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DuraJlte o primeiro semestre de 1953, em que estêve no Rio e
teve a seu ca.rgo a regência da cadeira de Introdução à Administração
Pública, o Prof. MUNOZ AMATO, trabalhando afanosamente, esta-
beleceu o plano geral da obra e escrc1/eu os dois primeiros capítulos,
(( Que é Administração Pública?" e ((Sistematização da. Adminis-
tração Pública", os quais, fundidos neste Caderno, publicamos agora.
O terceiro e quarto caPítulos, ((Planejamento" e « Orçamento", que
integram o primeiro volume, também serão publicados separada-
mente na série dos Cadernos de Administração Pública, e repre-
sentam esforços de tratamento especializado dos respectivos assuntos.
O fato de a Divisão de Administração Pública das Nações
Unidas haver dado apoio a esta iniciativa da EBAP é mais um
motivo de alegria para nós. Como é do conhecimento público, a
EBAP surgiu e desenvolve o seu programa de trabalho sob os
ausPícios diretos das Nações Unidas e com a colaboração financeira
e técnica daquela Divisão.
Ao encampar a iniciativa da EBAP, a Divisão de Administração
Pública das Nações Unidas incentivou um jovem cientista polí-
tico, certamente digno, por todos os títulos, de animação e estímulo,
contribuindo também, para quc a obra 'viesse a ter repercussão
continental.
Sob o mesmo título Introdução à Administração Pública, o
livro scrá publicado, em versão portuguêsa, pela EBAP. Como,
porém, a ta,refa de escrevê-lo foi solicitada ao Prof. MUNOZ AMAro
precisamente porque tínhamos necessidade imediata de literatura
em português e espanhol sôbre a matéria versada, a EBAP deliberou
publicar os capítulos progressivamente, enquanto prepara a edição
do primeiro '()olume da obra, único até agora concluído.
Eis as razões por que a EBAP experimenta a mais legítima
satisfação ao ver ca,nalizada para a prática, sob a forma de um
tratado e de uma série de folhetos, a iniciativa, que em boa hora
tomou, de provocar a elaboração da obra.
Finalmente, algumas palavras sôbre o conteúdo dêste Caderno.
Os leitores verão que o autor pensou maduramente no assunto.
Coligiu e analisou copiosa. doc1lmentação para lançar as bases do
trabalho (' foi bem sucedido em úl1pl'i111ir-lhe f/11t cunho de gra#d,
utilidade, amplialldu, j)ur assim di~cr, as frullteiras da teoria geral
da administração pública. COII! reunir e analisar a docutltentação
euroPéia, norte-americana e latino-americalla e ao trabalhá-la com o
cimento de sita experiência e as luzes de sua cultura especializada,
o Prof. PEDRO lVIUNOZ A~IATO conseguiu uma síntese oportuna.,
destillada a contribuir, em larga mcdida, para a capacitação dos
ad mi nistrad ore s latino-americanos.
BENEDICTO SILVA
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Título do original espanhol (1.° e 2.° capítulos elo livro inti-
tulado Infroducción a la .1d11linislración Pública):
tración pública.
de
HENElJICTO SILVA
fNDICE
I - QUE É ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA? 3
A - OS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS DO GOVÊRNO •...•. 3
B - POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .••......•..•• 15
C - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DIREITO .•.••...••..•.. 23
D - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E CULTURA ......•••..•. 31
E - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E ECONOMIA ..•....•.... 36
F - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E PRIVADA .•.....•...•.. 42
Ciência Política (' uma elas ciên- autoridacle (em que as subdivi-
cias sociais" (3). sões de trabalho se integrem, or-
r,melo ele lado outras conside- denadas, definidas e coordena-
raçi;cs metodológicas aqui pre- das), a fim de alcançar determi-
sentes, que discutiremos mais nado objetivo;
adiante, cabe perguntar, em face Administração de pessoal
da definição transcrita: pode di- (staffing) - função de recrutar
zer-se que a administração é so- e adestrar o pessoal, e manter
111,:,nte execução, isto é, um pro- condições favoráveis de traba-
cesso indC'pendente da formula- lho;
ção de normas e das decisões sô- Direção - a tarefa contínua
brc fins e meios? Acaso será mc- que compete ao líder da emprê-
r2 obediêllcia mecânica a diretri- sa, de tomar decisões e formu-
zes determinadas em outras esfe- lá-Ias em ordens gerais e espe-
ras ou etapas? E, além disso, por cíficas;
que ra:~ão l,')gica ou realista se há Coordenação - trabalho im-
de aceitar o ramo executi"o como portantíssimo de inter-relacionar
a administração pública, como o
as diversas partes do trabalho;
luga:- onde se realiza o trabalho
Informação (reporting)
elo go"êrno?
incumbência do chefe executivo
Em outra exposição da mesma
de manter a par das ocorrências
época, GULICK descreveu por
o pessoal por quem é responsá-
meio de conceitos mais específi-
cos os "elementos funcionais" da vel, pressupondo-se que estenda
acl1l1inistra(;ão, tais como existem os efeitos de tal atividade a si
para o chefe executivo: mesmo e a seus subordinados
"Planejamento - exposição, imediatos, mediante registros,
em têrmos gerais, do que deve estudos e inspeções;
ser feito c dos métodos a serem Elaboração ele orçamentos
empregaclos, para que a emprê~a (blldgeting) - tarefa que abran-
atinja os seus objetivos; ge tudo que se relacione com
Organiz:lçilO estabeleci- os on:;amentos, inclusive quanto
mento da estrutura formal da as atividades relativas a plane,
(3) "Sdence, Values ano Public Administration", in Papers OH
the Sciencc oi Administration (Nova York: Instihlte of Public Admi-
nistration, 1937), pág. 191.
8 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLKA
28'
10 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
dadãos até a corrução dos fun- para a frente neste setor pode
cionários públicos. O problema ~er muito efetivo como fôrça ori-
parece então insolúvel, porque entadora. Tampouco queremos
suas raízes penetram até as en- repetir o conhecido clichê - tão
tranhas da cultura, até os mais característico das situações de
profundos aspectos da personali- desalento coletivo - de que as
dade, e exige esforços titânicos tarefas de educação consomem
de transformação total. Os re- muito tempo. E' certo que se re-
médios têm de ser, pois, de gran- quer um cultivo prolongado para
de amplitude e intensidade, com radicar bem as novas formas de
projeções de longo prazo. convivência. Mas com um alto
Não bastarão as reformas da grau de qualidade nos progra-
organização e métodos no poder mas de reforma, a transformação
executivo do govêrno, especial- pode adquirir impulso e produ-
mcnte quando estas modificações zir resultados importantes dentro
se limitem aos aspectos mais es- de um período relativamente
pecializados da administração curto.
pública. Nesta situação, cumpre A êsse respeito, as experiên-
cultivar a qualidade humana, cias de Pôrto Rico - tanto em
dentro e fora das escolas, sem seus êxitos como em seus fra-
limitar o esfôrço aos meios tra- cassos - são muito fecundas,
dicionais. Se se reconhece, a~sim, principalmente para os demais
a verdadeira dimensão do pro- povos da América Latina. Mos-
blema, será possível tomar me- tram dramàticamente como um
dida de categoria corresponden- movimento de reforma, implan-
te. Seria fatal a ingenuidade de tado por meios pacíficos e de-
se atribuir demasiada importân- mocráticos, pode em pouco tem-
cia às estrutnras formais e às po revitalizar radicalmente o es-
minúcias técnicas. Sem a devida tilo de vida de um povo, desde
perspectiva, é fácil laborar em as atitudes fundamentais para
enormes superficialidades. com os processos políticos, até
Não queremos, com isto, me- as operações quotidianas das re-
nosprezar a importância inegável partições governamentais.
das reformas eventuais dos ele- Com quatro séculos de coloni-
mentos principais do poder exe- zação, miséria, e a braços com
cutivo. j:í que 11m hom passo o analfahetismo em sua herança
TEORIA GERAL DE ADMINISTRAÇÃO PUBLICA 33
ll{W ~liperficial,
da cultura e seus l:ão e descenlralizaçüo c a coorde-
a~p(:ctos diversos. llaçiio das unidades go\'ernamell-
De olltro ponto de vista, é tais dedicadas a atiyidades de im-
também importante (lue se enten- portância para o plano.
da bem a relação entre os pro- O Yalor dêste amplo critério de
cessos hásicos da cultura e os al)\'eciação da matéria e\"iclencia-
problemas da administração pú- ~e quando tentamos transferir
blica. Xão se trata apenas de práticas administrativas de U111
compreender a dinâmica social e ambiente cultural para outro. i\
ele conseguir meios efetivos para necessidade de adaptar cl1ic1ac1o-
orientá-la. E' preciso, além dis- "a111ente a experiência estran-
~o, ter cautela contra as reper- geira às peculiaridades culturais
cussGes que a:; reformas gover- do IJO\'O meio é U111 princípio que
nal11entais podem ter nos qua- quase sC'1l1pre se alega e pouca,;
dros fundamentais da cultura. \"êze" se cumpre. Atualmente,
l'm plano de desellvoh'imento in- "iio nU111eroC'ns os trahalhos de
dustrial formulado e executado cooperaçiio internacional para
• por funcionários especializados melhoramento da administração
e111 ecolwmÍa, à revelia dos efei- pública. E' interessante notar a
tos da industrialização nas pre- advertência contida em um re-
ierências 'C'aluralivas do po\"o, latório, a êsse respeito, recente-
IlaS rela(;(Scs ele família, na per- mente publicado pelas ~ ações
sonalidade humana e em mui tos L~nic1as com o propósito de orien-
outros asp~ctos da cultura, pode tar as ati "idades ele assist€-ncia
constituir, Jlor exemplo, notável técnica no setor ela ac1ministra-
fracasso e até converter-se em ção pública. Diz:
instrumento de destruição. Cum- "i\ administração púhlica efi-
pre, p01~, que a preparação cIo ciente adapta suas características
pessoal para as tarefas de plane- à:: da \"ida nacional respectiva.
jamento seja orientada pelo co- Os recursos administrativos es-
nhecimento das relações entre a pecíficos, (l\1e se podem selecio-
cultura e a administração pú- nar entre as diversas alternati-
blica. Isto é certo, também, em vas, oferecidas pelo incessante
relação aos demais aspectos ad- crescimento da experiênç..ia ad-
ministrativos do planejamento - ministrativa moderna, devem
tais como o grau de centraliza- sintonizar-se com as caracterís-
::;6
tadas 1l1;r lilllil administração pú- ill1 dos aSjl~'ctos mais destacados
hlica COlllllct'''lltc, pode haver alll illf1UC1l1 cs em ql1alquer situa-
]lIas yariantes !lOS meios utiliza I ('\\ltural.
(los para l n gr:lf as mencionada"
11on111';;. (i~ problemas de adap-
\< tcorias marxistas vao ao
extremo r!c atribuir-lhe o papel
.
tação ]', ,dc111 ser c\'idelltemente dominan!e. Segundo elas, a na-
(lS mais i1l1portanles ao trans- Lmeza peculiar das relações eco-
plantar li LI aperfeiçoar as insti- nômicas domina a configuração
tuições adll1iuistratiyas. Não sô- i ota1 da cultura. Os aspectos ar-
mente existem diversos :;istema~ ístico::" religiosos, políticos, ju-
de admi11l,;tração pública, senãe I'ídicos da superestrutura social
tambérn c1iferl'1lles formas de im- "ão determinados - em tôdas as
plantar os sistemas administra- suas fases - pelas formas bá-
tivos, a fim de facilitar a tarefa ~icas de atividade econômica. A
llelS :',aç(jes Gllidas, 11111 grupo cle políticos e sociais. Todos os pro-
economistas e outro de adminis- blemas de desenvolvimento eco-
tradores públicos, procedentes de nômico podem ser solucionados
t'l,-cCS::lS partes do mundo, com o quando a liderança política e a
1'1Opé"ito de traçar normas para vontade pública são fôrças van-
a condução dos programas inter- gltardeiras. .. (24).
nacionais destinados a promover "A evolução econômica depen-
o des':nvoh'imcnto dos países derá em larga medida de que o
sll!)dcs(,1l'l'oh·idus. g-ovêrno se conduza com acêrto
CJs economistas, ao assinalar na legislação e na administração,
a.-; hases indispensáveis para o tanto no que diz respeito ao
progresso econômico, assim se setor público como no priva-
expressaram: do ...
"Não haverá progresso eco- "Honradez e eficiência - eis
nômico se o ambiente não fôr a condição básica de todo go-
píOpício. Será necessário que o vêrno ... " (25).
povo deseje êsse progresso e que Os técnicos de administração
as instituições sociais, econômi- pública começaram o seu rela-
cas, políticas e legais favoreçam tório com estas palavras:
tal propósito ... (23). "Ao realizar o presente estu-
"~20 ]Jode haver progresso elo, a Comissão partiu da hipó-
econômico rápido a não ser que tese cle que em todo país, por
os bleres do país, ele todos os muito antigo ou novo que seja,
níveis, - os políticos, professô- quer se encontre numa fase
r?s, engenheiros. administrado- avançada cle evolução ou, ao con-
res de nogócios. operários, sa- trário, esteja subdesenvolvido.
cerc\otes. jornalistas - , desejem qualquer programa de fomento
tal me1horam;ento econômico e econômico ou fiscal, para me-
estejam dispostos a pagar o seu lhorar as condições educativas,
preço - a criação de uma socie- sanitárias, sociais e de trabalho,
Jade sem privilégios econômicos, ou realizar reformas e reorga-
(i..'cl) Mcasnrc3 for the Economic DevclopmeJ1t of Ullderde1!elopcd
Coun{rics (Nova York: N.· U., Dé'purtumento de A,,~untos I<~ronômicos,
1%1), pág. 13.
(24) Ibid., pág. 16.
(25) Ibid., pág. 17.
CADERNOS DE ADMINISTRAÇAo PÚBLICA
senão também o seu próprio or- para correr o risco de aurir no-
gulho profissional. Conseqüên- vos caminhos de produção; que,
cia: os políticos acabam por ver em certos casos, se aumentam os
com certo temor qualquer pro- gastos para prestar serviços ne-
jeto dêstes. Desvirtua-se, des- cessários à sociedade; ou que se
ta sorte, o propósito principal reduzam os preços em uenefício
da participação governamental cle outros propósitos similares de
nos processos econômicos, que conveniência geral (28).
é o de estimular a eficiência do Sem entrar em pormenores que
sistema cconômico, considerado aqui não cabem, vemos a neces-
globalmcnte, para melhorar as sidade de formas administrativas
condições de vida do povo. e~peciais. Todo o problema -
Dêste ponto de vista, a efici- autonomia verslIs contrôle polí-
ência interna de cada unidade tico - , nas corporações públicas
produtiva assume caráter secun- (também chamadas "entidades
dário. A atividade governamen- autônomas" ou "autárquicas")
tal dêste tipo surRe precisamente prende-se ao fato básico de que
para preencher os claros que no o govêrno é diferente. São inú-
sistema econ(Jmico deixam as meras as complicações que difi-
emvrêsas orientadas pelo prin- cultam nessas entidades o esfôrço
cípio da eficiência interna. Isso por harmonizar o princípio da
justifica que, na iniciativa gover- eficiência interna com o ela uti-
namental. haia maior disposição li(lade social.
.
pó1io de transporte, com o fim de baixar os preços; idem, para esta-
belecimentos comerciais destinados à venda de alimentos; utilização
de um monopólio de energia elétrica para expansão dos respectivos
~erviços, mediante a redução correspondente de lucros, etc. "Puerto
Rico, A Stndy in Dell10cratic Development, The Annals af the Amc-
rican Acadf'my 01 Political and Social Science (janeiro, 1953), espe-
cialmente o artigo de TEODORO Moscnso, "T ndnstrinl Dl'velopment in
Pnerto Eir",", pág~. 60cr,Çl.
II - A SISTEMATIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
PúBLICA
dir coisas sem importância, ig- leção dos meios administrat! \'OS
norando as verdadeiramente sig- conducentes a efeitos determina-
nificatiyas, por não se prestarem dos, a avaliação da cfetivid;l,de de
ao cômputo matemático. Con- tais meios para produzir os
tam-se por dezenas os estudos fins desejados e o descuhriment()
sociolc)gicos que pertencem a de nO\'a; alternativas mais efi-
esta classe. Com referência ao cientes. Nestas formas, o estudo
pbnejamento, a obsessão pelas analítico é uma hase incli,:pen<l-
estatísticas conduz ao armazena- vel para as decisões normativas.
mento de cifras e mais cifras, Devemos tomar cuielado a fim
sem qualquer referência ao pro- de não incorrermos no mecani-
blema da formulação de pautas cismo ingênuo que, diante dos
ele conduta. Notamos também problemas da conduta humana,
que a fobia contra a individua- quer encontrar uma explicação
lização das decisões é produzida causal para tudo. Temos ouvido
pela mania da generalização, tantas yêzes justificarem a cor-
pelo anseio de fazer regras de rução no govêrno como produ-
aplicação geral para tudo. to de causas sociais, que deter-
4) Os estudos sociais podem minam inexoràvelmente as ações
haurir grande proycito dos mo- dos governantes! A podridão elo
elos empregados pelas ciências govêrno é, sem dúvida, um re-
naturais para traçar os nexos de flexo elas condições sociais, mas
causa e efeito. É certo que a não se trata, em casos como êste.
complexidade e variabilidade das de atribuir inevitabilidade me-
situações humanas dificultam a cânica a tais fenômenos para
tarefa de isolar os fatôres e de- contemplarmos com resignação
terminar snas conexões causais. sua regularidade ou dedicarmo-
Mas, apesar destas limitações, nos à dura e longa tarefa ele eli-
podc obter-se muito mais do que minar, uma por uma, as supos-
se tem ohtido até agora. Por tas causas sociais, para que e\'en-
exemplo, a psicologia proporcio- tualmente se produza o efeito
na explicações da conduta huma- desejado. Há outra forma, b(,111
na que os administradores não mais realista, de encarar o pro-
podem ignorar. Dentro do âmbi- blema, qual seja a de reconhecer
to das interpretações descritivas, que a natureza humana é telco-
(' possíwl melhorar muito a S('- lógicil, conta com capacidacl(' r;\-
TEORIA GERAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 83
Tão logo passam da mera des- em alguns casos, por simples ill-
crição de fatos para as recomen- consciência ou omissão.
dações sôbre as práticas existen- A análise descritiva tem, no
tes, os estudos administrativos entanto. enorme utilidade para
adquirem imediatamente conota- as decisões normativas. É muito
ções normativas. Em adminis- fácil provocar resultados opostos
tração de pessoal, organização e a nossos propósitos por não en-
métodos, finanças, enfim, em tendermos a realidade. O primei-
qualquer setor da administração ro passo para prevenir isso é o
pública, as recomendações sôhre conhecimento exato dos fatos e
o que se deve ou não fazer ba- de suas inter-relações. Assim po-
seiam-se' em última instância, deremos começar a compreender
em preferências éticas. nstes os problemas e a perceber as al-
juízos de valor permanecem ge- ternativas exeqüíveis para solu-
ralmente inarticulados, como cioná-los.
pressuposições que não se dis- Por mais altruístas que sejam
cutem. Mas sempre estão aí para nossas intenções, não poderemos
dar sentido às interpretações tornar a distribuição econômica
descritivas. Sem êles, os mais mais equitativa se não conhecer-
exatos descobrimentos de fatos mos como funciona o mercado
seriam completamente neutros de bens e serviços. Similarmente.
diante do problema do que fazer. de nada vale a convicção em fa-
Isto significa que as fórmulas vor da eficiência no serviço pú-
puramente descritivas podem blico, se não soubermos quais
servir indistintamente à honesti- são os meios que conduzem a
dade ou à corrução, ao interês- êsse objetivo. A ignorância da
se geral ou ao egoísmo de um realidade pode levar-nos inclu-
grupo, à liberdade ou ao auto- sive a exigir dos homens mais do
ritarismo, à justiça ou à injus- que são capazes; ou a propor in-
tiça. Diante das situações con- gênuamente remédios superfi-
cretas da realidade, essas fórmu- ciais para seus problemas. Daí
las necessitam do complemento a grande utilidade da atitude
dos juízos valorativos. A prática científica, a qual busca o conhe-
da administração pública é uma cimento necessário para diagnos-
série contínua de decisões dêste ticar as situações; traça as ra-
tipo - explícitas ou implícitas; mificações dos problemas; escla-
88 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
REnSTAS
AMERICAN POLITICAL SCIENCE HEVIEW (trimestral) Publicada pela
o