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c : Após fazermos uma análise crítica de algumas das mais conhecidas teorias
sobre o envelhecimento, iremos propor uma nova teoria, que explica a origem da
reprodução sexuada e do envelhecimento. Nesta teoria, tanto a reprodução sexual como
a senescência surgem como uma adaptação darwiniana. Um mecanismo que dribla a
seleção de grupo também é proposto. Desenvolveremos então a ³Equação da Morte´,
que estabelece a longevidade de uma espécie como função de parâmetros de suas presas
e predadores.
: Envelhecimento, Sexo, Morte, Evolução, Senescência, Adaptação,
Pressão Seletiva, Reprodução, Sexuada, Assexuada, Teoria do Envelhecimento,
Longevidade, Relógio Biológico, Morte Programada, Equação da Morte.
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Também utilizaremos o termo ³ , para designarmos o organismo que não morre
por envelhecimento. Isso não significa que não possa morrer por falta de alimentos,
ataques de predadores, acidentes, doenças, por um ambiente hostil ou alguma outra
causa externa, mas apenas que não senesce, isto é, não possua uma morte programada
em seu DNA nem que suas funções vitais decaiam significativamente com o tempo
levando, por isso, o organismo à morte. Como exemplo de organismos imortais,
podemos citar as bactérias. Estas não envelhecem, e, portanto, neste sentido, são
imortais. Da mesma forma utilizaremos a palavra ³ ´ para qualificar o organismo
que envelhece, isto é, que possue instruções em seu DNA para que, após certo período
de tempo, faleça, ou que suas funções vitais caiam significativamente com o tempo,
levando-o sempre à morte. Como exemplo, podemos citar os mamíferos, que sempre
envelhecem e morrem.
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As teorias mais modernas sobre a origem da vida [2] apontam que esta se iniciou há
cerca de quatro bilhões de anos, tendo como origem uma molécula replicante. Segundo
as teorias mais modernas, este replicante deveria ser algo parecido com um proto-RNA,
formada ao acaso no ambiente primitivo da época, conhecido como ³sopa ou caldo
primordial´.
A ³luta´ pela replicação continuou sem tréguas. Em algum momento deve ter surgido
um replicante mutante, que criou uma capa de proteção contra ataques de outros
replicantes ± a primeira célula-. Este replicante celular teve tanto sucesso com sua capa
protetora que praticamente dominou a vida primitiva em seu início. No caldo primordial
devem ter sobrado apenas os replicantes celulares ± como as bactérias [3]-.
Posteriormente, algumas bactérias mutantes ³perceberam´ que se elas se agrupassem
em colônias teriam mais chances de sobrevivência. Estas colônias evoluiriam para os
primeiros seres pluricelulares.
As bactérias são imortais. Elas se reproduzem por fissão: A bactéria se divide em duas
(dois clones idênticos), e cada um destes clones se divide em dois, e assim por diante,
crescendo a uma taxa exponencial com o tempo, se não houver alguma restrição
ambiental.
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U importante diferenciar as causas evolutivas das causas físicas que provocam o
envelhecimento (os mecanismos internos de senescência). As causas evolutivas sempre
levam a algum mecanismo interno (causas físicas) que desencadeiam o processo de
envelhecimento. Por exemplo, a sensação de medo pode provocar tremor, sudorese,
calafrios, e podemos dizer que a causa é devido a hormônios como adrenalina e cortisol,
que preparam o organismo para a luta, ou a fuga. Mas isto seria mais uma causa física
do processo do medo do que sua causa evolutiva. A causa evolutiva seria a explicação
do porque, ou quais foram as pressões seletivas, que propiciaram os genes a criarem este
mecanismo interno. Assim, podemos dizer que a causa evolutiva do medo seria devido a
uma adaptação genética de percepção de perigo: Os organismos que tinham genes que
os capacitassem a perceber o perigo tinham mais chances de sobreviver do que os
organismos que não apresentassem tais genes. Assim, os genes que induziram o
organismo a perceberem e a reagirem ao perigo, tiveram maior sucesso evolutivo do que
os desprovidos deles. Em suma: A causa evolutiva (darwiniana) do medo seria a
detecção do perigo, as causas físicas seriam a liberação de hormônios específicos para
preparar o corpo para a ação.
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O mecanismo interno responsável por esta limitação está baseado nos telômeros dos
cromossomos. Nos cromossomos lineares, em forma de bastão, como nos da espécie
humana, existe uma terminação em cada uma das suas extremidades conhecida como
telômero. A cada divisão celular estes telômeros são encurtados. Isso significa que os
cromossomos das células filhas têm um telômero menor do que o das células que lhes
deram origem, e, portanto, também tem uma vida útil menor, pois cromossomos sem
telômeros perdem sua função, fazendo com que a célula morra [5].
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Uma boa teoria do envelhecimento deve fornecer, caso existam, as causas evolutivas, ou
as pressões seletivas, que favoreceram o surgimento do envelhecimento. Deve
responder também as seguintes questões:
b) Por que o envelhecimento ocorre predominantemente nos seres sexuados e não nos
assexuados? (seres pluricelulares, assexuados, como anêmonas e medusas,
aparentemente, não envelhecem) [11].
c) Por que as células somáticas não produzem mais telomerase, como as células
germinativas o fazem, de modo a também não sofrerem o envelhecimento?
d) Por que algumas espécies envelhecem muito mais rapidamente que outras?
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Esta teoria, de 1954 [8] [6], diz que envelhecemos por excesso de radicais livres, que
são moléculas ionizadas, em geral compostos de oxigênio, produzidas e liberadas no
organismo como subproduto do metabolismo celular (mitocôndrias).
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Esta teoria, também conhecida como ³teoria de Weismann´ [1] apresenta uma falha não
solucionada: Ela apela para a ³seleção de grupo´, que, como veremos, não deve ser
utilizada a menos que bem fundamentada.
Para entendermos porque a seleção de grupo, no caso, ³a morte para o bem da espécie´,
é problemática, consideremos uma população de organismos da mesma espécie
constituídos de organismos mortais e de imortais (que não envelhecem), inicialmente
em igual número, e em equilíbrio, de modo que o total da população tenha que se
manter constante devido à quantidade limitada de recursos alimentares disponíveis.
Neste cenário, se um dos organismos morre, ele pode ser substituído por um filho
mortal ou imortal. A probabilidade de morrer mortais é maior, pois estes envelhecem e
morrem. A probabilidade de ele ser substituído por um filho de imortal também é maior,
já que pode haver vários mortais em idade avançada, debilitados e com dificuldade de
procriar. Portanto, aparentemente, a população iria se tornando imortal. Mesmo que isso
seja prejudicial à espécie como um todo.
Agora, vamos supor que exista uma população 100% composta por organismos mortais.
Suponhamos que nasça um organismo mutante imortal ± que não envelhece-, portanto,
como maior ³fitness´, esse organismo poderia continuar procriando e tendo filhos na
época de sua vida em que os outros todos, de sua idade, já estariam mortos pela velhice.
Ou seja, este organismo imortal teria, aparentemente, muito mais probabilidade de ter
seus filhos substituindo os organismos que morrem do que os mortais. Portanto, sem um
mecanismo que contra-argumente esta lógica, a tendência, ao longo do tempo, é que a
população vá se tornando toda imortal, mesmo que isso seja para a população, como um
todo, prejudicial. A aptidão do organismo, neste caso, parece sobrepujar o benefício da
espécie.
Assim, sem contar com nenhum outro mecanismo que explicasse como a seleção de
grupo favoreceria os mortais, frente aos imortais, a ³seleção de grupo´, utilizada nesta
teoria, parece contradizer os mecanismos darwinianos de aptidão, pois os mais aptos
(imortais) tenderiam a se manter e proliferar, e não os mortais, e, por esta razão, esta
teoria também não vingou.
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Esta teoria tem vários pontos positivos: Explica o envelhecimento sob o ponto de vista
genético; Utiliza a teoria darwiniana para explicar o modelo; Os dados empíricos
parecem corroborar, ao menos parcialmente, a teoria.
Apesar disso, esta teoria tem ainda algumas falhas graves: Os organismos começaram
imortais e não mortais. Assim sendo qualquer gene que diminua o ³ ³ do
organismo deveria ser selecionado negativamente,
. Por
exemplo: Considere uma espécie imortal (no início todas as espécies eram imortais), e
surge um organismo mutante com um gene que o mata, por exemplo, aos 50 anos de
idade. Este organismo não poderá ter mais filhos, pois está morto, isso não aconteceria
com os outros da espécie, então seus concorrentes deixariam mais descendentes do que
este mutante mortal. Então, não há razão para que este gene se propague, espalhando a
mortalidade e o envelhecimento. U o mesmo argumento que refuta a hipótese de
Weissman (9.2). Além disso, esta teoria não explica por que algumas espécies não
envelhecem e outras sim. Não correlaciona também a relação da reprodução sexuada
com o envelhecimento como parece indicar todas as evidências.
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Esta teoria, embora seja lógica, e aparentemente consistente, ainda apresenta algumas
deficiências: Não explica porque este efeito não ocorre em espécies assexuadas. Não
responde o porquê de espécies muito semelhantes (como algumas espécies de aves e
peixes), que teriam genes muito semelhantes, terem expectativas de vidas tão
discrepantes [10]. Não esclarece porque o organismo não poderia manter o mesmo nível
de atividade dos genes que o beneficiaram na juventude, na fase de alto ³fitness´,
quando se sobressaía frente aos demais, para mudar, repentinamente, diminuindo sua
adaptabilidade. E o mais importante: a teoria não mostra que os organismos imortais,
que não herdaram estes genes, e que, portanto, que não padeceriam destes sintomas na
fase adulta, não poderiam compensar seu fraco desempenho da juventude com um
maior vigor em sua infinita fase adulta.
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Um dos problemas desta teoria é que ela não mostra quanto de energia é necessária para
corrigir os problemas dos danos celulares em relação aos gastos com a reprodução, para
então concluir que o gasto seria inviável. Além disso, organismos no inicio da vida têm
muito mais probabilidade de morrer do que os adultos experientes, isso sem contar o
tempo necessário, e o gasto de energia, para se chegar à puberdade para o inicio da vida
reprodutiva. Assim, parece haver um contra-senso em descartar um adulto experiente, e
já em idade reprodutiva, para substituí-lo por mais jovens e inexperientes que ainda vão
perder tempo e energia antes de iniciar sua vida reprodutiva. Mesmo que um adulto
custe mais caro em termos de energia, se ele tivesse um alto ³fitness´, pela sua
experiência e imortalidade, ele poderia espalhar seus genes imortais por muito mais
tempo, mesmo que o mecanismo de reparo do seu DNA consumisse energia.
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Isso, de fato, é bom para a espécie. Entretanto, o problema destas teorias que beneficiam
o grupo, a custas do prejuízo individual (seleção de grupo), é que elas, como vimos no
item 9.2, não costumam apresentar um mecanismo ³neodarwiniano´ convincente
(baseado no ³fitness´ do gene) nem darwiniano (baseado no ³fitness´ do organismo),
que dêem cabo do paradoxo da ³seleção de grupo´. Segundo a teoria de Darwin os
organismos mais adaptados, com maiores ³fitness´, tenderiam a sobreviver mais e
deixar mais descendentes do que os menos adaptados. Portanto, uma característica que,
em princípio, seria desvantajosa ao individuo, diminuindo seu ³fitness´, mesmo que
fosse boa ao grupo como um todo, não deveria se propagar pela espécie. Ou seja, o
problema da seleção de grupo, quando esta se dá a custas do organismo individual,
precisa, para ser válida, vir acompanhada de um mecanismo lógico que consiga explicar
o paradoxo da perda do ³fitness´. Infelizmente, não é o caso das µteorias da
Evolutividade¶ apontadas por Goldsmith.
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Com o advento da reprodução sexuada, que traz inúmeros benefícios aos genes e à
espécie (como veremos no próximo tópico), ocorre nestes proctotístas, pela primeira
vez, a segregação do DNA em núcleos distintos: O micronúcleo, com o DNA
germinativo, usado apenas no momento da reprodução, e o macronúcleo, com o DNA
somático, utilizado na manutenção diária da célula.
Segundo Clark, o DNA somático sofre mais degradação do que o DNA germinativo, e
como este último é o que vai para a próxima geração, não haveria necessidade de
reparar o DNA somático, que pode acumular mutações prejudiciais, e, portanto, deveria
ser destruído. Assim, durante a reprodução sexuada, teríamos o seguinte processo:
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Clark explica que o motivo da morte programada dos macronúcleos (que corresponderia
às células somáticas do corpo) seria devido à necessidade de destruí-los, pois estariam
provavelmente muito desgastados, e que depois da reprodução não seriam mais
necessários.
Mas esta conclusão embute dois erros lógicos: Primeiro, porque não haveria
necessidade de programar a morte celular já que esta morte iria acontecer por si própria,
seja com o acúmulo de mutações, seja com o desgaste da própria célula. Seria como um
engenheiro projetar uma pesada e cara bomba num robô marciano para que ela
explodisse quando a bateria do robô terminasse e ele ficasse inoperante. Se o robô vai
deixar de funcionar por si mesmo, seria ilógico gastar tempo e material com um
dispositivo que o fizesse explodir depois que não tivesse mais utilidade. Da mesma
forma, Clark não mostra a necessidade evolutiva, ou qualquer outra causa da natureza,
programar a morte das células somáticas se elas levam o organismo, de qualquer
maneira, à morte. Segundo, ele não mostrou as razões que inviabilizariam o reparo do
DNA somático, já que isso pode ser feito uma vez que, como as bactérias, as células
somáticas também se dividem por fissão. Se as bactérias, e as células germinativas, são
imortais, as células somáticas também poderiam ser. Se as bactérias podem se
reproduzir indefinidamente, os proctotistas, em princípio, também poderiam fazê-lo.