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IBET – INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS

Nome: Carlos Renato Silva de Oliveira


Módulo: Controle de Incidência Tributária
Seminário nº 3 – Sistema, Competência e Princípios.

1- Que é sistema? Há diferença entre sistema e ordenamento jurídico? Pode-se dizer que
o direito positivo se caracteriza como um sistema?

R:(I) Sistema é uma das formas de organização de um conjunto de elementos de uma


determinada área que está organizada de maneira a facilitar sua atuação e sua utilização
pela sociedade. Mário G. Losano, em sua obra “Sistema e Estrutura do Direito” (LOSANO,
2008, p. XIX), afirma que sistema jurídico figura como sinônimo para “ordenamento
jurídico”. Assim, a expressão indica um conjunto de normas reunidas por um elemento
unificador, e esse elemento é o fator responsável pelo fato de as mesmas se organizarem
num ordenamento jurídico, e não tão somente quedarem uma ao lado das outras,
aleatoriamente. Seria igualmente apropriado, segundo o autor, ao se fazer referência ao
sistema jurídico brasileiro, utilizar-se da expressão “ordenamento jurídico brasileiro.

Em outras palavras, Paulo de Barros Carvalho, analisa a palavra “Sistema” como as


possibilidades de uso que o idioma oferece para expressar a conjunção de elementos
governados por uma ideia comum.

(II) Quanto a diferença entre sistema e ordenamento jurídico, Paulo de Barros


Carvalho esclarece que o ordenamento seria o conjunto ou a totalidade das mensagens
legisladas que integrariam um domínio heterônomo, uma vez que produzidas em tempos
diversos e em diferentes condições de aparecimento. Dessa forma, entende-se que
Sistema e Ordenamento Jurídico seriam binômios paralelos, onde o sistema e a Ciência
do Direito implicariam no ordenamento e no Direito positivo.

No que tange as normas já derrogadas, ALCHORRÓN e BULYGIN, fazem uma


diferenciação entre Sistema e Ordenamento, colocando foco no aspecto dinâmico do
direito. As normas jurídicas que são modificadas com o tempo geram uma modificação
no próprio sistema.

Conclui-se assim que, o “Sistema” do direito positivo é o conjunto de normas


estaticamente consideradas, e, “Ordenamento Jurídico” é uma série de sucessivos
sistemas ao longo do tempo.

(III) Sendo assim, não se pode caracterizar direito positivo como um sistema, pois o
sistema antecede o direito positivo, sendo o primeiro imprescindível para a organização
do direito positivo.

2. Que se entende por “sistema constitucional tributário”? Qual sua função no direito
tributário?

R: Sistema Constitucional Tributário é um subsistema do Sistema Constitucional


Brasileiro, formado pelo quadro orgânico das normas que versem sobre matéria
tributária em nível constitucional, conforme ensina Paulo de Barros Carvalho.

A Função do direito Constitucional no Direito Tributário é delimitar os limites do poder


de tributar, os preceitos específicos de determinados impostos, as competências para
cobranças dos tributos, dentre outros parâmetros estabelecidos constitucionalmente,
para que não haja excessos nos limites de tributação nacional.

3. Que é princípio, como é e para que serve? Há diferença entre regras e princípios? No
caso de conflito, qual deve prevalecer? E no caso de conflito entre princípios, qual
critério deve informar a solução? (Vide anexos I e II).

R: (I) Princípio é uma norma jurídica de posição elevada e superior em relação a outras
normas. Diz-se que o princípio serve como diretriz para nortear tanto as relações do
ordenamento jurídico, quanto as relações que estão fora do ordenamento.
Para Paulo de Barros de Carvalho, princípios são “aqueles primados que, explícita
ou implicitamente, se irradiam pelo subsistema das normas tributárias, penetrando-as e
ativando-as em certa direção.”1

(II) Com base nos estudos de Dworkin, a teoria normativa-material de Alexy,


defende que toda norma é regra ou princípio, sendo sua diferença unicamente
qualitativa (normativa), fundada no modo de resolução de conflitos.

Sendo assim, ALEXY nos diz que o princípio é norma ordenadora “de que algo se
realize na maior medida possível, dentro das possibilidades jurídicas e reais existentes”
(ALEXY, p. 86-87, Apud CUNHA JÚNIOR, 2012, p. 155) 2.

(III e IV) No conflito entre princípios, partindo-se sempre do pressuposto de que


estes nunca entrarão em choque, pondera-se o prevalecimento de um sobre os outros
para a resolução. Princípios não se diferenciam hierarquicamente, não se sobrepõem,
muito menos são exceções aos outros. O princípio fornece razões provisórias, assim, o
que tiver maior peso ou valor ou importância deve preponderar.

Quanto às regras, elas são normas a serem cumpridas. O único questionamento


que pode ser feito quanto a elas é se aquela determinada norma se aplica ou não ao
caso concreto.

Impossível o vislumbre de grau de cumprimento, as regras devem ser cumpridas


na forma prescrita. Segundo ALEXY, “Se uma regra é válida, então há de se fazer
exatamente o que ela exige, nem mais, nem menos” (ALEXY, p. 86-87, Apud CUNHA
JÚNIOR, 2012, p. 155)3.

1
Curso de direito tributário / Paulo de Barros Carvalho. – 30. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2019.
2 ALEXY, p. 86-87, Apud CUNHA JÚNIOR, 2012, p. 155
3 ALEXY, p. 86-87, Apud CUNHA JÚNIOR, 2012, p. 155
Na colisão entre regras, o afastamento se dá pela cláusula de exceção: onde uma
se aplica, a outra não será aplicada; onde uma vale, a outra não vale.

Em suma, enquanto um conflito entre princípios se resolve na dimensão do valor, o


conflito entre regras se resolve na dimensão da validade. Na apreciação dessa distinção,
os princípios são algo lógica ou qualitativamente distintos das normas (regras).

4. Identificar, nas situações a seguir, se algum princípio foi desrespeitado e, em caso


afirmativo, indicar qual:

a) instituição e regulamentação de dever instrumental por meio de instrução normativa


(vide anexo III);

R: Não houve desrespeito ao princípio da legalidade, visto que a Instrução Normativa


apenas explicitou a forma na qual se deve agir para obter o benefício mencionado na lei
8.383/91.

b) estipulação de graus de risco da atividade laborativa (para o SAT) por meio de decreto
(vide anexo IV);

R: O Supremo Tribunal Federal consolidou seu entendimento, no sentido de que a


instituição da contribuição ao Sebrae por meio de lei ordinária é constitucional e que
esse tributo é exigível não apenas das micro e pequenas empresas, pois se trata de
contribuição de intervenção no domínio econômico, e não de contribuição de
interesse da categoria econômica, portanto, não há violação ao princípio da
legalidade.

c) multas sancionatórias na percentagem de 75% (vide anexos V e VI);

R: A Súmula 565, do STF diz que: “A multa fiscal moratória constitui pena
administrativa, não se incluindo no crédito habilitado em falência”.

Portanto, as multas tributárias são penalidades administrativas pela infração de uma


obrigação fiscal definida em lei. São coerções objetivas que o Estado impõe ao
contribuinte, pela violação de seu direito subjetivo de crédito, positivando o fato ilícito
da relação tributária.

Esse ponto é de fundamental importância para a defesa do contribuinte, uma vez que,
permite a aplicação dos princípios balizadores do direito penal, ramo do direito público,
que anda junto do direito tributário, em referência ao caso concreto da infração
tributária. Trata-se de um esforço de mediação supletiva, para suprir a inexistência de
uma norma geral regulatória das multas tributárias como subsistema, dentro do sistema
constitucional de nosso direito tributário e, por afinidade, de nosso direito penal.

Desta forma, no meu entendimento, as multas tributárias sujeitam-se também aos


limites do Poder de Tributar, introduzidos em nossa constituição Federal, dentre os quais
destacamos o não-confisco e a capacidade contributiva, além de outros princípios
dispersos, mas com igual densidade normativa, como o da legalidade, razoabilidade,
proporcionalidade, motivação, finalidade, interesse público, gradação, subjetividade,
não-propagação, pessoalidade, tipicidade e, como não poderia deixar de ser, da ampla
defesa e do contraditório, de maneira que deve ser estudado o caso concreto para a
aplicação de uma multa tão vultosa.

d) imposto de importação com alíquota de 150%;

R: A alíquota do imposto é de 30%, facultado ao Poder Executivo reduzi-la ou aumentá-


la, para atender aos objetivos da política cambial e do comércio exterior. Em caso de
elevação, a alíquota do imposto não poderá ser superior a 150%.
O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, poderá
alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá -los aos objetivos
da política cambial e do comércio exterior.

e) lei municipal ou distrital que institui responsabilidade pelo crédito tributário a terceira
pessoa;

R: Desde que tal lei respeite o princípio da anterioridade e inclua diretamente o


responsável pelo pagamento do tributo, não est ará ferindo princípios constitucionais e
tributários.

f) elaboração, pelo CONFAZ, de lista de produtos semielaborados sujeitos à incidência do


ICMS (vide anexo VII);

R: Como o CONFAZ apenas elaborou a lista de produtos semielaborados sujeitos ao


ICMS, não feriu princípio, uma vez que é de sua competência tal atribuição.

g) penhora, em execução fiscal, de automóvel de pequeno valor utilizado para


transportar portador de necessidades especiais (vide anexo VIII).

R: A penhora deste bem, afronta o princípio da dignidade da pessoa humana, uma vez
que o automóvel é utilizado para a subsistência do executado.

O rol de bens impenhoráveis não são taxativos e absolutos, podem ser observado o
caso concreto.

h) quebra do sigilo bancário em favor da fiscalização.


R: Em que pese a razão da tutela da intimidade das pessoas, contida no artigo 5.º,
Inciso X, da Constituição Federal, que prescreve que:

"são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem


das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação".

O direito à intimidade, a exemplo de outros direitos fundamentais, não é absoluto,


passível de mitigação em certos casos previstos em lei e sempre de acordo com o devido
processo legal para o afastamento do sigilo.

Portanto, não fere qualquer princípio a violação do sigilo bancário, nos casos previstos
em lei.

i) a imposição da desistência das discussões judiciais e administrativas para adesão a


parcelamento de débitos.

R: Neste aspecto, entendo que fere princípio constitucional previsto no artigo 5º,
inciso XXXV, segundo o qual diz:

“a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou


ameaça a direito”.

Nas lições de Paulo de Barros Carvalho4, tal situação fere ainda, o princípio da
legalidade, vejamos:
“o princípio da legalidade é o limite objetivo que se presta, ao
mesmo tempo para oferecer segurança jurídica aos cidadãos, na
certeza de que não serão compelidos a praticar ações diversas
daquelas prescritas por representantes legislativos, e para

4
CARVALHO, Paulo de Barros - Direito Tributário – Linguagem e Método - Editora Noeses 2ª Ed. São Paulo
– 2008 p.282-283.
assegurar a observância ao primado constitucional da tripartição
de poderes. (...) se do consequente da regra advier a obrigação
de dar, fazer ou não fazer alguma coisa, sua construção
reivindicará a seleção de enunciados colhidos apenas e tão
somente ao plano legal”.

j) desconsideração de negócio jurídico realizado pelo contribuinte mediante


planejamento tributário em razão de ausência de propósito negocial nos atos
praticados pelo contribuinte.

R:

5. Que é, como é e para que serve a competência tributária? Quais as características


da competência tributária? Há relevância na distinção dentre tipos e conceitos no tocante
a competência tributária no Sistema Jurídico Brasileiro? Qual a diferença entre
competência tributária e capacidade tributária? Analisar a facultatividade do seu
exercício relativamente à Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n. 101/00), que veda a
transferência voluntária de receitas a entes que tenham deixado de instituir algum
tributo de sua competência. (vide anexo IX)

R: (i) competência tributária é o poder de criar tributos, sendo esse poder conferido
pela CRFB/88 à União, aos Estados-membros, ao Distrito Federal e aos Municípios. O
legislador constitucional determinou quais tributos cada ente político pode criar, bem
como, limitou esse poder de criação, impondo limites.

(II) As características da competência tributária são:


Indelegabilidade: a competência tributária é indelegável, disposição expressa do artigo
7º do CTN, um ente político não pode delegar, conferir a outra pessoa de direito público
a competência tributária que tenha recebido da Constituição Federal. O poder de tributar
é exclusivo do ente político que o recebeu.
Irrenunciabilidade: o ente político pode não exercer sua competência tributária, mas esta
é irrenunciável, quem a possui não pode dela renunciar.

Incaducabilidade: o poder de tributar é um poder-faculdade, o ente político o exerce


quando lhe seja mais conveniente e oportuno, o fato de permanecer inerte e não criar o
tributo não altera em nada sua competência tributária que permanece a mesma. O não
exercício da competência não tem como consequência a perda da mesma.

O artigo 11 da Lei Complementar nº 101/00 determina quais são os requisitos


essenciais da responsabilidade na gestão fiscal, a saber, a instituição, a previsão e a
efetiva arrecadação dos tributos.

No entanto, embora pareça contradizer o artigo mencionado, a competência


tributária também é facultativa, o que é diferente de irrenunciável. Somente se renuncia
aquilo que se tem, assim, compreende-se que a Constituição fixou quais impostos cabem
a qual ente tributário.

Porém, um ente pode não fazer uso da competência que lhe é atribuída, podendo
determinar se irá ou não exercitá-la. Como exemplo, observe-se, nessa linha, que
centenas de Municípios não instituíram ou criaram o Imposto Sobre Serviço (ISS), mas
poderão fazê-lo a qualquer momento manejando os instrumentos legais pertinentes

Neste sendo, o Tribunal Regional Federal da 5º Região ao julgar, em 2010, a Apelação


Cível 468268 CE 0012473-79.2006.4.05.8100, assim decidiu:

“TRIBUTÁRIO. CONSTITUCIONAL. EXECUÇÃO FISCAL. ISS.


IMPOSTO MUNICIPAL. EXTINÇÃO DE OFÍCIO POR FALTA DE
INTERESSE PROCESSUAL. VALOR IRRISÓRIO. IMPOSSIBILIDADE.
AFRONTA AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES. APELAÇÃO
PROVIDA. - A Constituição Federal, ao outorgar competência para
que os entes políticos editem leis que instituam tributos, cuida de
proceder a repartição da competência tributária, de sorte que é
privativa do Município instituir imposto sobre serviços de
qualquer natureza. - O efetivo exercício da competência
tributária é uma faculdade e não uma imposição constitucional,
donde segue que a cada ente tributante caberá, fundado em
critérios próprios de oportunidade e conveniência política e/ou
econômica, decidir acerca da cobrança ou não de tributos.”

O ilustre doutrinador Roque Antônio CARRAZZA5, entende que o titular da


competência tributária não pode modificá-la, aliená-la, nem renunciá-la, mas pode deixar
de exercitá-la, uma vez que:

“(...) quem pode tributar pode, do mesmo modo, aumentar o


tributo, minorá-lo, parcelar seu pagamento, isentá-lo, no todo ou
em parte, remi-lo, anisar as infrações fiscais ou, até não tributar,
observadas sempre, é claro, as diretrizes constitucionais. Tudo vai
depender uma decisão política, a ser tomada pela própria
entidade tributante.”

6. Proposta de Reforma Tributária Nacional que substitua os impostos estaduais e


municipais sobre bens e serviços, por um imposto único de competência da União por
emenda constitucional viola os Princípios do Pacto Federativo e do Federalismo Fiscal? E
se esta emenda prever expressamente o repasse obrigatório da integralidade ou parte
do produto da arrecadação desse imposto único para os estados e municípios?

7. A Emenda Constitucional n. 39/02 acrescentou à Constituição o art. 149-A e


parágrafo único, dispondo:

5 CARRAZA, Antônio Roque - Curso De Direito Tributário – Editora Malheiros – 16ª. ed. - São Paulo - 2001- p. 417
“Art. 149-A. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das
respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150,
I e III.
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de
consumo de energia elétrica”.
Com fundamento nesse dispositivo, a Prefeitura de Itumambé instituiu o seguinte tributo:
Prefeitura Municipal de Itumambé, Decreto Municipal 3.708 de 10/10/03 (DOM 13/10/03)
Art. 1º Fica instituída contribuição para o custeio do serviço municipal de energia elétrica que tem
como fato gerador a prestação do serviço de energia elétrica pelo Município.
Art. 2º A base de cálculo é o valor da fatura de consumo de energia elétrica.
1 §º A alíquota é de 0,5%.
2 §º Os contribuintes que morarem na região central pagarão 50% a mais do valor devido.
Art. 3º Contribuinte é o consumidor de energia elétrica.
Art. 4º Compete à Secretaria de Finanças fiscalizar o abatimento realizado pela concessionária.
Art. 5º A importância devida a título dessa contribuição deve ser paga até o último dia do mês
subsequente e recolhida pela concessionária de energia elétrica juntamente com a fatura mensal
de consumo, ficando a concessionária responsável pelo abatimento do montante recolhido da
fatura municipal.
Parágrafo único. O não-pagamento da contribuição, ou o não repasse, implica multa de 150 UFIRs.
Art. 6º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, devendo produzir todos os seus efeitos
a partir do dia 01/11/03.
{...].
Pergunta-se:
a) O sistema constitucional tributário brasileiro admite alterações na faixa de
competência tributária das pessoas políticas? Há alguma vedação à ampliação da
competência tributária municipal por meio de emenda constitucional? Em caso
afirmativo, qual(is)?

R: A alteração das competências tributárias é plenamente possível através de


Emendas Constitucionais, um a vez que não se trata de matéria arrolada no §4º do artigo
60 da Constituição Federal. Ainda que o fosse, as cláusulas pétreas não podem ser
abolidas, ou seja, extintas do texto constitucional, não havendo qualquer óbice a sua
alteração.

Portanto, não subsiste possibilidade de vetar a alteração das competências tributárias


por emenda constitucional. A restrição à competência tributária, contudo, não poderá
ocorrer por via de lei complementar, haja vista que, diante da hierarquia das normas, não
é possível que uma lei complementar venha a suprimir parte do texto constitucional,
como é o caso das competências tributárias nele fixadas.

Existe vedação à ampliação da competência tributária municipal por meio de emenda


constitucional

De acordo com o inciso IV do § 4º do artigo 60 da Constituição Federal que diz:

“(...) não será objeto de deliberação a proposta de emenda


tendente a abolir:
(...)
IV os direitos e garantias individuais”.

Dentre tais direitos encontra-se o do contribuinte não ser tributado além dos
limites constitucionalmente impostos.

Assim, não é dado ao constituinte derivado criar novas possibilidades de tributação,


além daquelas previstas no texto originário.

Explica-nos Aires Ferdinando Barreto 6, que dispõe:

“(...) dentro do espectro constitucional que preside o nosso


sistema tributário, conclui-se que a Emenda nº 39/2002, por ter
afrontado cláusulas pétreas, está insanavelmente viciada por

6
BARRETO, Aires F. - Curso de Direito Tributário Municipal – Editora Saraiva - São Paulo – 2009 – p.518.
inconstitucionalidade. Primeiro porque implica a abolição dos
limites do poder de reforma; derruba as balizas dessa diretriz
para atribuir ao Município tributo cuja espécie a Constituição
reservou à União (salvo a de sistemas de previdência); Segundo,
porque a emenda aniquila o direito individual de os contribuintes
não serem tributados, à luz da imodificável discriminação de
rendas, plasmada na Constituição”

Sendo assim, a emenda constitucional que visa a ampliação da competência tributária


municipal é inconstitucional, pois não preserva as cláusulas pétreas.

b) Os Municípios podem, na criação de tal contribuição, com fundamento no art. 149-A da


CF, utilizar uma das materialidades que lhes foram atribuídas constitucionalmente para a
instituição de impostos? E das materialidades atribuídas aos Estados, Distrito Federal e
União por ocasião da repartição constitucional das competências para instituição de
impostos? Há vedação constitucional quanto à materialidade eleita: “consumir energia”?
Justifique (vide anexo X).

R: Os Municípios não podem utilizar materialidades previstas para a instituição de


impostos, bem como não poderão invadir a esfera de competência prevista para os demais
entes federativos, sob pena de ferir o sistema de competências tributárias estabelecido
pela CRFB/88.

Somente a União pode instituir imposto extraordinários sobre hipóteses que sejam da
competência de outro ente federativo, na forma do artigo 154, II, da Constituição Federal

Desta forma, a competência da União é privativa e somente ela pode ingressar no


âmbito de competência dos estados e dos municípios, sendo plenamente vedado aos
municípios utilizarem das competências outorgadas a outros entes. No caso da energia
elétrica, em específico, o §3º do artigo 155 da Constituição Federal prevê a
impossibilidade de qualquer outro imposto, além do ICMS, incidir sobre as operações
relativas a energia elétrica.
Contudo, em que pese a legislação em análise ter nuances de imposto, para que
realmente fosse, seria preciso que a receita não fosse vinculada à prestação que a origina,
o que não ocorre. No caso desta lei fictícia, a materialidade escolhida não corresponde
ao artigo 149-A da Constituição Federal, razão pela qual a lei vem a ser inconstitucional.

c) Quais princípios tributários não foram observados pela Prefeitura de Itumambé ao


instituir esse tributo? A Prefeitura pode escolher quais princípios tributários quer aplicar
e afastar os outros?

R: No caso do tributo instituído pela Prefeitura de Itumambé, diversos princípios


tributários foram afrontados.

Inicialmente, não foi observado o princípio da legalidade, na medida em que o tributo


foi instituído por um Decreto Municipal, quando deveria ter sido instituído por lei.

Ademais, a prestação de energia elétrica não é passível de ser tributada com


contribuição, na medida em que não se enquadra na hipótese do artigo 149-A bem como
infringe o pacto federativo, pois somente a União pode instituir contribuições sociais de
intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou
econômicas, na forma do artigo 149 da Constituição Federal.

Os parágrafos do artigo 2º, por sua vez, infringem o princípio da isonomia, na medida
em que a região em que reside o contribuinte, não pode servir de referência para instituir
a alíquota.

Por fim, a lei ofendeu o princípio da anterioridade, pois os tributos somente podem
ser cobrados no exercício anual posterior e depois de decorridos 90 dias da data em que
foi publicada a lei que os instituiu. Assim, ao publicar uma lei na data de 13/10/2003 e
prever a cobrança do tributo a partir de 01/11/2003 restou contrariado o princípio da
anterioridade.
d) A alteração do prazo de pagamento deve respeitar o princípio da anterioridade? Em qual
o critério da Regra-Matriz de Incidência figura o prazo para pagamento do tributo?(Vide
anexo XI).

R: O princípio da anterioridade decorre do artigo 150, inciso III, e do §6º do artigo


195, ambos da Constituição Federal.

O artigo 150, aplica-se aos tributos em geral, determinando-se que é vedado cobrar
tributos no mesmo exercício financeiro e antes de decorridos 90 dias da lei que os
instituiu ou aumentou.

Já o artigo 195 refere-se apenas às contribuições sociais, determinando que elas


somente poderão ser exigidas após o decurso do prazo de 90 dias da publicação da lei
que as houver instituído ou modificado, não sendo necessário o respeito à anterioridade
do exercício.

Concentrando-se em ponto m ais central da discussão mister se citar a Súmula número


669 do STF que aborda a temática da alteração dos prazos para o pagamento da
obrigação tributária:

“Súmula 669 - Norma legal que altera o prazo para recolhimento


da obrigação tributária não se sujeita ao princípio da
anterioridade”.

Convém esclarecer, que apesar da supracitada súmula elucidar que ela não
desrespeita a anterioridade, também não irá ferir o princípio da legalidade, pela sua
ausência nas matérias de reserva legal do artigo 97 do CTN.
Coadunando com tal raciocínio, elucida, sobre o tema, os doutrinadores Alexandrino
e Paulo7, em outra obra sua sob o enfoque do Direito Tributário, dessa vez
especificamente na Constituição e no STF, dizem que:

“O STF já firmou posição de que o prazo para vencimento dos


tributos é passível de instituição por norma infralegal (decreto),
visto que o art.97 do CTN relaciona taxativamente as matérias
submetidas à reserva legal, dentre as quais não se inclui a fixação
do prazo para recolhimento de tributos (RE 182.971;
RE193.531)”.

7
ALEXANDRINO & PAULO, Marcelo & Vicente - Direito Tributário na Constituição e no STF Teoria e Jurisprudência -
Editora Impetus - Niterói, RJ – 2006 – p. 85.

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