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CURSO DE CONDUTORES AMBIENTAIS DO PARQUE ESTADUAL DA

PEDRA BRANCA

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MÓDULO I

Características da UC: Biodiversidade, geografia e patrimônio.

Rio de Janeiro

2016

1ª Edição
SUMÁRIO

1 - O PARQUE ESTADUAL DA PEDRA BRANCA 03

2 - NOÇÕES DE ECOLOGIA 05

3 - NOÇÕES DE GEOGRAFIA, GEOLOGIA E HIDROLOGIA 11

4 - INTRODUÇÃO À FAUNA E FLORA 13

5 - HISTÓRIA, CULTURA E PATRIMÔNIO 16

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 21

ANOTAÇÕES 22

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1. O PARQUE ESTADUAL DA PEDRA BRANCA

O Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB), criado pela Lei Estadual nº 2.377, de 28 de junho de 1974,
apresenta uma superfície de 12.393,84 hectares, abrangendo todas as áreas situadas acima da cota de 100
metros do Maciço da Pedra Branca. Nele encontra-se o ponto culminante do município do Rio de Janeiro, o
Pico da Pedra Branca, com 1.024 metros de altitude.
Está integralmente localizado na cidade do Rio de Janeiro, ocupando cerca de 10% do seu território, o que
lhe garante o título de maior UC do município (SMA, 2009). O parque situa-se na zona oeste da cidade e
faz limite com 17 bairros: Jacarepaguá, Taquara, Camorim, Vargem Pequena, Vargem Grande, Recreio dos
Bandeirantes, Grumari, Jardim Sulacap, Realengo, Padre Miguel, Bangu, Senador Camará, Santíssimo,
Campo Grande, Senador Vasconcelos, Guaratiba e Barra de Guaratiba.

Mapa com a localização do PEPB, no município do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro

Atualmente a UC conta com uma sede, localizada no núcleo Pau da Fome, na Taquara, no qual
concentram-se as atividades administrativas, que possui ainda infraestrutura de uso público; e duas
subsedes, localizadas nos núcleos Piraquara e Camorim; bem como duas bases avançadas, atualmente
desativadas, a de Vargem Grande e a do Rio da Prata.
O acesso ao núcleo Pau da Fome se dá pelo Largo da Taquara, no bairro de Jacarepaguá, a partir de onde
começa a sinalização indicativa do caminho de acesso ao parque, seguindo pela Estrada do Rio Grande e
depois pela Estrada do Pau da Fome, que termina na entrada do núcleo Pau da Fome.
O acesso ao núcleo Camorim se dá pela Estrada dos Bandeirantes, seguindo pela Estrada do Camorim, que
termina no portão de entrada do parque.

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Já o núcleo Piraquara fica na vertente norte do parque, no bairro de Realengo, cujo acesso se dá pela
Avenida Santa Cruz, seguindo pela Rua dos Limites e depois pela Rua do Governo, que termina no portão
de entrada do parque.
O PEPB constitui uma UC do grupo de proteção integral. De acordo com a Lei 9985, que institui o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), este tipo de área protegida destinasse à preservação de
ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de
pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de
recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. Ele faz parte da administração pública do
Estado do Rio de Janeiro, estando subordinado à Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas (DIBAP),
que pertence ao Instituto Estadual do Ambiente (INEA), órgão vinculado à Secretaria de Estado do
Ambiente (SEA).

Ato de criação: Lei Estadual nº 2.377, de 28 de junho de 1974.


Objetivos da UC:

 Preservar mananciais hídricos ameaçados pela expansão urbana.

 Preservar remanescente florestal localizado em ponto estratégico do Rio de Janeiro e área núcleo
de biodiversidade da Mata Atlântica.

 Proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica no interior do PEPB.

 Promover ações de restauração no interior do parque.

 Proteger e revitalizar construções históricas, ruínas e sítios arqueológicos.

 Contribuir para o controle de enxurradas e proteger áreas de encosta.

 Valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica, com o aproveitamento dos serviços


ambientais que o parque disponibiliza.

 Manejar e combater espécies exóticas e invasoras.

 Promover aos visitantes do PEPB oportunidades de recreação ao ar livre.

 Favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental.

 Proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica e monitoramento.

 Promover práticas sustentáveis na região de entorno.

 Estabelecer normas e ações específicas visando compatibilizar a presença das populações


residentes com os objetivos da unidade, até que seja possível a realização da regularização
fundiária da UC.

O Parque Estadual da Pedra Branca é reconhecido como uma das maiores florestas em área urbana do
mundo e a maior do Brasil. Tem um papel central no equilíbrio hídrico e climático da cidade do Rio de
Janeiro, ocupando cerca de 10% do seu território e protegendo mais de 50% do remanescente de Mata
Atlântica da cidade. Também tem importância sociocultural, pois protege sítios tombados e registros
históricos que remontam ao denominado Sertão Carioca.

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Os primeiros registros da ocupação do maciço datam de 1594, quando Salvador Correia de Sá doou suas
terras para seus dois filhos, Gonçalo e Martin de Sá (IPP, 2003). Por herança de sua filha, Dª Vitória de Sá e
Benevides, em 1667, parte das terras de Gonçalo Correia de Sá passou para os religiosos do mosteiro de
São Bento, que exploraram ou arrendaram as áreas até o final do século XIX, quando estas foram
transferidas para o Banco de Crédito Móvel, que parcelou e repassou essas áreas a inúmeros pequenos
proprietários (IPP, 2003).
Em abril de 1963, o Decreto nº 1.634 declarou a área do maciço como de utilidade pública para fins de
desapropriação, mas foi em 1974, após dez anos de estudos, que o Parque Estadual da Pedra Branca foi
criado. Mesmo com a criação do parque, outros instrumentos legais foram publicados a posteriori para
reforçar a importância da proteção do maciço e áreas adjacentes, muitas delas superpostas ao próprio
parque estadual. A área tem sido, oficialmente, gerida pelo INEA, na categoria de parque estadual, visto
que a maioria destas áreas adjacentes pertencem a categorias de manejo consideradas menos restritivas.
Todos esses instrumentos legais reforçam a importância que tem sido atribuída a esta área ao longo das
últimas décadas. Contudo, o PEPB ainda carece de investimento e ações de planejamento subsidiando sua
implementação.
O PEPB faz parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, declarada pela UNESCO em 1992. Integra ainda
o Corredor de Biodiversidade da Serra do Mar e o Mosaico Carioca, criado por meio da Portaria n° 245, de
11 de julho de 2011. O Conselho Consultivo da unidade foi criado pela Portaria IEF/RJ/PR/N°269, de 17 de
dezembro de 2008, do qual fazem parte cerca de 30 instituições. Atualmente encontra-se em fase de
renovação.

2. NOÇÕES DE ECOLOGIA

O que é ecologia? Oikos = casa; logos = estudo


Ecologia é o corpo de conhecimento relacionado à economia da natureza - a investigação do conjunto de
relações de um organismo tanto com seu ambiente orgânico quanto inorgânico, incluindo acima de tudo,
suas interações amistosas e não amistosas com outros organismos com os quais ele tem contato direto ou
indireto. Ernst Haeckel, 1866
Após a Segunda Guerra Mundial, a preocupação com as atividades humanas e suas conseqüências para o
meio ambiente aumentaram o interesse dos cientistas pela ecologia e expandiram as áreas de atuação dos
ecólogos

Organismos: Funcionalmente, os organismos correspondem à unidade de seleção natural


As principais questões ecológicas estão em centradas em:
- Como os indivíduos respondem a fatores bióticos e abióticos do seu ambiente (eco-fisiologia e
ecomorfologia)
- Como os indivíduos conseguem alimento e parceiros sexuais e como eles evitam predadores (ecologia
comportamental)
Populações: Uma população é um grupo de indivíduos da mesma espécie que vivem numa mesma área ao
mesmo tempo

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As principais questões ecológicas estão centradas nos fatores que influenciam o número de indivíduos que
vivem em um determinado habitat
Comunidades: Uma comunidade consiste no conjunto de indivíduos de diferentes espécies que vivem em
uma mesma área ao mesmo tempo e, de forma direta ou indireta, interagem entre si
As principais questões ecológicas estão centradas em:
– Qual é a riqueza e abundância relativa das diferentes espécies que compõem a comunidade
– Como a riqueza e abundância das espécies varia no tempo e no espaço
– Que fatores influenciam a estrutura da comunidade
Ecossistemas: Um ecossistema consiste em uma comunidade biótica e os fatores abióticos que a
influenciam, tais como solo, água, nutrientes, energia e temperatura.
A abordagem de ecossistemas em ecologia descreve os organismos como “pacotes” de energia e
elementos químicos.
Base para o estudo da transmissão de energia e do ciclo de nutrientes dentro dos sistemas ecológicos.
Biosfera: Todos os ecossistemas estão de alguma forma interconectados formando a biosfera, a qual inclui
todos os organismos e ambientes da Terra
Devido às mudanças climáticas promovidas pela atividade humana, o estudo dos padrões globais de
circulação de água, gases e energia vem aumentando nos últimos anos
O principal enfoque ecológico vem sendo sobre como as mudanças globais: Interferem na distribuição de
organismos, promovem alteração na composição de comunidades e influenciam a produtividade dos
ecossistemas

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PARQUE ESTADUAL DA PEDRA BRANCA

Bioma: Mata Atlântica

Ecossistema: Floresta Ombrófila Densa Montana e Submontana.

Considerada um dos biomas mais ameaçados do planeta, a Mata Atlântica é o domínio de natureza mais
devastado do Brasil. Ela estende-se do Piauí ao Rio Grande do Sul e correspondia a, aproximadamente, 15%
do território nacional, no entanto, a intensa devastação desse bioma para plantação de cana-de-açúcar,
café, mineração e outras atividades econômicas reduziu drasticamente essa cobertura vegetal, restando,
atualmente, apenas 7% da mata original, localizada principalmente na Serra do mar.
A Mata Atlântica é composta por um conjunto de fisionomias e formações florestais, com estruturas e
interações ecológicas distintas em cada região, ela está na faixa de transição com os mais importantes
biomas do Brasil: caatinga, cerrado, mangues, campestres e planaltos de araucárias.
Seu clima predominante é o tropical úmido, no entanto, existem outros microclimas ao longo da mata.
Apresenta temperaturas médias elevadas durante o ano todo e a média de umidade relativa do ar também
é elevada. As precipitações pluviométricas são regulares e bem distribuídas nesse bioma. Quanto ao
relevo, é caracterizado por planaltos e serras.
A importância hidrográfica da Mata Atlântica é grande, pois essa região abriga sete das nove maiores
bacias hidrográficas do país, entre elas estão: Paraná, Uruguai, Paraíba do Sul, Doce, Jequitinhonha e São
Francisco.
Esse bioma é um dos mais ricos do mundo em espécies da flora e da fauna. Sua vegetação é bem
diversificada e é representada pela peroba, ipê, quaresmeira, cedro, jambo, jatobá, imbaúba, jequitibá-
rosa, jacarandá, pau-brasil, entre outras. Esses dois últimos (jacarandá e pau-brasil) são o principal alvo
da atividade madeireira, fato que ocasionou sua redução e quase extinção.
A fauna possui várias espécies distintas, sendo várias delas endêmicas, ou seja, são encontradas apenas na
Mata Atlântica. Entre os animais desse bioma estão: tamanduá, tatu-canastra, onça-pintada, lontra, mico-
leão, macaco-muriqui, anta, veado, quati, cutia, bicho-preguiça, gambá, mono-carvoeiro, araponga,
jacutinga, jacu, macuco, entre tantos outros.
Existe uma grande necessidade de políticas públicas para a preservação da Mata Atlântica, visto que da
área original desse bioma (1,3 milhão de km²) só restam 52.000 km². Outro fator é a quantidade de
espécies ameaçadas de extinção: das 200 espécies vegetais brasileiras ameaçadas, 117 são desse bioma.
Conforme dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a
Mata Atlântica abriga 383 dos 633 animais ameaçados de extinção no Brasil.

Mata Atlântica no Rio de Janeiro

A cobertura remanescente da Mata Atlântica no Rio de Janeiro aumentou para 30,7% em 2015. O aumento
se deve à nova medição feita pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe), que passou a contabilizar áreas menores.
Antes, apenas áreas com mais de 3 hectares eram contadas. Com o acesso a imagens de satélite de melhor
resolução, os técnicos passaram a levar em conta áreas a partir de 1 hectare no estado.

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Ainda segundo o levantamento, o estado do Rio tem 18,6% de sua área coberta por remanescentes
florestais, 1,2% preenchido por restingas e 0,3%, por mangues.
Com o aumento da precisão dos dados, foi possível acrescentar a essas áreas cerca de 10% classificados
como vegetação natural e 0,6% de formações naturais não florestais, que incluem refúgios naturais,
vegetação de várzea, campos de altitude e dunas. O maior detalhamento na medição permite um melhor
planejamento do manejo florestal
A área total incluída no mapeamento soma 435.530 hectares, elevando o total da área de Mata Atlântica
no estado para 1,3 milhão de hectares. Na capital, o percentual de área preservada é 29,7%, ou cerca de
34 mil hectares.

Floresta Ombrófila
O termo Floresta Ombrófila é usado para o ecossistema antes denominado de Floresta Pluvial. Caracteriza-
se pela vegetação de folhas largas e perenes e por chuvas abundantes e frequentes. Está presente
nos biomas Mata Atlântica e Amazônia. Existem três tipos de floresta ombrófilas: densa, aberta e mista.
Cada tipo pode ainda incluir diferentes fisionomias, que são definidas de acordo com as faixas altitudinais.

 Floresta Ombrófila Densa


Essa vegetação é perenifólia e caracteriza-se pela presença de fanerófitos (plantas cujas gemas de
renovação se encontram a mais de 25 cm do solo), além de muitas lianas e epífitas. Nessa floresta
praticamente não ocorre período de seca, visto que a precipitação é alta e bem distribuída durante o ano.
As temperaturas são elevadas. Nas regiões ao longo dos cursos de água encontra-se a FOD Aluvial. A FOD
das Terras Baixas ocupa geralmente as planícies costeiras e possui árvores altas, além de muitas
bromélias, palmeiras e lianas. A FOD Submontana se estende pelas encostas das serras e possui árvores
com alturas aproximadamente uniformes, raramente ultrapassando 30 metros. A FOD Montana situa-se no

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alto dos planaltos e serras, seu dossel é aberto e as árvores mais altas são geralmente leguminosas, possui
elevada riqueza de epífitas. A FOD altomontana situa-se no cume das altas montanhas, possui vegetação
arbórea formada por indivíduos tortuosos com troncos e galhos finos, de aproximadamente 20 metros de
altura.
• Floresta Ombrófila Mista – Conhecida como Mata de Araucária, pois o pinheiro brasileiro (Araucaria
angustifolia) constitui o andar superior da floresta, com sub-bosque bastante denso. Reduzida a menos de
3% da área original sobrevive nos planaltos do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, e em maciços
descontínuos, nas partes mais elevadas de São Paulo, Rio de Janeiro e Sul de Minas Gerais.

• Floresta Ombrófila Aberta – A vegetação é mais aberta, sem a presença de árvores que fechem as copas
no alto, ocorre em regiões onde o clima apresenta um período de dois a, no máximo, quatro meses secos,
com temperaturas médias entre 24º C e 25º C. É encontrada, por exemplo, em Minas Gerais, Espírito Santo
e Alagoas.

• Floresta Estacional Semidecidual – Conhecida como Mata de Interior, ocorre no Planalto brasileiro, nos
estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Alguns encraves ocorrem no Nordeste.

• Floresta Estacional Decidual – É uma das mais ameaçadas, com poucos remanescentes em regiões da
Bahia, Minas Gerais e Piauí. Sua vegetação ocorre em locais com duas estações bem demarcadas: uma
chuvosa, seguida de longo período seco. Mais de 50% das árvores perdem as folhas na época de estiagem.

• Campos de Altitude – Normalmente ocorrem em elevações e em linhas de cumeadas, associados ou não a


fragmentos florestais. A vegetação característica é formada por comunidades de gramíneas, em certos
lugares, interrompida por pequenas charnecas. Freqüentemente nas maiores altitudes ocorrem topos
planos ou picos rochosos, como no Parque Nacional de Itatiaia (localizado entre Rio de Janeiro, São Paulo
e Minas Gerais).

• Brejos Interioranos – Ocorrem como encraves florestais (vegetação diferenciada dentro de uma paisagem
dominante), em meio à Caatinga e têm importância vital para a região nordestina, pois possuem os
melhores solos para a agricultura e estão diretamente associados à manutenção dos rios. São também
conhecidas como “serras úmidas”.

• Manguezais - Formação que ocorre ao longo dos estuários, em função da água salobra produzida pelo
encontro da água doce dos rios com a do mar. É uma vegetação muito característica, pois tem apenas sete
espécies de árvores, mas abriga uma diversidade de microalgas pelo menos dez vezes maior.

• Restingas - Ocupam grandes extensões do litoral, sobre dunas e planícies costeiras. Iniciam-se junto à
praia, com gramíneas e vegetação rasteira, e tornam-se gradativamente mais variadas e desenvolvidas à
medida que avançam para o interior, podendo também apresentar brejos com densa vegetação aquática.
Abrigam muitos cactos, orquídeas.

Estratificação da floresta ombrófila


A floresta ombrófila é constituída por um elevado número de espécies, muito próximas umas das
outras, com troncos altos e esguios e folhas largas e persistentes. Devido à competição pela luz,
verifica-se, normalmente, a existência de vários estratos arbóreos: o mais elevado, constituído por
árvores de grande porte, com uma altura de 10 a 30 metros, e, por fim, o estrato inferior, que
comporta árvores com cerca de 10 metros.

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Depois dos estratos arbóreos, é possível observar um estrato arbustivo, mais ou menos alto e denso,
com folhas muito delgadas, quase transparentes, em consequência da grande humidade e da fraca
radiação solar existente a este nível.

Por fim, junto ao solo, é possível encontrar um manto herbáceo pouco desenvolvido, devido à quase
ausência de luminosidade provocada pelas copas das árvores, que compõem os diferentes estratos
superiores.

Na floresta ombrófila é possível observar ainda a existência de lianas e de epífitas, cuja forma de vida
assume características muito particulares. As lianas são plantas trepadeiras que se enrolam nas
árvores, pelas quais sobem, à procura de luz. As epífitas são plantas que não têm as raízes presas ao
solo e vivem sobre outras plantas, que lhes servem de suporte.

Estratificação da floresta densa

Espécies exóticas ou invasoras

A Convenção sobre Diversidade Biológica define como Espécie Exótica, toda espécie que se encontra fora
de sua área de distribuição natural, isto é, que não é originária de um determinado local.
Espécie Exótica Invasora ou, simplesmente, Espécie Invasora é definida como uma espécie exótica que
prolifera sem controle e passa a representar ameaça para espécies nativas e para o equilíbrio dos
ecossistemas que passa a ocupar e transformar a seu favor. Pode representar risco até às pessoas.
As Invasoras se adaptam às condições do ambiente no qual se inserem e, além de suas vantagens
competitivas naturais, são favorecidas pela ausência de inimigos naturais (predadores), o que lhes permite
se multiplicar e degradar ecossistemas. Elas competem com as espécies nativas por recursos como
território, água e alimento. Em alguns casos, se alimentam das espécies nativas, o que agrava ainda mais
seu impacto ao meio ambiente local.

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A invasão de relativamente poucas espécies muito adaptáveis e competitivas sobre áreas distintas do globo
tende a empobrecer e homogeneizar os ecossistemas, e, hoje, é a segunda maior ameaça à perda de
espécies nativas, atrás apenas da redução/degradação de habitats. As Invasoras são responsáveis por
declínios populacionais e extinções.
Invasões podem acontecer de maneira natural, entretanto, as atividades e movimentações humanas são a
principal razão na introdução de espécies exóticas em praticamente todas as regiões do globo. À medida
que novos ambientes são colonizados e ocupados pelo homem, plantas e animais domesticados são
transportados, e proporcionam condições de dispersão muito além das capacidades naturais das Espécies
Exóticas.
Fatores humanos como migração, colonização de novas terras, aumento de população e o intenso comércio
internacional de animais de estimação e plantas ornamentais facilita a introdução de Exóticas. O
desmatamento e a degradação de áreas verdes também abrem a guarda dos ecossistemas locais à
invasões. Finalmente, as mudanças climáticas podem incentivar ou forçar a migração de espécies que
tentam sobreviver.
As invasões favorecem a disseminação de doenças e pragas e também acarretam prejuízos para colheitas,
degradam florestas, solos e pastagens.
As espécies invasoras representam um dos maiores desafios ambientais que o mundo enfrenta e combatê-
las nem sempre é possível. Ao contrário de outros problemas ambientais que podem ser amenizados pelo
tempo, as espécies invasoras com frequência se tornam dominantes e suas consequências negativas
tendem a se agravar à medida que sua adaptação se completa.
O combate às invasoras, via de regra, é um procedimento complexo, custoso e sem resultados garantidos,
fora o risco de efeitos adversos imprevistos. Houve caso em que a introdução de uma espécie inimiga da
invasora, numa tentativa de eliminar esta, resultou na espécie que se esperava resolver o problema, ao
invés, piorá-lo: a predadora ignorou a invasora e atacou as nativas mais abundantes e acabou por se tornar
uma nova praga, responsável pela extinção de várias outras.

3. NOÇÕES DE GEOGRAFIA, GEOLOGIA E HIDROLOGIA

O PEPB compõe um polígono de 12.373,84 hectares que se estende desde o litoral atlântico até a
confluência com a área urbana da baixada fluminense, ao norte do município. Em suas bordas leste e norte
a UC limita-se com a área da grande região metropolitana do Rio de Janeiro, ao sul é limitado pelo Oceano
Atlântico em duas estreitas faixas e pelo lado oeste por um corredor semiurbanizado que o separa da
Reserva Biológica Estadual de Guaratiba.
Está inserido no macrodomínio geoambiental da faixa litorânea e apresenta altitudes que variam entre os
100 e 1.024 metros do Pico da Pedra Branca, o ponto mais elevado do município do Rio de Janeiro. A
geologia do parque é marcada por um embasamento de rochas cristalinas da crosta antiga, que cobrem
mais de 90% de sua área e dão origem ao maciço rochoso da Pedra Branca. A hidrografia apresenta
inúmeros pequenos cursos d’água que fluem no sentido das vertentes do relevo da Pedra Branca, que
funciona como principal divisor de águas do município do Rio de Janeiro, conduzindo os fluxos hídricos nos
sentidos norte, leste e oeste.
Clima
O clima na Cidade do Rio de Janeiro, onde se encontra o PEPB, é do tipo tropical úmido, megatérmico,
com precipitação pluviométrica máxima de dezembro a março e mínima de junho a agosto. Em geral, a
pluviosidade varia de 1.500 a 2.500 mm, sendo o verão o período mais chuvoso, em especial à tarde,
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quando podem ocorrer fortes pancadas de chuva. O inverno é bem mais seco, mas eventualmente podem
ocorrer longos períodos de chuva fina e quase contínua.
O Maciço da Pedra Branca funciona como uma importante barreira física, influenciando os deslocamentos
da carga hídrica e das massas de ar em todo o Município do Rio de Janeiro. Seu relevo cria três grandes
ambientes com dinâmicas bastante específicas, que eventualmente podem condicionar até a distribuição
da fauna e da flora locais.
Sua vertente leste influencia diretamente a dinâmica atmosférica e o escoamento dos rios de toda a
Baixada de Jacarepaguá, rebatendo a forte influência de massas de ar marinhas.
A encosta oeste determina a dinâmica da Baixada de Sepetiba, na qual os fluxos hídricos e atmosféricos
recebem a influência dos aportes de energia gerados na Baía de Sepetiba e no barramento da Restinga da
Marambaia.
Já a vertente norte não recebe a influência direta do Oceano Atlântico, o que faz com que ela seja mais
quente e seca e contribui para que ocorra ali uma maior concentração da poluição atmosférica.
A partir da forma do relevo do Maciço da Pedra Branca e dos padrões de circulação atmosférica na região,
é possível inferir que as áreas voltadas para norte são mais quentes e secas, enquanto as áreas orientadas
para sul, leste e oeste apresentam índices mais elevados de umidade e temperaturas mais amenas.
De uma maneira geral, nos períodos da madrugada e da manhã os ventos sopram do continente em
direção ao mar, e durante o período da tarde e da noite predominam ventos de quadrante sudeste.

Geologia
O PEPB é caracterizado por uma rica geodiversidade, ou seja, é formado por um conjunto de rochas
graníticas e gnáissicas de composições, idades e estruturas diversas, que revelam uma história geológica
marcada principalmente pela colisão de placas tectônicas, com a formação do supercontinente Gondwana,
e por sua posterior separação e consequente abertura do oceano Atlântico.
As rochas graníticas são as mais comuns do Maciço da Pedra Branca, e foram formadas a partir da
cristalização do magma em grandes profundidades da crosta terrestre, durante a formação de montanhas
do ciclo Brasiliano, entre 650 – 460 milhões de anos atrás.
As rochas gnáissicas apresentam idades que ultrapassam 790 milhões de anos, e representam antigas
rochas sedimentares e ígneas, intensamente deformadas durante a colisão continental. Todas as rochas do
maciço são cortadas por diques de basaltos, que registram o início da abertura do oceano Atlântico, há
aproximadamente 180 – 140 milhões de anos.
A crosta continental, onde hoje se encontra o Maciço da Pedra Branca, foi atingida por um sistema de
falhamentos durante o expressivo evento tectônico que deu origem à Serra do Mar, há cerca de 70 – 60
milhões de anos. Posteriormente, nos dois últimos milhões de anos, a região foi submetida a sucessivos
ciclos erosivo-deposicionais, que formaram depósitos sedimentares associados a transições climáticas e/ou
processos neotectônicos

Hidrologia
O tipo de relevo existente no Maciço da Pedra Branca é responsável pela rede hidrográfica encontrada no
interior do PEPB. O volume e a qualidade da água produzida em suas encostas estão diretamente
relacionados com a qualidade da floresta, uma vez que esta funciona como elemento regulador dos
processos hidrológicos, ecológicos, climáticos e geomorfológicos.
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O sistema de drenagem no interior do PEPB pode ser dividido em três sub-bacias, sendo estas a sub-bacia
de leste, que drena o aglomerado urbano da região oeste de Jacarepaguá e arredores, onde podemos
encontrar o Rio Grande, Rio do Camorim, Rio Sacarrão e Rio Vargem Pequena; a sub-bacia de oeste, que
drena para a Baía de Sepetiba a água oriunda de toda a região leste dessa baixada, onde estão localizados
os Rios da Prata, da Batalha, das Tachas e Cabuçu, entre outros; e a sub-bacia de norte, onde
encontramos o Rio Piraquara e Viegas, que drena a área urbanizada sul da Baixada Fluminense e deságua
os fluxos na Baía de Guanabara.
Estudos apontam que perto das nascentes a qualidade da água pode ser considerada excelente, entretanto
à medida que a água se distancia para as partes mais baixas são encontrados claros indícios de poluição
devido à interferência do homem.

4. INTRODUÇÃO À FAUNA E FLORA

Fauna
Conceito: é o termo coletivo para a vida animal de uma determinada região ou de um período de tempo;
• Vertebrados e invertebrados – ancestral em comum;

O PEPB é um importante remanescente de Floresta Atlântica e pode ser considerado como uma ilha verde
localizada na região metropolitana da Cidade do Rio de Janeiro. Apesar do impacto presente no seu
entorno ainda podemos encontrar muitas espécies da fauna que ajudam na manutenção do equilíbrio
ecológico de suas matas.
O parque abriga uma fauna diversificada e nele já foram registradas, até agora, 479 espécies, sendo 43 de
peixes, 20 de anfíbios, 27 de répteis, 338 de aves e 51 de mamíferos – sem falar nos insetos e outros

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animais de pequeno porte. Apesar de vários estudos já terem sido realizados no parque, ainda existe muito
a ser descoberto.
O número total de aves registradas para o Estado do Rio de Janeiro é de 653 espécies, das quais 338
podem ser encontradas no PEPB. Destas, nada menos do que 20 espécies apresentam algum grau de
ameaça, como é o caso do uru (Odontophorus capueira), do gavião-pombo-pequeno (Amadonastur
lacernulatus), do apuim-de-costas-pretas (Touit melanonotus) e do urubuzinho (Chelidoptera tenebrosa),
entre outras.
Quanto à presença de mamíferos, podemos citar diversas espécies como preguiça-comum (Bradypus
variegatus), cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), quati (Nasua nasua), cutia (Dasyprocta azarae),
caxinguelê (Guerlinguetus ingrami) e paca (Agouti paca), que está ameaçada de extinção. Além disso, o
PEPB possui uma grande riqueza de morcegos, animais extremamente importantes para a polinização e
dispersão de sementes.
Entre as espécies registradas podemos citar algumas que se encontram ameaçadas: Mimon bennettii,
Lonchophylla bokermanni e Platyrrhinus recifinus.
Algumas espécies de anfíbios encontradas no parque são endêmicas das montanhas do Rio de Janeiro,
como as rãs arborícolas Hyla albofrenata e Scinax trapicheiroi. Podemos também citar a presença de Hyla
semilIneata, Flectonotus goeldii e Phasmahyla guttata.
Em relação aos répteis, as espécies existentes são bastante comuns, como a jiboia (Boa constrictor),
jararaca (Bothrops jararaca) e cobra-cipó (Chironius exoletus).

Em relação aos peixes encontrados no PEPB, a maior diversidade está localizada nos Rios Paineiras,
Sacarrão, Camorim e Prata. Dentre as espécies de peixes presentes, cinco estão ameaçadas: Leptolebias
minimus, Rivulus janeiroensis, Kryptolebias brasiliensis, Kryptolebias ocellatus e Kryptolebias
caudomarginatus e, portanto, requerem uma atenção especial.

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Flora
O PEPB desempenha um papel central para a conservação da flora do Município do Rio de Janeiro, por
congregar uma acentuada riqueza de espécies vegetais – muitas das quais endêmicas, raras ou ameaçadas –
a uma localização estratégica no município, fazendo limite com outras unidades de conservação do
Mosaico Carioca.
Inteiramente inserido no bioma da Mata Atlântica, o parque abriga mais de 900 espécies de plantas já
catalogadas, das quais 267 são endêmicas deste bioma, 5 são endêmicas do Estado do Rio de Janeiro e 12
encontram-se ameaçadas de extinção de acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2008).
Sua cobertura vegetal apresenta-se como um grande mosaico formado por manchas de vegetação em
diferentes estágios “sucessionais”, que correspondem a fases do desenvolvimento da floresta.
Sua vertente norte, mais sujeita à insolação e bem mais seca por não se beneficiar dos ventos úmidos
vindos do oceano, teve sua cobertura florestal quase toda destruída no passado por sucessivos incêndios
causados por balões ou por criadores de animais.
Hoje, no entanto, diversas iniciativas de reflorestamento, que somam quase 1.500 hectares de plantio ou
enriquecimento florestal, nos permitem afirmar que em poucos anos o capim colonião já terá sido todo
substituído por espécies arbóreas nativas, devolvendo a funcionalidade ecológica a todo um amplo setor do
parque, aumentando a vazão dos riachos que ali nascem e contribuindo para arrefecimento das elevadas
temperaturas sempre registradas na região que se estende de Vila Valqueire a Senador Camará. As
florestas em estágio avançado de regeneração são as que apresentam a maior diversidade biológica.
No Maciço da Pedra Branca elas concentram-se na região do Camorim, onde são encontradas espécies raras
como o pau-brasil (Caesalpinia echinata), a copaíba (Copaifera lucens), o jacarandá-da-Bahia (Dalbergia
nigra) e a figueira-vermelha (Ficus clusiifolia). Nesta região, a flora de epífitas é especialmente rica e
conta com a presença de uma espécie de bromélia que só ocorre no Parque Estadual da Pedra Branca, a
Neoregelia camorimiana.
Florestas em estágio médio de regeneração estão distribuídas por toda a unidade, representadas por
espécies como o pau-óleo (Alchornea triplinervia), a canela-branca (Nectandra membranacea), o pau-
jacaré (Piptadenia gonoacantha) e a licurana (Hyeronima alchorneoides). Estas áreas, juntamente com as
florestas em estágio avançado de regeneração, têm um papel importante por guardar a maior parte da
diversidade biológica desta unidade de conservação.
Por fim, há uma rica flora epifítica que cresce diretamente sobre a rocha nas muitas montanhas e paredes
rochosas do parque, onde sobressaem bromélias, orquídeas, aráceas e cactáceas, além de pequenos
arbustos.

O PEPB apresenta um conjunto de características que o torna importante para a conservação da


flora e fauna do estado e do município do Rio de Janeiro:

(i) localização estratégica e central dentro no município do Rio de Janeiro;

(ii) posição limítrofe com outras unidades importantes e pertencentes ao Mosaico Carioca de
UCs;

(iii) estado de conservação de suas matas; e

(iv) elevada diversidade da flora e número de espécies endêmicas, raras e ameaçadas.

Esse conjunto de características faz com que o PEPB necessite de um conjunto de ações
coordenadas que prevejam a ampliação das ações de monitoramento, manejo e conservação
de suas áreas, em especial daquelas mais suscetíveis à degradação.

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5. HISTÓRIA, CULTURA E PATRIMÔNIO

Histórico e aspectos culturais


Os primeiros registros de ocupação humana na região que atualmente abriga o PEPB datam de mais de três
mil anos. No entanto, as grandes mudanças na paisagem só começaram a ocorrer após a o estabelecimento
do domínio Português a partir de 1567.
Salvador Correia de Sá foi o primeiro capitão e governador (1567-1572) da cidade. Para garantir a
colonização da área, ele doou terras de sesmarias para a ocupação do território, o que deu início à
ocupação da zona oeste do Rio de Janeiro, e levou à criação das freguesias de Jacarepaguá em 1661,
Campo Grande em 1673, e Guaratiba em 1755. Estas áreas contavam com atividades agrícolas e citadinas,
e constituíam-se em núcleos de povoamento e mercados locais.
Neste período, o trabalho realizado pelos jesuítas teve grande influência na região. Eles realizaram várias
obras de engenharia, como a abertura de canais e a construção de diques e pontes para a regularização
das cheias dos rios Guandu e Itaguaí, e a abertura de vias e estradas para o escoamento dos produtos.
No entanto, um marco de mudança da ocupação do território na cidade foi a chegada da comitiva real em
1808, com quase 20 mil novos habitantes, o que representou um crescimento populacional instantâneo da
ordem de 25%” (DRUMMOND, 1997, p.209). Com isso, intensificaram-se as modificações nas regiões de
planícies em áreas outrora inabitáveis, como mangues, pântanos e lagoas que foram, aos poucos,
aterrados e tornaram-se passíveis de serem ocupados pela expansão urbana. Um segundo grande
desmatamento ocorreu quando o cultivo do café se destacou como produto agrícola nas regiões
montanhosas do Rio de Janeiro, entre os séculos XVIII e XIX.
Costa (2002) destaca que a ocupação e a devastação das encostas vieram a colocar em perigo toda a zona
de baixada, pois como resultado dessa ação foram registrados os primeiros movimentos de massa
catastróficos, nos anos de 1759 e 1811. No entanto, segundo Drummond (1997), foi principalmente a
preocupação com o abastecimento hídrico da zona urbana, e não com os deslizamentos de terra, que
motivou o governo a tomar medidas para reverter a degradação florestal das encostas da Floresta da
Tijuca. Dentre estas medidas destaca-se a desapropriação de propriedades particulares e a nomeação de
um administrador responsável por recuperar as áreas degradadas.
Com a crise do café, no final do século XIX e início do século XX, as grandes propriedades locais foram
subdivididas, o que trouxe uma maior diversidade às atividades rurais da região. Em Vargem Grande, as
matas de brejos serviram a indústrias de cestos e tamancos. Nas encostas, a exploração das capoeiras para
lenha e carvão teve grande importância para o abastecimento dos fogões domésticos do Rio de Janeiro até
1940. Em Campo Grande e Guaratiba houve a substituição do café pelo cultivo da laranja nas encostas
mais baixas, enquanto que em praticamente todas as encostas altas do Maciço da Pedra Branca foram
plantados bananais que perduram até hoje.
Para direcionar as práticas agrícolas, o governo criou a Colônia Agrícola e Granja de Criação da Prefeitura,
localizada em Guaratiba, além de criar várias escolas rurais. Outra iniciativa pública relevante para a
região oeste da cidade nesta época foram as obras de dragagem feitas pela Diretoria de Saneamento da
Baixada Fluminense/DSBF, em Sepetiba (1935) e em Jacarepaguá (1937), além de inúmeros canais e valas,
que permitiram que muitos pântanos e brejos tivessem as terras próprias para a agricultura. No entanto,
tais investimentos acabaram por gerar um efeito contraditório, à medida que estimularam também um
processo intenso de urbanização.
Este avanço da urbanização da zona oeste no século XX trouxe novamente a preocupação com o
abastecimento hídrico da população crescente. Desta maneira, as primeiras iniciativas de proteção das
florestas do Maciço da Pedra Branca estão relacionadas à necessidade de preservação dos mananciais que
abasteciam a cidade.

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Para concretizar esta política, em 1908 ocorreu a desapropriação, pela União, da área do manancial do
Camorim, para o estabelecimento de uma Floresta Protetora da União e para a ampliação do açude e dos
sistemas de tratamento e distribuição de água.
Posteriormente, com a criação do PEPB em 1974, pretendia-se englobar, em um único conjunto, as
florestas protetoras da União existentes no maciço e que tinham como função proteger as águas para seu
entorno. A criação do parque pretendia, portanto, aumentar a área protegida garantindo não somente os
mananciais, mas também fazer frente ao processo de expansão urbana apontado como preocupante no
estudo que deu origem à criação do parque.
A partir da década de 1960, ocorreram mudanças nas políticas territoriais do município e a região em que
encontra-se localizado o Maciço da Pedra Branca passou a ser chamada de zona oeste, além de receber as
funções de zona residencial e industrial. Com estas medidas ocorreu a criação do distrito industrial na
zona oeste da cidade e a redução das áreas rurais. Também em reflexo desta alteração no zoneamento,
diversas indústrias foram instaladas.
Como resultante deste processo histórico, e também devido à criação legal do PEPB ter ocorrido sem
meios institucionais adequados, atualmente a UC apresenta um mosaico de paisagens que variam de áreas
de floresta em estágio avançado de regeneração a áreas urbanas. Apesar da intensa pressão urbana sobre
as encostas da Pedra Branca, algumas regiões ou propriedades, tanto no entorno como no interior da UC,
ainda persistem como áreas produtivas nas quais os agricultores mantêm seus cultivos e características de
um modo de vida ligado a terra.
Esta situação reforça a necessidade de medidas que assegurem a proteção dos recursos naturais, porém
que levem em consideração as características socioeconômicas da região.

Sítios históricos

Atualmente é possível encontrar um significativo patrimônio cultural remanescente, principalmente dos


engenhos e fazendas que marcaram a história regional, dos quais muitos estão localizados nas
proximidades do PEPB e encontram-se protegidos através dos processos de tombamento nas esferas
federal, estadual e municipal, reforçando a sua importância para a sociedade. São eles: Morro Dois Irmãos,
Colônia Juliano Moreira, Igreja Nossa Senhora dos Remédios, Aqueduto da Colônia de Psicopatas (Aqueduto
do Engenho Novo), Igreja de São Gonçalo do Amarante, Reservatório Vitor Konder, Morros do Amorim, do
Cantagalo, do Portela e do Urubu, Morro do Rangel, Ruínas da Fortaleza de Jacarepaguá, Monumento
natural da praia de Grumari, Extensão do tombamento da praia de Grumari, Pedra da Baleia, Sítio Santo
Antônio da Bica, Companhia Progresso Industrial do Brasil – Fábrica Bangu, Casa da Fazenda da Taquara,
Casa da Fazenda do Engenho d'Água, Sítio Fazenda do Viegas, Fazenda do Viegas: casa, Áreas Integrantes
da Reserva Biológica de Jacarepaguá, Fazenda Independência, Capela de Nossa Senhora de Monserrate,
Igreja da Pedra de Guaratiba e Igreja Matriz de Guaratiba.

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Antigo aqueduto da Colônia Juliano Moreira (séc. XVIII)
Fonte: http://www.panoramio.com/photo/96978892

A. Represa de Camorim retratada como “a mais bela represa da terra carioca” por
Magalhães Corrêa (1936);
B. Represa do Camorim

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Capela de São de São Gonçalo do Amarante, construída em 1625, na Estrada do Camorim. Foto: Ingrid Pena

Introdução ao Patrimônio
O que é memória?
É a imagem viva de tempos passados ou presentes. Os bens, que constituem os elementos formadores do
patrimônio, são ícones repositórios da memória, permitindo que o passado interaja com o presente,
transmitindo conhecimento e formando a identidade de um povo.
O que são bens culturais?
É o registro (físico ou não) de elementos da realidade (cultural ou natural), passada ou presente. É todo
elemento, material ou imaterial, capaz de traduzir o momento cultural ou natural de grupos sociais ou de
ecossistemas. Ex.: as obras de Portinari, Niemeyer, Villa Lobos, Jararaca e Ratinho, Pixinguinha, a receita
da pamonha, da cachaça, o descascador de café, a tecnologia dos fogões a lenha, a Amazônia, o Pantanal,
a onça pintada, a peteca, as rendas do Ceará, o Kuarup, os cocares, etc
O que é significado cultural?
São os valores atribuídos por grupos sociais a bens e lugares, em detrimento de outros.
O que é patrimônio?
São todos os bens, materiais e imateriais, naturais ou construídos, que uma pessoa ou um povo possui ou
consegue acumular.
O que é patrimônio cultural?
É o conjunto de bens, de natureza material e/ou imaterial, que guarda em si referências à identidade, a
ação e a memória dos diferentes grupos sociais. É um elemento importante para o desenvolvimento
sustentado, a promoção do bem-estar social, a participação e a cidadania.

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Divide-se em:
a) Formas de expressão: literatura, música, danças, rituais, teatro, vestuário, pinturas corporais, etc.
b) Os modos de criar, fazer e viver: a culinária, o artesanato, as telhas coloniais modeladas pelas escravas
nas próprias coxas, etc.
c) Criações científicas, artísticas, tecnológicas e documentais:
- Científicas: o mapeamento do DNA, a criação de variedades de café brasileiro, etc;
- Artísticas: Pampulha, Brasília, as obras de Aleijadinho, Anita Malfatti, Villa Lobos, o baião, o forró, os
cocares indígenas, as pinturas rupestres, etc;
- Tecnológicas: o biodiesel, o 14 Bis de Santos Dumont, etc; - Documentais: a legislação, teses, tratados,
compêndios, cartas cartográfi cas, registros cartoriais, livros de batismo, óbitos, casamentos, etc.
O que é patrimônio cultural tangível e intangível?
Tangível: é aquele constituído por bens materiais.
Divide-se em:
- Bens imóveis: monumentos, edifícios, sítios arqueológicos, elementos naturais que tenham signifi cado
cultural;
- Bens móveis: mobiliários, utensílios, obras de arte, documentos, vestuários, etc.
Intangível: é constituído por bens imateriais. Ex.: lendas, rituais, costumes, etc.
O que é patrimônio natural e edificado?
Patrimônio Natural: é constituído por bens cuja criação não recebeu interferência humana. Ex.: grutas,
montanhas, rios, ecossistemas, jazidas, animais silvestres, etc.
Patrimônio Edificado: edificações isoladas ou conjunto de edificações, que poderão ter tipologias distintas
e não necessariamente antigas, mas que possuam peculiaridades culturais. Ex.: a arquitetura rural, as
fábricas, as casas comuns (Arquitetura Vernacular), as cidades, os monumentos, etc.

O Sertão Carioca

O livro Sertão carioca, de Magalhães Corrêa, publicado em 1936, constitui uma reunião de estudos
leigos de geografia, onde uma parte da cidade do Rio de Janeiro surge como um grande sertão
desconhecido, subsistindo anonimamente ao lado da metrópole do país. Corrêa, escrevendo sob
influências do movimento sanitarista das décadas de 1910 e 1920 e adotando a valorização do meio
físico sertanejo, procurou apontar soluções que hoje podem ser vistas como precursoras dos conceitos
de ecossistema e uso sustentável dos recursos naturais. Como, por exemplo, ao associar a construção
de uma “sadia brasilidade” à “vida originária das pequenas lavouras e indústrias” … “a começar pelo
reflorestamento” e “a conservação dos mananciais” para que se realize “a garantia da nossa fauna, e
assim possa haver meios de subsistência a seus habitantes” (Corrêa, 1970, p. 126 e 127).

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REFERÊNCIAS

APREMAVI. Paisagens da Mata - Os Ecossistemas. Disponível em <http://www.apremavi.org.br/mata-


atlantica/entrando-na-mata/paisagens-da-mata--os-ecossistemas/>. Acesso em: 20/03/2016.

FRANCISCO, Wagner De Cerqueria E. Mata Atlântica; Brasil Escola. Disponível em


<http://brasilescola.uol.com.br/brasil/mata-atlantica1.htm>. Acesso em: 20/03/2016.

GHIRARDELLO, Nilson; SPISSO, Beatriz (Coords.). Patrimônio histórico: como e por que preservar. Bauru,
SP: Canal 6, 2008. Disponível
em<http://www.creasp.org.br/arquivos/publicacoes/patrimonio_historico.pdf> Acesso em: 20/03/2016.

INSTITUTO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE.Trilhas: Parque Estadual da Pedra Branca Organizado por: André
Ilha, Patrícia Figueiredo de Castro, Alexandre Marau Pedroso, Aline Schneider – Rio de Janeiro: INEA, 2013.
366 p.

INSTITUTO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE/ INSTITUTO IPÊ. Plano de Manejo do Parque Estadual da Pedra
Branca. Rio de Janeiro, 2011, 657 p.

MACHADO, Glauco. Ecologia Licenciatura em Geociências e Educação Ambiental. Apresentação. Disponível


em < http://ecologia.ib.usp.br/bie212/files/aula1.pdf> Acesso em: 20/03/2016.

O ECO. O que é uma Espécie Exótica e uma Exótica Invasora. Disponível


em<http://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28434-o-que-e-uma-especie-exotica-e-uma-exotica-
invasora/> Acesso em 20/03/2016.

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ANOTAÇÕES:

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