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SÃO LUIS
2019
FELIPE ZANONI VALE PORTO
GIOVANNA HEIDE XAVIER RODRIGUES
LUCAS CARNEIRO LIMA
LUIS FILIPE GONÇALVES ALVES
LUIZ GUSTAVO ARAÚJO RIBEIRO
MARIANA VALÉRIA VAZ MARQUES
MARINA SOUSA ASSUNÇÃO ARAGÃO
São Luís
2019
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 3
2. NEOKANTISMO NO BRASIL ..................................................................................... 4
2.1. Teoria Neokantista no Brasil: doutrinadores ............................................................. 5
2.2. O Supremo Tribunal Federal e a interpretação Neokantiana do Direito Penal .......... 6
3. ANÁLISE SISTEMÁTICA EM CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS NA TEORIA
NEOKANTISTA ............................................................................................................8
4. O LEGADO DA TEORIA NEOKANTISTA ................................................................8
5. REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 10
1. Introdução
A teoria trabalhada traz alterações à estrutura do conceito analítico de crime não tenha
sido alterada (fato típico, antijurídico e culpável), os três elementos foram ressignificados
(CUNHA, 2016):
a) Tipicidade: passou a ser valorada, superando uma leitura limitadaà letra da lei.
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b) Antijuricidade: so existe a partir do momento em que algum interesse foi lesado,
tornando-se aspecto formal e material.
c) Culpabilidade: tanto dolo como a culpa são vistos como elementos autônomos da
culpabilidade, entendidos como um juízo de reprovação ou censurabilidade. Possui três
elementos: a consciência, a vontade e a consciência da ilicitude.
2. Neokantismo no brasil
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no Rio de Janeiro, berço de obras como A teoria do conhecimento de Kant, de Januário Lucas
Gaffrée, em 1909.
Entretanto, com a chegada terceira década do século XX, contexto no qual o Brasil
passava por fortes mudanças políticas, com a ascensão de Getúlio Vargas à presidência da
república e alguns anos depois, a promulgação de uma nova Constituição, essa teoria passou a
ser refutada, dando lugar à teoria Finalista. Todavia, sua contribuição para o Direito Penal
brasileiro é inegável, tendo como mais relevante contributo, segundo Carlo Velho Masi (2012,
p.1) a abertura definitiva do conceito de “crime” à Teoria dos Valores, rompendo decisivamente
com o paradigma positivista, algo que vem pautando ferrenhas discussões em torno da Teoria
do Delito desde então, sobretudo em razão de um movimento de regresso à postura “clássica”.
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segundo Antônio Paim (1981, p. 42,43) Tobias irá sugerir que o verdadeiro objeto da filosofia,
que não pode ser arrebatado por nenhuma ciência, é a crítica do conhecimento. A partir disto,
irá apontar a cultura como aquela esfera cujo exame facultaria a definitiva superação do
Positivismo, abrindo assim um novo caminho à inquirição metafísica.
Com a morte de Tobias e a tentativa falha de preservar seu pensamento culturalista pelos
intelectuais como Silvio Romero da Escola de Recife, a linha de raciocínio de Tobias Barreto
só foi retomada no século XX com Djacir Menezes e Miguel Reale. Djacir por meio de sua tese
de doutorado Kant e a idéia do direito (1932), marcou o neokantismo brasileiro, analisando
desde o início do criticismo, a ideia do criticismo no direito, até a solução kantiana no sentido
de superar o empirismo e o dogmatismo. Somado a isso, Djacir Menezes, traça os limites da
razão no conhecimento, distinguindo no conhecimento duas espécies de elementos: os que
procedem da experiência e os que procedem da razão, separando imediatamente os puros
elementos racionais, que existem a priori, dos elementos empíricos, que adquirem a posteriori.
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É notório que o STF, em decisões recentes, tem adquirido um papel inovador no que
tange as interpretações do sistema penal brasileiro. Essas decisões possuem um caráter
acentuado de subjetivismo uma vez que estão afastadas do mundo do ser e dotadas de
imprecisões no que diz respeito as posições tomadas pelas turmas, o que causa uma certa
desuniformidade das jurisprudências. Dessa forma, infere-se que a Corte Suprema do Brasil
esteja adotando um modelo de interpretação neokantista, como é possível perceber no tema
julgado abaixo:
[1] A 6ª Turma do STJ, em decisões recentes, tem adotado a posição de que os crimes da mesma
espécie são os que ofendem o mesmo bem jurídico, reconhecendo, assim, a possibilidade de
continuidade delitiva entre os arts. 213 e 214, 157 e 158, todos do CP, conforme HC 99.810-SP (INFO
371) de 07/10/2008, REsp. 1.031.683-SP (INFO 375) de 06/11/2008.
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Portanto, é possível concluir que o modelo atual de interpretação do Direito Penal pelo
Supremo Tribunal Federal pode ser analisado de duas maneiras: Uma simples utilização de um
filtro constitucional que adota, em parte, o caráter funcional racional-teleológico que porquanto
realiza uma mitigação do finalismo; ou uma interpretação que resgata a visão neokantista,
nutrida de uma desordem de conceitos, subjetivismo exacerbado com o afastamento completo
do mundo do “ser” e com interpretações enraizadas no “dever ser”.
Utilizando o conceito de conduta como relevante para o direito penal, em que ela
verifíca-se como o “comportamento humano voluntário causador de um resultado”, fazendo um
elo com a omissão na teoria neoclássica, uma conduta omissiva pode ser relevante para o direito
penal ainda que não cause resultado. Analisando a conduta em crimes omissivos próprios é
possível afirmar que devido o indivíduo assumir o risco das ações dele, assim elegível a
responder criminalmente como no crime de abandono material.
Pelo exposto, é visível uma semelhança nas ultimas linhas do primeiro parágrafo do
artigo 244 com o do crime de omissão de socorro, assim disposto no artigo 135.
Apesar do grande legado positivo deixado pelo neokantismo, há, também, muitas
críticas deixadas a esse método que podem ser visualizadas na sociedade atual. Uma dessas
grandes críticas consiste na possibilidade de regência do direito penal baseada em valores
autoritários, com bases de interesse pessoal ou injustos. Reiterando essa ideia, pode-se observar
um ponto de vista apontado por Silva Sanchez (2010), no qual o mesmo afirma que grande
problema dos kantianos fora abrir espaços para que valores de anseios individuais ou culturais
regessem ao direito penal, contrariando a ideia de imparcialidade e justiça pregada pelo mesmo.
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dolo hibrido ou normativo, o qual exigia a consciência da ilicitude do agente além da
consciência de conduta e da vontade de realizar o ato.
Diante desse cenário, uma outra grande crítica é formulada contra a teoria neokantista:
contra o “dolo híbrido ou normativo”. A crítica consiste no fato de que, diante desse tipo de
dolo, indivíduos que não possuam uma educação correta ou um adequado acesso a informação
estariam excluídos da abrangência da lei penal por não possuírem consciência da ilicitude de
seus atos, acarretando o sério riscos de torna-los impunes, possibilitando uma grande
habitualidade de crimes e criminosos “profissionais”.
A fim de melhor ilustrar essa crítica, pode-se observar a análise realizada por Victor
Eduardo Rios Costa (2019), o qual exemplifica, baseado na realidade brasileira, a lacuna
deixada pelo uso do dolo hibrido ou normativo. De acordo com o autor, uma pessoa que fora
criada na favela, que não teve acesso à educação e que viveu no meio da violência e da
marginalidade como sendo algo normal, pode encontrar no tráfico uma saída para sobreviver
(sem saber da ilegalidade do ato e considerando-o comum). Dessa forma, de acordo com os
padrões do pensamento neokantista esse sujeito não seria penalmente punido, em vista da sua
falta de consciência de ilicitude, gerando abertura de brechas precedentes para a habituação de
práticas criminosas.
5. Referências
LIMA, N. O. Teoria dos valores jurídicos: o neokantismo e o pensamento de Gustav
Rasbruch. Recife: Fundação Antônio dos Santos Abranches, 2009.
SILVA SÁNCHEZ. Jesús María. Aproximación al Derecho Penal Contemporáneo, 2. ed.,
Barcelona: B de F, 2010.
ANTONIETTO, c. Silva Sánchez e os Penalistas Neokantianos. 2017. Disponível em:
https://canalcienciascriminais.com.br/sival-sanchez-neokantianos/. Acesso em: 25 de set. 2019.
SILVA, S. B.S. Teoria da conduta no Direito Penal. 2014. Disponível em:
https://canalcienciascriminais.com.br/sival-sanchez-neokantianos/. Acesso em: 25 de set.
2019.
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal: parte geral. 4 ed. rev., ampl. e atual.
Salvador: JusPODIVM, 2016.
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CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: parte geral. 15 ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v.
1.
PAIM, Antonio. A filosofia brasileira contemporânea. Vol. VII. 2. ed. 2007.
BRITO, Rosa Mendonça de. O Neokantismo no Brasil. Manaus: Editora da Universidade
Federal do Amazonas, 1997.
OLIVEIRA, David Barroso de. O culturalismo brasileiro. Aufklärung: Revista de Filosofia;
Vol 3, n. 1, 2016.
GOLÇALVES, V. E. R., ESTEFAM, A. Direito penal esquematizado: parte geral. 8 ed. São
Paulo: Saraiva. 2019.
CAVALCANTI FILHO, Theophilo. Teoria do Direito. [S.l.]: José Bushatsky,1976.
GOMES FILHO, Demerval Farias. O STF e a interpretação neokantista do Direito penal.
Disponível em:http://www.mpdft.mp.br/portal/index.php/comunicacao-menu/artigos-
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MASI, Carlo Velho. As modernas teorias do delito e suas receptividades no Direito Penal
brasileiro. Desafios da dogmática acerca dos rumos da Ciência Penal. Revista Jus Navigandi,
ISSN 1518-4862, Teresina, ano 17, n. 3418, 9 nov. 2012. Disponível
em: https://jus.com.br/artigos/22983. Acesso em: 26 set. 2019.
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