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Comportamento social
O modo como as relações dos processos psíquicos se estabelecem é, inicialmente, através de certos comportamentos que produzimos em
função do outro, ou mesmo em função de nossas próprias expectativas sociais, ou seja, em função do modo como queremos que os outros
nos percebam.
A estes comportamentos chamamos de comportamento social. Assim, o que difere um comportamento social de um não social, não é
propriamente a ação realizada, mas sim, a intenção que motivou a ação.
São exatamente estes comportamentos sociais que nos conduzem a um processo tão comum e, ao mesmo tempo, talvez um dos mais
complexos nas sociedades humanas: A formação de GRUPOS.
Grupos
Primeiramente, torna-se necessário uma definição mais precisa do que seja GRUPO.
Se estamos dentro de um elevador não estamos em um grupo e sim em um aglomerado de pessoas.
Se, no entanto, o elevador para entre os andares aquele aglomerado de pessoas se trasnforma, imediatamente, em um grupo.
O que mudou?
As pessoas começãm a se relacionar. Mas antes disso, passam a ter a consciência do outro como pessoa.
Na resposta acima, estão as duas condições básicas para o estabelecimento de um grupo. A consciência do outro como pessoa e o
estabelecimento de relações interpessoais.
A partir do instante em que se estabelcem estas condições, temos um grupo.
Então, podemos afirmar que o que caracteriza um grupo não são fatores físicos ou determinantes situacionais, mas sim fatores psicológicos
e relacionais entre seus membros.
Grupo, portanto, é o nome dado ao espaço psicológico aonde o indivíduo se relaciona com o social. O grupo ou não-grupo, está dentro de
nós, em nosso psiquismo.
Processos Relacionais
Uma vez instituído o grupo, passam a ocorrer processos que se caracterizam pela bi-direcionalidade, ou seja, são processos relacionais que
atuam ao mesmo tempo na direção do sujeito para o grupo e do grupo para o sujeito.
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São eles:
- COESÃO
É a pressão resultante das forças que agem sobre o sujeito para que este permaneça ligado ao grupo.
Foram detectadas por estudos experimentais três destas forças como principais fontes de COESÃO: ATRAÇÃO PESSOAL ENTRE OS
COMPONENTES, ATRAÇÃO PELA TAREFA FIM DO GRUPO e ATRAÇÃO PELO PRESTÍGIO DO GRUPO.
A primeira caracteriza-se pela afinidade que possa existir entre os membros.
A segunda considera que os grupos tem, invariavelmente, uma proposta fim, seja a manutenção de uma família ou a construção de um
projeto espacial e, a força de coesão seria o interesse do sujeito pela obtenção do objetivo do grupo ao qual pertence.
A última assinala como fonte de permanência em um grupo um interesse de ordem pessoal, de orgulho ou talvez vantagens, que o
indivíduo possa usufruir por pertencer a um determinado grupo.
- COALIZÃO
É o processo pelo qual diferenças individuais de poder pessoal são anuladas pela integração de seus membros.
A coalizão se dá entre alguns membros de um grupo com o objetivo de equilibrar o poder no conjunto grupal.
A título de exemplificação, tomemos como grupo, os partidos políticos. É bastante frequente vermos o partido “A” fazer uma coalizão com
o partido “B” para equilibrar uma votação aonde, se sabe, que o partido “C” tem opinião contrária e muitos membros votantes.
- COMUNICAÇÃO
A comunicação grupal refere-se ao nível de acesso e influência direta exercida por um membro do grupo em relação aos demais.
A comunicação está diretamente relacionada à eficácia do funcionamento do grupo, isto é, quanto maior comunicação, mais eficácia.
Existem dois tipos de comunicação entre os membros de um grupo.
CENTRALIZADA, quando um membro do grupo detém e centraliza a comunicação com os demais.
DESCENTRALIZADA, quando a comunicação é igualitária entre os membros, ou seja, não há necessidade da interferência de um membro
para que qualquer outro se comunique com os demais.
- NORMAS
São padrões ou expectativas de comportamento partilhadas pelos membros de um grupo.
Todo grupo tem necessariamente que produzir normas para a sua manutenção.
Mesmo que não conscientemente, as normas são fixadas em função de vários fatores, mas de modo geral, reproduzem e substituem as
diretrizes do poder dominante.
As normas podem ser EXPLÍCITAS, isto é, diretas como as regras de um jogo, ou IMPLÍCITAS, não diretas, como em uma relação conjugal.
- LIDERANÇA
Durante muito tempo, acreditou-se em teorias que baseavam a liderança em traços de personalidade (inteligência, dominância,
autoconfiança, etc...), hoje, são mais aceitas as teorias que consideram a chamada LIDERANÇA EMERGENTE, segundo as quais, a liderança é
fruto da interação entre os membros do grupo e surge em função de seus objetivos.
Em outras palavras, o líder é definido pelo grupo como aquele que apresenta melhores condições de encaminhar o grupo ao seu objetivo.
Mudando-se o objetivo do grupo, este se reorganiza sob nova liderança (que não precisa ser necessariamente uma liderança formal).
-STATUS
Prestígio desfrutado por um membro do grupo. O Status refere-se à POSIÇÃO do sujeito no grupo.
Pode ser SUBJETIVO, que representa uma visão pessoal do sujeito sobre si mesmo, ou SOCIAL, que é o resultado do consenso do grupo
acerca do indivíduo.
O Status subjetivo pode ou não corresponder ao Status social. O Status é sempre conferido em função da natureza do grupo.
Isto é, dependendo da característica do grupo, certas características pessoais podem ser mais ou menos valorizadas pelos demais, o que
determinará o Status do sujeito no grupo.
- PAPEL
Diretamente relacionado ao Status, o Papel representa o conjunto subjetivo de atributos organizados e construídos pela FUNÇÃO do
sujeito no grupo.
Assim como o Status, o Papel também pode ser subjetivamente atribuído pelo sujeito a si próprio, ou coerente às expectativas do grupo.
Animais Sociais
Para entendermos os processos relacionais, torna-se importante, ainda, considerarmos que o homem, como qualquer animal social, possui
certas características de vínculos grupais que pertencem à natureza destes animais.
Assim, uma rápida noção sobre a abordagem etológica pode nos ser útil no sentido de verificarmos alguns destes procedimentos grupais
que independem da cultura do grupo, uma vez que pertencem ao conjunto de condutas instintivas das espécies sociais.
Ao final do século passado, os homens de ciência que pesquisavam o comportamento animal tiveram contribuições significativas de
teóricos de abordagens reflexológicas, como Pavlov, e behavioristas, como Watson.
A limitação, no entanto, estava no fato de que estes cientistas estudavam as reações dos animais em situações artificiais de laboratório.
Seus trabalhos visavam mais a comparações reflexas com o ser humano do que propriamente à análise das próprias estruturas
comportamentais dos agrupamentos animais.
Esta lacuna foi preenchida pela Escola Objetivista de Lorenz, que passou a estudar o comportamento dos animais em seu próprio habitat,
através da observação de seus ritos, sua aprendizagem social e as posteriores correlações entre o inato e o adquirido.
Destas observações de Lorenz e sua equipe, foi possível determinar a existência de uma série de comportamentos naturais de organização
social.
Estes comportamentos estão presentes na maioria dos grupos sociais, independentemente de suas espécies, desde que, evidentemente,
se refiram a animais sociais, incluindo nisso o homem.
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Comportamentos de organização do grupo social
A importância, para nós, da existência dos comportamentos sociais inatos, é a consciência de que são condutas que, por serem naturais,
estarão sempre presentes nos grupos sociais e, portanto, é lícito considerarmos a existência destas condutas em nossas análises dos
processos sociais.
Vale lembrar que são todos comportamentos de organização do grupo social, o que irá variar segundo o aspecto cultural são os modos
como estes comportamentos serão efetuados. Vamos a eles:
- Hierarquia social:
Aqui, mais do que talvez em qualquer outro, é importante lembrar que a existência de uma hierarquização é natural e necessária a
qualquer grupo.
No entanto, os fatores que irão determinar quem ou quais as características que serão necessárias a um melhor lugar na escala hierárquica
estes sim, são culturais, e, portanto, variáveis de grupo para grupo.
- Preservação territorial:
Refere-se ao comportamento de demarcação e proteção do território do grupo. Esta conduta propicia o domínio sobre os limites do
território e “avisa” a outros grupos que estão impedidos de entrar naquele espaço.
O processo de construir muros nas casas é o exemplo humano do mesmo procedimento de preservação territorial que faz o cão urinar em
torno de sua área para definir um espaço pessoal.
É interessante notar que o conceito de território pode se referir ao Território Grupal, protegido pelo grupo todo, como ao Território
Individual, composto pelo espaço pessoal de cada um, como uma espécie de bolha imaginária que nos cerca e delimita o espaço de quem
nós autorizamos ou não a aproximação (física ou psicológica).
- Cooperação social:
Diz respeito ao comportamento pelo qual o grupo se une para a produção de uma ação que trará benefício para todos os membros.
- Preservação da Prole:
O comportamento de proteção à infância tem a função de permitir a aprendizagem “teórica” antes dos filhotes necessitarem enfrentar a
realidade.
Ou seja, é uma conduta preparatória para a vida. Absolutamente necessária e fundamental para a preservação da espécie.
- Comunicação social:
É o comportamento que permite o estabelecimento de uma comunicação entre os membros de um grupo. Sem ele, o grupo não
conseguiria desenvolver qualquer ordem em suas relações.
Independente do tipo da comunicação (gestual ou vocal), esta conduta permite, por exemplo, a transmissão de informações, a
aprendizagem e até mesmo o reconhecimento de membros do grupo.
Grande parte da comunicação humana, principalmente no que diz respeito à comunicação gestual, é independente da tipologia cultural.
Estudos transculturais revelam uma espetacular coincidência de condutas gestuais semelhantes para a intimidade afetiva, cumprimentos,
relações hierárquicas de dominação e submissão, etc... além de uma comunicação vocal também praticamente idêntica para a expressão
de sensações físicas como a dor (grito), por exemplo, ou psicológicas como a alegria ou a satisfação (risos).
O Processo Civilizatório
Categorizados os comportamentos naturais de organização social, inerentes às espécies sociais, vejamos agora o modo como estes
indivíduos se relacionam com o seu meio ambiente e assim, compreendermos um pouco do processo civilizatório.
Dois aspectos estão presentes na evolução e no desenvolvimento de espécies animais deste gênero:
- Aspecto biológico: O aspecto biológico, intrínseco à natureza orgânica da espécie e condicionado às transformações internas da estrutura
biológica da espécie como um todo.
São modificações lentas em uma escala de evolução natural que caracterizam as transformações biológicas decorridas nas espécies com o
passar do tempo.
- Aspecto social: O aspecto social, dependente da natureza interna (genética) e/ou externa (fatores ambientais) e decorrente de impulsos
naturais (instinto gregário).
Estas características produzem as sociedades animais, compreendidas como uma totalidade de indivíduos que se agrupam em coletividade
e determinam regras de atuação comum em relação aos membros da coletividade e/ou ao meio em que vivem através, unicamente, de
instintos vinculados à sobrevivência.
Estes dois fatores, intercalados, ou seja, a estrutura biológica que propicia uma relação ambiental mais sofisticada associada aos
comportamentos sociais é que determinam e possibilitam a algumas espécies viverem em sociedades.
Aspecto Cultural
O homem, como já vimos, encontra-se inserido neste grupo de animais, o que significa que para nós, viver em sociedade não é exatamente
uma opção, mas sim um determinante biológico, portanto natural. A espécie humana, entretanto, possui um terceiro aspecto que o
distingue das demais espécies sociais, é o aspecto cultural.
Animais Sociais
Entre os animais sociais, portanto, existe sociedade, mas não cultura, o que significa que a espécie toda atua sobre o ambiente e constrói
suas relações sociais de modo constante e uniforme, sem diferenciação geográfica ou temporária e, consequentemente, sem possibilidade
de reconstrução de sua ordem social por intermédio de reminiscências de sua “cultura”.
O que já não ocorre com a espécie humana que, como no caso do antigo Egito ou em outras sociedades extintas, podemos saber
perfeitamente todos os esquemas sociais que regiam aquela sociedade através de seus códigos culturais (idioma, símbolos, emblemas,
deuses, adornos, etc...) que sobreviveram à própria sociedade que os criou.
A espécie humana é a única que possibilita a condição de existência de uma cultura que já não possui mais uma sociedade que a
represente.
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Edgar Morrin
A identidade social, produzida pelas relações parentais e pela tradição (costumes particulares, códigos culturais) de um grupo, será
reforçada pelo confronto com outros grupos sociais que, embora de organização social semelhante, se diferenciam em seus modos de
organização.
“... a cultura define a identidade individual e a social, não só por sua própria imagem, mas também por oposição à da cultura estrangeira”.
Identidade social
Uma vez estabelecida uma civilização (grupo sociocultural), seu desenvolvimento será baseado fundamentalmente em uma tríade de
desenvolvimentos que se relacionam entre si. São eles:
DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO
Refere-se aos progressos técnicos existentes em uma sociedade desde suas formas mais elementares às mais complexas.
Dá-se de modo sequencial, irreversível e cumulativo.
DESENVOLVIMENTO SOCIAL
Diz respeito às relações instituídas entre a tecnologia empregada pela sociedade para o progresso social de sua população e as formas
como estas relações se estabelecem ao nível interno e, por extensão ao nível externo com outras sociedades.
Isto é, diz respeito à parcela da população que se beneficia da tecnologia existente naquela sociedade.
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Desenvolvimento psicológico
A linguagem é, sem dúvida, um dos mais importantes processos de mensuração do desenvolvimento psicológico como um todo e do
cognitivo em especial.
A linguagem possibilita e representa a capacidade da pessoa em relacionar-se e extrair relações de sua realidade.
Não devemos considerar esta afirmativa, no entanto, sob uma ótica simplória da linguagem verbal (domínio do discurso falado), ou
incorreríamos no absurdo de avaliar o desenvolvimento de uma criança muda como nulo.
Devemos sim, compreender a linguagem como a estrutura capaz de dar simbolismos ao real.
Isto é, o modo pelo qual nossos referenciais da realidade se introjetam em nossas mentes.
Conjunto de códigos
Como todo símbolo, a linguagem implica em um conjunto de códigos que necessitam ser interpretados para que cumpram sua função
comunicativa de transmissão de mensagens e, ao interpretarmos algo, sempre damos também ao símbolo uma representação subjetiva.
Em outras palavras, tudo que implica em decodificação carrega consigo uma forte carga subjetiva, na medida em que podemos estabelecer
a relação entre significado e significante de diversas maneiras.
Behaviorismo de Skinner
Pelo lado das teorias behavioristas, destacam-se as provenientes do condicionamento aplicadas à linguagem, proposta por Skinner e seus
seguidores.
Segundo este modelo, a aquisição da linguagem se dá a partir de necessidades primárias que vão sendo saciadas nas crianças a partir das
primeiras vocalizações, como uma espécie de reforço.
Corrente Behaviorista
A criança se condiciona a repetir um determinado som para receber líquido quando tem sede ou outro diferente quando tiver fome.
A própria vocalização dos pais também estimula a criança, através de um comportamento imitativo, a repetir sons específicos. De modo
geral, as manifestações de alegria e carinho que a criança percebe dos adultos, quando imita um som, também funcionam como reforço
afetivo.
Com o passar do tempo, os adultos vão se tornando mais exigentes na perfeição do fonema para proporcionar à criança a mesma
recompensa.
Assim, se a princípio o som áua era o suficiente para receber o líquido, alguns meses mais tarde a criança será estimulada a sofisticar sua
pronúncia para ága, e posteriormente, para “água” a fim de obter a mesma recompensa.
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Para os Behavioristas, este processo vai se sofisticando e formando relações. Palavras isoladas vão se compondo em pequenas frases, que
significam uma sequência de eventos.
Por exemplo: a criança aprende a palavra “homem” e a palavra “corre”.
Ao ver um homem correndo, ela organizará as palavras em uma sentença lógica: “o homem corre”. Ao mesmo tempo, a criança vai
aprendendo, também por condicionamento, o sentido das palavras. A palavra "não" fica associada com punição.
Um experimento associou a palavra “grande” a um estímulo aversivo em crianças, após o condicionamento, qualquer objeto “grande” era
temido por aquelas crianças. Com isto, procuraram demonstrar que o significado das palavras é obtido através do condicionamento de
suas representações.
Corrente Psicolinguística
Pelo lado da Psicolinguística, as principais teorias são provenientes de Chomsky e sua “gramática transformacional gerativa”.
Para eles, haveria uma espécie de “pré-programação” do cérebro humano para a linguagem.
Isto é, todas as pessoas já nasceriam com uma predisposição à utilização da linguagem. Esta predisposição seria apenas moldada aos
símbolos específicos da cultura nativa da criança.
O principal argumento utilizado é que mesmo crianças que ainda não tiveram qualquer tipo de aprendizagem acerca de regras gramaticais
são capazes de inferir regras para a construção de suas frases.
Até os 18 meses, o desenvolvimento da linguagem é muito lento, e o vocabulário de uma criança média pode variar entre 3 e 50 palavras.
Com a “explosão”, a criança pula para um vocabulário de cerca de 1.000 palavras que são de seu uso cotidiano, mais umas duas ou três mil
que compreende, mas não utiliza.
Para Lenneberg, esta “explosão” não pode ser tida como fruto de aprendizagem ou condicionamento de imitação, mas é antes uma
evidência de que a linguagem se desenvolve a partir de um cronograma biológico que lhe propiciaria a estrutura do discurso falado.
Seja qual for o modelo teórico, o desenvolvimento psicológico é sempre acompanhado por uma paridade linguística e, a linguagem é tida
como o domínio do simbólico e como principal fonte de comunicação entre os indivíduos.
Aspectos subjetivos
O que podemos observar, nos modelos que procuram explicar a linguagem, é que existem aspectos presentes na representação dos
símbolos que são profundamente variantes, sejam no modo como os interpretamos ou os codificamos, seja no modo como os
construímos.
Muitos destes aspectos subjetivos, presentes tanto na transmissão quanto na recepção de um símbolo são inconscientes, ou seja, fogem
do domínio de nossa análise consciente e racional.
Breve entendimento
Vale a pena, neste ponto, um breve entendimento deste conceito da Psicanálise, para entendermos o porquê de alguns fatores da
linguagem e de nossas vidas como um todo estarem fora do controle de nossa razão.
Vale a pena, neste ponto, um breve entendimento deste conceito da Psicanálise, para entendermos o porquê de alguns fatores da
linguagem e de nossas vidas como um todo estarem fora do controle de nossa razão.
Inconsciente
Sigmund Freud (1856-1939) era originalmente um neurologista que, interessado em doenças mentais, foi em 1885 a Paris estudar com
Charcot, um renomado médico, que desenvolvia na ocasião um trabalho de tratamento da histeria através da hipnose.
Posteriormente, Freud abandona a hipnose e, juntamente com seu colega e também neurologista Breuer, desenvolve o método de
ASSOCIAÇÕES LIVRES, onde o paciente é estimulado a falar a primeira coisa que lhe vier à mente ao ouvir determinados termos.
A partir de seu interesse pelo inconsciente, Freud passa a estudar a interpretação dos simbolismos dos sonhos e descobre que estes
funcionam como formas de realização de desejos não conscientes das pessoas.
No decorrer deste modelo de análise, Freud percebe que a consciência esbarra frequentemente em censuras.
A existência destas censuras fez com que ele esboçasse as primeiras noções do INCONSCIENTE como sendo um processo de censura do
consciente para ocultar a natureza sexual das neuroses.
1ª Tópica Freudiana
A chamada 1ª Tópica Freudiana se divide em:
CONSCIENTE: Aquilo que está presente na consciência. Tudo o que a pessoa sabe sobre si, seus motivos e suas condutas.
PRÉ-CONSCIENTE: Mais próximo do consciente e sem sofrer a pressão do recalque, pode tornar-se consciente pelo processo da
ASSOCIAÇÃO sem produzir muitos conflitos profundos e, portanto, não apresenta grave resistência do consciente.
INCONSCIENTE: Constituído por material recalcado, reúne sentimentos e desejos que, apesar de constituírem as verdadeiras causas das
atitudes e condutas, necessitam permanecer fora da consciência para que não produzam conflitos no indivíduo.
2ª Tópica Freudiana
A 1ª Tópica é transformada por Freud de modo a incorporar-se especificamente ao recém-descoberto conceito de LIBIDO (energia vital).
Seu esquema se substitui pela chamada 2ª TÓPICA, na qual Freud estabelece as estruturas que irão compor a personalidade para a
Psicanálise. Essas estruturas são:
ID: Instinto do prazer, fonte de desejos básicos e egocêntricos; puramente inconsciente.
EGO: EU, estrutura central e mais consciente da personalidade. Visa satisfazer os desejos do ID sem produzir conflitos com o SUPEREGO.
SUPEREGO: Instinto da realidade. Constitui-se das regras, normas e valores sociais.
Funciona como o aspecto da repressão dos desejos.
Objetivos da Disciplina
Para nossos objetivos na disciplina, devemos compreender que o inconsciente é o fator responsável por permitir que aspectos conflitantes
de nosso psiquismo convivam em nós, sem que estejam em nossa consciência como uma forma de defesa de nosso equilíbrio emocional.
Estes aspectos, no entanto, estão ativos e se manifestam, sejam através de nossos atos, motivações, palavras ou sonhos.
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O inconsciente é responsável por grande parte dos aspectos de nossa subjetividade e está presente no modo como percebemos as coisas.
Influencia nossa memória, constrói nossos símbolos e muitas vezes define nossa interpretação dos códigos linguísticos.
A Percepção
No início do século XX, surge um sistema teórico na Psicologia chamado de Gestalt. Os trabalhos sobre a percepção constituíram desde o
início as bases deste sistema.
Em 1910, Max Wertheimer descobre a tendência visual ao que chamou de “fechamento das formas”. Por este fenômeno, Wertheimer faz
referência ao processo neurológico pelo qual, diante de uma forma geométrica inacabada, nosso cérebro tende a “finalizar” o desenho.
Koffka e Kohler descobrem que toda percepção corresponde a uma relação de uma figura sobre um fundo.
É bem conhecida a figura na qual podemos visualizar uma taça ou dois rostos frente a frente, dependendo de focarmos nosso olhar em
uma parte ou outra do desenho.
Tanto o fechamento das formas quanto a relação figura-fundo são processos cerebrais (neurológicos), mas os gestaltistas descobriram
também que os fenômenos psíquicos possuem funcionamento semelhante aos processos cerebrais por serem deles oriundos, e chamaram
este conceito de Isomorfismo.
Em outras palavras, o modo como percebemos uma situação de vida também sofre as mesmas influências da percepção de formas.
Dependendo de onde focarmos nossa perspectiva, podemos ter um entendimento ou outro da mesma situação.
Percepção e subjetividades
Além da conceituação funcional do processo, a Gestalt também nos levou às principais características deste processo. Isto é, como ele
ocorre em termos de sua estrutura interna.
Seguem algumas destas características, para que possamos frisar o quanto nossa percepção é sujeita às subjetividades:
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A Percepção é o mais importante dos processos cognitivos por ser, digamos assim, a porta de entrada da realidade. Tudo o que
compreendemos está necessariamente acompanhado do “modo como nós percebemos”. A Percepção irá atuar diretamente não só na
compreensão das coisas, como também em todos os demais processos que são oriundos de nossos entendimentos, como o modo pelo
qual construímos nossas condutas e até mesmo as características de nossa personalidade.
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Linguagem
Vinculada à memória, a linguagem vai codificar as informações estocadas e armazenadas e acioná-las de modo imediato através de
conceitos compreensíveis dentro de uma função comunicativa. De modo amplo, consideramos como linguagem toda e qualquer
modalidade de comunicação entre os seres.
Como se divide o Sistema Nervoso Autonômico?
A linguagem verbal, ou oral como preferem alguns, não é diferente de nenhuma outra modalidade de linguagem.
Resume-se a um conjunto de códigos aprendidos e compartilhados por um dado grupo social que visa o estabelecimento de comunicação
conceitual entre seus membros
Temos, portanto, uma linguagem gestual, por exemplo, que apesar de não utilizar-se de palavras as substitui por gestos que tem a mesma
finalidade.
Termo e objeto
A linguagem vai funcionar de modo a transformar um conceito em um código comunicável mais facilmente do que se houvesse a
necessidade de expor o sujeito ao contato direto com o conceito ou objeto que se deseja comunicar.
Tecnicamente temos, portanto, duas esferas que se interligam. O termo, é a palavra que representa o objeto (ou conceito); e o objeto (ou
conceito) que é aquilo que a palavra está representando.
O termo - carro
O objeto (ou conceito) – carro
Signo linguístico
Saussure, irá ainda aprofundar esta construção da linguagem considerando o signo linguístico (a representação do objeto) como composto
por significado, que seria o conceito que o termo representa e por significante que seria o termo em si, composto por sua cadeia de sons.
A linguagem, portanto, vai utilizar-se de signos (sons que representam conteúdos) para representar objetos ou aspectos não materiais da
realidade.
Por exemplo, a palavra “elefante” aciona no indivíduo todo o quadro mnemônico (relativo à memória) referente aquele animal.
Apenas a título de fixação, vale ressaltar que o signo não necessariamente é uma palavra, mas qualquer código que represente o objeto.
É através da linguagem que o chamado pensamento operatório executa as operações mentais mais complexas. Vejamos como isso ocorre
nas telas seguintes.
Pensamento operatório
Piaget descreve uma grande variedade dessas operações como, por exemplo, as operações lógicas matemáticas, correspondência de
termos, classificações, categorizações, sistemas de valores, crenças, enfim, todo tipo formal de pensamento simbólico está de algum modo
relacionado ao processo operacional por representar psiquicamente uma organização estrutural das ações motoras.
Piaget compreende o processo operacional como a interação entre pensamento, ação, inteligência e linguagem.
Assim, a linguagem seria para ele “uma condição necessária, mas não suficiente na construção das operações lógicas”. A justificativa desta
afirmação reside na análise do processo operatório que, segundo Piaget, tem suas raízes primárias na ação.
Estruturas do pensamento
As estruturas que caracterizam o pensamento teriam suas raízes na ação e em mecanismos sensório motores mais profundos que a
linguagem. Por outro lado, quanto maior o refinamento destas estruturas do pensamento, maior também a necessidade da linguagem para
sua elaboração.
A intervenção da linguagem é necessária porque sem ela, não haveria um sistema de expressão simbólico e as operações ficariam
estagnadas ao estado de ações simultâneas e permaneceriam individuais, ignorando as funções de interação e troca interpessoal entre
indivíduo e ambiente.
Uma forma fácil de compreendermos esta relação é a comparação com aspectos biológicos. Deste modo a respiração, a circulação
sanguínea, o batimento cardíaco, etc. pertencem a um sistema integrado de sustentação vital. Apesar de serem todos necessários ao
conjunto, não são suficientes de modo isolado à manutenção da vida.
Vemos, portanto, que a linguagem, para Piaget é posterior ao pensamento e assim, não é a fonte causal do processo operacional,
entretanto, exerce uma função indispensável a este processo: a simbolização da ação concreta.
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Sabemos que o fato de conceituar é que permite à criança a produção de classificações e categorizações, assim, os esquemas mentais e as
operações necessitam desta função para o desenvolvimento de suas estruturas lógicas.
Estruturas de conjunto
Piaget, entretanto, nega também que seja a linguagem a responsável pelo surgimento desta categoria operacional pelo fato de que, para
ele, o que caracterizaria as operações lógicas do ponto de vista psicológico, seria sua reunião em sistemas ou estruturas de conjunto e não
seriam constituídas por elementos isolados.
Estas estruturas de conjunto, apesar de mais simples, já estariam presentes nas operações concretas e a passagem para o estágio mais
sofisticado das operações formais só dependeria da introdução de uma estrutura combinatória.
Esta estrutura combinatória, também apareceria tanto no plano verbal quanto no não verbal e, portanto, não se poderia afirmar que
dependa da linguagem, aliás, pelo contrário segundo Piaget, é o acabamento das operações combinatórias que permite ao sujeito
completar as suas classificações verbais.
As posições teóricas de Piaget não são aceitas unanimemente por todos os teóricos do desenvolvimento.
Entretanto, sua originalidade e principal contribuição, independentemente de estar ou não certo acerca destes processos, reside no fato de
ter estabelecido uma especificidade do conhecimento que se reporta mais às estruturas do processo do que com perspectivas que partam
unicamente da observação de condutas e comportamentos objetivos do tipo Behaviorista.
Tipos de linguagem
Lev Vygotsky inicia sua teoria reportando-se aos conceitos Piagetianos e contradiz o materialismo afirmando que linguagem e pensamento
são processos distintos e independentes.
Uma de suas contribuições mais importantes foi a distinção entre dois tipos específicos de linguagem, uma das quais levou, mais tarde,
Piaget a desenvolver o conceito de linguagem egocêntrica.
Estes dois tipos de linguagem estavam vinculados às funções que Vygotsky descrevia acerca da linguagem.
- Primeira Função: Uma destas funções era a comunicação e, portanto, necessitaria de uma linguagem socializada e capaz de sustentar uma
troca verbal entre o sujeito e um interlocutor.
- Segunda Função: A outra função, no entanto, não apresentava um caráter exterior por não exercer um funcionamento de contato entre o
sujeito e o mundo externo, mas sim, uma característica de organização pessoal e interior do pensamento. Este tipo de função organizadora
do mundo interior é que veio a ser denominada de linguagem egocêntrica.
Vygotsky X Piaget
Vamos ver onde os dois teóricos russos discordam quanto a linguagem egocêntrica
Para Vygotsky enquanto na linguagem socializada, a criança faz trocas com o outro: pergunta, pede, ameaça, dá e solicita informações, na
linguagem egocêntrica, a criança fala para si própria, não tem interesse pelo interlocutor, não espera nenhuma resposta externa e
normalmente, nem se preocupa se está sendo ouvida ou não.
Outra discordância de Vygotsky em relação a Piaget refere-se ao fato de que para ele, esta linguagem não desapareceria com a
consolidação da linguagem socializada, apenas se internalizaria.
Para Piaget, esta linguagem não preenche uma função adaptativa (útil) e, portanto, se atrofia quando a criança chega à idade escolar e
consolida sua linguagem socializada.
Vygotsky defende, contrariamente a Piaget, que esta linguagem representa um importante papel na atividade cognitiva infantil porque
além de funcionar como uma forma de explicitar e aliviar a tensão, ainda atua como organizadora do pensamento.
Linguagem interior
Vygotsky aceita que a função primária da linguagem é a comunicação e por isso, a primeira forma de linguagem é sempre essencialmente
social. A linguagem egocêntrica introduz-se posteriormente e, ao não se exteriorizar mais, continua como linguagem interior a representar
um importante papel na organização do pensamento.
Segundo Vygotsky, até os oito anos de idade, aproximadamente, não há qualquer distinção entre a linguagem social e a linguagem interior,
isto é, a criança raciocina exatamente como se estivesse “conversando” com um interlocutor imaginário.
Por exemplo:
Para Vygotsky, isto demonstra que esta linguagem interior é nada mais do que a introjeção da linguagem egocêntrica aonde a criança
repete em voz alta estas mesmas frases para si própria diante de uma tarefa.
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Linguagem como um facilitador
Luria ampliou a função organizadora da linguagem demonstrando como ela se estenderia ao comportamento em qualquer padrão.
- Vários experimentos demonstraram que nos animais, apesar da ausência de linguagem, existe uma inteligência prática que os possibilita
realizar determinados problemas.
- Também nas crianças em idade pré-verbal, a inteligência funcionaria na operacionalização de questões em função de seu caráter
adaptativo.
O que Luria defende, é que a linguagem funcionaria como um facilitador deste processo, na medida em que permitiria uma apreensão da
realidade de modo muito mais complexo e profundo do que se esta se desse apenas pela experimentação empírica do problema.
Ou seja, o fato da criança denominar os componentes de uma questão, não só lhe facilitaria a resolução do problema como também
diminuiria a necessidade de experimentar por várias vezes a situação antes de conseguir dominá-la.
Fica fácil notarmos, que para Luria, a linguagem opera como um reforço poderoso no processo de condicionamento de bases Behavioristas.
Conceito de Atitude
O conceito de Atitude tem sido, em função de sua utilização leiga, confundido com a ação ou o comportamento que surge como
consequência da existência de uma intenção em relação a algo.
Atitudes, na verdade, são sentimentos pró ou contra um objeto social, produzidos por um sistema de crenças e cognições e que
predispõem o indivíduo a ações coerentes em relação a este objeto social.
Ou seja, atitudes não são comportamentos, atitudes produzem comportamentos através dos componentes afetivos e das experiências
pessoais do indivíduo.
Podemos prever o comportamento de alguém se soubermos qual a atitude do sujeito frente a um determinado objeto.
Por exemplo, se eu tenho uma atitude positiva em relação a esportes, provavelmente terei comportamentos do tipo de ler revistas
especializadas, assistir a eventos esportivos, incentivar meus filhos a frequentar um clube esportivo e etc.
Componente Cognitivo
É o conjunto de informações, crenças, conhecimentos, aprendizagens e demais experiências cognitivas que possibilitam à pessoa a
construção de algum esquema representacional do objeto.
Base de nossas representações sociais, estas informações são diretamente provenientes da comunicação dos outros conosco e de nossas
próprias experiências pessoais.
Se a pessoa não tiver nenhuma informação sobre um objeto, jamais poderá desenvolver uma atitude acerca dele.
No entanto, é importante ressaltar, que estas informações não têm qualquer obrigatoriedade de serem corretas.
A veracidade ou não dos dados, não implica em um maior ou menor desenvolvimento nas atitudes, visto que o afeto deslocado para o
objeto não está calcado na veracidade, mas na intensidade da aprendizagem.
Se por outro lado, estas informações forem vagas ou superficiais, ai então, teremos uma atitude frágil ou mesmo inexistente frente ao
objeto.
Componente Afetivo
É o componente mais característico das atitudes e alguns autores chegam a considerá-lo como o único componente necessário para a
instalação das atitudes por ser este, o componente que diferencia uma atitude de uma opinião, aonde há o componente cognitivo, mas
não o afetivo.
O componente afetivo será o sentimento, pró ou contra, vinculado ao objeto e está estritamente correlacionado ao tipo de cognição que o
sujeito possui em relação ao objeto.
Assim, se tenho informações positivas a seu respeito, gostarei de você, se tiver informações negativas, não gostarei.
Componente Comportamental
É a predisposição às ações coerentes com os meus sentimentos em relação ao objeto.
Esta predisposição não é efetivamente a ação e nem precisa, necessariamente ser explicitada o tempo todo, mas, se tiver informações
positivas em relação a um objeto, gostarei dele e, portanto, estarei quando necessário, disposto a executar ações de ajuda ou defesa a este
objeto.
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Equilíbrio do sistema afetivo
Para que a atitude se transforme em ação, torna-se necessária a existência de uma situação específica que mobilize o indivíduo a explicitar
seu sentimento (atitude) em forma de comportamento (ação).
Os três componentes das atitudes influenciam-se mutuamente e funcionam dentro de um sistema integrado de coerência. Esta harmonia
entre os componentes é o que caracteriza o equilíbrio do sistema afetivo dos indivíduos.
1. COMPONENTE COMPORTAMENTAL
2. COMPONENTE AFETIVO
3. COMPONENTE COGNITIVO
O próprio sistema psicológico dos indivíduos sustenta e necessita deste equilíbrio, qualquer mudança, portanto, em um dos componentes
produz automaticamente uma reorganização dos demais de modo a se restaurar a harmonia entre os componentes.
Se passar a gostar de alguém, passarei também a ver nele qualidades e valores que não via antes.
As mudanças no componente comportamental são sempre decorrentes de pressões ou necessidades de agirmos de forma incoerente com
nossos afetos.
Isto é, se por necessidade precisar ter comportamentos hostis em relação a alguém por um período mais prolongado, acabarei não
gostando dele para preservar meu equilíbrio interno.
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Decorrente de nossa atividade intelectual, o aspecto cultural é traduzido como o processo de construção consciente das regras de uma
sociedade, capaz de diferenciá-la e individualiza-la em relação a outros grupos sociais da mesma espécie.
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- Aspecto cultural: O aspecto cultural, entretanto, tem se demonstrado o fator diferencial no desenvolvimento das civilizações, ou seja, o
modo de organização das estruturas sociais é que irá definir uma alteração nas características de um grupo social.
Identidade social
A identidade social, produzida pelas relações parentais e pela tradição (costumes particulares, códigos culturais) de um grupo, será
reforçada pelo confronto com outros grupos sociais que, embora de organização social semelhante, se diferenciam em seus modos de
organização.
Segundo Edgar Morin, “... a cultura define a identidade individual e a social, não só por sua própria imagem, mas também por oposição à
da cultura estrangeira.”
Noção de cultura
Desta forma, nossos valores, nossa ética, nossas crenças e também nossos recalques e fantasias determinarão não apenas nosso modelo
de convivência social como também nosso próprio senso de realidade.
Dentro de uma visão leiga, da pessoa comum da rua, não técnica, Cultura está vinculada ao conceito de erudição.
Assim, sob este aspecto, uma pessoa “culta” é aquela que possui erudição, conhece autores clássicos, fala alguns idiomas, etc.
Enquanto que quem não possui conhecimentos eruditos é dito uma pessoa “sem cultura”.
Se considerarmos a história de colonização europeia e, se entendermos que muitos dos chamados clássicos são na verdade, aspectos
culturais europeus, entenderemos como a origem desta “equivocada” noção de cultura e os movimentos catequistas (antigos e recentes)
possuem a mesma gênese.
Ideologias
As ideologias mais do que simplesmente espelhar uma época, um momento da história humana, são as próprias estruturas que
fundamentam o sistema de análise e compreensão da realidade.
- Estão presentes no modo como as pessoas educam seus filhos;
- No conceito que tem de realização pessoal;
- Na noção de morte e em todas as esferas de atuação pessoal e coletiva nas quais existem pessoas que se relacionam com um mundo
externo de realidade complexa.
- Uma música;
- Uma escultura;
- Um sistema arquitetônico,
Origem social
A moderna biologia tem nos mostrado como a partir de qualquer célula de um organismo, podemos reconstruir toda sua estrutura
biológica em função dos dados contidos ao nível genético.
Deste modo, cada parte do ser contém um resumo de sua integridade e a noção de que as partes estão contidas no todo necessita ser,
portanto, expandida ao conceito de que também o todo, está contido nas partes.
Assim, qualquer fragmento cultural de uma sociedade conterá embutido em si como um “gene” a sua origem social.
Para qualquer análise de situação grupal é fundamental a consciência de que o que ocorre em um grupo qualquer tem relação direta com a
estrutura social e as instituições da sociedade pela qual o grupo se apoia.
Todo grupo é na verdade uma micro sociedade, m reflexo do grande grupo social ao qual aquelas pessoas pertencem. E como toda
sociedade, como vimos acima, é a representação social do indivíduo.
Ou seja, sujeito e sociedade como faces da mesma moeda. Assim, é necessária uma forte identidade entre sujeito e grupo social.
Identidade esta constituída basicamente pelo conjunto de crenças, cognições, valores e outros aspectos ideológicos e comportamentais
que permitem a uma pessoa se identificar como membro de um grupo social.
Ao mesmo tempo, permitem ao grupo identificar a pessoa como pertencente a ele. A este conjunto de sabres, valores e perspectivas é
dado o nome de Representação Social.
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Em outras palavras, a mídia criaria realidades convenientes aos seus interesses e a população absorveria estas realidades da forma como
lhe fosse transmitida.
Hoje sabemos que não é assim que se dá o processo relacional que se estabelece entre uma sociedade e seus veículos de comunicação de
massa.
O modelo hipodérmico (referência à agulha que injeta uma substância no corpo) desconsiderava não apenas o contexto comunicacional,
como também subestimava profundamente a capacidade crítica e informativa de uma pessoa medianamente inserida em seu grupo social.
Este modelo vai evoluindo, se transformando e a perspectiva de que haveria uma assimilação acrítica vai se transmutando para modelos
mais contemporâneos, como o proposto por McLuhan, onde se entende que haja uma verdadeira relação entre público e veículo e a
comunicação é concebida como uma troca que se funde em um valor comum.
Esta relação se concretiza através do que Hernandez chama de “contratos” entre as partes.
Este “contrato” implica em uma coparticipação ativa do público na construção ideológica das mensagens.
O público não é um agente passivo, mas ao contrário, determina os direcionamentos ideológicos do veículo através não só de seu sustento
por meios indiretos como pela audiência, como também pelo sustento direto através da compra de revistas e jornais.
Em troca, a mídia apresenta à população uma análise dos fatos que interferem nos destinos de sua sociedade através de especialistas nas
mais diversas áreas e possibilita às pessoas conhecerem outras culturas, outras formas de vida e outros valores que igualmente auxiliam na
perspectiva crítica de sua própria realidade.
Noção de verdade
Ao fazer as análises, a mídia transmite interpretações da realidade e não “a verdade absoluta dos fatos”.
Um aspecto é importante frisar neste ponto.
A mídia não transmite a “verdade absoluta” simplesmente porque esta é um construto teórico.
Ou seja, não existe. A noção de “verdade” se origina de uma ideologia monoteísta de que existe o fato real, tal como o foi concebido e
existe a interpretação errônea deste fato.
Ou seja, ao admitirmos o “verdadeiro” e o “falso”, estamos também admitindo que o ser que interpreta o real não está de fato refletindo
este real como ele o é em seu noumeno.
Pelas colocações já discutidas, podemos concluir que todo saber é sempre um reflexo do ser e não do real.
Assim, ou estamos todos errados acerca de tudo ou temos que repensar o conceito de “erro-engano” – a antítese do conceito de “verdade-
certeza” - e traduzi-lo como outra “leitura”, não necessariamente nefasta, porém diferente da nossa (ou da vigente).
Perspectiva do real
Uma parada cardíaca é um erro do funcionamento do coração, isso significa que o coração “desconhece” sua programação biológica? A
natureza erra? Nascem pessoas com defeitos congênitos. O que isso significa? Erro?
Sim, se considerarmos o erro como fruto das complexidades de um sistema, como consequência dos ruídos mínimos que provocam
grandes alterações.
Não, se considerarmos o erro como a ignorância do sistema ou como algo decorrente de uma interpretação enganosa do padrão.
Uma pessoa pode induzir outra ao erro através, por exemplo, da mentira, mas ainda assim, o que errou não interpretou enganosamente a
ação do primeiro, apenas não considerou outros interesses não manifestos que determinaram aquela ação.
Aquilo que chamamos de verdade é um recorte, uma perspectiva do real, que pode ser profundamente variável em função do ângulo
(físico ou psicológico) pelo qual nos posicionamos frente aos fatos.
Poder da mídia
Um veículo de comunicação é tão idôneo quanto a honestidade das análises que realiza dos fatos, não ao quanto estas análises são isentas
de valor ideológico.
Todos os produtos midiáticos embutem em si perspectivas ideológicas, valores, conceitos e ideias que são pertinentes aos seus
posicionamentos, à cultura da sociedade a qual representam e aos interesses de seu público e de seus proprietários.
E não poderia ser diferente. São exatamente estas análises ideológicas e políticas que irão costurar as identidades individuais em coletivas,
fortalecer as representações sociais e manter, transformar ou eliminar valores, ideias e comportamentos.
O senso comum, invariavelmente, considera que o poder manipulativo da mídia esteja em ações antiéticas como a tendenciosidade das
informações dadas, a distorção dos fatos, a não difusão de aspectos da notícia ou pura e simplesmente no tipo de abordagem que faz
sobre os fatos.
Certamente que como em qualquer atividade, existem os maus profissionais e mesmo veículos menos éticos que se utilizam destes
artifícios, mas não podemos utilizar estes como exemplos.
A manipulação da mídia se dá através da comunicação persuasiva que, sem incorrer em nenhum tipo de postura antiética, induz e
direciona a lógica pela qual os fatos são interpretados por seu público.
Para compreendermos melhor este aspecto, precisamos partir de algumas premissas básicas.
- Primeira premissa
A primeira delas, é que esta manipulação necessariamente implica em uma uniformidade de conceitos e valores. Em outras palavras, é
preciso que haja uma identificação entre as representações sociais do público alvo e aquelas que o veículo transmite.
É preciso falar a linguagem (conceitual) do público. Vimos em nossa Aula 03, quando estudamos algumas das técnicas de comunicação
persuasiva, que para obtermos um rapport é importante termos em mente que “não cabe ao comunicador alterar o sistema do ouvinte,
mas atingi-lo”. O que isso significa, é que se não houver uma sintonia entre conceitos básicos e visão de mundo, a identidade não se
consolidará e a manipulação não ocorrerá.
- Segunda premissa
A segunda premissa básica para a comunicação persuasiva é que o público não pode duvidar que o veículo esteja falando a verdade.
Ou seja, vimos acima que a verdade absoluta é uma construção hipotética, portanto, quando nos referimos à verdade, nos referimos aos
fatos desprovidos de análise.
A manipulação não ocorre no fato, mas na análise que é feita. Assim, sendo o fato comprovado e indiscutível, a credibilidade não é afetada.
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Como o fato isolado de análise ou interpretação também não possui significação, uma boa comunicação persuasiva não desfigura ou
desvirtua o fato, ao contrário, o apresenta de modo bem objetivo de modo a que possa ser facilmente identificado como “verdadeiro” e,
por sobre o fato, elabora sua interpretação e dá a ele o significado ideológico que lhe provier.
Naturalmente que, a ética reside na distinção que é feita entre “fato” e “análise”. Isto é, a postura ética obriga a que fique sempre bem
claro a partir de que momento o veículo está dando seu parecer sobre o fato e não mais apenas relatando o ocorrido.
Artifícios antiéticos, neste caso, são aplicados de forma a confundir intencionalmente o fato em si com a subjetividade da interpretação.
- Terceira premissa
Uma terceira e última premissa da comunicação persuasiva se refere à objetividade do texto e da argumentação utilizada. Falaremos na
próxima aula, de modo mais detalhado, sobre a questão do discurso isento, mas é importante frisar que uma comunicação persuasiva
realmente efetiva, não pode fugir das normas éticas de objetividade. Um discurso ou texto profissional objetivo não é aquele que
simplesmente não utiliza a primeira pessoa em sua formulação frasal, mas sim aquele que é elaborado de modo a que o receptor não se
sinta “carregado” ideologicamente para uma direção definida.
A comunicação profissional efetiva não diz para seu público o que ele deve achar, mas é tecnicamente elaborada de modo a dar ao público
a argumentação (e a contra argumentação) necessária para que ele construa suas conclusões. A comunicação persuasiva não engana,
direciona.
Assim a objetividade desta comunicação não está em uma pretensa (e impossível) neutralidade, mas no modo claro, correto e direto como
elabora seu discurso de modo coerente a seus comprometimentos políticos e ideológicos.
O leitor de uma revista semanal ou de um jornal, por exemplo, identifica-se com os posicionamentos deste e espera ver uma postura
coerente a estes posicionamentos nos argumentos e textos apresentados.
Textos muito pessoalizados, repletos de posicionamentos pessoais ou com uma argumentação parcial e tendenciosa, tendem a dar ao
leitor a desagradável sensação de que está sendo obrigado a concluir algo e, certamente, isso acionará nele resistências e má vontade
àquela conclusão.
Um texto objetivo e o mais impessoal possível apenas ressalta a identidade entre leitor e veículo, mas não aciona mecanismos de defesa
ou a sensação de estar sendo desqualificado em sua capacidade crítica ou analítica.
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Para começarmos nossa aula precisamos deixar bem definido o conceito de explicação.
A explicação é definida como o processo pelo qual torna-se claro ou detalhado um fato ou situação anteriormente confusa ou obscura. Ou
seja, é o procedimento de análise e compreensão de um dado qualquer.
Para que sejamos capazes de executar esse processo, utilizamo-nos de relações causais, isto é, estabelecemos relações entre causa e
efeito.
Por exemplo: “se algo ocorre comigo ou no mundo, algo ou alguém deve ter provocado isso”.
Através destas relações causais, a explicação ordena e dá coerência às experiências e constrói um sentido, um nexo para os
acontecimentos de nossas realidades. O modo como estabelecemos estas relações entre causa e efeito será, portanto, o responsável pela
forma como compreendemos as coisas.
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Coerência e veracidade
Um interessante aspecto a ser ressaltado refere-se ao fato de que a coerência das explicações é mais importante do que a sua veracidade
no que diz respeito à ordenação mental.
Assim, o modo como explicamos a criação do mundo, por exemplo – se por vontade divina ou se por explosões cósmicas – não faz a menor
diferença. O que realmente importa é que a explicação traga à pessoa uma coerência e um sentido à realidade.
A ausência desta coerência, ou seja, de explicação sobre um dado da realidade impossibilita que a pessoa ordene coerentemente os fatos e
acarreta em desordem mental e discursiva da realidade.
Respostas coerentes
Explicar se propõe a dar respostas coerentes entre si aos fatos que nos cercam e, assim, obter nossa própria coerência interna. Para
explicar a si próprio, o indivíduo precisa explicar o mundo ao qual está inserido, e estas explicações se dão de modo paralelo, através da
construção da realidade.
Na criança, a explicação possui modos e características bastante diferenciadas. A pergunta infantil, por exemplo, não possui um alcance
intelectual. Para ela, toda pergunta tem um forte componente afetivo.
Isto é, a criança só pergunta como forma de sentir-se protegida e atendida pelo adulto. Isso é o que provoca aquelas perguntas infantis que
temos certeza que a criança já sabe a resposta.
Imparcialidade
A imparcialidade, no campo jornalístico, pode ser perfeitamente compreendida como a pluralidade de ângulos que são considerados na
análise e/ou na transmissão de um fato pelo profissional.
Exatamente por sabermos que todo fato possui diferentes perspectivas, cabe ao jornalista investigar e, se for o caso, transmitir todos os
possíveis entendimentos, perspectivas ou lados de uma questão.
É a transmissão de apenas uma abordagem que frequentemente caracteriza o texto jornalístico como tendencioso ou parcial.
Ao explicar os fatos sociais, ou como já sabemos, ao transmitir os fatos de modo organizado o suficiente para que o público seja capaz de
compreendê-los, o jornalista precisa considerar sua responsabilidade.
Isto significa estar voltado para o interesse público e dar a seu público o máximo de informações possíveis, para que este possa
desenvolver sua análise da forma correta.
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Texto jornalístico x produção de conteúdo
É fundamental que o texto jornalístico não se confunda com a simples produção de conteúdo.
Em uma época de blogs e redes sociais, onde qualquer adolescente produz conteúdos e os divulga a um público muitas vezes maior do que
aqueles que grandes jornalistas já tiveram acesso, cai por terra a premissa de que qualquer informação tem valor ou mesmo se transforma
em conhecimento.
Para que isso ocorra, é preciso que haja uma mediação crítica e analítica entre aquele que lê e aquilo que lê.
Esta mediação é a diferença necessária do texto jornalístico.
Isto é, para que se estabeleça uma relação eficaz, faz-se necessário que o profissional se posicione, através desde conjunto de atitudes,
como alguém pronto e disposto a ouvir e entender seu interlocutor e, principalmente, passar a este a capacidade de reproduzir com
responsabilidade suas observações.
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