Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
“Ainda crescendo em torno de 80 milhões pessoas por ano, ou mais de 200.000 por dia, a
população mundial precisa ser estabilizada e, idealmente, reduzida gradualmente”
Alerta dos cientistas mundiais sobre a emergência climática (05/11/2019)
Mais de 11 mil cientistas de todo o mundo, de maneira reiterada, alertam a humanidade sobre
a ameaça de uma iminente catástrofe ambiental e declararam que o Planeta está enfrentando
uma emergência climática.
O alerta, publicado no dia 05 de novembro de 2019 na Revista BioScience (ver link abaixo),
apresenta um conjunto de sinais vitais mostrando como o aumento das emissões de CO2,
decorrentes do crescimento das atividades antrópicas, está vinculado com o aumento da
temperatura do Planeta. Um dos “sinais vitais” apresentados é o crescimento da população (e
da economia).
De fato, os gráficos abaixo não deixam dúvida sobre a correlação existente entre o crescimento
demoeconômico global e o aumento das emissões de CO2. O primeiro gráfico apresenta a
variação da população mundial e as emissões globais de CO2 entre 1880 e 2016. Há uma clara
associação entre o ritmo de crescimento das duas curvas, mas com as emissões avançando com
maior velocidade.
Nota-se que a população humana, que estava em 1,15 bilhão em 1880, chegou a 2 bilhões de
habitantes por volta de 1930, atingiu 3 bilhões em 1960 e 4 bilhões em 1974. O ritmo de
1
crescimento demográfico reduziu um pouco nos anos seguintes, mas manteve acréscimos de 1
bilhão de pessoas a cada 12 ou 13 anos e deve alcançar 8 bilhões de habitantes em 2023. As
emissões globais de CO2 que estavam abaixo de 1 tonelada em 1880, chegou a 2 bilhões em
1900, a 4,5 bilhões depois da Segunda Guerra e, durante os chamados “30 anos dourados” deu
um salto para quase 20 bilhões de toneladas em 1980. Houve uma certa desaceleração até o
ano 2000, com 24,8 bilhões de toneladas e acelerou novamente durante o superciclo das
commodities até atingir 36 bilhões de toneladas em 2016. Entre 1880 e 2016 a população
mundial foi multiplicada por 6,4 vezes e as emissões 41,3 vezes.
O gráfico abaixo mostra a correlação entre as duas variáveis. A reta de tendência linear indica
que 98,8% da variabilidade das emissões globais de CO2 está associada diretamente ao aumento
do número de habitantes, ao longo dos anos de 1880 e 2016. Durante os séculos XIX e XX as
emissões de CO2 foram lideradas pelos países desenvolvidos, especialmente Estados Unidos e
Canadá, Europa, Japão e Austrália. Mas com o processo de convergência da renda global, os
países em desenvolvimento, particularmente China, Índia, os Tigres Asiáticos e os países do
Oriente Médio passaram a liderar a quantidade de poluição atmosférica. Por exemplo, desde o
início do atual século, os 5 países do BRICS já emitem mais CO2 do que os 36 países da OCDE. Os
3 países mais populosos (China, Índia e EUA) são também os 3 maiores poluidores (Alves,
23/10/2019).
O gráfico abaixo mostra que o aumento das emissões acompanha o crescimento da produção
de bens e serviços. O Produto Interno Bruto (PIB) global era, em 1880, de cerca de 2 trilhões de
dólares em poder de paridade de compra (ppp), segundo os dados do Projeto Maddison, e
passou para pouco mais de US$ 8 trilhões, em 1945, um crescimento médio anual de pouco mais
de 2% ao ano. Mas entre 1945 e 1980 o PIB mundial passou para US$ 36 trilhões, com um
crescimento médio anual acima de 4%. Este foi o período de maior emissão de CO2. Entre 1980
e 2016, o PIB global desacelerou um pouco (assim como a população) mas ultrapassou a casa de
100 trilhões de dólares (em ppp) em 2016, com um crescimento médio em torno de 3% ao ano.
2
A correlação entre o crescimento da economia e a emissão de carbono é também altamente
significativa. O gráfico abaixo mostra que a reta de tendência linear entre as duas variáveis,
indica que significativos 96,3% da variabilidade da emissão global de CO2 está associada
diretamente ao crescimento da economia mundial ao longo dos anos de 1880 e 2016. Também
se pode observar que as emissões, em relação ao PIB, eram maiores na época do petróleo barato
e que, nas últimas décadas, as emissões reduziram o ritmo em relação ao crescimento do PIB.
Entre 1880 e 2016, a população mundial cresceu 6,4 vezes, as emissões de CO2 cresceram 41,3
vezes e o PIB cresceu 55 vezes. As emissões cresceram mais rápido do que a população, mas em
ritmo menor do que a economia. Mas a associação entre o crescimento demoeconômico e a
liberação de gases de efeito estufa é inquestionável.
3
Desta forma, não dá para ignorar que o crescimento da população – especialmente daquelas
parcelas e países que mais avançam da ampliação e na diversificação do consumo – tem um
impacto muito grande na emissão de carbono e, consequentemente, no agravamento da crise
climática e ambiental. Somente os “céticos da demografia” podem afirmar que o volume da
população não agrava os problemas do meio ambiente.
“Ainda crescendo em torno de 80 milhões pessoas por ano, ou mais de 200.000 por dia, a
população mundial precisa ser estabilizada - e, idealmente, reduzida gradualmente - dentro de
uma estrutura que garante a integridade social. Existem políticas comprovadas e eficazes que
fortalecem os direitos humanos enquanto diminui as taxas de fecundidade e diminui os
impactos do crescimento populacional sobre as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e sobre
a perda de biodiversidade. Estas políticas devem tornar os serviços de planejamento familiar
disponíveis para todas as pessoas, removendo barreiras ao seu acesso e buscando alcançar
equidade total de gênero, inclusive estabelecendo o ensino primário e secundário como uma
norma para todas as pessoas, especialmente meninas e mulheres jovens (Bongaarts e O’Neill
2018)”.
Em síntese, a humanidade está provocando grandes danos aos ecossistemas e ao clima e está
caminhando rumo a um abismo. Como diria Cartola: “abismo que cavaste com teus pés”. Os
cientistas alertam que é preciso reverter os rumos da civilização com urgência. São muitas as
tarefas a serem implementadas para evitar uma catástrofe. Mudar o padrão de produção e
consumo é a tarefa principal. Mas não dá para ignorar que reduzir e depois reverter o
crescimento populacional faz parte das medidas para mitigar o aquecimento global e a perda de
biodiversidade, evitando um holocausto biológico.
Referências:
ALVES, JED. Os países pobres e de renda média lideram a emissão global de CO2 no século XXI,
Ecodebate, 23/10/2019
https://www.ecodebate.com.br/2019/10/23/os-paises-pobres-e-de-renda-media-lideram-a-
emissao-global-de-co2-no-seculo-xxi-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
Global Carbon Project https://www.globalcarbonproject.org/
Maddison Project Database, version 2018 https://www.rug.nl/ggdc/;
4
BONGAARTS J, O’NEILL BC. Global warming policy: Is population left out in the cold? Science
361: 650–652,17/08/2019 http://demographic-
challenge.com/files/downloads/dba87c53530fb9f6776c29cff5820115/science-361.pdf
WILLIAM J RIPPLE, et. al. World Scientists’ Warning of a Climate Emergency, BioScience,
05/11/2019
https://academic.oup.com/bioscience/advance-article/doi/10.1093/biosci/biz088/5610806
HANIA ZLOTNIK. Does Population Matter for Climate Change? In: Guzmán, José Miguel, George
Martine, Gordon McGranahan, Daniel Schensul, and Cecilia Tacoli, eds. 2009. Population
Dynamics and Climate Change. New York: UNFPA, and London: IIED (International Institute of
Environment and Development)
https://www.unfpa.org/resources/population-dynamics-and-climate-change