darwinismo social, que imperialistas e nazistas utilizaram para justificar suas carnificinas, também da Relatividade Geral de Albert Einstein derivou o relativismo, o qual, ao contrário do darwinismo social, ainda é amplamente aceito. Jamais Einstein afirmou que tudo é relativo, devo dizer; sua teoria diz respeito a coisas da Física, não às relações humanas, nem às verdades em geral. Neste artigo pretendo refutar logicamente algumas ideias relativistas. Sinto-me, no entanto, na obrigação de fazer anteceder a análise o estabelecimento dos conceitos mais importantes de que tratarei: o de verdade absoluta e o de relativo. Digo eu que verdade absoluta significa verdade irrefutável, e verdade relativa é a que pode ser verdadeira sob um aspecto mas falsa sob outro. Uma expressão que mora na boca dos relativistas é a “tudo é relativo”, assertiva cuja invalidade até mesmo uma criança logra demonstrar. Se tudo é relativo, esta verdade mesmo é relativa e não absoluta; se ela é relativa, então de fato nem tudo é relativo e existem verdades absolutas. Logo, essa afirmação é autocontraditória. Proposição semelhante é a “não há verdade absoluta”. Esta também se contradiz em si mesma, pois afirmar não haver verdade absoluta é tentar emitir uma verdade desse teor. Como A não pode ser igual a B e diferente de B ao mesmo tempo, assim como uma afirmação não pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo, pelos termos do Princípio da Não Contradição, logo essa assertiva está logicamente errada. Pode-se recorrer ao argumento de que somente essa proposição é verdadeiramente absoluta, e as outras não. Porém, além de isso já admitir a priori a veracidade do princípio da não contradição, o que já garante sua implosão suicida, também deve-se lembrar de que essa proposição não é autoevidente e, por isso, precisa ser justificada por meio de argumentos, os quais devem ser verdadeiros em absoluto, coisa cuja existência a própria afirmação nega. Devem ser verdades absolutas porque, se forem transitórias, poderão mudar, fazendo com que mude também a verdade deduzida delas. Se uma verdade pode mudar, isto é, passar a ser reconhecida como mentira, então não é absoluta. Portanto, verdades absolutas existem. Admoesto, caso este pensamento tenha acometido a mente de um leitor, a que não é logicamente possível negar o princípio da não contradição. A tentativa de fazê-lo levaria à autodestruição do argumento. Dizer que tal princípio é falso significa considerar que ele não é verdadeiro e que, se ele é falso, não pode ser verdadeiro, ou seja, sua negação implica sua admissão. Afirmar que o princípio não pode ser falso e verdadeiro ao mesmo tempo é reivindicar sua validade. É, portanto, uma impossibilidade lógica negá-lo. Um pessimismo ferrenho talvez não seja suficiente para supor a existência de quem, sem pejo, afirme que o que é lógico para uns pode não o ser para outros, sugerindo uma variedade de lógicas, o polilogismo que tanto amaram os nazistas e que os socialistas ainda usam para defender ideias inimigas da verdade. Confesso não saber o que tal afirmação tenta significar. Quando se diz existirem várias lógicas excludentes entre si, não sei se está-se legitimando todas ou as negando. Mas em qualquer caso se estará incorrendo numa assertiva autorrefutável. Se se nega a validade de qualquer lógica, então também é negada a da lógica que levou a essa afirmação, o que não respeita o princípio da não contradição. Se, por outro lado, legitima-se todas as lógicas, então se está validando outrossim aquela lógica que nega a validade de todas as outras; isso é autocontraditório e está, portanto, errado. A argumentação deste parágrafo talvez seja inútil, porque em verdade não acredito que quem afirma haver várias lógicas esteja, de fato, querendo dizer exatamente isso mesmo. Penso eu que, falando isso, o sujeito quer dizer que existem inúmeras perspectivas sobre tal e tal assunto, o que é verdade, mas as perspectivas jamais devem expressar verdades contraditórias. Se um grupo de cientistas diz que está ocorrendo aquecimento global e outro o nega, certamente um desses grupos está equivocado – neste caso é o primeiro. Assim, dou meu perdão àqueles que inocentemente fizeram tão mal formulada afirmação segundo a qual há muitas lógicas. O rebento de feições mais hórridas do pensamento relativista é o relativismo moral, segundo o qual não existe a moral certa, apenas os costumes de cada povo, que ninguém pode julgar. Para os islâmicos pode ser moral apedrejar uma adúltera, sem problema algum – é a cultura deles. Respeitemos a cultura desses animais. Infelizmente, devido à confusão feita sobre o conceito de relatividade, oriundo da Física, surgiu o tenebroso relativismo; assim a moral sofreu, decaiu, e decaiu e sofreu a humanidade por causa disso. Digo aqui moral, mas o que me importa não é esta, mas sim a Ética. Definindo com pouca precisão esses conceitos, moral seria o conjunto de regras do comportamento preferível; Ética seria o conjunto de regras do comportamento preferível em relação a outro indivíduo. Só faz sentido falar em Ética num ambiente em que há dois indivíduos ou mais. Numa ilha deserta de um só habitante, não há Ética, mas pode haver moral. Caso seu morador considere que colher frutas amarelas seja algo mau, então ele acabou de inventar uma regra moral própria. A Ética é universal; a moral, particular. Há algum argumento lógico para provar que moral existe? Sim, Stefan Molyneux provou que moral existe e que a Ética libertária é superior a todas as outras. Exporei aqui o argumento lógico com que Molyneux principia sua demonstração. A simplicidade da ideia torna-a ainda mais bela: tentar negar que comportamento preferível existe é demonstrar preferência pela verdade sobre o engano e, logo, significa admitir que argumentar em favor da verdade é o comportamento preferível; assim, sua negação levaria forçosamente a uma contradição performativa. Moral existe – mas atenhamo-nos à sua irmã, mais lúcida e formosa: a Ética.