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Aula 09
Lucas Guimarães, Marcos Girão, Paulo Guimarães, Thais Poliana Teixeira Ribeiro de
Assunção
73659240206 - Ritiomar
Lucas Guimarães, Marcos Girão, Paulo Guimarães, Thais Poliana Teixeira Ribeiro de Assunção
Aula 09
1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Olá, amigo concurseiro!
Hoje estudaremos mais quatro leis que podem aparecer na sua prova! Vamos lá!?
Bons estudos!
Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição
social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
Este é um dos dispositivos mais cobrados em provas. O crime contra a ordem tributária consiste na
supressão ou redução de tributo, mediante uma das condutas previstas nos arts. 1º e 2º.
A redação do caput tornou-se tecnicamente imprecisa, pois menciona a supressão ou redução de
tributo ou contribuição social, sendo que hoje é pacífico na Doutrina que as contribuições sociais
são espécies do gênero tributo, que comporta ainda os impostos, taxas, contribuições de melhoria
e empréstimos compulsórios.
Vejamos agora às condutas típicas do art. 1º.
Em geral, as pessoas jurídicas têm o dever de manter livros contábeis, com registros detalhados de
todas as transações realizadas. Além disso, há também documentos que precisam ser emitidos a
cada compra, venda ou prestação de serviços: notas fiscais, duplicadas, cupons fiscais, notas de
venda, etc.
Caso o contribuinte não emita esses documentos ou não registre adequadamente as transações,
incorrerá nas condutas previstas nos incisos II, III, IV e V.
Muita atenção aqui, pois os crimes previstos nos incisos I a IV são considerados crimes materiais. Já
no caso do inciso V estamos falando de um crime formal, não se exigindo o lançamento definitivo
do tributo para que o crime esteja consumado, ok?
O inciso I diz respeito à obrigação de o contribuinte prestar informações à autoridade fazendária.
Essa obrigatoriedade se manifesta tanto nas declarações prestadas periodicamente aos órgãos
fazendários, quanto às situações de fiscalização e auditoria, situação na qual o fiscal tributário pode
requisitar informações ao contribuinte.
Vejamos agora as condutas previstas no art. 2º.
O inciso I trata especificamente das declarações de rendas, bens e fatos. O agente que falseia ou
omite informações que deveriam constar nessas declarações comete crime contra a ordem
tributária. O exemplo fica por conta da famosa Declaração do Imposto de Renda, por meio da qual
o contribuinte declara à Receita Federal todos os valores que recebeu no ano anterior, bem como
detalhes acerca de seu patrimônio.
Há uma série de outras declarações que devem ser prestadas pelas pessoas jurídicas, como, por
exemplo, a declaração de recolhimento do ICMS, por meio da qual o contribuinte declara as vendas
de mercadorias realizadas durante o ano e os valores recolhidos a título de tributo. Este é um
exemplo de declaração de fatos.
O simples não recolhimento de tributo no prazo legal também configura crime contra a ordem
tributária. Aquele que exige, paga ou recebe percentagem do valor dedutível como incentivo fiscal
também incorre em crime. Esta é a conduta praticada por aqueles negociam benefício fiscal.
Ainda tratando de incentivos fiscais, aquele que obtém incentivo para aplicar em determinada
atividade e não o faz também incorre em crime.
Considero bastante interessante a tipificação da conduta daquele que desenvolve sistema de
processamento de dados que permita ao contribuinte manter informação contábil diversa daquela
que é informada à autoridade fiscal. Na prática, este seria um sistema para acompanhar o “caixa
dois”.
É muito importante que você memorize essas condutas, por isso sistematizei a tabela a seguir, de
forma a auxiliar a sua revisão. Perceba também que a pena cominada para os crimes do art. 2º é
mais branda que a cominada pelo art. 1º.
Art. 1º Art. 2º
Falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, Exigir, pagar ou receber, para si ou para o
duplicata, nota de venda, ou qualquer contribuinte beneficiário, qualquer
outro documento relativo à operação percentagem sobre a parcela dedutível
tributável; ou deduzida de imposto ou de
contribuição como incentivo fiscal;
As seguintes circunstâncias agravantes, previstas pela Lei nº 8.137/1990, podem agravar as penas
de um terço à metade:
• Ocasionar grave dano à coletividade;
• Ser o crime cometido por servidor público no exercício de suas funções → lembre-se de que
essas circunstâncias agravantes apenas se aplicam aos crimes cometidos por particulares. Se estes
crimes forem praticados por funcionário público, estará presente a circunstância agravante. Mais
adiante veremos os crimes que somente podem ser praticados por funcionários públicos, e nesse
caso a condição do agente já é elementar do crime e, portanto, não pode agravar a pena;
• Ser o crime praticado em relação à prestação de serviços ou ao comércio de bens essenciais
à vida ou à saúde.
Quero chamar sua atenção para as implicações nos crimes contra a ordem tributária trazidas pela
Lei nº 9.964/2000, que instituiu o Programa de Recuperação Fiscal (Refis). Esse programa tem por
finalidade a regularização dos débitos das pessoas jurídicas com a União.
A pretensão punitiva do Estado quanto aos crimes dos arts. 1º e 2º será suspensa quando a pessoa
jurídica relacionada com o agente dos crimes estiver incluída no Refis. Essa suspensão, todavia, só
pode ocorrer se o devedor tiver entrado no Refis antes do oferecimento da denúncia criminal.
Se a pessoa jurídica incluída no Refis honrar o parcelamento e efetuar o pagamento integral dos
débitos, haverá extinção da punibilidade.
Crimes materiais são aqueles que são consumados apenas com a ocorrência do resultado previsto
pelo tipo penal. Não basta a ação ou omissão do agente, mas é necessário também que o resultado
intentado seja alcançado.
Caso o resultado não faça parte do tipo penal, estaremos diante de um crime formal, que pode se
consumar apenas com a conduta do agente.
Os crimes previstos no art. 1º, I a IV, são crimes materiais, e somente se aperfeiçoam com o
lançamento definitivo do tributo, pois esse é o procedimento legítimo para atestar que houve
supressão ou redução do tributo. Somente a partir do lançamento, que é ato privativo da autoridade
fiscal, surge para o Estado a pretensão de constranger o sujeito passivo ao pagamento.
Por outro lado, os crimes previstos no art. 1º, V (negar ou deixar de fornecer nota fiscal ou
documento equivalente) e no art. 2º são crimes formais. Isso significa dizer que a supressão ou
redução do tributo não é essencial à sua consumação. Estes crimes, portanto, se consumam
independentemente do lançamento definitivo do tributo.
Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei
n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I):
I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em
razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento
indevido ou inexato de tributo ou contribuição social;
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar
promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou
cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária,
valendo-se da qualidade de funcionário público. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
Os crimes cometidos por funcionário público são apenas esses três. Perceba que cada um deles tem
um correspondente no Código Penal.
O crime do inciso I lembra muito o de extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento
(art. 314 do CP). A diferença é que o crime previsto no inciso I adiciona um resultado como
naturalístico: “acarretar pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social”.
Já o crime do inciso II tem relação com o crime de concussão (art. 316 do CP) e o de corrupção
passiva (art. 317 do CP). A diferença agora será a exigência de finalidade específica do agente: “para
deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente”.
O inciso III, por sua vez, lembra bastante o crime de advocacia administrativa (art. 321 do CP),
apenas substituindo a expressão administração pública por administração fazendária.
Lembre-se dessas diferenças, ok? Não há crime funcional contra a ordem tributária que não
mencione tributos ou a Administração Fazendária! ☺
O art. 14 da Lei nº 8.137/1990 originalmente previa a extinção da punibilidade nos crimes contra a
ordem tributária se o agente pagasse sua dívida com o Fisco antes do recebimento da denúncia.
Esse dispositivo, entretanto, foi revogado pela Lei nº 8.383/1991.
Acerca da pena multa, a Lei nº 8.137/1990 traz regras específicas para o cálculo. Chamo sua atenção
especial para o art. 10, que confere ao juiz a faculdade de aumentar ou diminuir a multa em função
do ganho obtido pelo réu com o crime da sua situação econômica.
Art. 8° Nos crimes definidos nos arts. 1° a 3° desta lei, a pena de multa será fixada entre 10
(dez) e 360 (trezentos e sessenta) dias-multa, conforme seja necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime.
Parágrafo único. O dia-multa será fixado pelo juiz em valor não inferior a 14 (quatorze) nem
superior a 200 (duzentos) Bônus do Tesouro Nacional BTN.
Art. 10 Caso o juiz, considerado o ganho ilícito e a situação econômica do réu, verifique a
insuficiência ou excessiva onerosidade das penas pecuniárias previstas nesta lei, poderá diminuí-
las até a décima parte ou elevá-las ao décuplo.
Art. 16. Qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa do Ministério Público nos crimes descritos
nesta lei, fornecendo-lhe por escrito informações sobre o fato e a autoria, bem como indicando o
tempo, o lugar e os elementos de convicção.
Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor
ou partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a
trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços.
Qualquer pessoa pode trazer informações diretamente ao Ministério Público a respeito dos crimes
contra a ordem tributária. Perceba que não é necessário que haja inquérito policial ou qualquer
outra atuação da Polícia.
O Ministério Público goza de poderes próprios de investigação e pode subsidiar o oferecimento da
ação penal com informações obtidas por outros meios.
O parágrafo único traz a nossa já conhecida delação premiada. A redução de pena aplicável neste
caso é de um a dois terços, e deve ser concedida ao agente que espontaneamente relevar toda a
trama delituosa.
Os crimes contra a ordem tributária são de ação penal pública incondicionada, devendo a
representação fiscal ser encaminhada pela autoridade fazendária ao Ministério Público quando
houver a constituição definitiva do crédito tributário.
Isso significa que, se o sujeito passivo de tributo questionar na esfera administrativa a exigência do
tributo, a representação fiscal somente pode ser enviada ao Ministério Público após a decisão
administrativa definitiva.
DELAÇÃO PREMIADA
A pena do agente que espontaneamente relevar à autoridade
policial ou judicial toda a trama delituosa será reduzida de um a
dois terços.
Nestes crimes, o bem jurídico tutelado é a ordem econômica, que deve ser entendida como o
sistema que contempla a produção e comercialização de bens materiais, que podem ser avaliados e
negociados.
A manutenção da boa ordem econômica é de interesse de toda a sociedade, pois todos possuem
bens e direitos que, de uma forma ou de outra, circulam por meio das trocas econômicas. Segundo
a Constituição de 1988, a ordem econômica tem por fim assegurar a todos existência digna,
conforme os ditames da justiça social.
A Constituição determina, ainda, em seu art. 173, §4º, que “a lei reprimirá o abuso do poder
econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento
arbitrário dos lucros”. Daí as sanções severas que veremos mais adiante.
Estes crimes, assim como os crimes contra a ordem tributária, são de ação penal pública
incondicionada.
O inciso I criminaliza a conduta de quem, de forma genérica, abusa do poder econômico. É muito
difícil definir esse abuso, mas podemos dizer que ele ocorre quando o detentor do poder econômico
de alguma forma o utiliza para prejudicar os consumidores e seus concorrentes, praticando conduta
desleal, que atenta contra a competitividade.
O dumping é uma prática lesiva à concorrência que consiste na operação de uma empresa abaixo
das condições habituais de mercado, com a finalidade de eliminar. Seria o caso, por exemplo, de um
grande fabricante de sapatos que decide começar a operar em uma nova localidade vendendo
abaixo do preço de custo por um tempo, forçando os concorrentes menores a “quebrar”.
A Lei nº 8.137/1990 punia o especificamente quem praticava dumping. Apesar de hoje não haver
mais dispositivo específico sobre o assunto, em alguns casos pode ser possível enquadrar a conduta
no inciso I do art. 4º.
Já o inciso II criminaliza a conduta bastante conhecida por todos nós: a formação de cartel. Esta
conduta antieconômica ocorre quando empresários se unem para “dividir entre si o mercado”,
ajustando os preços a serem praticados, as quantidades de mercadorias que serão produzidas e
comercializadas, o controle de redes de fornecedores ou o controle do mercado por regiões.
Há cartel, por exemplo, quando empresas comerciais do mesmo ramo combinam que cada uma
abrirá lojas em determinadas áreas da cidade, ou quando vários donos de postos de gasolina
combinam um “preço de tabela” a ser praticado por todos.
O cartel é crime de mera conduta. Não é necessário que o grupo efetivamente consiga o que
pretende, mas somente que se reúna e faça o acordo.
Atenção! O monopólio ocorre quando apenas uma pessoa é capaz de fornecer determinado bem
ou serviço em certa localidade. A constituição de monopólio, por si só, não é crime. Cabe ao poder
público, todavia, desenvolver mecanismos de forma a incentivar a concorrência ou, quando isso não
for possível, limitar os preços praticados pelo monopolista.
Esta parte da Lei n° 8.137/1990 aparece pouco em provas. Eu sempre costumo dizer que esse tipo
de assunto pode ser o seu diferencial, pois se aparecer uma questão sobre este tema, muita gente
vai errar.
A defesa do consumidor é dever do Estado, assegurada pela Constituição de 1988 em seu art. 5°,
XXXII. A lei em estudo, bem como o próprio Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/1990)
surgem para garantir eficácia ao dispositivo constitucional, regulando as relações de consumo e
criminalizando certas condutas lesivas aos interesses dos consumidores.
As relações de consumo são protegidas enquanto bem jurídico imaterial, supra-individual e difuso.
Os bens jurídicos relacionados a cada consumidor especificamente são secundários.
As normas penais têm por objetivo proteger principalmente a integridade da relação de consumo e
a adequação da informação dada pelo fornecedor ao consumidor.
Uma questão relacionada à Jurisprudência do STJ, e que já foi cobrada pelo Cespe, diz respeito ao
crime previsto no inciso IX. O STJ entende que o crime de exposição à venda de mercadoria imprópria
para consumo é crime formal, de perigo abstrato. Não se exige, portanto, que haja qualquer
consequência naturalística para que esteja consumado o crime.
Além disso, também é importante saber que o STJ entende que, para configuração do crime de expor
à venda mercadorias impróprias para consumo, é necessária a realização de prova pericial.
PENAL. LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE. ART. 7º, IX, DA LEI N. 8.137/1990. CRIME CONTRA
A RELAÇÃO DE CONSUMO. VENDER PRODUTOS EM CONDIÇÕES IMPRÓPRIAS. LAUDO
PERICIAL. IMPRESCINDIBILIDADE.
[...]
No presente recurso (fls. 145/155), alegam os recorrentes ofensa ao art. 7º, IX, da Lei n.
8.137/1990. Sustentam que o acórdão recorrido errou ao condená-los, pois imprescindível laudo
pericial que constate que as mercadorias apreendidas estavam em condições impróprias para o
consumo.
[...]
Todavia, de acordo com a firme jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o crime previsto no
art. 7º, IX, da Lei n. 8.137/1990, pelo qual estão sendo acusados os recorrentes, por deixar
vestígios materiais, exige a realização de perícia para a sua comprovação (art. 158 do CPP). Não
realizada a perícia indispensável, não está configurado o crime.
[...]
STJ, REsp 1476252/SC, Rel. Min. SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, DJ 29.06.2015.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II, III e IX pune-se a modalidade culposa,
reduzindo-se a pena e a detenção de 1/3 (um terço) ou a de multa à quinta parte.
Por incrível que pareça, este disposto é o mais cobrado em provas até hoje no que tange aos crimes
contra as relações de consumo. Atenção! É possível que os seguintes crimes sejam cometidos na
modalidade culposa:
Ainda tratando deste tema, quero chamar sua atenção para o disposto no parágrafo único do art.
11, que traz disposição acerca da situação em que o fabricante estabelece ou sugere o preço de
venda a ser praticado pelo comerciante.
Parágrafo único. Quando a venda ao consumidor for efetuada por sistema de entrega ao consumo
ou por intermédio de outro em que o preço ao consumidor é estabelecido ou sugerido pelo
fabricante ou concedente, o ato por este praticado não alcança o distribuidor ou revendedor.
As funções de polícia judiciária nada mais são do que as funções investigativas. As polícias civis e a
Polícia Federal normalmente são chamas de polícias judiciárias, em oposição às polícias militares, ou
ostensivas.
A função de polícia judiciária tem esse nome porque seu objetivo é colher evidências relacionadas
ao cometimento de crimes, de forma a, se esses fatos realmente tiverem ocorrido, subsidiar as ações
penais promovidas pelo Ministério Público.
Em outras palavras, a função da polícia judiciária é verificar se há indícios suficientes de que o crime
realmente ocorreu e de quem foi seu autor. Se a conclusão for positiva, essas informações serão
enviadas ao Ministério Público, que é o responsável por promover a ação judicial por meio da qual
o criminoso será penalizado.
Quero chamar sua atenção aqui para dois aspectos importantes: a atividade do delegado de polícia
é considerada de natureza jurídica, e isso significa que apenas bacharéis em Direito podem exercê-
la.
Outro ponto importante é a natureza exclusiva de Estado dessas atividades. Isso significa que essas
atribuições não podem ser de forma alguma delegadas. Não é possível que haja uma polícia
privatizada, seja por meio de concessão, autorização, permissão, ou por qualquer outra forma de
colaboração que envolva particulares.
As atividades exclusivas de Estado normalmente são desempenhadas por carreiras específicas,
organizadas com essa finalidade. É o caso não só dos delegados de polícia, mas também dos
auditores fiscais, das carreiras de controle interno e externo (TCU, CGU, TCEs, etc.), dos gestores
públicos, entre outros.
O inquérito policial é o instrumento por meio do qual os fatos são apurados pela polícia judiciária.
Trata-se de um procedimento investigativo, por meio do qual podem ser realizadas perícias, ouvidas
testemunhas ou produzidas outras provas para subsidiar a ação penal.
A presidência do inquérito policial cabe ao Delegado de Polícia. Sua função é apurar as circunstâncias
em que ocorreu o crime, bem como sua materialidade (saber se realmente ocorreram) e autoria.
O indiciamento é o ato por meio do qual se inicia a investigação em torno de determinada pessoa.
Não se trata de uma condenação ou de atribuição de culpa de qualquer forma. O indiciado apenas
está sendo investigado, e isso não significa que já se tenha qualquer prova cabal de que tenha
cometido algum crime.
O ato de indiciamento é privativo do Delegado de Polícia, e deve ser praticado por meio de ato
fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria,
materialidade e suas circunstâncias.
§ 4o O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso somente poderá ser
avocado ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho fundamentado, por motivo
de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em
regulamento da corporação que prejudique a eficácia da investigação.
§ 5o A remoção do delegado de polícia dar-se-á somente por ato fundamentado.
Esse dois dispositivos trazem garantias conferidas pela lei ao Delegado de Polícia. A primeira delas é
a de, uma vez instaurado o inquérito policial, concluir a investigação. Apenas em alguns casos o
inquérito já instaurado poderá ser avocado ou redistribuído:
a) Por motivo de interesse público;
b) Se não forem respeitados os procedimentos previstos em regulamento da
corporação, de forma que fique prejudicada a eficácia da investigação.
A segunda garantia é a que diz respeito à remoção. A lei não confere ao delegado a inamovibilidade,
como existe para os Juízes e Promotores, por exemplo. Por outro lado, exige que o ato de remoção
de Delegado de Polícia seja sempre fundamentado.
Se na sua prova surgir uma questão dizendo que o Delegado de Polícia precisa ser advogado, deve
ser marcada como ERRADA. Tome cuidado para não confundir uma coisa com a outra!
A advocacia é uma das atividades que podem ser desenvolvidas por bacharéis em Direito. Existem
ainda várias outras, a exemplo do trabalho dos Juízes e dos membros do Ministério Público. O
mesmo podemos dizer dos Delegados de Polícia: eles precisam ser bacharéis em Direito, mas não
necessariamente advogados.
Art. 5°, LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas
hipóteses previstas em lei
A regra, portanto, é que aquele que apresentou identificação civil não precise ser identificado
criminalmente. Vamos agora estudar os detalhes e os casos em que a lei determina que se aja de
forma diferente.
A nova lei entrou em vigor substituindo a Lei n° 10.054/2000, que sempre recebeu severas críticas
em alguns de seus dispositivos, sendo inclusive considerada inconstitucional por parte da Doutrina,
principalmente por determinar a identificação criminal em virtude do cometimento de
determinados crimes em detrimento de outros até mais graves.
Analisaremos agora os principais dispositivos da nova lei.
No Brasil não existe lei que obrigue a pessoa a identificar-se. Os doutrinadores, entretanto, são
unânimes no sentido de que aquele que decide não se identificar deve estar pronto a assumir as
consequências de tal decisão. A principal dessas consequências é a identificação criminal.
A lista de documentos trazidas pelo dispositivo já foi cobrada em provas anteriores de forma
bastante direta, incluindo aí o teor do parágrafo único, que diz respeito aos documentos de
identificação militares.
Estando de posse de pelo menos um dos documentos mencionados no art. 2°, ninguém será, em
geral, constrangido a sujar as mãos (“tocar piano”) ou a tirar fotos na Delegacia de Polícia – processo
datiloscópico e fotográfico. Essa é a regra geral, mas o art. 3° trata das hipóteses em que deve haver
a identificação criminal mesmo quando o indivíduo esteja de posse de documento de identificação.
O fato de ter cometido determinado delito, por si só, não pode ser fundamento para submeter o
acusado ao constrangimento da identificação criminal. Tal dispositivo, da forma como estava
redigido, foi por muitos considerado inconstitucional enquanto estava em vigor.
Nas demais hipóteses, ou seja, quando o documento apresentar rasura ou tiver indício de
falsificação; quando o documento for insuficiente para identificar o indiciado; quando o indiciado
portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes, perceba que haverá
dúvida sobre a autenticidade do documento, ou, pelas suas condições, não seria possível identificar
o acusado da conduta delituosa.
O legislador autoriza ainda a identificação criminal quando esse procedimento for “essencial às
investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de
ofício ou mediante representação da autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa”.
A nova redação traz, portanto, um conceito aberto. Quando a identificação criminal é indispensável
à investigação? A essencialidade somente poderá ser analisada caso a caso, pelo magistrado, que
deverá fazer o controle do ato, somente determinando a identificação em casos de extrema
necessidade.
Interessante que esse requerimento poderá ser feito também pela Defesa. Tal procedimento pode
parecer estranho, mas não é. O procedimento pode servir, por exemplo, para comprovar a tese de
negativa de autoria. Com a identificação criminal o advogado pode demonstrar que o indiciado é
inocente, comprovando sua verdadeira identidade.
Deverá ser realizada a identificação criminal, ainda, se “constar de registros policiais o uso de outros
nomes ou diferentes qualificações; o estado de conservação ou a distância temporal ou da
localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a completa identificação dos
caracteres essenciais”.
Havendo registro de outros nomes ou se o estado de conservação do documento deixar dúvidas
sobre a verdadeira identidade do agente, a identificação torna-se necessária, até mesmo para que
não haja dúvida sobre a real identidade do indiciado, evitando-se o constrangimento de imputar
prática de crime a pessoa inocente.
Caso haja excesso, deverá responder pela conduta a autoridade encarregada da identificação.
Segundo Fernando da Costa Tourinho Filho, “a identificação criminal é um procedimento usado para
determinação da identidade e baseado no conjunto de dados e sinais que caracterizam o indivíduo,
geralmente identificado pelas saliências papilares dos dedos”.
Esse é o verdadeiro objetivo da identificação criminal: determinar a autoria do crime investigado, de
forma adequada e certa, e não servir como forma de constrangimento policial em detrimento do
indiciado que, muitas vezes, já se encontra preso.
A identificação criminal, na maioria dos casos, é feita através da colheita de impressões digitais,
além das fotografias. É possível, também a identificação pela arcada dentária e pelo exame de DNA,
entretanto, pelo custo, na prática realiza-se o exame datiloscópico.
A exceção a essa regra é o caso da identificação criminal considerada essencial para as investigações
policiais, e autorizada pelo magistrado competente. Nesse caso, determina o parágrafo único do
art. 5° que deve também ser colhido material biológico para fins de obtenção do perfil genético.
Esse nada mais é que o conhecido exame de DNA.
O perfil genético será armazenado em banco de dados para tal finalidade, gerido por unidade oficial
de perícia criminal. Esses dados são sigilosos, e a própria Lei n° 12.137/2009 determina que quem
permitir ou promover sua utilização para fins impróprios deve responder civil, penal e
administrativamente.
O réu ou indiciado pode requerer a retirada das fotos dos autos, desde que apresente sua
identificação civil. O art. 7° não trata, entretanto, da identificação datiloscópica, enquanto o art. 7°-
A determina expressamente que o perfil genético que tenha sido armazenado em banco de dados
continuará disponível até que tenha prescrevido o delito investigado.
Art. 5°, XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e
das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na
forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.
Esta é uma garantia que tem por finalidade proteger o direito à intimidade e à vida privada do
cidadão contra ações investigativas abusivas conduzidas pelas autoridades estatais.
A função da Lei n° 9.296/1996 é estabelecer as hipóteses e a forma em que pode ser autorizada a
quebra do sigilo das comunicações telefônicas. Lembre-se que, de acordo com a Constituição, a
interceptação telefônica só pode ocorrer no decurso de investigação criminal ou instrução
processual penal.
O STF e o STJ também já decidiram que a prova obtida por meio de interceptação telefônica pode
ser usada em outros processos. É hipótese de prova emprestada, que já foi autorizada inclusive em
processo administrativo disciplinar (processo administrativo). Um exemplo é o julgado a seguir.
O conceito de comunicação telefônica é ampliado pela interpretação do parágrafo único, que inclui
no escopo da lei também a interceptação de comunicações em sistemas de informática e
telemática. A telemática é o conjunto de tecnologias da informação e da comunicação resultante da
junção entre os recursos das telecomunicações (telefonia, satélite, cabo, fibras ópticas etc.) e da
informática (computadores, periféricos, softwares e sistemas de redes). Deve-se considerar incluída
aqui também a comunicação por meio de ondas de rádio, transmissão eletromagnética, etc.
Alguns Doutrinadores entendem que o art. 1° é inconstitucional porque a Constituição menciona
apenas as comunicações telefônicas, mas eu não tive ainda notícia de nenhuma questão de banca
organizadora que tenha adotado esse entendimento.
Você já sabe que a interceptação pode ser autorizada para fins de investigação criminal ou instrução
processual penal. A ordem de interceptação, entretanto, não pode ser exarada por qualquer juiz,
mas somente pelo juiz competente para conhecer da ação penal principal.
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer
das seguintes hipóteses:
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.
A interceptação telefônica deve ser utilizada apenas em situações urgentes, como meio de prova
subsidiário, e apenas quando houver fortes razões para acreditar que alguém cometeu um crime
grave e não houver outros meios de prova.
Vemos, portanto, que há três requisitos: deve haver indícios de que o investigado realmente tomou
parte em crime punido com pena de reclusão, e, por último, não deve haver outros meios
disponíveis para produzir a prova necessária.
O STJ já aceitou a inclusão na denúncia de crime que foi descoberto por causa de escuta instalada
para investigar outro ilícito, inclusive quando o segundo crime era penalizado apenas com pena de
detenção.
A descrição da situação que está sendo investigada deve ser feita da melhor forma possível,
delimitando o fato investigado, de preferência com a indicação e qualificação dos investigados. Não
devem ser autorizadas interceptações genéricas ou abertas.
A interceptação telefônica só será autorizada quando estiverem presentes as seguintes
circunstâncias:
- Indícios razoáveis de autoria ou participação do investigado;
- Não houver outros meios disponíveis para produzir a prova;
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício
ou a requerimento:
I - da autoridade policial, na investigação criminal;
II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual
penal.
Perceba que há 3 situações em que a interceptação pode ser autorizada pelo juiz: de ofício, a
requerimento da autoridade policial, ou a requerimento do Ministério Público.
É importante lembrar, entretanto, que a autoridade policial (você, em breve!) somente pode
requerer a medida durante a investigação criminal, ou seja, somente durante a fase do inquérito
policial. Na realidade, não faria sentido o delegado solicitar a interceptação depois que o inquérito
já foi concluído, não é mesmo?
Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma de
execução da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual
tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova.
ATENÇÃO! Esse dispositivo já foi cobrados algumas vezes em provas anteriores! Primeiramente, a
decisão que concede a medida precisa ser fundamentada, assim como toda e qualquer decisão
judicial, mas você precisa lembrar que a lei estabelece um prazo máximo para a interceptação: 15
dias. Esse prazo, entretanto, pode ser renovado.
Perceba que o dispositivo não foi muito bem escrito, não deixando claro se o prazo só pode ser
prorrogado uma vez ou se é possível prorroga-lo várias vezes indefinidamente. A Jurisprudência, por
outro lado, já se consolidou no sentido de que a renovação pode ser feita mais de uma vez, de forma
sucessiva.
A decisão judicial que autorizar a interceptação deve determinar também como a medida será
conduzida. A interceptação deve ser realizada pela autoridade policial, que deverá sempre
comunicar o Ministério Público acerca do andamento dos trabalhos.
As concessionárias mencionadas pelo art. 7° são aquelas que prestam serviços telefônicos, de
comunicação de dados, informática, etc. As concessionárias são obrigadas a conceder o apoio
necessário à autoridade policial.
Para resguardar o sigilo, o procedimento de interceptação telefônica deve ser feito em autos
próprios, separados dos autos do inquérito policial ou da ação penal principal.
O sigilo obviamente é indispensável na interceptação, sob pena de frustrar todo o procedimento.
Todavia, cessada por completo a interceptação, o investigado, no inquérito policial, ou o acusado,
no processo criminal, tem o direito de ter acesso a todas as informações colhidas.
É importante saber também que o STF já decidiu que não é possível obrigar o investigado ou acusado
a fornecer padrões vocais para subsidiar prova pericial com o fim de autenticar as gravações obtidas
por meio da interceptação.
Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o
inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério
Público ou da parte interessada.
Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público, sendo facultada
a presença do acusado ou de seu representante legal.
Se um investigado conseguir provar que é inocente, por exemplo, ele deve ter o direito de certificar-
se que as gravações serão destruídas, resguardando-se seu direito à intimidade e à vida privada.
Apenas a interceptação telefônica segue as diretrizes da Lei n° 9.296/1996, nos termos da decisão a
seguir do STJ. Esses conceitos já foram abordados em provas, ok?
6 - RESUMO DA AULA
Art. 1º Art. 2º
Falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, Exigir, pagar ou receber, para si ou para o
duplicata, nota de venda, ou qualquer contribuinte beneficiário, qualquer
outro documento relativo à operação percentagem sobre a parcela dedutível
tributável; ou deduzida de imposto ou de
contribuição como incentivo fiscal;
DELAÇÃO PREMIADA
A pena do agente que espontaneamente relevar à autoridade policial ou judicial toda a
trama delituosa será reduzida de um a dois terços.
A transação penal é proposta ao infrator por iniciativa do Ministério Público, e não pelo
Juiz.
Não havendo conciliação e nem transação penal, o Ministério Público oferecerá a
denúncia oral.
A identificação criminal do civilmente identificado pode ser realizada quando for essencial
às investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que
decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do Ministério
Público ou da defesa
A interceptação telefônica não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por
igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova. A
Jurisprudência do STJ é no sentido de que a renovação pode ser feita mais de uma vez,
desde que seja comprovada a necessidade.
A interceptação telefônica ilegal é crime, mas se uma pessoa grava uma conversa da qual
é interlocutor, não há ilícito penal.
7 - JURISPRUDÊNCIA RELEVANTE
PENAL. LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE. ART. 7º, IX, DA LEI N. 8.137/1990. CRIME CONTRA
A RELAÇÃO DE CONSUMO. VENDER PRODUTOS EM CONDIÇÕES IMPRÓPRIAS. LAUDO
PERICIAL. IMPRESCINDIBILIDADE.
[...]
No presente recurso (fls. 145/155), alegam os recorrentes ofensa ao art. 7º, IX, da Lei n.
8.137/1990. Sustentam que o acórdão recorrido errou ao condená-los, pois imprescindível laudo
pericial que constate que as mercadorias apreendidas estavam em condições impróprias para o
consumo.
[...]
Todavia, de acordo com a firme jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o crime previsto no
art. 7º, IX, da Lei n. 8.137/1990, pelo qual estão sendo acusados os recorrentes, por deixar
vestígios materiais, exige a realização de perícia para a sua comprovação (art. 158 do CPP). Não
realizada a perícia indispensável, não está configurado o crime.
[...]
STJ, REsp 1476252/SC, Rel. Min. SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, DJ 29.06.2015.
prova no processo. O fato de um dos interlocutores dos diálogos gravados de forma clandestina ter
consentido posteriormente com a divulgação dos seus conteúdos não tem o condão de legitimar o
ato, pois no momento da gravação não tinha ciência do artifício que foi implementado pelo
responsável pela interceptação, não se podendo afirmar, portanto, que, caso soubesse, manteria
tais conversas pelo telefone interceptado. Não existindo prévia autorização judicial, tampouco
configurada a hipótese de gravação de comunicação telefônica, já que nenhum dos interlocutores
tinha ciência de tal artifício no momento dos diálogos interceptados, se faz imperiosa a declaração
de nulidade da prova, para que não surta efeitos na ação penal.
Precedente citado: EDcl no HC 130.429-CE, DJe 17/5/2010. HC 161.053-SP, Rel. Min. Jorge Mussi,
julgado em 27/11/2012.
8 - LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
LEI Nº 8.137, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1990.
Define crimes contra a ordem tributária, econômica
e contra as relações de consumo, e dá outras
providências.
f) (revogada);
II - formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre ofertantes, visando:
a) à fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou produzidas;
b) ao controle regionalizado do mercado por empresa ou grupo de empresas;
c) ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de distribuição ou de fornecedores.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa.
III - (revogado);
IV - (revogado);
V - (revogado);
VI - (revogado);
VII - (revogado).
Art. 5° (revogado).
Art. 6° (revogado
Art. 7° Constitui crime contra as relações de consumo:
I - favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador ou freguês, ressalvados os sistemas de entrega
ao consumo por intermédio de distribuidores ou revendedores;
II - vender ou expor à venda mercadoria cuja embalagem, tipo, especificação, peso ou composição
esteja em desacordo com as prescrições legais, ou que não corresponda à respectiva classificação
oficial;
III - misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes, para vendê-los ou expô-los à venda como
puros; misturar gêneros e mercadorias de qualidades desiguais para vendê-los ou expô-los à venda
por preço estabelecido para os demais mais alto custo;
IV - fraudar preços por meio de:
a) alteração, sem modificação essencial ou de qualidade, de elementos tais como denominação,
sinal externo, marca, embalagem, especificação técnica, descrição, volume, peso, pintura ou
acabamento de bem ou serviço;
b) divisão em partes de bem ou serviço, habitualmente oferecido à venda em conjunto;
c) junção de bens ou serviços, comumente oferecidos à venda em separado;
d) aviso de inclusão de insumo não empregado na produção do bem ou na prestação dos serviços;
V - elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens ou serviços, mediante a exigência de comissão
ou de taxa de juros ilegais;
VI - sonegar insumos ou bens, recusando-se a vendê-los a quem pretenda comprá-los nas condições
publicamente ofertadas, ou retê-los para o fim de especulação;
VII - induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de indicação ou afirmação falsa ou enganosa
sobre a natureza, qualidade do bem ou serviço, utilizando-se de qualquer meio, inclusive a
veiculação ou divulgação publicitária;
VIII - destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou mercadoria, com o fim de provocar alta de
preço, em proveito próprio ou de terceiros;
IX - vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-
prima ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo;
Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II, III e IX pune-se a modalidade culposa, reduzindo-se a
pena e a detenção de 1/3 (um terço) ou a de multa à quinta parte.
CAPÍTULO III
Das Multas
Art. 8° Nos crimes definidos nos arts. 1° a 3° desta lei, a pena de multa será fixada entre 10 (dez) e
360 (trezentos e sessenta) dias-multa, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime.
Parágrafo único. O dia-multa será fixado pelo juiz em valor não inferior a 14 (quatorze) nem superior
a 200 (duzentos) Bônus do Tesouro Nacional BTN.
Art. 9° A pena de detenção ou reclusão poderá ser convertida em multa de valor equivalente a:
I - 200.000 (duzentos mil) até 5.000.000 (cinco milhões) de BTN, nos crimes definidos no art. 4°;
II - 5.000 (cinco mil) até 200.000 (duzentos mil) BTN, nos crimes definidos nos arts. 5° e 6°;
III - 50.000 (cinqüenta mil) até 1.000.000 (um milhão de BTN), nos crimes definidos no art. 7°.
Art. 10. Caso o juiz, considerado o ganho ilícito e a situação econômica do réu, verifique a
insuficiência ou excessiva onerosidade das penas pecuniárias previstas nesta lei, poderá diminuí-las
até a décima parte ou elevá-las ao décuplo.
CAPÍTULO IV
Das Disposições Gerais
Art. 11. Quem, de qualquer modo, inclusive por meio de pessoa jurídica, concorre para os crimes
definidos nesta lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida de sua culpabilidade.
Parágrafo único. Quando a venda ao consumidor for efetuada por sistema de entrega ao consumo
ou por intermédio de outro em que o preço ao consumidor é estabelecido ou sugerido pelo
fabricante ou concedente, o ato por este praticado não alcança o distribuidor ou revendedor.
Art. 12. São circunstâncias que podem agravar de 1/3 (um terço) até a metade as penas previstas
nos arts. 1°, 2° e 4° a 7°:
I - ocasionar grave dano à coletividade;
II - ser o crime cometido por servidor público no exercício de suas funções;
III - ser o crime praticado em relação à prestação de serviços ou ao comércio de bens essenciais à
vida ou à saúde.
9 - QUESTÕES
Quanto à alternativa D, os crimes contra o sistema financeiro não são objeto da nossa aula de hoje,
mas você bem sabe que a criminalização de pessoas jurídicas no Brasil ainda é muito frágil, e
certamente não se aplica a esse tipo de crime.
A conduta prevista na alternativa E está tipificada no art. 1º, V, da Lei nº 8.137/1990.
V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa
a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em
desacordo com a legislação.
GABARITO: A
GABARITO: ERRADO
Comentários
Na aula de hoje você aprendeu que o STJ entende que a realização de perícia neste caso é necessária.
RECURSO ESPECIAL. PENAL. LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE. ART. 7º, IX, DA LEI N.
8.137/1990. CRIME CONTRA A RELAÇÃO DE CONSUMO. VENDER PRODUTOS EM
CONDIÇÕES IMPRÓPRIAS. LAUDO PERICIAL. IMPRESCINDIBILIDADE. É imprescindível a
realização de perícia.
STJ, RE 1.476.252/SC, Rel. Min. SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, j.
GABARITO: ERRADO
GABARITO: CERTO
16. TJ-RO - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Provimento – 2017 – IESES (Adaptada).
Não há previsão expressa de crime culposo na Lei 8.137/90, a qual define crimes contra a
ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo, e dá outras providências.
Comentários
Na realidade a Lei n. 8.137/1990 prevê a modalidade culposa em alguns casos, conforme art. 7º,
parágrafo único:
Art. 7º Constitui crime contra as relações de consumo:
[...]
II - vender ou expor à venda mercadoria cuja embalagem, tipo, especificação, peso ou composição
esteja em desacordo com as prescrições legais, ou que não corresponda à respectiva classificação
oficial;
III - misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes, para vendê-los ou expô-los à venda
como puros; misturar gêneros e mercadorias de qualidades desiguais para vendê-los ou expô-los
à venda por preço estabelecido para os demais mais alto custo;
[...]
IX - vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de qualquer forma, entregar
matéria-prima ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo;
[...]
Parágrafo único: Nas hipóteses dos incisos II, III e IX pune-se a modalidade culposa, reduzindo-
se a pena e a detenção de 1/3 (um terço) ou a de multa à quinta parte.
GABARITO: ERRADO
Comentários
A resposta da nossa questão está Súmula Vinculante 24.
Súmula Vinculante nº 24 do STF
Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da
Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.
GABARITO: A
O tipo do art. 1º, V, portanto, é um crime FORMAL, não se exigindo a constituição do crédito
tributário para que esteja consumado.
GABARITO:B
Por outro lado, as condutas previstas no art. 1º, V, e no art. 2º da Lei n. 8.137/1990 configuram
crimes formais, de modo que sua consumação não depende do lançamento definitivo do tributo.
GABARITO: D
GABARITO: B
e) induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de indicação ou afirmação falsa ou enganosa
sobre a natureza, qualidade do bem ou serviço, utilizando-se de qualquer meio, inclusive a
veiculação ou divulgação publicitária.
Comentários
Cuidado para não confundir. A questão exige a indicação de qual alternativa corresponde a crime
contra as relações de consumo. Dentre elas, somente o item E está correto, tratando da infração
contemplada no art. 7º, inciso VII da lei n. 8.137/1990.
Letra A: errado! É crime contra a ordem tributária previsto no art. 1º, inciso V da lei n. 8.137/1990.
Letra B: errado! É crime contra a ordem econômica, conforme art. 4º, inciso II, alínea a da lei n.
8.137/1990.
Letra C: errado! É crime contra a ordem tributária (Art. 1º, inciso III da lei n. 8.137/1990)
Letra D: errado! É crime contra a ordem econômica (Art. 4º, inciso I da lei n. 8.137/1990)
GABARITO: E
Dizer que o delegado pode indiciar alguém por simples subjetivismo é ofensivo, não é mesmo? O
indiciamento precisa ser fundamentado, nos termos da Lei nº 12.830/2013.
GABARITO: ERRADO
GABARITO: E
Comentários
Questão simples e direta, que cobra o teor do art. 2°, parágrafo único, da Lei n° 12.137/2009. Esse
dispositivo trata dos documentos aptos à identificação civil. Vamos relembrar?
Art. 2º A identificação civil é atestada por qualquer dos seguintes documentos:
I – carteira de identidade;
II – carteira de trabalho;
III – carteira profissional;
IV – passaporte;
V – carteira de identificação funcional;
VI – outro documento público que permita a identificação do indiciado.
Parágrafo único. Para as finalidades desta Lei, equiparam-se aos documentos de identificação
civis os documentos de identificação militares.
GABARITO: ERRADO
Comentários
Este é o perfeito teor do art. 6° da Lei n° 12.037/2009.
Art. 6º É vedado mencionar a identificação criminal do indiciado em atestados de
antecedentes ou em informações não destinadas ao juízo criminal, antes do trânsito em julgado da
sentença condenatória.
GABARITO: CERTO
A alternativa C está incorreta. Somente lendo você já pode perceber que isso não faria muito sentido,
não é mesmo? Veja o que diz o art. 3º.
Art. 3º Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal
quando:
I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação;
II – o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado;
III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si;
IV – a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da
autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade
policial, do Ministério Público ou da defesa;
V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações;
VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento
apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais.
Parágrafo único. As cópias dos documentos apresentados deverão ser juntadas aos autos do
inquérito, ou outra forma de investigação, ainda que consideradas insuficientes para identificar o
indiciado.
GABARITO: B
GABARITO: E
Comentários
Aqui a banca nos cobra a letra do art. 3o da Lei no 9.296/1996:
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício
ou a requerimento:
I - da autoridade policial, na investigação criminal;
II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual
penal.
GABARITO: E
GABARITO: B
GABARITO: CERTO
c) Será feito, apenas, por escrito, contendo a demonstração de sua necessidade para a
apuração da infração penal, indicando os meios a serem empregados, e deverá ser decidido
em 24 (vinte e quatro) horas.
d) Como regra, será feito por escrito e, em casos excepcionais, o juiz poderá admitir seja
formulado verbalmente e, em ambos os casos, deverá ser decidido em 24 (vinte e quatro)
horas.
e) Como regra, será feito por escrito e, em casos excepcionais, o juiz poderá admitir seja
formulado verbalmente e, em ambos os casos, deverá ser decidido em 48 (quarenta e oito)
horas.
Comentários
Nos termos do art. 4o, o pedido pode ser admitido excepcionalmente de forma verbal, desde que
estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão será
condicionada à sua redução a termo, devendo o pedido ser decidido no prazo de 24h.
GABARITO: D
GABARITO: B
Você já deve ter percebido que a única resposta possível é a alternativa B, pois é necessário haver
indícios razoáveis, o fato investigado precisa ser punido pelo menos com reclusão (o que já exclui as
contravenções penais), e, além disso, não pode ser possível que a prova seja feita por outros meios.
GABARITO: B
a) O juiz poderá ordenar a interceptação telefônica quando sua destinação for para instruir o
processual penal e o civil.
b) A interceptação telefônica somente poderá ser determinada pelo juiz ex officio.
c) A interceptação telefônica será autorizada ainda que seja possível colher a prova por outros
meios disponíveis.
d) A gravação de uma conversa entre dois interlocutores, feita por um deles sem conhecimento
do outro, é ilícita.
e) O juiz de direito pode, excepcionalmente, admitir que o pedido de interceptação telefônica
seja feito verbalmente.
Comentários
A alternativa A está incorreta porque a Lei nº 9.296/1996 regulamenta a interceptação telefônica
para prova em investigação criminal e em instrução processual penal. A alternativa B está incorreta
porque a interceptação poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da autoridade
policial ou do representante do Ministério Público. A alternativa C está incorreta porque a
interceptação não será admitida quando houver outros meios para produção da prova. A alternativa
D está incorreta porque a gravação de uma conversa na qual se é interlocutor não é considerada
interceptação, e não é crime.
GABARITO: E
GABARITO: CERTO
d) é admitida, quando autorizada por juiz, mesmo que a prova possa ser feita por outros meios
disponíveis.
e) é admitida se o fato investigado constituir infração penal punida, pelo menos, com pena de
detenção.
Comentários
Nossa resposta é a alternativa A, pois o art. 3o autoriza, já em seu caput, a decretação da
interceptação telefônica de ofício pelo juiz. A alternativa B está incorreta porque a medida pode ser
requerida pela autoridade policial no curso da investigação criminal, e não da instrução processual
penal. A alternativa C está incorreta porque a exigência do art. 2o é de que haja indícios de
participação na infração penal, e não de materialidade. A alternativa D está incorreta porque a
interceptação só é autorizada quando não for possível a produção de provas por outros meios. A
alternativa E está incorreta porque a interceptação não é admitida para infrações punidas com pena
de até detenção.
GABARITO: A
GABARITO: C
a) em que pese o sigilo da fonte ser um direito fundamental, a interceptação telefônica é legal,
mesmo que o jornalista não tenha participado do crime.
b) a interceptação telefônica é legal, mesmo que c jornalista não tenha participado do crime,
devendo ser considerado que o sigilo da fonte não foi arrolado entre os direitos fundamentais.
c) a interceptação telefônica é ilegal porquanto o jornalista não tenha participação no crime e
a CRFB/88 estabeleça o sigilo da fonte como direito individual.
d) considera-se a interceptação telefônica ilegal, tendo em vista que o jornalista não participou
do crime, contudo não há previsão constitucional ao sigilo da fonte.
e) o jornalista não poderia ser interceptado em hipótese alguma, pois a CRFB/88 lhe garante a
cláusula de reserva absoluta.
Comentários
Como você já sabe, a interceptação telefônica deverá ser utilizada apenas para fins de investigação
criminal, e não para quebrar o sigilo da fonte jornalística. Portanto, a interceptação telefônica do
caso da questão foi realizada ilegalmente.
GABARITO: C
Letra D: correto! O prazo de 30 (trinta) dias fixado pelo magistrado na decisão que autorizou a
interceptação das comunicações telefônicas não é válido, pois a interceptação é medida que não
poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a
indispensabilidade do meio de prova. (Art. 5º da lei n° 9.296/1996)
Letra E: a decisão que determinou a interceptação das comunicações telefônicas não foi válida,
diante do prazo de 30 (trinta) dias que fixado. Mais uma vez: a interceptação é medida que não
poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a
indispensabilidade do meio de prova. (Art. 5º da lei n° 9.296/1996)
GABARITO: D
16. TJ-RO - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Provimento – 2017 – IESES (Adaptada).
Não há previsão expressa de crime culposo na Lei 8.137/90, a qual define crimes contra a
ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo, e dá outras providências.
17. MPE-RR - Promotor de Justiça Substituto – 2017 – CESPE.
João, prestador de serviços, trabalha como MEI na forma da Lei Complementar n.º 123/2006
(SIMPLES Nacional). Nessa qualidade, com o propósito de recolher menos tributo, ele informou
à RFB ter recebido, no exercício de 2016, a receita bruta de R$ 50.000, mas a RFB constatou
que sua receita bruta real nesse exercício havia sido de R$ 120.000. Ante a existência de provas
suficientes desses fatos, a conduta de João foi tipificada como dolosa.
A respeito dessa situação hipotética, assinale a opção correta com base na Lei n.º 8.137/1990,
que dispõe sobre crimes contra a ordem tributária.
a) A conduta de João poderá ser tipificada como crime contra a ordem tributária somente após
o lançamento definitivo do tributo em exame.
b) Sabe-se que a falsa declaração de dados de interesse tributário é crime formal cuja
tipificação independe do lançamento tributário. Nesse caso, somente se João tivesse retificado
as informações antes do início da diligência fiscal o crime seria afastado.
c) Eventual exclusão de João do SIMPLES Nacional somente produziria efeitos tributários no
exercício seguinte, ou seja, em 2017. Não tendo havido redução do tributo devido, não se pode
falar em crime contra a ordem tributária.
d) Sabe-se que o MEI enquadrado no SIMPLES Nacional paga o seu tributo em valores fixos
mensais, independentemente da receita bruta por ele auferida no mês. Por isso, se João tivesse
efetuado a retificação das informações após o lançamento definitivo do tributo, não haveria
crime tributário.
18. PC-GO - Delegado de Polícia Substituto – 2017 – CESPE.
Considere os seguintes atos, praticados com o objetivo de suprimir tributo:
1) Marcelo prestou declaração falsa às autoridades fazendárias;
2) Hélio negou-se a emitir, quando isso era obrigatório, nota fiscal relativa a venda de
determinada mercadoria;
3) Joel deixou de fornecer nota fiscal relativa a prestação de serviço efetivamente realizado.
Nessas situações, conforme a Lei n.º 8.137/1990 e o entendimento do STF, para que o ato
praticado tipifique crime material contra a ordem tributária, será necessário o prévio
lançamento definitivo do tributo em relação a
a) Hélio e Joel.
b) Marcelo apenas.
c) Hélio apenas.
d) Joel apenas.
e) Hélio, Marcelo e Joel.
b) deixar de aplicar incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de
desenvolvimento.
c) fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de
qualquer natureza, em documento exigido pela lei fiscal.
d) extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em
razão da função, bem como sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando
pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social.
e) utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da
obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é fornecida à Fazenda
Pública.
23. ISS-São Luís – Auditor Fiscal – 2018 – FCC.
De acordo com a Lei n° 8.137/1990, constitui crime contra as relações de consumo
a) negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente,
relativa a venda de mercadoria efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a
legislação.
b) formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre ofertantes, visando à fixação artificial de
preços ou quantidades vendidas ou produzidas.
c) falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro
documento relativo à operação tributável.
d) abusar do poder econômico, dominando o mercado ou eliminando, total ou parcialmente,
a concorrência mediante qualquer forma de ajuste ou acordo de empresas.
e) induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de indicação ou afirmação falsa ou enganosa
sobre a natureza, qualidade do bem ou serviço, utilizando-se de qualquer meio, inclusive a
veiculação ou divulgação publicitária.
24. PC-RJ – Oficial de Cartório – 2013 – IBFC (adaptada).
O indiciamento é ato privativo do delegado de polícia, aperfeiçoado em despacho técnico-
jurídico fundamentado, que indicará as provas de materialidade e de autoria delitiva e as
circunstâncias do fato delituoso.
25. PC-RJ – Oficial de Cartório – 2013 – IBFC (adaptada).
Tratando-se o indiciamento de ato voltado à formalização da suspeita em procedimento
instaurado para apurar infração penal e sua autoria, poderá ser realizado por qualquer
autoridade pública que presida essa espécie de procedimento, mesmo sem amparo
constitucional e legal expressos.
26. PC-RJ – Oficial de Cartório – 2013 – IBFC (adaptada).
O delegado de polícia pode indiciar ou deixar de indiciar alguém por simples subjetivismo, pois
a formalização da suspeita é ato discricionário da autoridade policial que preside a investigação
criminal, não encontrando limites constitucionais e legais que o vinculam.
d) considera-se a interceptação telefônica ilegal, tendo em vista que o jornalista não participou
do crime, contudo não há previsão constitucional ao sigilo da fonte.
e) o jornalista não poderia ser interceptado em hipótese alguma, pois a CRFB/88 lhe garante a
cláusula de reserva absoluta.
67. PC-AC - Agente de Polícia Civil – 2017 – IBADE.
No que tange à Lei n° 9.296/1996, que regulamenta a interceptação de comunicação
telefônica, assinale a alternativa correta.
a) A decisão que autorizar a interceptação de comunicação telefônica será fundamentada, sob
pena de nulidade, indicando também a forma de execução da diligência, que não poderá
exceder o prazo de dez dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a
indispensabilidade do meio de prova.
b) Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando o fato investigado
constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.
c) O juiz. no prazo máximo de quarenta e oito horas, decidirá sobre o pedido de interceptação
de comunicação telefônica representado pela autoridade policial.
d) A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, a
requerimento da autoridade policial, na instrução criminal.
e) A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em
investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta lei e
dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, excluindo-se o segredo de justiça.
68. Câmara de Salvador – BA - Especialista - Advogado Legislativo – 2018 – FGV.
Durante determinada investigação penal de crime de associação para o tráfico, entendendo
pela existência de indícios de autoria e inexistência de outros meios para obtenção da prova, a
autoridade policial representou pela decretação da interceptação das comunicações das linhas
telefônicas de titularidade de determinado investigado. Ao receber o pedido, o magistrado, de
maneira fundamentada, autorizou a interceptação pelo prazo inicial de 30 (trinta) dias,
deixando claro que eventual pedido de prorrogação desse prazo deveria ser devidamente
fundamentado.
Com base apenas nas informações narradas, é correto afirmar que:
a) a interceptação das comunicações telefônicas não poderia ser requerida pela autoridade
policial, dependendo a autorização de pedido expresso do Ministério Público;
b) a interceptação das comunicações telefônicas não poderia ser autorizada durante as
investigações, sob pena de violação do sistema acusatório;
c) o crime de associação para o tráfico, diante da sanção penal prevista, não admite
interceptação das comunicações telefônicas;
d) o prazo fixado pelo magistrado na decisão que autorizou a interceptação das comunicações
telefônicas não é válido;
e) a decisão que determinou a interceptação das comunicações telefônicas foi válida, diante
do crime investigado, da representação da autoridade policial e do prazo fixado.
9.3 - GABARITO
53. CERTO
8. A 31. A 54. D
9. B 32. A 55. A
10. ERRADO 33. E 56. C
11. ERRADO 34. B 57. B
12. ERRADO 35. ERRADO 58. B
13. ERRADO 36. ERRADO 59. E
14. ERRADO 37. ERRADO 60. CERTO
15. CERTO 38. CERTO 61. A
16. ERRADO 39. A 62. A
17. A 40. B 63. E
18. B 41. C 64. B
19. D 42. E 65. C
20. C 43. ERRADO 66. C
21. B 44. E 67. B
22. D 45. B 68. D
23. E 46. C
10 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos aqui esta aula! Se tiver dúvidas, utilize nosso fórum. Estou sempre à disposição também
no e-mail e nas redes sociais.
Grande abraço!
Paulo Guimarães
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