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Periodicidade: Bimestral – Abril-Maio - 2003 - Ano VIII - n.º 70 - Preço Avulso: 2,50
Conheça
o panorama
da comunicação
nesta região
e as opiniões Revista Nacional da Indústria e do Ensino da Comunicação
dos seus
responsáveis
Visão faz dez anos
Missão
Possível
Com a casa arrumada Luís Delgado
fala-nos da reestruturação da Lusa
e dos objectivos que traçou para a agência
Carlos Cáceres noticiosa portuguesa
Monteiro
fala-nos sobre
a revista
que dirige
há dez anos,
e não só
Onde
está a qualidade?
Durante
dois dias várias
personalidades
ligadas
à comunicação
debateram
a qualidade
em jornalismo
Prémios Pulitzer
Pensar e exercer
a comunicação
Publicidade e Patrocínio
a última edição da Revista Média XXI, abordá- mente obedecer ao normativo da publicidade (por se
N mos a problemática legal da distinção entre
patrocínio e product placement.
admitir opinião contrária, fica esta questão para um
próximo artigo de reflexão).
Igual confusão tem sido gerada entre o patrocínio A publicidade também é uma forma de comunica-
enquanto forma especial de publicidade e o conceito ção que visa a obtenção por parte de empresa(s),
de publicidade. serviço(s) ou instituição(ões), de uma boa imagem ou
Importa antes de mais compreender a amplitude aceitação junto dos consumidores, e assim indirecta-
do conceito legal de publicidade: mente promover os seus bens, serviços ou marcas.
Por se admitir o mesmo como certo é que, como
| Noção Legal: | já referimos anteriormente, o patrocínio é uma forma
O artigo 3º do Código da Publicidade (Decreto-Lei especial de publicidade.
n.º 330/90, de 23 de Outubro, com a redacção que E, assim sendo, o patrocínio deve respeitar tam-
foi introduzida pelo DL n.º 6/95, de 17 de Janeiro) bém os princípios da publicidade, concretamente: li-
consagra o conceito de Publicidade, considerando citude, identificabilidade, veracidade e respeito pelos
como tal: direitos do consumidor.
“Qualquer forma de comunicação feita por entida- Mas será que o conceito de Publicidade se esgo-
des de natureza pública ou privada, no âmbito de ta na delimitação legal?
uma actividade comercial, industrial, artesanal ou li- A resposta tem obviamente de ser negativa.
beral, com o objectivo directo ou indirecto de: a) – Em nosso entender qualquer assunção contrária,
Promover, com vista à sua comercialização ou alie- seria esquecer o papel primordial do Marketing e da
nação, quaisquer bens ou serviços; b) – Promover Publicidade enquanto conjunto de interesses, funda-
ideias, princípios, iniciativas ou instituições.” mentais ao desenvolvimento, crescimento económico
Acrescenta ainda o referido Diploma que, enten- e tecnológico de toda uma sociedade. No reconhe-
de-se por Publicidade, como critério jurídico, tam- cimento da sua essencialidade como actividade eco-
bém qualquer forma de comunicação da Administra- nómica, veio a aprovação, em 5 de Março de 2003, do
ção Pública, não prevista supra, que tenha por ob- novo Código da Propriedade Industrial (Decreto-Lei
jectivo, directo ou indirecto, promover o fornecimen- n.º 36/2003). Este diploma, no seu prefácio, refere a
to de bens ou serviços. importância do marketing e publicidade como um dos
Daqui resulta que o conceito de Publicidade, note- factores mais relevantes de competitividade e ino-
se para que seja considerada publicidade (des)pro- vação numa economia orientada pelo conhecimento.
tegida pelas normas da mesma, pressupõe cumula- Acresce que, numa sociedade moderna, com ten-
tivamente os seguintes requisitos legais: a) – A exis- dência marcadamente consumista, o Marketing e a
tência de uma forma de comunicação, qualquer que Publicidade desempenham um papel primordial, en-
seja; b) – Efectuada por entidade(s) de natureza pú- quanto instrumento de fomento da concorrência en-
blica ou privada; c) – Exercida no âmbito de uma tre empresas, da qual deverão ser os primeiros be-
qualquer actividade comercial, industrial, artesanal neficiários os consumidores, num sistema de econo-
Correia de Almeida* ou liberal; d) – E que tenha como objectivo directo ou mia de mercado liberal mas não excessivamente li-
indirecto promover: Quaisquer bens ou serviços beralizante.
(com vista à sua comercialização ou alienação); O Marketing e a Publicidade, como ciência, já de-
Ideias, princípios, iniciativas ou instituições (com ex- monstrou que não é apenas um meio de apelar per-
cepção da propaganda de carácter político, que não manentemente ao consumo, confundindo os seus
do marketing político). destinatários, mormente os consumidores e, que tem
como objectivo único procurar vender todo e qualquer
| Da exclusão da propaganda política | bem ou serviço, desde que o produtor ou anunciante,
O legislador teve a preocupação de excluir, expres- pretenda ver o seu produto colocado no mercado.
samente, do Código da Publicidade a propaganda Pois, mesmo que consiga vender sabonetes co-
política, para a qual criou uma regulamentação pró- mo presidentes ...
pria. No entanto, as outras técnicas de marketing, *Docente da Disciplina de “Direito Aplicado ao Marketing” no
como a comunicação e o marketing político devem, IPAM; Director do Curso de Pós-Graduação em “Direito do
desde que não tenham regras próprias, subsidiaria- Marketing, Comunicação e Autores”
Os Media e a Guer
urante a crise pré-guerra, os Media reflecti-
D ram sobretudo o debate em torno da neces-
sidade e da legitimidade ou não de um interven-
em confronto - totalitário de um lado, democráticos do
outro –, para não assumir como iguais os “constrangi-
mentos” respectivos para com a informação. Ainda
ção militar contra o regime de Saddam. A Co- assim, os dois lados utilizaram os Media como armas,
municação Social, veículo privilegiado entre os sobretudo no jogo calculista da informação/desinfor-
decisores político-estratégicos e as opiniões mação/contra-informação, procurando servir-se deles
públicas, meio de mobilização, de informação e para atingir as várias opiniões públicas. Do lado da
de manipulação das massas, não ficou imune a Coligação, apresentou-se como grande objectivo a
esta crise e a esta guerra espelhando as fractu- “Liberdade Iraquiana” e procurou-se sempre demons-
ras existentes nas suas próprias sociedades. trar que os seus alvos eram exclusivamente as estru-
Alguns Media acabaram mesmo por assumir turas do regime (com ênfase para os “ataques excep-
uma posição militante, deixando-se por vezes cionalmente cirúrgicos” e o uso do termo “Decapita-
embarcar numa vertigem muito mais propagan- ção” para a primeira fase das operações), esperando
dística do que informativa. Nesta fase, abunda- poder jogar com o efeito mediático do “levantamento
ram os políticos e os “fazedores de opinião” - popular” contra Saddam e com uma recepção “com
em detrimento dos analistas e dos especialistas flores”. Entretanto, foi-se desvalorizando progressiva-
- que vinham sobretudo mostrar a sua posição, mente o principal móbil de legitimação para a guerra
infelizmente e quase sempre de uma forma de- – as armas de destruição maciça e as ligações ao ter-
masiado simplista e sumária, fomentando uma rorismo – e não se atribuiu muita importância à ques-
lógica a “preto e branco” ou do “prós e contras”. tão de saber se os líderes iraquianos, em particular
Inevitavelmente, radicalizaram-se posições, e Saddam e os seus filhos, estavam vivos ou mortos ou
esclareceu-se muito pouco. O objectivo, claro, se seriam apanhados. Por seu lado, o regime de Sad-
era o de fabricar o consentimento ou a oposi- dam procurou utilizar os Media de todo o mundo, e
ção, porque também em Democracia a opinião não apenas os seus próprios meios de propaganda,
pública e os órgãos de comunicação são quase para difundir quatro ideias: que se tratava de uma “in-
sempre um meio para se alcançarem fins. vasão e agressão” contra o Iraque; que eram sobretu-
Com o início da guerra, porém, os Media deram do os civis as principais vítimas dos bombardeamen-
muito mais destaque aos analistas e aos especia- tos e dos confrontos militares; que o regime tinha pre-
listas em relações internacionais, estratégia e as- parado uma estratégia capaz de repelir ou resistir lon-
Luis Leitão Tomé*
suntos militares, com o fim de realmente ajudar a gamente às “forças invasoras” (a referência a uma
esclarecer os contornos deste conflito e a “filtrar” as “serpente toda esticada e que seria retalhada às fa-
muitas informações. Curioso notar, aliás, o seguin- tias”); e que todos os iraquianos, bem como muitos
te: na Europa, entre os jornalistas e os “opinado- outros mártires, estavam dispostos a lutar pelo regime
res”, a grande maioria mostrou ser frontalmente e pelo país contra os “mercenários agressores”. A es-
contra a intervenção militar e até anti-americano, tratégia de Saddam dependia muito do efeito que,
enquanto que entre os analistas se notou uma mui- através dos media, conseguisse provocar junto das
to maior compreensão pelas razões do conflito. opiniões públicas, tanto árabes como ocidentais. Daí
Sobre a cobertura jornalística e sobre o papel da o regime ter permitido a presença de tantos jornalistas
comunicação social durante a guerra convém, desde estrangeiros em Bagdad, devidamente manietados, e
logo, recordar a natureza bem distinta dos regimes ter colocado o já célebre Ministro da Informação a pro-
A ilusória
guerra das imagens
á imagens que valem por mil palavras, é usual sido quebrado o benefício do monopólio informativo
H dizer-se. Mas nunca a importância do olhar foi
tão determinante como no caso da ocupação anglo-
detido pela CNN em anteriores conflitos com inter-
venção americana.
americana em curso no Iraque. Mas, ao mesmo tempo e paradoxalmente, nunca
Os meios de comunicação social – salvo as ób- como nesta guerra foi tão fácil confundir a realidade
vias excepções das rádios e de alguns jornais – re- insustentável da morte e da destruição com uma
duziram drasticamente o peso da palavra face à certa ilusão de facilidade, rapidez e transparência
imagem. Os directos televisivos sucederam-se e proporcionada pelo espectáculo mediático. A certa
arrastaram-se por longas horas, entrecortando o fil- altura, tudo parecia não passar de um inverosímil jo-
me da guerra com breves comentários circunstan- go virtual de estratégia militar comandado pelos “jo-
ciais. Vimos, assim, em directo o duelo da propa- gadores” Bush e Saddam, filmado à vez pela CNN
ganda e da contra-informação nas conferências de e a Al-Jazeera. Os comentadores, civis e militares,
imprensa de ambos os lados do conflito. Vimos em sentados nos estúdios a milhares de quilómetros do
directo o avanço das tropas e os ataques às posi- “teatro de guerra”, debitavam informações e anteci-
ções iraquianas. Vimos os mortos e os feridos nas pavam cenários com uma segurança e convicção
ruas e nos hospitais, os rostos de sofrimento, a des- tais que davam a ilusão de ter saído naquele instan-
truição reinante. Vimos os jornalistas a entrevistar te de um briefing com os altos comandos anglo-
em directo os soldados em acção, “interrompendo” americanos. Houve mesmo um conhecido comenta-
a guerra por alguns mi- dor de uma estação de
nutos. Vimos, enfim, em televisão portuguesa
directo a entrada das que, visivelmente diver-
tropas aliadas no “centro
Nunca como nesta guerra foi tido, manipulava diaria-
mediático” de Bagdad – tão fácil confundir a realidade mente um computador
a zona do Hotel Palesti- de bolso e exércitos em
na, onde se concentra- insustentável da morte com miniatura como se de
ram jornalistas de todo o uma certa ilusão de facilidade uma brincadeira de cri-
mundo – e o derrube de anças se tratasse.
uma estátua gigante de “Guerra lúdica”?...
Saddam, clássico sím- Entre as inúmeras
bolo visual da queda de todas as tiranias, de Buca- imagens relevantes que a II Guerra do Golfo propor-
reste a Bagdad. cionou, uma destacou-se como síntese ideal e ícone
António Pedro Pombo*
Com efeito, nunca antes a sensação de proximi- de um certo lado deste conflito: a de uma câmara de
dade física do espectador com os acontecimentos filmar a arder, ainda no cimo de um tripé, numa varan-
numa guerra longínqua havia sido tão intensa, gra- da do Hotel Palestina semi-destruída após um bom-
ças à omnipresença das câmaras de televisão e da bardeamento anglo-americano. A imagem no centro
parafernália de outros meios técnicos, em especial o da guerra, a televisão como sujeito e objecto em si-
popular vídeofone. Por força deste equipamento, multâneo. A ausência de sangue humano, a ilusão da
aliás, a liberdade de captar e difundir imagens para violência sem dor.
todo o mundo foi quase total (descontando a habi-
*sociólogo
tual censura imposta pela hierarquia militar), tendo
A prova dos 7
Sete. A julgar pelo número de novas publicações no mercado,
ninguém diria que estamos a atravessar uma crise. Abordam temas
distintos mas convergem nas expectativas: altas
Imprensa/Novos Mercados
Sonja Cintra
As páginas da saudade
Em Portugal são feitas diversas publicações para as comunidades emigrantes, em especial do Leste e
dos PALOP. Fomos conhecer um pouco melhor algumas delas
Por Waldyr Almeida
e internacionais, cultura e desporto. De nas suas redacções no nosso país, por
ortugal tem uma importante comu- um modo geral, destacam as notícias
P nidade imigrante, com maior ex-
pressão nos cidadãos oriundos de paí-
referentes aos Países de Leste, toda-
via, abordam também notícias de ca-
emigrantes e por redactores portugueses.
Estas publicações têm como principais
fontes outros jornais e colaboradores (jor-
ses do Leste e dos PALOP (Países rácter internacional (do âmbito da ac- nalistas) nos países de Leste, correspon-
Africanos de Língua Oficial Portugue- tualidade), assim como de Portugal, dentes de jornais dos países de Leste res-
sa). Por esse motivo, não é de estra- desde que tenham uma relação directa identes em Portugal, a internet e as agên-
nhar que nos últimos anos tenham sur- com estes imigrantes e que proporcio- cias de notícias. De um modo geral, visam
gido em Portugal diversas publicações, nem uma melhor integração por parte um público alvo que corresponde a toda a
especialmente destinadas a este públi- destes. A título de exemplo, a notícia Comunidade de Leste, tentando abranger
co. Relativamente aos títulos feitos em sobre a Nova Lei da Imigração mere- todas as faixas etárias. Refira-se que não
Portugal para os leitores provenientes ceu destaque em todos eles, assim co- existe nenhuma revista para a comu-
do Leste, podem encontrar-se à venda mo as alterações aos aspectos legais nidade do Leste.
- principalmente em quiosques - os jor- da Legislação Laboral.
nais Imigrante, Slovo, Nasha Gazeta e A maioria dos artigos (principalmente os | Novos mercados? |
Maiki Portugali. Todos eles são sema- de desporto) são feitos por colaboradores O jornal Imigrante foi lançado em 2001 e é
nários e de carácter generalista, escri- residentes nos países de Leste e envia- essencialmente destinado aos imigrantes
tos em língua russa, e abordam temas dos posteriormente para Portugal, sendo eslavos em Portugal. Concede maior des-
relacionados com política, economia, revistos antes de publicados. Apenas os taque às actualidades dos países de Les-
sociedade, actualidades nacionais artigos referentes à comunidade interna- te, de Portugal, embora também aborde a
(dos países de origem ou de Portugal) cional e a Portugal é que são elaborados realidade internacional, temas de cultura e
Cursos de
Pós-Graduação 2003
Em colaboração com Professores
das seguintes Universidades:
Universidade Complutense de Madrid, Espanha;
University of Turku, Finlândia;
University of St. Gallen, Suíça;
Universidade de Navarra, Espanha;
University of Stirling, Escócia;
Informações:
Universidade Independente de Lisboa
Av. Marechal Gomes da Costa, 9 - 5º Andar
1800-255 Lisboa - Apartado: 8268
Tel: 21 837 5826 / 21 836 1900 - Fax: 21 837 5826
E-mail: centro_estudos@hotmail.com
Pós-Graduação em Comunicação
Institucional e Marketing Político
o Director: Prof. Doutor Alejandro Pizarroso Quintero
Início: 1.ª quinzena de Outubro
Pós-Graduação em Marketing e
Direcção de Comunicação
Directores: Mestre Maria João Rosa
Início: 1.ª quinzena de Outubro
Os dez andamentos
A Visão tem dez anos. Em conversa com o director, Cáceres Monteiro, tentámos fazer um balanço desta
aventura, certamente pessoal, mas transmissível
BBDO contrata
D.R.
Sérgio Carvalho
A BBDO reforçou a sua direcção criativa. Eduardo Marino é o novo director da Nova
Sérgio Carvalho, que desempenhava as Gente, revista de Sociedade editada pelo
funções de director criativo na Z. grupo Impala. O jornalista transita do diário
Publicidade desde 2001, transita para a 24 horas, onde desempenhava as funções
agência dirigida por João Wengorovious, de editor da secção Nacional.
onde irá fazer dupla com Gonçalo Morais Anteriormente Eduardo Marino esteve
Leitão. Além disso, será também re- ligado à Mundo Vip (que entretanto,
sponsável – em conjunto com Nuno fechou) e à TV Mais, editadas pela
Jerónimo – pela supervisão do depar- Abril/Controljornal, actual Edimpresa. Para
tamento criativo. Refira-se que Sérgio a equipa da Nova Gente entraram também
Carvalho, Gonçalo Morais Leitão e Pedro Nuno Pereira - que já pertencia ao grupo,
Bidarra (vice-presidente da agência) já uma vez que estava na Focus – para a
tinham trabalhado em conjunto na TBWA chefia de redacção e Cátia Soveral (prove-
EPG, onde Sérgio carvalho iniciou a sua niente da redacção da TV Mais), como
D.R.
Actualidade/Radiodifusão
Uma aposta na informação 18h 45m, é possível ouvir entrevistas
efectuadas por nomes como Ana Sousa
Dias ou José Alberto Carvalho.
A Antena1 está diferente. Um reforço da informação e maior presença Para sublinhar a remodelação, a Antena
1 apresenta-se com um novo logótipo –
da música portuguesa são as “pedras-de-toque” da nova postura
concebido pela Lowe - e lançou uma cam-
panha de comunicação (em televisão e im-
prensa). A mudança inclui também novos
spots e a adopção de uma nova assinatura,
“A rádio que liga Portugal”.
Todo o processo de remodelação da
RDP também engloba e pretensão de
aumentar as sinergias possíveis entre
Antena1, Antena 3, RDP África e RDP
Internacional, ao que não será alheia
Por João Morales
(entre as 13 e 15h, com a informação de uma vontade de contenção de despe-
onsiderada por Almerindo Marques, cada centro regional a ser transmitida sas. Conforme explicou o director de
C presidente da Administração da
RDP, como «o primeiro e mais impor-
para todo país) são algumas das gran-
des apostas editoriais.
programas e de informação, Luís Mari-
nho em entrevista ao Correio da Manhã,
tante passo no processo de reestrutura- A chamada programação de Autor tam- «antes enviava-se um jornalista de cada
ção da empresa» a remodelação da An- bém foi reforçada, através de propostas co- redacção, agora vamos tentar enviar
tena 1 assenta num reforço da informa- mo AMenina Dança? (de José Duarte), Es- apenas um e aproveitar o produto para
ção e da música portuguesa. Antena crita em Dia (de Francisco José Viegas) ou as outras antenas».
Aberta, (um espaço de debate, com a O Sol da Meia-Noite (de Luis Filipe Barros). Recorde-se que a administração da RDP
participação dos ouvintes, conduzido Um outro aspecto que define a nova pretende ainda dispensar cerca de uma
por Francisco Sena Santos e transmiti- Antena 1 é o reforço de sinergias com centena de funcionários, além dos 102 que
do das 10 às 11h) e Portugal em Directo a RTP. Assim, de segunda a sexta, às já aceitaram rescisão de contrato.
Sons recuperados
A Media Capital relançou o Rádio Clube Português. A estação emite na frequência que era ocupada pela
Nostalgia, actualmente transmitida apenas em formato online
Por João Morales
pela difusão de música calma – dos “clás- essencialmente dos anos 60 e 70. No
madrugada de 25 de Abril trouxe
A muitas novidades. Uma delas foi o
final do Rádio Clube Português (RCP),
sicos” portugueses à bossa-nova, da
canção francesa à música latino-
americana – embora também haja
fundo, uma linha muito semelhante à
Nostalgia que pretende substituir. Pre-
senças habituais serão os locutores José
invadido por um grupo de militares da espaço para alguns êxitos Rock e Pop, Candeias, Dora Isabel, Mariana Marques
revolução que ocuparam os seus estú- Vidal, Susana da Mata, Aurélio Gomes,
dios, na Rua Sampaio e Pina e ali ins- Rui Almeida e Teresa Gonçalves.
talaram o Posto de Comando do MFA. O RCP surgiu nos panorama hertziano
Em Abril de 2003 voltou a estar no ar, português em 1931. Foi a primeira emis-
pela mão da Media Capital Rádios. sora privada do país, e nasceu quan-
Com uma cobertura nacional, o RCP do os ouvintes da Rádio-Parede re-
ocupa agora as frequências da Rádio solveram avançar para um projecto
Nostalgia – estação do mesmo grupo mais sério e fundaram a Rádio Clube
– cuja emissão prossegue, em ex- da Costa do Sol, cujo nome viria a
clusivo, na internet, através da plata- mudar logo na primeira Assembleia
forma Cotonete. Com um target entre Geral, ainda no mesmo ano. A nova
os 42 e os 55 anos, pertencente às clas- assinatura faz evoca a familiaridade do
ses A, B, e C1 e maioritariamente femi- seu nome, junto daqueles que pretende
nino, a aposta do renovado RCP passa atingir: «Sinta-se em casa».
Actualidade/Televisão
O cabo dos trabalhos
Paes do Amaral acusa a Portugal Telecom de boicotar a entrada da
Media Capital no cabo. E não poupa críticas à política
«economicista» da empresa
Por João Morales*
faça mais com a TVI». Para este responsável
final, parece que ainda não é desta não restam quaisquer dúvidas: «Percebo
A que o canal de Economia da Media
Capital arranca. Em declarações à agên-
perfeitamente a estratégia da PT, mas é
ilegítima, porque um operador monopolista
cia Lusa, o presidente da Media Capital, como a TV Cabo não pode seguir tendências
Miguel Paes do Amaral, explicou o seu economicistas, como está a fazer»
descontentamento: «Estamos prontos Recorde-se que actualmente a SIC conta
para lançar o canal de economia mas a com quatro presenças na distribuição por
Portugal Telecom não nos quer dar as cabo (SIC Notícias, SIC Sempre Gold, SIC
D.R.
condições necessárias. Aliás, parece que Radical e SIC Mulher), enquanto que a TVI
a TV Cabo está mais interessada em blo- tem a TVI Eventos, canal apenas disponível
quear o nosso acesso ao cabo». por assinatura, que transmitiu o BIG Brother Recorde-se também que, recen-
O mesmo responsável não se esquivou a em emissão contínua. O contrato assinado temente, a SIC assinou um acordo com o
comentar a relação da TV Cabo com a sua entre a TVI e a TV Cabo – assinado há Sapo – site do universo PT – para integrar
concorrente directa, a SIC: «Acho muito bem cerca de um ano – prevê a criação de três os seus conteúdos numa plataforma de
o que a SIC tem feito no cabo, tem sido um canais: um dedicado à informação banda larga.
belo trabalho, e eu não quero que a TV Cabo económica, um destinado ao público jovem
* com Lusa
faça menos coisas com a SIC, quero é que e um outro consagrado aos tempos livres.
Caixa aberta
A televisão pública prepara-se para grandes mudanças. Um novo método de financiamento e gestão,
acompanhados pelo lançamento de novos canais são as premissas do projecto
D.R.
tar posições conjuntas em algumas cutiva do projecto. Além do site a Age-
matérias, como a Televisão Digital finan é também responsável pelo Diá-
rio Financeiro, enviado por mail a ges- s equipas da manhã e da tarde da SIC
Terrestre.
ExpressoEmprego
tores de empresas e decisores de vá-
rios sectores de Economia.
A e SIC Notícias estão a trabalhar de for-
ma integrada. Este é o primeiro reflexo vi-
remodelado sível da nova estratégia de gestão de
meios humanos, depois de Ricardo Costa
...e desinveste ter assumido a direcção da SIC Notícias,
na imprensa em substituição de Cândida Pinto. Recor-
s revistas Computerworld e PC World de-se que jornalista abandonou as fun-
A passaram a ser editadas em Portugal
pela Imediatic, empresa constituída por ex-
ções de chefia invocando a intenção de se
dedicar mais à reportagem, decisão em
quadros da Expansão, editora da Media que foi acompanhada pelo então director-
Capital que era responsável pela sua pu- adjunto da SIC Notícias, José Manuel
blicação. Ambas as revistas são dirigidas Mestre, o qual não apresentou nenhum
por Timóteo Figueiró. Este é mais um pas- motivo para sua atitude. A demissão deste
so dado pela Media Capital na sua estraté- profissional teve como consequência práti-
gia de abandono da imprensa enquanto ca o reforço de poderes do chefe de redac-
área primordial de negócio. Recorde-se ção, Daniel Cruzeiro. Recorde-se que o
que, simultaneamente, o grupo tem efec- avanço desta fusão foi o que esteve na ori-
tuado algum reforço no universo do audio- gem de diferendos entre Nuno Santos e
ExpressoEmprego.pt remodelou a visual (com o anúncio consecutivo da in- Emído Rangel, o que resultou na saída de
O sua homepage. O site tem novas
secções, com conteúdos relativos à
tenção de lançar um canal de Economia
por cabo e o controlo da NBP, que também
Nuno Santos (apesar de Emído Rangel
também ter saído da SIC algum tempo de-
gestão de Recursos humanos, Univer- já está presente em Espanha) e da radiodi- pois). Cabe agora a Ricardo Costa levar a
sidades e Mercados em Análise. As fusão (lançando novas estações). bom porto a tarefa.
funcionalidades de pesquisa também
foram acrescidas, dispondo o internau- SIC
ta das opções “Executivos” e “Trabalho no Sapo
Temporário” secções de formação, e- s conteúdos dos canais da SIC pas-
learning e livros. O site lançou também
um canal em colaboração com o Institu-
O sam a estar disponíveis através do
Sapo. Esta parceria entre o grupo de Pinto
to de Informação em Franchising, dis- Balsemão e a PT Multimédia enquadra-se
ponível a partir do site do ExpressoEm- no lançamento de um canal de banda lar-
prego. Refira-se que o caderno Empre- ga, disponível para os clientes do grupo
go, do Expresso, também passa a in- PT que disponham deste sistema (ADSL
cluir um espaço destinado a este sec- ou Netcabo), os quais terão ainda acesso
tor. Segundo os números disponibiliza- a outros conteúdos; uns em regime de ex-
dos pela própria empresa o Expres- clusividade, outros mediante pagamento.
soEmprego registou no mês de Feve- Aliás, segundo adiantou à Lusa o presi-
reiro cerca de 225 mil visualizações e dente da SIC «este é mais um passo para
18 mil utilizadores únicos. pagamento de conteúdos na internet».
Sonja Cintra
sonora serem «cada vez maiores», si-
tuação que a rádio analógica não con-
segue satisfazer porque, entre outras Também a radiodifusão vai acompanhar a evolução tecnológica
razões, «tem demasiados programas
na faixa de FM». Segundo este interlo- para um determinado produto, associan- mais moderno, mas não tão rentável».
cutor «o sistema digital permite um do uma mensagem publicitária a uma Além disso «a conjuntura económico-fi-
som de alta qualidade, bem como uma música, ou particularizar a publicidade nanceira do país não é favorável à mu-
recepção livre e imune a interferên- com os contactos da marca. dança», alerta. Uma postura corrobora-
cias, devido à uniformização do sinal». O director técnico da Media Capital, da por José Manuel Paz, consultor téc-
Através dos “gap fillers” (emissores de Carlos Marques, destacou as vantagens nico da APR e responsável técnico da
menor potência) será possível preen- a nível dos arquivos, principalmente Rádio Litoral Oeste, que recorda casos
cher as lacunas de som e definir-se um «nas rádios locais onde se desperdiça de «rádios que começaram a investir no
patamar de qualidade sonora que não um grande espólio que um dia mais tar- digital e a despedir trabalhadores».
dependa do movimento, nem da locali- de poderá fazer história ou mesmo ser Rádio digital sim, mas progressiva-
zação (a frequência de cada estação reaproveitado na programação». Este mente. Esta é a posição de Jorge Pinho,
será a mesma em todo o país). responsável acredita que o sistema digi- consultor técnico da APR e responsável
tal poderá ser uma solução quando os técnico da Rádio Universidade do Ma-
| Vantagens tecnológicas | recursos humanos e financeiros são rão, que defende a compra de equipa-
O ouvinte passará a dispor de «uma poucos, principalmente na parte da pro- mento com as duas versões - analógico
grande quantidade de informação, como dução, uma vez que permite gravar nu- e digital - ligado posteriormente a uma
as letras dos temas, o trânsito, mapas, ma hora, cerca de seis a sete horas de matriz comutadora. «A filosofia é renta-
meteorologia, cotações da bolsa, men- emissão. «Com a era digital uma só bilizar a rádio: o programador que faz
sagens publicitárias com respectivos pessoa pode fazer uma rádio», concluiu. uma playlist para uma rádio, pode ser o
contactos, e ainda publicidade adaptada mesmo que faz para outras rádios”, con-
à sua faixa etária e aos programas que | Alguma cautela | clui Jorge Pinho.
ouve». A informação digital pode tam- Estas reservas são partilhadas por Pe- Cabe agora às entidades responsá-
bém ser enviada pela Internet, ou serem dro Costa, director da APR e coordena- veis definir o tempo de vida do FM, uma
criadas Play Radio Services (uma espé- dor geral da Rádio e Televisão do Mi- decisão que vai influenciar o tipo de in-
cie de play list personalizada), opções nho, que defende um sistema baseado vestimento a realizar, «embora o entu-
que Paulo Almeida acredita «venham a em computadores para as estações que siasmo com o digital já tenha sido
ser pagas». A nível comercial, existem têm fracas receitas publicitárias, como maior», como afirmou o presidente da
outras vantagens, como a possibilidade as locais. «Às vezes a vaidade pode le- APR, José Faustino, já na recta final do
de ser feita uma exploração específica var-nos a adquirir um equipamento encontro.
A urgência
de emagrecer
Propomos-lhe uma viagem pelo panorama da Comunicação em
Leiria. Um retracto dos seus jornais, rádios e propostas de formação
neste sector
do País com o maior índice de leitura de jor- Leiria «é um mercado muito competitivo, fru-
nais regionais, com 64,6%, logo a seguir de comunicação social. Estamos sempre
a Braga (67,8%) e a Coimbra (66,9%). disponíveis para dialogar com outros o-
Em quase todos os índices considera- peradores, desde que seja no sentido de
dos no estudo a posição de Leiria é su- A pluralidade de títulos é melhorar a capacidade de oferecer pro-
perior à média nacional. dutos informativos de qualidade.»
Não obstante, é consensual que o
garante da Liberdade de
sector está demasiado gordo, tendo ra- Imprensa, um dos pilares da | Sem implicar extinções |
pidamente de fazer uma dieta para pre- O director do líder de mercado, Francisco
venir o agravamento de doenças e asse- democracia pluralista Santos, é o mais enfático, ao concordar
gurar um futuro com saúde. Adriano Lucas, Diário de Coimbra «em absoluto» que o sector deve cami-
É clara a disposição de alguns edito- nhar no sentido da concentração e conse-
res para dialogarem no sentido de aproximar quente redução de títulos. O responsável do
posições. Já houve encontros bilaterais, ain- to de uma oferta muito grande para um mer- Região de Leiria, o único jornal com tiragens
da inconclusivos, mas, em depoimentos à cado reduzido.» Sobre a eventual concentra- auditadas e que divulgou as contas de explo-
Media XXI, os responsáveis dos principais ção, Jaime Antunes é claro: «É sempre po- ração, entende que, apesar de Leiria «ter a
semanários não fecham a porta a um enten- sitivo perspectivar empresas de maior di- melhor imprensa regional do país», «a con-
dimento. A excepção, pelo menos aparen- mensão para os mercados locais/regionais corrência é excessiva, há títulos a mais e fal-
Portugal Media
«Explicações em Leiria:
um negócio da China»
oi por uma questão éti- (o maior grupo empresa-
F ca que acabou a Li-
miar. A revista da Escola
rial da zona centro) para
a comunicação social,
Secundária Francisco Lo- que o adquiriu há sete
bo tinha publicado um tex- anos e consolidou a sua
to sobre as explicações liderança destacada do
em Leiria, precisamente mercado. Edita uma re-
«Explicações em Leiria: vista periódica mensal e
um negócio da China»; a várias outras revistas te-
delegação de Leiria da máticas.
Rádio Renascença deu- O Jornal de Leiria é o
lhe eco nacional, o Minis- segundo título da sede do
tério da Educação enviou distrito. Propriedade de um
uma inspectora averiguar o que se pas- empresário com interesses diversi-
sava, a qual «apertou» q.b. os elemen- ficados, José Ribeiro Vieira, com cuja
tos da redacção da revista (alunos e pro- imagem se identifica fortemente, mantém
fessores) e propôs uma solução: no nú- um suplemento cultural semanal e
mero seguinte da revista publicava-se também edita livros regularmente.
um desmentido ou a publicação acaba- O Notícias de Leiria é o mais jovem se-
va ali mesmo, pelo menos sob a chance- manário do distrito. Fundado em 1999 por
la da escola. Os membros da revista sa- Jaime Antunes (antigo proprietário e direc-
biam que a história era verdadeira, por- tor do Diário Económico) e por um grupo
tanto um desmentido estava fora de cau- de jornalistas e empresários da região
sa. Escolheu-se o caminho mais doloro- (são, ao todo, 16 accionistas), surgiu com
so, mas o mais digno: acabou a revista! uma forte ambição no mercado, mas um
O caso passou-se na cidade de Leiria conjunto de factores fez arrefecer esses
em 1983, há vinte anos, portanto, e seria intuitos.
ta verdade sobre tiragens e vendas. Os títu- apenas mais uma história para contar O Diário de Leiria, fundado em Outu-
los existentes têm filosofias idênticas, pelo aos netos se não tivesse inoculado o ví- bro de 1987, pertence ao chamado Gru-
que se torna óbvio que a quantidade não rus do jornalismo (como todos sabem, po Adriano Lucas, que detém o Diário
se traduz em diversidade.» Por isso consi- cientificamente denominando «o bichi- de Coimbra, Diário de Aveiro e Diário de
dera que, tal como nas rádios, o número de nho») a um punhado dos seus protago- Viseu, entre outros. Publica-se de se-
títulos de imprensa «é excessivo e deveria nistas. Alguns dos quais acabaram, um gunda a sexta-feira e tem um estilo mar-
por isso incentivar-se a especialização, o ano depois, por fundar o Jornal de Leiria, cadamente informativo e de acompa-
que não acontece». Daí que já tenha mani- que seria o precursor do extraordinário nhamento da agenda.
festado essa opinião «a alguns editores» e ciclo de renovação da imprensa regional No sul do distrito, nas Caldas da Rainha,
esteja «disposto a estudar o assunto, em de Leiria que se tem verificado nos últi- lidera a Gazeta das Caldas, propriedade
espírito de grande abertura e cooperação». mos 19 anos. de uma cooperativa fundada em 1925.
Francisco Santos frisa que entendimento Só na sede do distrito, que tem 60 mil Os outros semanários com mais pene-
e concentração não quer necessariamente habitantes, há cinco semanários (três tração no distrito e que se publicam regu-
dizer extinção de títulos: «Os títulos existen- generalistas e dois da Igreja) e um diário, larmente são O Eco e O Correio de Pom-
tes poderão continuar, mas reposicionados além de três rádios. E nas cidades e vi- bal, ambos de Pombal, e o Jornal da Ma-
por segmentos, prestando um melhor ser- las vizinhas há vários semanários, além rinha Grande. O primeiro pertence à So-
viço ao público». de uma quantidade apreciável de quin- jormédia (a mesma proprietária do Re-
A sul, José Luís Almeida e Silva, da Ga- zenários e mensários. Ao todo, são 63 gião de Leiria), o seu concorrente de
zeta das Caldas, pensa que o número de os títulos registados no Instituto de Co- Pombal foi adquirido há cerca de dois
títulos «é muito elevado, havendo muitos municação Social, embora nem todos anos por uma empresa de construção
jornais que apenas servem os interesses estejam em publicação regular. civil e promoção imobiliária. O Jornal da
de meia dúzia de pessoas, nomeada- Marinha Grande é, neste momento, o
mente quem os faz ou os grupos que os | Os protagonistas | único semanário da capital do vidro e é
apoiam e por vezes financiam.» Mas é O jornal mais antigo do distrito (73 anos) detido por uma empresa independente.
mais cauteloso quanto à concentração, é o semanário Região de Leiria, editado
A.J.L.
defendendo que o mercado «provavel- pela Sojormédia, holding do Grupo Lena
A.J.L.
be de Leiria e Rádio Liz – ganharam as da democracia pluralista.» Por isso, e ape-
três frequências disponíveis. Já todas, sar de se ter vindo a verificar «em Portugal
entretanto, mudaram de mãos, duas de- e no Mundo em geral uma tendência para | Saúde financeira? |
las alteraram a designação, e o negócio, a concentração de meios e títulos e a sua A verdade é que, se todos os editores ga-
face à repartição excessiva do mercado, apropriação por grupos económicos», rantem que as suas publicações se auto-
estará longe de ser atractivo. «compete ao Estado garantir a livre concor- financiam, a maior parte não revela núme-
José Ranhadas, da 94 FM (herdeira rência, evitando a concentração, práticas ros (ver quadro), alegando constituir infor-
da Comercial), e Emília Pinto, da Central monopolistas e de abuso de posição domi- mação confidencial das empresas. Mas,
FM (ex-Rádio Clube) garantem que as nante, através de adequada legislação anti- não obstante, qualquer observador mais
suas empresas se auto-financiam, mas monopolista». atento e informado constata que a publici-
apenas Emília Pinto aceita revelar a fac- Do lado dos investidores, a opinião domi- dade, não esticando, não chega para todos
turação: 175 mil euros em 2002. A Rádio nante é a do excesso de títulos. David Neves, – muito menos em tempo de crise, como
Liz, a outra das três estações de Leiria, da agência de publicidade DCN, que no ano é o actual. E todos sabem os custos e as
detida por um empresário chamado passado colocou 125 mil euros de publici- receitas uns dos outros, pelo que é fácil
Francisco Balsinha e que emite algumas dade nos meios regionais, entende que o concluir que, se tudo está bem, dois mais
horas de programação da Igreja Univer- caminho é precisamente o da concentração, dois são… oito! E ninguém tem dúvidas
sal do Reino de Deus, não respondeu para que a qualidade possa aumentar. de que o negócio, mesmo quando é po-
às nossas questões. No mesmo sentido vai a opinião do res- sitivo, é de tostões, quando poderia ser…
José Ranhadas e Emília Pinto divergem ponsável da Sistema 4, outra agência de de milhões.
quanto às audiências: o primeiro cita a publicidade de Leiria, que investiu 20 mil Acresce que, com as novas regras dos
Marktest para garantir que a 94 FM «é a euros em 2002. Pedro Oliveira acha que apoios do Estado à comunicação social,
rádio local mais ouvida da região centro, quanto às rádios, há lugar para todas, mas com o Governo a garantir que os termos
acumulando um total de audiência de relativamente aos semanários «está um a «rigor» e «fiscalização» vão deixar de ser
1,7%», Emília Pinto alega que «não há mais» e que «mais vale um projecto forte letra morta, o futuro vai ter necessariamente
estudos que nos permitam responder». do que dois a sofrer». de ser diferente.
Quanto à informação, a Central FM
tem um jornalista a tempo inteiro e uma
estagiária, enquanto a 94 FM revela ter Um curso... mais um
dois jornalistas no quadro.
José Ranhadas e Emília Pinto estão stá no segundo ano o curso de Co- companhia. Carlos Silva, da direcção
nos antípodas quanto à apreciação que
fazem do sector. Enquanto a directora da
E municação Social e Educação Mul-
timédia da Escola Superior de Educa-
do ISLA-Leiria, revela que o curso de
Comunicação e Tecnologias de Infor-
Central FM diz que quer o número de ção de Leiria. É um curso de quatro mação desta instituição apenas espera
jornais, quer o de rádios, é «exagerado», anos, neste momento com 78 alunos. autorização do Ministério do Ensino
o administrador da 94 FM considera-o Luís Barbeiro, director do curso, consi- Superior para arrancar, em princípio já
«adequado». Também quanto à eventual dera que a sua criação «foi guiada pela no próximo ano lectivo. Terá quatro
concentração, ambos não estão em sin- preocupação em proporcionar uma for- anos de formação (licenciatura) e, tal
tonia. Emília Pinto concorda, a bem «da mação integrada, mas diversificada», como o seu homólogo da ESEL, aposta
qualidade e da rendibilidade financeira», para formar profissionais «capazes de numa formação prática, que «não des-
e está disposta a analisar qualquer pro- criarem produtos e de dinamizarem es- cura a importância crescente e prepon-
jecto nesse sentido. José Ranhadas, pelo tratégias de comunicação que mobili- derante das tecnologias de informa-
contrário, entende que não, recorrendo zem as potencialidades das novas tec- ção, numa lógica de flexibilidade e po-
às necessidades do mercado e ao direito nologias.» É esta «formação diversifi- livalência do licenciado no mercado de
do público a ter opções para justificar a cada» que o leva a acreditar na boa trabalho.»
sua posição. empregabilidade dos seus formandos.
AJL
O curso da ESEL terá, em breve,
AJL
Caixa Alta desenvolveu uma campa- Assim, surgirá um teaser – “hã?” – interro-
A nha da Associação Portuguesa de
Imprensa (AIND), destinada a «motivar os
gação mais tarde justificada, porque
«quem não lê, não sabe; quem não lê es-
jovens para a leitura de jornais e revis- tá fora», explica Eduardo Homem. A cam-
tas», conforme nos explicou o director panha – que foi concebida pela dupla
criativo da agência. A estratégia desta Paulo Leal (director de arte) e Catarina
campanha é estimular a auto-crítica nos Henriques (redactora) – contará, numa fa-
jovens, transmitindo-lhes a importância da se posterior, com um filme de animação,
informação escrita, como forma de se afir- produzido pela Escola Superior de Comu-
marem como adultos. «Uma das grandes nicação Social. A campanha – que arran-
D.R.
dificulda-des foi o facto da campanha ser ca em Junho — contou ainda com os
veiculada nos próprios jornais e revistas, apoi-os do ICS, RTP (na cedência de es-
que, infelizmente, os elementos do target paço publicitário), Imageone e Zefa Visual s mudanças não param, no mundo da
pretendido – ou seja, os próprios jovens,
não consomem. Por isso optámos por
Media (no licenciamento das imagens
utilizadas na campanha) e RMB (na
A publicidade. A direcção criativa da
Young & Rubicam passou a ser assegura-
uma linguagem telegráfica, na linha da disponibilização da rede de cinemas para da por Albano Homem de Mello, que acu-
comunicação que eles próprios utilizam». passagem do filme). mula com a presidência da agência. O fac-
to fica dever-se à saída Lourenço Thomaz
Preta e Susana Sequeira, que até aqui tinham
e sem álcool essa responsabilidade. Em declarações
ecididamente a cerveja preta está a ao Meios & Publicidade Lourenço Thomaz
D dar que falar. A BBDO é a agência
responsável pela campanha da cerveja
afirma que a sua saída se deve a «motivos
profissionais e pessoais», acrescentando
sem álcool Jansen Preta, um novo pro- ainda: «demos mais à Young do que a
duto da Sociedade Central de Cerve- Young nos deu a nós». Por seu turno Alba-
jas. Trata-se de uma campanha de tele- no Homem de Mello, em entrevista ao
visão e outdoor, protagonizada pela Briefing, justificou-se explicando que «nes-
modelo Imany. A produção do filme es- tes últimos dois anos houve decisões difí-
teve a cargo da Tangerina Azul e a mú- ceis que tiveram que ser tomadas e obvia-
sica é da responsabilidade do grupo Da mente que o meu foco foi para tentativa de
Weasel. Depois das recentes movimen- recolocar a Y&R no lugar que merecia. E
tações no mercado da cerveja preta nessas alturas não se pode olhar muito pa-
esta é a mais recente aposta da Socie- ra trás, com o perigo de não se fazer na-
dade Central de Cervejas, com o objec- da», acrescentando ainda:«desejo-lhes a
tivo de conquistar a liderança no seg- melhor sorte, mas sei que a equipa que fi-
mento de cerveja sem álcool. ca pode fazer melhor».
D.R.
No final, será editado um anuário referente grupo MKT, passou a integrar a ECCO,
às participações inscritas. uma rede internacional de agências
A JCDecaux é o patrocinador oficial da ter- independentes de relações públicas,
ceira edição da Bienal de Lisboa EXPERI- Unimagem tendo já participado na reunião desta
MENTA DESIGN 2003. O contrato, assina- reforça equipa entidade que decorreu entre 7 e 9 de
do no passado dia 5 de Maio, prevê que a A antiga directora da revista Valor, Marga- Maio, em Londres, na qualidade de
empresa promova o evento (este ano su- rida Guimarães, passou a desempenhar ECCO Portugal. Esta adesão significa
bordinado ao tema “Para além do consu- funções de directora de comunicação da para a ipsis «a possibilidade de esten-
mo”) não só em território nacional, disponibi- Unimagem. Segundo a notícia publicada der a sua actividade a outros merca-
lizando para isso equipamentos seus em pelo semanário Meios & Publicidade a dos e a participação e colaboração na
diversas cidades, como Madrid, Barcelona agência reforçou ainda a sua equipa com gestão de contas internacionais», con-
ou Paris. A directora e programadora do a entrada de um novo account, João Paulo forme adiantam os seus responsáveis.
vento, Guta Moura Guedes, afirmou que é Aires. Margarida Guimarães foi também di- Michelin, Regus, UPS Worldwide Lo-
«uma honra» contar com este patrociandor, rectora de informação da rádio comercial gistics, BroadVision, Mitsubishi e To-
«dada a ligação desta empresa ao design», e colaboradora do Semanário Económico. shiba são algumas das marcas traba-
salientando que é também «mais uma Quanto a João Paulo Aires, também esteve lhadas por empresas da ECCO. Esta
prova da dinâmica estratégica desta ligado a diversos projectos de imprensa, associação foi fundada em 1989 e per-
empresa, uma vez que a associação da como a já referida Valor, TMT, Comunica- mite a troca de experiências, ao nível
cultura à economia é apanágio daqueles ções/APDC, Todo-o-Terreno e Automotor. técnico e de aprenizagem.
que compreendem verdadeiramente o
mundo contemporâneo». O director-geral Cais lança site
da JCDecaux Portugal, Ruy Vieira, con-
sidera que «é uma excelente oportunidade A Associação Cais lançou um site ofi- mo”. Recentemente a CAIS lançou a
para divulgar o papel da empresa no mun- cial, onde é possível consultar infor- iniciativa Ponte Digital, que assenta
do do design e para aproximá-la ainda mais mações sobre o projecto, bem como na execução de Oficinas de Internet
de potenciais parceiros». sobre as actividades desenvolvidas. em diversas Instituições de Solidarie-
O site – que foi desenvolvido pela O- dade Social, com o objectivo de levar
Mastercard gilvyInteractive – permite também as novas tecnologias até aos mais
no Euro 2004 aceder ao arquivo da revista Cais, um desfavorecidos, reforçando a mais-
A Mastercard juntou-se à lista de patroci- dos principais “motores” desta Asso- valia que elas representam numa in-
nadores do Campeonato Europeu de ciação, fundada em 1994. Entre os tegração social e profissional ade-
Futebol 2004. Amarca reforça assim a sua restantes conteúdos há também notí- quada.
notoriedade, posicionado-se como o maior cias, informação
patrocinador mundial no sector do Futebol. sobre a Cais e os
Além de promoções especiais associadas seus objectivos e a
à venda de bilhetes, a Mastercard pretende possibilidade de
lançar 300 mil cartões com a imagem do conhecer os ven-
Euro 2004. A Mastercard integra a lista de dedores da publi-
patrocinadores globais juntamente com cação, bem como
Canon, Carlsberg, Coca-Cola, Hyundai, outras iniciativas
JVC, NTT e McDonald’s. Entretanto, inerentes ao pro-
Eusébio tornou-se mais uma das persona- jecto, como o 1º
lidades do desporto que irá dar a cara em Concurso de Foto-
iniciativas promovidas pela Mastercard, grafia, subordina-
juntando-se a Pelé, que já se encontra as- do ao tema “Sen-
sociado a esta marca desde 1991. sualidade e Erotis-
D.Moska
entidades envolvidas (Câmaras Municipais Comunicação adoptada
e Juntas e Regiões de Turismo) este plano passam por uma especial
Vencedores!
José Eduardo Moniz, Pedro Bidarra e Miguel Setas foram as três
personalidades distinguidas na primeira edição dos Prémios M&P.
Mas há mais...
Prémios e Eventos
O prestígio na fotografia ga dos prémios realizou-se no Centro
Cultural de Belém.
O Grande Prémio Visão-Sagres Preta
Várias fotos sobre o acidente ecológico na Galiza marcaram o 3º (marca patrocinadora do concurso) foi
conquistado por Paulo Freitas, do jornal
Prémio Visão Fotojornalismo. Paulo Freitas foi o grande vencedor O Comércio do Porto. Uma imagem re-
lativa ao acidente do Prestige (precisa-
Por João Morales
gal. Um evento que já conquistou o mente intitulada Tragédia do Prestige –
elo terceiro ano consecutivo o Pré- seu lugar no jornalismo português e
P mio Visão Fotojornalismo distinguiu
os melhores trabalhos de fotógrafos
em que estiveram a concurso 2971
imagens, captadas por 154 fotógrafos.
Os Voluntários limpam as praias carre-
gadas de crude) foi a responsável pela
escolha do Júri, presidido pelo ex-editor
portugueses, ou residentes em Portu- Tal como nos anos anteriores a entre- do The Independent (Colin Jacobson),
e que contou também com Sylvie
Rebbot (editora da revista Geo),
Christiane Gehner (editora da Der
Spiegel) e Jane Evelyn (fotógrafa
freelancer). É interessante realçar
a vasta presença de fotografias re-
lativas a este desastre ecológico,
muitas delas, inclusivé, premia-
das.
As restantes categorias ganhas
por João Carvalho Pina, freelancer
(Notícias); Luís Costa, freelancer
(Retrato); Gonçalo Rosa da Silva,
Visão (Vida Quotidiana); Leonel
de Castro, Jornal de Notícias (Na-
tureza); Pedro Correia, Jornal de
Notícias (Desporto) e Luís Barra,
Visão (Reportagem). O júri optou
por não entregar distinguir vence-
dor para a categoria Espetáculo,
tendo sido entregues menções
Paulo Freitas
Comunicar em grande
Os grandes espaços comerciais trouxeram consigo novas abordagens à Comunicação. Um campo em que
a comunicação institucional tem trilhado novos e interessantes caminhos
Por Martine Pedro*
Sonja Cintra
com a época do ano (a Pás- evolução verificada na ar-
coa e os chocolates, o Natal quitectura dos centros co-
e os brinquedos, o mês de merciais, que se tornaram
Janeiro e o textíl-lar), com mais elaborados, dando
temas populares (feira de vinhos ou de quei- acções tais como a publicidade institucio- prioridade à luz natural, reforçando a com-
jos e enchidos) ou ainda com temas exóticos nal e as relações públicas. Os objectivos ponente da decoração e a presença de
(como a Quinzena dos Países do Oriente). são o reforço da notoriedade e da imagem plantas naturais.
institucional da marca, bem como do seu As animações multiplicam-se: de even-
| Estratégias várias | posicionamento, credibilização e capacida- tos culturais a exposições, de música ao vi-
Há cerca de 20 anos, as acções promoção de de transmissão de confiança. É neces- vo a feiras de velharias aos fins de sema-
acompanharam os primeiros passos das sário referir que estas são acções cujos re- na, sem esquecer todas as animações e
grandes superfícies em Portugal. Primeiro, sultados são alcançados a médio e longo passatempos projectados para as crianças
para responder às solicitações dos fabricantes prazo. A associação repetida e constante a (basta recordar as instalações natalícias
de bens de grande consumo que tinham ne- valores importantes como a cultura, as ar- presentes na maioria destes espaços).
cessidade de compreender os comportamen- tes, a ecologia ou os desportos será neces- No entanto, sem uma comunicação dinâ-
tos de compra, e mais recentemente, para re- sária para ganhar a confiança do publico- mica e persistente, todo o investimento e
forçar a comunicação do espaço comercial alvo e conquistar uma imagem de empresa esforço atrás referidos, não terão qualquer
que assim mostra o seu dinamismo e a aten- dedicada e defensora da cidadania. sucesso a curto prazo estando seguramen-
ção dada a sua clientela, havendo sempre no- te condenados ao fracasso. Por isso, a ava-
vos motivos para voltar. | A dimensão social | liação da eficácia da comunicação adopta-
As técnicas mais utilizadas são as redu- Muitas das acções de comunicação de da tem que ser constante, sendo que a con-
ções de preços e a oferta de mais quanti- causas sociais têm por objectivo fornecer sequência mais visível é materializada na
dade de produto, os vales de desconto e as informações aos cidadãos e elevar o seu adesão do público e na sua fidelidade. Há
provas de degustação - nos hipermercados nível de consciência. Um espaço comercial sempre mais e melhor fazer.
- a distribuição de brindes ou amostras gra- representa e defende causas sociais da co- *Directora de Marketing do Atrium Saldanha
Sonja Cintra
Pequenos consumidores,
grandes decisores
As crianças são um dos alvos do marketing, mesmo quando estamos falar de produtos que não foram
originalmente criados para elas. Ainda pequenos, acabam por ser grandes consumidores
Entrevista/Luís Delgado
caso, que era a delegação com maior peso
financeiro em Portugal, foi pedido ao
delegado que cortasse um conjunto de
tradutores que traduziam o português para «Há um dilema: formação de
brasileiro e chegámos à conclusão que não
havia necessidade de manter essa situação. quadros técnicos internos ou
Não eram pessoas da Lusa e os contratos
foram anulados. “Dar a volta” à Lusa era uma
deixar a Lusa na mão de
exigência não só do Estado, como dos ac- empresas externas»
cionistas privados; é bom lembrar que o
Estado tem 50,13%, mas existem vários
outros accionistas, como a Lusomundo, o
Público ou o grupo Balsemão
Quais são as implicações estratégicas
de existir capital privado envolvido?
Implica uma gestão mais rigorosa e desse
ponto de vista é muito interessante porque
a agência Lusa tem que funcionar ver-
dadeiramente como uma empresa “privada”
e também pública; não pode cometer muitos
erros pensando que o Orçamento de Estado
vai cobrir sempre esses erros. Temos um
conselho de administração com sete ele-
mentos, que reúne todos os meses, e dá o
seu parecer sobre o que considera ser o in-
teresse da agência. Por isso é mais
fascinante mas mais rigoroso. negócio, com potenciais clientes perma- desde que comprem o próprio serviço.
Já disse que uma das grandes apostas nentes, entre bancos, correctoras, empresas, Quais são os problemas do site?
da Lusa passará pela informação enfim, todo o mundo da economia, que hoje Tem dificuldades técnicas e o nosso back-
económica e financeira. Essa aposta tem uma capacidade que há dez anos não office tem várias lacunas. Por exemplo, na
acarreta novas necessidades, em ter- tinha. Por isso, as pessoas que vão para as guerra do Iraque, a dada altura, era neces-
mos tecnológicos e de meios humanos? nossas delegações externas vão já com a in- sário mudar algumas coisas do desenho do
Em termos técnicos não implica nada. Está a cumbência de dedicar muita atenção às site e não tínhamos capacidades internas. O
ser feita uma auditoria externa, que ainda não questões da economia, designadamente ao problema é que Lusa nunca criou ca-
foi avaliada, porque há um sistema interno, investimento português e ao investimento pacidades internas, foi acumulando pessoas
o Syrus, que foi aprovado em 1997 e foi desse país em Portugal. Daqui a três meses na direcção técnica, mas sem terem com-
posto em funcionamento regular há dois ou vamos começar a ter efeitos práticos – em petência específica e técnica para programar,
três anos mas tem tido falhas sucessivas termos de receitas – dessa capacidade. para mexer em códigos, para fazer web-
e estamos a avaliar se vale a pena mantê- Um dos grandes investimentos nos design, para manter alguns sistemas e foi
lo, porque foi mal montado de origem, últimos tempos foi o site. Está a sempre recorrendo a outsorcing e serviços
gastou-se muito dinheiro com ele e nós compensar, em termos de receitas? externos. E há um dilema: formação de
temos que ter um sistema que seja al- Não, de todo. O site está mal feito, não com- quadros internos ou, e é isso que eu não
tamente fiável. Não nos serve de nada pensa e vai ser mudado em termos de web- quero, deixar completamente nas mãos de
termos uma grande agência mas não con- design, é muito pobrezinho. Um outro proble- empresas externas aquilo que é o serviço da
seguirmos pôr as notícias cá fora. Do ma, é que nós acabamos por ter dois sites, o Lusa. Há pouco tempo tivemos uma crise
ponto de vista da secção da economia – lusa.pt e o lusa arquivo. Em termos de design, que durou 30 horas... temos que ter uma es-
que tem 14 pessoas - talvez sejam ne- nem sequer são compatíveis, parece que per- trutura interna que faça a manutenção. É
cessárias mais uma ou duas, vamos tencem a empresas diferentes e tudo isso vai talvez a fase mais complicada porque envolve
procurar ter uma das melhores secções ser uniformizado, com o design reformulado muitos contratos, mas é essencial. Com a
de economia que há em Portugal. Por de base. Vamos usar dois ou três exemplos auditoria nas mãos é que vou tomar as de-
outro lado, dedicar-nos à economia na- que, para mim, são fundamentais: aquilo que cisões finais, mas já percebi que devemos
cional; às cotadas, às grandes empresas, é praticado pela EFE, espanhola; a Reu- pôr em causa todo um conjunto de contratos.
à macro economia, às PME, aos resultados ters.com e um outro caso que, até se poderia Além do protocolo com a TMN, há
de bolsa, aos negócios no exterior, às co- pensar que não tivesse tantas capacidades, outros projectos similares?
tações, no fundo, criar um sistema que a Lusa o caso da Angop, a agência angolana, que Estamos a começar os testes com a
não tem – a Reuters Portuguesa tem – e tentar tem um excelente site. Ou seja, um site com Vodafone, utilizando o potencial da internet
o mais rapidamente possível chegar a um duas componentes: uma, aberta, com algu- móvel em todos os sentidos, poder usar a
ponto em que seja disputado o mercado, mas notícias, não muitas, caso contrário o ne- Lusa nos PDA’s [computadores de bolso],
aquilo que é o mercado da Reuters Portu- gócio da Lusa, ficaria em causa, e uma outra, em todos os sistemas que estão em de-
Resultados 2002
Fazer contas à vida
Numa altura em que muitos relatórios de actividade correspondentes ao “exercício” de 2002 ainda se
encontram por aprovar, já são conhecidas algumas das performances trimestrais para este ano.
Quanto à Cofina SGPS, SA, que além timedia passou a gerir uma estrutura
de várias publicações, detinha então de negócios que inclui maioritaria-
participação no capital da TVI (4,6%, mente receitas provenientes da TV
que a Media Capital recentemente por subscrição; de publicidade; da
adquiriu), 2002 teve uma performance área de Vídeo e Vídeo Jogos e tam-
muito semelhante a 2001. Contudo, em bém a Netcabo. Em menor escala a
termos de consolidado para a holding do Quanto à RDP, está previsto que apre- empresa engloba ainda nas suas receitas
grupo para a actividade de media, isto é a sente para 2002 um resultado de explora- as contribuições provenientes das áreas
Investec, SGPS, registou-se em 2002 um ção deficitário de 14 milhões de euros. De estratégicas de Jornais e Revistas,
resultado de 5,5 milhões de euros ou seja notar que esta será a primeira vez que tal Cinemas e Outros.
Consolidação...
e algumas surpresas
O estado da nação em 2002 caracterizou-se pela consolidação de posições para os títulos generalistas e
pelas dificuldades sentidas nas áreas desportiva e económica
Por Paulo Ferreira
Sonja Cintra
onde se registou subidas é muito semelhante
ao número daquelas onde se verificou um mo-
vimento inverso. Sectorialmente, o desempe-
nho dos títulos assumidos como de informação
geral, pode ser classificado como bom. A imprensa desportiva e a sua congénere dência sem dificuldade.
económica representadas respectivamente Activa, Elle, Cosmopolitan ou Lux Woman:
| Dia a dia | pelos títulos O Jogo e Record (O título A Bola todas atingiram boas performances e conhe-
O ano de 2002 foi bastante proveitoso para não é auditado pela APCT), e pelos títulos ceram o “sabor do crescimento”. Por seu turno
publicações como o Expresso ou a Visão, as- Diário Económico, Semanário Económico, as suas congéneres masculinas depois da
sistindo-se também à ultrapassagem em ter- Jornal de Negócios e Vida Económica, repre- grande receptividade registada no primeiro ano,
mos de tiragem média do Público face ao seu sentam a parte de negócio mais afectada pe- parecem ter iniciado um ciclo de redução de
concorrente natural o Diário de Notícias. Con- lo decréscimo das circulações médias. tiragens. GQ, Men´s Health são a regra e a
tinuando no segmento dos diários, o Jornal recém-rebaptizada Maxmen a excepção, com
de Notícias reafirmou a liderança, atingindo | O mundo em revista | uma subida de 48068 para 51766 exemplares.
os 108.659 exemplares. Uma estratégia de Por seu turno já o segmento de revistas não O segmento das revistas de televisão regis-
vendas bellow the line fortemente apoiada por apresenta um padrão de desempenho unifor- tou também muita agitação, com a liderança a
“brindes de capa” bem como por “colec- me, pelo que, merece uma análise mais pertencer à TV 7 Dias, secundada pela
cionáveis”, contribuiu para que esta liderança atenta. Esta situação verifica-se pelo facto das Telenovelas e uma descida para a TV Guia.
fosse reforçada. Igualmente acompanhado características do próprio produto “revista” Finalmente saliente-se a vitalidade e a ordem
do mesmo espírito ganhador também o diário privilegiarem cada vez mais nichos de mer- de grandeza dos números verificados pelo im-
24 horas mereceu destaque, subindo de cado bem definidos, em detrimento do mer- prensa gratuita, representada por títulos como
32061 (em 2001) para 39505 (em 2002). O cado generalista. Veja-se, por exemplo, os Jornal da Região e Jornal Destak.
produto Star(1) das Publicações Prodiário, títulosAuto Hoje ou Fortunas & Negócios (que,
S.A., (termo utilizado pelo Boston Consulting curiosamente, viria a fechar no primeiro tri- (1) Segundo esta terminologia existem quatro
Group, e que traduz um produto no qual se mestre de 2003), que apesar de se situarem tipologias: Dog (produto dispensável), Question Mark
deve apostar) registou uma subida superior em áreas onde seria normal um decréscimo (a investir com cautela), Cash Cow (a explorar até à
a 20% face ao período homólogo. de vendas, conseguem contrariar essa ten- exaustão) e Star (produto com potencial)
Estatísticas da Comunicação/APCT
Título Jan/Dez 01 Jan/Dez 02 Diferença Título Jan/Set 01 Jan/Set 02 Diferença
100% Jovem 19.468 23.837 4.369 Jornal de Notícias 106.978 108.659 1.681
24 Horas 32.061 39.505 7.444 Jornal do Fundão 18.709 19.906 1.197
A Capital 11.501 8.287 -3.214 Jornal Vale do Tejo 5.957 8.649 2.692
Açoriano Ocidental 4.501 4.182 -319 Linhas & Pontos 34.365 32.843 -1.522
Activa 59.736 79.891 20.155 Logística Moderna 0 3.776 3.776
Ana 100.455 95.937 -4.518 Lux 48.675 46.302 -2.373
Anamnesis 12.950 12.100 -850 Lux Deco 11.979 11.096 -883
Arquitectura & Construção 16.524 14.541 -1.983 Lux Woman 29.299 40.694 11.395
Arquitectura e Vida 9.042 9.227 185 Maria 320.955 309.871 -11.084
Auto Compra e Venda 10.603 10.385 -218 Marketeer 8.207 8.466 259
Auto Hoje 18.979 19.909 930 Máxima 54.332 55.609 1.277
Auto Sport 15.515 13.674 -1.841 Máxima Interiores 49.480 21.521 -27.959
Autofoco 17.333 17.190 -143 Maxmen (Super Maxim) 48.068 51.766 3.698
Autoguia 14.033 13.734 -299 Mega Score 13.814 19.688 5.874
Automagazine 20.121 17.378 -2.743 Meios & Publicidade 1.795 1.480 -315
Automotor 36.429 33.328 -3.101 Men´s Health 50.658 32.233 -18.425
Badaladas 11.250 10.920 -330 MID 0 8.506 8.506
Barbie 17.749 19.281 1.532 Motociclismo 15.683 14.719 -964
Bataton 18.548 16.172 -2.376 Mulher Moderna 48.060 42.926 -5.134
B-Gamer 12.582 17.273 4.691 Mulher Moderna na Cozinha 79.389 86.928 7.539
Bike Magazine 5.587 6.272 685 Multiconsolas 12.726 12.040 -686
Bit 22.929 21750 -1.179 Mundo da Pesca 9.673 13.692 4.019
Blitz 13.222 12.127 -1.095 National Geographic Portugal 79.673 83.938 4.265
Boa Estrela 26.714 31.320 4.606 Negócios & Franchising 16.618 15.750 -868
Boletim da Ordem dos Advogados 19.231 22.096 2.865 Nova Gente 181.832 177.834 -3.998
Boletim de Informações 3.842 3.699 -143 O Comércio do Porto 7.419 6.629 -790
Bravo 66.102 73.589 7.487 O Crime 26.496 24.066 -2.430
Cabovisão Magazine 0 196.883 196.883 O Guia Cuidar do Bebé 14.046 8.974 -5.072
Caça & Cães de Caça 11.391 13.321 1.930 O Guia da Gravidez 14.809 9.177 -5.632
Cães & Companhia 8.025 10.095 2.070 O Independente 26.314 27.571 1.257
Caras 102.972 112.438 9.466 O Jogo 37.391 34.837 -2.554
Caras Decoração 33.702 27.452 -6.250 O Mirante 22.670 22.010 -660
Casa & Jardim 10.108 10.144 36 Ocasião 21.818 22.336 518
Casa Cláudia 29.620 28.417 -1.203 Offarm 4.374 4.345 -29
Casadez 0 25.550 25.550 Os Meus Livros 0 12.683 12.683
Casas de Portugal 14.580 14.701 121 Pais & Filhos 30.000 28.959 -1.041
Certa 216.833 203.500 -13.333 PC Guia 33.178 36.274 3.096
Connect 8.131 8.812 681 PC World/Cérebro 15.322 13.308 -2.014
Correio da Manhã 102.280 101.506 -774 Performance 1.654 12.993 11.339
Cosmopolitan 45.723 57.824 12.101 Play Station 25.767 21.895 -3.872
Cozinha de Sucesso 0 71.061 71.061 Play Station 2 0 20.214 20.214
Crescer 12.534 12.944 410 Portugal Hotel Guide 0 2.986 2.986
Dance Club 0 12.408 12.408 PostGraduate Medicine 10.693 10.800 107
Diário do Minho 7.254 5.583 -1.671 Premiére 23.814 18.906 -4.908
Diário Económico 13.187 10.876 -2.311 Prestige 0 86.738 86.738
Diário de Notícias 61.119 53.747 -7.372 PSM2 0 14.035 14.035
Diário de Notícias da Madeira 16.493 16.393 -100 Público 55.273 58.070 2.797
Dica da Semana 0 975.365 975.365 Quo 26.776 20.766 -6.010
Disney Especial 8.969 11.945 2.976 Ragazza 60.794 59.437 -1.357
DVD Review 0 7.531 7.531 Receitas de Sucesso 0 22.876 22.876
Economia Pura 14.105 11.192 -2.913 Reconquista 11.790 11.939 119
Elle 52.184 55.739 3.555 Record 97.948 92.869 -5.079
Espiral do Tempo 10.344 18.458 8.114 Região de Leiria 14.855 15.428 573
Estrada Fora 6.674 3.062 -3.612 Rock Sound 0 6.155 6.155
Euronotícias 32.087 28.240 -3.847 Rotas & Destinos 19.099 16.867 -2.232
Evasões 24.482 20.390 -4.092 Segredos de Cozinha 37.684 38.739 1.055
Exame 23.511 23.906 395 Selecções do Reader´s Digest 177.402 161.479 -15.923
Exame Informática 31.760 37.062 5.302 Semana Informática 4.420 5.452 1.032
Executive Digest 24.576 20.997 -3.579 Semana Médica 6.530 6.614 84
Expresso 137.406 141.447 4.041 Semanário Económico 17.597 15.218 -2.379
Família Cristã 18.253 17.186 -1.067 SOS Saúde e Estilo de Vida 34.576 34.878 302
Farmácia Saúde 0 125.000 125.000 Super Foto Prática 4.463 4.731 268
Focus 28.012 30.596 2.584 Super Interessante 56.140 52.895 -3.245
Fortunas & Negócios 14.728 16.915 2.187 Super Pop 57.920 55.210 -2.710
Fórum Ambiente 19.314 9.493 -9.821 T3 0 19.456 19.456
Foto Digital 0 4.862 4.862 Tal & Qual 38.452 38.289 -163
GQ 29.998 19.263 -10.735 Telenovelas 147.059 155.006 7.947
Grande Reportagem 19.892 18.590 -1.302 Tempo Livre 184.143 190.183 6.040
Guia 34.060 28.734 -5.326 The Portugal News 0 8.568 8.568
Guia do Automóvel 43.654 41.520 -2.134 Tio Patinhas 0 11.448 11.448
Hipócrates 25.000 22.778 -2.222 Topos & Clássicos 6.688 7.234 546
Hospital Practice 7.000 7.000 0 Tunning & Car Audio 9.575 12.396 2.821
Hotéis & Viagens 0 58.412 58.412 Turbo 29.393 26.426 -2.967
Ideias & Negócios 17.287 20.185 2.898 TV 7 Dias 142.413 156.306 13.893
Jornal da Região – Amadora 62.686 16.506 -46.180 TV Guia 85.358 71.395 -13.963
Jornal da Região – Almada 64.488 41.732 -22.756 TV Mais 78.070 82.813 4.743
Jornal da Região – Braga 0 17.778 17.778 Unibanco 142.483 139.228 -3.255
Jornal da Região – Cascais 67.205 47.470 -19.735 Update 7.490 8.837 1.347
Jornal da Região – Lisboa Norte 75.985 28.684 -47.301 Vaqueiro Saberes & Sabores 21.888 19.778 -2.110
Jornal da Região – Lisboa Sul 0 27.780 27.780 VDI 5.364 5.747 383
Jornal da Região – Matosinhos 45.141 19.470 -25.671 Vida Económica 20.070 18.390 -1.680
Jornal da Região – Oeiras 63.402 43.786 -19.616 VIP 49.969 48.123 -1.846
Jornal da Região – Porto 55.423 34.717 -20.706 Visão 103.036 110.835 7.799
Jornal da Região – Seixal 43.476 25.089 -18.387 Viva Melhor Em Boa Forma 14.578 16.453 1.875
Jornal da Região – Setúbal/Palmela 48.168 25.008 -23.160 Viva!... 116.906 115.420 -1.486
Jornal da Região – Sintra 72.529 44.082 -28.447 Viver Com saúde 28.036 24.403 -3.633
Jornal de Letras, Artes & Ideias 11.115 10.224 -891 Vogue 0 52.199 52.199
Jornal Destak 35.000 49.139 14.139 Volta ao Mundo 30.298 34.811 4.513
Jornal de Negócios 12.070 9.938 -2.132
A tecnologia
do futuro
A TDT em Portugal não é para já. O adiamento foi acompanhado pela
revogação da licença atribuída à PTDT, apesar de João Pereira
Coutinho dever voltar a candidatar-se
Além da fronteira
conhecida
casadaimagem.com
Os correspondentes de guerra são jornalistas destacados para uma missão de informação. Mas a
prática não se resume a isto. Entre a escolha ponderada dos jornalistas e a partida dos mesmos para o
“campo”, há medidas a tomar, quer pelos próprios jornalistas, quer pelos media para onde trabalham
casadaimagem.com
a sua cobertura noticiosa, é sempre afec- que existe o receio em serem “postos de ziam a cobertura da guerra no Afeganis-
tado de algum modo. Os jornalistas foto- lado”, vistos como incapazes para futuros tão. Durante esse ano a FIJ identificou 70
grafaram, filmaram ou relataram eventos trabalhos. No entanto, nos últimos 20 anos jornalistas mortos, dos quais 8 trabalha-
de pessoas feridas ou mortas, perante as (dados da conferência “Emoções, trauma vam em zonas de guerra. O esforço desta
quais não podiam fazer nada. As reacções e bom jornalismo”, Londres, 2002, realiza- organização estabelecer uma consciência
podem variar, muitos correspondentes têm da em conjunto pela BBC World Service e que alerte para os perigos e que possa re-
reacções de curta duração, como a hiper pela delegação europeia do Dart Center) duzir o número de vítimas tem sido grande.
sensibilidade ao barulho, ou ficam insensí- tem havido um crescente reconhecimento Em 1998, a FIJ e um grupo de outras
veis ao sofrimento e à morte. Nestes casos, dos sintomas e uma crescente sensibiliza- organizações semelhantes discutiram a
a partilha das experiências passadas com ção para a importância de existirem órgãos necessidade de existir uma outra organi-
os colegas ou com a família pode ajudar especializados no aconselhamento e zação encarregada de promover a segu-
a ultrapassá-las. Mas pode ainda acontecer acompanhamento. rança. Em Novembro de 2002 a FIJ e o
os correspondentes de guerra sofrerem Instituto Internacional da Imprensa, junta-
problemas que causem distúrbios ao longo | A realidade em números | mente com outras 80 organizações dos
do resto das suas vidas. Sintomas de or- Recorrendo novamente aos números da media, sindicatos, grupos de liberdade de
dem psicológica mais graves, como sinto- FIJ concluí-se que entre 1990 e 2002 mor- imprensa e outros, acordaram estabelecer
mas de Stress Pós-Traumático. De acordo reram 274 jornalistas em situações de guer- o “International News Safety Institute” para
com os dados da FIJ cerca de 25% dos ra e o ano de 2003 conta já com várias promover a boa prática de treinos de segu-
jornalistas que já reportaram várias situa- mortes, algumas das quais no presente rança, dos materiais e da assistência a
ções de guerra sofeam desta “doença” e conflito no Iraque. Os anos de 1991, 1993, jornalistas. As mortes de jornalistas po-
têm aproximadamente a mesma probabi- 1994 e 1999 são os que apresentam nú- dem ser muitas vezes inevitáveis. No en-
lidade de sofrer de Stress pós traumático meros de baixas mais elevados, respecti- tanto, há que combatê-las e este Instituto
que os combatentes. vamente 29, 44, 60 e 40 jornalistas mortos será um forte contributo para a redução
É muitas vezes difícil aos jornalistas nes- em situações de guerra. O ano de 2002 dos números que, cada vez mais, aumen-
tas situações admitir que estão a passar começou com chocantes notícias de uma tam devido à indiferença pelos direitos hu-
por isso ou que se sentem deprimidos, por- série de mortes entre jornalistas que fa- manitários.
A missão renova-se
Ao contrário do que já se apregoou, o jornalismo não está a morrer; está a adaptar-se aos tempos. A quente
e no rescaldo do caos, pelo menos para uma coisa a guerra entre os EUA e o Iraque serviu: demonstrou
que apesar das fragilidades e pressões a que os jornalistas estão sujeitos, a sua presença é um imperativo
Por Cláudia Magalhães desde acidentes de viação (houve inclusive Mas, no fim de contas, a selecção perti-
cmagalhaes@unimagem.pt
um caso de morte natural) até ao inespera- naz da informação é uma das componentes
guerra entre os EUA e o Iraque veio
A contrariar a tendência recente de
decrescimento do número de jornalistas
do ataque dos Aliados ao Hotel Palestina,
em Bagdad. Entre assaltos, espancamen-
tos, detenções e emboscadas, a integridade
genéricas do jornalismo, a par das situa-
ções de ameaça física. De resto, na emi-
nência da guerra no Iraque, foi fundado, em
mortos no exercício da profissão. O re- física e moral de muitos jornalistas também Janeiro deste ano, o International News Sa-
latório publicado no ano passado pelos foi várias vezes posta em causa ao longo fety Institute, a primeira rede mundial funda-
Repórteres sem Fronteiras (RSF) dava das três semanas de Operação Bagdad. E da em nome da defesa da segurança dos
conta de 31 jornalistas assassinados a integridade da informação divulgada tam- media e dos seus profissionais. Tendo em
em 2001 e 25 em 2002. No Iraque, em bém foi posta em causa diversas vezes du- conta todos os episódios que envolveram
apenas três semanas, morreram 12 jor- rante esta guerra através de sucessivas in- meios de comunicação e jornalistas ao lon-
nalistas. vestidas de contra-informação dos dois la- go da Operação Bagdad, os relatórios do
É certo que as causas das mortes foram dos beligerantes. novo Instituto sobre a presença da comuni-
O fio de prumo
A AACS existe desde 1990 e é uma das instituições da comunicação que visam
a garantia de um jornalismo isento e de acordo com as leis em vigor
comunicação social; atribuir licenças António Torres Paulo, presidente da AACS assegura a assessoria directa,
ou autorizações para o exercício da técnica e administrativa aos mem-
actividade de televisão e de rádio; deliberar bros da Alta Autoridade.
sobre queixas ou recursos relativos ao A sua actividade abrange igualmente A AACS é presidida, desde 2001, pelo
exercício do direito de resposta e de réplica a classificação das publicações perió- Juiz Armando Torres Paulo. Entre os
política e arbitrar os conflitos suscitados dicas e a fiscalização da propriedade membros eleitos pela Assembleia da Re-
pelo exercício do direito de antena; emitir das empresas de comunicação social pública, podemos encontrar nomes co-
parecer sobre a nomeação e exoneração e das campanhas de publicidade do mo: José Garibaldi, Artur Portela, Se-
de directores de informação ou programa- Estado, das Regiões Autónomas e das bastião de Lima Rego e Maria Manuela
ção de órgãos de comunicação social per- Autarquias. Chaves Matos.
O ecran europeu
A Comissão Europeia está a promover uma discussão pública sobre a revisão
da Directiva Televisão sem Fronteiras (TVSF). Uma oportunidade para fazer-se
um ponto de situação relativamente à estratégia europeia do sector e reflectir
sobre os próximos passos a dar
| Em debate |
A directiva «Televisão sem Fronteiras» está
a ser objecto de um processo de revisão,
iniciado em Junho de 2001. Neste quadro,
a Comissão Europeia apresentou com o
seu Quarto Relatório sobre a aplicação da
Directiva 89/552/CEE "Televisão sem Fron-
teiras" um plano de trabalho, no qual se a-
casadaimagem.com
presentam os temas a debater e o respec-
tivo calendário para que a Comissão pro-
ceda a uma «adaptação mais ou menos
ampla da directiva TVSF», segundo a co-
missária Viviane Reding.
São duas as considerações gerais a ter
novo quadro regulamentar para a criação | Decisões de cada um | em conta no que diz respeito ao futuro
de um mercado europeu com mecanismos Importante é também o Protocolo relativo da regulação europeia: por um lado, o
de apoio próprios, destinados a criar as con- ao serviço público, anexo ao Tratado de âmbito de aplicação da regulação e, por
dições necessárias à livre circulação de pro- Amesterdão, onde a UE defende, nomea- outro, a articulação entre os diferentes
gramas de televisão na Comunidade; linhas damente, que «cabe a cada Estado-Mem- instrumentos comunitários pertinentes. A
directrizes para a instauração de um quadro bro definir e organizar o serviço público de reflexão terá em consideração, designa-
nacional de auto-regulação que complete radiodifusão nas condições que considerar damente, a articulação entre as medidas
as normas sobre a responsabilidade dos serem as mais adequadas, cometendo-lhe legislativas, a co-regulação e a auto-
fornecedores de conteúdos; medidas para as atribuições que lhe pareçam indicadas regulação.
a protecção de menores no acesso a con- para responder ao interesse geral. As dispo- Os temas estratégicos para esta revisão,
teúdos audiovisuais nocivos; actuação na sições do Tratado não prejudicam o poder aberta a consulta pública, são os seguin-
defesa dos interesses culturais europeus de os Estados-Membros proverem ao finan- tes: Acesso aos acontecimentos de gran-
no âmbito da Organização Mundial do Co- ciamento do serviço público de radiodifu- de importância para a Sociedade; a pro-
mércio (OMC) – a dimensão externa da po- são, na medida em que esse financiamento moção da diversidade cultural e da com-
lítica audiovisual comunitária comporta três seja concedido para efeitos do cumprimento petitividade da indústria europeia de pro-
aspectos centrais: a preparação do alarga- da missão de serviço público por eles de- gramas; a protecção dos interesses ge-
mento da União Europeia, as negociações finida. Esse financiamento não deverá, no rais na publicidade televisiva, no patrocí-
comerciais multilaterais no âmbito da OMC entanto, alterar as condições das trocas co- nio, nas televendas e na auto-promoção;
e a cooperação com países terceiros e ou- merciais nem a concorrência.» a protecção dos menores e da ordem
tras organizações internacionais. Depois, ainda um documento relativo aos pública; o direito de resposta; aspectos
Finalmente, de realçar igualmente a ac- Princípios e orientações para a política au- ligados à aplicação: (i) Determinação da
tualização do programa Media, que dege- diovisual da Comunidade na era digital» autoridade competente e do direito apli-
nerou no programa MEDIA Plus, destinado [COM(1999) 657 final], onde se expõem os cável (ii) Comité de Contacto (iii) Papel
a ajudar a indústria europeia do audio- princípios em que se deve fundar a regula- das entidades reguladoras nacionais e a
visual, tentando tirar o máximo aproveita- mentação do conteúdo audiovisual, nomea- questão não abrangida pela directiva:
mento das possibilidades que se abrem damente, o princípio da proporcionalidade, acesso aos resumos de acontecimentos
com a era digital. o princípio da separação da regulamenta- abrangidos por direitos exclusivos.
O segredo é justo
Numa conjuntura em que tanto se fala do segredo de justiça, não será de mais analisar alguns dos aspectos
em que este se relaciona com os media, nem sempre partilhando os mesmos objetivos
Criar e sustentar
O sucesso de um produto de media está relacionado com a articulação entre a sua produção e gestão.
Por outro lado, os grupos que operam exclusivamente neste sector estão descapitalizados
Por Paulo Faustino
D.R.
abrangem o poder político, o poder econó-
mico, a atitude dos cidadãos, mas que não
se dirigem aos meios de comunicação e significa também acrescentar valor a um pro- sivamente nos media estão descapitaliza-
aos jornalistas, parecem revelar uma sufi- duto que se destina a uma audiência e de dos e, por conseguinte, sem capacidade de
ciência perigosa». uma quota digna no mercado dos leitores e investimento em novos projectos.
dos investidores institucionais». Nesse sentido, é previsível que a Cofina
| Responsabilidades partilhadas | Ainda no domínio da gestão, não pode- — que em quatro anos conseguiu tornar-
Na essência, para além de alargar a ideia mos de deixar de assinalar como meritória se no 5º maior grupo de media em Portugal
do compromisso que os media devem ter a decisão empresarial do Grupo Cofina —, para além de uma boa equipa de gestão
com a sociedade em geral, outra das passar o Jornal de Negócios de uma perio- e liderança que parece ter, venha a curto
ideias–chave que Belmiro de Azevedo terá dicidade semanal para uma periodicidade prazo reforçar a sua presença no sector
tencionado transmitir é que, para um pro- diária. Esta decisão assume particular sig- dos media em virtude de possuir posições
duto de media ter sucesso no seu mercado nificado ao nível do risco empresarial, so- significativas noutros negócios mais lucra-
(consumidores de media e clientes de pu- bretudo se tivermos em conta que estamos tivos e, por isso, possuir algumas vanta-
blicidade), é necessário observar-se um atravessar uma conjuntura económica ad- gens competitivas, sobretudo pela sua ca-
compromisso entre os vários protagonistas versa ao desenvolvimento de novos pro- pacidade de investimento comparativa-
do processo de produção da informação: dutos de media. mente com os grupos empresariais com
os profissionais da redacção e os profissio- actividade exclusivamente nos media.
nais da gestão, entre outros. | Situação de descapitalização | Em síntese, entre outros motivos, a actual
Apropósito da gestão e inovação, Belmiro Para os mais atentos ao cenário dos media descapitalização das empresas de media
de Azevedo faz outra afirmação no referido em Portugal, é facilmente perceptível que em Portugal parece estar a criar um con-
artigo que espelha bem qual deve ser a desde há dois anos a esta parte não se ob- texto favorável a duas tendências: 1) reforço
atitude de uma empresa de media orientada servam grandes investimentos nas empre- da presença no sector de empresas com
para o seu mercado: «não vale a pena criar sas deste sector. A passagem do Jornal de interesse noutros negócios; 2) maior per-
um novo jornal para satisfazer o capricho – Negócios a diário parece evidenciar tam- meabilidade face à entrada de empresas
ainda que legítimo – ou para fazer uma expe- bém uma outra realidade: os grupos empre- multinacionais, especialmente espanholas,
riência: é preciso inovar e, neste sector, isso sariais que possuem a sua actividade exclu- no capital das empresas portuguesas.
om esta edição, a Media XXI celebra português e o seu director, Luís Delgado, não se consegue gerir nada sem uma certa
C o seu sétimo aniversário. Apesar dos
objectivos actuais desta publicação se-
definia o seu público-alvo: «Essencialmen-
te as classes A e B. São empresários, algu-
margem de risco».
No aniversário de 2000, numa entrevista
rem sobejamente diferentes dos que es- mas empresas e a comunicação social, to- com Álvaro Esteves, presidente da
tiveram na sua génese, a verdade é que do o público exterior que se interessa pela APECOM, podia ler-se: «os jornalistas de-
olhar para as suas páginas constitui por informação».Nuno Cintra Torres, adminis- vem reconhecer o direito das pessoas em
si só uma hipótese de viajar pela informarem aquilo que querem, sendo
evolução dos media em Portugal, que as agências de comunicação
dando conta de mudanças e seme- devem pug-nar para que a informação
lhanças, sucessos e fracassos. Acei-
Na capa do primeiro número seja verdadeira». Graça Bau, person-
tam o convite para uma viagem no da Media XXI surgia uma foto alidade emblemática da TV Cabo
Tempo? afirmava então que o canal de notícias
Logo no primeiro número, em Abril de Francisco Pinto Balsemão, do Porto – ainda em gestação – seria
de 1996, falava-se da TVI, “em muta- o patrão da Impresa «um projecto inovador». Uma outra
ção”. Carlos Monjardino tomava o lu- notícia dava conta do primeiro anúncio
gar de Roberto Carneiro e Carlos Cruz em que Catarina Furtado dava a cara
era o novo director de programação – para o champô Organics – uma vez
da estação. Na capa vinha Pinto que, até então, «recusara-se a par-
Balsemão, o patrão da Impresa, e um ticipar em anúncios, já que esta prática
artigo de fundo sobre a Comunicação é incompatível com o exercício da
Social na Alemanha Federal era outro profissão de jornalista».
dos destaques. No 5º aniversário da MediaXXI o en-
Um ano depois, Magalhães Crespo, tão presidente da AACS, José Maria
o homem-forte da Rádio Renascença, Gonçalves Pereira, alertava:«há sem-
declarava à Media XXI que após o pre quem pretenda uma mais ampla
aparecimento das televisões privadas, intervenção da AACS com maior uso
«a rádio retomou rapidamente o seu da competência sancionadora; por ou-
papel único de presença a toda a hora tro lado, há quem deseje que a AACS
e em todos os locais». Luíz Vascon- tenha tão só uma função moral, quan-
cellos, que se assumia como «nº2 de do muito pedagógica». O Cristo-Rei
Balsemão» afirmava que «a televisão alugava as suas fachadas para publici-
comercial não tem que ter objectivos dade e Rui Cupido, director da Publi-
educativos, até porque no país existe turis, referia-se ao ensino do jornalis-
um serviço público». mo, salientando que «há, actualmente,
No número referente a Abril/Maio de um desajustamento entre o que se
1998 Miguel Ribeiro e Silva, então na aprende e como tudo funciona na
administração da Abril/Controljornal, prática».
deixava a sua opinião: «Acho que es- Finalmente, 2002. A edição de
tamos longe do limite do crescimento Abril/Maio trazia na capa a notícia da
não só da Editora [ACJ] mas também ascenção de Henrique Granadeiro à
em termos do próprio mercado (..) No liderança da Lusomundo Media, bem
nosso país há muitíssimo menos títulos do trador do Canal de Notícias de Lisboa como uma entrevista com Luís Queirós,
que há na maior parte dos países europeus, (CNL), afirmava: «Não é um projecto mega- em que o responsável da Marktest expli-
mais desenvolvidos». Margarida Marante lómano e baseia-se em experiências de ou- cava o modo de funcionamento da recolha
aconselhava os candidatos a jornalistas a tros que já o fizerem ou continuam a fazer e estudos de dados sobre audiências. Mais
terem «muito espírito SIC, no sentido de com um perfeito controlo de custos». Des- à frente, um título saltava à vista: «será
serem competitivos, visto o mercado estar taque ainda para uma entrevista com Vera emplogante a luta entre Queluz e Carna-
saturado». Nobre da Costa, então na Young & Rubi- xide». E não se falava propriamente de
Em 1999 surgiu o primeiro diário online cam: «Penso que na maior parte dos casos bairrismo...
Um novo olhar
O curso de Ciências da Comunicação da Universidade Independente tem-se revelado como uma das
mais modernas e práticas licenciaturas do país. Muitas empresas de referência e prestígio nas áreas da
comunicação têm escolhido licenciados neste curso
D.Moska
nistério da Educação, divididos por três Fa-
culdades: Faculdade de Ciências Sociais e
Humanas; Faculdade de Ciências da Enge-
nharia e Tecnologia e a Faculdade de Direito. Economia Política, Ciência Política, Direito, e os alunos vão para o Cenjor, ao abrigo de
O curso de Ciências da Comunicação Gestão, Informática, Sociologia, Psicologia, um protocolo entre a UnI e o Centro Proto-
sempre foi uma forte aposta da UnI ao longo Estudos de Mercado, Tecnologia da Comu- colar de Formação Profissional para Jorna-
de quase dez anos de existência, ocupando nicação, Opinião Pública, Arte e Imagem, listas que se mantém desde 1997.
vários dos seus licenciados lugares de des- Análise de Mensagens, Teorias da Comu- Em Audiovisuais são dadas aulas avan-
taque e liderança nas empresas nas quais nicação e Técnicas de Expressão Escrita. çadas na construção de guiões, aulas teó-
foram integrados. ricas e práticas em produção, realização,
Durante a licenciatura, a UnI esforça-se | Especializar conhecimentos | câmara e montagem, servindo de treino
por colocar à disposição dos discentes os Depois de cumprirem os primeiros anos do para futuros profissionais do meio televisi-
meios técnicos e humanos de que neces- curso, os estudantes escolhem uma das vo e cinematográfico. Os alunos apresen-
sitam para o sucesso da sua preparação. vertentes de especialização: Audiovisuais; tam e desenvolvem projectos para ficção,
A UnI aposta claramente na utilização de Jornalismo ou Marketing, Publicidade e Re- documentários, curtas-metragens, filmes e
novas tecnologias e na componente prática lações Públicas. Ao escolherem, no último anúncios.
como elemento significativo do programa ano, a área de Marketing, Publicidade e Destaca-se também o facto de a UnI gerir
curricular. Nos três primeiros anos os alunos Relações Públicas os finalistas têm que a- um dos maiores e mais bem equipados es-
recebem uma formação que lhes permite presentar, como uma das hipóteses para túdios de televisão existente nas universi-
reunir um conjunto de bases essenciais para trabalho final, um plano de uma campanha dades portuguesas, produzindo programas
uma correcta compreensão da maioria dos de publicidade para um produto ou um ser- e noticiários a nível interno, bem como anún-
assuntos. Assimilam noções e conceitos de viço. Tanto em Marketing e Publicidade co- cios e documentários para empresas exter-
mo nas Relações Públicas sem- nas à universidade, mantendo igualmente
pre que possível é proporciona- protocolos de cooperação com entidades
do um estágio numa empresa da que apoiam a realização e produção de ví-
especialidade. deos institucionais.
Na vertente de Jornalismo, no Como actividades extra-curriculares rela-
último ano, os alunos têm no pri- cionadas com o curso os alunos podem
meiro semestre cadeiras muito optar por participar na televisão interna, de-
práticas denominadas por ate- signada por UnI TV, fazer um programa de
liers, onde aproveitam para “simu- rádio ou participar numa das várias publica-
lar” as situações de um dia--a-dia ções que são editadas no seio da Univer-
na redacção de um jornal, televi- sidade Independente.
são, ou rádio. No segundo semes- *Director Executivo do Curso
D.R.
Sociedade da informação:
tecno-optimismo?
Congressos Universitários
Joana Pais
No caminho da qualidade
Durante dois dias vários aspectos relacionados com os media e a comunicação foram alvo de
discussão na Universidade Fernado Pessoa. E com algumas conclusões curiosas
Joana Pais
comunicação social e do ensino sob o e assim ser denominado de jornalismo de
tema “Jornalismo de Referência”. referência». Já o conhecido teórico da co-
A lista de congressistas convidados in- municação, Nelson Traquina, considera Ricardo Jorge Pinto
cluiu nomes como Paquete de Oliveira, pre- que «apesar do desenvolvimento da inves-
sidente da Sopcom e da Lusocom, Sónia tigação em jornalismo há muitos campos as forças partidárias e patronais, respeitam
Moreira (presidente da Intercom - Socieda- ainda por explorar e nessa medida os con- os ideais nobres da profissão».
de Brasileira de Estudos Interdisciplinares gressos tornam-se muito importantes». Quanto a Ricardo Pinto, começou por
da Comunicação), Nelson Traquina (do- afirmar que «não há um único modelo de
cente na Universidade Nova de Lisboa, es- | Referência. O que é? | jornalismo de referência», enumerando «as
tudioso da Comunicação e autor de diver- O dia 10 começou com uma sessão ple- características que fazem com que o Ex-
sas obras sobre o sector e ensino dos Me- nária intitulada Jornalismo de Referência presso se associe a ele e seja adjectivado
dia), Xosé Ramon Pousa (presidente da no Brasil, em Portugal e na Galiza, sendo de jornalismo de qualidade». Na sua expo-
Associação Galega de Ciências da Comu- de realçar as intervenções do já referido sição evocou a personalidade e coerência,
nicação), Francisco Rui Cádima (presiden- Nelson Traquina e de Ricardo Jorge Pinto, «mantidas desde a primeira edição»; a es-
te do Obercom), Xosé Soengas (da Uni- editor da redacção Norte do jornal Expresso tabilidade (ao constatar que apenas houve
versidade de Santiago de Compostela) ou e professor na Universidade Fernando Pes- quatro directores desde 1973 e que o actual
Ricardo Jorge Pinto (da anfitriã Universida- soa. O primeiro dirigiu a sua intervenção já o é há quase vinte anos); a credibilidade;
de Fernando Pessoa), entre outros. para os cursos de jornalismo em Portugal a isenção e a qualidade «baseada em mo-
Um auditório repleto de caras jovens de- e para a importância que eles têm vindo a delos como os do Sunday Times ou Sunday
monstrou a importância que a comunidade ter na formação de «jornalistas de qualida- Telegraph. Foram ainda apontadas a so-
académica dá a este tipo de eventos. Num de, que em vez de se comprometerem com briedade «até na própria paginação, atrac-
Joana Pais
contexto da informação pois conforme afir-
mou Manuel Pinto, «a qualidade é muitas
Sofia Gaio e Paulo Cardoso, dois dos oradores vezes entendida como característica da or-
ganização do produto».
tiva mas discreta» e a diversidade e multipli- o pé na linha da ficção. Este será eventual-
cidade de informação. Comentando as re- mente o primeiro pressuposto a que devemos | Jornalismo e Publicidade |
centes mudanças do jornal, Ricardo Pinto atender quando o nosso objectivo é a quali- Andreia Galhardo, professora da Universi-
realçou que o Expresso tem a «tradição de dade. É certo que «o jornalismo é, ou pelo dade Fernando Pessoa, fez uma apresen-
mudar quando está em alta». menos devia ser, um serviço público», o que tação onde destacou «as semelhanças entre
Depois da grande dificuldade em definir não faz com que nos possamos esquecer da as propriedades do discurso jornalístico e as
“referência”, adjectivo preferido pela maioria sua «vertente empresarial. O negócio que é do discurso publicitário». À primeira vista eles
em detrimento de “qualidade”, os temas o jornalismo influencia também os contornos nada têm em comum em termos de estra-
abordados durante os dois dias desta reu- tégia de composição, mas o que é certo é
nião diversificaram-se. Tendo em considera- que são já conhecidos casos em que deter-
ção o novo paradigma tecnológico, proble- minados órgãos de comunicação social con-
mas como “a função do jornalista” foram lan- trataram profissionais da publicidade para
çados para a mesa, a par de outros temas construírem os seus títulos noticiosos com
mais específicos, mas nem por isso menos- o intuito de os tornar mais atractivos. Ao con-
prezados. trário do que se possa pensar a semelhança
não reside entre os títulos de ambos os dis-
| Um novo jornalista | cursos mas entre o título jornalístico e o slo-
Na opinião de Manuel Pinto, docente da Uni- gan publicitário. «Quer na publicidade, quer
versidade do Minho, há hoje em dia um «uso no jornalismo, o título tem subjacente a fun-
e abuso recorrente do conceito de qualida- ção de chamar à atenção e convidar à leitura
de» que corre o risco de se esvaziar no seu sendo que o slogan induz mais directamente
sentido segundo os estudos empíricos. Esta à memorização», realçou Andreia Galhardo.
afirmação foi feita com base no projecto Me- Com base na análise da revista Única do
Joana Pais
diascópio, a ser desenvolvido por ele próprio, jornal Expresso, Andreia Galhardo constatou
em colaboração com Sandra Marinho, pro- que, «tanto o princípio da economia narrati-
fessora na mesma universidade. Aparente- Sandra Marinho, do projecto Mediascópio va, como o princípio da simplificação, tão ha-
mente, os estudos sobre o problema da qua- bituais na publicidade», têm expressão nos
lidade, tão em voga nos dias que correm, dados à qualidade», alertou Manuel Pinto. títulos jornalísticos. O texto jornalístico deve
são relativamente reduzidos embora os já Contudo, segundo Magda Rodrigues da ser informativo, disso não há dúvidas, mas
existentes se possam agrupar em três tipos Cunha, da PUCRS (Pontifícia Universidade para que as pessoas o leiam «deve também
de conclusões: qualidade como caracterís- Católica de Rio Grande do Sul) «estamos a ser vivo e convidativo». O enigma, frequen-
tica da organização do produto; qualidade viver o resultado do desenvolvimento do sé- temente sugerido nos anúncios publicitários,
entendida como serviço público e qualidade culo XX». Ou seja, surgiu agora a necessi- tem vindo a ganhar lugar no discurso jorna-
como investimento simbólico e económico. dade de «um novo jornalista para narrar o lístico. Um exemplo apontado foi “Obesida-
Este desdobramento do conceito ajuda a mundo». O conteúdo dos meios e o perfil de. A gordura vai a tribunal”. Para a compre-
demonstrar o seu carácter «complexo e multi- dos jornalistas que sempre nos serviram de ensão deste título é necessária a leitura do
facetado». Perante a importância dos meios referência ganham no decorrente paradigma texto, só assim ele fará sentido.
jornalísticos na sociedade há que regulá-los novos contornos, sendo que, nas palavras Assiste-se também na imprensa aos típi-
e, antes de tudo, não permitir que se ponha da congressista, «o actual horizonte de ex- cos jogos publicitários de intertextualidade
Dados de identificação
Nome:
Morada:
Código Postal - Localidade
Telefone: Fax: E-mail:
Profissão:
Tipo de Assinatura
Assinatura por 6 (seis) edições no valor de 10,00 Euros;
Assinatura por 6 (seis) edições para estudantes no valor de 7,00 Euros.
Os dados a recolher são confidenciais e serão processados pela Formalpress para efeitos de envio regular das publicações assinaladas e eventual envio de propostas futuras.
Fica garantido o acesso aos dados e respectiva rectificação, alteração ou anulação. Caso não pretenda receber outras propostas no futuro, assinale com um X
Comércio Online Comércio e publicidade online crescem em 2002
Internacional/Gestão de Media
EMMEA reúne-se
priados para cada nível de ensino e faci-
litação de material através de um website
exclusivo da comunidade dos membros.
Das principais conclusões destacam-
«Um canal de televisão tem que ser dirigido por alguém e não pode
ser dividido em fatias e entregue a 30 mil associações ou fundações. É «O problema crónico das publicações desta indústria tem a ver com
preciso um plano para esse canal e terá de ser feito por quem o dirija e a dimensão. Vera [Nobre da Costa] dizia, na mesma entrevista, que a
não por uma espécie de plebiscito de organizações não governamentais, qualidade das nossas revistas e jornais não se comparava, por exem-
fundações, entre outras» plo, com a inglesa Campaign. Ora aí está uma observação original.
Será que a qualidade da McCann Lisboa se compara com a da
Miguel Freitas da Costa, in O Diabo, 18-3 2003
McCann Londres, ou de Nova Iorque. Duvido. E então? É este o
nosso mercado.»
Mário São Vicente, in Briefing, 22-4-2003
Abdi
Ipekci
bdi Ipekci deixou a intolerância na-
A cional para ajudar a construir pontes
entre jornalistas turcos e gregos. No pro-
cesso, Ipekci tornou-se admirado pelos
jornalistas dos dois países. Ipekci nas-
ceu em Istambul em 1929 e começou a
sua carreira jornalísticas como repórter
para o jornal diário Yeni Sabah. Traba-
lhou com o pessoal das notícias do diário
Yeni Istambul, e depois mudou para o Is-
tambul Ekspres em 1961, um jornal ves-
pertino, onde em breve foi nomeado edi-
tor. Com a idade de 25 anos tornou-se
editor. Chefe do recém formado diário
Milliyet (Nation) e ajudou a tornar o jornal
num dos jornais turcos de maior sucesso
e influência. A sua coluna, Durum, teve
um impacto tremendo tanto na opinião
pública como no governo. Ele era um po-
D.R.
lítico moderado e uma voz poderosa
num país atormentado por violenta pola-
rização. Embora os assassinatos políti- Grécia, foi estabelecido a partir de uma lítico. Foi baleado quando conduzia o seu
cos acontecessem diariamente Ipekci fa- iniciativa grega depois a sua morte. carro do trabalho para casa em 1 de
lava incessantemente para a unidade Membro activo do IPI, Ipekci foi eleito Fevereiro de 1979 por Mehmet Ali Agca, um
nacional e reconciliação e contra a vio- executivo dos quadros em 1964 e vice- militante de direita que mais tarde escapou
lência e o terrorismo. presidente em 1971. Foi também presi- da prisão e tentou assassinar o Papa João
Ipekci foi o instrumento principal no dente do Sindicato dos Jornalistas de Is- Paulo II. Ipekci foi o mais proeminente de
arranjar de um encontro entre jorna- algumas 600 vítimas turcas da vio-
listas gregos e turcos sob os auspí- Abdi Ipekci tornou-se editor executivo lência terrorista em 1979.
cios do IPI em Londres, em Novem- “As balas que o mataram eram diri-
do Milliyet com apenas 25 anos de
bro de 1978. Nessa altura havia ain- gidas à democracia e ordem constitu-
da uma intensa severidade entre os
idade e transformou-o no jornal mais cional” disse Ecevit.
dois países sobre a participação de influente da Turquia. Foi assassinado a No dia do seu funeral, os jornais de
Chipre. Foi devido aos seus esfor- 1 de Fevereiro de 1979 pelo mesmo todo o país interromperam o trabalho
ços que os lideres dos editores da militante da extrema direita que tentou para lhe prestar homenagem e as edi-
Turquia visitaram a Grécia onde se assassinar o Papa João Paulo II. ções diárias apareceram com barras
encontraram com o Primeiro Minis- negras. O funeral tornou-se num dos
tro, e os editores Gregos visitaram grandes encontros públicos com milha-
a Turquia, onde o amigo pessoal de res de pessoas espalhadas pelas beiras dos
Ipekci, Primeiro Ministro Bülent Eurevit, tambul e Leitor na Universidade de Is- passeios por onde o cortejo passou para
se dirigiu a eles. Como sinal de respeito tambul no Instituto de Jornalismo desde prestarem um tributo final a este grande e
pelos seus esforços nesta área, O pré- 1968 até à sua morte. respeitado jornalista que lutou sempre pelos
mio bienal Abdi Ipekci, é entregue a pes- Ipekci estava a organizar uma conferên- direitos democráticos e pela liberdade.
soas e a organizações não governamen- cia internacional sobre extremismo político
Traduzido por Maria Virginia Brito de “Press
tais pela sua contribuição na promoção e a imprensa na Turquia quando ele pró-
Freedom Heroes - International Press Institute
da paz e amizade entre a Turquia e a prio foi vítima desse mesmo extremismo po-
D.R.
lias das vítimas do terrorismo islâmico, re-
velando o impacto da violência na vida diá-
ria na Argélia. O assassinato de aproxima-
damente setenta jornalistas, incluindo co- Anna
legas e amigos, desde 1992, não alterou
Zarkova
D.R.
a sua determinação.
Em 1996, produziu documentários sobre
armen Gurruchaga Basurto, uma Sófia, Bulgária
C repórter para os assuntos políticos
do El Mundo, jornal diário com a sua
a limpeza de minas terrestres na Argélia e
sobre as mulheres que foram violadas. De-
pois de passar vários meses a tentar obter
sede em Madrid,escreve frequente- nna Zarkova é chefe de notícias cri-
mente acerca do Grupo Separatista
Basco – ETA. Os artigos de Gurrucha-
a aprovação governamental para trabalhar
nestes filmes, ambos foram censurados e
nunca foram exibidos. Saihi viajou incóg-
A minais do Trud Daily. Escreve ar-
tigos a denunciar o crime organizado, a
ga ameaçaram o grupo terrorista des- nita através da Argélia para produzir as violência policial e a corrupção, re-
de 1984 e a ETA empreendeu uma suas reportagens e arquivar as suas his- cebendo também ameaças devido ao
campanha contra ela na esperança de tórias com as estações de televisão fran- seu trabalho. Em Maio de 1998 Zarkova
a intimidar a fim de parar com as suas cesas. As ameaças contra a sua vida conti- foi severamente queimada quando um
reportagens sobre as suas actividades nuam visto que vai entrar no seu sétimo homem lhe lançou ácido sulfúrico para
terroristas. ano de fuga. cima quando esperava pelo autocarro
Originalmente sediada em San Sebas- numa paragem. Da sua cama do hospi-
tian, no País Basco, Gurruchaga que tam- tal ela disse: «Colegas, para nós não há
bém é basca, foi forçada a mudar a sua outra forma. Se não vos atiram ácido à
residência e o seu escritório por várias ve- cara como jornalistas, amanhã matam-
zes devido a repatidas ameaças e atenta- vos na rua como cidadãos».
dos. Assim, em Dezembro de 1997, quan- Zarkova ficou com queimaduras no lado
do Gurruchaga escreveu um artigo identifi- esquerdo da sua cara e corpo e perdeu o
cando a localização de um extremista da seu olho esquerdo. Nenhuma prisão foi fei-
ETA, o grupo terrorista retaliou bombarde- ta, mas a polícia suspeita de um homem
ando a sua residência quando ela lá se en- ligado ao submundo da Bulgária.
contrava com os seus dois filhos pequenos. Zarkova está determinada a continuar a
A seguir ao ataque, Gurruchaga foi colo- luta. «Acredito que a liberdade de expressão
cada em Madrid. Embora continue na “lista só é possível se tivermos sempre presente
negra” da ETA, continua a fazer reporta- a frase romântica dos Três Mosqueteiros:
gens sobre este grupo para o El Mundo e “Um por todos e todos por um!”.»
é também uma comentadora regular na te-
Traduzido por Maria Virginia Brito de
levisão espanhola e na rádio. Gurruchaga
IPI Global Journalist (Jun./Set. 2001),
foi vencedora do Prémio Coragem no Jor-
D.R.
“Chronicles of Courage”
nalismo 2001.
Mudanças na revista
do coelhinho
Existe há meio século e é um dos
símbolos do século XX. A revista
Playboy está a ser alvo de um
processo de remodelação
Os títulos da vitória
Os Pulitzer do jornalismo distribuíram os seus 14 prémios por uma dezena de títulos. A nata do
jornalismo, mais uma vez em destaque
Entrevista/Martin Baron
Os holofotes da verdade
Em exclusivo para a Media XXI, o chefe de redacção do The Boston Globe, Martin Baron, demonstra o
seu reconhecimento pelo facto do Pulitzer ter sido entregue ao jornal devido a uma investigação delicada
John Blanding
Este prémio teve, de facto, um significado
especial para nós. A medalha de Serviço
Público dos Prémios Pulitzer é a mais ele- Martin Baron (segundo a contar da direita) e a Spotlight Team
vada honra da nossa profissão, e recebê-
la significa que o The Boston Globe foi pre- zê-lo através de uma pesquisa minuciosa longe para ocultar comportamentos erra-
miado por ter alcançado o mais elevado aos casos ocorridos denunciados em Tri- dos por parte de elementos do clero. En-
objectivo da nossa profisão, servir o in- bunal ocorridos na Arquiodocese de Bos- tretanto, alguns católicos sentiram que as
teresse público. ton, incluindo alguns cuja própria existên- nossas revelações eram um sinal de anti-
Quanto tempo demorou esta investi- cia tinha sido mantida em segredo por or- catolicismo. Amaioria das pessoas pareceu
gação? dem do Tribunal. Em terceiro lugar, falá- reconhecer que as nossa investigação era
Iniciámos esta investigação no Verão de mos com vítimas desses abusos, que es- minuciosa e credível e atribuíram culpas à
de 2001. Na totalidade, a investigação que tavam num estado de fragilidade emocio- hieraquia católica por traírem a sua confian-
nos conduziu à publicação das primeiras nal. Muitas delas nunca tinham contado a ça. E diversos jornais continuam a investi-
peças, a 6 e 7 de Janeiro de 2002, levou sua história antes, pelo que, as entrevistas gar casos de abuso sexual por parte de
cerca de cinco meses. Contudo, a inves- requereram o estabelecimento de uma re- elementos do clero.
tigação dos abusos sexuais levados a cabo lação prévia de confiança. Por último, foi Actualmente, em Portugal, está a de-
pelo clero [norte-americano] não ficou por necessário assegurarmo-nos a cada eta- correr uma grande investigação so-
aí. A maior parte das investigações foi con- pa de que as acusações contra os padres bre abusos sexuais em crianças que
duzida já em 2002, e parte dela ainda não eram credíveis. Nunca poderíamos per- começou – e tem sido fortemente
terminou. mitir que quisquer erros pudessem minar acompanhada – pela publicação de
Quais foram as maiores dificuldades a confiança dos nossos leitores. reportagens. Esse caso tem sido
com que se depararam ao longo do O The Boston Globe tem tradição no seguido aí nos EUA?
trabalho? jornalismo de investigação? A minha impressão é que a situação em
Estávamos a investigar casos de abuso Sim, uma longa tradição. A nossa Portugal não recolheu muitas atenções por
sexual efectuados pela membros da igreja equipa de investigação, conhecida como aqui. Contudo, escândalos anteriores, na
Católica, que esta se esforçou por escon- Spotlight Team [a equipa dos holofotes], Irlanda, ou no Canadá, foram alvo de gran-
der durante décadas. Por isso, quebrar o é uma das primeiras unidades de jor- des atenções.
muro de segredo da Igreja Católica foi o nalismo de investigação criadas em Que conselhos daria aos jovens
nosso maior desafio. Primeiro, tivémos de jornais americanos. estudantes de jornalismo que pre-
obter documentos internos que tinham si- Como reagiu a população americana tendem enveredar por este tipo de
do mantidos em segredo, e conseguimo- à publicação destas reportagens? jornalismo?
lo abrindo um processo jurídico em tribunal Compreensivelmente, as pessoas, e em Claramente, qualquer jornalista interes-
que permitisse tornar públicos esses docu- especial os católicos laicos, ficaram “ator- sado em fazer jornalismo de investigação
mentos. Em seguida, foi necessário ava- doados” e furiosos com o que estava a tem de ser persistente, estar fortemente
liar qual a dimensão do problema no inte- ocorrer no interior da Igreja Católica e como comprometido em cingir-se aos factos, ser
rior da Igreja Católica, e conseguimos fa- os responsáveis da Igreja puderam ir tão justo e honesto.
Preparar o futuro
O Conselho de Comunicação Social é a mais recente medida da
política do Executivo brasileiro para o sector dos Media
Célio Azevedo
ções desde 1991, quando foi aprovada a lei des empresariais da comunicação, outros qua-
que o regulamentou. Foram, portanto, mais tro representam categorias profissionais liga-
de dez anos de negociações entre as enti- das ao sector e os cinco restantes são per-
dades representantes da sociedade e as vá- sonalidades com reconhecidos conhecimen-
rias correntes políticas presentes no Con- tos sobre o assunto, em representação da so- micas que envolvem a comunicação social
gresso Nacional - que no Brasil é formado ciedade civil. O próprio Cavalcanti Filho integra no Brasil. Nas suas reuniões mensais, que
por dois órgãos legislativos, o Senado e a o CCS nestacondição. O mandato de pres- ocorrem numa das salas do Senado, em Bra-
Câmara Federal - para que o Conselho, final- idente tem a duração de dois anos, podendo sília, o Conselho já criou cinco comissões de
mente, viesse a ser uma realidade. ser renovado por um período de igual duração. trabalho para elaborar uma análise e tomar
A maior resistência por parte de alguns posições acerca destas questões.
deputados e senadores à instalação do Con- | Temas Polémicos | Uma das comissões está a trabalhar na
selho estava relacionada com o receio de O optimismo de Cavalcanti Filho parece fazer questão da concentração da propriedade
que o novo órgão viesse substituir o Con- algum sentido. Afinal, em pouco mais de dez dos meios de comunicação social no Brasil.
gresso nas suas competências, ao legislar meses de trabalho, o Conselho já se debru- Os seus elementos estão a analisar o facto
sobre assuntos relacionados com a comuni- çou sobre algumas das questões mais polé- de, no Brasil, uma mesma organização em-
cação social. Embora o Conselho tenha ape-
nas um caráter consultivo, a própria Consti-
tuição prevê que determinados temas so-
Composição do Conselho de Comunicação Social
mente podem ser aprovados pelo Congres- O Conselho de Comunicação Social ciedade civil e de especialistas em
so Nacional após a emissão de um parecer brasileiro é composto por representan- diversa áreas relacionadas com o
pelo órgão auxiliar. tes das empresas de comunicação, sector. Os treze lugares do Conselho
Aliás, a disputa de espaço político entre o dos profissionais da área, da so- estão assim distribuídos:
Conselho e os parlamentares está longe de 1. um representante das empresas de rádio
terminar. Pelo contrário. Uma das maiores 2. um representante das empresas de televisão
polémicas que hoje subsistem deve-se ao 3. um representante das empresas da imprensa escrita
facto de as direcções da Câmara e do Se- 4. um engenheiro com reconhecido conhecimento na área da comunicação social
nado desejarem que o Conselho se mani- 5. um representante da categoria profissional dos jornalistas
feste somente quando for chamado a isso 6. um representante da categoria profissional dos radialistas
pelo próprio Congresso, enquanto que os 7. um representante da categoria profissional dos artistas
conselheiros exigem o direito de trazer à dis- 8. um representante das categorias profissionais de cinema e vídeo
cussão questões que lhe sejam apresenta- 9. cinco representantes da sociedade civil
das directamente pela sociedade.
Um ano em exposição
O gigante do mercado publicitário JC Decaux, apesar da conjuntura em termos de mercado publicitário
se apresentar pouco favorável, apresentou em 2002 um crescimento real de actividade.
Paulo Ferreira
de Resultado Operacional. Quantificando, que continua difícil, o grupo JC Decaux
JC Decaux, S.A., empresa cotada
A na Euronext de Paris como DEC,
apresentou aos investidores e ao pú-
apresentam-se valores de crescimento
claramente favoráveis, isto é, variações de
7,42% e de 17,91% respectivamente para
realizou bons resultados (…)», convirá
não esquecer que a empresa no ano de
2002 viu reduzidos os seus Capitais Pró-
blico em geral o resultado da sua acti- o primeiro e segundo. prios em 0,64%, ou seja, para 2002 é
vidade para o exercício de 2002, cor- apresentado um ratio de dívida líqui-
porizado num crescimento de 2,24% | Ano de consolidação | da/capitais próprios de 46,7% . Num mero
da sua actividade. Em termos absolu- A JC Decaux apresenta-se no merca- exercício de estática comparada podere-
tos trata-se de um crescimento real na do publicitário essencialmente através de mos aferir que depois do intensivo cresci-
actividade da empresa, atingindo uma três grupos de produto, designadamente, mento realizado no período que medeia
facturação de 1.577,7 milhões de euro. Mobiliário Urbano, Grande Formato e os exercícios de 2000 e 2001, em 2002
Em termos de crescimento relativo, Transportes. houve necessidade de consolidar posi-
apesar do valor verificado ser inferior Para cada um destes grupos de produ- ções sob o risco da estrutura entrar numa
ao registado no exercício de 2001, es- to e ao nível de capacidade mundial insta- situação de desequilíbrio. O saudável
te continua a proporcionar à empresa lada, a empresa conta respectivamente crescimento da rubrica de Capitais Pró-
a possibilidade de encarar o futuro com 285.000 faces disponíveis no que se prios, que em termos gerais duplicou de
com entusiasmo. refere à categoria de Mobiliário Urbano; 2000 para 2001, foi efectivamente, muito
Destaque muito particular para o de- 192.000 faces na categoria de Grande por força do aumento verificado em “Pré-
sempenho demonstrado no indicador Formato e 145.000 faces em cerca 147 mios de Emissão”, ou seja rubricas de ca-
EBITDA1 (um dos indicadores que melhor aeroportos e/ou meios de transporte. Es- pital resultantes de operações financeiras
demonstram o comportamento do Volume tes últimos são representados por contra- que não podem reflectir a actividade real
de Negócios, antes de descontados al- tos com empresas de metropolitano, auto- do grupo.
guns custos de funcionamento) e igual- carros, comboios e eléctricos.
mente para o indi- Apesar do exercício de 2002 para a em- | As razões do desempenho |
cador presa a nível mundial ter sido considerado Alguns das razões avançadas para o de-
positivo pelo seu Presidente e co-Director sempenho registado em 2002 foram «o óp-
Geral, Jean-Charles Decaux, timo desempenho da actividade de Mobiliá-
ao declarar que rio Urbano e a melhoria da actividade Gran-
«Num mer- de Formato», bem como dificuldades senti-
c a d o das pela empresa quanto «à actividade
Transportes» e condições particularmente
«desfavoráveis para a publicidade nos aero-
portos nos Estados Unidos».
Em Portugal a actividade da empresa é
representada por JC Decaux Portugal;
Red, JC Decaux Airport e JC Decaux
Neonlight. Para estas, e segundo decla-
rações recentes dos seus responsáveis,
em Portugal o ano de 2003 é encarado
com alguma expectativa, conforme ates-
tam as declarações do director-geral da
JC Decaux Portugal, Ruy Vieira, ao jor-
nal Briefing: «verifica-se nas empresas
de que sou responsável uma procura
que, por vezes, é superior à oferta». Pelo
que se mostra optimista: «passados que
são os primeiros meses do ano, apresen-
tamos crescimento em relação ao ano
passado».
D.Moska
Um grande negócio
A aquisição por parte de Haim Saban de uma parte importante do grupo KirchMedia representa uma
importante reorganização no xadrez dos media europeus
Por Joana Duarte
Imagens de choque
pela Liberdade de Imprensa
A organização Repórteres sem Fronteiras francesa e tem como assinatura “Come- tivo mundial da Saatchi & Saatchi, Bob
lançou uma campanha de alerta sobre a cem a lutar pela liberdade de imprensa, an- Isherwood, à Adage a intenção é fazer pas-
Liberdade de Imprensa que está dar que tes que a percam». As três imagens mos- sar a campanha em diversos países: «Tra-
falar. A razão é simples, nela são utilizadas tram Christine Ockrent e Guillaume Durand ta-se de uma ideia muito poderosa. Não
imagens de conhecidos jornalistas france- pretensamente baleados, enquanto há razão para que não possamos divulgá-
ses, encenando o seu assassinato. A cam- Emmanuel Chain surge com a garganta la nos Estados Unidos, e em outros países,
panha foi criada pela Saatchi & Saatchi cortada. Segundo declarou o director cria- utilizando jornalistas locais».