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TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Registro: 2015.0000382898

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação / Reexame


Necessário nº 0026856-85.2013.8.26.0053, da Comarca de São Paulo, em que são
apelantes PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO e JUIZO EX OFFICIO, é
apelado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO.

ACORDAM, em 6ª Câmara de Direito Público do Tribunal de


Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso.
V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores


MARIA OLÍVIA ALVES (Presidente) e REINALDO MILUZZI.

São Paulo, 1 de junho de 2015.

SILVIA MEIRELLES
RELATORA
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PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Apelação/Reexame necessário: 0026856-85.2013.8.26.0053


Apelante: MUNICIPALIDADE DE SÃO PAULO
Apelado: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Juiz: MARCOS PIMENTEL TAMASSIA
Comarca: SÃO PAULO
Voto nº: 3478*

APELAÇÃO AÇÃO CIVIL PÚBLICA Obrigação


de fazer Implantação da Operação Urbana Água
Branca Programa instituído pela Lei n.º 11.774/95, na
qual se consignaram objetivos específicos de melhoria
da área urbana Criação de fundo específico para
controle das receitas arrecadadas (FEAB), bem como a
origem destas, destinadas exclusivamente à realização
dos objetivos enumerados na lei Preocupação da
comunidade e do órgão ministerial de que as receitas
não sejam destinadas aos fins previstos na lei
supracitada Receio fundado na existência de projeto
de lei n.º 505/2012, posteriormente convertido na Lei
n.º 15.893/2013, que pode vir a desviar para outros fins
o dinheiro já arrecadado Falta de interesse de agir
afastada - R. sentença que julgou parcialmente
procedente a ação, determinando que as receitas já
arrecadadas sejam destinadas exclusivamente às obras
previstas na Lei n.º 11.774/95 Necessidade do
cumprimento das disposições legais e de se alcançar a
melhoria urbana de que necessitam os bairros
beneficiados Imprescindibilidade da realização de
tais obras Estabilidade da condição jurídico-social
dos administrados - Decisão liminar que bloqueou os
valores constantes no fundo acima citado Natureza
cautelar Manutenção dos valores bloqueados
conforme parecer da D. PGJ Necessidade de
fiscalização e possibilidade de acompanhamento da
destinação Outrossim, responsabilidade do
Administrador em dar o devido fim às receitas, sob
pena de cometimento de crimes de responsabilidade e
improbidade administrativa Possibilidade de
fiscalização por parte da sociedade civil e do Ministério
Público - Manutenção da r. sentença por seus próprios
fundamentos Inteligência do art. 252, do RITJ
Recurso improvido.

Trata-se de apelação interposta pela


MUNICIPALIDADE DE SÃO PAULO contra a r. sentença prolatada a
fls. 1555/1558 que, nos autos da ação civil pública movida pelo

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, julgou


parcialmente procedente o feito, condenando-a na obrigação de fazer
consistente no emprego das receitas, já arrecadadas e constantes no
Fundo Especial da Operação Urbana Água Branca (FEAB), na
implementação das obras previstas na Lei n.º 11.774/95, entendendo
que diante da comprovação da inércia do Poder Público Municipal em
gerir os recursos já arrecadados, necessário o reconhecimento judicial
da obrigação de se destinar corretamente tais recursos com o fim de
realizar as metas traçadas anteriormente, tendo em vista que a Lei n.º
15.893/13, que substituiu a lei supracitada, deixou brechas para o desvio
do montante já existente.

Inconformada, apela a Municipalidade (fls.


1578/1596), arguindo, preliminarmente, a falta de interesse de agir
superveniente e, no mérito, sustentando, em síntese, sobre a
impossibilidade de se manter o bloqueio das contas relacionadas à
Operação Urbana Água Branca.

Recebido o recurso e devidamente processado,


foram apresentadas as contrarrazões (fls. 1602/1615).

Embargos de declaração opostos pelo Ministério


Público a fls. 1617/1618 e acolhidos a fls. 1619.

Parecer da D. Procuradoria de Justiça a fls.


1625/1633, opinando pelo improvimento do recurso e manutenção do
bloqueio efetivado.

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É o relatório.

Trata-se de apelação interposta pela Municipalidade


contra a r. sentença que julgou parcialmente procedente a ação civil
pública movida pelo Ministério Público, na qual foi condenada a
cumprir a obrigação de fazer consistente na destinação específica das
receitas, já existentes, visando a implementação das metas previstas na
Lei n.º 11.774/95.

Com todo respeito às argumentações trazidas pela


apelante, a r. sentença merece ser mantida integralmente, por seus
próprios fundamentos, nos termos do artigo 252, do Regimento Interno
deste Egrégio Tribunal: “Nos recursos em geral, o relator poderá
limitar-se a ratificar os fundamentos da decisão recorrida, quando,
suficientemente motivada, houver de mantê-la”, com respaldo no
Colendo Superior Tribunal de Justiça (REsp nº 662.272-RS, j. de
04.09.07, Rel. Min. João Otávio de Noronha, dentre outros
precedentes).

Este dispositivo, em uma interpretação teleológica,


visa prestigiar o bom trabalho do magistrado a quo, que bem exerceu a
sua judicatura. Evitando-se, também, o prolongamento do julgamento,
com novas razões pelo juízo ad quem, atendendo-se, em especial, ao
princípio da celeridade processual.

E é este o caso destes autos.

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Inicialmente, não prospera a preliminar de falta de


interesse de agir superveniente.

Ensina Moacyr Amaral Santos, em sua obra


"Primeiras Linhas de Direito Processual Civil", que uma das três
condições da ação é o interesse de agir. Tal é o interesse que move o
autor a propor a ação, a fim de "reclamar a atividade jurisdicional do
Estado, para que tutele o seu interesse primário, que de outra forma
não seria protegido. Por isso mesmo o interesse de agir se confunde, de
ordinário, com a necessidade de se obter o interesse primário ou direito
material pelos órgãos jurisdicionais." (in Vol. I, pág. 145, Ed. Saraiva,
1977).

Consoante lição do autor supracitado, "o exercício


do direito de ação, para ser legítimo, pressupõe um conflito de
interesses, uma lide, cuja composição se solicita do Estado". E conclui
que sem lide, não há lugar à invocação da atividade jurisdicional.

E, no caso, persiste a lide.

Isto porque da leitura sistemática dos arts. 8º, §§ 1º


e 2º, 11, 59 e 72, da Lei n. 15.893/13, verifica-se que os recursos
obtidos com a Operação Água Branca não podem ser utilizados para
outros fins que não aqueles estabelecidos na revogada Lei n. 11.774/95.

Ademais, o fato da Lei n.º 15.893/13, que revogou a

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Lei n.º 11.774/95, ter criado três contas distintas, sendo uma somente
para os recursos arrecadados em decorrência desta, não assegura, de
forma expressa, que as metas relativas à Operação Urbana Água Branca
serão efetivadas pela Administração, mormente em se considerando as
últimas notícias jornalísticas que informam a abertura de licitação para a
construção de uma ponte ligando Pirituba à Lapa, que seria construída
com recursos da referida operação.
Sendo assim, levando-se em conta o pedido
formulado pelo autor, e o exposto acima, verifico a persistência do
interesse processual, ficando rejeitada esta preliminar.

No mérito, corretamente decidiu o juízo a quo


quando acolheu parcialmente a pretensão ministerial.

Com efeito, restou patente a inércia do Poder


Público em implementar efetivamente o programa de melhorias
chamado Operação Urbana Água Branca, tendo em vista que a lei que a
instituiu é do ano de 1995 e a presente ação ajuizada em 2013.

A apelante não demonstrou medidas eficazes que


teriam sido tomadas ao longo destes anos, muito menos, o início de
grande parte das metas criadas pela Lei n.º 11.774/95.

O apelado logrou êxito em comprovar as inúmeras


mazelas que afligem há anos os bairros que deveriam ter sido
contemplados com as obras do programa acima citado.

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E nem seria necessário um vasto conjunto


probatório, uma vez que as inundações, problemas de mobilidade
pública, ausência de moradias para a população de baixa renda, entre
outros, infelizmente, são fatos públicos e notórios em nosso município.

Exemplo que pode ser tomado como parâmetro é o


bairro da Pompéia que sofre inundações constantes em virtude das
chuvas, ano após ano.

E, mesmo com a “atual” crise hídrica,


paradoxalmente vários bairros estão sendo assolados pelas inundações.

Deste modo, não havia outra solução cabível neste


caso senão determinar a observância ao disposto na Lei n.º 11.774/95,
em relação às receitas advindas destas e as metas ali fixadas.

Já a parte do pedido feito pelo “Parquet” no que


tange à fixação de um prazo para implementação das metas, realmente
não poderia ser atendido pelo Judiciário, sob pena de afronta à
tripartição de poderes.

Explico.

Neste aspecto temporal, realmente incumbe ao


Administrador a iniciativa de determinar o início de obras, pois, uma
vez iniciadas deverão ser concluídas.

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Não basta apenas dar início às metas traçadas na lei


revogada (11.774/95), necessária a finalização e, neste caso, não sendo
as receitas constantes da FEAB (atualmente uma conta distinta criada
pela Lei n.º 15.893/13) suficientes para conclusão, deverá ocorrer a
injeção de recursos financeiros oriundos de outra fonte.

É neste momento que o planejamento público, a


elaboração da lei orçamentária, a análise das necessidades mais
urgentes, são de competência exclusiva do Administrador, não podendo
o Judiciário se imiscuir.

O Judiciário analisa a legalidade do ato e não a


conveniência e oportunidade.

No entanto, caso se evidencie ilegalidade na


conduta do gestor público, pode/deve o Poder Judiciário ser acionado,
com o fim de se apurar e punir eventuais crimes de responsabilidade ou
improbidade administrativa.

Ademais, a r. sentença, que aqui se mantém, tem o


escopo de evitar a descontinuidade das políticas públicas, fato
corriqueiro em nosso país, ou seja, o que um governo planeja, o outro
não inicia, não termina.

Outrossim, o administrado precisa ter o mínimo de


certeza (segurança) de que os planejamentos feitos pelo Administrador,
em especial os constantes em lei, não caiam no “esquecimento” e sejam

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mais que promessas políticas.

Necessário preservar a estabilidade da condição


jurídico-social dos administrados, como freio da discricionariedade do
Administrador.

Sendo assim, a respeitável e bem prolatada decisão,


a cujos argumentos me reporto, deu correta solução à questão, devendo
ser integralmente ratificada, nos termos do artigo 252, do RITJ.

Por fim, não assiste razão à apelante no que tange


ao bloqueio das receitas.

Há que se ressaltar que a medida liminar deferida,


consistente no bloqueio dos recursos arrecadados com a Operação
Urbana Água Branca, tem natureza cautelar, sendo sua ratio essendi a
de preservar o resultado prático do provimento jurisdicional.

No caso, como é fato público e notório, está sendo


veiculado na imprensa escrita e falada, notícias a respeito da abertura de
licitação para a construção de complexo viário na marginal do Rio
Tietê, ligando Pirituba à Lapa, ao custo de R$ 300.000.000,00
(trezentos milhões de reais), a ser custeado com os recursos da Operação
Água Branca1, situação que demonstra a real necessidade de
manutenção do bloqueio pretendido, posto que as verbas geradas nesta

1
http://noticias.r7.com/sao-paulo/marginal-tiete-tera-complexo-viario-de-r-300-milhoes-13032015;
http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,marginal-do-tiete-tera-complexo-viario-de-r-300-milhoes,1649759
http://www.camara.sp.gov.br/blog/camara-seu-bairro-operacao-agua-branca-vai-beneficiar-pirituba.

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operação devem ser utilizadas para fins de implantação de obras de


melhoramento e contenção de enchentes que há anos assola a região da
Água Branca.

Desse modo, conforme parecer da D. Procuradoria


de Justiça, os valores bloqueados devem ser liberados paulatinamente,
com o fim exclusivo de dar cumprimento aos objetivos traçados em lei.

Vale ressaltar que incumbe ao Administrador


público a gerência de sua destinação, sob pena de responsabilização por
crime de responsabilidade e improbidade administrativa em caso de má
gestão, podendo qualquer um do povo fiscalizar a aplicação do dinheiro
público, bem como deverá o fazê-lo, necessariamente, o Ministério
Público.

Para tanto, incumbirá à Municipalidade deixar clara


a transparência da destinação dos recursos, na forma como o órgão do
Ministério Público entender mais adequada, não podendo se negar ou
omitir-se a apresentar quaisquer documentos, sob pena de
responsabilização do Administrador, bem como de não liberação do
valor bloqueado.

Assim, mantém-se a r. sentença por seus próprios e


jurídicos fundamentos.

Ressalto, finalmente, que o presente acórdão


enfocou as matérias necessárias à motivação do julgamento, tornando

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claras as razões do decisum.

Todavia, para viabilizar eventual acesso às vias


extraordinária e especial, considero prequestionada toda matéria
infraconstitucional e constitucional, observando o pacífico
entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que,
tratando-se de prequestionamento, é desnecessária a citação numérica
dos dispositivos legais, bastando que a questão posta tenha sido
decidida (EDROMS 18205 / SP, Ministro FELIX FISCHER, DJ
08.05.2006 p. 240).

Ante o exposto, pelo meu voto, rejeita-se a preliminar


e nega-se provimento ao recurso, mantendo-se inalterada a r. sentença, por
seus próprios e jurídicos fundamentos.

SILVIA MEIRELLES
Relatora

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