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Genética, biologia molecular e ética:


as relações trabalho e saúde*

Genetics, molecular biology and ethics:


work and health connections

Gilka Jorge Figaro Gattás 1


Marco Segre 1
Victor Wünsch Filho 2

Abstract This paper provides a discussion Resumo O artigo discute o impacto dos avan-
about the increasing development of genetics ços da genética e da biologia molecular sobre
and molecular biomarkers technologies and a prática em saúde ocupacional. O conheci-
consequent impact on practices of occupation- mento atual sobre o genoma humano permi-
al health. Genetic analysis could be in specific te, em certas circunstâncias, identificar fato-
populations at occupational, pharmacological res individuais de suscetibilidade a doenças em
or environmental exposures. Current knowl- situações de exposição a substâncias químicas
edge of human genome open up the possibility ou físicas, ou ainda, a doenças genéticas de ma-
of individual genetic screening of disease sus- nifestação tardia. Estudos epidemiológicos in-
ceptibility among those exposed in workplaces corporando elementos da genética e da biologia
to chemical or physical hazards, or for late on- molecular têm sido desenhados para avaliar a
set hereditary disease. Epidemiological stud- interação de variantes metabólicas e exposi-
ies including genetic and molecular biology ap- ções ambientais no risco de ocorrência de di-
proaches have been designed to evaluate the ferentes doenças. Apesar desta perspectiva, con-
interaction of genetically determined meta- sidera-se que as pesquisas nesta área são ain-
bolic variants with different environmental ex- da incipientes. A estratégia para a redução dos
posures on the risk of diseases. The strategy for danos causados à saúde do trabalhador deve
* Este trabalho foi
worker’s health promotion must be maintained continuar a ter como base, prioritariamente,
conduzido dentro on the surveillance of hazardous exposure risks a modificação e a adequação dos ambientes de
do escopo de suporte in occupational settings and not in worker’s trabalho e não a especificação genética da for-
financeiro da
USP/Fapesp/FMUSP.
genetic screening. Ethical behavior in occupa- ça de trabalho. Introduzir a discussão sobre a
1 Departamento de tional health can vary from country to coun- necessidade de definir princípios de responsa-
Medicina Legal, Ética try and even between occupational health prac- bilidade social no uso de informações genéti-
Médica e Medicina
Social e do Trabalho.
titioners and researchers. To discuss the need cas e que possam reger ações éticas em saúde
Faculdade de Medicina, for a social responsibility context in the use of do trabalhador é uma das propostas principais
Universidade de São Paulo. genetic information in which ethical actions deste artigo.
Rua Teodoro Sampaio, 115,
05405-000 São Paulo SP.
in occupational health could be conducted is Palavras-chave Genética molecular, Saúde
gfgattas@usp.br the main purpose of this paper. do trabalhador, Ética, Rastreamento genético,
2 Departamento de Key words Molecular genetics, Workers Epidemiologia genética
Epidemiologia, Faculdade
de Saúde Pública,
health, Ethics, Genetic screening, Genetic epi-
Universidade de São Paulo. demiology
wunsch@usp.br
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Introdução nih.gov). A velocidade com que esse conheci-


mento vem sendo disseminado traz, ao lado
De acordo com a legislação trabalhista, em- da esperança de cura para certas doenças, o
pregadores podem selecionar seus emprega- receio das conseqüências adversas que possam
dos com base no grau de instrução e na expe- vir a sofrer indivíduos saudáveis, porém por-
riência profissional anterior, mas não podem tadores de determinadas alterações genéticas
usar como critério de seleção condições espe- (Ellsworth & Manolio, 1997).
cíficas como idade, sexo, cor de pele e origem As informações e as tecnologias disponi-
étnica. Atualmente, informações sobre o per- bilizadas com o desenvolvimento do Projeto
fil genético de candidatos a emprego têm sido Genoma Humano têm potencial para modifi-
incluídas em processos seletivos. Nos Estados car gradativamente a compreensão e os con-
Unidos, estudos recentes estimaram que cer- ceitos atuais sobre os mecanismos de preven-
ca de 7% das empresas americanas já fazem ção, diagnóstico e tratamento de inúmeras
uso do screening genético na seleção de seus doenças crônicas bastante comuns como cân-
trabalhadores (Austin et al., 2000). O núme- cer, demência, doença de Alzheimer, Mal de
ro de informações genéticas tende a aumen- Huntington, diabetes mellitus, hipertensão ar-
tar constantemente e, entre as numerosas ra- terial e doença coronariana, asma e outras aler-
zões apontadas para o uso destas informações gias, bem como outras doenças com expres-
como critério para seleção de trabalhadores, são epidemiológica em saúde pública. Por
destaca-se a possibilidade de identificar indi- meio de técnicas de biologia molecular é pos-
víduos suscetíveis de virem a apresentar de- sível não apenas identificar precocemente de-
terminadas doenças como decorrência da in- terminadas doenças, mas também detectar in-
teração entre a especificidade de um genóti- divíduos suscetíveis e, ainda, avaliar no meio
po particular e a exposição a substâncias tó- interno do organismo o grau de exposição a
xicas presentes no ambiente de trabalho. agentes exógenos (Wünsch Filho & Gattás,
A discriminação genética no trabalho, ape- 2001). Fatores ambientais, tanto os ligados ao
sar das novas tecnologias da biologia molecu- estilo de vida quanto os decorrentes de expo-
lar, não é um fato novo. Na década de 1970, sições nos locais de trabalho ou no ambiente
bem antes do início do Projeto Genoma Hu- geral, têm influência distinta sobre os indiví-
mano, os negros americanos que possuíam tra- duos com relação ao risco de determinadas
ços genéticos para anemia falciforme eram im- doenças. As diferenças interindividuais pare-
pedidos de contratação em determinadas ocu- cem estar associadas à capacidade de ligação
pações, embora apresentassem condições ade- de substâncias exógenas ao DNA e à variabi-
quadas de saúde e ausência de riscos de virem lidade na capacidade de reparo dos danos cau-
a desenvolver a doença (Rothenberg et al., sados no material biológico das células, e tam-
1997). A primeira legislação proibindo esse ti- bém à herança genética, fatos que, isoladamen-
po de intervenção segregacionista ocorreu na te ou em conjunto, aumentariam o risco indi-
Carolina do Norte, em 1975, estendendo-se vidual para a ocorrência de doenças na depen-
posteriormente para os demais estados ame- dência de interação com fatores ambientais
ricanos. (Khoury, 1998; Taningher et al., 1999).
A biologia molecular tem fornecido as fer- Considerando-se que grande parte da ex-
ramentas básicas para geneticistas e epidemio- posição a agentes tóxicos ocorre em ambientes
logistas aprofundarem-se nos mecanismos mo- ocupacionais, muitos estudos têm sido reali-
leculares que influem na variação da distribui- zados nas últimas décadas nos países desen-
ção de doenças nas famílias e nas populações. volvidos com o objetivo de identificar indiví-
A divulgação da seqüência do genoma huma- duos portadores de genes responsáveis pela
no em fevereiro de 2001 (Venter et al., 2001) maior ou menor susceptibilidade a esses agen-
abriu uma nova era para a biologia, a medici- tes. Isto deverá modificar e ampliar substan-
na e a saúde pública. O Projeto Genoma Hu- cialmente o espectro de ações a serem aplica-
mano gerou uma imensa base de dados de se- das na saúde ocupacional. Nas próximas dé-
qüências genômicas e número crescente de ge- cadas, a identificação de danos não perceptí-
nes é descrito. Atualizações permanentes es- veis (diagnóstico preditivo), com possíveis efei-
tão disponíveis no endereço eletrônico do Na- tos num futuro mais distante sobre a qualida-
tional Center for Biotechnology Information de de vida dos indivíduos, será objeto privile-
(NCBI) dos Estados Unidos (www.ncbi.nlm. giado de interesse em saúde do trabalhador.
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Também deverá se tornar tema central de pes- 1999; Collins & Mckusick, 2001). Este tipo de
quisas, e conseqüentemente de preocupação informação genética, potencialmente, apre-
para a intervenção pelos serviços de saúde, a senta riscos de usos inadequados nos locais de
compreensão dos mecanismos de interação trabalho e por companhias seguradoras. Os
entre genes e exposições ambientais e seus efei- efeitos de tudo isso sobre a práxis em saúde
tos na reprodução, com potencial interferên- do trabalhador são evidentes, embora não pos-
cia na saúde da progênie dos trabalhadores ex- sam ainda ser completamente dimensionados.
postos.
Não apenas em pesquisas, mas também no Exposições ambientais
acompanhamento clínico, visando ao diagnós- e biomarcadores moleculares
tico precoce de indivíduos com potencial sus-
cetibilidade genética em populações específi- Os avanços da genética molecular amplia-
cas expostas a situações de risco, o uso de téc- ram o espectro das abordagens epidemiológi-
nicas de biologia molecular envolve a coleta e cas e novos sub-ramos foram propostos e de-
o armazenamento de amostras biológicas, a senvolvidos, como a epidemiologia genética
análise e a interpretação dos resultados obti- (Khoury et al., 1993; Khoury, 1998) e a epide-
dos. Então, a discussão dos potenciais riscos miologia molecular (Hulka et al., 1990; Schul-
destes procedimentos, tanto para o indivíduo te & Perera, 1993). Essas abordagens permiti-
como para a comunidade, é sempre fonte de ram uma melhor compreensão da interação
preocupações e conflitos éticos (Ellsworth & entre fatores ambientais e genéticos na causa-
Manolio, 1997; Holtzman & Andrews, 1997; lidade de doenças, aspecto central na epide-
Wicks et al., 1999). miologia moderna (Wünsch Filho, 2000).
O objetivo deste artigo é discutir aspectos Em geral, as avaliações de exposições nos
relacionados à evolução da genética e da bio- locais de trabalho têm sido conduzidas pela
logia molecular, procurando identificar as in- mensuração de substâncias químicas ou agen-
fluências deste novo conhecimento para a pes- tes físicos presentes num determinado am-
quisa epidemiológica das relações trabalho- biente confinado. Apesar das inúmeras críti-
saúde e para as ações em saúde do trabalhador; cas sobre os limites destes procedimentos ana-
examinar as inter-relações e interfaces destes líticos, este tipo de avaliação tem sido a roti-
campos e as implicações éticas deste processo. na empregada pela área de higiene industrial,
que pouco mudou suas práticas nas últimas
décadas (Armstrong et al., 1992). Entretanto,
Aplicações e limites da genética é crescente, por exemplo, o número de proces-
e da biologia molecular sos produtivos que são considerados cancerí-
genos, ou seja, atividades nas quais se observa
O campo da genética molecular expande-se excesso de câncer entre os trabalhadores que
muito rapidamente para além da abrangência as exercem (IARC, 1987; 1999a; 1999b; 1999c).
tradicional da genética médica, como a iden- Nestas situações, o trabalhador está exposto a
tificação de erros inatos do metabolismo e de um perfil de misturas complexas de químicos
defeitos congênitos (Khoury et al., 1993). De- com potencial deletério sobre a sua saúde (Vai-
ve-se considerar, entretanto, que muito ainda nio et al., 1990). Este fato é particularmente
deverá ser estudado antes de se obter o ma- verdadeiro na indústria da borracha. A ausên-
peamento e a seqüência completa de genes re- cia de estudos epidemiológicos com detalhes
lacionados a diferentes doenças. Mas, sem dú- sobre diferentes exposições dificulta estabele-
vida, os dados acumulados pelo Projeto Ge- cer a associação entre substâncias químicas es-
noma Humano, com um sistema integrado de pecíficas utilizadas no processo industrial da
informações, deverá influenciar gradativamen- borracha e localizações particulares de câncer.
te a prática da medicina e da saúde pública no A razão fundamental desta deficiência é a con-
decorrer do século 21, modificando de forma siderável quantidade de aditivos químicos (vá-
profunda a prevenção, o diagnóstico e o trata- rias centenas) utilizados neste processo pro-
mento de doenças (Collins, 1999). Há estudos dutivo. Além disso, a necessidade de altas pres-
apontando genes que seriam potencialmente sões e temperaturas na fase de vulcanização
responsáveis, por exemplo, pelo alcoolismo, ta- produz muitas outras substâncias químicas
bagismo e distúrbios comportamentais (Plot- desconhecidas que são continuamente libera-
sky & Nemerof, 1998; Bergen & Caporaso, das no ambiente. Esta condição de exposição
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complexa apresenta diferenças entre fábricas, tectou um cancerígeno importante e, mesmo


tipo de produção e controle tecnológico, e va- atualmente, não pode prover estimativas de
riações na prática de trabalho. risco confiáveis (Peto, 2001).
Os contínuos avanços da biologia molecu-
lar têm potencial para auxiliar na distinção de Suscetibilidade individual
substâncias presentes nos ambientes de traba- e biomarcadores moleculares
lho e caracterizar exposições específicas (Pe-
rera & Dickey, 1997). Se a composição quími- As exposições ocupacionais podem atuar
ca de uma mistura complexa é bem caracteri- como agentes silenciosos na indução de danos
zada e detalhada do ponto de vista toxicoló- no DNA. Os estudos desenvolvidos para a
gico e epidemiológico, então indicadores de compreensão da carcinogênese constituem-se
exposição específicos de dose externa, inter- nos mais avançados modelos construídos pa-
na e biologicamente efetiva, podem ser obti- ra a compreensão das relações entre exposi-
dos. Em particular, na avaliação das doses bio- ções ambientais e suscetibilidade individual.
lógicas efetivas os biomarcadores moleculares O câncer é atualmente considerado uma doen-
podem ser úteis. Entretanto, a seleção de um ça genética que se manifesta pelo acúmulo de
biomarcador apropriado como índice de ex- mutações no DNA no decorrer de um espaço
posição a determinado cancerígeno é bastan- de tempo quase sempre longo (para uma re-
te difícil. As concentrações de substâncias nas visão de biomarcadores em câncer ver referên-
misturas complexas variam nos ambientes de cia Wünsch Filho & Gattás, 2001). O acúmu-
trabalho e no tempo. Uma estratégia para iden- lo de alterações no material genético da célu-
tificar as frações atribuíveis a componentes es- la depende de vários fatores endógenos como
pecíficos na mistura seria utilizar uma avalia- sexo, idade e constituição genética, e exóge-
ção por etapas (Perera et al., 1990; Vermeulen, nos como hábitos de consumo, alimentação,
2001). Inicialmente, a exposição ambiental é uso de medicamentos, exposição a químicos,
caracterizada da forma mais completa possí- etc. A análise da combinação destes fatores en-
vel. Isto provê uma estimativa do padrão de dógenos e exógenos pela epidemiologia visa
exposição para a mistura química e, se possí- inferir o risco individual de um trabalhador
vel, para seus constituintes individuais. Esta vir a desenvolver câncer, frente a uma deter-
etapa tem sido o limite convencional da higie- minada ocupação. Existe grande variabilida-
ne industrial. A segunda etapa seria analisar a de, de indivíduo para indivíduo, quanto à ca-
relação entre exposição ambiental e biomar- pacidade de biotransformação e eliminação
cadores de exposição de relevância. A identifi- de substâncias químicas estranhas ao organis-
cação e a quantificação de efeitos genotóxicos mo também denominadas xenobióticos.
precoces no meio interno dos indivíduos des- Dois tipos principais de enzimas estão en-
dobram-se desde biomarcadores inespecíficos volvidas no metabolismo de xenobióticos: as
(aberrações cromossômicas, trocas de cromá- enzimas da família do citocromo P450 (enzi-
tides irmãs, mutações gênicas, ativação de on- mas da fase I de metabolização), responsáveis
cogenes) a biomarcadores específicos de ex- por reações de oxidação de substâncias exó-
posição a um tipo de classe química (por exem- genas em compostos eletrofílicos, e enzimas
plo, adutos de hidrocarbononetos policíclicos da fase II, as quais atuam geralmente como en-
aromáticos-DNA), e, posteriormente, biomar- zimas de inativação de compostos e incluem
cadores de exposição a um químico específi- as da família da glutationa-S-transferase
co (por exemplo, adutos de benzopireno-DNA). (GSTs) e N-acetil-transferase (NATs) (Parkin-
Nesta última etapa, identificam-se as contri- son, 1996). Essas enzimas, geneticamente de-
buições da biologia molecular que poderão ser terminadas, regulam a intensidade e duração
incluídas nos procedimentos de rotina de ava- dos efeitos de xenobióticos no organismo e de-
liação ambiental num futuro próximo. sempenham papel principal na toxicidade e
Os estudos epidemiológicos com marca- carcinogenicidade de substâncias químicas.
dores moleculares, como os adutos de DNA Associações entre determinados genótipos des-
no pulmão e as aberrações cromossômicas nos tas enzimas e incidência de neoplasias vêm
linfócitos, podem sugerir um risco potencial sendo descritas na literatura (Caporaso et al.,
precoce. Entretanto, deve-se ressaltar que a 1992; Smith et al., 1995; Raunio et al., 1995).
mensuração direta deste potencial mutagêni- Após extração do DNA, a identificação dos
co por meio destes biomarcadores nunca de- diferentes genótipos enzimáticos é possível
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através da técnica de reação em cadeia da po-


limerase (PCR – polymerase chain reaction), Figura 1
Representação dos produtos de amplificação por PCR do
seguida de tratamento com enzimas de restri-
gene da família da glutationa-S-transferase (GSTM1) e da
ção específicas. Os genótipos são classificados β-globina (268 pb) que serviu de controle positivo da reação.
de acordo com a presença ou ausência do ge-
ne em estudo (null genotype) ou de sítios de
L 1 2 3 4 5 6 7 8
restrição específicos os quais permitem reve-
lar mutações na seqüência gênica (Figura 1).
Portanto, de forma análoga, por meio de
técnicas relativamente simples de biologia mo-
lecular é possível caracterizar o genótipo de
um indivíduo quanto a determinados genes ← 268 pb

de suscetibilidade, logo após o nascimento e ← 215 pb


antes de quaisquer exposições ou manifesta-
ções clínicas de distintas doenças. Estes testes
possibilitam monitorar o trabalhador exposto,
promovendo uma ação primária de preven- A identificação do genótipo nulo (ausência do gene GSTM1)
é feita em gel de agarose (2%) corado com brometo de etídeo.
ção, mas também permitem classificar indiví- Os indivíduos nas colunas 2, 3, 6 e 8 são classificados como GSTM1
duos “mais ou menos” resistentes à determi- positivos por apresentarem um fragmento de DNA de 215 pb.
nada exposição. Apesar dos evidentes aspec- Os demais são classificados como genótipo nulo por não
apresentarem a fração de DNA correspondente (Gattás &
tos benéficos, este conhecimento apresenta po- Soares-Vieira, 2000).
tencial para gerar discriminação genética. A
utilização desta informação na prática da me- e estabelecer orientações sobre os dilemas ad-
dicina do trabalho suscita questionamentos vindos com a melhor compreensão do geno-
ainda sem resposta, mas que necessitam dis- ma, principalmente os relacionados à segre-
cussões urgentes pela comunidade científica gação e ao determinismo genético (http://
e sociedade civil: é lícito realizar o screening www.orln.gov/hqmis/elsi/elsi.html).
genético para estas enzimas, visando a uma A pesquisa de marcadores genéticos pro-
maior proteção no futuro para os indivíduos move o reconhecimento de elementos de ex-
portadores de genes desfavoráveis? Como po- trema importância para a prevenção de doen-
derá ser usada esta informação quando a ocu- ças, mas é um assunto que requer reflexão no
pação exercida, ou a ser exercida, representar âmbito legal, ético e social, com amplo leque
um risco potencial ou iminente? Qual tipo de de responsabilidades, para impedir que seu
ocupação será selecionada para um trabalha- uso, de forma não orientada, possa vir a acar-
dor que apresentar constituição genética “favo- retar danos profundos na sociedade. De fato, a
rável” à exposição? Poderão esses testes cons- identificação de conflitos éticos, ou seja, a não
tar entre os solicitados no exame pré-admis- observância dos princípios básicos de benefi-
sional? Poderão esses resultados constituir a cência, respeito e justiça ao indivíduo, nem
“identidade genética” de indivíduos e impedir sempre é fácil de ser definida e delimitada, e
ou mesmo prejudicar contratações? Serão os requer o envolvimento no debate de ampla ga-
homens no futuro prisioneiros da genética? ma de setores da sociedade (Goodman & Pri-
neas, 1996).

Considerações éticas no uso Conhecimento genético e discriminação


de marcadores genéticos
Todo avanço científico traz expectativas,
O Projeto Genoma Humano inovou neste ti- esperanças e, também, medo. Assim foi com a
po de pesquisa básica e destinou 3-5% dos re- descoberta da fissão nuclear e a criação de uma
cursos para pesquisas sobre aspectos éticos, nova fonte de energia capaz de produzir pro-
legais e sociais decorrentes da manipulação de gresso na qualidade de vida, mas podendo
material genético. O grupo ELSI (Ethical, Le- também ser utilizada destrutivamente, aniqui-
gal, and Social Issues Research), integrante do lando povos com bombas ou pela poluição ra-
corpo do projeto, e composto por cientistas dioativa, inviabilizando a vida na Terra. Assim
sociais, advogados, teólogos, entre outros, foi é, já no plano dos costumes, quando se aperfei-
criado com o objetivo de promover discussões çoam os métodos de reprodução assistida, dan-
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do a possibilidade a casais inférteis de terem biologia molecular para dentro de seus limi-
prole, mas se teme a desestruturação da famí- tes, isto é, não atribuindo ao DNA o papel de
lia tradicional e “a invasão pelo homem de um determinante que às vezes se lhe confere, res-
setor considerado privativo de Deus”. Na ver- ta considerar que se trata de um conjunto de
dade, o que assusta são as formas de utiliza- informações extremamente importante para
ção dos novos conhecimentos e das novas téc- a previsão de múltiplas situações vinculadas
nicas, e não as descobertas em si. Não parece à saúde. Assim, suscitam-se variados dilemas
razoável que se possa reprovar a descoberta da éticos inerentes tão apenas ao fato de se em-
energia nuclear, embora seja cabível, mormen- preender um estudo desse tipo em voluntá-
te face aos desastres nucleares já ocorridos, te- rios, ou referentes à utilização por terceiros
merem-se as conseqüências de sua utilização (agentes de seguros, serviços de saúde ocupa-
imprópria ou sem as devidas cautelas. cional, o próprio estado) dos dados obtidos.
Todos esses temores são freqüentemente Toda pesquisa de marcadores genéticos a
exagerados e infundados, pois desconsideram partir de amostras biológicas de voluntários
que a subjugação, a discriminação, o genocí- deve caminhar necessariamente em parceria
dio, e todas as formas de injustiça existem e com eles. Não se restringe essa participação
prosperam desde sempre, mesmo sem qual- ao consentimento informado, mas também à
quer impulso científico. Ademais, toda postu- comunicação a cada sujeito, durante a condu-
ra inquisitorial, obstaculizando o desenvolvi- ção da pesquisa, de tudo o que estiver sendo
mento técnico-científico, só produz estagna- observado, tendo ele o direito a qualquer mo-
ção sem qualquer avanço moral. O processo mento de pedir a suspensão de sua participa-
de mudanças da moralidade está condiciona- ção. Será, portanto, extremamente importan-
do ao necessário ajuste, contínuo, dos valores te a essa altura que a informação seja precisa,
tradicionais às novas situações que se apresen- consentânea com o mais atualizado pensamen-
tam como decorrência do desenvolvimento da to científico, sem minimizar nem superdimen-
humanidade. sionar a possível influência que o achado de
Em tempos em que se realiza, com acele- um marcador genético específico poderá ter.
ração constante, o seqüenciamento do DNA, Quanto à adesão não há por que hesitar, nes-
em que se vão descobrindo os elementos ge- ses casos, ao princípio da autonomia. Um vo-
néticos que influem na qualidade de vida, e, luntário, devidamente informado quanto ao
ainda mais, quando já se vislumbra a interven- alcance que a detecção de determinadas altera-
ção do homem no gene, alterando suas pró- ções poderá ter sobre sua vida e de seus des-
prias características e mesmo de gerações fu- cendentes, tendo uma opção plena de partici-
turas, é compreensível que se temam as con- pação no projeto, assumirá conseqüentemen-
seqüências desse progresso, e que se afirme, te o ônus de administrar as tensões que esse
com certo pavor: o Homem não pode querer conhecimento lhe propiciará. Não tem gran-
brincar de Deus! (Como se esse procedimen- de peso, neste instante, o registro do fato de
to lúdico não tivesse sempre acompanhado a que o estudo de seus marcadores genéticos lhe
evolução da espécie, incluindo-se aí a desco- dará algumas condições de atenuar, na medi-
berta de medicamentos que extinguiram doen- da do possível, os aspectos deletérios de seu ge-
ças e alongaram a vida... o que também pode- noma. Trata-se apenas de assumir, ou não, cons-
ria ser considerado um atentado contra os de- cientemente, algum papel na administração
sígnios divinos!). de seu futuro. Há que se levantar, nesta oca-
É perfeitamente compreensível que haja sião, a possibilidade de um voluntário dispor-
esperanças e receios decorrentes da conclusão se a participar de uma pesquisa, e, ele mesmo,
do Projeto Genoma Humano. A ciência pro- passar a recusar as informações referentes aos
gride descortinando os determinantes da vi- achados que forem sendo feitos. Poderá um pes-
da, particularmente na presciência de doen- quisador aceitar o prosseguimento do estudo,
ças, e interfere assim no comportamento e nas estando ele impedido, nessa situação, de indi-
escolhas a serem feitas. Com base nessas pre- car medidas para a prevenção ou atenuação de
missas, talvez, erroneamente, pudesse ser de- algum futuro malefício que possa advir da he-
preendido que o homem é tão somente o re- rança genética detectada naquele indivíduo?
sultado de um projeto de informática trans- As questões assim postuladas sequer con-
cendental. sideram um outro aspecto importante, as re-
Ainda que se tragam as especificidades da percussões da informação da bagagem gené-
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tica individual dentro das famílias. No estudo mo com testes genéticos com especificidade e
das características genéticas está implícito que sensibilidade acima de 90%, deve-se conside-
as mesmas são herdadas e, em conseqüência, rar a freqüência da manifestação da doença na
os genes sadios, potencialmente defeituosos população em estudo. A baixa prevalência da
ou certamente mutados, se encontram disper- doença na população indica que somente uma
sos dentro daquela família modificando de for- fração mínima de indivíduos identificados co-
ma substancial o valor de um resultado indivi- mo positivos realmente terá a doença. Assim,
dual. Como se sentiriam irmãos e demais fa- aceitando-se os resultados de screening genéti-
miliares de um jovem que tivesse sido rejeita- cos, todos demais poderão ser, erroneamente,
do no emprego por apresentar genes desfavo- desclassificados para uma determinada fun-
ráveis quanto ao risco de exposição a substân- ção (Van Damme et al., 1995).
cias químicas? As metodologias utilizadas são cada vez
mais eficazes para identificar um número cres-
Marcadores genéticos e saúde cente de marcadores genéticos em uma única
do trabalhador reação, por meio de uma só gota de sangue,
que pode ser armazenada e estocada infinita-
O seqüenciamento do genoma humano mente em um suporte de papel. A tecnologia
torna-se gradativamente um elo importante dos DNA chips ou microarrays permite a iden-
entre indivíduos e instituições. As relações en- tificação de mais de 1.000 genes em uma úni-
tre indivíduos e empregadores, escolas, segu- ca reação e possibilita o screening rápido de
ros de saúde, são todas potencialmente influen- um grande número de indivíduos clinicamen-
ciadas e modificadas pelo conhecimento do te saudáveis (Henn, 1999). Em um futuro bas-
DNA. A genética hoje, além de cuidar do pa- tante próximo, os profissionais de saúde ocu-
trimônio genético e da conservação das espé- pacional deverão estar habilitados para enten-
cies, emprega tecnologias que permitem iden- der e interpretar os resultados provenientes
tificar mutações no DNA responsáveis pela deste tipo de análise para melhor adequar tra-
formação de produtos gênicos não eficazes. É balhadores em diferentes funções.
possível, desta forma, identificar não só fato- Os benefícios sociais identificados com a
res individuais de suscetibilidade como tam- aplicação destes testes ainda são poucos, em-
bém doenças genéticas monogênicas ou mul- bora exista uma tendência em considerar que
tifatoriais de manifestação tardia. O screening o uso de resultados provenientes destes testes
genético de doenças monogênicas, como Hun- é parte da responsabilidade da sociedade so-
tington e Alzheimer, com sérias repercussões bre o futuro relativo à saúde nas coletividades.
potenciais na saúde do indivíduo e na sua per- Hoje já se discute o direito que teria a socieda-
formance no trabalho, não garante a manifes- de de impedir, por exemplo, os portadores do
tação da doença no futuro, pois depende tam- gene para doença de Huntington de admissão
bém da expressividade e penetrância do gene como pilotos de avião ou maquinistas de trem,
identificado. Assim sendo, portadores de ge- situações que poderiam colocar em risco a vi-
nes mutados podem nunca vir a apresentar da de muitas outras pessoas (Rawbone, 1999).
doença. Trabalhadores geneticamente susce- A coleta de material biológico para qual-
tíveis podem nunca manifestar uma determi- quer tipo de rastreamento ou teste genético
nada doença, simplesmente por exercerem ati- sempre levanta dúvidas quanto à privacidade
vidades em ambientes de trabalho adequados, dos resultados, perigos de sua utilização, e im-
onde os riscos potenciais de exposição estão pacto psicossocial desses resultados. Os riscos
controlados (Rawbone, 1999). Outro fator re- da análise genética devem ser explicitados, da
levante diz respeito à variabilidade genética forma mais clara possível, principalmente le-
desses marcadores em diferentes grupos étni- vando-se em consideração que as pesquisas
cos. Embora importante do ponto de vista evo- nessa área são incipientes e que a importân-
lutivo, essa variabilidade genética pode levar cia e aplicação dos resultados obtidos ainda
também à segregação ocupacional de mino- requerem maior discussão. Nesse tipo de pes-
rias étnicas (Soskolne, 1997). quisa, embora os resultados obtidos sejam in-
Ainda importante a considerar no scree- dividuais, seu significado faz parte de um con-
ning genético é a confiabilidade dos métodos texto global onde grupos ou comunidades são
utilizados para identificar a presença do gene avaliados.
mutado e o risco inerente aos portadores. Mes- O mundo do trabalho e das relações tra-
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balhistas é uma das áreas com grande poten- bientais sobre o risco de doenças é uma área
cial para o uso não ético dos marcadores bio- de estudo relativamente recente. Princípios
lógicos moleculares (Omenn, 1982; Vineis & éticos devem nortear a aplicação de testes ge-
Schulte, 1995). Os testes genéticos podem acar- néticos em estudos epidemiológicos ocupa-
retar “riscos individuais” na sua interpretação cionais, pois para os cientistas os resultados
e ter efeito devastador na capacidade de indi- obtidos podem apenas fazer parte de um gran-
víduos em conseguir ou manter seus empre- de quebra-cabeça, enquanto para os demais
gos, bem como num futuro próximo, em obter segmentos da sociedade podem ser usados e
seguro saúde. Por essa razão, alguns autores interpretados de formas diferentes, algumas
têm sugerido a utilização do termo “análise certamente equivocadas, com implícitos des-
genética” no lugar de “testes genéticos” com in- dobramentos legais. A estratégia para reduzir
tuito de minimizar os efeitos discriminatórios os danos causados à saúde do trabalhador de-
(Hainaut & Vähäkangas, 1999). Por outro la- ve continuar a ter como base, prioritariamen-
do, a ênfase na identificação da variabilidade te, a modificação e a adequação dos ambien-
individual pode levar a uma falsa sensação de tes de trabalho e não a especificação genética
segurança, que privilegiaria a seleção de cer- da força de trabalho.
tos trabalhadores para determinadas funções
e com o possível comprometimento do rigor
no controle de condições de segurança do am-
biente de trabalho.
Direitos conflitantes sempre levantam ques-
tões éticas delicadas como, por exemplo, di-
reito de proteção ao emprego versus direito de
proteção à saúde; direito à informação versus
direito à privacidade; direito individual ver-
sus direito da coletividade. Neste sentido, al-
gumas normas de conduta devem ser assegu-
radas ao profissional de saúde ocupacional pa-
ra garantir a execução de suas funções com in-
dependência em relação a empregadores e tra-
balhadores. Deve-se também ressaltar o direi-
to do trabalhador em recusar sua participação
desses rastreamentos, uma vez que os resulta-
dos poderão vir a configurar algum tipo de se-
gregação subseqüente. Serão necessários pro-
gramas de esclarecimento envolvendo empre-
gados e empregadores, para que os benefícios
oriundos do mapeamento genético sejam uti-
lizados tendo como prioridade absoluta a saúde.

Conclusões

As ações em saúde do trabalhador têm como


objetivo maior proteger a saúde e promover a Referências bibliográficas
manutenção de um ambiente saudável e segu-
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