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Mirela Assunção Simões

Suzan Diniz Santos


Danielli de Matias de Macedo Dantas
Alfredo Olivera Gálvez

ALGAS CULTIVÁVEIS E SUA


APLICAÇÃO BIOTECNOLÓGICA

1ª edição

INSTITUTO
FEDERAL
Sergipe
ALGAS CULTIVÁVEIS E SUA APLICAÇÃO BIOTECNOLÓGICA
Mirela Assunção Simões, Suzan Diniz Santos, Danielli de Matias de
Macedo Dantas e Alfredo Olivera Gálvez

Editor Chefe: Igor Adriano de Oliveira Reis


Conselho editorial: EDIFS
Thiago Guimarães Estácio

Nenhuma parte dessa obra pode ser utilizada ou reproduzida sem


autorização dos editores.
©2016 by Mirela Assunção Simões, Suzan Diniz Santos, Danielli de Matias
de Macedo Dantas e Alfredo Olivera Gálvez

Dados internacionais de Catalogação na publicação (CIP)

Algas cultiváveis e sua aplicação biotecnológica [recurso eletrônico] /


A394 Mirela Assunção Simões... [et al.]. – Aracaju: IFS, 2016.
91 p. : il.

Formato: e-book
ISBN 978-85-68801-37-6

1. Algas - cultivo. 2. Biotecnologia - algas. I. Simões, Mirela


Assunção. II. Santos, Suzan Diniz. III. Dantas, Danielli de Matias de
Macedo. IV. Gálvez, Alfredo Oliveira.
CDU: 582.27

CRB 5/1030

IFS
Avenida Jorge Amado, 1551 - Loteamento Garcia Bairro Jardins - Aracaju / Sergipe.
CEP.: 49025-330 TEL: 55 (79) 3711-1437. E-mail: edifs@ifs.edu.br.
Publicado no Brasil – 2016
Ministério da Educação

Instituto Federal de Educação, Ciência e


Tecnologia de Sergipe

Presidente da República
Michel Temer

Ministro da Educação
Mendonça Filho

Secretário da Educação Profissional e Tecnológica


Marcos Antônio Viegas Filho

Reitor do IFS
Ailton Ribeiro de Oliveira

Pró-reitora de Pesquisa e Extensão


Ruth Sales Gama de Andrade
SUMÁRIO

2. INTRODUÇÃO...............................................................8

3. CAPÍTULO I – MICROALGAS..................................... 11
3.1. MICROALGAS: TAXONOMIA, BIOLOGIA E HISTÓRICO.11
3.2. BIOTECNOLÓGICA DAS MICROALGAS ........................ 17
3.2.1. COMPOSTOS BIOATIVOS E ATIVIDADES
BIOLÓGICAS............................................................................ 17
3.2.2. APLICAÇÃO BIOTECNOLOGIA GERAL .................. 22
3.2.3. APLICAÇÃO FARMACÊUTICA E COSMÉTICOS..... 23
3.2.4. APLICAÇÃO ALIMENTÍCIA.........................................24
3.2.5. BIOCOMBUSTÍVEIS.................................................. 25
3.2.6. BIORREMEDIAÇÃO................................................... 26
3.2.7. AVANÇOS NA GENÉTICA MOLECULAR DE
MICROALGA......................................................................... 27
3.3. ESPÉCIES DE MICROALGAS CULTIVÁVEIS.................. 29
3.3.1. PRODUÇÃO MUNDIAL ............................................. 32
3.3.2. PRODUÇÃO NO BRASIL........................................... 33
3.4. SISTEMAS DE CULTIVO DAS MICROALGAS................. 34
3.4.1. TIPOS DE CULTIVO.................................................... 34
3.4.2. OBTENÇÃO DE BIOMASSA......................................37
3.5. PATENTES DE PROCESSOS E PRODUTOS COM
MICROALGAS........................................................................... 38
DEPÓSITO DE PATENTE: BEBIDA ALCOÓLICA
FUNCIONAL DE MICROALGA: PROCESSO DE CULTIVO E
PRODUÇÃO..........................................................................41
RELATÓRIO DESCRITIVO DA PATENTE DE INVENÇÃO..41
CAMPO DA INVENÇÃO .......................................................41
RESUMO...............................................................................41
DESCRIÇÃO DO ESTADO DA TÉCNICA.............................42
APRESENTAÇÃO DOS PROBLEMAS EXISTENTES......... 45
APRESENTAÇÃO DA SOLUÇÃO EM LINHAS GERAIS..... 46
SUMÁRIO DA INVENÇÃO....................................................47
DESCRIÇÃO DETALHADA DO INVENTO........................... 48
REIVINDICAÇÃO.................................................................. 53
3.6. POSSIBLIDADE DE APLICAÇÃO DO CULTIVO DE
MICROALGAS NO ESTADO DE SERGIPE............................. 54
3.7. REFERÊNCIAS................................................................... 55

4. CAPÍTULO II – MACROALGAS...................................67
4.1. HISTÓRICO, BIOLOGIA E TAXONOMIA DAS
MACROALGAS......................................................................... 67
4.2. MACROALGAS: PRODUÇÃO, CULTIVO E
AQUICULTURA......................................................................... 68
4.3. APLICAÇÃO BIOTECNOLÓGICA GERAL DAS
MACROALGAS......................................................................... 72
Aplicação farmacêutica e cosméticos.................................. 73
Biorremediação..................................................................... 73
Avanços na genética molecular de macroalga......................78
4.4. BUSCA DE PATENTES ENVOLVENDO ALGAS NO
BRASIL...................................................................................... 79
4.5. PARTE DA DISSERTAÇÃO “ESTUDO DE CULTIVO E DE
BIOMOLÉCULAS DA MACROALGA GRACILARIA BIRDIAE
(RHODOPHYTA, GRACILARIALES)” ENVOLVENDO
SISTEMA DE CULTIVO ............................................................ 81
4.5.1. CULTIVO DA MACROALGA G. birdiae NA PRAIA DE
PAU AMARELO.....................................................................81
MATERIAIS E MÉTODOS.....................................................81
OBTENÇÃO DAS VARIÁVEIS ABIÓTICAS ......................... 85
PARÂMETROS DE CRESCIMENTO: BIOMASSA E TAXA
DE CRESCIMENTO RELATIVO (TCR)................................ 86
RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................. 86
VARIÁVEIS ABIÓTICAS ...................................................... 86
VARIAÇÃO DA BIOMASSA.................................................. 89
TAXA DE CRESCIMENTO RELATIVO (TCR)...................... 90
CONCLUSÃO....................................................................... 92
4.7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................. 93
1. Apresentação

Este livro é resultado de uma vontade em buscar proporcionar, outra


forma de apresentação e, de divulgação, que possa disseminar e aumentar o
alcance de um público maior a informações levantadas e trabalhadas durante
alguns anos por pesquisadores envolvidos no tema de algas cultiváveis.
O texto está baseado em uma tese e dissertação realizada pelos auto-
res, apresentando no primeiro capítulo, uma revisão resultante da tese que
inclui: Taxonomia, Biologia, Histórico, Aspectos Biotecnológicos, Produção,
Sistemas de Cultivos e uma relação de algumas Patentes Envolvendo Tecno-
logia e Produtos das Microalgas, além de uma breve colocação a respeito das
perspectivas e condições para cultivo destas no estado de Sergipe. O segundo
capítulo é compostos pelo de tema Macroalgas: Biologia, cultivo, produção
biotecnológica, entre outros, e por parte de uma dissertação, a qual contém
informações relevantes referentes a um sistema de cultivo de macroalgas
desenvolvido no litoral de pernambucano, assim como perspectivas e condi-
ções para cultivo das mesmas macroalgas no estado de Sergipe.
O livro destina-se a alunos e aos professores envolvidos em disciplinas
na área de aquicultura e pesca ou correlata, auxiliado no seu ensino e apren-
dizagem, como também, a todos que se interessam conhecer um pouco mais
sobre algas cultiváveis.
2. INTRODUÇÃO

Em ficologia aplicada, o termo microalga é utilizado de uma forma geral


para designar algas eucarióticas e cianobactérias procarióticas, microorganis-
mos fotossintéticos filamentosos ou unicelulares. (MASOJÍDEK, et al 2010).
Sob o ponto de vista biotecnológico, não constituem um grupo de micror-
ganismos muito estudado. Dentre as dez mil espécies de microalgas que se
acredita existirem, pouco mais de mil linhagens são mantidas em coleções ao
redor do mundo, apenas algumas centenas foram investigadas por seu con-
teúdo químico, e somente pequena quantidade tem sido cultivada em escala
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industrial (algumas toneladas por ano). Desta forma, representam uma opor-
tunidade para novas descobertas (OLAIZOLA, 2003).
Estes organismos possuem importância biológica, ecológica e econô-
mica. Em termos biológicos, o valor deste grupo de organismos reside na
estruturação da atual atmosfera terrestre, possibilitando a vida sobre a super-
fície da Terra dos seres vivos aeróbicos. Ao passo que o fato de constituí-
rem-se em produtores primários atribui às algas a importância ecológica na
medida em que estas sustentam a vida nos mares e oceanos desempenhando,
assim, um papel ecológico fundamental na manutenção destes ecossistemas.
Já a importância econômica é determinada pela diversidade de usos das algas
em vários países no mundo, desde a indústria alimentícia, medicamentos,
imunoestimulantes, cosmética à dos biocombustíveis (VIDOTTI & ROL-
LEMBERG, 2004).
Tanto a utilização da biomassa in natura ou dos extratos algais das mais
diversas classes, têm demonstrado resultados promissores nos diferentes inte-
resses econômicos, principalmente nas indústrias nutraêutica e farmacêutica.
De um modo geral, as macroalgas marinhas apresentam grande diver-
sidade referente ao seu modo de vida. A maioria vive fixa a substrato sólido,
sobretudo rochas ou corais mortos, embora algumas espécies apresentem
adaptações para crescerem sobre o substrato não consolidado como fun-
dos areno-lodosos (Oliveira, 2002). As macroalgas da Divisão Rhodophyta,
apresentm em especial, maior riqueza de táxons de valor econômico, prin-
cipalmente os gêneros Digenia, Gracilaria, Gelidiella, Gelidium, Hypnea e
Pterocladiella (Marinho-Soriano, 1999).Segundo Bellorin (2002) a macroal-
gaGracilaria é o gênero mais bem representado de algas vermelhas, com mais
de 100 espécies reconhecidas e, além disso, se distribuem na maior parte dos
mares tropicais e temperados do mundo (Oliveira e Plastino, 1994). Desta
forma, esse gênero destaca-se por ser a principal fonte mundial de ágar (Oli-
veira e Aveal, 1990; Oliveira et al., 2000).
A biomassa algal para uso industrial pode ser proveniente de bancos
naturais (extrativismo) ou de cultivo. Entretanto, a sustentabilidade da indús-
tria de macroalgas reside nos cultivos, uma vez que os bancos naturais não
são suficientes para atender a crescente demanda que vem sendo intensificada
nas últimas décadas, principalmente na produção de ficocolóides e para o uso
na alimentação (Critchley, 1997; Oliveira et al., 2000). A produção mundial
de algas atingiu 15,1 milhões de toneladas no ano de 2006 que correspondeu
a 7.200 milhões de dólares. O cultivo de algas tem crescido de maneira cons-

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tante a um ritmo médio anual de 8% desde 1970, com isso já representa 93%
da produção total mundial de algas. A China destaca-se como maior produ-
tor de algas, sendo responsável por cerca de 72% da produção mundial (10,9
milhões de toneladas) seguem como importantes produtores as Filipinas (1,5
milhões de toneladas), a Indonésia (0,91 milhões de toneladas), a Républica
da Coréia (0,77 milhões de toneladas) e o Japão (0,49 milhões de toneladas).
Apesar do Japão ser o quinto maior produtor de algas em relação ao volume
produzido ele é o segundo em receita gerada pela produção de algas, devido
ao alto valor comercial da nori (Porphya tenera), principal espécie cultivada
neste país. (FAO, 2008). Dessa forma, a opção de cultivo torna-se a alternativa
mais interessante, pois diminui a pressão sobre os estoques naturais além de
ser um potencial para o desenvolvimento das regiões costeiras (Marinho-So-
riano, 2005).

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3. CAPÍTULO I – MICROALGAS

3.1. MICROALGAS: TAXONOMIA, BIOLOGIA E


HISTÓRICO
As microalgas foram os primeiros organismos capazes de realizar fotos-
síntese e um dos principais agentes responsáveis pela criação da atual atmos-
fera terrestre. São fundamentais para o equilíbrio planetário, uma vez que a
dinâmica do dióxido de carbono na Terra é em grande parte determinado por
estes organismos que são responsáveis por mais da metade da atividade fotos-
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sintética de todo planeta. Muitas das substâncias sintetizadas e acumuladas


pelas microalgas são também encontradas nas plantas, as quais evoluíram
das algas verdes ou clorófitas (RAVEN et al., 2001). Adicionalmente, desem-
penham um papel importante na transferência de energia ao longo da cadeia
trófica, por serem produtoras primárias e, portanto responsáveis pela base na
alimentação de outros organismos aquáticos. Portanto, as algas são conside-
radas uma rica fonte natural de metabólitos secundários, incluindo nutrientes
funcionais e peptídeos bioativos. Estes fatores, associados às suas atividades
biológicas e seus efeitos na saúde, têm despertado o interesse de muitos cien-
tistas (KIM & WIJESEKARA, 2010).
Combinam típicas propriedades de plantas superiores (fotossíntese aeró-
bica eficiente e simplicidade de requisitos nutricionais) com atributos biotec-
nológicos característicos de células microbianas (crescimento rápido em cul-
tura líquida e capacidade para acumular ou secreta alguns metabólitos). Esta
particular combinação apoia a utilização desses microrganismos para proces-
sos aplicados e representa a base da biotecnologia de microalgas (CAMPOS
et al., 2007)
Segundo Olaizola (2003) para ser designado microalga, o organismo
necessita ser normalmente microscópico, unicelular (mas pode ser colonial,
com pequena ou não diferenciação celular), apresentar coloração (devido aos
pigmentos acessórios e fotossintéticos), ocorrer principalmente em água (mas
não necessariamente), e provavelmente ser fotoautotrófico (mas não necessa-
riamente o tempo todo).
A classificação taxonômica das algas é bastante extensa, pois exibem
uma enorme diversidade de espécies, com representantes de formas unice-
lulares que possuem desde micro a milímetros de diâmetro, células em colô-
nia, filamentos até folhas e talos com diferenciações complexas. As algas
são divididas em algumas classes principais onde a separação clássica ini-
ciamente foi baseada no tipo de pigmento: Cyanophyceae (azul-esverdeada),
Rhodophyceae (vermelho), Phaeophyceae (marrom), Chrisophyceae (marrom
dourado), Bacillariophyceae (diatomáceas), Chlorophyceae (verde), e Xan-
thophyceae (verde-amarelo). A sistemática moderna mantém estes grandes
grupos, mas conta com a classificação atualizada com base na análise de pig-
mento por cromatografia líquida, assim como outras características, tais como
produtos de armazenamento metabólico, flagelação, estrutura e componentes
da parede celular. Nos últimos anos, as técnicas modernas de biologia mole-
cular têm sido utilizadas para confirmar ou alterar a classificação anterior de

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algas e tornaram-se uma ferramenta promissora para explorar seus produtos


(BEN-AMOTZ 2009).
As Clorófitas, ou algas verdes, envolvem um grupo amplo de organismos
com uma enorme variabilidade morfológica variando de formas microscópi-
cas a macroscópicas, compreendendo quatro classes: Micromonadophyceae,
Carophyceae, Ulvophyceae e Chlorophyceae. Possuem clorofila a e b e vários
carotenoides, que podem ser sintetizados e acumulados fora do cloroplasto
sob condições de deficiência de nitrogênio e/ou outro tipo estresse, conferindo
a alga uma cor laranja ou vermelho. O produto de armazenamento é o amido,
composto de amilose e amilopectina, que ao contrário das outras algas, é for-
mado no interior do cloroplasto. A parede celular geralmente contém celu-
lose. O grupo inclui organismos cocóides, flagelados unicelulares ou colo-
niais, filamentos multicelulares ou multinucleados. A maioria das espécies
têm estágios flagelados com o flagelo apicalmente inserido dentro da célula,
com o sistema radicular flagelar fundeado com quatro séries de microtúbulos.
As algas verdes são cosmopolitas, sendo principalmente dulciaquícolas, mas
um grande número de espécies também se desenvolvem em habitats marinho,
terrestre e subaéreo. Algumas espécies ocorrem em associações simbióticas,
geralmente com liquens. A exploração comercial de algas verdes microscó-
picas compreende relativamente poucos gêneros da classe Chlorophyceae
entre os quais: Chlorella, Dunaliella, Haematococcus e Botryocccus braunii
(TOMASELLI, 2008).
A espécie Chlorella vulgaris é uma alga unicelular dulciaquícola perten-
cente à classe Chlorophyceae, ordem Chlorococcales e família Oocystaceae
(Figura 1). Apresenta forma de vida celular ou colonial, e pode acumular pig-
mentos como clorofila a e b, β-caroteno e xantofilas e sua principal fonte de
reserva energética é o amido (WILSON & HUNER, 2000). O gênero Chlo-
rella (Chlorophyta) é um gênero cosmopolita com pequenas células globula-
res (3–8 μm em diâmetro), que inclui espécies com tolerância a altas tempe-
raturas, já que algumas podem crescer entre 15°C e 40°C. Frequentemente
é utilizada como suplemento alimentar e alimento saudável, assim como na
indústria de cosmético e farmacêutica. Contém em sua composição proteínas,
carotenóides, alguns imunoestimuladores, polissacarídeos, vitaminas e mine-
rais (MASOJÍDEK et al 2010). Possui altas produtividades, o que a caracte-
riza um dos organismos mais comumente utilizados na produção de biomassa
de algas (GÖRS et al., 2009).

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Scenedesmus subspicatus pertence à classe Chlorophyceae, Ordem


Chlorococcales e família Scenedesmaceae(ALGAEBASE, 2008) (Figura 2).
Esta espécie é cosmopolita, apresenta altas taxas de crescimento e é bastante
utilizada como um organismo modelo para estudos toxicológicos (BEHRA
et al, 1999, MA et al., 2003, WIND & BELARGER, 2006, DAUS et al 2010,
GÜÇLÜ e ERTAN, 2012). Similar ao gênero Chlorella cepas de Scenedesmus
podem produzir, no cultivo em larga escala, uma biomassa com um conteúdo
de 50-56% de proteína (SOEDER & HEGEWALD, 1988) . Apesar do poten-
cial desta espécie, sua utilização comercial para outras finalidades é recente,
havendo apenas alguns registros de estudos fisiológicos visando sua aplicação
na alimentação de organismos aquáticos (LÜRLING, 1997), assim como na
produção de biocombustíveis (SIGEE et al, 2007 e DEAN et al., 2010).

1000x

Figura 1: Chlorella vulgaris (UTEX, 2012) Figura 2: Scenedesmus subspicatus (UTEX, 2012)

Ao longo da história, os microorganismos vêm sendo empregadas para


diversas finalidades, sendo a mais antiga, sua utilização para alimentação de
humanos e animais. A Spirulina (Arthrospira), um organismo procariótico
microscópico (cianobactéria), tem sido utilizada na alimentação humana há
no mínimo 700 anos.Sua origem remontam aos americanos nativos (lago Tex-
coco, México) e africanos (lago Chade), onde eram usadas como fonte alter-
nativa de proteínas (teor de proteína> 50%) (BATISTA et al., 2011).
No entanto, o cultivo comercial de microalgas teve início há apenas algu-
mas décadas (OLAIZOLA, 2003). A produção em escala industrial iniciou
na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, como fonte acessível de
proteínas (já que a carne animal era um bem escasso) (SOEDER, 1986) e com
o início do cultivo massivo das diatomáceas, que mostravam a capacidade de

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acumular grandes quantidades de lipídeos em certas condições de cultivo.


O consumo destes organismos destacou-se nos países asiáticos, onde desde
os anos 60 a microalga Chlorella ainda é comercializada com êxito, consu-
mida como um produto além de nutricional também medicinal (RICHMOND,
2004). Após a Segunda Guerra Mundial, as microalgas passaram então a ser
visualizadas como promissoras na substituição das proteínas animais na ali-
mentação humana por vários grupos de pesquisa durante os anos 70 e 80,
mais especificamente nos EUA, Alemanha, Israel, Checoslováquia, Japão,
Tailândia e França. Com o início da crise energética, estes organismos tam-
bém foram sugeridos como uma fonte de biomassa para produção do metano
(CHAUMONT, 1993).
Os primeiros produtos comerciais provenientes de algas foram polissa-
carídeos extraídos de macroalgas e utilizados como fonte de ficocolóides. Na
sequência da introdução de algas para uso humano nos princípios do século
17, o mercado mundial expandiu oferecendo diversos produtos de algas em
uma ampla variedade de aplicações. A utilização de microalgas entrou no
mercado só depois no final do século passado, quando a tecnologia de cul-
tivo e coleta deste organismo unicelular foi desenvolvida. Quatro espécies
de microalgas (Spirulina, Chlorella, Dunaliella e Nannochloropsis) atingiram
o nível de produção em cultivo em larga escala aberto, enquanto que mais
algumas espécies unicelulares foram ampliados com sucesso em sistema de
cultivo em bioreatores fechados (BEN-AMOTZ, 2009).
Vantagens potenciais de algas como matéria-prima para diversos fins
na biotecnologia incluem a sua capacidade de: sintetizar e acumular grandes
quantidades de lipídeo neutro / óleo (20-50% do peso seco), crescimento a
taxas elevadas (por exemplo, duplica de 1-3 vezes por dia), toleram regiões
que não são adequados para a agricultura convencional (por exemplo, solos
do deserto, árido e semi-árido), utilizar os nutrientes para o crescimento, tais
como nitrogênio e fósforo a partir de uma variedade de fontes de águas resi-
duais, proporcionando o benefício adicional de biorremediação em águas resi-
duais; removem o dióxido de carbono de gases emitidos de combustíveis fós-
seis de usinas termoelétricas e outras fontes, gerando assim uma maior redu-
ção das emissões de gás no efeito estufa; produz co-produtos ou subprodutos
de alto valor agregado (biopolímeros, proteínas, polissacarídeos, pigmentos,
ração animal, fertilizante e H2), crescem durante todo o ano com uma produ-
tividade cerca de dez vezes maior que vegetais superiores (HU et al., 2008).

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A principal vantagem de se cultivar comercialmente as microalgas é a


obtenção de seus produtos metábolitos, que são utilizados na alimentação
de organismos marinhos e terrestres, como suplementos alimentares para os
seres humanos, ou para seu uso em processos ambientais, como tratamento de
águas residuais, fertilização dos solos, biocombustíveis e fitorremediação de
resíduos tóxicos (PEREZ-GARCIA et al., 2011).

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3.2. BIOTECNOLÓGICA DAS MICROALGAS

3.2.1. COMPOSTOS BIOATIVOS E ATIVIDADES BIOLÓGICAS

A busca por compostos bioativos a partir de microalgas vêm se tornando


cada vez mais promissora, acompanhado da introdução crescente de espé-
cies cultivadas a nível comercial, facilitando e viabilizando a obtenção destas
moléculas de interesse. A manutenção controlada e a produção de microalgas
é um factor essencial para explorá-las como uma fonte economicamente viá-
vel de importantes produtos.
Os organismos fotossintetizantes possuem dois tipos de metabólitos:
primários e secundários. Os metabólitos primários respondem ao conjunto
de processos metabólicos que desempenham uma função essencial, exer-
cendo função ativa nos processos de fotossíntese, respiração e assimilação de
nutrientes. Os compostos envolvidos no metabolismo primário possuem uma
distribuição universal. Os metabólitos secundários estão intimamente asso-
ciados à estratégias de defesa das plantas, sendo principalmente distribuídos
em três grupos de acordo com sua rota biossintética: terpenos, compostos
fenólicos e compostos contendo nitrogênio (TAIZ & ZEIGER, 2004).
O estudo do metabolismo secundário em microalgas foi desenvolvido
a partir do isolamento e do reconhecimento de produtos químicos bioativos,
através da pesquisa sobre a sua biossíntese e o estudo dos mecanismos de con-
trolo fisiológicos envolvidos. Tanto os processos metabólicos primários como
os secundários envolvem nucleótido de piridina /flavoproteína/ processos de
transferência de elétrons da cadeia de citocromos e a reatividade anidrido dos
tioésteres e anidridos fosfóricos, respectivamente. Os compostos formados na
fase de produção do metabolismo secundário são geralmente constituídos de
diferentes componentes intermediários que são acumulados nas células das
microalgas ou no meio de cultura, durante seu período de crescimento e são
precursores do metabolismo primário (SKULBERG, 2004) (figura 3).
Os compostos bioativos são geralmente metabolitos secundários, que
incluem vários tipos de substâncias que variam a partir de ácidos orgânicos,
carboidratos, aminoácidos e péptidos, vitaminas, substâncias de crescimento,
antibióticos e enzimas. Os metabolitos apresentam uma vasta gama de ativi-
dades biológicas, incluindo atividade anticancerígena, antioxidante, antiviral

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e efeitos imunomoduladores. Há um potencial de descoberta de novos medi-


camentos a partir destes metabólitos (CHU, 2012).

Figura 3: Produtos da síntese dos metabólitos primários e secundários

Estudos sobre os compostos bioativos de microalgas (KIM &WIJE-


SEKARA,2010, SCHOLZ & LIEBEZEIT, 2012) também têm demonstrado
efeito antitumoral, propriedades quimiopreventivas (WANG, et al 2010), ati-
vidade anti-inflamatória (GUZMÁN; GATO; CALEJJA, 2001) e atividade
antimicrobiana (KATHARIOS et al., 2005, PARISI et al., 2009). Pesquisas
com culturas de Chlorella vulgaris demonstraram a produção de metabolitos
secundários, que se comportam como antibióticos para com bactérias Gram-
-positivas, Gram-negativas e antifúngicas (CHA et al., 2010, PLAZA, et al
2012.
Além das atividades demonstradas acima, as microalgas apresentam
potencial atividade antioxidante (PLAZA; CIFUENTES; IBANES, 2008;
GAO & TAM, 2011), Os antioxidantes são comumente usados para inibir, pre-
venir ou retardar a deterioração pela oxidação, podendo atuar na redução dos
radicais livres (antioxidante primário) ou por um mecanismo que não envolve
a redução direta dos radicais livres (antioxidante secundário). Os antioxidan-
tes primários, como os compostos fenólicos, serão consumidos durante a fase

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de iniciação. Os antioxidantes secundários como o ácido ascórbico e o ácido


cítrico, irão atuar por uma variedade de mecanismos incluindo a ligação com
íons metálicos, a redução de oxigênio, a conversão de hidroperóxidos a espé-
cies não-radicais, a absorção de radiação ultravioleta ou a desativação do oxi-
gênio (POKORNY, 2001).
Os compostos fenólicos são encontrados em extratos de microalgas de
diferentes grupos taxonômicos (SCHOLZ e LIEBEZEIT, 2012). São impor-
tantes no metabolismo das plantas e tem se tornado importante para a saúde
dos humanos devido as suas características, particularmente relacionadas
às suas propriedades antioxidantes (VENDRAMINI, 2004, CHA et al.,
2010) e farmacológicas, como atividades antivirais e antimicrobianos (ABD
EL-BAKY et al., 2008).
O crescente número de publicações representam a diversidade de subs-
tâncias presentes nas microalgas e suas respectivas atividades biológicas,
gerando resultados científicos que permitem o avanço na geração de novos
produtos a partir dos compostos bioativos identificados e suas possíveis
aplicações.
Muitas empresas estão conscientes das descobertas cientificas e da ten-
dência de consumo destes compostos naturais, e buscam novos ingredientes
para incorporar aos produtos já existentes e aos que poderão ser desenvolvi-
dos no futuro. Uma tendência que está se destacando é o aumento na procura
por parte da população, de produtos funcionais baseados em compostos bioa-
tivos ou fitoterápicos (ROCHA FILHO, 1995).

Tabela 1 – Empresas, produtos de origem algal e as atividades biológicas atribuídas (adaptada


de PULZ & GROSS, 2004).

Atividade
Empresa País Microalgas Produto
biológica
Korea Chlo- Extrato de
Coreia Chlorella Nutracêutico
rella Co. Chlorella
Nova Extrato de
Lifestream Chlorella Nutracêutico
Zelândia Chlorella
Ácido Creme facial com
Solazyme USA Botryococcus braunii
glucurônico protetor solar
Nutracêutico,
Sun Extrato de Creme facial,
USA Chlorella pyrenoidosa
Chlorella Chlorella Suplemento para
animais
Martek Desenvolvimento
USA Crypthcodinium DHA
Omegatech cerebral

19
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Macedo Dantas e Alfredo Olivera Gálvez

Tratamento da
Cyanotech USA Haematococus Astaxantatina Síndrome do
Tunel Carpo
Antiinflamatório,
Mera USA Haematococus Astaxantatina tratamento de
lesões musculares
Melhora da res-
Ocean Extrato de
Canadá Chlorella posta imunoló-
Nutrition carboidratos
gica, antigripal
InnovalG França Odoniella EPA Antiinflamatório
Panmol/ Melhora da res-
Áustria Spirulina Vitamina B12
Madaus posta imunológica
Tratamento de
Nutrinova
Alemanha Ukenia DHA doenças cerebrais
Celanese
e cardíacas

As microalgas podem ser adicionados aos alimentos ou utilizadas a par-


tir de compostos isolados dos extratos. Quando usados na forma de extratos,
os compostos presentes dependem, principalmente, do método de extração
e do solvente utilizado (MARIUTTI & BRAGAGNOLO, 2007). Diversos
solventes vêm sendo utilizados e comparados para extração de pigmentos e
compostos em microalgas (WRIGHT et al., 1997, SILVEIRA et al., 2006,
MORAES et al., 2010).
Semelhantemente ao que ocorre em outros organismos, cada classe de
microalgas apresenta sua própria combinação de pigmentos e, conseqüente-
mente, coloração distinta. Os três principais grupos de pigmentos encontra-
dos na biomassa microalgal são as clorofilas, os carotenoides e as ficobilinas
(ficobiliproteínas) (ABALDE et al., 1998).
A substância presente no extrato da microalga Chlorella de maior impor-
tância é β-1,3-glucana, que é um imunoestimulador, sequestra radicais livres,
além de ser um redutor de lípidos no sangue. No entanto, vários outros efeitos
promovendo melhorias na saúde já foram observados (eficácia no tratamento
de úlceras gástricas, feridas, e prisão de ventre; ação preventiva contra a ate-
rosclerose e hipercolesterolemia e ação antitumoral (YAMAGUCHI, 1997).
Para Scenedesmusos principais pigmentos porfirínicos são clorofila a e b. Os
carotenoides encontrados na espécie Scenedesmus obliquus são neoxantina,
loroxantina, violaxantina e luteína, porém também há presença de β-caroteno.
A maioria dos carotenóides são conhecidos pelo potencial de atividade antio-
xidante e terapêutico. Os compostos antioxdantes podem neutralizar radicais

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ALGAS CULTIVÁVEIS E SUA APLICAÇÃO BIOTECNOLÓGICA
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livres em células e tecidos, os protegendo assim de danos oxidativos (CHU


et al., 2011)
Os compostos ou extratos algais, dependendo das condições de cultivo
e processamento, podem exibir diferentes concentrações de moléculas bioa-
tivas e com diferentes atividades biológicas. Por serem um grupo extrema-
mente diverso, esta diversidade se reflete também na sua composição bioquí-
mica. Os fatores biológicos e os químicos influenciam no crescimento das
microalgas, sendo assim, a composição pode ser alterada significativamente
pelas condições de cultivo que podem interferir no metabolismo das células
e consequentemente na síntese dos compostos de interesse. Nesse sentido,
manipulação dos cultivos de microalgas têm sido realizados visando à pro-
dução de biomassa tanto para uso na elaboração de alimentos quanto para a
obtenção de compostos naturais com alto valor no mercado mundial. (LOU-
RENÇO, 2006).
Em Scenedesmussp., por exemplo, a atividade da enzima superóxido
desmutase que converte superóxido a peróxido de hidrogênio, aumenta a
medida que se eleva as concentrações de metal no meio onde estão presentes
(WILTSHIRE et al., 2000). O aumento da síntese de carotenóides em Scene-
demussp. tem sido demonstrado como uma resposta ao estresse oxidativo e,
portanto, pode ser controlado (aumento o poder de síntese) utilizando diferen-
tes condições de cultivo(CHU et al., 2011)
Além de sintetizarem uma gama de compostos no interior das células, as
algas produzem uma grande variedade de metabólitos quimicamente ativos no
meio onde vivem, potencialmente como uma forma de se protegerem contra
a sedimentação por outros organismos. Estes metabólitos ativos são conheci-
dos como compostos biogênicos, representado pelos compostos halogenados,
álcoois, aldeídos, terpenos que são produzidos por várias espécies de macro e
microalgas e possuem propriedades como antibacterianas e antifúngicos que
são eficazes na prevenção da incrustação biológica e além disso possuem apli-
cações terapêuticas. Utilização de algas, como as Clorofíceas têm recebido
um crescente interesse pois seus compostos podem ser extraídos e utilizados
como para uma gama de produtos farmacêuticos. Compostos biogênicos que
também possuem antibacteriana interessante, propriedades anti-incrustação e
antialgal foram isolados dos membros das microalgas Chlorophyceae (BHA-
DURY & WRIGHT, 2004).
Outro exemplo de composto extracelular é encontrada quando ocorre
em ambiente natural a morte de algas concentrações de diatomáceas (crisófi-

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ALGAS CULTIVÁVEIS E SUA APLICAÇÃO BIOTECNOLÓGICA
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tas). O depósito de sua carapaça rica em carbonato de cálcio contribui para a


formação de um sedimento denominado “terra de diatomáceas”. O acúmulo
deste composto pode ser aproveitado na fabricação de filtros, produtos abra-
sivos, cremes dentais, lixas para polimentos finos ou na indústria de cosméti-
cos. (VIDOTTI & ROLLEMBERG, 2004).

3.2.2. APLICAÇÃO BIOTECNOLOGIA GERAL


Biotecnologia de microorganismos tem sido desenvolvida para diferentes
aplicações comerciais. Algumas espécies de microalgas destacam-se por
apresentar características de interesse para a indústria. Dentre as diversas
aplicações, destaca-se a utilização na indústria farmacêutica, pois algumas
espécies de microalgas produzem compostos bioativos como antioxidantes e
antibióticos. Como são organismos fotossintéticos, as microalgas contêm clo-
rofila e podem ser usadas como alimentos e cosméticos. Também são usados
como suplementos nutricionais para o consumo humano, devido aos elevados
teores de proteínas, polissacarídeos e os conteúdos de vitaminas. Além disso,
estes organismos possuem altos níveis de lipídios que podem ser extraídos e
convertidos em biocombustíveis. (HARUN et al., 2010) (Figura 4).
Microorganismos fotossintéticos vivendo em condições naturais ou de
cultivo produzem e liberam uma ampla variedade de substâncias orgânicas
no ambiente que vivem, podendo produzir metabólitos secundários, entre eles
um grande número e variedade de substâncias bioativas, com uma variada
gama de estruturas biológicas e químicas (BOROWITZKA, 1995).

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ALGAS CULTIVÁVEIS E SUA APLICAÇÃO BIOTECNOLÓGICA
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Figura 4: Aplicações biotecnológicas das microalgas

3.2.3. APLICAÇÃO FARMACÊUTICA E COSMÉTICOS


O advento da biologia molecular tem levado a uma melhor compreensão
da biossíntese e fisiológicas funções das moléculas bioativas em microalgas.
Esforços também têm sido investidos para o desenvolvimento de microalgas
transgênicas como ‘fábricas celulares verdes’ para produzir novos fármacos
utilizando técnicas de transformação genética (CHU, 2012).
Apenas na década de 70 ocorreram grandes progressos, com a utilização
de culturas para a produção de pigmentos, suplementos alimentares e vita-
minas para a indústria farmacêutica (SOEDER, 1986). Microalgas são uma
fonte potencial de suplementos alimentares diversos e biomateriais utiliza-
dos na indústria farmacêutica. Algumas destas omega-3 são ácidos graxos,
ácido eicosapentanóico (EPA), decosahexaenoic ácido (DHA) e clorofila. A
clorofila é um outro produto farmaceuticamente importante obtida a partir da
microalga. Acredita-se que quase todas as algas cultivadas sob condição ideal
contém em torno de 4% do peso seco das células contém clorofila. Chlorella

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foi relatado que têm uma quantidade elevada de clorofila entre várias espé-
cies de microalgas. A atividade quelante da clorofila tem mostrado benefícios
farmacêuticos especialmente no tratamento de úlceras no fígado. Clorofila
foi também investigado como fonte de pigmentos em cosméticos. (SINGH &
GU, 2010).
Na aplicação na indústria de cosméticos, extratos de microalgas podem
ser principalmente encontrados em produtos de cuidados para a pele e rosto
(cremes antienvelhecimento, produto regenerador ou refrescante). Outras
aplicações cosméticas a partir de microalgas estão representados em produtos
para cabelo e proteção solar. Um exemplo de produto comercialmente dispo-
nível é um extrato de Chlorella vulgaris que estimula a síntese de colágeno
na pele, a regeneração de tecidos, contribuindo para a redução do envelheci-
mento. (Dermochlorella, Codif, St. Malo, França) (SPOLOARE et al., 2006).

3.2.4. APLICAÇÃO ALIMENTÍCIA


A biomassa produzida a partir de microalgas pode ser utilizada em diver-
sas aplicações. Por apresentar valores nutritivos, a biomassa pode constituir
um alimento ou suplemento alimentar para animais. Também pode ser comer-
cializada como complementos para a alimentação humana, geralmente sob a
forma de cápsulas (MATA et al., 2010).
Além do uso como alimento para animais aquáticos e terrestres, o valor
nutricional reconhecido da biomassa de algas tem promovido a sua utilização
como um elevado suplemento de proteína na nutrição humana e como nutra-
cêuticos (CAMPOS et al, 2007).
Desde o início da produção comercial de biomassa de microalgas, no iní-
cio da década de 1950, o objetivo principal do desenvolvimento deste produto
tem sido focado no mercado nutracêutico e de alimentos funcionais. Há uma
tendência crescente deste mercado, considerando a prosperidade na econô-
mica em todo o mundo, bem como o interesse cada vez maior no mundo oci-
dental por alimentos naturais. A variedade de comprimidos e pó produzidos
a partir das microalgas Chlorella, Spirulina (ou Arthrospira) e Dunaliella está
sendo diversificado com a inserção de outras espécies em potencial. Origi-
nalmente utilizada para produzir astaxantina para pigmentação de peixes e
camarão, foi descoberto que este pigmento poderia ser excelente para pre-
venir o envelhecimento por possuir potencial atividade antioxidante, então a

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principal produção desta espécie está focada na fabricação de nutracêuticos


(RICHMOND et al., 2004).
Atividades de imunopotenciação foram encontradas em células inteiras,
como bactérias, fungos, algas, liquens e plantas superiores. Microalgas com
suas vantagens adicionais como uma longa história de utilização alimentar,
o cultivo fácil, e alto teor nutritivo torná-lo uma fonte valiosa para estudos
imunomoduladoras. Os cientistas estão cada vez mais voltando sua atenção
para as algas como fábricas de ingredientes, particularmente os componentes
nutricionais. O DHA ácido omega-3 fatty extraído algas marinhas já está no
mercado, enquanto várias empresas estão oferecendo o carotenoide e astaxan-
tina (AX) a partir de outras fontes de algas. Spirulina, Chlorella, e Aphanizo-
menon (RAJA & HEMAISWARYA, 2010).
Segundo Richmond (2004) microalgas como Spirulina, Chlorella, Duna-
liella, assim como Scenedesmus, quando corretamente processada têm um
sabor atraente e pode ser assim incorporados em muitos tipos de alimentos
humanos, expandindo a demanda destas microalgas no mercado. Atual-
mente, são comercializadas como alimento natural ou suplemento alimentar e
são encontradas formulações em pó, tabletes, cápsulas ou extratos (DERNER
et al., 2006).
Chlorella contém em sua composição proteínas, carotenoides, alguns
imunoestimuladores, polissacarídeos, vitaminas e minerais, sendo uma das
microalgas mais utilizadas na indústria de alimentos funcionais (MASOJÍ-
DEK et al., 2010). Segundo Wikfors e Ohno (2001) o lucro da venda desta
biomassa para o mercado nutracêutico no Japão é de 500.000 doláres por ano.
Ainda hoje, os nativos do Chade, em determinadas épocas do ano, dependem
quase que exclusivamente da coleta desta microalga para sua alimentação
(JOURDAN, 1996).

3.2.5. BIOCOMBUSTÍVEIS
A produção de biocombustíveis a partir de microalgas é uma das aplica-
ções que ainda não se encontra muito desenvolvida devido a diversos fatores
econômicos e técnicos. Apresenta, contudo, elevadas potencialidades, quer a
nível ambiental, quer a nível econômico. As vantagens ambientais estão rela-
cionadas com a substituição de fontes não renováveis por fontes renováveis de
produção de combustíveis ou eletricidade. As vantagens econômicas estão
relacionadas com o crescimento de uma nova indústria de produção de ener-

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gia baseada na biorrefinação de substancias extraídas da biomassa produzida.


Há uma grande diversidade de possíveis aplicações bioenergéticas gerados a
partir de biomassa de microalgas. Estes incluem diversos biocombustíveis,
como etanol, hidrogênio, bióleo, a geração de energia elétrica, e a produção
de gás de síntese (mistura de hidrogênio e dióxido de carbono) e o carvão.
(ROSA, 2011)
Outras fracções de algas contêm produtos químicos valiosos ou
compostos moleculares que podem ser utilizados na produção de plásticos verdes,
detergentes, produtos de limpeza verdes, e polímeros que são biodegradáveis​​,
não-tóxico, e pode ser vendido a um preço compatível aos produtos derivados
do petróleo. A utilização dos co-produtos de biomassa algal é fundamental
para o sucesso dos biocombustíveis de algas. Alguns analistas de mercado
consideram que, apesar de todos os fatores positivos, como o potencial de
crescimento elevado, a não competição com culturas alimentícias e sua utili-
zação para o seqüestro de CO2, o sucesso comercial da aplicação de biocom-
bustíveis algal depende do desenvolvimento de co-produtos de alto valor (ex.:
polímeros renováveis ​​ou pigmentos). Neste sentido, vários avanços e inova-
ções tecnológicas vêm sendo desenvolvidas na biologia sintética, engenharia
metabólica e genômica, desenvolvimento de sistemas de circuito fechado de
reatores biológicos e tanques abertos de cultivo; sistemas de extração e coleta
de microalgas (SINGH & GU, 2011)
Atualmente, a maiorias dos sistemas de produção de algas podem gerar
de 9.450 a 18.900 litros de óleo por hectare em tanques de cultivo abertos e
microalgas com um teor de 30% de óleo (SINGH & GU, 2011). No entanto,
segundo JIANG et al. (2012) o equilíbrio entre taxas máximas de crescimento
e de produção de óleo e a mínima utilização de nutrientes será a meta final da
produção de biocombustível a partir de algas no futuro. Este saldo será neces-
sário para garantir que esta nova indústria seja tanto rentável como ambien-
talmente responsável.

3.2.6. BIORREMEDIAÇÃO
Por serem produtoras primárias dos ecossistemas aquáticos, as microal-
gas dependem das condições físicas e dos nutrientes presentes no sistema,
demonstrando sensibilidade a possíveis mudanças nestes ambientes. Desta
forma, estes microorganismo fotossintéticos vêm sendo utilizadas como exce-
lentes bioindicadores biológicas da qualidade de água (TREVIÑO, 2008),

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além de sua eficiência na remoção de nutrientes em sistemas de tratamento


de água. Sua utilização no tratamento de águas residuais e na biorremediação
teve início aproximadamente nos ano 80 (SPÍNOLA, 2010).
O uso das algas na recuperação de efluentes contendo espécies metálicas
apresenta vantagens, como o baixo custo da operação e a elevada eficiên-
cia na remoção dos contaminantes de efluentes muito diluídos (VIDOTTI &
ROLLEMBERG, 2004). A remoção biológica de nutrientes consiste, como o
nome indica, na remoção de nutrientes dos efluentes por via biológica. Estes
microrganismos acumulam o nitrogênio e fósforo e os transformam em subs-
tâncias de reservas que podem ser convertidas em produtos com valor comer-
cial. A grande vantagem está no fato das microalgas possuírem a capacidade
de assimilar os nutrientes solúveis em quantidades maiores do que as neces-
sárias para o seu crescimento imediato. Juntamente com a sua capacidade
de absorverem contaminantes, como os metais pesados, as microalgas são
microrganismos com um potencial elevado para a depuração de águas resi-
duais (DINIS et al., 2004).
Segundo Shi (2009) as microalgas possuem e capacidade de assimilar
uma quantidade significativa de nutrientes porque requererem altas concen-
trações de nitrogênio e fósforo para realizar a síntese de fosfolipídeos, ácidos
nucléicos e proteínas, que podem representar cerca de 45-60% do seu peso
seco. Com o intuito de avaliar a eficiência da remoção de nitrogênio e fósforo
de águas residuais, este autor encontrou resultados que indicam uma remo-
ção superior a 90% de nitratos e fósforo, das águas residuais tratadas, pelas
microalgas Chlorella vulgaris e Scenedesmus.

3.2.7. AVANÇOS NA GENÉTICA MOLECULAR DE MICROALGA


Microalgas têm sido amplamente cultivadas e comercializadas, sendo
seu potencial como fonte de compostos de alto valor agregado bem conhe-
cida. Mas, em contraste com o grande número de bactérias, levedura e plantas
superiores geneticamente modificadas, apenas algumas espécies de microal-
gas foram geneticamente modificadas com eficiência. Dificuldades iniciais
na expressão de genes foram progressivamente superados, e poderosas ferra-
mentas moleculares para sua genética engenharia já estão disponíveis atual-
mente. Porém, ainda há um longo caminho para transformar novas espécies
de microalgas, especialmente aqueles que possuem um valor comercial, prin-

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cipalmente visando o aumento da produtividade e da síntese de novos ou com-


postos tradicionais (LEÓN, et al., 2007).
Na última década tem sido alcançado progressos significativos na genô-
mica das microalgas, principalmente com a criação de base de dados de mar-
cadores sequenciais e a sequência do genoma de algumas espécies. Histori-
camente a Clorofícea Chlamydomonas reinhardtii tem sido o foco da inves-
tigação genética e molecular sendo a maioria das ferramentas para expressão
de genes específicas para esta espécies, porém outras ferramentas estão sendo
desenvolvidas para espécies de importância econômica. Vários projetos do
sequenciamento genômico já foram concluídos e algumas espécies estão em
andamento, entre elas a C. vulgaris (GREENWELL et al, 2010)
As limitações para a transformação genética de microalgas que impe-
dem sua manipulação são aspectos importantes. Ferramentas moleculares e
recursos genéticos são cada vez mais desenvolvidos, o que vem permitindo
o estudo dos processos metabólicos e das microalgas e sua regulação, pos-
sibilitando um maior aproveitamento biotecnológico. A sequência completa
ou quase completa do genoma de algumas espécies vem permitindo o estudo
simultâneo da expressão de milhares de genes em respostas a mudanças
ambientais e nutricionais (SPÌNOLA, 2010)
A biotecnologia microalgal ganhou importância considerável nas últi-
mas décadas e as suas aplicações variam da simples produção de biomassa
para alimentação, como já mencionado, a valiosos produtos para aplicações
farmacêuticas. Para a maioria destas aplicações, o mercado ainda está em
desenvolvimento e seu uso se estendendo a novas áreas. Considerando a
enorme biodiversidade das microalgas e recentes desenvolvimentos em enge-
nharia genética, este grupo de organismos representa uma das fontes mais
promissoras para novos produtos. Com o desenvolvimento de técnicas sofis-
ticadas de culturas, a biotecnologia microalgal já responde as altas demandas
de alimento e indústrias farmacêuticas (PULZ; GROSS, 2004). Avanços na
genética molecular de microalgas também terão um profundo impacto sobre
o desenvolvimento de processos e tecnologias. (DEL CAMPO, et al 2007)
Além dos esforços direcionados à seleção de espécies que acumulam
grandes quantidades de compostos de interesse industrial e suas respectivas
atividades biológicas, o melhoramento genético de cepas de algas também é
um desafio atual. O uso de microalgas transgênicas em aplicações comerciais
é uma promessa significativa. Espécies modificadas podem potencializar a
produção de compostos já conhecidos de algas ou recém-descobertos e tam-

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bém para expressar genes específicos que não possam ser expressos em leve-
dura. No entanto, por apresentar um alto potencial, a descoberta de fármacos
é a maior promessa da biotecnologia de microalgas, embora a quantidade de
espécies analisadas seja ainda reduzida (TRAMPER et al., 2003).

3.3. ESPÉCIES DE MICROALGAS CULTIVÁVEIS


A utilização das algas na aquicultura está diretamente relacionada à sua
fundamental importância como fonte de alimento natural para os animais
aquáticos. As principais aplicações de microalgas na aquicultura estão asso-
ciadas com a nutrição, controle da qualidade da água (podendo junto com as
bactérias, controlar o balanço entre o oxigênio e o dióxido de carbono nos
cultivos), como aditivo alimentar (ex.: coloração característica no salmão e
truta) e outras atividades biológicas (SPOLOARE et al., 2006).
Atualmente, mais de 40 espécies de microalgas já foram testadas como
fonte de alimento para aqüicultura, mas nem todas têm condições de suprir as
exigências nutricionais para o desenvolvimento de animais cultivado para o
consumo humano. Alguns critérios nutricionais para a seleção da microalga e
sua utilização na aquicultura são: não serem tóxicas, terem o tamanho apro-
priado para serem ingeridas, apresentar digestibilidade da parede celular e
possuírem os componentes bioquímicos essenciais (BROWN et al., 1997).
Dependendo do animal e do seu estágio de vida, as microalgas são con-
sumidas diretamente, por várias espécies de herbívoros, que dependem da
dieta algal durante todas as fases da vida, ou através do consumo indireto,
que ocorre via cadeia alimentar. Na aquicultura são bastante utilizadas para
enriquecimento de espécies de zooplâncton na nutrição de peixes. Apesar dos
melhores resultados serem apresentados com a utilização das algas vivas na
alimentação de organismos aquáticos, também podem ser ofertadas secas,
congeladas ou inseridas nas dietas (SEIXAS et al., 2009).
Segundo Coutteau e Sorgeloos (1992), a maioria dos cultivos comerciais
de moluscos bivalves utilizam sistema intensivo de produção de microalga
em ambientes fechados e controlados, o que permite um maior controle das
condições de cultivos e de crescimento. No entanto, estas técnicas requerem
espaço, energia, mão de obra especializada, o que as tornam mais dispendio-
sas que o cultivo em ambientes externos. O custo estimado da produção de
alga em laboratórios de bivalves varia de 50 a 400 dólares por kg de biomassa
seca.

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Os altos custos de produção são um dos maiores obstáculos para a viabi-


lidade de muitos laboratórios de cultivo algal. Apesar de esforços desenvolvi-
dos ao longo das últimas décadas, com relação ao custo-benefício na utiliza-
ção de dietas artificiais para substituir microalgas, a produção de microalgas
ainda continua a ser um elemento essencial no desempenho dos organismos
alimentados pelas algas. A busca por dietas alternativas certamente conti-
nuará, mas pesquisas direcionadas com a redução nos custos de produção
de microalgas também provavelmente diminuirá, por isso estima-se que as
microalgas não serão substituídos na sua totalidade, pelo menos em médio
prazo. Uma ampla seleção de espécies de microalgas encontra-se disponível
para dar suporte às espécies que dependem destas na aquicultura. No entanto,
aplicações específicas em subsetores industriais demandam novas espécies
com a qualidade nutricional ou características de crescimento melhorado, o
que também contribuem para um aumento da eficiência e produtividade nos
resultados dos cultivos de animais aquáticos.
Na pesquisa básica, por sua simplicidade estrutural e complexidade fun-
cional, as microalgas tornaram-se veículos para importantes descobertas e
experimentos. Como resultado, o cultivo de algas tem sido utilizado como
uma ferramenta importante na investigação moderna, utilizado por investiga-
dores de diversas áreas de pesquisas como taxonomia, morfologia, fisiologia,
bioquímica, engenharia genética, cultura de tecidos, a produção de alimentos,
agricultura, tratamentos de resíduos e medicina. (BECKER, 1993)
Para desenvolver o cultivo de uma espécie em particular, há a possibi-
lidade de isolar a microalga do ambiente natural ou adquirir através de uma
coleção de algas. Milhares de microalgas têm sido isoladas de habitats natu-
rais e são mantidos em várias coleções de cultura em todo o mundo. Milhares
de espécies e variedades de táxons de algas são atualmente mantidos isolados
em culturas de todo o mundo, como as coleções de microalga no Reino Unido,
Portugal, Coréia, Maine-USA, Texas-EUA, com (CCAP, FCTUC, KMMCC,
NCMA e UTEX, 2012), mantendo cerca de 3000, 4000, 1000, 2718 e 2800
cepas, respectivamente. No entanto, até a atualidade apenas alguns cepas de
microalgas, a maioria de origem aquática, têm sido cultivado em sistemas de
produção em larga escala de centenas a milhares de litros.
Segundo um levantamento realizado por Lourenço (2006), há cerca de
43 instituições brasileiras que mantém coleções de cultivo de microalgas. A
maioria das coleções estão localizadas em Universidades e Institutos de pes-
quisa e destina-se à utilização em investigações e também nas empresas de

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aquicultura distribuídas em vários estados do país, como na alimentação no


cultivo de organismos aquáticos (camarão, ostra, peixe).
Ao determinar a espécie que se deseja cultivar e o objetivo da aplicação
desta, alguns parâmetros são importantes serem analisados para a viabilidade
do cultivo e da obtenção da biomassa: as facilidades que permita o seu cul-
tivo em larga escala; adaptação ao sistema de cultivo (condições artificiais de
crescimento); condições que permitam a síntese do composto de interesse;
elevada taxa de crescimento; baixo custo de produção, entre outros. Comu-
mente, o ciclo de vida das microalgas é estabelecido em poucas horas, o que
permite que a população seja duplicada em um curto espaço de tempo. Esta
alta produtividade é um dos pontos principais para determinar a viabilidade
do cultivo, assim como a obtenção da biomassa algal e dos produtos de inte-
resse (DANTAS, 2012).
As populações naturais de fitoplâncton podem ser limitadas pelo forne-
cimento de nutrientes, luz e carbono, provocando baixa densidade celular e
portanto uma biomassa com déficit nutritivo. Os cultivos de microalgas repre-
sentam sistemas artificiais e são dispostos de estrutura e condições (aporte
macro e micronutrientes, iluminação e troca de gás) adequados para a espé-
cie selecionada, podendo ser manipulados a fim de potencializar a síntese de
compostos de interesse. Além disso, como as microalgas crescem em sus-
pensão no meio, é necessário misturar a cultura, permitindo a exposição das
células à luz, troca de gases e nutrientes de forma homogênea.
A seleção dos nutrientes, formando o meio de cultura é crucial na produ-
ção em massa de microalgas. Os nutrientes utilizados devem estar associados
ao custo de produção, quando se trata de m cultivo em escala comercial, e
a necessidade da espécie. Embora critérios objetivos sejam utilizados para
determinar a importância relativa de cada elemento para nutrição algácea,
não há um número universal e exato de elementos químicos essenciais para
cada espécie. Existem os elementos essenciais (carbono, nitrogênio, hidro-
gênio, oxigênio, fósforo, magnésio, enxofre, potássio, cálcio, cobre, zinco e
molibdênio) e dependendo da quantidade de cada nutriente exigida para os
processos metabólicos os elementos podem ser divididos em micronutrien-
tes ou macronutrientes. Os macronutrientes são essenciais por serem cons-
tituintes estruturais abundantes de biomoléculas, de membranas e do meio
intracelular, por participarem de processos de troca de energia, por regularem
atividades metabólicas, dentre diversas outras funções relevantes (carbono-
componente mais importante para síntese de proteína, carboidratos, ácidos

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nucléicos, vitaminas, lipídeos, etc.; nitrogênio- componente fundamental dos


pigmentos; P- transferir energia (ATP) e constituir moléculas estruturais)O
principal papel dos micronutrientes é participar da estrutura e da atividade
de diversas enzimas, que por sua vez são envolvidas em diferentes vias meta-
bólicas das algas, e organelas celulares (como os ribossomos) (LOURENÇO,
2006).
As microalgas possuem uma grande variedade de estratégias fisiológicos,
bioquímicos e moleculares para lidar com o stress, sendo capazes de sintetizar
uma variedade de produtos químicos bioativos (CHU, 2012). Sobre condições
ambientais extremas ou estresse induzido durante o cultivo, as microalgas
podem potencializar a síntese destes compostos. A manipulação de nitrogê-
nio no meio de cultura, por exemplo, exerce uma forte influência no metabo-
lismo de lipídeos e ácidos graxos em espécies de microalgas (TAKAGI et al.,
2006).O aumento da formação de carotenóides em algas têm sido relatado
como uma resposta ao estresse oxidativo e, portanto, pode ser uma condição
utilizada para a regulação da síntese deste composto em diferentes condi-
ções de cultivo (CHU et al., 2011). Segundo Wilson e Huner (2000), a espécie
Chlorella vulgarisacumula pigmentos como clorofila a e b, β-caroteno e xan-
tofilas porém sob condições de estresse podem armazenar outras substâncias
de interesse.Algas do gênero Haematococcus se diferenciam rapidamente e
acumulam astaxantina em glóbulos de gordura (geralmente ácido oléico) fora
do cloroplasto, quando se deparam com condições de estresse (ex.: deficiên-
cia de nitrogênio, alta intensidade de luz, adição de sal). Este processo de
carotenogênese induz grandes mudanças na composição celular das microal-
gas, geralmente diminuindo os teores de proteína e aumentando os de lípidos
(Batista et al., 2010)

3.3.1. PRODUÇÃO MUNDIAL


A produção comercial de microalgas mundial teve início na década de 60
com espécies de Chlorella e Spirulina, como suplementos dietéticos, Duna-
liella salina para obtenção de β-caroteno, Haematococcus pluvialis para pro-
dução de astaxantina e diversas outras espécies para aplicação na aqüicultura.
(BENEMAN, 1990).
Em 1980, havia cerca de 46 grandes fábricas na Ásia produzindo mais
de 1000 Kg por mês de microalgas (principalmente Chlorella). Atualmente,
a maior parte da biomassa de microalga comercializada no mercado é repre-
sentada pela Chlorella e Arthrospira com uma produção anual de 3.000 t e

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4.000 t, respectivamente. (MASOJÍDEK et al., 2010). Chlorella é produzido


por mais de 70 empresas. Taiwan Chlorella Manufacturing (Taipei, Taiwan)
é a empresa de maior produção, com 400 t de biomassa seca produzida por
ano. Uma produção significativa também é alcançada em Klötze, Alemanha
(130-150 t de biomassa seca por ano), utilizando um sistema de potobiorreator
tubular. As vendas anuais mundiais de Chlorella excedem os38 bilhões de
dólares (SPOLOARE, 2006).

3.3.2. PRODUÇÃO NO BRASIL


No Brasil, foi o sucesso no cultivo de microalgas para alimentação de
animais aquáticos que inseriu o país no cenário internacional envolvendo esta
temática (LOURENÇO, 2006). Atualmente a produção em escala comercial
no país está relacionada com a alimentação (direta na larvicultura de camarões
e moluscos marinhos ou indireta no enriquecimento nutricional de rotíferos
e copépodos utilizados como alimento nos cultivos de peixes) de organismos
aquáticos de importância econômica na Aquicultura Brasileira. Os centros
de cultivo de microalgas são vinculados às empresas que estão localizadas
principalmente na Região Nordeste, Sudeste e Sul, onde se concentram os
maiores centros de cultivo.
Microalgas produzidas industrialmente têm sido comercializadas há
vários anos, principalmente nos países industrializados, onde os consumido-
res estão mais acessíveis ao conhecimento da qualidade das propriedades
destas, o que os permite maior acessibilidade e confiança ao produto algal.
Contudo, a introdução de microalgas e seus produtos nos países em desenvol-
vimento apresenta alguns entraves, dentre eles, fatores conservadores étnicos,
incluindo aspectos religiosos e sócio-econômicos. A resistência em usar algas
ou produtos de algas entre os consumidores é também causada por dificul-
dades relativa à ineficiência na segurança de tais produtos na saúde pública,
ausência de regulamentos legislativos oficiais, diretrizes e normas sobre a
produção e composição de produtos à base de algas (RICHMOND, 2004).
Diante das questões citadas acima, atualmente não há empresas brasileiras
comercializando biomassa de microalga ou algum produto proveniente desta.
A burocracia dos órgãos deliberadores e a lentidão dos processos legais, assim
como a falta de conhecimento sobre as microalgas (espécie, produção e pro-
dutos) impedem a permissão para comercialização no país (comunicação pes-
soal). Apesar destes entraves, algumas empresas vêm desenvolvendo alguns
processos.

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A empresa Claeff Engenharia e Produtos Químicos Ltda., localizada em


Pernambuco, possui uma unidade de produção instalada especialmente para
o cultivo e extração de microalgas (Chlorella, Spirulina, Scenedesmus e Hae-
matococcus) adaptadas às condições da região Nordeste visando a produção
de insumos úteis às indústrias de alimentos e cosméticos. Cápsulas de Chlo-
rella e Spirulina e Haematococcus (Astaxantina), assim como extratos glicóli-
cos destas espécies, são produtos já desenvolvidos por esta empresa (produtos
com patente depositada) (CLAEFF, 2012). A Algae Biotecnologia tem foco
especial na produção de biodiesel e potencial de sequestro de carbono pelas
microalgas, incluindo os projetos dentro do âmbito do Mecanismo de Desen-
volvimento Limpo (MDL). Além disto, há especial preocupação com a mini-
mização de uso de água e valorização de resíduos agrícolas (ALGAE, 2012).
A empresa americana Solazyme, que desenvolve produtos biotecnológicos a
partir de microalgas (biocombustíveis, químicos, alimentos funcionais e cos-
méticos) recentemente vem investindo no Brasil na produção de biodiesel de
alga em parceria com empresas nacionais (SOLAZYME, 2012).

3.4. SISTEMAS DE CULTIVO DAS MICROALGAS

3.4.1. TIPOS DE CULTIVO

Qualquer que seja a aplicação da biomassa produzida é muito importante


que o processo de produção apresente todas as condições para que as microal-
gas cresçam e se multipliquem a uma maior velocidade de crescimento pos-
sível. Vários os parâmetros devem ser considerados na determinação da efi-
ciência de crescimento, especialmente a produção de biomassa por unidade
de volume, a produção por unidade de volume e tempo (produtividade), e tal-
vez o mais importante, a produção de biomassa por unidade de área e tempo
(produtividade em termos de área). A produtividade pode variar significati-
vamente de acordo com a espécie de microalga utilizada e o tipo de cultivo
envolvido no processo. Tal como acontece com qualquer indústria, o cultivo
de microalgas deve apresentar custos o mais baixos possível, tanto de capital
quanto de operação, para viabilizar o processo do ponto de vista econômico
(ROSA, 2011)

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Existem basicamente quatro tipos de técnicas de cultivo de microalgas:


fotoautotrófico, heterotrófico, mixotrófico e fotoheterotrófico, sendo o pri-
meiro o mais comumente utilizado. Com relação aos sistemas de cultivo, mui-
tos modelos têm sido projetados e construídos para o cultivo de microalgas
usando luz natural ou artificial. Pesquisadores e empresários produtores de
microalgas desenvolveram várias tecnologias de cultivo que são atualmente
aplicadas à produção de biomassa algal: tanques abertos (BOROWITZKA
1999, SCHENK et al, 2008, BRENNAN & OWENDE, 2010, ZENG et al.,
2011, HUO et al., 2012), fotobiorreatores fechados (PBRs) (HU et al., 1996,
AMARO et al., 2011, JIANG, et al., 2013) e reatores de fermentação (RAWAT
et al., 2013)
Para se estabelecer o cultivo de microalgas, as populações devem ser
mantidas vivas em condições ambientais favoráveis a fim de se obter um
aproveitamento econômico da biomassa final. Inicialmente as microalgas são
mantidas em pequenos tubos de vidro ou placas e em ambiente livres de con-
taminação por outros microorganismos, o que influencia na qualidade do cul-
tivo posteriormente. A medida que ocorre a multiplicação das células, estas
são transferidas gradativamente para volumes maiores, dispostos geralmente
em estruturas de bolsa plásticas, tanques de terra, alvenaria ou fibra de vidro,
quando o cultivo é realizada em sistema aberto (Figura 5), ou em fotobiorrea-
tores, quando o cultivo é realizado sistema fechado (Figura 6). Este último
atinge altas produtividades e possibilita um maior controle dos parâmetros
sobre o cultivo (principalmente com relação à contaminação), porém possui
um custo mais elevado, o que muitas vezes inviabiliza a produção.
Segundo Spoloare et al (2006) sistemas de produção de algas precisam
ser aperfeiçoados para torna-los mais competitivos e economicamente mais
viáveis. O desenvolvimento da biotecnologia microalgal tem sido atenuado
pelo limitado desempenho do crescimento de algal em fotobiorreactores
industriais.

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Figura 6: Produção de microalgas em Figura 5: Produção em tanques abertos de cultivo


fotobioreatores. de microalgas no Havaí.
Fonte: Dantas, 2012 Fonte: Cyanotech, 2012

Dentre os sistemas abertos, a utilização de tanques rasos abertos vem


sendo demonstrado ser a melhor escolha. Cada unidade de cultivo pode ter
centenas a milhares de metros quadrados. Alguns inconvenientes deste tipo
de cultivo estão na possibilidade de contaminação por outros organismos e/
ou por outras espécies de microalgas. Desenvolvidos mais recentemente e tec-
nologicamente mais avançados, os sistemas fechados oferecem as melhores
condições para a produção de praticamente todas as espécies de microalgas,
protegendo a cultura da invasão de organismos contaminantes e permitindo o
controle das condições do cultivo. Estes fotobiorreatores são planos ou tubu-
lares e podem adotar uma variedade de modelos e modos de operação. Eles
oferecem maior produtividade e melhor qualidade da biomassa gerada (ou
produto), embora apresentem um maior custo de construção e operação do
que os sistemas abertos (DEL CAMPO et al, 2007).
Segundo Singh e Gu (2011), com base nos vários relatórios disponíveis,
para a produção óleos e biodiesel de algas atualmente os custos estimados
variam entre US $ 9 e US $ 25 por galão (3,78 Litros) em algas cultivadas em
tanques , e $ 15 - $ 40 em fotobiorreatores (PBRs).
A microalga Chlorella se desenvolve autotroficamente em meio orgânco,
assim como em condições mixotróficas e heterotróficas (por exemplo, com
o acréscimo de ácido acético e glicose). Atualmente, a produção autotrófica
de Chlorella é realizada em tanques abertos, fotobioreatores tubulares semi
fechados, ou cascatas inclinadas. Chlorella é a alga eucariótica mais culti-
vada sendo frequentemente utilizada como suplemento alimentar e alimento
saudável, assim como na indústria de cosmético e farmacêutica. Microalgas

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pertencem aos organismos fotossintéticos de mais rápido crescimento, visto


que o tempo de duplicação de suas células pode ser de poucas a várias horas
(MASOJÍDEK et al., 2010).
A seleção do tipo de cultivo utilizado para a produção das microalgas é
um das peças fundamentais na viabilidade da obtenção de bioprodutos a par-
tir destas. Muitos esforços vêm sendo realizados no intuito de atingir o cultivo
em larga escala com alta produtividade e baixo custo benefício. Diferentes
estruturas foram desenvolvidos para o crescimento e manipulação de microal-
gas em grande escala (BOROWITZKA 1999; GUDIN & CHAUMONT, 1980;
WEISSMAN et al., 1988; MOLINA-GRIMA et al., 1999; PULZ 2001; RICH-
MOND 2004; TREDICI, 2004). A combinação dos fotobiorreatores e tan-
ques abertos vêm sendo indicada como uma eficiente alternativa para maiores
produtividades e custos relativamente acessíveis na produção das microalgas
(DANTAS, 2012)

3.4.2. OBTENÇÃO DE BIOMASSA


Após a seleção do sistema de cultivo a ser utilizado, um grande entrave
na viabilidade da utilização das microalgas na biotecnologia ainda está na
separação das células algais do meio de cultura. Este fato está relacionado ao
tamanho bastante reduzido das microalgas, que apresentam cerca de 3 a 30µm
(MOLINA-GRIMA, 2004) Estes organismos possuem um tamanho bastante
reduzido podendo ter apenas alguns micrômetros. Quando comparadas aos
musgos (menor vegetal do mundo), por exemplo, alguns representantes podem
chegar a ser até 10.000 vezes menores. Assim, a separação destas pequenas
células do meio onde estão presentes é um processo complexo e dispendioso,
havendo a necessidade de sua otimização. Este processo pode envolver uma
ou mais etapa, como a utilização de compostos químicos para floculação, cen-
trifugação e filtração, por exemplo. Portanto, este fato torna a obtenção destas
um dos processos mais dificultoso, tornando objeto de diversas investigações
(HEASMAN et al, 2000, MOLINA-GRIMA et al., 2004, HARITH et al., 2009, VAN-
DAMME et al., 2011, SIRIN et al., 2012).
Segundo Campo et al. (2007), pesquisas relacionadas a esta área de pes-
quisa têm demonstrado a necessidade de um método de coleta específico para
cada espécie de microalga, visando a partir disto obter um produto de alta
qualidade aliado ao baixo custo. Apesar do processamento da biomassa ser
específico, os métodos mais comuns são a secagem por pulverização, seca-
gem por tambor, liofilização e secagem ao sol. Entre eles, a secagem por pul-

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verização é o método selecionado para os produtos de alto valor, como carote-


nóides. Quando é necessária a ruptura celular, pode ser utilizado métodos quí-
micos (lise alcalina, solventes) ou mecanicos (Homogeneizadores, ultrassom).
Desta forma, a seleção do método de obtenção das microalgas dependerá da
microalga e do produto a ser obtido.
Segundo Singh & Gu (2010) os componentes principais da matéria-prima
obtida das microalgas são proteínas, hidratos de carbono, lípidos, e outros
componentes valiosos, como por exemplo pigmentos, antioxidantes, ácidos
graxos, vitaminas, etc. Além dos parâmetros físico-químicos e da estrutura
selecionada durante o cultivo, a idade da cultura (fase de crescimento) tam-
bém é um fator que interfere na composição dos componentes citados acima.
O principal investimento para um projeto de obtenção de biomassa de
microalgas está relacionado aos custos associados com o crescimento, coleta
e isolamento da biomassa a partir do cultivo, concentração e desidratação das
microalgas para posterior processamento (SINGH & GU, 2010).

3.5. PATENTES DE PROCESSOS E PRODUTOS COM


MICROALGAS
Toda pesquisa que gere um produto de caráter inovador e com aplicação
industrial, desde que não conste nas proibições expressa na lei, é plenamente
patenteável (WOLF, 2005). As patentes em biotecnologia são aquelas que con-
templam processos de produção e produtos baseados em materiais biológicos
(ex.: métodos para produção de plantas transgênicas), produtos resultantes de
processos biológicos (ex.: composição contendo microorganismo), e podendo
incluir os próprios organismos resultantes dos processos biotecnológicos
(FIGUEIREDO et al., 2006).
A busca pelo incremento da qualidade dos alimentos ingeridos pela
população humana, aliada ao crescente conhecimento do amplo potencial de
uso das microalgas nos mais diferentes setores da indústria tem levado a um
expressivo número de patentes correlatas ao tema microalgas (Figura 7).

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Figura 7: Principais usos nas patentes.


Fonte: Barcellos et al., 2012.

Apesar do alto número de estudos concluídos e/ou em andamento sobre


esta temática, há um reduzido número de depósitos no Brasil. Apesar da posi-
ção de destaque crescente na produção científica mundial, o Brasil está no 27°
colocação mundial em geração de patentes (LOURENÇO, 2006). Segundo
Lourenço, apenas por ações induzidas poderá ser alcançada maior participa-
ção brasileira em inovação tecnológica, como o incentivo através de agências
de pesquisa no Brasil e a interação com as empresas.
Em países desenvolvidos ou em desenvolvimento há um elevado número
de depósitos de patentes sobre processos e produtos de microalgas (BARCEL-
LOS et al., 2012). Na Universidade da Califórnia, por exemplo, 30 a 40%
da receita da Universidade é originado das licenças das patentes produzidas
pelos alunos e pesquisadores (WOLF, 2005).
Apesar da ausência de uma cultura de proteção à propriedade intelectual
no Brasil (BARCELLOS et al., 2012), segundo Fiqueiredo et al (2006), o
Brasil vem aumentando o número de patentes em biotecnologia seguindo as
tendências mundiais.
As patentes relacionadas aos processos e produtos obtidos a partir de
microalgas no Brasil estão representadas na tabela 2.

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Tabela 2: Identificação dos processos, produtos e espécies utilizadas nas patentes do Brasil.

Nº Patente Nome Espécie


PI0710226-7A2 Extrato de microalga Microalgas
PI0112424-2 Imunoestimulantes de microalgas Microalgas
Chlorella
PI0805091-0A2 Produção de biomassa, proteinas e lipidios
minutissima
Produção e purificação de biogás de Microalgas e/ou
PI0703245-5
biomassa cianobactérias
PI0903470-6A2 Estrutura de produção Microalgas
Microalgas e/ou
PI0701072-9 Processo tecnológico de produção
cianobactérias
Método de tratamentode resíduos e produção
PI0903984-8A2 Microalgas
de biombustíveis
Sequestro de dióxido de carbono e obtenção
PI0900631-1A2 Microalgas
de proteína
Formulação de creme antioxidante e cicatri-
PI0801132-0A2 Dunaliella
zante de caroteno
Processos de conservação da microalga
PI0605365-3 Spirulina
Spirulinaspp
Fotobiorreatores tubulares para a remoção Microalgas e/ou
PI0702736-2
de CO2 cianobactérias
Microalgas e/ou
PI0701842-8 Fotobiorreatores a remoção ou fixação CO2
cianobactérias
Suporte para células-tronco oriundas de Microalgas e/ou
PI0904515-5A2
biopolímeros de microalga cianobactérias
Produção de óleos especiais, ingredientes
PI0704911-0 Microalgas
alimentícios, cosméticos e biocombustíveis
Método para o crescimento de organismos
PI0804513-5A2 Microalgas
fotossintéticos
Método de aproveitamento de CO2 e seu uso
PI0805123-2A2 Microalgas
no cultivo de microalgas
Método para remoção de poluentes da água
PI0800141-3A2 Microalgas
de produção de petróleo.
Mistura de óleos baseada em ingredientes
PI0516802-3 Dunaliella salina
bioativo
Óleo da biomassa, preparação, composição
PI0207907-0 Microalgas
farmacêutica, cosmética e nutricional
Sistema de agitação de baixo consumo de
PI0703633-7A2 Microalgas
energia aplicado em fotobiorreatores
Obtenção de óleo a partir de resíduos indus-
PI0903826-4A2 Microalgas
triais para combustíveis
Processo para preparar um óleo de biomassa
PI0314034-2 Microalgas
algal

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DEPÓSITO DE PATENTE: BEBIDA ALCOÓLICA


FUNCIONAL DE MICROALGA: PROCESSO DE
CULTIVO E PRODUÇÃO
Nº do Processo depositado no Instituto Nacional da Propriedade Indus-
trial (INPI): BR 10 2012 032930 1

RELATÓRIO DESCRITIVO DA PATENTE DE INVENÇÃO


BEBIDA ALCOÓLICA FUNCIONAL DE MICROALGA: PROCESSO
DE CULTIVO E PRODUÇÃO

CAMPO DA INVENÇÃO
A presente invenção envolve processos de cultivo e obtenção de bio-
massa seca de microalgas (Chlorophyecae), bem como, produção de bebida
alcoólica funcional de microalga.

RESUMO
A presente invenção refere-se a um processo de produção de microalgas
(Chlorophyecae), somado a obtenção de um produto alcoólico bioativo a partir
de microalgas, com aplicação na indústria de bebidas. Mais particularmente,
a presente invenção compreende: um processo de cultivo de duas etapas com
propriedades físico-químicas (primeira fase) e condições estruturais contro-
lados para reduzir o período de cultivo da fase de sistema fechado para o
aberto com um aumento do rendimento final e, um processo para produção
de uma bebida alcoólica funcional a base de microalgas. Esse processo não
apenas maximiza em um curto período a produtividade do cultivo por meio de
duas etapas, mas também permite obter de forma econômico e simples uma
biomassa de microalga seca. Além de envolver um processo para produção
de uma bebida alcoólica funcional a partir de uma microalga Chlorophyceae
utilizando cachaça - uma bebida popular brasileira feita a partir de cana de
açúcar fermentada.

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DESCRIÇÃO DO ESTADO DA TÉCNICA


Microalgas são os membros mais simples e primitivos na evolução do
reino vegetal. Estes organismos realizam fotossíntese como as plantas terres-
tres, e na sua maioria apresentam-se como pequenas células de cerca de 3-20
µm (IBAÑEZ et al., 2012, RAZIF HARUN et al., 2010). Estas algas são oni-
presentes na natureza, podendo ser encontradas em zonas aquáticas variando
entre fontes termais a geleiras glaciais, assim como distribuídas nos corpos
de água continentais e oceânicos como fitobentos e fitoplânctons (IBAÑEZ
et al., 2012).
Um número crescente de estudos têm sido conduzidos para explorar as
técnicas, procedimentos e processos de produção de grandes quantidades de
biomassa de microalgas, devido à sua alta taxa de crescimento e tolerância
a diferentes condições ambientais (RAZIF HARUN et al., 2010, EUA B2
6524486, 2003). Existem duas técnicas que são mais utilizadas para o cul-
tivo de microalgas: uma composta por sistema aberta em tanques e outra de
sistema fechado com a utilização de fotobiorreatores (RAZIF HARUN et
al., 2010). Muitos fotobiorreatores têm sido desenvolvidos para a produção
de biomassa de microalgas, devido à eficiência de produção apesar de não
apresentar baixo custo quando desenvolvido para produção em larga escala.
Sistemas abertos, como tanques, raceway e sistemas de superfícies de canais
inclinados, são comumente usados para
​​ produção em larga escala (HSIEH C.
& WU, W, 2009).
Mais de 100 mil espécies de microalgas são conhecidos e a descoberta
de novos usos para estas é componente importante no desenvolvimento das
indústrias de bases biotecnológicas. As microalgas são eficazes: no controle
biológico de pragas agrícolas, como condicionadores de solo e biofertilizantes
na agricultura; como produtores de oxigênio; como removedores de nitrogê-
nio, fósforo e substâncias tóxicas no tratamento de esgoto; na biodegradação
de plantas e; na produção de biocompostos e biodiesel (B2 EUA 6.524.486,
2003). A venda de microalga (Chlorella) utilizado na alimentação humana,
alimentação animal e como aditivo alimentar ultrapassou 38 bilhões de dóla-
res por ano nos Estados Unidos América (EUA). Enquanto o mercado anual
estimado para o ácido docosahexaenóico, um suplemento nutricional utili-
zado pela aquicultura produzido por microalgas (Crypthecodinium ou Schi-
zochytrium) foi de cerca de U$ 10 bilhões (SPOLAORE et al., 2006).
Nos últimos anos as microalgas têm recebido atenção crescente devido
aos seus componentes fitometabólicos com estruturas químicas e diferentes

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atividades biológicas (SKULBERG, 2004). O uso de microalgas, como fonte


de alimento para saúde, alimento funcional e para produção de biomoléculas,
tais como vitaminas, carotenoides, fitocianina e ácidos graxos poliinsatura-
dos, tem efeitos positivos sobre a saúde humana e animal, devido às ativida-
des antioxidantes elevadas de algumas destas substâncias (PULZ & GROSS,
2004, MANIVANNAN, 2012). Estudos sobre os compostos bioativos de
microalgas (MARINHO-SORIANO et al, 2011) têm demonstrado efeito anti-
tumoral, propriedades quimiopreventivas (WANG, 2010), atividade anti-in-
flamatória (GUZMÁN, Gato & CALEJJA, 2001), atividade antioxidante (
VIJAYAVEL, et al, 2007), e atividade antimicrobiana (MAKIRIDIS, et al
2006).
O uso de alimentos para reduzir o risco de doenças tem sido um tema
constante em reuniões nas áreas de alimentação e nutrição, aumentando a
demanda por informações sobre alimentos funcionais e nutracêuticos. Neste
sentindo, esta temática tem despertando como consequência uma atenção
específica para os componentes essenciais e não essenciais bioativos de ali-
mentos, conhecidos por modificar uma série de processos celulares associa-
dos com a prevenção de doenças, incluindo o metabolismo carcinogênico,
equilíbrio humoral, sinalização celular, controle do ciclo celular, apoptose e
angiogênese (TRUJILLO et l, 2006).
 As bebidas alcoólicas (cerveja, vinho, licor) apresentam algum valor ali-
mentar, mesmo que apenas em termos de calorias. A Food and Drug Adminis-
tration (FDA) define alimentos como “... artigos usados ​​para comida e bebida,
ou componentes de tais artigos (substância) que proporcione sabor, aroma,
ou valor nutritivo”. Porém, os alimentos têm outras funções do que nutrição,
sabor e aroma (BRANNO, 2008) e hoje em dia, os consumidores começaram
a olhar para além dos benefícios nutricionais básicas dos alimentos, estando
cada vez mais interessados em compostos contidos que possam prevenir e
gerar benefícios à saúde. Portanto, existe por parte da população uma ampla
demanda por alimentos funcionais e produtos naturais para prevenir o desen-
volvimento de doenças e o envelhecimento precoce (AGRICULTURE AND
AGRI-FOOD CANADA, 2012).
Bebidas fermentadas têm feito parte da dieta do homem, desde dez mil
anos antes de Cristo. Existem relatos antigos de suas propriedades medicinais,
bem como os seus efeitos viciantes e destrutivos (CLAUDIAN, 1970; FOR-
BES, 1970; WILSON, 1973; VALLE, 1994). Como consequências ao longo da
história surgiram debates fervorosos sobre pós e contras do álcool (BRANNO,

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2008). Estudos epidemiológicos têm demonstrado que o consumo moderado


de vinho e bebidas alcoólicas estão estatisticamente associados na diminuição
de doenças relacionados a eventos cardiovasculares, tais como insuficiência
cardíaca (TRUJILLO et al, 2006).
As pessoas, na sua maioria, reconhece o lugar do álcool na sociedade
como uma droga lícita associada ao lazer. Poucos associam seu uso como
medicamento, porém o desenvolvimento de álcoois concentrados e de alta
qualidade apresenta vantagens paralelas nos avanços de fármacos ao longo
dos tempos (VALLE, 1994). O álcool é o segundo solvente depois da água de
grande importância utilizado particularmente na extração de componentes
ativos das partes inertes de drogas brutas. Permite concentrar os compostos
medicinalmente ativos e faz com que a solução se torne de mais fácil admi-
nistração e consumo, também melhorado a sua absorção. Os compostos que
normalmente se dissolvem em álcool incluem alcalóides, glicosídeos, resinas
e óleos voláteis. Combinada com água gera um solvente hidroalcoólico, que
age como um conservante, impedindo hidrólise e fermentação que normal-
mente ocorreria quando é utilizado apenas água (LINDBERG & AMSTER-
DAM, 2008).
A cachaça é uma bebida alcoólica produzida principalmente no Brasil,
onde, 1,5 bilhões de litros (390 milhões de galões) são consumidos anual-
mente, em comparação com 15 milhões de litros (4,0 milhões de galões) fora
do país. Possui geralmente, graduação alcóolica entre 38% e 48% de álcool
em volume. Quando caseiro pode ser tão forte quanto o destilador desejar.
“A principal diferença entre cachaça e rum é que o rum geralmente é feito a
partir de melaço, um subproduto das refinarias que ferve o caldo de cana para
extrair o máximo de açúcar cristal possível, enquanto que a cachaça é feita a
partir de caldo de cana fresco que é fermentado e destilado. Como alguns runs
também são feitos por este processo, a cachaça é também conhecida como
rum brasileiro (WIKIPEDIA, 2012).
 A correlação conhecida entre dieta e saúde demonstra as grandes pos-
sibilidades de alimentos e / ou bebidas para manter ou até melhorar a nossa
saúde. Este fato tem provocado um grande interesse para a busca de novos
produtos que podem contribuir para melhoria da saúde e bem-estar. Estes
tipos de alimentos e / ou bebidas, capazes de promover a saúde tem sido gene-
ricamente definidos como alimento funcional.
Uma das formas mais frequentemente utilizadas pelos fabricantes de
alimentos para a produção de novos alimentos funcionais é a adição de um

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ou mais compostos bioativos de interesse em um alimento tradicional. Os


compostos bioativos adicionados são geralmente referidos como ingredien-
tes funcionais e são responsáveis pelas
​​ funções bioativas que o novo pro-
duto possa apresentar. Usando essa estratégia, vários alimentos funcionais já
foram desenvolvidos e comercializados. Por exemplo, os produtos que pos-
suem atividade anti-hipertensiva, efeito hipo-colesterolêmica, propriedades
antioxidantes, efeitos probióticos ou prebióticos, efeitos reguladores sobre o
apetite, entre outros, estão disponíveis no mercado (Ibanez, et al, 2012).
Existem patentes nacionais e internacionais relacionadas com processos
e produtos a partir de microalgas como, processos de produção com o objetivo
de obter biomassa, formas de conservação, produção de extratos, os produtos
alimentares (US2010/0297325, 2010), farmacêuticos (US0028376, 2010), os
biocombustíveis, entre outros.(PI0701072-9; PI0801270-9; PI0804611-5, WO
2008/000431, PI0703245-5, EUA 2005/0214897, EUA 2010/7785823, EP 1
138 757 e EUA 7.306.669). No entanto, não está contemplado nas patentes,
métodos de processo de cultivo, secagem e produção de uma bebida alcoólica
funcional a partir de microalga Chlorophyceae usando cachaça.

APRESENTAÇÃO DOS PROBLEMAS EXISTENTES


O desenho e operação dos sistemas de produção de biomassa de microal-
gas têm sido amplamente discutidos em vários países., As microalgas podem
ser cultivadas em tanques de cultivo abertos que necessita de áreas de terra
relativamente grandes para obter luz solar suficiente para realização da fotos-
síntese pelas microalgas. Atualmente a utilização de fotobioreatores e sistema
de cultivo contínuo vêm sendo desenvolvidos, mas geralmente só apresen-
tam-se viáveis ​​para a produção de quantidades relativamente pequenas de
microalgas (US006673592, 2006).
Há vários fatores que influenciam o crescimento de algas: fatores abió-
ticos, como luz (qualidade e quantidade), temperatura, concentração de
nutrientes, O2, CO2, pH, salinidade, produtos químicos tóxicos, fatores bióti-
cos como patógenos (bactérias, fungos, vírus) e concorrência por outras algas.
Entre estes fatores o fornecimento de energia para obtenção de luz artificial nos
sistemas de cultivo é um dos mais caros. Desta forma, produção de microalga
em laboratório utilizando apenas luz artificial é menos viável, devido alto
custo de energia. Muitos sistemas diferentes de cultura foram desenvolvidos
ao longo dos anos tentando atender a esses requisitos, no entanto, torna-se
difícil para cultivos em larga escala. Um dos pré-requisitos importantes para o

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cultivo de algas comercialmente é a necessidade de sistemas de grande escala


economicamente viáveis. Alguns sistemas de culturas, como sistemas de foto-
bioreatores fechados, apresentam custos substancialmente mais elevados do
que outros sistemas de cultura.
Uma vez coletada no sistema de cultivo, as células de microalgas contêm
de 85% a 95% de água. O elevado teor de água é devido à umidade interna das
células que torna difícil a sua remoção por meios mecânicos. Como resultado,
a secagem da microalga de acordo com técnicas convencionais necessita de
uma quantidade intensiva energia tornando o processo dispendioso, e res-
ponsável por até 30% dos custos de produção (US005276977). Além disso,
muitos componentes de microalgas como clorofila, carotenoides e enzimas
são rapidamente oxidados se exposta ao oxigênio e luz durante longos perío-
dos de secagem.
Obtenção de pigmentos naturais com efeito antioxidante geralmente
envolve técnicas complexas e de elevado custo, e o uso de alguns solventes
são recomendados pela FDA (EUA) para alimentos, fármacos, cosméticos,
apenas em baixas concentrações. Além disso, em muitos casos, tais pigmen-
tos formam complexos com outras substâncias, presentes intracelularmente, o
que torna o processo de extração laborioso e reflete no custo do produto final.
Existe um déficit de inovação na produção de bebidas alcoólicas utilizan-
do-se compostos bioativos para a elaboração de bebidas alcoólicas funcionais.
Neste sentido observa-se na indústria alcoólica a ausência de produtos alcoó-
licos diferenciais.

APRESENTAÇÃO DA SOLUÇÃO EM LINHAS GERAIS


A presente invenção vem solucionar alguns problemas mencionados,
quando propõe não só um processo de cultivo, que diminui seu tempo redu-
zindo as etapas de cultivo, mas também, uma técnica de secagem de bio-
massa e obtenção de uma bebida alcoólica funcional de microalgas. Além
disso, todas as etapas envolvidas na produção, secagem e obtenção da bebida
é caracterizada pela simplicidade e baixo custo.
A técnica, objeto do presente pedido de patente, utiliza tanques transpa-
rente, permitindo uma melhor iluminação do sistema de cultivo, particular-
mente em regiões que possuem grande incidência de luz natural durante todo
ano. Estes fatores permitem alta produtividade tal como redução nos custos de
produção. Várias formas para realização do sistema de cultivo de microalga
combinam vantagens normalmente associado a sistemas de cultivo fechados

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como alta produtividade por volume com vantagens normalmente associado a


sistemas abertos, tais como, baixo custo operacional e de construção.
Outra vantagem da técnica ora exposta é que a biomassa celular pode
ser separada, seca e mecanicamente rompida para extração dos componentes
intracelulares por meio de simples técnicas de processo, o que Torna o pro-
cesso consequentemente menos custoso.
O solvente utilizado na presente invenção tem 40% de etanol em água, os
quais são aceitos pela FDA (EUA) para uso alimentar. Sobretudo, a extração
dos compostos bioativos da microalga com cachaça permiti a obtenção de
uma apreciável bebida alcoólica funcional inovadora.
A presente invenção também irá adicionar valor ao processo de cultivo
de microalgas da classe Chlorophyceae, devido ao uso do resíduo obtido após
o processo de extração. Portanto, este co-produto pode ser aproveitado para
a indústria biotecnologia de nutracêuticos, alimentos e farmacêutica por pos-
suir ainda compostos bioativos.

SUMÁRIO DA INVENÇÃO
Sistemas e métodos para aumentar a e reduzir os custos da produção
de biomassa de microalgas em um sistema de cultivo vêm sendo discutidos.
Neste sentido, o objetivo do presente invento foi desenvolver um método de
cultivo de curto período desenvolvido em duas fases, utilizando um sistema
estrutural visando elevada produtividade e redução do custo da produção.
A primeira fase do processo de cultivo da presente invenção proporciona
condições ambientais e estruturais controladas maximizando o crescimento e
qualidade celular. Esta primeira fase é caracterizada pelo crescimento celular
contínuo e divisão celular máxima em recipientes de vidro esterilizados. Esta
fase inclui o controle e manipulação dos parâmetros físico-químicos poten-
cializando a velocidade de crescimento no cultivo.
A segunda etapa permite o cultivo em tanques fechados produzidos de
material transparente e resistente à deterioração. Nesta etapa a estrutura uti-
lizada na presente invenção permite o aproveitamento de luz natural possi-
bilitando uma maior viabilidade econômica do sistema. Esta segunda fase
é ainda caracterizada por características que permitem aumentar a veloci-
dade de crescimento e assim maximizar o crescimento celular das microalgas
condicionadas nos tanques. Um aspecto é que a homogeneização das células
algais é proporcionada por um sistema de aeração originado de ar natural que
é dissipado a através de pequenas perfurações que permitem a homogenei-

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zação de forma proporcional a toda a área do tanque. Este sistema também


minimiza o estresse algal provocado muitas vezes por sistemas de aeração
contínua e evita propagação de organismos contaminantes no cultivo. Ainda
outro aspecto é que esta estrutura possui mesmo diâmetro do fundo circular
do tanque onde é posicionado, permitindo que o fluxo do ar seja uniforme-
mente direcionado. Além disso, nesta segunda etapa, foi encontrada uma um
período de cultivo aproximadamente de 4 a 6 dias.
A presente invenção compreende um processo econômico e simples de
secagem de biomassa de microalgas. Um aspecto da invenção é que este pre-
sente processo proporciona um método para separar a biomassa úmida do tan-
que de cultivo a partir do meio de cultivo (separação sólido-líquido). Dois ou
mais métodos podem ser combinados nesta etapa de separação da biomassa
úmida. Outro aspecto é que um floculante é usado para obter a biomassa.
Ainda outro aspecto, após a floculação e conseguinte decantação das microal-
gas, uma bomba de sucção é mergulhado no interior do tanque para eliminar
o meio aquoso. Desta forma, a biomassa úmida é recolhida e transferida para
recipientes protegidos da incidência direta da luz e com circulação de ar para
obter biomassa seca. Por conseguinte, este processo de secagem é um pro-
cesso econômico e eficiente.
Outro aspecto da presente invenção inclui a produção de uma bebida
alcoólica funcional de microalgas Chlorophyceae utilizando a cachaça - uma
bebida popular brasileira feita a partir de cana fermentado. Ainda outro
aspecto da presente invenção é que a metodologia utilizada proporciona extra-
ção e separação de compostos bioativos da partir das microalgas. O método
compreende a mistura da biomassa seca com um solvente alcoólico (cachaça)
e a ruptura das células por atrito mecânico; misturando a cachaça por um
tempo e temperatura determinado, que após ser centrifugada, é obtido na fase
sobrenadante um extrato alcoólico contendo compostos bioativos.
Outro aspecto ainda é que nesta última etapa descrita, a fase precipitada
do processo de extração, a biomassa residual do processo, é ainda um produto
que poderá ser usado na indústria biotecnológica, de alimentos, nutracêutica
e farmacêutica.

DESCRIÇÃO DETALHADA DO INVENTO


Esta descrição detalhada da invenção é dividida em três partes. A Parte I
descreve métodos do cultivo das microalgas (descrito em primeira e segunda
etapa). A Parte II, em duas sub-partes, descreve métodos para a coleta de

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biomassa de microalgas, assim como a metodologia para a secagem desta bio-


massa. Parte III descreve a metodologia para a criação da bebida funcional
da presente invenção e os métodos utilizados para combinar a biomassa seca
das microalgas e o todo o processo para obtenção da bebida. Biomassa de
microalgas, biomassa de algas, e biomassa significa um material produzido
pelo crescimento e ou propagação de células de microalgas. A biomassa pode
conter células e ou incluir material intracelular, mas não está limitado a, com-
postos secretados por uma célula (EUA 2010/0297325).
Parte I - A presente invenção refere-se a um sistema de cultivo carac-
terizado por possuir custos de operação e construção relativamente baixo,
composto por poucas etapas de produção e de elevada qualidade. Os aspectos
da realização da metodologia são descritas em duas etapas a seguir em maior
detalhe. A primeira etapa do método inclui o cultivo em ambiente contro-
lado. Nesta etapa são utilizados apenas dois momentos de inoculação: em
ambos as microalgas são anteriormente manipuladas com relação aos parâ-
metros de crescimento e inoculadas na fase exponencial a fim de maximizar
a produtividade celular, assim como obter uma maior qualidade das cultu-
ras. As microalgas são condicionadas em recipientes de vidro de 30-80 mL
no primeiro momento, e então transferidos para o segundo e ultimo volume
desta etapa; recipientes de vidro de 1-5L, estes acoplados a um sistema de
aeração (ar filtrado). O meio utilizado para o crescimento algal é composto
por água enriquecida com macro e micronutrientes seguindo a composição
do Meio Provasoli (modificações no meio poderão ser realizadas de acordo
com a composição química da água). Os recipientes de vidro assim como o
meio de cultura são previamente esterilizados. As culturas são mantidas uma
temperatura (entre 18 - 22°C) e pH (entre 6-9) controlados. As culturas são
submetidas a uma iluminação através da lâmpadas tubulares fluorescentes
(branca e fria) com intensidade luminosa entre 1000 - 8000 Lux com fotope-
ríodo integral. A duração desta primeira etapa é de aproximadamente 6 a 8
dias. As microalgas utilizadas na presente invenção incluem Chlorophyecae e
/ ou uma variedade de microalgas.
Após a primeira etapa do cultivo, as algas são transferidas para a segunda
etapa realizada em ambiente externo. Nesta segunda etapa o cultivo é reali-
zado em dois modelos de tanques com volumes distintos, aeração contínua
e os parâmetros físicos não são controlados, sendo utilizada a iluminação e
fotoperíodo natural. Para desenvolver o crescimento das microalgas, a água
utilizada nos tanques é enriquecida, mas não limitada, a adição de: uréia,

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NaNO3, EDTA, KOH, FeSO4, MgSO4, K2HPO4, KH2PO4, CaCl2, H3BO3,


CuSO4, MoO3, MnCl2, ZnSO4. Um aspecto da presente invenção é que as
duas estruturas dos tanques circulares fechados utilizados nesta etapa são
produzido com material transparente. Este fato, aliado ao sistema de aeração,
permiti a incidência da luz solar em todas as direções da estrutura do tan-
que permitindo o aproveitamento pelas microalgas durante o cultivo. Outro
aspecto, é que a estrutura dos tanques possibilita mantê-los fechados, ini-
bindo a contaminação da cultura por insetos, bem como outros contaminantes
possíveis. O tanque de cultivo pode ter dimensões diferentes, dependendo da
capacidade desejada para o sistema de cultivo de algas. Em algumas situações
a profundidade do tanque de cultivo poderá ser maior que cerca de cinquenta
centímetros. Em outras situações esta profundidade pode ser superior a cin-
quenta centímetros. Outro aspecto da presente invenção é a homogeneiza-
ção das células algais durante esta segunda etapa de cultivo. A estrutura de
aeração é inserida na parte inferior interna, possuindo o mesmo diâmetro do
fundo dos tanques permitindo que o fluxo do ar seja uniformemente direcio-
nado. Ainda outro aspecto é que esta estrutura possui pequenos otifícios que
a liberação do ar no sentido inferior – superior, possibilitando uma homo-
geneização uniforme além de minimizam o impacto sobre as microalgas no
sistema. Adicionalmente, o desenho dos tanques circular evita a formação de
pontos mortos (região não alcançada pelo sistema de aeração) contribuindo
para evitar a propagação de organismos contaminantes no cultivo. Além
disso, nesta segunda etapa, foi encontrada uma taxa de produção de biomassa
de 0.2 a 0.4 gramas por litro no tanque da fase final e em um período de cul-
tivo aproximadamente de 4 a 6 dias.
Nesta etapa não apenas os tanques, mas toda a estrutura de aeração pode
ser desmontada para desinfecção de forma simples e prática sempre que se
julgar necessário.
Parte II- Outro aspecto da presente invenção proporciona um método
extremamente viável para a recuperação e obtenção biomassa do meio de cul-
tivo. As microalgas presentes no tanque de cultivo foram coletadas a partir de
um processo inicial de separação das microalgas da solução da cultura (sepa-
ração sólido-líquido). Dois ou mais métodos podem ser combinados nesta
etapa. Nesta etapa a utilização de floculantes para separar as células do meio
líquido e obter a biomassa algal podem ser usados, incluindo o uso do rea-
gente Hidróxido de Sódio. A utilização concentração de floculante depende
dos parâmetros químicos do cultivo. Nesta etapa de floculação foi possível

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retirar entre 85 - 98% de água da cultura, obtendo assim a biomassa úmida. A


concentração das microalgas em volume mínimo de água possibilita reduzir
a necessidade da centrifugação, normalmente aplicado para a separação da
biomassa do meio de cultura no cultivo convencional. Outro aspecto nesta
etapa é que após a decantação das células, provocada pela ação do floculante,
uma bomba de sucção é inserida na parte inferior do tanque a uma altura de
aproximadamente 30 a 50 cm do fundo com o objetivo de eliminar a fase
líquida sobrenadante obtida após o processo de floculação descrito acima. A
biomassa úmida é coletada através de uma válvula localizada na parte inferior
do tanque de cultivo e transferida para recipientes plásticos com largura de
aproximadamente 30x40cm e profundidade de 5 a 10 cm. Ainda outro aspecto
é que estes recipientes são protegidos da incidência direta da luz e mantidos a
uma temperatura de cerca de 22-30 ° C e circulação de ar para secagem bio-
massa seca. Em algumas situações este processo de secagem pode levar um
dia. Em algumas situações este processo de secagem pode levar dois dias. Em
algumas formas de realização do processo de secagem pode leva dois dias. A
metodologia utilizada nesta etapa buscou obter uma metodologia eficiente e
com custos reduzidos de separação e obtenção de biomassa seca.
Parte III- Ainda outro aspecto da presente invenção contempla a extra-
ção de compostos bioativos das microalgas utilizadas obtidos através da uti-
lização da cachaça. A invenção trata-se de uma bebida alcoólica apreciada,
uma bebida funcional. As características da presente invenção é obtida por
um método inovador para extrair as substâncias produzidas pelas microalgas
utilizadas no processo citado nas etapas acima, utilizando uma bebida alcoó-
lica tradicional brasileira.
Nesta etapa a cachaça foi inserida em recipiente contendo biomassa seca
da microalga utilizando uma proporção de aproximadamente1% do seu peso
seco. Foi utilizado um processo de maceração mecânica com o objetivo de
romper a parede das células algais. A utilização desta metodologia vem possi-
bilitar a aplicação desta invenção na escala piloto e industrial. Neste aspecto
a extração dos compostos intracelulares ocorre com a inserção gradativa de
cachaça, iniciando a uma concentração média de 200% deste solvente no reci-
piente contendo a microalga. Ainda outro aspecto é que todo o processo é
realizado protegido da incidência direta da luz. A extração dos compostos
intracelulares da microalga inicia-se através do processo de ruptura celular
com a utilização de um aparato de vidro com um pistão. Os movimentos e
deslocamento repetitivo do pistão permitem a colisão sobre a superfície rígida

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do recipiente e das células algais. Neste processo ocorre a ruptura das células
ou parte delas ocorrendo a liberação gradativa dos compostos bioativos de
interesse. Após a fase de ruptura celular a extração dos compostos na solução
(mistura cachaça e microalga) é realizada utilizando uma câmara agitadora
por um período aproximado de 2 horas, seguido de centrifugação (4000 rpm)
durante 10 minutos. O sobrenadante obtido é separado e condicionado em
outro recipiente, sendo caracterizado como o produto final da presente inven-
ção: uma bebida alcoólica funcional. Ainda outro aspecto é que a biomassa
precipitada foi mantida refrigerada, podendo ser utilizado e aplicada nas
indústrias de biotecnologia alimentícia, nutracêutica e farmacêutica. Resulta-
dos prévios obtidos demonstram atividade anti-oxidante para esta amostra. A
qualidade do produto advinda pela atividade antioxidante do produto obtido
pela presente patente pode ser atribuída a componentes bioativos presentes na
biomassa das microalgas utilizadas na presente invenção.
Neste sentido, a presente invenção estabelece um método de produção de
uma bebida que compreende a combinação de biomassa de microalgas, sob a
forma de pó ou flocos de células com um líquido comestível, obtendo assim
uma bebida alcoólica nutricional.
Em alguns casos, a biomassa algal utilizada para fazer a composição
alimentar deste processo citado acima compreende uma espécie ou uma mis-
tura de pelo menos duas ou mais distintas microalgas. Em alguns casos, pelo
menos, duas das espécies distintas de microalgas foram cultivadas separada-
mente. Outro aspecto ainda é que pelo menos, duas das espécies distintas de
microalgas possuem diferentes perfis de compostos bioativos.
Outra consideração é que a utilização da microalga pode ser contribuir
para reduzir o sabor forte da cachaça convencional. A presente invenção,
opcionalmente, inclui ainda um sabor suave originado das microalgas. A
invenção tem um sabor leve, não forte, suave, não áspera. O sabor suaviza o
paladar na degustação. Outro aspecto é o cheiro leve, não possuindo um forte
odor, geralmente observado em tradicionais bebidas etílicas. O odor é carac-
terizado como um odor característico de microalgas. Ervas diversas, plantas
aromáticas ou extratos dos mesmos, podem também ser incluídos nas com-
posições de produtos por várias razões diversas, tais como o sabor ou para os
seus próprios benefícios potenciais para a saúde (No. Pub: 2010/0119667 A1
data Pub: May 13,2010).
O presente invento demonstra um processo que resulta em um eficiente
cultivo obtenção de biomassa e isolamento de um extrato alcoólico de microal-

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gas usando um protocolo de um custo benefício eficiente. Outro aspecto, e de


fundamental importância para esta invenção é a característica não tóxica do
solvente utilizado, evitando a presença de resíduos tóxicos encontrados no
processo final.

REIVINDICAÇÃO
1. Processos de cultivo e obtenção de biomassa seca de microalgas
(Chlorophyecae), bem como, produção de bebida alcoólica funcional
de microalga.

2. O processo da reivindicação 1, apresentam reivindicações


caracterizado por:

2.1. Um processo de cultura de duas etapas com condições físico-


químicas controladas (primeira etapa do cultivo) e estruturais
para reduzir o período de produção do sistema de cultivo;

2.2. Um processo econômico e simples de separação e secagem de


biomassa de microalgas.

2.3. Um processo de produção de um produto alcoólico bioativo com


propriedades funcionais a partir de microalgas Chlorophyceae.

3. O processo da reivindicação 1 em que envolva a produção de microal-


gas caracterizado também por Chlorella sp. e/ou Scenedesmus sp.

4. O processo da reivindicação 2.1 caracterizado por compreender


ainda, em algumas formas de realização da profundidade do tanque
de cultivo podendo ser maior que cinquenta centímetros, ou cerca de
cinquenta centímetros.

5. O processo da reivindicação 4 além capacidade de volume da estrutura


é caracterizado por uma estrutura de produção de microalgas com
material transparentes.

6. O processo da reivindicação 5 também está caracterizado por


aproveitamento da luz natural pelas microalgas durante o processo
de cultivo.

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7. O processo da reivindicação 2.2 mais o método caracterizado pela


separação das células do meio de cultura.

8. O método da reivindicação 7 adicionado ao processo caracterizado


por converter a biomassa úmida em seca.

9. O processo da reivindicação 2.3 em que a composição do produto


está caracterizada por uma extração com cachaça.

10. O processo da reivindicação 9 também está caracterizado pelo baixo


custo da ruptura das células de microalgas por abrasão mecânica das
células.

11. O processo da reivindicação 9 somado a produção caracterizado por


a obtenção de uma bebida alcoólica funcional de microalga diferente
e apreciável.

12. O processo da reivindicação 9 acrescentado a um processo de


aproveitamento caracterizado pela biomassa residual (coproduto)
e seu aproveitamento pelas indústrias nutracêuticas, alimentares,
farmacêuticas e biotecnológicas.

3.6. POSSIBLIDADE DE APLICAÇÃO DO CULTIVO DE


MICROALGAS NO ESTADO DE SERGIPE
O sucesso no cultivo de microalgas para alimentação de animais aquáti-
cos inseriu o Brasil no cenário internacional envolvendo esta temática, princi-
palmente relacionada com sua absorção direta em larviculturas de camarões
e moluscos marinhos. No estado de Sergipe, a utilização é a mesma, com
a produção de microalgas em escala comercial direcionada exclusivamente
para alimentação de larvas do camarão marinho Litopenaus vannamei. Atual-
mente existe apenas um laboratório de produção, que utiliza duas espécies de
um mesmo grupo taxonômico, as diatomáceas Thalassiosirasp. eChaetoceros
sp. Estas espécies são produzidas utilizando o cultivo semicontínuo, o tipo de
cultivo geralmente empregado no Brasil. Os tanques são geralmente rasos,
construídos em concreto, fibra de vidro, policarbonato ou revestido com mate-
rial plástico e as culturas são constantemente agitadas. A utilização das condi-
ções naturais de iluminação e temperatura de Sergipe (média anual de 26° C),

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assim como nos demais estados do Nordeste brasileiro principalmente, apre-


sentando altos índices de luz natural e consequentemente temperaturas mais
elevadas, proporcionam uma maior produtividade destes microorganismos.
Com relação às atividades de pesquisas relacionadas à utilização das
microalgas no estado, os projetos em desenvolvimento visam principalmente
a inclusão da produção destas: no tratamento de efluentes, aproveitamento de
resíduos nos sistemas de cultivo, na absorção de CO2 pelas células algais e por
fim a produção da biomassa com fins biotecnológicos.
Apesar do potencial do estado na presente temática, empresas conso-
lidadas envolvendo cultivo de microalgas ainda não são representativas e a
utilização aplicada destas, assim como todos os produtos consumidos a partir
de sua biomassa, como cápsulas para complemento alimentar e fármacos, não
existem ou são importados de outros países (as microalga mais importadas
são Spirulina sp. e Chlorella sp.). Apesar disto, é crescente o desenvolvimento
de linhas de pesquisas envolvendo o cultivo e aplicações das microalgas no
estado de Sergipe. As condições climáticas, assim como a material humano,
investimentos, e a inter relação entre diferentes áreas de pesquisas envolvidas
nesta temática, são fatores que se agregam e podem possibilitar perspectivas
interessantes na produção de microalgas e sua utilização no estado.

3.7. REFERÊNCIAS

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4. CAPÍTULO II– MACROALGAS

4.1. HISTÓRICO, BIOLOGIA E TAXONOMIA DAS


MACROALGAS
A vida surgiu no mar há cerca de 3,5 bilhões de anos e seus habitantes
constituem o sistema mais diversificado do planeta. Dos micro-organismos
as algas e animais, quase a totalidade dos filos tem representantes nos mares.
Esses seres vivos guardam muitas substâncias desconhecidas que atuam na
comunicação entre espécimes, na defesa contra herbívoros ou predadores,
entre competidores, na reprodução ou simplesmente como produto de seu
metabolismo. Uma substância que atua como mediador químico para um
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organismo pode também ser a esperança para o tratamento ou cura de muitas


doenças conhecidas (Brasil, 2010).
Desde a antiguidade, as algas marinhas são exploradas como fonte de
alimento por várias civilizações, principalmente as orientais, como no Japão,
China e Coréia, onde até hoje integram o cardápio cotidiano desses povos
(McHugh, 2003). As propriedades nutricionais das algas marinhas não são tão
bem conhecidas como aquelas das plantas superiores, porém vários estudos
têm demonstrado que apesar de deficientes em lipídeos, são ricas em proteí-
nas, polissacarídeos, minerais e vitaminas (Darcy-Vrillon, 1993; Mabeau e
Fleurence, 1993; Dawczynski et al., 2007).
As algas podem ser divididas levando-se em conta a cor dos pigmen-
tos fotossintéticos nelas encontrados. Entre estas divisões duas são represen-
tadas por algas procarióticas, compreendendo as divisões Cyanobactéria e
Prochlorophyta. Já as algas eucarióticas são distribuídas em várias divisões,
destacando-se as Divisões Rhodophyta (algas vermelhas), Phaeophyta (algas
marrons ou pardas), Chlorophyta (algas verdes) e Euglenophyta (Raven et al.,
1996; South & Whittick, 1987; Van Den Hoek et al., 1989; Wyne, 2005).
De um modo geral, as macroalgas marinhas apresentam grande diver-
sidade referente ao seu modo de vida. A maioria vive fixa a substrato sólido,
sobretudo rochas ou corais mortos, embora algumas espécies apresentem
adaptações para crescerem sobre o substrato não consolidado como fundos
areno-lodosos (Oliveira, 2002). As macroalgas da divisão Rhodophyta apre-
sentam em especial, maior riqueza de táxons de valor econômico, principal-
mente os gêneros Digenia, Gracilaria, Gelidiella, Gelidium, Hypnea e Pte-
rocladiella (Marinho-Soriano, 1999). Segundo Bellorin (2002) a macroalga
Gracilaria é o gênero mais bem representado de algas vermelhas, com mais
de 100 espécies reconhecidas e, além disso, se distribuem na maior parte dos
mares tropicais e temperados do mundo (Oliveira e Plastino, 1994). Desta
forma, esse gênero destaca-se por ser a principal fonte mundial de ágar (Oli-
veira e Aveal, 1990; Oliveira et al., 2000).

4.2. MACROALGAS: PRODUÇÃO, CULTIVO E


AQUICULTURA
As macroalgas do gênero Ulva (NUNES, 2002; TYLER et al., 2005;
COPERTINO et al., 2009; YOKOYAMA e ISHIHI, 2010; AL-HAFEDH et
al., 2012; SÁNCHEZ et al., 2012) e Gracilaria (NEORI et al., 2004; ABREU

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et al., 2011; SHUKRI e SURIF, 2011; SKRIPTSOVA e MIROSHNIKOVA,


2011; ROBLEDO et al., 2012) são as mais promissoras para o cultivo inte-
grado com camarões, pois são eficientes na remoção de nutrientes e podem ser
fonte de alimento suplementar para os camarões marinhos.
As macroalgas do gênero Ulva, são algas verdes da família Ulvaceae,
possuem bom nível de proteína bruta e lipídios. A espécie U. lactuca pos-
sui 10,69g de proteína bruta e 0,99g de lipídios a cada 100g de peso seco
(TABARSA et al., 2012). Já as macroalgas do gênero Gracilaria são algas ver-
melhas do filo Rhodophyta e também possuem bom nível de proteína bruta e
lipídios. A espécie G. birdiae possui 12,6g de proteína e 1,1g de lipídios totais
e G. domingensis possui 16,6g de proteína e 1,6g de lipídios totais a cada 100g
de peso seco (FRANÇA-PIRES et al., 2012a,b). Entretanto, a composição
centesimal das macroalgas pode variar de acordo a espécie, habitat e condi-
ções ambientais, como salinidade, temperatura e concentração de nutrientes
na água de cultivo (MARINHO-SORIANO et al., 2006; CRUZ-SUÁREZ et
al., 2010).
Segundo Portillo-Clark et al. (2012) os cultivos integrado podem melho-
rar a qualidade da água, aumentar o crescimento dos camarões e a sua resis-
tência a doenças, no entanto, é necessário mais trabalhos para determinar as
espécies que são mais adequadas, pois o exato papel na nutrição dos camarões
não é conhecida e a sua utilização para aumentar a produção de cultivo ainda
encontra-se em fase experimental.
As macroalgas marinhas têm sido cultivadas há séculos nos países orien-
tais, onde são amplamente utilizadas na alimentação, fazendo parte da culi-
nária popular. Alimentos como “nori”, “kombu”, “wakame”, são amplamente
populares em países como no Japão, China e Coréia. Atualmente a utilização
desses alimentos encontram-se em processo de incorporação nos hábitos ali-
mentares do ocidente (Lépez et al., 2004).
A biomassa algal para uso industrial pode ser proveniente de bancos
naturais (extrativismo) ou de cultivo. Entretanto, a sustentabilidade da indús-
tria de macroalgas reside nos cultivos, uma vez que os bancos naturais não são
suficientes para atender a crescente demanda que vem sendo intensificada nas
últimas décadas, principalmente na produção de ficocolóides e para o uso na
alimentação (Critchley, 1997; Oliveira et al., 2000).
A produção mundial de macroalgas em 2010 foi de 19 milhões de tone-
ladas, onde 95,5% desta produção foram provenientes de cultivos, gerando
aproximadamente U$$ 57 bilhões. Os principais países produtores em 2010

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ALGAS CULTIVÁVEIS E SUA APLICAÇÃO BIOTECNOLÓGICA
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foram: China (58,4%, 11,1 milhões detoneladas), Indonésia (20,6%, 3,9


milhões de toneladas), Filipinas (9,5%, 1,8 milhões de toneladas), Repú-
blica da Coreia(4,7%, 901.700toneladas), República Popular Democrática da
Coréia(2,3%, 444.300toneladas), Japão (2,3%, 432.800toneladas), Malásia
(1,1%, 207.900 toneladas) e a República Unida da Tanzânia(0,7%, 132.000
toneladas), representando 99,6% da produção mundial. Os principais grupos
cultivados foram: Laminaria japonica, Kappaphycus alvarezii, Eucheuma
spp.,Gracilaria spp., Porphyra spp., Undaria pinnatifida, Fusiform sargassum
eCaulerpa spp. (FAO, 2012). Dessa forma, a opção de cultivo torna-se a alter-
nativa mais interessante, pois diminui a pressão sobre os estoques naturais
além de ser um potencial para o desenvolvimento das regiões costeiras (Mari-
nho-Soriano, 2005).
Desta forma, do ponto de vista econômico as algas são utilizadas como
alimentos para o homem e animais e seu interesse nutricional está baseado
em seu reduzido valor calórico e elevado teor de vitaminas, minerais e fibras
dietárias (Ito & Hori, 1989). A macroalga Gracilaria birdiae é uma das princi-
pais espécies brasileiras que serve como fonte de carboidrato de origem algal,
além de fornecer produtos imprescindíveis para a vida do homem moderno
(Maciel et al., 2007). Sendo, considerada uma importante fonte de matéria-
-prima na produção do ágar (Oliveira & Aveal, 1990; Oliveira et al., 2000).
O ágar é um polissacarídeo extraído principalmente das famílias Geli-
diaceae e Gracilariaceae pertencentes à Rhodophyta. Sua principal caracte-
rística é a capacidade de formar um gel consistente à temperatura ambiente,
em pequenas concentrações em água (Valiente et al., 1992). Este composto é
amplamente empregado em vários ramos da indústria: na indústria alimentí-
cia (fabricação de gelatinas, queijo, enlatados, doces e outros); farmacêutica
(laxativo, emulsificante e estabilizante para medicamentos); e pesquisa labo-
ratorial (meio de cultura para plantas e microorganismos diversos, e como
meio de inclusão para cortes histológicos). Possui também várias outras apli-
cações, como na fabricação de moldes dentários, produtos cosméticos e papel
(Bezerra, 2008).
O crescente mercado do ágar tem como consequência principal o
aumento da demanda da matéria prima para sua produção. Sendo assim, vem
se observando uma crescente exploração dos estoques naturais de Gracilaria,
gerando escassez e contribuindo para a diminuição desses estoques (Mari-
nho-Soriano, 2005).

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ALGAS CULTIVÁVEIS E SUA APLICAÇÃO BIOTECNOLÓGICA
Mirela Assunção Simões, Suzan Diniz Santos, Danielli de Matias de
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Segundo Teixeira & Costa, (2008), os bancos naturais de algas repre-


sentam junto com os manguezais o berçário da biodiversidade marinha e são
fundamentais para a atividade pesqueira. OLIVEIRA & MIRANDA (1998)
indicou que em alguns bancos do litoral nordestino havia sinais claros de
sobre explotação, causado pelo manejo inadequado. Nesse sentido, o cultivo
de algas pode ser uma alternativa interessante para diminuir a pressão sobre
os estoques naturais além de ser um potencial para o desenvolvimento das
regiões costeiras (Marinho-Soriano, 2005).
A espécie é amplamente coletada nos bancos naturais da costa nordeste
para extração do ágar (Plastino & Oliveira, 2002) e nos estados do Ceará e Rio
Grande do Norte, vem sendo cultivada em escala piloto nos módulos flutuantes
de estruturas do tipo long line (Carvalho Filho, 2004), por estar em fase expe-
rimental, a sua produção ainda é pequena nessas regiões.
Os principais sistemas de cultivo são: balsas, long-line ou gaiolas, po-
rém a escolha da estrutura de cultivo depende da correnteza, do fluxo e refluxo
da água, do tipo de fundo, da profundiade do ambiente, do acesso ao local, dos
fenomenos naturais e conflitos com outras atividades (SEAP, 2003).
No Brasil, vários estudos experimentais foram desenvolvidos (Lima et
al., 1981; Câmara-Neto, 1987; Oliveira, 1997; Marinho-Soriano et al., 2002;
Marinho-Soriano, 2005; Marinho-Soriano et al., 2006). No entanto, apesar
dos resultados positivos obtidos, ainda não foi possível implantar o cultivo de
macroalgas em escala comercial. Na região Nordeste, projetos experimentais
vêm sendo desenvolvido com o objetivo do uso racional desse recurso mari-
nho, visando principalmente à sustentabilidade da atividade extrativista pela
sustentável (maricultura), em comunidades litorâneas, primeiramente nos
estados Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba (Carvalho Filho 2004; Miranda
et al. 2004, Teixeira et al., 2004). Mais um projeto foi desenvolvido em Per-
nambuco no município da praia de Pau Amarelo, entre os anos de 2007 a
2009 através do projeto PROALGAS patrocinado pelo Programa Petrobras
Ambiental (Figuras 1 a 6).
No nordeste do Brasil, tradicionalmente a coleta predatória de algas nati-
vas existe desde a década de 70. Nos últimos dez anos, iniciativas a partir de
projetos de pesquisa e extensão têm tentado desenvolver o cultivo de macroal-
gas, obtendo êxito em alguns experimentos com a espécie Gracilaria birdiae
nessa região. (Teixeira et al. 2000; Teixeira, 2004).
De acordo com MASIH-NETO (2006), um sistema semi-intensivo para
cultivo de algas, sendo utilizadas densidades de 48 long-lines por hectare,

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ALGAS CULTIVÁVEIS E SUA APLICAÇÃO BIOTECNOLÓGICA
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ocupando uma área de 1 ha de lâmina d´água e pode ser classificado como um


empreendimento de pequeno porte com produtividade estimada em cerca de
3 t/ciclo, sendo 6 ciclos/ano com produção de mais de 18 toneladas/ano resul-
tando em uma receita estimada em R$ 72.000,00./ano.
No litoral do Ceará o cultivo do gênero Gracilaria vem sendo realizado
em parceria com uma comunidade pesqueira, mostrando altas taxas de cres-
cimento e boas perspectivas para expansão (Teixeira et al., 2002). Modelos de
estruturas em cultivo experimental com G.domingensis foram utilizados por
CABRAL et al., (2003), na praia de Pititinga, Rio Grande do Norte, um sis-
tema de três telas tubulares compartimentadas de 1m de comprimento (cultivo
em balsas) dispostas paralelas umas as outras; e em gaiolas quadradas com 50
cm de lado. Contudo, a expansão da atividade em âmbito nacional requer uma
avaliação mais ampla dentro de um panorama de desenvolvimento sustentável
através de estudos que delimitem as áreas e sistemas adequados de cultivo
(Masih-Neto, 2006).
Uma atividade para ser considerada sustentável tem que possuir susten-
tabilidade econômica, social e ecológica. Sendo assim, o estudo do cultivo da
macroalga G. birdiae em regiões potenciais, envolvendo comunidades litorâ-
neas, bem como, a análise de seus produtos representa o principal passo para
o desenvolvimento sustentável da maricultura.

4.3. APLICAÇÃO BIOTECNOLÓGICA GERAL DAS


MACROALGAS
As macroalgas marinhas são organismos promissores na síntese de com-
postos biologicamente ativos, pois vivem em ambientes com várias interações
biológicas e condições abióticas extremas e, para a sua sobrevivência, desen-
volveram estratégias de defesa, resultando na produção de um grande número
de compostos químicos a partir de diferentes rotas metabólicas.
As macroalgas podem ser utilizadas para a produção de ficocolóides e
de substâncias bioativas (MARINHO-SORIANO et. al., 2011), matéria prima
para as indústrias de fármacos e cosméticos (NEORI et al., 2004), fabricação
de papel, fertilizantes agrícolas, tratamento de vermes, aglutinantes de rações
(PAGAND, 1999), consumo humano (SANTOPRETE e BERNI, 2011), ali-
mentação animal, biomassa para combustivel, industria têxtil e remoção de
metais tóxicos (MCHUGH, 2003).
As macroalgas marinhas do litoral brasileiro apresentam um grande
potencialbiotecnológico, portanto, investimentos nas pesquisas são funda-

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mentais para a geração de produtos e de processos que garantam a conserva-


ção dos bancos naturais e o uso sustentável deste importante recurso marinho.

Aplicação farmacêutica e cosméticos


Outra importante função das macroalgas e a presença dos componentes
farmacológicos e bioativos como: β-glucano, carragenina, sulfatos, lamina-
rina e polissacarídeos (galactose), que possuem atividade antibacteriana e
antiviral. Estes componentes quando absorvida pelos camarões, aumenta a
resposta imune dos mesmos (HUYNH et al., 2011; SIRIRUSTANANUN et
al., 2011; CRUCES et al., 2012; PESO-ECHARRI et al., 2012;SILVA et al.,
2013c), reduzindo as taxas de mortalidade por doenças bacteriana e viral, que
causam grande mortalidades. Esta característica torna ainda mais importante,
pois estes componentes podem ser uma alternativa ao uso indiscriminado
de antibióticos que pode aumentar a resistência dos patógenos, além do alto
custo do uso e da restrição pela legislação (KANDHASAMY e ARUNA-
CHALAM, 2008).
Alguns estudos relatam que os extratos de macroalgas via alimentação
ou banhos de imersão, têm aumentado à sobrevivência de camarões infectados
por Vibrio: Sargassum fusiforme (HUANG et al., 2006); Gelidium amnassi
(FU et al., 2007); Sargassum hemiphyllum (HUYNH et al., 2011); Gracilaria
fisheri (KANJANA et al. 2011); Ulva fasciata (SELVIN et al., 2011); Graci-
laria tenuistipitata (SIRIRUSTANANUN et al., 2011), por vírus: Sargassum
spp. (IMMANUEL et al., 2010, 2012); Sargassum hemiphyllum (HUYNH et
al., 2011); Gracilaria tenuistipitata (LIN et al., 2011); Gracilaria tenuistipitata
(SIRIRUSTANANUN et al., 2011);Sargassum wightii (SIVAGNANAVEL-
MURUGAN et al., 2012).

Biorremediação
O desarranjo e a eliminação de contaminantes ambientais por organis-
mos vivos são chamados de biorremediação.
Outra função das macroalgas é a contribuição da biorremediação de
nutrientes da água, pois segundo Xu et al. (2008a) entre 52-95% do nitrogênio
e 85% do fósforo que entram via ração nos sistemas de aquicultura tradicional
são perdidos no ambiente. Já Avnimelech (2009) descreve que apenas 25%
dos nutrientes adicionados como alimento peletizados são incorporados pelos
animais.

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Entretanto, esta incorporação pode variar com a espécie, sistema de cul-


tivo e o nível de proteína das rações; Hari et al. (2006) encontrou em sistema
extensivo de Penaeus monodon com diferentes níveis de proteína e adição de
carboidrato na água uma incorporação de 16 a 21 % de nitrogênio na biomassa
despescada. Teichert-Coddington et al. (1999) e Briggs e Funge-Smith (1994)
encontraram em sistema semi-intensivo com L. vannamei incorporação de 14
e 18% do nitrogênio do sistema, respectivamente. Em relação a sistemas in-
tensivos, Jackson et al. (2003) no cultivo de P. monodon encontraram entre 21
e 22% e Thakur e Lin (2003) entre 23 a 31%, já para o cultivo de L. vannamei
em sistema de bioflocos, Silva et al. (2013b) encontraram 39% nitrogênio e
35% fósforo retido na biomassa despescada do camarão.
O restante dos nutrientes não assimilados pelos camarões pode ser
disponibilizado em forma de efluentes, gerando eutrofização dos corpos ad-
jacentes. Para tratar ou minimizar as descargas de nutrientes, podemos utili-
zar macroalgas que podem transformar estes resíduos em biomassa, contri-
buindo significativamente para biorremediação da água de cultivo (TROELL
et al., 2003; MATOS et al., 2006; NEORI, 2008; HE et al., 2008; ROCHA
et al., 2008; RAMOS et al., 2008; MARINHO-SORIANO et al., 2009 a,b,
2011; ALENCAR et al., 2010; HUO et al., 2011, 2012; SHUKRI e SURIF,
2011; SKRIPTSOVA e MIROSHNIKOVA, 2011; NIRMALA et al., 2012;
ROBLEDO et al., 2012; CARTON-KAWAGOSHI et al., 2013).
As macroalgas podem absorver entre 34% a 94% da amônia da água,
11 a 57% do nitrito, 7 a 100% do nitrato e entre 34 e 93% do fosfato (Tabela
3). Segundo Jones et al. (2001, 2002) a utilização de macroalgas e/ou molus-
cos bivalves como organismos biorremediadores é uma importante ferra-
menta para redução de nutrientes dos cultivos de camarão, contribuindo com
a sustentabilidade da atividade. Esta biorremediação reduz os impactos aos
ambientes adjacentes e não denegrir a imagem da atividade perante alguns
ramos da sociedade civil, apesar da aqüicultura poluir menos que diversas
outras atividades ligadas à produção de alimentos (BRITO et al., 2004).
Alonso – Rodrigues e Páez–Osuna (2003) relatam que os efluentes da carci-
nicultura apresentam melhores qualidades físicas e químicas da água compa-
rada às descargas domésticas tratadas.
Esta remoção de compostos nitrogenados e fósforo pelas macroalgas
melhoram a condição da água de cultivo, proporcionando incremento nos
resultados de crescimento e produção dos camarões (XU et al., 2008b; KHOI
e FOTEDAR, 2011). Porém ocorre redução da taxa de remoção de nutrientes

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da água durante o período de cultivo (MAI et al., 2010), pois fatores como
concentração inicial de amônia e fosfato, salinidade, temperatura, turbidez,
ciclo de vida, taxa de crescimento e biomassa de estocagem das macroalgas,
interferem na eficiência de absorção (CHOPIN et al., 2001; THI et al., 2012;
DU et al., 2013).
Outro fator importante da utilização das macroalgas é sua utilização
como fonte de alimento, seja pela pastagem diretamente das macroalgas e/
ou do biofilme que se forma na área superficial (LOMBARDI et al., 2006). O
biofilme é definido como a comunidade de microrganismos compostos pelos
organismos autotróficos e heterotróficos associados a uma matriz celular
aderidas a um substrato submerso (VIAU et al., 2013), que além de contri-
buir como fonte de alimento para camarões, também melhora a qualidade
da água de cultivo (AUDELO-NARARJO et al., 2011; ANAND et al., 2012).
O aumento do crescimento dos camarões em sistemas tradicionais integrado
com macroalgas já foram descritos para as espécies:L. vannamei (CRUZ-
-SUÁREZ et al., 2010; PEÑA-RODRIGUEZ et al., 2010; GAMBOA-DEL-
GADO, 2011), P. monodon (TSUTSUI et al., 2010; IZZATI, 2011) e Farfante-
penaeus californiensis (PORTILLO-CLARK et al.,2012).

Tabela 3. Eficiência na remoção de nutrientes das macroalgas dos gêneros Ulva e Gracilaria.

% % % %
Referência Espécies remoção remoção remoção remoção
Amônia Nitrito Nitrato Fosfato
Ramos et al.
U. fasciata 38 11 27 49
(2008)
Copertino et al.
U. clathrata 70 - 82 - - 50
(2009)
Marinho-So-
riano et al. G. caudata 59 - - -
(2009a)
Marinho-So-
riano et al. G. birdiae 34 - 100 93
(2009b)
Alencar et al.
U. lactuca 94 - - -
(2010)
Ramos et al.
U. fasciata 49 31 - -
(2010)
Shukri e Surif
G. manilaensis 83 33 68 -
(2011)

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Skriptsova e
Miroshnikova G.vermiculophyla 73 - - 34
(2011)
Marinho-So-
riano et al. G. caudata - 57 70 -
(2011)
Khoi e Fotedar
U. lactuca 59 - 81 - - -
(2011)
Abreu et al.
G. vermiculophylla 80 - - -
(2011)
Huo et al.
G. verrucosa 54 49 75 49
(2011)

Al-Hafedh et al. U. lactuca 80 - - 41


(2012) G. arcuata 83 - - 41
Robledo et al.
G. córnea 61 - 88 23 - -
(2012)

Além disso, a utilização das macroalgas em sistema integrado com cama-


rão, favorecer maior transformação do nitrogênio do sistema de cultivo em
biomassa de camarão (KHOI e FOTEDAR, 2011), aumentando os níveis do
ácido docosaexaenóico (DHA), ácido eicosapentaenoico (EPA) e caratenóides
nos tecidos dos camarões (CRUZ-SUAREZ et al., 2010). Além da prevenção
do bloom do fitoplâncton, aumentando a diversidade das espécies (HUO et al.,
2011; MARINHO-SORIANO et al., 2011).
Nas últimas décadas, existiram consideráveis impactos na produção
oriundos dos surtos de doenças em sistemas tradicionais de cultivo, que afe-
taram significativamente a gestão operacional das fazendas por todo o mundo
(MISHRA et al., 2008). Neste sentido, a produção de camarões está sempre
em busca de técnicas de manejo que melhorem a eficiência da administra-
ção dos alimentos, da qualidade da água e dos solos, assegurando um cultivo
ambientalmente amigável (BRITO et al., 2010, 2011).
Algumas estratégias têm sido sugeridas ou mesmo utilizadas, a fim de
minimizar a emissão ou reutilizar os nutrientes, dentre elas a utilização do
sistema integrado de cultivo utilizando macroalgas (ALENCAR et al., 2010;
ABREU et al., 2011; MARINHO-SORIANO et al., 2011; SKRIPTOSA e
MIROSHNIKOVA, 2011; AL-HAFEDH et al., 2012; ROBLEDO et al., 2012).
A integração de macroalgas com peixes e camarões tem sido reconhe-
cida como uma das mais promissoras abordagens para reduzir o excesso de
nutrientes liberados pela atividade aquicola, devido à elevada eficiência na

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absorção dos nutrientes através da atividade fotossintética, pelas altas taxas de


crescimento, produzindo grande quantidade de biomassa que pode ser apro-
veitada em diversos produtos comerciais (extração de ficocoloides, extratos,
fertilizantes) (CHOPIN et al., 2001; NEORI et al., 2004; SANTOS , 2006).
No entanto, mais trabalhos são necessários a fim de determinar as espécies
que são mais adequadas para o cultivo integrado com camarões (PORTILLO-
-CLARK et al., 2012), pois a escolha depende da sua utilização comercial, a
eficiência na remoção de nutrientes e a habilidade de crescimento em condi-
ções hipertróficas (SKRIPTOSA e MIROSHNIKOVA, 2011; ABREU et al.,
2011).
Métodos utilizando macroalgas para o tratamento de efluentes em siste-
mas de cultivos na aquicultura foram iniciados na década de 1970 (HAINES,
1975; LANGTON et al., 1977; HARLIN et al., 1978). Já na década de 1990,
com a ligeira expansão dos sistemas intensivos de cultivo (peixes, cama-
rão) e a crescente preocupação com efeitos negativos para o meio ambiente,
impulsionaram pesquisas relacionadas à utilização de macroalgas para absor-
ver nutrientes da água de descarga (VANDERMEULEN e GORDIN, 1990;
COHEN e NEORI, 1991; BUSCHMANN et al., 1994, 2001; NEORI e SHPI-
GEL, 1999).
Estudos demonstraram que as águas residuais provenientes da aquicul-
tura (cultivo de peixes e camarões) é uma fonte adequada de nutrientes para a
produção intensiva de macroalgas, reduzindo assim, a descarga de nutrientes
dissolvidos para o ambiente, pois a amônia (NH3) e o ortofosfato (PO43)-li-
berados são respectivamente, as fontes de nitrogênio e de fósforo mais utili-
zadas nos processos metabólicos pelas macroalgas (NEORI, 1996; CHOPIN
e WAGEY, 1999). Além disso, algumas espécies em culturas integradas meta-
bolizam outros nutrientes presentes na água e os utilizam para seu cresci-
mento (TROELL et al., 1999).
Esta eficiência da redução de nutrientes sofre variação, dependendo das
condições da cultura, tais como, luz, profundidade e concentração de nutrien-
tes dissolvidos (BUSCHMANN et al., 2001; TROELL et al., 2003), salinidade
da água (THI et al., 2012), taxas de renovação de água, biomassa de estoca-
gem das macroalgas, além do ciclo de vida desses organismos (CHOPIN et
al., 2001; MARINHO-SORIANO et al., 2009 a,b).
As macroalgas do gênero Ulva (RAMOS et al., 2008, 2010; YOKO-
YAMA e ISHIHI, 2010; COPERTINO et al., 2009; ALENCAR et al., 2010;
AL-HAFEDH et al., 2012; SÁNCHEZ et al., 2012; THI et al., 2012) e Gra-

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cilaria (MARINHO-SORIANO et al., 2009 a,b, 2011; ABREU et al., 2011;


ROBLEDO et al., 2012) são as mais promissoras para o cultivo integrado
com camarões, pois eficientes na remoção de nutrientes e podem ser fonte de
alimento suplementar para os camarões marinhos. As macroalgas do gênero
Ulva são algas verdes da família Ulvaceae, possuem bom nível de proteína
bruta e lipídios e tem como principal carotenóide a luteína (CRUZ-SUÁREZ
et al., 2009). Além disso, possuem 24% dos ácidos graxos totais na forma
de ácidos graxos poliinsaturados (PUFAs) (TABARSA et al., 2012). Já as
macroalgas do gênero Gracilaria são algas vermelhas do filo Rhodophyta,
utilizadas como matéria prima de vários produtos comerciais, além de ser
fonte de alimento para os humanos (NEORI et al., 2004). Possuem também
bom nível de proteína bruta e lipídios, além de 17% dos ácidos graxos totais
na forma de ácidos graxos poliinsaturados (PUFAs) (TABARSA et al., 2012).
Entretanto, sua composição bioquímica pode variar de acordo a espécie, habi-
tat e condições ambientais, como salinidade, temperatura e concentração de
nutrientes na água de cultivo (MARINHO-SORIANO et al., 2006; CRUZ-
-SUÁREZ et al., 2010).

Avanços na genética molecular de macroalga


A Engenharia Genética aplicada à maricultura busca o desenvolvimento
de raças e transgênicos de animais marinhos de valor econômico, capazes de
produzir mais, em menos tempo e com baixo custo. Por exemplo, três grupos
de substâncias químicas extraídas de algas marinhas destacam- se no cenário
pós-guerra de descobertas biotecnológicas: alginatos, agar e carrageninas. A
produção anual de algas marinhas coletadas in natura para a extração desses
três hidrocolóides é de aproximadamente 55 mil toneladas, que valem cerca
de US$ 585 milhões. O valor agregado dessa produção, no âmbito de todas as
indústrias que as utilizam, chega a US$ 5,6 bilhões por ano. O uso de novas
tecnologias baseadas em Biotecnologia genética e biologia molecular podem
ajudar a preservar as espécies marinhas produtoras desses importantes pro-
dutos (Brasil, 2010).

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4.4. BUSCA DE PATENTES ENVOLVENDO ALGAS NO


BRASIL
Até o primeiro trimestre de 2015 foi possível encontra o registro de
depositadas 118 patentes no Brasil contendo nos seus títulos a palavra “algas”
(INPI, 2015). Destes, 27 foram depositados no período de 2011 a 2012, o que
pode ser observado no resultado da consulta de bases de dados do INPI abaixo:

Consulta à Base de Dados do INPI


[ Pesquisa Base Marcas | Pesquisa Base Desenhos | Pesquisa Base Programas | Ajuda? ]
» Consultar por: Base Patentes | Finalizar Sessão 

RESULTADO DA PESQUISA (12/03/2015 às 22:27:44)


Pesquisa por:
Todas as palavras: ‘ALGAS no titulo’ \ Foram encontrados 118 processos que
satisfazem à pesquisa. Mostrando página 1 de 4.

Processo Depósito Título


COMPOSIÇÕES PARA TRATAMENTO
BR 11 2014 013154 6 30/11/2012 DE ALGAS EM SISTEMAS DE ÁGUA ESTAG-
NADA E RECIRCULANTE
PROCESSO DE EXTRAÇÃO DE POLISSACA-
RÍDEOS DE ALGAS CASTANHAS, POLIS-
SACARÍDEOS DE ALGAS CASTANHAS,
PROCESSO PARA PREPARAR ALGINATO
BR 11 2014 010922 2 01/11/2012
DE SÓDIO COM FRAGMENTOS RICOS EM
ÁCIDO MANURÔNICO E ALGINATO DE
SÓDIO COM FRAGMENTOS RICOS EM
ÁCIDO MANURÔNICO
CAPTURA DE CO2 PROMOVIDA POR
BR 11 2014 003226 2 10/08/2012 ENZIMA INTEGRADA À PRODUÇÃO
DE ALGAS
PROCESSO PARA A PRODUÇÃO DE ÁCIDO
BR 11 2014 003766 3 20/07/2012
4-AMINOBUTÍRICO A PARTIR DE ALGAS
TRATAMENTO TÉRMICO DE ÓLEO
BR 11 2013 033983 7 02/07/2012
DE ALGAS BRUTO
MÉTODO DE CULTIVO E COLHEITA DE
BIOMASSA DE ALGAS, APARELHO PARA
BR 11 2013 032011 7 13/06/2012 CULTIVO DE MICROALGAS, SISTEMA PARA
O CULTIVO E A COLHEITA DE BIOMASSA
DE MICROALGAS
EQUIPAMENTO DE RETIRADA DE ÓLEO
PARA BIOCOMBUSTÍVEL, BIOMASSA,
BR 10 2012 012549 8 25/05/2012
PROTEÍNAS DE ALGAS E PROCESSO PARA
RETIRADA DESTE ÓLEO

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ALGAS CULTIVÁVEIS E SUA APLICAÇÃO BIOTECNOLÓGICA
Mirela Assunção Simões, Suzan Diniz Santos, Danielli de Matias de
Macedo Dantas e Alfredo Olivera Gálvez

EQUIPAMENTO PARA OTIMIZAR A PRO-


BR 10 2012 012550 1 25/05/2012 LIFERAÇÃO DE ALGAS EM TANQUES
FECHADOS
MÉTODO E DISPOSITIVO PARA FORNECER
CALOR E DIÓXIDO DE CARBONO PARA
BR 11 2013 024553 0 31/03/2012 VEGETAIS E/OUALGAS USANDO GASES
DE COMBUSTÃO DE UMA ESTAÇÃO DE
ENERGIA
EXTRAÇÃO DE SOLVENTE DE PRODUTOS
BR 11 2014 019976 0 01/03/2012
DE ALGAS
SISTEMA DE CULTIVO DE PLANTAS UTI-
LIZANDO FOSFITO COMO UM NUTRIENTE
BR 11 2013 014135 2 07/12/2011
E COMO UM AGENTE DE CONTROLE DE
ERVAS DANINHAS E ALGAS
BR 11 2013 030989 0 03/11/2011 EXTRAÇÃO DE PROTEÍNAS DE ALGAS
PROCESSO PARA PRODUZIR HIDROCARBO-
NETOS SELETIVOS DE ALGAS, MATERIAL
DE ALIMENTAÇÃO PARA USO NA PRODU-
BR 11 2012 032946 4 20/06/2011 ÇÃO DE HIDROCARBONETOS SELECIONA-
DOS E PROCESSO PARA PRODUZIR HIDRO-
CARBONETOS E FERTILIZANTE ORGÂNICO
DE UM MATERIAL DE ALIMENTAÇÃO
SISTEMA PARA SUPORTE DE CRESCI-
BR 11 2012 032044 0 10/06/2011 MENTO DE ALGAS COM DIÓXIDO DE CAR-
BONO ADSORVIDO
SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE DIÓXIDO
BR 11 2012 032079 3 09/06/2011 DE CARBONO DE BIOCOMBUSTÍVEL
DE ALGAS
MÉTODO PARA PRODUZIR UM ÓLEO DE
BR 11 2012 029065 7 10/05/2011 HIDROCARBONETO A PARTIR DE BIO-
MASSA DE ALGAS
DESENHO DE LAGO DE CRESCIMENTO DE
BR 11 2012 029636 1 02/05/2011
MICRO ALGAS
ALGAS TRANGENICAS COM EXPRESSÃO
BR 11 2012 027045 1 22/04/2011
DE ÓLEO MELHORADA
COMPOSIÇÃO ALIMENTÍCIA, MÉTODO
PARA PREPARAR UM ALIMENTO AERADO,
PRODUTO DE CARNE, MÉTODOS PARA
BR 11 2012 026241 6 14/04/2011
MELHORAR A TEXTURA NA BOCA E A
VIDA DE PRATELEIRA DE UMA COMPOSI-
ÇÃO ALIMENTÍCIA, E, FARINHA DE ALGAS
“EXTRAÇÃO SELETIVA DE PROTEÍNAS
BR 11 2012 025326 3 06/04/2011
DE ALGAS DE ÁGUA SALGADA”
EXTRAÇÃO SELETIVA DE PROTEÍNAS
BR 11 2012 025584 3 06/04/2011
DE ALGAS DE ÁGUA DOCE
MÉTODOS E SISTEMAS PARA ISOALAR
BR 11 2012 025591 6 06/04/2011 PRODUTOS CAROTENOIDES E ÓLEOS
RICOS EM ÔMEGA-3 DEALGAS

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MÉTODOS E SISTEMAS PARA DESIDRA-


BR 11 2012 025495 2 06/04/2011 TAR ALGAS E RECICLAR ÁGUA DAS
MESMAS.
EXTRAÇÃO SELETIVA DE PROTEÍNAS
BR 11 2012 025494 4 06/04/2011 DE ALGAS DE ÁGUA DOCE OU ÁGUA
SALGADA.
SISTEMA FOTOBIORREATOR E MÉTODO
BR 11 2012 022914 1 11/03/2011
PARA CONTER CRESCIMENTO DE ALGAS
USO DE UMA PREPARAÇÃO DE KELP
SÓLIDA OU LÍQUIDA, MÉTODO PARA ESTI-
MULAR O CRESCIMENTO DE FRUTOS DO
BR 11 2012 020444 0 18/02/2011
MAR E PARA AUMENTAR QUANTATIVA E/
OU QUALITATIVAMENTE O CRESCIMENTO
DEALGAS.
MÉTODO PARA PREVENIR PROLIFERA-
ÇÃO EXCESSIVA DE CIANOBACTÉRIAS
BR 11 2012 020518 8 15/02/2011 E ALGAS, E PARA INIBIR O DESENVOL-
VIMENTO DE ESPÉCIES BACTERIANAS
PATOGÊNICAS.

4.5. PARTE DA DISSERTAÇÃO “ESTUDO DE CULTIVO


E DE BIOMOLÉCULAS DA MACROALGA GRACILARIA
BIRDIAE (RHODOPHYTA, GRACILARIALES)”
ENVOLVENDO SISTEMA DE CULTIVO

4.5.1. CULTIVO DA MACROALGA G. birdiae NA PRAIA DE PAU


AMARELO

MATERIAIS E MÉTODOS
O cultivo da G. birdiae foi realizado na praia de Pau Amarelo, localizada
no município de Paulista, estado de Pernambuco, próximo ao Forte de Pau
Amarelo entre as coordenadas 07º 54’51,6” S e 34º 49’04,8”W, a uma distân-
cia de aproximadamente 170 m da linha de praia com profundidade batimé-
trica local de aproximadamente 1,50 m (Figura 1). O experimento foi dividido
em duas fases: a primeira teve início em 01 de janeiro de 2009 e perdurou até
01 março de 2009 (período seco) e a segunda de 15 de maio a 28 de junho de
2009 (período chuvoso).

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ALGAS CULTIVÁVEIS E SUA APLICAÇÃO BIOTECNOLÓGICA
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Figura 1. (A) Praia de Pau Amarelo no município de Paulista do litoral de Pernambuco; (B)
local de cultivo da macroalga G. birdiae; (C) localização dos bancos naturais de algas.

As algas utilizadas no experimento de cultivo foram coletadas no banco


natural da praia de Pau Amarelo (07º 54’58,5” S e 34º 49’10,4” W) localizado
na região infralitoral, sob uma faixa de recife de arenito característico da
região.
As algas foram coletadas manualmente em profundidades de 20 cm a
50 cm durante o período de baixa-mar (maré de sizígia). Para esse estudo
foram selecionadas as frondes que apresentavam boa aparência fisiológica e
que estavam sem estruturas reprodutivas evidentes.
Nesse estudo, foram utilizadas seis estruturas de cultivo do tipo “long
line”: três para o período seco e três para o chuvoso. Cada long line apresen-
tava 30 m de comprimento cada uma, confeccionada com material reciclado:

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cordas recicladas de polietileno (12 mm); para a flutuação das estruturas uti-
lizou - se garrafas pet’s a cada 1,50 m em toda estrutura, deixando 2 m de
corda sem flutuadores em cada extremidade da mesma; e a ancoragem foi
obtida através de “garatéias artesanais” (poitas) confeccionadas com pedras
e madeiras. A sinalização das estruturas foi feita através de bandeirolas arte-
sanais, confeccionadas com bambu, retalho de tecido, pedaço de isopor reu-
tilizado e tijolo para manter o equilíbrio (Figura 2). Mudas de G. birdiae com
peso médio de 80 g foram amarradas por fitilhos (cordão de poliamida) nas
cordas à intervalos de 15 cm. A distribuição das estruturas de cultivo foram
de forma paralela, distando aproximadamente 5 m entre uma e outra, tanto
para o período chuvoso quanto para o seco.

Figura 2. Esquema ilustrativo da implantação da estrutura de cultivo ( tipo “long line”) utili-
zada no cultivo de algas marinhas na praia de Pau Amarelo.

Figura 3. Estruturas de cultivo de G. birdiae do tipo “long-line” na praia de Pau Amarelo-PE.

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Figura 4. Integrantes do projeto de algas PROALGAS implantando as mudas da G. birdiaenas


estruturas de cultivo.

Figura 5. Estrutura de cultivo de G. birdiae com tempo de cultivo de 7 dias.

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Figura 6. Estrutura de cultivo de G. birdiae com tempo de cultivo de 60 dias.

OBTENÇÃO DAS VARIÁVEIS ABIÓTICAS


Os parâmetros abióticos ambientais foram determinados quinzenal-
mente durante todo período experimental.
A salinidade (PSU), temperatura (ºC), pH, condutividade (µ\s), oxigênio
dissolvido (mg\L), oxigênio saturado (%) foram verificados através do equipa-
mento multiparâmetro YSI modelo SS6MPS.
Para a análise dos nutrientes foram coletadas amostras de água do mar
(250 mL) e armazenadas em frascos de polietileno. O material foi acondicio-
nado em caixas isotérmicas com gelo e transportadas para o Laboratório de
Limnologia do Departamento de Pesca e Aquicultura da Universidade Fede-
ral Rural de Pernambuco. Para determinação das concentrações dos nutrien-
tes dissolvidos foram utilizados para o nitrato (NO3-) o método segundo
Mackerett et al. (1978), para o nitrito (NO2) o método segundo Golterman
(1978), para o fósforo (PO42+) segundo A.P.H.A. (1995), para amônia (NH4+)
segundo Koroleff (1976), para clorofila-a e feofitina segundo Nush (1988) e
turbidez .

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Os dados climatológicos de precipitação pluviométrica, radiação solar


e velocidade dos ventos foram fornecidos pelo Laboratório de Meteorolo-
gia de Pernambuco (LAMEPE) do Instituto de Tecnologia de Pernambuco
(ITEP). Esses dados foram representados como média diária dos períodos dos
cultivos.

PARÂMETROS DE CRESCIMENTO: BIOMASSA E TAXA DE


CRESCIMENTO RELATIVO (TCR)
Para a estimativa da biomassa e determinação da Taxa de Crescimento
Relativa (TCR), quinzenalmente foram pesadas 10 mudas de alga cultivada
de cada corda. Para isso, as mudas foram retiradas de forma aleatória com
auxílio de uma tesoura, colocadas em saco plástico com água do mar e trans-
portadas para o local de apoio (Associação de pescadores da praia de Pau
Amarelo). Em seguida, escorreu-se o excesso da água e pesou-se cada muda
usando uma balança digital com precisão de 0,1 g.Dessa forma,a produção
de biomassa e a Taxa de Crescimento Relativa foram estimadas por meio da
média da produção das mudas em cada intervalo de tempo de cultivo.
A partir dos dados obtidos para cada muda (peso inicial e final, em gra-
mas), calculou-se a Taxa de Crescimento Relativo (TCR, %. dia -1), utilizan-
do-se a seguinte fórmula descrita por De Casabianca et al., (1997):

Onde: Pi = peso inicial (g); Pf = peso final (g); Tf -Ti = intervalo de tempo
entre as duas medidas de biomassa (g).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
VARIÁVEIS ABIÓTICAS
Os valores referentes aos parâmetros abióticos obtidos durante o cul-
tivo experimental do presente estudo nos períodos seco e chuvoso podem ser

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visualizados na Tabela 1. Dentre os parâmetros analisados ocorreram diferen-


ças significativas (p< 0,01) apenas para a concentração de nitrato e turbidez. O
período seco apresentou maiores valores na concentração de nitrato enquanto
que, a turbidez foi menor (Tabela 1). Maiores valores de incidência de radia-
ção solar foi observado no período seco (Figura 3A). A pluviosidade foi mais
intensa e frequente no período chuvoso. Entretanto, duas chuvas atípicas (dias
53 e 60) foram constatadas no final do cultivo do período seco (Figura 3B).
Esses fenômenos climáticos provavelmente exerceram influência para a maior
produção da biomassa algal no período seco do cultivo experimental (Figura
4A).

Tabela 1. Variação, média, e desvio padrão dos parâmetros abióticos ambientais registrados no
cultivo durante o período chuvoso e seco na praia de Pau Amarelo-PE

Período Chuvoso
Período Seco Média (±)
Parâmetros Ambientais Média (±)desvio desvio padrão
padrão
Oxigênio dissolvido (mg\L) 7,04 ± 0,05 8,62 ± 2,87
Oxigênio saturado (%) 109,44 ± 3,45 136 ± 47,5
Temperatura (ºC) 27,9 ± 0,61 28,8 ± 1,97
Condutividade (μ/s) 51,15 ± 0,05 50,82 ± 0,85
pH 6,84 ± 0,25 7,05 ± 0,41
Salinidade (PSU) 34,6± 0,33 33,2 ± 0,24
Nitrato (μg/L) 118,41 ±3,44 77,82 ± 34,40
Nitrito (μg/L) 7,69 ± 1,02 4,48 ± 2,99
Amônia (μg/L) 16,43 ±12,92 9,38 ± 9,14
Fosfato inorgânico (μg/L) 16,70 ± 2,81 17,99 ± 5,38
Clorofila (μg/L) 6,97 ± 4,12 9,60 ± 2,55
Feofitina (μg/L) 4,16 ± 0,89 4,32 ± 2,55
Turbidez (NTU) 4,90 ±1,91 12,93 ±1,76

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Figura 3. Radiação (A.) e precipitação (B.) durante os dias de cultivo da G. birdiae na praia de
Pau Amarelo.

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VARIAÇÃO DA BIOMASSA
A variação de biomassa total e quinzenal para os períodos seco e chu-
voso estão apresentadas na Figura 1. Ao comparar a biomassa total produzida
nos períodos seco e chuvoso, valores superiores (p<0,01) foram observados
para a estação seca (41,32 kg) em relação a chuvosa (13,36 kg) (Figura 4A).
Com relação a variação de biomassa quinzenal, o crescimento de G. birdiae
no período seco apresentou um padrão de linear durante os 60 dias de cultivo.
No período chuvoso o mesmo foi observado até o trigésimo dia, a partir de
então, observou-se uma interrupção no crescimento seguido de uma acen-
tuada perda de biomassa, causada provavelmente pela fragilização e despren-
dimento das mudas nas estruturas de cultivo. Tal fato tornou, nas condições
experimentais, inviável o cultivo após os trintas dias. Soriano (2005), estudou
o cultivo de Gracilaria no Rio Grande do Norte e afirma que a alga atinge o
tamanho comercial em 60 dias, alcançando uma média de 500 g por muda, a
partir de um inóculo com peso aproximado de 50 g.
Existe uma dificuldade de se comparar os resultados de biomassa geral
obtidos nesse estudo com os da literatura, devido principalmente as diferenças
experimentais que vão dês de diferentes formas de cultivo e espécies, forma
de coleta dos dados, até diferentes tratamentos estatísticos. A partir dos resul-
tados demonstrados na Figura 4B, pode-se observar que a G. birdiae cultivada
na praia de Pau Amarelo no período seco e chuvoso atingiu uma biomassa
média máxima de 269,59 g em 30 dias, havendo uma diferença significativa
de biomassa no período seco com média máxima de 319 g no mesmo tempo
de cultivo. Lelis (2006), encontrou uma média de biomassa por muda de G.
birdiae cultivada no Ceará, em 30 dias de cultivo de 167,50 g, sendo dessa
forma um resultado inferior em relação ao observado em Pau Amarelo, tanto
no período chuvoso quanto no seco. Considerando que haja o dobro de safras
em relação ao trabalho citado, podemos observar o alto potencial de cultivo de
G. birdiae para área em estudo. Entretanto, foram utilizadas para implantação
inicial mudas de 80 g para G. birdiae, enquanto que Soriano (2005) preferiu
utilizar mudas iniciais com 50 g.

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Figura 4. Variação da biomassa nos períodos seco e chuvoso: (A.) biomassa total, (B.) bio-
massa média quinzenal.

TAXA DE CRESCIMENTO RELATIVO (TCR)


Os valores de TCR médias encontrados para os períodos seco e chuvoso
foram de 3,16 e 1,72 %dia-1, respectivamente, sendo registrado diferença sig-
nificativa entre os períodos (t = 0,0011).

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Segundo McLachlan &Bird (1986), os cultivos do gênero Gracilaria, em


diferentes condições variam geralmente entre 5 e 10% dia-1. Entretanto Lelis
(2006) obteve no cultivo de G. birdiae no Ceará uma TCR média na melhor
profundidade (20 cm) de 2,91% dia-1. Soriano et al. (2002) encontrou TCR
máxima de 8,8% dia-1. Em relação aos resultados dos trabalhos analisados
acima, o presente estudo obteve uma melhor TCR máxima encontrada (7,52
%dia-1) desta forma dentro da faixa citada por Mclachlan &Bird (1986) e
próxima da encontrada por Soriano et al. (2002). Entretanto a TCR média
encontrada no caso estudado foi inferior ao sugerido por Mclachlan &Bird
(1986) para os cultivos do gênero Gracilaria em geral, porém é superior aos
dados encontrados por Lelis (2006).
Ao correlacionar os dados de TCR e de biomassa é possível identificar a
partir dos pontos das interseções entre as variáveis (setas indicada na Figura
5) os tempos de 30 e 33 dias demonstram que os valores onde o crescimento
apresenta-se com maior biomassa e taxa de crescimento alta, sugerindo que
esses valores são os melhores tempos de colheita da G. birdiae cultivadas nos
períodos seco e chuvoso respectivamente.

Figura 5. Interseções da TCR (%dia-1) e biomassa de G. birdiae do cultivo experimental na


praia de Pau Amarelo-PE, nos períodos seco e chuvoso

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CONCLUSÃO
A macroalga marinha Gracilaria birdiae cultivada em uma praia urbana
no litoral de Pernambuco (Pau Amarelo) apresentou: Uma maior biomassa algal
quando cultivadas no período seco e boas taxas de crescimento, com um tempo de
colheita ideal de aproximadamente 30 dias no período chuvoso e 33 dias no seco.

4.6. POSSIBLIDADE DE APLICAÇÃO DO CULTIVO DE


MACROALGAS NO ESTADO DE SERGIPE

Referindo-se ao cultivo de macroalga no Nordeste do Brasil, pode-se


citar alguns Estados que tiveram tentativas de realizar o seu cultivo em escala
comercial com intuito de fornecer matéria prima para diversas indústrias. No
Ceará, cultivos com o Gênero Gracialia, a mais de uma década se estabelece
e até hoje é realidade no estado, porém, para se tornar um cultivo em escala
comercial é necessário ainda mais investimentos e credibilidade no setor. No
Rio Grande do Norte, em Rio do Fogo, também ouve tentativas e estudos em
cultivo de macroalgas, na Paraíba, atualmente pesquisadores estão estudando
a possibilidade de cultivo já que o estado da apresenta bancos naturais de
algas e como foi visto, houve um projeto piloto em PE, nas praias de Pau
amarelo e Itamaracá. Todos esses estudos foram realizados pelo fato de que
esses estados apresentam bancos naturais de algas locais, outros estados que
poderiam acionar tentativas de cultivos, pelo fato de apresentar bancos natu-
rais locais, seria o estado da Bahia e Alagoas. O estado de Sergipe não apre-
senta bancos naturais de algas pelo fato de apresentar grande turbidez da água
por influência do rio São Francisco, essa mistura da água relacionada com a
grande profundidade oferece fatores inadequados ao desenvolvimento desses
bancos, mas, talvez para o cultivo, próximos à plataforma usando sistema de
cultivos com estruturas flutuantes seja um bom caminho para o início dessa
atividade de forma ambiental e até mesmo como fonte de matéria prima. A
região onde se encontram as plataformas de petróleo podem ser uma impor-
tante alternativa para o cultivo, pois pode ofertar para esse tipo de cultivo
hipoteticamente um padrão de crescimento adequado, retribuindo ao meio
ambiente, ciclagem de nutriente, berçário para diversas espécies aquática e
emissão de oxigênio.

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Estudos nessa área devem persistir, uma vez que, as condições ambien-
tais da água e o clima tropical do nosso país são favoráveis a esse tipo de
cultivo.

4.7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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rióides (Gracilariaceae, Rhodophyta). São Paulo, 2002, 150p. Tese( Douto-
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Mirela Assunção Simões -Possui graduação em Engenharia de Pesca pela
Universidade Federal Rural de Pernambuco (2004) e mestrado em Recursos
Pesqueiros e Aquicultura pela Universidade Federal Rural de Pernambuco
(2010). Professora efetiva do Instituto Federal de Sergipe. Tem experiência
na área de Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca, com ênfase em
Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca, atuando principalmente nos
seguintes temas: macroalga, cultivo, comunidades costeiras, sustentabilidade
e carcinicultura.

Suzan Diniz Santos -Possui graduação em Engenharia de Pesca pela Uni-


versidade Federal Rural de Pernambuco (2002), mestrado em Bioquímica
pela Universidade Federal de Pernambuco (2006), Doutorado em Biotec-
nologia pela Rede Nordestina de Biotecnologia RENORBIO/UFPE (2011),
Pós-Doutorado, Departamento de Bioquímica LABENZ/UFPE (2012),
Pós-Doutorado, Departamento de Bioquímica GLICOPROTEÍNAS/UFPE
(2013) e Pós-Doutoranda em Propriedade Intelectual na área de Biotecnolo-
gia UFPE/FACEPE (2014) e foi Profa. Substituta de Tecnologia do Pescado
Unidade Penedo/UFAL (2013). Atualmente, é Profa. Substituta do Curso de
Recursos Pesqueiros, Campos Estância/IFS e pesquisadora do Laboratório de
Enzimologia LABENZ/UFPE. Tem experiência na área de Bioquímica, com
ênfase em Carotenoides, atuando principalmente nos seguintes temas: apro-
veitamento de resíduos (aquicultura), processo de extração de carotenoides
(camarão, macroalgas, microalgas), purificação por técnicas cromatográficas,
antioxidantes, cultura de células, estresse oxidativo e Propriedade Intelectual
(Patentes na área de Biotecnologia).

Danielli de Matias de Macedo Dantas -Possui graduação em Bacharelado


Ciências Biológicas (2004) e mestrado em Recursos Pesqueiros e aquicultura
(2008) pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, doutorado em Ciên-
cias Biológicas na Universidade Federal de Pernambuco (2009 - 2013). Rea-
lizou doutorado sanduíche (CNPq) na University of California, San Diego,
no período de Setembro de 2011 a Junho de 2012. Tem experiência na área de
Aquicultura, com ênfase em Produção de Microalgas. Cursos de aperfeiçoa-
mento no Equador e Chile com carcinicultura e malacocultura respectiva-
mente. Desenvolve trabalhos com produção e processamento de microalgas
com fins biotecnológicos. Atualmente atuando como gestora ambiental em
Plano Ambiental de Comunidades Indígenas.

Alfredo Olivera Gálvez -Biólogo, Possui Bacharelado em Biologia pela Uni-


versidad Ricardo Palma - Peru (1984), Licenciatura em Biologia pela Uni-
versidad Ricardo Palma - Peru (1985). Especializacao em Bioestatistica pela
Universidad Peruana Cayetano Heredia - Peru (1985), Mestrado em Aqui-
cultura pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC - Brasil (1993),
Doutorado em Biologia de organismos aquáticos e Aquicultura pela Univer-
sidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP - Brasil (1998)
e Pós Doutorado em Maricultura no Waddell Mariculture Center em South
Carolina - USA (2009). Atualmente é Vice Diretor do Departamento de
Pesca e Aquicultura da Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE
- Brasil. Professor Associado, pertence ao Programa de Pós graduação em
Recursos Pesqueiros e Aquicultura e ao curso de graduação em Engenharia
de Pesca. Atua na área de Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca, tendo
experiência em: Sustentabilidade da maricultura, Cultivo e biotecnologia de
algas, e Cultivo de moluscos junto a comunidades costeiras.

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