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Relatório de análise

Working paper
Versão : Julho 2008 macro-económica portuguesa

Estudo das relações entre investimento


estrangeiro e crescimento
As correlações entre IDE e PIB

3000
Alemanha
França
Itália 2500
Espanha
Mil milhões de dólares correntes

Portugal
2000

1500

1000

500

0
1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005

MORIN Miguel
1

1 Introdução
Este projecto tem o seu eixo na análise económica de dois indicadores económicos : o FDI-IDE
(Foreign Direct Investment - Investimento Directo Estrangeiro), e o PIB. Tentámos avaliar o
impacto dos fundos estrangeiros na economia portuguesa.

1.1 Problemática

Enquanto que um dos principais indicadores em economia é o crescimento, existem numerosos


factores que o podem inuenciar : crescimento demográco, progresso técnico, taxas de câmbio.
Aqui a questão coloca-se nestes termos : será que o crescimento da economia portuguesa foi
"dopado" pelos IDE, e até que ponto. Este efeito pode traduzir-se por uma economia mais activa
após a adesão à União Europeia (por exemplo), ou por um abrandamento quando os IDE são
redirigidos para outros países. Tecnicamente falando, trata-se de estimar as relações entre os
dois indicadores (por exemplo, a correlação ou a causalidade), e tentar estabelecer um modelo
económico VAR (Vectorial Auto-Regressivo) para estas duas séries. Esta questão parece essencial,
pois o objectivo de aceitar IDEs é de desenvolver a economia de forma durável, e não somente
de a "dopar" a curto prazo.

1.2 Dados

Os dados para este estudo foram recolhidos através do site da UNCTAD1 para os Investimen-
tos Directos Estrangeiros, e do site das Natções Unidas2 para os Produtos Interiores Brutos.
Escolhemos os anos de 1970 até 2006, para Portugal bem como outros países desenvolvidos da
Europa. Os dados estão em dólares, aos preços correntes.

A pesquisa e formatação destes dados levou um certo tempo preparatório. Considerámos 3


grupos de países : a Europa dos 15 3 que chamámos EU15, os 10 novos aderentes à União
Europeia de 2004 (Chipre, República Checa, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta, Polónia,
Eslováquia, Eslovénia) a que chamámos newEU, e outros países europeus desenvolvidos (Noruega,
Islândia e Suíça) que agrupámos sob o nome extra. Uma particularidade surge para os países
europeus da antiga URSS, para os quais só temos dados a partir de 1990, e que agrupamos com
o nome de ex-URSS. O programa utilizado é Scilab, cujos códigos são dados em anexo.

2 Modelização económica
2.1 Primeiras estimações

Comecemos por algumas estimativas de rotina, como por exemplo o crescimento do PIB et do
uxo de IDE para várias zonas geográcas europeias. Esta medida corresponde ao modelo :
yt = a + yt−1 + t =⇒ a = E[yt − yt−1 ]
Com as grandezas em logaritmo, e graças à aproximação log(1 + x) ≈ x, a é então o crescimento
anual4 . Obtemos então a tabela 1. note-se que estes valores elevados do crescimento são devidos a
1
United Nations Conference on Trade and Development, stats.unctad.org
2
data.un.org
3
Dentro deste grupo, Bélgica e Luxemburgo formaram durante longos anos uma só unidade de contabilidade,
pelo que a nossa Europa dos 15 tem na verdade 14 "países".
4
Note-se que medimos o crescimento agregado no sentido do crescimento da soma das séries, e não da média
dos crescimentos por país.
2 2 Modelização económica

dois factores : por um lado, a data de começo da medida (1970) ainda usa o efeito das chamadas
"30 gloriosas" ; por outro lado, a inclusão sistemática de países em grande expansão em cada
zona geográca5

Tab. 1  Medidas de crescimento para vários agrupamentos geográcos.

Portugal EU15 newEU ex-URSS Europa


PIB 9% 7,8% 8,6% 7,1% 7,9%
IDE 15% 11% 23% 28% 13%

No caso de Portugal, a evolução do PIB e do IDE está representada na gura 1 (onde o IDE
está aumentado para se ver, apenas o PIB está desenhado à escala). As medidas de crescimento
para o PIB e o IDE, antes e depois da adesão, são apresentadas na tabela 2.

200
PIB
180 IDE
Entrada na UE
160
Mil milhões de dólares a preços correntes

140

120

100

80

60

40

20

0
1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010

Fig. 1  Evolução do PIB (à escala) e do IDE (não à escala).

Tab. 2  Medidas de crescimento para Portugal.

Antes da adesão Depois da adesão


PIB 10% 8%
IDE 13% 17%

5
Note-se também, que para a última zona, a Europa, acrescentámos um desvio devido à inclusão dos países
da ex-URSS depois de 1990 somente, que vêm articialmente inchar o crescimento.
2.2 Modelo VAR 3

2.2 Modelo VAR

Para ter em conta os efeitos do IDE no PIB, e recíprocamente, escreve-se um modelo Vectorial
Auto Regressivo de ordem p :

 p
a1,1 ap2,1
  1
a1,1 a12,1
        
P IBt c1 P IBt−1 P IBt−p 1,t
= + · +· · ·+ · +
IDEt a21,2 a12,1
c2 IDEt−1 ap1,2 ap2,1 IDEt−p 2,t
(1)
ou, mais simplesmente em escrita vectorial :

Yt = c + a1 · Yt−1 + · · · + ap · Yt−p + t (2)

com as hipóteses simplicadoras habituais : o ruído é de esperança nula, e não auto-correlado.

A primeira coisa a fazer é encontrar a ordem do modelo. Poderemos em seguida discutir da


nulidade dos coecientes, e da tradução económica. Para encontrar a ordem do modelo, faz-se
um teste de Wald de nulidade conjunta dos 4 coecientes de ordem p, e depois dos 8 coecientes
de ordens p e p − 1, etc... até que o teste seja rejeitado. Podemos começar com uma ordem p = 6
(uma persistência de 6 anos dos choques económicos, o que é mais que suciente).

No entanto, as duas séries estão tão correladas uma à outra (ver a secção 3.1), que a matriz
de regressão X , resultado do empilhamento ordenado das séries desfasadas, não é de "rank"
completo, e obtém-se que a aplicação do modelo aos dados utiliza uma matriz próxima da singu-
laridade. Logo, a variância-covariância dos coecientes estimados é da ordem dos 106 , enquanto
que os coecientes valem pelos 104 . Logo, todos os coecientes são estatísticamente não signi-
cativos.

Por certo, isto invalida o modelo, e qualquer análise construída nesta regressão seria falaciosa.
O defeito vem do facto que PIB e IDE são o refelxo de um mesmo fenómeno, que se poderiam
chamar a saúde da economia. Aliás, a secção 3.1 está construída nesta mesma correlação, que
está nas antípodas de uma das principais hipóteses dos Minímos Quadrados Ordinários. Para
colmatar a singularidade, seria preciso utilizar um proxy do IDE que estaria descorrelado do
PIB, e que traduziria a parte de inovação pura trazida pelo IDE. É o que se chama uma variável
instrumental. poderíamos pensar no "FDI performance index", igual ao quociente da parte de
IDE do país no mundo com a parte de PIB do país no mundo :

IDEi /IDEmundo
IN Di =
P IBi /P IBmundo

Um índice maior que 1 signica que o país recebe mais investimento que a média global, relativa-
mente ao seu tamanho económico. É o tipo de indicador que procuramos, pois já está corrigido do
PIB. Outro indicador seria o potencial mercantil, que corresponde ao PIB corrigido do tamanho
geográco : os países com grande potencial mercantil como a Holanda ou a Inglaterra têm uma
procura muito concentrada, no entanto em Espanha a procura está muito mais diluída no espaço.
É um indicador da atractividade intrínseca do país, que se pode subtraír do IDE para deduzir
os investimentos que são efectivamente inovações.
4 3 Estudo matemático das séries

3 Estudo matemático das séries


3.1 Correlação

Uma outra medida das relações entre os dois indicadores é a correlação directa das séries :
queremos saber em que medida o PIB de tal ano está correlado com o IDE do mesmo ano.
Podemos também medir a correlação das séries desfasadas : neste caso queremos saber em que
medida o PIB de tal ano está correlado ao IDE do ano anterior (por exemplo). Pôs-se em prática
esta medida, com desfasamentos entre -18 anos a 18 anos (um desfasamento positivo signica
que se mede a inuência do IDE no PIB anos mais tarde, e reciprocamente para desfasamentos
negativos), fazendo a média para 5 agrupamentos geográcos : Portugal, EU15, EU15 + extra,
Europe - ex-URSS, et ex-URSS. O gráco destas correlações é mostrado na gura 2.

0.80

0.75

0.70

0.65
correlação média

0.60

0.55

Portugal
0.50
ex−URSS
Europa − ex−URSS
0.45
EU15 + extra
EU15
0.40
−20 −15 −10 −5 0 5 10 15 20
desfasamento

Fig. 2  Correlação das séries desfasadas, por agrupamento geográco.

Se nos abstrairmos das questões de endogeneidade, e se pudermos interpretar as correlações


em termos causais (o que não é certo, ver o anexo para uma explicação detalhada), extraímos do
gráco 2 conclusões interessantes. Primeiro, repara-se que as curvas caem quando o desfasamento
é nulo, o que indica que os efeitos das séries uma na outra são tudo excepto imediatos. Depois,
para os países europeus, o IDE está mais correlado aos PIBs futuros que o contrário. Isto traz
duas conclusões : a memória dos investidores é relativamente curta (uns 10 anos, por exemplo,
para a crise russa de 1998), e o efeito do IDE na economia não é assim tão ponctual, tendo uma
inuência de uns 8 anos, duração que é da ordem da esperança de vida das novas empresas. Não
há grande interpretação a procurar nas variações para grandes desfasamentos, pois o tamanho
da amostra torna-se rapidamente pequeno (um desfasamento de 10 anos tira efectivamente 20
anos de dados, os 10 primeiros e os 10 últimos).
3.2 Efeito de um choque exógeno 5

Quanto à economia portuguesa, a correlação aparece relativamente estável. Isto signica que,
antes de investirem em Portugal, os estrangeiros olham primeiro para os resultados passados.
Portugal ainda não ganhou a maturidade económica internacional que tem por exemplo a Europa
dos 15, onde reina a conança independemente dos resultados passados. Signica também que
a nossa economia está muito sensível ao IDE, o que revela que se de repente o IDE cair, isso
sentir-se-á no PIB dos anos seguintes.

De qualquer forma, note-se que as correlações permanecem altas no geral, da ordem dos 55%.

3.2 Efeito de um choque exógeno

Ter-se-ia grande interesse em tratar os choques exógenos (tais como a adesão à União Europeia)
dentro do quadro de uma modelisação económica. Como tal não é possível, permanecemos no
estudo das correlações, para ver se um país é quantitativamente mais sensível ao IDE depois dos
procedimentos formais de integração europeia. Em termos técnicos, quanticou-se a correlação
das duas séries temporais, antes e depois do choque, não tomando em conta o ano do choque
(suposto ser uma transição).

3.2.1 Tratado de Maastricht

Em nais de 1993 entra em vigor o tratado de Maastricht, que implementa a União Europeia
e conduz à criação do Euro. Para a Europa dos 12, formaçiza a integração europeia, a cooperação
económica e as instâncias supra-nacionais. As correlações são apresentadas no gráco 3, e são um
pouco curiosas. Dir-se-ia que a integração europeia tornou as economias mais robustas e menos
sujeitas à prença ou ausência de IDE, como indica o nível mais baixo das duas linhas vermelha
e roxa. Da mesma forma, o PIB já não inuencia tanto os IDEs futuros, o que mostra mais
conança dos investidores na União Europeia.

0.9

0.8

0.7

0.6
correlação média

0.5

0.4

0.3

0.2 Portugal antes de Maastricht


EU12 antes de Maastricht
0.1 Portugal depois de Maastricht
EU12 depois de Maastricht
0.0
−8 −6 −4 −2 0 2 4 6 8
desfasamento

Fig. 3  Correlação das séries desfasadas, antes e depois de Maastricht.


6 4 Outros indicadores

3.2.2 Entrada na União Europeia

A União Europeia teve várias fases de alargamento. Em 1973 a Irlanda, a Dinamarca e


o Reino-Unido juntam-se à CEE, mais isto aconteceu demasiado cedo para os dados de que
dispômos. A Grécia entra em 1981, Portugal e Espanha em 1986, a Áustria, a Finlândia e a Suécia
em 1995. As outras ondas de alargamento (10 países em 2004 e 2 em 2007) acontecem demasiado
tarde para serem avaliadas. As datas de 1981 e 1995 apenas permitem ter desfasamentos da
ordem de 5, que são representados na gura 4. Encontramos de novo a ideia geral que a integração
europeia diminui a vulnerabilidade do crescimento ao bom querer dos investidores estrangeiros,
mas esse efeito não foi tão agrante para Portugal.

0.8

0.7

0.6

0.5
correlação média

0.4

0.3

0.2

0.1 Antes da adesão (outros)


Antes da adesão (PT)
0.0 Depois da adesão (PT)
Depois da adesão (outros)
−0.1
−5 −4 −3 −2 −1 0 1 2 3 4 5
desfasamento

Fig. 4  Correlação das séries desfasadas, antes e depois da adesão.

4 Outros indicadores
Como sugerido na seccção 2, poderíamos considerar o índice de performance do IDE como
proxy do IDE. Está denido pela UNCTAD da forma seguinte :
IDEi /IDEmonde
IN Di =
P IBi /P IBmonde

No nosso caso, vamos considerar o PIB da Europa (em vez do mundo), denido como a soma
linha a linha da matriz dos PIBs por país. Obtemos então a gura 5, que é o equivalente da
gura ?? com este novo indicador. Esta gura parece mais acertada : encontramos, nomeada-
mente, que o efeito do IDE para os países da ex-URSS está mais próximo do intuito. O IDE
corrigido do PIB parece mais apropriado para o nosso estudo, estaria assim mais próximo da
inovação trazida pelos IDE. É uma pista a seguir. No entanto as fortes correlações ainda não
deixam pensar num modelo VAR descorrelado para a secção 2.
7

0.8

0.7

0.6

0.5
correlação média

0.4

0.3

Portugal
0.2
ex−URSS
Europe − ex−URSS
0.1
EU15 + extra
EU15
0.0
−20 −15 −10 −5 0 5 10 15 20
desfasamento

Fig. 5  Correlação das séries desfasadas, com o índice de performance do IDE.

5 Conclusão
Este breve trabalho mostra conclusões interessantes : o PIB e o IDE estão fortemente corre-
lados, um PIB elevado ca na memória dos investidores, e um IDE elevado desenvolve a médio
termo a economia do país de que é alvo. Por m, a integração europeia tornou as economias mais
robustas, com um crescimento inerente e estrutural, e dependendo menos da boa vontade dos
investidores estrangeiros.
No entanto, a endogeneidade afecta todo o nosso trabalho, e invalida qualquer poder expli-
cativo que possa ter a secção da correlação. Quanto muito, pode ter poder descritivo, mas isso
não é muito...
8 A Apêndice : Endogeneidade

A Apêndice : Endogeneidade
A questão da endogeneidade que tantos problemas nos traz pode ser formulada da seguinte
forma. Supõe-se a existência de um processo chamado "saúde da economia", que inuencia o
IDE um ano depois, e o PIB três anos depois. Este processo é inobservável, apenas o PIB e o
IDE são conhecidos pelo economista. Neste caso, teremos a impressão que o IDE causa o PIB
com um desfasamento de dois anos, mas são ambos na realidade o reexo do mesmo processo,
como se pode ver na gura 6.

2.0
Saúde da economia (inobservável)
1.8 IDE 1 ano depois
PIB 3 anos depois
1.6

1.4
Quantidade monetária

1.2

1.0

0.8

0.6

0.4

0.2

0.0
1 2 3 4 5 6 7 8 9
anos

Fig. 6  Exemplo de endogeneidade extrema.

O problema não são os efeitos que o IDE pode ter no PIB que depois se reectem de novo no
IDE (isso estaria tomado em conta no modelo VAR). O problema reside no facto que IDE e PIB
são na verdade o reexo do mesmo processo.

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