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Trabalho de Pesquisa Caderno Científico

Avaliação histológica da nano hidroxiapatita contendo 5% de


estrôncio em defeitos não críticos de calvária de ratos
Histologic evaluation of 5% strontium containing nano hydroxyapatite
in non-critical defects in rat calvaria

André Boziki Xavier do Carmo* RESUMO


Daiana Barrozo dos Reis** Ao longo dos anos, as cerâmicas a base de fosfato de cálcio, especialmente a hidroxiapatita (HA),
Adriana Terezinha Neves Novellino Alves*** têm sido amplamente utilizadas no reparo ósseo, principalmente pela similaridade à porção
Alexandre Malta Rossi**** inorgânica do osso. Materiais nanoestruturados emergem como alternativas em várias áreas
José Mauro Granjeiro***** e, especificamente, no caso de enxertos ósseos, podem proporcionar materiais mais eficientes
Mônica Diuana Calasans Maia****** e biodegradáveis. Ainda, a apatita biológica presente no osso é constituída por partículas de
dimensões nanométricas, propriedade esta que afeta suas características físico-químicas e bio-
lógicas. O estrôncio (Sr) presente na fase mineral dos ossos diminui, in vitro, a atividade dos
osteoclastos e aumenta a dos osteoblastos. O objetivo deste estudo foi comparar a biocompati-
bilidade da nano-HA estequiométrica (nHA) e a nano-HA contendo 5% de estrôncio (nSrHA),
bem como o efeito no reparo tecidual, em defeitos não críticos na calvária de ratos. Dez ratos
Wistar, distribuídos aleatoriamente em dois subgrupos, pesando em média 500 g foram anes-
tesiados e cada calvária submetida a duas trefinagens, de 4 mm, para a implantação do pó de
nHA e de nSrHA. Decorrido o período experimental de 14 e 42 dias, os animais foram eutana-
siados, as amostras coletadas, descalcificadas e corados com hematoxilina e eosina (HE) para
análise histológica com microscopia de luz. Ambos os grupos revelaram neoformação óssea da
periferia para o centro do defeito, com íntimo contato com os biomateriais e trabeculado ósseo
intenso no período de 42 dias para ambos os grupos. Concluiu-se que os pós de HA e SrHA são
biocompatíveis e apresentam propriedade de osteocondução.
Unitermos – Estrôncio; Hidroxiapatita; Ratos; Biocompatibilidade; Reparo ósseo.

ABSTRACT
Over the years, ceramic-based calcium phosphate, especially hydroxyapatite (HA), have been
widely used in bone repair, particularly by the similarity to the inorganic portion of bone. Na-
nostructured materials are emerging as alternatives in several areas, specifically in the case of
bone grafts can provide more efficient materials and biodegradable. Still, this biological apatite
in bone is made up of nanometric dimensions, a property that affects its physical-chemical and
biological weapons. Strontium (Sr) present in the mineral phase of bone, decreases in vitro activity
of osteoclasts and osteoblasts increases. The aim of this study is to compare the biocompatibility
of nano-stoichiometric HA (NHA) and nano-HA containing 5% strontium (nSrHA) and the effect
on tissue repair in non-critical defects in rat calvaria. Ten Wistar rats randomly divided into two
subgroups, weighing around 500 grams each, were anesthetized and subjected to two calvaria
4mm-size defects for deposition of nSrHA and NHA powers. After the trial period of 14 and 42
days, the animals were sacrificed, samples collected, decalcified, and stained with hematoxylin
and eosin (HE) for histological analysis under light microscopy. Both groups showed new bone
formation from the periphery to the center of the defect, with close contact with biomaterials,
and trabecular bone in the intense period of 42 days for both groups. It was concluded that HA
and SrHA powders are biocompatible and have osteoconductive properties.
Key Words – Strontium; Hydroxyapatite; Rats; Biocompatibility; Bone repair.

*Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial – Associação Brasileira de Odontologia, Faculdade de Medicina de Petrópolis, Petrópolis/RJ.
**Especializanda em Ortodontia – Faculdade de Odontologia Serra dos Órgãos, Teresópolis/RJ.
***Mestre em Patologia Oral e professora de Patologia Oral e Estomatologia – Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro/RJ.
****Doutor em Física – Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, Rio de Janeiro/RJ.
*****Núcleo de Terapia Celular – IB-HUAP-Universidade Federal Fluminense.
******Professora da Disciplina de Cirurgia Bucal, Departamento de Odontoclínica – Universidade Federal Fluminense, Niterói/RJ.

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Introdução estequiométrica, assemelhando-se a apatitas biológicas13.


O estrôncio (Sr) é um elemento encontrado em rochas
Reabilitações protéticas implantossuportadas são cada calcárias e na água salgada dos oceanos14, além de ser um
vez mais realizadas na clínica odontológica, em virtude de componente natural dos alimentos e bebidas15. No corpo
suas vantagens tanto estéticas quanto funcionais; porém, humano, cerca de 98% do total de Sr encontrado está loca-
suas indicações podem estar comprometidas quando de- lizado no tecido ósseo16, particularmente na fase mineral
feitos ósseos localizados, causados por infecções, processos dos ossos com maior atividade metabólica17.
patológicos, exodontias e lesões congênitas ou traumáticas A presença de Sr2+ na HA é conhecido por diminuir
acometem os ossos maxilares inviabilizando a instalação a resistência mecânica da cerâmica de forma linear18
de implantes ósseos integráveis. Assim, para minimizar a e pode também aumentar a solubilidade da SrHA em
perda de osso alveolar, ou até mesmo restaurá-lo, novos relação a HA. A maior solubilidade da SrHA tem sido
materiais e técnicas têm sido foco de pesquisa visando associada ao aumento da formação óssea, concomitante à
desenvolver biomateriais que otimizem a realização de redução da reabsorção óssea19-20. A replicação de células
uma reabilitação óssea tão satisfatória quanto a realizada in vitro apresenta-se aumentada e estimula a formação de
com enxertos autógenos, porém, sem a morbidade que este osso na presença de Sr20, provavelmente, pelo aumento
tipo de cirurgia provoca ao paciente1-3. da proliferação e diferenciação de osteoblastos18. In vivo
Hoje em dia, há ampla oferta de biomateriais dispo- demonstrou-se que seu conteúdo no novo osso compacto
níveis para enxerto ósseo. Porém, eficiência e qualidade é de três a quatro vezes superior ao de um osso compacto
destes materiais nem sempre atingem os requisitos ne- velho e, aproximadamente, 2,5 vezes maior no novo osso
cessários para aplicação clínica. Recentemente, demons- esponjoso que no mais antigo21. Também se observou o au-
trou-se que, no mercado nacional, diversos produtos não mento na espessura da camada óssea formada na interface
apresentavam as características físico-químicas descritas4. osso/cimento e melhor osseointegração do cimento SrHA,
As propriedades químicas e físicas de dispositivos implan- em comparação com o cimento de HA puro22.
táveis influenciam de forma direta na qualidade do reparo Além da liberação de Sr2+, o aumento da liberação de
2+
ósseo5. As aplicações mais comuns dos biomateriais em Ca da SrHA sugere ativar os canais de cálcio e, assim,
Odontologia são os tratamentos de defeitos periodontais6, estimular a resposta celular23. Além disso, o aumento da
sítios pós-extração dentária, levantamento de seio maxilar7 solubilidade do SrHA acrescenta possibilidade de aumento
e aumento em espessura do rebordo alveolar8. da porosidade interconectada em sua superfície, ampliando
Dentre os diversos biomateriais aplicados à terapia osseointegração24-25 e ligação interfacial26.
de perdas ósseas, a hidroxiapatita (HA), pertencente à Uma vez que o efeito do estrôncio é dependente de sua
classe dos fosfatos de cálcio, tem sido utilizada como concentração na HA e que os estudos anteriores avaliaram
substituto ósseo há cerca de 80 anos, pois é uma cerâmica concentrações elevadas do metal, pretendeu-se neste estu-
biocompatível, similar à porção inorgânica do tecido ósseo, do avaliar comparativamente in vivo a biocompatibilidade
resistente mecanicamente, bioativa, não tóxica, permite o e o reparo tecidual da hidroxiapatita estequiométrica e da
acompanhamento periódico através de exames de imagem hidroxiapatita contendo 5% de estrôncio, ambos implanta-
graças à sua radiopacidade, provoca pouca reação tecidual, dos em defeitos não críticos de calvária de ratos.
não é antigênica nem carcinogênica, além de apresentar
grande capacidade de adsorção de proteínas em sua super- Material e Métodos
fície9. A HA sintética é, geralmente, empregada na forma
de partículas e apresenta o tamanho e a forma do cristais Biomateriais
bastante diferentes da morfologia das apatitas biológicas do Foram utilizados neste estudo pó de nano hidroxiapa-
osso10. Tem sido sugerido que a melhor osteocondutividade tita invertida (n-HA-controle) e pó de nano hidroxiapatita
da HA seria alcançada se as propriedades físico-químicas contendo 5% de estrôncio (n-SrHA). Os materiais foram
de seu cristal apresentassem maior semelhança com a da sintetizados no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas
apatita biológica11. A despeito da biocompatibilidade da (CBPF) e foram caracterizados físico/quimicamente através
HA, prevalece no mercado HA não absorvíveis, limitando de Difração de Raios X (DRX), Fluorescência de Raios X
a regeneração da lesão óssea12. Materiais nanoestruturados (FRX) e Espectroscopia Vibracional no Infravermelho
emergem como potenciais alternativas em várias áreas (FTIR).
e, especificamente, no caso de enxertos ósseos, podem
proporcionar materiais mais eficientes e biodegradáveis12. Caracterização dos animais
A alta estabilidade e flexibilidade desta estrutura Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em
de apatita permite grande variedade de substituições, Pesquisa Animal (Cepa-NAL/UFF) nº00027. Dez ratos da
catiônicas e/ou aniônicas; assim, diversos íons podem ser raça Wistar, gênero masculino, pesando em média 500 g
incorporados, modificando a estrutura da hidroxiapatita provenientes do Núcleo de Animais de Laboratório (NAL)

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da Universidade Federal Fluminense foram divididos em Decorrido o período experimental de 14 e 42 dias, os


dois grupos (n-HA e n-SrHA 5%) e em dois períodos ex- animais foram eutanasiados com dose letal de Tiopental
perimentais (14 e 42 dias) selecionados aleatoriamente. (Pentobarbital) para obtenção das amostras para proces-
Os animais foram pesados previamente e operados sob samento histológico. As peças foram fixadas em solução
anestesia geral utilizando 0,5-0,7 mL/Kg por via IM da de formol 10% tamponado em pH 7,4, descalcificadas em
solução composta por 3 ml de Francotar (Cloridrato de solução descalcificadora de ossos (Allkimia), desidratadas
quetamina, Virbac, Brasil), 3 ml de Dopaser (Xilazina, em série crescente de etanol, clarificadas, incluídas em pa-
Laboratório Calier, Brasil) e 1 ml de Apromazin (Acepro- rafina e seccionadas em micrótomo com 5 µm de espessura
mazina, Centralvet, Brasil). e coradas com coloração de hematoxilina e eosina (HE).
Após tricotomia e antissepsia com clorexidina a 2% foi Os cortes histológicos foram examinados em microscópio
realizada uma incisão cutânea semilunar e descolamento binocular (Jenaval-Zeiss) para a observação de ocorrência,
periosteal para a exposição da calvária. Duas perfurações tipo e intensidade de processo inflamatório, presença de
foram realizadas com fresa trefina de 4 mm (ø interno), tecido conjuntivo e/ou de granulação e presença de osso
Figura 1, em baixa rotação (1.200 rpm), com irrigação neoformado.
profusa de solução de cloreto de sódio a 0,9% nos ossos
parietais direito (n-HA) e esquerdo (n-SrHA), Figura 2. Resultados
Após a implantação dos materiais foi realizada a sutura
em plano único com fio de sutura monofilamentado 5-0 A análise histológica permitiu constatar a semelhança
Nylon não absorvível (Technofio), Figura 3. na resposta tecidual dos dois materiais testados (n-HA e

Figura 1
Após incisão, deslocamento
do periósteo e exposição da
calvária foram realizadas
duas trefinagens de 4 mm de
ø interno para preenchimento
dos biomateriais.

Figura 2 Figura 3
Biomateriais preenchendo os defeitos ósseos. Após o preenchimento, a sutura foi realizada
Lado direito pó de n-HA e lado esquerdo pó de n-SrHA. com pontos simples interrompidos com fio
monofilamentado em Nylon 5-0.

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Figura 4 Figura 5
Fotomicrografia do grupo n-HA após 14 dias de Fotomicrografia do grupo n-SrHA após 14 dias de
implantação com neoformação óssea da periferia para o implantação apresentando neoformação óssea da periferia
centro do defeito ósseo. ONF: neoformação óssea. HE. ao centro do defeito ósseo. ONF: neoformação óssea. HE.

Figura 6 Figura 7
Fotomicrografia do grupo n-HA após 14 dias de Fotomicrografia do grupo n-SrHA após 14 dias de
implantação com escasso infiltrado inflamatório crónico. implantação presença de raras células gigantes
CGMN: células gigantes multinucleadas. HE. multinucleadas (CGMN). HE.

Figura 8 Figura 9
Fotomicrografia do grupo n-HA após 14 dias de implan- Fotomicrografia do grupo n-SrHA após 14 dias de implan-
tação com presença de partículas de tamanhos variados e tação com presença de partículas de tamanhos variados e
aposição óssea direta na interface material e osso neofor- aposição óssea direta na superfície das partículas e osso
mado. B: Biomaterial. HE. neoformado. B: Biomaterial; AO: Aposição óssea. HE.

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Figura 10 Figura 11
Fotomicrografia do grupo n-HA após 42 dias de Fotomicrografia do grupo n-HA após
implantação com trabéculas ósseas neoformadas da 42 dias de implantação com presença de raras
periferia em direção ao centro do defeito em contato direto células gigantes multinucleadas. CGMN:
com diversas partículas do biomaterial. B: Biomaterial; Células gigantes multinucleadas. HE.
ONF: Osso neoformado. HE.

Figura 12 Figura 13
Fotomicrografia do grupo n-SrHA após 42 dias de Fotomicrografia do grupo n-SrHA após 42 dias de
implantação com trabéculas ósseas densas da periferia implantação com pavimentação osteoblástica (PO), matriz
em direção ao centro do defeito em contato direto com óssea neoformada (MON), células gigantes multinucleadas
diversas partículas do biomaterial. B. Biomaterial; TOD: (CGMN) e osteócitos (O). HE.
Trabeculado ósseo denso. HE.

n-SrHA 5%) no período de duas semanas; caracterizada Discussão


pela neoformação óssea discreta na periferia do defeito
(Figuras 4 e 5), escasso infiltrado inflamatório crônico, raras Inúmeros biomateriais tem sido propostos para re-
células gigantes multinucleadas (Figuras 6 e 7), presença construção óssea alveolar, sendo a biocompatibilidade um
de biomaterial com partículas de tamanhos variados, livre dos aspectos mais importantes durante seu desenvolvimen-
de cápsula fibrosa e apresentando direta aposição óssea to e avaliação por meio de ensaios pré-clínicos e clínicos27.
na superfície das partículas (Figuras 8 e 9). No contexto da Medicina Regenerativa, outro aspecto
Após seis semanas da implantação, ainda se obser- fundamental é a absorção do biomaterial em uma veloci-
vavam partículas de n-HA presentes; trabéculas ósseas dade e em um ambiente favorável à regeneração do tecido
neoformadas da periferia em direção ao centro do defeito original. As apatitas sintéticas podem ter sua solubilidade
estavam presentes e estavam em contato direto com diver- modulada por diversos fatores. Um deles é a incorporação
sas partículas do biomaterial (Figura 10); o infiltrado infla- de determinados metais, porém, a intensidade da biode-
matório era discreto e composto por células mononucleares gradação é dependente da concentração incorporada do
sendo raras as células gigantes multinucleadas (Figura 11). metal. No presente estudo avaliou-se in vivo e de forma
No mesmo período foi possível observar no grupo comparativa a biocompatibilidade e o reparo tecidual da
n-SrHA 5% a linha basofílica demarcando osso original hidroxiapatita estequiométrica e da hidroxiapatita conten-
do osso neoformado biomaterial totalmente envolto por do 5% de estrôncio, ambos implantados em defeitos não
osso trabeculado denso (Figura 12) pavimentação de os- críticos em calvária de ratos.
teoblastos, matriz óssea não mineralizada, matriz óssea O estrôncio tem sido investigado tanto in vitro como in
mineralizada imatura, osteócitos e raras células gigantes vivo devido sua dupla ação de promover a formação óssea
multinucleadas (Figura 13). e inibir a reabsorção óssea19. Recentemente, demonstrou-se

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que n-SrHA 1% é biocompatível, porém, foi menos eficiente avaliar a resposta osteoblástica e osteoclástica da HA con-
na indução da neoformação óssea que a nHA24. Por outro tendo Sr em diferentes concentrações mostrou que células
lado, cimento ósseo de HA contendo (1%) de Sr propor- osteoblásticas cultivadas em HA contendo Sr cresceram
cionou melhor osteocondutividade, biocompatibilidade e exibindo morfologia normal, boa proliferação e aumento de
biodegradabilidade do que o cimento de HA sem o metal, valores dos parâmetros de diferenciação; ao mesmo tempo,
a partir dos dados dos testes de biocompatibilidade, onde o número de osteoclastos foi influenciado negativamente
o cimento contendo Sr a 5% foi mais biocompatível, segui- pela presença do Sr, confirmado em estudo no período
do do cimento de HA contendo Sr a 10% e por último o experimental de seis semanas da n-SrHA 5%, pela pavi-
cimento de HA livre de Sr25. Outro estudo, desses mesmos mentação de osteoblastos, matriz óssea não mineralizada
autores, apurou também que o cimento de HA contendo 5% e matriz óssea mineralizada imatura. O efeito positivo do
de Sr atingiu maior resistência a compressão das amostras íon nas células ósseas foi particularmente evidente no
analisadas (5-10%)26. caso de deposição de HA contendo Sr relativamente ele-
vado (3-7%), valores que aumentaram significativamente
a atividade da fosfatase alcalina, osteocalcina, colágeno
Tipo I e osteoprotegerina/TNF relacionada a receptores
de citocinas, também foi observada a redução considerável
Estudos preliminares demonstraram de proliferação de osteoclastos, sugerindo que a presença
que o implante intramuscular e das de estrôncio em filmes finos HA pode aumentar o efeito
positivo de recobrimentos de HA sobre a osseointegração,
experiências de implantação no fêmur de
regeneração óssea e prevenir a reabsorção óssea indese-
coelhos indicam que a taxa de dissolução jável27.
média do cimento de HA contendo Sr Estudos comparando SrHA 10% revestindo implantes
em ratas ovariectomizadas, quando comparados ao grupo
aumenta com a elevação da dose de com revestimentos de HA sem a incorporação do metal,
Sr25. Isso pode ser explicado pelo fato de apresentaram morfologia similar, rugosidade da superfície,
da espessura de revestimento, composição da fase e da
que uma HA contendo substituições é força de adesão. Resultados de histomorfometria, avalia-
considerada uma HA deficiente em cálcio ção de micro-CT e teste biomecânico foram promissores e
indicaram os benefícios da SrHA 10% revestindo implantes
e, consequentemente, mais solúvel. fixados em ratos ovariectomizadas29.
Em outro estudo in vivo foi alcançada a osseointegra-
ção em osso esponjoso com uso de cimento de SrHA em
coelhos, que estimulou formação e união óssea, fusão do
No presente estudo constatou-se que a n-SrHA 5% foi osso com cimento de SrHA e indicou biocompatibilidade
biocompatível, favoreceu a formação de osso neoformado, in vivo. A marcação com tetraciclina mostrou que a área de
mesmo ao redor de partículas do biomaterial; observou- mineralização foi em ordem: três meses, um mês, seis me-
se, ainda, a pavimentação osteoblástica, presença de ses. No 1° mês, o aumento da mineralização foi devido ao
osteócitos, ausência de infiltrado inflamatório crônico e processo de cicatrização do osso. Um aumento adicional na
de células gigantes multinucleadas. Estes dados sugerem área de mineralização em três meses indicou que a SrHA
a existência de uma dose ideal de Sr a ser incorporado ao tem um efeito estimulante na formação óssea, corroborando
cristal da HA a fim de proporcionar as melhores proprie- com nossos estudos no período experimental de seis se-
dades físico-químicas e de biocompatibilidade28. Estudos manas onde o biomaterial apresenta-se totalmente envolto
preliminares demonstraram que o implante intramuscular por osso trabeculado denso, matriz óssea não mineralizada,
e das experiências de implantação no fêmur de coelhos matriz óssea mineralizada imatura e osteócitos. A área de
indicam que a taxa de dissolução média do cimento de mineralização diminuiu em seis meses porque o processo
HA contendo Sr aumenta com a elevação da dose de Sr25. de cicatrização foi concluído apresentando remodelação
Isso pode ser explicado pelo fato de que uma HA contendo óssea22. Um estudo in vivo investigou a resposta tecidual
substituições é considerada uma HA deficiente em cálcio óssea de um cimento ósseo de SrHA injetado em osso
e, consequentemente, mais solúvel. Assim, quanto maior esponjoso de crista ilíaca de coelhos por um, três e seis
for a concentração do metal, mais deficiente em cálcio ela meses. A afinidade óssea ao cimento de SrHA aumentou
se torna; por isso, a concentração do metal incorporado de 73,55% ± 3,50% após três meses para 85,15% ± 2,74%
é um importante parâmetro de controle para ajustar as após seis meses (p = 0,01)30. Esses resultados evidenciaram
propriedades da HA. que o Sr incorporado ao cimento de HÁ, apesar de período
Um estudo in vitro prévio realizado com o intuito de experimentais diferentes dos nossos estudos, apresentou

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resultados semelhantes a biocompatibilidade e osteocon- Nota de esclarecimento


dução. Em todos os estudos analisados observou-se que a Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado por
organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Nós, ou os
SrHA é biocompatível em dependência da concentração membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou fomos pagos como
de Sr e do período experimental utilizado. avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho,
não possuímos ações ou investimentos em organizações que também possam ter ganho ou
perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos honorários de apresentações vindos
Conclusão de organizações que com fins lucrativos possam ter ganho ou perda com a publicação deste
trabalho, não estamos empregados pela entidade comercial que patrocinou o estudo e também
Foi possível concluir que tanto a n-HA quanto a n- não possuímos patentes ou royalties, nem trabalhamos como testemunha especializada, ou
realizamos atividades para uma entidade com interesse financeiro nesta área.
SrHA 5% são biocompatíveis e com características osteo-
condutoras e podem ser indicadas para substituição óssea. Endereço para correspondência:
André Boziki Xavier do Carmo
Rod. RJ, 116, Km 39 – Cond. Blue Sky – Lt. 105 – Sta. Luiza – Cachoeiras de Macacu
28680-000 – Rio de Janeiro – RJ
Tel.: (21) 9982-9010/7736-9906
andreboziki@yahoo.com.br

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