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Lísia – A idéia da fala que eu trouxe do filme (Como Água para Cho-
colate) queria transmitir que inicialmente nascemos com uma caixa de fós-
foros dentro, não úmida. Uma caixa de fósforos pronta para que cada fós-
foro seja aceso e detonado – o que significa que essa é uma tarefa que seria
da vida, das relações, de um bebê com as pessoas que o cuidam desde
quando nasce, e todo esse percorrido que vai, de alguma forma, constituir o
nosso aparelho psíquico.
A idéia da caixa úmida viria depois, quando surgem as falhas no pro-
cesso de desenvolvimento, no que se refere à história que cada um de nós
carrega consigo, as coisas que não deram certo. Acho importante poder-
mos pensar que a análise é um recurso que nos dá a chance de refazer isso,
de alguma forma de viver de novo aquilo que ficou mal, que está nos impe-
dindo de ir em frente, de poder ter uma vida mais satisfatória.
Estamos sempre falando em crise na psicanálise, mas isso prova que
ela continua com a chama acesa. Lembrei que existem textos antigos de
Freud, lá do início dos textos técnicos, nos quais ele fala da dita crise da
psicanálise. Penso “bem-vinda seja essa crise”, porque enquanto a tiver-
mos para discutir, a psicanálise estará viva, a chama acesa.
Não só existem os remédios, mas inúmeras formas de psicoterapia.
Temos também de ter presente que algumas doses e certos remédios podem
ser bons – as pessoas têm direito de escolher o que quiserem entre as alter-
nativas à psicanálise –, mas o fundamental é que nós, psicanalistas, possa-
mos não estar em crise com aquilo que escolhemos. Acho muito importan-
te podermos nos reunir para refletir sobre a crise no psicanalista, porque,
na verdade, a psicanálise somos nós que fazemos. Se ela não estiver em
crise internamente para nós, psicanalistas, muito provavelmente consiga-
mos levar isso como uma alternativa, e uma boa alternativa, para as pes-
soas que sofrem e que precisam de ajuda, um tipo de ajuda específica que
Maria Silva Klöchner, Lísia Coelho Leite
José Facundo Passos de Oliveira, Léia
temos para oferecer, entre várias outras que existem. Acho, portanto, que a
crise está dentro de nós e não no lado de fora.
Participante 3 – Mas, por outro lado, também penso que há uma crise
social que tenta eliminar as atividades; é uma questão da força da imagem,
a questão da guerra econômica, dos meios da mídia, a questão de que tudo
nos leva para resultados imediatos.