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"Há uma porta na alma que se abre para Deus e outra que se abra para as
Profundezas. Não tenham dúvida: as Profundezas emergem assim que a porta é
efetivamente aberta".
(Arthur Waite)
Temos, em língua vernácula, poucas fontes bibliográficas para explorar sobre tão
fascinante temática, o que nos motivou a pesquisar e a produzir o presente
"intertexto". A priori, tal tema pode nos levar a franzir a testa ou mesmo causar uma
inquietante estranheza; mas, a posteriori, com a devida vivência e estudo, tal
assombro fenece, pois aprendemos que o lado obscuro da coisa é tão verdadeiro e útil
à existência quanto o seu lado divino. Nossa mentalidade judaico-cristista
(pretensiosamente cristã) pode reagir, por "pré-conceitos", a um estudo de tal
magnitude; mas competem ao verdadeiro iniciado exercer sua vontade consciente (sua
magick) e vencer os grilhões do aprisionamento, do medo e da ignorância. Se nos
lembrarmos do símbolo do yin-yang (), compreenderemos, talvez com maior facilidade,
o intercâmbio cósmico das energias: uma energia sempre nos levando em direção a
seu oposto complementar. É essa mesma realidade que se expressa quando
trabalhamos com o anverso e o verso da Árvore Qabalística. Um iniciado draconiano,
ciente deste princípio cósmico, trabalha, alternadamente, com os dois lados da Árvore,
entrando em contato com seus 'anjos' e 'demônios', buscando a síntese, o equilíbrio, o
casamento alquímico das energias.
É ponto pacífico, na Tradição Draconiana, que tal Árvore contenha um outro lado (o
lado oculto) que é chamado de Árvore da Morte. É neste lado não luminoso, temido
por uns, ignorado por outros, que o draconiano também trabalha. Na atualidade,
Kenneth Grant resgatou esse antigo princípio e afirma que essas forças sombrias estão,
cada vez mais, infiltrando-se em nossa dimensão e transformando o planeta de uma
forma estranha e assustadora.
Tal processo foi logo identificado e recebeu diferentes nomes: é o Novo Aeon de
Crowley; o Apocalipse bíblico; a Era de Satã de La Vey e o Ma-Ion (era de Maat) de
Grant. Independentemente do nome que receba, o fato é que há uma mudança no ar,
uma alteração na consciência, uma nova ordem planetária. Nesse particular, Crowley
escreve:
"Observem por si mesmos a decadência do senso de pecado, do crescimento da
inocência e da irresponsabilidade, a estranha modificação do comportamento sexual
que tende para uma bissexualização crescente, uma pueril confiança no progresso
concorrendo com o pesadelo e o medo de catástrofes e hecatombes diversas".
1.. Kether
Gehenna
Futilidade
Thaumiel - As duas Forças Combatentes
a.. Chokmah
Gehenna
Arbitrariedade
Ghogiel - Os Estor-vadores
a.. Binah
Sombra da Morte
Fatalismo
Satariel - Os Oculta-dores
a.. Chesed
Portal da Morte
Ideologia
Agshekeloh - Os Golpeadores
a.. Geburah
Lamaçal
Burocracia
Golohab - Os Incendiários
a.. Tiphereth
Palácio da Corrupção
Falsidade
Tagiriron - Os Disputadores
a.. Netzach
Casa da Destruição
Repetição
Gharab Tzerek - Os Corvos da Morte
a.. Hod
Sheol
Rigidez
Samael - O Veneno de Deus
a.. Yesod
A Cova
Zumbi ("Zumbiísmo")
Gamaliel - Os Obscenos
a.. Malkuth
O Inferno Profundo
Interrupção da Circulação
Lilith - Rainha da Noite e dos Demônios
Essas forças em ebulição no planeta são as forças qliphóticas (do hebraico, Qliphoth =
cascões, escudos ou demônios). Essas forças também são conhecidas como Tulpas (no
Tibet) e avatares de Coyote (nas tradições indígenas norte-americanas).
De acordo com a compreensão de nossa Ordem, tais forças são "extraterrenas", além
do universo conhecido e que estão tentando conosco se comunicar para completarmos
nossa evolução, unindo o lado luminoso com o não iluminado. Em outras palavras, é o
processo de abertura de nossa mente consciente para as profundezas primordiais de
nosso inconsciente. Um draconiano sabe que deve conhecer suas forças abissais
inconscientes, mas também sabe que deve mantê-las sob controle/vontade.
Há uma antiga crença de que um dos caminhos para se chegar à Divindade é através
do princípio animal. Isto pode ser visto nas representações zooantropomórficas dos
deuses egípcios e sumérios. Nos tempos modernos, podemos encontrar conceito
similar nas obras artísticas do mago inglês Austing Osman Spare bem como em suas
várias práticas ritualísticas de Yoga. Nelas, é possível perceber a técnica de se utilizar
da bestialidade para se aproximar da Divindade. Spare acreditava no poder da
ressurgência atávica na qual o iniciado retira poder de um símbolo ou sigilo feito para
representar um determinado animal para, finalmente, adquirir as qualidades do
mesmo. Este é um método de se contatar a Divindade, na qual, ao invés de se "elevar"
espiritualmente até Ela, o iniciado "desce" Nela, bestialmente. Sendo a Divindade o
"Todo", se você se "eleva" ou "desce" não vem ao caso. O resultado é o mesmo. Grant
afirma:
É evidente que aqueles que contatam as forças qliphóticas devem assumir a Máscara
da Besta. Não é de se estranhar, portanto, que o amplo espectro das assim chamadas
anormalidades e luxúrias foram exploradas nas tentativas de transmitir as vibrações
extracósmicas ou, pelo menos, as forças extraterrenas.
O acesso para se contactar com as Qliphoth é através da Sephirá oculta Daath. Daath
está no meio do Abismo, a esfera que separa a consciência humana comum da tríade
superior ou Divindade. Daath funciona como um gateway (portal) para outras
dimensões ou Universo B (em oposição ao lado que conhecemos e que é chamado de
Universo A, na terminologia draconiana). É lá também que estão os Túneis de Set no
qual residem as Qliphot.
Grant e Michael Bertiaux, com freqüência, ventilam o uso da magick sexual como
técnica propulsora para se obter conexão com as Qliphot. Tal técnica engloba o uso do
sado-masoquismo, da magick sexual licantrópica imaginária, da assunção de formas
monstruosas durante o rito, dentre outros.
Vale ressaltar que a palavra hindu kalas significa tempo como fonte de todas as coisas.
Na filosofia tântrica, são os fluxos do tempo (aromas, flores, emanações, fenômenos,
secreções), particularmente ligados aos kalas humanos ou fluídos corporais (sangue,
sêmen, leite, suor, menstruação, cera do ouvido, a melatonina produzida pela glândula
pineal, etc) dos quais o tantra enumera mais de 30. Muitos desses kalas são
produzidos por determinadas práticas sexuais ritualizadas. Kenneth Grant usa a palavra
kalas com o mesmo sentido que expusemos acima, mas também faz um uso pessoal
dela. Para ele, kalas é sinônimo de Túneis de Set, uma vez que ele os vê como sendo
"secreções".
Esses 22 caminhos sombrios são protegidos por Guardiões que são o exato oposto dos
Guardiões do lado frontal da Árvore. Os Guardiões Sombrios são seres ligados aos
aspectos mais obscuros da existência: perversões, blasfêmias, distorções.
CAMINHOS VISÍVEIS
GUARDIÃES DOS TÚNEIS DE SET
HABITANTES OU Qliphoth
11.O Louco
AMPRODIAS
Silfos, Fadas, Vampiros.
12. O Mago
BARATCHIAL
14. A Imperatriz
DAGDAGIEL
A Porca de Vênus (Babylon)
15. A Estrela
HEMETHTERITH
O Behemiron
16. O Hierofante
URIENS
O Adimiron
17. Os Amantes
ZAMRADIEL
O Tzalalimiron
18. A Carruagem
CHARACITH
O Shichiririon
19. A Força
TEMPHIOTH
O Schalcbiron
20. O Eremita
YAMATU
The Tzaphiriron
22. A Justiça
LAFCURSIAX
O A'abirion
23. O Enforcado
MALKUNOFAT
Os Abissais (Deep Ones)
24. A Morte
NIANTIEL
Escorpião, lobo, besouro.
25. A Temperança
SAKSAKSALIM
O Nechashiron
26. O Diabo
A'ANO'NIN
O Dagdagiron
27. A Torre
PARFAXITAS
28. O Imperador
TZUFLIFU
Os Revoltosos
29. A Lua
QULIELFI
O Nashimiron
30. O Sol
RAFLIFU
Fantasmas
31. O julgamento
SHALICU
32.O Mundo
THANTIFAXATH
Larvas e "saprófitas" astrais
1) AMPRODIAS - Guardião do 11o Túnel - ele não é um 'oposto' do Louco, mas uma
distorção deste. Ao invés de estar preste a saltar de um penhasco, como faz o Louco,
Amprodias está sentado no fundo de uma cratera, na beira de um buraco, produzindo
bolhas. No lugar do cão que adverte, temos alguns demônios que tocam flautas,
procurando distrair e confundir. O pior de tudo é que a figura está sem cabeça.
Seu caminho é o do reverso, uma vez que 11 é o número geral para a magia e 11 é o
número da Sephirá Daath na Árvore da Vida, isto é, a Sephirá da "não-existência" e o
portal para o "outro lado". Amprodias também tem o número do Louco (0). O zero (o
vazio) é o número que precede o Um (a Manifestação). É o nível que precede até
mesmo o mais elementar nível consensual de realidade (o solipsismo e a loucura). Sua
doença é a diarréia.
10) YAMATU - o Guardião do 26o Túnel - É quando se considera que esta forma
física, este mundo material que conhecemos é como algo inerte e sem vida; considera-
se que a Natureza é indiferente. Daí surge uma sensação de isolamento, de abandono,
de desconexão com o todo.
13) MALKUNOFAT - o Guardião do 23o Túnel - representa os Old Ones (Os Antigos)
erguendo-se das "águas”. Seu equivalente é o Enforcado que está submerso nas
águas.
21) SHALICU - o Guardião do 31o Túnel - "O que imerge nas águas”. A letra hebraica
shin (c), presente no arcano XX é aqui traduzida como "eu não abrirei", o que não
vence os Arcons ou Regentes Planetários.
O trabalho prático com as Qliphot requer uma base, uma profunda compreensão,
equilíbrio e desenvolvimento interior que somente uma escola espiritual como a Ordo
Templi Orientis Draconiana pode, efetivamente, proporcionar. O contato com os
arcanos sombrios, sem o devido preparo, pode ser mais deletério do que se imagina.
Lidar com as consciências qliphóticas é o mesmo que lidar com substâncias tóxicas,
animais perigosos ou mexer com fios de alta voltagem.
As qliphot são as energias cósmicas negativas (o que não quer dizer más) que se
equilibram ou se compatibilizam com as sephirot positivas (ex: Lilith é a contraparte
sombria de Malkut).
Uma comparação disto pode ser estabelecida através do processo digestivo, cujos
resíduos são excretados. No mundo da alquimia é dito que a Pedra Filosofal se
encontra "naquilo que todos os homens rejeitam ou desprezam". Isso gerou, nos
menos avisados, a busca pela substância em excrementos diversos.
Mas, o que significa a palavra excremento? Do latim, excernere que quer dizer
"separar". É, assim, uma separação, um retirar das cascas permitindo que aquilo que
foi expelido não mais retorne a nós. É o que faz a serpente ao trocar de pele, deixando
a casca para trás, absolutamente renovada. Aliás, pele em latim é cutis e seu cognato
grego é skalos (esterco). É curioso o fato da palavra pele ter, em diversas línguas, a
recorrência da letra K (skin, skatos, kina, kakadu, sisek).
Um dos grandes equívocos que nos acomete é o fato de não nos aceitarmos ou
esquecermos que somos deuses e deixamos de nos auto-avaliarmos, disciplinarmos e
melhorarmos enquanto seres em desenvolvimento. Aliado a isso, erroneamente
encaramos Deus ou aquilo que consideramos como Superior como sendo a encarnação
da perfeição, ao invés de vê-Lo como um ser em constante evolução e vir a ser.
Somente ídolos e deuses escravistas são perfeitos. Nem mesmo Odin se considerou
perfeito: teve que fazer vários sacrifícios para atingir a sabedoria. A história de Buda
não é muito diferente. Quando você diz que você não é Deus quer dizer que você não
é um ídolo. Porém, um ídolo é exatamente o que o homem moderno fez de si mesmo.
Ele se adora, mas não como um ser divino e sim se apega a seus vícios e virtudes, não
indo além da dualidade e se fixando cada vez mais na matrix.
Na Qabalah, o processo de se liberar das prisões sensoriais, dos traumas psíquicos, dos
direcionamentos impróprios das energias, está separação ou excremento é chamada de
Qliphot, as personificações nocivas.
Todas as expressões divinas têm suas qliphot e na atualidade, mais que em outras
eras, essas expressões desequilibradas tem ganhado terreno na medida exata em que
a busca pelo Superior perde terreno pela fixação obsessiva e compulsiva em direção à
gula, à estética, ao sexo, ao lazer, aos entorpecentes e ao descanso. A Divindade que
está fora do eu, não é a Divindade.
A comparação de Alan Walt´s sobre a cebola e o trabalho com o self (eu) é bem-vinda:
você descasca e descasca até que nada mais reste.