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09/06/2019 Matilha do bolsonarismo está sempre atiçada, diz especialista da UFBA - 08/06/2019 - Poder - Folha

Matilha do bolsonarismo está sempre atiçada, diz


especialista da UFBA
Para professor que pesquisa democracia digital, grupo se move por fantasias e
inimizades

8.jun.2019 às 18h00

João Pedro Pitombo

SALVADOR Após mais de cinco meses de governo, os grupos que orbitaram em


torno do presidente Jair Bolsonaro (PSL)
(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/05/bolsonaro-volta-a-radicalizacao-e-contrata-proximo-capitulo-da-crise.shtml)

vivem um movimento de afluxo e colisões internas, com impacto na


administração federal, nas ruas e também nas redes.

O diagnóstico é de Wilson Gomes, 55, professor titular da Universidade


Federal da Bahia (UFBA) e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e
Tecnologia em Democracia Digital.

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/06/matilha-do-bolsonarismo-esta-sempre-aticada-diz-especialista-da-ufba.shtml 1/7
09/06/2019 Matilha do bolsonarismo está sempre atiçada, diz especialista da UFBA - 08/06/2019 - Poder - Folha

Wilson Gomes, professor titular da UFBA - Raul Spinassé/Folhapress

O professor classifica o bolsonarismo (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/02/livro-discute-


como uma matilha digital
reviravoltas-da-politica-e-perspectivas-do-governo-bolsonaro.shtml)

ultraconservadora, uma espécie grupo identitário que se move por fantasias


e inimizades e orbita em torno de si mesmo.

Destaca ainda que a militância digital e nas ruas


(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/05/atos-exaltam-moro-e-guedes-pais-de-reformas-do-governo-e-criticam-maia-

do núcleo duro do bolsonarismo não deve ser subestimada como


e-centrao.shtml)

instrumento de pressão: "As pessoas estão envolvidas nisso como se valesse a


vida".

O país teve uma série de manifestações contra e a favor do governo. O sr.


vê esse cenário como reflexo da solidez da democracia no país ou como
motivo de preocupação?

A democracia se mostrou mais resiliente


(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/06/confianca-na-democracia-sobe-mas-insatisfacao-com-seu-funcionamento-e-

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/06/matilha-do-bolsonarismo-esta-sempre-aticada-diz-especialista-da-ufba.shtml 2/7
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de-58.shtml) do que pensavam os pessimistas. No final do ano passado, alguns


grupos temiam o pior com a entrada no governo federal de enxames de
militares e de extremistas com grande despareço pela democracia e por
minorias. 

Outros achavam que o presidente Bolsonaro seria domesticado pelo sistema


político (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/05/bolsonaro-aponta-cadeira-do-planalto-como-sua-criptonita-
admite-choro-e-revela-bronca-em-olavo.shtml), que haveria peias [freios], pesos e contrapesos
provenientes de dentro do sistema político. Até agora não se confirmou nem
uma coisa nem outra.

E como vê a atuação do governo Bolsonaro nestes primeiros cinco meses?

O governo Bolsonaro continua forçando limites do que pode ser feito para
desafiar o sistema de pesos e contrapesos da democracia liberal, que vem da
separação de Poderes (https://www1.folha.uol.com.br/colunas/igorgielow/2019/05/no-pacto-de-bolsonaro-
todos-se-acham-mais-espertos-do-que-o-outro.shtml). Vivemos num momento muito
interessante que é uma espécie de encruzilhada. A democracia nunca foi tão
testada nesse limite desde a restauração democrática em 1985.

O sr. vê um encolhimento da base de apoio do governo?

O bolsonarismo não ganhou a eleição sozinho, ele parasitou um movimento


muito forte que foi o (https://www1.folha.uol.com.br/cenarios/2018/12/1985219-em-polos-opostos-lula-e-
bolsonaro-deram-o-tom-em-um-ano-marcado-por-incertezas.shtml)antipetismo

(https://www1.folha.uol.com.br/cenarios/2018/12/1985219-em-polos-opostos-lula-e-bolsonaro-deram-o-tom-em-um-ano-

marcado-por-incertezas.shtml).
Tanto que agora começou a surgir como tendência do
outono-inverno o sujeito que diz 'não sou bolsonarista' ou 'eu votei no [João]
Amoêdo'. O antipetista não bolsonarista é o primeiro grupo que já vai se
desgarrando de Bolsonaro.

A matriz contra a corrupção se afasta porque o combate à corrupção não é


mais um argumento que o bolsonarismo possa brandir. Os liberais
oportunistas, que dariam um cheque em branco ao diabo pelas reformas,
também se afastam. O olavismo contribui para produzir repulsa dos
militares (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/04/olavo-de-carvalho-dobra-aposta-e-ataca-militares-por-

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/06/matilha-do-bolsonarismo-esta-sempre-aticada-diz-especialista-da-ufba.shtml 3/7
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alegada-tutela-a-bolsonaro.shtml). As placas tectônicas que formam o bolsonarismo estão


colidindo.

Quem fica é aquele bolsonarismo mais hardcore que não deve ser
subestimado. Bolsonaro só encolhe até certo ponto, como nós vimos nas
manifestações (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/05/atos-exaltam-moro-e-guedes-pais-de-reformas-do-
governo-e-criticam-maia-e-centrao.shtml).

Acredita que esta base bolsonarista mais sólida tem condições de,
sozinha, servir como instrumento de pressão?

Pode fazer pressão na dobradinha entre os ambientes digitais e atos de rua.


Mas não sei se é suficiente para governar. O bolsonarismo é basicamente uma
matilha digital ultraconservadora. São pessoas que estão mais preocupadas
com coisas como o avanço do comunismo na escola
(https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2019/04/novo-ministro-da-educacao-weintraub-defende-expurgo-do-marxismo-

cultural.shtml),
em ser contra a balbúrdia (https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2019/05/a-balburdia-
de-weintraub.shtml), contra o sexo, contra as chamadas pautas liberais do ponto de

vista moral. É um grupo identitário, profundamente tribal e que se move por


fantasias e inimizades. Possui uma identidade existencial quase que religiosa
e se une contra inimigos em comum.

Inimigos que incluem outros Poderes como Congresso e Supremo.

É daí que vem a ideia de crise epistêmica, que é um comportamento que


consiste em desacreditar as instituições as quais a sociedade atribui a
capacidade de arbitrar sobre fatos, sobre o direito, sobre a verdade. É uma
espécie de ceticismo artificialmente induzido com propósito de desqualificar
as instituições dizendo que elas foram conquistadas pela esquerda. Isso
inclui não só os demais Poderes, mas também o jornalismo, a ciência, os
intelectuais, os professores.

Mas estes grupos buscam novos mediadores ou querem que não exista
mediação?

Eles querem fazer a desintermediação. Substituíram o sistema de mídia


tradicional por uma ecologia midiática própria na qual produzem verdades

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/06/matilha-do-bolsonarismo-esta-sempre-aticada-diz-especialista-da-ufba.shtml 4/7
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para eles mesmos com base em fake (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2019/06/youtube-vai-


remover-video-que-defenda-nazismo-ou-discrimine-minorias.shtml)news

(https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2019/06/youtube-vai-remover-video-que-defenda-nazismo-ou-discrimine-

minorias.shtml) e em fake philosophers, como Olavo de Carvalho. São céticos em


relação a aquilo que não controlam e crédulos diante de qualquer coisa que
seja produzida por um deles. Desde que seja um deles, porque é um sistema
de vigilância. Quando alguém começa a ir numa linha diferente, logo vai para
o index de comunistas, que agora inclui até o Kim Kataguiri
(https://www1.folha.uol.com.br/colunas/bruno-boghossian/2019/05/grupo-de-bolsonaro-aposta-em-fanatismo-e-ataca-os-

proprios-aliados.shtml).

As redes ajudam a retroalimentar esses discursos?

Retroalimentam de uma forma horizontal, mas não exatamente espontânea.


Há uma indústria da produção da informação. Esses grupos de WhatsApp
são coordenados (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/05/no-whatsapp-e-no-telegram-bolsonaristas-
buscam-dar-tom-espontaneo-a-protestos.shtml), a gente estuda isso. São duas ou três pessoas

por grupo que são responsáveis por ficar inserindo conteúdo. Há ali um novo
tipo de mediador que publica o que é bom para a tribo, o que é bom para
manter a matilha atiçada e pronta para luta. Se não tiver um fato para
motivar, eles inventam.

O sr. acompanha a atuação dos grupos neoconservadores nas redes


digitais. Quais mudanças enxerga de 2013 para cá?

O primeiro movimento que junta essas pessoas numa espécie de militância


precede 2013. Já havia em 2010 militantes anti-homossexuais em torno de
uma discussão sobre a criminalização da homofobia, grupos ligados a
evangélicos como Marco Feliciano e Silas Malafaia
(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/05/divididos-evangelicos-temem-que-embate-com-militares-trave-

projetos.shtml).
A partir de 2013, esse negócio explode e começam a surgir os
grupos que a gente monitora, que chamo de 'os feios, sujos e malvados'.

São grupos de pessoas contra direitos humanos, de misóginos, de gente com


preconceito contra nordestinos, os intervencionistas militares. Eles saem do
armário com uma posição mais rude, mais agressiva. 

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A partir de 2014, quem ganha relevância nesse meio é o [ex-deputado]


Eduardo Cunha. Mas a partir do momento que ele morre politicamente, esse
espaço fica em aberto. E Bolsonaro e seus filhos percebem que ali tinha um
público, percebem que havia uma demanda por um pensamento
conservador de direita. Depois de eleito, o presidente passa a agir como uma
espécie de populismo digital. Ele ganhou a eleição no WhatsApp e governa
baseado no Twitter. Ali ele monitora o clima e toma as decisões dele.

Mas o Twitter não pode ser visto como uma bolha?

Pensar isso é o erro que a esquerda cometeu. O Twitter não é irrelevante. Ali,
não apenas você pode se expressar, mas também sentir o pulso, descobrir
tendências (http://temas.folha.uol.com.br/gps-ideologico/reta-ideologica/a-posicao-ideologica-de-mil-
influenciadores-no-twitter.shtml). O Twitter é a ponta de um ecossistema digital. A

informação que sai dali vai para o Youtube, vai para WhatsApp, há um fluxo
grande entre as várias plataformas. A direita percebeu isso e ganhou a
eleição com uma gambiarra formada por grupos de WhatsApp.

A esquerda continua patinando nesse segmento?

A esquerda continua pensando em greve, passeata e organização sindical.


Temos pesquisas que buscam identificar quais são as vozes da esquerda nas
redes digitais. Não tem. Não é o Ciro [Gomes], não é o [Fernando] Haddad.
Não há uma figura que seja capaz de articular. A esquerda precisa entender
que 2018 está para as arenas digitais no Brasil o que 1989 esteve para a
televisão. O pêndulo da relevância saiu de um lado e foi para o outro. Isso
não pode ser subestimado. 

Esse novo ecossistema veio para ficar?

Na nossa cultura digital é arriscado fazer previsões porque as coisas mudam


muito rápido. O que dá para afirmar é que a digitalização, a datificação e a
desintermediação vieram para ficar. Em qual plataforma, ainda não sabemos.
Outro problema é o fato de que os brasileiros decidiram de repente
participar intensamente da política. Desde 2013, o Brasil enlouqueceu por
política. As pessoas estão envolvidas nisso como se valesse a vida.

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RAIO-X

Wilson Gomes, 55
Professor titular da Universidade Federal da Bahia e coordenador do
Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital. Pesquisa
comunicação política e democracia digital há mais de duas décadas. O seu
livro mais recente é "A Democracia no Mundo Digital", de 2018

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