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Geologia de Portugal, Volume I – Geologia Pré-mesozóica de Portugal.


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Chapter · February 2013

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6 authors, including:

Jorge Pedro Alexandre Araújo


Universidade de Évora Universidade de Évora
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P. E. Fonseca A. Ribeiro
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Geologia de Portugal, Volume I – Geologia Pré-mesozóica de Portugal. Editores: R. Dias, A. Araújo, P. Terrinha & J. C. Kullberg. © 2013, Escolar Editora

II.2.6. Cinturas Ofiolíticas e Metamorfismo de Alta


Pressão no Bordo SW da Zona de Ossa-Morena
J. Pedro1, A. Araújo2, P. Fonseca3, J. Munhá4, A. Ribeiro5, A. Mateus6

1. Introdução
A Zona de Ossa-Morena (ZOM) encontra-se limitada meridionalmente pelo Complexo
Ofiolítico de Beja-Acebuches (COBA) que materializa a sutura varisca no ramo SW da
Cadeia Varisca Ibérica, sublinhando a fronteira entre o Terreno Ibérico e o Terreno Sul-
-Português (Munhá et al., 1986; Crespo-Blanc & Orozco, 1988; Quesada et al., 1994; Araújo,
1995; Fonseca, 1995; Fonseca et al., 1999; Ribeiro et al., 2007; 2010). A génese da sutura
varisca resulta do fecho do Oceano Rheic durante o Ciclo Varisco, induzindo mecanismos
antitéticos de subducção e obducção para N-NE e posterior colisão continental oblíqua no
bordo SW da ZOM (Fonseca et al., 1999; Ribeiro et al., 2007; 2010). Na região mais meridio-
nal da ZOM (fig. 1), para além do COBA que estabelece o seu limite a S-SW, junto ao bordo
SW individualizam-se, ainda, dois domínios com importante significado geodinâmico e
vasta expressão regional:
i) Complexo Ígneo de Beja
ii) Domínio de Évora-Beja.

1
Dep. Geociências (Escola de Ciências e Tecnologia/Univ. Évora); Centro de Geologia da Universidade de
Lisboa (CeGUL) – jpedro@uevora.pt
2
Dep. Geociências (Escola Ciência e Tecnologia/Univ. Évora); Centro de Geofísica de Évora (CGE) – aaraujo@
uevora.pt
3
Dep. Geologia (Fac. Ciências/Univ. Lisboa); Centro de Geologia da Universidade de Lisboa (CeGUL) – pefonseca
@fc.ul.pt
4
Dep. Geologia (Fac. Ciências/Univ. Lisboa); Centro de Geologia da Universidade de Lisboa (CeGUL) – jmunha
@fc.ul.pt
5
Dep. Geologia (Fac. Ciências/Univ. Lisboa); Centro de Geologia da Universidade de Lisboa (CeGUL); Museu
Nacional de História Natural, Portugal – aribeiro@fc.ul.pt
6
Dep. Geologia (Fac. Ciências/Univ. Lisboa); Centro de Geologia da Universidade de Lisboa (CeGUL) – amateus
@fc.ul.pt

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648  Geologia de Portugal

Figura 1. Mapa geológico do Domínio de Évora-Beja (adaptado de Araújo et al., 2005).

O Complexo Ígneo de Beja (CIB) instala-se ao longo do bordo SW da ZOM (Fonseca,


1995) durante o Carbónico inferior, mais precisamente entre o Tournaciano e o Viseano
(e.g. ca. 350 Ma, Pin et al., 2008; ca. 340 Ma, Dallmeyer et al., 1993). É constituído por dife-
rentes maciços de rochas intrusivas, de quimismo toleítico a calco-alcalino, geneticamente
relacionados com a subducção do Terreno Sul-Português sob o Terreno Ibérico, aos quais se
associam episódios de actividade vulcânica (Andrade et al., 1991, 1992). Jesus et al. (2007)

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Cinturas Ofiolíticas e Metamorfismo de Alta Pressão  649

dividem o CIB em três unidades magmáticas principais, as quais se instalam subsequente-


mente durante os diferentes estádios da colisão oblíqua entre o Terreno Sul-Português e o
Terreno Ibérico: (1) a Sequência Gabróica Bandada, durante o estádio colisional (ca. 355 a
345 Ma); o Complexo Gabro-Diorítico de Cuba – Alvito durante o estádio tardi-colisional
(ca. 335-330 a 320 Ma); e (3) o Complexo Porfirítico de Baleizão durante o estádio pós coli-
sional (ca. 300 Ma).
O Domínio de Évora-Beja (DEB) apresenta características estruturais e litoestratigrá-
ficas complexas, sendo constituído por duas unidades tectonoestratigráficas principais
(Araújo, 1995; Fonseca, 1995; Rosas, 2003): (1) a Sequência Autóctone Relativa; e (2) o
Complexo Filonítico de Moura. No seu conjunto, estas duas unidades correspondem à
sequência litoestratigráfica descrita para o Sector de Montemor-Ficalho (Araújo et al.,
capítulo II.2.2., neste volume.
A Sequência Autóctone Relativa (SAR) inclui, da base para o topo (Fonseca et al., 1999;
Araújo et al., 2005; Rosas et al., 2008): (1) uma sequência vulcano-sedimentar de idade
neoproterozóica, correlacionável com a Série Negra (Oliveira et al., 1991; Gonçalves e Car-
valhosa, 1994), com micaxistos, metaliditos, gnaisses e metavulcânicas intercaladas; (2) uma
sequência carbonatada dolomitizada a topo e com intercalações de rochas metavulcânicas,
para a qual se assume uma idade do Câmbrico inferior; e (3) o Complexo Vulcano-Sedi-
mentar de Moura-Ficalho, depositado no intervalo Ordovícico superior-Devónico? (Araújo
et al., capítulo II.2.2., neste volume).
O Complexo Filonítico de Moura (CFM) corresponde a um prisma de acreção, bas-
tante deformado e constituído por mantos alóctones colocados tectonicamente sobre a
SAR (Araújo, 1995; Araújo et al., 1998, 2005).Trata-se de uma unidade tectonoestratigá-
fica de grande extensão cartográfica (aflora numa área superior à centena de km2, esten-
dendo-se para Espanha – Formação Cubito), constituída por metassedimentos na fácies
dos xistos verdes (xistos pelíticos sericítico-cloríticos com variações biotítico-moscovíticas
e siliciosas) com intercalações de rochas metavulcânicas básicas na fácies dos xistos verdes-
/anfibolítica. Para além destas unidades, no CFM ocorrem também imbricações de rochas
com diferentes proveniências e significados geotectónicos distintos: (1) termos representati-
vos da SAR total ou parcialmente desenraizados; (2) xistos azuis e eclogitos de idade varisca
(ca. 370 Ma; Moita et al., 2005) resultantes do metamorfismo de alta pressão no bordo SW
da ZOM (De Jong et al., 1991; Fonseca et al., 1993; Pedro, 1996; Moita, 1997; Leal et al.,
1997; Fonseca et al., 1999; Leal, 2001; Moita et al., 2005); (3) intercalações de rochas meta-
vulcânicas félsicas peralcalinas, máficas alcalinas e máficas toleíticas; e (4) fragmentos ofio-
líticos com ca. 480 Ma (Pedro et al., 2010; Ribeiro et al., 2010) designados por Sequências
Ofiolíticas Internas (SOI), os quais apresentam características geoquímicas e geotectónicas
distintas das estabelecidas para o COBA (Araújo et al., 1993; Pedro et al., 1998; Fonseca et
al., 1999; Pedro et al., 2003a, 2003b; Pedro, 2004; Ribeiro et al., 2007; 2010).

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650  Geologia de Portugal

As características estruturais do CFM, com transporte de mantos alóctones para N-NE,


a diversidade e significado das rochas imbricadas no seu interior permitem interpretar esta
unidade tectonoestratigráfica, do ponto de vista geodinâmico, como um complexo acre-
cionário (mélange tectónica) associado aos processos de obducção para N-NE vigentes no
bordo SW da ZOM e contemporâneos com fecho do Oceano Rheic durante o Ciclo Varisco
(Araújo, 1995; Araújo et al., 1998; Pedro, 2004; Araújo et al., 2005; Ribeiro et al., 2007; 2010).
Por outro lado, a ocorrência de duas cinturas ofiolíticas (COBA e SOI), de rochas metamór-
ficas de alta pressão (i.e. eclogitos e xistos azuis) e de importante magmatismo orogénico
(CIB) mostram que o bordo SW da ZOM, durante o Paleozóico superior, comportou-se
como uma margem activa que evoluiu posteriormente para uma sutura orogénica, origi-
nando unidades tectonometamórficas e tectonomagmáticas com significado geodinâmico à
escala da ZOM e da Cadeia Varisca Ibérica.
Atendendo à presença das duas cinturas ofiolíticas e das rochas metamórficas de alta
pressão, na região mais meridional da ZOM, as quais registam histórias geodinâmicas dis-
tintas, neste capítulo sintetizam-se as principais características destas unidades e interpre-
tam-se as suas ocorrências de acordo com o modelo defendido pelos autores para evolução
do ramo SW da Cadeia Varisca Ibérica.

2. Complexo Ofiolítico de Beja-Acebuches


O COBA constitui uma estreita cintura ofiolítica (no máximo com 1,5 km de largura) insta-
lada entre a ZOM e o Terreno Sul-Português; estende-se desde a região do Torrão-Ferreira
do Alentejo, passando por Beja (fig. 2) e Acebuches nas vizinhanças de Aracena até Almadén
de la Plata (Espanha), onde ocorre sob a forma de afloramentos muito retalhados e descontí-
nuos (Munhá et al., 1986; Crespo-Blanc & Orozco, 1988; Fonseca & Ribeiro, 1993; Quesada
et al., 1994; Fonseca, 1995; Fonseca et al., 1999). Os limites N e S correspondem a reacti-
vações (em regime frágil - D3) de acidentes esquerdos WNW-ESE cavalgantes para SW,
que colocam o CIB e unidades da SAR (intruídas pelo CIB; Fonseca, 1995) sobre o COBA.
Apesar da intensa deformação e recristalização metamórfica que afecta o COBA, é pos-
sível reconstruir a sua pseudoestratigrafia e definir uma estruturação interna que inclui
(Munhá et al., 1986; Fonseca & Ribeiro, 1993; Quesada et al., 1994; Fonseca, 1995; Castro et
al., 1996, 1997; Fonseca et al., 1999; Diaz Aspiroz et al., 2004): (1) uma unidade superior de
natureza metabasáltica na fácies dos xistos verdes, onde se observam lavas em rolos cobertas
por finas películas chérticas; e (2) uma unidade basal formada por anfibolitos e cumula-
dos ultramáficos. Os anfibolitos, localmente retrogradados para a fácies dos xistos verdes,
correspondem a metagabros e metagabro-noritos que preservam evidências de recristaliza-
ção dinâmica precoce em regime de alta temperatura (Quesada et al., 1994; Fonseca, 1995;

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Cinturas Ofiolíticas e Metamorfismo de Alta Pressão  651

Figura 2. Mapa geológico simplificado do Complexo Ofiolítico de Beja-Acebuches


e pormenor junto ao vale do Guadiana (adaptado de Fonseca, 1995).

Fonseca et al., 1999; Figueiras et al., 2002). As rochas ultramáficas, igualmente em fácies
anfibolítica, correspondem a harzburgitos com dunitos, werlitos e trocolitos subordinados,
e apresentam-se fortemente serpentinizadas e tectonizadas. Estas características permitem
definir um gradiente metamórfico, do topo para a base do COBA, desde a fácies dos xistos
verdes até à fácies anfibolítica, podendo inclusive atingir-se localmente condições de fácies
granulítica em regime de baixa pressão (Quesada et al., 1994).
Durante a sua instalação o COBA é deformado pelas diferentes fases de deformação
varisca (Fonseca & Ribeiro, 1993; Fonseca, 1995; Fonseca et al., 1999; Ribeiro et al., 2010).

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A primeira fase de deformação (D1), vergente para N-NE, encontra-se bem identificada a
todas as escalas, sendo facilmente observada nas unidades basais da sequência ofiolítica,
nomeadamente nas rochas metagabróicas. Esta fase de deformação (D1) está directamente
relacionada com a obducção antitética do COBA, sobre a margem epicontinental da ZOM,
igualmente deformada pela D1 e afectando o bordo meridional da Sequência Gabróica Ban-
dada CIB (ca. 350 Ma; Ribeiro et al., 2010). A segunda fase de deformação (D2) corresponde
a um regime (dúctil) transpressivo esquerdo, de direcção WNW-ESE e vergente para WNW,
que desmembra a sequência ofiolítica original, colocando lado a lado as diferentes unidades
do COBA (Fonseca & Ribeiro, 1993; Fonseca, 1995; Fonseca et al., 1999). A terceira fase de
deformação (D3) corresponde à reactivação frágil das estruturas D2 originando desliga-
mentos esquerdos de direcção WNW-ESE cavalgantes para SW, que limitam o COBA a N e
a S (Fonseca, 1995).
As características petrográficas e geoquímicas mostram que os protólitos do COBA cor-
responderiam originalmente a peridotitos, gabros/doleritos e basaltos toleíticos (Quesada et
al., 1994). Relativamente à geoquímica, os dados disponíveis indicam um quimismo tran-
sicional entre os basaltos dos fundos oceânicos e os basaltos orogénicos (fig. 3), sugerindo
afinidades calco-alcalinas sintomáticas de magmatismo orogénico (Munhá et al., 1986; Fon-

Figura 3. Diagrama multielementar representativo do quimismo do Complexo Ofiolítico


de Beja-Acebuches (ref. 532-10 e 532-18), segundo Quesada et al (1994).
MORB – Basaltos das Cristas Médias Oceânicas; IAB – Basaltos dos Arcos Insulares.

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Cinturas Ofiolíticas e Metamorfismo de Alta Pressão  653

seca & Ribeiro, 1993; Quesada et al., 1994; Fonseca, 1995; Fonseca et al., 1999; Figueiras et
al., 2002). Este tipo de quimismo transicional (toleítico/calco-alcalino) é largamente aceite
como sendo típico de assinaturas geoquímicas de basaltos provenientes de bacias back-
-arc (e.g., Saunders & Tarney, 1991). Assim, as assinaturas geoquímicas estabelecidas para o
COBA, com base no seu quimismo transicional, sugerem que o COBA derive de uma crusta
oceânica gerada numa bacia tipo back-arc (bacia marginal de Beja-Acebuches; Quesada et
al., 1994). Com base na idade modelo Sm-Nd estabelecida para os protólitos mantélicos
do COBA (440-380 Ma; Mullane, 1998) e em constrangimentos de natureza estratigráfica,
estrutural, metamórfica e magmática, Ribeiro et al. (2010) sugerem que a bacia marginal de
Beja-Acebuches tenha tido um período de vida efémero (ca. 30 Ma), com abertura e fecho a
ocorrerem, respectivamente entre os 390-370? Ma e os 370-350 Ma.

Figura 4. Mapa e corte geológico, representativos das Sequências


Ofiolíticas Internas, segundo Pedro (2004).

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654  Geologia de Portugal

3. Sequências Ofiolíticas Internas


As SOI (fig. 4) localizam-se no DEB numa posição interna relativamente ao COBA (ca.
50 km a NE do bordo SW da ZOM; Araújo et al., 1993; Sousa et al., 1993, Araújo, 1995;
Fonseca, 1995; Pedro et al., 1998). Correspondem a fragmentos de litosfera oceânica (i.e.
rochas básicas e ultrabásicas), de dimensão métrica a quilométrica, que ocorrem numa faixa
descontinua de direcção WNW-ESE sob a forma de klippes e/ou imbricações tectónicas no
interior do CFM (Pedro, 2004; Araújo et al., 2005; Pedro et al., 2005). Afloram em cinco
sectores diferentes referenciados de acordo com a sua localização geográfica: S. Lourenço,
Oriola, Vila Ruiva, Antas e Santana.
O sector de S. Lourenço localiza-se no vale do Guadiana, aproximadamente a 1,5 km
a SSW da Vila de Pedrogão e consiste numa sequência anfibolítica imbricada no CFM (fig.
5A). Trata-se de um fragmento incompleto de litosfera oceânica constituída por anfiboli-
tos finos a grosseiros, que correspondem, respectivamente, a metabasaltos e metagabros,
faltando os termos ultrabásicos e os cumulados máficos. Os metagabros apresentam textu-
ras tipo flasergabros e são pontualmente cortados por estruturas que sugerem tratar-se de
injecções de diques em gabro. Os metabasaltos nas zonas de menor deformação mostram
texturas porfiríticas primárias e nos níveis superiores apresentam intercalações, esporádi-
cas, de chertes e sulfuretos hidrotermais. No topo da sequência ocorrem xistos grafitosos
(possíveis sedimentos oceânicos?) separados das rochas metabásicas por contactos mecâ-
nicos. A estrutura deste sector mostra o carácter alóctone deste fragmento ofiolítico, tra-
duzido por diversos cisalhamentos vergentes para N que afectam e separam as diferentes
unidades constituintes da sequência ofiolítica. No seu conjunto, os cisalhamentos definem
um gradiente de deformação que aumenta do topo para a base; observa-se desenvolvimento
intenso de foliação milonítica, representativa do transporte e imbricação da sequência ofio-
lítica de S. Lourenço, no interior do CFM.
O sector de Oriola localiza-se na margem W da Barragem de Alvito, aproximadamente
a 8 km a W de Oriola e é, em área, o maior fragmento das SOI. Aflora numa faixa de direc-
ção NW-SE, com aproximadamente 10 km2 de extensão. Caracteriza-se pela ocorrência de
imbricações de fragmentos de litosfera oceânica e de rochas desenraizadas provenientes
da SAR, no interior do CFM (fig. 5B). A sequência ofiolítica é constituída por cumulados
piroxeníticos, metagabros e metabasaltos. Os metabasaltos encontram-se recristalizados na
fácies dos xistos verdes e possuem foliação bem marcada. Nas zonas de menor deformação
exibem aspectos texturais primários, tais como texturas porfiríticas e variações de granula-
ridade concentradas em veios mili a centimétricos, que sugerem tratar-se de injecções de
estruturas tipo dique. Os cumulados piroxeníticos e os metagabros encontram-se menos
deformados, mas apresentam, igualmente, foliação bem marcada. Associam-se geometrica-
mente numa mancha elíptica de direcção NW-SE, com aproximadamente 500 m de compri-

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Cinturas Ofiolíticas e Metamorfismo de Alta Pressão  655

mento por 200 m de largura, não se observando qualquer evidência de contacto mecânico
entre estas litologias. Este facto sugere que estas litologias estejam geneticamente relacio-
nadas por processos de diferenciação e extracção magmática. Os metagabros apresentam
texturas variadas, em termos de granularidade, sendo de realçar a presença de frequentes
flasergabros e de metagabros cortados por estruturas discordantes relativamente ao bandado
magmático (diques em gabro?). Neste sector, a sequência ofiolítica constitui-se como um
único fragmento de litosfera oceânica, representada por níveis crustais superiores (basaltos)
e níveis gabróicos. Encontra-se tectonicamente colocado sobre um fragmento desenraizado
da SAR (metaliditos e rochas carbonatadas) no interior do CFM e posteriormente dobrado
em sinforma e vergente para SW, durante as últimas fases de deformação varisca.
O sector de Vila Ruiva localiza-se junto ao limite SW da povoação de Vila Ruiva e aflora
numa área com aproximadamente 4 km2, estando a sua estrutura bem exposta ao longo de
um corte com cerca de 400 m de extensão por 6 m de altura. Trata-se de um fragmento de
litosfera oceânica constituído pelos níveis superiores (basaltos e eventualmente um com-
plexo de dique em dique), imbricado no interior do CFM e posteriormente afectado por
intensa deformação dúctil e frágil (fig. 5C). A sequência ofiolítica é essencialmente constitu-
ída por rochas metabásicas (i.e. por xistos verdes, xistos cloríticos e menos frequentemente
xistos anfibólicos), enquanto as texturas variam entre os termos granulares finos a termos
porfíricos. Neste último caso, apresentam uma acentuada blastese de albite, que confere um
carácter porfiroblástico aos metabasitos, sugerindo retrogradação a partir de fácies meta-
mórfica de grau mais elevado. Para além de possuírem a foliação bem marcada, os meta-
basitos encontram-se fortemente deformados e recristalizados. Localmente mostram uma
anisotropia fortemente penetrativa, marcada por uma intensa rede de cisalhamentos que
chegam, inclusive, a cortarem-se mutuamente. A distribuição dos cisalhamentos sugere que
se tenham instalado aproveitando anisotropias de uma estrutura pré-existente, podendo
essa estrutura tratar-se de um complexo dique em dique (?). Assim, em termos estruturais
este sector caracteriza-se por uma intensa rede de cisalhamentos, de inclinação variável com
movimentação para W, enquanto que a foliação apesar de apresentar grandes variações,
impostas pela acção de uma tectónica frágil, define uma vergência para NE.
O sector de Antas localiza-se aproximadamente 10 km a ESE da povoação de Vila
Alva numa área com aproximadamente 3 km2 de extensão, sendo a SOI mais completa e
melhor preservada. Corresponde a um fragmento de litosfera oceânica imbricado no inte-
rior do CFM e posteriormente intruído e metamorfizado por contacto por corpos ígneos
do CIB (fig. 5D). A sequência ofiolítica é constituída por rochas básicas (metagabros e
metabasaltos) e ultrabásicas (wherlitos e dunitos), que afloram no interior de depressões
resultantes de antigas explorações de amianto. As rochas ultrabásicas encontram-se ser-
pentinizadas e apresentam texturas resultantes de processos de acumulação magmática.
Os metagabros essencialmente flasergabros, por vezes fortemente tectonizados, possuem

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656  Geologia de Portugal

Figura 5. Cortes geológicos dos sectores de S. Lourenço (A), Oriola (B),


Vila Ruiva (C), Antas (D) e Santana (E), segundo Pedro (2004).

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Cinturas Ofiolíticas e Metamorfismo de Alta Pressão  657

a foliação bem marcada. A principal característica desta unidade litológica é a presença


de uma rede anastomosada de diques metadoleríticos; desde veios milimétricos a diques
centimétricos com nítidas margens de arrefecimento que cortam as litologias metaga-
bróicas. Os metagabros associam-se às rochas ultrabásicas, identificando-se intrusões de
rochas gabróicas no interior dos peridotitos, as quais resultam de processos de diferencia-
ção magmática semelhantes aos processos magmatogénicos responsáveis pela formação
de litosfera oceânica (Juteau & Maury, 1999). Os metabasaltos, transformados em xistos
verdes, apresentam-se com a foliação bem marcada; distinguem-se termos finos e porfíri-
cos com porfiroblastos de albite. Associam-se espacialmente aos metagabros e peridotitos,
sem evidências de contactos tectónicos entre estas unidades. A análise estrutural deste
sector mostra que a foliação ocorre segundo a direcção E-W, inclinando para S e defi-
nindo vergência para N.
O sector de Santana localiza-se junto à antiga mina de Santana (exploração de amianto)
numa mancha com aproximadamente 3 km2. Caracteriza-se pela ocorrência de um frag-
mento de litosfera oceânica formado por litótipos ultrabásicos (peridotitos) associados
a níveis crustais de natureza metabasáltica, que se encontra colocado tectonicamente
como um klippe sobre o CFM, tendo sido posteriormente dobrado em sinforma (fig. 5E).
As rochas ultrabásicas constituem uma unidade bastante homogénea e compacta que apre-
senta, no mínimo, cerca de quatro metros de espessura. É constituída por peridotitos de
aspecto maciço, essencialmente dunitos, fortemente serpentinizados, com desenvolvimen-
tos de serpentina sob a forma de núcleos e/ou veios. Localmente os peridotitos são cortados
por estruturas magmáticas intrusivas, diques e pegmatóides representando rochas básicas
de granularidade variável. Os metabasaltos encontram-se geometricamente sobre as rochas
ultrabásicas. Correspondem a metabasitos, recristalizados na fácies dos xistos verdes com
a foliação muito bem marcada. Mineralogicamente são dominados pela presença de albite,
clorite, actinolite e epídoto, enquanto que texturalmente apresentam texturas com granula-
ridades finas a porfiríticas. Relativamente à estrutura, a análise da foliação mostra variações
que definem a ocorrência de um sinforma, orientado segundo a direcção NW-SE e vergente
para SW, cujo núcleo corresponde à exploração da mina de Santana.
Atendendo às características descritas para cada sector, verifica-se que as SOI apresen-
tam-se regra geral, desmembradas, incompletas e com unidades separadas por acidentes
tectónicos numa mesma sequência. No entanto, no seu conjunto as SOI definem uma
«pseudoestratigrafia ofiolítica» incluindo da base para o topo: rochas ultramáficas, cumu-
lados máficos, metagabros, metagabros com texturas de fluência (flasergabros), metagabros
intruídos por diques e metabasaltos (fig. 6). Relativamente à estruturação magmática, as SOI
apresentam heterogeneidades primárias posteriormente acentuadas pela acção tectonome-
tamórfica, tornando as sequências mais incompletas e desmembradas. Em termos gerais,
as suas características apresentam afinidades com as características exibidas pelos ofiolitos

Geologia de Portugal_Volume I.indb 657 12/09/13 13:53


658  Geologia de Portugal

Figura 6. Representação esquemática da reconstituição das Sequências Ofiolíticas


Internas relativamente à «pseudoestratigrafia» clássica (Ophiolite manifesto:
Anonymous, 1972) dos ofiolitos, segundo Pedro, 2004.

lherzolíticos, os quais possuem uma secção crustal reduzida e descontínua, com raras pre-
senças de complexos de diques em diques e de cumulados estratiformes, enquanto que a
sequência mantélica é constituída por peridotitos serpentinizados (lherzolitos, wherlitos e
dunitos) intruídos por diques, pegmatóides e câmaras magmáticas de natureza basáltica e
gabróica, sendo que os gabros são frequentemente cortados por diques diabásicos (Juteau
& Maury, 1999).
Assim, as SOI afectadas por intensa deformação varisca e recristalizadas metamorfica-
mente entre a fácies dos xistos verdes e a fácies anfibolítica, apresentam-se incompletas, com
diferenças significativas entre os diferentes sectores e com heterogeneidades resultantes não
só dos fenómenos tectonometamórficos variscos, como também dos processos magmáticos
contemporâneos da sua formação.
Relativamente à geoquímica das SOI os dados existentes (Araújo et al., 1993; Pedro et
al. 2003a, 2003b; Pedro, 2004) permitem definir assinaturas geoquímicas indicadoras de
um quimismo toleítico, com diferentes graus de enriquecimento, semelhante ao quimismo
exibido por diferentes tipos de basaltos dos fundos oceânicos (Pedro, 2004). Esta similari-
dade encontra-se expressa nas amostras representativas do quimismo das SOI (fig. 7), que
mostram o envolvimento de dois componentes extremos:
1) componente empobrecido semelhante aos N-MORB (BVTP, 1981; Sun & McDo-
nough 1989; Wilson, 1989; Floyd; 1991; Walker, 1991) representado pelas amostras
OR-4-2 e OR-4-4; e

Geologia de Portugal_Volume I.indb 658 12/09/13 13:53


Cinturas Ofiolíticas e Metamorfismo de Alta Pressão  659

Figura 7. Diagrama multielementar (A) e de lantanídeos


(B) de metabasaltos representativos do quimismo das Sequências
Ofiolíticas Internas, segundo Pedro, 2004.

2) componente mais diferenciado semelhante aos E-MORB (BVTP, 1981; Sun & McDo-
nough 1989; Wilson, 1989; Floyd; 1991; Walker, 1991) representado pelas amostras
ANT-1-12 e VR-1-1.

Para além de definirem um quimismo toleítico transicional entre os N-MORB e os


E-MORB, as assinaturas geoquímicas das SOI revelam ainda um quimismo anorogé-
nico expresso quer pelas abundâncias de La, Th e Nb quer pelas razões La/Th e La/Nb
(La/Th ≈ 10-20; La/Nb ≈ 0.66-2.0) (Pedro, 2004), não se detectando enriquecimentos
em La e Th, relativamente ao Nb, característicos do magmatismo basáltico orogénico
(Gill, 1981; BVTP, 1981; Wilson, 1989). O quimismo toleítico anorogénico exibido pelas
SOI (Pedro et al. 2003a, 2003b; Pedro, 2004) resulta, essencialmente, de heterogeneida-

Geologia de Portugal_Volume I.indb 659 12/09/13 13:53


660  Geologia de Portugal

Figura 8. Diagrama (La/Sm)cn vs. Zr/Nb para metabasaltos das Sequências


Ofiolíticas Internas (Pedro, 2004), indicadoras de heterogeneidades
ao nível da fonte mantélica. Valores condríticos, N-MORB e E-MORB
segundo Sun & McDonough (1989).

des ao nível da fonte mantélica traduzidas por uma mistura binária entre dois compo-
nentes finais (fig. 8):
1) componente enriquecido, semelhante aos E-MORB, com (La/Sm)cn > 2 e Zr/Nb < 10;
e
2) componente empobrecido semelhante aos N-MORB, com (La/Sm)cn < 1 e Zr/Nb > 30.

Apesar das heterogeneidades ao nível da fonte mantélica constituírem-se como a princi-


pal variável petrogenética responsável pelo quimismo das SOI, variações no grau de fusão
parcial (envolvendo mecanismos de fusão dinâmica; Langmuir et al., 1977) e mecanismos
de cristalização fraccionada, são processos também invocados na génese das SOI (Pedro,
2004). No seu conjunto, os referidos processos petrogenéticos contribuem, a diferentes
escalas, para o espectro geoquímico final exibido pelas SOI, com heterogeneidades inter
e intra-sectoriais, não se detectando qualquer componente orogénica e/ou de contamina-
ção crustal na sua génese. Com efeito as assinaturas geoquímicas das SOI, para além de
indicarem um quimismo transicional entre os MORB-N e os MORB-E, permitem também
atribuir um significado geotectónico aos seus protólitos ígneos, os quais apresentam uma
natureza semelhante à dos protólitos dos basaltos oceânicos abissais (BVTP, 1981; Wilson,
1989; Floyd, 1991; Juteau & Maury, 1999; Hannigan, et al., 2001; Roux, et al., 2002). Desta
forma, pode-se afirmar que as SOI correspondem a fragmentos de litosfera oceânica pro-
venientes de um «oceano aberto» com margens passivas e uma estrutura litosférica bem
desenvolvida e definida.

Geologia de Portugal_Volume I.indb 660 12/09/13 13:53


Cinturas Ofiolíticas e Metamorfismo de Alta Pressão  661

Os resultados geocronológicos de U-Pb, obtidos por SHRIMP II, em cristais de zircão


com valores de Th/U (1.03 - 2.55) consistentes com uma génese magmática, provenientes
dos cumulados piroxeníticos e dos metagabros das SOI, permitiram obter uma idade con-
cordante de 479 ± 5 Ma (Pedro et al., 2010; Ribeiro et al., 2010) que é interpretada como a
idade de cristalização dos zircões e, consequentemente, assumida como a idade do protólito
ígneo das SOI. Assim, a idade obtida conjuntamente com a reconstrução «pseudoestratigrá-
fica» e com a natureza geoquímica dos protólitos das SOI, sugerem que esta sequência ofiolí-
tica corresponda a fragmentos representativos do Oceano Rheic, os quais foram obductados
e transportados sobre os domínios SW da ZOM, nomeadamente sobre o DEB.

4. Metamorfismo de Alta Pressão


Geneticamente relacionado com o processo de subducção vigente no bordo SW da ZOM,
durante o Ciclo Varisco, ocorrem no DEB rochas metamórficas de alta pressão, nomeada-
mente eclogitos e xistos azuis, bem como diferentes tipos de xistos anfibólicos resultantes
da retrogradação destas rochas (Fonseca et al. 1993; Araújo, 1995; Fonseca, 1995; Pedro,
1996; Moita; 1997; Leal, 2001). Estas ocorrências localizam-se no vale do Guadiana, em
Alvito, em Safira e a SW de Montemor-o-Novo. Tratam-se de corpos lenticulares de

Figura 9. Eclogito varisco da Zona de Ossa-Morena (nicóis //)


Gln-glaucófano; Gt-granada; Onf-onfacite; Qz-quartzo.

Geologia de Portugal_Volume I.indb 661 12/09/13 13:53


662  Geologia de Portugal

rochas metabásicas intercaladas em diferentes litologias desenraizadas da SAR (micaxis-


tos, ortognaisses e mármores) e que ocorrem preferencialmente no interior do CFM. O
evento metamórfico de alta pressão é polifásico originando, nos metabasitos, diferentes
paragéneses metamórficas que se sucedem no tempo e que representam diferentes está-
dios tectonometamórficos. Assim, regista-se um estádio prógrado responsável pela ocor-
rência de paragéneses eclogíticas (fig. 9) com desenvolvimentos consideráveis de granada,
onfacite, glaucófano e paragonite. Dados isotópicos de Sm/Nd indicam uma idade de 370
Ma para a fácies eclogítica (Moita et al., 2005), a qual representa o pico bárico, materiali-
zando os processos de subducção activa.
Após o estádio prógrado as paragéneses eclogíticas são retrogradadas; desenvolvem-se
inicialmente paragéneses de fácies anfibolítica, ainda em regime de alta pressão, constituí-
das por anfíbola barroisítica e texturas simplectíticas (horneblenda + plagioclase + clinozoi-
site), as quais passam progressivamente a paragéneses típicas da fácies dos xistos verdes. No
seu conjunto, os processos de retrogradação representam os mecanismos de descompressão
e de exumação. Dados isotópicos de 40Ar/39Ar (Moita et al., 2005) indicam uma idade de 360
Ma para os mecanismos de exumação, sugerindo que os mesmos tenham ocorrido pouco
tempo após os processos de eclogitização dos respectivos protólitos.

Figura 10. Porfiroblasto de anfíbola glaucofanítica zonada


em eclogito retrogradado (nicóis//). Glc-núcleo de glaucófano;
Barr-bordo de bairrosite; Sm-matriz simplectítica.

Geologia de Portugal_Volume I.indb 662 12/09/13 13:53


Cinturas Ofiolíticas e Metamorfismo de Alta Pressão  663

Figura 11. Diagrama de trajecto P-T-tempo da evo-


lução metamórfica dos eclogitos da Zona de Ossa-
-Morena, segundo Fonseca et al. (1999); bar-in:
campo de estabilidade da barroisite (Ernst, 1979);
ab+tr+chl=gl+cz+H2O (Maruyama et al., 1986) e
chl-/ep-out (Apted & Liou, 1983; Maruyama et al.,
1983) representam as reacções transicionais das
passagens das fácies xistos verdes/xistos azuis e
xistos verdes/anfibolítica; arag – cc equilibrio ara-
gonite – calcite segundo Johannes & Puhan (1971).
As restantes curvas segundo THERMOCALC v2.7
(Holland & Powell, 1998).

O processo metamórfico retrógrado é localmente sobreposto por um novo «pico»


prógrado (fácies dos xistos azuis), de curta duração que permite, novamente, o apare-
cimento de uma anfíbola glaucofanítica (fig. 10) e de porfiroblastos de clinopiroxenas
ligeiramente enriquecidos em componente jadeítica. Este segundo pico poderá estar
relacionado com o empilhamento de mantos durante os processos de obducção, ou
poderá ser explicado pelo modelo Stuwe (2007) que justifica a ocorrência deste tipo de
percursos P-T-t com base em regimes de sobrepressão. Após esta perturbação assiste-se
a uma retrogradação generalizada novamente para a fácies dos xistos verdes (actinolite
+ clorite + epídoto + albite).
O cálculo de pseudosecções P-T com base na evolução mineralógica das rochas metabá-
sicas afectadas por este evento de alta pressão (Moita et al., 2005) indica uma evolução ter-
mobarométrica concordante com a estabelecida por Fonseca et al. (1999) onde se definem
percursos P-T-tempo no sentido dos ponteiros do relógio (fig. 11), com acréscimo da tem-
peratura e pressão inicial dos 450-500ºC/10-12 kbar para ~650ºC/14-16 kbar (fácies eclogí-
tica), ao que se segue um arrefecimento e descompressão para valores de 600-500ºC/11-6 kbar
(fácies anfibolítica em alta pressão) até valores de temperatura e pressão na ordem dos 400-
500ºC/4-5 kbar (fácies dos xistos verdes/fácies anfibolítica). Posteriormente, ao último episó-
dio descrito, ocorre uma sequência de recristalização mais tardia com zonamentos de anfíbola
sódica acompanhada pela presença de clinopiroxena que implica o desenvolvimento de um

Geologia de Portugal_Volume I.indb 663 12/09/13 13:53


664  Geologia de Portugal

novo trajecto secundário prógrado (no sentido dos ponteiros do relógio), reflectindo um novo
incremento de pressão, antes dos processos de retrogradação generalizada.
Para além das rochas metabásicas existem também evidências deste evento metamórfico
de alta pressão em diferentes litologias da SAR tais como:
a)  relíquias de aragonite preservadas em mármores (Fonseca et al., 2004);
b)  granada + anfíbola sódica, observadas em metavulcanitos dacíticos (Leal, 2001);
c)  inclusões de distena em granadas nos metapelitos (Moita, 1997); e
d) paragéneses em gnaisses constituídas por granada + plagioclase + biotite + fengite
onde se estimaram condições de pressão e temperatura de ~8 kbar/~580 ºC (Pedro,
1996).

Estas evidências indicam que o evento tectonometamórfico de alta pressão afectou não só as
rochas metabásicas como também, algumas das litologias que constituíam a margem epiconti-
nental da ZOM, nomeadamente uma parte da sequência vulcano-sedimentar neoproterozóica e
da sequência carbonatada do Câmbrico inferior no DEB.
Os dados geoquímicos (Pedro, 1996; Moita, 1997, Fonseca et al., 1999; Leal, 2001) indi-
cam que os protólitos das rochas máficas na fácies eclogítica são provenientes de magmas
basálticos toleíticos com claras evidências de contaminação crustal e cristalização fraccio-
nada, admitindo-se que correspondam a toleítos continentais. Esta interpretação é supor-
tada pelas observações de campo verificando-se que os afloramentos em forma de lente ou
cunha, frequentemente boudinados, ocorrem preferencialmente no interior de metapelitos
siliciosos e mármores; sugerem que os protólitos dos eclogitos representem veios e filões
intruídos e/ou injectados nas litologias epicontinentais junto ao bordo meridional da ZOM,
durante o Paleozóico inferior. De igual modo, é sugerido que o ambiente geotectónico mais
favorável ao desenvolvimento dos protólitos ígneos das rochas eclogíticas corresponda a
uma actividade magmática, acompanhada por estiramento crustal, contemporânea da ocea­
nização (Oceano Rheic) da margem passiva continental do actual bordo S-SW da ZOM
durante o Paleozóico inferior.

5. Considerações finais
A imbricação conjunta das SOI (cintura ofiolítica interna) e de rochas metamórficas de alta
pressão no interior do CFM (complexo acrecionário), a presença do COBA (cintura ofio-
lítica externa) que sublinha o limite sul da ZOM e a ocorrência do CIB (complexo ígneo
colisional a tardicolisional) instalado ao longo desse limite, mostram que durante o Ciclo
Varisco o limite meridional da ZOM passou por uma evolução complexa envolvendo duas
bacias oceânicas distintas associadas a diferentes processos geodinâmicos. A correcta com-

Geologia de Portugal_Volume I.indb 664 12/09/13 13:53


Cinturas Ofiolíticas e Metamorfismo de Alta Pressão  665

preensão dos processos geodinâmicos abordados neste capítulo (i.e. génese de ofiolitos e
eclogitos) é crucial para a percepção e estabelecimento de modelos para o ramo SW da
Cadeia Varisca Ibérica.
Ribeiro et al (2007, 2010), e Ribeiro (capítulo I, neste volume), com base na natureza
dos protólitos das unidades envolvidas, em dados geocronológicos e estruturais, propõem
para Cadeia Varisca Ibérica um modelo de evolução geodinâmica bastante detalhado, com
reconstituições geotectónicas e paleogeográficas que permitem compreender a génese e
ocorrência das cinturas ofiolíticas e das rochas metamórficas de alta pressão abordadas neste
capítulo.
De acordo com esse modelo (Ribeiro et al., 2007; 2010; Ribeiro, capítulo I, neste
volume) o Oceano Rheic, que separava o Terreno Ibérico do Terreno Sul-Português,
desenvolve-se durante Câmbrico inferior a partir de estádios de rifting intracontinental
gradualmente abortados e transferidos para SW, que passam para um estádio de rifting
intraoceânico na fronteira Câmbrico/Ordovícico e evolui ao longo do Paleozóico inferior
em regime de bacia oceânica com margens passivas. Os protólitos dos eclogitos (toleí-
tos continentais) intruídos na margem epicontinental da ZOM representam os estádios
iniciais de rifting, ao passo que os protólitos das SOI com uma idade de ca. 480 Ma,
representam uma litosfera oceânica gerada durante os estádios de magmatismo oceânico
anorogénico. Estes dados apontam para um desenvolvimento considerável do Oceano
Rheic a partir do Ordovícico inferior. A subducção do Oceano Rheic faz-se para N-NE
sob a ZOM, precedendo a abertura da bacia marginal de Beja-Acebuches (ca. 390-370?)
entre a ZOM e o Terreno Finisterra (terreno exótico constituído por gnaisses de idade
incerta; Ribeiro et al., 2007). Como resultado da subducção activa formam-se os eclo-
gitos (ca. 370 Ma) e ocorre o fecho da bacia marginal de Beja-Acebuches (ca. 370-350).
A obducção e transporte fazem-se igualmente para N-NE, originando uma flake tectó-
nica no bordo SW da ZOM. As SOI instalam-se em regime de baixa temperatura (ca. 370
Ma), conjuntamente com o CFM, enquanto que o COBA instala-se em regime de alta
temperatura (ca. 350 Ma) afectando o bordo meridional do CIB (Sequência Gabróica
Bandada). Segue-se, no Terreno Sul Português, a estruturação do Complexo do Pulo do
Lobo e inicia-se a colisão continental entre o Terreno Ibérico e o Terreno Sul-Português.
Finalmente dá-se a instalação de corpos ígneos intrusivos resultantes do relaxamento
térmico pós-colisional.
A reconstituição geotectónica apresentada para o bordo SW da ZOM (fig. 12), supor-
tada pelo modelo de Ribeiro et al. (2007, 2010), com duas cinturas ofiolíticas colocadas
tectonicamente, em zonas internas (SOI) e externas (COBA) da Cadeia Varisca Ibérica é
semelhante a situações geotectónicas análogas descritas na Terra Nova (Coish et al., 1982;
Batanova et al., 1998), na China oriental (Robinson, et al., 1999; Wang et al., 2003), nos
Balcãs (Savov et al., 2001) e na costa oriental da Rússia (Ishiwatari et al., 1998). Nessas

Geologia de Portugal_Volume I.indb 665 12/09/13 13:53


666  Geologia de Portugal

Figura 12. Modelo esquemático da evolução do bordo SW da Zona de Ossa-Morena


na fronteira Devónico/Carbónico, segundo Ribeiro et al. (2010).

regiões as características estruturais dos diferentes ofiolitos são idênticas às dos ofioli-
tos da ZOM; os ofiolitos externos apresentam-se com um grau de preservação superior,
enquanto que os internos tendem a ocorrer desmembrados e fragmentados no interior de
«mélanges» tectónicas.

Agradecimentos
O presente trabalho recebeu apoio dos seguintes projectos: MODELIB (POCTI/35630/
/CTA/2000-FEDER), PETROLOG (UI:263/POCTI/FEDER), GEODYN (POCTI/ISFL-
-5-32).

Geologia de Portugal_Volume I.indb 666 12/09/13 13:53


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