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CENTRO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO PARA OS

CUIDADOS DO OLHO
MÓDULO DE FORMAÇÃO - ERROS REFRACTIVOS
- MANUAL DO ESTUDANTE -
EDIÇÃO: 2012 VERSÃO: 1

PAÍS / PROGRAMA: MÓDULO DE FORMAÇÃO - ERROS REFRACTIVOS 2012

AUTORES:
Jane Kierath Sonja Cronjé
Neilsen de Souza Shoshana Jackofsky
David Wilson

OUTROS COLABORADORES:
Mitasha Marolia Gerd Schlenther Naomi Freuden

AGRADECIMENTOS:

Edição Anterior: ICEE Refraction Student Manual 2007 Edition


Gráficos: Communications & Design, Brien Holden Vision Institute
Formação: Debbie McDonald

The Translation of this package into Portuguese was possible


thanks to the generous contribution of:
LIGHT FOR THE WORLD - Christoffel Development Cooperation

Tradutores: Filipa Santos, Luis Vieira, OcularEyeCare, Optometria Clínica Lda

AVISO LEGAL
O material e as ferramentas fornecidas nesta publicação são fornecidos para fins de conselho geral. ICEE não está a fornecer
informações específicas sobre o manuseamento clínico de qualquer caso ou condição que pode ser mencionada nesta publicação.
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COPYRIGHT
© 2008 Centro Internacional de Educação para os Cuidados do Olho
Este manual de educação tem direitos de autor. Excepto quando permitido pela legislação aplicável, nenhuma parte desta publicação
pode ser adaptada, modificada ou reproduzida por qualquer processo, electrónico ou outro, sem a permissão específica por escrito
do proprietário dos direitos de autor e a permissão pode ser recusada a critério absoluto, o proprietário dos direitos de autor.
MÓDULO DE FORMAÇÃO – ERROS
REFRACTIVOS
- MANUAL DO ESTUDANTE -

ÍNDICE
1 Introdução ao Olho
2 Óptica
3 Refracção E Acomodação
4 Lentes Esféricas
5 Lentes Astigmatas
6 Cruz óptica e Transposta
7 Distância inter-pupilar
8 Caixas De Prova E Armações De Prova
9 Neutralização Manual E Vertometria
10 Acuidade Visual
11 Acuidade Visual Com Furo Estenopeico
12 Miopia, Hipermetropia e Astigmatismo
13 Presbiopia
14 História do Caso
15 Introdução à refracção
16 Retinoscopia
17 Refracção esférica
18 Refracção Esfero-cilíndrica
19 Controlo da Acomodação
20 +1 Teste e Equilíbrio Binocular
21 Refracção de Perto para a presbiopia
22 Registo de Anamnese e Cartas de Referência
23 Prescrição de óculos
24 Prescrição de óculos para presbiopia
25 Prescrição de óculos para astigmatismo
26 Prescrição De Óculos Pré-Montados
27 Manuseamento, Ajuste e Cuidados a ter com a Armação
28 Cegueira E Visão Diminuída
29 Criar um consultório de refracção
30 Gestão de uma Clínica para os Serviços de refracção
INTRODUÇÃO AO OLHO

PENSA

Uma mãe leva o filho á consulta para lhe verem a pálpebra, porque, enquanto brincava
magoou-se com um pau. Perante este panorama, temos que agir e decidir o que fazer.

Como descreveria o que estava de errado com o olho da criança nos registos dos vários
exames?

Como descreveria o problema para outro profissional?

Se decidiu encaminhar a criança para um oftalmologista, o que escreveria na carta de


encaminhamento, se não soubesse que parte do olho é chamada de “pálpebra”?

OBJECTIVO

Esta unidade apresenta algumas das diferentes partes do olho – como são chamadas e que
funções têm.

RESULTADOS DA APRENDIZAGEM

Deve ser capaz de:

• identificar e nomear as várias partes do olho

• descrever a função de cada uma delas.

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APRESENTAÇÃO DO OLHO
Com os olhos, vemos as formas, cores e tamanhos dos objectos que nos rodeiam.
Usamos os nossos olhos em quase todas as actividades que realizamos, seja a ler, a escrever,
trabalhar, cozinhar, ver televisão, ou mesmo a andar de bicicleta.

Por vezes as pessoas não vêem bem, sentem dor ou têm vermelhidão, devido a algum
problema em alguma parte dos seus olhos.

É importante saber distinguir as diferentes partes do olho, para relacionar a que parte
correspondem os sintomas que a pessoa apresenta. Esta informação pode ajudar-nos a
verificar qual a estrutura que está afectada e como agir.

OLHAR PARA OS OLHOS


Algumas partes do olho podem ser observadas olhando directamente para o rosto de uma
pessoa. Outras, só quando se utilizam instrumentos específicos.

Vamos iniciar o nosso estudo pelas partes que podem ser observadas sem a necessidade
de utilizar instrumentos específicos. Ao observar o olho, uma boa luz ajuda, tal como a
lâmpada de fenda, uma lanterna ou mesmo a luz solar, caso não haja este tipo de material.

Figura 1: O exterior do olho.

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Se retirar as pálpebras e cortar o globo ocular ao meio, como se fosse uma
ma laranja ou um coco,
seria parecido com a figura abaixo,

Figura 2: Corte do globo ocular ao meio.

PARTES DO OLHO

Órbita: O olho é rodeado por uma cavidade óssea que é chamada de órbita.

A órbita ajuda a proteger o olho.

Filme
Lacrimal: O filme lacrimal é a camada aquosa na frente do olho.

O filme lacrimal mantém a parte externa do olho húmida e fornece nutrientes


para a córnea. Este cria uma superfície lisa para a passagem da luz para a
córnea, e protege
protege-a contra infecções.

O filme lacrimal tem como função proteger, nutrir e facilitar


a entrada de luz no olho.

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Figura 3: Visualização lateral do olho.

Esclera: A figura acima mostra a parte externa do globo ocular que é denominada
de esclera. A esclera tem como
mo característica a cor branca e pode dar ideia de
uma concha de borracha que envolve o olho. Da parte externa da esclera saiem
seis músculos extra-oculares (que controlam os movimentos do olho) e do
nervo óptico (que liga o olho ao cérebro).

A esclera é muito forte, protege o interior do globo ocular e dá


forma ao olho.

Córnea: A imagem abaixo mostra a parte externa do globo ocular, que é a córnea. A
córnea é diferente da esclera, pois não está na parte branca, mas sim
na transparente
transparente. A córnea pode dar a percepção da janela do olho.

Quando olha
olhar para os olhos de uma pessoa, pode ver através da córnea a cor
dos olhos da mesma
mesma. A córnea é transparente para que possa deixar entrar a
luz no globo ocular para que possamos ver.

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cornea

Figura 4: A córnea.

A córnea é fina (apenas 0,5 mm de espessura), mas muito forte, ajuda a


proteger o olho.

Se algo danifica a córneo é muito doloroso. Isso ocorre porque


a córnea contém muitas terminações nervosas, que enviam mensagens de
dor ao cérebro.

A córnea ajuda a concentrar a luz que entra no olho, fornece 2/3rds da potência
total do foco do olho.

A córnea:
• permite que a luz entre no globo ocular
• protege o olho
• ajuda o olho a concentrar a luz.

Conjuntiva: A conjuntiva é a camada fina e transparente que cobre a parte frontal da


esclera e o interior das pálpebras. Quando olhamos mos para um olho
saudável pode
podemos ver a esclera branca através da conjuntiva. Numa conjuntiva
saudável vêem
êem-se pequenos vasos sanguíneos.

A conjuntiva tem duas partes:

• conjuntiva bulbar
bulbar: Reveste a parte anterior do globo ocular. Esta parte da
conjuntiva cobre a esclera, mas não cobre a córnea.

• conjuntiva palpebral: cobre a superfície posterior das pálpebras, superior e


inferior. Também é chamada de conjuntiva da pálpebra.

Pode-se ver a conjuntiva da pálpe


pálpebra inferior puxando-a ligeiramente para baixo
e a conjuntiva pa
palpebral superior fazendo a inversão da
a pálpebra superior.
superi

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Figura 5: Conjuntiva e as pálpebras do olho.

Não há nenhuma maneira de evitarr que os grãos de areia, pedaços de pedra ou


metal passem para trás do globo ocular. Isto ocorre porque a conjuntiva bulbar,
da conjuntiva palpebral, une
une-se
se para formar uma dobra (como uma pequena
bolsa). Os corpos estranhos podem ir alé
além
m das dobras da conjuntiva, estas
e são
chamadas de fórnix superior e fórnix inferior.

Se houver um problema que afecte a conjuntiva, os vasos sanguíneos na


conjuntiva pode dilatar (tornam-se maiores). A conjuntiva não tem nervos como
a córnea, se
e houver um problema ocular que a afecte, normalmente não
será tão doloroso como um problema ocular que afecte a córnea.

A conjuntiva ajuda a proteger o olho de infecção e de


danos causados por corpos estranhos.

Limbo: O limbo é o lugar onde a córnea encontra a conjuntiva bulbar. As figuras


anteriores também mostram o limbo.

Tanto a córnea como a conjuntiva são transparentes. A parte colorida do olho


está por trás da córnea e a esclera está por trás da conjuntiva. Quando
olhamos para os olhos de uma pessoa, o limbo é o lugar onde a parte
colorida do olho encontra a parte branca.

O limbo pode ser considerado como um marco no olho.

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Pálpebras: arte da frente d
A parte do globo ocular pode ser coberto ou descoberto por
duas dobras de pele chamadas de pálpebras. O bordo de cada
ca pálpebra é
chamada de margem. Na extremidade das pálpebras encontram-se
encontram os cílios.

As pálpebras e os cílios protegem os olhos do vento, poeiras, muita luz, corpos


estranhos e infecções.

As pálpebras espalham a lágrima cada vez que pestanejam, impedindo que o


olho seque e mantendo a superfície do olho húmido.

As pálpebras e os cílios protegem os nossos olhos do


ambiente e da luz excessiva. Espalham
spalham a lágrima cada vez
que pestanejam para manter o olho húmido.

Figura 6: A parte externa do olho.

Sobrancelhas: As sobrancelhas são os arcos de cabelo localizados acima de cada olho.

As sobrancelhas ajudam a proteger os olhos


olho da transpiração
(suor) e dos corpos estranhos.

Pontos Lacrimais: A lágrima está sempre a ser renovada e necessita de encontrar uma
maneira
aneira para drenar para fora do olho. Os sítios para o sistema de
drenagem lacrimal são chamados os pontos lacrimais,
rimais, ou simplesmente,
pontos. Estes pontos de drenagem são muito pequenos e estão
situados nas margens das pálpebras perto do canto inferior do olho.
olho

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A lágrima drena para o nariz, através do ponto lacrimal. É por
isso que quando choramos o nariz pinga.

Por vezes as pessoas (sobretudo os idosos e bebés) tem o


ponto lacrimal bloqueado. As lágrimas escorrem pelas
bochechas e parece que estão sempre a chorar. Quando isto
acontece, o ponto lacrimal necessita de ser aberto
ou desbloqueado.

Figura 7: O interior do olho.

Íris e Pupila: A parte colorida do olho é chamada de íris.

A íris tem a forma de um disco compacto - é redondo e achatado, tem um


“buraco” no meio dela. Está localizada atrás da córnea e do
d humor aquoso, e
na frente do humor vítreo.

Divide a íris do olho para dentro da câmara anterior (entre


entre a córnea e a íris),
e a câmara posterior (entre a íris e a retina).

or da íris é diferente de pessoa para pessoa, esta pode


A cor ode ser castanha,
verde,, azul ou cinza.

No meio da íris há um “buraco” redondo chamado de pupila.


pupila Geralmente é
preto porque o interior do globo ocular é escuro.

O tamanho da pupila varia para deixar entrar a quantidade certa de luz.


luz

Com muita luz a pupila fica pequena, contrai, com pouca luz, a pupila
fica maior
maior, dilata.

Humor aquoso: A câmara anterior do olho, entre a córnea e a íris, é preenchida com
um líquido aquoso chamado humor aquoso, ou simplesmente aquoso.
O humor aquoso dá forma ao olho.

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O aquoso fornecer nutrientes para alimentar a córnea e o cristalino.

A área na câmara anterior, onde a córnea e a íris se encontram é chamada de


ângulo do olho. É o local de drenagem do humor aquoso.

O equilíbrio entre a produção e a drenagem do humor aquoso determina a


pressão intra
intra-ocular do olho (PIO). Se a pressão intra-ocular
ocular é muito alta por
longos períodos de tempo, pode causar cegueira.

Cristalino
ou Lente: A figura acima mostra o cristalino que geralmente é chamado de lente. A
lente está localizada atrás da íris e da pupila. Normalmente
ormalmente é transparente,
como o vidro
vidro, e só pode ser vista com a ajuda de instrumentos específicos.

Em pessoas mais idosas, a lente deixa de ser transparente, passando a ser


opaca. Isto é chamado de catarata. Se a catarata é muito densa,
densa podemos vê-la
através da pupila
pupila, pois apresenta uma cor branca ou amarela em vez de preto.

A lente é suspens
suspensa atrás da pupila por fibras zónulares. As fibras zónulares são
muitas vezes chamadas simplesmente de zónula. Uma extremidade
da zónula está associada á lente e a outra extremidade está ligada ao
músculo ciliar. Quando o músculo ciliar contrai ou relaxa, a zónula
zó muda a
forma do cristalino, mudando também o poder de foco do mesmo.

O objectivo do cristalino é mudar o foco do olho,


olho para que
possamos ver as coisas em diferentes distâncias.
distâncias Quando somos
jovens a lente é transparente e flexível e podemos fixar-nos em
coisas que estão próximas do olho. Isso é chamado de
acomodação.

Músculo
Ciliar: O músculo ciliar é um músculo situado ao pé do cristalino,, este
e músculo une-se
ao cristalino através da zónula. O músculo ciliar muda a forma do cristalino para
que o olho possa acomodar.

Quando o músculo ciliar contrai,, muda o foco do cristalino.

Quando contraímos o músculo ciliar, a zónula, liga o corpo


corp ciliar ao cristalino,
este solta-se
se e torna-se mais espessa - o que aumenta o poder de foco do
cristalino. Quando isso acontece dizemos que o olho está a acomodar.

Quando o mú
músculo ciliar relaxa, a zónula tornar-se tensa (esticada) e a lente
torna-se mais fina - isso diminui o poder de foco do cristalino.
cristalino

Uma boa maneira de pensar na zónula é imaginá-la


imaginá como fios de
uma teia de aranha que junta o músculo ciliar ao cristalino.

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Figura 8: Quando o musculo ciliar relaxa, afasta-se da lente. Quando isto
acontece, a zónula torna-se mais tensa e puxa a lente para fora, tornando-a
mais fina.

Figura 9: Quando o músculo ciliar contrai, aproxima-se da lente. Quando isto


acontece, a zónula torna-se mais flexível e deixa que a lente se torne mais espessa.

À medida que envelhecemos, a lente fica menos flexível e não muda de forma
com tanta facilidade. Isto significa que não podemos mudar o nosso foco
rapidamente. Ao manter as coisas próximas de nós, não as conseguimos ver
bem. Geralmente acontece por volta dos 45 anos de idade, chamada de
presbiopia.

A presbiopia pode ser corrigida com óculos de leitura, com o passar dos
anos estes necessitam de ser mais fortes porque o cristalino fica menos flexível,
mais duro.

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Humor
Vítreo: O interior do olho é preenchido com um gel transparente. Este é o
chamado corpo vítreo, humor vítreo, ou simplesmente de vítreo. O vítreo é
composto principalmente por á água
gua e ocupa 2/3 rds do volume do olho.

O humor vítreo ajuda a dar forma ao olho.

Fundo: O fundo é um termo geral que se refere ao interior do olho ol que pode ser
visto quando olhamos através da pupila com um instrumento especifico. O
fundo inclui a retina, disco óptico e os vasos sanguíneos na parte posterior do
olho. Quand
Quando usamos o oftalmoscópio para examinar esta parte do olho,
chamamos-lhelhe exame ao fundo de olho.

undo do olho quando visto com oftalmoscópio


Figura 10: Fundo

Retina: A retina é a membrana interna do globo ocular.

A retina é coberta com milhões de células fotorreceptoras - quase como um


chão de azulejo
azulejo. Existem dois tipos diferentes de células fotorreceptoras,
fotorreceptoras os
cones e os bastonetes.

Os bastonetes são responsáveis pela visão em condições de pouca luz, os


cones são responsáveis pela visão das cores e visão central.
centra

Quando os raios de luz entram no olho, eles são recebidos pelas


células fotorreceptoras e transformados em mensagens nervosas.
nervosas Estas são
enviadas para o cérebro através do nervo óptico.

A retina capta a luz que entra no olho e transforma-a em


mensagens nervosas que são enviados para o cérebro.

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O centro da retina é chamada de mácula. É uma parte pequena e muito
sensível da retina que é responsável pela visão central nítida. O centro da
mácula é chamada de fóvea. A mácula permite-nos ver pequenos detalhes e
fazer tarefas que exigiam boa visão central, como ler e costurar.
costura

Nervo
Óptico: O nervo óptico pode ser pensado como um fio de telefone que permite
que o olho converse com o cérebro - diz ao cérebro o que vê.

O nervo óptico envia mensagens nervosas da retina para o


cérebro.

Ao olhar para o fundo do olho através da pupila (usando um oftalmoscópio),


uma parte ddo nervo óptico que pode ser vista, é chamada de disco óptico
ou cabeça do nervo óptico.

Não há retina sobre o disco óptico, pelo que esta parte do fundo do olho não
é capaz de receber luz, e não é capaz de enviar mensagens visuais para o
cérebro. Esta área é chamada de ponto cego.

O cérebro disfarça (oculta) o ponto cego, a maioria das pessoas não sabem
que têm um em cada olho
olho.

Músculos
Extra-oculares: Há seis músculos ligados à parte externa de cada olho. Estes músculos são
conhecidos como os músculos extra-oculares (MOE) e são responsáveis pelo
controle dos movimentos oculares.

Os músculos extra-oculares movem o globo ocular em


diferentes direcções.

Figura 11
11: A órbita e do nervo óptico.

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COMO FUNCIONA O OLHO?
Ter a capacidade de ver depende de três coisas:

1. O filme lacrimal, a córnea, o humor aquoso, o cristalino, o vítreo devem ser transparentes,
de modo a que a luz possa chegar a retina sem ser interrompida. Estas estruturas
oculares estão todas em linha ao longo do eixo visual.

2. A imagem deve ser focada pela córnea e pelo cristalino para que forme uma imagem
nítida sobre a retina na parte posterior do olho.

3. O nervo óptico deve levar a informação recebida pela retina para o cérebro, de modo que
possa ser traduzida numa imagem.

TERMOS DE LOCALIZAÇÃO ANATOMICA

Termos direccionais para os Olhos:

Um paciente chega a consulta com dores num olho. Ao examina-lo descobre que tem um
pequeno pedaço de metal (um corpo estranho) no olho. É necessário escrever uma carta para
encaminhar o paciente para um profissional de saúde que lhe possa remover o corpo estranho.
A carta tem que descrever onde se encontra alojado o corpo estranho. Para isso é necessário
saber em termos direccionais, a localização exacta do corpo estranho:

Anterior: Em frente Exemplo: A córnea é anterior à íris.


Posterior: Atrás Exemplo: A retina é posterior ao cristalino.
Superior: Acima Exemplo: A sobrancelha é superior ao olho.
Inferior: Abaixo Exemplo: A boca é inferior ao olho.
Nasal: Mais próximo do nariz; mais afastado da orelha.
Temporal: Mais afastado do nariz; mais próximo da orelha.

Superior Superior

Inferior Inferior

Temporal Nasal Nasal Temporal


Anterior Posterior

Figura 12: Vista frontal da cabeça. Figura 13: Vista lateral da cabeça.

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TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS.

1. Legende a figura abaixo.

……………. ……………………

……….
………………

…………… ……………..
……….. …………
………

……………..
……………

………
……………….

…………….. …………….

2. Complete a tabela.

PARTES DO OLHO Que funções exercem?


Pálpebras e Cílios
Conjunctiva
Esclera
Córnea
Pupila
Íris
Cristalino
Retina
Nervo Óptico
Pontos Lacrimais
Humor Vítreo

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ÓPTICA

Pensa
Alguma vez olhou por uma lente com potência? Alguma vez viu um espelho que faz objectos
parecerem mais pequenos do que são na realidade? Alguma vez viu um cristal fazer um arco-íris
numa parede?

Todas estas coisas utilizam a óptica para desviar a luz e alterar imagens.

OBJECTIVO
Esta unidade pretende introduzir o estudo da óptica. Vai compreender como é que a luz viaja e como
algumas superfícies reflectem a luz enquanto outras permitem que a esta passe.

RESULTADOS DA APRENDIZAGEM
Depois de trabalhar nesta unidade, deve saber:

• Explicar como a luz viaja

• Explicar como os raios de luz podem ser reflectidos, refractados ou absorvidos

• Descrever os diferentes meios ópticos e como os seus índices de refracção afetam a luz

• Discutir como um prisma altera a trajectória da luz

• Descrever como uma lente concentra a luz

• Explicar o que acontece aos raios luminosos que viajam através do centro óptico da lente

• Definir o que é uma lente plana

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LUZ
Os olhos recebem luz de um objecto e o cérebro interpreta as mensagens de luz que são recebidas
pelos olhos. A luz contém muita informação sobre o objecto do qual é proveniente, incluindo a sua cor,
a sua forma e o seu movimento. O cérebro interpreta esta informação, o que nos vai ajudar a
identificar o objecto.

Para ver claramente, os olhos devem receber luz e concentrá-la na retina, na parte posterior do olho.
Se o olho não focar bem a luz, poderão ser necessários uns óculos para dar uma melhor visão.

Comportamento
da Luz: A luz viaja a partir de um objecto para os nossos olhos movendo-se em linhas
rectas. Estas linhas chamam-se raios luminosos.

Os raios luminosos podem ser desenhados em diagramas, para que possamos


prever o caminho que vão percorrer. Estes diagramas são chamados
diagramas de raios. Os raios luminosos são desenhados como sendo linhas
rectas com setas na ponta, que vão apontar na direcção em que a luz está a
viajar.

Raios luminosos podem viajar na mesma ou em diferentes direcções. Os


diferentes tipos de raios luminosos incluem:

• Raios luminosos paralelos


• Raios luminosos convergentes
• Raios luminosos divergentes

Raios luminosos paralelos:

Estes raios luminosos viajam na mesma direcção e permanecem sempre com a


mesma distância entre si.

Figura 1: Raios luminosos paralelos.

Os raios luminosos paralelos são provenientes de todos os


objectos que estão distantes (no infinito).

Em óptica, todos os objectos que estão a 6 metros ou mais,


são considerados distantes.

Isto significa que raios luminosos paralelos são provenientes


de todos os objectos que estão a 6 metros ou mais.

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Raios Luminosos Convergentes:
Estes raios luminosos viajam de encontro uns aos outros. Os raios luminosos
convergentes vão-se encontrar num ponto focal.

Figura 2: Raios luminosos convergentes.

Figura 3: Raios luminosos convergentes convergem num ponto focal.

Raios Luminosos Divergentes:


Estes raios luminosos vão afastar-se uns dos outros. Raios luminosos
divergentes são provenientes de um objecto colocado a menos de 6 metros do
olho.

Figura 4: Raios luminosos divergentes.

Figura 5: Raios luminosos divergentes, divergem a partir de um objecto que se


encontra a menos de 6 m de distância.

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Os raios luminosos viajam em linhas rectas até chegarem a um objecto.
Quando chegam podem ser:

• Refletidos pelo objecto – chamada reflexão da luz; ou


• Refratados (atravessa) pelo objecto – chamada refracção da luz; ou
• Absorvidos pelo objecto.

Reflexão e refracção podem alterar a direcção em que os raios


luminosos viajam.

Os raios luminosos vão parar se forem absorvidos por um


objecto. Se um objecto absorver todos os raios luminosos, vai
aparecer que tem cor preta.

Meio Óptico: Raios luminosos podem viajar através de qualquer material transparente. Um
material transparente que permita que a luz viaje é chamado de meio óptico.

Um meio óptico pode ser:

• Gás (ar)
• Líquido (água)
• Sólido (vidro ou plástico).

Índice de Refracção: Todos os meios ópticos têm um índice de refracção específico. Este índice diz-
nos o quanto mais rápido viaja a luz através do ar, do que viaja através de
outro meio. É a comparação da velocidade da luz no ar com a velocidade da
luz noutro meio.

A luz viaja mais rápido num meio com índice refractivo baixo (como o ar), e
mais lentamente num meio que apresente um índice elevado (como o vidro).

Exemplo:

O ar tem um índice de refracção de 1 e o vidro tem um índice de 1.5.

Isto significa que a luz viaja 1.5 vezes mais rápido no ar do que no vidro.

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REFLEXÃO
Um raio luminoso será desviado (como uma bola que salta do chão) quando atinge uma superfície
reflectora suave, por exemplo um espelho. Isto é chamado de reflexão da luz.

Quando um raio luminoso chega (também chamado de raio luminoso incidente) e embate numa
superfície refletora é refletido. Isto significa que vai viajar no sentido contrário da superfície como
sendo um raio luminoso reflectido.

Figura 6: Reflexão.

No ponto onde o raio luminoso atinge a superfície reflectora, podemos desenhar uma linha
perpendicular tracejada (com um ângulo de 90º) à superfície refletora. Esta linha tracejada é chamada
de linha normal (ou simplesmente a normal).

O ângulo entre o raio incidente e a normal é chamado de ângulo de incidência.


O ângulo entre o raio reflectido e a normal é chamado de ângulo de reflexão.

Lei da Reflexão:
Ângulo de incidência = Ângulo de reflexão

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REFRACÇÃO
Algumas vezes, em vez da luz ser absorvida ou reflectida por uma superfície, esta continua a viajar
pelo novo meio. Um raio luminoso incidente vai atingir uma superfície refractora e vai atravessar
essa mesma superfície como sendo um raio refractado. O raio refractado altera a sua direcção
quando atravessa um novo meio.

No ponto onde o raio luminoso atinge a superfície reflectora, podemos desenhar uma linha
perpendicular tracejada (com um ângulo de 90º) à superfície reflectora. Esta é a linha normal (ou
normal). O ângulo entre a normal e o raio luminoso incidente é chamado de ângulo de incidência (ί). O
ângulo entre o raio refractado e a normal é chamado de ângulo de refracção (ί′).

Figura 7: Refracção.

Quando um raio luminoso viaja de um meio para outro (como do ar para o vidro), a direcção a que o
raio luminoso viaja vai ser alterada – o caminho do raio luminoso vai ser desviado. Chama-se a isto a
refracção da luz.

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Excepção:
Se o raio luminoso entra num novo meio perpendicularmente (ao longo da mesma linha da
normal), o raio luminoso vai passar para o novo meio sem mudar de direcção.

Figura 8: Um raio luminoso que viaja ao longo da


mesma linha que a normal não vai alterar a sua
direcção.

A quantidade de raios luminosos que são desviados depende do índice de refracção do meio de onde
o raio luminoso é proveniente e do índice de refracção do meio onde vai incidir.

Um raio luminoso vai ser mais refractado se houver uma maior diferença de índices
refractivos entre o meio de origem e o novo meio.
Um raio luminoso vai ser menos refractado se houver uma diferença menor entre os
índices refractivos entre o meio de origem e o novo meio.

Quando um raio luminoso viaja a partir de um meio com um índice refractivo menor para um meio com
um índice refractivo maior, o raio luminoso será desviado em direcção à normal.

Figura 9: Luz que viaja de um meio com um índice


refractivo menor para um meio com um índice
refractivo maior.

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Quando um raio luminoso viaja a partir de um meio com um índice refractivo maior para um meio com
um índice refractivo menor, o raio luminoso vai ser desviado em direcção contrária à normal.

Figura 10: Luz que viaja de um meio com um índice


refractivo maior para um meio com um índice refractivo
menor.

• Se um raio luminoso viaja para um meio com um índice refractivo maior:


o ângulo de refracção (ί′) é mais pequeno que o ângulo de incidência (ί).

• Se um raio luminoso viaja para um meio com um índice refractivo menor:


o ângulo de refracção (ί′) é maior que o ângulo de incidência (ί).

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PRISMAS
Os prismas desviam a luz. Um prisma óptico é feito de um material transparente (como vidro ou
plástico) que tenha um índice refractivo maior que o do ar.

Um prisma tem a forma de um triângulo. Um dos lados deste triângulo é a base do prisma, e o canto
que se opõe à base é chamado de vértice. O ângulo do vértice é chamado de ângulo apical e o seu
tamanho vai afectar o quanto o prisma desvia a luz.

No ponto em que o raio luminoso atinge a superfície reflectora, podemos desenhar uma linha
perpendicular tracejada (com um ângulo de 90°) à superfície reflectora. Esta é a linha normal. Quando
um raio luminoso atravessa um novo meio, neste caso um prisma, vai alterar o ângulo entre a linha
normal e o raio refractado.

Figura 11: Prisma óptico.

Índice Refractivo e Prismas:

Lembre-se:
• Se um raio luminoso viajar para um meio com um índice
refractivo maior: o ângulo de refracção é mais pequeno que
o ângulo de incidência.
• Se um raio luminoso viajar para um meio com um índice
refractivo menor: o ângulo de refracção é maior que o ângulo
de incidência.

Um prisma de vidro ou de plástico têm um índice refractivo maior que o ar (o ar


tem um índice refractivo menor que o vidro ou o plástico). Quando um raio
luminoso incidente entra num prisma, vai ser desviado em direcção à normal
dentro do prisma e em sentido contrário quando sai do prisma.

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Figura 12: Um prisma vai desviar todos os raios luminosos na mesma quantidade,
independentemente do sítio em que o raio luminoso entra no prisma. Os raios
luminosos paralelos que entram num prisma vão sair desviados todos na mesma
direcção.

Qualquer luz que entre no prisma vai ser sempre desviada no


sentido contrário do vértice do prisma.

Um prisma não foca a luz. Se a luz paralela entra para o prisma, então, a luz
paralela sai do outro lado.

Desvio Aparente: Quando olhamos para um objecto através de um prisma, o objecto vai parecer
que está mais perto do vértice do prisma do que está na realidade. Isto é
chamado de desvio aparente do objecto.

Figura 13: Desvio aparente: A luz vinda de um objecto é desviada para a base do
prisma, mas o objecto aparenta desviar-se para o vértice.

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LENTES
Uma lente óptica (ou simplesmente lente) é uma peça de material transparente que é moldado de
modo a que os raios de luz sejam refractados e se concentrem num determinado ponto – chamado de
ponto focal. Enquanto os prismas apenas desviam a luz, as lentes focam-na. As lentes são usadas
para óculos, lupas, microscópios e projectores.

O projector tem lentes que podem focar uma imagem numa tela. As lentes podem mudar o foco dos
olhos de modo a tornarem a imagem mais nítida, clara.

Se o olho tem um erro refractivo (como hipermetropia, miopia, astigmatismo ou


presbiopia), uma lente pode ser usada para focar a luz que entra no olho
correctamente, para que a visão se torne clara, nítida.

Todas as lentes têm duas superfícies: a superfície anterior e a superfície posterior. A lente deve ter
pelo menos uma superfície curva para que possa focar a luz.

As lentes são de vidro ou plástico, e de várias formas. As formas de lentes mais comuns são:

• Esféricas: lentes positivas ou negativas


• Astigmáticas: lentes cilíndricas e esfero-cilíndricas

Figure 14: Lente positiva e negativa.

Uma lente positiva tem o ponto focal onde todos os raios de luz refractados convergem e se
encontram.
A lente negativa faz os raios de luz divergirem, como se viessem de um ponto.

Uma lente aumenta os raios de luz em quantidades diferentes, dependendo do índice de refracção do
seu material e da superfície da lente onde o raio de luz incidente entra.

Apesar do prisma só desviar a luz e não a focar, a lente pode ser vista como um prisma unido.

Uma lente positiva pode ser vista como dois prismas que estão unidos pelas bases.

Uma lente negativa pode ser vista como dois prismas que estão unidos pelos vértices.

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Figura 15: As lentes podem ser vistas como prismas unidos.

Esta descrição básica de uma lente ajuda-nos a perceber como a luz atravessa as lentes positivas e
negativas. Podemos ver que dois prismas por si só não podem focar a luz num único ponto, mas
podem desviar a luz.

Figura 16: Os raios de luz que atravessam os dois prismas.

Uma lente é na realidade como um grande número de prismas que ficam mais fortes para o bordo.
Podemos ver no diagrama A, em baixo, como poderia funcionar se adicionássemos apenas mais dois
prismas na figura em cima. Se somarmos mais raios luz, precisaríamos de mais prismas para desviar
a luz para um foco (diagrama B).

Figura 17: A lente é como um grande número de prisma, gradualmente mais forte
do centro para o bordo da lente.

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Outra maneira de desviar a luz para focar num ponto é fazer com que pelo menos uma das superfícies
da lente seja curva. É como um grande número de prismas que ficam gradualmente mais fortes do
centro para o bordo da lente. A maioria das lentes dos óculos tem duas superfícies curvas.

Figura 18: A lente dos óculos tem duas superfícies curvas.


A superfície curva permite que a lente foque a luz.

Centro Óptico: Os raios de luz que atravessam o ponto onde os dois prismas se unem, não
são desviados. Este ponto é chamado de centro óptico da lente.

Figura 19: Centros ópticos de uma lente positiva e negativa.

O centro óptico é o único sítio da lente onde o raio de luz viaja sem ser
refractado. São os centros ópticos que alinhamos com os olhos da pessoa ao
fazer os óculos.

O centro óptico de uma lente positiva é o ponto onde a lente é mais grossa,
numa lente negativa é o ponto onde esta é mais fina.

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Lentes
Planas: Uma lente que não é positiva nem negative é chamada de lente plana.
Uma lente plana não tem poder de foco – não pode desviar ou refratar a luz.
Como por exemplo, a luz que viaja através de uma janela de vidro.

A lente plana pode ter duas superfícies planas ou duas superfícies curvas.

Figura 20: As lentes planas podem ser planas ou curvas. Os raios de luz que
atravessam a lente plana não são desviados.

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TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS.

1. Numere os diferentes tipos de raios de luz (em termos de direcção a que viajam).
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

2. Nomeie as duas únicas maneiras onde os raios de luz podem mudar de direcção.
________________________________________________________________________

3. Como chamamos ao raio de luz que viaja em direcção a uma superfície?


________________________________________________________________________

4. O que é que o índice de refracção avalia?


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

5. O que é um prisma? Em que direcção é desviada a luz que passa através de um


prisma?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

6. Quando um raio de luz viaja de um meio com menor índice de refracção para um
meio de maior índice de refracção, a luz é desviada para longe ou em direcção á
normal?
________________________________________________________________________

7. Quando um raio de luz viaja de um meio com maior índice de refracção para um
meio de menor índice de refracção, a luz é desviada para longe ou em direcção á
normal?
________________________________________________________________________

8. Será que um raio de luz é mais refractado se houver uma diferença maior entre o
índice de refracção do meio original e o do novo meio, ou se houver uma diferença
pequena?
_______________________________________________________________________

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ICEE Refractive Error Training Package
REFRACÇÃO E
ACOMODAÇÃO

PENSA
Uma mãe dirige-se a si. È costureira e queixa-se que nos últimos tempos quando está a fazer roupas
para o seu filho, sempre que realiza esta tarefa, sente dores de cabeça.

Qual pode ser a causa destas dores de cabeça?

OBJECTIVO
Este modulo tem como objectivo introduzir o “sistema óptico olho”/comportamento da luz e o que
ocorre quando existem defeitos de refracção no olho.

RESULTADOS A OBTER:
Após teres trabalhado neste modulo deverás ser capaz de:

• Denominar e identificar as diferentes estruturas do sistema óptico

• Descrever como funcionam em conjunto estas estruturas com o objectivo a focar a luz e de
formar a imagem visual

• Definir erro refractivo e enunciar os diferentes erros refractivos

• Explicar quais as alterações do olho de forma a passar o foco de objectos ao longe para
objectos próximos

• Explicar a perda de capacidade acomodativa com o envelhecimento

• Reconhecer os sintomas de astenopia

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ICEE Refractive Error Training Package •1
COMO É RECEBIDA A LUZ POR UM OLHO SEM DEFEITOS?
Os raios de luz provenientes de um objecto entram no olho passando pelo filme lacrimal e pela córnea.
De seguida “viajam” pela câmara anterior e pela pupila. De seguida, a luz atravessa o cristalino e o
humor vitreo antes de chegar à retina.

Ao longo do seu percurso, os raios de luz são convergidos (unem-se num único ponto) – primeiro pela
córnea, e posteriormente pelo cristalino. O desvio ou a convergência dos raios resulta num foco. Se a
luz for focada na retina, será formada uma imagem nítida.

Na retina, a luz é convertida em sinais eléctricos os quais são enviados para o cérebro através do
nervo óptico. Estes sinais eléctricos são interpretados pelo cérebro como uma imagem visual.

Raios de luz provenientes de um


objecto (Raios paralelos)

Figure 1: Luz proveniente de um objecto ao longe focando-se na retina.

A luz focada no olho:

É importante saber que os raios de luz provenientes de um objecto ao longe chegam ao olho paralelos
(Figura 1). Um objecto ao longe, é considerado quando situado a mais de 6 metros (m).

Os raios de luz provenientes de um objecto próximo são divergentes (afastam-se uns dos outros).
Quanto mais próximo o objecto do olho, mais divergentes se tornam os raios.

Para que o foco dos raios se situe exactamente na retina, deve verificar o seguinte:

• A córnea e o cristalino devem desviar (ou convergir) os raios numa quantidade exacta.

• O globo ocular deve ter um comprimento correcto (a distância entre a córnea e a retina).

O olho deve ter forma e tamanho correctos de forma a existir


uma visão nítida e confortável.

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Estruturas refractivas
Do olho : A córnea e o cristalino actuam em conjunto refractando os raios de luz que
atingem o olho, fazendo com que estes convirjam e posicionem em foco na
retina.
2
• A córnea oferece /3 da potência refractiva total do olho

- A potência refractiva da córnea é resultado da sua


forma/curvatura e espessura.

- A forma e a espessura da córnea não variam, logo a sua


potência refractiva é constante.
1
• O cristalino oferece /3 da potência refractiva total do olho.

- A potência refractiva do cristalino é resultado da sua


forma/curvatura e espessura.

• O cristalino pode mudar a sua forma, tornando-se mais curvo e mais


espesso (maior potência) quando o músculo ciliar contrai, sendo que a
potência do cristalino pode variar.

2
A córnea é responsável por /3 da potência refractiva do
olho.
1
O cristalino contribui com /3 para a potência refractiva do
olho, tendo este capacidade de realizar variações (realizar
também pequenos ajustes) na potência total do olho
através de alterações na sua forma.

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O QUE É UM ERRO REFRACTIVO?
Erro refractivo: Uma pessoa que tenha um erro refractivo vai necessitar de usar óculos ou
lentes de contacto de forma a ver nítido e de forma confortável. Isto acontece
porque o olho não tem um comprimento ou forma correcta, não foca a luz
correctamente na retina.

Uma pessoa com um erro refractivo terá aparentemente


olhos normais, mas não vê bem.

A quantidade de erro refractivo de um olho depende da:


• Curvatura da córnea (plana/curva); e/ou
• Espessura-forma do cristalino; e/ou
• Comprimento do globo ocular.

Uma pessoa pode ter uma combinação destes três factores, resultando um
olho com um comprimento ou forma incorrecta, impedindo a luz de focar de
forma perfeita na retina.(Figura 2). No caso da luz proveniente de um objecto
próximo ou distante não se focar adequadamente na retina, a pessoa
manifestará problemas de visão, uma vez que possui um erro refractivo.

Figure 2: Possíveis diferenças no comprimento axial do olho, forma da córnea e do


cristalino.

Quando um olho não apresenta forma ou tamanho


corretos, dizemos que tem um erro refractivo.

A quantidade de erro refractivo que o olho tem depende da


forma (potência) da córnea, do cristalino e/ou do
comprimento axial do globo ocular.

Quando o olho manifesta uma relação correcta entre a


potência e o seu comprimento axial, o foco da luz situa-se
na retina, designando-se um olho emetrope.

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Dependendo da origem do erro (inadequada forma ou tamanho), este pode ser
dividido em 4 tipos diferentes:

• Hipermetropia
Pessoas com hipermetopia (designados por “hipermetropes”) por vezes
podem ver ao longe, frequentemente, manifestam dificuldades ao perto.
Com o envelhecimento, a visão ao longe dos hipermetropes fica
também afectada.

Figura 3: Olho hipermetrope – os raios de luz provenientes de um objecto


ao longe focam-se atrás da retina.

• Miopia
Pessoas com miopia (designados por míopes) não vêem bem ao longe,
mas dependendo da sua quantidade de miopia, podem ver bem ao
perto.

Figura 4: Olho míope – os raios de luz provenientes de um objecto ao


longe, focam-se à frente (antes) da retina.

• Astigmatismo
Um olho com astigmatismo, tem diferentes potências em diferentes
meridianos do olho. A luz ao atingir o olho vai encontrar diferentes
potências, resultando multifocos em vez de um ponto focal único.

Pessoas com astigmatismo (designados por astigmatas) podem ter


problemas em ambas as distâncias, longe e perto, uma vez que não
existe uma distância em que seja formada uma imagem retiniana nítida.

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Figura 5: Olho Astigmata – os raios de luz provenientes de um objecto
distante focam-se em dois sítios distintos.

• Presbiopia
A presbiopia desenvolve-se com o envelhecimento (normalmente após
os 40 ou 45 anos), quando o cristalino demonstra incapacidade de
focar a luz proveniente de objectos próximos. Pessoas com presbiopia,
(designados por “presbiopes ou présbitas”) têm dificuldade em visão
próxima.

Figura 6: Olho presbita – os raios de luz provenientes de um objecto próximo


focam-se atrás da retina.

Uma pessoa com algum destes erros refractivos irá necessitar de


óculos (lentes) de forma a ver de uma forma nítida e confortável.

Uma pessoa pode ter um destes erros refractivos, ou apresentar uma


combinação destes erros refractivos. Um olho poderá apresentar uma
combinação destes erros refractivos, excepto miopia e hipermetropia
em simultâneo. Não é possível um olho ter miopia e hipermetropia ao
mesmo tempo.
De modo a perceber qual o erro refractivo que uma pessoa tem, e qual
a gravidade do seu erro refractivo, os olhos devem ser observados de
uma forma especial.

Uma observação do olho, recorrendo a testes, com vista a


encontrar um erro refractivo, designa-se por refracção.

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O QUE É A ACOMODAÇÃO?
A acomodação ocorre quando o músculo ciliar contrai e altera a forma do cristalino (ficando mais
espesso).

Quando um olho acomoda, o poder refractivo do olho aumenta. Este aumento de potência permite ver
objectos próximos nítidos (Figura 7).

Figura 7: Os raios provenientes de um objecto próximo focando-se na retina, num olho em acomodação.

Quando o músculo ciliar está relaxado, de um olho normal (com adequação entre a sua potência e o
comprimento axial) irá resultar uma visão nítida de um objecto distante. Quando isto acontece,
dizemos que a acomodação está relaxada, não existindo acomodação do cristalino.
Quando uma pessoa “acomoda” não existe a percepção que o está a fazer. Uma pessoa que está a
“acomodar” irá fazê-lo inconscientemente (sem pensar no que está a fazer). Ne realidade não sebe
que está a usar o músculo ciliar para acomodar.

Figura 8: Os raios de luz provenientes de um objecto próximo não se focam na retina num olho que não
está a acomodar.

Com o avançar da idade, o cristalino perde flexibilidade, não conseguindo alterar facilmente a sua
forma quando existe a contração do músculo ciliar. Isto é um processo normal e natural relacionado
com o envelhecimento, designando-se por presbiopia. Isto significa que uma pessoa idosa não
consegue acomodar (alterar o foco do olho quando fixa um objecto próximo) da mesma forma que um
paciente jovem.

Se um olho não acomoda quando uma pessoa olha para um objecto próximo, o mesmo será
percebido desfocado (Figura 8). Se uma pessoa não consegue acomodar o suficiente quando realiza
tarefas em visão próxima, irá necessitar de óculos para o fazer de uma forma nítida.

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ICEE Refractive Error Training Package
Amplitude de
Acomodação: A amplitude de acomodação de uma pessoa é o total de acomodação que tem
disponível. Esta depende da capacidade do cristalino em alterar a sua forma de
modo a aumentar o seu poder refractivo.

Uma criança pode acomodar cerca de15 D. Isto significa que a criança (a qual
não possui erro refractivo) é capaz de ver coisas de forma clara e nítida sempre
que pretende ver algo até uma distância mínima de 7 cm, medidos a partir dos
seus olhos (Figura 9).

Figura 9: A fórmula da distância focal é: f = 100/F (f em centímetros, F em


dioptrias).

Neste caso a quantidade de acomodação é: 15 D (=F) então f = 100/15 = 7 cm


aproximadamente.

Quando atingimos a idade dos 40, os nossos olhos apenas conseguem


acomodar cerca de 5D. Uma pessoa com 40 anos (a qual não possui miopia,
hipermetropia ou astigmatismo) apenas consegue ver objectos nítidos que se
encontrem a uma distância igual ou superior a 20 cm (Figura 10).

Figura 10: A fórmula da distância focal é: f = 100/F (f em centímetros, F em


dioptrias).

Neste caso, a quantidade de acomodação é: 5 D (=F) então f = 100/5 = 20 cm.

Aos 60 anos normalmente já não existe capacidade acomodativa.

Copyright © ICEE 2011 Óptica do Olho e Acomodação – MANUAL DE ESTUDO • 8


ICEE Refractive Error Training Package
Figura 11: A amplitude de acomodação é inversamente proporcional à idade.

Este gráfico é apenas uma estimativa, mas mostra-nos que a nossa


capacidade acomodativa diminui com o aumento da idade. Todas as pessoas
são diferentes e, na realidade algumas pessoas que têm a mesma idade
manifestam diferenças no que diz respeito à amplitude de acomodação.

Astenopia: Não é possível o uso de toda a acomodação disponível por largos períodos de
tempo – o músculo ciliar irá manifestar fadiga. Os nossos olhos não foram
“pensados” para passar muito tempo a ler, sentados, trabalhando ao
computador, a realizar tarefas em visão próxima o tempo todo.

A fadiga do músculo ciliar causa sintomas de astenopia (fadiga visual).

Sintomas de astenopia incluem:


• Irritação e ardor ocular
• Olhos cansados
• Dores de cabeça
• Fadiga geral
• Sonolência na realização de tarefas em visão próxima
• Perda de concentração
• Visão desfocada
• Diplopia (visão dupla)

Uma pessoa com sintomas de astenopia pode apresentar um


destes sintomas ou vários em simultâneo. Cada pessoa será
diferente.

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ICEE Refractive Error Training Package
Uma boa forma de pensar na acomodação é considerar o músculo ciliar tal
como qualquer outro músculo, por exemplo os músculos dos nossos braços:

• Imagina que vais ao supermercado e compras um grande saco de


arroz. Podes pegar no saco de arroz, mas se tentares levá-lo até casa,
passado algum tempo começas a sentir fadiga e dor nos braços.
Eventualmente terás que desistir de transportar o saco, obrigando-te a
colocá-lo no chão.

• A mesma coisa acontece quando olhas fixamente para algo muito


próximo dos teus olhos. Nesta situação, necessitarás de acomodar de
forma a conseguir ver o objecto nítido num período curto de tempo,
mas passado algum tempo, o músculo ciliar ficará fatigado. Sentirás
desconforto e a imagem do objecto ficará desfocada.

Por vezes, se olhares fixamente para um objecto muito próximo durante um


largo periodo de tempo, poderá acontecer um espasmo no músculo ciliar. Que
é uma situação semelhante ao que acontece quando jogamos futebol durante
algum tempo. Perante um espasmo o músculo não consegue relaxar.

Uma pessoa que realize uma tarefa prolongada em visão


próxima, para que não tenha sintomatologia (astenopia),
deverá usar apenas metade da amplitude de acomodação
disponível

Quando acontece um espasmo no músculo ciliar ele não consegue relaxar –


desta forma a visão ao longe manifestar-se-á desfocada.

Exemplo:
Uma criança afirma que após ter estado a escrever ou a ler na sala de aula,
tem dificuldades em ver bem o que está escrito no quadro. No entanto,
passado algum tempo, já consegue ver sem dificuldades o que está escrito.
Isto não é miopia, uma vez que não é constante. Será uma anomalia na visão
próxima que provoca um espasmo no músculo ciliar.

Copyright © ICEE 2011 Óptica do Olho e Acomodação – MANUAL DE ESTUDO •


ICEE Refractive Error Training Package 10
TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS.

1. Por favor, descreva (da frente para trás) as cinco partes transparentes do olho, pelas
quais os raios de luz têm que passar antes de chegar à retina:
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

2. Para que a luz tenha o foco exactamente na retina, o _______________________________


deve desviar (convergir) a luz numa quantidade correcta, e a distância entre
________________ e __________________deverá ser a adequada.

3. O que é um erro refractivo?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

4. Denomine os quatro erros refractivos.


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

5. Como acontece a acomodação no olho?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

6. Qual a razão do aumento das dificuldades em acomodar à medida que vamos


envelhecendo?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

7. Por que razão é recomendado a uma pessoa usar apenas metade da amplitude de
acomodação disponível?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

8. Quais os sintomas de astenopia?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

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LENTES ESFÉRICAS

PENSA
Um Senhor de outra cidade dirige-se até si para a realizar de uma consulta. Ele afirma que usa óculos,
mas não sabe o nome do problema que tem nos olhos. Se tiver a capacidade de saber se as lentes
que o paciente tem nos óculos são positivas ou negativas poderá ajudar a perceber a indicação do uso
dos óculos, ou seja, qual a anomalia que estão a compensa.

OBJECTIVO
Este módulo ajudará a perceber a óptica das lentes, ou seja, como as lentes positivas e negativas
desviam a luz.

RESULTADOS A OBTER:
Após ter estudado este módulo deverá ser capaz de:

• Descrever o tipo de erros refractivos que as lentes esféricas são capazes de compensar

• Explicar as diferenças entre lentes positivas e negativas

• Reconhecer as diferentes formas das lentes esféricas

• Perceber como as lentes esféricas focam a luz

• Definir dioptria (D)

• Escrever a potência das lentes esféricas

• Perceber como se relacionam a distância focal (f) e a potência (F).

Copyright © ICEE 2009 Lentes Esféricas – MANUAL DE ESTUDO • 1


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FORMA DAS LENTES ESFÉRICAS
A espessura das lentes esféricas é diferente no centro quando comparada com a espessura ao bordo.

As lentes Positivas são sempre mais espessas ao centro e mais finas na periferia.
As lentes Negativas são sempre mais finas ao centro e mais espessas na periferia.

Plus lens Minus lens


Figura 1:Lentes positivas e lentes negativas.

Uma forma fácil de pensar na forma das lentes esféricas é imaginar o espaço existente entre duas
esferas (bolas) que estão sobrepostas (no caso das lentes positivas) ou próximas (no caso das lentes
negativas).

Overlapping spheres

Space inside is the same


shape as a plus lens

Spheres next to each other

Space between is the same


shape as a minus lens

Figura 2: A forma das lentes esféricas pode ser representada pelo espaço entre duas esferas.

As lentes dos óculos podem ter diferentes formas.


Nem sempre parecem apresentar uma forma simétrica.

Copyright © ICEE 2009 Lentes Esféricas – MANUAL DE ESTUDO • 2


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FORMA DAS LENTES
As superfícies das lentes podem ser:

• Planas (flat)
• Convexas (curva de exterior de uma bola)
• Côncavas (curva de interior de uma bola).

Imagina que tens uma esfera (uma bola de futebol) e que a cortas ao meio, cada uma dessas metades
tem duas superfícies: a superfície externa e a interna.

→ A superfície externa da esfera é convexa.


→ A superfície interna é côncava.

Uma superfície convexa faz convergir a luz, enquanto uma superfície concava faz divergir a luz.

Outside surface
of a sphere
Sphere Inside
surface of
a sphere

Figura 3: Mostrando a superfície interna e externa de uma esfera.

Convex Convex Convex Plano Convex Concave

Concave Concave Concave Plano Convex Concave

Figura 4: Distintas formas das superfícies das lentes: plana, convexa e côncava.

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ICEE Refractive Error Training Package
Lentes Positivas: Pelo menos uma superfície das lentes positivas é convexa (tal como a
superfície externa da bola).

As lentes positivas são também designadas por:

• Lentes positivas
• Lentes convexas
• Lentes convergentes.

Lentes Negativas: Pelo menos uma superficie da lente é côncava. (tal como a superficie externa
da bola).

As lentes negativas são também designadas por :

• Lentes negativas
• Lentes côncavas
• Lentes divergentes

Plus lens Minus lens

Figura 5: Raios de luz atravessando lentes positivas e negativas. A lente positiva


converge a luz, a lente negativa diverge a luz

LENTES ESFÉRICAS E ERROS REFRACTIVOS


As lentes esféricas são usadas para compensar alguns erros refractivos, corrigindo o foco do olho.

Lentes esféricas podem ser colocadas em óculos (armações) de forma a restituir a visão aos míopes,
hipermetropes e presbitas.

Lentes positivas são usadas para compensar a hipermetropia e a presbiopia.


As lentes negativas são usadas para compensar a miopia..

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POTÊNCIA REFRACTIVA ESFÉRICA
Potência das lentes
O poder refractivo de uma lente (ou potência) fornece-nos informação acerca da sua capacidade em
desviar a luz e da posição do seu foco.

Uma lente tem duas superfícies – a superfície anterior e a superfície posterior.


Cada superfície possui um determinado poder refractivo, a potência refractiva
total é a soma das duas.

Uma superfície convexa converge a luz e possui uma potência


positiva (+).
A superfície concava diverge a luz e possui uma potência
refractiva negativa (-).

Numa superfície convexa ou concava, quanto maior for a curva (menor o raio
de curvatura), maior será potência refractiva.

A potência refractiva esférica é medida em dioptrías. Esta unidade


normalmente escreve-se como “D”. A dioptría representa a capacidade de uma
superfície convexa ou concave em desviar a luz.

A potência refractiva é escrita com dois decimais (com dois


números após a virgula ou ponto).

Por exemplo:
Uma lente com duas dioptrias deverá ser escrita como + 2.00 D.

A potência refractiva é expressa em passos de quarto de dioptria


(passos de 0.25 D).

Por exemplo:
+0.25 D, +0.50 D, +0.75 D, +1.00 D, +1.25 D, +1.50 D…
−0.25 D, −0.50 D, −0.75 D, −1.00 D, −1.25 D, −1.50 D…

Distância focal: Raios de luz paralela que atravessam uma lente positive, vão convergir. Esta
luz convergente vai juntar-se num ponto focal, para lá da superfície posterior da
lente.

A distância entre a a lente e o seu ponto focal é designada por distância focal.
A distância focal é um número positive, para uma lente positive dado que a
distância focal está situado atrás da lente.

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Plus lens

Focal point

Converging
light rays

Focal length

Figura 6: Luz paralela atravessando uma lente positiva, converge para o ponto
focal.

Raios de luz paralelos que passam através de uma lente negativa irão divergir.
Esta luz divergente não se irá juntar num foco atrás da lente negativa - os raios
de luz assumirão trajectórias diferentes

Uma lente negative possui um foco virtual situado à frente da lente negative.
Um foco virtual é um ponto imaginário que resulta do prolongamento imaginário
da origem dos raios de luz.

Virtual Focal Minus lens


point

Diverging
light rays

Focal
length
Figura 7: Raios de luz paralelos passando através de uma lente negativa, vão
divergir. Estes raios de luz divergentes parecem vir de um ponto focal virtual.

Para uma lente negative, a distância entre a lente e o foco virtual é também
designada por distância focal. A distância focal é um número negative para as
lentes negativas, porque fica situado à frente da lente.

A fórmula para determinar o ponto focal de uma lente é:

f = 1/F ou F = 1/f

Onde: f = distância focal em metros (m)


F = potência da lente em dioptrias (D)

Adicionalmente, podemos dizer que a potência refractiva de uma lente, medida


em dioptrias, é igual ao inverso da distância focal da lente medida, em metros.
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Exemplo 1:
Os raios de luz paralelos atingindo uma lente de +1.00 D, qual a distância a
que se encontrará o ponto focal?

f = 1/F = 1/+1.00 = +1 m

Assim, o ponto focal de uma lente de +1.00 D estará situado a 1 m atrás da


lente.

F = +1.00 D
Focal point
Converging
light rays

f=1m

Figura 8: Raios de luz paralelos atravessando uma lente de + 1.00 D irão focar-se
atrás da lente a 1 m.

Exemplo 2:
Os raios de luz paralelos atingindo uma lente de +2.00 D, qual a distância a
que se encontrará o ponto focal?

f = 1/F = 1/+2.00 = +0.5 m = +50 centímetros (cm)

Assim, o ponto focal de uma lente de +2.00 D estará situado a 50 cm atrás da


lente.

F = +2.00 D
Focal point

Converging
light rays

f = 0.5 m

Figura 9: Raios de luz paralelos atravessando uma lente de + 2.00 D irão focar-se
atrás da lente a 50 cm.

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Exemplo 3:
Os raios de luz paralelos atingindo uma lente de -1.00 D, qual a distância a que
se encontrará o ponto focal?

f = 1/F = 1/(−1.00) = −1 m

Assim, o foco virtual de uma lente de – 1.00 D, situar-se-á a 1m da superfície


frontal da lente (1m à frente da lente).

F = −1.00 D
Virtual Focal
point

Diverging
light rays

f = −1 m

Figura 10: Raios de luz paralelos atravessando uma lente de -1.00 D formarão um
foco virtual situado a 1 m da superfície frontal da lente

Example 4:
Os raios de luz paralelos atingindo uma lente de -2.50 D, qual a distância a que
se encontrará o ponto focal?

f = 1/F = 1/(−2.50) = −0.4 m = −40 cm

Assim, o foco virtual de uma lente de – 2.50 D, situar-se-á a 40 cm da


superfície frontal da lente (40 cm à frente da lente).

F = −2.50 D
Virtual Focal
point

Diverging
light rays

f = −0.4 m

Figura 11: Raios de luz paralelos atravessando uma lente de -2.50 D formarão um
foco virtual situado a 40 cm da superfície frontal da lente.

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Lentes Forma e Lentes com diferentes formas poderão ter a mesma potência.
Potência:

Exemplo 1:
As lentes em baixo têm a mesma potência, apesar de terem diferentes formas.
Todas têm uma potência de + 4.00 D. Assim, todas elas vão desviar a luz
(convergir) na mesma quantidade.

+4.00 D lens +4.00 D lens +4.00 D lens

Figura 12: A potência de +4.00 D pode ser conseguida em diferentes formas.

Exemplo 2:
As lentes em baixo têm a mesma potência, apesar de terem diferentes formas.
Todas têm uma potência de -4.00 D. Assim, todas elas vão desviar a luz
(divergir) na mesma quantidade.

−4.00 D lens −4.00 D lens −4.00 D lens

Figura 13: A potência de−4.00 D pode ser conseguida com diferentes formas.

Lentes Positivas: • Espessura das lentes


Normalmente é fácil identificar uma lente positive, uma vez que tem
uma espessura maior ao centro do que na periferia. O centro óptico é a
parte mais espessa da lente.

• Tamanho da imagem
Uma outra forma de perceber se a lente tem potência positiva é
observar um objecto através da lente. Quando olhamos através de uma
lente positiva, o objecto irá parecer maior e mais próximo. Uma lupa é
um exemplo de uma lente positiva.

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Figura 14: Objectos vistos através de uma lente positiva parecem maiores
e mais próximos.

• Prescrevendo lentes positivas


Pessoas com hipermetropia e presbiopia necessitam de lentes positivas
nos seus óculos e frequentemente irás ver prescrições para óculos tal
como: +2.50 D.

• O sinal “+” diz-nos que é uma lente positiva


• O “2.50 D” diz-nos que a potência é duas dioptrias e meia.

• Superfície das Lentes com Potência Positiva

Plano
Surface surface Surface Surface Surface Surface
of +4.00 D zero of +2.00 D of +2.00 D of +6.00 D of -2.00 D
power power power power power power

All of these have a power of +4.00 D

Figura 15: Lentes positivas fazem convergir a luz


Uma lente positiva pode ter:
• Uma superfície plana e outra convexa; ou
• Ambas as superfícies convexas; ou
• Uma convexa e outra concave, onde a potência da
superfície convexa é superior à potência da superfície
concava.

Estas três lentes esquematizadas na Figura 15 têm todas a mesma


potência de +4.00 D. Isto acontece porque o somatório das potências
das duas superfícies é igual a +4.00.

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Lentes Negativas: • Espessura das Lentes
Normalmente é fácil identificar uma lente negativa, uma vez que tem
uma espessura menor ao centro do que na periferia. O centro óptico é
a parte mais fina da lente.

• Tamanho da Imagem
Uma outra forma de perceber se a lente tem potência negativa é
observar um objecto através da lente. Quando olhamos através de uma
lente negativa, o objecto irá parecer menor e mais afastado.

Figura 16: Objectos vistos através de uma lente negativa parecem


menores e mais afastados

• Prescrevendo Lentes Negativas


Pessoas com miopia necessitam de lentes negativas nos seus óculos e
frequentemente irás ver prescrições para óculos tal como: - 3.75 D.

• O sinal “−” diz-nos que se trata de uma lente negativa


• O “3.75 D” que a potência é de três Dioptrias e três quartos de
Dioptria

• Superfície das Lentes com Potência Positiva

Plano
Surface Surface Surface Surface Surface
surface
of -4.00 D of -2.00 D of -2.00 D of +2.00 D of -6.00 D
zero
power power power power power
power

All of these lenses have a power of −4.00 D

Figura 17: Lentes Negativas fazem divergir a luz.


Uma lente Negativa pode ter:
• uma superfície plana e outra concava; ou
• ambas as superficies côncavas; ou

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• Uma superfície convexa e outra côncava, onde a a
potência da superfície concave é maior do que a da
superfície convexa.

As três lentes ilustradas na Figura 17 todas têm uma potência de -4.00


D. Isto acontece porque o somatório das potências das duas
superfícies é igual a - 4.00 D.

Espessura e
Potência das lentes: Lentes com diferentes espessuras, normalmente têm diferentes potências

+1.50 D lens cut in half +4.00 D lens cut in half

The +1.50 D lens is The +4.00 D lens is


thinner in the middle thicker in the middle
than the +4.00 D lens than the+1.50 D lens

Figura 19: Lentes positivas que têm maior potência são mais espessas ao centro.

−1.50 D lens cut in half −4.00 D lens cut in half

The −1.50 D lens has a thinner The −4.00 D lens has a thicker
edge than the −4.00 D lens edge than the −1.50 D lens

Figura 19: Lentes negativas com maior potência têm maior espessura ao bordo.

Quanto mais curva for uma superfície (menor o raio de curvatura), maior a
potência da superfície.

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Lentes Planas: Por vezes torna-se necessário utilizar lentes sem potência. Lentes sem
potência são designadas por lentes planas.

Uma pessoa que passe muito tempo na rua poderá precisar de lentes coloridas
sem potência. Um trabalhador de uma fábrica com boa visão poderá necessitar
de óculos/lentes de segurança com lentes planas. Outras pessoas apenas
precisam de graduação apenas num dos olhos, uma vez que um tem erro
refractivo e o outro não. Neste caso, uma lente plana deverá ser usada no olho
sem erro refractivo.

Surface of Surface of Surface of −6.00 D


zero (0.00) power +6.00 D power power

A B
Figura 20: As lentes planas podem ser realmente planas ou curvas. Os raios de
luz que passem por uma lente plana não são desviados.

Tal como as lentes com potência, uma lente plana também resultam do
somatório da potência das duas superfícies.

• A primeira lente da Figura 20 tem uma superfície frontal plana (plana ou


de potência zero) e a superfície posterior também plana.
A potência da lente é: 0.00 + 0.00 = 0.00 D.

• A segunda lente na Figura 20 tem uma superfície frontal convexa de


+6.00 D e uma superfície posterior concava de −6.00 D. A potência da
lente é: +6.00 + (−6.00) = 0.00 D.

Podes verificar que para que uma lente curva tenha potência nula, a curvatura
de ambas as superfícies deverá ser a mesma, mas uma convexa e outra
concava. Isto significa que a espessura de uma lente plana é a mesma ao
centro e na periferia

Quando são usadas lentes planas em óculos de segurança, estas são de


elevada espessura de forma a serem resistentes à quebra..

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TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS

1. A luz que passa no centro óptico de uma lente é desviada? (escolhe uma)
Sim Não

2. Uma lente convexa faz convergir ou divergir a luz?


__________________________________________________________________________

3. Como escreverias a potência de uma lente positive com uma e três quartos de dioptria?
__________________________________________________________________________

4. Dá dois outros nomes às lentes negativas.


a. __________________________________
b. __________________________________

5. Se uma lente tem uma superfície com uma potência de +3.00 D, e uma segunda
superfície com uma potência de – 6.00 D , qual a potência total da lente?
__________________________________________________________________________

6. Apresenta duas diferentes utilidades das lentes planas.


__________________________________________________________________________

7. Apresenta três diferenças entre lentes positivas e lentes negativas.


__________________________________________________________________________

8. Qual é a distância focal de uma lente com +2.50 D?


__________________________________________________________________________

9. Que tipo de erro refractivo pode ser corrigido com lentes negativas?
_________________________________________________________________________

10. Apresenta dois tipos de erros refractivos que podem ser corrigidos com lentes
positivas.
a. __________________________________
b. __________________________________

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LENTES ASTIGMATAS

PENSA
Lentes esféricas podem corrigir a hipermetropia, miopia e presbiopia – mas existe um erro refractivo
que as lentes esféricas não conseguem corrigir, o astigmatismo.
Se uma pessoa tem astigmatismo irá necessitar de umas lentes especiais que a farão ver bem e
confortável.

OBJECTIVOS
Este módulo irá explicar como as lentes cilíndricas e esfero-cilindricas focam a luz e compensam o
astigmatismo.

RESULTADOS A OBTER:
Após teres trabalhado neste módulo deverás ser capaz:

• Apresentar os tipos de erros refractivos que as lentes astigmatas conseguirão compensar.

• Explicar a diferença entre as lentes cilíndricas e esfero-cilíndricas

• Descobrir os meridianos principais de uma lente cilíndrica

• Reconhecer a forma das lentes astigmatas

• Explicar como as lentes astigmatas focam a luz

• Escrever e interpretar potência de uma dada lente esfero-cilíndrica.

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LENTES ASTIGMÁTICAS OU TÓRICAS
Lentes astigmatas
e os olhos: As lentes astigmáticas são usadas para corrigir o foco dos olhos das pessoas
com astigmatismo. Estas lentes são colocadas nas armações de forma a ajudar
as pessoas com astigmatismo a ver bem e com conforto.

Este tipo de lentes corrige o astigmatismo também quando combinado com


outros erros refractivos, tais como:

• Astigmatismo e hipermetropia

• Astigmatismo e miopia

• Astigmatismo e presbiopia

Existem dois tipos de lentes astigmatas: lentes cilíndricas e esfero-cilíndricas.

As lentes esfero-cilíndricas é uma lente cilíndrica combinada com uma lente


esférica.
Lentes cilíndricas ou esfero-cilindricas têm outras designações:

• Lentes cilíndricas = lentes tóricas, lentes cil

• Lentes esfero-cilíndricas = lentes esf-cil.

Lentes cilíndricas corrigem o astigmatismo.

As lentes esfero-cilíndricas corrigem o astigmatismo


combinado com hipermetropia, com miopia ou presbiopia.

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Meridianos: Um meridiano é uma linha imaginária, a qual atravessa a lente exactamente no
centro óptico. Uma lente possui vários meridianos (dependendo da direcção
relativa ao centro óptico), no entanto, existem dois meridianos principais.

Os meridianos principais das lentes astigmatas são sempre perpendiculares (fazem um ângulo de 90)
entre si. A máxima potência de uma lente astigmata encontra-se ao longo de um meridiano principal,
enquanto que, a mínima potência estará no outro meridiano principal (perpendicular ao de máxima
potência), ou seja, os dois meridianos principais, são o de máxima e de mínima potência.
Uma lente astigmata tem dois meridianos principais:
- O meridiano “eixo” (tem a mínima potência)
- O meridiano “potência” ou contra-eixo (tem a máxima
potência)

Normalmente, numa lente esférica, não nos referimos à lente como tendo
vários meridianos, uma vez que estes têm todos a mesma potência. Apenas as
lentes astigmatas têm diferentes potências nos diferentes meridianos.

Figura 1: As lentes esféricas possuem a mesma potência nos diferentes


meridianos. As lentes astigmatas têm dois meridianos principais, sendo que estes
são perpendiculares entre si.

Lentes astigmatas têm diferentes potências nos diferentes


meridianos.
Lentes esféricas têm a mesma potência em todos os seus
meridianos.

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LENTES CILINDRICAS
As lentes cilíndricas (Figuras 2A e 2B) podem ter potência positiva ou negativa – tal como as lentes
esféricas que podem ser positivas ou negativas.

Figura 2: Lentes cilindricas, positivas e negativas.

Uma boa forma de entender as diferenças entre uma lente cilíndrica e uma lente esférica é imaginar
um corte nas lentes ao longo do eixo óptico.

Cortando lentes
Esféricas: A figura 3 mostra-nos a aparência de uma lente esférica quando cortada ao
meio ao longo do eixo óptico.

Se olharmos para a face interna da lente (onde ocorreu o corte), podemos


constatar que esta lente esférica positiva tem uma face plana e outra convexa.

Figura 3: Cortando uma lente esférica positiva ao meio de forma a mostrar a face
interna (a superfície de corte).

Podemos cortar uma lente esférica ao longo do eixo óptico e em qualquer


direcção (ou meridiano), sendo que a forma das duas faces de corte terão
sempre a mesma forma. Esta é a razão pela qual uma lente esférica tem
sempre a mesma potência em todos os meridianos.

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Cortando Lentes
Cilíndricas: Se cortarmos uma lente cilíndrica ao longo do meridiano de potência, obtemos
duas metades, tal como ilustrado na Figura 4. Podemos ver que as faces
internas têm a mesma forma das lentes esféricas. Vemos uma face plana e
outra convexa. Isto significa que ao longo deste meridiano a potência é
positiva.

Figura 4: Cortando uma lente cilíndrica positiva ao meio ao longo do meridiano de


potência.

Se agora cortarmos a lente ao longo do meridiano “eixo” (Figura 5), obtemos


nas superfícies de corte periferias planas. Estas periferias são planas e
paralelas, o que significa que não possuem qualquer tipo de potência, refractiva
ou prismática.

Figura 5: Cortando uma lente cilíndrica positiva ao meio ao longo do meridiano


eixo.

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Agora, se cortarmos a lente cilíndrica em qualquer direcção entre o meridiano
eixo e contra-eixo ou meridiano potência (Figure 6),a superfície superior será
tanto mais curva quanto mais próximo o corte for do meridiano eixo. Isto
significa que a máxima potência de uma lente cilíndrica está apenas ao longo
do meridiano potência, e a potência de qualquer meridiano diminui à medida
que nos aproximamos do meridiano eixo, o qual tem potência zero.

Figura 6: Meridianos potência (ou contra-eixo) e eixo.

Refracção da luz através de


uma lente cilíndrica : A refracção da luz é diferente nas lentes cilíndricas e esféricas.

• As lentes esféricas refractam a luz que incide de uma forma paralela


para um único ponto focal ou ponto focal virtual.

• Lentes cilíndricas refractam a luz que incide de uma forma paralela


para uma linha focal ou para uma linha focal virtual

Figura 7: Uma lente esférica positiva e uma lente cilíndrica positiva refratando a luz
com incidência paralela.

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A Figura 7 mostra-nos uma lente esférica a refratar a luz de incidência paralela
para um único ponto focal. Enquanto a lente cilíndrica positiva refrata a luz para
uma linha focal em vez de um ponto focal. Podemos ver que a linha focal é
perpendicular (90º) ao meridiano de potência.

A Figure 8 mostra-nos a luz de incidência paralela a ser refratada por uma lente
esférica negativa e por uma lente cilíndrica negativa. A lente esférica negativa
dá origem a um ponto focal virtual. A lente cilíndrica negativa origina uma linha
focal virtual.

Figura 8: Lentes esférica e cilíndrica negativas refractando luz de incidência


paralela.

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LENTES ESFERO-CILÍNDRICAS

Podemos sempre considerar uma lente esfero-cilíndrica tal como uma lente simples, em que:

• Foram coladas perpendicularmente (90º) duas lentes cilíndricas, ou

• Foram coladas uma lente esférica e uma cilíndrica.

As lentes esfero-cilíndricas têm potência em ambos os meridianos principais, mas em cada um


existem potências diferentes.

• O meridiano potência tem a máxima potência (esférica + cilíndrica).

• O meridiano eixo tem a mínima potência (esférica).

Ao contrário de uma lente cilíndrica, o meridiano eixo de uma lente esfero-cilíndrica, tem uma potência
diferente de zero. Isto significa que uma lente esfero-cilíndrica positiva dá origem a duas linhas focais,
e uma lente esfero-cilíndrica negativa origina duas linhas focais virtuais (não apenas uma como as
lentes cilíndricas).

Figura 9: Uma lente esfero-cilíndrica positiva dá origem a duas linhas focais.

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NOTAÇÕES STANDARD
As notações standard são usadas para nos indicar a direcção do meridiano potência de uma lente
cilíndrica e de uma esfero-cilíndrica.

Para ambos os olhos, direito e esquerdo, nós determinamos a orientação dos eixos, no sentido anti-
horário, a partir do meridiano horizontal e em graus (º).

Figura 10: Escala de eixos usada para determinar a orientação dos eixos de uma lente cilíndrica.

Embora a linha horizontal representa 0 e 180, designamos esta orientação sempre por 180.
Adicionalmente, o eixo de uma lente cilíndrica ou esfero-cilíndrica pode estar entre 1 e 180.

Normalmente, não se usa o sinal de grau (º) porque pode ser confundido com o zero (0).

POTÊNCIA DAS LENTES ASTIGMATAS


Medimos a potência das lentes astigmatas em dioptrias cilíndricas. A forma mais curta de escrever isto
é: DC.

Escrevendo potências das lentes


esfero-cilíndricas: Quando escrevemos uma prescrição esfero-cilíndrica, necessitamos de
conhecer a parte esférica e cilíndrica da potência das lentes. Vamos necessitar
também de escrever a orientação (direcção) do eixo do cilindro, usando a
notação standard.

Exemplo:

Dizemos: “Menos quatro, menos um, com eixo a noventa”.

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FORMA DAS LENTES ASTIGMATAS
A espessura do bordo (periferia) das lentes astigmatas é diferente em cada ponto da periferia.

Figura 11: A espessura ao bordo varia numa lente cilíndrica.

Tal como as lentes esféricas, as lentes astigmatas podem ter diferentes formas. As superfícies das
lentes astigmatas podem ser:

• Planas

• Convexas (curvas, tal como a parte exterior de uma bola)

• Côncavas (curvas, tal como a parte interna de uma bola).

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TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS

1. Quais as diferenças de uma lente astigmata relativamente a uma lente esférica?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

2. O que são os dois meridianos principais de uma lente astigmata? O que difere entre
eles?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

3. A linha focal formada por uma lente cilíndrica tem a mesma direcção do meridiano
potência ou do meridiano eixo?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

4. Que tipos de erros refractivos podem ser compensados por uma lente esfero-cilíndrica?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

5. Qual o eixo da seguinte lente esfero-cilíndrica: −5.25 / −1.25 x 67?

__________________________________________________________________________

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CRUZ ÓPTICA E
TRANSPOSTA
PENSA
Uma senhora chega á óptica para comprar uns óculos e tem uma prescrição de outra
óptica.

Ao ver a prescrição percebe que vem escrita em cilindros positivos, mas na sua óptica
usam a notação em cilindros negativos.

Como é que transpõe a prescrição de cilindros positivos para uma prescrição em cilindros
negativos, para fazer o óculo á senhora?

OBJECTIVO
Esta unidade vai mostrar-lhe como pode usar a cruz óptica e como transpor as prescrições
para fazer o óculo.

RESULTADOS A OBTER:
Quando trabalha com esta unidade, deve ser capaz de:

• Desenhar e usar a cruz óptica para verificar o poder do meridiano principal de uma
lente esfero-cilíndrica

• Transpor a prescrição em cilindros negativos e positivos.

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CRUZ ÓPTICA
Lentes
Esfero-cilíndricas: Sabemos que uma lente esfero-cilíndrica pode ser pensada
como uma lente cilíndrica e uma lente esférica unidas.

Figura 1: A esfero-cilíndrica pode ser pensada como uma lente


cilíndrica e uma lente esférica unidas.

Uma lente esfero-cilíndrica tem potência em dois meridianos


principais. Estes meridianos, são sempre perpendiculares (a 90°)
um ao outro.

Cruz Óptica: A cruz óptica é um diagrama que nos mostra a orientação


(direcção) dos meridianos principais de uma lente cilíndrica e o
poder de foco dos meridianos. A cruz ajuda-nos a perceber os
poderes reais que uma lente cilíndrica tem.

Desenho da cruz óptica:


A cruz óptica é desenhada com duas linhas perpendiculares, que
representam os dois meridianos principais de uma lente cilíndrica.

Etapas:

1. Desenhar uma linha na direcção do eixo da lente cilíndrica


→ este é o meridiano eixo.

2. Desenhar uma linha perpendicular (a 90º) á primeira


→ esta é o meridiano potência.

3. Escreva a potência da esférica ao lado da linha do


meridiano correspondente.

4. Adicione o valor do cilíndrico ao valor da potência da esfera


e escreva este valor ao lado da linha do meridiano contrário.

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Lembre-se:
O meridiano eixo de uma lente cilíndrica não tem
potência.

Na etapa 3, na realidade estamos a adicionar a


potência da lente cilíndrica no meridiano (que é
zero) ao valor da potência esférica (que é a mesma
em todos os eixos).

Para simplificar, para a Etapa 3, acabamos de dizer


que estamos a usar unicamente a potência da
esfera.

Exemplo 1:
Desenhe a cruz óptica para esta lente esfero-cilíndrica:
+ 3,25 -1,25 × 180

Etapas:

1. Desenhar uma linha na direcção do eixo da lente cilíndrica


→ O meridiano eixo será a 180 °

2. Desenhe uma linha perpendicular á primeira linha


→ O meridiano potência é a 90 °

3. Escreva o valor da esfera próximo à linha do meridiano eixo


→ + 3,25

4. Adicione o valor da potência do cilíndro ao valor da esfera


e escreva este valor ao lado da linha do meridiano potência
→ + 3,25 + (− 1,25) = + 2,00

+2.00

+3.25

Podemos ver que esta lente esfero-cilíndrica tem poder em ambos


os meridianos principais:

- +2,00 DC de potência a 90 °
- +3,25 DC de potência a 180 °

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Exemplo 2:
Desenhe a cruz óptica para esta lente esfero-cilíndrica:
− 1,25 - 1,00 × 60°

Etapas:

1. Desenhe uma linha na direcção do eixo da lente cilíndrica


→ O meridiano eixo será a 60 °

2. Desenhe uma linha perpendicular á primeira linha


→ O meridiano potência é a 150 °

3. Escreve o valor da esfera próxima à linha do meridiano


→ − 1,25

4. Adicione o valor da potência do cilíndrico ao valor da esfera


e escreva este valor ao lado da linha do outro meridiano de potência
→ − 1,25 + (− 1,00) = -2,25

−2.25 −1.25

Podemos ver que esta lente esfero-cilíndrica tem poder em ambos


os meridianos principais:
- − 1,25 DC de potência a 60 °
- − 2,25 DC de potência a 150 °

Exemplo 3:
Desenhe a cruz óptica para esta lente cilíndrica:
Plano − 1,50× 90.

Etapas:

1. Desenhe uma linha na direcção do eixo da lente cilíndrica


→ O meridiano eixo será a 90 ° (vertical)

2. Desenhe uma linha perpendicular á primeira


→ O meridiano potência é a 180 ° (horizontal)

3. Escreva o valor da esfera próximo do meridiano eixo


→ Plano

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4. Adicione o valor da potência do cilindro ao valor da esfera
e escreva este valor ao lado da linha do meridiano potência
→ 0,00 + (− 1,50) = - 1,50

Plano

−1.50

Podemos ver que esta lente cilíndrica tem poder apenas num dos
seus meridianos principais:

- Nenhuma potência (plano) a 90 °


- -1,50 DC de potência a 180 °

Exemplo 4:
Desenhe a cruz óptica para esta lente esfero-cilíndrica:
+1,00 + 2,00 × 45.
(Nota: Esta lente esfero-cilíndrica foi escrita em cilindros positivos.)

Etapas:

1. Desenhe uma linha na direcção do eixo da lente cilíndrica


→ O meridiano eixo será a 45 °

2. Desenhe uma linha perpendicular á primeira


→ O meridiano potência é a 135 °

3. Escreva o valor da esfera próxima à linha do meridiano eixo


→ 1,00

4. Adicione o valor do cilíndrico ao valor da esfera e escreva este


valor ao lado da linha do meridiano potência
→ + 1,00 + (2,00) = + 3,00.

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+3.00 +1.00

Podemos ver que esta lente esfero-cilíndrica tem poder em ambos


os meridianos principais:

+1,00 DC de potência a 45 °
+ 3,00 DC de potência a 135 °.

O meridiano eixo tem sempre menos poder de foco que


o meridiano potência.

Notação em
Cilíndros negativos
e positivos: A prescrição óptica pode ser escrita de duas maneiras:

- Em cilíndros negativos
- Em cilíndros positivos.

Normalmente é usada a notação em cilíndros negativos, mas alguns


profissionais optam por utilizar em cilíndros positivos. Ambas as formas
são e estão correctas, mas na sua óptica, deve usar apenas uma notação -
nós recomendamos a notação em cilíndros negativos.

Os exemplos abaixo mostram as duas maneiras que uma prescrição


óptica pode ser escrita. Estes quatro exemplos, são os mesmos que os
exemplos anteriores da cruz óptica.

Notação em Notação em
cilíndros negativos cilíndros positivos

Exemplo 1 +3.25 / –1.25 x 180 É o mesmo que +2.00 / +1.25 x 90


Exemplo 2
−1.25 / −1.00 x 60 É o mesmo que −2.25 / +1.00 x 150

Exemplo 3 Plano / −1.50 x 90 É o mesmo que −1.50 / +1.50 x 180


Exemplo 4 +1.00 / +2.00 x 45
+3.00 / −2.00 x 135 É o mesmo que

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TRANSPOSTA
A transposta é usada para alterar uma prescrição de:

• Notação de cilíndro negativo para cilíndro positivo, ou


• De cilíndros positivos para cilíndros negativos.

Método para
fazer a transposta: Etapas:

1. Adicione o valor da potência da esfera ao poder do cilíndro


→ Este será o novo valor da esfera.

2. Mudar o sinal da potência do cilindro.

3. Rodar o eixo 90 °.

Exemplo 1:
+ 3,25 / - 1,25 × 180 é escrita em notação de cilíndros negativos.
Vamos transpô-la para cilindros positivos.

Etapas:

1. Adicione o valor da potência da esfera ao poder do cilindro


→ Este é o valor da nova esfera + 3,25 + (− 1,25) = + 2,00

2. Mudar o sinal do cilindro


→ − 1,25 altera-se para +1,25.

3. Rodar o eixo 90 °
→ 180 ° passa para 90 °.

Então, +3,25 / -1,25 × 180º torna-se +2,00 / +1,25 × 90º.

Exemplo 2:
− 1,25 / -1,00 × 60 é escrito em notação cilíndros negativos.
Vamos transpô-la para cilíndros positivos.

Etapas:

1. Adicione o valor da potência da esfera á do cilindro


→ Este é o valor da nova esfera − 1,25 + (− 1,00) = - 2,25

2. Mudar o sinal do cilindro


→ − 1,00 altera-se para +1,00

3. Rodar o eixo 90 °
→ 60 ° passa para 150 °

Então − 1,25 / -1,00 × 60º torna-se -2,25 / +1,00 × 150º.

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Exemplo 3 3:
Plano / − 1,50 × 90º está escrita em notação de cilíndros negativos.
Vamos ttranspô-la para cilíndros positivos.

Etapas
Etapas:

1. Adicione o valor da potência da esfera á do cilindro


→ Este é o valor da nova esfera 0,00 + (− 1,50) = -1,50
1,50

2. Mudar o sinal do cilindro


→ − 1,50 altera-se para +1,50

3. Rodar o eixo 90 °
→ 90 ° passa para 180 °

Então, plano -1,50 x 90º torna-se -1,50 / +1,50 x 180º.


180

Exemplo 4:
+1,00
1,00 / +2,00 × 45 está escrita em notação de cilíndrica positivos.
Vamos ttranspô-la para cilíndros negativos.

Etapas:

1. Adicione o valor da potência da esfera á do cilíndro


ndro
→ Este e o valor da nova esfera +1,00 + (+2,00) = +3,00

2. Mudar o sinal do cilíndro


→ +2,00 altera-se para − 2,00

3. Rodar o eixo 90 °
→ 45 ° passa para 135 °

o, +1,00 /+2,00 × 45º torna-se +3,00 / -2,00 × 135º.


Então, 135

A cruz óptica de uma lente nunca muda - apenas se


pode mudar a escrita. Isto é, nós não estamos a
mudar o poder da lente, mas sim a forma como é
escrita.

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TESTE OS SEUS CONECIMENTOS

1. Porque é que as duas linhas da cruz óptica são sempre perpendiculares (a


90º) uma á outra?
_________________________________________________________________

__________________________________________________________________

2. Desenhe a cruz óptica para as seguintes prescrições:

a) +4.00 / −1.00 × 90 b) −3.00 / −1.25 × 60 c) Plano / −1.75 × 135

d) +2.00 / −2.00 × 180 e) +1.00 / −1.50 × 45 f) −1.00 / − 1.50 x 90

3. Transponha as seguintes prescrições em notação de cilíndros negativos:

+2.00 / +0.75 × 90 _________________________________________

−3.50 / +1.50 × 150 __________________________________________

Plano / +1.25 × 60 __________________________________________

+2.00 / +2.00 × 45 __________________________________________

+1.00 / +1.50 × 80 __________________________________________

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DISTÂNCIA INTER-
PUPILAR

Pensa
Já reparaste que algumas pessoas têm olhos muito próximos um do outro, e outras têm-nos muito
afastados?

É necessário saber medir a distância que separa os olhos de um paciente, seja para a aquisição
de nova armação e lentes ou apenas no caso se serem só novas lentes.

Objectivo

Este capítulo vai ensinar-te a medir a distância entre os olhos do paciente (também conhecida por
distância inter-pupilar ou DP)

Resultados a Obter:
Após a finalização deste capitulo deverás ter a capacidade de:

• Definir distância inter-pupilar (DP)

• Medir a DP usando o método do limbo e do reflexo corneal

• Medir e calcular a DP em visão de perto

• Medir a DP usando um pupilometero

• Explicar a importância da DP.

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DISTÂNCIA INTER-PUPILAR (DP)
Definição: A Distância inter-pupilar (DP) é a distância entre as duas pupilas de um
indivíduo. Esta distância é medida em milímetros (mm), e pode assumir um
valor diferente para cada pessoa. Normalmente estes valores variam entre 50 e
75mm

Figure 1: Distância Inter-Pupilar (DP).

Podemos definir 2 tipos de DP:

• DP de longe
Este valor define a distância entre as pupilas quando o paciente está a
olhar para longe.
Normalmente á DP de longe apenas se chama de “DP”

• DP de perto
Este valor define a distância entre pupilas quando o paciente está a
olhar para um plano próximo.
Normalmente a esta DP chamamos “DP de perto”

Quando o paciente está a olhar para longe a DP é máxima (Os


olhos assumem o maior afastamento).
Esta é a posição de relaxamento dos olhos
Quando o paciente está a olhar para um estímulo próximo, os
seus olhos convergem, aproximando-se, reduzindo assim a
distância entre os dois. Por esta razão a “DP de perto” é
menor que a DP
Quando os olhos rodam para dentro dizemos que estão a
convergir.

Medição da DP: A DP é a distância medida entre o centro da pupila de um olho até ao centro da
pupila do segundo olho.

A DP pode ser medida de duas formas:


• Usando uma régua de DP com uma luz pontual
• Usando um Pupilómetro (instrumento desenvolvido especialmente para
a medição da DP)

A medição da DP deve ter uma precisão de 0,5 mm.

Se a medição da DP não for precisa, a montagem do óculo pode ficar


incorrecta.

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MEDIÇÃO DA DP USANDO UMA “RÉGUA DE DP”
Na medição da DP com uma régua pode tornar-se difícil definir com exactidão a localização do centro
de cada pupila. Por essa razão, usamos um método especial que inclui:

• O método do Limbo
• O método do reflexo corneal

Para medir a DP o observador deve fechar um dos olhos para evitar erros na observação da posição da
pupila. Por isso é muito importante seguir o seguinte protocolo:

• Estando posicionado em frente do paciente, devemos observar o seu olho direito com o nosso olho
esquerdo, mantendo o nosso olho direito fechado
• Estando posicionado em frente ao paciente, devemos observar o seu olho esquerdo com o nosso
olho direito, mantendo o nosso olho esquerdo fechado

É também muito importante que o paciente e o examinador estejam ao mesmo nível de altura e que
estejam confortáveis para evitar movimentos e instabilidades no momento de marcar o óculo.

Nota: É importante saber que caso este procedimento não seja bem executado, a medição da DP
poderá não ser a correcta, o que poderá induzir a complicações e sintomatologia.

Método do Limbo: Lembra-te:


O Limbo é a parte do olho onde a córnea se encontra com a
esclera (membrana branca do olho).

Uma vez que a córnea cobre a parte colorida do olho (a íris),


quando observamos o olho de uma pessoa observamos o
limbo onde a parte colorida do olho se une á membrana
branca.

No “Método de Limbo” medimos a distância entre o bordo temporal do limbo do


OD e o bordo nasal do limbo do olho esquerdo OE. A razão desta técnica
prende-se com a maior facilidade em identificar o limbo esclero-corneano do
que o exacto centro da pupila. O método de medição das DP´s tendo como
referência os centros das pupilas é ainda mais difícil em pessoas com olhos
mais escuros (maior pigmentação da iris)

Figure 2: Medição das DP´s usando o “método do Limbo”


A imagem apresenta-nos um paciente com uma DP de 62 mm

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Esta medição terá como resultado um valor aproximado ao valor medido de
centro a centro das pupilas. A distância entre o centro da pupila e o bordo do
limbo é normalmente o mesmo nos dois olhos.

62 mm

62 mm
Figura 3: Limbo-a-limbo = centro-a-centro.

Em crianças muito jovens ou em pacientes com estrabismo ou nistágmus, a DP


pode ser adquirida medindo a distância entre o canto externo (temporal) do OD
até ao canto interno (nasal) do OE – No entanto este método não define com
tanta precisão as DP, quando comparado com o “Método do Limbo”.

Figura 4: DP medida entre o canto externo (temporal) do OD e o canto interno


(nasal) do OE

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Método:

• Passo 1:
Assegure-se que está em boas condições de iluminação, de modo a
visualizar claramente os olhos do paciente e as marcas na régua de
DP.

• Passo 2:
Coloque-se em frente ao paciente – cerca de 40 cm.

Certifique-se que os seus olhos estão ao mesmo nível que os olhos do


paciente (pode precisar de se baixar ou elevar). Se o paciente é maior
do que você, pode ser útil ambos sentarem-se. É importante estar de
frente (nem à esquerda nem à direita) do paciente.

• Passo 3:
Diga ao paciente: “Vou medir a distância entre os seus olhos.”

• Passo 4:
Coloque a régua da DP no nariz do paciente ou em frente.

Figura 5: Medição da DP.

Pode colocar um ou dois dedos nas bochechas do paciente


de forma a estabilizar melhor a régua da DP.

• Passo 5:
Feche o seu olho direito e peça ao paciente para olhar para o seu olho
aberto (esquerdo).
Diga: “Olhe para o olho que está aberto”.
Por vezes ajuda usar uma caneta ou um dedo para apontar para o olho
aberto.

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• Passo 6:
Olhe para o lado temporal (de fora) do limbo do olho direito.Mova a
régua de DP até que a marca zero esteja alinhada com o limbo
temporal desse olho.

Quando tiver alinhado a marca zero, não mova a régua da DP


nem a cabeça. É importante manter ambas na mesma posição
enquanto efectua a medição.

• Passo 7:
Agora abra o seu olho direito e feche o seu olho esquerdo. Peça ao
paciente para olhar para o olho que está aberto (o seu olho direito).
Diga: “Olhe para o meu olho que está aberto”.

• Passo 8:
Olhe para o limbo nasal (de dentro) do olho esquerdo do paciente. Veja
qual é o número da régua de DP que está alinhada com o limbo nasal
esquerdo.
Este número é a medida da DP do paciente.

• Passo 9:
Repita os passos 4 até 8 para confirmar a medida da DP.
Caso a segunda medida não seja igual à primeira, repita os passos
novamente até obter duas medidas iguais.

Método do Reflexo Corneal:


Se incidirmos uma luz em frente aos olhos do paciente, a luz será reflectida
pelo centro de cada uma das pupilas. Estes reflexos são denominados de
reflexos corneais. A distância entre os reflexos corresponde à DP do paciente.

Método:

• Passo 1:
Esta medida tem que ser tirada em condições de baixa ou normal
iluminação. Certifique-se que não existe outras fontes de luz (por ex.
janelas) em frente ao paciente – ou poderá observar reflexões extras
nos olhos do paciente. Se não conseguir evitar fontes de luz extra, peça
ao paciente para ficar de costas para as mesmas.

• Passo 2:
Coloque-se em frente ao paciente – aprox. a 40cm.
Certifique-se que os seus olhos estão a mesma altura dos olhos do
paciente (pode necessitar de se baixar ou elevar). Se o paciente é
maior do que você, pode ser útil sentarem-se. É importante estar de
frente (nem à esquerda nem à direita) do paciente.

• Passo 3:
Diga ao paciente: “Vou medir a distância entre os seus olhos.”

• Passo 4:
Coloque a régua da DP no nariz do paciente ou em frente.

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• Passo 5:
Feche o seu olho direito e peça ao paciente para olhar para o seu olho
aberto (esquerdo).
Diga: “Olhe para o olho que está aberto”.

• Passo 6:
Segure uma lanterna de baixo do seu olho esquerdo. Insida a luz no
olho direito do paciente.

• Passo 7:
Observe o reflexo corneal do olho direito do paciente. Coloque a marca
zero da régua de DP de forma a que esteja alinhada com o reflexo
corneal.

Quando a marca zero estiver alinhada, assegure-se que não


move nem a régua da DP nem a cabeça. Ambas têm que se
manter na mesma posição enquanto está a efectuar a
medição.

• Passo 8:
Agora segure a lanterna de baixo do seu olho direito. Insida a luz no
olho esquerdo do paciente.

• Passo 9:
Abra o seu olho direito e feche o seu olho esquerdo. Peça ao paciente
para olhar para o seu olho aberto (o direito).
Diga: “Olhe para o meu olho que está aberto”.

• Passo 10:
Observe o reflexo corneal do olho esquerdo do paciente. Veja qual o
número da régua de DP que está alinhado com o reflexo corneal.
Este número é a medida da DP do paciente.

• Passo 11:
Repita dos passos 4 até ao 10 para confirmar a medida da DP.
Caso a segunda medida não seja igual à primeira, repita os passos
novamente até obter duas medidas iguais.

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MEDIÇÃO DA DP DE PERTO USANDO UMA “RÉGUA DE DP´s”
A DP de perto é a distância entre pupilas quando o paciente está a olhar para um objecto próximo.
Quando uma pessoa olha para algo próximo, os olhos convergem (aproximam-se). Isto significa que a
DP de visão de perto é mais pequena que a DP de visão de longe.

Existem duas formas de medir a DP de perto com régua:

• Método do reflexo corneal


• Método de cálculo.

É mais preciso medir a DP usando o método do reflexo corneal (usando régua e lanterna). O método
de cálculo é menos preciso.

Método do Reflexo Corneal:

• Passo 1:
Precisa de tirar esta medida em iluminação normal ou baixa. Tenha em
atenção que não existem outras fontes de iluminação (por ex. janelas)
em frente ao paciente – caso contrário pode observar reflexos extras
nos olhos do paciente. Se não conseguir evitar fontes de luz extra,
ajuda se colocar o paciente de costas para as mesmas.

• Passo 2:
Coloque-se em frente ao paciente – 40cm.

Certifique-se que os seus olhos estão a mesma altura dos olhos do


paciente (pode necessitar de se baixar ou elevar). Se o paciente é
maior do que você, pode ser útil sentarem-se. É importante estar de
frente (nem à esquerda nem à direita) do paciente.

• Passo 3:
Diga ao paciente: “Vou medir a distância entre os seus olhos.”

• Passo 4:
Coloque a régua da DP no nariz do paciente ou em frente.

● Passo 5:
Segure uma lenterna em frente ao seu olho dominante. Aponte a luz a
meio dos olhos do paciente (no topo do nariz).

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O seu olho dominante:

Toda a gente tem um olho que prefere usar – é o chamado


olho dominante.

Existem várias formas de descobrir qual é o olho dominante.


Uma forma fácil é:

a) Fixe um objecto em visão de longe. Mantenha os dois


olhos abertos.

b) Feche o olho direito.


Continua a fixar o objecto?
Sim → o olho esquerdo é o dominante
Não → provavelmente o olho direito é o dominante.

c) Feche o olho esquerdo.


Continua a fixar o objecto?
Sim → o olho direito é dominante.
Não → provavelmente o olho esquerdo é o dominante.

● Passo 6:
Mantenha o olho dominante aberto e feche o outro olho.
Peça ao paciente para olhar para o seu nariz.
Diga: “Olhe para o meu nariz”.

● Passo 7:
Observe o reflexo corneal no olho direito do paciente. Mova a régua de
DP e coloque a marca zero alinhada com o reflexo corneal.

● Passo 8:
Observe o reflexo corneal no olho esquerdo do paciente. Veja qual o
número da régua de DP que está alinhado com o reflexo corneal.
Este número é o valor da DP do paciente.

• Passo 9:
Repita os passos 5 a 8 para confirmar a medida da DP.
Caso a segunda medida não seja igual à primeira, repita os passos até
alcançar duas medidas iguais.

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Método do Cálculo: Por vezes é impossível medir a DP de perto usando o reflexo corneal. Caso tal
aconteça, pode calcular a DP de perto em vez de medi-la – contudo lembre-se
que não é um método tão preciso do que medi-la através do reflexo corneal.

Método:

• Passo 1:
Meça a DP de longe usando:
- método do limbo, ou
- método do reflexo corneal.

• Passo 2:
Calcule a DP de perto:
- Se a DP de longe é maior que 64 mm, substraia 4 mm da DP de
longe para achar a DP de perto.
- Se a distância é inferior ou igual a 64 mm, substraia 3 mm à DP
de longe para encontrar a DP de perto

Se DP de longe > 64 mm: DP de perto = DP de longe – 4 mm


Se DP de longe é ≤ 64 mm: DP de perto = DP de longe – 3 mm

Exemplo 1: Mede a DP de longe de um paciente e encontra o valor de 67 mm.


Qual é a DP de perto?

• DP de longe = 67 mm
• 67 mm > 64 mm

Portanto,
DP de perto = DP de longe – 4 mm
= 67 mm – 4 mm = 63 mm

Exemplo 2: Mede a DP de longe de uma paciente e encontra o valor de 57


mm.
Qual é a DP de perto?

• DP de longe = 57 mm
• 57 mm < 64 mm

Portanto,
DP de perto = DP de longe – 3 mm
= 57 mm – 3 mm = 54 mm

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MEDIR A DP USANDO UM PUPILÓMETRO
Pupilómetro: O pupilómetro é um equipamento que mede a distância entre os eixos visuais
dos olhos em vez de medir a distância entre os centros pupilares

A medida da DP obtida através do pupilómetro é mais precisa que a obtida


através da régua de DP. O pupilómetro pode ser usado para medir a DP de
longe e a de perto com precisão.

• Vantagens
O pupilómetro:
- Proporciona uma medida mais precisa do que com régua
- Proporciona uma medida mais consistente (repetitiva) do que com
régua.
- Permite-lhe que seja você a ocluir cada um dos olhos do paciente
Isto revela-se útil para medir a DP a pacientes com estrabismos.
- Permite-lhe medir a DP monocular
(isto também pode ser feito com uma régua específica mas o
pupilómetro é mais rápido e mais preciso
- A DP monocular é a distância entre um olho até a linha
média da face do paciente. O olho direito e o olho
esquerdo podem apresentar diferentes DP´s monoculares.
- A medição da DP Monocular é especialmente necessária
em lentes oftálmicas mais complexas como são as lentes
progressivas (ou multifocais)
- Permite medir as DP para várias distâncias de trabalho em visão
de perto
- Fácil de usar, podendo ser manuseado por pessoas com pouca
experiencia e conhecimento de óptica
- É um instrumento leve e portátil.

• Desvantagens do pupilómetro:
:
- Equipamento bastante mais caro que o conjunto (Régua de DP´s e
uma lanterna pontual)
- Equipamento mais pesado e menos portátil que uma régua de
DP´s e uma lanterna pontual
- Pode tornar-se mais difícil de usar em crianças pequenas

Figura 6: Pupilómetro de reflexo corneal.

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Medição das DP´s de longe com um Pupilómetro:

Método:

• 1º Passo:
Ajusta no pupilómetro para a posição de “infinito” ( ).
Em alguns pupilómetros, definindo a posição de ( ) faz com que o
alvo observado dentro do pupilómetro pareça muito afastado

Figura 7: No Butão circular definimos a distância para a visão de longe (infinito).

• Passo 2:
Informar o paciente: “ Agora vou medir a distância entre os seus olhos”

• Passo 3:
Pedir ao paciente para segurar no pupilómetro tal como fosse uma par
de binóculos.

• Passo 4:
Pedir ao paciente para olhar para o centro do círculo que vê dentro do
pupilómetro.
Diga ao paciente: “Olhe para o centro do círculo”.

Figura 8: Imagem observada pelo paciente quando olha para dentro do pupilómetro.

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• Passo 5:
Olhe para dentro do pupilómetro com os dois olhos abertos

Figure 9: Imagem visualizada pelo observador quando olha para dentro do


pupilómetro.

● Passo 6:
Usa o dispositivo de oclusão para tapar o olho esquerdo (OE) do
paciente para medir a distância naso-pupilar do olho direito

● Passo 7:
Move o dispositivo da barra vertical até que esta fique exactamente por
cima do reflexo corneal do OD

Figura 10: A barra vertical perfeitamente alinhada com o reflexo corneal.

● Passo 8:
Usando o dispositivo, desoclui o OE e oclui o OD do paciente.

● Passo 9:
Move o dispositivo da barra vertical até que esta fique exactamente por
cima do reflexo corneal do OE

● Passo 10:
Observa o visor de DP do pupilómetro. Encontrarás a DP medida bem
como a naso-pupilar do OD e do OE.

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Medição das DP´s de Perto usando o Pupilómetror:

Método:

• Passo 1:
No pupilómetrio ajusta a distância que a o paciente refere como a sua
distância de trabalho ao perto (normalmente a 40 cm)
Em alguns pupilómetros o alvo observado será visto como se estivesse
á distância de trabalho definida.

• Passo 2:
Informar o paciente: “Agora vou medir a distância entre os seus olhos”

• Passo 3:
Pedir ao paciente que seguro no pupilómetro como se fosse uns
binóculos

• Passo 4:
Pedir ao paciente para olhar para o centro do círculo que está dentro do
pupilómetro.

Informe: “Olhe para o centro do círculo”.

Figura 11: Definido a distância de trabalho de perto para 40 cm.

• Passo 5:
Olhe para dentro do pupilómetro com os dois olhos abertos

• Passo 6:
Usa o dispositivo de oclusão para tapar o olho esquerdo (OE) do
paciente para medir a distância naso-pupilar do olho direito

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● Passo 7:
Move o dispositivo da barra vertical até que esta fique exactamente por
cima do reflexo corneal do OD

● Passo 8:
Usando o dispositivo, desoclui o OE e oclui o OD do paciente

● Passo 9:
Move o dispositivo da barra vertical até que esta fique exactamente por
cima do reflexo corneal do OE

● Passo 10:
Observa o visor de DP do pupilómetro. Encontrarás a DP medida bem
como a naso-pupilar do OD e do OE.

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Porque é a DP importante?
Importância da DP: A medida da DP deve ser precisa de forma a:
● Exame refractivo ser preciso.
● Óculos serem montados correctamente.

Exame refractivo e DP: Durante o exame refractivo, várias lentes são postas em frente aos olhos do
paciente. O centro óptico destas lentes deve estar alinhado com os olhos do
paciente caso contrário a refracção não será correcta.

Conhecer a DP do paciente permite-nos alinhar o centro óptico das lentes com


os olhos do paciente.

Óculos e DP: Quando colocamos lentes numa armação, a distância entre os centros ópticos
das lentes deve ser igual à DP do portador – alinhando assim os centros
ópticos das lentes com os olhos do paciente.

Caso os óculos sejam montados incorrectamente – se os centros ópticos não


estão alinhados com os olhos do portador – dizemos que existe um efeito
prismático indesejado nos óculos.

Caso o paciente tenha este prisma indesejado nos óculos, ele poderá referir os
seguintes sintomas:
→ Astenopia (tensão ocular ou dores de cabeça)
→ Tonturas
→ Náuseas
→ Visão dupla
→ Visão desfocada

Estes sintomas podem revelar-se tão fortes que o portador pode até não
conseguir usar os óculos.

Se o paciente tiver um efeito prismático indesejável nos


óculos, pode sentir desconforto durante o uso. Os sintomas
podem ser tão severos que o paciente não consegue usar os
óculos.

Tal acontece se:

- A DP é medida incorrectamente
→ Erro do examinador

- A distância entre o centro óptico das lentes não é igual


à DP do paciente.
→ Erro do técnico de oficina.

O portador tem mais tendência a apresentar problemas


relacionado com efeito prismático quanto maior for a potência
das lentes dos seus óculos.

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Centros ópticos das Lentes: O centro óptico das lentes é geralmente a:
• Parte mais grossa da lente positiva, ou
• Parte mais fina da lente negativa.

Figure 12: Centros ópticos das lentes.

Lembre-se:
Uma lente pode ser vista como um conjunto de dois prismas.
→ O ponto onde estes dois prismas se encontram é o centro
óptico da lente.
Se o portador não olhar através do centro óptico das lentes,
estará a ver através de um destes prismas.

Figura 13: Uma lente positiva esférica pode ser vista como dois prismas unidos
pela base. A parte em que as duas bases se juntam é o centro óptico da lente. Para
evitar ver através de um prisma, o portador dos óculos deve ver através do centro
óptico das lentes.

Figura 14: Uma lente esférica negativa pode ser vista como dois prismas unidos
pelo vértice. A parte em que os vertices se unem é o centro óptico da lente. Para
evitar ver através de um prisma, o portador deve olhar pelo centro óptico da lente.

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Exemplos:
Nas figuras abaixo, deve imaginar que está a olhar para uma pessoa vista de
cima – está a olhar para baixo para ver os olhos e óculos.

Exemplo 1:
A distância entre os centros ópticos (DCO) de duas lentes positivas é inferior
que a DP do portador.

Figura 15: Lentes positivas em que DCO < DP.

Neste caso, o portador vê através de prismas de base-in (prismas com a base


virada uma para a outra).

Exemplo 2:
A DCO de duas lentes positivas é maior que a DP do portador.

Figura 16: Lentes positivas em que a DCO > DP.

Neste caso, o portador vê através de prismas de base-out.

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Exemplo 3:
A DCO de duas lentes negativas é inferior à DP do portador.

Figura 17: Lentes negativas em que DCO < DP.

Neste caso, o portador vê através de prismas de base-out.

Exemplo 4:
A DCO de duas lentes negativas é maior que a DP do portador.

Figura 18: Lentes negativas em que DCO > DP.

Neste caso, o portador vê através de prismas de base-in.

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Exemplo 5:
A DCO é igual que a DP do portador.

Figura 19: Lentes negativas e lentes positivas em que DCO=DP. Não existe efeito
prismático indesejado nestes óculos.

Nestes casos, o portador vê através dos centros ópticos das lentes (e não
através de prismas). É o mesmo quer com lentes positivas ou com lentes
negativas.

Prismas Intencionais: Ocasionalmente, um especialista da visão poderá prescrever óculos com prismas
intencionais.

Neste caso, a distância entre os centros ópticos não é igual à DP do portador.


Isto porque o especialista da visão quer, deliberadamente, que o paciente veja
através de prismas (como tratamento).

Apenas com formação de visão binocular é que pode prescrever óculos deste
género. Caso contrário, pode causar problemas ao paciente.

Geralmente:
Distância entre os centros ópticos das lentes = DP.

Raramente:
Distância entre os centros ópticos das lentes ≠ PD.

Os óculos montados desta forma são prescritos


obrigatoriamente por especialistas da visão com formação
para tratar problemas de visão binocular, tais como o
estrabismo.

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TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS.

1. O que é a distância interpupilar (DP)?


____________________________________________________________________________

2. Quais são os dois métodos para medir a DP com régua?


Qual é o método é mais preciso?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

3. Quais são os dois métodos para encontrar a DP de perto com régua?


Qual é o método mais preciso?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

4. Porque é que a DP de perto é sempre inferior à DP de longe?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

5. A DP de longe de um paciente é de 68 mm. Calcule a DP de perto.


____________________________________________________________________________

6. Complete a seguinte tabela:


Vantagens do Pupilómetro Desvantagens do Pupilómetro

7. Porque é que a medida da DP deve ser precisa?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

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CAIXAS DE PROVA E
ARMAÇÕES DE PROVA

PENSA
Os óculos dos pacientes contêm lentes com uma determinada potência para corrigir o seu erro
refrativo. É raro que duas pessoas tenham o mesmo erro de refracção.

Durante um exame oftalmológico usamos uma armação ajustável especialmente concebida para
o efeito (chamado de armação ou óculo de prova) em que colocamos várias lentes temporárias
(denominadas de “lentes de prova”). Isso permite-nos alterar a potência das lentes com rapidez e
precisão, a fim de determinar o erro refractivo e qual a prescrição de óculos mais adequada ao
paciente.

OBJECTIVO
Este módulo apresenta-lhe as características das armações e lentes de prova.

RESULTADOS A OBTER:

No fim deste módulo, deverá ser capaz de:

• Identificar e localizar as esferas, cilindros, prismas e acessórios num conjunto de lentes de prova
(na caixa de prova)

• Perceber a diferença entre as lentes negativas e positivas

• Ajustar uma armação de prova corretamente


.

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CAIXAS DE PROVA

Um conjunto de lentes de prova (também chamado caixa de prova) é um conjunto de


lentes que é utilizado para quantificar o erro de refração do paciente.

A caixa de prova geralmente contém:

• Lentes esféricas (positivas e negativas)


• Lentes cilíndricas (negativas e por vezes positivas)
• Lentes prismáticas
• Acessórios.
.

Figure 1: Caixa de Prova.

As caixas de prova apresentam diferentes designs e cores, contudo contêm o mesmo conjunto básico
de lentes necessárias para efectuar a refração (examinar o olho e identificar o erro refractivo).

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Lentes de Prova: As lentes que se encontram na caixa de prova denominam-se lentes de prova.
Cada lente é marcada para que a sua potência seja identificada facilmente.

A potência de uma lente esférica é mensurável em dioptrias


(D).
A potência de uma lente cilíndrica é medida em dioptrias
cilíndricas (DC).
A potência de uma lente prismática é dada em dioptrias
prismáticas (∆).

O aro de uma lente de prova pode ser feito de plástico ou metal. Geralmente,
apresentam uma cor diferente, caso sejam lentes positivas ou negativas,
facilitando a distinção entre elas.

Cada lente de prova tem um local específico onde deve ser guardada. Os
diferentes tipos de lentes são ordenadas em grupos e dispostas pela potência.
Isto torna a procura das lentes mais fácil e também previne a utilização de uma
lente de prova inadequada durante o exame refractivo.

Caso a lente de prova não seja guardada no local correcto da


caixa de prova, podem surgir confusões da próxima vez que a
mesma seja usada levando a possíveis erros no exame
refractivo.

Cada caixa de prova tem as suas especificidades, mas geralmente:

• As lentes de prova esféricas positivas situam-se no lado direito da caixa de


prova

• As lentes de prova esféricas negativas encontram-se no lado esquerdo da


caixa de prova

• As lentes de prova cilindrícas estão no centro (entre as lentes esféricas


positivas e negativas)

• As lentes prismáticas também se encontram no centro (próximo das lentes


cilíndricas)

• Os acessórios localizam-se no centro (próximo das lentes cilíndricas)

As lentes de prova esféricas, cilíndricas e prismáticas apresentam diferentes


potências.
Geralmente, a potência das lentes de prova varia de:

• ±0.25 a ±4.00 D em passos de 0.25 D

• ±4.00 a ±6.00 D em passos de 0.50 D

• ±6.00 a ±20.00 D em passos de 1.00 D

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Cada caixa de prova apresenta duas lentes de prova para cada
potência esférica e cilíndrica.

A sua existência explica-se com a comum necessidade da mesma potência


tanto para o olho direito como para o olho esquerdo.

Lentes de Prova Esféricas:

As lentes esféricas de prova são também denominadas de esferas.

As lentes esféricas podem ser lentes positivas ou lentes negativas.

Existem duas formas de diferenciar as lentes positivas das lentes negativas:


através do sinal existente no bordo e a cor do mesmo:

• Lentes positivas - Apresentam sinal “+” no bordo


- Geralmente apresentam bordo com cor preta
ou verde

• Lentes negativas - Apresentam sinal “-” no bordo


- Geralmente com bordo de cor vermelha.

Aviso:

Algumas caixas de prova usam cores opostas ao normal


(bordos pretos para lentes negativas e vermelhos para
lentes positivas).

Outras caixas de prova podem até apresentar outras cores


do que as mencionadas.

Verifique sempre qual é a cor correspondente às lentes


positivas e negativas antes de usar a caixa de prova pela
primeira vez.

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Figure 2:Um bordo de plástico numa lente de prova Figure 3: Um bordo metálico numa lente de prova
esférica. esférica.
A cor negra informa que é uma lente positiva e o A potência da lente está escrita no bordo da lente
número indica-nos qual é a potência. É uma lente de prova de – 1,50D.
É uma lente de prova de + 1,50D.

Por vezes as lentes de prova não apresentam nenhum sinal “+” ou “-“ no seu
bordo. Caso tal aconteça, poderá diferenciar as lentes positivas das negativas
observando o formato da lente de prova mais potente.

Uma lente de prova positiva será mais grossa no centro da


lente e mais fina nos bordos.

Quanto maior a potência da lente positiva, mais grossa será


no centro.

Uma lente de prova negativa será mais fina no centro da lente


e mais grossa nos bordos.

Quanto maior a potência da lente negativa, mais espressos


serão os bordos.

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Figure 4: Lente de prova positiva é mais espessa no centro. Lente de prova
negativa é mais fina no centro.

Ao contrário da montagem nos óculos, o centro óptico da lente de prova é


sempre montado de forma a que fique no centro do aro.

Figure 5: Centro óptico da lente de prova

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Lentes de Prova
Cilíndricas: As lentes de prova cilíndricas podem apresentar sinal positivo ou negativo.
Geralmente, é apenas necessário usar as lentes de prova cilíndricas negativas
para efectuar a refração. De facto, algumas caixas de prova não possuem
cilindros positivos, apenas cilindros negativos.

As lentes cilíndricas são também denominadas de cilindros


ou cyls.

Tal como as lentes esféricas, as lentes de prova cilíndricas estão marcadas de


forma a serem identificadas. Podem apresentar sinal “+” ou “-“ no bordo ou o
mesmo ser colorido.

As lentes cilíndricas apresentam também duas pequenas marcas que podem


estar localizadas no bordo ou gravado na periferia da lente. Estas duas marcas
/ linhas mostram a direção do eixo do cilindro.

Por vezes, estas pequenas marcas existentes na lente cilíndrica são o único
factor que as distingue de uma lente esférica. Deverá olhar com bastante
atenção para as marcas axiais – é a melhor forma de perceber a diferença!

As lentes de prova cilíndricas podem ser confundidas com as


lentes esféricas, portanto é importante analisar a existência
das marcas do eixo.

Figure 6: Bordo metálico e de plástico de uma lente cilíndrica.

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Lentes de Prova Prismáticas:

As lentes prismáticas de prova são também denominadas de prismas.

Contrariamente às lentes esféricas e cilíndricas, as lentes prismáticas não têm


sinal positivo ou negativo. Tal significa que as lentes prismáticas não
apresentam cor diferente no bordo nem sinais “+” ou “-“.

Tal como as lentes cilíndricas, as lentes prismáticas apresentam uma fina linha
no bordo ou na periferia da lente. Um prisma apresenta geralmente apenas
uma linha, enquanto que um cilíndro tem duas – mas não é sempre o caso.
Caso o prisma apresente uma única linha, esta linha mostra o ápex do prisma.

As lentes prismáticas são finas no apex (perto da linha), e espessas no bordo


(sentido contrário à linha). Quanto maior a potência do prisma, mais espessa
será a base do mesmo.

Figure 7: Prisma com bordo de plástico. Figure 8: Prisma com bordo metálico. É uma lente
Esta lente é um prisma de 3∆.É mais fina no apex prismática de 3∆. Apresenta uma pequena linha no
do prisma e mais espessa na base. apex do prisma e uma mais comprida na sua base.
Tem que ter muita atenção para não confundir um
prisma com uma lente cilíndrica.

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Acessórios:

As lentes acessórias de prova são também denominadas de acessórios.

As lentes acessórias podem ser vistas como ferramentas que ajudam a


efectuar a refração. Cada acessório tem uma determinada função.

Algumas caixas de prova apresentam mais acessórios que outras, mas todas
devem conter:

• Oclusor – Este acessório é simplesmente um bocado de plástico negro


no lugar da lente. É usado para ocluir o olho que não está a ser
examinado.

Figure 9: Oclusor

• Furo Estenopeico – Este acessório parece similar ao oclusor, contudo


possuí um ou mais furos. É usado para descobrir se uma perda de AV é
causada por uma incorrecta correcção refractiva ou por um problema de
saúde ocular.

Figure 10: Furo estenopeico

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• Cilindros Cruzados (Também conhecidos por “cilindros cruzados de
Jackson” ou “JCC”). É um acessório com um punho mais comprido do
que as restantes lentes de prova. Apresenta também linhas e marcas
na lente. Os cilindros cruzados são utilizados para avaliar o
astigmatismo.

Figure 11: Cilindro Cruzado de Jackson.

Após o uso das lentes de prova, é necessário verificar que as


lentes estão limpas (sem impressões digitais!) e colocá-las no
respectivo local na caixa de prova.

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ARMAÇÕES DE PROVA
Uma armação de prova é uma armação que é usada para colocar lentes de prova em frente aos olhos
do paciente. É especialmente útil quando se efectua a refração uma vez que facilita a troca de lentes.

Figure 12: Uma mulher usando uma armação de Figure 13: Um homem com uma armação de prova
prova com lentes de bordo de plástico encaixadas. com lentes com bordo metálico.

Ocular da Armação de Prova:

O local onde são inseridas as lentes de prova na armação designa-se por


célula ou ocular. Nestas oculares existem encaixes para colocação de lentes
na parte anterior da mesma, havendo ainda espaço para colocação de lentes
na sua parte posterior.

É preferível colocar as lentes esféricas com maior potência na parte posterior


da ocular da armação de prova.

As lentes que são colocadas á frente da ocular podem ser rodadas. Esta opção
revela-se útil uma vez que as lentes cilíndricas precisam de ser rodadas
durante a realização da refração de modo a quantificar e determinar o eixo do
astigmatismo. Também permite que o eixo da lente cilíndrica de prova esteja
completamente alinhado com a escala existente na armação de prova.

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Escala do Eixo: A Escala de Eixos é pintada na armação de prova e varia de 0º a 180º em
passos de 5º.

Esta escala é usada para as lentes cilíndricas aquando da determinação da


posição do astigmatismo.

As Lentes cilíndricas podem ser rodadas usando para tal um botão de rotação
existente na armação de prova.

Figure 14: Um óculo de prova é uma armação totalmente ajustável com a


possibilidade de lhe ser aplicadas várias lentes de prova

Ajustar a armação de prova:

As armações de prova são ajustáveis de forma a serem adequadas a qualquer


rosto. Uma refração exacta depende de um ajuste correcto da armação.

As componentes ajustáveis são as seguintes:

• Hastes – São os braços laterais da armação de prova. Podem ser


ajustadas de forma a tornarem-se mais compridas ou mais curtas,
permitindo que encaixe firmemente, confortavelmente e à distância
correcta dos olhos do paciente.

• Apoio de Nariz – É a componente da armação de prova que assenta na


parte superior (topo) do nariz. Pode ser ajustado (levantado ou rebaixado)
de forma a que os olhos do paciente sejam colocados no centro das
oculares da armação de prova.

• Ângulo da Haste – Regulado por um botão no bordo de cada uma das


hastes da armação de prova, permite ajustar toda a frente do óculo de
forma a que as oculares fiquem verticais e paralelas ao rosto.

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• Distância Inter Pupilar (DIP) – Regulada por botões localizados em
ambos os lados da armação, aumentam ou diminuem a distância entre
as oculares, podendo ser ajustadas à DIP do paciente, para que os
seus olhos estejam no centro das aberturas da armação de prova.

Seja cuidadoso quando efectua os ajustes na armação de


prova – especialmente quando a armação de prova se
encontra na cara do paciente.

Pode tornar-se desconfortável para o paciente quando se


colocam e retiram as lentes da armação de prova.
É preferível segurar com uma mão a armação de prova
durante este procedimento. Impede-se assim de pressionar a
armação de prova na cara do paciente.

Figure 15: Componentes ajustáveis da armação de prova

Ajuste da Distância Interpupilar (DP): Antes de colocar a armação de prova no paciente, é necessário
medir a DIP e ajustar a armação de prova de maneira a que a DP seja respeitada.

Figure 16: Régua própria para medir DP.

Colocar o valor correcto da DP na armação de prova é


importante – principalmente quando usamos lentes de prova
com altas potências.

As armações de prova têm usualmente dois botões para ajustar a DIP (um de
cada lado das aberturas da armação) assim como duas meias escalas da DP.
Rodando um dos botões numa determinada direção, a abertura da armação de
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prova aproximar-se-á da outra abertura e ficará mais perto do apoio nasal. Se
rodarmos na direcção contrária, o efeito será precisamente o oposto do referido
anteriormente.

Após a medição da DP com a régua própria para o efeito, metade do valor tem
que ser colocado numa das metades da armação de prova, e a outra metade
tem que ser posta na outra metade da armação. Quando fazemos um ajuste no
botão, uma seta vai-se movendo ao longo da metade da escala da DP. O
número apontado pela seta tem que ser metade do valor da DIP do paciente.

Se a armação de prova estiver correctamente ajustada, cada olho deverá situar-


se exactamente no centro de cada uma das aberturas da armação. Isto significa
que quando são colocadas as lentes de prova, os olhos estão a ver através do
centro óptico das mesmas.

Figure 17: Meia escala da DP e botão de ajuste para abertura esquerda da


armação de prova.

Exemplo 1:
Mediu a DIP a um paciente como sendo de 64mm.
Passo 1: Encontrar metade da DIP: 64 mm ÷ 2 = 32 mm.
Passo 2: Rodar o botão de ajuste da DIP numa direção de forma a que a seta
aponte para o número 32.
Passo 3: Rodar o botão de ajuste da DIP do lado contrário em direção oposta
até que a seta aponte para o número 32.

Exemplo 2:
Mediu a DIP a um paciente como sendo de 67 mm.
Passo 1: Encontrar a metade da DIP: 67 mm ÷ 2 = 33.5 mm.
Passo 2: As armações de prova não apresentam passos de 0,5 na escala,
portanto colocar num dos lados 33 mm e no outro 34 mm.

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Usar a armação de prova para Visão Próxima:

Quando a armação de prova é utilizada para testes de visão de perto, tem que
ser feito o ajuste para DIP de visão próxima.

Exemplo 3:
A DIP de visão de perto é de 58 mm.
Passo 1: Encontrar metade da DIP: 58 mm ÷ 2 = 29 mm.
Passo 2: Rodar o botão de ajuste da DIP numa direção até que a seta aponte
para o número 29.
Passo 3: Rodar o botão de ajuste do outro lado na direção oposta até que a
seta aponte para o número 29.

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TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS

1. Que tipo de lentes contém geralmente uma caixa de provas?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

2. Como pode distinguir uma lente de prova positiva da negativa?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

3. Como pode diferenciar uma lente esférica de prova de uma lente cilíndrica de prova?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

4. Como pode diferenciar um prisma de uma lente cilíndrica?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

5. Complete a seguinte tabela:


Lentes acessórias: Usadas para:
Oclusor
Furo Estenopeico
Cilindros Cruzados

6. Quais são as componentes da armação de prova que podem ser ajustadas?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

7. Em qual dos apoios da armação de prova devem ser colocadas as lentes com maior
potência?
____________________________________________________________________________

8. Qual é a DP deste paciente?


____________________________________________________________________________

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NEUTRALIZAÇÃO MANUAL
E VERTOMETRIA

PENSA
Uma viúva vem para um exame aos olhos. Ela traz um par de óculos que comprou há muitos anos
atrás. Ela diz-lhe que pensa que a sua visão sofreu alterações.

Se conseguir medir a potência das lentes oftálmicas dos óculos:

• Dá-lhe um ponto de partida para a sua refracção.


• Consegue ver qual o erro refractivo; se houve alteração e quanto
• Ajuda a decidir se é necessário a prescrição de um novo óculo.

Se decidir prescrever novos óculos, será necessário verificar os novos óculos antes de os entregar á
paciente. Para o fazer é necessário usar a neutralização manual ou frontofocómetro

OBJECTIVO
Este módulo mostra-lhe dois métodos para medir a potência das lentes oftálmicas dos óculos.

RESULTADOS A OBTER
Após este modulo, deverá ser capaz de:

• Usar lentes de prova para determinar a potência das lentes oftálmicas dos óculos.

• Usar o frontofocómetro para medir a potência das lentes oftálmicas dos óculos.

Copyright © ICEE 2011 Neutralização Manual e Vertometria – MANUAL DE ESTUDO • 1


ICEE Refractive Error Training Package
MEDIÇÃO DE LENTES OFTÁLMICAS DOS ÓCULOS
Existem duas formas de medir a potência de lentes oftálmicas. Ambos os métodos podem ser
utilizados para a medição de lentes esféricas e cilíndricas.

1. Neutralização manual: uma técnica simples que pode ser realizada utilizando lentes de prova.

2. Vertometria: uma técnica mais precisa que usa um aparelho específico denominado de
frontofocómetro.

A VERTOMETRIA É O PRINCÍPIO DE LEITURA ÓPTICA USADA NO


FRONTOFOCÓMETRO

NEUTRALIZAÇÃO MANUAL
A neutralização manual é um bom método para medir a potência de lentes oftálmicas quando não se
tem frontofocómetro. Os frontofocómetros podem ser caros e necessitam de electricidade para
funcionar.

A neutralização manual pode ser efectuada usando apenas lentes de uma caixa de prova.

Movimento da imagem através das lentes:

Se observar um objecto através de uma lente e mover a mesma de um lado


para o outro (direita e esquerda), a imagem que vê através da lente também se
move.

Uma lente positiva faz a imagem mover na direção oposta ao movimento da


lente.

→ Se mover a lente para a direita, a imagem mover-se-á para a esquerda.


→ Se mover a lente para a esquerda, a imagem mover-se-á para a direita.

Uma lente negativa faz a imagem mover na mesma direção que o movimento
da lente.

→ Se mover a lente para a direita, a imagem mover-se-á para a direita.


→ Se mover a lente para a esquerda, a imagem mover-se-á para a esquerda.

A imagem de um objecto vista através de uma lente plana não se move.

O movimento de uma lente positiva é conhecido como


movimento “contra”.
O movimento de uma lente negativa é chamado de movimento
“com”.

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ICEE Refractive Error Training Package
Soma de Lentes: Quando lentes são sobrepostas, as potências podem ser somadas.

Exemplo 1:
Tem uma lente de +1.00D e sobrepõe uma lente de +4.00D, a potência total da
lente é: +1.00 D + 4,00 D = +5.00 D.

Uma lente de +1.00 D com uma +4.00 D sobreposta é o mesmo que uma lente
de +5.00 D.

Movimento da imagem:

• Uma lente +1.00 D provoca movimento contra.


• Uma lente +4.00 D provoca movimento contra.
• Uma lente +5.00 D provoca movimento contra (o mesmo que uma lente
de +1.00 D e +4,00D juntas).

Exemplo 2:
Tem uma lente de +1.00 D e sobrepõe uma lente de −5.00 D, a potência total é
de: +1.00 D + −5.00 D = −4.00 D.

Uma lente de +1.00 D com uma de −5.00 D é o mesmo que uma lente de
−4.00D.

Movimento da imagem:

• Uma lente +1.00 D provoca movimento contra.


• Uma lente −5.00 D provoca movimento com.
• Uma lente −4.00 D provoca movimento com (o mesmo que uma lente
+1.00 D e −5.00 D juntas).

Exemplo 3:
Tem uma lente de +3.00 D e sobrepõe uma lente de −3.00 D, a potência total
da lente é de: +3.00 D + −3.00 D = 0 D.

Uma lente de +3.00 D com uma de −3.00 D é o mesmo que uma lente plana.

Movimento da imagem:

• Uma lente +3.00 D provoca movimento contra.


• Uma lente de −3.00 D provoca movimento com.
• Uma lente plana não provoca nenhum movimento (o mesmo que uma
lente de +3.00 D e −3.00 D juntas).

Copyright © ICEE 2009 Neutralização Manual e Vertometria – MANUAL DE ESTUDO • 3


ICEE Refractive Error Training Package
Neutralização manual:
Se tiver uma lente com potência desconhecida, pode descobrir qual a sua
potência “neutralizando” a mesma com lentes de potência conhecida.

A neutralização ocorre quando duas lentes são sobrepostas e não é observado


nenhum movimento da imagem vista através delas. Isto acontece apenas
quando as duas lentes têm a mesma potência mas com sinais opostos.

Exemplos:

Uma lente +3.00 D com uma lente −3.00 D sobrepostas não originam nenhum
movimento da imagem. Podemos portanto neutralizar uma lente de +3.00 D
usando uma lente de –3.00 D.

Uma lente de -7.00 D com uma lente de +7.00 D sobrepostas não origina
qualquer movimento da imagem. Podemos portanto neutralizar uma lente de
-7.00 D usando uma lente de +7.00 D.
.

Uma lente de −2.75 D com uma lente de +2.75 D sobrepostas não originam
nenhum movimento da imagem. Podemos portanto neutralizar uma lente de
–2.75 D usando uma lente de +2.75 D.

Se conhecer a potência de uma das lentes neutralizadas, saberá também a


potência da outra lente.

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ICEE Refractive Error Training Package
MÉTODO DA NEUTRALIZAÇÃO MANUAL
Procedimento: Trace uma cruz no centro de uma folha de papel. Certifique-se que as linhas
são perpendiculares entre elas (90º) e que cada uma delas tenha pelo menos
15 cm de comprimento.

• Coloque a cruz a 1 m de distância aproximadamente (por vezes é mais


simples colocar a folha no chão).

• Coloque a lente próxima do seu olho e observe a cruz através da lente.

• Certifique-se que a cruz se encontra no centro da lente.

Segure a lente de modo a que as linhas da cruz que são vistas


através da lente estejam alinhadas com as linhas fora da lente.

As linhas da cruz devem parecer alinhadas através da lente e


fora da periferia da mesma – assim o centro da cruz
corresponde ao centro óptico da lente.

Figure 1: As linhas da cruz dentro e fora da lente estão alinhadas, portanto o


centro da cruz corresponde ao centro óptico da lente.

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Esfera ou Cilíndro? Para descobrir se a lente que está a segurar é esférica ou cilíndrica, é
necessário rodar a lente. Para rodar a lente, impõe-se um movimento na lente
horário ou anti-horário, como fazemos ao rodar um volante de um carro

Caso as linhas da cruz se mantenham perpendiculares durante a rotação da


lente, estamos perante uma lente esférica.

Se as linhas da cruz não se mantiverem perpendiculares quando vistas através


da lente, a lente é cilíndrica ou esfero-cilíndrica. O movimento é conhecido
como movimento “em tesoura”.

Figure 2: A rotação de uma lente esfero-cilíndrica provoca um movimento em


tesoura.

O movimento de uma lente cilíndrica designa-se por


movimento “em tesoura”.

Esfera positiva
ou negativa? Uma vez que sabe que está perante uma lente esférica (rodando a mesma), é
necessário descobrir se esta é positiva ou negativa.

Mova a lente para cima e para baixo e de lado a lado (esquerda e direita) em
frente ao olho.

Caso as linhas da cruz se movam na direção oposta da lente (“contra”), tem uma
lente positiva. Se se movem na mesma direção (“com”), tem uma lente negativa.
Quando as linhas não se movem de todo, está perante uma lente plana.

Figure 3: Uma cruz é vista através da lente enquanto a lente é movida. Uma lente
negativa provoca movimento “com” e uma positiva movimento “contra”.
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Descobrir a potência de uma lente esférica:
Agora que sabe que está com uma lente positiva ou negativa,
sobreponha uma lente de prova com sinal oposto à lente com potência
desconhecida.

→ Se tem uma lente positiva, escolha uma lente de prova negativa.


→ Se tem uma lente negativa, escolha uma lente de prova positiva.

Lembre-se que uma lente de alta potência positiva é mais espessa no centro e
uma lente negativa é mais espessa no bordo. Analisar a espessura da lente que
pretendemos neutralizar ajuda a estimar qual a potência da lente de prova que
necessitamos.

Agora sobreponha a lente desconhecida e a lente de prova que escolheu para


neutralizá-la e junte ao seu olho. Mova as lentes para cima e para baixo e da
esquerda para a direita.

Se ainda existir movimento da imagem, escolha outra lente de prova.

→ Se o movimento é “contra” e a sua lente de potência desconhecida é:


• Lente positiva → tem que escolher uma lente de prova negativa
com mais potência.
• Lente negativa → tem que escolher uma lente de prova positiva
com menor potência.

→ Se o movimento é “com” e a sua lente de potência desconhecida é:


• Lente positiva → tem que escolher uma lente de prova negativa
com menor potência.
• Lente negativa → tem que escolher uma lente de prova positiva
com maior potência.

Continue a experimentar diferentes lentes de prova até que não haja nenhum
movimento da cruz quando se olha através das lentes (lente de prova + lente
desconhecida). Quando não houver nenhum movimento, a lente está
neutralizada. A potência da lente desconhecida é igual e de sinal oposto à lente
de prova que a neutraliza.

Exemplos:

• A potência de uma lente desconhecida que é neutralizada com uma


lente de prova + 4.00 D é de : −4.00 D.

• A potência de uma lente desconhecida que é neutralizada com uma


lente de prova de -2.75 D é de: +2.75 D.

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Bracketing (ou disposição sequencial):
Pode poupar tempo durante a neutralização manual usando uma técnica
conhecida como bracketing. Bracketing é um método lógico que o ajuda a
escolher a próxima lente de prova.

Exemplo:
Tem uma lente desconhecida. Ao rodar a lente percebe que é uma lente
Esférica.
Quando move a lente, vê movimento contra: é uma lente positiva.
Como é uma lente positiva escolhe uma lente de prova de -4.00 D.

As duas lentes sobrepostas continuam a provocar movimento contra.


Isto significa que a lente desconhecida tem uma potência superior a +4.00 D.

Como lente de prova seguinte escolhe uma de −8.00 D.


Desta vez, as duas lentes juntas provocam movimento com.
Conclui-se que a potência da lente desconhecida varia entre +4.00D e +8.00 D.

Agora, pode escolher qualquer lente de prova com potência entre −4.00 D e
−8.00 D para tentar neutralizar a sua lente desconhecida, contudo será mais
eficiente usar um método lógico para escolher a próxima lente de prova.

Escolha uma lente que se situa a “meio caminho” entre −4.00 D e −8.00 D →
escolhe uma lente de prova de −6.00 D.
Juntas, as lentes provocam movimento contra.
Significa que a lente desconhecida tem uma potência entre +4.00D e +6.00D.

Escolhe uma lente de prova a meio caminho entre −4.00 D e −6.00 D →


escolhe uma lente de prova de −5.00 D.
Desta vez, surge movimento com.
Significa que a lente desconhecida tem uma potência entre +5.00 D e +6.00 D.

Escolhe agora uma lente de prova de −5.50 D.


Com as duas lentes juntas não vê qualquer tipo de movimento.
Significa que neutralizou a sua lente desconhecida.
A potência da sua lente desconhecida é de: +5.50 D.

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Descobrir os Maridianos Principais de uma lente Cilíndrica:

Uma lente cilíndrica provoca movimento em tesoura quando é rodada.

Recorde:
Uma lente cilíndrica tem dois meriadianos principais
perpendiculares entre si (90º).

Para descobrir a potência de uma lente cilíndrica, descobre-se separadamente


a potência de cada meridiano principal.

Os meridianos principais podem ser determinados rodando a lente até que as


linhas da cruz (que mostram movimento em tesoura) estejam alinhadas
perpendicularmente. Quando tal acontece, as linhas da cruz estão alinhadas
sobre os principais meridianos da lente

Figure 4: Para descobrir os meridianos principais de uma lente esfero-cilíndrica,


rode a lente até que as linhas da cruz estejam perpendiculares.

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Descobrir a Potência de uma Lente Cilíndrica:

Segure a lente cilíndrica com os meridianos principais alinhados com a cruz:

• Para descobrir a potência do meridiano vertical, mova a lente para baixo


e para cima.

• Para descobrir o meridiano horizontal, mova a lente de um lado para o


outro (esquerda e direita)

Cada meridiano deve ser neutralizado separadamente.

É útil desenhar uma cruz óptica para anotar os valores encontrados.

Figure 5: Cruz óptica.

Exemplo:
Tem uma lente de potência desconhecida e pretende descobrir o centro óptico
da mesma e qual a sua potência.

Roda a lente e vê movimento em tesoura → sabe que a lente é um cilíndrica ou


esfero-cilíndrica.

Figura 6: Movimento em tesoura.


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Descobrir o Centro Óptico:

Alinhe a lente de forma a que as linhas da cruz, vistas através dela, estejam
alinhadas com as linhas vistas fora dela.

Figure 7: As linhas da cruz dentro e fora da lente estão alinhadas, portanto o


centro da cruz é o centro óptico da lente.

Nota:
A cruz não está no centro do círculo.
→ Significa que neste caso o centro óptico da lente não está
no meio da lente.

Também pode descobrir o centro óptico da lente observando os dois reflexos


de luz nas superfícies frontal e posterior da lente.
Incline a lente até obter o menor reflexo no meio do maior

Figure 8: Descobrir o centro óptico através da reflexão.

Pode marcar o centro óptico da lente através do centro da cruz ou onde os dois
reflexos se encontram usando um marcador para marcar na lente esse ponto.

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A Potência do Meridiano Vertical:

Mova a lente de cima para baixo (na vertical) e analise qual é o tipo de
movimento. Se vir movimento com, significa que o meridiano vertical tem
potência negativa.

Figure 9: Movimento com no meridiano vertical.

Uma vez que o meridiano vertical tem potência negativa, escolha uma lente de
prova com potência positiva para efectuar a neutralização.

Usando a técnica bracketing, descobre que a lente de prova de +4.50 D


neutraliza o meridiano vertical.

→ Significa que a potência do meridiano vertical é de −4.50 D.

Anote este valor na cruz óptica.

−4.50

+2.25

Figure 10: Cruz óptica com potência do meridiano vertical anotado.

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Potência do Meridiano Horizontal:

Mova a lente de lado a lado (esquerda e direita) e analise o movimento. Se vir


movimento contra, significa que o meridiano horizontal tem potência positiva.

Figure 11: Movimento contra no meridiano horizontal.

Uma vez que a lente apresenta potência positiva no meridiano horizontal, deve
utilizar para a neutralização uma lente de prova negativa.

Usando a técnica bracketing, descobre que a lente de prova −2.25 D neutraliza


o meridiano horizontal.

→ Significa que a potência do meridiano horizontal é de +2.25 D.

Anote este valor na cruz óptica.

−4.50

+2.25

Figura 12: Cruz óptica com potências dos meridianos horizontais e vertical.

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Onde está o eixo? O eixo é a direcção do meridiano com mais potência positiva (ou menos
negativa).

Neste exemplo, o meridiano com mais potência positiva é o horizontal (180º).

Como escrever a Prescrição desta lente?

O valor da potência do cilindro é a diferença entre as potências dos dois


meridianos principais.

Observando a cruz óptica (Figura 12) e sabendo que o eixo da lente é a 180º, a
prescrição é a seguinte:

+2.25 / −6.75 x 180.

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VERTOMETRIA
Vertometria é uma maneira precisa de medir a potência de lentes para óculos. Vertometria é
executada usando um instrumento chamado Frontofocómetro ou simplesmente focómetro).

Figure 13: Instrumentos do Frontofocómetro

Para se medir a potência de uma lente no focómetro, a periferia da lente assenta na plataforma da
armação (frame table), enquanto que o centro da lente pousa em cima de um apoio chamado de
“apoio de lente”(lens rest). A lente é então presa de forma a não se mover, e roda-se a roda de
potências para encontrar a potência da lente.

A ocular é a parte do focómetro através da qual se observa para medir a potência da lente. Quando
olhamos através da ocular, vemos as linhas e círculos pretos do retículo, e um alvo brilhante e
colorido. O retículo é visto quando o focómetro está desligado, contudo só podemos ver o alvo caso o
focómetro esteja ligado. O alvo é geralmente verde.

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Alvos do Focómetro: Existem dois tipos de alvos no focómetro.

Cruz Alvo – Os focómetros que usam este tipo de alvo necessitam de uma
roda (roda de eixos) que girada serve para encontrar os eixos (como podemos
observar na Figura 13).

Figura 14: Cruz Alvo, medindo uma lente esférica.

Caso estejamos a medir uma lente esférica, todas as linhas do alvo surgem
focadas ao mesmo tempo. Pelo contrário, se a lente for cilíndrica, apenas as
linhas numa determinada direcção vão aparecer focadas mantendo as
perpendiculares desfocadas:

• Se a linha única está focada, as três linhas paralelas surgirão


desfocadas.

• Se as três linhas paralelas estão focadas, a linha única estará


desfocada.

- +2.00 - 0.00
- -
- -
- -
- +1.00 - − 1.00
- -
- -

Figura 15: Medindo uma lente cilíndrica – apenas um conjunto de linhas pode estar
focado num determinado momento.

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Alvos de Pontos – Os focómetros que usam este género de alvos não
necessitam de roda de eixos.

90

180 0

Figura 16: Um conjunto de pontos verdes que mede uma lente esférica.

Quando medimos uma lente esférica, o alvo parece um círculo constituído por
pequenos pontos. Caso meçamos uma lente cilíndrica, o alvo parece um
conjunto de pequenas linhas paralelas (pontos esticados formando um círculo).

90 90

180 0 180 0

- +2.00 - 0.00
- -
- -
- -
- +1.00 - − 1.00

Figura 17: Um alvo de pontos medindo uma lente cilíndrica.

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MÉTODO PARA MEDIÇÃO NO FOCÓMETRO
Método: Calibrar a ocular
Para obter uma medição precisa, deve calibrar a ocular, adaptando-a ao seu
olho. Provavelmente, a focagem necessária para o seu olho é diferente para o
de outra pessoa, portanto é importante focar a ocular sempre que use o
focómetro.

Passo 1:
Antes de ligar o focómetro, observe através da ocular as linhas e círculos do
retículo. Caso seja difícil observar o retículo, coloque uma folha branca em
frente ao apoio da lente.

Passo 2:
Rode a ocular no sentido anti-horário até ao máximo. Vai perceber que o
retículo está neste momento desfocado.

Passo 3:
Rode devagar a ocular no sentido horário até que o retículo esteja focado. É
importante que pare a rotação quando vir o retículo focado, senão deverá
repetir os passos 1 e 2.

Passo 4:
Ligue o focómetro de forma a observar o alvo colorido. Mova a roda de
potência até que as linhas ou pontos estejam focados. Se tiver focado a ocular
correctamente, a potência lida deverá ser zero.

Colocar a armação

Passo 1:
Coloque os óculos de forma a que a frente da armação esteja virada para si. As
hastes devem apontar na direcção oposta.

Passo 2:
Coloque os óculos apoiados na base de apoio da armação. A “parte de baixo”
dos óculos deverá pousar nesta base. Prenda os óculos para mantê-los
pressionados contra o apoio da lente.

É adequado praticar medindo primeiro a potência da lente


direita e seguidamente a lente esquerda.

Quando olha de frente para os óculos, a lente direita está à


sua esquerda.

Passo 3:
Observe através da ocular e mova os óculos até colocar o alvo no centro do
retículo.

Passo 4:
Altere a altura da base de apoio da armação para manter o óculo perfeitamente
horizontal.

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Passo 5:
Meça a potência da lente direita.

Passo 6:
Desprenda a lente direita. Não altere a altura da base de apoio da armação.
Mova a armação e prenda a lente esquerda. Meça a potência da lente
esquerda.

É importante manter a mesma altura da base de apoio da


armação para medir ambas as lentes (direita e esquerda).
Assim, poderá á posteriori observar prismas nos óculos.

Medição da Potência das lentes:


Cruz-Alvo do Frontofocómetro – Lentes Esféricas

Passo 1:
Mova a Roda de potência até à máxima potência positiva.

Passo 2:
Diminua devagar a potência (rodando a roda de potência) até que todas as
linhas do alvo estejam focadas (se rodar mais do que o necessário, a sua
medição não será precisa).

Se todas as linhas do alvo estiverem focadas, está perante


uma lente esférica.

Se apenas umas linhas estiverem focadas, a lente que está a


medir é uma lente cilíndrica.

Figura 18: As três linhas paralelas estão focadas assim como a linha única. Esta
lente é esférica.

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Cruz-Alvo do Frontofocómetro - Lentes Astigmáticas

Passo 1:
Mova a Roda de potências até à máxima potência positiva.

Passo 2:
Diminua devagar a potência (rodando a roda de potência) até que algumas
linhas do alvo estejam focadas (se rodar mais do que o necessário, a sua
medição não será precisa).

Passo 3:
Rode a roda dos Eixos até que as três linhas paralelas do alvo estejam rectas e
contínuas.

Figura 19: As três linhas paralelas estão focadas, rectas e contínuas. A linha única
está desfocada. Esta lente é cilíndrica.

Passo 4:
Caso esteja a medir uma lente cilíndrica, o valor na roda de potência dá-lhe a
potência do meridiano mais positivo da lente. Este valor é o valor da esfera
quando escreve a prescrição da lente cilíndrica.

Passo 5:
Rode devagar a roda de potência, diminuindo a potência até a outra linha estar
focada. O valor agora encontrado representa a potência do meridiano menos
positivo da lente.

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Figura 20: A linha única está focada, recta e contínua. As três linhas paralelas
estão desfocadas.

Passo 6:
Descubra a potência do cilindro da lente.

Potência do cilindro = segunda potência lida (potência menos positiva) −


primeira potência lida (potência mais positiva).

Outra forma de fazer o passo 6 é observar o quanto se rodou a potência e em


que direcção.

Passo 7:
Encontre o eixo da lente.

O eixo do cilíndro é a direcção da segunda potência lida no focómetro (a


potência menos positiva).

A direcção desta linha é dada observando por onde passa a mesma pelo
retículo.

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Exemplo 1 – Medição de uma lente cilíndrica:

Descobrir o valor da esfera:


Rode a roda de potência até á potência mais positiva e diminua devagar a
potência até que uma das linhas esteja focada. De seguida, rode o tambor do
eixo para assegurar que as linhas estão rectas e contínuas. Anote a potência
que é exibida. Neste caso, a potência lida é de +1.00 D.

-
-
- +2.00
-
-
-
- +1.00
-
-
-
- +0.00

Figura 21: Primeira leitura (potência esfera).

Descobrir o valor do Cilíndro:


Continue a rodar a roda de potência até que as outras linhas estejam focadas.
A segunda potência lida menos a primeira potência lida (ou seja o caminho
efectuado entre a primeira e a segunda leitura) dá-nos o valor do cilíndro (e o
seu correcto sinal).

Figura 22: A segunda leitura.

Neste caso, a segunda potência lida é de −3.00 D. Assim, a potência do


cilíndro desta lente é segunda potência menos a primeira potência lida:

−3.00 − (+1.00) = −4.00 DC.

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Descobrir o eixo:
Observe a direcção das linhas da segunda leitura. Esta é a direcção do eixo.

Observe através da ocular e rode a longa linha preta na mesma direcção das
linhas do alvo. É mais fácil ler a direcção do eixo no retículo. Neste caso, as
linhas menos positivas (segunda leitura) estão a 120°.

A potência desta lente é +1.00 / −4.00 x 120.

Atenção:

Algumas Cruzes-Alvo de focómetros permitem que leia o eixo


da lente no tambor eixo. Neste caso, o fabricante escolheu
um conjunto de linhas para a esfera e outro para o cilíndro.

Mas, outros frontofocómetros, têm linhas diferentes para


representar a esfera e o cilíndro. (Por exemplo, as três linhas
paralelas representam a esfera; e noutra marca essas
mesmas três linhas representam o cilíndro.)

No entanto, se usar o método descrito nesta unidade, vai


sempre obter o resultado correcto uma vez que está a medir
a direcção do eixo com o retículo, que está dentro da ocular.

Focómetro com alvo de pontos – Lentes Esféricas:

Passo 1:
Rode o tambor de potência (roda de potência) para a potência mais positiva.

Passo 2:
Diminua devagar a potência até que todos os pontos estejam focados. Deverá
parar mal os veja focados, caso contrário a medição não será precisa.

Se surgir um círculo de pontos redondos, a lente que está a


medir é esférica.

Se surgir um círculo de pontos esticados (pequenas linhas), a


lente que está a medir é cilíndrica.

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90

180 0

Figura 23: Um círculo de pontos focados. É uma lente esférica.

Passo 3:
Se está a medir uma lente esférica, o valor na roda de potência dá-lhe a
potência da lente. Sendo uma lente esférica, está terminada a leitura da lente
direita. Pode avançar para a lente esquerda.

Focómetro com alvo de pontos – Lentes Cilíndricas:

Passo 1:
Rode o tambor de potência (roda de potência) até a potência mais positiva.

Passo 2:
Diminua devagar a potência até que todos os pontos se tornem pequenas
linhas focadas. Deverá parar mal as veja focadas, caso contrário a medição
não será precisa. Este valor será o valor da esfera quando efectuar a
prescrição.

90

180 0

Figura 24: Primeira leitura (potência da esfera).

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Passo 3:
Diminua devagar a potência até que o segundo conjunto de pequenas linhas se
torne focado. Este conjunto será perpendicular (90º) às linhas encontradas no
Passo 2. O valor na roda de potência dá-lhe o valor da potência do meridiano
menos positivo da lente.

90

180 0

Figura 25: Segunda leitura (meridiano menos positivo). Desta vez, os círculos de
pontos esticados são perpendiculares aos da primeira leitura.

Passo 4:
Descobrir a potência do cilíndro da lente.

Potência do cilíndro = segunda potência lida (potência menos positiva) −


primeira potência lida (potência mais positiva).

Mais uma vez, outra forma de efectuar o Passo 4 é observar a quantidade que
se rodou no tambor de potência e em que direcção.

Passo 5:
Encontre o eixo da lente.
O eixo da lente é a direcção das pequenas linhas da segunda leitura. Meça a
direcção destas linhas observando o valor do eixo no retículo.

Exemplo 2 – Medição das Lentes Cilíndricas:

Descobrir a Potência da Esfera:


Rode o tambor de potência até a potência positiva mais alta e de seguida
diminua devagar até que um conjunto de pequenas linhas surjam focadas.

Anote o valor da potência exibida no tambor de potência. Neste caso, a


potência lida é: +2.50 D.

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90
- +2.50
-
-
180 0 -
- +1.00
-
-

Figura 26: Primeira leitura.

Descobrir a potência do Cilíndro:


Continue a rodar o tambor de potência até que o segundo conjunto de pontos
esticados (pequenas linhas) esteja focado. A segunda potência lida, menos a
primeira dar-lhe-á a potência do cilíndro (e o sinal correcto). Neste caso, a
segunda leitura é +1.00 D.

Figura 27: Segunda leitura.

A potência do cilíndro desta lente é (segunda potência lida − primeira potência


lida):

+1.00 − (+2.50) = −1.50 DC.

Descobrir o Eixo:
Observe a direcção das linhas da segunda leitura (menos positiva). Esta é a
direcção do eixo. Através da ocular, rode as linhas do retículo até que
apresentem a mesma direcção que as linhas do alvo – isto torna mais simples
a leitura da direcção do eixo no retículo. Neste caso, as linhas da segunda
leitura estão a 120°.

Portanto a potência desta lente é +2.50 / −1.50 x 120.

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ENCONTRAR O CENTRO ÓPTICO COM O FOCÓMETRO
• Centrar a Lente num Focómetro com a Cruz - Alvo
Para encontrar o centro óptico de uma lente no focómetro com alvo, deve mover a lente até
que o centro do alvo esteja no centro do retículo. O centro do alvo é o ponto onde as linhas do
mesmo se cruzam.

• Centrar a Lente num Focómetro com alvo de pontos


Para encontrar o centro óptico de uma lente usando um alvo de pontos, deve mover a lente até
que o centro do alvo esteja no centro do retículo. O centro do alvo corresponde ao centro do
círculo de pontos.

Caso a lente seja cilíndrica, é adequado rodar a potência até meio caminho entre a primeira
leitura e a segunda leitura. Neste ponto, o alvo parecerá um círculo (apesar de estar um pouco
desfocado).

• Marcar o Centro Óptico


Os focómetros apresentam geralmente tinta e pinos de marcação. Quando a lente está
correctamente centrada pode usar os pinos de marcação para colocar uma marca (usualmente
pequenos pontos) na superfície da lente.

Caso o focómetro não tenha pinos de marcação e tinta, pode usar uma caneta de feltro e
marcar você próprio o centro óptico. Terá que marcar a lente directamente através da
localização do apoio da lente no focómetro.

Se tiver um par de óculos e medir a distância entre os centros ópticos das duas
lentes, esta distância deve ser igual à DP do paciente.

Caso não seja igual, os óculos apresentam efeito prismático.

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DESCOBRIR PRISMAS COM O FOCÓMETRO
Por vezes, são prescritos prismas para correcção de um problema muscular ocular. Estes prismas são
prescritos apenas por especialistas com formação nesta área. É rara a prescrição de prismas em
óculos.

Frequentemente, a presença de prismas em lentes deve-se a um problema na montagem (as lentes


não foram colocadas na armação de forma adequada). Um erro deste género pode provocar ao
portador astenopia (tensão ocular) ou até visão dupla aquando o uso dos óculos.

Os óculos com prismas indesejados não podem ser entregues ao portador e deve ser efectuada nova
montagem.

Medição de Prisma Vertical:

Passo 1:
Prenda a lente direita no focómetro. A lente deve ser presa para que o centro
óptico da lente esteja no centro do retículo.

Figura 28: Centro do alvo (centro óptico)

Passo 2:
Ajuste a altura do apoio da armação – assegure-se que a parte inferior da
armação assenta no apoio.

Passo 3:
Desprenda a lente direita e mova a armação de forma a medir a lente
esquerda. Importante: Não altere a altura da base de apoio da armação.

Passo 4:
Observe o alvo através da ocular. Caso o alvo da lente esquerda esteja mais
alto ou mais baixo que o da lente direita, existe um prisma vertical induzido no
óculo.

Passo 5:
Encontre a direcção do prisma.
Caso o alvo da lente esquerda esteja acima do alvo da lente direita, o prisma é
de base superior na lente esquerda (comparado com a lente direita).

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Caso o alvo da lente esquerda esteja abaixo do alvo da lente direita, o prisma é
de base inferior na lente esquerda (comparado com a lente direita) – como se
observa no exemplo abaixo.

5 3 1

Figura 29: 1∆ de base inferior no olho esquerdo.

Passo 6:
Medir a quantidade prismática.
A quantidade do prisma é medida observando os círculos do retículo.
Geralmente cada círculo representa uma dioptria prismática (1). Contudo, por
vezes, cada círculo representa meia dioptria prismática (½). Saberá se é
apenas ½ porque a distância entre círculos é menor.

No exemplo acima, o centro do alvo da lente esquerda está abaixo da lente


direita e encontra-se no primeiro círculo do retículo. Tal indica-nos que existe
um prisma de 1 de base inferior na lente esquerda.

Medição de Prismas Horizontais:

Passo 1:
Meça a DIP ao portador do óculo. Caso o portador não esteja presente, deve
usar o valor da DIP que se encontra na prescrição (receita) ou na ficha clínica.

Passo 2:
Marque o centro óptico de ambas as lentes do óculo.

Passo 3:
Segure uma régua horizontalmente e coloque o zero da régua no centro óptico
da lente direita. Marque com uma caneta de feltro o centro óptico da lente
esquerda (número da régua = valor da DIP do portador).

Passo 4:
Prenda a lente esquerda de forma a que a marca que fez esteja no centro do
apoio da lente.

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Passo 5:
Meça a quantidade e a direcção do prisma.
Caso o alvo esteja para a esquerda (mais próximo da lente direita), existe um
prisma de base-in.
Caso o alvo esteja para a direita (mais afastado da lente direita), existe um
prisma de base-out.
Se o alvo está centrado, não existe prisma horizontal.

Figura 30: Alvo da lente esquerda mostrando 1.5 prisma de base-in

Procedimento – Leitura de Adição em Bifocais:

O procedimento aqui descrito é concebido para leitura das superficies frontais


dos bifocais.

Passo 1:
Verifique que a potência de visão de longe está correcta.

Passo 2:
Agora rode o óculo de forma a que a ponta das hastes estejam viradas para si.
Coloque a superfície frontal da lente direita contra o apoio da lente (Figura 31).

Passo 3:
Foque as linhas ou pontos do alvo que estão mais próximas da direcção
vertical e determine a potência.

Passo 4:
Mova o óculo para cima e coloque a superfície frontal do segmento contra o
apoio da lente (Figura 32).

Figura 31. Figura 32.


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Passo 5:
Foque as linhas ou pontos do alvo que estão mais próximas da direcção
vertical e determine a potência.

Passo 6:
A diferença entre as potências obtidas nos Passos 3 e 5 é a adição.

Lentes Progressivas: Existem dois métodos para descobrir a adição das lentes progressivas:

1. A adição está gravada na lente. Está geralmente colocada na zona


temporal da lente. (Figura 33).

2. Subtrair a potência da visão de longe à potência de visão de perto.

Figura 33: Marcas nas lentes progressivas.

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TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS
1. Se tem uma lente de prova de +4.00 sobreposta a uma lente negativa desconhecida e vê
movimento “com”, a lente negativa é... (seleccione a opção correcta)

(a) maior que −4.00


OU
(b) menor que −4.00

2. Deve sempre _____________________ a ocular antes de usar o focómetro.

3. Quais são os três passos para descobrir a potência de lentes cilíndricas no focómetro?

a. _________________________________________________________________

b. _________________________________________________________________

c. _________________________________________________________________

4. Se tem uma lente de prova −5.50 D sobreposta a uma lente desconhecida e não vê
movimento da cruz, qual é a potência da lente? (seleccione a opção correcta)

(a) −4.00

(b) +6.00

(c) +5.50

(d) −5.50

5. Qual é a potência desta lente?

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ACUIDADE VISUAL

PENSA
A nossa visão permite-nos ver figuras e cores e diz-nos onde está o objecto. Algumas pessoas
conseguem ver melhor do que outras.

É importante conseguir medir a visão de forma a perceber se a mesma está a melhorar ou a piorar.
Saber o quanto uma determinada pessoa vê ajuda-nos a descobrir se existe alguma anomalia nos
seus olhos.

Quando medimos a visão, dizemos que medimos a acuidade visual.

OBJECTIVO
Este módulo ensina-lhe como medir a acuidade visual.

RESULTADOS A OBTER
No final deste modulo, deverá ser capaz de:

• Definir acuidade visual

• Entender a importância de medir a acuidade visual.

• Descrever os diferentes métodos de medição de acuidade visual

• Reconhecer as diferentes tabelas de optotipos e saber como usá-las

• Medir e anotar a acuidade visual de longe

• Medir e anotar a acuidade visual de perto.

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ACUIDADE VISUAL
A Acuidade Visual (AV) é uma medida que define o quanto uma pessoa vê bem quando está a olhar
directamente para um objecto.

Quando um individuo foca um objecto (olha directamente) está a usar uma parte da retina denominada
mácula, que é usada para a visão central. A AV é simplesmente designada de visão - contudo
actualmente a visão abrange tudo o que se vê, e não apenas a visão central.

Causas comuns de AV pobre:

• Erros refractivos:
Neste caso, o olho pode ser saudável (não ter qualquer patologia), contudo pode não
apresentar um tamanho ou potência correctos de forma a focar correctamente a luz na retina.
Um indivíduo com um erro refractivo necessita de usar um óculo para ver bem.

• Problema de saúde ocular:


Alguns problemas de saúde ocular (tal como a catarata) podem causar visão pobre. Se um
paciente apresentar AV pobre devido a um problema de saúde ocular, o óculo não lhe
melhorará a visão (salvo se também apresentar um erro refractivo).

Testes de AV para visão de longe:

A AV pode ser diferente em diferentes distâncias. Algumas pessoas vêem bem


os objectos próximos, apresentando dificuldades em ver objectos afastados.
Outras vêem bem ao longe mas têm dificuldades em visão próxima. Por fim,
existem pessoas que independentemente da distância a que se situam os
objectos não os vêem focados.

É portanto importante medir a AV em diferentes distâncias.

A AV de visão de longe é geralmente medida a uma distância de 6 metros (m).


A maior parte dos optotipos para AV de longe são desenhados de forma a
serem colocados a 6m do paciente. Contudo, existem também optotipos que
são colocados a 3m, o que pode se revelar mais conveniente em alguns casos,
como por exemplo, quando as dimensões dos gabinetes são mais reduzidas

A AV de visão de perto é geralmente medida a 40 cm.

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Medição de AV:

Um dos primeiros procedimentos a efectuar durante uma consulta à visão é a medição da AV. A AV
pode ser medida para o olho direito e para o esquerdo separadamente, ou para ambos.

Deve medir a AV antes de efectuar qualquer outro teste.

Existem duas razões que justificam este procedimento:

1. Para obter uma medição da AV precisa:


Outros testes podem afectar a AV, ou pode até melhorar
pela repetição do mesmo optótipo.

2. Para se proteger legalmente:


Se o paciente referir que a visão tem piorado devido ao
exame visual que efectuou, terá a AV inicial para usar
como referência.

AV Bruta:
A AV bruta é a AV medida sem qualquer tipo de correcção óptica (óculos, por
ex.)

AV com Corecção (AVc/c):


A AV com correcção é a AV medida com correcção óptica (óculos, por ex.)

Existem diferentes tipos de óculos. Eles podem ser utilizados para visão de
longe, visão de perto ou para ambas as distâncias.

Geralmente:

Se é portador de óculos para visão de longe:


→ A visão de longe é nítida quando usa o óculo.
→ A visão de perto pode revelar-se desfocada quando usa o
óculo.

Se é portador de óculos para visão de perto:


→ A visão de perto é nítida quando usa o óculo.
→ A visão de longe é desfocada quando usa o óculo.

Se é portador de um óculo para visão de longe e de perto:


→ A visão de longe é nítida
→ A visão de perto é nítida

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Quando mede a AV com correcção, é importante assegurar-se que o paciente
está a usar o óculo apropriado para a distância que está a testar.

Questione o paciente em que condições usa o óculo:


- Todo o tempo.
- Apenas para ver objectos afastados (visão de longe).
- Apenas para ver objectos próximos (visão de perto).

Se for portador de óculos para visão de longe apenas:


→ meça a AV de visão de longe com óculo
→ meça a AV de perto sem o óculo

Se for portador de óculos para visão de perto apenas:


→ meça a AV de visão de longe sem óculo
→ meça a AV de visão de perto com o óculo

AV apresenta
A AV apresenta é a AV que o paciente apresenta quando chega á consulta.

Se o paciente usa óculos quando chega á consulta, a AV habitual


é a mesma que a AV com correcção.

Se o paciente não usa óculos quando chega á consulta, a AV


habitual é a mesma que a AV bruta.

A AV apresenta é chamada de “AV”.

AV habitual:
A AV habitual é a AV que o paciente apresenta quando chega á consulta.

• Caso use óculo, a AV habitual é igual à AV com correcção.

• Caso não use óculo, a AV habitual é a mesma que a AV bruta.

O paciente pode ter óculos mas não os usar frequentemente.

Ele poderá referir-lhe o seguinte:

• “Os óculos não me melhoram a visão.”


• “Os óculos provocam-me cansaço ocular.”
• “Não gosto de usar os óculos por questões estéticas ou por não me
sentir confortável.”

É importante questionar o paciente se já usou óculos no


passado.

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A melhor AV com correcção:

É a melhor AV possível! Esta AV é diferente de pessoa para pessoa.

→ É a AV que o paciente apresenta com os óculos e que melhora a sua visão.

Após efectuar a refracção, deverá medir a AV e verificar qual a melhoria


conseguida com o trabalho refractivo.

AV Monocular e Binocular:
A AV monocular é a acuidade visual que o paciente atinge com apenas um
olho (com o outro olho ocluído). A AV binocular é a AV que o paciente atinge
com ambos os olhos abertos e desocluídos.

A AV monocular (direita e esquerda) e a AV binocular devem ser medidas a


todos os pacientes. A AV binocular é geralmente melhor que as AV´s
monoculares.

AV Binocular é geralmente melhor que a AV Monocular.

Isto porque os dois olhos em conjunto funcionam melhor que


apenas um olho.

A melhor AV monocular com correcção deve ser aproximadamente igual para o


olho direito e para o esquerdo. Se existir mais do que uma linha de AV de
diferença, deve suspeitar de um problema ocular.

A melhor AV com correcção, do olho direito, deve ser


aproximada á melhor AV com correcção do olho esquerdo.

Optotipos de AV de Visão de Longe:


Existem vários optotipos de AV disponíveis. Cada optotipo tem um determinado
objectivo, e deve ser utilizado a uma determinada distância.

Os diferentes tipos de optotipos apresentam diferentes tamanhos dos


caracteres (letras, desenhos, números ou símbolos). Alguns exemplos são
exibidos na Figura 1. Os optotipos que usam desenhos ou símbolos (tal como
os “E´s”) são particularmente úteis para crianças ou pessoas que não saibam
ler ou falar.

Os optotipos de tabelas de AV incluem Snellen e LogMAR.

Os caracteres nos optotipos são geralmente maiores no topo do optótipo,


tornando-se mais pequenos à medida que se aproximam do fundo.

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Figura 1A: Tabela de AV em LogMAR. Figura 1B: Tabela de AV Figura 1C: Tabela de AV com
com desenhos. “´E´s” tombados.

Existem regras para fazer um optotipo. O tamanho das letras ou símbolos do


optotipo (e a distância entre elas) devem ser calculados e impressos usando
técnicas especiais. Só assim a medição da AV é precisa e pode ser repetida ao
longo do tempo. Uma vez que os optotipos são muito difíceis de fazer,
geralmente usamos tabelas já fabricadas.

Fracção de Snellen: Cada linha de caracteres nos optotipos é marcada para nos indicar qual a visão
necessária para conseguir ler aquela linha. Geralmente, a marca é um número
que é designado de fracção de Snellen.

A fracção de Snellen tem um número em numerador e outro em denominador:

• O numerador indica qual é a distância a que o optótipo se situa da


pessoa avaliada (geralmente a distância é de 6m).

• O número em denominador indica a distância a que uma pessoa com


visão normal poderia estar e ainda conseguir ler a linha de caracteres.

Distância de teste (metros)


AV = Distância a que alguém com visão normal consegue
ler a mesma linha de AV (metros)

Exemplo 1:
Mede a AV e descobre que a linha mais pequena que o paciente consegue ler
é a de 6/6.

→ Significa que quando o paciente está a 6m do optótipo, consegue ver o


que uma pessoa com visão normal vê quando está a 6m do optotipo.

→ Significa que a AV do paciente é normal.

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Exemplo 2:
Mede a AV a uma mulher e descobre que a linha mais pequena que consegue
ler é a de 6/48.

→ Significa que a mulher está a 6 m do optótipo e apenas vê o que uma


pessoa com visão normal veria a 48 m de distância do optótipo.

→ Significa que a paciente apresenta AV pobre.

AV de 6/6 é considerada normal.

Se alguém tiver AV de 6/6, a AV é considerada de 100%.

A fração de Snellen pode ser apresentada de outras formas. Em alguns países,


a unidade de medida é “pés” (feets) e não metros.

Por exemplo:
Os optotipos de AV que são feitos nestes países apresentam geralmente as
medidas como 20/20 ou 20/200, em vez de 6/6 ou 6/60.

Tal acontece porque 20 pés (feet) são o mesmo que 6 m.

Fracção de Snellen
Metros Feet
6/3 20/10
Visão muito boa →
6/4.5 20/15
(Caso a AV seja igual ou superior a 6/4.5)
Visão normal →
(Caso a AV seja igual ou superior a 6/6) 6/6 20/20

6/7.5 20/25
6/9 20/30
6/12 20/40
6/15 20/50
6/18 20/60
Visão diminuída→

6/24 20/80
(Caso a AV seja inferior a 6/18)
6/30 20/100
6/48 20/160
6/60 20/200
Cegueira →
6/120 20/400
(Caso a AV seja inferior a 6/120)

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A 3 m, o optotipo (utilizado para medir a AV a 3m em vez de 6m)
deverá apresentar a fração de Snellen com o número 3 no topo
da fração (com formato 3/__).

Contudo, o método normal de anotar a AV é no formato 6/__.


Isto porque a maior parte dos optotipos foram desenhados para
serem colocados a 6m.

Como 6/__ é o formato mais comum (e mais familiar), o optotipo


de 3m terá por vezes a fração de Snellen convertida no formato
6/__. Assim, torna-se mais simples anotar a medida de AV
mesmo quando está a usar um optotipo de 3m.

Caso tenha um optotipo de 3m que já tenha o valor convertido:

• Necessita apenas de ver qual a fracção de Snellen em frente


à linha que o paciente consegue ler e anotar.

• Não necessita de efectuar nenhum cálculo.

Caso tenha um optotipo de 3m que não tenha a conversão, tem


que a efectuar para o formato 6/__. Para fazer isso, precisa de
se lembrar que as frações de Snellen são frações normais que
podem ser alteradas em diferentes formatos.

Exemplos:
3/3 = 6/6
O paciente que vê a linha 3/3 a 3 m também vê a linha 6/6 a 6 m
3/4.5 = 6/9
O paciente que vê a linha 3/4.5 a 3 m também vê a linha 6/9 a 6 m
3/6 = 6/12
O paciente que vê a linha 3/6 a 3 m também vê a linha 6/12 a 6 m
3/9 = 6/18
O paciente que vê a linha 3/9 a 3 m também vê a linha 6/18 a 6 m
3/60 = 6/120
O paciente que vê a linha 3/60 a 3 m também vê a linha 6/120 a 6 m.

Organização Mundial da Saúde (OMS)


A OMS agrupou diferentes níveis de AV em categorias especiais. Esta decisão
veio com o objectivo de dar prioridade de cuidados de saúde a indivíduos com
AV inferior a 6/18 e que tivessem escassos recursos de subsistência.

Visão
Individuo que atinge AV igual ou superior a 6/18.
Visão normal
Este individuo vê bem.
Indivíduo que não consegue atingir AV de 6/18
Visão diminuída
Este individuo não vê bem.
Individuo que não consegue atingir AV de 6/120
Cego
Este individuo vê muito pouco ou mesmo nada.

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AV de Visão de Longe (VL)
Anotar AV de VL: A AV de VL é geralmente anotada como fração de Snellen.

Se o paciente conseguir ler uma linha inteira correctamente mas não consegue
ler nenhum caracter da linha seguinte, a AV a anotar é a fração de Snellen da
linha que foi lida correctamente.

Por exemplo: se o paciente lê toda a linha 6/12, mas não consegue ler nenhum
caracter da linha seguinte, a AV é de 6/12.

Se o paciente lê a linha correctamente e vê alguns dos caracteres da linha


abaixo, a AV anotada é a fração de Snellen da linha que foi lida correctamente
mais o número de caracteres correctos da linha abaixo.

Por exemplo: se o paciente lê toda a linha 6/12 e tambêm vê três caracteres da


linha seguinte, a AV é 6/12+3.

Lembre-se de anotar se a AV que mediu é de:


- Olho direito ou olho esquerdo
- Com correcção ou bruta
- Visão de longe ou visão de perto.

Medição da AV de VL:
Passo 1:
Assegure-se que o optotipo está limpo e com boa iluminação. O
optotipo deve ser plano e recto na parede e não deve estar colocado
muito alto ou muito baixo.

Tenha cuidado para que nenhuma luz brilhante esteja a reflectir no


optotipo. Um brilho intenso no optotipo faz com que seja mais dificil
de ser visto.

Passo 2: Testar a distância


O paciente deve estar colocado à distância adequada do optótipo
(geralmente a 6m, mas por vezes a 3m dependendo do optotipo).
Cada optotipo está desenhado para ser utilizado a uma determinada
distância – caso não seja usado à distância correcta, a medição da
AV estará incorrecta.

Meça a distância correcta com uma fita métrica. Se lhe for útil, pode
marcar o local no chão do gabinete.

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Ideia útil:

Se tem um optótipo de 6m mas a sua sala é de 3m de


comprimento, pode usar um espelho para o ajudar.

Coloque o espelho na parede a 3m do paciente e


coloque o optótipo na parede ao nível da cabeça do
paciente. O paciente pode assim olhar para o espelho
e ver o optótipo que está por trás dele.

Usando o espelho, pode tornar uma sala de 3m numa


de 6m.

Figure 2: Um espelho permite-lhe usar um optotipo de 6m numa sala


que apenas tem 3m. O paciente olha para o espelho e vê o optotipo
como se ele estivesse a 6m.

Passo 3: Ocluir o olho que não está a ser avaliado.

Avalie sempre o olho direito em primeiro lugar (oclua


o olho esquerdo).

Ocluir o olho esquerdo do paciente.

Pode ocluir o olho com um oclusor ou pode simplesmente pedir ao


paciente que use a palma da mão.

Certifique-se que o paciente:


• Não pressiona o olho que está a ocluir
• Mantém ambos os olhos abertos (incluindo o olho
que está a ser ocluido)
• Oclua o olho com a palma, não com os dedos
• Não se afaste nem aproxime do optotipo.

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Figura 3: Homem usando a palma da mão para ocluir um olho, enquanto
a AV do outro olho está a ser avaliada.

Passo 4: Medição da AV

Comece no topo do optótipo onde se encontram os maiores símbolos


e letras. Aponte para os caracteres que pretende que leiam.

Se o paciente achar os maiores caracteres muito fáceis de ver, pode


questioná-lo acerca de apenas dois em cada linha. Quando começar
a tornar-se mais complicado, deve pedir ao paciente que leia toda a
linha.

Encoraje o paciente a dar uma resposta (em vez de


dizer apenas “não sei”).

Por vezes o paciente:


- Fica envergonhado por talvez cometer um erro
- Desiste facilmente.

Pode ser útil pedir ao paciente para adivinhar –


mesmo sem certezas.

Continue a pedir para lhe dizer os caracteres até que falhe pelo
menos metade da linha.

Lembre-se:
Precisa de encontrar a linha mais pequena que o
paciente consegue ver.

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Figura 4: Medição da AV de VL com um optotipo de E´s.

Passo 5: Anotar o valor da AV


Escreva o valor da AV na ficha clínica do paciente. Lembre-se de
anotar se é AV com correcção ou bruta e qual dos olhos está a ser
avaliado.

Passo 6: Repita para o olho esquerdo.


Agora oclua o olho direito e repita os 5 passos acima descritos para o
olho esquerdo.

Exemplos da Medição da AV de VL:

• Exemplo 1
Um homem não usa óculos para VL. Mede a AV de cada olho para
esta distância.

• AV do olho direito (olho esquerdo ocluído):


O paciente consegue ler todas as linhas correctamente,
incluindo todos os caracteres da linha 6/6. Pede-lhe para tentar
ler a linha abaixo (6/4.5), mas ele não consegue.
→ Escreve: AV bruta (OD): 6/6.

• AV do olho esquerdo (olho direito ocluído):


Com o olho esquerdo, o paciente consegue também ler a linha
6/6.
Pede-lhe para tentar ver os caracteres da linha abaixo (6/4.5), e
ele consegue ver dois dos caracteres correctamente.
→ Escreve: AV bruta (OE): 6/6+2.

Este paciente tem uma boa AV bruta em VL. Provavelmente, não


necessita de óculos para esta distância.
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• Exemplo 2
Uma mulher tem óculos para VL há um ano. Mede-lhe a AV de VL
para cada olho.

Pede à paciente para colocar o óculo:

• AV do olho direito (olho esquerdo ocluído):


A paciente lê tudo correctamente da linha 6/6, e vê também
cinco letras da linha seguinte.
→ Escreve: AV c/c (OD): 6/6+5.

• AV do olho esquerdo (olho direito ocluído):


Com o olho esquerdo, a paciente apenas lê a linha de 6/12 e
três caracteres na linha abaixo.
→ Escreve: AV c/c (OE): 6/12+3.

Apesar da paciente ter óculos para VL, a visão do olho direito é


diferente da visão do olho esquerdo. A diferença entre eles é maior
do que uma linha de AV.

O problema pode ser um erro refractivo ou poderá ser uma patologia


ocular – são necessários mais testes para encontrar a razão.

• Exemplo 3
Um homem vem efectuar uma consulta de especialidade. Apenas tem
óculos para leitura. Mede-lhe a AV de cada olho para VL.

O paciente não pode usar o óculo para a medição da AV de VL uma


vez que foram prescritos para visão de perto (VP).

• AV do olho direito (olho esquerdo ocluído):


O paciente lê correctamente as letras de 6/60 e três letras da
linha seguinte.
→ Escreve: AV bruta (OD): 6/60+3.

• AV do olho esquerdo (olho direito ocluído):


Com o olho esquerdo, o paciente consegue também ler 6/60 e
vê ainda quatro letras da linha abaixo.
→ Escreve: AV bruta (OE): 6/60+4.

A AV bruta deste paciente é pobre.

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SE O PACIENTE NÃO CONSEGUE VER A LINHA DO TOPO
Por vezes, quando o paciente tem uma visão muito pobre, não consegue ver sequer os maiores
caracteres do topo do optótipo.

Quando isto acontece, ainda assim tem que medir a AV. Existem passos que pode executar:

1. Diminuir a distância ao optotipo


Peça ao paciente para se aproximar do optotipo (ou mova o optótipo para mais perto do
paciente).

Exemplo 1: Um individuo não vê a linha 6/60 a 6 m. Move então o optótipo e coloca-o a 3m.
Agora, já consegue ler, portanto anota a AV como 3/60.

Exemplo 2: Uma mulher não vê a linha 6/60 nem a 6 m nem a 3 m. Então, altera o optótipo
para 1.5 m. Neste momento, já consegue ler a linha abaixo à de 6/60 que é 6/48. Anota a AV
como sendo de 1.5/48.

2. Contar dedos (CD)


Se não consegue alterar a distância do optótipo – pode usar a seguinte técnica:

Apresente um, dois, três ou cinco dedos à distância de 3m, 2m ou 1m do paciente.

Em primeiro, pergunte ao paciente quantos dedos consegue ver quando está a 3m. Se
consegue ver correctamente o número de dedos que está a apresentar anote a AV como CD
@ 3m (significa que consegue “Contar Dedos” a 3 m).

O símbolo @ significa simplesmente “a”.

Caso o paciente não consiga contar os dedos a 3m, aproxime-se e experimente novamente
mas a 2m.

Se ainda assim não conseguir ver, aproxime-se ainda mais até estar a 1m do paciente.

3. Movimento de Mão (MM)


Se o paciente não consegue contar dedos, mova a sua mão em frente ao paciente a uma
distância de 20 cm. Pergunte-lhe em que direcção está a mover a mão.
Se o paciente consegue ver o movimento, anote a AV como MM.

4. Percepção de Luz (PL)


Se o paciente não consegue perceber MM, incida uma luz nos olhos a uma distância de 20 cm
e peça-lhe para apontar de onde vem a luz.
Se o paciente vê a luz, anote a AV como PL.

5. Sem Percepção de Luz (SPL)


Se o paciente não vê a luz (não tem percepção de luz), anote a AV como SPL.

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MEDIÇÃO DA AV DE VISÃO DE PERTO (VP)
Para medir a AV de visão de perto, utilize-se um optótipo de VP ou uma carta de leitura.

Algumas pessoas (especialmente os idosos) têm óculos que usam para VP. A
AV de VP é então medida com os óculos e é anotada como sendo “com
correcção”.

Os optotipos de VP são constituídos por palavras ou parágrafos de diferentes tamanhos. Geralmente,


um optotipo de VP tem as letras mais pequenas no topo e as maiores no fundo. É o oposto dos
optotipos de VL.

ICEE Near Point Testing Card


N5
When you first wear your new glasses you may find that the ground looks like it is sloping or a door might look crooked. These distortions will disappear in time because the brain will adapt to the new visual conditions
after a few weeks of wearing glasses. It is important to wear your glasses as much as possible so that you can get used to them more quickly.

3 8 2 6 1 9 7 4 5

N6
Diabetes is a condition that affects the whole body , includ ing the ey es. Changes may occur at the back of the ey e in the retina – especially after someone has had diabetes for a few years,
or if they have poor control of their blood sugar levels. These changes are know n as diabetic retinopathy . Diabetic retinopathy can make a person blind if i t is not treated. In the early
stages a diabetic person m ay not know t hat they have diabetic retinopathy until they are examined by their eye-care practitioner – that is why it is important to have y our eyes examined
every year if y ou have diabetes.

8 5 2 1 3 9 7 4 6

N8
Our eyes are very precious so it is important to look after them. There are simple steps we can take to look after our eyes. Every day the
eyes should be gently washed in clean water – teaching children to do this is also important. Wearing safety glasses is a must when using
tools or working with chemicals. We only have one pair of eyes – so we have to protect them!

5 9 4 2 1 3 7 8 6

N10
The strength of the sun can cause not only discomfort from the glare, but also permanent damage. Wearing
sunglasses when out in the sun is always recommended. Your eye-care practitioner can talk to you about
having prescription sunglasses so that you can see clearly and comfortably outside. Wearing a hat will also
help to protect your eyes from the sun.

7 5 1 9 2 4 8 6 3

N14
If you have difficulty reading small print, remember that good lighting is
important. Your eye-care practitioner can advise you on how to use lighting to
improve your vision.

69 4 7 2 8 1 3 5

N24

Cataracts are very common as we age.


Having cataracts removed is now very simple
and usually only takes a few hours!
7 4 5 2 9 1 6 3 8
Figura 5: Um exemplo de um optotipo de VP usada pela ICEE.

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Caso o paciente não saiba ler, pode usar um optótipo de VP com desenhos, símbolos ou números em
vez das letras.

Alguns optótipos de VP usam frações de Snellen, mas a maioria usa escala de N pontos ou escala de
Jaeger:

• Pontos N:
Uma visão de perto normal é geralmente de N6.
A N5 é muito pequena e a N8 é normalmente do tamanho utilizado numa impressão de um
jornal.

• Escala “J” Jaeger:


J3 é o mesmo que o N5
J6 é o mesmo que o N8.

A AV de VP é geralmente medida com ambos os olhos desocluidos.

Necessita apenas de medir a AV de VP de cada olho caso exista mais que uma linha de AV de
diferença entre eles na visão de longe.

Métodos: Passo 1:
Certifique-se que o paciente está sentado num local com boa
iluminação. O paciente deve segurar o optótipo.

Passo 2: Distância
O optótipo de VP é geralmente usado a 40 cm dos olhos do paciente.

Algumas pessoas dir-lhe-ão que preferem segurar o optótipo de VP


mais próximo ou mais afastado. A distância a que o paciente gosta de
segurar o plano de leitura designa-se distância de trabalho preferida.

Exemplos:
Um homem alto pode preferir ler o jornal a uma distância de 50cm.
Uma mulher pequena pode preferir costurar a 30 cm.

Caso a VP não seja medida a 40cm, deve ser anotada qual a


distância a que foi efectuado o teste.

Exemplos: N6 @ 50 cm
N12 @ 30 cm.

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Passo 3: Pergunte ao paciente quais são as letras mais pequenas que vê

Encoraje o paciente a tentar ler as letras mais pequenas.

Após o paciente ter escolhido a sua distância de leitura preferida,


certifique-se que não aproxima nem afasta mais o optotipo da sua
posição original.

Passo 4: Anote a medição da AV.


Escreva o valor da AV (e a distância a que foi medida caso seja
necessário).

Lembre-se de anotar se a AV de VP é bruta ou com correcção.

Exemplos de medições de AV de VP.


Estes exemplos usam os mesmos pacientes que serviram de
exemplo anteriormente na medição de AV de VL.

Exemplo 1
Este paciente não usa óculos.

Medir a AV de VP (a 40cm) com ambos os olhos desocluidos.

Pedir ao paciente para ler a linha mais pequena que conseguir. Ele
consegue ler até a N12 incluída.

→ Anotar: AV (VP) bruta: N12.

Este paciente tem uma boa AV de VL. Contudo, não consegue ler um
jornal ou ver objectos pequenos muito próximos.

Ele pode necessitar de usar um óculo para VP.

Exemplo 2
Esta mulher usa óculos para VL e VP.

Mede a AV de VP com os óculos de leitura.

Lembre-se:
A AV de VL era pior no olho esquerdo do que no olho
direito, portanto é necessário medir a AV de VP a
ambos os olhos separadamente.

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• Olho direito (olho esquerdo ocluido)
Pedir à paciente para ler as letras mais pequenas que conseguir
no optótipo de VP. Ela consegue ver a N6 inclusive.

→ Escreve: AV vp (OD) bruta: N6.

• Olho esquerdo (olho direito ocluido)


Com o olho esquerdo, vê a N8.

→ Escreve: AV vp (OE) bruta: N8.

Tal como em VL, em VP a paciente apresenta pior AV no OE.

Exemplo 3
Este homem tem óculo para perto.

Medir a AV de VP com os óculos. Mantém ambos os olhos desocluidos.

Pedir ao paciente para ler a linha mais pequena que conseguir. Ele vê a
N6.

→ Escreve: AV (VP) c/c: N6.

Lembre-se:
A AV bruta de VL deste homem era OD: 6/60+3 e OE:
6/60+4 – apresenta diminuição de AV em visão de longe.

Com o óculo de leitura, este paciente apresenta boa AV em VP.

Uma vez que a AV de VP é boa, é pouco provável que este paciente


apresente uma doença ocular (provocando a perda de visão em VL).

Assim, acreditamos que a AV em VL melhoraria com a prescrição de


um óculo para esta distância.

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TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS

1. Defina Acuidade Visual (AV)?


____________________________________________________________________________

2. Quais são as causas mais comuns de diminuição de AV?


____________________________________________________________________________

3. Qual é a diferença entre:

- AV monocular e AV binocular? _________________________________________


−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−
- AV habitual e AV Habitual? __________________________________________
______________________________________________________________________
- AV bruta e melhor AV com correcção?__________________________
______________________________________________________________________

4. Que tipo de optotipos pode utilizar para pacientes que não saibam ler?
____________________________________________________________________________

5. Como anota a AV de um paciente que:


- Vê toda a linha 6/9 mas nenhuma da 6/7.5? ___________________
- Vê toda a linha 6/24 e duas letras da 6/18? ___________________
- Vê toda a linha 6/15 e quarto letras da 6/12? ___________________
- Vê a N8 no optotipo de perto, mas não a N6? ___________________

6. Porque deve olhar para o paciente enquanto mede a AV?


____________________________________________________________________________

7. Se o paciente não vê nenhum caracter do optotipo, quais os testes que pode realizar?
____________________________________________________________________________

8. Porque deve encorajar o paciente a ler as letras mais pequenas, mesmo quando ele
parece não ter certezas?
____________________________________________________________________________

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NOTAS

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ACUIDADE VISUAL COM
FURO ESTENOPEICO

PENSA
Um senhor vem á consulta e diz-nos que em relação ao ano passado sente que sua a visão piorou.

Quando medimos a acuidade visual, o paciente só consegue ler a linha 6/24, tanto com o olho direito
como com o olho esquerdo. Pretendemos saber se a visão deste senhor é pobre por causa de um erro
refractivo, ou se é porque tem uma patologia.

O teste com o furo estenopeico, é um teste simples de realizar e ajuda-nos a encontrar a resposta.

OBJECTIVO
Esta unidade mostra-nos como fazer o teste com furo estenopeico e compreender o significado dos
resultados obtidos.

RESULTADOS A OBTER
Depois de trabalhar nesta unidade, devemos ser capazes de:

• reconhecer quando é necessário fazer o teste com furo estenopeico

• descrever o significado dos resultados do teste com o furo estenopeico

• usar o teste para medir e registar a acuidade visual com o furo estenopeico

• explicar as possíveis causas, sintomas e tratamento para a ambliopia

• decidir quando encaminhar uma pessoa com AV pobre com base nos resultados com o furo
estenopeico.

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TESTE COM FURO ESTENOPEICO

O teste com furo estenopeico é um teste simples que lhe permite descobrir se a diminuição de
acuidade visual (AV) é causada pelo erro refractivo ou por algum problema de saúde ocular.

Uma pessoa com um erro refractivo necessita de usar óculos para que consiga
ver de forma nítida e confortável.

Para medir a AV com furo estenopeico, a pessoa tem que olhar através do furo estenopeico (ou
simplesmente, estenopeico) para uma carta de AV ao longe.

A AV com estenopeico é sempre medida monocularmente (cada olho separadamente) e nunca


binocular (ambos os olhos). O teste com furo estenopeico é usado apenas para medir a AV de longe,
nunca para medir a AV perto.

Furo
Estenopeico: O estenopeico parece um oclusor, mas tem um pequeno buraco (ou por
vezes vários buracos) no meio dele. Geralmente, um oclusor estenopeico é
feito de plástico preto, mas pode fazer um de papelão, se não tiver plástico.

Figura 1: Um oclusor com furo estenopeico de uma caixa de prova.

O tamanho do estenopeico é importante - se for muito grande ou muito pequeno,, o teste poderá não
funcionar correctamente. O tamanho do buraco deve ser entre 1,0 milímetro (mm) e 1,5 mm de
diâmetro.

Um oclusor estenopeico pode ter apenas um buraco


buraco, ou vários. Um oclusor que tenha
te vários
buracos é mais fácil para o paciente usar, po
pois pode escolher por qualquer dos buracos olhar.

Figura 2: Um oclusor estenopeico com vários furos.


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Quando se deve fazer o
teste com estenopeico: Deve
Deve-se
se fazer sempre o teste com furo estenopeico se o paciente
apresentar uma AV de longe inferior a 6/18 em cada olho.

Se AV é inferior a 6/18 → fazer o teste com


om estenopeico.

O teste com o furo esteno


estenopeico
peico também pode ser utilizado se:

• uma pessoa apresentar uma AV pobre (mesmo


mesmo que seja melhor que 6/18)
• quando tiver terminado o exame de refracção, e a pessoa não conseguir ler a
linha 6/6.

O que é o furo estenopeico,


Resultados? Se a AV de um paciente melhora quando olha através do estenopeico,
a pessoa tem um erro refractivo por corrigir. Ao corrigir o erro refractivo
espera
espera-se que a AV melhor (com óculos), esta será pelo menos tão
boa como a AV através do estenopeico.

Se a AV do paciente não melhorar com o furo estenopeico,


estenopeico
provavelmente o paciente tem um problema de saúde ocular ou pode
ter uma ambliopia (explicado mais á frente nesta unidade).
unidade Os
óculos não vão melhorar a visão deste paciente,, a menos que haja um
problema refractivo e um problema de saúde ocular.

Se a AV melhorar com o furo estenopeico, isso significa que o


olho tem um erro refractivo por corrigir. Não significa que o
olho seja saudável.

É possível que um olho possa ter um erro refractivo e um


problema de saúde ocular, ao mesmo tempo.

Por isso, devemos sempre examinar a saúde ocular, mesmo


que a AV com o furo estenopeico seja boa.

Se a AV aumentar para 6/12 ou mais com o furo estenopeico (deve ser escrito
como 6/12 + PH), o paciente deve realizar um exame de refracção.
A prescrição obtida na refracção é aquela com que o paciente terá uma melhor
visão.

Se a AV com o estenopeico melhorar, também se pode esperar


melhorias com os óculos.

Por exemplo:
AV Apresentada OD: 6/36 com ajuda OE: 6/36+4 com ajuda
AV Furo Estenopeico OD: 6/9+2 PH OE: 6/7.5 PH
AV Melhor Correcção OD: 6/7.5 com ajuda OE:6/7.5+2com ajuda

A AV com estenopeico e a AV com a melhor correcção são idênticas.

A AV com a melhor refracção é a melhor AV possível que um


paciente pode ter – esta será a AV que vai ter
er com os óculos.

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Um olho que tenha uma AV inferior a 6/12 (mesmo quando usa o
estenopeico),, o paciente pode ter uma doença ocular e deve ser
encaminhado para exames mais específicos.
específicos

Por exemplo:
AV Apresentada OD: 6/24+2 sem ajuda OE:6/48+4sem ajuda
AV Furo Estenopeico OD: 6/12+2 PH OE: 6/18 PH

Este paciente deve ser encaminhado, porque a AV do OE com


furo estenopeico é inferior a 6/12.

Cuidado: • Pacientes com AV superior a 6/18:


Às vezes, ao fazer o teste com o furo estenopeico num olho com boa AV, o
resultado é pior
pior. Isto acontece porque entra menos luz na pupila através do
estenopeico. Por esta rrazão, este teste não é útil em pacientes com boa AV.

• Pacientes com pupilas pequ


pequenas:
O teste com o furo estenopeico, pode não funcionar bem em pacientes com
pupilas pequenas
pequenas. As pessoas mais velhas têm pupilas mais pequenas
comparativamente aos jovens. Por isso, os resultados de AV com
estenopeico podem ser menos precisos para paci
pacientes
entes idosos.

Pupilas e Idade:
À medida que envelhecemos as pupilas ficam mais pequenas.
pequenas
Estas podem ser pensadas como furos estenopeicos naturais.

Por isso, algumas pessoas de idade vêem vê melhor do que


esperava – estão a usar as pupilas como estenopeico natural!
natural

Pupilas e Luz:
Em ambientes com luz, as nossas pupilas são
sã menores do que em
ambientes com pouca luz.

Há duas razões, pelas quais, as pessoas vêemvê melhor com boa


luz:
- Maior quantidade de luz que entra no olho
- As pupilas pequenas são como pequenos furos naturais.

Se uma pessoa tem um erro refractivo,, esta vê melhor á luz do dia,


quando a pupila está pequena.

Estrabismo e Erro Refractivo:


Já deve ter notado que por vezes as pessoas semi - cerram os
olhos (franzem as pálpebras) quando querem ver melhor.
melhor

Estas pessoas, provavelmente têm erros refractivos e


descobriram que vêm melhor se o fizerem.

Estão a fazer o seu próprio furo estenopeico com as pálpebras!


É por isso que é importante certificar-se


se de que as pessoas não
semi – cerram os olhos quando está a medirdir a AV de longe. Caso
contrário, a medição da AV será incorrecta.

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MEDIÇÃO DA ACUIDADE VISUAL COM FURO ESTENOPEICO
A medição da AV
V com furo estenopeico é semelhante à medição normal da AV de longe.

Passo 1: Oclusão (cover) do olho que não está a ser testado.


estado.
Oclusão do olho esquerdo do paciente. Isto
sto pode ser feito com um oclusor,
ou simplesmente com a palma da mão do paciente.

Passo 2: Use o furo estenopeico no outro olho.


Coloque o estenopeico na frente do olho direito, também pode pedir ao
paciente para o segurar.

Se o teste com o furo estenopeico for realizado mais


próximo ao olho do paciente,, a carta de AV parece mais
brilhante. Torna-se mais fácil para a pessoa ver.

Passo 3: Medida da AV com o estenopeico.


Peça ao paciente que olhe através do furo e leia a linha de AV de longe
mais pequena que consiga ver.

Passo 4: Registo da AV com estenopeico


estenopeico.
Anote a AV
V com estenopeico no cartão de registo.
Lembre-se
se de escrever que a AV foi medida com o estenopeico:
Exemplo: OD: 6/7.5 com estenopeico ou OD: 6/7.5 PH

Exemplos de Medição da AV com furo estenopeico:

Exemplo 1
Uma senhora que não usa óculos de longe e vem até si para realizar um
exame oftalmológico.

Mede a AV de longe para cada olho.


• AV do olho direito (olho esquerdo ocluído):
A senhora lê a linha 6/120 correctamente, mas só consegue ver duas
letras correctas na linha 6/60 (linha abaixo da 6/120
120).
→ Escreve: AV OD: 6/120+2sem ajuda

• AV do olho esquerdo (olho direito ocluído):


Com o olho esquerdo, esta senhora consegue ler a linha toda de 6/60.
Pergunta se consegue ver algumas letras na linha abaixo (6/48), e esta
consegue ver três dessas letras correctamente.
→ Escreve: AV OE: 6/60+3 sem ajuda

A AV desta senhora é inferior a 6/18 em ambos os olhos, então deve realizar o


teste com estenopeico.

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Mede a AV com estenopeico para cada um dos olhos.
• O OD olha através do estenopeico e o OE está ocluído.
Agora, a senhora consegue ler toda a linha de 6/7.5, mas na linha
abaixo, não consegue ver nenhuma letra.
→ Escreve: AV OD: 6/7.5 PH

• O OE olha através do estenopeico e OD está ocluído.


Com este olho, a senhora consegue ver todas as letras na linha
de 6/7.5 e mais duas linha seguinte.
→ Escreve: AV OE: 6/7.5+2 PH.

A partir destes resultados da AV pobre, conclui-se que se trata de um


erro refractivo por corrigir e espera-se que passe a ver bem com a
nova prescrição.

Exemplo 2:
Um paciente vem até si para realizar um exame oftalmológico. Foi-
lhe dado uns óculos para longe á 2 anos atrás e usa-os o tempo
todo.

Mede a AV de longe do senhor com o óculo para cada olho


separadamente (isto é AV habitual do senhor).

• AV do olho direito (o olho esquerdo está ocluído):


O senhor lê a linha de 6/18 correctamente, e ainda duas letras na
linha 6/15 (linha abaixo de 6/18).
→ Escreve: AV OD: 6/18+2 ajudado
Decide realizar o teste de AV com estenopeico para este olho (mesmo
que o teste seja opcional, porque a AV é melhor do que 6 /18).
Com o estenopeico, o senhor consegue ler a linha 6/6, mas, já não
consegue ver nada na linha seguinte.
→ Escreve: AV OD: 6/6 PH.

• AV do olho esquerdo (olho direito está ocluído):


Com o seu olho esquerdo, este senhor não consegue ver todas as
letras na carta de AV, mesmo quando usa óculos.
Pede ao senhor para fazer um esforço, mas mesmo assim, diz que não
consegue.
A 3 m de distância do senhor, levanta dois dedos e este diz
correctamente que tem dois dedos levantados.
→ Escreve: AV OE CD @ 3 m com ajuda.

A AV do OE deste senhor é inferior a 6/18, por isso deve-se realizar o teste com o estenopeico.

Com o estenopeico o senhor diz-lhe que ainda não consegue ver todas as
letras da carta.
Pede-se ao senhor para mover o estenopeico e para ver se isso ajuda.
O senhor diz-lhe que não ajuda e contínua sem conseguir.
→ Escreve: AV OE CD @ 3 m com ajuda NMPH

NMPH = Nenhuma melhoria com estenopeico


Isto significa que a AV não melhora com o furo estenopeico.

Este senhor tem uma visão muito pobre e não se deve apenas ao erro
refractivo por corrigir, provavelmente tem um problema de saúde ocular que lhe
está a causar a perda de visão.
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O QUE FAZER COM OS RESULTADOS DA AV COM O ESTENOPEICO
Já sabe como medir a AV com estenopeico, mas é necessário que saiba também o seu significado e o
que deve fazer de seguida.

Se a AV com estenopeico é 6/12 ou melhor → Faça refracção.

Se a AV com estenopeico e 6/12 ou pior → Encaminhar para um exame de saúde ocular.


→ Também pode fazer refracção.

AMBLIOPIA
Um olho com ambliopia, por vezes é chamado de olho preguiçoso. Um olho amblíope não vê nítido –
mesmo quando se usa o estenopeico.

Causa da Ambliopia: A ambliopia desenvolve-se durante a infância, quando os olhos estão em


crescimento e o cérebro em desenvolvimento.

Durante a infância, o cérebro faz caminhos para que possa interpretar as


mensagens visuais que lhe são enviadas pelos olhos. Se um olho não vê
nitidamente durante a infância, o cérebro não é ser capaz de fazer estes
caminhos.

Exemplos
• A criança não vê bem se tiver um erro refractivo alto.
• A criança não vê bem se tiver uma catarata.

Ambas as crianças, provavelmente terão uma ambliopia, se não receberem


tratamento atempadamente.

O maior desenvolvimento do cérebro para a visão numa criança, ocorre antes


dos 7 anos de idade. Após esta idade, o cérebro ainda desenvolve, mas o seu
crescimento será muito mais lento e as vias ópticas, provavelmente nunca vão
funcionar tão bem como deveriam – é por isso que se desenvolve a ambliopia,
problemas oculares que não foram tratados durante o crescimento da criança.

Um adulto que tenha uma visão pobre, não vai desenvolver ambliopia, porque
as vias ópticas já se desenvolveram nos primeiros anos de vida. Uma criança
que tenha sido tratada correctamente, em adulta vai ver bem.

Exemplo
Um senhor com 55 anos tem uma catarata, mas este não tem hipótese de ser
operado para a retirar até aos 65 anos de idade.

Contudo, quando lhe é retirada a catarata ele vê nitidamente outra vez – não
desenvolve a ambliopia, porque os seus caminhos visuais já estavam
formados.

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Detecção da
Ambliopia: Por vezes, uma pessoa que tenha baixa visão num dos olhos, não sabe que
tem este problema
problema,, isto porque quando ambos os olhos estão abertos, o olho
bom fornece toda a informação visual necessária. Quando ambos os olhos são
testados separadamente é que o problema se torna visível. Por isso é que é
importante que se meça a AV monocularmente duran
durante
te o exame.

Se uma criança tem baixa visãoo em apenas um dos olhos é


extremamente improvável
ável que ela note, isto é, a criança vai
usar o olho bom para ver.

Normalmente, uma criança com om baixa visão em apenas um


dos olhos, só será identificado se realizar um exame visual
com um profissional de cuidados visuais..

Por vezes, uma pessoa diz-lhe que a visão


o num dos olhos sempre foi pobre. Se
lhe disserem
em isto, poderá ter ambliopia, contudo, deve avaliar todos os
problemas oculares em primeiro lugar
lugar.

A ambliopia é um diagnóstico de exclusão.

Isto significa que só pode dizer a uma pessoa que tem


ambliopia, se todas as outras razões
ões possíveis para a visão
pobre forem excluídas (descartadas).

Pode ser perigoso assumirr simplesmente que uma pessoapesso


tem ambliopia, quando tem visão o pobre – poderão ter uma
doença ocular mais grave do que aquela que está a falar!
falar

Geralmente, a melhor AV para um olho amblíope corrigido será de 6/9 ou pior.

Por vezes, um olho amblí


amblíope
ope também terá estrabismo (um olho desviado).

• O estrabismo
strabismo pode causar ambliopia (o olho desviado não vê muito bem
e as vias ópticas não funcionam normalmente
normalmente); e

• A ambliopia pode causar estrabismo.

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dade Visual com Furo Estenopeico – MANUAL DE ESTUDO • 8
ICEE Refractive
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Tratamento da
Ambliopia: É extremamente importante que uma criança que tenha baixa visão
visã receba os
tratamentos ad
adequados para resolver o problema mais rápido
rá possível.

Se uma criança não for tratada adequadamente com rapidez,


rapid esta pode tornar-
se amblíope, o que significa que a sua visão será permanentemente afectada.

Se achar que uma criança tem uma ambliopia,


ambl deve
encaminha-la para um profissional com experiência
experiên o mais
rapidamente possível.

or tratada, maior será a


Quanto mais cedo uma criança for
probabilidade de recuperar a visão e não desenvolver
ambliopia.

Exemplos

• Examina uma paciente com 20 anos, verifica que ela tem uma alta
hipermetropia no olho direito desde beb
bebé.
é. Prescreve-lhe
Prescreve o primeiro par
de óculos
óculos.

Mesmo que a imagem que agora chega á retina seja nítida,ní o seu
cérebro
érebro nunca aprendeu a interpretar a imagem deste olho.
olho

A visã
visão com o olho direito nunca será perfeitamente nítida – porque a
hipermetropia elevada não foi corrigida em criança, enquanto os
caminhos visuais ainda estavam em desenvolvimento.
desenvolvimento Este paciente
tem ambliopia no olho direito.

• Um senhor com 30 anos vem fazer um exame. Este diz que nasceu
com uma catarata no olho esquerdo. No ano passado, teve a
oportunidade de ser operado á catarat
catarata.

O seu cérebro nunca aprendeu a compreender as mensagens visuais


desse olho, enquanto era criança.

A visão do olho esquerdo nunca será inteiramente nítida, agora que


retirou a catarata – o olho esquerdo é amblíope.

Percebe o porquê de ser tão importante tratar a causa


da baixa visão em tenra idade?

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dade Visual com Furo Estenopeico – MANUAL DE ESTUDO • 9
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• Ao examinarr os olhos a uma menina de 4 anos, verifica que ela tem um
erro refract
refractivo elevado em ambos os olhos.

Prescreve
Prescreve-lhe um óculo e diz-lhe que deve usa-lo
lo sempre – mesmo que
a adaptaç
adaptação demore algumas semanas até se sentir confortável com
eles
eles.

Agora os olhos têm uma vis


visão
ão nítida e o cérebro tem a oportunidade de
fazer os seus caminhos visuais.

Esta menina não vai desenvolver uma ambliopia e terá uma boa visão,
vis
quando for mais velha (e
(embora
mbora esta criança vá usar óculos para o resto
da vida para ter uma boa visão), terá uma boa visão com óculos,
porque o seu erro refractivo foi corrigido precocemente e os seus
caminhos visuais desenvolveram
desenvolveram-se
se normalmente.
normalmente

Facto Interessante:
Imagine que a criança do exemplo anterior tem agora 18 anos de idade. Ela
usa o óculo todos os dias desde os 4 anos, mas agora recusa-se
recusa a usar óculos
mesmo que a sua visão fique desfocada sem eles.

Acha que poderá vir a desenvolver uma ambliopia?

Não! Mesmo que ela não use os óculos


culos até aos 28 anos, já
j não se desenvolve
ambliopia.

Isto porque o seu cé


cérebro fez os caminhos visuais
uais enquanto criança (enquanto
estava a usar os óculos
óculos).

Se esta rapariga começar a usar novamente os óculos aos 28 anos, ela vai ver
bem novamente – não vai ter ambliopia.

A ambliopia num adulto não pode ser tratada – é demasiado


tarde. Por isso é que o tratamento da ambliopia é tão
importante, assim como encontrar as causas da baixa visão
em crianças o mais cedo possível.

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TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS

1. Qual o tamanho (diâmetro) que deve ter o furo estenopeico para obter bons
resultados?
__________________________________________________________________

2. Quando é que deve fazer o teste com furo estenopeico?


__________________________________________________________________

3. Se a acuidade visual (AV) de longe de um senhor melhora sem ajudas


quando olha através de um furo, o que significa?
__________________________________________________________________

4. Se a AV de longe de uma senhora permanece igual quando vê através de um


furo, o que significa?
__________________________________________________________________

5. Se um senhor tem uma AV de longe pobre com os seus óculos, mas com o
furo estenopeico esta melhora, o que significa?
__________________________________________________________________

6. A AV de longe de uma senhora sem ajuda é 6/18 e com o estenopeico é 6/6.


Isto significa que a senhora não tem problema de saúde ocular?
__________________________________________________________________

7. O que pode fazer com que a sua medição de AV com estenopeico seja menos
precisa?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

8. O teste com furo estenopeico deve ser sempre feito (assina-le todas as
respostas correctas):
a. Monocularmente Binocularmente
b. Para longe Para perto

9. Se acha que uma criança tem ambliopia, o que deve fazer?


__________________________________________________________________

10. Se um adulto tem ambliopia, o que deve fazer?


__________________________________________________________________

11. O que deve fazer se a AV com estenopeico for pior que 6/12?
__________________________________________________________________

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HIPERMETROPIA, MIOPIA
E ASTIGMATISMO

PENSA
Já reparou que algumas pessoas têm dificuldades a ver ao longe - mas vêem muito bem ao perto,
enquanto que outras têm dificuldades a ver as coisas que estão próximas - mas conseguem ver as que
estão longe, com facilidade?

Diferentes erros refractivos afectam a visão em distâncias diferentes. Dependendo do tipo de


erro refractivo, a visão de longe, perto ou longe e perto pode ser afectada.

OBJECTIVO
Esta unidade mostra-nos que algumas pessoas com olhos saudáveis não vêem
nitidamente ou confortavelmente, e explica-nos como os óculos podem ajudar estas pessoas a ver
bem.

RESULTADOS A OBTER
Depois de trabalhar com esta unidade, deve ser capaz de:

• descrever as causas da miopia, hipermetropia e astigmatismo

• conhecer os sintomas visuais da miopia, hipermetropia, ou do astigmatismo

• identificar quais as lentes correctas para a miopia, hipermetropia e astigmatismo

• reconhecer as complicações que estão associadas com a hipermetropia e a miopia

• compreender como e o porquê dos sintomas dos erros refractivos com a mudança de idade.

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ERROS REFRACTIVOS
Existem quatro tipos de erros refractivos: hipermetropia, miopia, astigmatismo e presbiopia.

Nesta unidade, vamos abordar estes três erros (hipermetropia, miopia e astigmatismo). A presbiopia
será abordada noutras unidades.

HIPERMETROPIA
O que é a
Hipermetropia? Quando os raios de luz de um objecto distante (6 m ou mais) entram no foco
atrás da retina num olho relaxado, diz-se que o olho é hipermetrope
(ou hipermetrópico), ou que a pessoa é hipermetrope.

A Figura 1 mostra a luz de um objecto distante centrado num ponto focal atrás
da retina de um olho relaxado, olho hipermetrope. A luz na verdade não se foca
atrás do globo ocular, mas seria isto que aconteceria se o fundo do olho não
bloqueasse os raios de luz.

Figura 1: O ponto focal em um olho hipermetrope relaxado está por trás da retina.

Causas da
Hipermetropia: A hipermetropia pode ser causada por:

• um olho ser mais pequeno que o normal (chamada de hipermetropia axial)

• a córnea e/ou o cristalino serem muito planos (não têm curvada suficiente)
e, portanto, têm pouca potência (chamada de hipermetropia refractiva).

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Efeito da
acomodação
na hipermetropia: A figura 1 mostra-lhe como a luz de um objecto distante entra em foco atrás da
retina num olho hipermetrope relaxado.

A figura 2 mostra-lhe o mesmo olho quando acomoda o suficiente, apenas para


trazer o ponto focal á retina e fazer com que a visão de longe seja nítida. Desta
forma, uma pessoa com hipermetropia pode ser capaz de acomodar para
ver bem sem óculos.

Figura 2: Ponto focal de um olho hipermetrope acomodado, na retina.

Sintomas de Os sintomas da hipermetropia podem variar dependendo da quantidade


hipermetropia por de acomodação que está a ser usada (quantos anos tem a pessoa), e a
corrigir: quantidade de hipermetropia.

No entanto, a maioria das pessoas com hipermetropia queixam-se


com dificuldades para ver ao perto - normalmente dizem que vêem pior
ao perto do que ao longe.

Os hipermetropes, muitas vezes acham que a sua visão piora à noite


ou com pouca luz.

Como referência, pode-se dizer que:

• Se a hipermetropia for pequena (hipermetropia baixa), a pessoa


pode ser capaz de acomodar o suficiente para compensar o erro
refractivo - neste caso, vai ter uma visão nítida, tanto ao longe como ao
perto, sem óculos.

Uma pessoa com uma hipermetropia baixa, pode (ou não) queixar-se
que sente os olhos cansados, doridos, ou que tem dores de cabeça, se
esta fizer muito trabalho em visão próxima, como leitura ou costura.

Estes sintomas são às vezes chamados de “astenopia” (cansaço


visual ou fadiga visual) e são causados por fadiga (cansaço) do músculo
ciliar, que trabalha para fazer a lente acomodar.

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As pessoas com astenopia podem ter falta de concentração quando
trabalham em visão próxima, por vezes evitam fazê-lo, se puderem.

• Se a quantidade de hipermetropia for de valor médio (hipermetropia


moderada), a pessoa pode queixar-se de visão de perto desfocada,
contudo, esta pode dizer que vê bem ao longe.

• Se a quantidade de hipermetropia é elevada (hipermetropia alta), a


pessoa dizer-lhe que tanto ao longe como ao perto tem visão desfocada.

• Uma grande quantidade de hipermetropia pode causar desvios


(também chamado de estrabismo). Noutra unidade falar-lhe-emos mais
sobre o estrabismo.

O que acontece
quando os hipermetropes
envelhecem?
Como se pôde ver na figura 2, a acomodação pode mover o foco de modo a que
a imagem formada seja nítida.

Com a idade, os sintomas da hipermetropia geralmente pioram, embora a


quantidade de hipermetropia seja a mesma. Isto porque, à medida que
envelhecemos, o cristalino torna-se menos flexível e mais duro, dificultando o
trabalho do músculo ciliar de alterar a forma da lente. Quando isso acontece, é
mais difícil para o olho acomodar, para compensar a hipermetropia.

O cristalino de uma criança é muito macio e flexível, e esta consegue acomodar


muito e com facilidade. Isto significa que, até uma criança que tenha uma
hipermetropia alta, pode-se dizer que não tem dificuldades a ver (ao longe ou ao
perto) – a criança pode ter uma boa visão em todas as distâncias.

No entanto, uma criança pode ter outros sintomas, porque o músculo ciliar da
criança tem que trabalhar em demasia para conseguir ver nítido. Os sintomas
que uma criança com uma alta hipermetropia pode apresentar são, dores ou
cansaço nos olhos, esfrega os olhos, por vezes tem visão desfocada, dificuldade
de concentração enquanto faz tarefas de perto. Uma criança com hipermetropia
alta também pode ter um olho que por vezes desvia (isso é chamado de
estrabismo).

Eventualmente, à medida que envelhecemos, o cristalino torna-se


completamente sólido e já não é suficientemente flexível para acomodar - isto é
parte do processo natural do envelhecimento, e acontece a todos nós por volta
dos 40 ou 45 anos de idade. Quando isso acontece, não é importante saber o
quanto o músculo ciliar funciona, este não consegue mudar a forma da lente e o
olho não consegue acomodar.

A maioria das pessoas que têm hipermetropia, ao inicio, só pretendem óculos


para o tarefas de perto (pois é necessário acomodar mais em visão próxima
do que em visão de longe). No entanto, à medida que envelhecem, os
hipermetropes também vão necessitar de óculos para visão de longe. Isso
ocorre porque têm menor capacidade de acomodar, mesmo os hipermetropes
baixos ou moderados têm dificuldades ao longe.

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Como é que uma pessoa com hipermetropia vê:

Hipermetropia baixa: Hipermetropia moderada: Hipermetropia alta:


Pode ter uma visão boa ao longe Visão de perto desfocada, Visão desfocada tanto ao longe
e ao perto, mas pode ter cansaço mas uma visão boa ao longe. como ao perto (a visão de perto é
visual e dores de cabeça. pior do que a visão de longe).

Figura 3: Como uma pessoa com hipermetropia baixa, moderada ou alta vê.

Correcção da
Hipermetropia: Hipermetropia é corrigida com lentes convexas (ou "positivas"), lentes
esféricas. Ao corrigir a hipermetropia com lentes positivas, está a diminuir a
necessidade do olho em acomodar.

Figura 4: O olho de um hipermétrope de + 4,00D está a acomodar 4,00 D, o


ponto focal está na retina e a visão ao longe é nítida.

Neste caso (figura 4), se a pessoa tem menos de 20 anos, pode-lhe


prescrever apenas metade da quantidade do erros refractivo (+2,00D - figura
5), pois este é jovem e ainda tem muita facilidade em acomodar.

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Figura 5: O mesmo olho que na figura anterior com uma lente de + 2,00 D em
óculo. Agora, o olho só tem que acomodar 2,00 D para ter uma boa visão de longe.
Isso fará com que os olhos da pessoa se sintam mais confortáveis,
especialmente ao perto, pois não têm que acomodar tanto.

Se a pessoa tivesse 30 anos ou mais, provavelmente iria prescrever-


lhe +4,00 D (figura 6), porque a capacidade deste de acomodar está a diminuir.

Figura 6: O mesmo olho que na figura anterior, mas agora com uma lente de
+4,00 D em óculo. O olho não necessita de acomodar para manter a visão de
longe nítida.

A correcção por completo do erro refractivo na hipermetropia não é


necessária em todos os casos. Em pessoas mais jovens, é mais confortável
que apenas uma parte da hipermetropia seja corrigida, para que ainda seja
usada alguma acomodação. Por vezes, não é aconselhável que
a hipermetropia seja totalmente corrigida, pois um jovem pode queixar-se de
visão desfocada ao longe - simplesmente porque são incapazes de relaxar a
acomodação por completo. Um exemplo de uma correcção parcial
da hipermetropia foi visto na figura 5.

Quando uma pessoa com hipermetropia envelhece e tem menos capacidade


em acomodar, é necessária uma lente positiva de maior potência para que esta
possa ter uma visão nítida.

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Quando uma pessoa tem cerca de 60 anos, há pouca ou
nenhuma acomodação e a hipermetropia deve ser totalmente corrigida (figura
6).

Hipermetropia e
Estrabismo
Convergente: Embora tenhamos dito que a correcção total da hipermetropia pode não ser
necessária para todos os jovens, há momentos em que é extremamente
importante que seja corrigida totalmente - mesmo nos jovens.

A hipermetropia em crianças pode provocar desvio num dos olhos.

Este problema tem vários nomes:


• Estrabismo convergente
• Desviou um olho
• Cruzou os olhos

Ao prescrever a estas crianças a correcção total da hipermetropia, geralmente


relaxa a acomodação e os olhos alinham - mas por vezes outros tratamentos
também são necessários.

As crianças que não têm os olhos alinhados (um olho pode


estar desviado para dentro, para fora, para cima ou para
baixo), deve ser sempre encaminhada para uma pessoa
entendida para tratar este problema.

É muito importante que estas crianças sejam


tratadas enquanto crianças, devem ser
encaminhadas rapidamente.

Se o tratamento não for recebido, enquanto criança, o


problema pode tornar-se permanente.

As crianças têm muita capacidade em acomodar e, geralmente, não


conseguem relaxar mesmo que tentem. Para examinar os olhos das
crianças com hipermetropia, a acomodação deve ser totalmente relaxada,
assim o profissional, para controlar a acomodação vai usar um colírio
especial chamado de "cicloplégico". Estas gotas paralisam os
músculos ciliares por várias horas para que a criança não possa acomodar e o
valor total da hipermetropia possa ser quantificado.

Nota: Nem todos os casos de estrabismo são causados por hipermetropia não
corrigida, ou seja, os óculos não vai ajudar em todos os tipos de estrabismo.

Figura 7: Uma criança com estrabismo (olho desviado) deve ser


sempre encaminhada para um profissional para que possa tratar este problema.
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MIOPIA
O que é a
Miopia? Quando os raios de luz de um objecto distante (6 m ou mais) entram em foco
na frente da retina num olho desacomodado, diz-se que o olho é míope, ou que
a pessoa tem miopia.

Na figura 8, vê-se que os raios de luz que chegam paralelos de um objecto


distante são focados antes da retina. O raios de luz são divergentes quando
atingem a retina. Isto significa que a visão ao longe sem ajudas será
desfocada.

Figura 8: O ponto focal de um olho míope desacomodado e formado antes da retina.

Causas da
Miopia: Miopia pode ser causada por:

• um olho ser maior que o normal (isto é chamado de miopia axial)


• a córnea e/ou o cristalino são demasiado curvos e, portanto, têm muita
potência (isso é chamado de miopia).

Efeito da acomodação
na miopia: A acomodação não tem efeito sobre a miopia.

Uma pessoa hipermetrope pode usar a acomodação para tentar que a


visão de longe seja nítida. Então, por que é que a acomodação não ajuda na
visão de longe na miopia?

Se olhar para as figuras 2 e 4, pode ver que quando o olho hipermetrope


acomoda, o ponto focal aproxima-se do cristalino. A acomodação só funciona
nessa direcção.

Agora, se olhar para as figuras 9 e 10, pode ver que, um olho míope corrigido
acomoda durante a observação de um objecto distante, o ponto focal move-se
para mais longe da retina. O desfocado na retina será ainda pior, então uma
pessoa com miopia não é capaz de ver nitidamente se acomodar.

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Figura 9: O ponto focal num olho míope relaxado é formado na frente da retina.

Figura 10: O ponto focal num olho míope a acomodar é formado mais longe
da retina.

Sintomas da Uma pessoa com miopia, independentemente da idade, terá uma visão de
miopia por perto melhor do que a visão de longe.
corrigir:
Pessoas com miopia (também chamados de míopes) queixam-se da
visão de longe desfocada, ou então dizem-lhe que não são capazes de
reconhecer as pessoas que estão distantes. Estas podem dizer-lhe
ou pode notar, que quando semi-cerram os olhos vêem melhor.

Pessoas míopes muitas vezes acham que têm uma visão pior à noite
ou com pouca luz.

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Como é que uma pessoa com miopia vê:

Baixa miopia: Miopia moderada: Alta miopia:


Visão de longe desfocada, Visão ao longe desfocada, Visão desfocada ao longe e ao
mas boa visão de perto. mas boa visão de perto. perto (a visão de longe é pior
que a visão de perto)
Figura 11: Como uma pessoa com miopia baixa, moderada e alta vê.

Correcção da
Miopia: Lentes esféricas côncavas (ou "negativa") corrigem a miopia. As
próximas três figuras vão ajudar a explicar como é que as lentes
esféricas negativas podem corrigir.

Figura 12: Um olho relaxado não corrigido com 10,00 D de miopia está a olhar
para um objecto distante. O ponto focal está à frente da retina. Os raios de luz são
divergentes à medida que atingem a retina e assim a visão ao longe é desfocada.

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Figura 13: O mesmo olho que na figura anterior, mas desta vez a olhar para um
objecto que está a 10 cm. Agora, o ponto focal está na retina, pois a visão de
perto é nítida. Este olho vê nitidamente objectos que estão a 10 cm ou mais.

Figura 14: De novo o mesmo olho, mas desta vez a olhar para um objecto
distante através de uma lente de -10,00 D. Pode-se ver que a lente de -
10,00 D diverge os raios de luz antes que estes atinjam o olho - como se viessem
de um ponto a 10 cm do olho. Este é o mesmo ponto em que o olho, sem ajudas,
vê o objecto de forma nítida. Assim, com uma lente de -10,00 D a ajudá-lo, este
olho míope verá nitidamente ao longe.

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Prever o poder
das lentes negativas
para olhos míopes: Para olhos míopes saudáveis, é perfeitamente perceptível quando um objecto
está mais perto ou mais longe, contudo, a qualquer distância mais longe, estes
terão visão desfocada.
A tabela abaixo pode ser usada para estimar o poder da lente que uma
pessoa pode precisar para ver nitidamente ao longe.

Tabela 1: A distância em que um olho míope pode ver nitidamente, ajuda-nos a


prever a potência da lente que necessitam.

Vê nitidamente Potência da lente para


a esta distância veja nitidamente a 6 m
(aproximadamente)
2m –0.50 D
1m –1.00 D
66 cm –1.50 D
50 cm –2.00 D
40 cm –2.50 D
33 cm –3.00 D
25 cm –4.00 D
20 cm –5.00 D
10 cm –10.00 D

Lembre-se:
Um “objecto distante” é algo que está a 6 metros ou mais de
distância do olho.

A partir desta tabela pode prever o poder da lente para ver nitidamente um
objecto a:
• 1 m e/ou mais perto, precisa de -1,00 D para ver um objecto nítido ao
longe.
• 50 cm e/ou mais perto, precisa de -2,00 D para ver um objecto nítido ao
longe.
• 25 cm e/ou mais perto, precisa de -4,00 D para ver um objecto nítido ao
longe.

Se aproximar um objecto de um paciente míope e medir a


distância a que ele diz que o vê nítido, pode usar a tabela e
prever a potência da lente negativa que vai precisar.

Vai necessitar de realizar um exame refractivo para obter a potência exacta da


lente (ou lentes) que darão á pessoa uma melhor visão.

Cálculos: A distância em que um olho míope pode ver nítido

Se não quiser usar a tabela, e se quer saber como prever o erro refractivo
miópico, pode usar a seguinte fórmula:

F = 100/f

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Onde f = distância (medida em cm)

e F = potência da lente (medida em D)

Exemplo:
Um menino consegue ver as coisas nitidamente se estiverem a 40
centímetros dos seus olhos ou mais perto. Que erro refractivo prevê para este
menino?

F = 100 / f = 100 / 40 = 2,50 D

Dos sintomas do menino sabe-se que é míope, então ele necessita de


uma lente negativa para corrigir o seu erro refractivo. O poder da lente
necessária para lhe dar uma visão nítida ao longe será de
aproximadamente -2,50 D.

Miopia
Patológica: O globo ocular de uma pessoa míope é normalmente mais longo (e maior) do
que o globo ocular de uma pessoa com um olho normal. Olhos míopes, por
vezes, crescem muito mais do que um olho normal e a esclera e a retina são
esticadas.

Por este motivo, alguns olhos míopes têm a esclera e a retina finas. Isso é
chamado de degeneração míopica. Olhos com
degeneração míopica têm miopia patológica e a sua visão pode ser pobre,
mesmo que a miopia seja corrigida com óculos. Isso ocorre porque a retina tem
sido danificada.

Em alguns olhos míopes, a retina é tão adelgaçada que facilmente se pode


descolar. Isso é chamado de descolamento de retina, e pode causar cegueira
irreversível se não for tratada por um oftalmologista no prazo de 24horas. Os
sintomas de um descolamento de retina são luzes (como relâmpagos) e /
ou pontos de luz flutuando na visão da pessoa.

Se uma pessoa lhe diz que está a ver luzes a piscar ou que de
repente apercebeu-se de manchas a flutuar na visão, é uma
emergência ocular.

Estas pessoas devem ser encaminhadas com urgência


(imediatamente) para um oftalmologista.

Descolamento de retina pode acontecer a qualquer um, mas é mais comuns


em míopes.

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ASTIGMATISMO
O que é o
Astigmatismo? Um olho com astigmatismo tem potências diferentes
em diferentes meridianos do olho. Isso faz com que a luz que entra no olho se
concentre em diferentes lugares, em vez de num único ponto.

Causas do
Astigmatismo: As superfícies da córnea e o cristalino são as principais estruturas com
potência refractiva (foco) do olho. Olhos normais (aqueles que não têm erros
refractivos), bem como olhos
hipermétropes e míopes têm superfícies refractivas esféricas. A superfície
esférica é como o de uma bola redonda, e tem a mesma curvatura em todos os
meridianos (direcções) na sua superfície.

No astigmatismo, as superfícies refractivas do olho não tem a


mesma curvatura em todos os meridianos (direcções).

As superfícies de refracção de um olho astigmata são


semelhantes as superfícies de uma bola de rugby ou um ovo -
não são igualmente redondas ou curvadas em todas as
direcções - é chamada de uma superfície tórica.

Uma superfície tórica tem dois meridianos: um meridiano é


mais íngreme (mais curvo) e o outro meridiano é mais plano
(menos curvo).

Figura 15: Uma bola de futebol tem uma superfície esférica. Uma bola de rugby
(em forma de ovo) tem uma superfície tórica.

Os meridianos de uma superfície tórica são geralmente perpendiculares entre


si, estão num ângulo de 90 ° um do outro.
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Exemplos
• Um meridiano pode ser horizontal (a 180°) e outro vertical (a 90°)
→ 180° – 90° = 90°

• Um meridiano pode estar a 45 º e o outro a 135 º


→ 135° – 45° = 90°

A causa mais comum do astigmatismo é uma córnea tórica. Isso ocorre porque
a córnea tem a maior parte da potência refractivo do olho .

Figura 16: Esta córnea não é esférica, deste modo, não foca a luz num único
ponto – causa do astigmatismo no olho. Uma superfície que tem dois pontos
focais, é chamada de superfície tórica.

Os dois meridianos de um olho astigmata tem diferentes potencias, a lente para


corrigir o astigmatismo também deve ter diferentes potências
nos diferentes meridianos. Cada meridiano pode ser corrigido com uma lente
cilíndrica. Geralmente são necessárias duas lentes cilíndricas (uma para cada
meridiano), estas estão unidas para fazer uma lente esfero - cilíndrica única.

Por vezes é mais fácil pensar no globo ocular tórico como


sendo simplesmente uma bola de futebol deformada.

Uma pessoa com astigmatismo geralmente tem


uma superfície da córnea que é tórica, mas não será
perceptível apenas olhando para ela. São
necessários Instrumentos especiais para medir a superfície da
córnea, mas se se olhar para um olho astigmata, este vai
parecer-lhe normal.

Isso ocorre porque a quantidade de astigmatismo corneano


pode ser pequeno, a fim de criar uma quantidade significativa
de astigmatismo.

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Sintomas de Uma pessoa com astigmatismo (às vezes chamado de "astigmata") diz-
Astigmatismo por se que têm problemas na visão de longe e de perto, porque não
Corrigir: há espaço para que se possa formar uma imagem nítida na retina. Isto é
verdade para os idosos e para pessoas com grandes astigmatismos.

Se a quantidade de astigmatismo for pequena, e a pessoa for jovem, a


visão sem ajuda pode ser boa (mas não é perfeita), tanto para longe
como para o perto. No entanto, neste caso, um jovem com
astigmatismo muitas vezes tem astenopia (cansaço ocular) ou dores de
cabeça. Isso ocorre porque os jovens têm facilidade em acomodar e
muitas vezes tentam usa-la para compensar a visão pobre (porém, ao
usar a acomodação para compensar o astigmatismo, não vai funcionar e
a visão continuará pobre).

Lembre-se:
Quando as pessoas acomodam é quase sempre sem saber
que o fazem.

Um jovem com astigmatismo que tente aclarar a visão, ao


usar a acomodação, fá-lo inconscientemente (sem pensar).
Estes não percebem que estão a cansar o músculo ciliar,
acomodando de mais.

Uma pessoa com uma grande quantidade de astigmatismo,


tem dificuldades a ver tanto ao longe como ao perto.

Como é que uma pessoa com astigmatismo vê:

Astigmatismo moderado: Astigmatismo alto:


Visão um pouco desfocada tanto Visão de longe e de perto muito desfocada.
ao longe como ao perto.
Figura 17: Como uma pessoa com astigmatismo moderado e alto vê.

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Correcção do
Astigmatismo: O astigmatismo não pode ser corrigido com lentes convexas ou côncavas, só
esféricas. Isso ocorre porque o erro refractivo do astigmatismo não é o
mesmo em todas as direcções.

Para corrigir o astigmatismo, é necessário uma lente cilíndrica. Existem dois


tipos de lentes para o astigmatismo - ou seja, as lentes cilíndricas e esfero-
cilíndricas.

• Lentes cilíndricas:
A lente cilíndrica tem poder em apenas um dos meridiano.
Este tipo de lente é usada para pessoas que só têm como erro
refractivo o astigmatismo, sem miopia ou hipermetropia.
A lente cilíndrica é colocado em frente ao olho num ângulo específico
para que o poder da lente corresponda ao meridiano do
astigmatismo no olho.

Um exemplo de uma correcção cilíndrica é: -2,00 x90º


Isso significa, que uma lente cilíndrica de duas dioptrias tem o seu
eixo a noventa graus. E pode dizer: "menos duas dioptrias de cilindro,
com eixo a noventa".

• Lente esfero-cilíndrica:
Pode-se pensar numa lente esfero-cilíndrica como uma lente cilíndrica,
combinada com uma lente esférica.
Esta tem diferentes poderes em meridianos diferentes (ao contrário de
uma lente esférica que tem o mesmo poder em todos os meridianos da
lente).

Algumas pessoas têm um erro refractivo com uma parte esférica


(hipermetropia ou miopia), e com uma parte de astigmatismo.
Essas pessoas terão uma lente esférica e uma lente cilíndrica para
corrigir o seu erro refractivo.

Felizmente, isso não significa que a pessoa tenha que usar duas lentes
no óculo, uma em cima da outra. Uma lente esfero-cilíndrica é uma
lente especial que combina uma esférica com uma lente cilíndrica.
Geralmente, a superfície frontal da lente é a parte esférica, e a
superfície posterior o cilíndrica.

Para corrigir o astigmatismo com precisão deve certificar-se de que o


poder da lente astigmata está correcto. Também se deve certificar que
o eixo da lente astigmata está colocado no eixo correcto – este ângulo
é medido em graus (º). Este eixo tem que corresponder com os
meridianos das superfícies tóricas do olho, para garantir que a potência
em cada meridiano do olho seja corrigido com precisão.

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Os instrumentos que se utilizam para medir o erro refractivo do olho terão
uma escala com escala semelhante às da figura 18. Observe que o eixo do
cilindro estará entre 0 º e 180 º. Apesar de o 0 º e o 180 º estarem na mesma
direcção, no mesmo eixo, daí se dizer sempre "180 º", e não "0 º".

Figura 18: Escala de eixo para medir o astigmatismo. Apesar de 0º e


180 º estarem na mesma direcção horizontal, diz-se sempre 180 º.

Uma boa maneira de se lembrar da diferença entre


"horizontal" e "vertical" é que horizontal é na mesma direcção
que o "horizonte" (a linha onde o céu e a terra se encontram).

Exemplo 1
Um exemplo de uma lente esfero-cilíndrica é: +3.25 D –1.50 DC x 180
Também pode ser escrita como: +3.25 −1.50 x 180

E lê-se como: "mais três e vinte e cinco, menos um e cinquenta, a 180".

Exemplo 2
Outro exemplo de uma lente esfero-cilíndrica é: –0.50 D –2.00 DC x 127
Também pode ser escrita como: –0.50 –2.00 x 127

Isso pode ser lido como: "menos zero cinquenta, menos dois, a 127".

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Adaptação á
correcção do
astigmatismo: Muitas vezes é difícil para as pessoas com astigmatismo habituarem-se a usar os
seus novos óculos. Isto é, acontece principalmente se forem os primeiros óculos
com a correcção do astigmatismo, ou se a potência do óculo mudou muito.

Uma pessoa que tem um novo par de óculos com astigmatismo pode dizer que os
óculos o fazem sentir tonto ou enjoado, ou que as coisas lhe parecem distorcidas.
Por exemplo, o chão parece que está inclinado ou não podem olhar directamente
para as paredes - ainda que a sua visão seja mais nítida com os óculos.

Normalmente, uma pessoa adapta-se aos novos óculos dentro de 2 semanas. Este
período é chamado o período de adaptação. É importante que a pessoa use os
óculos novos, o mais tempo possível durante o período de adaptação, para que os
sintomas de adaptação passem o mais rápido possível.

Por vezes, é melhor dar apenas uma correcção parcial do astigmatismo


encontrado a um paciente astigmata recém-diagnosticado. A visão deste, pode
não ser tão nítida como se tivessem a correcção total do astigmatismo, mas vai
sentir-se melhor ao usar os óculos novos. A correcção total do
astigmatismo pode ser dada numa fase posterior (na próxima consulta em que
actualize o óculo, por exemplo).

Astigmatismo
Irregular: Existem dois tipos de astigmatismo:
− Astigmatismo regular
− Astigmatismo irregular

Normalmente, quando nos referimos ao "astigmatismo" queremos dizer


"astigmatismo regular". O astigmatismo irregular é muito raro e é geralmente o
resultado de um problema de córnea.

O astigmatismo irregular, normalmente é causado por trauma que afecta a


córnea ou um problema de saúde ocular, queratocone (que significa
"córnea cónica").

Num olho com astigmatismo irregular, os meridianos principais não são


perpendiculares entre si.
→ Como os meridianos principais não são perpendiculares entre si, não se
consegue corrigir totalmente o astigmatismo com óculos.

Às vezes, a AV pobre num astigmatismo irregular pode ser corrigido com lentes de
contacto semi-rígidas (RGP – rígidas permeáveis aos gases) .
→ Isso exige que a adaptação destas lentes de contacto rígidas seja feito por
profissionais especializados.

PRESBIOPIA
Ao contrário da miopia, da hipermetropia ou do astigmatismo que apenas afectam algumas pessoas,
a presbiopia é um erro refractivo que afecta todas as pessoas à medida que envelhecem. A presbiopia
é devido ao endurecimento natural do cristalino, e torna mais difícil e eventualmente impossível, de
acomodar. A presbiopia começa a ser um problema depois dos 40 ou 45 anos de idade e, piora
lentamente, até por volta dos 60 anos.

A presbiopia é explicada detalhadamente noutras unidades.


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ICEE Refractive Error Training Package 19
ERRO REFRACTIVO – ALTERAÇÕES AO LONGO DO TEMPO
Cada pessoa é diferente (e, todos os olhos que examine vão ser diferentes!), mas há algumas
mudanças no erro refractivo que pode esperar á medida que as pessoas envelhecem.

Hipermetropia
e envelhecimeto: • É normal que os bebés nasçam com hipermetropia.

A hipermetropia diminui gradualmente desde o nascimento até aos 5


anos de idade.

Normalmente, uma criança terá de usar óculos, se a


sua hipermetropia é superior a 3,50 D.

Se a quantidade de hipermetropia for menor que 2,00 D, não é


necessário o uso de óculos enquanto criança, a menos que
tenha estrabismo convergente - deve ser encaminhada para uma
pessoa especializada no cuidado dos olhos das crianças.

O profissional deve ser capaz de avaliar os casos


entre 2,00 D e 3,50 D de hipermetropia. Se não tem a certeza se deve
ou não prescrever os óculos para a criança, deve pedir ajuda a outro
profissional para ter outra opinião.

• Pessoas com menos de 30 anos podem precisar apenas de uma parte


da sua hipermetropia corrigida (os óculos podem não ter a correcção
total). Os hipermétropes jovens muitas vezes só necessitam
de usar óculos para tarefas de perto.

• Os sintomas da hipermetropia pioram com a idade. Isto, porque a


capacidade do olho para acomodar diminui com a idade (como já foi
explicado anteriormente).

Exemplo
Imagine quatro pessoas que têm 1,00 D de hipermetropia - e pense em
qual delas deve prescrever óculos:

Pessoa 1: 8 anos de idade. Embora tenha 1,00 D de hipermetropia, ela


não tem problemas a ver para o quadro na sala de aula, nem na leitura
ou na escrita, e também não tem sintomas de astenopia (cansaço
ocular).

Pessoa 2: 19 anos de idade. Vê nitidamente ao longe e ao perto, mas


queixa-se de dores de cabeça e dor nos olhos depois de ler durante
algum tempo.

Pessoa 3: 32 anos de idade. Diz-lhe que a costurar não consegue ver


nitidamente, no entanto não tem nenhuma dificuldade a ver
televisão mesmo quando está longe.

Pessoa 4: 57 anos de idade. Não consegue ler nitidamente, e também


não consegue reconhecer as pessoas na rua, porque a sua visão é
muito desfocada ao longe e ao perto.

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ICEE Refractive Error Training Package 20
• Algumas pessoas mais velhas que têm hipermetropia, ao terem
catarata este erro refractivo pode tornar-se menor. Isso ocorre porque,
a catarata ao desenvolver-se pode aumentar o poder de foco do
cristalino.

Infelizmente, esta melhoria de visão é apenas temporária - como a


catarata continua a crescer, a visão vai piorar novamente. Quando isso
acontece a pessoa vai precisar de cirurgia para voltar a ver melhor.

• Hoje, quando as pessoas fazem cirurgia á catarata,


o oftalmologista normalmente remove a catarata (tira o cristalino
opaco) e substituí-o por uma lente intra-ocular de plástico.

Antes das lentes intra-oculares estarem disponíveis, os cirurgiões


removiam o cristalino sem o substituir. O paciente ficava com uma
hipermetropia muito alta (cerca de 11,00 ou 12,00 D). Uma pessoa
como esta que não tem cristalino nem lente intra-ocular é chamado de
afaquico.

Uma pessoa que tenha tido um acidente traumático e como resultado


perdeu o cristalino, também é denominado de afaquico.

Uma pessoa com afaquia vai precisar de uma lente de elevado poder
para corrigir a alta hipermetropia.

Miopia
E envelhecimento: • É extremamente raro, bebés ou crianças com idade inferior a cinco
anos de idade terem miopia.

• A miopia começa, normalmente no início da adolescência (13-16 anos)


e aumenta gradualmente até por volta dos 25 a 30 anos de idade.
Geralmente, a miopia não aumenta mais que -3,00 ou -4,00 D, mas,
ocasionalmente, a miopia pode continuar a aumentar até -10,00 ou
-15,00 D ou mais.

• Algumas pessoas mais velhas tornam-se míopes quando começam a


ter cataratas (quando o cristalino se torna opaco), e isso pode
aumentar a miopia com o piorar da catarata. Isso ocorre devido ao
desenvolvimento da catarata e pode aumentar o poder de foco do
cristalino.

Neste caso, a correcção da miopia irá melhorar a visão ao longe no


começo, mas como a catarata piora a visão torna-se pobre,
mesmo com a melhor correcção em óculos. Quando isso acontece a
pessoa necessita de ser operada para ver melhor.

• Miopia tem uma forte ligação hereditária (que ocorre em famílias). Uma
criança tem muito mais chances de desenvolver miopia se o pai, irmão
ou irmã são míopes.

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ICEE Refractive Error Training Package 21
Astigmatismo
E idade:
• O astigmatismo não muda com a idade em comparação com a
hipermetropia ou a miopia.

• Se a pessoa tem apenas uma pequena quantidade de astigmatismo, pode


não ser necessário o uso de óculos. Isto é especialmente verdadeiro, se a
pessoa tem mais de 40 anos e nunca usou óculos para correcção do
astigmatismo.

Às vezes, uma pequena quantidade de astigmatismo podem causar dores


de cabeça e / ou astenopia (cansaço ocular) em jovens - por isso, neste
caso, os óculos com a correcção do astigmatismo podem ser úteis.

• Em alguns países, é difícil obter óculos com lentes esfero-cilíndricas. Neste


caso, uma pessoa pode usar óculos com lentes esféricas que lhe dão uma
melhor visão, embora não seja tão boa como se fosse com lentes esfero-
cilíndricas.

• O astigmatismo (astigmatismo especialmente alto) pode ser hereditária


(que ocorre em famílias). Uma criança é muito mais favorável a
desenvolver astigmatismo se o pai, irmão ou irmã têm astigmatismo.

Presbiopia
E Idade: • A presbiopia afecta apenas pessoas idosas, e normalmente só se inicia
após os 40 anos de idade. É impossível para uma criança
saudável ou um jovem adulto nos seus 20 anos terem presbiopia.

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ICEE Refractive Error Training Package 22
TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS

1. O que é a hipermetropia? Que tipo de lente é utilizada para corrigir a hipermetropia?


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2. Quais são os sintomas da hipermetropia para uma pessoa que não consegue
acomodar?
_______________________________________________________________________

Quais são os sintomas da hipermetropia para uma pessoa que consegue acomodar?

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3. O que deve fazer se uma criança tem um estrabismo (desvia um olho) e vem fazer um
exame oftalmológico?
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4. O que é miopia? Que tipo de lente são usadas para corrigir miopia?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

5. Quais são os sintomas da miopia?


_______________________________________________________________________

6. Se uma pessoa lhe disser que só consegue ver as coisas que estão de 50 cm de
distância (ou mais perto) dos seus olhos, que quantidade miopia acha que a
pessoa tem?
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_______________________________________________________________________

7. O que deve fazer se uma pessoa lhe disser que vê luzes brilhantes ou de
repente percebem manchas a flutuar na visão?
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8. O que é o astigmatismo? Que tipo de lente são usadas para corrigir o astigmatismo?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

9. Quais são os sintomas do astigmatismo?


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ICEE Refractive Error Training Package 23
PRESBIOPIA

PENSA

Uma senhora de 42 anos de idade diz-lhe: "Eu era capaz de enfiar uma agulha, sem dificuldades,
mas agora não consigo. Será que estou a ficar cega?"

Acha que a senhora está a ficar cega, ou poderá haver outra razão pela qual ela não consegue ver ao
perto?

Já reparou que as pessoas mais velhas têm dificuldade em ver as coisas que estão mais proximas e
mais facilidade a ver as que estão ao longe?

OBJECTIVO
Esta unidade vai explicar-nos por que é que a maioria das pessoas não consegue ver as coisas que
estão próximas à medida que envelhecem e como é que com óculos podemos melhorar a visão de
perto.

RESULTADOS A OBTER
Depois de trabalhar com esta unidade, deve ser capaz de:

• Explicar a causa da presbiopia

• Reconhecer os sintomas da presbiopia

• Explicar como é que a presbiopia afecta pessoas com erros refractivos diferentes em
diferentes idades

• Como é que a presbiopia pode ser corrigida

• Explicar a diferença entre uma adição de perto e uns óculos de leitura.

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ICEE Refractive Error Training Package
DEFINIÇÃO DE PRESBIOPIA
A perda (lenta) gradual da acomodação, à medida que envelhecemos é chamada de presbiopia.

Por volta dos 40 – 45 anos de idade a presbiopia afecta qualquer pessoa. Algumas pessoas,
especialmente as que vivem nos trópicos, a presbiopia começa ainda mais cedo. Todas as pessoas
do mundo perdem a capacidade de acomodar à medida que envelhecem. A perda da
capacidade acomodativa e o aparecimento posterior da presbiopia acontece nos dois olhos ao mesmo
tempo.

Pessoas com presbiopia costumam ter dificuldades a ler ou fazer qualquer tarefa de perto. Uns óculos
para o perto, ajuda-os a fazer as tarefas que costumavam fazer anteriormente sem dificuldades.

Tarefas ao perto, às vezes, são chamadas de trabalho próximo, e incluem todo o


trabalho que requer uma boa visão para ver algo que está dentro do alcance do
braço da pessoa.

Se uma pessoa consegue tocar no objecto que está a olhar (está á distância do
seu braço), é considerada uma tarefa ou trabalho de perto.

Às vezes, um presbiope precoce (alguém que está no inicio da presbiopia) realiza as tarefas o mais
afastado possível dos seus olhos para conseguir ver nitidamente. Pois ao longe necessita de
acomodar menos para ver nítido.

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CAUSAS DA PRESBIOPIA

A presbiopia é causada pela perda da capacidade acomodativa que está associada com o
envelhecimento.

À medida que envelhecemos, o cristalino fica mais duro e o músculo ciliar não consegue mudar a sua
forma facilmente. Este é um processo normal e natural do envelhecimento. Isto significa que uma
pessoa mais velha não pode acomodar com tanta facilidade como um jovem.

Se o olho não consegue acomodar quando olha para um objeto próximo, o objecto vai parecer-lhe
desfocado.

Muitas vezes, as pessoas cometem o erro de pensar que a presbiopia é devido a uma fraqueza do
músculo ciliar, o que não é verdade. O músculo ciliar funciona corretamente, contudo tem é um
trabalho mais difícil, devido á inflexibilidade do cristalino.

Figura 1: Olho com presbiopia, mas ainda lhe resta alguma acomodação.
A luz de um objeto próximo não incide sobre a retina.

Figura 2: Um olho com presbiopia, sem acomodação.


A luz de um objecto próximo não incide sobre a retina.
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ICEE Refractive Error Training Package
SINTOMAS DE PRESBIOPIA POR CORRIGIR

As pessoas com presbiopia podem ter problemas nas tarefas de perto, como a leitura, a costura.
Quando começam os primeiros sintomas de presbiopia, estas podem dizer-lhe coisas como:

• "Sou capaz de ler sob luz solar intensa, mas com pouca luz não"

• "Os meus braços não são suficientemente compridos!"

• "Sinto os meus olhos tensos quando faço costura"

• "Os meus olhos cansam-se quando estou a ler"

• "As letras do jornal são muito pequenas"

• "É-me difícil enfiar uma agulha"

• "Eu acho difícil classificar o arroz quando estou a cozinhar"

• "Tenho visão desfocada ao longe após ter estado a ler durante um longo período de tempo".

COMO UMA PESSOA COM PRESBIOPIA VÊ

Presbiopia – início: Presbiopia – mais tarde:


Pode ter uma boa visão de longe e de perto, mas Visão de perto desfocada, mas boa visão de longe.
pode ter cansaço visual e dores de cabeça.

Figura 3: Como uma pessoa com presbiopia vê no estado inicial e posterior.

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ERRO REFRACTIVO E PRESBIOPIA
A presbiopia afecta todas as pessoas do mundo á medida que envelhecem (geralmente após os 40
anos de idade).

Observe as imagens abaixo de três senhores:

Primeiro senhor: Emetrope Segundo senhor: Hipermetrope Terceiro senhor: Miope


Figura 4: Três senhores diferentes: um deles sem nenhum erro refractivo (emetrope), um com hipermetropia
e outro com miopia

Nenhum dos senhores usou óculos. Eles vêm á sua consulta, porque estão a ter problemas de visão.

Os três senhores têm 44 anos de idade e têm os mesmos passatempos:

• Gostam de ler o jornal


• Gostam de ver televisão (têm a televisão a 6 m de distância da cadeira onde habitualmente se
sentam).

Ambos têm presbiopia precoce. O cristalino destes tornou-se inflexível e duro:

• Aos 5 anos de idade tinham 15 D de acomodação.


• Agora, com 44 anos têm apenas 4 D de acomodação.

Primeiro senhor: Este é emetrope, não possui erro refrativo ao longe.

Como é a visão de longe deste senhor?

Figura 5: Olho emétrope, a olhar para um objeto ao longe.


Os raios de luz são focados na retina e a visão de longe é nítida.

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ICEE Refractive Error Training Package
• Este senhor é emétrope, para que ele possa ver nitidamente ao longe o
seu cristalino tem que estar relaxado.

• Ele não precisa de acomodar para ver objectos ao longe, a presbiopia não
vai afectar a visão de longe.

• Este vê com facilidade a televisão do outro lado da sala.

• Ele não precisa de óculos para visão de longe.

Viagem no tempo ...

Agora imagine este senhor emétrope com 60 anos de


idade!

Ele não tem acomodação, mas isto não lhe vai afectar a
visão de longe, pois não necessita de acomodar para ver
á distância.

Aos 60 anos de idade, ainda será capaz de ver a


televisão nitidamente sem óculos.

Como é a visão de perto deste senhor?

Figure 6: Olho emétrope com 4D de acomodação a olhar para um objecto a


25cm de distância.

O senhor tem 4D de acomodação. Se ele se esforçar (e usar toda a


acomodação), será capaz de ver os objectos que estão a 25 cm de distância.

Lembre-se:
f = 100/F = 100/4 = 25 cm

Se houver algum objecto mais próximo que 25cm, vê-o desfocado,


pois este tem apenas 4D de acomodação.

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ICEE Refractive Error Training Package
• Se este senhor usar toda a sua acomodação (4 D) para ver alguma
coisa que está a 25 centímetros de distância por um longo período de tempo,
vai sentir os olhos muito cansados. Ele irá ter sintomas de astenopia, que
podem incluir dores de cabeça e visão desfocada.

Lembre-se:
Se uma pessoa quer passar um longo período de tempo
numa tarefa de perto, pode usar metade da sua
acomodação sem se cansar.

Acomodações total deste senhor = 4 D


½ de sua acomodação total = 2 D

• Se este senhor quer ler o jornal por um longo período de tempo, vai usar
metade da sua acomodação total (2D). Vai-lhe permitir que veja um objecto
a 50 cm de distância confortavelmente.

Lembre-se:
f = 100/F = 100/2 = 50 cm

Se ele tiver alguma coisa mais perto do que 50cm dos seus
olhos, estes vão-se cansar depois de algum tempo.

• Se pedir ao senhor para lhe mostrar a que distância mantem o jornal


normalmente e medir a distância entre o jornal e os seus olhos, vai
verificar que são 40cm. Isto significa que os seus olhos cansam-se
muito depois de ler o jornal durante algum tempo (pois ele gosta
de manter o jornal mais perto que 50 cm).

• Este senhor vai ter dificuldades em ler o jornal e vai precisar de


óculos de leitura para o ajudar.

Viagem no tempo…

Agora imagine que o primeiro senhor tem 60 anos!

Ele não tem acomodação, mas consegue


acomodar quando olha para objectos próximos.

Quando este tiver 60 anos de idade, vai precisar de


óculos de leitura para ler o seu jornal confortavelmente.

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Segundo senhor: Este é hipermetrope. Ele tem um erro refractivo de longe de 2,00 D.

Como é a visão de longe deste senhor?

Figura 7: Olho hipermétrope de 2,00 D a olhar para um objeto ao longe – com a


acomodação relaxada. A luz não é focada na retina.

Figura 8: Olho hipermétrope de 2,00 D a olhar para um objecto ao longe com -


2,00 D de acomodação, para focar a luz na retina para ter uma visão nítida.

• Este senhor é hipermetrope, por isso a sua visão desfocada ao longe


será menos se este acomodar para compensar a hipermetropia.

Este ainda tem 4 D de acomodação que pode usar.

Ele pode usar metade da sua acomodação (4/2 = 2 D) por longos


períodos de tempo sem sentir os seus olhos cansados.

A hipermetropia deste senhor é de 2,00 D, e, felizmente, a quantidade


de acomodação que ele pode usar confortavelmente é também de 2 D.

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• Este será capaz de ver nitidamente e confortavelmente ao longe, se
usar metade da sua acomodação total. Os seus olhos não se vão cansar
quando ele vê televisão.

• A presbiopia ainda não lhe afetar a visão de longe, não precisando por
isso de usar óculos para ver ao longe.

Viagem no tempo…

Agora imagine este segundo senhor com 60 anos de


idade!

Ele não tem acomodação, não consegue compensar a


sua hipermetropia. A sua visão de longe é desfocada.

Quando este senhor tiver 60 anos, vai precisar


de óculos para ver nitidamente televisão.

Como é a visão de perto deste homem?

Figura 9: Olho hipermétrope de 2,00D a usar toda a sua acomodação (4 D) para


ver nitidamente a 50 cm.

• O senhor tem 4 D de acomodação. Se este se esforçar (e a usar na


totalidade), ele consegue ver coisas que estão a 50 cm de distância.

Porquê? Este senhor já precisa de usar 2D da sua acomodação para


ter uma visão de longe nítida (para compensar a sua hipermetropia).
Isso significa que só lhe restam 2D de acomodação para olhar
para objetos próximos.

Lembre-se:
f = 100/F = 100/2 = 50 cm

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ICEE Refractive Error Training Package
Com as 2D que lhe restam de acomodação, este é capaz de ver
claramente algo que está a 50 cm de distância. Se algum objecto
estiver a menos de 50cm dos seus olhos, já o vai ver desfocado.

Isto significa que este senhor não pode ler o jornal a uma distância
de 40cm, se não vai vê-lo desfocado, a não ser que use uns óculos de
leitura.

Se esse senhor prefere manter o jornal a 50 cm, usa a acomodação


que lhe resta (2 D), para manter a imagem nítida, contudo, após
longos períodos de leitura vai sentir os olhos cansados. Isso porque
estará a usar toda a amplitude de acomodação. Certamente, este
homem vai ter sintomas (astenopia).

• Este homem precisa de óculos de leitura para ler o jornal


confortavelmente, caso contrário, o jornal parecer-lhe-á desfocado.

Viagem do tempo…

Agora imagine este senhor com 60 anos de idade!

Ele não tem acomodação para compensar a sua


hipermetropia, a sua visão vai ser desfocada em todas
as distâncias.

Este senhor aos 60 anos, vai necessitar de óculos para


ler o jornal e óculos para ver televisão nitidamente.

Terceiro senhor: Este é míope. Ele tem um erro refractivo ao longe de -2,00 D.

Um míope que também tenha presbiopia, tem uma combinação interessante


de erros refractivos. Alguns míopes presbitas, se retirarem os óculos de visão
de longe, conseguem ver nitidamente ao perto. Este exemplo, vai ajudá-lo a
compreender porque é que isto acontece.

Como é a visão de longe deste senhor?

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o míope a olhar para um objecto ao longe. A luz não é focada na retina e a visão é
desfocada.

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ICEE Refractive Error Training Package
• Este senhor é míope, a sua visão de longe não é nitida. Ao contrário
dos hipermetropes, a acomodação não vai ajudar a melhorar na visão de
longe.

• A perda de acomodação (presbiopia) não afecta a visão de longe,


porque a acomodação não tem efeito sobre a miopia.

• Este homem não vê televisão nitidamente.

• Este vai necessitar de usar óculos para ver bem ao longe.

Viagem no tempo…

Imagine este terceiro senhor aos 60 anos de idade!

Este não tem acomodação, mas isso não vai


afetar a visão de longe, pois a presbiopia não afecta a
miopia.

Este senhor aos 60 anos vai ter de usar óculos para ver
nitidamente a televisão.

Como será a visão de perto deste senhor?

Figura 11: Olho míope de -2,00 D, para ver o objecto a 17cm de distância este
necessita de acomodar 4D.

• Este senhor tem miopia, para conseguir ver nitidamente ao perto tem
que retirar os óculos.

Neste caso, a miopia do senhor é -2,00 D.

Lembre-se:
f = 100/F = 100/2 = 50 cm

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ICEE Refractive Error Training Package
Um míope de -2,00D, consegue ver nitidamente um objecto que esteja
á 50cm sem óculos.

No entanto, se quiser ver algo que está mais próximo que 50 cm dos
seus olhos, então vai necessitar de usar a acomodação.

Se um objecto está mais afastado que 50cm de distância dos seus


olhos, este vai vê-lo desfocado por causa da miopia que possui.

Se algum objecto está mais próximo que 50cm, terá que usar a
acomodação para ver o objecto nítido.

Se um objecto estiver exatamente a 50 cm de distância, sem usar


qualquer tipo de acomodação, o objecto estará nítido.

• Uma boa maneira de pensar nisso é que um míope de 2,00 D tem de


acomodar mais 2D, que correspondem á quantidade de miopia do erro
refractivo do paciente.

Neste caso, o senhor tem que acomodar 6D, 4D de acomodação mais as


2D da sua miopia, 4D + 2D = 6D.

Se este senhor não estiver a usar os óculos com a correcção da miopia,


este tem 6D de acomodação para ver as coisas ao perto.

• Com 6 D de poder de foco ao perto, e se este se esforçar (e usar toda a


sua acomodação), consegue ver as coisas que se encontram a 17 cm de
distância, aproximadamente dos seus olhos.

Lembre-se:
f = 100/F = 100/6 = 16.7 cm
Se ele tem alguma coisa mais perto que 16,7 cm dos seus
olhos, vê-o desfocado.

• Se usar a sua acomodação na totalidade ao perto para ver algo a 17


cm de distância por um longo período de tempo, este vai acabar por
ficar com os olhos cansados. Isso porque ele está a usar toda a
sua acomodação, provavelmente irá desenvolver sintomas de
astenopia.

Lembre-se:
Se uma pessoa quer passar um longo período de tempo a
realizar trabalho de perto, normalmente usa metade da sua
acomodação total sem se cansar.

Acomodação total = 4 D
½ de sua acomodação total = 2 D

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• Este pode usar 2D da sua acomodação (metade), além das 2D de miopia
de poder de foco (se tirar os óculos de longe):
2D+2=4DD

Isso permite que ele veja confortavelmente e sem se cansar um objecto a


25 cm de distância.

Lembre-se:
f = 100/F = 100/4 = 25 cm
Se ele tiver algum objecto mais proximo que 25 cm, os seus
olhos vão se cansar passado algum tempo.

• Mas este senhor quer manter o jornal 40 centímetros de distância:


→ 40 cm é mais perto do que 50 cm, a sua miopia não
fará com que o jornal pareça desfocado, mas vai necessitar de
usar alguma da sua acomodação para o conseguir ver nitidamente.
→ 40 cm é mais longe do que 25 cm, então este vai
usar menos de metade da sua acomodação total, para que os
seus olhos não se cansem, mesmo que ele leia o jornal por um longo
período de tempo.

• Este senhor pode ler nitidamente e confortávelmente o seu jornal a 40


cm, sem óculos, sem necessitar de óculos de leitura.

Viagem no tempo…
Imagine este terceiro senhor com 60 anos de idade!
Não tem acomodação, mas ainda tem o seu poder de
foco de 2 D (miope).
Lembre-se:
Se algum objecto está a 50 cm de distância dos seus olhos,
este vai estar nítido sem usar qualquer tipo de acomodação.
Isso porque está a usar o seu poder de foco míope:
f = 100/F = 100/2 = 50 cm
Mas, se estiver a menos de 50 cm de distância de seus
olhos, ele terá que usar a acomodação para o tornar nítido.
Este senhor tem 60 anos, não tem acomodação. Então,
qualquer coisa que esteja mais próximo que 50 cm de seus
olhos vai ficar desfocada.
Quando este senhor tiver 60 anos de idade, vai ler o
jornal nitidamente sem precisar de óculos se o mantiver a 50
cm de distância.
Mas, se ele quiser manter o jornal a 40 cm e vê-lo
nitidamente, terá de usar necessariamente óculos de leitura.

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ICEE Refractive Error Training Package
ASTIGMATISMO E PRESBIOPIA

Lembre-se:
Uma pessoa que possui astigmatismo, vai ter visão desfocada tanto ao perto como ao
longe. A solução passa por uso de óculos.

O astigmatismo pode ocorrer por si só, ou em combinação com hipermetropia ou miopia.


Todas as pessoas, incluindo as que possui astigmatismo, têm presbiopia, quando começam a
envelhecer.

E se...

Imagine o que aconteceria se os três senhores descritos acima também possuisem astigmatismo.

Primeiro senhor: Segundo senhor: Terceiro senhor:

Emetropia + Astigmatismo + Hipermetropia + Astigmatismo + Miopia + Astigmatismo +


Presbiopia Presbiopia Presbiopia

Os três senhores vão possuir visão desfocada, tanto ao longe como ao perto (devido ao
astigmatismo), mas:

Primeiro senhor: Segundo senhor: Terceiro senhor:

A visão de perto vai ser pior que A visão de perto vai ser pior que A visão de perto vai ser melhor
a visão de longe. a visão de longe. que a visão de longe.

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CORRECÇÃO DA PRESBIOPIA

A presbiopia não corrigida (sem óculos): Presbiopia corrigida (com óculos):


Visão de perto desfocada. Visão de perto nítida.

Figura 12: Como uma pessoa com presbiopia vê com e sem óculos.

Adição de perto: A presbiopia é corrigida com uma adição (ou "add"). É chamada de add
porque o poder da lente esférica positiva é adicionada à correção de longe que
a pessoa necessite, (quer seja miopia, hipermetropia ou astigmatismo), para
que possam ver bem ao perto.

Hipermetropia ou Miopia ou Astigmatismo


Prescrição de óculo
+
Adição de Perto
=
Leitura / Prescrição de óculos para perto

A prescrição de óculos de leitura é a potência total da prescrita no óculo final


que será necessária para o trabalho de perto.

Se a pessoa não possui qualquer tipo de ametropia, a adição de perto


será igual ao óculo de leitura (prescrição do óculo de perto).

A adição será a mesma para ambos os olhos, pois ambos os olhos perdem a
capacidade para acomodar ao mesmo ritmo. No entanto, a prescrição final
pode ser diferente para cada olho (se
a hipermetropia /miopia / astigmatismo nos dois olhos forem diferentes).

Exemplo:
Erro refractivo de uma senhora ao longe é OD: 0,50 D OE:0,75D
E ao perto será adicionar Add: +2.00

A prescrição ao longe é OD: 0,50D OE: 0,75D


A prescrição para o perto é: OD: 2,50 D OE: 2,75 D

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Óculos de leitura: A presbiopia é frequentemente corrigido com um par de óculos que são usados
apenas para trabalho de perto.

Estes são frequentemente chamados de óculos de leitura (ou "leitores"), mas


podem ser usados para qualquer tipo de trabalho ao perto, por exemplo
costura.

Figura 13: Ver através de um par de óculos de leitura.

Os óculos de leitura permitem que uma pessoa presbiope veja nitidamente ao


perto, mas se a pessoa olhar para alguma coisa ao longe (como a televisão)
com os óculos de perto, a visão de longe será completamente desfocada. Este
tipo de óculos são úteis apenas para trabalhos de perto.

Os óculos de leitura tornam a visão de perto nitida, mas a de longe


desfocada.

Se uma pessoa que usa óculos de leitura quer ver nitidamente ao longe, deve
retira-los.

Se a visão desta pessoa está desfocada ao longe sem óculos (se tem miopia,
hipermetropia e astigmatismo), estes vão precisar de um segundo par de
óculos para ver ao longe.

Os óculos que são destinados apenas para uma distância, (óculos como
os de leitura ou para ver bem ao longe) são chamados de óculos
monofocais.

Se um presbiope tem óculos para leitura, monofocais, este terá que os


tirar para ver ao longe, e se a sua visão de longe não for boa, sem óculos, terá
que usar outro par de óculos monofocais para ver bem ao longe.

Às vezes é frustrante e cansativo para uma pessoa andar a pôr e a tirar os


óculos, ora para o longe ora para o perto durante todo o dia, consoante as
tarefas que realiza.

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Óculos bifocais: As lentes bifocais (ou "óculos bifocais") são úteis para um presbiope que
queira ver bem tanto ao longe como ao perto com apenas um par de óculos.

Existem diferentes tipos de lentes bifocais, mas todas têm duas partes. A parte
superior da lente possui a potência da visão de longe, e a parte inferior possui
o potência da visão de perto. Esta parte final é muitas vezes chamado
de "segmento" (ou simplesmente de "seg").

Figura 14: Três tipos diferentes de lentes bifocais.

Algumas lentes bifocais não tem potência na parte superior da lente, enquanto a
parte inferior tem a potência necessária para o perto. Bifocais como estes são
úteis para pessoas emetropes com presbiopia, que só necessitam de
óculos para visão ao perto (não têm problemas de longe). Se usam óculos
bifocais, em vez de óculos de leitura (monofocais), não terão de retirar os óculos
para ver ao longe - simplesmente olham através da parte neutra.

Existem lentes bifocais que não possuem potência na parte inferior da lente,
enquanto que na parte superior possui potência para o longe. Estes tipos de
bifocais são usados para pessoas míopes com presbiopia, assim evitam tirar o
óculo quando querem realizar uma tarefa de perto. Se um presbiope míope
possui óculos para o longe, monofocais, estes terão de retirar os óculos se
quiserem ver nitidamente ao perto, mas se tiverem uns bifocais com visão de
perto neutra já não terão de o fazer.

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Óculos
Progressivos: Os óculos progressivos são úteis se um presbiope quer apenas um óculo para
todas as distâncias.

As lentes progressivas têm vários nomes, como: "As lentes multifocais",


"óculos bifocais invisível", ou "lentes de adição progressiva".
Ao contrário dos óculos bifocais, as lentes progressivas não têm uma linha que
divide o longe (parte superior) da parte de perto (parte inferior). Por vezes
pode pensar que se trata de uma lente monofocal.

Estas lentes são úteis pois, fornecem uma visão nítida tanto ao longe como ao
perto, mas também uma boa visão intermédia. A distância intermédia é cerca
de um metro de distância.

Para ver se uma lente é progressiva, deve colocá-la á sua frente. Todas
as lentes progressivas tem gravuras minúsculas (cerca de 1 mm) - mas estas
são muitas vezes difíceis de ver.

Outra forma de ver se é ou não uma lente progressiva, é olhar para um objecto
distante através da parte superior da lente, de seguida, move lentamente a
lente para cima - se o objeto se tornar maior, mais disfocada ou distorcida
(irregular), está provavelmente a olhar através de uma lente progressiva.

Uma desvantagem das lentes progressivas é que se uma pessoa olhar através
dos lados da lente a sua visão será desfocada (figura 15). Geralmente a
pessoa habitua-se após algumas semanas de uso, com o borrão na parte
lateral - estas vão aprender a olhar através da parte transparente da lente.

Figura 15: A visão através de uma lente progressiva é clara para o longe e para o
perto, mas a pessoa pode notar que a visão dos lados não é nítida. Isso é normal
nas lentes progressivas.

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MONOVISÃO

Imagine… Conhece uma senhora de 60 anos de idade que viaja consigo no comboio. Ela
diz-lhe que consegue ver muito bem ao longe e ao perto. Ela prova-lhe o que
está a dizer, descrevendo as pessoas que estão fora do comboio a trabalhar
nos campos e, de seguida lê-lhe o jornal.

Como é que isso pode ser possível?

Lembre-se:
Uma pessoa de 60 anos não tem acomodação.

Se aos 60 anos a senhora é:

Emetrope: A visão de longe deverá ser nítida e a de perto desfocada.


Miope: A visão de longe está fora do foco e a visão de perto será nítida.
Hipermetropia: Tanto a visão de longe como a de perto serão desfocadas.
Astigmatismo: Tanto a visão de longe como a de perto serão desfocadas.

Então, como é que é possível que ela tenha uma visão nítida, tanto ao longe
como ao perto?

PENSE …
Lembre-se, a senhora usa ambos os olhos.
Poderia o olho direito e olho esquerdo possuirem erros
refractivos diferentes?
Que combinação de erros refractivos poderiam ajudar esta
senhora a ver tanto ao perto como ao longe?

Esta senhora tem emetropia num olho, e miopia no outro.

Ela usa o olho emetrope para ver os trabalhadores no campo e usa o


olho míope para ler o jornal. Chamamos a isto "monovisão" - porque esta
senhora está a usar apenas um olho de cada vez.

Esta senhora não é, provavelmente, conhecedora de que usa um olho de cada


vez, pois mantém ambos os olhos abertos durante todo o tempo. O seu cérebro
escolhe automaticamente a imagem mais clara, dependendo da distância.

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Monovisão e
Início de catarata: Às vezes, uma catarata precoce irá causar miopia num olho. Este é por vezes
referido como "segunda visão", pois a pessoa pode ser capaz de ver melhor
ao perto do que antes de ter a catarata.

No entanto, isso será apenas temporário, pois eventualmente, a catarata vai se


desenvolver e provocar visão desfocada em todas as distâncias. Será
necessária uma cirurgia á catarata.

Monovisão e
Cirurgia á catarata: Quando se realiza uma operação á catarata, o cirurgião substitui o cristalino
opaco por uma lente artificial chamada de lente intra-ocular (LIO). As lentes
intra-oculares estão disponíveis com diferentes poderes de foco.

Um cirurgião de cataratas geralmente escolhe LIO com o poder necessário


para que a pessoa fique emetrope em ambos os olhos. Neste caso, a pessoa
terá visão de longe nítida, mas necessita de uma add para o perto para que
possa ver nitidamente.
Por vezes, o cirurgião escolhe uma LIO para um olho e torna-o um pouco
míope e outra LIO diferente para o outro olho e torna-o emetrope. Este
cirurgião vai dar uma monovisão á pessoa para que esta não necessite de
óculos nem para o longe nem para o perto - o olho emetrope verá nitidamente
o longe e o olho míope o perto.

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TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS

1. Qual é a causa da presbiopia?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

2. Em que tarefas é que uma pessoa que tenha presbiopia tem mais dificuldades?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

3. Será que em todo o mundo a presbiopia começa á medida que a pessoa envelhece?
(círculo) Sim / Não

Será que todas as pessoas do mundo tem sintomas de presbiopia quando ficarem mais
velhas? (círculo) Sim / Não
Porquê?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

4. Imagine três mulheres com 60 anos de idade:


- Mulher é emmetrope (nenhum erro de refração distância)
- Mulher é hipermétrope (2,50 D de erro refrativo distância)
- Mulher é míope (-2,50 D de erro refrativo distância)

Complete a seguinte tabela e descreva a visão como "boa" ou "pobre":


Emetrope Hipermetrope Miope
+2.50D –2.50D
Visão de perto de 40 cm (sem óculos)
Visão de longe (sem óculos)

5. Qual é a diferença entre a adição de perto e prescrição de óculos para perto?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

6. Se uma pessoa usa óculos de leitura e olha para o longe com eles, como vai ser a sua
visão? Porquê?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

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HISTÓRIA DO CASO

PENSA
Se ouvirmos cuidadosamente as queixas visuais do paciente, e se lhe fizermos as perguntas
correctas, podemos obter informação muito importante e útil para o diagnóstico do seu problema
visual.

Usar uma boa capacidade de comunicação pode ajudar o paciente a sentir-se mais confiante em nós
e no nosso plano de diagnóstico e tratamento.

OBJECTIVO
Esta unidade pretende ensinar formas de abordagem a um paciente; como fazer as perguntas
necessárias sobre as suas queixas visuais a fim de encontrar a melhor solução para o seu problema
visual.

RESULTADOS A OBTER

Após terminar este modulo deverá ter a capacidade de:

• Perceber a importância do historial ou Anamnese

• Usar comunicação / discurso apropriado durante a avaliação da histórica do caso

• Definir os conteúdos das questões a fazer sobre os problemas visuais do paciente

• Definir os conteúdos das questões a fazer sobre os problemas de saúde geral e estilo de vida
do paciente

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PERCEBER O PROBLEMA
Para descobrir a razão de um problema visual do paciente definimos três pontos essenciais:

• Quais os seus sintomas (Perguntar ao paciente quais as suas queixas visuais)


• Observar com atenção os seus olhos (procuramos sinais)
• Quantificar a Acuidade Visual actual e avaliar a saúde ocular (Exame Ocular)

HISTORIAL (Anamnese)

O historial clínico é o primeiro passo na avaliação da condição visual. A anamnese ajuda a


compreender os problemas do paciente bem como as suas preocupações, e acima de tudo ajuda-nos
a decidir:

• Qual o problema visual que o paciente apresenta


• A evolução do problema (se tem piorado, melhorado ou mantido constante)
• Os testes necessários a executar durante o exame
• Se podemos tratar o paciente ou se o caso ultrapassa as nossas competências e temos de
referenciar o paciente para outro profissional
• Qual a melhor educação nos cuidados de saúde visuais para este paciente (ou para a sua
comunidade)

Muitas vezes uma boa anamnesis é mais útil no diagnostico do problema visual
que os resultados dos exames seguintes.

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Comunicação: Ter capacidade de comunicação é fundamental para atingir os objectivos do
historial clínico. É necessário saber ouvir o paciente e fazer as questões
correctas. O interesse que demonstramos pelo caso permite-nos ganhar a sua
confiança, sendo por isso o momento e uma oportunidade para criar uma boa
relação profissional e confiança mútua.

No primeiro contacto com o paciente devemos:

• Cumprimentá-lo e apresentarmo-nos de forma simpática e cordial

• Indicar o local onde se poderá sentar

• Usar uma boa linguagem corporal: Deve manter uma abordagem


frontal, olhando sempre o paciente quando falamos e quando ouvimos
as suas queixas.

• Oiça atentamente o paciente.

• Adapte a sua linguagem ao paciente, para que seja entendido. Se o


paciente não perceber a sua pergunta, utilize linguagem mais simples
ou outra abordagem de forma a atingir os seus objectivos.

• Dê tempo suficiente para o paciente responder às questões que lhe são


feitas.

• Deve ser sensível às preocupações do paciente – Deve lembrar-se que


o paciente pode estar nervoso ou embaraçado com as perguntas feitas
e mesmo pelas respostas necessárias. Crie condições de privacidade
para o paciente

• As perguntas devem ter uma sequência lógica e organizada

• Sempre que necessário complemente a anamese com novas perguntas


afim de esclarecer as suas dúvidas

• Evite perguntas cuja resposta seja um simples “sim” ou “não”

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O tipo de questões e a forma como são feitas afecta o tipo de respostas que
recebe.

Questões abertas:
Requerem respostas mais longas e subjectivas. O Paciente vai interpretar a
pergunta e vai descrever o que pensa ou o que sente.

→ Perguntas abertas começam normalmente por: “O quê...”, “Como...”,


Porquê...”, ou “Descreva…”.

Exemplos: “Porque veio fazer a sua avaliação visual hoje?”


“Como magoou o seu olho?”
“Descreva as suas dores de cabeça”
“Qual o seu trabalho?”

Perguntas Fechadas:
Perguntas fechadas têm respostas curtas e objectivas. Estas questões são
rápidas e fáceis de responder. Mas podemos correr o risco de perder
informação importante.

Exemplos: “Tem dores de cabeça?”


“O seu problema começou hoje?”
“Usa Óculos?”

Perguntas orientadas:
Estas perguntas podem induzir ao paciente uma resposta que pensam ser a
que nós pretendemos ouvir. Estamos a influenciar as respostas, por isso estas
perguntas devem ser sempre que possível evitadas

Exemplo: “A razão da sua consulta é porque não vê bem?”

O paciente pode ficar nervoso (ou poderá pensar que por delicadeza deve
concordar com a pergunta) respondendo afirmativamente que “sim”– mesmo
que o motivo principal da sua consulta não seja esse. Na verdade existem
vários motivos para uma consulta de Optometria: Olho seco, desconforto
ocular, problemas de binocularidade, etc. Fazendo uma pergunta orientada
podemos não dar oportunidade ao paciente de, de forma livre apresentar as
suas queixas.

Podemos assim estar a resolver um problema do paciente, mas sem estar a


ajudar para a resolução da queixa principal que o trouxe à consulta.

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Desenvolver a Anamnese
Para obter uma completa informação do historial do paciente devemos desenvolver questões sobre os
olhos, a visão e saúde em geral.

Uma boa anamnese inclui os seguintes tópicos:

• Queixa Principal e outros sintomas


• Problemas visuais ao longe e perto
• Historia ocular
• Necessidades visuais
• Problemas visuais e de saúde geral na família
• Saúde geral, historial médico (incluindo medicação) e alergias

Queimadura química:
Existe uma situação em que a anamnese completa ou o historial clínico do
paciente deixa de ser a prioridade no inicio da consulta da visão - Em situações
em que o paciente nos informa que tem uma lesão ocular provocada por um
reagente químico, a primeira missão do Optometristas é enxaguar
abundantemente o olho a fim de o descongestionar da agressão do agente
químico.
Devemos irrigar o olho durante 20 a 30 minutos de forma contínua, usando para
tal solução salina ou água limpa (esterilizada)
Terminado este processo e constatando a melhoria significativa dos sintomas e
sinais, devemos então prosseguir com as questões necessárias para o historial
clínico, ou se necessário encaminhar o paciente para o especialista da visão
apropriado.

Queixa Principal e outros sintomas:

Quando uma pessoa vem á consulta da visão, apresenta-nos a Queixa Principal ou seja, a razão da
sua visita. Os sintomas são as suas queixas e são por isso apresentados como o problema.

Normalmente podemos descobrir a queixa principal perguntando:

“Qual a razão para querer fazer a consulta á visão”?

Durante todo o exame devemo-nos focar na queixa Principal


do Paciente

No final da consulta devemos esclarecer o paciente quanto às


razões da sua queixa principal e explicar-lhe a estratégia
(tratamento ou terapêutica) para a sua resolução.

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Perguntas de pormenor: Após o relato das queixas / sintomas do paciente podemos ter
necessidade de obter informação adicional.

Podemos usar sempre uma chek-list para qualquer problema visual de


qualquer paciente que vem á nossa consulta:

• Sensação: Como sente os olhos? Ex: Sente comichão, Prurido,


Deslumbramento á luz, aquosos, com dor…→No caso de existir dor, de
que forma se manifesta? Ex: latejante, aguda (com batimento cardíaco)

• Aspecto: Os olhos apresentam aspecto diferente? Ex: Pus,


Vermelhidão, Inchaço..

• Localização: Qual o olho apresenta o problema. Onde é que dói?

• Severidade: Qual a gravidade do problema?

• Inicio: Quando começou o problema? Ele foi aumentando


progressivamente ou apareceu de forma repentina?

• Frequência: Com que frequência ocorrem os sintomas?

• Duração: Quando tem estes sintomas quanto tempo duram? Os


sintomas mantêm-se constantes?

• Sintomas Associados: Que outros sintomas tem quando apresenta


este problema?

• Assistência: Já fez ou recebeu no passado algum tratamento para


este problema? O tratamento funcionou?

• Visão: A sua visão sofreu alterações? A que distância sente maior


dificuldade visual? Existe alguma coisa que o ajude a ver melhor?

• Outros Casos: Conhece outras pessoas da sua família que tenham o


mesmo problema? (alguns problemas visuais são hereditários, e outros
são contagiosos, podendo afectar outras pessoas próximas)

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Visão: • Vê desfocado ao longe ou ao perto?
- Tem dificuldade em ver objectos ao longe?
- Tem dificuldade em ver objectos que estão próximos de si?

Costuma sentir fadiga visual? Costuma sentir os olhos cansados?


→ Sintomas de fadiga ocular (astenopia) podem incluir: lacrimejo,
dor ocular, tiques nas pálpebras (é frequentemente relatado que
sentem o olho a mexer também relatado como espasmo,
embora não haja observação de tal movimento)
• Como é a sua visão á noite?
• Tem problemas de deslumbramento com as luzes?
• Alguma vez viu “moscas volantes” ou flashes de luz, no seu campo
visual?

Flashes e Moscas Volantes:

Se um paciente nos informa que observa de forma regular


luzes ou pontos que se movem no seu campo visual, podemos
estar perante um caso de urgência.

Flashes de luz e as moscas volantes podem ser causados por


um descolamento de retina. Um descolamento de retina pode
levar á cegueira se não for tratado por um especialista de
retina nas primeiras 24 horas após o descolamento.

Os flashes de luz observados pelo paciente podem também


ser causados por enxaquecas. Neste caso estes flashes
normalmente apenas duram 20 minutos.

As moscas volantes podem ter várias etiologias. Muitos


pacientes observam estes pontos a moverem-se no seu campo
visual durante muitos anos. Nestes casos em que a mosca
volante é percebida há muitos anos, não tendo sofrido
alteração, provavelmente não oferece perigo. Novos pontos ou
moscas ou nova percepção da forma destas moscas é mais
preocupante.

Flashes de luz e/ou moscas volantes podem ser sinais


extremamente perigosos. Os pacientes com estes sintomas
devem ser dirigidos urgentemente para oftalmologia.

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História Ocular: • Já fez alguma consulta da visão? Quando?

• Já teve alguma doença ou lesão ocular?

• Historial do uso de Óculos:


É muito útil saber se o paciente em alguma altura da sua vida usou
óculos. Se tem óculos mas já não os usa é importante saber porquê!

- Já alguma vez usou Óculos?


- Se a resposta for positiva:
- Os óculos eram para visão de longe ou visão próxima?
- Há quanto tempo usou esses óculos?
- Como sente a sua visão com os óculos actuais?
- Está satisfeita com a sua correcção oftálmica actual? → Porquê
ou porque não?

• Historial de dores de cabeça:


As dores de cabeça podem ser provocadas por distúrbios visuais.
- Onde sente a dor de cabeça? Mostre-me qual a sua localização.
→ Normalmente (mas nem sempre) as dores de cabeça na zona
frontal ou em redor das orbitas têm relação directa com a visão
- Quanto tempo dura a dor de cabeça? Qual a frequência dessa dor
de cabeça?
- Em que altura do dia sente essa dor? É pior de manhã ou no
período da tarde? O que está a fazer quando esta dor de cabeça
aparece?
→ Se uma pessoa já acorda com dores de cabeça, esta
provavelmente não tem causa na visão. Este paciente deve ser
referenciado para medicina geral. Se a dor de cabeça tem inicio
durante uma tarefa visual específica (como ler ou costurar), esta
pode ser causada por um erro refractivo.

Enxaquecas:
Os pacientes que apresentam quadro clínico de enxaqueca
podem referir a observação de cores estranhas ou luzes no
seu campo visual. Estes sintomas visuais duram normalmente
20 minutos. Em casos mais fortes o paciente pode mesmo
ficar doente sem capacidade para trabalhar durante horas ou
dias.
Não é comum uma enxaqueca ser causada por um problema
visual.
É importante saber a diferença entre os sintomas visuais de
uma enxaqueca e de um descolamento de retina:
- Na Enxaqueca os sintomas visuais duram
aproximadamente 20 minutos.
- Um descolamento de retina normalmente tem uma duração
muito superior.

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Necessidades visuais: • Em que tarefas necessita de usar mais a sua visão?
- No seu trabalho necessita mais a visão próxima? (Ex: computador, costura,
cozinhar, etc.)
- Vê bem na escola? (Ex: para o quadro da sala de aula, para ler ou
escrever)
- Nos seus hobbies apresenta alguma dificuldade (Ex: desenhar, costurar,
ler)
- Apresenta alguma dificuldade visual para fazer desporto?

• Existe alguma tarefa específica em que necessita ver mas que não
consegue?

Saúde geral,
Historial médico
e Alergias: Doenças noutras partes do corpo podem ser causadas por problemas visuais. É por
isso importante perguntar pela saúde geral:

• Como está de saúde?


• Está a fazer tratamento para algum problema de saúde?
• Faz alguma medicação? (existem medicações que induzem efeitos
secundários e que podem afectar a visão.
- Nome do medicamento?
- Qual o objectivo da sua utilização?
- Qual a dosagem que toma e com que frequência?
• Tem Diabetes? (açúcar no sangue)
• É hipertenso?
• Tem alguma alergia?

Problemas de saúde visual ou geral na família: Muitos problemas visuais são hereditários
(genéticos) podendo ser passados de pais para filhos ou para outros membros da família. Existem
família com maior predisposição na passagem destes problemas

• Alguém na sua família tem ou teve algum problema visual (agora ou no


passado)?
- Alguém na sua família usa óculos? Quando e com que objectivo?
- Alguém na família foi operado aos olhos?
- Existem casos de cegueira na família?
- Alguém na família tem Glaucoma? (também conhecido como tensão
ocular)
- Alguém na família tem cataratas ( pupilas brancas)?
(é especialmente importante saber se existem casos de cataratas em
crianças)

Diabetes, Hipertensão arterial, e outros problemas hereditários


Quando o paciente nos transmite esta informação devemos
aconselhar e direccionar o paciente para uma consulta de saúde geral
com o seu médico.
Raramente existem sintomas destas doenças na sua fase inicial.
Quanto mais precoce for detectada a doença melhor e mais fácil será
o seu tratamento
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PENSAR SOBRE O HISTORIAL APRESENTADO
Após a obtenção do historial ocular, necessitamos avaliar e interpretar toda a informação recolhida no
sentido de identificar a causa do problema.

Devemo-nos questionar:

• Este paciente necessita de refracção ou deverá ser direccionado para outro profissional de
saúde?

Exemplo 1: Uma pessoa vem á nossa consulta apresentando quadro de lesão traumática,
neste caso um corpo metálico no olho. Este paciente necessita ser primariamente avaliado por
um oftalmologista antes de qualquer avaliação optométrica.

Exemplo 2: Uma pessoa que perdeu repentinamente a visão de um olho pode ter um
problema de saúde geral importante, e não um problema refractivo.

• Que tipo de erro refractivo o paciente poderá ter? Devemos ouvir cuidadosamente os sintomas
e relacioná-los com a idade da pessoa.

• Quais as necessidades de visão do paciente? Está o paciente satisfeito com a visão actual ou
pretende / necessita ver melhor?

• Qual a solução que acha melhor para o seu paciente? Acha que consegue ajudá-lo?

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TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS

1. Num exame normal à visão, qual o momento em que faz o historial ocular (Anamnese)?
________________________________________________________________________

2. Porquê é tão importante conseguir a confiança do paciente a examinar?


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

3. Porque na Anamnese devemos fazer questões abertas em vez de questões fechadas e


direccionadas?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

4. Qual a importância em sabermos a queixa principal do paciente?


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

5. Faz uma lista de pelo menos oito (8) questões que devemos ver incluídas na Anamnese .
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

6. O que deve fazer quando um paciente nos diz que inseriu produtos químicos no olho?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

7. O que deve fazer quando o paciente lhe transmite que vê flashes de luz ou moscas
volantes no seu campo visual?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

8. Existem muitas doenças gerais que podem afectar os olhos e a visão. Apresente dois
exemplos.
________________________________________________________________________

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INTRODUÇÃO À
REFRAÇÃO

PENSE
Um paciente pretende fazer uma avaliação refractiva. Ele Informa-nos que por vezes não vê
nítido. Fazemos ao paciente uma anamnese completa e medimos-lhe a AV com e sem buraco
estenopeico. Acreditamos que o paciente tem um erro refractivo – mas que erro refractivo e como
podemos quantificá-lo?

OBJECTIVO
Este módulo introduz os vários métodos de medição do erro refractivo e os objectivos da refração.

RESULTADOS DA APRENDIZAGEM
Após este modulo, deverá ser capaz de:

• Explicar o propósito de um exame refractivo

• Dominar as técnicas de refracção objectivas e subjectivas

• Explicar as vantagens e desvantagens das diferentes técnicas refractivas

• Identificar os objectivos de um exame refractivo

• Estimar a quantidade e tipo de erro refractivo baseado na anamnese e acuidade visual

• Descrever o procedimento básico da refração

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REFRAÇÃO CLÍNICA
A refração é uma técnica clínica utilizada para medir o erro refractivo do paciente.

A refração diz-nos:

• O tipo de erro refractivo que o paciente tem (hipermetropia, miopia, astigmatismo ou


presbiopia)

• Qual a quantidade do erro refractivo do paciente.

Refração da luz: Na óptica, refração refere-se ao desvio da luz quando a mesma atravessa uma lente
ou prisma.

Refração do olho: Em clínica, refracção refere-se à técnica utilizada para quantificar o erro refractivo
do paciente.

MEDIDA DO ERRO REFRACTIVO


Existe várias formas de medir o erro refractivo. Estes diferentes métodos podem ser divididos em
testes objectivos e subjectivos.

Os resultados dos testes objectivos não dependem da resposta do paciente.


Podem ser encontrados sem necessitar ajuda do paciente.

Os resultados dos testes subjectivos dependem da resposta do paciente.

Os testes objectivos incluem: • Retinoscopia


• Auto-refratometro.

Os testes subjectivos incluem: • Refração esférica


• Refracção esfero-cilíndrica
• Refracção de visão de perto

Uma vez que ambos os métodos (objectivos e subjectivos) apresentam vantagens e desvantagens,
usualmente é feita uma combinação de ambos quando se efectua a refracção.

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MÉTODOS OBJECTIVOS DE REFRAÇÃO
Retinoscopia: A retinoscopia é um método objectivo de estimar o erro refractivo do olho. O
equipamento designado de retinoscópio é usado para examinar as
propriedades ópticas do olho enquanto são colocadas lentes de prova em
frente ao olho do paciente.

É importante efectuar retinoscopia antes do exame subjectivo uma vez que é


um bom ponto de partida e proporciona uma refração mais rápida.

Figura 1: Efectuando retinoscopia para estimar o erro refractivo.

• Vantagens da Retinoscopia:

- Rápida estimativa do erro refractivo do paciente.

- Maior controlo da acomodação comparativamente ao auto-


refractómetro.

- Detecção de outros problemas oculares (tais como cataratas ou


cicatrizes corneais) podem ser detectadas durante a
retinoscopia.

- Método excelente para estimar o erro refractivo em crianças ou


pacientes com limitações cognitivas (assim como pessoas que
falam outra língua).

- Instrumento pequeno e portátil (fácil de transportar)

• Desvantagens da retinoscopia:

- Medidas precisas requerem treino e prática.

- Difícil de efectuar em pacientes com pupilas pequenas.

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Auto-Refração: Um auto-refractómetro é um aparelho usado para estimar de forma objectiva o
erro refractivo do olho.

Figura 2: Foto de um Auto-refractómetro.

• Vantagens do auto-refractómetro:
- A medida pode ser conseguida por pessoas com o mínimo de
conhecimentos técnicos oculares.

• Desvantagens do auto-refractómetro:
- Os auto-refractómetros tendem a hiper-estimar a miopia e hipo-
estimar a hipermetropia (especialmente em jovens).
- É necessário um Especialista da Visão para interpretar
correctamente os resultados.
- É necessário um Especialista da Visão para refinar os
resultados (torná-los mais precisos).
- Auto-refractómetros são caros.
- Auto-refractómetros geralmente não são portáteis.

Nunca se deve prescrever óculos apenas pelo valor do auto-


refractómetro.

Caso o faça, o paciente pode ter problemas ao usar os novos


óculos. Pode não se sentir confortável com eles.

Um auto-refractómetro pode ser útil como ponto de partida para a refracção


subjectiva, contudo este tipo de equipamento não é necessário.

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MÉTODOS REFRACTIVOS SUBJECTIVOS
A refração subjectiva é geralmente efectuada com lentes de prova (provenientes da caixa de prova)
que são colocadas na armação de prova que o paciente usa durante o exame.

Melhor visão Esférica


(MVE) Refração: A MVE é uma técnica subjectiva usada para alcançar medidas precisas de
miopia e hipermetropia.

A MVE é medida questionando o paciente acerca do que vê no optotipo


enquanto são colocadas em frente aos seus olhos, lentes de prova esféricas de
diferentes potências.

Figura 3: Na refração subjectiva, o paciente é questionado acerca do que vê no


optotipo enquanto são colocadas lentes de prova em frente aos olhos.

Uma vez que na MVE são usadas apenas lentes esféricas (positivas e
negativas), este método mede apenas os erros refractivos esféricos. A MVE
não mede erros refractivos cilíndricos.

Refração esfero-cilíndrica: A refração esfero-cilíndrica proporciona medidas subjectivas de miopia,


hipermetropia e astigmatismo.

A refração esfero-cilíndrica inicia-se com a MVE e usa depois lentes cilíndricas


para medir qualquer astigmatismo que o paciente possa ter.

Esta é a melhor forma de medir o erro refractivo, contudo é necessária prática


e treino.

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Figura 4: Lentes esféricas e cilíndricas de prova são usadas na refração esfero-
cilíndrica para medir o erro refractivo do paciente - incluindo astigmatismo.

Por vezes, em vez de usar armação de prova e caixa de prova, é utilizado o


foróptero. O foróptero é um aparelho próprio para efectuar a refração
subjectiva. Dentro do foróptero encontram-se todas as lentes e acessórios que
se podem encontrar numa caixa de prova.

O paciente vê através das oculares do foróptero e o examinador roda o selector


para alterar a potência das lentes colocadas em frente ao olho do paciente.

Figura 5: Um foróptero pode ser usado em vez da caixa e armação de prova.

Um foróptero é pesado, frágil e caro e não pode ser usado em todas as


clínicas. Geralmente, é mais simples usar a armação de prova e caixa de prova
para efectuar a refração.

Refração de perto: Os pacientes présbitas necessitam de refração subjectiva de perto tanto como
a refração subjectiva de longe. A refração de perto mede o quanto o paciente é
présbita.

A refração de perto inicia-se com MVE (ou esfero-cilíndrica). De seguida, o


paciente observa o optotipo de VP para a refração de perto.

Apenas lentes esféricas e armação de prova são usadas na refração de perto.

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OBJECTIVOS DA REFRAÇÃO
A refração é efectuada para descobrir a potência dos óculos que o paciente necessita de forma a
corrigir o erro refractivo. Uma boa refração proporciona ao paciente uma visão nítida e confortável com
os óculos prescritos.

Os objectivos da refração são descobrir:

• As lentes que proporcionam uma visão nítida ao paciente;

• As lentes que proporcionam maior conforto ao paciente.

→ Ambos os objectivos são importantes.

Se prescrever lentes negativas em demasia, vai proporcionar desconforto ao


paciente → tal acontece porque está a obrigar o paciente a acomodar para ver
nítido.

Se prescrever lentes positivas em demasia, vai proporcionar visão desfocada ao


paciente.

O examinador deve encontrar a lente que proporciona ao paciente visão nítida e


que minimize a acomodação (dando conforto).

Visão nítida:·Apesar de existir várias lentes que permitem ao paciente uma boa visão do optotipo:

→ Nem todas estas lentes serão confortáveis para o paciente.

Visão confortável: Existe apenas uma lente que proporciona ao paciente uma visão nítida e
confortável.

→ Esta é a lente que minimiza a quantidade de acomodação que o paciente


necessita de usar.

A lente que porporciona maior conforto é sempre a lente com menor valor
negativo (ou a lente mais positiva).
→ Mas que proporciona a melhor AV.
A acomodação é minimizada quando é usada a lente menos negativa (ou mais
positiva) possível.

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PREVER ERRO REFRACTIVO – SABER O QUE SE ESPERA
Antes de iniciar a refração, deve ter uma expectativa de qual e quanto é o erro refractivo do paciente.
Esta estimativa é baseada em:

• Anamnese: Os sintomas visuais do paciente→ a que distância a visão é


desfocada?

Idade do paciente → Pode o paciente ter presbiopia?

• Acuidade visual: AV Bruta → Qual a redução da visão de longe e de perto?


AV com buraco estenopeico → a diminuição de AV é causada por um
erro refractivo?

Geralmente, a AV de longe diminuí uma linha no optotipo por cada 0,25D de erro refractive esférico.

→ Este método funciona melhor para optotipos de linhas ou caracteres com os seguintes tamanhos:

6/6 6/7.5 6/9 6/12 6/15 6/18 6/24 6/36 6/48 6/60

Tabela 1: Prever erro refractivo baseado na Acuidade Visual bruta.


AV Bruta Erro refractivo esperado (+ ou –)
6/6 0.25
6/7.5 0.50
6/9 0.75
6/12 1.00
6/15 1.25
6/18 1.50
6/24 1.75
6/36 2.00
6/48 2.25
6/60 2.50
< 6/60 > 2.50

Cada 0,25D de erro refractivo reduz a AV de uma linha aproximadamente.

Mas! A estimativa é efectiva apenas se:

• O paciente não tem astigmatismo (ou tiver apenas uma pequena quantidade)
→ O astigmatismo afecta a AV de uma forma diferente.

• O paciente não está a utilizar a acomodação.


→ Jovens hipermetropes podem ter boa AV porque acomodam.

• O paciente não tem problemas de saúde ocular


→ Algumas doenças oculares podem diminuir a AV mais do que o esperado.

• O paciente tem um erro refractivo inferior a 2,50D.


→ Os erros refractivos superiores a 2,50D nem sempre respeitam esta regra,

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A ARTE DA REFRAÇÃO
A teoria da refração pode ser ensinada, contudo a prática só pode ser aprendida através da
experiência. É por isso que a refração é por vezes designada como arte, e não apenas como ciência.

Todos nós erramos: Assim como você cometerá erros, o paciente também pode cometer e por
vezes dizer algo que o confunde. Este facto pode levar a um erro na refração.
É particularmente comum em casos com pacientes que estão a ser
examinados pela primeira vez, idosos e crianças pequenas.

Uma boa comunicação ajuda o paciente a entendê-lo e vice-


versa.

Quando está a aprender a efectuar a refração, o procedimento pode tornar-se


mais longo. Caso demore muito tempo, o paciente pode ficar cansado ou
aborrecido. Se tal acontecer, as respostas do mesmo tornar-se-ão mais
incertas.

Necessita de aprender a efectuar a refração em tempo


razoável para que o paciente se mantenha atento e
concentrado durante todo o exame. A refração será assim
mais precisa.

As crianças precisam de estar ocupadas e entretidas durante


a consulta ou perdem o interesse, tornando as respostas
inúteis.

Os pacientes idosos ficam cansados quando a refração é


muito demorada. Se tal acontecer, deve deixar o paciente
descansar ou pedir para voltar noutro dia.

Controlar a acomodação: A visão é um processo complexo. Uma componente da visão especialmente


complicada é a acomodação. Se o paciente apresenta uma acomodação activa, podemos ter dificuldade
no seu controlo. Um paciente sem controlo de acomodação dirá que por vezes vê nítido o optotipo e
outras vezes desfocado - mesmo olhando para a mesma letra através da mesma lente.

Um paciente sem controlo de acomodação dar-lhe-á


respostas inesperadas. Se não controlar a acomodação, a sua
refração será provavelmente incorrecta.

A maior parte das pessoas não controla a sua acomodação.


Na verdade, a maior parte da população nem se apercebe que
está a acomodar.

O paciente não tem responsabilidade caso não haja um bom


controlo da acomodação quando está a ser examinado. A
acomodação deve ser controlada pelo examinador.

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Saber o que esperar: Um bom examinador ouve os sintomas do paciente durante a anamneses e
começa a pensar qual poderá ser o problema do paciente. A AV e AV com furo
estenopeico darão mais informações acerca da quantidade de erro refractivo do
paciente.

Antes do examinador efectuar a refração já sabe qual o erro refractivo


esperado e consegue estimar a quantidade do mesmo.

Se o paciente der respostas inesperadas, um bom examinador sabe que a


acomodação do paciente não está devidamente controlada – ou o paciente
está confuso ou cansado – e saberá o que fazer quanto a isso.

O PROCEDIMENTO DA REFRAÇÃO
Existe uma ordem básica dos testes realizados na refracção. O Fluxograma seguinte apresenta-nos
essa sequência:

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TESTE OS TEUS CONHECIMENTOS
1. Qual a diferença entre os métodos de refração objectivos e subjectivos?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

2. a) Quais são as vantagens dos métodos de refração objectivos?

____________________________________________________________________________

b) Quais são as vantagens dos métodos de refração subjectivos?

____________________________________________________________________________

3. Qual a diferença entre MVE e a refracção esfero-cilíndrica?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

4. Quais são os dois principais objectivos da refracção?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

5. Qual a informação que pode ser útil para estimar o erro refractivo do paciente antes de
iniciar a refração?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

6. De que forma podemos usar o valor da Acuidade Visual para estimar o erro refractivo de
um paciente?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

7. Como podemos ajudar um paciente a dar-nos boas respostas, durante o teste


subjectivo?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

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RETINOSCOPIA

PENSA
A Retinoscopia é uma técnica objectiva que estima o erro refractivo do paciente sem que este
necessite responder a perguntas.

A Retinoscopia deve ser realizada em todos os pacientes que examinamos uma vez que nos dá
informação muito útil, que dificilmente conseguimos obter de outra forma. Este procedimento é
bastante útil em pacientes em que não conseguimos obter respostas subjectivas como as crianças e
pacientes com atraso intelectual

A execução da Retinoscopia permite-nos ter dados refractivos objectivos tornando a avaliação


refractiva subjectiva mais fácil e eficiente.

OBJECTIVO
Pretende-se neste módulo desenvolver a técnica da Retinoscopia para potenciar a medição refractiva
objectiva.

RESULTADOS A OBTER
Após este modulo deve ter a capacidade de:

• Explicar porque a Retinoscopia é uma excelente técnica de refracção.

• Descrever o procedimento da Retinoscopia

• Descrever o Set-Up apropriado para o procedimento da Retinoscopia

• Usar o Retinoscópio no âmbito dos meridianos principais do olho

• Reconhecer as franjas “com” e “contra” e proceder à sua neutralização.

• Neutralizar as franjas usando lentes de teste.

• Explicar o que fazer quando temos dificuldade em neutralizar as franjas de luz do Retinoscópio

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RETINOSCOPIA
Definição: Técnica de avaliação objectiva do erro refractivo usando um instrumento
chamado Retinoscópio.

Nesta técnica não existe a necessidade de respostas verbais do paciente.


Quando necessitamos de resposta verbal do paciente passamos a denominar o
exame como Exame Refractivo Subjectivo.

Porquê fazer Retinoscopia?

Devemos fazer Retinoscopia em todos os pacientes que examinamos

A Retinoscopia permite-nos:

• Estimar o erro refractivo antes de iniciar a avaliação subjectiva


→ Fornece-nos um excelente ponto de partida para a avaliação
refractiva

• Estimar o erro refractivo em pacientes em que haja maior dificuldade


de comunicação verbal como:
→ Bebés ou crianças
→ Pacientes com atraso intelectual
→ Pacientes que falem uma lingua ou um dialecto que não
entendamos
→ Pacientes surdos – mudos

• Detectar algumas doenças (como cataratas ou opacidades corneais)


que podem afectar a visão do paciente e a nossa avaliação refractiva.

Metodologia: Quando apontamos a luz do Retinoscópio para o olho do paciente observamos


o reflexo da luz vindo da retina. Este reflexo é chamado de “reflexo do
Retinoscópio” e tem o aspecto de uma franja de luz amarela/vermelha dentro
da pupila.

Dependendo do erro refractivo do paciente o movimento da franja assume um


determinado movimento dentro da pupila. Usando lentes de ensaio podemos
neutralizar esse movimento quantificando o valor refractivo objectivo

Tipo
de Retinoscópio: Existem dois tipos de Retinoscópios:

• Retinoscópio pontual:
→ Apresenta uma fonte de luz pontual, redonda.
• Retinoscópio de fenda:
→ Apresenta uma fonte de luz em forma de fenda ou linha (o mais
utilizado).

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Neste capítulo vamos abordar o Retinoscópio de fenda e a sua utilização.

Figura 1. – Retinoscópio de franja

Elementos do Retinoscópio
• Botão Power
→ Liga e desliga o Oftalmoscópio
→ Controla a luz do Oftalmoscópio

• Sistema de Luz: Lâmpada e espelho


→ Fornece a luz.

• Gerador de energia
→ Bateria (descartável ou recarregável). Englobada no interior do
punho do retinoscópio
→ Cabo de ligação do Retinoscópio á electricidade

• Espelho
→ Reflecte a luz vinda da lâmpada e que projectamos no olho do
paciente.

• Ponto de Observação
→Permite a observação da luz reflectida pela retina

• Cursor
→ Induz a rotação de 360º da fenda de luz
→ Altera o espelho de reflexão do Retinoscópio de luz divergente para
convergente.

Quando um Retinoscópio não funciona correctamente as causas mais comuns


são:
• Necessidade de nova bateria (ou recarregar a bateria actual).
• A Lâmpada necessita ser mudada – estas lâmpadas têm uma longevidade
de alguns anos.

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As lâmpadas dos Retinoscópios são especialmente feitas para
este equipamento. A sua aquisição deve ser feita ao próprio
fornecedor do Retinoscópio.

Retinoscópio de Fenda: Existem vários tipos de Retinoscópios de fenda, mas de uma forma
geral todos são similares ao modelo apresentado na figura 1.

A fenda de luz do Retinoscópio pode ser alterada através do botão ou cursor:

• Rotação de 360º

• Aumento ou diminuição de espessura da fenda (deslizando


verticalmente o cursor)
• Trocas de espelho de divergente para convergente

A maioria dos Retinoscópios apresenta luz convergente quando o cursor está


em cima , e luz divergente quando o cursor está para baixo.

O Retinoscópio é normalmente usado com a luz está divergente

Retinoscópio Pontual: O Retinoscópio pontual projecta uma luz pontual em vez da franja típica
dos Retinoscópios mais comuns.

A luz pontual pode ser deslocada movendo o cursor podendo ser:

• Projecta uma luz com maior ou menor diâmetro (movendo o cursor)


• Faz a troca de projecção divergente para convergente deslizando o
cursor verticalmente (para cima ou para baixo)

A maioria dos Retinoscópios emitem luz convergente quando o cursor se


encontra deslocado para cima, e divergente quando o cursor se encontra
deslocado para baixo.
Num Retinoscópio de “luz Pontual” Não é necessário fazer a
rotação da franja para fazer o varrimento dos meridianos (tal
como se faz nos retinoscópios de fenda).

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MOVIMENTO DO REFLEXO DO RETINOSCÓPIO
Varrimento: O erro refractivo do olho pode ser estimado fazendo um varrimento com a
franja de luz ao longo do olhos avaliando o reflexo da retina.

Este varrimento deve ser suave e repetido várias vezes para trás e para frente,
para cima e para baixo e ainda de forma obliqua. Vendo a diferença no
movimento dos reflexos podemos perceber a presença de astigmatismo e
quantificar a potência em cada meridiano.

Varrimento no Meridiano Horizontal:


• Colocamos a franja do Retinoscópio a 90º (na vertical).
• Rodar o Retinoscópio de um lado ao outro fazendo varrimento ao longo do
meridiano horizontal.

Figura 2: Varrimento do Meridiano Horizontal.

Varrimento do Meridiano Vertical:


• Usamos o cursor para colocar a franja de luz horizontal (a 180º).
• Fazemos movimentos verticais (para cima e para baixo) ao longo do
meridiano vertical.

Figura 3: Varrimento do Meridiano Vertical


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Varrimento dos Meridianos Oblíquos:
Os meridianos Oblíquos são os meridianos que não são nem verticais nem
horizontais.
• Usamos o cursor para colocar a franja de luz numa posição oblíqua (por
exemplo a 45º).

• Para fazer o varrimento do meridiano de 45º colocamos a franja


perpendicular (a 135º) e fazemos movimentos oblíquos para percorrer
todo o meridiano de 45º.

Pratica os varrimentos projectando a franja de luz numa


parede e fazendo varrimentos verticais, horizontais e
oblíquos.

OBSERVAÇÃO DO MOVIMENTO DOS REFLEXOS DA RETINA.


Vista através do ponto de observação do Retinoscópio:

Quando observamos os olhos de um paciente através de um Retinoscópio, observamos o


reflexo vermelho em forma de franja (ou fenda ou paralelepípedo) que brilha dentro da pupila.

Usando lentes de ensaio no óculo de prova teremos a mesma imagem

Figura 4: Vista através do ponto de observação do Retinoscópio

Quando fazemos um varrimento de um meridiano a franja de luz apresenta um


movimento característico que pode ser “com” “contra” ou, não havendo
movimento, “neutro”.
.

Movimento “com”: Quando o movimento da franja acompanha o movimento do Retinoscópio


dizemos que existe movimento “com”.

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Figura 5: Reflexo da retina (franja de luz) apresentando movimento “Com”

Movimento “Contra”: Quando o movimento da franja de luz tem um movimento


contrário ao movimento do Retinoscópio, dizemos que existe
um movimento “contra”.

Figura 6 : Reflexo da retina (franja de luz) apresentando movimento “Contra”

Ausência de Movimento
(Neutral): Quando toda a pupila fica preenchida com reflexo da retina e não existe
movimento do reflexo quando rodamos o Retinoscópio, definimos esta condição
como “neutralização”.

A neutralização é o objectivo que desejamos atingir numa Retinoscopia.


Quando atingimos a neutralização do movimento da franja, podemos dizer que
encontrámos o valor refractivo objectivo, do olho avaliado.

Figura 7: O reflexo apresentando a neutralização.

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Movimentos em “Tesoura”:
Apesar de pouco frequentes, é possível encontrar movimento das franjas
chamados de “tesoura”.

A sua aparência lembra uma tesoura a abrir e a fechar


• Não existe movimento “Com”, “Contra” ou “Neutralização”.

• Existe um movimento oblíquo entre os dois meridianos opostos que


abre e fecha o ângulo formado entre si.
• Estes movimentos são chamados de movimentos em “tesoura”.

Movimentos em “tesoura” são um sinal da existência de


Astigmatismo irregular.

Um paciente com astigmatismo irregular pode apresentar os seguintes


sintomas:
• Pobre AV com óculos
• Necessita reencaminhamento para especialista para verificar se se
pode melhorar a visão.

O Astigmatismo irregular é normalmente detectado durante o


exame ocular onde se inclui a Retinoscopia.

Característica do reflexo (Retiniano) :

• Brilho: È brilhante (exuberante) ou ténue?


→ O reflexo fica mais brilhante à medida que nos aproximamos da
“neutralização”

• Direcção do Movimento: É movimento “Com”ou “Contra”?


→ Movimentos “Com” é neutralizado com lentes positivas
→ Movimento “Contra” é neutralizado com lentes negativas

• Velocidade: È rápido ou lento?


→ A velocidade da franja aumenta à medida que nos aproximamos do
ponto de neutralização
• Espessura: É larga ou estreita?
→ O reflexo da franja é mais largo quanto mais próximo tiver da
neutralização.

Figura 8: Á medida que nos aproximamos da neutralização o reflexo fica mais largo

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Figura 9: Características do reflexo retiniano.

• Meridianos: Será o movimento da franja igual em todos os meridianos?


→ Se o movimento for o mesmo em todos os meridianos, então estamos
perante um erro refractivo esférico.
→ Se o movimento da franja for diferente em várias direcções então
estamos na presença de um astigmatismo.

• Quebra: Está a franja continua (sem quebras ou rupturas) em todos os


meridianos?
→ Se estiver alinhada em todos os meridianos temos um erro refractivo
esférico.
→ Se houver quebras ou rupturas estaremos perante um astigmatismo.

Neutralização do Reflexo Retiniano:


O Reflexo (a franja) pode ser neutralizada adicionando lentes de teste no óculo
de prova ou usando réguas de esquiascopia (Retinoscopia).

• Lentes positivas neutralizam movimentos “Com”.


• Lentes negativas neutralizam movimentos “Contra”.

Se adicionarmos lentes positivas em demasia o movimento passará de “com”


para “Contra”
→ Significa que ultrapassámos a neutralização.
→ É necessário retirar algum valor positivo para voltar ao ponto de
neutralização.

Se adicionarmos lentes negativas em demasia:


• O movimento passará de “Contra” a “Com”
→ Significa que ultrapassámos a neutralização.
→ É necessário retirar algum valor negativo para voltar ao ponto de
neutralização.

Distância de trabalho: Quando fazemos uma Retinoscopia estamos normalmente afastados


67 cm do paciente (às vezes estamos a 50 cm). Esta distância é chamada de
“Distância de trabalho”

A Distância de trabalho é extremamente importante pois interfere no valor


refractivo encontrado. È por isso importante saber a que distância trabalhamos
para podermos calcular o valor refractivo encontrado na retinoscopia.
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Figura 10: A Retinoscopia é normalmente realizada a 67 cm.

Quando estamos a praticar Retinoscopia podemos usar uma


Bitola (um fio ou um cordão) para medir a nossa distância de
trabalho.

Uma extremidade do fio está fixo ao Retinoscópio. A outra


extremidade tem um nó que fixa há armação de prova
colocada no rosto do paciente. A corda deverá ter 67cm (ou
50 cm).

Este processo vai ajudar-nos a “perceber” a correcta posição


para a distância de trabalho. Com a prática saberás
intuitivamente qual a distância de trabalho sem recorrer ao fio.

Neutralização e Distância de trabalho:

Quanto atingimos a neutralização da franja significa que o ponto focal está


precisamente na retina.

Se estivéssemos a executar uma Retinoscopia a 6m do paciente, as lentes


necessárias para neutralizar a franja seriam exactamente o valor do seu erro
refractivo. Obviamente que executar uma retinoscopia a 6 m do paciente é
impraticável (era impossível colocar as lentes ao paciente a 6m de distância!) –
por isso necessitamos estar próximos do paciente.

Normalmente escolhemos segurar o Retinoscópio a 67 cm do olho do paciente


(No casos de termos uns braços mais curtos, usamos 50 cm)

Uma vez que não estamos a 6m do paciente temos de compensar a distância a


que estamos a trabalhar. (distancia entre o Retinoscópio e o paciente),
colocando uma lente de trabalho no óculo de prova ou subtraindo o valor em
dioptrias correspondente

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Se a nossa distância for de 67 cm (0,67m):
→ Subtrair 1,5 D do valor encontrado na neutralização.
Explicação: F = 1/f
= 1 / 0.67
= 1.50 D

SE a nossa distância de trabalho for de 50 cm (0,5m):


→ Subtrair 2.0D da lente que atingiu a neutralização
Explicação: F = 1/f
= 1 / 0.5
= 2.00 D

Compensação da Distancia de Trabalho:

Existem duas formas de compensar a distância de trabalho na estimativa do erro refractivo:

• Método de cálculo:
– Encontrar a lente de ensaio que atinja a neutralização
– Subtrair 1.5D (ou 2.0D) do valor da lente da neutralização.
– O valor final será o erro refractivo objectivo do paciente. (ou seja o
valor da retinoscopia)

Examplo 1:
→ Uma lente de teste de +5.00 D neutraliza o reflexo retiniano (o
movimento da franja), a uma distância de trabalho de 67 cm.
→ +5.00D −1.50 D = +3.50 D
→ O erro refractivo encontrado na retinoscopia é de +3.5D de
hipermétropia

Example 2:
→ Uma lente de teste −5.00 D neutraliza o reflexo retiniano (o
movimento da franja), a uma distância de trabalho de 67 cm
→ −5.00D −1.50 D = −6.50 D
→ O erro refractivo encontrado na retinoscopia é de -6.50 D de
miopia.

• Método alternativo:
– Colocar uma lente de teste de +1.50 D (ou +2.00 D) no Óculo de
prova (antes de iniciar a Retinoscopia). Nota: Normalmente esta
lente é colocada na célula posterior do Óculo de Prova.

– Encontrar a lente que atinja a neutralização da franja (colocando as


lentes no óculo de prova).

– Remover a lente de teste de +1.50 D (ou +2.00 D) que tínhamos


colocado inicialmente no Óculo de prova

– As lentes de teste que deixámos no óculo de prova correspondem


ao valor da Retinoscopia e é o valor objectivo da refracção do
paciente

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As lentes que usamos para compensar a distância de trabalho
são também chamadas de “lentes de trabalho”.

Exemplo 1:
→ Colocamos uma lente de trabalho de +1.5D no óculo de prova
(normalmente é colocada na célula de trás do óculo de prova)
→ Conseguimos a neutralização do reflexo usando uma lente de
teste de +3.50 D (trabalhando a uma distância de 67 cm.)
→ Colocamos esta lente na célula da frente do Óculo de prova.
→ Removemos a lente de trabalho (de +1.50 D)
→ O valor da Retinoscopia (erro refractivo medido) é de +3.50D de
hipermetropia

Exemplo 2:
→ Colocamos uma lente de trabalho de +1.5D no óculo de prova.
(normalmente é colocada na célula de trás do óculo de prova)
→ Conseguimos a neutralização do reflexo usando uma lente de
teste de -6.50 D (trabalhando a uma distância de 67 cm.).
→ Colocamos esta lente na célula da frente do Óculo de prova.
→ Removemos a lente de trabalho (de +1.50 D).
→ O valor da Retinoscopia (erro refractivo medido) é de -6.50D de
miopia

Confirmar a neutralização:

Quando encontramos o valor de neutralização podemos fazer uma confirmação


usando os seguintes procedimentos:

• Fazer alterações na distância de trabalho.


• Mudar o espelho de divergente para convergente
• Adicionar +0.25 e -0.25D

Mudança da distância de trabalho:

Quando mudamos a distância de trabalho provocamos alterações no reflexo


observado..

• Reduzindo a distância (aproximamo-nos do paciente)


→ Isto irá diminuir a distância de trabalho
→ O Reflexo passa a ter movimento “Com”

• Aumentando a distância (Afastamo-nos do paciente)


→ Isto irá aumentar a distância de trabalho
→ O Reflexo passa a ter movimento “Contra”

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Figura 11: Fazendo variações da distância de trabalho para verificar neutralização.

Troca do espelho de Divergente para Convergente:

O espelho divergente é o normalmente utilizado. Para tal mantemos o


cursor/manipulo do Retinoscópio para baixo.

Nestas condições temos:


→ Movimentos “Com” quando é necessário incrementarem valor positivo.
→ Movimento “Contra” quando é necessário incrementar valor negativo

Quando colocamos o manípulo do Retinoscópio para cima, passamos a usar


um espelho convergente:

Nestas condições temos:


→ Movimento “contra” quando é necessário incrementar valor positivo.
→ Movimento “Com” quando é necessário incrementar valor negativo.

Quando não temos neutralização.

Mudamos o espelho de divergente para convergente


→ Este procedimento induz uma inversão de movimento no
reflexo retiniano.
− “Com” passará a “Contra”
− “Contra” passará a “Com”

Se tivermos neutralização:
A mudança de espelho divergente para convergente
→ Não haverá alterações no reflexo

Incrementando Adições de: +0.25 D e −0.25 D:

Na presença de neutralização:
→ Adicionando +0.25 D dá-nos movimento “contra”
→ Adicionando −0.25 D dá-nos movimento “com”

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ALINHAMENTO DA FENDA E DO REFLEXO DO RETINOSCÓPIO
A fenda do Retinoscópio pode ser rodada por forma a que todos os meridianos possam ser avaliados.

Normalmente fazemos primeiro o varrimento do meridiano vertical, depois o horizontal e por último os
oblíquos.

Para fazer o varrimento de um meridiano a franja é rodada para que fique


perpendicular ao meridiano. Ou seja, a franja do Retinoscópio deve estar
perpendicular ao meridiano que se pretende avaliar “varrer”.

• Quando a franja está vertical (90°)


→ Estamos a avaliar (a “varrer”) o meridiano horizontal do olho.
→ Este meridiano tem o seu eixo de potência a 90º (tal como a posição da franja).

• Quando a franja é horizontal (180º)


→ Estamos a avaliar (a “varrer”) o meridiano vertical do olho.
→ Este meridiano tem o seu eixo de potência a 180º (tal como a posição da franja).

• Quando a franja é obliqua


→ Estamos a avaliar o meridiano perpendicular á franja oblíqua
→ Este meridiano tem o seu eixo de potência de acordo com a posição da franja

Erro Refractivo Esférico: Quando uma pessoa tem um erro refractivo o reflexo em todos os
meridianos será sempre igual (similar). O reflexo da retina (franja) será neutralizado com o mesmo
valor esférico (com a mesma lente) em todos os meridianos.

• Quando rodamos a franja o reflexo da retina mantém-se paralelo


(alinhado com a fenda) em todos os meridianos.
• Em todos os meridianos a franja apresenta o mesmo brilho, velocidade
e move-se na mesma direcção.

Figura 12: Varrimentos mostram fenda e reflexo paralelos em todos os meridianos

Nos erros refractivos esféricos todos os meridianos


necessitam do mesmo valor esférico.

Podemos rodar a franja para qualquer meridiano e verificar


que o brilho a velocidade e o movimento da franja se mantém
constante.

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Erro Refractivo - Astigmatismo: Nos casos em que os pacientes apresentam erros refractivos de
astigmatismo. O reflexo da franja aparecerá diferente entre os meridianos. O
Reflexo será neutralizado nos dois meridianos principais com valores refractivos
diferentes entre si.

• À medida que rodamos a fenda o reflexo só será paralelo com a fenda


(fenda e reflexo alinhados), em dois meridianos. – Esses são os
meridianos principais do paciente.

Quando a fenda está noutro meridiano (sem ser um dos principais), o


reflexo da retina (a franja) não estará alinhada com a fenda de luz –
Observa-se uma quebra entre ambos.
• Cada meridiano principal necessita ser neutralizado separadamente.

• Nos dois principais meridianos os reflexos terão brilhos e velocidades


diferentes e poderão mover-se em direcções diferentes.

• A posição dos meridianos principais será sempre entre 0º e 180º, e


serão sempre perpendiculares entre si.

Figura 13: Retinoscopia mostra a presença de astigmatismo

Na figura 13 verificamos que apenas nos meridianos a 45º e 135º os reflexos


são paralelos com a fenda. Isto significa que o paciente tem astigmatismo e
que os meridianos principais são precisamente a 45º e 135º

Na correcção do astigmatismo os meridianos necessitam de


potências refractivas diferentes.
Um olho Astigmata tem dois meridianos principais que estão
perpendiculares entre si.
Os meridianos principais são aqueles que apresenta os
valores refractivos máximos e mínimos encontrados.
Os reflexos em cada um destes meridianos serão diferentes
no brilho, velocidade e movimento.

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Encontrar os Meridianos Principais:

Para ajudar a encontrar os eixos principais, devemos procurar


características próprias dos reflexos:

• Ruptura
Se o reflexo retiniano não está alinhada com a fenda (se houver ruptura):

→ Roda a fenda de forma que o reflexo retiniano fique alinhado com a fenda
→ Atingido o alinhamento dizemos que estamos num dos eixos principais.

• Brilho
Rodamos a fenda e observamos as variações no reflexo da retina.
→ Rodamos a fenda até observarmos o melhor reflexo
→ Atingido o brilho dizemos que estamos num dos eixos principais.

• Espessura da fenda
Rode a fenda e observe as variações do reflexo:
→ Rode a fenda até encontrar o reflexo mais fino.
→ Atingido este estado dizemos que estamos num dos eixos principais

Figura 14: Espessura do reflexo.

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PROCEDIMENTO DE RETINOSCOPIA
Procedimento: A retinoscopia é normalmente feita com o paciente e observador
sentados..

Figura 15: Procedimento da Retinoscopia

• A iluminação da sala deve ser reduzida


→ Se houver muita luz na sala torna-se mais difícil observar as franjas
reflectidas da retina.
→ No caso de escuridão total, torna-se complicado saber a localização
dos equipamentos e olhos do paciente.

• Diga ao paciente para fixar um estímulo afastado, normalmente


colocado na parede em frente mais afastada (a pelo menos 3 metros).
Um estímulo de fixação ao longe, como o canto da tabela de Optotipos
(uma tabela de AV) ou uma letra da escala 6/60 ajudar a controlar a
acomodação do paciente

• Ajustar a armação de prova (atenção às DP´s) na cara do paciente,


para que o óculo fique bem ajustado e confortável.

• Na Retinoscopia a nossa posição tem de ser assumida de frente ao


paciente mas de forma a que o mesmo tenha uma visão desimpedida
para o estímulo na parede.

Para isso:
− Sentamo-nos em frente ao paciente de forma que a nossa cabeça
esteja em frente ao olho direito (OD) do paciente.
− O paciente deve conseguir ver o estímulo definido ao longe, usando
para tal o seu olho esquerdo (OE).
− Certificar que os nossos olhos estão à mesma altura dos olhos do
paciente.

• Devemos manter a cabeça direita de forma a que o paciente mantenha


fixação ao estimulo de longe. Se movimentarmos a cabeça podemos
bloquear a visão do estímulo definido.

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• Certificar a correcta distância de trabalho.
− Calcular a potência refractivo que compensa a distância de trabalho
→ Inserir as “lentes de trabalho” na célula posterior da armação de
prova ( a célula de trás da armação); ou,
→ Memoriza este valor para poderes fazer a subtracção no final da
retinoscopia.

• No olho que não está a ser examinado coloca uma lente positiva de
forma a controlar a acomodação (o paciente pode ficar com a visão
desfocada). Normalmente usamos uma lente de +1.5 ou +2.0

• Assegura-te que o espelho do Retinoscópio é o divergente. Para tal


puxa para baixo o cursor de forma a que fique o mais próximo possível
do punho/bateria

• Devemos sempre avaliar primeiro o olho direito:


→ Seguramos o Retinoscópio com a mão direita.
→ Usamos o nosso olho direito para observação pelo Retinoscópio.
(apoia a base superior do Retinoscópio sobre a testa ou
sobrancelha)
→ Executa o varrimento dos meridianos do OD do paciente

Depois avaliamos o olho esquerdo:


→ Seguramos o Retinoscópio com a mão esquerda.
→ Usamos o nosso olho esquerdo para observação pelo Retinoscópio.
(apoia a base superior do Retinoscópio sobre a testa ou
sobrancelha)
→ Executa o varrimento dos meridianos do OE do paciente

• Devemos manter os dois olhos abertos enquanto fazemos a


Retinoscopia. Quando fechamos o olho durante longo período podemos
acabar por ter dores de cabeça. Com a prática conseguirás fazer a
supressão do olho que não está a observar através do retinoscópio.

• Indicações que devem ser dadas ao paciente:


– “Mantenha a visão na letra fixa na parede”
– “Diga-me por favor se a minha cabeça o impede de ver a letra (ou o
estimulo que escolhemos) ”
– “A letra pode estar desfocada – Não se preocupe com isso! Relaxe
e mantenha a observação da letra”
– “Mantenha por favor os dois olhos abertos”

Relembre o paciente que tem de manter a visão no


estímulo que está na parede, e não deve olhar para a luz
do retinoscópio.

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Neutralização de Astigmatismos: Existem duas formas de neutralizar os Astigmatismos:
• Usando lentes de teste esféricas e cilíndricas
• Usando lentes esféricas e a cruz óptica.

Ambos os métodos estão correctos e são úteis. Se usamos uma régua de


retinoscopia a segunda opção acaba por ser a mais simples e útil.

A régua de retinoscopia (ou régua de esquiascopia) é uma


peça única que contém várias lentes de diferentes potências.

Pode tornar-se muito mais prático a sua utilização que as


lentes de prova da caixa de prova. Mas se não tiveres uma
régua podes da mesma forma usar as lentes soltas da caixa
de prova. O resultado será o mesmo

Figura 16: Execução de retinoscopia com régua de retinoscopia (ou esquiascopia).

Método 1: Neutralização usando lentes esféricas e cilíndricas da caixa de prova:

Passo 1: Encontrar o meridiano mais positivo (ou menos negativo) do OD.

Se tivermos um meridiano com movimento “com” e outro com


movimento “contra”:
→ Neutralizamos primeiro o meridiano com movimento “com”.
Se ambos os meridianos tiverem movimento “com”:
→ Neutraliza primeiro o mais positivo (o mais hipermétrope)·
→ Este é o meridiano cuja franja se movimenta mais devagar, é
mais fina e o brilho é menor
Se ambos os meridianos tiverem movimento “contra”:·
Neutraliza primeiro o menos negativa (o menos míope).
→ Este é o meridiano mais rápido, mais grosso e mais brilhante.

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Passo 2: Usamos lentes esféricas para neutralizar o meridiano mais positivo
(ou menos negativo). Colocamos no óculo de prova as lentes de
teste que neutralizam o movimento no meridiano em análise.

Passo 3: Rodamos a fenda do retinoscópio 90º e neutralizamos o segundo


meridiano principal. Para tal usamos uma lente cilíndrica negativa.

Passo 4: Colocamos lentes cilíndricas negativas no óculo de prova


(mantendo na armação de prova a lente esférica que usámos para
neutralizar o meridiano anterior).
→ A potência do astigmatismo será a lente cilíndrica negativa que
encontrámos para neutralizar o segundo meridiano principal.
(passo 3)
→ O eixo de orientação deste cilindro será igual á posição da
segunda franja ou seja do Segundo meridiano principal (passo
3)

Passo 5: Rodamos a fenda e verificamos se os meridianos estão todos


neutralizados.
Se ainda existirem movimentos “com” ou “contra” → repetir os
passos de 2 a 5.
Se todos os meridianos estiverem neutralizados → avançamos para
o passo 6.

Passo 6: Repetir os passos de 1 a 5 para o Olho Esquerdo (OE).

Passos 7: Confirma se o OD se mantém neutralizado.

SE o OD apresentar movimentos “com” significa que na


primeira análise o paciente estava a acomodar.

A razão pode ser explicada pelo pouco valor de “positivos”


que estava colocado no OE na primeira avaliação do OD; Este
valor não relaxava completamente a acomodação.

Vai por isso ser necessário mais valor positivo para


neutralizar o OD.

Passo 8: Anotamos os valores da retinoscopia encontrados.


→ Este é o valor Objectivo do erro refractivo do paciente.

Não esquecer de compensar a distância de trabalho antes de


anotar o valor final da retinoscopia!

Passo 9: Medir a AV do OD e OE com os valores de retinoscopia


encontrados.

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Método 2: Neutralização usando lentes de teste esféricas e a “cruz óptica”

Passo 1: Encontrar um meridiano principal do OD

Passo 2: Neutralizar este meridiano principal usando lentes esféricas de


teste.
Passo 3: Traça uma linha (num bloco de notas ou num papel disponível) com
a direcção da fenda de neutralização do meridiano e escreve o
valor da lente usada para a neutralização
→ Esta linha representa o eixo do meridiano que acabaste de
neutralizar.

Passo 4: Roda a fenda do retinoscópio 90º e neutraliza o Segundo meridiano


principal.

Passo 5: Traça no mesmo papel uma linha perpendicular à anterior para


fazeres uma cruz. Junto à segunda linha escreve a potência
necessária usada para neutralizar este meridiano.
→ Esta segunda linha representa o eixo do segundo meridiano
acabado de neutralizar.

Passo 6: Observa na cruz qual dos valores é mais positivo (ou menos
negativo)
→ Coloca no óculo uma lente esférica com o valor mais positivo
(menos negativo) dos dois.

Passo 7: Observa de novo a tua cruz óptica:


→ Subtrai o valor mais positivo (menos negativo) ao valor menos
positivo (mais negativo)
→ Da caixa de prova, ( e à frente do valor esférico encontrado no
passo 6) coloca um cilindro negativo com o valor encontrado na
subtracção.
→ Coloca o eixo do cilindro na mesma posição do meridiano menos
positivo (mais negativo) da cruz óptica.

A potência do cilindro a usar da caixa de prova, calculado


pelo método da cruz óptica:
= Potência Potência
Menos Positiva _ Mais Positiva
(mais negativa) (Menos negativa)

Passo 8: Rodar a fenda e verificar se todos os meridianos estão


neutralizados.
Se houver algum meridiano com movimento “com” ou “contra”→
Repetir os passos 1 a 8.
Se todos os meridianos estiverem neutralizados → Seguimos para
o Passo 9.

Passo 9: Repetir os passos de 1 a 8 para o olho esquerdo (OE).

Passo 10: Confirma se o OD se mantém neutralizado.

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SE o OD apresentar movimentos “com” significa que na
primeira análise o paciente estava a acomodar.

A razão pode ser explicada pelo pouco valor de “positivos”


que estava colocado no OE na primeira avaliação do OD; Este
valor não relaxava completamente a acomodação.

Vai por isso ser necessário mais valor positivo para


neutralizar o OD

Passo 11: Anotamos os valores da retinoscopia encontrados.


→ Este é o valor Objectivo do erro refractivo do paciente.

Não esquecer de compensar a distância de trabalho antes de


anotar o valor final da retinoscopia!

Passo 12: Medir a AV do OD e OE com os valores de retinoscopia


encontrados.

Com a prática, acabarás por não necessitar de desenhar a


cruz óptica num papel – Este processo será feito
mentalmente, não sendo necessário anotares a localização e a
potência de cada meridiano principal.

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EXEMPLOS DE RETINOSCOPIA
Exemplo 1: Hipermetropia

a. Compensar a distância de trabalho:


Estamos a usar uma distância de trabalho de 67cm portanto colocamos
lentes de trabalho de +1.50D na armação de prova.

b. Analisar os meridianos:
Fazemos um varrimento do meridiano horizontal, vertical e oblíquo
como demonstrado na imagem abaixo.

Figura 17: Varrimento a 90° (o Figura 18: Varrimento 135° Figura 19: Varrimento a 180°
meridiano horizontal. (meridiano a 45°). (meridiano a 90°).
A franja e o reflexo estão alinhados, e A franja e o reflexo estão alinhados, e A franja e o reflexo estão alinhados, e
existe movimento “com”. existe movimento “com”. existe movimento “com”.

Neste caso pode observar:

• O reflexo observado é igual em todos os meridianos


→ é um erro refractivo esférico.

• O reflexo apresenta movimento “com”


→ Estamos perante hipermetropia
→ São necessárias lentes positivas para neutralizar.

c. Neutralizar o reflexo num meridiano:


Porque o reflexo apresenta movimento “com”:

− Experimenta uma lente de prova de +1.00 D


→ Provoca movimento “com” no meridiano vertical.

− Experimenta uma lente de prova de +2.00 D


→ Provoca movimento “com” no meridiano vertical.

− Experimenta uma lente de prova de +3.00 D


→ provoca movimento “com” no meridiano vertical.

− Experimenta uma lente de prova de +4.00 D


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→ provoca movimento “contra” no meridiano vertical.

− Experimenta uma lente de prova de +3.50 D


→ provoca movimento contra no meridiano vertical.

− Experimenta uma lente de prova de +3.25 D


→ neutraliza o meridiano vertical.

d. Analisar os outros meridianos:

• Rode a franja e analise os outros meridianos:


→ os outros meridianos também estão neutralizados com +3.25 D

• Tal pode ser representado através da seguinte cruz óptica:


+3.25

+3.25

e. Verificação dos resultados da retinoscopia:

• Com as lentes de +3.25 D (e as lentes de trabalho) na armação,


conseguimos:
− Diminuir a distância de trabalho (aproxima-se do paciente)
→ provoca movimento “com” em todos os meridianos
− Aumentar a distância de trabalho (afasta-se do paciente)
→ provoca movimento “contra” em todos os meridianos.

• Assim, sabemos que todos os meridianos estão neutralizados com


+3.25 D no olho direito

f. Repetir para o olho esquerdo:


Descobre que o olho esquerdo fica neutralizado em todos os
meridianos com uma lente de +3.50 D.

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g. Voltar a verificar o olho direito:
Agora verifica que:
• uma lente de +3.25 D neutraliza todos os meridianos no olho direito.
• uma lente de +3.50 D neutraliza todos os meridianos no olho
esquerdo.

h. Retirar as lentes de trabalho e colocar as lentes de neutralização


na armação de prova:

• retire as lentes de +1.50 D que tinha colocado na armação de prova

• Coloque as lentes de neutralização de +3.25 D e +3.50 D na


armação de prova.

• Meça a AV do paciente com estas lentes.

i. Anote os resultados da retinoscopia e AV:


Retinoscopia: OD: +3.25 D (6/7.5)
OE: +3.50 D (6/7.5)

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Exemplo 2: Hipermetropia e Astigmatismo – Método 1

a. Compensação para a distância de trabalho:


Está a usar uma distância de trabalho de 67cm portanto coloca lentes
de trabalho de +1.50D na armação de prova.

b. Analise os meridianos:
Faça um varrimento nos meridianos horizontal, vertical e oblíquo tal
como demonstrado na imagem abaixo.
Observa que os meridianos principais são a 15º e a 105º.

Figura 20: Varrimento do Figura 21: Varrimento do Figura 22: Varrimento do meridiano
meridiano a 180º (o eixo a 90°). meridiano 15º (eixo a 105°). a 105° (eixo a 15°).
• A franja e o reflexo não estão • A franja e o reflexo estão alinhados. • A franja e o reflexo não estão alinhados.
alinhados • Existe um lento movimento “com” • Existe um movimento mais rápido “com”
• O reflexo é mais fino e menos brilhante • O reflexo é mais espesso e mais
brilhante.

Neste caso pode observar:


• O reflexo é diferente em meridianos diferentes
→ estamos perante astigmatismo
→ os principais meridianos estão a 15° e a 105°.

Note que os meridianos principais são perpendiculares


(separados entre si por 90º):

105°° − 15°° = 90°°

• O reflexo apresenta movimento “com” em ambos os meridianos


principais
→ existe hipermetropia em ambos os meridianos principais
→ lentes positivas são necessárias para neutralizar o reflexo em
ambos meridianos.
• O reflexo é:
− mais lento no meridiano a 15° (eixo a 105°)
→ este deve ser o meridiano mais positivo.
− mais rápido no meridiano a 105° (eixo a 15°)
→ este meridiano deve ser o menos positivo.

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Recordar:
Primeiro:
− neutralizar o movimento “com” mais lento
− neutralizar o movimento “contra” mais rápido

c. Neutralizar o reflexo no meridiano a 15º (a franja no eixo a 105º):

• Uma vez que o reflexo apresenta movimento “com” neste


meridiano:

− Experimenta uma lente de prova de +1.00 D


→ provoca movimento “com” no meridiano a 15º.

− Experimenta uma lente de prova de +2.00 D


→ provoca movimento “com” no meridiano a 15º

− Experimenta uma lente de prova de +3.00 D


→ provoca movimento “contra” no meridiano a 15º

− Experimenta uma lente de prova de +2.50 D


→ provoca movimento “com” no meridiano a 15º

− Experimenta uma lente de prova de +2.75 D


→ neutralização no meridiano a 15º.

• Coloca uma lente de prova de +2.75 D na armação de prova


(adicionadas às lentes de trabalho de +1.50 D).

d. Neutralizar o reflexo no meridiano a 105º (franja no eixo a 15º):


O reflexo apresenta movimento “contra” neste meridiano:

− Coloca uma lente de prova de −1.00 D na armação de prova com


o eixo a 15°
→ provoca movimento “contra” no meridiano a 105º.

− Coloca uma lente de prova de −2.00 DC na armação de prova com


o eixo a 15º
→ provoca movimento “com” no meridiano a 105º.

− Coloca uma lente de prova de −1.50 D na armação de prova com o


eixo a 15º
→ neutralização no meridiano a 105º.

• Verifica se o reflexo no meridiano a 15º (eixo a 105º) continua


neutralizado.
− Se não se mantém neutralizado, deve efectuar um varrimento a
ambos meridianos novamente.

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e. Verificação dos resultados da retinoscopia:

• Com +2.75 x – 1.50 x 15 (e lentes de trabalho) na armação de


prova, você:

− Diminuí a distância de trabalho (aproxima-se do paciente)


→ provoca movimento “com” em todos os meridianos

− Aumenta a distância de trabalho (afasta-se do paciente)


→ provoca movimento “contra” em todos os meridianos.

• Assim, sabe que os meridianos principais do olho direito ficam


neutralizados com +2.75 x –1.50 x 15.

f. Repita para o olho esquerdo:


Descobre que o olho esquerdo apresenta-se neutralizado com +3.00 /
−1.75 x 165.

g. Verifique novamente o olho direito:

• Vê agora que as lentes +2.75 / –1.50 x 15 provocam movimento


“com” em ambos os meridianos.

• Adiciona +0.25 D na armação de prova.

• O total de +3.00 / –1.50 x 15 neutraliza agora ambos os meridianos


principais.

• Sabe agora que o paciente estava a acomodar quando realizou a


primeira retinoscopia ao olho direito.

h. Retire as lentes de trabalho e coloque as lentes para neutralização


na armação de prova:

• Retire da armação de prova as lentes de +1.50 D.

• Coloque as lentes de neutralização na armação de prova.

• Meça a AV do paciente com estas lentes.

i. Anote os resultados da retinoscopia e AV:


Retinoscopia: OD: +3.00 / –1.50 x 15 (6/7.5+)
OE: +3.00 / −1.75 x 165 (6/7.5)

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Exemplo 2: Hipermetropia e Astigmatismo – Método 2

a. Compensação para a distância de trabalho:


O mesmo que para o método 1.

b. Análise dos meridianos:


O mesmo que para o método 1.

c. Neutralizar o reflexo no meridiano a 15º (franja com eixo a 105º):

• Uma vez que o reflexo apresenta movimento “com” neste


meridiano:

− Coloca uma lente de prova de +1.00 D


→ provoca movimento “com” no meridiano a 15º.

− Coloca uma lente de prova de +2.00 D


→ provoca movimento “com” no meridiano a 15º.

− Coloca uma lente de prova de +3.00 D


→ provoca movimento “contra” no meridiano a 15º.

− Coloca uma lente de prova de +2.50 D


→ provoca movimento “com” no meridiano a 15º.

− Coloca uma lente de prova de +2.75 D


→ neutraliza o meridiano a 15º (eixo a 105º).

• Desenha num papel uma linha com o ângulo a 105º.


− Próximo da linha escreve +2.75 D.

+2.75 D

• Não coloca a lente +2.75 D na armação de prova.

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d. Neutralizar o reflexo no meridiano a 105º (franja no eixo a 15º):

• O reflexo apresenta movimento “com” neste meridiano:

− Coloca uma lente de prova de +1.00 D


→ provoca movimento “com” no meridiano a 105º.

− Coloca uma lente de prova de +2.00 D


→ provoca movimento “contra” no meridiano a 105º.

− Coloca uma lente de prova de +1.50 D


→ provoca movimento “contra” no meridiano a 105º.

− Coloca uma lente de prova de +1.25 D


→ neutraliza o meridiano a 105º (eixo a 15º).

• Desenha no seu papel outra linha com ângulo a 15º


− Próximo da linha escreve +1.25 D

+2.75 D

+1.25 D

• Verifique que o reflexo no meridiano a 15º continua neutralizado


com a lente de +2.75 D
− Se não estiver neutralizada com +2.75 D, deve efectuar novo
varrimento e neutralizar novamente o meridiano.

e. Verificação dos resultados da retinoscopia:

• Com uma lente de prova de +2.75 D (e lentes de trabalho), você:


− Diminuí a distância de trabalho (aproxima-se do paciente)
→ provoca movimento “com” no meridiano a 15º.
− Aumenta a distância de trabalho (afasta-se do paciente).
→ provoca movimento “contra” no meridiano a 15º.

• Com uma lente de prova de +1.25 D (e lentes de trabalho), você:


− Diminuí a distância de trabalho (aproxima-se do paciente)
→ provoca movimento “com” no meridiano a 105º.
− Aumenta a distância de trabalho (afasta-se do paciente)
→ provoca movimento “contra” no meridiano a 105º.

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• Assim, sabe que os meridianos principais do olho direito estão
neutralizados com +2.75 D com eixo a 105º e +1.25 D com eixo a 15°.

f. Repita para o olho esquerdo:


Descobre que o olho esquerdo apresenta-se neutralizado com +3.00 D
a 75° e +1.25D a 165°.

g. Verifique novamente o olho direito:

• Vê agora que +2.75 D provoca movimento “com” no meridiano a


15º, e +1.25 D provoca movimento “com” no meridiano a 105º.

• Adiciona +0.25 D a ambos os meridianos e vê que +3.00 D


neutraliza o meridiano a 15º, e +1.50 D neutraliza o meridiano a
105º.

• Assim, sabe que o paciente estava a acomodar quando realizou a


retinoscopia pela primeira vez no olho direito.

• A cruz óptica para o olho direito é agora:

+3.00 D

+1.50 D

h. Remova as lentes de trabalho e coloque as lentes de neutralização


na armação de prova:

• Retire as lentes de +1.50 D que tinham sido colocadas na armação


de prova.

• Coloque +3.00 / –1.50 x 15 na armação de prova do lado direito.

• Coloque +3.00 / −1.75 x 165 na armação de prova do lado


esquerdo..

• Meça a AV ao paciente com as lentes que colocou.

i. Anote resultados de retinoscopia e AV:


Retinoscopia: OD: +3.00 / –1.50 x 15 (6/7.5+)
OE: +3.00 / −1.75 x 165 (6/7.5)

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Exemplo 3: Miopia e Astigmatismo – Método 1

a. Compensação para distância de trabalho:


Está a usar uma distância de trabalho de 67cm portanto coloca lentes
de trabalho de +1.50D na armação de prova.

b. Análise dos meridianos:


Efectua um varrimento aos meridianos horizontal, vertical e oblíquos
como demonstrado na imagem abaixo.
Vê que os meridianos principais são a 45º e 135º.

Figura 23: Varrimento do Figura 24: Varrimento do Figura 25: Varrimento do meridiano
meridiano a 180º (eixo a 90°). meridiano a 45º (eixo a 135º) a 135º (eixo a 45º)
• A franja e o reflexo não estão • A franja e o reflexo estão alinhados • A franja e o reflexo estão alinhados.
alinhados • Existe um movimento “contra” rápido • Existe um movimento “contra” mais lento
• O reflexo é mais expresso e brilhante. • O reflexo é mais fino e mais brilhante

Neste caso pode observar:

• O reflexo é diferente em meridianos diferentes


→ É um astigmatismo
→ Os meridianos principais são a 45º e a 135º.

Note que os meridianos principais são perpendiculares


entre si: 135°° − 45°° = 90°°

• O reflexo provoca movimento “contra” em ambos os meridianos


→ Existe miopia em ambos os meridianos principais
→ Lentes negativas são necessárias para neutralizar ambos os
meridianos.

• O reflexo é:
− mais rápido no meridiano a 45° (eixo a 135°)
→ este meridiano é o menos negativo.

− mais lento no meridiano a 135° (eixo a 45°)


→ este meridiano é o mais negativo.

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Lembrar:
Primeiro:
− neutralizar o movimento “com” mais lento
− neutralizar o movimento “contra” mais rápido.
Segundo:
− neutralizar o movimento “com” mais rápido
− neutralizar o movimento “contra” mais lento.

c. Neutralização do reflexo no meridiano a 45º (franja no eixo a 135º):

• Uma vez que o reflexo apresenta movimento “contra” neste


meridiano:

− Coloca uma lente de prova de −1.00 D


→ provoca movimento “contra” no meridiano a 45º.

− Coloca uma lente de prova de −2.00 D


→ provoca movimento “contra” no meridiano a 45º.

− Coloca uma lente de prova de −3.00 D


→ provoca movimento “contra” no meridiano a 45º.

− Coloca uma lente de prova de −4.00 D


→ provoca movimento “contra” no meridiano a 45º.

− Coloca uma lente de prova de −5.00 D


→ provoca movimento “com” no meridiano a 45º.

− Coloca uma lente de prova de −4.50 D


→ provoca movimento “contra” no meridiano a 45º.

− Coloca uma lente de prova de −4.75 D


→ neutraliza o meridiano a 45º (eixo a 135º).

• Coloca uma lente de prova de −4.75 D na armação de prova (em


adição às lentes de trabalho de +1.50 D já colocadas anteriormente).

d. Neutralização do meridiano a 135º (franja a 45º):

• O reflexo apresenta movimento “contra” neste meridiano:

− Coloca uma lente de prova de −1.00 DC com o eixo a 45º


→ provoca movimento “contra” no meridiano a 135º.

− Coloca uma lente de prova de −2.00 DC com o eixo a 45º


→ provoca movimento “contra” neste meridiano.

− Coloca uma lente de prova de −3.00 DC com o eixo a 45º


→ provoca movimento “com” no meridiano a 135º.

− Coloca uma lente de prova de −2.50 DC com eixo a 45º


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→ provoca movimento “contra” no meridiano a 135º.

− Coloca uma lente de −2.75 D com eixo a 45º


→ provoca neutralização no meridiano a 135º (eixo a 45º)

• Verifique que o meridiano a 45º continua neutralizado


− Se não estiver neutralizado deve efectuar novo varrimento e
neutralizar novamente ambos meridianos.

e. Verificação dos resultados de retinoscopia:

• Com −4.75 / –2.75 x 45 (e lentes de trabalho) na armação de prova,


você:

− Diminuí a distância de trabalho (aproxima-se do paciente)


→ provoca movimento “com” em todos os meridianos.

− Aumenta a distância de trabalho (afasta-se do paciente)


→ provoca movimento “contra” em todos os meridianos.

• Assim, sabe que os meridianos principais no olho direito estão


neutralizados com −4.75 / –2.75 x 45.

f. Repetir para o olho esquerdo:


Descobre que o olho esquerdo fica neutralizado com −3.00 / −3.00 x
140.

g. Verificar novamente o olho direito:


Vê que −4.75 / –2.75 x 45 continua a neutralizar ambos os meridianos
principais.

h. Retirar as lentes de trabalho e colocar as lentes de neutralização


na armação de prova:

• Retire as lentes de +1.50 D da armação de prova.

• Coloque as lentes de neutralização na armação de prova.

• Meça a AV do paciente com as lentes de neutralização.

i. Anotar os resultados da retinoscopia e AV:


Retinoscopia: OD: −4.75 / –2.75 x 45 (6/6)
OE: −3.00 / −3.00 x 140 (6/6)

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Exemplo 3: Miopia e Astigmatismo – Método 2

a. Compensação da distância de trabalho:


Igual ao método 1.

b. Análise dos meridianos:


Igual ao método 1.

c. Neutralização do reflexo no meridiano a 45º (franja no eixo a 135º):

• Uma vez que o reflexo apresenta movimento “contra” neste


meridiano:

− Coloca uma lente de prova de −1.00 D


→ provoca movimento “contra” no meridiano a 45º.

− Coloca uma lente de prova de −2.00 D


→ provoca movimento “contra” no meridiano a 45º..

− Coloca uma lente de prova de −3.00 D


→ provoca movimento “contra” no meridiano a 45º.

− Coloca uma lente de prova de −4.00 D


→ provoca movimento “contra” no meridiano a 45º.

− Coloca uma lente de prova de −5.00 D


→ provoca movimento “com” no meridiano a 45º.

− Coloca uma lente de prova de −4.50 D


→ provoca movimento “contra” no meridiano a 45º.

− Coloca uma lente de prova de −4.75 D


→ neutraliza o meridiano a 45º (eixo a 135º).

• Desenhe num papel uma linha com ângulo a 135º


− Escreva perto da linha −4.75 D.

−4.75 D

• Não coloque a lente de −4.75 D na armação de prova..


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d. Neutralização do reflexo no meridiano a 135º (franja com eixo a
45º):

• O reflexo apresenta movimento “contra” neste meridiano:


− Coloca uma lente de prova de −1.00 D
→ provoca movimento “contra” no meridiano a 135º.

− Coloca uma lente de prova de −2.00 D


→ provoca movimento “contra” no meridiano a 135º.

− Coloca uma lente de prova de −3.00 D


→ provoca movimento “contra” no meridiano a 135º.

− Coloca uma lente de prova de −4.00 D


→ provoca movimento “contra” no meridiano a 135º.

− Coloca uma lente de prova de −5.00 D


→ provoca movimento “contra” no meridiano a 135º.

− Coloca uma lente de prova −6.00 D


→ provoca movimento “contra” no meridiano a 135º.

− Coloca uma lente de prova de −7.00 D


→ provoca movimento “contra” no meridiano a 135º.

− Coloca uma lente de prova de −8.00 D


→ provoca movimento “com” no meridiano a 135º.

− Coloca uma lente de prova de −7.50 D


→ neutraliza o meridiano a 135º (eixo a 45º).

• Anote no seu papel outra linha com ângulo a 45º


− Escreva perto da linha −7.50 D.

−4.75 D −7.50 D

• Verifique que o reflexo no meridiano a 45º continua neutralizado


–4.75 D.

Caso já não esteja neutralizado com –4.75 D, deve efectuar novo


varrimento e neutralizar novamente este meridiano.

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e. Verificação dos resultados da retinoscopia:

• Com −4.75 D (e lentes de trabalho) na armação de prova, você:

− Diminuí a distância de trabalho (aproxima-se do paciente)


→ provoca movimento “com” no meridiano a 45º.

− Aumenta a distância de trabalho (afasta-se do paciente)


→ provoca movimento “contra” no meridiano a 45º.

• Com −7.50 D (e lentes de trabalho) na armação de prova, você:

− Diminuí a distância de trabalho (aproxima-se do paciente)


→ provoca movimento “com” no meridiano a 135º.

− Aumenta a distância de trabalho (afasta-se do paciente)


→ provoca movimento “contra” no meridiano a 135º.

• Assim, sabe que os meridianos principais do olho direito estão


neutralizados com −4.75 D a 135° e −7.50 D a 45°.

f. Repita para o olho esquerdo:


Descobre que o olho esquerdo neutraliza com −3.00 D a 50° e −6.00 D
a 140°.

g. Verifique novamente o olho direito:


Vê que −4.75 D continua a neutralizar o meridiano a 45º (eixo a 135º) e
−7.50 D continua a neutralizar o meridiano a 135º (eixo a 45º).

h. Retire as lentes de trabalho e coloque as lentes de neutralização


na armação de prova:

• Retire as lentes de +1.50 D da armação de prova.

• Coloque −4.75 / −2.75 x 45 na armação de prova no lado direito.

• Coloque −3.00 / −3.00 x 140 na armação de prova no lado esquerdo

• Meça a AV do paciente com estas lentes de neutralização.

i. Anote os resultados da retinoscopia e AV:


Retinoscopia: OD: −4.75 / –2.75 x 45 (6/6)
OE: −3.00 / −3.00 x 140 (6/6)

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FREQUENTES PROBLEMAS DA RETINOSCOPIA

Erros comuns: • Distância de trabalho incorrecta


→ Isto resulta numa incorrecta compensação para a distância de
trabalho
→ A retinoscopia será:
− mais positiva (ou menos negativa); ou
− menos positiva (ou mais negativa).
→ Certifique-se que mantém sempre a distância de trabalho correcta.

• Varrimentos afastado do eixo óptico (linha de visão) do paciente


→ Se nos afastarmos da linha de visão do paciente podemos
encontrar falsos valores de astigmatismo e esfera
→ A retinoscopia pode dar valores de astigmatismo que não existem
→ Recordar ao paciente que deve sempre olhar para o estímulo
definido na parede.

• Fixação pobre do paciente


→ Se o paciente não fixar o optotipo de VL, a sua acomodação pode
ser activada.
→ A retinoscopia será:
− menos positiva (ou mais negativa).
→ Certifique-se que o paciente mantém o plano de fixação.

• Má identificação dos meridianos principais


→ Se os meridianos principais não são identificados correctamente,
não é possível neutralizá-los correctamente.
→ Os resultados da retinoscopia serão incorrectos
→ Certifique-se sempre que encontrou os meridianos principais antes
de iniciar a neutralização.

• Dificuldade em encontrar o “Ponto de neutralização”


→ O Ponto de neutralização encontra-se sempre entre a lente que
provoca movimento “com” e a que provoca movimento “contra”.
→ Se não encontrar este ponto, os resultados da retinoscopia serão
incorrectos.
→ Certifique-se sempre que neutralizou adicionando lentes de
+0.25 D e −0.25 D ao ponto de neutralização

• Distância de trabalho não compensada


Lembre-se de
− subtrair a distância de trabalho ao resultado final ou
− retirar as lentes de trabalho quando acabar a neutralização

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Problemas na observação do reflexo: Os problemas para ver o reflexo podem ser causado por
muitos factores, incluindo erros refractivos altos, pupilas muito dilatadas ou
mióticas (muito fechadas), doenças oculares e acomodação não controlada.

Erros Refractivos elevados

Lembre-se:
O reflexo apresenta-se brilhante e move-se mais rapidamente
quando está perto da neutralização.

Um olho com erro refractivo baixo apresenta um reflexo brilhante e com


movimento rápido
→ É fácil observar o reflexo num olho com erro refractivo baixo.

Um olho com erro refractivo elevado apresenta um reflexo baço e com


movimento lento
→ É difícil (e por vezes impossível) observar o reflexo num olho com erro
refractivo elevado.

Caso não consiga observar o reflexo, a primeira coisa que deve fazer é:
− Colocar +5.00 D (ou +10.00 D) na armação de prova e observar o reflexo
− Colocar −5.00 D (ou −10.00 D) na armação de prova e observar o reflexo

Pupilas dilatadas
A óptica do olho não é perfeita. Usualmente, o ponto focal do olho ao longo do
eixo visual (visão central).

Tal significa que o erro refractivo medido com a retinoscopia depende de qual a
parte do reflexo está a observar.

Se a pupila está dilatada, o reflexo será maior e poderá ver:


→ movimento “com” na parte central do reflexo, e
→ movimento “contra” nas outras partes do reflexo.

Deverá sempre observar a parte do reflexo situado no centro


da pupila
→ Esta é a parte do reflexo que deverá neutralizar.

Deve ignorar a outra parte do reflexo.

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Pupilas pequenas
Se as pupilas forem pequenas, o reflexo também será pequeno. Por vezes as
pupilas são tão pequenas que torna-se impossível ver o reflexo.

Para tornar as pupilas mais dilatadas, pode:


• Diminuir a luz e esperar que as pupilas dilatem
• Relembrar o paciente de não olhar para a luz do retinoscópio.

Cicatrizes corneais e Opacidades


As cicatrizes corneais são geralmente causadas por trauma ocular.

As cicatrizes corneais (e outras opacidades corneais) podem dificultar a


retinoscopia por dois motivos:

• As opacidades corneais podem impedir a luz do retinoscópio de entrar


e sair do olho
− a luz do retinoscópio não atinge a retina
− a luz reflectida da retina não consegue sair através da pupila
→ Vê manchas negras no reflexo ou um reflexo baço.
→ Se a opacidade corneal for muito densa, não vê reflexo de todo.

• As opacidades corneais podem dispersar a luz e distorcer o reflexo


− astigmatismo irregular pode resultar de uma cicatriz corneal
− tanta reflexão pode dificultar a observação do reflexo
→ Tal pode dificultar a descoberta ponto de neutralização.

Quando efectua uma retinoscopia a um paciente com cicatrizes corneais, deve:

→ estimar o ponto de neutralização escolhendo o reflexo mais brilhante


→ tentar encontrar uma “janela” através das opacidades para observar o
reflexo (mas cuidado para não se afastar muito do eixo!)

Se a opacidade corneal é muito densa:


→ pode não ser possível efectuar a retinoscopia
→ pode ter que realizar apenas a refracção subjectiva
→ o paciente pode ser reencaminhado para outro Especialista da visão
para tentar encontrar outras opções que o possam ajudar a ver melhor.

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Cataratas
A catarata é o nome que se dá à condição em que o cristalino torna-se turvo ou
opaco (perde transparência). A catarata é comum em pessoas idosas, mas
jovens também podem ter catarata.

As cataratas, tal como as opacidades corneais, podem dificultar a retinoscopia


por dois motivos:

• As cataratas podem impedir a luz do retinoscópio de entrar e sair do


olho
− a luz do retinoscópio não atinge a retina
− a luz reflectida da retina não consegue sair através da pupila
→ Vê manchas negras no reflexo ou um reflexo baço.
→ Se a catarata for muito densa, não vê reflexo de todo.

• As cataratas podem dispersar a luz e distorcer o reflexo


− astigmatismo irregular pode resultar de uma catarata
− tanta reflexão pode dificultar a observação do reflexo
→ Tal pode dificultar a descoberta ponto de neutralização

Existem vários tipos de catarata – três tipos muito comuns são demonstrados
na Figura 26. Estes diagramas mostram o reflexo quando a pupila está
dilatada, mas se a pupila é pequena pode tornar-se complicado saber qual o
tipo de catarata o paciente tem. Por vezes, os pacientes podem apresentar
mais do que um tipo de cataratas.

Figura 26: Aparência do reflexo com os tipos mais comuns de catarata.

Quando faz retinoscopia a um paciente que tem catarata, pode precisar de:
→ estimar ponto de neutralização escolhendo o reflexo mais brilhante
→ tentar encontrar uma “janela” através das opacidades para observar o
reflexo (mas cuidado para não se afastar muito do eixo!)

Se a catarata é muito densa:


→ pode não ser possível efectuar a retinoscopia
→ pode ter que realizar apenas a refracção subjectivo
→ o paciente pode ser reencaminhado para um Especialista em cirurgia
da catarata.

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Opacidades do Vítreo
Por vezes o humor vítreo torna-se turvo ou apresenta “moscas volantes”

• As opacidades do vítreo podem impedir a luz do retinoscópio de entrar


ou sair do olho
− a luz do retinoscópio não atinge a retina
− a luz reflectida da retina não consegue sair através da pupila
→ O reflexo é baço ou não se vê de todo

• Quando efectua retinoscopia a um paciente com opacidades do vítreo,


pode:
→ estimar o ponto de neutralização escolhendo o reflexo mais
brilhante

• Se o vítreo está muito turvo:


→ pode não ser possível efectuar a retinoscopia
→ pode ter que realizar apenas a refracção subjectiva
→ o paciente pode ser reencaminhado para outro Especialista da visão
para tentar encontrar outras opções que o possam ajudar a ver melhor

Acomodação não controlada


Se o paciente tem uma acomodação não controlada, o erro refractivo medido
com a retinoscopia altera à medida que a acomodação altera.

É muito importante controlar a acomodação quando efectua a retinoscopia.


Pode fazer isto:

• Assegurando-se que o paciente mantém a fixação no optotipo em VL

• Miopizar o olho que não está a ser examinado com lentes positivas.
→ usualmente lentes de trabalho +1.50 D ou +2.00 D são adequadas

A principal razão para usar “lentes de trabalho” é compensar


a distância de trabalho quando se efectua retinoscopia.

Contudo, uma lente de trabalho também é útil para miopizar o


olho que não está ser examinado. Ajuda a controlar a
acomodação do paciente.

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TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS

1. Porque é que a retinoscopia é útil?


__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
2. Se estiver próximo do ponto de neutralização, o reflexo apresentar-se-á? (circulo)
Brilhante / Baço
Rápido / Lento
Largo / Estreito

3. Como sabe se está no eixo (se a franja está alinhada com um dos meridianos principais)
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

4. Como neutraliza o movimento “com”?


__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

5. Como neutraliza o movimento “contra”?


____________________________________________________________________________

6. Quais são os dois métodos de compensar a distância de trabalho de 67cm?


__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

7. Quais são as três formas de verificar que realmente encontrou Ponto de neutralização?
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

8. O que deve fazer se não conseguir observar o reflexo?


__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

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REFRACÇÃO ESFÉRICA

Pensa
Um Operário vem à nossa consulta. Após conhecer o seu historial e a sua Acuidade Visual, pensa que
existe um erro refractivo – mas não tem a certeza qual o real erro refractivo .

A melhor refracção esférica é a primeira parte do exame refractivo que devemos realizar em todas as
pessoas que suspeitamos da existência de erro refractivo.

OBJECTIVOS
Este módulo ensina-nos a realizar uma Refracção Subjectiva Esférica (RSE).

RESULTADOS A OBTER
Após ter trabalhado neste modulo, deverá ser capaz de:

• Explicar o que resulta do RSE

• Explicar as limitações do RSE nas pessoas com astigmatismo

• Demonstrar como se faz um RSE

• Reconhecer quando um RSE está a ser influenciado por flutuações na resposta acomodativa e
o que deves fazer nestas situações.

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COMPENSANDO ERROS REFRACTIVOS
Refracção
Subjectiva: Um erro refractivo deve ser quantificado de duas formas: objectivo e subjectivo.
A refracção subjectiva é resultado das respostas do paciente quando da
introdução de lentes de diferentes potências à frente dos seus olhos. Ou seja, a
resposta às variações refractivas impostas para atingir uma determinada
Acuidade Visual,

Existem diferentes formas de obter uma refracção subjectiva:


• Teste subjectivo de refracção esférica (RSE) → determina a miopia e a
hipermetropia.
• Refracção esfero-cilíndrca →determina a hipermetropia, miopia e
astigmatismo
• Refracção em Visão Próxima → determina a presbiopia (quantifica a
adição).

O primeiro passo, na refracção esfero-cilíndrica ou na refracção em visão


próxima, é realizar o teste subjectivo esférico (RSE).

Quando terminares a refracção subjectiva esférica (RSE),


ficarás a saber se necessitas de realizar uma refracção
esférico-cilíndrica, ou se podes prosseguir para o próximo
passo.

Refracção Subjectiva
Esférica (RSE) A RSE é a lente esférica mais positiva (ou menos negativa) que oferece a
melhor Acuidade Visual ao longe
Por vezes, podes ter várias lentes esféricas, das quais resulta a mesma
Acuidade Visual. A RSE é a mais positiva (ou menos negativa) destas lentes.
Se uma pessoa tem um erro refractivo esférico (miopia ou hipermetropia ou
presbiopia) a RSE oferecerá à pessoa a melhor visão e conforto na visão ao
longe. Esta será a lente (potência) que tu prescreverás para colocar nos óculos
da pessoa.

Se a RSE é neutra (plana ou zero), significa que ao longe a


pessoa não possui erro refractivo esférico ao longe.

Astigmatismo
e RSE: Se uma pessoa tem astigmatismo, da RSE resultará a melhor visão possível com
lentes esféricas, mas não compensa o seu astigmatismo. Isto significa que a AV
resultante da RSE é pobre. Uma pessoa com astigmatismo necessita adicionar uma
lente cilíndrica (RSE+lente cilíndrica) para compensar o astigmatismo e desta forma ter
uma boa visão.
Lentes esféricas compensam a miopia, hipermetropia e
presbiopia.
Lentes esféricas não compensam o astigmatismo.
Lentes cilíndricas compensam o astigmatismo.

Por vezes as lentes cilíndricas não estão disponíveis ou são demasiado caras.
Se existir um pequeno astigmatismo, a RSE por vezes será suficiente para
restituir a visão à pessoa e deste modo será a lente a prescrever.
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MÉTODOS
Executando uma
RSE: A melhor forma de aprender a realizar uma RSE é faze-la tu próprio o maior
número de vezes possível. Com a prática, a tua RSE será cada vez mais
rápida e exacta. Nesta unidade iremos mostrar-te como realizar uma RSE,
usando três métodos:

• Instruções passo-a-passo
• Casos Clínicos
• Esquemas (no sumário)

Então estarás preparado para realizar a tua primeira RSE.

INSTRUÇÕES PASSO-A-PASSO
Passo 1: Quantifica e regista a Acuidade Visual para cada olho.

Passo 2: Mede a distância interpupilar (DP) e ajusta o óculo de prova para esta DP.

Passo 3: Coloca no óculo de prova, um oclusor no olho esquerdo.

É aconselhável começar a refracção sempre pelo olho direito.

Passo 4: Tem em atenção a AV ao longe do OD para te ajudar a eleger com que lente
começar

Se a Acuidade Visual for:


• 6/18 ou melhor→ começa com +0.50 D e −0.50 D (iniciando sempre com lente positiva)
• pior que 6/18 (mas melhor 6/60) → começa com +1.50 D e logo com −1.50 D
• pior que 6/60 → começa com +3.00 D e logo com −3.00 D
ou talvez : → com +5.00 D e logo com −5.00 D

Podes eleger logo as lentes de ±5.00 D em vez de ±3.00 D se a AV da pessoa


é extremamente pobre.

Usa sempre lentes positivas antes das negativas de forma a


controlar a acomodação.
Usa apenas lentes negativas quando a AV piora com lentes
positivas.

Passo 5: Mantém a lente eleita no óculo de prova à frente do olho direito.

Diz à pessoa: “Olha para as letras lá à frente.”


“Olha para a linha com letras mais pequenas que
consegues identificar.”

Pergunta à pessoa: “Com esta lente vês MELHOR, PIOR ou IGUAL?”

Frequentemente, necessitarás de mostrar as cartas de optotipos com e sem


lentes.
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Confirma sempre a AV para assegurares que a visão é na
realidade o que a pessoa afirma ser (“melhor”, “pior” ou
“igual”).
Por vezes, as pessoas ficam confusas e dizem-te que a visão
é “melhor” quando na realidade é ”igual”. Necessitamos de
ter muito cuidado.
Isto é especialmente importante quando estamos a trabalhar
com lentes negativas, e particularmente realizando a refracção
em pessoas jovens.

Uma outra forma de colocar esta questão é:


“Com esta lente as letras (a visão) parecem-lhe mais “NÍTIDAS”, ou apenas
mais PEQUENAS e mais PRETAS?”
Esta questão é extremamente útil quando trabalhamos com lentes negativas.

Se parecem apenas mais “pequenas e pretas” isto é a


mesma coisa que dizer que parecem “iguais”.
→ isto na realidade é a RSE.

Passo 6: Se uma pessoa vê:

• Melhor: → coloca a lente no óculo de prova


• Pior: → não coloca a lente no óculo de prova

• Igual: Se for uma lente positiva → coloca a lente no óculo de prova


Se for uma lente negativa → não colocar no óculo de prova.

Considera sempre a lente menos negativa (ou a mais positiva)


que ofereça a melhor AV.

Passo 7: • Se não colocarmos a nova lente no óculo de prova:

– Se a lente testada for positiva → agora tenta a lente negativa e


repete os passos 5 e 6.

– Se a lente testada for uma lente negativa → Segue para o passo 9.

• Se colocarmos uma nova lente no óculo de prova:

Mede a AV com a nova lente. Usa a AV que medis-te de modo a decidir


qual a lente que testas a seguir.

Se a visão for:
– 6/6 ou melhor → usa +0.25D e −0.25 D
– 6/6 a 6/18 → usa +0.50 D e −0.50 D
– 6/18 a 6/60 → usa +1.50 D e −1.50 D
– Pior que 6/60 → usa +3.00 D e −3.00 D

Combina as lentes de teste se for necessário. Se colocares duas ou


três lentes em frente aos olhos, o óculo de prova poderá ficar
demasiado pesado no nariz da pessoa. Também será mais difícil para a
pessoa ver através de várias lentes em vez de uma apenas. Poderás
colocar o total da potência esférica numa única lente e substituindo
sempre este total quando for necessário adicionar mais potência.
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Exemplo:
No lado direito do óculo de prova tens duas lentes esféricas: +1.00 D e
−0.25 D. Podes substitui-las por uma apenas:
→ coloca uma lente de +0.75 D removendo as duas de + 1.00
e de – 0.25 D.

Para ajudar o controlo da acomodação:

Quando estás a substituir várias lentes por uma única...

• lentes positivas → coloca a nova lente no óculo de prova


antes de remover as outras lentes

• lente negativa → remove as outras lentes antes de


colocar a nova lente no óculo de prova.

Repete os Passos 5 e 6 antes de encontrar a lente que:


• depois de adicionar +0.25 D torna a AV pior
• após adicionar –0.25 D torna a AV pior, ou não altera a AV.

Cuidado:

Pessoas jovens frequentemente vão afirmar que a lente


negativa que estamos a testar parece resultar numa
“melhor” visão…

…mas quando testas a sua visão podem ver a mesma linha


de Acuidade Visual – então, na realidade a sua visão não
melhora.

Quando isto acontece sabemos que a pessoa está a


acomodar → não necessitam de lentes negativas, desta
forma não adicionamos lentes negativas no óculo de prova..

Passo 8: Questiona-te se a RSE faz sentido:


• Ajusta-se ao caso clínico (Queixa) da pessoa?
• Adequa-se com a AV medida?

Se o resultado deixa algumas dúvidas, pergunta a ti mesmo:


• A pessoa estará a acomodar?
• Será que a pessoa entendeu as instruções e questões?
• Percebeste as respostas da pessoa?

Se o RSE não faz sentido → repete os passos 5 a 8.

Passo 9: Analisa o resultado final.

Mantém uma lente +0.25 D à frente do óculo de prova → a pessoa deverá


sentir que a visão piora.

Mantém uma lente de −0.25 D à frente do óculo de prova → a pessoa deverá


dizer que fica igual.

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Recorda:
Se a pessoa afirma que a lente negativa apenas faz parecer as
letras “mais pequenas e escuras”, na realidade isto deve ser
interpretado como sendo o mesmo. Que não melhora.

Passo 10: Regista a potência da lente que está no óculo de prova. Este é o valor do RSE.

Quantifica e regista a AV da pessoa com o RSE. Esta é a AV do RSE.

Passo 11: Repete os passos 1 até 10 agora para o olho esquerdo.

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CASOS CLÍNICOS
Nestes exemplos, apenas fazemos a refracção no olho direito. Normalmente, realizamos a refracção no
olho esquerdo após fazer ao olho direito.

Caso 1: Pessoa com hipermetropia moderada


Acuidade Visual: 6/18+2 AV (buraco estenopeico): 6/7.5
Passo AV Testando Resposta da AV O que fazes? Combinando lentes
esta lente no Pessoa
óculo de
prova

Positiva
antes da
negativa

6/18+2 Coloca +0.50 Total no óculo de


A +0.50 D “Melhor” 6/12 D no óculo de prova:
Sem lentes prova +0.50 D
Coloca uma lente
de1.00 D no óculo de
prova
6/12 Adiciona mais
Então, remove a lente
B +0.50 D “Melhor” 6/9+3 +0.50 D no
com +0.50 D de +0.50 D
óculo de prova
Total no óculo de
prova:
+1.00 D
Coloca uma lente de
+1.50 D no óculo de
6/9+3 prova
Adiciona +0.50
Com uma Então remove a lente
C +0.50 D “Igual” 6/7.5 D no óculo de
lente de de +1.00 D
prova
+1.00 D Total no óculo de
prova:
+1.50 D
6/7.5
Não adicionar Total no óculo de
D Com uma +0.50 D “Pior” 6/9 lente no óculo prova:
lente de de prova +1.50 D
+1.50 D
Verifica de novo:
Coloca uma lente de
+1.75 D no óculo de
6/7.5 prova
Adiciona +0.25
Com uma Então, remove a lente
E +0.25 D “Igual” 6/7.5 D no óculo de
lente de de +1.50 D
prova
+1.50 D l Total no óculo de
prova:
+1.75 D
6/7.5 Não adicionar Total no óculo de
F +0.25 D “Pior” 6/9+ lente no óculo prova:
com +1.75 D de prova +1.75 D
“Igual” O MVE para este olho
ou Não adicionar é +1.75 D.
6/7.5
G −0.25 D “Mais 6/7.5 lente no óculo Esta é a lente mais
com +1.75 D de prova
pequenas e positiva que continua a
escuras” oferecer a melhor AV

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Caso 2: Pessoa com baixa hipermetropia
VA (sem óculos): 6/9+ VA (buraco estenopeico): 6/6

Passo AV Testa esta Resposta da AV O que fazes? Combinando lentes


lente pessoa

Positiv
a antes
de
negativ
a
Coloca +0.50
6/9+ Total no óculo de
D
A +0.50 D “Melhor” 6/7.5 prova:
Sem lentes no óculo de
+0.50 D
prova

Coloca uma lente de


+1.00 D no óculo de
Adiciona prova
6/7.5 outra lente de
B com lente de +0.50 D “Melhor” 6/6 +0.50 D no Agora remove a lente de
+0.50 D óculo de +0.50 D
prova
Total no óculo de
prova: +1.00 D

Coloca uma lente +1.25


D no óculo de prova
6/6 Adiciona
Agora remove a de lente
+0.25 D
C Com lente de +0.25 D “Igual” 6/6 +1.00 D
no óculo de
+1.00 D prova Total no óculo de
prova:
+1.25 D

6/6 Não colocar Total no óculo de


D Com lente de +0.25 D “Pior” 6/7.5 lente no óculo prova:
+1.25 D de prova +1.25 D

Verifica de novo:

6/6 Não colocar


Total no óculo de
E Com lente de +0.25 D “Pior” 6/7.5+ lente no óculo
prova: +1.25 D
+1.25 D de prova

“Igual” O MVE para este olho é


6/6 ou Não colocar +1.25 D
F Com lente de −0.25 D 6/6 lente no óculo Esta é a potência mais
“Mais de prova
+1.25 D pequenas e positiva que continua a
pretas” oferecer a melhor AV

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Caso 3: Pessoa com moderada a alta hipermetropia
VA (sem óculos): 6/60 VA (buraco estenopeico): 6/6

Passo AV Testa esta Resposta da AV O que fazer? Combinando lentes


lente pessoa

Positiva
antes da
negativa

6/60 Coloca +1.50


Total no óculo de
A +1.50 D “Melhor” 6/24 D no óculo
Sem lente prova: +1.50 D
de prova

Coloca uma lente de


+3.00 D no óculo de
prova
6/24 Adiciona
+1.50 D ao Agora remove a lente de
B Com lente de +1.50 D “Melhor” 6/9+
óculo de +1.50 D
+1.50 D prova
Total no óculo de
prova:
+3.00 D

6/9+ Não adicionar


Total no óculo de
C Com lente de +0.50 D “Pior” 6/18+2 lente no óculo
prova: +3.00 D
+3.00 D de prova

Coloca uma lente de


+2.50 D no óculo de
6/9+ Adiciona prova
−0.50 D no
D Com lente de −0.50 D “Melhor” 6/6 Agora remove a lente de
óculo de
+3.00 D +3.00 D
prova
Total no óculo de
prova: +2.50 D

Coloca uma lente de


+2.75 D no óculo de
prova
6/6 Adiciona
+0.25 D no Agora remove a lente de
E Com lente de +0.25 D “Igual” 6/6
óculo de +2.50 D
+2.50 D prova
Total no óculo de
prova:
+2.75 D

Verifica de novo:

6/6 Não adicionar


Total no óculo de
F Com lente de +0.25 D “Pior” 6/7.5+ lente no óculo
prova: +2.75 D
+2.75 D de prova

“Igual” O MVE para este olho é


6/6 ou Não adicionar +2.75 D
G Com lente de −0.25 D 6/6 lente no óculo Esta é a potência mais
“Mais de prova
+2.75 D pequenas e positiva que continua a
escuras” oferecer a melhor AV

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Caso 4: Perssoa com baixa miopia
VA (sem óculos): 6/9.5+ VA (buraco estenopeico): 6/6

Passo AV Testa esta Resposta da VA O que fazer? Combinando lentes


lente pessoa

Positiva
antes da
negativa

6/9+ Não adicionar


Total no óculo de
A +0.50 D “Pior” 6/15 lente no óculo
Sem lente prova: 0.00
de prova

6/9+ Coloca –0.50 Total no óculo de


B −0.50 D “Melhor” 6/7.5 D no óculo de prova:
Sem lente prova −0.50 D

Retira a lente de −0.50 D


do óculo de prova

6/7.5 Adiciona Agora adiciona uma


−0.50 D no lente de
C Com lente de −0.50 D “Melhor” 6/6
óculo de −1.00 D
−0.50 D prova
Total no óculo de
prova:
−1.00 D

Retira a lente de −1.00 D


do óculo de prova
6/6 Adiciona + Agora adiciona uma
Com uma 0.25 D no lente de
D +0.25 D “Igual” 6/6
lente de −1.00 óculo de −0.75 D
D prova
Total no óculo de
prova:
−0.75 D

Verifica de novo:

6/6
Não adicionar Total no óculo de
E Com uma +0.25 D “Pior” 6/7.5+ lente no óculo prova:
lente de −0.75 de prova −0.75 D
D

“Igual” O MVE para este olho é


6/6
ou Não adicionar −0.75 D
F Com uma −0.25 D 6/6 lente no óculo
“Mais Esta é a lente menos
lente de −0.75 de prova
pequenas e negativa que oferece a
D
escuras” melhor AV

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Caso 5: Pessoa com alta miopia
VA (sem óculos): CF @ 2m VA (buraco estenopeico): 6/6

Passo AV Testa esta Resposta da AV O que fazer? Combinando lentes


lente pessoa

Positiva
antes da
negativa

CD @ 2m Não adicionar
Total no óculo de prova:
A +3.00 D “Pior” CD @ 0.5m lente no óculo 0.00
Sem lente de prova

Necessitas de
CD @ 2m fazer grandes
Total no óculo de prova:
B −3.00 D “Incerteza” “saltos” na 0.00
Sem lente potência das
lentes

CD @ 2m Coloca −5.00
Total no óculo de rpova:
C −5.00 D “Melhor” 6/15 D no óculo de
Sem lente −5.00 D
prova

6/15 Não adicionar


Total no óculo de prova:
D Com lente de +0.50 D “Pior” 6/18 lente no óculo
−5.00 D
−5.00 D de prova

Retira a lente de −5.00 D


do óculo de prova
Adiciona
6/15 Agora adiciona uma lente
E −0.50 D “Melhor” 6/12+ −0.50 D no de
Com lente de
óculo de −5.50 D
−5.00 D
prova Total no óculo de prova:
−5.50 D

Retira a lente de −5.50 D


do óculo de prova
Adiciona
6/12+ Agora adiciona uma lente
F −0.50 D “Melhor” 6/6 −0.50 D no de
Com lente de
óculo de −6.00 D
−5.50 D
prova Total no óculo de prova:
−6.00 D

6/6 Não adicionar


Total no óculo de prova:
G Com lente de +0.25 D “Pior” 6/7.5+2 lente no óculo
−6.00 D
−6.00 D de prova

6/6 Não adicionar


Total no óculo de prova:
H Com lente de −0.25 D “Igual” 6/6 lente no óculo −6.00 D
−6.00 D de prova

Verifica de novo:

6/6 Não adicionar


Total no óculo de prova:
I Com lente de +0.25 D “Pior” 6/7.5+2 lente no óculo
−6.00 D
−6.00 D de prova

O MVE para este olho é


“Igual”
−6.00 D
6/6 Não adicionar
ou
J Com lente de −0.25 D 6/6 lente no óculo Esta é a lente menos
−6.00 D “Mais pretas e de prova negativa que oferece a
pequenas” melhor AV

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Caso 6: Pessoa com astigmatismo
VA (sem óculos): 6/15 VA (buraco estenopeico): 6/6

Passo AV Testa esta Resposta da AV O que fazer? Combinando lentes


lente pessoa

Positiva
antes da
negativa

6/15 Add +0.50 D Total no óculo de


A +0.50 D “Melhor” 6/12
Sem lentes to trial frame prova: +0.50 D

6/12 Não adicionar


Total no óculo de
B Com lente +0.50 D “Pior” 6/15+2 lente no óculo
prova: +0.50 D
+0.50 D de prova

Verifica de novo:

6/12 Não adicionar


Total no óculo de
C Com lente +0.25 D “ Pior” 6/15+3 lente no óculo
prova: +0.50 D
+0.50 D de prova

O MVE para este olho é +


0.50 D
6/12 Não adicionar
D −0.25 D “Igual” 6/12 lente no óculo Esta é a lente menos
Com lente de negativa que oferece a
+0.50 D de prova
melhor AV

Porque razão a AV resultante do MVE não é de 6/6?

Nota que com o buraco estenopeico a AV é de 6/6

→ Isto significa que a causa da diminuição da AV é um erro refractivo.

No procedimento do MVE estamos a usar lentes esféricas positivas ou negativas.

→ hipermetropia ou miopia podem ser compensadas com lentes esféricas positivas e negativas.

→ o astigmatismo não pode ser compensado com lentes esféricas.

Se o MVE não induz uma AV igual à AV do buraco estenopeico

→ ficamos a saber que a pessoa tem astigmatismo.

Numa pessoa com astigmatismo necessitaremos de adicionar ao MVE uma lente


cilíndrica de forma a obter uma visão nítida.

Uma refracção esfero-cilíndrica é necessária para determinar o astigmatismo.

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Caso 7: Pessoa com uso da acomodação
VA (sem óculos): 6/48 VA (buraco estenopeico): 6/6
Passo AV Testa esta Resposta da AV O que fazer? Combinação de lentes
lente pessoa

Positiva
antes da
negativa

6/48 Não adicionar


Total no óculo de prova:
A +1.50 D “Pior” <6/60 lente no óculo
0.00
Sem lente de prova
Coloca uma
6/48 lente −1.50 D Total no óculo de prova:
B −1.50 D “Melhor” 6/24+3
no óculo de −1.50 D
Sem lente
prova

Retira a lente de −1.50 D do


óculo de prova
6/24+3 Adiciona −1.50 Agora adiciona uma lente
C Com lente de −1.50 D “Melhor” 6/9+ D no óculo de de
−1.50 D prova −3.00 D
Total no óculo de prova:
−3.00 D
6/9+ Não adicionar
Total no óculo de prova:
D Com lente −3.00 +0.50 D “Pior” 6/12 lente no óculo
−3.00 D
D de prova

Retira a lente de −3.00 D do


óculo de prova
6/9+ Adiciona −0.50 Agora adiciona uma lente
E Com lente −3.00 −0.50 D “Melhor” 6/6 D no óculo de de
D prova −3.50 D
Total no óculo de prova:
−3.50 D

Retira a lente de −3.50 D do


Adicione +0.25 óculo de prova
D no óculo de
6/6 Agora adiciona uma lente
prova
F Com lente −3.50 +0.25 D “Pior” 6/6 de
(uma vez que a
D −3.25 D
AV não fica
pior) Total no óculo de prova:
−3.25 D
A pessoa afirma que a visão dos optotipos parece ficar pior quando colocamos uma lente de + 0.25, mas continua a ver a linha de 6/6
(igual!). Isto faz-nos pensar que a pessoa está a acomodar.
Isto é um sinal de perigo…mantém-te atento!
6/6 Não adicionar
Total no óculo de prova:
G Com lente −3.25 −0.25 D “Igual” 6/6 lente no óculo
−3.25 D
D de prova

Verifica de novo:

6/6 Não adicionar


Total no óculo de prova:
H Com lente −3.25 +0.25 D “Pior” 6/12 lente no óculo
−3.25 D
D de prova
Verificas neste momento que a pessoa pode ver apenas a 6/12 quando olha através da lente de −3.00 D (−3.25 + +0.25)?
Antes conseguia ver a 6/9+ com a mesma potência −3.00 D.
Este é outro sinal… Esta pessoa tem a acomodação activa.
6/9  O que está a acontecer?!
I Com lente −3.25 A pessoa, antes, conseguia ver 6/6 com a lente −3.25 D l – agora atinge apenas 6/9.
D Esta pessoa está a acomodar!

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O correcto a fazer numa pessoa que está a acomodar é:

Pede à pessoa que tente fazer esforço para ler umas letras na linha seguinte. Diz-lhe que está bem
para prosseguir - mesmo que não tenha a certeza.

Dá tempo à pessoa para que os seus olhos relaxem… pede-lhe para tentar novamente.

Se tivermos paciência (indo lentamente) as pessoa que estão a acomodar irão relaxar a mesma e
assim, poderemos continuar a refracção.

Uma outra forma de relaxar a acomodação:

Adiciona positivos extra no óculo de prova e pede à pessoa para relaxar os seus
olhos. Depois, reduz lentamente os positivos à frente do olho – mas com cuidado,
tendo em conta que não deves avançar se a AV não melhora.

Este exemplo é a continuação do exemplo 7:

Passo AV Testa esta Resposta da AV O que fazer? Combinando lentes


lente pessoa

Positiva
antes da
negativa

6/9 minus 6/9+4 Total no óculo de


Pede à pessoa para tentar ver a
J Com lente de Com lente de prova:
linha seguinte.
−3.25 D −3.25 D −3.25 D

Pede à pessoa para deixar os


6/9+4 olhos relaxarem e manter a 6/6 Total no óculo de
K visão nos optotipos. Com lente prova:
com lente de
Passado algum tempo, pede- −3.25 D −3.25 D
−3.25 D
lhe para ler novamente.

Verifica de novo:

6/12
(Isto é Pede à pessoa para tentar ver as letras
surpreendente na linha seguinte.
uma vez que
com 0.25 D Pede-lhe para relaxar.
6/6
“Pior” melhoramos Após algum tempo, pede-lhe para ler
L Com lente +0.25 D três linhas em novamente.
−3.25 D vez de uma
apenas

Não adicionar Total no óculo de


6/7.5 lente no óculo prova:
de prova −3.25 D

“Melhor”
6/6 O RSE para este olho
6/6 e Não adicionar é: −3.25 D.
M −0.25 D Nota: Esta AV lente no óculo
Com lente de “Pequenas e Esta é a lente menos
não é melhor. de prova
−3.25 D mais pretas negativa que oferece a
É a mesma. melhor AV

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O ERRO que se comete quando uma pessoa está a acomodar:

Este é a continuação do exemplo 7:


Passo AV Testa esta Resposta da AV O que um Examinador distraído faz
lente pessoa – isto está errado !

Positiva
antes da
negativa

Uma refracção menos cuidadosa leva a


6/9 Recorda: no passo 1 a pessoa
adicionar lentes negativas até a pessoa
J Com lente atinge uma AV 6/6 a
ver a linha 6/6 de novo…
−3.25 D 6/9 com uma lente de – 3.25.
Isto está incorrecto!
Não
6/9 adicionar Total no óculo de
K com lente +0.50 D “Pior” 6/12 lente no prova:
−3.25 D óculo de −3.25 D
prova
6/9 Adiciona
Total no óculo de
Com lente −0.50 D no
L −0.50 D “Melhor” 6/7.5+2 prova:
−3.25 D óculo de
−3.75 D
prova
Adiciona
6/7.5+2 Total no óculo de
−0.50 D no prova:
M Com lente −0.50 D “Melhor” 6/6
óculo de
−3.75 D −4.25 D
prova
Não
6/6 adicionar Total no óculo de
N Com lente +0.25 D “Pior” 6/7.5+4 lente no prova:
−4.25 D óculo de −4.25 D
prova
Um refracionista
menos cuidadoso, vai
adicionando lentes
Não negativas, pensando
6/6 adicionar que MVE para este olho
O Com lente −0.25 D “Igual” 6/6 lente no é de −4.25 D.
−4.25 D óculo de Este olho está
prova hipercompensado em
negatives porque a
pessoa está a acomodar.
→ Este RSE está errado!

Neste exemplo anterior, o examinador adicionou continuamente negativos e proporcionalmente, a


pessoa acomodou. O examinador, não prestrou atenção a sinais de “perigo” e não percebeu que a
pessoa estava a acomodar.,

O examinador utilizou o método errado


→ A pessoa ficou hipercompensada em negativos!

Se o examinador tivesse utilizado o método correcto, o RSE seria de −3.25 D.

Com o método errado o RSE seria registado como sendo −4.25 D!

Se os óculos fossem feitos com – 4.25 D, a pessoa estaria hipercompensada


→ Ela terá negativos a mais nos seus óculos.

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Uma pessoa com negativos a mais nos seus óculos terá provavelmente astenopia
(desconforto ocular).

Sintomas de astenopia incluem: irritação ocular, fadiga ocular e dores de cabeça.

A uma pessoa que foram prescritos negativos a mais poderá afirmar que não tem
conforto com os seus olhos quando usa os óculos.

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SUMÁRIO – Método de Refracção Subjectivo (RSE)
ESQUEMA A: Elegendo a primeira lente de teste

Quantifica
Measure e regista
and write downa AV inicial VA
unaided
(Monocular, binocular e buraco estenopeico)
(monocular, binocular and pinhole)

Quantifica
Measuree PD
DP e ajusta
and o óculo
adjust trialde prova
frame

Oclui primeiroleft
Occlude o olho
eyeesquerdo
first

Look at theConsidera
unaided aVAAVthat
registada
you wrote down
(para decidir com que lente começar)
(to decide which lens to start with)

Se 6/18 ou
If 6/18 or melhor
better SeIfpior que 6/18
worse than 6/18 Se pior quethan
If worse 6/606/60
(mas melhor que 6/60)
(but better than 6/60)

Testa uma
Try alente de Testa Try
umaalente de Testa
Tryuma lente de
a +3.00 + 3.00 D
D lens
+ 0.50 D (testa
+0.50 D lens + +1.50
1.50 D D(testa
lens ou
OR
sempre as lentes sempre as lentes uma lente de + 5.00 D
(always try plus
positivas antes das (always try
positivas antesplus
das Try a +5.00 D lens antes das
(testa sempre as lentes positivas
lenses
negativas)before lenses before
negativas) (alwaysnegativas)
try plus lenses
minus lenses) minus lenses) before minus lenses)

Dizthe
Tell à pessoa
person:
“Look at theosletter
“Olhe para optotipos”
chart.”
“Olhe para a linha que consegue ver”
“Look at the smallest line that you can see.”

Vai
Go para o esquema
to Flow Chart B:
B:Questionando a pessoa:
Asking the person
Refracção subjectiva
questions – SUBJECTIVE refraction
“Olhe para a linha que consegue ver”

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Esquema B: Questionando a pessoa – Refracção SUBJECTIVA
Pergunta
Ask
Ask the àperson:
pessoa:
the person:
“Does“Com
“Does this estamake
this lens
lens lente athe
make visão
the daslook
chart
chart letras
look melhor,
better,
better, pior or
worse
worse ou the
or igual?
thesame?”
same?”
“Does “Parece-lhe melhor ou apenas mais pequenas ou escuras?”
“Does it look clearer, or just smaller and darker?” (especially for
it look clearer, or just smaller and darker?” (especially for minus
minus lenses)
lenses)

“Melhor” ou or
mais nítido” “Igual ou mais pequenas “Pior”
“Worse”
“Better” “Clearer” “Same” or “Smaller ande
escuras” Darker”

“Mede a AV através das lentes


Measure VA through the lens

“Estás aAre
usar lentes
you negativas
trying a ou
positivas?
plus or minus lens?
“SeIf aVA
AVworse
piora “SeIf aVA
AVbetter
melhora “Se a AV
If VA fica igual
same

Não
Do coloques
not put thea lente
lensno
in Questiona-te:
Ask yourself: If ituma
“Se for is alente If ituma
“Se for is a lente
óculo the
de prova
trial frame Istothis
“Does fazmake
sentido?
sense? positiva
plus lens negativa
minus lens

Coloca
Put thealens
lenteinno
Não
Do coloques a lente
not put the lensno
in the
óculo de prova
the trial frame Sim
Yes Não
No
óculo de prova
trial frame

Verifica: -- aIspessoa
Check: estáaccommodating
the person a acomodar
- aDoes
pessoa
the entendeu
person understand?

Controla a acomodação
Control ou explica
accommodation melhor
or help à pessoa
the person understand

“Repetefrom
Repeat desde
theinicio os passos
beginning of this deste esquema
flow chart (Flow B”
Chart B)

Do you ter
Pensas think you have
prescrito givenmais
a lente the person the
positiva most
(ou plus negativa)
menos (or least minus) lens that
que resulta gives them
na melhor AV?the best VA?
Not sure No
Não
Sim
Yes Dúvida

Mede a AVthe
Measure comVAas lentes
with de prova
the current trialactuais?
lenses
Teste 1:
Check 1:
Com + 0.25 a AV
Does +0.25D Não
No
fica pior?
make VA worse?
SeIf6/6
6/6ou If pior
Se worsequethan
6/6 If worse
Se than
pior que 6/18 If worse
Se pior
melhor
or better 6/6 (but
(mas better
melhor 6/18
(mas (but better
melhor que than6/60
que 6/60
Sim
Yes quethan 6/18)
6/18) than 6/60)
6/60)

Try a +0.25D
Testa com Try
Testa a +0.50D Try
Testa a +1.50D Testa + 3.00
Try a +3.00 D e adepois
D then −3.00 com
D lens
Check
Teste 2:2:
Does
lens thenDae
+ 0.25 lens
+ 0.50thenDa e lens
+ 1.50 thenDa (if- 3.00 D D lens made it worse)
the +3.00
Com - −0.25D
0.25 a AV Não
No −0.25DDlens
-0.25 -0.50 Dlens
−0.50D -1.50 Dlens
−1.50D (se com + 3.00 piora)
make VAouthe OR
fica igual pior? (if the +0.25D
(com +0.25 (if
(comthe +0.50D
+0.50 (if(com
the +1.50D
+1.50 OU
same or worse? Try a +5.00
Testa D then
+ 5.00 D e adepois D lens
−5.00 com
lens made it
piora?) lens made it
piora?) lens made it
piora?)
worse) worse) worse) (if- the +5.00
5.00 D D lens made it worse)
(se com +5.00 piora)
Yes
Sim
Pergunta à pessoa: “ Com
Ask the estas“Does
person: lentes,
thisa lens
sua visão
makedas letraslook
the chart fica,better,
melhor, pior ou
worse igual?
or the same?”
As letras parecem-lhe ficar mais nítidas, ou apenas mais pequenas e escuras?”
“Does
Especialmente para it look
lentes clearer, or just smaller and darker?” (especially for minus lenses)
negativas
Esteiséthe
This o RSE
BVS

“Repete
Repeat desde inicio
from the os passos
beginning deste
of this flow esquema B”Chart B)
chart (Flow

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ICEE Refractive Error Training Package
TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS

1. O que é a melhor refracção subjectiva esférica?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

2. Irá uma pessoa com astigmatismo ver perfeitamente com o resultado do teste subjective
esférico. Por favor, explica a tua resposta.

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

3. Como podes comprovar se é real uma melhor visão quando testas uma nova lente?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

4. Como podes prevenir o uso da acomodação durante uma refracção?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

5. Quais as questões que deverás fazer a ti próprio para verificar se o resultado de uma
refracção faz sentido?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

6. O que te levará a pensar que uma pessoa está a usar a acomodação durante a
refracção?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

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ICEE Refractive Error Training Package
REFRACÇÃO
ESFERO-CILINDRICA

PENSA
A melhor refracção esférica apenas quantifica o erro refractivo esférico (miopia, hipermetropia ou
presbiopia) – significa que não quantifica o Astigmatismo.

Lentes esféricas, apenas compensam erros refractivos esféricos - não compensarão astigmatismo. Se
a pessoa tiver um astigmatismo significativo, não irá ver de uma forma nítida e confortável apenas com
lentes esféricas.

Uma pessoa com um astigmatismo significativo necessita de uma compensação refractiva esfero-
cilíndrica.

OBJECTIVO
Este módulo tem como objectivo ensinar-te a realizar uma refracção subjectiva esfero-cilíndrica.

RESULTADO A OBTER
Após teres trabalhado neste modulo deverás ser capaz de:

• Explicar quando é necessário efectuar uma refracção esfero-cilíndrica.

• Demonstrar o uso correcto dos cilindros cruzados.

• Demonstrar como se faz uma refracção esfero-cilíndrica.

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ICEE Refractive Error Training Package
QUANTIFICANDO O ASTIGMATISMO
Refracção
Esfero-Cilíndrica: Uma refracção esfero-cilíndrica mede a quantidade de astigmatismo que uma
pessoa tem e as lentes cilíndricas a prescrever.

Todas as refracções se iniciam com uma refracção subjectiva esférica (RSE).

Após a RSE deverás realizar uma refracção esfero-cilíndrica se:


• A AV com o buraco estenopeico é superior à resultante da
RSE
OU
• A AV da RSE é inferior a 6/9.

Uma pessoa com astigmatismo necessita de uma lente cilíndrica (ou esfero-
cilíndrica) que:
• Tenha a potência correcta do cilindro, e
• seja colocada na orientação correcta à frente do olho (o eixo do cilindro
deve ser colocado no ângulo correco).

A refracção esfero-cilíndrica encontra a potência e orientação correctas do


cilindro, e desta forma a pessoa com astigmatismo poderá ver nítido e de uma
forma confortável.

Cilindro Cruzado: Um cilindro cruzado é um utensílio que é utilizado na refracção esfero-cilindrica.


Pode ser também designado por Cilindro Cruzado de Jackson (CCJ).

Todos os cilindros cruzados têm dois eixos: um eixo positivo e outro negativo.
Estão disponíveis em várias potências, mas os mais usados são os de ±0.50 D.

Um cilindro cruzado, tal como uma lente de teste, tem um braço, o qual se
encontra a 45º dos eixos. Existem umas pequenas marcas na lente dos cilindros
cruzados, que representam os eixos dos cilindros. Estas marcas informam-nos da
potência dos cilindros cruzados e onde estão os eixos. Os eixos dos cilindros
normalmente aparecem em duas cores: vermelho/laranja para o cilindro negativo
e branco/preto para o cilindro positivo.

Eixo Minus
negativoaxis
Plus
Eixo
axis
positivo

Figura 1: Cilindro cruzado de ±0.50 D

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ICEE Refractive Error Training Package
Mantendo a
Esfera Equivalente: Manter a esfera equivalente é importante durante a refracção esfero-cilindrica,
porque ajuda a controlar a acomodação.

Sempre que alterarmos o cilindro no óculo de prova em –0.50 DC, deveremos


alterar a potência esférica em 0.25 D:

• Se adicionares −0.50 DC no óculo de prova, deves compensar esta


alteração adicionando +0.25 D na potência esférica.

• Se removeres −0.50 DC do óculo de prova, deves compensar esta


alteração removendo +0.25 D na potência esférica.

Potência cilíndrica = ½ x Potência Esférica

Quando manténs a esfera equivalente estás a assegurar que a RSE,


globalmente, não sofre alterações e a acomodação mantém-se relaxada.

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ICEE Refractive Error Training Package
MÉTODO

Normalmente, a refracção esfero-cilíndrica é considerada pelos estudantes como


sendo a parte mais difícil e confusa de um exame aos olhos

A exactidão da refracção esfero-cilíndrica depende de:


• uma boa técnica de refracção esfero-cilíndrica
• das instruções que são dadas à pessoa.

Existem três partes na refracção esfero-cilindrica:

• Procura do Astigmatismo
• Determinar o eixo do cilindro
• Determinar a potência cilíndrica.

Tal como na RSE, a melhor forma de aprenderes como fazer a refracção esfero-cilindrica é fazê-la tu
próprio, o maior número de vezes possível. Com a prática tronar-se-à rápida e exacta. Neste módulo,
vamos mostrar-te como fazer uma refracção esfero-cilíndrica:

• Instruções passo-a-passo com exemplos


• Esquemas (em sumário).

Após trabalhares nisto, estarás preparado para realizar a tua primeira refracção esfero-cilíndrica.

Antes e Depois: • Coloca a potência esférica resultante da RSE nos suportes posteriores
do óculo de prova.

• Oclui o olho esquerdo (recorda que começamos sempre pelo olho


direito).

• Diz à pessoa que olhe para os óptotipos ao longe:

- Um circulo ou uma letra em forma de  (com um tamanho de


6/12 ) é o melhor

→ Tu próprio podes fazer o círculo. (assegura-te que o circulo é


absolutamente redondo e que a linha tem sempre a mesma
espessura).

- Se não tiveres um , podes pedir à pessoa para olhar para


uma letra na carta de optotipos colocada ao longe. Elege uma
letra que tenha duas ou três linhas largas na linha mais
pequena que a pessoa consegue ver.

• Segura o cilindro cruzado e diz à pessoa:

“Vou mostrar-lhe duas imagens daquele círculo (ou letra).


Nenhuma é perfeita, mas comparando as duas, diga-me qual a
melhor: primeira ou segunda”.

“Poderá responder-me também que parecem iguais.”

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INSTRUÇÕES PASSO-A-PASSO

Encontrar o
Astigmatismo: Esta parte da refracção tem como objectivo:
• verificar se a pessoa tem astigmatismo,e se...
• encontrar a localização aproximada do eixo.

Passo 1: Coloca o cilindro (cil cruzado) cruzado à frente do olho direito.


Roda o cil cruzado de forma a que o eixo negativo fique a 180º (na horizontal).
Esta é a posição 1 do cil cruzado.

Passo 2: Pergunta à pessoa: “O circulo (ou a letra) fica melhor na posição número
1?
Ou …”
Agora, roda o cil cruzado de forma a que a pessoa está a ver através do outro
lado da lente. Neste momento, o cilíndro negativo do cil cruzado estará a 90º
(vertical). Esta é a posição 2 do cil cruzado.

Termina a tua questão: “….ou na posição número 2? Ou parecem iguais?”

POSITION
POSIÇÃO 1 POSITION
POSIÇÃO 2 2

Eixo Plus Eixo


Minus
axis
positivo negativo
axis

Minus
Eixo
negativo
axis

Roda o braço Trial


Escala de frame
eixos
para ficar
Handle na
is twisted axis de
no óculo scale
posição
to 2
get Position 2 prova

Figura 2: Procura de astigmatismo a 90° e 180°.

Se o circulo (ou letra) pareceu ficar melhor na posição 1 ou 2:


→ Coloca uma lente de −0.50 DC no óculo de prova com o eixo na mesma
direcção do eixo negativo em que a pessoa via melhor:
Se a posição 1 foi a melhor, coloca o eixo do cilindro de – 0.50 D a 180º
ou
Se a posição 2 foi a melhor, coloca o eixo do cilindro de – 0.50 D a 90º
→ Agora segue para encontrar o eixo do cilindro.

Se o circulo (ou letra) pareceu ficar igual na posição 1 e 2:


→ Segue para o passo 3.

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Passo 3: Roda o cil cruzado ficando o eixo negativo do cil cruzado a 45º. Esta é a
posição 1.

Pergunta à pessoa: “Vê melhor na posição 1? Ou…”

Agora, roda a lente de forma a que a pessoa fique a ver através do outro lado
da lente. Neste momento, o eixo negativo do cil cruzado estará a 135º. Esta é a
posição 2 do cil cruzado.

Termina a tua questão: “…na posição 2? Ou parece-lhe igual?”

POSIÇÃO 1 1
POSITION POSIÇÃO 22
POSITION

EixoPlus
Eixo axis
positivo
Plus
positivo
axis

Minus
Eixo EixoMinus
axis axis
negativo
negativo

Handle
Roda o is twisted
braço paratoficar
get Position 2 2
na posição

Figura 3: Procura do astigmatismo 45° e 135°.

Passo 4: Se o circulo (ou letra) pareceu melhor na posição 1 ou 2:


→ Coloca uma lente de −0.50 DC no óculo de prova com o eixo na mesma
direcção do eixo negativo em que a pessoa via melhor:
Se a posição 1 foi a melhor, coloca o eixo do cilindro de – 0.50 DC a
45º
ou
Se a posição 2 foi a melhor, coloca o eixo do cilindro de – 0.50 DC a
135º
→ Segue agora para Encontrar o eixo do Cilindro.

Se o circulo (ou a letra) agora parecem iguais na posição 1 e 2, e se a AV do


RSE é boa:
→ A pessoa provavelmente não tem astigmatismo
→ Podes prescrever o resultado da RSE

Se o circulo (ou a letra) agora parecem iguais na posição 1 e 2, e se a AV do


RSE é pobre:
→ Pega numa lente de −0.50 DC e coloca-a com o eixo a 180°
→ Segue para Encontrar o Eixo do Cilindro.
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Exemplo: Passo 1: Segura o cil cruzado à frente do olho direito da pessoa.
Passo 2: • Mostra-lhe a posição 1 (eixo negativo a 180) e a posição 2 (eixo
negativo a 90°°).
• A pessoa diz que a número 1 e 2 são iguais.
Passo 3: • Roda o cil cruzado e mostra à pessoa a nova posição1 (eixo negativo a
45º) e a posição 2 (eixo negativo a 135°°).
• A pessoa diz que a posição 1 é melhor.
Passo 4: • Olha para a orientação do eixo negativo na posição 1.
• Tu verificas que as linhas vermelhas (eixo negativo) estão a 45º, então
ficas a saber que o eixo do astigmatismo da pessoa fica próximo dos
45º.
• Coloca uma lente de −0.50 DC no óculo de prova com o eixo a 45º.

Encontrando o Eixo
Do Cilindro: Após teres encontrado aproximadamente o eixo do astigmatismo da pessoa,
precisas de determinar a sua posição exacta.

Passo 1: Olha para o eixo da lente de −0.50 DC que colocas-te no óculo de prova.

Segura o cil cruzado paralelo (com o braço a mesma direcção das linhas
vermelhas) ao eixo da lente de -0.50 DC que está no óculo de prova.

Passo 2: Pergunta à pessoa: “O círculo (ou a letra) fica melhor na posição número
1?
Ou …”
Agora, roda o cil cruzado de forma a que a pessoa está a ver através do outro
lado da lente..

Termina a tua questão: “….com o número 2? Ou parecem iguais?”


O braço do cil
POSITION
POSIÇÃO 1 1 cruzado é
POSITION
POSIÇÃO 22
paralelo
Trial lensao eixo
axis is
da lente de
parallel to the
teste
cross-cyl handle

O braço do cil 135º


Handle
cruzadoof cross-cyl
está
isparalelo
parallelaotoeixo
the da
trial
lente lens
de teste
axis

Handle
Roda oisbraço
twisted
para ficar na posição 2
to get Position 2

Figura 4: Encontrando o eixo do cilindro de uma pessoa com astigmatismo.

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Passo 3: Se o circulo (ou a letra) pareceu melhor na posição 1 ou 2:

→ Roda o cilindro da lente de teste no óculo de prova para o lado em que


estava o cilindro negativo no cil cruzado, na posição que via melhor.

Coloca agora o cil cruzado com o braço paralelo ao novo eixo da lente no
óculo de prova.
→ Segue para o passo 4.

Quando estamos a “afinar” o eixo do cilindro devemos sempre


colocar o braço do cil cruzado paralelo (em linha com) com o
eixo do cilindro da lente no óculo de prova.

Se o circulo (ou a letra) agora parecem iguais na posição 1 e 2:


→ o eixo do cilindro da lente de teste no óculo de prova está correcto
→ encontramos o eixo do astigmatismo da pessoa
→ vai para Encontrando a Potência do Cilindro.

Passo 4: Repete os passos 2 e 3 até que a pessoa te diga que o circulo ou a letra pare
ce igual com um número ou com o outro.

Example: Passo 1: A pessoa diz que vê melhor o círculo (ou a letra) com o
número 1.

Passo 2: Roda a lente no óculo de prova na direcção do eixo


negativo do cil cruzado (quando cil cruzado está na
posição 1). Roda o braço do cil cruzado de forma a que
fique paralelo com o novo eixo da lente de teste.

Passo 3: Mostra novamente à pessoa a posição 1 e 2.

A pessoa diz-te que a posição 2 é melhor.


• Roda o eixo do cilindro da lente que está no óculo de
prova na mesma direcção do eixo negativo do cil
cruzado (quando este está na posição 2).
• Coloca o braço do cilindro cruzado paralelo com o eixo
da lente no óculo de prova.

Passo 4: Mostra novamente à pessoa a posição 1 e 2.

• A pessoa diz que a visão é igual nas duas posições.


• Isto significa que o eixo da lente de teste colocada no óculo
de prova está correcto.
• → Tu sabes a correcta localização do eixo do
astigmatismo da pessoa.

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“Quebra-Cabeças” na
Refracção Esfero-Cilindrica
Podes poupar tempo (e esforço) usando a técnica lógica do “quebra-cabeças”.

Pensa num jogo “quebra-cabeças”, em que o objectivo é


adivinhar um número, e que estás a jogar com um amigo.

Exemplo:
Tu pensas no número 90 → o teu amigo diz-te que é um número inferior
Tu pensas no número 45 → o teu amigo diz-te que é um número superior
Tu pensas no número 65 → o teu amigo diz-te que é um número inferior
Tu pensas no número 55 → o teu amigo diz-te que o número está correcto!

Nota que cada vez que tentas adivinhar o número, escolhes


um que é metade de dois que tu já conheces? Esta é a forma
mais eficiente (rápida) para adivinhar o número.

Quando usas a técnica “quebra-cabeças” para encontrar o eixo exacto do cilindro,


usas um método similar.

Exemplo: Procuras o astigmatismo e pensas que está aproximadamente a 90º


→ coloca um cilindro de −0.50 DC a 90 no óculo de prova.

Segura o cil cruzado a 90º (paralelo com o eixo da lente de teste no óculo de prova)
→ Os dois eixos do cil cruzado estão agora a 45º e 135º
→ Tu vais mostrar as duas opções novamente.

A pessoa diz-te que o circulo (ou a letra) parece melhor com “a número1” (quando o
cil cruzado tem o eixo negative a 45º)
→ agora colocas a lente de teste com o eixo a 65º (fica a meio entre 90º e 45º).

Colocas, de novo, o braço do cilindro cruzado paralelo com o eixo da lente de teste
(65º)
→ Os eixos dos cilindros cruzados estão agora a 20º e 110º
→ Tu vais mostrar as duas opções novamente.

A pessoa diz-te que o circulo (ou a letra) parece melhor com “a número1” (quando o
cil cruzado tem o eixo negative a 20º)
→ agora, rodas o eixo da lente de teste em direcção aos 20º,mas escolhes um
número entre 45º e 65º (do antes, tu sabes que o número será superior a 45º,
então não vais rodar o eixo do cilindro da lente de teste até aos 20º - apenas
rodas nessa direcção).
→ roda o eixo do cilindro até 55º (isto é metade entre 45º e 65º)

Neste momento, colocas o braço do cil cruzado a 55º (paralelo com o novo eixo da
lente de teste de -0.50 DC)
→ Os eixos dos cilindros cruzados estão agora a 10º e 100º
→ Tu vais mostrar as duas opções novamente..

A pessoa diz que a visão é igual nas duas posições


→ eixo da lente de teste colocada no óculo de prova está correcto.
→ O eixo do astigmatismo da pessoa é a 55º.

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ICEE Refractive Error Training Package
Encontrando a Potência
Do Cilindro: Uma vez encontrado o eixo exacto do astigmatismo da pessoa, precisas de
determinar a potência correcta do cilindro.

Passo 1: Têm em conta o eixo do cilindro da lente de teste no óculo de prova.

Segura os cilindros cruzados de forma a que o cilindro negativo fique paralelo


ao eixo do cilindro da lente de teste (ao longo da mesma linha).

Passo 2: Pergunta à pessoa: “O círculo (ou a letra) fica melhor na posição número
1?
Ou …”
Neste momento, roda o cil cruzado de forma a que a pessoa veja através do
outro lado da lente.

Termina a tua questão: “….ou na posição número 2? Ou parecem iguais?”

POSIÇÃO 1 1
POSITION POSIÇÃO 2 2
POSITION

O eixo negativo
Minus axis of
cil cruzado é cross
paralelo
cyl alignedaowith
eixo
da lente
axis de teste
of cylindrical
trial lens

Handle
Roda o braço is ficar
para twisted
na posição 2
to get Position 2
Figura 6: Encontrando a potência do astigmatismo da pessoa.

Passo 3: Se o circulo (ou letra) parece melhor na posição 1 (cilindro negativo do cil
cruzado paralelo com eixo da lente de teste):

→ remove a lente cilindrica de teste do óculo de prova e substituia por


uma lente cilindrica com mais -0.25 DC (mais cilindro negativo).

→ assegura-te que manténs inalterado o eixo do cilindro da lente de teste


no óculo de prova!

→ Repete os passos 1 e 2 até que a pessoa te diga que o círculo (ou a


letra) parecem iguais com o número 1 e 2 – neste momento terás
encontrado a potência do astigmatismo da pessoa.

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ICEE Refractive Error Training Package
RECORDA!
Sempre que adicionares −0.50 DC no cilindro da lente de teste,
deves manter a equivalente esféra, adicionando +0.25 D na
potência esférica.

Isto é extremamente importante!


Se não fizeres isto, não controlas a acomodação!

Se o circulo (ou letra) pareceu melhor na posição 2 (com o cilindro positivo dos cil
cruzados paralelo ao eixo do cilindro da lente de teste):

→ remove a lente de teste no óculo de prova e substitui-a por uma com


menos 0.25 D de potência (menor cilindro negativo).
→ assegura-te que manténs o eixo do cilindro inalterado no óculo de
prova.
→ repete os Passos 1 e 2 até que a pessoa te diga que o circulo (ou a
letra) pareçam iguais com o número um e com o número dois – terás
determinado a potência do astigmatismo da pessoa.

Se o circulo (ou letra) pareceu igual na posição 1 e 2:

→ A potência da lente cilíndrica está correcta.


→ Tu conheces a potência do astigmatismo da pessoa (potência cilindrica)
→ Vai para o Paso 4.

Se a potência cilindrica preferida na lente de prova foi no sentido de diminuir a


potência negativa (diminuir 0.25 D) e de seguida no sentido de a aumentar
(aumentar – 0.25 DC):

→ Isto significa que a potência requerida provavelmente fica entre as


potências das duas lentes de teste.
→ Elegemos a menos negativa (menor potência negativa) como potência final
do cilindro.

Verifica sempre a AV. Deverás aumentar a potência cilindrica,


apenas se existir uma melhoria na AV.

Passo 4: Passa o oclusor do olho esquerdo para o olho direito e repete a refracção
esfero-cilindrica para o OE.

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ICEE Refractive Error Training Package
Passo 5: Segue para o Teste + 1 e para o Balanço Binocular.

RECORDA!
Sempre que adicionares −0.50 D no cilindro da lente de teste,
deves manter a equivalente esfera, adicionando +0.25 D na
potência esférica.

Isto é extremamente importante!


Se não fizeres isto, não controlas a acomodação!

Exemplo 1:
O óculo de prova tem duas lentes à frente do olho: +1.00 D e −0.50 DC.
O outro olho está ocluído.

Aumentas a potência do cilindro na lente de teste, - 0.25 DC, duas vezes:


→ primeiro alteras a potência do cilindro da lente de teste de -0.50 DC para
– 0.75 DC.
→ depois passas a potência cilindrica da lente de teste de –0.75 DC para
−1.00 DC.

Terás incrementado um total de −0.50 DC no óculo de prova, então deverás


incrementar +0.25 D na potência esférica (para manter a esfera equivalente).

Tu:
→ primeiro colocas +1.25 D na parte de trás do óculo de prova e
→ depois removes a lente de teste com +1.00 D.

Exemplo 2:
O óculo de prova tem duas lentes à frente do olho: -1.00 D e −0.50 DC.
O outro olho está ocluído.

Aumentas a potência do cilindro na lente de teste, - 0.25 DC, duas vezes:


→ primeiro alteras a potência do cilindro da lente de teste para – 0.75 DC.
→ depois passas a potência cilíndrica da lente de teste para −1.00 DC.

Terás incrementado um total de −0.50 DC no óculo de prova, então deverás


incrementar +0.25 D na potência esférica (para manter a esfera equivalente).

Tu:
→ primeiro removes a lente de teste de – 1.00 D e,
→ depois colocas a lente de teste com -0.75 D na parte de trás do óculo de
prova.

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ICEE Refractive Error Training Package
RECORDA:
Adicionando +0.25 D a potência esférica é o mesmo que:

• aumentando a potência positiva em 0.25 D


(Exemplo 1: +1.00 D passa para +1.25 D)

• Diminuindo a potência negativa em 0.25 D


(Exemplo 2: −1.00 D passa para −0.75 D)

Exemplo 1:
O óculo de prova tem duas lentes à frente do olho: +1.00 D e −1.00 DC.
O outro olho está ocluído.

Diminuis a potência do cilindro na lente de teste, - 0.25 DC, duas vezes:


→ primeiro alteras a potência do cilindro da lente de teste de −1.00 DC para
– 0.75 DC.
→ depois passas a potência cilíndrica da lente de teste de -0.75 DC para
−0,50 DC.

Terás removido um total de −0.50 DC no óculo de prova, então deverás


remover +0.25 D na potência esférica (para manter a esfera equivalente).

Tu:
→ primeiro colocas +0.75 D na parte de trás do óculo de prova e
→ depois removes a lente de teste com +1.00 D.

Exemplo 2:
O óculo de prova tem duas lentes à frente do olho: -1.00 D e −1.00 DC.
O outro olho está ocluído.

Diminuis a potência do cilindro na lente de teste, - 0.25 DC, duas vezes:


→ primeiro alteras a potência do cilindro da lente de teste para – 0.75 DC.
→ depois passas a potência cilíndrica da lente de teste para −0.50 DC.

Terás removido um total de −0.50 DC no óculo de prova, então deverás


remover +0.25 D na potência esférica .

Tu:
→ primeiro removes a lente de teste de – 1.00 D e,
→ depois colocas a lente de teste com -1.25 D na parte de trás do óculo de
prova.

Recorda:
Remover +0.25 D da potência cilindrica é o mesmo que:

• Diminuindo a potência positiva em 0.25 D


(Exemplo 1: +1.00 D para +0.75 D)

• Diminuindo a potência em 0.25 D


(Exemplo 2: −1.00 D para −1.25 D)

Copyright © ICEE 2009 Refracção Esfero-cilíndrica - STUDENT MANUAL • 13


ICEE Refractive Error Training Package
SUMÁRIO – MÉTODO – Refracção Esfero-Cilíndrica

Esquema A: Procura do Astigmatismo

Put the BVSotrial


Coloca RSE lenses in the
na parte de back cells
trás do of the
óculo trial frame.
de prova.
OcluiOcclude
primeiroleft
o olho
eye esquerdo
first.

DizTell
à pessoa para where
the person onde deve olhar
to look

Segura
Hold os thecil cruzados
cross cyl in em frente
front aoeye
of the olhoandda tell
pessoa e diz-lhe:
the person:
“This“Esta
will lente
make desfocará a imagem,
it look blurry, butmas quero
I want youque
tome
telldiga
mequal
whicha melhor: um ou
is better: dois”
one or two”
“diga-me também se um e dois parecem iguais.”
“Also tell me if both one and two look the same.”

Segura
Holdothe
cil.cross
Cruzado emfront
cyl in frente
of ao
theolho
eye eand
roda-o, ficando
rotate it
o cilindro
so that the minus axisnegativo a 180º
of the cross cyl is at 180°

“O“Does
círculothe
(oucircle (or letter)
a letra) look better
fica melhor with
na posição Roda
Twist the ohandle
cil. Cruzado
of the de forma
cross cyl asoque
thato the
number one? or…” número 1?ou… minus cilindro negativo
axis of the crossfique
cyl isanow
90º at 90°
(posição 1:cil
(position 1:cruzado
Cross-cylcom eixo axis
minus a 180)
at 180°)

“…or“…com o número
with number two?dois?
Or doOuthey
parecem iguais?
look the same?”
(posição 2: cilindro
(position negativo
2: Cross-cyl do cil
minus cruzado
axis at 90°)a 90º)

Se aIfvisão
visioné better
melhorinna posição1 1
position Se Ifa vision
visão ébetter
melhorin position 2 2
na posição SeIfavision
visão same
é igualinna posição1 1and
position e 22

O eixo está
Axis is próximo
closer todos
180180º
° O eixo está
Axis próximo
is closer to dos
90 °90º

Rotate
Roda o cilthe cross cyl
cruzado so thatathe
de forma
Go to
Vai para Flow Chart
o Esquema B: Find the
B: Encontrar Cylinder
o eixo Axis
do cilindro
que o eixo
minusnegativo
axis isfique a45º
at 45°

“O “Does
círculothe
(oucircle
a letra) fica melhor
(or letter) na posição
look better with Roda
Twist the ohandle
cil. Cruzado de forma
of the cross cyl asoque
thato the
number one? or…” número 1?ou… cilindro
minus axis negativo fique
of the cross cylagora
is nowa 135º
at 135°
(posição 1:cil 1:
(position cruzado comminus
Cross-cyl eixo aaxis
45º)at 45°)

“…com
“…or with o númerotwo?
number dois?
OrOu
doparecem
they lookiguais?
the same?”
(posição 2: cilindro
(position negativominus
2: Cross-cyl do cil cruzado a 135º)
axis at 135°)

Se aIfvisão
visioné better
melhorinna
position
posição1 1 Se Ifa vision
visão ébetter
melhorin position 2 2
na posição SeIfavision
visão same
é igualinna
position
posição1 1and
e 22

O eixoAxis
estáispróximo
closer todos
45°45º O eixoAxis
estáispróximo dos 35º
closer to135°
Se
If AV
VA égood
boa SeIfAV
VAépoor
pobre

Vai
Gopara o Esquema
to Flow B:Find
Chart B: Encontrar o eixo doAxis
the Cylinder cilindro
Provavelmente a pessoa
The person probably
não
hastem
no astigmatismo
astigmatism

Prescribe
Prescreve o RSE Go too Flow
Vai para Chart
Esquema B:B: Find the
Encontrar o
esférico
BVS spheres Cylinder Axis
eixo do cilindro
(Usa
(Usecomo
−0.50lente
DC inicial
x 180 -0.50 DCx180º)
as starting cyl)

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Esquema B: Encontrando o Eixo do Cilindro

Look at the
Olha para axisdaoflente
o eixo the inicial
−0.50deDC starting
-0.50 DC quelens
está in
nothe trial
óculo de frame
prova

Hold theSegura
handleo braço
of thedocross
cil cruzado paralelo to
cyl parallel ao the
eixoaxis
da lente inicial
of the de testetrial lens
starting

“O“Does
círculothe
(ou circle
a letra)(or
ficaletter)
melhorlook
na posição
betternúmero
with oda othe
RTwist cil handle
cruzadoofde forma
the crossa cyl
que
1?ou… asopessoa vejaisatravés
number one? Or…” the person looking do outro
through
(posição 1)
(position 1) ladoother
the da lente.
side of the cross cyl lens

“…com two?
“…or with number o número dois?
Or do theyOu parecem
look iguais?(position 2)
the same?”
(posição 2)

Se
If avision
visão é better
melhor na
inposição 1 ou12or
position 2 Se a visão is
If vision é igual na posição
the same 1 ou 2 1 and 2
in position

Observa
Look ata the
posição do cilindro
position negativo
of the minusquando o cil
axis when OAxis
eixo of
da the
lentetrial
de teste
lensno
in óculo
the
cruzado está na melhor posição de prova está correcto
the cross cyl is in the better position trial frame is correct

Roda o eixo da
Rotate thelente
trialde teste
lens sodethat
forma
thea que
axisamark
marca do
cilindro se mova na direcção do eixo negativo
moves towards the minus axis of the cross na melhor
cyl
posição do cil cruzado
in the better position

Roda o braço
Rotate do cil cruzado
the handle of theficando
cross paralelo com ito is
cyl so that novo eixo
parallel
da lente de teste
to the new axis of the trial lens

Vai para o Esquema C: Encontrar a


Go to
potência do cilindro
Flow Chart C:
Find the Cylinder Power

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Esquema C: Encontrando a Potência do Cilindro

Look
Olhaat theo axis
para of lente
eixo da the −0.50 DC-0.50
inicial de starting lens
DC que inno
está the trialdeframe
óculo prova

Segura
Hold o braço
the crossdocyl
cil so
cruzado paralelo
that the minusao eixo
axisda
oflente inicial de
the cross cylteste
is
parallel to the trial lens axis

“O“Does
círculo
the(ou a letra)
circle fica melhor
(or letter) na posição
look better with oda othe
RTwist cil handle
cruzadoofde theforma
crossacyl
que
número 1?ou… asopessoa vejais através do outro
number one? or…” the person looking through
(posição 1:cil cruzado paralelo com eixo da lente de
(position 1: Cross-cyl ladoother
da lente.
teste)minus axis the side of the cross cyl lens
parallel to trial lens axis)

“…com two?
“…or with number o número dois?
Or do theyOu parecem
look iguais?(position 2)
the same?”
(posição 2)

Se If
a visão
visioné melhor
better na
in posição
position1 1 SeIfavision
visão ébetter
melhorin
naposition
posição 22 Se a If
visão é igual
vision samena posição
in
1e2
position 1 and 2

Remove a lente cilíndrica


Remove cyl trialde teste do
lens Remove a lente cilíndrica
Remove de teste do
cyl trial lens
óculo de prova óculo de prova
from trial frame from trial frame

Replace
Substitui cylde
a lente trial lens
teste porwith
uma a Replace
Substitui cyl trial
a lente lensporwith
de teste umaa
outraminus
com mais cyl-0.25
that DCis 0.25 D outra, somando
minus + 0.25
cyl that isDC
0.25 D
stronger weaker

Já testas-te uma lente com menos potência cilíndrica?


Have you already tried this weaker cyl lens?

Não
No Sim
Yes

AThe
potência cilíndrica
cylinder powerrequerida
requiredfica a meio, entre
is between this oweaker
cilindrocyl
com menos
and the A potência
Powerdoof cilindro
the
potência e o anterior com
previous stronger cyl. mais potência está correcta
cylinder is correct
• Elege esta com menos potência como o teu cilindro final
→ Choose this weaker minus cyl lens as your final cyl power
• Não alteres de novo a lente cilindrica
→ Do not change the cyl lens again

Repete
Repeatasphero-cyl
refracção esfero-
refraction
cilíndricafor
para
theoleft
olhoeye
esquerdo

+1 Teste
Vai para o Go to e
Balanço
The Binocular
+1 Test and
Binocular Balance

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TESTA OS TEUS CONHECIMENTOS
1. Como decides se é necessário realizar uma refracção esfero-cilindrica após teres
realizado a melhor refracção esférica?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

2. O que “mede” a refracção esfero-cilindrica?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

3. Porque razão é preferível usar um optotipo em forma de  realizamos o teste dos cil
cruzados? (Ajuda: Pensa como o astigmatismo distorce a visão das pessoas.)

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

4. Porque é útil o “quebra-cabeças?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

5. Se colocares uma lente de −0.50 DC no óculo de prova, quanto deverás alterar a esfera?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

6. Se removeres uma lente de teste de −1.00 DC do óculo de prova, em quanto deverás


alterar a esfera?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

7. Porque deves alterar a esfera em 0.25 D quando alteras o valor do cilindro em 0.50 DC?
(i.e. porque razão é importante manteres a esfera equivalente?)

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

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CONTROLO DA
ACOMODAÇÃO

PENSE
Uma mãe leva os seus dois filhos á sua consulta. Esta diz-lhe que o seu filho de 14 anos não
consegue ver o que a professora escreve no quadro e a sua filha de 12 anos, diz ter dores de cabeça
quando lê. Estas crianças podem ter erros refractivos por corrigir.

As crianças têm a acomodação muito activa. Por isso é necessário controlar bem a acomodação
enquanto lhes fazemos o exame refractivo.

OBJECTIVO
Esta unidade vai explicar-nos os problemas que a acomodação activa e descontrolada pode criar
durante o exame refractivo.

RESULTADOS A OBTER
Depois de trabalhar com esta unidade, deve ser capaz de:

• explicar como é que a acomodação pode causar erros refractivos

• reconhecer os sinais que indicam que a acomodação de uma pessoa está descontrolada

• evitar o excesso de sobre-negativos (ou sob-positivos) durante a avaliação refractiva

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ERRO REFRACTIVO MAIS COMUM
O erro mais comum que se comete ao fazer a refracção é induzir ao paciente mais negativos do que o
necessário (ou não lhe dar positivos suficientes).

É fácil dar a uma pessoa demasiado valor refractivo negativo. Isso ocorre porque a adição de uma
pequena quantidade de potência negativa extra pode não tornar a visão pior se a pessoa conseguir
acomodar. Se a pessoa está a acomodar, esta pode dizer que a sua visão é a mesma, ou melhor.

Quando uma pessoa acomoda durante a refracção, a prescrição encontrada é errada. Muitas vezes os
óculos que são feitos a partir de prescrições incorrectas só proporcionam uma visão nítida se a pessoa
acomodar enquanto os usa.

Se uma pessoa usa óculos que a faz acomodar, podem apresentar sintomas como astenopia
(cansaço ocular e dores de cabeça) depois de os usar por longos períodos de tempo (horas). Às
vezes, esses sintomas são tão maus que a pessoa não é capaz de usar os óculos (mesmo que com
os óculos tenha uma visão mais nítida do que sem eles).

Exemplos: A estas pessoas foi dada potência negativa a mais (ou então não foi dada a
potência necessária):

• Uma pessoa com miopia que tem um erro refractivo de -3,50D, mas é
dada − 4,00 D.

• Uma pessoa com hipermetropia que tem um erro refractivo de +3,25 D,


mas é dada +2,50 D.

Se uma pessoa tem menos potência nos óculos, dizemos


que estão sobre-negativos.

Se uma pessoa não tem a potência suficiente nos óculos


dizemos que estão sob-positivos.

Pode-se pensar em sobre-negativos como fazendo com que uma pessoa se


torne hipermetrope - uma pessoa com hipermetropia pode ter sintomas de
astenopia porque têm de acomodar para tornar a sua visão clara.

Pode-se pensar em sob-positivos como sendo uma pessoa com uma


hipermetropia por corrigir.

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Lente mais nítida
e mais confortável: A lente mais nítida e confortável para uma pessoa é a lente menos negativa
(ou mais positiva) que lhes dá a melhor AV.

Os jovens, muitas vezes, conseguem ver a carta de AV nitidamente com mais


do que uma lente. Isso ocorre porque os jovens têm muita capacidade em
acomodar e podem usar a sua acomodação para compensar pequenos erros
refractivos.

Ao fazer refracção a um jovem, este pode-lhe dizer que a sua


visão parece melhor com mais negativos (menos positivos), mas
na verdade vê na mesma de forma clara e mais confortável com
menos negativos (mais positivos).

Se acidentalmente prescreve a alguém muitos negativos (ou não


lhe dá positivos suficientes), eles vão-lhe dizer que a sua visão é
clara ...

... mas, posteriormente podem voltar para reclamar que não se


sente confortável com os óculos que lhe prescreveu.

As pessoas geralmente não sabem que estão a acomodar. No entanto,


quando uma pessoa acomoda por longos períodos de tempo (horas), os
músculos ciliares cansam-se. Isso pode levar a sintomas de astenopia
(cansaço ocular).

Figura 1: Ao fazer a refracção, é necessário encontrar um equilíbrio entre a


lente mais clara e a mais confortável para o olho.

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EVITAR O EXCESSO DE SOBRE-NEGATIVOS
Para se certificar que não dá muito negativos (ou não dá positivos suficientes) quando está a fazer
refracção é necessário:

• Controlar a acomodação da pessoa - deve manter a acomodação da pessoa relaxada.


• Verificar se não deu negativos a mais.

Controlo da
Acomodação: Sobre-negativo (ou sob-positivo) ocorre quando a acomodação da pessoa
não é controlada durante a refracção.

Ao realizar a refracção subjectiva deve controlar a acomodação da pessoa. Isto


é muito importante com os jovens, pois estes têm grande capacidade em
acomodar.

Como controlar a acomodação

1. Experimentar sempre lentes positivas antes de lentes negativas.

Se puser uma lente negativa em frente de um olho que não necessite,


este vai acomodar.

Assim que o olho começa a acomodar é difícil fazer com que volte a
relaxar. É melhor impedir que o olho acomode logo de inicio.

Mostrar sempre lentes positivas antes das lentes negativas.

2. A pessoa está mesmo a ver melhor?

Quando segura uma lente negativa em frente ao olho da pessoa,


pergunte:

“Esta lente ajuda-a a ver mais letras ou faz com que as letras pareçam
mais pequenas e carregadas?”

Se a pessoa disser que a lente faz as coisas parecerem mais pequenas


e carregadas, estará, provavelmente, a acomodar. Está a adicionar
demasiados negativos.

3. Quando se faz refracção a olhos hipermetropes: colocar a segunda


lente de prova (lente positiva) no óculo antes de retirar a primeira lente
de prova.

Quando se faz refracção a olhos miopes: remover a primeira lente de


prova (lente negativa) antes de colocar a segunda lente.

4. Verificar a AV antes de adicionar lentes negativas (ou remover lentes


positivas). Se AV não melhorar, não adicione mais negativos.

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5. Se pensa que a pessoa está a acomodar, adicione mais positivo e
seguidamente diminua o poder positivo lentamente.

Encoraje a pessoa a ler a linha seguinte na carta de AV – peça-lhe para


se esforçar mais e para tentar adivinhar, mesmo que não tenham a
certeza.

Confirme que não deu potência negativa a mais:


Durante a refracção o optometrista deve prestar atenção ao que está a
acontecer. O optometrista deve estar alerta para situações que não
façam sentido.

Pergunte-se
1. O que nos dizem os sintomas da pessoa em relação ao erro refractivo
que possa ter?

Exemplo:
Se a pessoa tiver sintomas de hipermetropia, não deverá prescrever-lhe
lentes negativas.

2. Qual a quantidade de erro refractivo esperado?

Quando se mede a AV sem compensação pode-se estimar a


quantidade de erro refractivo que a pessoa vai ter. Lembre-se que cada
0.25 D de erro refractivo = aproximadamente uma linha de AV:
Erro Refractivo (+ ou –) AV esperada sem compensação
0.25 6/6
0.50 6/7.5
0.75 6/9
1.00 6/12
1.25 6/15
1.50 6/18
1.75 6/24
2.00 6/36
2.25 6/48
2.50 6/60
> 2.50 < 6/60

Exemplo:
Uma pessoa diz que consegue ver claramente ao perto, mas que não
consegue ver ao longe. Medindo a AV sem compensação temos: 6/12.

Os seus sintomas (visão pobre ao longe) dizem que provavelmente terá


miopia.
A sua AV sem compensação (6/12) diz que o seu erro refractivo será,
aproximadamente, de −1.00 D.

Se a sua refracção encontrar −2.00 D, a pessoa estará, provavelmente,


a acomodar e você estará a dar-lhe demasiada potência negativa.

3. A AV da pessoa está a melhorar como era esperado?

Cada vez que se adiciona 0.25 D a AV deve melhorar em,


aproximadamente, uma linha.
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Se não melhorar em uma linha, a pessoa pode estar a acomodar.

4. A AV da pessoa é variável (altera-se)?

Se medirmos a AV da pessoa com lentes com o mesmo poder


refractivo, não se deve alterar.

Exemplo:
Coloca uma lente de +2.00 D em frente a um olho de uma pessoa e esta
consegue ver 6/7.5.

Pouco tempo depois, a pessoa só consegue ver 6/9 com a lente de


+2.00 D.

Isto significa que a pessoa tem um descontrolo na acomodação. Tem


de se relaxar a acomodação.

5. Será a AV final tão boa quanto a AV com furo estenopeico?

No fim de fazer a sua consulta de refracção, a AV deve ser tão boa


quanto a AV com o estenopeico.

Exemplo:
Uma pessoa tem AV sem compensação: 6/60. AV com furo
estenopeico é 6/9.

É esperado que no final da refracção a AV seja no mínimo 6/9 ou acima


(talvez até 6/7.5 ou 6/6).

6. Será que um extra de +1.00 D torna a visão pior?

Existe um teste que se chama Teste +1. Neste teste coloca-se uma
lente de +1.00 D no óculo de prova depois “terminar” a parte de
refracção da consulta.

A lente de +1.00 D deverá fazer com que a AV da pessoa piore, pelo


menos, duas linhas.

Se isso não acontecer, a pessoa está a acomodar, o que significa que a


refracção está sobre negativa (potência negativa a mais) ou sob
positiva (potência positiva a menos).

Exemplos

• Exemplo 1:
Um adolescente chega ao consultório para fazer um exame aos olhos.

Faz-lhe uma refracção e descobre que ele consegue ver a


linha 6/6 com diferentes lentes.

Cada vez que adiciona mais negativos, ele diz-lhe que está a
ver melhor, mas quando lhe mede a AV ele apenas é capaz de ver a
linha 6/6 (e não consegue ver letras da linha seguinte, 6/5).

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−0.75 D (mais clara) → 6/9
−1.00 D (mais clara) → 6/7.5
−1.25 D (mais clara) → 6/6
−1.50 D (mais clara) → 6/6
−1.75 D (mais clara) → 6/6
−2.00 D (mais clara) → 6/6

Este menino consegue ver a linha 6/6 da carta de AV com as lentes


−1,25 D, -1,50 D , −1,75 D e -2,00 D. A lente menos negativa destas é
a lente − 1,25 D.

A lente mais clara e mais confortável para este menino é a lente


− 1,25D.

• Exemplo 2:
Uma menina de 8 anos de idade vem à consulta para fazer um exame
à visão.

Faz-lhe uma refracção e descobre que ela consegue ver a linha


de 6/7.5 com diferentes lentes.

Cada vez que diminui a potência da lente, ela diz-lhe que vê mais
claro - mas não importa o quanto diminui, pois ela não é capaz de ver a
linha 06/06.

+3.75 D → 6/12
+3.50 D (mais clara) → 6/9
+3.25 D (mais clara) → 6/7.5
+3.00 D (mais clara) → 6/7.5
+2.75 D (mais clara) → 6/7.5
+2.50 D (mais clara) → 6/7.5

Esta menina vê a linha da carta de AV de 6/7.5 com as lentes de


+3.25D, +3.00D, +2,75D e +2.50D. A lente mais positiva é a lente de
+3.25D.

A lente mais clara e mais confortável para esta menina é a lente


de +3,25D.

Colírio Cicloplégico: Algumas vezes a acomodação da pessoa pode ser extremamente


activa ou instável. Nestas situações pode ser necessário utilizar um
colírio cicloplégico para realizar uma refracção cicloplégica.

O colírio cicloplégico é utilizado para paralisar temporariamente o


músculo ciliar, para que o olho não consiga acomodar. Isto vai tornar
mais fácil fazer a refracção a uma pessoa com a acomodação muito
activa ou instável – especialmente em crianças.

Depois de uma refracção cicloplégica a pessoa vai ter a visão


desfocada por umas horas e fotofobia (sensibilidade à luz) durante o
resto do dia.

O colírio cicloplégico deve ser usado, exclusivamente, por profissionais


da visão que são treinados para o seu uso.

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TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS

1. Qual é o erro mais comum que se comete quando se faz refracção?


_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

2. Acidentalmente dá a uma jovem muito menos potência, mas esta consegue ver
nitidamente?

a) Porque é que ela consegue ver nitidamente?


__________________________________________________________________

b) Se ela ainda consegue ver nitidamente, qual será o problema?


__________________________________________________________________

3. O que pode fazer para controlar a acomodação de uma pessoa enquanto lhe faz
refracção?
a) _________________________________________________________________
b) _________________________________________________________________
c) _________________________________________________________________
d) _________________________________________________________________
e) _________________________________________________________________

4. Um homem diz que consegue ver bem ao perto, mas tem dificuldade em ver coisas que
estão ao longe. Mede-lhe a AV, olho direito (OD) e esquerdo (OE):
OD: 6/12 OE: 6/18
a) Que tipo de erro refractivo espera que tenha este homem?

b) Que quantidade de erro refractivo pode estimar para este homem?


OD: ______D OE: ______D

5. Uma senhora vê 6/9 com o seu olho direito quando tem uma lente de +1,50D no lado
direito dos óculos de prova. Se mudar a lente para uma de +1.25D ela diz que a sua visão
melhora. O que se espera da AV da paciente?
_______________________________________________________________________

6. A senhora vê 6/9 com o seu olho esquerdo quando tem uma lente de +1,50 D no lado
esquerdo dos óculos de prova. Se mudar a lente para uma de +1.25D ela diz-lhe que a
sua visão piora. O que espera da AV da paciente?
______________________________________________________________________
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“+1 TESTE” E
EQUILIBRIO BINOCULAR

PENSA
Acabas-te de observar um jovem, mas estás preocupado, pois não sabes qual a acomodação que ele
poderia ter usado durante o exame de refracção. Se de facto, ele esteve a acomodar, o resultado da
tua refracção está incorrecto. Deves assegurar-te sempre que a acomodação está relaxada durante o
exame de refracção.

OBJECTIVO
Neste módulo vamos mostrar-te como se faz o “teste +1” bem como o balanço ou equilíbrio binocular,
e explicar-te como estes testes são importantes.

RESULTADOS A OBTER
Após teres trabalhado neste modulo, deverás ser capaz de:

• Controlar a acomodação durante a refracção

• Ajustar a refracção se a acomodação de um ou dos dois olhos não estiver relaxada.

• Assegurar que a acomodação está relaxada de forma igual em ambos os olhos.

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APÓS O SUBJECTIVO DE REFRACÇÃO ESFÉRICA (E ESFERO-CIL)
Hiper-compensação em negativos
e o +1 Teste: Mesmo Examinadores experientes podem por vezes e, por acidente,
hipercompensar em negativos (ou hipocompensar em positivos) quando
realizam a refracção esférica subjectiva (RSE). Isto acontece porque por vezes
é difícil controlar a acomodação da pessoa.

Uma hipercompensação em negativos (ou hipocompensação em positivos)


pode resultar em astenopia e dores de cabeça – mas a visão pode continuar
boa. Por vezes, os sintomas de astenopia e de dores de cabeça são tão
intensas que a pessoa não terá conforto quando usa os seus óculos.

Pessoas jovens possuem grande capacidade acomodativa, o que pode


dificultar de uma forma critica o verdadeiro erro refractivo. Isto pode acontecer
na miopia ou na hipermetropia.

• Miopia
Um míope pode ser hipercompensado.

A tua refracção pode chegar a valores negativos superiores à miopia


real.

Isto significa que a pessoa terá uns óculos/lentes com demasiada


potência.

• Hipermetropia
A hipermetropia pode ser hipocompensada.

O resultado da tua refracção poderá ser inferior à hipermetropia real.

Isto pode significar que a pessoa terá uns óculos com potência
insuficiente.

O teste +1 é uma boa forma de perceber se a acomodação está relaxada


durante o exame – e garantir que não prescreves-te negativos a mais (ou
positivos a menos).

Se descobrires que a pessoa está hipercompensada em negativos, poderás


reduzir a potência da lente e desta forma a pessoa terá o conforto desejado
com os seus óculos.

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ICEE Refractive Error Training Package
Igualando a
Acomodação: Os dois olhos não podem acomodar em diferentes quantidades. Se um olho
acomoda o outro olho acomodará na mesma quantidade.

Figura 1: Dois bois que estão a trabalhar juntos, devendo mover-se na mesma
quantidade. Se um dos bois tenta ir à frente, o outro terá de acompanhá-lo.

Podes pensar a acomodação dos dois olhos tal como dois bois trabalhando
juntos. Se um usa o músculo ciliar para acomodar, o outro deverá fazer o
mesmo.

Se um olho necessitar de acomodar mais que outro para “ver” de uma forma
nítida, existirá rivalidade entre os dois olhos – eles irão lutar individualmente.
Isto pode causar sintomas de astenopia e dores de cabeça. Se os dois olhos
possuem a mesma acomodação relaxada irão sentir-se mais confortáveis.

Para relaxar a mesma quantidade de acomodação em ambos os olhos


podemos fazer um balanço binocular.

Um balanço binocular iguala a necessidade acomodativa e a


Acuidade Visual de ambos os olhos.

Não poderás equilibrar as Acuidades Visuais de ambos os olhos se a melhor


Acuidade Visual corrigida de um dos olhos é pior que a do outro (tal como a
resultante de uma catarata), Se tentares igualar as Acuidades Visuais de
ambos os olhos, diminuirás a AV do melhor olho.

Se um dos olhos tem uma AV pobre, após compensação, não poderás fazer o
balanço binocular. Em vez disso, deverás ter um cuidado extra quando estás a
realizar a refracção.

Nota:
Apenas a parte esférica da refracção pode ser alterada
durante o “teste +1” ou durante o Balanço Binocular. Se
existirem lentes cilíndricas no óculo de prova, a potência e o
eixo deverão permanecer inalteradas.

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ICEE Refractive Error Training Package
MÉTODO TESTE +1
O momento para realizar o “teste +1” é logo após teres realização refractiva esférica subjectiva (e a
refracção esfero-cilíndrica) para ambos os olhos. Assegura-te que determinas sempre com a melhor
AV, após compensação, para ambos os olhos.

Passo 1: Remover o oclusor e então ambos os olhos poderão “ver” a carta de optótipos
ao longe. Deixa a MVE ou a esfero-cilindrica no óculo de prova.

Passo 2: Mede a AV binocular ao longe (a pessoa olha para a carta de optótipos com
ambos os olhos “abertos”).

Passo 3: Diz à pessoa que o farás ver tudo desfocado.

Passo 4: Pega em duas lentes de teste com uma potência de +1.00 D, e coloca uma à
frente de cada olho (não removas as lentes que resultaram do MVE e/ou da
refracção esfero-cilindrica).

Quando desfocamos a visão de uma pessoa com uma lente


positiva, dizemos que estamos a enevoar a visão.

No “enevoamento” da visão e durante a refracção, a


acomodação deverá relaxar.

Figura 2: Um nevoeiro real é causado por gotas de água que pairam no ar. Torna-
se difícil ver coisas quando está nevoeiro. Parece um pouco com a poluição do ar
(ou fumo) nas cidades.

Passo 5: Mede novamente a AV binocular (com estas lentes extra de + 1.00 D).
A AV deverá ficar pior 2 a 4 linhas de AV

Passo 6: Se a AV piora em duas linhas: segue para o passo 9.


Se a AV fica igual ou piora apenas uma linha → segue para o passo 7.

Passo 7: Se a AV fica igual ou piora apenas uma linha → adiciona +0.25 D em ambos os
olhos. Mede novamente a AV. A AV deve ser duas linhas pior.

Se a AV fica igual ou piora apenas uma linha, ficamos a saber


que da refracção resulta uma hipercompensação em
negativos (ou hipocompensação em positivos). O paciente
esteve a acomodar durante a refracção.

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ICEE Refractive Error Training Package
Passo 8: Repete os Passos 6 e 7 até que a AV binocular piore duas lenhas (comparada
com a AV medida no Passo 2).

Passo 9: Considera a melhor AV de ambos os olhos (que quantificaste e que registaste


no final do MVE e/ou esfero-cilíndrica).

Se a melhor AV de ambos os olhos é aproximadamente a mesma, necessitas


de realizar um balanço binocular → segue para o método do balanço binocular.

Se a melhor AV do olho direito e esquerdo são diferentes não podes realizar o


balance binocular→ Segue para o Passo 10.

Após o Passo 9 do + 1 Teste, necessitas de realizar um


balanço binocular.
– mas apenas se a melhor AV de ambos os olhos é igual.
Se a melhor AV do olho direito e esquerdo são diferentes não
podes realizar o balanço binocular, segue para o Passo 10.

Passo 10: Diminuir a potência das lentes à frente de ambos os olhos em 0.25 D.

Passo 11: Medir a AV binocular com estas lentes.


Devemos esperar que a AV melhore aproximadamente uma linha.
Encorajar a pessoa a ler a linha abaixo (dizer-lhe que ela pode tentar adivinhar
se não tem certeza).

Passo 12: Repetir os Passos 10 e 11 até que a AV pare de melhorar.

Passo 13: Medir a AV do melhor olho com a lente de teste (ocluir o pior olho).
A AV deverá ser igual à melhor AV compensada que quantificamos após o
MVE ou após a refracção esfero-cilindrica.
SE a AV do melhor olho é pior que a encontrada durante a refracção, adiciona
–0.25 D e mede novamente a Acuidade Visual.

Assegura-te que o melhor olho fique com a melhor AV


possível. A pessoa irá depender deste olho!

Passo 14: Medir a AV do outro olho (olcui o olho bom).


A AV deverá ser igual à observada após a MVE ou refracção esfero-cilindrica.

Passo 15: Registar a tua prescrição (o total das lentes no óculo de prova) para cada olho.

Registar a AV para cada olho (se for diferente para cada olho).

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MÉTODO DO BALANÇO BINOCULAR
Passo 1: Mede a AV do olho direito (oclui o olho esquerdo).

Não coloques o oclusor no óculo de prova. Coloca-o apenas à


frente do olho.

A AV do olho direito deverá ser ligeiramente pior que a binocular.

Passo 2: Medir a AV do olho esquerdo (oclui o olho direito).

Se a AV do olho esquerdo é sensivelmente a mesma do olho direito: segue


para o Passo 5

Se a AV do OD for diferente da AV do OE: Segue para o Passo 3 .

Passo 3: Adicionar +0.25 D no melhor olho.


Mede a AV deste olho.

Passo 4: Repetir o passo 3 até que a AV de ambos os olhos seja sensivelmente a


mesma.

Passo 5: Pedir à pessoa para manter os dois olhos abertos.


Pedir à pessoa para olhar para a letra mais pequena que consiga ver.

Passo 6: Rapidamente, oclui o olho esquerdo, a seguir o olho direito.


(Devemos mover o oclusor para o outro olho sempre em ½ segundo.)

Podemos perguntarr:
“É mais fácil ver com o olho direito... ou com o olho esquerdo...?
O seu olho direito... ou o seu olho esquerdo…?”

Ou… “É mais fácil ver com o primeiro olho... ou com o segundo olho...?
O primeiro olho... ou o segundo olho…?”

Ou… “É mais fácil ver com o número 1... ou número 2…?


1... ou 2…?”

Passo 7: Se a pessoa diz que a visão é igualmente nítida com ambos os olhos → segue
para o Passo 9.
Se uma pessoa diz que a visão é melhor com um olho que com o outro →
segue para o Passo 8.

Devemos ser extremamente cuidadosos quando realizamos o


balanço binocular.

É extremamente fácil as pessoas ficarem confusas:


• A pessoa poderá manifestar preferência pelo olho direito, quando na
realidade preferia o olho esquerdo.

• A pessoa poderá preferir o primeiro olho (ou segundo olho) porque era
o que estava à espera.
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ICEE Refractive Error Training Package
Passo 8: Adiciona +0.25 D no olho que vê melhor.

Se adicionamos mais que +0.25 D num olho, devemos


assegurar que a pessoa não fica com dúvidas.
No caso de o paciente aceitar mais que +0.50D, devemos
questionar o valor de base obtido.

Repete os Passos 6, 7 e 8 até que:


• a pessoa diz que ambos os olhos vêem de uma forma igualmente
nítida, ou
• a pessoa manifesta preferência alternante (prefere um olho, depois o
outro...até que tu decides adicionar +0.25 D ao primeiro olho em vez de
ao outro) → neste caso, escolhe a lente que torna os olhos mais
semelhantes em potência.

Passos 6, 7 e 8 são por vezes designados por Teste Balanço


Alternante.

Passo 9: Medir a AV Binocular.

Passo 10: Alterar a potência em ambos os olho em −0.25 D.

Passo 11: Medir a AV binocular com estas lentes.


Devemos esperar uma melhor AV, aproximadamente, em uma linha.
Encorajar a pessoa a ler a linha abaixo ( ela pode tentar adivinhar se não tem
certeza).

Passo 12: Repetir os Passos 10 e 11 até que a AV deixe de melhorar.


Esta é a melhor AV corrigida.

Passo 13: Medir a AV do olho direito (ocluindo o olho esquerdo).

Passo 14: Medir a AV do olho esquerdo (ocluindo o olho direito).


Passo 15: Se a AV de ambos os olhos é igual à melhor AV corrigida, medida após o MVE
ou refracção esfero-cilindrica → Segue para o passo 17.

Se a AV de ambos os olhos é pior que a melhor AV corrigida → seguir para o


Passo 16.

Passo 16: Adiciona –0.25 D em ambos os olhos e mede novamente a AV.

Apenas podemos realizar este Passo uma vez.


Se a AV de um dos olhos continua pior que a melhor AV
corrigida, cometemos um erro. Devemos verificar a refracção.

Neste momento, a AV de ambos os olhos deverá ser a mesma. A AV em cada


olho deverá ser igual à melhor AV corrigida em cada olho antes de
começarmos o +1 Teste.

Passo 17: Regista a prescrição (o total das lentes no óculo de prova) para cada olho.
Regista a AV resultante para cada olho.

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MÉTODO + 1 TESTE

Complete BVSa refraction


Completa and sphero-cyl
MVE e a refracção refraction
esfero-cilindrica (if necessary).
(se necessário).
Medir abest
Measure melhor AV corrigida
corrected para
VA for ambos
right andosleft
olhos
eyes.

Remove the occluder.


Remover o oclusor.Leave
Deixar athe other
outra lenses
lente in the
no óculo trial frame.
de prova.

Medir adistance
Measure AV binocular ao longe
binocular VA(ambos
(bothos olhosopen)
eyes abertos)

Tell theDizer à pessoa


person que estamos
that you a “desfocar”
are going a visão
to make everything blurry

Put two +1.00


Colocar D trial
uma lente de +lens
1.00 into
D nothe trial
óculo deframe (one àinfrente
prova (uma frontde
of cada
eacholho)
eye)

Measure
Medirdistance binocular
a AV binocular VA (com
ao longe againas(with
lentesextra
extra +1.00 D lenses).
de + 1.00 D)
The VAdeverá
A AV shouldserbe between
pior 2 and
entre duas 4 lines
a quatro worse.
linhas.

If VA Se
is the
a AVsame or only
é a mesma 1 line worse
ou apenas IfSe
VAa AV
is more thando
piora mais 2 lines
que 2 worse
linhas
uma

Adiciona
Add +0.25+ 0.25 D em
D to ambos
both eyesos olhos Considera
Look ata the
melhor
bestAVcorrected
corrigida para o olho
VA for
direito
righte esquerdo, após(after
and left eyes a MVEthe
ou refracção
BVS
esfero-cilindrica
or sphero-cyl refraction)
Measure
Mede binocular
a AV com VA
estas lentes
with these lenses
Se a melhor AV corrigida
If abest
Se corrected
melhor VA
AV corrigida If best corrected VA
Olho direito = olho
Right eye ≠diferente
Olho direito Left eye Right eye = Left eye
esquerdo
de esquerdo
IfSeVA is éthe
a AV sameou
a mesma or SeIf aVA
AVis more
é pior emthan
mais
apenas
only umaworse
1 line linha 2 de
lines worse
2 linhas
pio Cannot do binocular
Não podes realizar o Do binocular
Realizar o balançobalance
binocular
balanço binocular
balance Segue este esquema
(Binocular balance
flow chart)

Alterarthe
Change a potência
power ofdaslenses
lentes in
emfront
frente
ofaos olhos
both emby
eyes -0.25 D D
−0.25

Measure
Medir aided VAdo
a AV resultante ofmelhor
good eye
olho
Measure binocular
Mede a AV binocularVA (occlude poor
(oclui o pior eye)
olho)

SeIfabinocular
AV melhora If abinocular
Se VA não
AV binocular does Se
If aaided
AV resultante é a as
VA is same Se aIfAV resultante
aided VA is éworse
pior
VA improves melhoranot improve mesma que a melhor
best corrected VA que a melhor corrigida
than best corrected VA
corrigida

Measure
Medir a AV aided VA of
resultante do poor eye
pior olho Add -0.25D
Adicionar -0.25toD
(occlude goodolho)
(oclui o melhor eye) both olho
em cada eyes

Registar
Write a prescrição
down (o total for
the prescription daseach
lentes
eye no
(theóculo deallprova)
total of paraincada
the lenses olho.
the trial frame).
Registar a AVaided
Write down resultante
VA forpara
each cada
eye. olho.

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MÉTODO BALANÇO BINOCULAR
Deixa a lente
Leave thedo
+1+1Test
Teste no óculo
lenses de prova
in the trial frame

Mede aMeasure
AV resultante
rightpara
eyeoaided
olho direito
VA (OD)
Mede a AV resultante para o olho esquerdo (OE)
Measure left eye aided VA

SeIf athe
AV VA
do OD e OERsão
of the eyeiguais
and the SeIfathe
AV VA
do OD e OERnão
of the eyesão
andiguais
the
L eye are the same L eye are not the same

Add +0.25
Adiciona +0.25D
D aotomelhor
the better
olho.eye
MedeMeasure
a AV parathe
esteVA
olho
of this eye

SeIf athe
AV VA of the
do OD e OERsão
eye and the SeIfathe
AV VA of ethe
do OD OERnão
eye and
são the
iguais
sensivelmente as mesmas
L eye are almost the same L eye are not the same

Pede à pessoa para


Ask themanter
personos dois olhosboth
to keep abertos.
their eyes open
Pede à pessoa para olhar para a letra mais pequena que consiga ver.
Ask the person to look at the smallest line that they can see

Rapidamente,
Quicklyoclui primeiro
occlude firsto OE
the eleft
depois
eye,othen
OD the right eye
(Move o oclusor
(Move the sempre emto
occluder ½ the
segundo)
other eye every ½ second.)
Pergunta à pessoa se a visão é igual em ambos os olhos
Ask the person if the vision with both eyes is the same
Tem
Be cuidado
careful!
Se a visãoIfem ambos
both eyesosare
olhos é igualmente
equally clear nítida SeIfnum
one olho
eye éismelhor
clearer
(ou a pessoa manifesta uma preferência alternante) que no outro
(or the person has alternating preferences) than the other eye

Mede a AV
Measure binocularVA
binocular Adiciona
Add +0.25+0.25 D noeye
D to the olhothat
quesees
vê melhor
better

Altera
Change theapower
potência
of das lentes
lenses in em frente
front aos olhos
of both eyes em
by -0.25
−0.25DD

Mede a binocular
Measure AV binocular
VA.
Melhorou
Has a AVVA
binocular binocular desde
improved a última
from vez?
last time?

Yes
Sim NãoNo

Mede a AV
Measure resultante
right do OD
eye aided VA
Mede a AVleft
Measure resultante do OE
eye aided VA

Se a AV resultante é a
Se Ifa AV
VAsresultante é pior
worse than If both
mesma queVAs same as
a melhor
que
besta melhor corrigida
corrected VAs best
corrigida corrected VAs

Adiciona
Add -0.25
−0.25 DD toem ambos
both eyesos
olhos. MedeRnovamente Regista a tua prescrição
Write down (o total das
the prescription for lentes no óculo
each eye (thede prova)
total of all the lenses
Measure and L VA aagain
AV do
para cada olho. Regista a AV resultante para cada olho.
OD e OE in the trial frame). Write down aided VA for each eye

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QUESTÕES AUTO-AVALIATIVAS

1. Porque deverás realizar o + 1Teste?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

2. Se a acomodação for relaxada durante a refracção, quanto deverá piorar a AV quando


realizas o + 1 Teste?

____________________________________________________________________________

3. O que estamos a tentar fazer quando realizamos um balanço ou igualamos a refracção?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

4. Quando a refracção é igualada ou é realizado o balanço, ambos os olhos têm a mesma


AV?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

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REFRACÇÃO DE PERTO
PARA PRESBIOPIA

PENSA
Uma senhora de 43 anos vem realizar um exame ocular. Refere que consegue ver muito bem quando
olha para o longe, mas nos últimos anos tem dificuldades em ver ao perto, especialmente para
costurar.

É medido o seu valor da acuidade visual em visão de longe apresentando muito boa AV. É medida a
sua acuidade visual em visão de perto e o valor é pobre. Sabe-se então que a senhora tem presbiopia
e irá precisar de usar uns óculos para visão de perto para que consiga ver e costurar sem problemas.
Como saberemos nós qual a potência que os óculos de perto deverão ter?

OBJECTIVO

Esta unidade mostra-nos o procedimento a realizar numa refracção de perto, para uma pessoa
com presbiopia. Ensina-nos a encontrar o correcto valor da adição (ADD)

RESULTADOS DESTA APRENDIZAGEM

Após consolidar a matéria desta unidade saberá:

• Explicar o significado de uma adição para visão próxima (e a diferença da prescrição para
visão de perto);

• Definir uma distância de trabalho correcta;

• Definir o intervalo de visão ao perto;

• Demonstrar como se realiza uma refração de perto;

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ICEE Refractive Error Training Package
CORRIGIR A PRESBIOPIA
Adição de perto: Muita gente confunde adição de perto com uma prescrição para visão próxima
– mas elas não tem o mesmo significado.

A Adição de perto (ou simplificado, “Add”, do inglês “addition”) é uma


quantidade extra de potencia que é adicionada à prescrição de longe da
pessoa (com hipermetropia, miopia ou astigmatismo) para que consiga ver em
boas condições em visão de perto.

Uma prescrição de perto é a combinação total entre a Adição de perto e a


prescrição de longe.

Prescrição de longe + Adição de perto = Prescrição para visão


de perto

O único momento na qual a adição de perto e a prescrição para visão de perto


são iguais é quando a prescrição de longe tem um valor igual a zero – para
isso a pessoa tem que ser emétrope em visão de longe.

Figura 1: Um homem a olhar sobre os seus óculos para visão de longe. Olha
através da sua prescrição para visão próxima quando lê o livro e para visão de
longe sobrepõe o seu olhar não utilizando os óculos.

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Potência de uma
Adição de perto: A potência necessária de uma Adição de perto depende de
cada pessoa e varia com a:
• Idade
• Distância de trabalho usual
• Melhor acuidade visual com a correcção de longe;

Idade:
• O potencial de uma Adição de perto aumenta consoante a idade
aumenta. Isto porque o cristalino é uma lente que gradualmente tende a
degradar-se consoante o envelhecimento da pessoa. E com isto, a
quantidade de acomodação de cada pessoa é algo que diminui com o
evoluir da idade.

Exemplo:
Um senhor com 40 anos de idade pode precisar de uma adição igual a
+1.00 D. Quando tiver 42 anos poderá necessitar de uma adição igual a
+1.50 D. Quando tiver cerca de 55 anos irá precisar de +2.25 D.

• Por esta razão, a prescrição de uns óculos para visão de perto é algo
que irá sempre aumentar consoante o envelhecimento.

Tabela 1: Valor esperado da Adição de perto para pessoas que vivam em países com
temperaturas elevadas.
Idade da Pessoa Valor esperado da Adição de Perto
35 a 40 +0.75 D a +1.25 D
40 a 45 +1.25 D a +1.75 D
45 a 50 +1.75 D a +2.25 D
Acima de 50 +2.25 D a +2.75 D

A Presbiopia afecta pessoas em alguns países mais cedo que


outros.

Uma pessoa que viva num país quente, perto do equador é


por norma mais cedo presbiope que uma pessoa que viva em
países como a Austrália ou a Inglaterra.

Distância de trabalho usual:


• A distância de trabalho usual de uma pessoa é a distância entre os
seus olhos e o trabalho de perto;

• Normalmente, uma pessoa de estatura baixa com braços curtos terá


uma distância de trabalho usual curta em comparação com uma pessoa
de estatura alta com braços compridos;

• A Adição de perto tende a ser melhor para distâncias de trabalho


curtas. Uma pessoa que procure ter uma curta distância de trabalho irá
precisar de um acréscimo de potência na adição e como consequência
uns óculos para visão de perto mais potentes;

• Quando se realiza a anamnese, deve-se perguntar á pessoa qual é a


distancia usual na qual costuma trabalhar em visão de perto. Esta
distância é usualmente cerca de 40cm, podendo variar.
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ICEE Refractive Error Training Package
Tenha cuidado quando perguntar qual a distancia usual de
trabalho em visão de perto que a pessoa prefere.

Uma pessoa que esteje a começar a ser presbiope começará


por afastar as coisas dos seus olhos para que consiga ver
mais claramente. Embora possa parecer desconfortável é algo
que esta pessoa fará inconscientemente.

Uma boa maneira de encontrar a distância de trabalho usual


de uma pessoa é pedir para que mostre a posição em que
coloca os braços de maneira confortável quando realiza
tarefas de perto como ler ou costurar.

Figura 2: Um homem segura o jornal a mais de 40cm de distancia dos seus olhos.
Terá que se encontrar uma maneira de segurar o jornal numa outra distância
(porque será mais confortável para os seus braços) ou ele continuará a afastar os
braços para ver melhor.

Figura 3: Esta mulher segura o livro a 40 cm de distância dos olhos. Algumas


pessoas sentem-se mais confortáveis segurando o livro ainda mais perto.

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Melhor Acuidade Visual (AV) com a correcção de longe:

• Se uma pessoa tem pobre acuidade visual ao longe – mesmo que


tenha a sua prescrição correcta relativamente ao seu erro refractivo –
diz-se que é uma pessoa de “baixa visão”. A baixa visão deve-se
normalmente a um problema na saúde ocular que afecta
permanentemente a visão dessa pessoa.

• Um presbiope normal esforça-se para ver objectos em visão próxima,


mas uma pessoa com baixa visão terá problemas e muita dificuldade
em ver qualquer coisa em visão próxima. Terá também problemas em
ver qualquer coisa em visão de longe.

• Por vezes a uma pessoa com baixa visão é prescrito uma “alta adição”.
Essa adição fará com que a pessoa veja muito melhor em tarefas de
perto, e tudo será maior e mais fácil de ver.

Uma Adição de perto é sempre uma adição de potência.


Uma Adição de perto é normalmente um valor entre +1.00 D e
+3.00 D.

Uma alta adição tem uma potencia muito mais alta que a
normal adição de perto.
A alta adição poderá ser um valor superior a +10.00 D.

Intervalo de
visão nítida: Quando um presbiope usa óculos para visão próxima, existe um limite para o
quanto pode aproximar de si o estimulo, e um limite para o quanto pode afastar
de si a tarefa de perto para que se mantenha a visão nítida. Isto é portanto o
intervalo de visão nítida - Objectos que se mantenham dentro deste intervalo
serão vistos pelo presbiope de modo nítido.

Amplitude de visão
nítida
Amplitude de visão nítida

Ponto próximo de desfocagem

Ponto próximo de desfocagem


Ponto próximo de desfocagem

Ponto afastado de desfocagem


Objectos que estarão aproximados demais em relação Objectos que estarão afastados demais em relação
ao intervalo de visão nítida estarão desfocados; ao intervalo de visão nítida estarão desfocados;
Figura 4: Um presbiope com óculos para visão próxima tem um intervalo de visão nítida. Só objectos que
estejam dentro do intervalo de visão nítida serão nítidos com os óculos para visão de perto.

Um bom par de óculos para visão de perto tem incluída a


distância de trabalho usual no centro do intervalo de visão
nítida.

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Amplitude de visão
nítida

Ponto próximo de desfocagem

Distância de trabalho

Ponto afastado de desfocagem


Figura 5: Este homem usa uns óculos com a distância de trabalho usual no centro
do intervalo de visão nítida. Isto faz com que se torne mais confortável ver para ele.

O intervalo de visão nítida de uma pessoa diminui consoante o avanço da


idade. Um presbiope na fase inicial é capaz de usar óculos para visão de perto
com um intervalo até curtas distâncias, mas um presbiope em fase avançada
não conseguirá ter um grande intervalo de visão nítida.

Exemplo:
→ Com 45 anos de Idade o interval de visão nítida é mais largo que com 55.
→ Com 45 anos de Idade pode ter um intervalo de visão nítida até 30cm.
→ Com 55 anos de Idade só tem um intervalo de visão nítida ate 15cm.
Amplitude de visão
nítida
Amplitude de visão
nítida

Ponto próximo de Ponto próximo de


desfocagem desfocagem

Distância de trabalho
Distância de trabalho

Ponto afastado de desfocagem


Ponto afastado de desfocagem
Com 55 anos o intervalo de visão nítida é de 15 cm;
Com 45 anos o intervalo de visão nítida é de 30cm;

Figura 6: Um presbiope em fase inicial tem um intervalo de visão nítida maior que um presbiope em fase
avançada.

Objectivos da
Refracção de Perto: Os objectivos da refração de perto são encontrar uma quantidade adicional de
lente que dê à pessoa o melhor intervalo de visão nítida (com a distancia de
trabalho usual no centro do intervalo de visão nítida) e a menor potência
adicional de lente que a pessoa precise para realizar o seu trabalho de perto
nitidamente. Isto porque uma quantidade excessiva de potência em visão de
perto tornará desconfortável a visão para o paciente.

De certa forma esta refração parece ser o oposto da refração de longe – onde
se tenta encontrar a potência o mais positiva possível que mantenha a visão
nítida.

Objectivos da Refracção de Longe:


Encontrar a potência mais alta de lentes positivas (ou
potencia mais baixa de lentes negativas) que dê a visão ao
longe mais nítida.

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Objectivos da Refracção de Perto:
Encontrar a potência mais baixa de lentes positivas que dê
visão nítida ao perto.

Método – Refração ao perto


Antes de realizar a refração ao perto, deve em primeiro lugar realizar a refração ao longe, incluindo:

• Refração esférica com a qual atinge a melhor AV

• Refração esfero-cilíndrica (se necessário)

• +1 Teste

• Equilíbrio binocular.

Existem três passos para realizar a refração ao perto:

→ Preparação e estimação da adição (ADD)

→ Ajustar a potência da adição

→ Verificar até onde o paciente alcança visão nítida

A melhor maneira de aprender como fazer refração ao perto é realizá-las nós mesmos com a maior
frequência possível.
Com a prática iremos tornar-nos mais rápidos e precisos. Esta unidade vai mostrar-nos como realizar
a refração ao perto usando dois métodos de estudo:

• Instruções passo-a-passo

• Fluxogramas (no sumário).

Esta informação vai ajudar-vos na vossa primeira refração ao perto.

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INSTRUÇÕES PASSO A PASSO – REFRAÇÃO AO PERTO
Preparação
e Estimativa
da Add: Passo 1: Deixe no óculos de prova o valor da refracção ao longe.
Remova todos os oclusores.

A refração ao perto termina quando ambos os olhos do


paciente estão abertos.

A Add para o perto tem de ser sempre igual, para ambos os


olhos.

Passo 2: Ajustar nos óculos de prova a distância pupilar para visão próxima.

Passo 3: Dar ao paciente uma carta de AV para visão próxima (ou cartão de leitura).
Pedir ao paciente para segurar a carta e colocá-la á distância de leitura na
qual consegue ver bem.

Devemos certificar-nos se essa é realmente a distância de


trabalho com que o paciente vê bem.

Podemos dizer ao paciente que essa irá ser a distância que


vai passar a usar para ver com os seus óculos de perto.

Uma vez escolhida a distância de trabalho pelo paciente, devemos certificar-


nos se o paciente mantém a sua AV ao perto a essa distância com a
refração de perto (não aproxima nem afasta a carta de leitura, ou seja,
mantém sempre a distância de trabalho).

Devemos ter uma boa iluminação para que o paciente consiga ver bem e
mais facilmente a carta de leitura para visão próxima.

Passo 4: Para decidir com qual lente devemos iniciar , ao realizar a refração ao perto,
usamos a idade do paciente como guia:

Se o paciente tem:

• 35 a 40 anos de idade → Começar com +0.75 D em ambos os


olhos
• 40 a 45 anos de idade → começar com +1.25 D
em ambos os olhos.
• 45 a 50 anos de idade → começar com +1.75 D em ambos os
olhos
• Mais de 50 anos de idade → começar com +2.25 D em ambos os
olhos

Colocar as lentes nos óculos de prova (uma em frente de cada olho).


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Ajustar a potência
da Add: Passo 1: Colocar duas lentes de + 0.25 D em frente aos olhos do paciente (uma em
cada olho).

Dizer ao paciente:
“Olhe para o cartão de leitura.
Olhe para as letras mais pequenas que consegue ver.”

Pergunte ao paciente:
“Com estas lentes, está melhor, pior ou igual?”

Podemos necessitar de mostrar ao paciente o cartão de leitura algumas


vezes com e sem as lentes de +0,25D.

Passo 2: Se a pessoa vê:

• “Melhor” com as lentes de +0,25D


→ Add +0.25 D em cada olho
→ Repetir os Passos 1 e 2.

• “Pior” com as lentes de +0,25D


→ Não alterar as lentes que estavam nos óculos de prova
→ Ir para o passo 3.

• “Igual” com as lentes de +0,25D


Tem positivos a mais...
→ Não alterar as lentes que estavam nos óculos de prova
→ Ir para o passo 3.

Lembre-se:
A refração ao perto pode ser pensada como o oposto da refração
ao longe

Prescrever sempre ao paciente o menor positivo necessário


para que ele atinja a melhor nitidez de visão ao perto.

Repetir os passos 1 e 2 até que o paciente diga que vê pior ou igual com as
lentes adicionadas.

Adicionar +0.25 D em cada olho:

Quando colocamos uma add +0.25 D nos óculos de prova não


necessitamos de colocar as próprias lentes de +0.25 D.
Apenas necessitamos de substituir a lente da add por uma
lente da caixa de prova com mais +0.25D que a anterior.

Exemplo:
Se a add que estava nos óculos de prova era de +1,25D e
necessitamos de colocar +0,25D na add, então retiramos a
lente de +1,25D e colocamos uma lente de 1,50D.

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Passo 3: Colocar duas lentes de −0.25 em frente aos olhos do paciente (uma em
cada olho).

Dizer ao paciente:
“Olhe para o cartão de leitura.
Olhe para as letras mais pequenas que consegue ver.”

Pergunte ao paciente:
“Com estas lentes, está melhor, pior ou igual?”

Podemos necessitar de mostrar ao paciente o cartão de leitura algumas


vezes com e sem as lentes de -0,25D.

Passo 4: Se o paciente vê:

• “Melhor” com as lentes de -0,25D


→ Add −0.25 D em cada olho
→ Repetir os passos 3 e 4.

• “Pior” com as lentes de -0,25D


→ Não alterar as lentes nos óculos de prova
→ Verificar a AV

• “Igual” com as lentes de -0,25D


Tem negativos…
→ Add −0.25 D em cada
→ Repetir os passos 3 e 4.

Repetir os passos 3 e 4 até que a pessoa diga com que lente mais
negativa consegue ver pior.

Adicionar −0.25 D em cada olho:

Quando colocamos uma add -0.25 D nos óculos de prova não


necessitamos de colocar as próprias lentes de -0.25 D.
Apenas necessitamos de substituir a lente da add por uma
lente da caixa de prova com menos -0.25D que a anterior.

Exemplo:
Se a add que estava nos óculos de prova era de +2,25D e
necessitamos de colocar -0,25D na add, então retiramos a
lente de +2,25D e colocamos uma lente de +2,00D.

Verificar a AV:
Passo 1: Dizer ao paciente:
“Olhe para o cartão de leitura.
“Olhe para as letras mais pequenas que consegue ver.”

Passo 2: Dizer ao paciente:

“Aproxime devagar o cartão de leitura para si e pare quando vir as


letras desfocadas.”

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“Afaste de si de forma lenta o cartão de leitura e pare quando vir as
letras desfocadas”.

Ver através da posição do cartão de leitura a que distância o paciente vê


desfocado, quer quando aproxima quer quando afasta o cartão de si
mesmo. A distância entre estes dois pontos é o campo de visão nítida do
paciente.

O paciente deve escolher uma distância de trabalho entre estes dois


pontos para ter um visão nítida..

Se o paciente escolher uma distância de trabalho dentro do campo de


visão nítida → ir para o passo 5.

Se o paciente escolher uma distância de trabalho fora do campo de visão


nítida→ ir para o passo 3.

Passo 3: Se o paciente escolher uma distância de trabalho fora do campo de visão


nítida, necessitamos de mover essa distância de trabalho para dentro do
campo de visão nítida.

O campo de visão nítida pode ser movido:

• Mais próximo do paciente → adicionar +0.25 D em ambos os olhos.


• Afastar mais do paciente → adicionar −0.25 D em ambos os olhos.

Exemplo 1:

Se temos uma add ao perto de +2,00D nos óculos de prova.

Verificamos o campo de visão nítida:


→ o paciente prefere uma distância de trabalho muito afastada do centro
do campo de visão nítida.

Devemos colocar uma add +0.25 D em ambos os olhos.


Devemos retirar a lente de +2.00 D e colocar uma de +2,25D.

Exemplo 2:

Se temos uma add de +1,75D nos óculos de prova.

Verificamos o campo de visão nítida:


→ o paciente prefere uma distância de trabalho mais próxima de sim
mesmo do que do campo de visão nítida.

Temos que retirar +0.25 D de ambos os olhos.


Retiramos a lente de +1.75 D e colocamos uma lente de +1,50D.

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SUMÁRIO - METODO – Refração ao Perto

Fluxograma A: Preparação e Estimativa da Add

Mantenha nos óculos de prova as lentes da refracção de longe.


Remova todos os oclusores.

Ajuste os óculos de prova para a DP ao perto

Deixe a pessoa segurar a carta de AV ao perto na sua distância de trabalho


preferida

Use a idade da pessoa


’ para escolher as primeiras lentes

Idade 35 a 40 anos Idade 40 a 45 anos Idade 45 a 50 anos Idade superior 50 anos

Começar com Começar com Começar com Começar com


+0.75 D +1.25 D +1.75 D +2.25 D
Em ambos os olhos em ambos olhos Em ambos olhos em ambos os olhos

Coloque estas lentes posteriormente nos óculos de prova

Vá para
Fluxograma B:
Ajustar a potência da add

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Fluxograma B: Ajustar a Potência da Add

Segure duas lentes +0.25 D em frente dos olhos da’ pessoa.

Dizer à pessoa:
Tell the person:
“Olhe
“Look para
at thea reading
carta decard.
leitura.”

“Olhe
“Look at the smallest words that youque
para as letras mais pequenas canconsegue
see. ” ver.”

Perguntar à pessoa:
Ask the person:
“Com estas lentes as letras ficam melhor, pior worse
“Do these lenses make the words look better, ou igual?”
or the same? ”

“Melhor” “Igual” “Pior”

Adiciona +0.25 D em cada olho Não adicione lentes aos óculos de prova

Segure duas lentes− 0.25 D à frente dos olhos da pessoa.

Dizer à pessoa:
Tell the person:
“Olhe
“Look para
at thea reading
carta decard.
leitura”

“Olhe
“Look at the smallest words that youque
para as letras mais pequenas canconsegue
see. ” ver.

Perguntar à pessoa:
Ask the person:
“Com estas lentes as letras ficam melhor, pior worse
“Do these lenses make the words look better, ou igual?
or the same? ”

“Melhor” “Igual ” “Pior”

Adicione −0.25 D em cada olho Não adicione lentes aos óculos de prova

Vá para
Fluxograma C:
Verificar o campo de visão nítida

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Fluxograma C: Verificar o campo de visão nítida

Dizer à pessoa:
“Olhe para a carta de leitura.”
“Olhe para as letras mais pequenas que consegue ver.”

Dizer à pessoa:
Olhe para posição
“Lentamente aproxime a carta.”
e recorde-a
“Pare quando vir desfocado.”

Dizer à pessoa:
Olhe para a posição
“Lentamente afaste a carta.”
e recorde-a
“Pare quando vir desfocado.”

A distância entre estas duas posições é o campo de visão nítida da pessoa.

A distância de trabalho preferida encontra-se a meio do campo de visão nítida?

Não Sim

Se o campo de visão Se o campo de visão


nítida está muito nítida está muito
afastado próximo

Add +0.25 D Add − 0.25 D em


em cada olho cada olho

Mostre à pessoa o seu


campo de visão nítida

Pergunte à pessoa:
“Há algum trabalho de perto que precise fazer
mais próximo… ou mais afastado que isto?”

Lembre-se:
O campo de visão Ajuste o campo de visão nítida se necessário.
nítida aproxima-se
adicionando +0.25 D,
e afasta-se adicionando Registe: A AV binocular e add ao perto.
− 0.25 D

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Teste o seu conhecimento

1. Qual a diferença entre a adição de lentes para o perto (add) e a prescrição para óculos
para o perto?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

2. Porque razão as pessoas precisam de uma add ao perto mais forte à medida que
envelhecem?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3. Qual a importância de saber qual a distância de trabalho preferida pela pessoa quando
prescrevemos óculos para perto?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

4. O que é o campo de visão nítida de uma pessoa? Como aproximar o campo de visão
nítida da pessoa? Como o afastar?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

5. Quais os objectivos de uma refracção ao perto?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

6. Sabemos que, numa refracção ao longe, queremos dar à pessoa a maior quantidade de
positivo que lhe dê a melhor AV. Como é que numa refracção ao perto é diferente?
Porquê?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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Registo de Anamnese e
Cartas de Referência

PENSAR
É impossível relembrar todos os detalhes de todas a pessoas que se examina. Mesmo que
se conseguisse, tinha-se que ter a certeza que, quando alguém examinasse essa pessoa
no futuro, elas soubessem exactamente que testes se executaram e quais foram os
resultados obtidos.

OBJECTIVO
Esta unidade vai ensinar-lhe como manter um registo do exame ocular da pessoa,
conhecido por anamnese, e como escrever a carta de referência para a mesma.

RESULTADOS DE APRENDIZAGEM
Quando terminar esta unidade deverá ser capaz de:

• Realizar uma anamnese do paciente que é significativo para você e para os outros
profissionais de saúde ocular;

• Escrever uma carta de referência.

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Registo de Anamnese e Cartas de Referência
- MANUAL DE ESTUDO •1
REGISTO DO EXAME (ANAMNESE)
Um registo do exame (ou simplesmente anamnese) é uma cópia permanente do que se
encontrou durante o exame ocular da pessoa.

Cada vez que a pessoa for examinada a sua anamnese deve ser actualizada.

Alguém que leia a anamnese do paciente deverá ser capaz de identificar os problemas
que o paciente teve e o que se fez para os resolver. Quando o paciente tiver a ser
examinado no futuro, o examinador saberá se os olhos do paciente estão a melhorar ou a
piorar.

É importante que a informação que é escrita na anamnese seja escrita nitidamente e de


maneira que seja bem interpretada. A maioria dos profissionais utiliza fichas especiais de
anamnese ou diário de anamnese que inclui todas as informações sobre os pacientes que
foram examinados.

A ficha de anamnese contém informações privadas. A maioria das


pessoas não quer que ninguém saiba sobre os seus problemas de
saúde visual ou saúde em geral.

Tem que se ter a certeza que a informação que se escreve na ficha de


anamnese seja confidencial (segredo).

DETALHES A REGISTAR:
Detalhes Pessoais: • Data do Exame
• Nome Completo da Pessoa
• Data de Nascimento ou Idade da pessoa
• Género (masculino ou feminino)
• Detalhes de Contacto (morada, numero de telefone,
e-mail)
• Localização do exame (nome da
clínica/hospital/óptica)

Historial do Caso: • Queixa principal e outros sintomas


• Historial de saúde visual e ocular (incluindo
graduação anterior e necessidades oculares)
• Saúde geral, medicação, alergias
• Historial Familiar (ocular e saúde em geral)

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Registo de Anamnese e Cartas de Referência
- MANUAL DE ESTUDO •2
Acuidade Visual (AV): • Apresentar AV ao longe e ao perto
• AV com Furo Estenopeico (PH) (se necessário)
• AV com e sem ajudas visuais e melhor AV corrigida
(ao perto e longe)

Resultados do Exame: • Detalhes e resultado de todos os testes realizados


durante o exame ocular
• Resultados da refracção e prescrição dos óculos
• Avaliação da saúde ocular
• Tudo o que se observar durante o exame ocular que
se pense que tenha relevância e que possa ser
importante

Diagnóstico: • Identificação (nome) do problema


• Tratamento: prescrição de óculos (ou medicação)
• Carta de referência (se necessário)
• Detalhes do que rever ou testar na próxima consulta

Conselho: • O que se disse ao paciente


• Explicação da queixa principal e sintomas
• Tratamento: o que (óculos ou medicação) e como usar
• Carta de Referência: porquê e o que esperar (se
necessário)
• Quando regressar para um próximo exame ocular
• O que o paciente concordou

Tem-se que escrever tudo na anamnese do paciente.


Mesmo que se faça um teste e o resultado seja
normal, ou que se olhe para o olho e é saudável, tem-
se que documentar as descobertas:
Exemplos:
“Distância de AV (sem compensação) OD 10/10 OE
10/10”
“Sem historial familiar de diabetes”
Se não escrevermos os nossos próprios resultados, vai
ser assumido que não se fizeram as perguntas ou que
não se realizaram os testes.
Se um resultado não for escrito na anamnese é a
mesma coisa que não se ter efectuado o exame.

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Registo de Anamnese e Cartas de Referência
- MANUAL DE ESTUDO •3
TIPOS DE REGISTO DE ANAMNESE
Fichas de anamnese: Uma ficha de anamnese é um pedaço de papel ou cartão que
possa ser guardado num arquivo com as restantes fichas de
anamnese do paciente (das consultas anteriores). As fichas de
anamnese podem ser preenchidas com o nome do paciente ou com
um número de maneira a que possam ser encontradas facilmente no
futuro.

Figura 1:Fichas de anamnese podem ser especialmente imprimidas


(ou fotocopiadas) para que sejam sempre iguais, ou podem ser lisas
para podermos escrever o que quisermos.

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Registo de Anamnese e Cartas de Referência
- MANUAL DE ESTUDO •4
Exemplo: Plano de Ficha de Anamnese

Nome: Morada: Masculino / Feminino Data:

DN /Idade Profissão / Passatempos:

Queixa Principal:

Historial do Caso:

Saúde Geral: Historial Familiar:

AV Longe AV Perto
Com/ Sem Correcção Com/ Sem Correcção

AV longe AV Longe AV Longe AV Perto AV Perto


(s/c) (c/c) (PH) (s/c) (c/c)

Saúde Ocular

Distância de
DP Leitura ao Outros Testes
Perto
Ambos
Olho Direito (OD) Olho Esquerdo (OE) os
Olhos
Add/
Esf. Cil. eixo AV Esf. Cil. eixo AV
AV

Refracção

Prescrição
Longe

Prescrição
Perto

Diagnostico / tratamento / óculos

Instruções/ Conselhos dados ao paciente

Referências dadas Examinador

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Registo de Anamnese e Cartas de Referência
- MANUAL DE ESTUDO •5
Registo do Diário de Anamnese: Um registo de diário de anamnese é chamado um
registo de listagem em linha. É normalmente um livro
grande que tem detalhes de todos os pacientes
examinados escritos nele. Às vezes um diário de
anamnese tem duas colunas desenhadas ao longo das
páginas - cada uma das colunas é para um detalhe
específico.

Figura 2 - Um livro grande pode ter colunas desenhadas ao longo das duas páginas
para fazer o registo da consulta.

Diários de Anamnese podem ser também úteis para estudantes que estão a fazer um
portfólio de exames para avaliação e registo próprio.

Os cabeçalhos para cada coluna do diário de anamnese podem incluir:

- Data
- Nome;
- Data de Nascimento;
- Masculino/Feminino;
- Queixa Principal;
- Historial do Caso;
- Saúde em Geral;
- Historial Familiar;
- Ocupação/Passatempos;
- AV (OD & OE): longe e perto
→Actual, Furo Estenopeico, com e sem compensação
- Saúde Ocular
- Distância Interpupilar
- Refracção
- Diagnóstico
- Recomendação de Tratamento (incluído óculos)
- Conselhos dados ao paciente
- Referências (se necessário)
- Nome do Examinador

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Registo de Anamnese e Cartas de Referência
- MANUAL DE ESTUDO •6
Se um registo de um exame de um paciente for
perdido pode causar sérios problemas.
Porque as fichas de anamnese são simples pedaços
de papel, eles podem ser perdidos muito facilmente.
Se usar fichas de anamnese tem que se ter a certeza
que tem um bom sistema de arquivo que se use
correctamente.
É mais difícil perder um diário de anamnese. Se um
paciente souber a data em que efectuou o último
exame pode-se encontrar algures no diário de
anamnese.
Alguns optometristas preferem usar tanto as fichas
como o diário de anamnese para ser mais seguro.

Registo Computorizado: Alguns clínicos usam uma base de dados no computador para
gravar os detalhes dos pacientes que examinam. É mais fácil para
encontrar o ficheiro do paciente na base de dados do computador,
e os relatórios e as cartas de referências podem ser geradas
directamente da base de dados do paciente.

Se um registo computorizado é usado, é preciso ter cuidado para


que a informação não seja apagada ou mudada por acidente.
Cópias da base de dados do computador deverão ser feitas
regularmente em caso de o computador se avariar ou ser roubado.

Informação pode se perder também em caso de haver falhas


eléctricas inesperadas.

Registos computorizados são altamente inconvenientes se forem


feitas consultas em clinicas externas, em que a informação (escrita
em papel) tem que ser transferida para o computador quando
regressar à clinica onde trabalha. Isto pode ser um desperdício de
tempo.

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- MANUAL DE ESTUDO •7
CARTAS DE REFERÊNCIA
Às vezes quando se examina os olhos de um paciente vai-se encontrar problemas que não
se podem tratar.

Esta pessoa precisa de ser encaminhada para alguém que seja especialista no problema
do paciente.

Quando um paciente é encaminhado tem-se que enviar uma carta de referência com ele.
Uma carta de referência é adereçada para o especialista que vai examinar o paciente, e
deve incluir a seguinte informação:

• A razão para que se está a encaminhar o paciente


• As partes do historial e dos resultados dos testes relevantes para o
problema
• Qualquer tratamento (incluindo prescrição de óculos) que a pessoa
recebeu

Detalhes a Incluir:

• Data em que a carta foi escrita;


• Nome (se possível) e morada do especialista que se está a encaminhar o
paciente;
• Nome e data de nascimento/ idade do paciente;
• Morada do paciente (e nome/morada do parente mais próximo);
• Problema principal (e outros problemas relevantes)
• Historial do caso relevante;
• Acuidade Visual;
• Resultado de testes relevantes;
→Lembre-se de especificar qual dos olhos tem o problema
• Complete os detalhes de qualquer tratamento dado ao paciente (por si ou
por qualquer outra pessoa);
→Prescrição de óculos
→Nomes de medicamentos e dosagens (se relevante)
• Um pedido educado de conselhos e tratamentos;
• O seu nome, morada, assinatura e título oficial.
As referências podem ser escritas em papel liso ou pautado, ou pode ser escrito também
num papel formatado para escrever referências.

Cartas de Referência: Se escolher por escrever uma carta de referência, vai ter que
parecer profissional. Tem que ser escrito com clareza e de fácil compreensão.

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- MANUAL DE ESTUDO •8
Exemplo:
Cabeçalho
(Morada da clínica)

Ocular Eye Care


Avenida Barbuda Vasconcelos
Aveiro
8 Setembro 2011

Detalhes do especialista para onde vai encaminhar a pessoa


DrSilva
Hospital Santa Maria
Lisboa

Detalhes da pessoa a que se refere


Caro Doutor
RE:Sra Maria Esteves DN: 29/2/1960
Rua Alexandre Ferreira, nº13 4ºesq Lumiar Lisboa
Número de telefone: 215864778
Parente Próximo: SrJosé Esteves (marido) mesma morada

Resumo da razão do encaminhamennto


Razão para a Referência: Olho direito arranhado

Muito obrigada por observar a Sra. Esteves que eu observei pela primeira vez a 7/9/2011

A 7 de Setembro de 2011 o seu olho direito sofreu um traumatismo e ficou ferido com uma
farpa enquanto estava a jardinar. A Sra. Esteves queixava-se de dores e epifora do olho direito

AV s/c: OD 10/10 OE 10/10

No meu exame verifiquei que o olho direito estava muito vermelho e que possuía um arranhão
na zona inferior da córnea, próximo do limbo. O olho esquerdo estava normal.

Eu receitei-lhe uma pomada de tetracycline 10% e pedi à Sra. Esteves para voltar na manhã
seguinte.

Hoje 8/9/2011 o olho estava mais vermelho que ontem e a AV do olho direito diminuiu para
5/10. A Sra. Esteves contou-me que a dor piorou desde ontem.

Estou preocupada que o olho da Sra. Esteves tenha desenvolvido uma infecção.

Estou a encaminha-la para si para um conselho urgente de tratamento

Pedido educado por conselhos e tratamento

Titulo Oficial
Dr. Isabelle See, Optometrista

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- MANUAL DE ESTUDO •9
Formulário de Carta de Referência: Algumas pessoas preferem usar um formulário
quando referem uma pessoa.

Um formulário de carta de referência pode ser útil


porque ajuda a lembrar todas as informações que se
precisa de incluir, mas, ás vezes não há espaço
suficiente para todos os detalhes. (Se for preciso mais
espaço, pode-se escrever nas costas do formulário
também.)

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- MANUAL DE ESTUDO •10
Exemplo:

Nome: Sra.Maria Esteves DN: 29 / 2 / 1960 Sexo: F / M Date: 8 / 9 / 11

Rua Alexandre Ferreira, nº13 4ºesq Lumiar Lisboa. Número de telefone:


215864778
Morada

Historial do Caso Dores no olho direito; farpa arranhou o olho direito; Epifora

D: R: 6/6
AV c/c AV s/c
E: L: 6/6
D:
AV PH AV Perto c/c AV perto s/c
E:
Conjuntiva bulbar: Vermelha Diagnostico
Córnea: D: Pequeno arranhão na córnea Razões: Abrasão
perto do limbo nasal Corneal, (historial:
Arranhão na
Exame E: normal córnea por uma
Pupila: Pupilas do mesmo tamanho farpa)
Pálpebras: normal
Pestanas: normal
Outros:
Urgente Assim que
OD: ENCAMINHAMENTO possível
TRATAMENTO
PomadaTetracycline10% NECESSÁRIO Próxima
oportunidade
Paciente foi instruído para voltar na manhã seguinte (7/9/2011)
Também pode ser escrito na parte de trás da folha

Consulta de Seguimento (8/9/11):


OUTROS
AV (s/c) OD 5/10 OE 10/10. Paciente tem queixas de mais dores.
Olho está mais vermelho que no dia anterior.
Plano: Encaminhamento Urgente

Referir para um
exame visual:
Para uma rotina de saúde
Acuidade visual
Para saúde ocular e geral ocular:
é 6/18 ou pior
ENCAMINHAMENTO historial ou sintomas de Acuidade visual 6/18 ou pior
tanto no OD
diabetes ou hipertensão tanto no OD e OE e não
como OE e não
melhora com PH até 6/10
melhora com PH
até 6/9
Encaminhamento por: Possibilidade de infecção ocular
Encaminhamento para: Dr Silva, Hospital Santa Maria, Lisboa
DETALHES DE
ENCAMINHAMENTO Data da consulta de referência:
Data de consulta:8/9/11 Transporte: transportamos o paciente
Outros____________
Instruções /Quando
voltar á consulta(Data)

Por favor examine e aconselhe.


Com toda a consideração Ms Isabelle See , Optometrista

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- MANUAL DE ESTUDO •11
TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS

1. Porque é que é importante realizar boas anamnese visuais?


_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

2. Porque se tem que ter cuidado para manter as anamnese visuais, privadas e
a salvo?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

3. Uma mulher fez o seu último exame á 2 anos atrás. Ela vem outra vez hoje
para um exame visual. Você…
a. Adiciona ao seu registo anterior?
Sim / Não
b. Compara os resultados de á 2 anos atrás com os resultados encontrados
hoje?
Sim / Não
c. Deita fora o seu antigo registo?
Sim / Não
d. Guardo o antigo e o novo registo juntos?
Sim / Não

4. Completa a seguinte tabela.

Tipo de Registos Vantagens Desvantagens

Ficha de Anamnese

Diário de
Anamnese

Registo
Computorizado

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Registo de Anamnese e Cartas de Referência
- MANUAL DE ESTUDO •12
5. Faça uma lista dos detalhes que precisa incluir numa carta de referência.
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Registo de Anamnese e Cartas de Referência
- MANUAL DE ESTUDO •13
PRESCRIÇÃO DE ÓCULOS

PENSA
Após examinarmos olhos de uma senhora encontramos um erro refractivo. É necessário decidir agora
a potência dos óculos a prescrever, quantos pares de óculos são necessários e qual o tipo de lente
mais apropriado. Também é preciso pensar quais são as necessidades visuais da paciente e no que
esta quer para si.

OBJECTIVO
Esta unidade vai ajudar-nos a perceber como e quando prescrever uns óculos a um paciente.

RESULTADOS A OBTER
Quando terminar esta unidade deverá ser capaz de:

• Verificar a sua refracção para ter certeza de que é clara e confortável para a pessoa

• Explicar as limitações dos óculos que está a prescrever

• Explicar porque é que pessoas com diabetes, mulheres grávidas e pessoas que estejam a
tomar determinados medicamentos poderão ter problemas na adaptação aos novos óculos

• Aconselhar pessoas para melhor adaptação aos novos óculos

• Explicar o que foi encontrado durante o exame numa linguagem simples para que possa ser
entendido pelo paciente

• Escrever uma prescrição de uns óculos

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VERIFICAR A REFRACÇÃO
Depois de acabar a sua refracção, é necessário que volte a verificar os seus resultados.

Perguntar à pessoa: • A sua visão de longe (ou perto) parece mais nítida com estas lentes?

• Os seus olhos sentem


sentem-se
se confortáveis com estas lentes?

• Nota alguma diferença entre estas lentes e os seus óculos antigos?

→ Deixe que a pessoa compare a visão que tinha com os seus


antigos
os óculos com a que tem com a nova prescrição nos
óculos de prova.

→ Se a pessoa diz que a sua visão se mantém igual (com os


óculos antigos e com as lentes nos óculos de prova) não deve
prescrever uns novos óculos á pessoa – a não ser que a
pessoa queira uma nova armação ou as suas lentes antigas
estejam riscadas.

Para verificar uma refracção de longe podepod pedir à pessoa


que se levante e olhe para a rua (pela porta ou pela janela).
janela)
Para verificar uma refracção de perto pode pedir à pessoa que
olhe para a carta de acuidade visual de perto (AV) ou outra
coisa qualquer que a pessoa queira ver claramente ao perto.
Encoraje a pessoa a explorar o alcance da visão nítida
movendo a carta de acuidade visual de perto (AV) para pa a
frente e para trás.

Longe: Se a pessoa lhe diz que a sua visão de longe não é nítida ou
não é confortável, terá de verificar a sua refracção:
refracção

→ Primeiro verificar a esfera:


• Adicionar +0.25D em ambos os olhos
• Adicionar−0.25D em ambos os olhos (só se
melhorar a AV!)

→ De seguida verifique o cilindro:


• Rode um pouco o eixo do cilindro
→emem direcção ao eixo que tinha nos óculos
antigos ou
→emem direcção a 90º ou 180º (o que estiver mais
perto)
• Diminua a potência do cilindro em 0,25D ou
0.50D
(lembre-se de adicionar −0.25
− D de esfera por
cada−0.50D de cilindro que retira!)
retira

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ICEE Refractive
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Perto: Se a pessoa lhe diz que a sua visão de perto não é nítida ou
não é confortável, terá de verificar a sua refracção:

→ Verifique a adição de perto:


• Adicione +0.25D em ambos os olhos
• Adicione−0.25D em ambos os olhos

Mostre à pessoa: Demonstre como os óculos melhoram a visão da pessoa a certas distâncias
mas que podem piorar para outras distâncias.

Exemplo 1:
Óculos de perto podem fazer objectos ao longe parecerem turvos.

Neste caso a pessoa deve tirar os óculos de perto (ou mudar para os seus
óculos de longe) se quiser ver à distância.

A pessoa pode também gostar de olhar por cima dos seus óculos de perto se
quiser que a sua visão de longe seja mais nítida.

Figura 1:Um homem usando uns óculos de leitura de “olhar por cima”. Ele olha
pelos óculos de perto para ler o seu livro e por cima destes para ver coisas que
estão distantes.

Exemplo 2:
Óculos de longe podem fazer com que a visão de perto não seja nítida.

Neste caso a pessoa terá de tirar os seus óculos de longe (ou mudar para os
seus óculos de perto) se quiser ver bem as coisas que estão perto de si.

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ANTES DE PRECREVER
Quando pega no historial de um caso tem de se lembrar de perguntar à pessoa sobre a sua saúde
geral e sobre que medicamentos anda a tomar. Alguns problemas de saúde geral podem afectar a
visão e é melhor esses problemas serem tratados antes de prescrever uns óculos.

Diabetes: Uma pessoa com diabetes (muito açúcar no sangue)deve


ngue)deve realizar uma
verificação da sua saúde ocular antes de lhe serem prescritos uns óculos. A
diabetes pode causar hemorragias e danos permanentes na retina – isto é
chamado de doença diabética dos olhos ou retinopatia diabética. A retinopatia
diabética
ca deve ser tratada prontamente para que a pessoa não perca a sua
visão para sempre
sempre.

Uma pessoa com diabetes necessita de uma verificação da sua


saúde visual pelo menos uma vez por ano.

Algumas pessoas com diabetes têm flutuações de níveis de açúcar no sangue


(alteram-se
se constantemente
constantemente) – isto é especialmente verdade para pessoas que
tenha sido diagnosticado diabetes há pouco tempo, ou pessoas que não têm
cuidado com a dieta ou com a sua medicação
medicação. Quando existe uma grande
quantidade de açúcar no sang
sangue,, a lente do cristalino dilata (fica mais grossa) e
altera a potência de focagem – isto vai alterar temporariamente o erro refractivo
da pessoa.. Quando a quantidade de açúcar no sangue voltar ao normal, a lente
do cristalino volta também ao normal e o erro refractivo da pessoa vai-se
vai alterar
novamente.

Se um paciente tiver níveis de açúcar no sangue flutuantes devemos pedir para


ser examinado em, pelo menos, três dias diferentes e em diferentes horas do
dia. Pode olhar para todos os resultados refractivos que obteve e prescrever
um valor médio desses resultados. Seria melhor ainda se a pessoa pudesse
voltar a fazer uma consulta quando tivesse os vavalores
lores de açúcar no sangue
controlados e já não houvesse flutuações.

Se uma pessoa com diabetes tiver níveis de açúcar no sangue


flutuantes, deve medir o seu erro refractivo pelo menos três
vezes, em três dias diferentes.
Se a refracção se alterar muito de cada vez, poderá ter de pedir
ao paciente para voltar à consulta num outro dia.
Encontre um valor médio de todas as suas refracções e use-o
use
para a prescrição.

Num estád
estádio inicial da retinopatia diabética, a pessoa pode não notar nenhum
problema com a sua visão – mas devem verificar os seus olhos na mesma. No
início,
cio, a retinopatia diabética não apresenta sintomas, mas é a melhor altura para
ser tratada..

Uma pessoa com diabetes pode ter hemorragias no fundo do olho e não
saber. Se a pessoa não fizer um exame à sua saúde visual, os seus
olhos e a sua visão podem ficar danificados permanentemente.
Exames oculares de rotina são essenciais para pessoas com diabetes.
diabetes

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Gravidez: Quando uma mulher está grávida, os químicos no seu corpo alteram-se.
alteram Esta
alteração nos químicos pode afectar os seus olhos e mudar o seu erro
refractivo.. Algumas vezes o erro refractivo volta ao normal depois do
nascimento do bebé, mas há outras em que a alteração é permanente.
permanente

Deve avisar as mulheres grávidas que poderão ter de alterar os seus óculos
durante o período da gravidez.

Medicação: Alguns medicamentos podem afectar os olhos e fazer com o que o erro
refractivo das pessoas se altere. Estes medicamentos incluem alguns anti- anti
depressivos e anti
anti-psicóticos. Geralmente o erro refractivo mantém-se
mantém se a
dose da medicação também não se alterar
alterar, mas se a dose for alterada ou se a
pessoa parar de tomar a medicação, o erro refractivo pode também mudar.

Muitas pessoas sentem vergonha de dizer que tomam


medicamentos anti-depressivos ou anti-psicóticos
psicóticos.

Quando se pega num historial de um caso deve assegurar à


pessoa que a informação que ela lhe transmitir será
confidencial (secreta) e servirá, apenas, para o ajudar a fazer
o melhor exame visual possível.

Às vezes ajuda ter uma lista de alguns medicamentos, para


quando está a perguntar a alguém sobre a medicação que
possa estar a tomar. Deve dizer:

Você toma alguma medicação para problemas com diabetes,


“Você
depressão ou tensão alta – ou outro tipo de medicação?”

Faça a pessoa saber que alguns medicamentos e problemas


de saúde podem afectar a visão, sendo
ndo por isso importante
que nos falem disso.

Alguns medicamentos, como os esteróides, podem causar cataratas.


cataratas Cataratas
num estágio inicial podem causar uma alteração no erro refractivo (a pessoa
pode ficar mais míope). Esta alteração é, geralmente, progressiva (agrava-se
(agrava
com o tempo) e permanente – até que as cataratas sejam removidas com uma
simples cirurgia
cirurgia.

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ICEE Refractive
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PRESCRIÇÃO DE ÓCULOS
Escolher os óculos a prescrever
rever é tanto uma arte como uma ciência. Duas pessoas podem ter o
mesmo erro refractivo mas precisarem de diferentes tipos e potências de óculos
óculos..

Os óculos que escolhe para prescrever a uma pessoa dependem de


de:

• Historial do caso
• Óculos antigos
• Sensibilidade da pessoa a alterações visuais (é
é diferente de pessoa para pessoa)
pessoa
• Quantidade de erro refractivo e sintomas
• Tipo de erro refractivo
• Óculos e lentes disponíveis
disponíveis.

Diga sempre às pessoas que é preciso tempo para se adaptarem aos óculos novos. É
normal que se sintam estranhas quando usam os novos óculos pela primeira vez –
isto acontece porque o seu cérebro não está habituado a ver correctamente.
correctamente

Deve dizer às pessoas para usar os seus novos óculos o maior tempo possível nas
primeiras 2 semanas, para que a habituação seja mais rápida.

Diga também, que se a pessoa se continuar a sentir mal com os novos óculos depois
das 2 semanas de habituação, para voltar à sua consulta para que possa reexaminar
os seus olhos.

Algumasas pessoas são mais sensíveis que outras, e a sua adaptação a novos óculos
ou alterações na sua prescrição é mais difícil.

Historial do caso: Quando se pega no historial do caso, a pessoa vai-nos


vai contar quais os
problemas que está a ter. O seu principal trabalho será resolver o problema
com que a pessoa mostra preocupação.

A queixa principal da pessoa (o


o maior problema de que lhe
fala)é a coisa mais importante que
ue precisa de falar com o
paciente depois do exame visual.

Precisa de dizer ao paciente o que pode fazer para a ajudar


em relação ao seu problema. Poderá prescrever uns óculos
ou se não conseguir resolver o problema sozinho, dizer que a
está a encaminhar para alguém que a poderá ajudar com o
seu problema.

Escute o que o paciente lhe diz acerca da sua visão e das suas necessidades
visuais. Isto vai
vai-lhe
lhe indicar qual o tipo de óculos que deve prescrever.

Durante o exame visual pode descobrir problemas que a pessoa não lhe falou
no historial do caso. Ist
Isto pode acontecer porque se esqueceu de lhe
l dizer, mas
pode ser também porque o problema não é importante.
importante Deve discutir estes
outros problemas para o ajudar na decisdecisão
ão do que vai recomendar.
recomenda Se o
problema é um erro refractivo, pode mostrar à pessoa a melhoria que pode
trazer à sua visão e assim pode decidir, se quer usar óculos ou não.

Exemplo 1:

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Uma mulher de 40 anos chega à sua consulta e diz-lhe
lhe que tem problemas em
ver as pedras pequenas enquanto está a escolher o arroz para fazer o jantar.
Ela diz-lhe
lhe que a sua visão de longe é boa.

Realiza os seguintes testes


testes:

• AV: OD: 6/9 (s/compensação) 6/6 (furo


uro estenopeico)
estenopeico OE: 6/9
(s/compensação
s/compensação) 6/6 (furo estenopeico)
• Refrac
Refracção: OD: +0.75D (6/6) OE:
OE +0.75D (6/6)
Add +1.00D (N5)

Esta mulher tem hipermetropia e presbiopia. A sua hipermetropia está a fazer


com que a visão de longe e a visão de perto estejam desfocadas e a presbiopia
com que a visão de perto seja ainda pior.

Usando uns óculos de prova pode mostrarr à senhora quais as melhoras que
lhe pode proporcionar:

• Visão de perto
perto→Ela
Ela dirá que lhe parece muito melhor.
melhor
• Visão de longe
longe→Ela
Ela dirá que está ligeiramente melhor, mas que há
pouca diferença.

Esta mulher ficará feliz se lhe der uns óculos de perto com +1.75
D para a ajudar em tarefas de perto.

Lembre-se:
Prescrição de longe + adição perto = Prescrição de óculos de
perto

Se também lhe prescrever uns óculos de longe provavelmente,


não os irá utilizar já que se sente bem com a sua visão de longe.

Exemplo 22:
Um agricultor chega à consulta e diz-lhe
lhe que tem problemas em ver as suas
s
cabras no campo. Q
Quando
uando está perto delas não tem problema em vê-las.

Diz-lhe
lhe também que nunca aprendeu a ler e que gosta de ver televisão no seu
tempo livre.

Realiza os seguintes testes:


• AV:: OD: 6/9 (s/compensação) 6/6 (furo
uro estenopeico)
estenopeico
OE
OE: 6/9 (s/compensação) 6/6 (furo estenopeico)
• Refracção
Refracção: OD: +0.75D (6/6) OE:
OE +0.75D (6/6)
Add: +1.00D (N5)

Este homem tem hipermetropia e presbiopia. A sua hipermetropia


hipermetr está a fazer
com que a visão de longe e a visão de perto estejam desfocadas,
desfocadas e a
presbiopia prejudica ainda mais a visão de perto.

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Usando os óculos de prova pode mostrar ao paciente quais são as melhoras
que lhe pode proporcionar

• Visão de perto
perto→Ele dirá que vê muito melhor, mas que não consegue
lerr as letras na carta de acuidade visual de perto.

• Visão de longe
longe→Ele
Ele dirá que vê melhor, e que os objectos ao longe se
vêem com mais facilidade
facilidade.

Este senhor ficará contente se prescrever uns óculos de


longe de +0.75 D para o ajudar a ver as suas cabras.
cabras

Se lhe prescrever uns óculos de perto, ele, provavelmente,


pr
não os irá usar porque não tem necessidade de utilizar a sua
visão de perto.

Olhe outra vez para os dois exemplos.

Reparou que a senhora e o senhor destes exemplos tinham a


mesma refracção?

Embora eles tenham a mesma refracção, eles têm


necessidades visuais diferentes, logo vão ser prescritos
diferentes tipos de óculos.

Óculos antigos: Se a pessoa já utilizar óculos antes, deve medi-los


los para que possa saber o que
mudou na sua prescrição
prescrição. Também deve medir a AV com os seus óculos
antigos, para que possa saber as melhoras que a sua prescrição lhe vai trazer
para o paciente.

Normalmente
Normalmente:

• Não alteramos a prescrição da pessoa se:


→ A melhoria da AV é menor que uma linha de AV
→ A pessoa prefere a visão que tinha com os seus óculos antigos
à que tem com as lentes nos óculos de prova.

• Se a refracção de longe mudar em mais de 1.00D:


1.00D
→ Nós só prescrevemos até um máximo de 1.00D de alteração da
prescrição anterior
→ Caso contrário, os óculos novos poderão ter uma adaptação
muito difícil.

Exemplo:
A sua refracção de longe para um homem éé: OD−3.50D
OD OE −4.00D
Medindo os seus óculos antigos encontramos
encontramos: OE−1.75D
OE OE−2.25D
Deve prescrever
prescrever: OD−2.75D
OD OE−3.25D

• Óculos de leitura devem ser mudados a cada 2 anos.


anos

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• Se a refracção de perto tiver mudado mais de 0.50D:
→ Normalmente só se prescreve até um máximo de 0.50D de
alteração
→ Caso contrário, os óculos novos poderão ter uma adaptação
muito difícil.

Exemplo:

A sua refracção de longe para uma mulher é: OD plano OE plano

A sua adição de perto é: Add +1.75 D

Medindo os óculos antigos encontra: OD +1.00D OE +1.00D

Deve prescrever uns óculos de leitura com: OD +1.50D OE +1.50D

• Se a pessoa não utilizar óculos antes da consulta, deve pensar em


prescrever uns óculos que não tenham toda a sua correcção refractiva,
especialmente se a prescrição for muito alta.

→ Isto facilitará a adaptação aos novos óculos

→ Pode aumentar a potência dos óculos na próxima consulta

→ Mas pense nos custos e nas dificuldades que isto possa trazer
para a pessoa se tiver de voltar à sua consulta.

Exemplo:

Uma senhora vem à sua consulta para o seu primeiro exame visual. Nunca
usou óculos antes.

A refracção de longe para a paciente é: OD +5.50D OE +6.00D


Deve prescrever: OD +3.00D OE +2.50D

Deve se dizer à senhora para voltar à consulta passados 12 meses deixando o


alerta de que poderá precisar de uns óculos com maior potência nessa altura.

Sensibilidade à alteração: Pessoas diferentes reagem de maneira diferente a alterações na visão.

Algumas pessoas não têm dificuldade nenhuma em adaptar-se a alterações na


sua visão – mesmo que haja uma grande variação na sua prescrição.

Outras pessoas têm olhos sensíveis e mesmo pequenas alterações na sua


visão podem fazer com que se sintam mal ou tontos, mesmo que a sua visão
seja melhor! Podem até dizer que os objectos à sua volta estão deformados
(distorcidos).

Estas pessoas podem levar muito tempo para se habituarem aos seus novos
óculos. Isto acontece porque o cérebro tem de aprender uma nova maneira de
ver as coisas: o cérebro estava habituado a ver mal os objectos, agora tem de
aprender a vê-los bem.

É difícil saber quem vai reagir mal a um novo par de óculos, mas testar a sua
prescrição nuns óculos de prova pode dar-nos uma boa ideia do que se vai
passar com os novos óculos.
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Testar a prescrição:

• Ponha as lentes que quer prescrever nuns óculos de prova.

• Para óculos de longe:


- Peça à pessoa para olhar em volta do consultório.
consultório
“As
As paredes, a janela, a porta parecem direitas?”
direitas?
“O
O chão parece liso ou parece que está às ondas?”
ondas?
- Peça à pessoa para andar pelo consultório (usando os
óculos de prova com a nova prescrição).
prescrição)
“Como se sente a andar?”
Como é que parecem as coisas que estão lá fora?”
“Como fora
- Pergunte à pessoa como se sentem os seus olhos. olhos
“Sente os seus olhos relaxados quando olha por essas
lentes, ou sente-os
os desconfortáveis?”
• Para óculos de perto:
- Peça á pessoa para olhar para a carta de perto de AV. AV
“Será que ao olhar para a carta esta lhe parece normal, ou
parece-lhe
lhe que tem uma forma estranha?”
estranha
- Pergunte á pessoa como se sentem os seus olhos.
“Sente
Sente os seus olhos relaxados quando olha por essas
lentes, ou sente-os
os desconfortáveis?”
desconfortáveis?

Se a pessoa lhe disser que a sua visão não parece normal ou


que os seus olhos não estão confortáveis,
confortáveis terá de ajustar a
prescrição.

Antes de dar uns óculos novos ao paciente deve dizer-lhe


lhe:

• Os seus óculos podem fazer com que se sinta estranho ou


“Os
desconfortável nas primeiras 2 semanas, isto porque os seus olhos
precisam de se habituar a eles
eles.”

• Tente usar os seus novos óculos o mais tempo possível


“Tente possív nestas 2
primeiras semanas – irá ajudá-lo a habituar-se
se a eles.”
eles

• “Se
Se se continuar a sentir desconfortável a usar os seus óculos
passadas as 2 semanas
semanas, deve voltar para fazer nova consulta.”
consulta

Pode dizer à pessoa que:

→ Algumas pessoas habituam-se aos seus novos óculos


mais depressa que outras.

→ Isto acontece porque algumas pessoas têm olhos mais


sensíveis que outras.

→ É difícil saber se uma pessoa tem olhos sensíveis ou não


se não experimentar a nova prescrição.
prescrição

Assim, está a ser honesto com a pessoa e esta já vai perceber


se tiver problemas na adaptação aos novos óculos.

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Depois de 2 semanas:
Se a pessoa voltar à consulta passadas 2 semanas e disser que continua a ter
problemas na habituação aos novos óculos, podem existir várias razões:

• A sua refracção pode estar errada


Volte a verificar a refracção
→Volte refracção.

• Os óculos podem estar mal montados


Meça a potência e os centros ópticos (distância
→Meça distância interpupilar)
interpupilar das
lentes dos óculos novamente (isto
isto deve ser feito sempre antes de
entregar os óculos
óculos).

• A pessoa pode ter olhos sensíveis e pode estar a ter problemas em se


adaptar à nova prescrição na sua totalidade.
→ Mude a sua prescrição
prescrição(isto
isto significa, normalmente, prescrever menos
potência
potência) e refaça os óculos.

Se tiver de mudar a prescrição dos óculos, a AV da pessoa


irá, provavelmente, piorar.

Este compromisso pode ser a única opção. Pode falar com o


paciente para que entenda. Ele pode notar que a sua visão
vis
não é nítida com os novos óculos.

Quantidade de
erro refractivo
e sintomas: Pequenas quantidades de erro refractivo
refractivo:
Pessoas
essoas que tenham um erro refractivo pequeno estão, normalmente, felizes
sem óculos.

Geralmente
Geralmente:
Se a hipermetropia, miopia ou astigmatismo for menor que 0.75D, a pessoa
pode não notar nenhuns problemas com a sua visão e provavelmente não vai
precisar de óculos
óculos.

Se a pessoa diz que não tem problemas em ver, e a sua visão é melhor que
6/12,provavelmente
provavelmente não vai precisar de óculos
óculos.

É muito comum que jovens hipermetropes


ipermetropes vejam nítido e
confortavelmente a todas as distâncias.

Isto acontece porque pessoas jovens têm muita acomodação


que podem usar
sar para compensar a sua hipermetropia e tornar
a sua visão nítida.

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Grandes quantidades de erro refractivo
refractivo:
Pessoas que têm um grande erro refractivo precisam de óculos para o corrigir.
corrigir

Se um olho tem um erro refractivo maior que o outro, tem de ter cuidado.
Algumas vezes, usar óculos que tenham prescrições diferentes para cada olho
pode ser desconfortável para a pessoa. Isto acontece porque lentes de
potências diferentes fazem as coisas parecer de tamanhos diferentes. Uma
lente muito positiva faz com que os objectos pareçam maiores e uma lente
muito negativa faz com que os objectos pareçam mais pequenos. Se os dois
olhos virem imagens de diferentes tamanhos vai causar astenopia (fadiga
ocular).

ralmente:
Geralmente
Se há uma diferença de mais de 2.00D entre os dois olhos, olhos deve alterar a
prescrição para que haja uma menor diferença entre as lentes que vai
prescrever. Uma excepção a esta situação, é quando a pessoa já utiliza óculos
e está habituada a ter esta diferença entre os dois olhos.

Exemplo:
Faz a refracção a um senhor e encontra
encontra: OD +5.00D
D OE+2.00D.
OE
Nunca usou óculos
óculos.

Põe estas lentes num óculo de prova e pede ao senhor para dar uma volta no
consultório com os óculos de prova – pede-lhe
lhe para olhar para as paredes,
para o chão do consultório e para a rua.

O senhor diz
diz-lhe
lhe que se sente um pouco tonto e mal disposto usando aquelas
lentes.

Pode prescrever OD +3.00D, OE +2.00 D e o senhor deve sentir-se


sentir mais
confortável com a prescrição
prescrição.

Diga ao senhor que pode levar 2 semanas para que ele se habitue aos óculos,
mas também que ele deverá voltar à consulta se continuar a ter problemas de
adaptação passadas as 2 semanas
semanas.

Lembre-sese de dizer às pessoas que deve demorar umas


semanas para que se habituem aos novos óculos –
especialmente
mente se for uma prescrição muito alta ou se houver
uma grande alteração na prescrição que tinha nos óculos
antigos.

Diga à pessoa para usar os seus óculos o maior tempo


possível nas primeiras semanas para
ara que os seus olhos se
habituem à nova prescrição. Diga-lhe
lhe para voltar à sua
consulta passadas 2 semanas se ainda se sentir
desconfortável.

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Sintomas:
Algumas vezes, uma pesso
pessoa
a com um pequeno erro refractivo por corrigir pode
ter sintomas de a
astenopia (fadiga ocular). Isto pode acontecer porque o olho
precisa de acomodar demais para compensar o erro refractivo. É
especialmente comum em pesspessoas
oas jovens com pequenas hipermetropias ou
astigmatismos que tenham acomodação activa
activa.

É mais comum que pequenos erros refractivos causem


astenopia (fadiga ocular) do que erros refractivos maiores.
maiores

Isto acontece porque pequenos erros refractivos


(hipermetropia ou astigmatismo)podem ser compensados
com acomodação. Quando a acomodação é usada em
demasia o músculo ciliar cansa-se se e causa sintomas
astenópicos (dor,
dor, cansaço ocular ou dores de cabeça).
cabeça

Grandes quantidades de erro refractivo são demasiado difíceis de compensar


pela pessoa – nem tentam usar a sua acomodação porque não vai fazer muita
diferença. Pessoas com erros refractivos grandes vão dizer-lhe
dizer que têm a visão
turva, mas não costumam queixar
queixar-se
se de dor ou cansaço dos olhos.
olhos

Se a pessoa tem um erro refractivo e apresenta sintomas,


deve prescrever-lhe uns óculos.

Sintomas de erro refractivo incluem:


– Visão nublada, e/ou
– Astenopia.

Tipo de
Erro Refractivo: Uma pessoa com astigmatismo provavelmente vai ter mais problemas para se
habituar aos seus novos óculos que uma pessoa que tenha um erro refractivo
esférico (hi
(hipermetropia, miopia ou presbiopia). Isto é especialmente verdade se
o eixo do astigmatismo não for a 90º ou a 180º
180º.

Para a prescrição de um astigmatismo vai precisar:

– zir a quantidade de cilindro que dá à pessoa (lembre-


reduzir (lembre
se de mudar a quantidade de esfera em 0.25D por cada
0.50D que mude no cilindro!)

– altere o eixo do cilindro em pouca quantidade


→em direcção a 90°° ou 180°° (o
o que estiver mais perto),
perto ou
→em direcção ao eixo do cilindro que a pessoa usava nos
seus óculos antigos.

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Avaliação de Lentes
E Óculos de Prova:
Se possível
possível, e quando for apropriado, deve oferecer uns óculos pré-montados
como opção, especialmente para presbíopes que só necessitem de óculos para
visão de perto
perto:

→ Óculos feitos por encomenda (são feitos especialmente para a pessoa)


são mais caros do que os pré
pré-montados
montados (podem ser comprados
imediatamente)
imediatamente).

Geralmente
Geralmente:
Óculos pré--montados podem ser usados se:

• Existir uma diferença esférica de menos de 1.00D entre ambos os


olhos

• Existir menos de 1.
1.00D de astigmatismo em cada olho

• A distância pupilar da pessoa se apropriar ao tamanho dos óculos pré-


pré
montados que existem em stock

• A visão da pessoa é confortável quando usa os óculos pré-montados.


pré

Mesmo que a prescrição não siga estas directrizes, óculos


pré-montados
montados podem ser utilizados em algumas
circunstâncias.

O melhor teste é deixar a pessoa experimentar uns óculos


pré-montados e deixar que ela decida – é a sua visão e o seu
dinheiro!

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EXPLICAÇÃO
ICAÇÃO DE RESULTADOS DE UM EXAME VISUAL
Quando tiver terminado o seu exame visual, necessita de dizer à pessoa:

• O que encontrou
• O que pode fazer por ela.

Use uma linguagem simples quando está a explicar problemas visuais às


pessoas.

Se usar termos técnicos a pessoa vai ficar confusa.

Exemplo:
Em vez de dizer à pessoa que tem
“Miopia, que vai resultar numa visão desfocada ao longe se não for corrigida com
esferas negativas””

Pode dizer que tem


“Um
Um problema na visão de longe que vai fazer com que seja muito difícil ver
objectos e pessoas que estejam longe – mas que pode ser facilmente corrigido
com uns óculos de longe
longe”.

A sua explicação deve incluir:

• Uma simples explicação do problema visual da pessoa (incluindo


indo a sua queixa principal):
principal)

- a
Causa do problema

- Como pode ser trata


tratado

- o que pode acontecer no futuro


(incluindo mudanças na visão causadas por alterações do erro refractivo).
refractivo)

• Uma explicação dos óculos que lhe vai prescrever


prescrever:

- Quando usar

- Quando não usar

- Como os tratar

- Assegurar que os óculos não vão piorar a visão


visão.

• Quando é que a pessoa deve voltar à sua consulta para fazer um novo exame visual:
visual

- Se a pessoa tiver problemas na habituação aos novos óculos deve voltar para que
possa reavaliar a sua prescrição

- Se a pessoa tiver algum problema visual, incluindo alterações na visão ou dores nos
olhos

- Um exame visual de rotina é recomendado pelo menos a cada 2 ou 3 anos.


anos

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ICEE Refractive
efractive Error Training Package
Será que os óculos
Vão fazer piorar os
Olhos?
Muitas pessoas pensam que usar óculos vai fazer piorar os seus olhos. Isto
não é verdade.

As pessoas normalmente dizem isto porque passados cerca de 2 anos de um


novo presbita ter comprado o seu primeiro par de óculos de leitura, a sua visão
altera-se
se e eles precisam de comprar uns óculos novos, com uma maior
potência de perto.

Isto não acontece devido aos óculos terem piorado a sua visão, mas sim
porque
que o cristalino está a perder elasticidade. É um processo natural que vai
acontecer mesmo em pessoas que nunca usaram óculos.

Pode contar a história de dois gémeos que tinham o mesmo


problema visual às pessoas:

Se deu óculos para ler ao primeiro gémeo, e não deu ao


segundo, os seus olhos continuaram a alterar-se
alterar da mesma
maneira.

Se os gémeos voltarem à sua consulta passados 2 anos, o


primeiro gémeo poderá precisar de uns óculos de maior
potência para ver bem.

ndo gémeo vai descobrir


Se medir o erro refractivo do segundo
que ele continua a ter o mesmo erro refractivo que o irmão.

Ambos os irmãos vão precisar da mesma potência nas lentes


para verem nitidamente.

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ICEE Refractive
efractive Error Training Package
ESCREVER A PRESCRIÇÃO DE UNS ÓCULOS
Se recomendar uma pessoa a usar óculos, precisa de escrever a prescrição dos mesmos.
mesmos Deve ter
um formulário impresso que possa preencher, ou use uma folha de papel com o seu timbrado.

Algumas pessoas escolhem serem examinadas por si, mas querem que os seus
seu óculos sejam feitos
por outra pessoa – talvez tenham visto uma armação que tenham gostado noutra óptica. Quando isto
acontece deve dar uma cópia da sua prescrição dos óculos à pessoa
pessoa.

Se a pessoa leva a sua prescrição de óculos para ser feita por outra clínica ou
óptica, é boa ideia que recorde a pessoa que não pode ter a certeza que os seus
óculos serão bem montados pela outra clínica ou óptica.

A pessoa tem de perceber isto, mas no final é sua a decisão de onde vai querer
comprar os seus óculos, e você deve-se
se mostrar presente para ajudar e ser
sempre profissional.

Informação da prescrição: Uma prescrição deve incluir:

• Nome da clínica
clínica, hospital ou óptica(pode ser o timbrado)
• Data do exame visual
• Nome da pessoa examinada
• Prescrição de longe para olho direito e olho esquerdo
• Adição de perto (se necessário)
• Distância pupilar (DP longe / DP perto)
• Tipo de óculos recomendados ((Exemplo: óculos de longe)
longe
• Seu nome e assinatura
• Data de expiração da prescrição (normalmente
normalmente 2 anos depois da data
da refracção)
refracção).

Exemplo:

Mountain Vision Centre


Top Health Clinic, Mountain Town

3 Agosto 2008

Mrs Flower Garden

OD
OD−4.00 OE−3.50 Add +2.25 DP
P 67/63

Óculos de perto e óculos bifocais


bifocais.

Exp: 3/8/2010
Ms Isabelle See (Vision Technician)

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ICEE Refractive
efractive Error Training Package
TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS

1. Diga algumas questões que pode pôr ao paciente para ter a certeza de que os óculos a
prescrever lhe vão dar uma visão nítida e confortável?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

2. Porque deve ter cuidado quando prescreve uns óculos para as seguintes pessoas, e o
que pode fazer para ter a certeza que vai prescrever os melhores óculos para elas?
a) Uma pessoa com diabetes:
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

b) Uma mulher grávida:


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

c) Um senhor que esteja a tomar medicação anti-psicótica:


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

3. O que deve dizer a uma pessoa sobre a habituação aos seus óculos novos?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

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ICEE Refractive Error Training Package
4. Porque se deve lembrar sempre de dar uma resposta à pessoa relativamente à sua
queixa principal?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

5. Faz uma refracção de longe a uma pessoa e encontra: OD–2.00D OE–1.75D

Mede os seus óculos antigos e encontra: OD–0.75D OE–0.50D


O que deve prescrever?
____________________________________________________________________________

6. Uma senhora chega à sua consulta e diz que tem dificuldades em costurar, mas que a
sua visão de longe é boa.

Sua refracção: OD–1.25 OE–1.00 Add +3.00


O que deve prescrever?
Longe: _______________________________________________________________
Perto: ______________________________________________________________

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ICEE Refractive Error Training Package
PRESCRIÇÃO DE ÓCULOS
PARA PRESBIOPIA

PENSA
Um senhor de 45 anos vem fazer um exame, está preocupado porque não consegue ver as coisas
que estão perto dele como costumava ver. Sabe que isto provavelmente é porque tem presbiopia.

Ao fazer a refracção descobre que o senhor tem uma pequena quantidade de astigmatismo, mas não
a suficiente para perturbar a visão de longe. Faz uma refracção de perto e descobre que o senhor é
presbita e é a causa da visão de perto deficiente. Como é que vai decidir a potência a prescrever para
que possa ver nítido ao perto?

OBJECTIVO
Esta unidade explica-nos como prever um acréscimo para a visão de perto numa pessoa com
presbiopia, para que possa ter uma visão confortável e nítida ao perto.

RESULTADOS A OBTER
Depois de trabalhar com esta unidade, deve ser capaz de:

• Prescrever óculos para a visão de perto, tendo em conta os resultados da refracção, história do
caso, necessidades visuais e óculos anteriores;

• Ajustar a potência, tornando-a mais forte ou mais fraca, dependendo das necessidades da pessoa;

• Descrever as vantagens e as desvantagens dos diferentes tipos de óculos para perto;

• Explicar ao paciente o que necessita de saber sobre os seus óculos novos de visão próxima.

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ICEE Refractive Error Training Package - MANUAL DE ESTUDO • 1
PRESCRIÇÂO DE ÓCULOS PARA PERTO
No final da refracção de visão próxima, terá decidido:

• Se a queixa principal do paciente e os sintomas são causados por um problema de visão próxima
ou se os óculos de perto não são a solução para corrigir o problema
• Os óculos devem ser usados para tarefas de perto (como e apenas para visão próxima)

Com base no historial do paciente, as suas necessidades visuais, e os seus óculos anteriores, você
decide se quer ou não prescrever:
• Óculos para todos os erros de refracção da pessoa ou apenas para alguns
• Mais que um par de óculos para as diferentes distâncias.

História do Caso: O historial de cada pessoa, diz-nos os problemas que tem com a sua visão de
perto.
• As queixas que a pessoa apresenta, ajudam-nos a decidir a potência a
prescrever.
• As pessoas que têm mais de 40 anos, vão necessitar de óculos para o
perto, embora haja outras que não.

Se a pessoa acha que não tem problemas de visão próxima:

Não prescrever óculos de perto!

Necessidades
Visuais: A pessoa provavelmente não necessita de óculos de perto se:
• não necessitar de ver as coisas que estão próximas nitidamente
• vê N8 sem óculos
• tem uma receita recente menor que +1.00D.

A pessoa provavelmente precisa de óculos se:


• não vê N8 sem óculos
• diz que a sua visão de perto fica melhor com a prescrição dos novos
óculos.

Também necessita de considerar o tipo de lente para o óculo de perto que uma
pessoa pode precisar:
• lentes de visão única
• lentes bifocais
• lentes progressivas
• óculos de leitura.

Por vezes uma pessoa precisa de mais que um par de óculos


para diferentes tarefas.

Exemplo: Um senhor pode gostar de usar durante todo o dia um


óculo bifocal, mas pode ter uns óculos de visão única de perto
para ler o jornal á noite.

Copyright © ICEE 2009 Prescrição de óculos para presbiopia


ICEE Refractive Error Training Package - MANUAL DE ESTUDO • 2
Óculos anteriores: Pergunte sempre ao paciente se já teve óculos para perto ou não, se sim é
importante:
• Saber quanto tempo tem os óculos que usa
• Saber como é a visão com os óculos
• Saber se gosta da armação que tem
• Saber a potência dos óculos
• Comparar a nova prescrição com a que tem nos óculos anteriores.

Se a pessoa já tem oculos de perto, normalmente prescreve novos óculos se:


• A pessoa não lê a linha N8 com os óculos anteriores
• Aumentou mais de 0.50 D da prescrição anterior
• Os óculos têm mais de 2 anos
• A pessoa diz que a sua visão já não é nitida com os óculos antigos

Se a pessoa nunca usou óculos de perto, mas necessita de ajustar a sua


prescrição:
• Se a sua prescrição de perto é bastante elevada, inicialmente pode ser
necessário prescrever umas lentes mais fracas, para tornar mais fácil a
sua adaptação aos óculos.

Exemplo:

Uma senhora vem á consulta e diz-nos que está a ter dificuldades na visão
próxima, mais propriamente a costurar. Ela nunca usou óculos. A sua refracção
é:

OD plano OE plano Add +2.25

Deve prescrever apenas OD: +1.75D OE: +1.75D

A visão da senhora será muito melhor, e será capaz de se adaptar aos óculos
com maior facilidade do que se lhe tivesse sido prescrito a graduação na
totalidade – pois esta é a primeira vez que vai usar óculos de perto.

Copyright © ICEE 2009 Prescrição de óculos para presbiopia


ICEE Refractive Error Training Package - MANUAL DE ESTUDO • 3
A ADD DE PERTO E A DISTÂNCIA DE TRABALHO
Distância de
trabalho preferida: Normalmente a adição é apenas para tarefas próximas de 40cm (ou a distância
preferida de trabalho da pessoa), contudo, é necessário lembrar que as
pessoas também precisam de ver coisas um pouco mais afastado delas.

Exemplos

• Um carpinteiro precisa de ver a madeira e as ferramentas com que está


a trabalhar, mas também precisa de ver as outras coisas que estão em
cima da sua mesa de trabalho.

• Um trabalhador de escritório necessita de fazer as suas papeladas,


mas também precisa de ver as outras coisas que estão em cima da
secretária, assim como o que está no computador.

• Um cozinheiro precisa de ver os legumes que está a cortar, mas


também precisa de ver as panelas no fogão ao lado.

Prescrições mais fracas e


ADD mais fortes: Por vezes vai ter necessidade de prescrever uma adição mais fraca ou mais
forte, depende das necessidades da pessoa.

A ADD mais fraca pode ser prescrita se a pessoa:


• só usa os óculos para estar ao computador (isto é normalmente mais
longe que a distância de leitura)
• tem um trabalho especial onde precisa de ser capaz de ver coisas um
pouco mais longe que o perto de forma clara.

A ADD mais forte pode ser prescrita se a pessoa:


• quer ver as coisas mais perto que a distância normal.

→ Por exemplo: Se uma senhora faz o seu bordado mais próximo dos
olhos que segura um livro.

• quer ver objectos muito pequenos. Se a ADD é aumentada, a sua visão


vai ser clara mais próxima dos seus olhos – e quando temos coisas
perto dos nossos olhos estes parecem maiores. Isto é como usar uma
lupa.
→ Por exemplo: Um relojoeiro pode precisar de manter o relógio a
20cm de distância para ver a sua mecânica claramente.

• Tem baixa visão. A ADD alta pode ser necessária se a pessoa não
consegue ver claramente a uma distância de trabalho normal.

→ Por exemplo: Um senhor idoso só consegue ver com uma ADD de


2.50D a 40cm a linha de N12. Se aumentar a ADD para 4.00 D ele
vai conseguir ler a linha de N6, a 25cm. O senhor terá de aprender a
manter as coisas mais perto, se quiser usar uma ADD mais alta para
ver objectos próximos com clareza.

Copyright © ICEE 2009 Prescrição de óculos para presbiopia


ICEE Refractive Error Training Package - MANUAL DE ESTUDO • 4
ESCOLHA DE LENTES PARA ÓCULOS DE PERTO

Óculos de perto por vezes são chamados de óculos de “leitura”, pois estes podem
ajudar uma pessoa a ler.

No entanto, os óculos de perto podem ser usados para outras tarefas como
costura, escultura em madeira, tecelagem ou fabrico de jóias.

Pessoas diferentes usam a visão para diferentes tarefas. Por isso, nenhum tipo de lente é igual para
cada pessoa. Necessita de discutir os diferentes tipos de lentes para os óculos que estão disponíveis
com a pessoa, informá-la sobre as vantagens e as desvantagens de cada tipo de lente – então deixá-
los decidir o tipo de lente da sua preferência.

Lentes de
Visão Única: • Podem ser lentes esféricas e/ou lentes de astigmatismo, e tem apenas
uma potência.

• Estas lentes permitem que a pessoa tenha uma visão nítida ao perto,
mas se olhar para o longe com elas vai ver tudo desfocado.

• Óculos com lentes de visão próxima, a pessoa deve retirá-los sempre


que quiser olhar para o longe.

• Por vezes, em vez de retirar o óculo a pessoa olha por cima deles. Se a
pessoa quiser fazer isso, é melhor que a armação seja pequena.
Óculos como estes são chamados de “olhar por cima”.

• Se a pessoa decidir por um óculo de visão próxima, deve mostrar-lhe


como será a visão de longe se esta não os retirar, caso contrário, a
pessoa pode ficar decepcionada com os seus óculos novos.

Figura 1: Um homem a usar óculos de leitura. Ele olha pelos óculos para ler o seu
livro e olha por cima deles para ver as coisas que estão á distância.

Copyright © ICEE 2009 Prescrição de óculos para presbiopia


ICEE Refractive Error Training Package - MANUAL DE ESTUDO • 5
Lentes Bifocais: • As lentes bifocais têm duas potências na mesma lente: a parte superior
da lente é para a visão de longe e a parte inferior é para a visão de
perto. A parte inferior da lente é muitas vezes chamada de “segmento”,
ou simplesmente “seg”.

Figura 2: As lentes bifocais têm vários tamanhos e formas de seg.

• As lentes bifocais são mais caras que as lentes de visão única.

• As lentes bifocais são úteis se a pessoa tem um erro de refracção de


longe e necessita de uma ADD para o perto. Às vezes as pessoas têm
dois pares de óculos de visão simples, um para o longe e outro para o
perto – mas pode ser inconveniente andar sempre a mudar de óculos
ao longo do dia. As lentes bifocais são mais convenientes, porque
podem ser usadas durante todo o dia.

Exemplo: Um professor necessita de ver tanto os alunos como o livro


que está a ler. O seu erro refractivo de longe é de -1.00D e ao perto é
de +2.50D. Este precisa de ter -1.00D na parte superior das lentes
bifocais e uma potência total de +1.50D na parte inferior da lente.

• As lentes bifocais também podem ser usadas por pessoas que não têm
erro refractivo ao longe. Neste caso, apenas a parte inferior da lente
tem potência – a parte superior não (plano).

Exemplo: Um revisor do comboio precisa de ver tanto os passageiros


que apanham o comboio como os bilhetes que necessita escrever. A
sua refracção de longe é zero (plano) e a sua adição é de +2.00D.

Ele não precisa de ter nenhuma potência na parte superior da lente,


mas na parte inferior da lente bifocal necessita de +2.00D.

• Lentes trifocais são como as lentes bifocais, mas em vez de ter duas
potências concentradas têm três. As trifocais têm uma secção
intermédia que é entre o longe e o perto de uma lente bifocal. A secção
intermédia pode ser útil para pessoas que querem ver coisas que estão

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ICEE Refractive Error Training Package - MANUAL DE ESTUDO • 6
a uma distância intermédia (como o ecrã do computador que está á
distância do braço).

Lentes Progressivas: • As lentes progressivas por vezes são chamadas de “multifocais ” ou


“graduais”.

• As lentes progressivas são mais caras que as lentes bifocais e que as


lentes de visão única.

• Como uma lente bifocal, uma lente progressiva tem potência para o
longe na parte superior e potência para o perto na parte inferior da
lente. Ao contrário de uma lente bifocal, uma lente progressiva não tem
a linha que divide as duas potências. (se não verificar cuidadosamente
pode pensar que se trata de uma lente de visão única!).

• A lente progressiva tem uma secção intermédia que fica entre a visão
de longe e a visão de perto.

• As lentes progressivas são úteis para as pessoas que não gostam da


aparência da linha das lentes bifocais, e para pessoas que desejam ter
uma visão clara a todas as distâncias.

• As lentes progressivas só devem ser montadas por um técnico de


óptica. Se o técnico montar a lente mal, a pessoa não será capaz de
ver nitidamente com os seus óculos novos.

• As pessoas que usam pela primeira vez óculos progressivos,


geralmente precisam de algum tempo para se adaptar. Se as lentes
forem bem adaptadas na armação, o periodo de adaptação não
ultrapassa as 2 semanas. No entanto, há pessoas que nunca se
adaptam ao uso das lentes progressivas.

Óculos
Pré-montados: • Óculos com visão única, bifocais ou progressivos podem ser caros. Os
óculos pré montados podem ser uma boa alternativa para pessoas que
não podem pagar os óculos.

• Os óculos pré montados podem ser prescritos se:


- Ambos os olhos têm o mesmo erro refractivo ou semelhante
- A pessoa tem uma visão confortável com os óculos pré-
montados.

• Não há regras sobre quanto os óculos pré-montados são adequados. A


melhor opção é deixar a pessoa ver a diferença entre os óculos pré-
montados e os óculos com a sua refracção.

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ICEE Refractive Error Training Package - MANUAL DE ESTUDO • 7
FALAR ÁS PESSOAS SOBRE OS ÓCULOS DE PERTO
Os óculos com a receita que prescreveu estão prontos para serem dados a pessoa. Antes da pessoa
sair com os óculos novos deve:

• Certificar-se que os óculos estão ajustados correctamente com a cara da pessoa,


perguntando-lhe se estão confortáveis.

• Verifique a visão da pessoa

- Óculos de visão única:

→ Diga a pessoa para colocar a carta de perto á sua distância preferida

→ Perguntar se a sua visão está nítida e confortável

→ Mostrar á pessoa que a sua visão de longe está desfocada e que é normal com
este tipo de óculos

→ Dizer á pessoa que deve retirar os óculos se quer ver nitidamente e


confortavelmente ao longe.

- Óculos Bifocais e progressivos:

→ Dizer à pessoa para colocar a carta de perto á sua distância preferida

→ Dizer à pessoa para olhar para a carta de perto, mas não baixar o queixo
(baixar os olhos de modo a olhar através da parte inferior da lente)

→ Perguntar se a sua visão está nítida e confortável

→ Pedir á pessoa para olhar para a carta de AV de longe

→ Perguntar se a sua visão está nítida e confortável

• Diga á pessoa que pode levar até 2 semanas a acostumar-se aos seus óculos novos –
especialmente se nunca usaram óculos antes.

• Diga á pessoa como deve tratar os seus óculos novos:

- Mostrar à pessoa como limpar os óculos


→ Lavar os óculos com sabão neutro e enxaguar com água fria
→ Limpar com um pano limpo e macio

- Diga á pessoa que não deve pousar o óculo com as lentes voltadas para baixo

- Diga á pessoa que deve colocar os óculos ou na caixa ou num lugar seguro quando
não os está a usar.

• Peça á pessoa que volte para ver se está tudo bem.

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ICEE Refractive Error Training Package - MANUAL DE ESTUDO • 8
TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS

1. Porque é que a história do caso é tão importante para decidir se deve ou não prescrever
óculos de perto?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

2. Indique dois exemplos onde as pessoas podem necessitar de mais que um par de óculos.
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

3. Porque é que deve deixar sempre a pessoa comparar os seus óculos antigos com a nova
prescrição?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

4. Dê três exemplos onde pode ser necessário prescrever uma ADD mais forte.
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

5. Uma pessoa que não sabe ler não precisa de óculos para perto – verdadeiro ou falso?
Explique a sua resposta.

Verdadeiro Falso (assinale a resposta correcta e explique em baixo)


______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

6. Complete a tabela seguinte:


Tipo de lentes ou óculos Vantagens Desvantagens
Visão Única
Bifocais
Progressivas
Pré-montados

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ICEE Refractive Error Training Package - MANUAL DE ESTUDO • 9
PRESCRIÇÃO DE ÓCULOS
PARA ASTIGMATISMO

PENSA
Fazemos uma refracção a uma jovem de 25 anos e descobrimos que ela tem um astigmatismo
elevado. Ela diz-lhe que usou óculos quando era criança, mas quando partiram-se e não teve mais
nenhuns. Então ela está á espera que lhe prescreva um óculo com os quais ela possa ver bem
novamente.

Por vezes, as pessoas com astigmatismo têm dificuldades em se adaptar aos novos óculos. Esta
jovem, provavelmente vai sentir-se desconfortável se lhe prescrever a receita completa, então decide
modificá-la para que a jovem se sinta mais confortável. Mas como fazer isso?

OBJECTIVO
Esta unidade explica-nos como prescrever lentes de astigmatismo para uma pessoa com
astigmatismo, para que esta possa ter uma visão nítida e confortável.

RESULTADOS A OBTER
Depois de trabalhar com esta unidade, deve ser capaz de:

• Modificar a potência do cilíndro para fazer uma correcção do astigmatismo mais confortável para
uma pessoa

• Modificar o eixo do cilíndro para fazer uma correcção do astigmatismo mais confortável para uma
pessoa.

Copyright © ICEE 2009 Prescrição de Óculos para Astigmatismo - MANUAL DE ESTUDO • 1


ICEE Refractive Error Training Package
PRESCRIÇÃO DE ÓCULOS PARA ASTIGMATISMO
Óculos com lestes cilíndricas são mais difíceis para as pessoas se adaptarem do que só tivessem
lentes esféricas. Por esta razão, deve ter cuidado ao prescrever lentes para uma pessoa que tenha
astigmatismo.

O quão bem uma pessoa se vai adaptar as suas lentes de astigmatismo depende da:

• Potência do cilindro → potências mais altas são mais difíceis de adaptação


• Eixo do cilindro → oblíquos são mais difíceis de adaptação
• Pessoa com óculos anteriores
• Pessoas mais sensíveis.

Potência do cilindro: Depende dos óculos anteriores e da sensibilidade da pessoa pode prescrever:

• a correcção total de astigmatismo


• a não correcção do astigmatismo
• a correcção parcial do astigmatismo.

Eixo do cilindro: Depende dos óculos anteriores e da sensibilidade da pessoa, pode prescrever
a potência cilíndrica:

• no seu eixo exacto


• num eixo modificado.

Às vezes, necessita de modificar a potência, o eixo do cilíndro ou ambos, a fim de


tornar a visão da pessoa mais confortável.

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ICEE Refractive Error Training Package
POTÊNCIA DO CILINDRO
Prescrição da Correcção
do Astigmatismo
Completa: • A Correcção total do astigmatismo é a potência total do cilíndro ou
esfero-cilíndrica, que encontrou durante a refracção.

• A prescrição total do astigmatismo vai dar á pessoa a visão mais clara


possível – mas não vai ser sempre confortável para a pessoa.

A correcção total do astigmatismo pode ser prescrita para uma pessoa que:

• já tenha usado óculos com a mesma potência cilíndrica.

• já tenha usado óculos com potência cilíndrica em que a diferença para


a sua refracção actual seja menor que 1.00D.

• nunca tenha usado óculos antes, mas a sua potência seja inferior a
1.00D de astigmatismo.

• é confortável se usar a correcção total do astigmatismo enquanto anda


a experimentar os seus óculos novos
→ deixe a pessoa olhar para coisas diferentes a diferentes distâncias
e dar-lhe tempo suficiente para decidir.

• você acha que a pessoa se vai adaptar á prescrição do óculo novo.

Deixe a pessoa experimentar os óculos de prova e olhar em


diferentes coisas.

Deve incentivar a pessoa a:

– andar pelo consultório e olhar para o chão, para a parede e


tecto

– olhar para fora do consultório, olhar para a rua, as pessoas,


o horizonte e o céu.

Pergunte á pessoa se se sente confortável com o uso destas


lente:

– Pergunte se as paredes e o tecto são lisos e rectos? Ou


será que ao olhar vê com curvas e em ângulo?

– Será que o chão parece plano? Ou parece inclinado?

– Será que a rua parece regular? Ou parece estranha?

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ICEE Refractive Error Training Package
Não prescrever a
Correcção do
Astigmatismo: Ás vezes, prescreve apenas lentes esféricas para uma pessoa – mesmo que
tenha astigmatismo. Isto pode ser devido a:

• A pessoa tem apenas uma pequena quantidade de astigmatismo


• Não tem lentes de astigmatismo para dar á pessoa
• Deseja receitar ou a pessoa pode crer óculos pré-montados (óculos
pré-montados vêm apenas com lentes esféricas)
• a pessoa teve problemas de adaptação mesmo com uma pequena
quantidade de astigmatismo no passado.

Se optar por prescrever apenas lentes esféricas:


• só a miopia ou a hipermetropia da pessoa será corrigida
→ Astigmatismo não é corrigido com lentes esféricas
→ Astigmatismo só pode ser corrigido com lentes de astigmatismo
(lentes cilíndricas ou esfero-cilíndricas)
• a acuidade visual da pessoa (AV) não será tão boa como se tivesse a
correcção total do astigmatismo.

Se decidir prescrever sem a correcção do astigmatismo, deve:


• Converter a refracção equivalente a uma esfera
• Prescrever a esfera equivalente.

Cálculo da esfera equivalente:

Para calcular a esfera equivalente, deve adicionar metade da potência do


cilíndro ao poder da esfera:

Equivalente Esférico = Potência da Esfera + ½ Potência do cilindro

Exemplos

• Refracção é: +3.00 / −1.00 x 90


Equivalente esférico = +3.00 + (½ x −1.00)
= +2.50D de esfera

• Refracção é: –2.00 / −2.00 x 135


Equivalente esférico = −2.00 + (½ x −2.00)
= −3.00D de esfera

• Refracção é: +0.75 / −1.50 x 155


Equivalente esférico = +0.75 + (½ x −1.50)
= plano

• Refracção é: –0.50 / −0.75 x 180


Equivalente esférico = −0.50 + (½ x −0.75)
= −0.50 − 0.375 → arredondar para menor
= −0.50 − 0.25
= −0.75D de esfera.
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ICEE Refractive Error Training Package
Tenha Cuidado!

Se a pessoa já tinha usado a uma correcção total de


astigmatismo e você decide não lhe dar qualquer correcção
do astigmatismo:
→ Pode sentir-se desconfortável com os seus novos óculos
→ Pode ter problemas de adaptação aos novos óculos.

Colocar sempre em óculos de prova a prescrição que quer


dar á pessoa!

Prescrição parcial
da Correcção do
Astigmatismo: Por vezes, prescrevemos a correcção parcial do astigmatismo em vez da
correcção total. Isto pode ser devido a:

• Estarmos preocupado que a pessoa não se vá adaptar a refracção total


• Queremos dar-lhe alguma da sua correcção para lhe melhorar a sua
visão.

Se optar apenas por prescrever a correcção parcial:

• Apenas algum do astigmatismo da pessoa será corrigido

• A AV da pessoa provavelmente será:


→ Pior do que com a sua correcção total do astigmatismo
→ Melhor do que a sua AV sem correcção de astigmatismo.

Se optar por receitar apenas uma correcção parcial, deve:

• Converter o montante do cilindro que não prescreve numa esfera


equivalente
• Adicionar esta esfera equivalente á parte esférica da receita.

Exemplos

• Refracção é: +4.00 / −3.00 x 90


→ Você decide prescrever apenas −1.00 D de cilindro
→ Isto deixa −2.00 D que deve converter numa esfera equivalente.

Esfera Equivalente a −2.00 D = ½ x −2.00


= −1.00D

Adicionar a parte esférica equivalente á parte esférica da receita:


+4.00 + −1.00 = +3.00

A prescrição parcial será: +3.00 / −1.00 x 90

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• Refracção é: −2.50 / −2.50 x 45
→ Você decide prescrever apenas −1.50 D de cilindro
→ Isto deixa −1.00 D que deve converter numa esfera equivalente.

Esfera Equivalente a −1.00 D = ½ x −1.00


= −0.50D
Adicionar a parte esférica equivalente á parte esférica da receita:
−2.50 + −0.50 = −3.00

A prescrição parcial será: −3.00 / −1.50 x 45

• Refracção é: +1.25 / −3.50 x 180


→ Você decide prescrever apenas −1.00 D de cilindro
→ Isto deixa −2.50 D que deve converter numa esfera equivalente.

Esfera equivalente a −2.50 D = ½ x −2.50


= −1.25 D

Adicionar a parte esférica equivalente á parte esférica da receita:


+1.25 + (−1.25) = plano

A prescrição parcial é: plano / −1.00 x 180

• Refracção é: +3.25 / −2.25 x 60


→ Você decide prescrever apenas −1.00 D de cilindro
→ Isto deixa −1.25 D que deve converter numa esfera equivalente.

Esfera equivalente a −1.25 D = ½ x −1.25


= −0.625
→ arredondar para menor
= −0.50

Adicionar a parte esférica equivalente á parte esférica da receita:


+3.25 + −0.50 = +2.75

A prescrição parcial é: +2.75 / −1.00 x 60

Se prescrever uma correcção parcial deve dizer á pessoa que:


– Está a dar-lhe uma prescrição mais fraca do que a correcção
total de modo a ser mais fácil a sua adaptação com os seus
novos óculos
– Na próxima vez que mudar de prescrição você será capaz de
lhe dar mais ou toda a correcção
→ A correcção parcial é como um trampolim para a sua
correcção total.

Mostrar á pessoa a sua prescrição parcial para se certificar que


a pessoa:
– se sente confortável com as lentes
– está feliz com a visão que as lentes lhe dão.

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EIXO DO ASTIGMATISMO
As lentes de astigmatismo que têm eixos oblíquos são mais difíceis das pessoas se adaptarem do que
com eixo vertical ou horizontal.

→ um eixo obliquo é um eixo que está em ângulo (nem a 90º nem a 180º).

Dependendo dos óculos anteriores e da sensibilidade da pessoa, pode escolher e rodar o eixo oblíquo
de modo que fique mais perto de 90º ou de 180º.

Prescrição do cilindro
no seu eixo exacto: Isto vai dar á pessoa uma visão mais clara, mas se o eixo exacto está num
ângulo obliquo eles podem ter dificuldades em se adaptar.

Um cilindro pode ser prescrito no seu eixo exacto se:

• a pessoa se sente confortável usando os óculos de prova


• o eixo do cilindro dos óculos anteriores da pessoa também estava (ou
perto) deste eixo.

Prescrição de um
Cilindro com
eixo modificado: • Se a lente do cilindro é rodada para longe do seu eixo exacto, a visão
não será tão clara – mas pode ser necessário para ajudar uma pessoa
a sentir-se mais confortável com os seus óculos.

• A quantidade que roda o eixo terá de ser um compromisso entre visão


e conforto:

→ quanto mais roda o cilíndro para longe do eixo exacto, pior será a
visão

→ a maioria das pessoas vai sentir-se mais confortável se o eixo é


rodado para 90º ou 180º (o que for mais próximo).

Cilindros com baixa potência podem ser rodados com mais


facilidade do que cilindros elevados, apesar de ainda manter
uma boa visa.

Normalmente, não rodamos o eixo do cilindro mais de 20 a 30


graus – mesmo para potências de cilindros baixos.

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TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS

1. Quais as correcções de astigmatismo que são mais difíceis de adaptação?


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______________________________________________________________________________

2. Quando é que pode prescrever a uma pessoa a correcção total de astigmatismo?


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3. Quando é que pode prescrever a uma pessoa a correcção parcial de astigmatismo?


______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

4. Faz a refracção a uma pessoa e descobre que o seu erro refractivo é:


OD: +3.50 / −2.00 x 180 OE: +3.75 / −2.50 x 180
Esta pessoa nunca teve correcção de astigmatismo, por isso decide só prescrever 1.00D
de potência de astigmatismo para ambos os olhos. Qual será a receita final para esta
pessoa?
______________________________________________________________________________

5. A refracção de uma pessoa é: OD: –1.00 / −1.25 x 160 OE: −1.25 / −1.50 x 20
Esta pessoa nunca usou óculos antes, estão decide rodar-lhe o eixo do cilindro para fazer
uma prescrição mais confortável para a pessoa usar? Roda as lentes para 90º ou para
180º? Porquê?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

6. É importante que a pessoa experimente a sua prescrição final numa armação. Quais são
as actividades que deve perguntar a pessoa enquanto ela usa o óculo? O que deve pedir-
lhe para ela prestar atenção?
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ICEE Refractive Error Training Package
PRESCRIÇÃO
DE ÓCULOS PRÉ -
MONTADOS

PENSA
Uma senhora de 55 anos de idade, vê perfeitamente ao longe, mas precisa de ter uns óculos para a
ajudar na costura. A senhora olha para os expositores que tem óculos e fica preocupada quando vê o
preço e comenta que não poderá pagar um preço tão alto.

Mostramos-lhe os óculos pré-montados que temos disponíveis e ela fica contente por ter na óptica uns
óculos para ela a baixo custo.

OBJECTIVO
Esta unidade dá-nos recomendações e orientações para a prescrição de óculos pré-montados.

RESULTADOS A OBTER
Depois de trabalhar com esta unidade, deve ser capaz de:

• Explicar as situações em que pode prescrever óculos pré-montados

• Prescrever óculos pré-montados

• Seleccionar a armação do óculo pré-montado que melhor se adapta á pessoa.

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ÓCULOS PRÉ-MONTADOS (OPM)
O que são óculos
pré-montados? • São óculos produzidos em massa que não são feitos de acordo com
cada pessoa.
• Disponível numa gama limitada de poderes e estilos.
Geralmente:
→ ±1.00 D a ±4.00 D: em passos de 0.50 D
→ ±4.00 D a ±6.00 D: em passos de 1.00 D
• Tanto a lente direita como a esquerda têm a mesma potência
• Apenas lentes esféricas – sem correcção de astigmatismo
• A distância interpupilar (DP) dos óculos pré-montados não pode ser
alterada para se adequar a cada pessoa
• São feitos com lentes de visão única
• Ocasionalmente também há lentes bifocais – mas estas mais raras:
→ na parte superior (para a visão de longe) é sempre plano
→ no segmento (para a visão de perto) tem uma esfera positiva.

Vantagens
dos OPM: • São mais baratos do que fazer um óculo, pois estes são produzidos em
massa.
• Existem óculos OPM em stock na óptica para que possam ser
entregues imediatamente – a pessoa não necessita de esperar que
façam o seu óculo ou voltar para os levantar.
• Irá corrigir os erros refractivos de uma grande percentagem de
pessoas.

Desvantagens
dos OPM: • Nem sempre o erro refractivo da pessoa é totalmente corrigido
→ na maioria dos casos os OPM serão o suficiente
→ na maioria dos casos os OPM, não vão ajudar a pessoa e então esta
deve obter óculos com a prescrição dela.
• Se a distância entre o centro óptico e DP da pessoa é muito diferente
(especialmente para potências elevadas de OPM) a pessoa pode ficar
com astenopia ou visão dupla.
• Disponível numa gama limitada de potências e estilos, não são
adequados para prescrições de altas potências.
• Tem a mesma potência em ambos os olhos, por isso pode não ser
adequado para pessoas com anisometropia.
• Não têm a correcção do astigmatismo disponível.

Pode pedir á pessoa para testar os OPM na loja:


– Pergunte á pessoa se a sua visão é nítida
– Pergunte á pessoa se sente os seus olhos confortáveis
– Mostre á pessoa a diferença entre os OPM e as lentes com a sua
prescrição nos óculos de prova, perguntar se nota muita diferença
– Diga á pessoa o custo dos OPM e dos óculos com a prescrição dela.

Se a pessoa lhe diz que a sua visão é nítida e se sente confortável, pode
prescrever OPM – mas a pessoa é que deve ter a última palavra.

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PRESCRIÇÃO DE OPM
Quando
Prescrever OPM: Pode prescrever OPM para uma pessoa se:
• a prescrição da pessoa é inferior a ±6,00D (a menos que não haja
óculos feitos disponíveis)
• há menos de 1,00D de anisometropia (diferença de poder entre o olho
direito e o olho esquerdo)
• há menos de 1.00D de astigmatismo
• a pessoa diz que vê claramente com os OPM, está contente com a
aparência e sente-se confortável quando os usa.

Se o erro refractivo é esférico e o mesmo


em ambos os olhos: • Escolha da potência exacta dos OPM que a pessoa necessita.
• Se a potência exacta do OPM não está disponível, escolha a potência
ligeiramente mais baixa daquela que a pessoa precisa.

Se o erro refractivo é esférico e diferente


em cada olho: • Se a anisometropia é maior do que 1.00D, a pessoa provavelmente não
pode usar OPM – terão de fazer um óculo com a sua prescrição.
• Se a anisometropia é menor do que 1.00D, provavelmente a pessoa
pode usar OPM.

Os óculos pré-montados têm o mesmo poder em ambos os olhos. Se uma


pessoa tem um erro refractivo diferente para cada um dos olhos, apenas um
dos olhos pode ser totalmente corrigido.
Pode:
• Compensar totalmente o olho mais fraco e dar menos potência ao outro
olho (dar menos potência de que o necessário), ou
• Compensar totalmente o olho mais forte, e dar maior potência ao outro
olho (dar mais potência do que necessário).

Para decidir qual o poder dos OPM a prescrever, pense:


• Erro Refractivo
→ Geralmente corrige o olho que tem menos potência
• Acuidade Visual (AV).
→ Se um olho tem sempre AV pobre, pode dar uns OPM com a potência
para corrigir o olho “bom”.
• Idade
→ Se uma pessoa precisa de óculos para o perto, pode decidir dar-lhe a
potência exacta de um dos olhos (o que lhe pode dar uma quantidade
de monovisão e ajudá-la a ver as coisas que estão mais próximas
assim como as que estão distantes).

Se tiver problemas em decidir entre duas potências de OPM:


– Deixe a pessoa experimentar os dois pares com as duas potências
diferentes
– Pergunte á pessoa com qual dos dois pares se sente mais confortável e com
qual tem melhor visão.
Cuidado!
Se mostrar dois pares com armações diferentes, ela pode pensar que quer que
escolha com base no aspecto e não em termos de visão e de conforto! Uma boa
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comunicação é extremamente importante!

Exemplo 1:
Um senhor de 30 anos tem o seguinte erro refractivo: OD: +3.00 D (6/6-)
OE: +3.75 D (6/6-)

Necessita de escolher se quer corrigir o olho direito ou o olho esquerdo:


→ Provavelmente escolheria corrigir o olho direito pois normalmente
corrige-se o olho que tem o erro refractivo mais baixo.
Decide prescrever os OPM de +3.00D.

Exemplo 2:
Uma mulher de 25 anos tem o seguinte erro refractivo: OD: –3.00 D (6/6)
OE: –2.25 D (6/6)

Necessita de escolher se quer corrigir o olho direito ou o olho esquerdo:


→ Provavelmente escolheria corrigir o olho esquerdo, pois normalmente
corrige-se o olho que tem o erro refractivo mais baixo.

Não tem um par de -2.25D de OPM, mas tem de -2.00D e -2,50D.

Deixa a senhora testar ambos os pares de OPM, e pergunte-lhe qual é que


prefere, dado que os dois podem ser adequados.

→ -2.00D seria bom, uma vez que só corrigimos o olho com menor erro
refractivo
→ -2.50D também seria bom, pois ainda é menor do que a potência do
outro olho.

Dá á senhora um par de cada OPM para ela testar:


→ Ela diz-lhe que prefere a visão com o OPM de -2.50D e que se sente
confortável com eles.

Prescreve-lhe os OPM de -2.50D, os preferidos pela senhora.

Exemplo 3:
Uma mulher de 26 anos tem o seguinte erro refractivo: OD: –3.50 D (6/18)
OE: –4.00 D (6/6)

O seu olho direito foi lesado por uma pedra, quando esta era criança e foi-lhe
dito que nunca iria ver bem com ele.

Precisa de escolher se quer corrigir o olho direito ou o olho esquerdo:


→ Provavelmente escolheria corrigir o olho esquerdo porque necessita de
uma potência mais forte e tem a melhor AV.
→ Como a visão do olho direito é pobre, ela não será afectada pela sobre-
correcção nesse olho.

Decide prescrever os OPM de -4.00D.

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Exemplo 4:
Uma mulher de 45 anos tem o seguinte erro refractivo: OD: +2.00 D (6/6-)
OE: +2.50 D (6/6-)
Add +1.50

Decide prescrever-lhe dois pares de óculos: uns para o longe e outros para o
perto.

• Óculos de Perto:

Precisa de escolher se quer corrigir o olho direito ou o olho esquerdo:

− +3.50 D em OPM, corrige totalmente o olho direito


− +4.00 D em OPM, corrige totalmente o olho esquerdo.

→ Provavelmente escolheria prescrever para o olho direito, pois é


o que tem potência mais baixa.

Prescreve-lhe uns OPM de +3.50 D para o trabalho de perto.

• Óculos de Longe:

Precisa de escolher se quer corrigir o olho direito ou o olho esquerdo:

− +2.00 D em OPM, corrige totalmente a visão de longe do olho


direito
− +2.50 D em OPM, corrige totalmente a visão de longe do olho
esquerdo.

→ Normalmente, escolhe corrigir o olho direito (o olho que


necessita de menor potência), MAS

→ Esta senhora é presbita, assim:


- Se corrigir totalmente o olho esquerdo (com RMS de
+2.50D) o olho direito será corrigido com um excesso de
+0.50 D
- Uma correcção a mais no olho direito é como uma
“pequena adição”
- Com uma adição de +0.50D, a senhora é capaz de ver
as coisas que estão na distância intermédia (como
pessoas que estão perto dela)
- Este é um tipo de monovisão.

Contudo ainda não tem a certeza se prescreve +2.00D ou +2.50D em


OPM, assim sendo, dá á senhora um par de cada para testar :

→ A senhora diz-lhe que prefere o OPM de +2.50D e sente que os


seus olhos estão confortáveis.

Prescreve-lhe uns OPM de +2.50 D para o trabalho de longe.

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ICEE Refractive Error Training Package
Se o Erro Refractivo
É astigmatismo: • Se a pessoa tem mais que -1.00D de astigmatismo, provavelmente não
pode usar OPM e terá que fazer óculos.
• Se a pessoa tem menos que -1.00D de astigmatismo, poderá usar
OPM, mas a sua visão não vai ser tão boa como seria com uns óculos
feitos com a sua prescrição.

Prescrever OPM para uma pessoa com astigmatismo, deve usar:


• A melhor visão esférica (MVE), ou
• O equivalente esférico.

Para calcular a esfera equivalente, use a seguinte formula:

Equivalente Esférico = Potência da esfera + ½ Potência do Cilindro

Exemplo 5:
Decidir qual a potência dos OPM é apropriada para um senhor de 35 anos que
tem o seguinte erro refractivo: OD: +3.25 / –0.50 x 170 (6/6)
OE: +3.25 / –0.75 x 10 (6/6)

Calculo do equivalente esférico para o olho direito:


Equivalente esférico = +3.25 + (½ x –0.50)
= +3.25 – 0.25
= +3.00 D de esfera

Calculo do equivalente esférico para o olho esquerdo:


Equivalente esférico = +3.25 + (½ x –0.75)
= +3.25 – 0.375
= +2.875 D → arredonda para baixo
= +2.75 D de esfera

Precisa de escolher se quer corrigir o olho direito ou o olho esquerdo:


→ Provavelmente escolheria corrigir o olho esquerdo porque costumamos
corrigir o olho que necessita de menor potência.

Não tem um par de OPM de +2.75D, mas tem:


→ +2.50 D e +3.00 D em OPM.

Ainda não tem a certeza se deve prescrever +2.50D ou +3.00D. Dá ao senhor


um par de cada para ele testar:
→ O senhor diz-lhe que prefere o OPM de +3.00D e com o qual se sente mais
confortável.

Prescreve-lhe uns OPM de +3.00D.

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ICEE Refractive Error Training Package
DISTÂNCIA INTERPUPILAR (DP) E ESCOLHA DA ARMAÇÃO OPM
Distância Interpupilar (DP)
E centro óptico: • Os óculos montados são feitos de modo que os centros ópticos das
lentes estão á mesma distância como as pupilas dos olhos da pessoa.

• Se os centros ópticos não estão á mesma distância, um prisma será


induzida nos óculos.

• Se houver prismas indesejados nos óculos, pode causar á pessoa visão


dupla e astenopia.

• Problemas com prismas indesejados são mais prováveis de ocorrer para


potências maiores que ± 3.00D.

Óculos pré-montados
E centro óptico: • Os centros ópticos das lentes dos OPM são geralmente ao meio da
lente. (Nos óculos feitos para o paciente, os centros ópticos podem estar
em qualquer lugar, não apenas no meio da lente).

• Se os centros ópticos estão no meio das lentes, pode medir a distância


entre eles de um par de OPM usando uma régua. Uma maneira fácil de
fazer isso é na posição que a figura abaixo mostra:

Figura 1: Medir a distância entre os centros ópticos dos OPM usando uma
régua. Este par de OPM tem, provavelmente 64mm entre os centros ópticos
de cada lente.

Cuidado!

Nem todos os OPM são fabricados desta forma. Alguns OPM


não têm o centro óptico no meio de cada lente.
Se quiser ter a certeza da distância entre os centros ópticos
deve usar a neutralização manual ou vertometria
(Frontofocómetro).

→ Isto é bom se tiver encomendado um novo tipo de OPM e


quiser ter a certeza que os centros ópticos estão no
centro da lente.

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ICEE Refractive Error Training Package
Escolher o melhor OPM
E armação para a pessoa: • A melhor armação dos OPM para uma pessoa é a que tem o
tamanho correcto para a cara da pessoa:

→ As DP de uma pessoa podem ser semelhantes á distância entre


os centros ópticos das lentes dos OPM.

→ Isto significa que a pessoa tem mais probabilidade de estar a


olhar através dos centros ópticos das lentes.

→ Se a armação é grande ou pequeno demais, a pessoa pode não


estar a olhar através dos centros ópticos e pode ficar com
astenopia ou visão dupla.

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ICEE Refractive Error Training Package
TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS
1. Complete a seguinte tabela:
Vantagens dos OPM Desvantagens dos OPM

2. Normalmente, se o olho direito e o esquerdo têm erros refractivos diferentes,


escolhemos para corrigir o olho que necessita de uma potência mais baixa – mas há
algumas excepções:
a) Quando é que escolheria sobre-corrigir um olho com mais positivos?
_____________________________________________________________________
Porquê?
_____________________________________________________________________

b) Quando é que escolheria sobre-corrigir um olho com mais negativos?


_____________________________________________________________________
Porquê?
_____________________________________________________________________

3. Uma senhora de 34 anos tem o seguinte erro refractivo: OD:+3.50D (6/6-2)


OE:+4.25D (6/6-2)
Que potência prescrevia em OPM para o longe? _________________________
Porquê?___________________________________________________________________

4. Um senhor de 35 anos tem o seguinte erro refractivo: OD: –3.00D (6/6)OE: –2.50D (6/24)
Este fez uma operação ao olho esquerdo há um ano, mas foi informado de que iria ver
sempre mal com ele. Que potência lhe prescreveria em OPM? __________________
Porquê?___________________________________________________________________

5. Um senhor de 20 anos tem o seguinte erro refractivo: OD: –2.50D (6/6) OE: –1.75D (6/6)
Que potência lhe prescreveria em OPM?______________________________________
Porquê?____________________________________________________________________

6. Uma senhora de 25 anos tem o seguinte erro refractivo: OD: –1.75/–0.25x40 (6/6)
OE: –2.25/–0.75x125 (6/6)
Que potência prescreveria em OPM?______________________________________
Porquê?____________________________________________________________________

Copyright © ICEE 2009 Prescrição de óculos pré-montados –MANUAL DE ESTUDO••9


ICEE Refractive Error Training Package
Manuseamento, Ajuste e
Cuidados a ter com a
Armação

PENSA
Um paciente vem à clínica com os óculos que fez aqui recentemente. Queixa-se que apesar de ver
bem com a nova prescrição, não consegue andar com os óculos porque estes magoam de forma
insuportável atrás das orelhas.

Um paciente pode ver bem com os óculos, mas se não estiver confortável acabará por não conseguir
usá-los.

OBJECTIVO
Pretende-se neste módulo ensinar como podemos fazer os ajustes e adaptações necessários a uma
armação para que os óculos fiquem confortáveis e bem adaptados.

RESULTADOS A OBTER
Após os estudo deste modulo deverá ser capaz de:

• Identificar as diferentes componentes de uma armação e saber a sua função.

• Ajudar um paciente a escolher a melhor armação para a sua necessidade.

• Ajustar a nova armação ao rosto do paciente.

• Re-Ajustar a armação actual do paciente.

• Aconselhar o paciente da melhor forma de cuidar dos seus óculos.

Copyright © ICEE 2009 Manuseamento, Ajuste e Cuidados a ter com a Armação –


ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 1
ÓCULOS GRADUADOS
• Óculos Graduados (ou simplesmente “óculos”) são constituídos por duas lentes oftálmicas com
poder refractivo, colocadas numa armação.

• Existem Armações de diferentes materiais, estilos e tamanhos.

Materiais de Armações:

As armações podem ser feitas de diferentes materiais


Os materiais mais usados na sua produção são:

• Metal
• Plástico (também chamadas de “Massas”)

• Armações de Metal

Vantagens:
- Mais Leves.
- Fáceis de ajustar.
- Ajuste das plaquetes permitem variações na altura do óculo e
um maior conforto no nariz.

Desvantagens:
- Podem Oxidar (criando pontos com verdete) ou ferrugem.
- O metal corroído pode lesar a pele.

• Armações de Plástico (ou Massa)

Vantagens:

- Disponibilidade de muitas cores.


- Podem ser leves.

Desvantagens

- Perdem a cor e tornam-se mais frágeis com o tempo -


- Necessitam Calor para alteração da sua forma (No ajuste ao
rosto do paciente).

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ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 2
COMPOSIÇÃO DE UMA ARMAÇÃO
Frente da Armação: • A frente da armação é a parte mais larga e de maior dimensão de uma
armação.

• Constituída por:
- Aro ou Oculares
- Ponte

Armação de Metal Armação de Plástico (Massa)


Figura 1: Frente de uma armação de Metal e de Massa

• Cada óculo tem duas oculares - uma para cada olho.

• As oculares seguram as lentes que ficam fixas no aro que a forma.

• Para encaixar uma lente oftálmica num aro metálico:


- Desaparafusar o parafuso que fecha a ocular.
- Manter a ocular aberta.
- Colocar a lente dentro do aro
- Apertar o parafuso, fechando o aro que circunda a lente.
lente

• Para encaixar uma lente oftálmica num aro de massa (plástico):

- Devemos aquecer a armação com cuidado para que não haja


deformação.
- Pressionamos a lente para dentro da ocular com a ajuda da
pressão exercida pelos polegares.
- Deixamos arrefecer a armação.
Algumas armações de Metal de óculos pré-montados
pré não têm
parafuso de abertura da ocular.

Estas armações não estão preparadas para a troca de lentes


oftálmicas. Estes óculos foram desenhados e montados como
uma única peça.

Ponte: A ponte é a parte da armação que une as duas oculares


.
A Ponte da Armação é a estrutura central que une as duas
oculares, passando por cima do nariz e logo abaixo da
testa).
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ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 3
Copyright © ICEE 2009 Manuseamento, Ajuste e Cuidados a ter com a Armação –
ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 4
Plaquetes: As Plaquetes são a única parte do óculo que deverá entrar em contacto com o
rosto da pessoa.

• Armações de Metal

− As duas Plaquetes estão unidas à ponte da armação ou ao bordo nasal


do aro.

− Algumas são fixas com parafusos e outras por encaixe.

− Existe um pequeno braço metálico que faz a união entre a plaquete e o


aro metálico. Este pode ser manipulado de forma a ajustar a adaptação do
óculo ao nariz de cada pessoa.

− As Plaquetes devem assentar planas e confortáveis no Nariz da


pessoa.

− As Plaquetes são normalmente feitas de plástico ou silicone, existindo


em diferentes formas e tamanhos.

− As Plaquetes quando novas apresentam aspecto translúcido


(transparentes).
- Com o tempo e a transpiração as plaquetes vão mudando o
seu aspecto – normalmente ficam mais castanhas ou verdes.
- As Plaquetes podem ser facilmente substituídas.

• Armações de Plástico (Massas)

- Não têm plaquetes independentes.


- Os bordos nasais dos aros têm a própria forma de uma
plaquete de forma a apoiar confortavelmente no nariz.
− Quando a armação de plástico não assenta confortavelmente
no nariz, não existe possibilidade de ajuste das plaquetes.
− Terá de ser feita uma nova escolha da armação.

Figure 2: Armação de Metal com plaquetes unidas ao aro pelo braço de ajuste.

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ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 5
Hastes: • As hastes são os suportes que sustêm a armação no rosto da pessoa.
- Também podem ser chamados os “braços” dos óculos.

• A haste une-se à frente do óculo apoiando-se com o bordo posterior na


orelha.
- A união da Haste com a frente da Armação é feita com uma
dobradiça.
- O bordo posterior da Haste é chamado de “ponteiras da haste”

• As armações metálicas têm normalmente hastes metálicas, embora as


ponteiras sejam plastificadas.

• As armações de plástico têm normalmente hastes de plástico, embora


tenham no seu interior um arame metálico para manter a forma após o
ajuste à orelha.

Figure 3: Haste esquerda de uma armação de metal

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ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 6
Dobradiças: • Cada armação tem duas dobradiças que unem as hastes à frente da
armação:
- São às vezes chamadas de “articulação” da armação

• Esta dobradiça permite que quando não estão a ser usados, as hastes
dobrem apoiando
apoiando-se na frente do óculo:
- Conseguimos assim colocar o óculo numa caixa de protecção.

• Algumas dobradiças têm uma mola enquanto outras apenas têm um


parafuso.

• Armações com mola na dobradiça:


- São normalmente mais fortes que aquelas que apenas têm
parafuso.
- Permite um melhor ajuste da haste no acompanhamento da zona
temporal da cabeça até à orelha.

• Armações com dobradiça apenas de parafuso:


− Não permite ideal adaptação da haste á zona temporal da
cabeça.
- Tem de ter o parafuso muito apertado para manter
ma a posição
pretendida da haste.
→ Se o parafuso estiver folgado a haste pode soltar-se
soltar e
cair.
→ Se o parafuso estiver muito apertado, a haste ficará
muito presa não permitindo o seu movimento. O
parafuso apertado pode também destruir a dobradiça.

Existem vários tamanhos de parafusos das armações (vários


tamanhos e espessuras).

O Seu tamanho depende de:


• Tipo de Armação
• Diferentes zonas em que são utilizados: (plaquetes ou
dobradiças).

Figure 4: Vista de uma armação de metal.

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ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 7
ESCOLHA DE UMA ARMAÇÃO
Armação Tamanho e Estilo:
• Os tamanhos e formas das armações sofrem grandes alterações com
as propostas da moda. A armação do óculo pode ser muitas vezes encarada
como uma peça de moda. Haverá sempre uma enorme variedade de óculos e
armações. O importante é perceber que nem todos serão indicados para
qualquer pessoa ou para qualquer prescrição.

• O tamanho e a forma da cabeça e da cara de um paciente tem de ser


levado em consideração a quando da escolha da armação.

• Se o óculo é muito pequeno ou muito largo para o rosto de uma


pessoa, a sua utilização não será confortável podendo afectar a visão
quando colocadas as lentes.

Figura 5: Uma criança com uma armação demasiado larga - Dean Saffron, cortesia da ICEE

Tal como na escolha de uns sapatos em que devemos


escolher o numero correcto em função do tamanho do
nosso pé, devemos também escolher uma armação
adequada ao tamanho do rosto e cabeça de cada pessoa.

O estilo e a moda deverá ter apenas uma influência


secundária na escolha da armação.
Factores importantes a considerar na ajuda da escolha de uma armação:
• Distância entre o rosto e as orelhas
→ Pensar no tamanho que deverá precisar para a haste.
• Forma do Nariz da pessoa:
→ Pensa na distância que ficará entre as plaquetes
→ Pensa no ângulo que os apoios no nariz deverão ter de fazer
(ex: no caso de armações de massa)

• Na largura da cara da pessoa, bem como na distância entre os


Olhos
lhos
→ Pensa na largura total da armação

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ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 8
Comprimento da haste: • Se a haste for demasiado curta não será possível ter um
bom ajuste na orelha.

• Se a haste for demasiado comprida ela ultrapassará a orelha


podendo magoar atrás, na zona de contacto.

Plaquetes do Nariz: • A distância entre as plaquetes induz variações na altura a que ficará a
armação no rosto da pessoa:

- Se a as plaquetes estiverem muito afastadas, o óculo ficará


muito baixo no rosto do paciente.

- Se a distância entre plaquetes for muito pequena a armação


ficará muito elevada no rosto do paciente.

• As Plaquetes devem assentar no nariz de forma plana (paralela á zona


de contacto):

- Caso o braço que segura a plaquete não permita esta posição,


será sempre recomendável seleccionar outra armação.

Largura da frente da armação:

• A armação ideal é aquela em que as pupilas estão centradas com o


centro das oculares da armação.

• O tamanho da frente da armação influencia a forma como a armação se


adapta no rosto do paciente:

- Se a frente da armação é larga, o óculo ficará solto, com pouca


estabilidade, na cara do paciente.

- Se a frente da armação é pequena, o óculo ficará apertado na


cara do paciente.

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ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 9
FERRAMENTAS DE AJUSTE DE ARMAÇÕES
As armações requerem ferramentas especiais para o seu ajuste e colocação das lentes.
Em baixo apresentamos o exemplo de um kit de ferramenta especifica para armações.

Cada uma das ferramentas tem um função especifica.

B
A

D
C

Figura 6: Ferramenta para ajuste de óculos.

Ferramentas: A. Chaves de parafusos


• Usam-se para apertar e desapertar os parafusos da armação.
• Podem ser de fenda; de estrela (Philips), podendo ter vários
tamanhos.

B. Alicate de corte
• Usado para cortar partes das armações metálicas.
• Muito úteis para cortar também as pontas dos parafusos
quando são muito compridos, e as pontas das hastes das
armações de metal.

C. Alicate
• Este alicate é usado para fazer alterações na forma da
armação.
• Têm diferentes tamanhos e formas, dependendo da parte da
armação que se pretende modificar.
• Muitos dos alicates de armações têm cobertura de plástico de
forma a não marcar a armação quando se está a manipular.

D. Lima
• A lima é usada para limar e alisar zonas da armação que
estejam demasiado afiadas (perigosas) ou rugosas.
• É especialmente útil para alisar e uniformizar as pontas
cortadas dos parafusos.
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ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 10
Ventilete: • A Ventilete é usada para aquecer as armações de plástico e também as
de metal. O calor torna as armações mais fáceis de manipular.

Armações de Plástico (Massas):


• O calor da ventilate torna o plástico mais maleável, permitindo
alterações na armação.
• Se as armações de plástico não forem aquecidas antes da
manipulação, podem facilmente partir.

Armações de Metal:

Os acessórios de plástico das armações de metal (como as ponteiras das


hastes), devem ser aquecidas antes de serem ajustadas.

Figura 7: Usando uma Ventilete para manipular uma armação de plástico.

• Durante a utilização da ventilete devemos sistematicamente mudar de


posição a armação para que uma parte da armação não se queime ou
fique estragada.

• Antes de colocar a armação no rosto de uma pessoa assegura-te que a


armação não está exageradamente quente.

− Avisar a pessoa que pode sentir a armação ligeiramente


quente.

• No caso de não ter uma ventilete, um secador de cabelo pode ser uma
alternativa.

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ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 11
AJUSTE DA ARMAÇÃO
Ao longo da sua vida a armação necessita de ser ajustada várias vezes:
→ As novas armações necessitam sempre de serem bem ajustadas ao rosto do paciente.
→ As armações mudam de forma ao longo do tempo e da sua utilização. Por isso é normalmente
necessário fazer reajustes
ajustes ao longo da sua vida útil.

Objectivos a atingir no Ajuste de uma Armação:


o deve ficar confortável no rosto do paciente.
- Os pontos de pressão devem ser distribuídos pelos três pontos do
triângulo de ajuste.

• A armação deve ficar esteticamente bem no paciente.


- Devem ficar direito e alinhado em relação ao rosto.

Triângulo de Ajuste (Apoio): Uma armação bem ajustada tem 3 pontos de pressão/apoio, no rosto e
cabeça do paciente:
• Na ponte (na asa do nariz)
• Na zona Temporal do crânio.
• Por cima das orelhas

Pressão

Figura 8: Triângulo de Apoio

• Se a armação induzir pressão noutras partes da cabeça do paciente,


considera
considera-se
se que a armação não está correctamente ajustada, e a
pessoa não terá conforto. Neste caso a armação terá de ser ajustada
de novo.

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ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 12
MÉTODO
A ordem correcta para o ajuste de uma armação é: – da frente para trás:

→ Primeiro ajustar a frente do óculo

→ Segundo, ajustar a parte posterior do óculo.

Alinhamento Horizontal:
• O óculo deverá estar perfeitamente na horizontal em relação ao rosto
do paciente.
- Observar a posição da armação em relação á posição dos olhos
e das sobrancelhas.

• SE a armação não estiver correctamente na horizontal, é necessário


manipular as hastes com os alicates no sentido de recuperar a posição
ideal:
- Se a ocular direita da armação estiver muito baixa,
→ Inclinar a haste direita para baixo.

- SE a ocular esquerda está muita baixa (como na imagem em


baixo)
→ Inclina a haste esquerda para baixo.

Figure 8: Armação a necessitar de ajuste para recuperar a horizontalidade

Acompanhamento da armação à face: (Ângulo panorâmico)


• A armação deve assumir uma curva de forma a acompanhar a
curvatura do rosto da pessoa.
- A frente da armação nunca deverá ser completamente plana.

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ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 13
• Para induzir curvatura è frente da armação usamos a nossas mãos,
pressionando a ponte de forma a curvar as oculares.

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ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 14
Figura 10: Uma armação com uma boa curvatura para acompanhamento da face
(bom ângulo panorâmico)

Figura 11: Uma armação com uma curvatura errada.

Antes de ajustar as hastes, devemos ajustar bem a frente


da armação ao rosto e confirmar se está bem horizontal.

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ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 15
Ajuste da Ponte da Armação:
• O Nariz suporta a maior parte do peso dos óculos.
− As plaquetes induzem pressão no nariz (o primeiro ponto do
“triangulo de apoio”).
− As Plaquetes devem ser cuidadosamente ajustadas para
garantir uma boa adaptação e conforto ao paciente.

• As armações de plástico não têm possibilidade de ajuste dos apoios do


nariz. Por isso na escolha de uma armação de plástico devemos ter
especial cuidado na forma como se apoia no nariz.

− Uma armação de plástico ( ou massa) não é adaptável a


qualquer nariz!
− Em pessoas que tenham a asa do nariz muito larga este tipo de
armações é mais difícil a sua adaptação. Nestes casos a melhor
opção é escolher uma armação de metal.
• As armações de metal têm normalmente plaquetes que estão aplicadas
nos braços de apoio ajustáveis. Devemos ajustá-los de forma a ter:
− Ideal distância entre plaquetes
− Ideal Ângulo frontal.

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ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 16
Distância entre plaquetes:

A distância entre plaquetes afecta a altura da armação no rosto da pessoa.


• Quanto mais próximas:
→ Mais alta ficará a armação
• Quanto mais afastadas:
→ Mais baixa ficará a armação no rosto da pessoa

Ângulo Frontal: • O ângulo frontal é definido pelo ângulo formado pelas plaquetes,
quando observadas de frente.

• As plaquetes devem seguir a forma da asa do nariz:


− Próximas no seu bordo superior
− Afastadas no seu bordo inferior.

Figura 12: Ângulo Frontal formado pelas plaquetes (vistas de frente), numa
armação de metal

Angulo Posterior: • É o ângulo formado pelas plaquetes quando observadas


posteriormente (por trás).

• As plaquetes devem seguir a estrutura da asa do nariz:


- Próximas na parte da frente
- Afastadas na parte de trás

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ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 17
Figura 13: Ângulo formado pela separação das plaquetes, numa armação de metal

Se a ponte do nariz for muito larga ou muito reduzida


poderá haver dificuldade na adaptação de uma armação de
plástico uma vez que neste tipo de armações, não é
possível ajustar a ponte e as plaquetes.

Se estiver a usar armação de metal é necessário especial


espe
cuidado no ajuste das plaquetes que apoiam no nariz
- Ângulo frontal
- Ângulo entre plaquetes

Ângulo Pantoscópico: • O ângulo pantoscópico (ou inclinação pantoscópica) consiste


em inclinar a lente verticalmente para a frente melhorando
assim a visão através da lente.

• O ângulo pantoscópico deverá ser sempre acima de zero (verticalidade


total).

Figure 14: Bom ângulo pantoscópico.

• Quando existe contacto entre o bordo inferior do aro e a face do


paciente, pode ser necessário reduzi
reduzirr o ângulo pantoscópico. No caso
de essa redução implicar reduzir a zero o ângulo pantoscópico, é
preferível optar por outra armação.

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ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 18
• Para ajustar o Ângulo pantoscópico usamos um alicate de pontas, para
baixar as hastes, pressionando-as na zona próxima da charneira.

− Para aumentar o ângulo pantoscópico → inclinar para baixo as hastes.


− Para diminuir o ângulo pantoscópico → Inclinar as hastes para cima.

Dimensões das hastes: • As hastes não devem estar em contacto com a zona temporal
da cabeça do paciente (zona lateral da cabeça) – O contacto
deve existir apenas nas orelhas.

• Existem várias maneiras de aumentar a distância entre as hastes:

− Com as mãos ou com um alicate crie uma curvatura na haste


para que se mantenha mais afastada da zona temporal da
cabeça (apróx. 1mm)
→ Processo fácil em armações de metal
→ Armações de plástico devem ser primeiro aquecidas
antes da sua manipulação.

• Deve ter cuidado para não dobrar ou forçar a haste na zona da


dobradiça, pois pode causar danos irreversíveis nesta zona.
• Assegura que ambas as hastes ficam simétricas (igual nos dois lados).
Se não ficarem simétricas pode provocar maior pressão num dos lados
criando desconforto á pessoa.

Figure 15: Distância entre as hastes

Arco Interno: • Após a manipulação das hastes as pontas (ou ponteiras) devem ficar
inclinadas ligeiramente para dentro. Isto permite criar pressão nas
orelhas (os dois pontos do “triângulo de adaptação ou apoio” e manter
assim uma posição estável da armação, na cabeça da pessoa.

• Para criar este arco:


− Use as mãos para moldar a haste até á forma desejada.
− A armação de massa (plástico) deverá ser aquecida primeiro

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ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 19
Figure 16: Armação de massa com grande curvatura na haste

Comprimento da haste: • O comprimento da haste mede-se desde o seu bordo junto á


frente da armação até ao momento que a haste começa a
curvar para a orelha.

• A haste deve iniciar a curvatura 2 mm depois do ponto que a orelha se


une à cabeça. Permitimos assim que a armação tenha um ligeiro
movimento tornando-a mais confortável quanto a pessoa sorri ou tem
outra expressão facial.

− Quando a curvatura da haste começa mais cedo ou mais de


2mm após a união da orelha á cabeça, os óculos terão
movimento exagerado podendo cair para a frente, obrigando a
pessoa a estar constantemente a usar as mãos para colocar os
óculos de novo no sitio.

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ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 20
Curvatura da haste: • O ponto de curvatura da haste deve ser acentuada ( tal como a
curvatura que vem do fabricante) e não uma curvatura progressiva.

Figura 17: Haste bem ajustada.

• Para curvar a ponteira das hastes devemos usar as mãos:


− Aqueça a ponteira das hastes para facilitar a moldagem.
− Estique a haste para retirar a curva de original do fabricante.
− Coloque o óculo no rosto da pessoa e peça permissão para
observar os pontos atrás da orelha onde deve iniciar-se a
curvatura.
− Retire os óculos e faça uma curvatura a partir desse ponto.
→ Use apenas um dedo para base de curvatura da haste.
− Coloque de novo a armação no rosto da pessoa e confirme se a
posição da curvatura está correcta.

• A ponteira da haste deve acompanhar a forma da cabeça atrás da


orelha durante pelo menos metade do seu tamanho.

• Uma vez curvada correctamente a ponteira da haste é necessário


perceber se a extremidade necessita ser dobrada para dentro
(pressionando a cabeça) ou para fora.

− Recordar que esta extremidade deve apoiar de forma suave e


de igual forma os dois lados da cabeça (atrás da orelha)
→ Não deverá ter uma curvatura que pressione contra a
cabeça provocando dor.

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ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 21
GUIA DE SOLUÇÕES DE PROBLEMAS

Qual é o Problema? O que podemos fazer?


• Ajustar as plaquetes de forma a apoiarem correctamente no nariz.
− Distância entre a plaquetes
− Ângulo frontal
− Ângulo posterior.
Ferida /dor no nariz
• Ajuste das Hastes:
− Comprimento da haste
− Curvatura da haste
− Tipo de curvatura na ponteira
• Ajustar a plaquete (s) de forma a apoiarem paralelamente na asa
do nariz.
− Distância entre as duas plaquetes
− Ângulo frontal
Marcas vermelhas no nariz
− Ângulo posterior
(num lado ou nos dois)
• Ajuste da(s) haste(s). Confirmar:
− Tamanho da haste (confirmar se estão iguais)
− Curvatura da haste (haste arqueada)
− Ponto de curvatura nos terminais da haste
• Ajuste da Haste. Confirmar:
− Tamanho da haste (confirmar se estão iguais)
Feridas atrás da(s) orelha(s) − Curvatura da haste (haste arqueada)
− Ponto de curvatura nos terminais da haste

• Ajuste da Haste. Confirmar:


− Tamanho da haste (confirmar se estão iguais)
Ferida(s) em cima das
orelha(s) − Curvatura da haste (haste arqueada)
− Ponto de curvatura nos terminais da haste

Toque da frente da armação • Reduzir ângulo pantoscópico


no rosto • Reduzir distância entre as plaquetes.
Pestanas em contacto com as • Ajuste do ângulo pantoscópico
lentes dos óculos • Diminuir a distância entre plaquetes
• Diminuir tamanho da haste
• Apertar melhor os parafusos das hastes
Óculos escorregam pelo nariz
• Ajuste da Haste. Confirmar:
(e o óculo está solto)
− Tamanho da haste (confirmar se estão iguais)
− Curvatura da haste (haste arqueada)
− Ponto de curvatura nos terminais da haste
Óculos escorregam pelo nariz
• Aumentar o tamanho da haste
(e o óculo está apertado)
• Aumentar a curvatura (o arco) da haste
Óculo torto • Ajustar o alinhamento horizontal

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ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 22
AJUSTE DE ARMAÇÕES USADAS
• As armações já usadas são normalmente mais frágeis quando comparadas com as armações
novas.
− As armações de massa (plástico) são mais frágeis uma vez que o plástico se torna
mais quebradiço ao longo da sua vida.

• Uma armação que foi por várias vezes manipulada e ajustada para várias pessoas está
necessariamente mais frágil que uma armação que nuca sofreu qualquer manipulação.
− Devemos ter especial cuidado quando manipulamos uma armação usada.
− Devemos avisar a pessoa que a armação pode quebrar enquanto tentamos arranjá-la.

Quando ajustamos uma armação usada ou danificada, avisamos a pessoa que a


armação pode partir durante o manuseamento.
Devemos dizer á pessoa que vamos ter todo o cuidado possível, mas em caso de
quebra não podemos assumir a responsabilidade.

EXEMPLO DE CASOS DE ESTUDO


Caso 1: Uma mulher diz-lhe que quando usa os óculos fica com feridas nos dois lados da
cabeça (próximo das orelhas).

• Esta situação está normalmente associada ao facto da haste ser muito estreita.

• Para corrigir a situação:


− Aumentamos o arco da haste eliminando o contacto
− Usamos o alicate para o ângulo pantoscópico mudando a zona de
contacto entre a haste e a cabeça.

Caso 2: UM artista diz-lhe que quando usa os óculos eles estão constantemente a cair-
lhe pelo nariz.

• Esta situação ocorre se:


− As hastes não fazem a pressão suficiente nos pontos de contacto
− O ponto de curvatura dos terminais das hastes não está correcto (haste
muito comprida)

• Para melhorar os pontos de pressão ideias:


− Reduzir a comprimento da haste
→ Use o alicate para mudar o ponto de curvatura da haste
→ Numa armação de plástico aqueça as hastes e a armação para
diminuir o comprimento da haste e aumentar o ângulo
pantoscópico

− Aumentar o arco da haste


→ Use as mãos para manipular e arquear a haste

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ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 23
→ Nas Após um período de uso dos óculos, é normal que
armações de estes necessitem de um novo ajuste
plástico deve Isto ocorre porque as hastes dos óculos vão alargando
aquecer primeiro à medida que a pessoa põe e tira os óculos no dia-a-
dia
na ventilete dia.
Informar sempre a pessoa que deve retirar e colocar os
óculos da cara com as duas mãos, para que estes não
se entortem ou alarguem.

• Para corrigir a curvatura da haste:


− Aquecer a haste
− Esticar toda a haste
− Colocar o óculo na pessoa e observar onde devemos iniciar o
ponto de curvatura do terminal da haste. (pedir autorização para
observar atrás da orelha)
→ 2 mm atrás do ponto que une a orelha à cabeça é o
melhor ponto de curvatura.
− Retire o óculo e molde a forma da haste curvando-a
curvando a partir do
ponto encontrado.
− Coloque de novo os óculos no paciente e verifique se estão
bem.

Se o ponto de curvatura foi bem escolhida, normalmente


não será necessário voltar a alterar no futuro.

Caso 3: Observamos que existe uma linha vermelha vincada na cabeça de um jovem
paciente, ao longo da posição normal da haste. O jovem diz-nos
diz que quando se
inclina para a frente os óculos têm a tendência para escorregar pelo nariz.

• Este caso é típico de um óculo pequeno que está muito apertado nas hastes
que pressionam a zona entre a orelha, ao longo da haste.

• Para corrigir:
− Corrigir a forma da haste
− Incrementar arco na haste

Caso 4: Verificamos que o óculo de um paciente sénior não está direito no rosto.

• Causas:
− Uma orelha mais alta que a outra
− Uma haste mais baixa que a outra (Acontece quando nos sentamos em
cima dos óculos…)

• Para corrigir posição horizontal:


− Se o lado direito da armação está muito baixa:
→ Forçar a haste direita para baixo ou a haste esquerda para cima.
− Se o lado esquerdo da armação está muito baixa:
→ Forçar a haste esquerda para baixo ou a haste direita
dir para cima.

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ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 24
No caso em que os óculos foram deformados por pressão
ou por acidente não esqueça de dizer ao paciente que
podem partir durante a tentativa de arranjo.

CUIDADOS A TER COM OS ÓCULOS


Para que os óculos possam durar durante muito tempo são necessários cuidados de manutenção.
Devemos informar a pessoa da forma correcta de cuidar dos seus óculos.

Informação a transmitir sobre os cuidados a ter com os óculos:


• Quando a pessoa não está a usar os óculos, estes devem permanecer
guardados no estojo próprio.

− Estojo ou caixa rígida é sempre a melhor opção


− As caixas flexíveis ou moles podem também ser muito úteis.
→ Podemos usar tecido de uma velha t-shirt
t : costuramos
um saco para guardar os óculos.

Figura 18: Os Óculos devem sempre ser guardados numa caixa

• Nunca devemos colocar os óculos na mesa (ou em qualquer outra


superfície) apoiados nas lentes. As lentes vão riscar-se
riscar com mais
facilidade.

• Para limpar os óculos:


− Usar água limpa e sabão (ou detergente lava-loiça).
lava
→ Usa sempre água fria (nunca usar água quente)
− Enxagúe com água limpa
− Seque as lentes com um pano limpo e macio.

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ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 25
Figura 19: Lavar as lentes com água fria e sabão. Figura 20: Secar as lentes com um pano limpo e
macio

• Nunca deixe os óculos em locais onde poderão apanhar muito calor


− O calor pode estragar as lentes e as armações.
− Nunca deixe os óculos ao sol ou dentro do carro.

• Informe o paciente para voltar à óptica se os óculos precisarem de um


reajuste ou se tiver alguma dúvida ou questão.

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ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 26
TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS

1. Como se chama a parte da armação que sustenta a lente?


_________________________________ or ________________________________________

2. Como se chama a parte da armação que se junta à frente da armação e apoia na orelha
na outra extremidade?
____________________________________________________________________________

3. Porque não devem as hastes pressionarem a zona temporal da cabeça?


____________________________________________________________________________

4. Apresente duas razões para os óculos escorregarem pelo nariz:


____________________________________________________________________________

5. Numa boa adaptação a armação apenas pressiona três pontos. Quais são?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

6. Que informação devemos dar às pessoas sobre a limpeza das lentes?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

7. Identifique algumas vantagens e desvantagens das armações de metal:


Vantagens Desvatagens

8. Identifique algumas vantagens e desvantagens das armações de plástico:


Vantagens Desvantagens

9. Identifique uma função para cada uma das seguintes ferramentas de ajuste:
Chave de fenda:______________________________________________________________
Alicate de corte:______________________________________________________________
Alicate de pontas: ____________________________________________________________
Lima: ____________________________________________________________________
Ventilete: ______________________________________________________________

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ICEE Refractive Error Training Package MANUAL DE ESTUDO • 27
CEGUEIRA E VISÃO
DIMINUÍDA

PENSE
A Cegueira e Visão diminuída atingem milhões de pessoas no mundo. No entanto, estas anomalias
visuais podem ser evitadas ou tratadas.

Cada individuo que trabalha no sentido de eliminar a Cegueira e Visão diminuída é parte de uma
equipa global notável. Juntos vamos trabalhar no sentido de eliminar a Cegueira e Visão diminuída
evitáveis até o ano de 2020.

OBJECTIVO
Informar o profissional da visão das principais causas da cegueira e visão diminuída, e discutir
estratégias preventivas e de tratamento.

RESULTADOS DA APRENDIZAGEM
No final deste modulo, deverá ser capaz de:

• Definir cegueira, visão diminuída e baixa visão;

• Descrever as causas principais da cegueira e visão diminuída evitáveis;

• Especificar as barreiras para prevenção da cegueira ou visão diminuída;

• Explicar o custo da cegueira evitável e as economias que podem ser feitas através da
prevenção ou tratamento;

• Expôr o objectivo da VISION 2020: Direito a Visão;

• Discutir como erros refractivos não corrigidos contribuem para a cegueira e visão diminuída
evitáveis;

• Explicar como a visão de milhões de pessoas pode ser restaurada ao corrigir o erro refractivo.

Copyright © ICEE 2009 Cegueira e Visão Diminuída - MANUAL DE ESTUDO • 1


ICEE Refractive Error Training Package
VISÃO DIMINUÍDA, CEGUEIRA E BAIXA VISÃO
As definições de visão diminuída, cegueira e baixa visão são regularmente revistas e alteradas.
Definições futuras podem interligar o estado funcional do paciente com a acuidade visual.

Em Agosto de 2008, as seguintes definições eram recomendadas pelo programa do Comité da


Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira Refractiva (REPcom),baseada na política da
Organização Mundial de Saúde (OMS) e no consenso da REPCom:

Tabela 1: Cegueira e visão diminuída para visão de longe.


Apresenta AV no melhor olho Apresenta AV no melhor olho
Definição
inferior a: igual ou superior a:
Sem diminuição de visão − 6/18
Visão diminuída para adultos 6/18 −
Visão diminuída para crianças 6/12 −
Diminuição de visão moderada 6/18 6/60
Diminuição de visão severa 6/60 3/60
Cegueira 3/60 −

Tabela 2: Cegueira e visão diminuída para visão de perto.


Apresenta AV no melhor olho Apresenta AV no melhor olho
Definição
inferior a: igual ou superior a:
Sem diminuição de visão − N8
Visão diminuída N8 −
Cegueira N64

Tabela 3: Baixa Visão.


AV com melhor correcção no Apresenta AV no melhor olho
Definição
melhor olho inferior a: igual ou superior a:
6/18
ou
Baixa Visão defeito no campo visual, em que Percepção de luz
é inferior a 10º relativamente ao
ponto de fixação.

Visão diminuída A visão diminuída (ou diminuição de visão / diminuição de AV)


apresenta AV no melhor olho (o que vê melhor):

- para visão de longe → inferior a 6/18 (ou para crianças, inferior a 6/12)
- para visão de perto → inferior a N8

A diminuição da visão é muitas vezes referida como “problemas de


visão”.

A OMS refere-se à diminuição de visão.


REPCom refere-se à problemas de visão.
.

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Cegueira: A cegueira é caracterizada por uma AV no melhor olho de:
− em visão de longe → inferior a 3/60
− em visão de perto → inferior a N64

Cegueira não significa necessariamente que a pessoa não vê


nada.

Alguns cegos vêem apenas escuridão, mas outros conseguem


distinguir formas ou conseguem dizer se estão no escuro ou
sob luminosidade.

Baixa Visão: A Baixa Visão é caracterizada por AV com melhor correcção no melhor olho
inferior a 6/18 (em visão de longe) ou por um campo visual binocular inferior a
10º relativamente ao ponto de fixação. Pacientes de Baixa Visão apresentam
AV superior à percepção de luz.

Tal significa que uma pessoa com baixa visão ou:

• Não consegue ver a linha de AV: 6/18 mesmo quando usa óculos que
corrigem o seu erro refractivo, ou

• Tem um campo visual constrito, inferior a 10º relativamente ao ponto de


fixação.

Podem ser prescritos aos portadores de baixa visão dispositivos ópticos


específicos tais como os magnificadores, de forma a ajudá-los a ver melhor.

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FACTOS SOBRE A CEGUEIRA E DIMINUIÇÃO DE AV

• A OMS estima que 314 milhões de pessoas são portadoras de visão diminuída em visão de
longe:
→ Incluindo 45 milhões de pessoas que são cegas
→ Incluindo 1.4 milhões de crianças (com idade inferior a 15 anos) cegas
→ Incluindo 124 milhões de pessoas portadoras de baixa visão.

• Grande parte da cegueira é evitável.


→ Pelo menos 75% da cegueira em adultos pode ser impedida ou tratada.
→ Aproximadamente 50% da cegueira em crianças pode ser impedida ou tratada.

• Mais de 90% das pessoas com diminuição de AV vive em paises desenvolvidos.

• Grande parte das pessoas com diminuição de AV tem 50 anos ou mais.

• A maior parte das pessoas cegas são mulheres.

• Mais de 161 milhões de pessoas apresentam diminuição de AV devido a doenças oculares,


tais como cataratas, glaucoma e degeneração macular:
→ incluindo 37 milhões de pessoas cegas devido a doenças oculares.
→ includindo 124 milhões de pessoas portadoras de baixa visão.

• 153 milhões de pessoas apresentam uma diminuição acentuada de visão de longe devido a
erros refractivos não corrigidos (não têm óculos).
→ includindo 8 milhões de pessoas cegas devido a erros refractivos não corrigidos.

• Em 2005, estimava-se que 1.04 biliões de pessoas tinham diminuição de visão de perto devido
à não correcção do erro refractivo para esta distância (presbiopia) e que 517 milhões destas
pessoas não possuiam óculos de perto adequados ou simplesmente não eram portadores de
óculos.

• Comparado com outras causas principais de visão diminuída, os erros refractivos


desenvolvem-se em idade mais jovem.
→ Se não for corrigido, o erro refractivo é responsável por mais anos de cegueira
comparado com outras causas.

● Mundialmente, estima-se que o número de pessoas cegas será de 76 milhões em 2020 caso
nenhuma acção seja tomada.

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Figura 1: Prevalência no mapa global de cegueira (Fonte: OMS)

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CAUSAS DA CEGUEIRA E DIMINUIÇÃO DE VISÃO

Globalmente, as causas mais comuns de cegueira são:

Cataratas: → As cataratas surgem da opacificação do cristalino


→ Nos países em desenvolvimento, a catarata é a causa principal de
cegueira.
→ As cataratas podem ser removidas através de cirurgia – uma operação
ao olho relativamente simples.

Erro Refractivo não corrigido: → Os erros refractivos incluem a hipermetropia, miopia,


astigmatismo e presbiopia.
→ O erro refractivo não corrigido é a segunda causa mais comum de
cegueira, e a principal causa de visão diminuída.
→ O erro refractivo não corrigido é a causa de cegueira mais fácil de
tratar: um exame visual e o uso de óculos é o necessário.

Glaucoma: → Glaucoma é uma doença do nervo óptico.


→ Em estado precoce, o glaucoma é geralmente assintomático (o
paciente não tem sintomas), contudo não sendo tratado, esta condição
leva a cegueira irreversível (permanente).
→ O Glaucoma pode ser detectado numa consulta de visão de rotina que
inclua a observação da cabeça do nervo óptico e a medida da pressão
intra-ocular.

Degeneração Macular Relacionada com a Idade (DMRI):


→ A DMRI é uma condição degenerativa da mácula (parte central da
retina).
→ É mais comum em pessoas com mais de 50 anos.
→ A DMRI é a causa principal de cegueira nos países desenvolvidos.
→ A DMRI afecta permanentemente a visão central, contudo a visão
periférica não é afectada.

Opacidade Corneal: → A opacidade corneal ocorre quando existe um dano na cornea - cicatriz
provocada por uma doença ocular ou trauma.
→ O tratamento é limitado, mas por vezes a cirurgia pode ajudar.

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Retinopatia Diabética:
→ A retinopatia diabética é uma complicação da diabetes mellitus.
→ 15 anos após o diagnóstico:
− 15% dos diabéticos apresentam perda severa de visão
− 2% dos diabéticos tornam-se cegos
→ A Retinopatia diabética é caracterizada por hemorragia e esquemia
(oxigénio insuficiente) da retina.
→ Em estado precoce, a retinopatia diabética é usualmente assintomática,
contudo, quando não tratada, esta condição leva a cegueira
irreversível.
→ Pessoas com diabetes devem efectuar exames visuais regulares uma
vez que a detecção precoce e tratamento (usualmente laser
fotocoagulação) pode reduzir o risco de perda de visão em 90%.

Tracoma: → O Tracoma é a causa mais comum de cegueira infecciosa – é causada


por uma bactéria.
→ Esta condição afecta tipicamente a população pobre com falta de
condições de saneamento, acesso limitado a água potável, e poucos
serviços de saúde.

Oncocercose: → Oncocercose (também designada “doença dos rios”) é causada por um


parasita que penetra no corpo e desencadeia uma forte resposta do
sistema imunitário.
→ Provoca uma variedade de problemas de saúde, inclusive doenças
oculares e cegueira.

O diagrama abaixo mostra as diferentes condições oculares que provocam


cegueira e diminuição de visão. Note que apenas surge a diminuição de visão
causada pela não-correcção do erro refractivo para visão de longe (a
presbiopia não está incluida).

Other, 10.6%
Onchocerciasis, 0.7%
Trachoma, 2.9%
Childhood blindness,
3.2%
Diabetic retinopathy,
3.9% Cataract, 39.1%

Corneal opacities, 4.2%

ARMD, 7.1%

Glaucoma, 10.1%

Uncorrected refractive
errors, 18.2%

Figura 2: Causas globais de cegueira (erro refractivo não corrigido em VP não


1
incluido) e respectiva percentagem, 2004. (Reproduzido de Resnikoff et al)

1
Resnikoff S, Pascolini D, Mariotti SP, Pokharel GP. Global magnitude of visual impairment caused by uncorrected refractive errors in
2004. Bulletin of the World Health Organization. 2008;86(1):63–70.
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CEGUEIRA INFANTIL

As causas de cegueira em crianças não são as mesmas que no adulto. A cegueira infantil nos paises
em desenvolvimento é frequentemente causada por condições evitáveis. O acompanhamento e
tratamento da cegueira infantil deve incluir a participação da família da criança e da comunidade na
qual está inserida.

• A OMS estima que 1.4 milhões de crianças (com idade igual ou inferior a 15 anos) são cegas,
incluindo:
→ 1 Milhão de crianças da Ásia
→ 300,000 crianças de África.

• Meio milhão de crianças tornam-se cegas a cada ano – aproximadamente uma criança por
minuto.

• A maior parte das crianças já nasceu cega ou tornou-se até os 5 anos de idade.

• As causas mais comuns da cegueira infantil são:

→ Opacidades corneais – cicatriz corneal provocada por défice de Vitamina A, sarampo


ou trauma.

→ Cataratas – congénitas (ao nascimento) ou traumáticas

→ Glaucoma – congénito ou traumático

→ Retinopatia do prematuro – afecta alguns bebés prematuros

→ Erro refractivo – usualmente em idade escolar, mas pode ser congénito.

Figura 3: Cicatriz Corneal após trauma

• 40% das causas de cegueira infantil são tratáveis ou evitáveis.

• As opacidades corneais causadas por déficie de Vitamina A e Sarampo são as causas de


cegueira infantil mais evitáveis

• Os erros refractivos não corrigidos são a causa de cegueira infantil mais simples de tratar – um
exame visual e um par de óculos são suficientes. Contudo, o uso de óculos por parte de
crianças pode ser baixo.

→ Causas comuns para a falta de uso de óculos:


− Armações inconfortáveis
− Visão pobre ou astenopia (dores de cabeça ou cansaço ocular) quando usam
os óculos
− Não entendem a necessidade de usar os óculos
− Cosmética (não gostam da aparência com óculos)
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− Pressão social (provocações das outras crianças).

→ O uso dos óculos pode ser aumentado com o apoio dos pais e comunidade educativa.

• A ambliopia é a causa mais comum de diminuição visual monocular (um olho) infantil:

→ A ambliopia ocorre quando o olho da criança não recebe uma imagem nítida,
resultando num sub-desenvolvimento das vias visuais para o cérebro.

→ Os erros refractivos não corrigidos e as cataratas são as principais causas de


ambliopia – estas condições podem geralmente ser tratadas com o uso de óculos ou
cirurgia.

→ A ambliopia apenas pode ser tratada em crianças; os adultos com ambliopia


apresentam uma diminuição de visão permanente.

→ A diminuição de visão monocular é mais significativa em crianças do que em adultos


uma vez que ainda têm um grande número de anos para viver, e mais hipóteses de
desenvolver problemas no outro olho (olho “bom”).

• A diminuição de visão em crianças afecta a leitura, a participação na sala de aula e em


actividades sociais. Tal restringe a sua educação geral e limita as oportunidades futuras de
emprego.

• O tratamento efectivo da cegueira e diminuição de visão infantil requer maior cuidado no


manejo do que a cegueira nos adultos. Isto porque as crianças apresentam maior
predisposição do que os adultos em:

→ Complicações após tratamento, ambliopia inclusive.


→ Pouca complacência com o tratamento.

• A eliminação da cegueira infantil é um desafio porque muitas vezes existe:

→ Falta de consciência dos pais e sociedade acerca da prevenção dos problemas


oculares.

→ Falta de consciência de que a visão das crianças cegas pode muitas vezes ser
melhorada.

→ Dificuldade de acesso aos cuidados oculares incluindo: falta de conhecimento,


distância, custo, medo e recursos limitados.

→ Falta de profissionais da visão treinados para detectar, diagnosticar e tratar problemas


oculares em crianças.

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BARREIRAS PARA PREVENÇÃO E TRATAMENTO
Mesmo quando estão disponíveis serviços, existem várias razões para as pessoas não usá-los. Estas
razões incluem factores práticos, sociais, financeiros e psicológicos.

Acessibilidade e Disponibilidade:
Os serviços de cuidados oculares podem não estar disponíveis numa
área, ou pode não existir prestadores treinados. Se o serviço de cuidados
oculares for muito afastado, as pessoas podem não conseguir dirigir-se até lá.
Problemas de acessibilidade e disponibilidade são comuns em zonas rurais ou
remotas.

Aceitabilidade: Comunidades diferentes esperam e necessitam serviços oculares diferentes.


Uma clínica prestadora de serviços oculares deve adaptar-se e dirigir-se à
comunidade que serve.

Acessibilidade: Os serviços ligados à visão podem apresentar um custo elevado. Os custos


podem incluir as seguintes despesas:
− Consulta por um Especialista da visão
− Tratamento (incluindo óculos)
− Deslocação
− Perda de recursos para continuar o acompanhamento.

Consciência: As pessoas podem desconhecer que o problema ocular pode ser tratado, ou
então temer o tratamento. Outras pessoas aceitam a visão pobre como algo
que faz parte da vida delas e que não pode ser alterada – é particularmente
verdade em pessoas idosas que pensam que a perda de visão é normal pelo
envelhecimento.

Sexo e Idade: Globalmente, existe mais mulheres cegas do que homens, e frequentemente
as mulheres recebem menos tratamento. Os idosos também são mais
propensos a ser cegos e têm dificuldade a aceder ao tratamento. As razões
para esta diferença no acesso ao tratamento incluem as demandas familiares e
as desigualdades existentes em algumas comunidades.

Condições Socio-económicas: Muitas das causas de diminuição de visão evitável está


directamente relacionada com pobreza (incluindo má nutrição, acesso a
água potável e saneamento, escolaridade e acesso a cuidados de saúde).
A diminuição de visão aumenta também o risco de se tornar pobre.

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CUSTO E RESPONSABILIDADE DA CEGUEIRA E DA VISÃO DIMINUIDA

• A diminuição de visão é uma das causas de incapacidade no mundo e afecta as pessoas:

– Fisicamente (incapaz de ver ou mover-se)

– Funcionalmente (incapaz de trabalhar, estudar ou conduzir)

– Socialmente (limita contactos e relações)

– Psicologicamente (aumenta a frustração, tristeza e isolamento)

• Na Austrália, a diminuição de visão tem sido vista como se:

– Duplicasse o risco de quedas (2X)

– Triplicasse o risco de depressão (3X)

– Aumentasse o risco de fracturas da anca de 4X a 8X

– Aumentasse para mais do dobro o risco de morte.

• O custo da cegueira global e baixa visão foi estimado como 42 biliões de dólares americanos
em 2000. A menos que a prevalência da cegueira e baixa visão diminua, prevê-se que o custo
total anual aumente para 110 biliões de dólares até 2020.

• O custo para eliminar a cegueira e diminuição de visão evitáveis no mundo é significantemente


inferior que o custo que terá para as comunidades e países caso não sejam eliminadas.

→ Por cada dólar investido em cuidados oculares e prevenção da perda de visão, há um


retorno de 5 dólares para a comunidade.

• Muitas intervenções oculares são simples e de baixo custo. Os paises desenvolvidos e em


desenvolvimento não podem permitir a perda de visão que seja evitável.

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VISION 2020: DIREITO DA VISÃO

• O objectivo da VISION 2020:

VISION 2020 pretende eliminar as principais causas da cegueira evitável


até ao ano 2020 – dar a todas as pessoas do mundo o direito a visão.

• VISION 2020 foi estabelecida pela OMS em conjunto com International Agency for the
Prevention of Blindness (Agência Internacional de Prevenção da Cegueira)

• A VISION 2020 pretende:


− Proporcionar suporte técnico e profissional para actividades globais de prevenção da
cegueira.
− Trabalhar com Ministérios da saúde, associações profissionais, organizações nacionais e
internacionais não-governamentais e grupos de sociedade civil de forma a criar e introduzir
novos programas de cuidados de visão em todos os países.

• A VISION 2020 baseia-se fundamentalmente nas seguintes três estratégias:


– Controle das doenças;
– Desenvolvimento dos recursos humanos (formação e motivação);
– Desenvolvimento de infra-estruturas (tecnologias, consumíveis e fundos).

Figura 4: O Conceito da VISION 2020 (Fonte: VISION 2020).

• Os princípios de orientação da VISION 2020 são:


→ Integrar-se nos sistemas de saúde ocular existentes.
→ Suster-se em termos financeiros e de outros recursos.
→ Equidade de serviços de saúde disponíveis para todos, e não apenas para os
ricos.
→ Excelência – um alto padrão de cuidados por toda a parte.

Tal forma a sigla: “ISEE” (Tradução: Eu vejo)

• Actualmente, 45 milhões de pessoas no mundo são cegas. Sem uma maior intervenção,
estima-se que o número de cegos será de 76 miliões no ano 2020.

→ Se a iniciativa VISION 2020 for bem sucedida na eliminação das causas de


cegueira evitável até 2020, o número de cegos será limitado aos 24 milhões.

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VISION 2020 prioridades:• Catarata
• Erros refractivos
• Baixa visão
• Tracoma
• Cegueira infantil
• Oncocercose
• Glaucoma
• Retinopatia diabética
• Degeneração Macular Relacionada com a Idade

VISION 2020
Áreas de Foco: • Conscencializar que a cegueira é uma questão de saúde pública
– Governos, comunidades e indivíduos devem considerar a
cegueira como uma questão de saúde pública.
– Educação sobre como prevenir e tratar as causas da cegueira.
– Apoiar as actividades de prevenção da cegueira.

• Criar uma infra-estrutura para gerir o problema


– Assegurar a disponibilidade de instalações de cuidados de
saúde ocular, particularmente em áreas desfavorecidas.
– Desenvolvimento de tecnologias apropriadas para realização de
cirurgias e exames visuais, e produção local de medicamentos
oculares, óculos e dispositivos para baixa visão.

• Formar Especialistas da visão para proporcionar cuidados de


saúde ocular apropriados.
– Melhorar a qualidade de formação a Especialistas da visão.
– Realização de rastreios em escolas e trabalho com
comunidade.
– Fornecer referências a quem necessite de cuidados oculares.
– Formação para identificar e manejar as condições oculares.
– Realização de refração e prescrição de ajudas ópticas.
– Formação especial para o manejo da cegueira infantil.

• Implementação de programas específicos para controlar as


principais causas de cegueira.
Exemplo:
– Iniciativa global Vitamina A → objectivo de eliminar o deficit de
Vitamina A até 2020.
– Iniciativa Sarampo → objectivo de reduzir número de mortes
causadas pelo sarampo até 2020.

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ERRO REFRACTIVO
• Só recentemente é que a OMS reconheceu a não correcção do erro refractivo como a causa
principal de cegueira e visão diminuída. Isto porque a tradicional definição de cegueira
baseava-se na AV com melhor correcção em vez da AV bruta.

• No “World Sight Day” em 2006, a OMS revelou as estatísticas de cegueira e diminuição de


visão:
− Estima-se que 153 miliões de pessoas apresentam diminuição de visão (AV<6/18 no
melhor olho) como resultado de um erro refractivo não corrigido para visão de longe
→ dos quais pelo menos 8 milhões são cegos (AV<3/60 no melhor olho).
− Cerca de 45 milhões de adultos em idade activa e 13 milhões de crianças no mundo
são afectadas por erros de refração não corrigidos.
→ 90% dessas pessoas vivem em países em desenvolvimento

• Estes números da OMS não incluem a diminuição de visão provocada pela presbiopia,
estimando-se que afecta 517 milhões de pessoas com mais de 45 anos.

• Sabemos agora que o erro refractivo não corrigido ou sub-corrigido:


− É uma das principais causas de cegueira e a principal causa de diminuição de visão
no mundo.
− Afecta pessoas de ambos os sexos, assim como todas as faixas etárias e grupos
étnicos
− Pode resultar em perda de escolaridade e oportunidades de emprego, diminuição de
produtividade e qualidade de vida em pessoas saudáveis.
− Requer tratamento simples e de baixo custo – na maioria dos casos, uma consulta e
uns óculos apropriados proporcionam uma solução imediata do problema.
− Das causas de diminuição de visão, é a mais fácil de tratar.

• É portanto uma grande tragédia que milhões de pessoas em todo o mundo, especialmente
nos países em desenvolvimento, apresentem diminuição de visão simplesmente porque
não têm acesso a cuidados primários de saúde ocular e óculos a preços acessíveis.

Figura 5: Número de pessoas afectadas por cegueira e diminuição de visão como resultado de doenças
oculares e erros refractivos não corrigidos.

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ELIMINAÇÃO DA DIMINUIÇÃO DE AV POR ERRO REFRACTIVO

• Proporcionando uns óculos apropriados aqueles que necessitam, reduziríamos a cegueira


global em 25% e a diminuição de AV em 50% aproximadamente.

• A eliminação de erros refractivos não-corrigidos requer:


− Especialistas da Visão que executem refracção.
− Infra-estruturas (uma clínica onde se execute refracção e equipamento necessário)
− Oferta de óculos de qualidade a baixo custo
− Defesa (uma comunidade bem informada e apoio do governo).

Especialistas da Visão formados + Infraestruturas + Óculos a baixo custo + Defesa


= PESSOAS COM BOA VISÃO

Especialistas da Visão formados: A eliminação dos erros refractivos requer especialistas da visão
formados nesta área de forma a efectuar a refração e prescrever os óculos
adequados.

Grande parte dos especialistas da visão vivem e trabalham em países


desenvolvidos – muito poucos desenvolvem o seu trabalho em paises em
desenvolvimento. Os especialistas da visão também se concentram mais em
áreas urbanas.

Os países deveriam ter como objectivo a presença de pelo


menos um especialista da visão por cada 100.000 pessoas até
2010, e aumentar para um para cada 50.000 pessoas até 2020.

Deve existir especialistas de cuidados de saúde ocular formados para


proporcionar um ou mais dos seguintes serviços:
• Rastreios para deteção da presença de um erro refractivo
• Melhor valor refractivo esférico
• Refracção esfero-cilíndrica (para astigmatismo)
• Prescrição e distribuição de óculos
• Reconhecimento da presença de doença ocular que possa levar à
cegueira
• Reencaminhamento do paciente para tratamento quando necessário
• Promoção da saúde ocular

No geral, um prestador de cuidados primários de saúde ocular


sabe diagnosticar e manejar um erro refractivo não corrigido.

Tal significa que especialistas da visão treinados para efectuar


uma refração correcta podem atender 70% ou mais das
necessidades de cuidados da visão numa comunidade.

Um prestador de cuidados primários de saúde ocular deve saber quando


reencaminhar os pacientes que necessitam de maior observação ou
tratamento. Caso o paciente tenha um problema de saúde ocular, deve ser
tratado antes de lhe ser prescrito óculos.
Sempre que possível, o Especialista deve receber formação continua para
manter o seu conhecimento e conhecer novos métodos e equipamento.

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Infraestruturas: A fim de prestar serviços de qualidade, o Especialista da visão precisa de:
• Uma clínica adequada para exames visuais e que proporcione
privacidade aos pacientes caso seja necessário
• Proporcionar o acesso à refração e equipamento adequado
• Um bom stock e boa entrega de óculos
• Locais de referência (uma lista de Especialistas da Visão que forneçam
serviços caso seja necessário mais que a refracção)
• Procedimentos operacionais standard para que a clínica funcione de
forma eficiente

Figura 6: Medição da AV numa clínica de refração.

Distribuição de óculos: A eliminação da diminuição de AV devido a erros refractivos não corrigidos


requer o acesso a óculos novos, de baixo custo e de boa qualidade.

Contudo, em muitos locais no mundo, os óculos são demasiado caros ou não


estão acessíveis a toda a população.

Dependendo da situação, existe vários tipos de óculos que podem ser


prescritos:
• Óculos pré-graduados (pré-montados)
• Óculos à medida
• Óculos doados reciclados (não recomendado).

Óculos pré-graduados
→ Óculos produzidos em massa
− Baixo custo
− Qualidade variável (entregar apenas óculos de qualidade)
→ Conveniente (após a refração, a pessoa pode levar imediatamente os
seus óculos)
→ Proporciona correcção esférica (positiva e negativa) e a mesma
potência em ambos os olhos
− Proporciona boa visão a aproximadamente 75% das pessoas
com dificuldades em VL e à maioria que apresenta presbiopia.
− Não é aconselhável para pessoas com altos erros refractivos,
anisometropias significativas ou astigmatismo.
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Produção de Óculos por medida
→ Feitos em oficinas por técnicos formados para executar a montagem
dos óculos.
→ Corrigem todos os erros refractivos.
→ Proporcionam mais opções de correcção
− Permite às pessoas escolher óculos que melhor se adaptam às
suas necessidades (Exemplos: bifocais e lentes coloridas)
− Proporciona um maior leque de opções na escolha da armação.
→ Com a tecnologia disponível pode-se desenvolver um sistema de
distribuição de óculos sustentável
−Consegue-se geral valor para investir noutros serviços de refracção

Figura 7: Montagem de lentes numa oficina.

Óculos doados reciclados


→ Sem custos efectivos.
→ Dificuldade de emparelhar armações e lentes para pessoas com erros
refractivos específicos e vários formatos de rosto.
→ O controlo de qualidade das armações e lentes é problemático.
− A maior parte das doações é inútil.
→ Conta sempre com constantes doações dos outros países
− Sustentabilidade não é alcançada.
→ O uso de óculos doados não é recomendado.

Os óculos reciclados podem ser vistos como uma prótese


dentária: são feitos especialmente para uma pessoa e
dificilmente podem ser utilizados por outra pessoa.

É difícil encontrar duas pessoas com exactamente o mesmo


erro refractivo e que necessitem do mesmo tamanho de
armação.

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Defesa: Os prestadores de cuidados de saúde e os governos subestimam, no geral, o
impacto dos erros refractivos não corrigidos na comunidade. Daí a advocacia /
defesa ser tão importante. As pessoas necessitam de informação acerca dos
problemas associados aos erros refractivos não corrigidos e o que pode ser
feito para tratá-los.

A defesa para os erros refractivos deveria ter como objectivos:

• Aumentar o conhecimento / consciência da cegueira e diminuição de


AV provocada por erros refractivos.
• Mobilizar recursos para o problema dos erros refractivos
• Aumentar a qualidade dos serviços de saúde ocular
• Promover a iniciativa VISION 2020

As pessoas deveriam ser informadas de quais:

• Grupos de risco e as suas comunidades


• Profissionais de saúde do estado
• Especialistas da visão
• Corporações e industria de cuidados visuais
• Organizações profissionais sem fins lucrativos
• Instituições e agências de donativos

Consciencialização da comunidade:

• É muito importante envolver a comunidade local e educar acerca de


cuidados de saúde ocular.

• Mesmo quando existem serviços de saúde ocular disponíveis, a


população pode não utilizá-los se não reconhecer o seu valor.

• Falar com os líderes da comunidade, pais, professores de forma a


descobrir quais são os problemas visuais mais importantes para as
pessoas.

• Educar a comunidade acerca da importância da visão e dos cuidados


de saúde oculares e dar-lhes a conhecer que muitos dos problemas
oculares podem ser prevenidos e tratados.

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É PARTE DA SOLUÇÃO
• Apesar da distribuição de óculos apropriados ser a forma mais simples e mais barata de
devolver a visão, muitas pessoas continuam cegas ou com diminuição de AV devido a
erros refractivos não corrigidos.

• As razões pelas quais muitas pessoas continuam a viver com erros refractivos não corrigidos
incluem:

- Disponibilidade de serviços inadequada → serviços de saúde ocular insuficientes.

- Recursos humanos inadequados → número insuficiente de Especialistas da visão.

- Tecnologia limitada → métodos de examinação com custo elevado.

- Equipamento inadequado → equipamento inadequado para efectuar refração,


prescrição, montagem e entrega de óculos.

- Infraestruturas inadequadas → clinicas com pouca qualidade limitando a


realização de consultas e entrega de óculos.

- Pouco conhecimento da população pobre → as pessoas na comunidade


desconhecem o que fazer para aceder aos cuidados de saúde ocular.

• Fazemos parte do esforço global para eliminar a cegueira e diminuição de visão evitáveis.

• Podemos oferecer:

− Rastreios em escolas e à população em geral de forma a detectar erros


refractivos e outros problemas oculares
− Consultas (refração) às pessoas que apresentem erros refractivos
− Óculos que sejam aceitáveis a nível cultural, atractivos, confortáveis e
resistentes
− Reencaminhar as pessoas com outros problemas oculares que possam levar à
cegueira ou à diminuição de visão
− Informar e educar a população acerca da visão e saúde ocular.
→ Quais são os servicos disponíveis na comunidade
→ Explicar qual o objectivo destes serviços
→ Quem deveria usar estes serviços
→ Qual a regularidade das consultas da visão
→ Como prevenir problemas de visão ou o que fazer para não piorar.

• De forma a atingir os objectivos da VISION 2020, por todo o mundo pessoas proporcionam
serviços de refração, óculos para corecção, e outros serviços oculares. Você é um destes
indivíduos e é parte da equipa global. Juntos vamos eliminar a cegueira e a diminuição de
visão evitáveis até 2020.

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TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS

1. Defina cegueira e diminuição de visão.


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

2. a) Qual a causa principal de diminuição de visão?


_____________________________________________________________________

b) Qual é o número de pessoas (estimativa) que está afectada por esta condição
(para VL e VP)?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

3. Enumere as barreiras que podem impedir uma pessoa de receber tratamento para um
problema de visão.
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4. Qual o objectivo da iniciativa VISION 2020?


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5. Quais são as principais prioridades da VISION 2020?


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6. Explique brevemente o que é requerido para eliminar a cegueira e visão diminuída


provocadas por erros refractivos não corrigidos.
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CRIAR UM CONSULTÓRIO
DE REFRACÇÃO

PENSA
Uma pessoa dirige-se à nossa Clínica ou Óptica. Para examinar os olhos do paciente é necessário ter
o equipamento correcto e a clínica deverá ser organizada de modo a poder oferecer o melhor serviço
possível.

OBJECTIVO
Esta unidade explica como montar uma clínica de refracção bem organizada e eficiente de modo a
garantir que as pessoas recebem os melhores serviços de cuidados visuais.

RESULTADOS DA APRENDIZAGEM
Após completar esta unidade deverá ser capaz de:

• Descrever e dimensionar as várias áreas necessárias numa clínica de refracção.


• Listar toda a mobília e equipamento necessário numa clínica de refracção.

• Descrever os locais próprios para várias peças do equipamento e a iluminação necessária das
várias áreas.
• Descrever os procedimentos normais numa clínica de refracção.
• Definir uma imagem eficiente e uma disposição própria da clínica.

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CLÍNICA E CONSULTÓRIO DE REFRACÇÃO
Uma Clínica com Consultório de refracção tem vários pressupostos:

• Executar um exame ocular – Cuidados primários de saúde visual


• Executar óculos de qualidade em função das necessidades dos pacientes
• Encaminhar quando necessário os pacientes para outros profissionais de saúde.

CRIAÇÃO DE UMA CLINICA COM CONSULTÓRIO DE REFRACÇÃO


As Salas: Uma clínica de refracção é geralmente constituída por três áreas incluindo:

• Uma sala de espera ou um espaço para as pessoas se sentarem


confortavelmente enquanto esperam pelo seu exame ocular
• Consultório: Local onde o optometrista realiza o exame visual
• Oficina de óptica ocular: área onde os óculos são montados.

Idealmente, o tamanho médio de toda a clínica de refracção, incluindo a sala de


espera e o consultório é 7.5 metros (m) x 4 m. No entanto, estas dimensões
dependem da forma do edifício onde a clínica está localizada.

A oficina pode ser localizada na área do consultório ou na área da sala de


espera.

Sala de Espera: O tamanho deste espaço vai depender do fluxo de pacientes que esperam por
um exame. Se a clínica de refracção é parte de uma clínica maior que já possui
sala de espera, poderá não necessitar da sua própria sala de espera. Se não
existir espaço livre para os pacientes em espera, deverá ser feito um espaço
para eles. A sala de espera deverá ter aproximadamente 3.75 m x 4 m de
tamanho.

A sala de espera tem de estar limpa e arrumada. Os pacientes devem aguardar


pela consulta num ambiente confortável e a informação acerca de exames de
saúde visual bem como das armações e óculos dos quais podem vir a
necessitar, devem ser visíveis para as pessoas enquanto esperam.

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Mobília da Sala de Espera

A mobília sugerida inclui:

• Cadeiras para os pacientes em espera.


• Secretária ou balcão de atendimento com: 1.5 m x 0.8 m.
Em cima dessa secretária deverá estar:
- Um sinal de boas vindas pedindo amavelmente aos
pacientes para aguardar a sua vez de atendimento.
- Informação geral para o paciente ler acerca de erros
refractivos, cuidados básicos de higiene visual e promoção
de outros materiais utilizados em saúde ocular.
- Cartas de registo do exame ocular.
• Duas unidades de exposição fixas na parede.
• Posters de parede com conteúdos promocionais e educacionais
sobre saúde ocular
• Armário de arquivo para as fichas de registo do exame visual
• Computador.

Consultório: Esta sala deverá ser aproximadamente 3.75 m x 6.5 m. Este tamanho permitirá
dispor o equipamento e mobília para trabalhar confortavelmente. A coluna de
refracção deverá estar à frente ou a seguir da nossa cadeira de trabalho de
forma a estarmos de frente para o paciente quando falamos e depois o
observamos. Deve existir espaço suficiente em redor da cadeira do paciente de
forma a movimentarmo-nos facilmente. Ver figura 4 como sugestão de planta.

Equipamento de Consultórios para exames visuais:

O gabinete deve ser limpo, arrumado e idealmente deveria ter o seguinte


equipamento:
• Tabelas de AV de longe (6metros ou 3 mt com recurso a espelho)
• Caixa de Prova – (lentes de ensaio)
• Armação de prova – para crianças e adultos
• Cilindros cruzados de Jackson
• Retinoscópio e Oftalmoscópio (com baterias suplentes)
• Régua da DP´s
• Lâmpada de Fenda com mesa de apoio
• Tonómetro
• Cartas de AV de perto
• Frontofocómetro
• Espelho
• Posters - Dois posters de Anatomia e saúde ocular.
• Lanterna pontual
• Oclusor e Furo Estenopeico
• Pilhas suplentes
• Fichas de pacientes
• Receitas para prescrição
• Receitas para encaminhamento de paciente
• Candeeiro de secretária
• Lavatório com ponto de água quente e fria (para higiene).
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Mobiliário para Consultório:
No consultório deverá existir mobiliário com as seguintes funções:
• Móvel grande, desenhado para:
- Guardar a Caixa de prova, o Retinoscópio, Frontofocómetro, e
cartas de AV de perto.
- 0.5 m x 2 m em forma de L (acompanhando um dos cantos da
parede do gabinete.
- De metal em Inox – fácil de limpar e arrumar.
- Prateleiras de arrumo debaixo da bancada superior
• Cadeira/Coluna de refracção
• Dois bancos com rodas – importantes para o examinador poder
deslocar-se facilmente à volta do paciente.
• Armário pequeno (para guardar sabão, detergentes, toalhas de mãos,
limpas, papel higiénico) colocado debaixo do lavatório.
• Armário de prateleiras, com fechadura 1.8 m x 1 m. Neste armário
podemos guardar as fichas dos pacientes, livros de referência,
consumíveis (ver lista seguinte), dinheiro (num cofre), o stock de lentes,
armações e óculos pré-montados.
• Armário de parede 0.75 m x 0.5 m x 10 cm – para higiene e
consumíveis:
- Luvas
- Algodão /Cotonetes
- Compressas esterilizadas
- Solução salina
- Compressas com álcool
- Toalhetes
- Fluoresceína e outras drogas ( em função das necessidades do
examinador)
- Kit de primeiros socorros

O equipamento e mobiliário devem ser cuidados e mantidos em condições.


Mensalmente devemos avaliar as necessidades de reposição dos consumíveis
ou outro material degradado.

Iluminação

A Iluminação no consultório deve ser ajustável de forma a satisfazer, durante a


consulta, as melhores condições de execução de cada teste

Exemplo: Para medir a AV devemos ter uma boa iluminação principalmente na


tabela de Optotipos. Já para a Retinoscopia a sala deve estar escura embora o
paciente tenha de conseguir visualizar a tabela de AV.

Um pequeno candeeiro de secretária de fácil acesso para ligar ou desligar pode


ser muito útil.

Na presença de uma janela será necessário usar uma Cortina de forma a


bloquear a luz solar, quando necessário.

O consultório deve estar preparado para eliminar reflexos ou luzes exteriores


que prejudiquem o bom funcionamento do exame visual

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Observação de Optotipos de AV - de forma indirecta
Apesar de ser comum usarmos optotipos calibrados para 6 m (infinito para o
olho), podemos, num gabinete de apenas 3,5 m de comprimento usar as
mesmas tabelas recorrendo a um espelho. (Figura 1). A este método
chamamos “método indirecto de AV”. A luz do Optotipo percorre 3 m até ao
espelho e depois, através da reflexão, outros 3 m até ao olho do paciente. Esta
luz percorre assim um total de 6 m desde o Optotipo até ao olho do paciente
como se o gabinete tivesse 6 m de comprimento. (os 0,5m que sobram é a
distância entre a tabela de Optotipos e a cadeira do paciente).

Quando usamos este método indirecto devemos usar tabelas de optotipos


como os “E´s” de Snellen ou tabelas de letras invertidas (Figura 2).

Figure 1: Um espelho permite-nos usar tabelas de Optotipos calibradas para 6m


num gabinete de apenas 3 metros de comprimento. O paciente observará a tabela
como se estivesse a 6 m (3m+3m = 6m)

Figure 2: Tabela de optotipos invertidos.

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A altura e o tamanho do espelho dependerão da posição dos olhos do paciente,
quando o paciente se encontra sentado na cadeira de exame. O Espelho
deverá ter uma altura para que toda a tabela de AV seja visível através dele. O
Espelho deve ter dimensões que permitam a medição da AV a adultos e
crianças.

Tabelas de AV – Observação directa

A refracção directa pode ser feita num consultório de 3.5m ou 6.5m de


comprimento

• Sala com 6.5m:


Nesta condição a cadeira de exame está colocada numa extremidade
da sala e a tabela de optotipos está colocada na outra extremidade, a 6
m de distância. Os 50cm restantes são a distância entre a cadeira e a
parede.

• Sala com 3.5m:


No caso de ter um gabinete com 3,5m e não tendo um espelho para
compensar esta distância, deve usar tabelas de optotipos calibrados
especificamente para a distância de 3 m. A cadeira de exame estará
encostada a uma parede (na verdade a 50 cm desta parede para
possibilitar mobilidade ao examinador), e a tabela de AV deverá estar
fixa na parede da outra extremidade da sala, a 3m.

Nem todas as cartas de optotipos podem ser usadas a 3 m. Devemo-


nos certificar da calibragem de cada carta de Optotipos em relação á
distância para que foram desenhadas.

A maioria das cartas de AV calibradas para 3m requer que adicionemos


-0.25D ao valor final da esfera na avaliação refractiva de longe para
compensar a curta distância de trabalho.

Alguns exemplos de valores refractivos adquiridos com cartas de AV a 3m

1. Estamos a usar cartas de AV calibradas para 3m, e estamos a trabalhar a 3 m


Valores encontrados:
OD: +1.25 D OE: +1.50 / -0.50 x 90.

Para compensar a distância de trabalho (3m) adicionamos -0.25D ao valor final


da esfera em cada olho.

A compensação final do paciente sera: : OD +1.00 D


OE +1.25 / -0.50 x 90.

2. . Valores encontrados:
OD: -2.25 / -1.00 x 180 OE:-3.00 / -0.75 x 20.

Para compensar a distância de trabalho (3m) adicionamos -0.25D ao valor final


da esfera em cada olho: Valor final:
OD: -2.50 / -1.00 x 180
OE:-3.25 / -0.75 x 20.
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Se não tivermos uma tabela de AV calibrada especificamente para 3m,
podemos usar uma calibrada para 6m (mesmo á distância de 3m!)

• O Optotipo com escala 6/60 passa a ser 6/120

• O Optotipo com escala 6/6 passa a ser 6/12

• O Optotipo com escala 6/5 passa a ser 6/10.

Área (sala) de ensaio : Nas clínicas de refracção deve existir uma área dedicada ao ensaio e
reparação (área da dispensa da prótese ocular ou oficina) e escolha do óculo
prescrito. Idealmente este espaço deve estar separado e autónomo do
consultório de exame. Mas se houver limitações de espaço esta área pode ser
combinada com a sala de espera ou mesmo com o gabinete de consulta.

A iluminação deve ser boa de forma a permitir conforto na escolha da melhor


prótese ocular.

Área (sala) de ensaio e Atendimento

Deve incluir o seguinte equipamento e ferramenta:

● Frontofocómetro
• Kit de ferramenta; chaves de parafusos
• Kit de alicates
• Réguas
• Ventilete
• Suporte de ferramenta fixo na parede
• Marcador de acetato (dermatográfica)
• Pupillómetro
• Tabela de lentes progressivas (opcional)
• Medidor de lentes Geneva*
• Mostruário de armações (mínimo de 2)
• Stock inicial de óculos pré-montados
Pilhas / Baterias de reserva
• Reserva de: parafusos, plaquetes, hastes e terminais.
• Computador.

Mobiliário da área de Atendimento


Nesta área devemos ter o seguinte mobiliário:

• Secretária / Mesa (100 cm x 75 cm), onde devem ter o equipamento


• Duas cadeiras, uma para o paciente e outra para o Optometrista ou
Téc. Óptica Ocular. Esta ultima deve ser regulável na altura.
• Mostruário de armações – deve existir um mostruário de óculos pré-
montados.

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Stock na área de Atendimento

Numa clínica onde se faça refracção deve sempre existir um stock de armações
de diferentes estilos, tamanhos e materiais, disponíveis para opção. Deve
também existir uma variedade de óculos pré-montados, de diferentes estilos,
tamanhos e potências.

Devemos ter desde inicio stocks destes materiais e ter o cuidado em controlar
estes stocks de forma a manter um número suficiente de unidades disponíveis.

À medida que se vendem peças do stock inicial devemos repor em número


igual as armações e os óculos pré-montados, mantendo os tamanhos, estilos e
potências anteriormente existentes. Com o tempo vai perceber as tendências
do público que frequente a clínica. Quando perceber quais os produtos que
mais se vendem (os mais populares) deve fazer maior encomenda destes
produtos e menos daqueles com menos dispensa. As clínicas têm normalmente
diferentes necessidades de stock, dependendo da zona e comunidade em que
estão inseridos.

Cada clínica desenvolverá as suas relações com os fornecedores. Deve haver


uma boa relação para que as negociações das encomendas e pagamentos
sejam justas e rápidas, não comprometendo o bom funcionamento da clínica.

A forma mais eficiente de controlar stock é através de um sistema informático.

Computador: O computador permite-nos gravar toda a informação incluindo: Stocks,


Finanças, Vendas e fichas de pacientes. Dando entrada no sistema informático
de todo o stock existente e dando baixa do produto à medida que se dispensa,
será muito fácil controlar stocks e proceder no momento exacto à encomenda
de reposições.

A monitorização e avaliação através do sistema informático facilita o acesso a


todos os dados da clínica de forma rápida e eficiente. Podemos assim analisar
a progressão positiva, o número de pessoas que usa uma dada prescrição ou
tipo de armação, etc. Toda esta formação permite acima de tudo prever e
antecipar mudanças nos procedimentos ou na gestão que sejam necessárias.

No final de cada dia toda a informação deve ser descarregada no computador


conseguindo assim um controlo eficiente de toda a clínica.

No final de cada semana deve ser feito uma cópia de segurança de todos os
conteúdos no sistema informático. Esta cópia deve ser feita num disco rígido,
cartão de memória ou cd externos ao sistema. Garante-se assim que nenhuma
informação é perdida em caso de acidente no sistema. A cópia de segurança
deve ser guardada num local seguro, separado do sistema informático.

Após a introdução de dados no sistema informático, os documentos em papel


não devem ser deitados fora. Devem antes ser arquivados servindo também
como cópia de segurança do sistema.

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Material de papelaria e escritório:

Devemos assegurar a existência de stock suficiente de material consumível


diariamente. À medida que este stock diminui ao longo do mês, devem ser
feitas encomendas que permitam a sua reposição. Não devemos esquecer o
material usado no consultório de forma a não existirem faltas que prejudiquem
o serviço prestado.

Consumíveis de papelaria e escritório:


• Embalagens de guardanapos papel
• Ficha de pacientes
• Papel de carta para referência a outro profissional de saúde
• Blocos de receitas
• Cartões pessoais
• Envelopes
• Papel de impressão e Fax
• Canetas, lápis, marcadores e borracha
Canetas de acetato – dermatográficas
• Réguas
• Clipes
• Agrafador e agrafos
• Bloco de notas
• Fita-cola
• Tesoura
• Lâmpadas suplentes para tecto.

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ICEE Refractive Error Training Package
Encaminh
amento

Aconselh
amento

Óculos
de
Diagnósti
co e
terapêuti
ca
Refracçã L
o e AV

R
DP

Saúde
Visual

AV c/ L
Estenope
ico R
AV perto L
c/ Rx e
s/ Rx

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ICEE Refractive Error Training Package 10
AV L
habitual
ao longe
c/ Rx e
S/ RX R
História
do caso
Saúde
Geral
Historial
familiar
Profissão
/Ocupaç
ão
Queixa
Principal

Nome

M/F

Data

Figura 3: Exemplo de uma ficha registo de dados do paciente.

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ICEE Refractive Error Training Package 11
Planta da Clínica: O tamanho e o desenho da clínica dependerá sempre do espaço disponível. SE
o imóvel já tiver construído então haverá necessidade de adaptar o desenho da
clínica à planta do edifício.

Cadeiras na sala de Espera Consultório

Figura 4: Planta de uma Clínica Ideal.

Sala de Espera Cadeira de Exame Área de trabalho do Clínico

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ICEE Refractive Error Training Package 12
PROCEDIMENTOS STANDART DE OPERACIONAIS

Operacionalidade na Clínica: Para garantir um bom funcionamento na consulta da visão e um


bom serviço aos pacientes, deverão existir regras nos
procedimentos operacionais diários:

• Deverá estar afixado na porta de entrada o horário de abertura e fecho


da clínica.
• O Optometrista deve estar na clínica 15 minutos antes do horário de
abertura, para garantir que tudo esteja pronto para receber pacientes no
horário de abertura.
• Os horários de abertura e encerramento devem ser cumpridos
• A Clínica deve estar limpa e arrumada. Todas as áreas da Clínica
incluindo a sala de espera e o gabinete dos cuidados visuais e casas de
banho (quando existirem), devem estar com elevado nível de higiene e
desinfectadas. Deve haver sabão e toalhas limpas para o uso regular
especialmente para lavar as mãos.
• No final de cada dia, todo o equipamento deve voltar ao seu lugar
próprio.
• No final de cada dia todos os equipamentos devem ser desligados e
cobertos com as capas de protecção.
• No final de cada dia todas as fichas de pacientes devem ser arquivadas
por ordem alfabética.
• No final de cada dia todos os documentos devem ser arrumados em
capas de arquivo
• No final de cada semana, deve ser avaliado a condição dos stocks e
repor ou encomendar o material em falta.
• Em todas as vendas de óculos devemos entregar um recibo de
confirmação de pagamento. Deve sempre ficar uma cópia do mesmo no
livro de recibos, na clínica.
• Na caixa registadora existirá um valor de dinheiro que servirá como
fundo de maneio para troco nos pagamentos dos óculos e para as
compras dos consumíveis. No final do dia todo o valor realizado deve
ser retirado da caixa e colocado num cofre, ficando na caixa registadora
apenas o fundo de maneio.

Higiene: A higiene deve ser uma das prioridades na gestão da clínica. Uma clínica de
cuidados de saúde visual é uma clínica de saúde. Por isso é fundamental
preservar a higiene evitando contaminação das pessoas que a frequentam,
sejam trabalhadores na clínica, ou pacientes.

Nas regras estabelecidas temos:


• Todos os profissionais da visão devem vestir roupa limpa e adequada á
sua prática clínica. As unhas devem apresentar-se curtas e limpas e
deverão apresentar-se sempre calçados de forma adequada.
• Todos os profissionais da visão devem lavar as mãos com sabão anti-
séptico, e secar bem as mãos com uma toalha de papel descartável,
antes de examinar um paciente
• O equipamento que contacta com o corpo do paciente deve ser
passado por álcool antes de iniciar a consulta.

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ICEE Refractive Error Training Package 13
• Todo o lixo proveniente da clínica deve ser colocado num caixote do lixo
próprio e fechado - Todos os caixotes de lixo devem ser forrados com
um saco de plástico que no fim de cada dia é retirado, fechado e
deitado no lixo existente na rua.

LISTA DE EQUIPAMENTOS

Sala de Espera Consultório Área de Dispensa


Mobiliário 4 cadeiras Espaço na bancada Secretária
Balcão de Recepção Uma cadeira Duas cadeiras
Mostruário para Armações Duas cadeiras com rodas Uma cadeira regulável em altura
Posters / brochuras de olhos Lavatório Expositores de armações
Arquivo para ficha de pacientes Armário produtos higiene
Estante / espaço para arrumação
Armário com lavatório
Equipamento Cartões de registo do paciente Carta de AV de longe Frontofocómetro
Computador Caixa de prova Kit de chaves de parafusos e porcas
Óculo de prova Kit de Alicates
Cilindros Cruzados de
Jackson Régua
Retinoscopio / Oftalmoscopio Ventilete
Régua para medir DP Régua de DP
Lâmpada de fenda Estrutura de ferramenta de parede
Tonómetro Canetas de Acetato
Tabelas de AV de perto Pupilómetro
Frontofocómetro Medidor de Lentes Geneva*
Espelho
Posters do olho Stock de plaquetes e parafusos
Lanterna Pontual Baterias /Pilhas
Oclusor / Estenopeico Acessórios de armações
Pilhas Computador
Fichas de exame
Receitas de prescrição
Folhas de encaminhamento
Candeeiro de secretária
Stock de
Folhas de papel branco Luvas
Papelaria e
Higiene Fichas de registo de consultas Algodão / cotonetes
Formulários de reposição de stock Compressas esterilizadas
Formulário de prescrição Solução Salina
Cartões-de-visita Compressas com álcool

Envelopes Toalhetes
Papel para imprimir Fluoresceína e outras drogas
Canetas, lápis, canetas de acetato Kit de primeiros socorros
Marcadores e borrachas
Réguas
Clipes
Agrafador e agrafos
Bloco de notas
Fita-cola
Tesoura
Lâmpadas para o tecto

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ICEE Refractive Error Training Package 14
TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS

1. Quais são os três principais espaços num consultório de refracção?

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2. Qual é o tamanho ideal da sala de espera e da sala de refracção?

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3. Que tipo de iluminação é necessário para o consultório?

____________________________________________________________________________

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4. Descreva o que entende por carta de AV indirecta? O que é necessário nesta


configuração?

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5. Descreva o processo de manutenção de stock da clínica.

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6. Liste cinco diferentes procedimentos standard de operacionais na clínica.


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7. Por que é que é importante ter uma boa higiene no consultório de refracção?

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ICEE Refractive Error Training Package 15
GESTÃO DE UMA CLÍNICA
PARA OS SERVIÇOS DE
REFRACÇÃO
OBJECTIVO

Esta unidade vai-nos ensinar a gerir o stock e fluxo de caixa numa óptica.

RESULTADOS A OBTER
Depois de trabalhar com esta unidade, deve ser capaz de:

• registar e manter o stock de óculos, armações, lentes e material de papelaria

• manter registo de todas as vendas (óculos vendidos)

• manter os óculos em ordem assim como as armações e as lentes

• manter o material de papelaria em ordem assim como outros bens necessários para manter a
eficácia da óptica

• passar recibos das quantias recebidas

• manter registos precisos das quantias recebidas em dinheiro

• executar os procedimentos bancários.

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ICEE Refractive Error Training Package - MANUAL DE ESTUDO • 1
STOCK E INVENTÁRIO
Stock e inventário são palavras diferentes que significam a mesma coisa. Quando nos referimos ao
stock ou inventário, queremos dizer tudo o que está na óptica ou vendido e precisa de ser
reabastecido. Uma óptica pode ter:

• óculos pré-montados

• armações e lentes

• referências e blocos de receitas

• cartões de registo das consultas

• artigos de papelaria

• consumíveis e peças de equipamentos


Exemplos: – tiras de fluoresceína
– capas protectoras para equipamentos

• Peças de distribuição, tais como parafusos

• Ajudas de baixa visão (quando aplicável).

STOCK INICIAL E STOCK COMUM


“Stock inicial” ou lista de stock original do que está na óptica. Isto pode ser feito quando:

• abrir uma nova óptica

• encomendar o primeiro lote de stock, ou

• quando se abre uma óptica que já possui stock.

Quanto ao stock inicial dos óculos pré-montados e armações, deve ser com uma ampla gama de
estilos para que possa atender á maioria das pessoas.

“Stock comum” é o stock que é preferido pelas pessoas da área local. Depois de ter trabalhado numa
área especifica por algum tempo, terá uma ideia do que precisa para atender ás preferências da
população local e as suas necessidades.

Isto inclui:
• potências das lentes ou óculos pré-montados que mais usam
• Estilos de armações que mais se usam na sua área.

Em diferentes áreas, certos estilos de armações serão mais populares que outros. Quando sabe qual o
estilo mais usado, deve ter mais stock desse estilo. Além disso, algumas potências de lentes vão ser
mais usadas do que outras, assim sendo deve abastecer o seu stock com mais lentes das potências
mais comuns e menos lentes com as potências menos comuns. Estas lentes são referidas como
“lentes de stock”.

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ICEE Refractive Error Training Package - MANUAL DE ESTUDO • 2
ENCOMENDA DE STOCK
Geralmente, o stock deve ser reordenado uma vez por mês. Para se certificar que não fica sem stock
durante o mês, é importante que o planeie com cuidado.

Balanço do Stock: Ao pedir stock, necessita de saber a quantidade de cada produto a pedir. Isto é
feito através de um “balanço de stock”. Um balanço de stock é uma contagem
de todos os inventários da óptica. O balanço deverá ocorrer no último dia útil de
cada mês. Isto dar-lhe-á o cálculo mais preciso de quanto stock você usou no
mês passado e ajuda-o a calcular o quanto vai precisar para o próximo mês.
Depois de estar a trabalhar há vários meses na óptica, vai ser mais fácil estimar
o material necessário para cada mês.

Encomendas: Encomendas para novo stock devem ser feitas no mesmo dia do balanço de
stock. Depois de saber o que ainda tem, pode decidir o quanto necessita para o
próximo mês. Deve escrever as encomendas no “livro de encomendas”.

Para encomendar o material que precisa deve preencher um formulário de


pedidos para stock e enviar por fax, e-mail, correio ou telefone para os seus
fornecedores. Deve considerar o tempo que o material vai demorar a ser
enviado – se estiver localizado numa área rural ou remota, pode demorar mais
do que uma semana a receber o material.

É importante não ter muitas armações do mesmo estilo e potências de lentes


em stock. Ás vezes é mais fácil encomendar no fim do stock.

Livro de
Encomendas: Todas as encomendas de stock devem ser escritas num “livro de pedidos”, ou
gravadas no computador, se disponível. Esta é a melhor maneira de observar
os movimentos de stock. Cada página é dividida ao meio com “encomenda
feita” e na outra metade “encomenda recebida”. Todas as colunas no livro de
encomendas devem ser preenchidas (ver Tabela 1).

O livro de pedidos ou ficheiro informático deve ser sempre utilizado em conjunto


com a “folha de stock mensal de vendas” (ver Tabela 2). Esta folha mantém o
registo mensal de vendas de óculos. As encomendas podem ser facilmente
calculadas a partir desta folha, mostra-lhe o óculo e o estilo mais popular e mais
vendido.

Tabela 1: Exemplo do livro de encomendas.


Encomendas Feitas Encomendas Recebidas
Data Item Código Quantidade Companhia Recebido Item Código Quantidade Factura
Nº. Data Nº. Nº.
29/02/08 Specs 66213 3 Mirisol 04/03/08 Specs 66213 3 63
29/02/08 Specs 66452 2 Mirisol 04/03/08 Specs 66452 2 63
29/02/08 Prescription 212 2 Hallmark 05/03/08 Prescription pads 212 2 274
pads
29/02/08 Referral pad 286 1 Hallmark 05/03/08 Referral pad 286 1 274
29/02/08 Globes for 11274 1 box SunSun 06/03/08 Globes for 11274 1 box 23
retinoscope retinoscope

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MANUTENÇÃO DE REGISTOS
Manutenção de registos é uma parte muito importante da gestão de uma óptica com eficácia. Registos
precisos e consistentes é a melhor maneira de saber a:
• Quantidade de Stock que tem
• Quantidade de stock que precisa
• Quantidade de stock que não precisa.

Devem ser mantidos registos de todas as vendas e movimentos de stock numa base diária, semanal
ou mensal. Todas as vendas devem ser registadas no “livro de vendas” e todas as encomendas no
“livro de encomendas” anual. Se tiver um computador disponível, poderá também usar para registar as
vendas e as encomendas.

Registos em papel solto de todas as vendas e encomendas devem ser mantidos na pasta apropriada
mensalmente e arquivada no arquivo correcto anual. Por exemplo, todas as vendas e encomendas
para Fevereiro de 2010 devem ser colocadas na pasta de Fevereiro e colocada no arquivo de 2010.

Diária: • Todos os movimentos de stock, incluindo vendas e encomendas, devem ser


registados no livro de “vendas de óculos” e/ou “encomendas” (ou no
computador) no momento da venda ou da encomenda.

• Encaminhamentos adicionais e as prescrições devem ser registados no livro de


encomendas (ou computador) para que possa fazer a encomenda.

• Os recibos devem ser passados no momento da compra, de todos os óculos.

Semanal: • Todas as vendas devem ser registadas para que possamos ver no final de cada
semana o que foi vendido.
• Todos os movimentos bancários devem ser registados no livro “bancário” no
momento da operação.
• O registo bancário deve ser feito todos os dias da semana.

Mensal: • Se precisar de mais stock para o próximo mês deve ficar registado e datado no
“livro de encomendas” ou no computador. As encomendas podem ser feitas
somente após este registo ser feito.

• Todas as encomendas recebidas devem ser marcadas no “livro de encomenda”


ou no arquivo do computador para se certificar que tudo chegou.

• Marcar o número de vendas em “contagem” na folha mensal de vendas de


stock (Tabela 2), como o estilo da armação.

Tabela 2: Exemplo da folha mensal de vendas.


MARÇO 2009 TOTAL
Potência +1.50 +1.50 +1.50 +1.50 +2.50 +2.50 +2.50 +2.50 +3.50 +3.50 +3.50 +3.50
Estilo A B C D A B C D A B C D
Nº armações
10 8 6 4 12 10 8 7 8 6 6 3 88
Na loja
Nº armações
vendidas
contagem

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LIVRO DE VENDAS DE ÓCULOS
Todas as vendas precisam de ser registadas num livro de vendas de óculos, ou num programa
especial no computador, se tiver disponível. Este livro (ou arquivo informático) ajuda a manter o
controlo de todos os óculos que você tem na óptica e os que vendeu. Esta é uma maneira fácil de
manter um relato preciso do caixa na óptica.

Precisa de gravar: • Data da venda


• Nome dos óculos / código
• Cor dos óculos
• Potência dos óculos
• Preço
• Valor pago
• Número do Recibo
• Nome do optometrista.

LIVRO DE RECIBOS
Sempre que alguém faz uma compra, deve ser passado um recibo e dado á pessoa. Os recibos devem
ser dados por qualquer compra que seja feita, por isso, sempre que vender um par de óculos deve
fornecer um recibo. É importante que mantenha uma cópia do recibo para os registos da óptica.

Os recibos também podem ser usados como prova de que a pessoa comprou e possui os óculos e de
que a óptica recebeu o dinheiro. Isto é especialmente importante quando só recebe uma parte do
pagamento e necessita de confirmar o valor final dos óculos.

Como escrever um
recibo: Quando a pessoa compra um par de óculos, pega o dinheiro e passa o recibo
com a quantia exacta do dinheiro que recebeu.

→ Se a pessoa paga apenas parte do montante e deseja pagar o resto na


semana seguinte, deve passar o recibo com o que foi pago. Quando a
pessoa paga o restante na semana seguinte, deve passar outro recibo.
A quantidade de dinheiro escrito no recibo deve ser exactamente a
mesma quantidade que recebeu.

Se uma pessoa faz um pagamento parcial de um par de óculos e deseja pagar


o resto mais tarde, esta só pode levantar o óculo quando este estiver totalmente
pago.

→ Dê o recibo original á pessoa que lhe pagou.


→ Mantenha uma cópia do recibo no seu livro de recibos para os arquivos.

Cada recibo é numerado. Deve registar o número de cada venda.

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Um recibo deve ter as seguintes informações:

• Data do dinheiro recebido


• Nome completo da pessoa que pagou
• Potência e estilo dos óculos
• Quantidade de dinheiro por extenso seguido da palavra “apenas”
• Quantidade de dinheiro em números
• Nome da pessoa que recebeu o dinheiro e escreveu o recibo.

Exemplo:
Data: 14/10/2009 Nome: Mrs B. Seegood
Estilo dos óculos: PrettyFace – Modelo 87-4, Gold, Tamanho 50-14
Potência dos óculos: OD +3.25 D OE +3.00 D
Valor pago (por extenso): Cinquenta e quarto dólares apenas.
Valor pago (em números): $54.00
Recibo nº : 987 Recebido por: Isabelle See (Optometrista)

Depois de ter recebido o dinheiro para os óculos e de ter dado á pessoa o


recibo, precisa de registar as informações da venda no livro de vendas de
óculos e incluir também o número do recibo no registo.

BANCOS
Todo o dinheiro recebido deve ser depositado no banco. O depósito bancário deve ser feito pelo
menos uma vez por semana e, de preferência sempre no mesmo dia da semana. Isto irá ajudá-lo a
planear os seus dias e semanas para que certas responsabilidades sejam concluídas a cada dia. Isto
também irá ajudá-lo a manter um ambiente de trabalho bem organizado.

Lembre-se de manter algum “FLOAT” dinheiro na caixa. Este dinheiro serve para fazer os trocos às
pessoas. Este dinheiro de caixa nunca é depositado e a mesma quantia deve ser mantida na caixa a
cada semana. É bom que seja sempre a mesma quantia para que possa calcular exactamente quanto
dinheiro recebeu e saber a quantia exacta que precisa para depositar no banco.

Contabilidade
Bancária: Deve registar todo o dinheiro depositado no banco por escrito e detalhado num
livro de “contabilidade bancária”. Mesmo que o seu livro de depósito bancário
mostre todas a transacções bancárias, esta é a melhor maneira para você
manter o controlo do seu próprio banco. Pode então verificar a quantidade de
vendas, as receitas que prescreveu e o dinheiro que recebeu. Se o dinheiro
está a faltar e fácil de verificar.

Na contabilidade bancária deve incluir as seguintes informações:

• Data do depósito

• Quantidade de dinheiro depositado

• Breve descrição do dinheiro (geralmente isto será para compra de


óculos, MAS pode haver uma compra ou pagamento anormal que a

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pessoa tenha feito). Quantidades em massa deve ser descrito ao lado
das diferentes compras.

• Nome e assinatura da pessoa que está a apontar a quantia do dinheiro.

Exemplo:
Data Valor
Descrição Nome Assinatura
Bancária Depositado
Total de vendas de óculos: $70
Total low vision aids sold: $85
12/09/09 $165.00 Isabelle See
Total de acessórios de óculos
vendidos: $10

FACTURAS E CONTAS
Facturas: Todas as ópticas recebem facturas que devem ser pagas para continuar com
os serviços. As contas dos diferentes serviços variam para cada óptica, uma
vez que depende de onde estão localizadas. As contas podem ser dos serviços,
tais como:

• Electricidade
• Água
• Renda
• Linha de telefone/fax
• Ligação á Internet.

Pagamento de contas dos serviços pode variar conforme a localização da


óptica. Se a óptica está localizada num hospital ou centro de saúde, muitos
desses serviços podem ser prestados pelo hospital ou clínica de saúde. No
entanto, se a óptica está situada em instalações próprias, todos os serviços
terão de ser pagos pela óptica.

Contas: Uma conta nem sempre é uma conta bancária. Uma conta também pode ser
aberta com uma empresa que fornece o stock para a óptica.

Exemplo: o fornecedor dos óculos pré-montados vai fazer um contrato com a


sua óptica e quando esta necessitar de óculos pré-montados não vai precisar
de pagar imediatamente. O fornecedor irá enviar-lhe uma conta com o seu
pedido. Ser-lhe-á dado um prazo para efectuar o pagamento (geralmente 14 ou
30 dias). Depois de ter estabelecido uma boa relação de trabalho com os seus
fornecedores, muitas vezes poderá negociar o prazo de pagamento como mais
lhe convier.

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Pagamento de
facturas e contas: Cada factura e conta irá mostrar-lhe uma “data de vencimento”. Esta é a última
data que pode pagar a sua conta.

É importante que todas as contas sejam pagas na data do vencimento. Deve


manter o controlo de todos os pagamentos a serem feitos – o que é mais fácil
de fazer se estiver tudo devidamente organizado.

Pagar: A maneira de manter o controlo dos pagamentos é ter uma gaveta de facturas e
contas denominada “Pagar”. Deve destacar com um círculo a data de
vencimento em cada factura e conta e coloca-las na gaveta por data de
vencimento. Todos os dias deve ter atenção á gaveta e ver se há alguma conta
a pagar.

Facturas e
contas pagas: Uma vez que as facturas e as contas estejam pagas, devem ser arrumadas no
arquivo do fornecedor correspondente. Deve manter uma cópia de cada
pagamento para registos da óptica como prova.

DEPÓSITOS
Uma óptica bem organizada tem um bom sistema de arquivo.

Um armário de arquivo é o melhor lugar para armazenar os seus arquivos. Deve ter um arquivo para
cada:

• mês
• fornecedor
• fornecedor de serviços (Exemplos: electricidade, água, telefone/fax, renda, serviço de Internet).

Todos os arquivos de cada ano podem ser mantidos numa pasta maior que é rotulada com a data do
mesmo ano.

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TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS

1. Qual é a diferença entre o “stock inicial” e o “stock comum”?


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2. Imagine que é o última dia do mês e necessita de pedir material para stock. O que deve
fazer?
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3. A Sra. Garden encomendou uns óculos.


Ela encomendou uma armação nova Priceline: Modelo número – 8765
Cor – Rosa
Tamanho – 47-18
Com estas lentes: OD +2.25 D OE +2.50 D
O custo destes óculos novos é: $100
Ela pagou: $80
Ela diz-lhe que vai pagar o que falta quando vier levantar o óculo.

Escreva um recibo para a Sra. Garden:

Data: Nome:

Estilo dos óculos:

Potência dos óculos:

Valor pago (por extenso):

Valor pago (por números):

Recibo Número: 3456 Recebido por:

4. Qual é o dinheiro “float”?


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