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Memória e Oralidade

CURSO ORIKIS – PET


DIVERSIDADE UFRJ,
2016.
LUA NASCIMENTO – LUANDA MAAT
CIENTISTA SOCIAL (PUC-Rio)
EX-MESTRANDA DO PROGRAMA DE POLÍTICAS PÚBLICAS, ESTRATÉGIAS
E DESENVOLVIMENTO DO INSTITUTO DE ECONOMIA DA UFRJ
PESQUISADORA INDEPENDENTE DE AFROCENTRICIDADE e
MULHERISMO AFRICANA
CONCEITO DE CULTURA

• Cultura como sistema imunológico de um povo (Llaila Afrika)


• Cultura como comportamentos mentais e motores (Frantz Fanon)
“O colonizado, negado em sua humanidade genérica, é reduzido ao estatuto de
Negro, entendido como o Outro : o específico, sempre contraposto ao Europeu
afirmado como expressão do ser humano universal. É possível pensar música
indígena, cabelo afro, cosmovisão africana, cultura negra, mas nunca em música
branca, cultura branca. O branco, a cultura branca, ou ocidental, ganham staus de
universalidade e não precisam ser especificadas. Uma pessoa considerada culta é
alguém que domina a “norma culta” : a saber, alguém que detém os conhecimentos
referentes à cultura europeia, sejam eles estéticos, filosóficos ou teóricos.” ( NKOSI,
Deivinson. Colonialismo, Racismo e Luta de Classes : A Atualidade de Frantz Fanon)
Unidade cultural AFRAKANA i
• CONCEITO DE AFRAKA

AF = CARNE; RA= SOL/ENERGIA VITAL; KA= ALMA em Medu Neter (Hierógligfos) .


FONTE : Sacred Woman – A Guide to Healing the Feminine Body, Mind, and Spirit.
AFUA, Queen.

• CONCEITO DE UNIDADE CULTURAL AFRAKANA


A Teoria dos Dois Berços da Civilização e o estabelecimento do matriarcado
como marca cultural da organização societal dos povos africanos continentais
e diaspóricos.

• Precurssora do Paradigma da Afrocentricidade


Unidade cultural AFRAKANA II
“West Africa legends report that Blacks migrated from the east, from the region of the Great Water [...]
From what we know about archeology of South Africa, where humanity seems to have been born; from
what we know about Nubian civilization, probably the oldest of all; from what we know about the
prehistory of the Nile Valley, we can legitimately assume that the “Great Water” is none other than the
Nile Valley. No matter where we collect legends on the genesis of a Black African people, those who
still remember their origins say they came from the east and that their forebears found Pygmies in the
country. Dogon and Yoruba legends report that they came from east, while those of the Fang, who as
recently as the nineteenth century had not yet reached the Atlantic coast, indicate the northeast.
Bakuba legends list the north as their province. For people living south the Nile, traditions suggest that
they came from the north; this is true of the Batutsi of Rwanda-Urundi. When the first sailors to reach
South Africa disembarked at the Cape several centuries ago; the Zulu, after a north-south migration,
had not yet reached the tip of the Cape.

This hypothesis squares with the fact that the traditions of Blacks in the Nile Valley mention only local
origin. Throughout Antiquity, Nubians and Ethiopians never claimed any other, unless it were one
farther south. This summarizes the ancient legends as reported by d’ Avezac.” (Diop, Cheikh Anta.
THE AFRICAN ORIGIN OF CIVILIZATION : Myth or Reality. Chicago, Illinois, Lawrence Hills Books,
1974 : página 180)
Unidade cultural AFRAKANA iii

“Abundant proof of intimate connection between the ancient Egyptians and the Yoruba
may be produced under this head. Most of the principal gods were well known, at one
time, to the Yoruba. Among these gods are Osiris, Isis, Horus,Shu, Sut,Thot,Khepera,
Amon, Anu, Khonsu, Khnum, Khopri, Hathor, Sokaris, Ra, Seb, the four elemental
deities, and others. Most of the gods survive in name or in attributes or in both.” (p.21)
(Apud Diop, Cheikh Anta. THE AFRICAN ORIGIN OF CIVILIZATION : Myth or Reality.
Chicago, Illinois, Lawrence Hills Books, 1974 : página 185)
AFROCENTRICIDADE
“A Afrocentricidade emergiu como processo de conscientização política de um povo que
existia à margem da educação, da arte, da ciência, da economia, da comunicação e da
tecnologia (aqui adicionaria a medicina e a saúde*) tal como definidas pelos
eurocêntricos. Se bem sucedido o processo de recentralizar esse povo criaria uma
nova realidade e abriria um novo capítulo na libertação da mente dos africanos. Era
essa a esperança quando publiquei Afrocentricidade em 1980. O objetivo era desferir
um golpe na falta de consciência – não a falta de consciência apenas da opressão que
sofremos, mas também das vitórias possíveis. Seria concebível analisar relações
humanas, interações multiculturais, textos, fenômenos e eventos, bem como a
libertação africana, da perspectiva de uma nova orientação para os fatos. [...]A idéia de
conscientização está no centro da afrocentricidade por ser o que a torna diferente da
africanidade. Pode-se praticar os usos e costumes africanos sem por isso ser
afrocêntrico. Afrocentricidade é a conscientização sobre a agência dos povos
africanos. Essa é a chave para a reorientação e a recentralização, de modo que a
pessoa possa atuar como agente e não como vítima ou dependente.”
(ASANTE, Molefi Kete. Afrocentricidade : Notas sobre uma Posição Disciplinar. In :
Afrocentricidade. Uma Abordagem epistemológica inovadora)
*Grifo meu
O conceito de localização no
paradigma da afrocentricidade
“ ‘Localização’, no sentido afrocêntrico, refere-se ao lugar psicológico, cultural,
histórico ou individual ocupado por uma pessoa em dado momento da história.
Assim, estar em uma localização é estar fincado, temporária ou permanentemente,
em determinado espaço. Quando o afrocentrista afirma ser necessário descobrir a
localização de alguém, refere-se a saber s essa pessoa está em um lugar central ou
marginal com respeito à sua cultura. Uma pessoa oprimida esta deslocada quando
opera de uma localização centrada nas experiências do opressor. Como percebeu
Memmi, uma vez que o colonizado está fora do quadro ele “não é mais sujeito da
história” (Memmi, 1991, p.92). Evidentemente , o objetivo do afrocentrista é manter o
africano dentro, e no centro de sua própria história.”
(ASANTE, Molefi Kete. Afrocentricidade : Notas sobre uma Posição Disciplinar. In :
Afrocentricidade. Uma Abordagem epistemológica inovadora)
A DISCIPLINARIZAÇÃO AFROCÊNTRICA : A
CONSTRUÇÃO DA AFRICOLOGIA I

A contribuição mais significativa da Africologia é que ela tem impactado todas as


ciências sociais de maneiras que as mudaram para sempre. É por causa de nós que
os sociólogos não usam a linguagem de privação, em desvantagem, e minoria na sua
melhor literatura. É por causa dela que os historiadores estão dispostos a ver vidas
negras como criticamente importantes para uma compreensão completa da sociedade
americana. Eles nãousam os termos Bushman (bosquímanos), Hotentotes, Pigmeus,
tribos e primitivos, tanto quanto eles costumavam antes de 1980. Com efeito, nós
mudamos a linguagem das ciências sociais e reinventamos o discurso sobre o povo
africano. Nós nos tornamos agentes em nossa própria história. (ASANTE, 2008 : 3 e 4)
A DISCIPLINARIZAÇÃO AFROCÊNTRICA :
A CONSTRUÇÃO DA AFRICOLOGIA II
“An Afrocentric Manifesto” (Um Manifesto Afrocêntrico) foi publicado pela Polity Press, na
Inglaterra. Seu objetivo era mostrar como a Afrocentricidade evoluiu desde
1980, quando publiquei o primeiro livro, “Afrocentricity” (Afrocentricidade). Minha intenção era
identificar questões críticas que confrontam a teoria, isto é, a metateoria da
Afrocentricidade. Então eu precisava para discutir a idéia conceitual da Afrocentricidade,
colocá-la em seu próprio contexto histórico e filosófico dentro do pensamento Africano,
demonstrar como ela opera em relação ao discurso pedagógico, sociolingüístico, histórico,
multicultural, e de gênero.
Isto significava que eu tinha de examinar uma série de idéias em torno da construção da
Afrocentricidade, a fim de anunciar um manifesto humano. Mas eu prestei atenção aos
argumentos a favor e contra a Afrocentricidade. É importante salientar que destaquei teóricos
afrocêntricos contemporâneos como Ama Mazama e Maulana Karenga, que têm
desenvolvido as dimensões filosóficas e paradigmáticas da ideia. No final o que o manifesto
Africano destinava-se a fornecer um argumento nítido, coerente e convincente para
uma reconceituação da forma como Africanos se vêem e a maneira como outros têm
visto os Africanos. (ASANTE, 2008: 2)
ETNOGRAFIA REVERSA I
Grovogui explora a etnografía reversa para criticar o
humanismo europeu . Para ele, é necessário questionar o
universalismo do humanismo, não para negá-lo ou rejeitá-lo, mas para
resgatá-lo e corrigi-lo. De acordo com ele, o pós-colonialismo não é
tanto uma crítica ao humanismo quanto uma tentativa de torná-lo
universal. É nesse sentido que ele usa a etnografia reversa: são os
ex-colonizados que passam a usar estratégias das ex-metrópoles para
estudar e “consertar” os desacertos das antigas metrópoles. Ou seja, a
etnografia reversa é o estudo etnográfico do Ocidente nos moldes
que o Ocidente usou para estudar suas ex-colônias3 . Para ele, esse
é o melhor caminho para estabelecer um humanismo verdadeiramente
universal. (NOGUEIRA, João Pontes e MISSARI, Nizar. Teoria das
relações internacionais : correntes e debates. Rio de Janeiro : Elsevier,
2005 APUD NASCIMENTO, 2016 : 3)
ETNOGRAFIA REVERSA II
“ Logo vemos como deveríamos antes de mais nada inverter a lógica narrativa da inclusão ou
aceitação social das camadas populares, não à toa coincidentes com os descendentes de
povos africanos e indígenas no Brasil, ao sistema vigente que soa como o antigo discurso
historiográfico vencedor da salvação dos selvagens e bárbarosindígenas e africanos pelas
benfeitorias da civilização humana suprema, a européia colonizadora : “o fardo do homem
branco.” Mas de que civilização e de que civilidade estamos falando quandoretro-
alimentamos o “mito do selvagem” em novas linguagens e abordagens “humanistas” de
inclusão e aceitação do “diferente”? Uma breve visita à Idade Média Européia nos faz revirar
o estômago com as técnicas punitivas de “servos” e “despossuídos” ou simplesmente
“condenados” , com relatos que vão desde enforcamentos e esmagamentos capitais em
praça pública até o partimento ao meio dos corpos dos “julgados” por técnicas de serragem
como podemos conferir até mesmo em revistas de tiragem popular nos dias de hoje4, falta
de conhecimentos básicos de higiene e medicina que condenaram grande parte da
população europeia desta época a morte por epidemias agressivas como a da peste
bubônica e uma generalizada ausência de produção do conhecimento e letramento da
ETNOGRAFIA REVERSA III
Autores “insiders” europeus à exemplo de Michel Foucault na obra “Em Defesa da Sociedade” irão relatar
as disputas de clãs e grupos nomádicos proto europeus explicitamente racializadas como fundacionais
na formação política e social de povos centrais na constituição moderna da chamada Europa Ocidental
como França (francos x gauleses)e Inglaterra (saxões x germânicos e visigodos) que vieram a impor um
certo modelo societal internacional a partir das “Grandes Navegações” instauradas pelos ibéricos
(Portugueses e Espanhóis) mas rapidamente suplantadas pela grande roda da fortunada acumulação
primitiva de capital atrelada à desapropriação rural e ao desenvolvimento mecanicista industrial dos
nascentes burgos5 e seus poderosos comerciantes internamente e a exploração do mercado
escravagista e do roubo de ouro e outras riquezas naturais colonizadas via dívidas das “nações pioneiras
mercantilistas”, externamente. Situação dominada sobremaneira por estas outras duas nações (França e
Inglaterra) acompanhadas das demais daquele pequeno continente cujo nome é oriundo ironicamente de
uma “deusa” fenícia (um povo com raízes e ascendência melanodérmica e africana) que começaram a
entender a importância estratégica de se imporem como um bloco contra as demais civilizações deveras
mais antigas e estabelecidas na face da Terra sob a égide de um outro modo adversário ao seu, de vida.
Por aí consegue-se compreender a importância de pesquisarmos como ponto de partida o modo de vida
a-coloniais dos nossos ancestrais para numa análise histórica comparativa entendermos qual seria a
nossa perspectiva de Humanidade. (NASCIMENTO, 2016 : 4)
HISTÓRIA DA ÁFRICA : UMA ESTÓRIA
DE REAPROPRIAÇÃO DA MEMÓRIA
A África tem uma história. Já foi o tempo em que nos mapas‑mundi
E portulanos, sobre grandes espaços, representando esse continente então
marginal e servil, havia uma frase lapidar que resumia o conhecimento dos sábios
a respeito dele e que, no fundo, soava também como um álibi: “Ibi sunt leones”. Aí
existem leões. Depois dos leões, foram descobertas as minas, grandes fontes de
lucro, e as “tribos indígenas” que eram suas proprietárias, mas que foram
incorporadas às minas como propriedades das nações colonizadoras. (KI-ZERBO,
Joseph, 2010 : XXXI)
A PALAVRA COMO REAVIVAMENTO
DA MEMÓRIA ANCESTRAL
“Paralelamente às duas primeiras fontes da história africana (documentos escritos e
arqueologia), a tradição oral aparece como repositório e o vetor do capital de criações
socioculturais acumuladas pelos povos ditos sem escrita: um verdadeiro museu vivo. A
história falada constitui um fio de Ariadne muito frágil para reconstituir os corredores
obscuros do labirinto do tempo. Seus guardiões são os velhos de cabelos brancos, voz
cansada e memória um pouco obscura, rotulados às vezes de teimosos e meticulosos
(veilliesse oblige!): ancestrais em potencial... São como as derradeiras ilhotas de uma
paisagem outrora imponente, ligada em todos os seus elementos por uma ordem precisa
e que hoje se apresenta erodida, cortada e devastada pelas ondas mordazes do
“modernismo”. Fósseis em sursis! Cada vez que um deles desaparece, é uma fibra do fio
de Ariadne que se rompe, é literalmente um fragmento da paisagem que se toma
subterrâneo.” (KI-ZERBO, 2010 : 39)
A PALAVRA COMO REAVIVAMENTO
DA MEMÓRIA ANCESTRAL
“Indubitavelmente, a tradição oral é a fonte histórica mais íntima, mais suculenta e melhor
nutrida pela seiva da autenticidade. “A boca do velho cheira mal” – diz um provérbio africano –
“mas ela profere coisas boas e salutares”. Por mais útil que seja, o que é escrito se congela e
se desseca. A escrita decanta, disseca, esquematiza e petrifica: a letra mata. A tradição reveste
de carne e de cores, irriga de sangue o esqueleto do passado. Apresenta sob as três dimensões
aquilo que muito frequentemente é esmagado sobre a superfície bidimensional de uma folha de
papel. A alegria da mãe de Sundiata, transtornada pela cura súbita de seu filho, ecoa ainda no
timbre épico e quente dos griots do Mali (animadores públicos; ver capítulo 8). É claro que
muitos obstáculos devem ser ultrapassados para que se possa peneirar criteriosamente o
material da tradição oral e separar o bom grão dos fatos, da palha das palavras‑ armadilha –
falsas janelas abertas para a simetria –, do brilho e das lantejoulas de fórmulas que constituem
apenas a embalagem circunstancial de uma mensagem vinda de longe.” (KI-ZERBO, 2010 : 39)
A PALAVRA COMO REAVIVAMENTO
DA MEMÓRIA ANCESTRAL
Costuma‑se dizer que a tradição não inspira confiança porque ela é funcional; como se toda
mensagem humana não fosse funcional por definição, incluindo‑se nessa funcionalidade os
documentos de arquivos que, por sua própria inércia e sob sua aparente neutralidade objetiva,
escondem tantas mentiras por omissão e revestem o erro de respeitabilidade. Certamente, a
tradição épica em particular é uma recriação paramítica do passado. Uma espécie de
psicodrama que revela à comunidade suas raízes e o corpo de valores que sustenta sua
personalidade: um viático encantado para singrar o rio do tempo em direção ao reino dos
ancestrais. É por isto que a palavra épica não coincide exatamente com a palavra histórica:
cavalga‑ a através de projeções anacrônicas a montante e a jusante do tempo real, com
interpenetrações que se assemelham às perturbações do relevo em arqueologia.” (KI-ZERBO,
2010 : 39)
MAAT E A ORDEM VIA DISCURSO
CORRETO

Tese MAAT : O PRINCÍPIO ORDENADOR DO COSMO EGÍPCIO : Páginas, 18 –
primeiro parágrafo, 49 primeiro parágrafo, 52 frase grifada, 54, 56 e 57.


MAAT como princípio cosmogônico de ordenamento da vida desde sua criação


MAAT como princípio regular dos costumes reais e sociais cotidianos do povo
afrakano
MAAT E A ORDEM VIA DISCURSO
CORRETO
MAAT como filosofia da ordem, verdade, equilíbrio, harmonia e reciprocidade.

Entendimento da Justiça como alcance da equanimidade entre tudo (entes vivos e
condicionalidades ambientais-cósmicas) envolvido em cada dada situação da
convivência coletiva.

MAAT como prática do discurso correto do ponto de vista do entendimento da
Anatomia do SER segundo cosmogonias clássicas Afrakanas (Vale do Nilo). Fonte:
Explanações do sacerdote da Ausar Auset Society, Ra Un Nefer Amen.

MAAT e sua relação com a Pedra de Shabaka da 26ª Dinastia no mito de criação do
mundo pelo coração e a palavra de PTAH na teogonia Menphita. Palavra como
criação da intenção, alinhamento e retidão nas relações.

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