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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

Faculdade de Ciências humanas e sociais

Milene Fernandes Silva

Jennifer Ribeiro

CLÁSULAS ABUSIVAS:

A abusividade nos contratos de e-commerce

Franca

2019
Milene Fernandes Silva

Jennifer Ribeiro

CLÁSULAS ABUSIVAS:

A abusividade nos contratos de e-commerce

“Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de Direito da


Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, como
requisito para obtenção de nota na matéria de Direito Civil II
ministrada pela professora Luciana Canavez.”

Franca

2019
RESUMO

O presente trabalho a respeito da abusividade em contratos de e-commerce tem por objetivo


apresentar inicialmente uma análise histórica da evolução da proteção jurídica ao consumidor.
Em seguida, apresentar as falhas ainda existentes no ordenamento, muito em razão da
inovação que representa o meio digital, bem como os negócios jurídicos nele firmados. Como
resultado, entendemos que ainda que exista um resguardo acerca dessa matéria em relação ao
consumidor, ainda são muitos os empecilhos para que o consumidor, elo mais fraco dessa
relação seja verdadeiramente protegido, para isso, alguns pontos de correção são
apresentados.

Palavras chaves: Abusividade, e-commerce, falhas, ordenamento.

ABSTRACT

This paper on e-commerce abuse aims to presente a historical analysis of the Evolution of
consumer legal protection. Then, it presentes as still existing flaws in the planning, largely
due to the innovation that representes the digital environment, as well as the legal businesses
signed in it. As a result, we understand that there is stil a problem related to this matter in
relation to the consumer, there are still many factors that affect the consumer, the weak link of
this relationship is protected, so some corrections are presented.

Keywords: Abusivity, e-commerce, flaws, legal system


1. INTRODUÇÃO

Hodiernamente, vivencia-se com extrema pujança o que se pode chamar de uma nova era
tecnológica, onde a presença do desenvolvimento dispendioso da comunicação, da
informática e, de modo geral, da globalização das informações é fato agudamente presente.

Notoriamente, todo esse progresso e evolução dos meios técnicos e digitais apresentou uma
série distinta de facilidades, inaugurando um modo muito mais rápido e prático para que os
consumidores de todas as espécies possam adquirir seus produtos e serviços na comodidade
de seus próprios lares. Em contrapartida, de modo quase concomitante, o distanciamento
criado entre as figuras do fornecedor e do consumidor e deste último em relação ao meio
utilizado para a criação da relação obrigacional da compra e venda – as lojas online, por
exemplo – possibilita e, talvez, até facilite, o uso da má-fé.

Esse ciberconsumidor, por assim dizer, possui, notoriamente, uma vulnerabilidade sistemática.
O fornecedor, enquanto figura proeminente costuma assenhorear todas as informações sobre
seus produtos e serviços além de, obviamente, também possuir um conhecimento
consideravelmente mais vasto em relação aos meios tecnológicos utilizados para o fim de
obter tais citados produtos ou serviços. Desse modo, práticas consideradas excessivas, tais
como a insertação de cláusulas abusivas nos contratos estipulados a partir dessas relações de
consumo, são possíveis e até mesmo, habituais.

É culpa das nímias disparidades tecnológicas, informativas e, quase sempre, também


econômicas, entre fornecedor e consumidor leigo, que esse internauta pode ser vítima de
imoderações, principalmente no que diz respeito aos contratos de e-commerce, que
possibilitam uma maior aplicabilidade de injustiças contratuais ao quebrarem de forma
metodizada a equidade contratual, concepção considerada contemporânea.

Este trabalho, em suma, visa discutir a presença de cláusulas abusivas em contratos


formalizados através do meio de comunicação mais utilizado, a internet, além de apontar as
existentes falhas na construção jurídica brasileira, compreendendo, da melhor forma possível,
essas novas relações de consumo de modo a explicitar ao leigo ou ao contratante em geral
toda a extensa jurisdição que pode atuar em se favor, de maneira a tentar, talvez de forma até
um pouco pretenciosa, auxiliar na construção de uma sociedade cada vez mais igualitária e
justa para todos, independente da condição social, financeira ou psicológica do indivíduo.
2. O que determina a abusividade de um contrato

A concepção de contrato, não exatamente como compreendemos hoje, mas já designando uma
certa ideia de “negócio”, se arrasta por milênios, se modificando e se adequando ao momento
da história em que determinada sociedade vivia. Nesse sentido, a concepção clássica espelha
toda a evolução do direito, com destaque para momentos como o fim da Idade Média,
revoluções dos séculos XVIII e XIX e a Revolução Francesa. Nessa construção, o resguardo
jurídico balizava normas que dispunham acerca da estruturação da relação jurídica através dos
contratos, deixando de lado aquelas que ponderassem pela conjuntura econômica e social dos
envolvidos. Ou seja, pressupunham uma igualdade e uma total liberdade na ocasião de
incumbir-se de uma obrigação.

Por outro lado, o contrato no direito contemporâneo se apresenta de outra forma. Isso porque,
conforme Orlando Gomes (2007, p.08) ilustrou, superou-se a ideia de que a igualdade formal
dos indivíduos ratificaria o equilíbrio na relação ali construída, independente da condição
social dos que a constituíssem. Ou seja, o desequilíbrio se tornou notável, ocasionando
tamanho descontentamento que se tornou necessário uma tutela jurídica díspar, que levasse
conta, aspectos relevantes que até então não eram considerados.

Desse modo, num contexto em que o Estado passa a influenciar mais na esfera econômica,
normas jurídicas são redigidas, tendo em vista justamente essas dissimilitudes. Aliado a isso,
o princípio da autonomia da vontade, passa a revelar-se como não absoluto, pois “a lei ordena
ou proíbe dados comportamentos sem deixar aos particulares a liberdade de derrogá-los por
pactos privados...” (SILVA, 2002, p. 41), sendo impossível fugir de seu cumprimento.

A mudança das preocupações do legislador, especialmente quanto ao rigor contratual, será o


corolário dessas alterações. Enquanto, nos moldes clássicos, a preocupação se resumia às
declarações de vontade e os vícios que poderiam ocorrer, anulando a relação jurídica. A
preocupação no formato contemporâneo, conforme Rodrigo Alves da Silva (2002, p. 42) “... é
a defesa dos aderentes (contratos de adesão), mediante normas legais que proíbam cláusulas
iníquas, até porque as regras sobre a declaração da vontade e os vícios do consentimento
quase não se lhe aplicam”.

Hodiernamente, com a globalização e mercado de massa, fala-se bastante sobre o “contrato de


adesão”1, mecanismo pré-confeccionado por uma das partes, objetivando uma otimização de
1 É instrumento da nova economia de mercado, necessário ao tráfico jurídico moderno. Sua existência é
fundamental para as relações de consumo, visto que nem o fornecedor, nem o consumidor, dispõem de tempo
para discutir as cláusulas contratuais envolvendo serviços corriqueiros e necessários à vida moderna. (SILVA,
tempo, o qual seria perdido ao se discutir as cláusulas uma a uma. Todavia, com o surgimento
desse recurso, deixou-se de existir a prévia discussão em relação aos termos constantes na
relação jurídica, o que acaba por trazer muitas vezes quebras aos princípios que devem regular
esses vínculos. As cláusulas abusivas embora possam surgir em outros tipos de contrato
também, se mostram mais comum quando desse tipo. Isto é, muitos são os fatores que
corroboram para que isso aconteça, podendo-se citar, a inexperiência do consumidor e o fato
da parte fornecedora ser a parte mais forte da relação.

3. Os princípios que norteiam as relações de consumo

De forma assaz sucinta, é notório estabelecer que todas as relações contratuais que envolvem
as duas distintas figuras já supracitadas, o fornecedor de quaisquer que sejam os produtos ou
serviços e seus devidos consumidores, é resguardado pelo Código de Defesa do Consumidor,
compilado de leis jurídicas que tem como objetivo primordial regular e reequilibrar as
relações de consumo, depositando sobre estas toda harmonia e transparência necessários.

Para alcançar tão augusto objetivo, tal código estabelece alguns princípios básicos, tais quais
o princípio da transparência, da boa-fé, da equidade contratual e, por fim, o princípio da
proteção da confiança.

O princípio da transparência, em um primeiro momento, estabelece a necessidade de


apresentar, por parte do fornecedor, uma informação clara e objetiva no que diz respeito ao
produto oferecido. Como esclarece mais precisamente Cláudia Lima Marques, o princípio da
transparência consiste na:

“ informação clara e correta sobre o produto a ser vendido, sobre o


contrato a ser firmado, significa lealdade e respeito nas relações
entre fornecedor e consumidor, mesmo na fase pré-contratual, isto é,
na fase negocial dos contratos de consumo2”

Desse modo, agora de acordo com Rodrigo Alves da Silva:

“ a oferta ou proposta instituída pelo art.50 do código de Defesa do


Consumidor, deve ser clara e correta sobre as qualidades do produto
e condições do contrato, sob pena do fornecedor responder pela falha

2002, p.158)
2 MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor. Revista dos Tribunais, 2002, p.286
da informação (art.20) ou ser forçado a cumprir a oferta nos termos
em que foi feita (art.35)3”

O princípio da boa-fé, por sua vez, figura icônica de todas as relações comerciais, menciona a
necessidade da presença da harmonia dentro das relações de consumo, essencialmente no que
diz respeito à obrigação pactuada entre consumidor e fornecedor. Tal harmonia, como
estabelece Silva (2002) deve ser buscadas a partir da exigência de boa-fé na vinculação entre
as duas personagens do contrato em voga. Esse princípio, em sua utilização mais ampla,
regula as desvantagens exorbitantes que o consumidor pode vir a sofrer, proibindo a
estipulação de cláusulas que sejam exíguas, isto é, abusivas em sua essência, e que incitem o
desequilíbrio contratual, muitas vezes reafirmado por conta da dissemelhança, sobretudo
econômica, entre fornecedor e consumidor.

Em suma, a boa-fé nada mais é do que a exigência, e aqui de acordo novamente com Silva
(2002), de que cada parte se comporte de maneira a não fraudar a confiança da parte oposta.
Sobre o tema, cabe ainda citar que há uma diferença existente no que pode-se classificar como
as duas classes da boa-fé: a boa-fé objetiva e a boa-fé subjetiva. A boa-fé subjetiva é, como
reitera Rodrigo Alves da Silva:

“um estado de ignorância sobre a real situação jurídica que se


apresenta capaz de causar lesão à direitos de outrem. Na situação de
boa-fé, alguém acredita ser titular de um direito que na verdade não
tem, porque só existe na aparência.4”

A boa-fé objetiva, por sua vez, pode ser entendida, como preceitua o mesmo aludido autor
(2002, p.89) como uma regra de conduta que “Constitui-se em um dever de agir conforme
determinados padrões de honestidade, para não frustrar a confiança a confiança legítima da
outra parte”.

Em suma, portanto, a função primigênia do princípio da boa-fé, lato sensu, é estabelecer uma
real isonomia no contrato, estimulando o equilíbrio entre as partes, de modo que se prevaleça,
indubitavelmente, a harmonia, desconsiderando qualquer abuso de direito derivado de
cláusulas ou atitudes que possam a vir ser abusivas.

3 SILVA, Rodrigo Alves. Cláusulas Abusivas nos Contratos Bancários de Adesão. Campinas: Minelli, 2002, pág. 85

4 SILVA, Rodrigo Alves. Cláusulas Abusivas nos Contratos Bancários de Adesão. Campinas: Minelli, 2002, pág.89.
O princípio da equidade contratual, já citado de modo implícito em algumas situações
supracitadas, é, por sua vez, o princípio que rege a segurança do contrato para ambas as
partes, estabelecendo o que se pode chamar de justiça contratual. De acordo com Rodrigo
Alves Silva, significa:

“a proibição das cláusulas abusivas, assim entendidas as que


assegurem vantagens unilaterais ou exageradas para o fornecedor de
bens e serviços ou que sejam incompatíveis com a boa-fé e a
equidade. Tais cláusulas podem ser declaradas nulas ex officio pelo
julgador5”

Levando em consideração o entendimento já expressado na introdução deste artigo, é notório


por em evidência que esse princípio, especialmente, é utilizado, na quase total maioria das
vezes, em benefício do consumidor, uma vez que esse acaba por se provar o elo mais fraco da
relação consumerista por não possuir nem os meios econômicos nem o conhecimento que
habitualmente são assenhorados pelo fornecedor.

Por fim, com o intuito de concluir os esclarecimentos acerca dos princípios que regem e
norteiam as relações de consumo, cabe citar o princípio da proteção da confiança. Esse
princípio está intimamente ligado à publicidade que se faz do produto ou serviço e é bastante
egrégio nessa nova era digital, onde o e-commerce passa a ganhar cada vez mais espaço.

De acordo com Rodrigo Alves Silva, utilizado reiteradamente, a função desse princípio é:

“garantir ao consumidor a adequação do produto e do serviço, para


evitar riscos e prejuízos oriundos desses produtos e serviços e para
assegurar o ressarcimento do consumidor em caso de insolvência, de
abuso ou desvio da pessoa jurídico-fornecedora6”

Assim, o consumidor, enquanto elo frágil da relação obrigacional adquirida com a compra,
tem sua confiança protegida de modo que não possa ser atingido no caso de insolvência ou
má-fé.

4. A proteção ao consumidor que vigora atualmente

Anteriormente à Carta Constitucional de 1988, as Constituições que vigiam não tratavam do


tema de proteção ao consumidor. Todavia, com a sua promulgação essa proteção ´passou a ser

5 SILVA, Rodrigo Alves. Cláusulas Abusivas nos Contratos Bancários de Adesão. Campinas: Minelli, 2002, pág. 90
6 SILVA, Rodrigo Alves. Cláusulas Abusivas nos Contratos Bancários de Adesão. Campinas: Minelli, 2002, pág. 91.
garantida em alguns artigos. Dentre eles, podem-se citar o art.150, §5º, que dispõe que alei
estabeleça “medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que
incidam sobre mercadorias e serviços”; art.220, §4º, que dispõe sobre propagandas de tabaco,
bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos, entre outros; art, 221, a respeito das
orientações a serem seguidas na difusão dos programas de rádio e televisão.

Em resumo, conforme bem elucidou Adolfo Mamoru Nishiyama (2010, p. 154), “A partir da
Constituição de 1988, a proteção do consumidor passou a ser uma norma hierarquicamente
superior e direcionadora de todo o sistema jurídico, justificando a crescente intervenção do
Estado na atividade econômica dos particulares”. Isso porque, resta claro que o consumidor é
elo mais “fraco” dessa relação, necessitando, portanto, da tutela do Estado, de forma que seja
observado o princípio da igualdade, também previsto em nossa CF 88.

Nesse diapasão, num período em que se passava a prezar pela defesa do consumidor, passa a
surgir também aquilo que chamamos de função social de contrato 7: “A liberdade de contratar
será exercida em razão e nos limites da função social do contrato” (art.421). Este instituto não
decorre da CF 88, mas sim da função social da propriedade. Assim, alguns doutrinadores
também a compreendem como ligada à dignidade da pessoa humana e “justiça social”.
Portanto, “pode -se dizer que tanto a função social do contrato, quanto a função social da lei
consumerista, são corolários do princípio constitucional da defesa do consumidor, que
também exerce sua função social” (NISHIYAMA, 2010, p.157)

A nossa Carta Constitucional veda ainda o chamado abuso do poder econômico, o qual pode
ser entendido como atos que tem por finalidade a dominação do mercado, supressão da
concorrência e aumento desmedido dos lucros. Nesse sentido, com o advento do Código de
Defesa do Consumidor em 1990, o Estado passa a determinar uma certa estrutura aos
contratos, sendo uma delas, a proibição às cláusulas abusivas, sob pena de nulidade da
cláusula ou do próprio negócio (art. 51, 52 e 53 do CDC). Desse modo, ainda paira uma
dúvida: O que faz uma cláusula ser tida como abusiva? Bom, de forma sucinta, isso acontece
quando há um abuso de direito, o qual ocorre normalmente quando se usa de um “direito
regular” e desvia-se de sua finalidade, prejudicando a uma parte interessada ou a terceiros.
(SILVA, 2002, p.166).

Esse tipo de cláusula, como bem explicou Rodrigo Alves da Silva (2002, p. 167) “[...] não é
uma consequência lógica ou jurídico formal tão somente do contrato de adesão. Poderá vir a
7 Ao contrário do que possa parecer a de função social ao contrato não serve para frustrar que as pessoas
livremente o realizem, mas apenas para que o acordo de vontades não ocorra em detrimento do corpo social.
ser uma decorrência do poder econômico, justamente porque cria maior peso, maior ônus para
o contraente fraco, e exonera cada vez mais o predisponente”. Cabe aqui elucidar também o
conceito de contrato de adesão, o qual consiste em um negócio jurídico bilateral ou
plurilateral, no qual apenas uma das partes, decide, previamente, quais as cláusulas serão
efetivamente inseridas no contrato, de modo que, a outra parte, apenas adere ou não, o que foi
estipulado, ficando está impedida de modificar substancialmente as condições do contrato
(GAGIOLLI, 2014).

Hodiernamente com o advento da internet, desenvolvimento da tecnologia, surgiram novas


formas de “fechar um negócio”. Isto é, os meios de comunicação favoreceram a disseminação
e a realização desses negócios jurídicos. Este fenômeno passou a chamar-se e-commerce8. Tal
acontecimento, possibilitou uma comodidade sem precedentes, pois, deixou-se de ter a
necessidade do consumidor se deslocar até os estabelecimentos comerciais. Assim, os
contratos firmados diariamente são diversos. Diante de tal expansão, é de suma importância
normas que regulamente tal contrato, no entanto, no Brasil não existe norma específica, mas
sim, uma vinculação destes ao direito do consumidor, gerando por tanto obrigações e deveres
de todas as espécies (PAIM, 2018).

Muitas são as vantagens desse tipo de comércio, podendo-se citar, as negociações rápidas,
redução de custos e um maior campo seletivo. Todavia, muito embora esses contratos devam
seguir os mesmos requisitos e princípios legais dos contratos típicos, a enorme demanda
ocasiona algumas desvantagens, como vícios e dificuldades para o consumidor. Nesse
diapasão, tem-se, como meio de proteger e garantir os direitos dos consumidores, o Código de
Defesa do Consumidor, bem como, o Código Civil e o Decreto nº. 7.962, de março de 2013.

Assim, muitos são os direitos assegurados ao consumidor, entretanto, ainda assim, produtos
com vícios, propagandas enganosas, recebimentos de mercadorias distintas da que foi
solicitada pelo consumidor, serviços prestados com má qualidade, descumprimento de termos
de contrato, entre outros, são regulares nessas relações. Desse modo, as novas regras para o e-
commerce previsto no decreto de 2013 complementaram o Código de Defesa do Consumidor,
simplificando o julgamento do fornecedor quando estes não observarem àquilo que dispõe as
normas jurídicas a seu respeito. Dentre elas, pode-se citar aquilo que dispõe o art. 1º do
Decreto:

8 Nome dado à transação comercial, isto é, venda de produtos ou serviços, que se realiza através de
dispositivos eletrônicos, tais como computadores, smartphones, etc.
Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei no 8.078, de 11 de setembro de
1990, para dispor sobre a contratação no comércio eletrônico,
abrangendo os seguintes aspectos:

I - informações claras a respeito do produto, serviço e do


fornecedor;

II - atendimento facilitado ao consumidor; e

III - respeito ao direito de arrependimento.

Ou ainda, como proteção exclusiva às relações que não ocorrem da forma típica, o art. 49 do
CDC:

Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 07 dias


a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou
serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e
serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente
por telefone ou a domicílio.

Isto é, ainda com o amparo jurídico existente hoje, o comércio eletrônico ainda é espaço de
muitas falhas e inadimplências contratuais. Isso porque o contrato de consumo, de adesão,
pode revelar-se como legítimo dispositivo jurídico de subjugação do consumidor à vontade do
fornecedor, através de técnicas que se utilizam da vulnerabilidade do consumidor acarretada
pela complexidade e tecnicismo do contrato e cláusulas abusivas e adesivas.9

Ou seja, o próprio direito, o qual possui como escopo primar pela igualdade das partes e
especificamente, em relação à essa matéria, atuar como um assegurador do elo mais fraco que
é o consumidor, acaba por ser um instrumento da intensificação da desigualdade e propiciador
dos vícios jurídicos, os quais já foram aqui mencionados anteriormente. Isso porque, o
chamado “juridiquês”10, atua como empecilho para que ocorra aquilo que o art. 1º do Decreto
nº. 7.962, isto é, acesso às informações claras a respeito de tudo que designa aquele negócio
jurídico.

9 CANTO, 2015 apud BORGES, Gabriella M. CONTRATOS NO COMÉRCIO ELETRÔNICO E A PROTEÇÃO DO


CONSUMIDOR NO SÉCULO XXI: Responsabilidade Civil dos Sites Intermediadores no e-Commerce. Tese
(Bacharelado em Ciências Públicas e Sociais) - Faculdade de Direito, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre, p.22. 2018
10 Neologismo que indica o uso desmesurado e desnecessário de termos jurídicos.
Soma-se a isso, o fato de que no Brasil, grande parte da população é desconhecedora dos seus
direitos e majoritariamente leigas àquilo que diz respeito ao Direito. Dessa forma, os
fornecedores, o elo forte da relação jurídica a ser firmada, conhecedora dos produtos ou
serviços que oferecem, do meio em realiza esse negócio, acabam por adotar técnicas que os
favorecem em detrimento dos consumidores, ocasionando aquilo que já mencionada
anteriormente: a abusividade contratual, vinculando o consumidor à cláusulas que os prendem
ao negócio e que os oneram.

Por sua vez, esse grande número de tentativas e de efetivos atos de aproveitamento da
condição do consumidor acaba também sem uma sanção ao fornecedor. Isso por diversas
razões, dentre elas, o baixo valor das causas, o longo tempo dispendido até que haja uma
decisão judicial e o custo da despesa para entrar com um processo judicial. Como tentativa de
sanar esses empecilhos, nossa Carta Constitucional prevê a criação dos Juizados Especiais.
Além disso, o art.24, X, CF 88 prevê a criação e funcionamento do Juizado de Pequenas
Causas. Dessa forma, compreende-se que:

O Juizado Especial facilita em muita a postulação do consumidor nas


questões de menor complexidade, tornando a justiça mais célere e
permitindo que todos tenham acesso à prestação jurisdicional,
seguindo os ditames impostos pela Constituição Federal. No entanto,
esse modelo adotado no Brasil corre o risco de se tornar inócuo,
principalmente nos grandes centros urbanos, onde o número de
demandas vem crescendo, ao ponto de em vários casos a sessão de
conciliação ser marcada para depois de 6 meses ou mais do início do
processo. Nesse aspecto, ganha importância a implementação de
políticas públicas voltadas aos Juizados Especiais, com a finalidade de
melhorar sua estrutura e funcionamento para que não se perca de vista
o critério da celeridade processual. (NISHIYAMA, 2010, p.192)

Cabe aqui ressaltar que o Juizado Especial prevê que as partes compareçam, sem advogado
nas causas de até 20 salários-mínimos.

Pode-se citar como questões controversas e relativas à essa matéria como, por exemplo, do
dever de informação, da multa rescisória, entre outros. No que concerne ao dever de
informação, o CDC determina que o direito à informação como primordial na relação.
Todavia, observa-se que o que acontece na verdade é que os sites pouco se atentam em passar
aos compradores informações técnicas e importantes sobre o uso do que está sendo adquirido.
Ou ainda, o excesso de informação com o fim de alhear o consumidor e principal interessado,
o que é muito mais difícil de perceber a violação, haja vista que:

No caso da inexistência de informação, a violação do dever anexo é


cristalina; já no segundo caso, embora se possa alegar que a
informação está presente, ela está maliciosamente escondida, com o
fim de que ela não chegue ao conhecimento do consumidor. Dessa
forma, também estão a boa-fé e o dever anexo de informação
violados.11

Por sua vez, outra questão afeta a essa questão é a multa rescisória, pois, muitos fornecedores
alegando o princípio de autonomia da vontade, afirmam que a eles é permitido a fixação de
multa rescisória que lhes aprouver a fim de “prender” o consumidor ao negócio. Nesse
diapasão, muitos fornecedores a fixam em altos percentuais sobre o preço total do produto ou
serviço adquirido. Todavia, vê-se que hoje a jurisprudência tende a minorar tais multas,
favorecendo o consumidor tendo em vista a extrema abusividade que intenta o fornecedor.

Portanto, observa-se a inexistência de sanções administrativas e jurídicas previstas no


ordenamento. O que por sua vez, gera consequências no comportamento do fornecedor, que
perpetua suas atitudes, em razão da impunidade. Dessa forma, urge-se a necessidade de
atualização dessa normatividade, a qual deve prever de forma mais clara e assídua suas
disposições, especialmente as que dispuserem a respeito das sanções que enfrentarão aqueles
que não agirem conforme estipula a lei.

5. Lei da Usura

Em um primeiro momento, cabe entreprender que a chamada Lei da Usura, é o termo


ordinário utilizado para conceituar e definir toda a compreensão que se tem acerca da
ilegalidade de juros sobejos cobrados, de modo geral, por instituições financeiras. O Decreto
22626/33, estabelece, ipsis litteris: “ É vedado, e será punido nos termos desta lei, estipular

11 FERNANDES, Manoela Silvestre. A proteção do consumidor no comércio eletrônico: análise da efetividade


da legislação brasileira. Disponível em: <https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-151/a-protecao-do-
consumidor-no-comercio-eletronico-analise-da-efetividade-da-legislacao-brasileira/>. Acesso em: 05/10/2019
em quaisquer contratos taxas de juros superiores ao dobro da taxa legal ( Código Civil, art.
1062 )”12.

Essa taxa legal, denominada taxa SELIC - Sistema Especial de Liquidação e Custódia –
possuía a relevante função de regular os juros existentes na economia brasileira. O site Clube
do Valor, especializados em assuntos relacionados a investimentos na bolsa de valores, traz
um simplificado entendimento sobre o que se deve compreender acerca do termo em sua
essência. Ele diz:

“ O sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC) nada mais é


do que o nome dado ao indicador através do qual as taxas de juros
são cobradas pelos bancos e lastreadas (garantidas) por títulos
públicos .”13

Deste modo, depreende-se que uma das mais precípuas funções da Lei da Usura é justamente
coibir qualquer prática abusiva traduzida na aplicação de juros que excedam o valor limite do
dobro da taxa SELIC, que, ressalta-se, é variável de ano a ano. A título de conhecimento, é
notável exemplificar que neste ano de 2019, a taxa SELIC está sendo mantida em 5,50%.

O termo usura, portanto, devido a todo o supracitado passou a ser entendido na hodiernidade
como meramente juro exorbitante ou excessivo e nesse sentido o jurista Orlando Gomes,
recita:

“A usura, sob todas as suas formas, está proibida. É o mútuo um dos


contratos mais propícios a essa prática, hoje punível. Até certo ponto
vigorou o princípio da liberdade da estipulação dos juros. Os abusos
cometidos inspiraram a política legislativa de repressão à usura,
através de medidas, dentre as quais se salientam a limitação das
taxas dos juros convencionados e a proibição do anatocismo ou
capitalização dos juros”. 14

Para efeito de conclusão, de modo a cumprir factualmente o objetivo de esclarecer os


principais pontos acerca do subtema em questão, cabe citar e deslindar a imprecisão em
relação a revogação ou não da Lei da Usura. Estabelecendo a taxa legal de 12% em relação a

12 BRASIL. Decreto 22.626, de 07 de abr. de 1933. Lei da Usura. Brasília, DF, abr. 1933
13 FERREIRA, Ramiro Gomes. Taxa SELIC: O que é, como é definida, taxa atual, histórico e o impacto em seus
investimentos (com calculadora). Clube do Valor, 2017. Disponível em:
<https://clubedovalor.com.br/taxaselic/> Acesso em: 30 de Set. de 2019.
14 GOMES, Orlando. In Contratos. 15° edição, Forense, RJ, 1995, Pág. 321.
juros contratuais e bridando o chamado anatocismo – cobrança de juros sobre juros – a Lei de
Usura está em vigor. O equívoco nasceu por conta de um decreto de 1991 que, na época, de
fato revogava o decreto 22.626/33. No mesmo ano, extremamente movimentado por sinal, um
novo decreto foi emitido, dessa vez revogando seu anterior e, portanto, fazendo valer
novamente a Lei da Usura. Nesse sentido, é notável ainda prestar um último esclarecimento
acerca da Lei 4594/1964. Acreditava-se que esta, em sua essência, teria revogado novamente
a Lei da Usura, o que, diga-se de passagem, não ocorreu. Esta lei em específico, determinava
que o Conselho Monetário Nacional passasse a ter determinados poderes que então lhe
garantiriam a possibilidade de fazer a limitação das taxas de juros, o que, de forma
extremamente clara, não implicava, de forma alguma, na vigência da Lei discutida.

6. A abusividade nos contratos digitais

Com o cada vez mais célere advento da tecnologia e, especialmente da internet, um colossal
conglomerado de computadores e – mais recentemente – smartphones e tablets, interligados
por uma infinita rede que permite o acesso e a troca de informações, de modo globalizado e
imediato, uma nova modalidade de contratos vem destacando-se e ganhando cada vez mais
adeptos: o chamado contrato eletrônico ou digital.

Maria Helena Diniz (2008, p.757) reputa contrato digital como sendo “ [...] uma modalidade
de negócio á distância ou entre ausentes, efetivando-se via internet por meio de instrumento
eletrônico, no qual está consignado o consenso das partes contratantes.”

Portanto, como talvez se possa notar de forma bastante cristalina, a principal característica
desse contrato reside no fato de que ambos os personagens da negociação se encontram
ausentes, ás vezes distanciados por países ou oceanos. Assim, Cláudia Lima Marques relata,
de forma elementar:

“ O fornecedor não aparece mais materializado através de um


vendedor, o fornecedor não tem mais “cara”, tem sim uma marca, um
nome comercial, uma determinada imagem, um marketing virtual
[...].O fornecedor não tem endereço comprovável, mas apenas
“informável”. Do fornecedor não se sabe sequer se é realmente
profissional, pois dada a diminuição dos custos de oferta e transação
que a Internet traz, o fornecedor pode ser um “iniciante” ou mesmo
um adolescente “genial”, o fornecedor pode ser, em resumo, um outro
consumidor [...]. (grifo no original)” 15.

Compreendido o supracitado, emerge a necessidade de se refletir sobre a abusividade. Esta,


em contratos físicos, onde tanto consumidor quanto fornecedor são figuras conhecidas e sabe-
se ter uma extensa lista de possibilidades de ação frente a cláusulas imoderadas, já é
conhecida e, portanto não é causadora de tanto alarde. Os contratos eletrônicos ou digitais, por
outro lado, são, historicamente falando, extremamente recentes e por conta disso, apresentam
vulnerabilidades mais acentuadas. De forma assaz sucinta, o contrato digital tem uma forma
específica de elaboração. Regra geral, o próprio fornecedor o lavra de forma unilateral,
levando em consideração seus próprios interesses, de modo que as cláusulas sejam formadas
da forma que mais lhe convém e que, em situações futuras, possam lhe oferecer as melhores
possibilidades. Sendo assim, indubitavelmente, não é difícil se deparar com contratos cujas
cláusulas se apresentam excessivamente vantajosas para o provisor mas onerosas além do
cabível – e do aceitável, se levado em consideração os princípios que norteiam as relações de
consumo, acima analisados – para o consumidor, inegavelmente o elo mais fraco dessa
relação.

Transgredindo o entendimento majoritário da atualidade no que diz respeito à fragilidade do


comprador e a crescente necessidade de se resguarda-lo, as cláusulas abusivas burlam o
princípio do equilíbrio contratual, restringindo cada vez mais a responsabilidade do
fornecedor frente à obrigação assumida.

Diante disso, conceitua Fernando Noronha que:

“Abusivas são as cláusulas que, em contratos entre as partes de desigual


força, reduzem unilateralmente as obrigações do contratante mais forte ou
agravam as do mais fraco, criando uma situação de grave desequilíbrio
entre elas. [...] São cláusulas que destroem a relação de equivalência entre
a prestação e a contraprestação.” 16

Assim sendo e compreendido os conceitos apresentados, é notório acrescentar, para efeito de


conclusão, que o rol dos direitos básicos de qualquer comprador, apresentados no Código de
Defesa do consumidor – CDC – abrangem, de forma inflexível a total proteção deste em

15 MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor: o novo regime das relações
contratuais. 4° edição, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002, pág. 106.
16 NORONHA, Fernando. O direito dos contratos e seus princípios fundamentais: autonomia privada, boa-fé,
justiça contratual. São Paulo: Saraiva, 1994, pág 3.
relação às eventuais cláusulas abusivas. O art. 51 desse mesmo código estabelece, inclusive,
uma série de hipóteses, possibilidades, que tornariam uma cláusula abusiva e, portanto,
irregular. Ademais, parece necessário acrescentar de igual modo que a lei, como um todo, não
exige que o fornecedor aja com dolo, isto é, esta figura não precisa necessariamente agir com
a real intenção de prejudicar o consumidor. A possibilidade de existir uma cláusula que conste
nas hipóteses do artigo 51 basta para que essa seja considera abusiva, não sendo necessária
uma análise mais aprofundada do caráter e da atitude do fornecedor. Em suma, portanto, a
boa-fé ou má-fé não anula o excesso do texto contido na cláusula.

7. Direcionamento e público Alvo: a questão da complexidade do juridiquês

Nelson Rolihlahla Mandela, líder rebelde, advogado e ganhador do prêmio Nobel da paz
de 1993, tornado presidente da África do Sul após ter passado anos na prisão por seus
ideais é autor de uma célebre frase, que consta inclusive no filme Invictus – que trata, em
parte, de sua história – e que serve de modo excelente á introdução desse subtema. Ele
diz: “Se você falar com um homem numa linguagem que ele compreende, isso entra na
cabeça dele. Se você falar com ele em sua própria linguagem, você atinge seu coração”.

O chamado juridiquês é um neologismo bastante utilizado na hodiernidade para qualificar


o uso excessivo dos jargões jurídicos e dos termos muito técnicos que são apresentados ao
futuro jurista ou advogado ao longo de seus anos de graduação. Cena mais do que clássica
em qualquer encontro entre, a título de exemplo, advogado e cliente ou então entre juiz e
réu, ou juiz e as partes, é a utilização dos famigerados termos em latim, além da
linguagem complexa que, apesar de estar sendo recitada no bom português, parece
também ser dita em língua estrangeira. O juridiquês, portanto, enseja uma série de
negatividades na diária atividade do direito. Esta matéria, em sua essência mais filosófica,
é universal, trata das mais primordiais características humanas, estabelecendo regras,
diretrizes, cuja papel é regular as relações sociais de modo que a vida possa ser vivida da
forma mais justa e igualitária por todos, independente de qualquer qualidade particular.

Nessa perspectiva não cabe falar de nichos específicos. Idosos, jovens, analfabetos,
trabalhadores, figuras cotidianas, que constituem a sociedade e a vivência, todos esses
podem ser considerados leigos. A complexidade do linguajar jurídico afasta a todos do
entendimento, da compreensão. A linguagem do direito funciona como bem se mostra,
exatamente como um instrumento de poder, de autoafirmação e de manutenção do
indiscutível status quo que os jurista adquiram ao longo de muitos anos.
Assim como falou Fernanda Vilares, mestre e doutora em Processo Penal pela USP em
publicação no blog DRAFT, em julho de 2018, “a incompreensão [...] é quase um trote
obrigatório. A linguagem jurídica foi feita para ser enigmática.” Ela ainda completa, de
forma incisiva: “Ninguém entra em campo sem saber as regras do jogo. Será que as
pessoas não percebem que precisam saber as regras da própria vida?”. Ao dizer isso,
Vilares se refere ao o que foi supracitado. O direito fornece as regras para a vida,
estabelece os limites desta, é inaceitável que as pessoas a quem ele diz respeito não sejam
capazes de entendê-lo, e ainda, apesar de tudo isso, é exatamente o que ocorre no dia a
dia.

Sendo assim, é notório esclarecer que esse artigo em específico não delimitou um público
alvo. Não se voltou exclusivamente para os analfabetos, ou para os idosos, ou para aqueles
que não tiveram a oportunidade de usufruir de um ensino mais complexo, justamente
porque, no que diz respeito ao direito, a linguagem utilizado nos contratos – situação
agravada ainda mais pela incompreensão que o consumidor tem em relação ao meio
tecnológico analisado aqui – é complexa para qualquer individuo que não esteja inserido
no macrouniverso jurídico, o que o torna, automaticamente, leigo, que afinal, é o público
alvo deste artigo.

8. CONCLUSÃO

O advento da internet e o desenvolvimento dos meios de comunicação deram origem ao


chamado e-commerce, o qual se tornou hoje um dos principais meios de realização de negócio
jurídico no mundo, haja vista a praticidade com que se realiza. Dessa forma, surtiu-se a
necessidade de que houvesse uma regularização eficaz quanto a isso. Nesse diapasão, a
própria Constituição dispõe acerca disso, surgindo após, o Código de Defesa do Consumidor.
Não obstante, as normatividades que existiam até certo tempo atrás, não serviam para
regulamentar as novas formas de se firmar um contrato.

Com esse fenômeno, as tentativas de subjugar o consumidor à vontade dos fornecedores


passaram a ser ainda mais exeqíveis. Tendo isso vista, urge-se a necessidade de elaboração de
normas que dificultem a ocorrência dessas práticas. Vê-se que hoje, de fato existe um
conjunto normativo que objetiva a proteção do consumidor. Todavia, em razão da volatilidade
que é o âmbito digital, muitos pontos ainda são controversos, e que acabam por permitir
certos excessos pelo lado dos fornecedores.
O Decreto nº 7.962/13. Intentou suprir a deficiência que existia especificamente em relação à
esse meio de comunicação, no entanto, este conjunto normativo recebeu muitas críticas por
juristas e doutrinadores, os quais alegam ser o mesmo demasiadamente genérico e portanto,
não verdadeiramente efetivo. Assim, apesar de realmente representar um marco, ainda é de
extrema necessidade que se pesquise e se estruture normas que possuam a eficácia de que
necessita essa matéria.

Desse modo, é especialmente necessário que se traga ao ordenamento sanções que atinjam o
fornecedor que aja de má-fé, e que se padronize por exemplo, o percentual de multa
rescisória, assegurando o consumidor de que esse não será de modo algum lesado,
especialmente, ainda que se alegue a autonomia de vontade, haja vista que existem também
maneiras de manipulação nesse sentido. Por fim, conclui-se que o mundo contemporâneo está
numa constante mutação, sendo necessário que o direito brasileiro se modernize e busque
formas de assegurar suas disposições, bem como seus princípios constitucionais, dentre os
quais, podem-se citar: a igualdade, a boa-fé e a transparência. Princípios esses que devem
acompanhar todas as relações jurídicas firmadas.

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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