os erros.

AS INFORMAÇÕES QUE CONSTAM NA AGENDA SÃO AS FORNECIDAS PELOS ORGANIZADORES E PODEM SOFRER ALTERAÇÕES. SUGERIMOS QUE HAJA CONTATO PRÉVIO PARA CONFERÊNCIA.

FOTOS: DIVULGAÇÃO V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 75
Empreenda na rede
É possível atingir pessoas e promover o seu empreendimento fornecendo
informações relevantes na internet. Basta usar o marketing de conteúdo a seu favor
T
empos de instabilidade econô-
mica equivalem a tempos de
incerteza. Agora, misture essa
insegurança econômica com agi-
tação política e crie uma situação
explosiva. Infelizmente, essa é a
realidade do Brasil dos dias de
hoje. Inúmeras pessoas em todo
o país temem o que pode acontecer com elas.
Mesmo para aquelas com bons empregos e
uma farta poupança, uma economia em di-
ficuldade provoca inquietação e paranoia.
À medida que mais gente fica desemprega-
da ou vê amigos e familiares sem trabalho, o
projeto de empreender vai ganhando força. A
boa notícia é que começar um negócio onli-
ne está mais fácil do que nunca. Além de ser
simples, é muito mais barato e menos buro-
crático do que abrir uma loja ou um escritó-
rio. O dinheiro economizado tornará possível
investir seu tempo e recursos para aumentar
a sua presença na rede.
Atualmente, graças à internet, uma pes-
soa sem muito conhecimento tecnológico
consegue divulgar mundialmente uma ideia.
Misture o espírito empreendedor com as fer-
ramentas e plataformas de marketing digital
disponíveis online e você poderá transfor-
mar a sua ideia em um negócio bem-sucedido.
Hoje, o marketing de conteúdo e SEO
(search engine optimization) são as estraté-
gias mais importantes para quem está envolvi-
do com marketing, especialmente as pequenas
empresas e empreendedores com recursos
limitados. Embora haja muito a aprender so-
7 6 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A
bre marketing online, o investimento para se
tornar bom nisso será em forma de tempo e
disciplina, em vez de dinheiro.
Segundo o Instituto de Marketing de Con-
teúdo, o marketing de conteúdo é uma abor-
dagem estratégica de marketing focada na
criação e distribuição de conteúdo de valor,
relevante e consistente para atrair e manter
o público alvo — e, com isso, estimular ações
rentáveis de clientes. Esse conteúdo pode ser
NEIL PATEL
escreve sobre
apresentado na forma de artigos, vídeos, in- empreendedorismo
fográficos, podcasts, webinars e muito mais. digital, é cofundador
Para conquistar pessoas com o conteúdo da Crazy Egg, Hello Bar
certo é preciso entender o seu público-alvo e e KISSmetrics e ajuda
o que ele quer. Se você escrever artigos, por empresas como Amazon,
exemplo, sobre os problemas desse público e Facebook e Google a
oferecer soluções, construirá uma relação de aumentar sua receita.
confiança com ele e será sempre lembrado.
Essa jornada será fácil e tranquila? Absolu-
tamente, não. Haverá momentos em que você
vai querer desistir? Definitivamente, sim. Mas,
se investir em você mesmo, o retorno não será
somente financeiro. Você também ganhará
mais autoestima e um sentimento de reali-
zação pessoal que vai muito além da satisfa-
ção momentânea de descontar um cheque.
‘‘Graças à internet, uma pessoa
sem muito conhecimento
tecnológico pode divulgar
mundialmente uma ideia”
Carreiras imunes à crise
Assim como as empresas, os profissionais precisam fazer a leitura do
cenário e executar movimentos rápidos que os mantenham competitivos

A
Kodak foi um ícone empresa- mento de carreira. Um profissional precisa
rial. Fundada em 1888, do- estar sempre fazendo esse questionamento.
minou o mercado de filmes Deve pesquisar qual é o conjunto de conhe-
para máquinas fotográficas cimentos novos que sua área está deman-
por décadas. Era considera- dando e fazer movimentos em busca disso.
da uma das empresas mais Chamo isso de identificar um “gap de opor-
inovadoras e um dos melho- tunidade”. Um profissional de marketing,
res empregadores dos Es- por exemplo, que aprofunda seus conhe-
tados Unidos. Em 2012, pediu falência. O cimentos sobre o mundo digital, redes so- RAFAEL
que aconteceu? Em resumo, a empresa bri-
lhante de séculos passados não agiu com
ciais e inovações tecnológicas certamente
será estratégico numa organização. Aque- SOUTO
velocidade frente às mudanças do mun- les que estão na contabilidade e buscam ob- é fundador e CEO da
do digital. O mercado de fotografia mudou ter conhecimentos de controladoria também
consultoria Produtive,
de São Paulo. Atua com
drasticamente, e a Kodak não fez a leitura aumentam sua atratividade no mercado.
planejamento e gestão
correta. E o pior, ela possuía a tecnologia Essa descoberta sobre as tendências da de carreira, programas
das máquinas digitais que vieram a domi- sua área pode ser feita por meio de leitu- de demissão responsável
nar a escolha dos consumidores. Sucum- ras, conversas com pessoas do mercado e e de aposentadoria
biu nas suas crenças do sucesso passado. a observação do rumo das áreas. Uma das
A lição da Kodak pode ser replicada na ges- competências mais importantes na carreira
tão da sua carreira. Todas as áreas passam contemporânea é a capacidade de explorar. É
por transformações. Assim a atitude inquieta que deter-
como as empresas, os profis- mina os profissionais com
sionais precisam fazer a lei-
tura do cenário e executar
“Mantenha mais chance de sucesso.
A revolução do mu n-
movimentos que os mante-
nham competitivos. Os que
o radar do do trabalho continuará
trazendo mudanças pro-
conseguem fazer isso e agir
rapidamente são disputados
atento fundas nas carreiras e de-
safios cada vez maiores para
no mercado. Os que não fa-
zem vão ficando obsoletos
para as profissionais. Isso exige um
radar atento para acompa-
e iniciam uma lenta jorna-
da de falência profissional.
mudanças nhar as transformações
nos negócios e fazer mo-
A análise ágil das ten- nos v imentos em busca dos

negócios”
dências de uma área é um conhecimentos que vão im-
elemento-chave no planeja- pulsionar as organizações.

I L U S T R A Ç Õ E S : W I L S I LVA V O C Ê S /A | J U L H O D E 2 0 1 6 | 77
 Contra o
preconceito

L
inda, alta, “exótica”. Era assim
que definiam a carioca Luana
Génot, hoje com 27 anos, no
auge dos seus 18. Todos di-
ziam que ela devia ser modelo. E
a chance surgiu em 2007 quando
foi convidada por uma francesa
para desfilar na Fashion Week
do Rio de Janeiro. Luana, então,
voou para a Europa e abraçou a
nova carreira. Em Paris, à procu-
ra de uma agência, esbarrou com
o racismo. “Disseram que eu era
bonita, mas que tinha um proble-
ma: ser negra. E não era só comi-
go, era algo estrutural”, diz. Logo
percebeu que trabalhava mais do
que as colegas brancas e recebia
menos. Desgastada com a situação,
voltou ao Brasil para estudar publi-
cidade. O objetivo era entender a
desigualdade racial na mídia. Em
2010, entrou na PUC do Rio de Ja-
neiro e criou um blog para alertar
sobre o preconceito na moda. Sua
jornada investigando o tema a le-
vou até os Estados Unidos, onde
ficou um ano estudando com uma
bolsa. O conhecimento a fez criar
uma exposição sobre identidades
de pele e raça, projeto selecionado
pela ONU em 2013 – o que inspirou
Luana a criar uma ONG. Fundado
em 2015, o Instituto Identidades do
Brasil (ID_BR) distribui, para em-
presas parceiras, um selo de com-
bate ao preconceito, que pode ser
usado em vários produtos, como
roupas. “Quero despertar a empatia
de todos pela questão racial”, diz.

8 2 | J U L H O D E 2 0 1 6 | V O C Ê S /A FOTO: ALEXANDRE CASSIANO / DIVULGAÇÃO