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Keywords: Urban Law - Public policies - Consensuality - Process - Joint urban operations
Sumário:
1. Introdução
Daí exsurgem inúmeros arranjos jurídicos de interação entre setor público e setor privado, dentre os
quais merecem destaque as operações urbanas consorciadas, considerando as recentes
experiências no uso desse instrumento e o seu peculiar impacto no planejamento urbano.
2. Os novos paradigmas do direito urbanístico: consensualidade e processualidade
“Já não basta nem satisfaz a decisão ‘unilateral executória’ da administração, semelhante à relação
hierárquica castrense: agora se tende a uma liderança fundada no consenso dos liderados, na qual a
execução das decisões exige cada vez mais a adesão daquele que será objeto de sua aplicação,
assim como a do funcionário que será o órgão executor.”5
Uma das consequências desse movimento é a maior eficácia da ação pública, pois garante a
cooperação dos grupos sociais e a coordenação das iniciativas oriundas de atores com papeis
diversos. Nesse contexto, a ação pública resulta das interações entre atores múltiplos, públicos e
privados, conciliando estratégias e harmonizando interesses. O contrato é o instrumento jurídico que
formaliza essa cooperação.8 Assim, constata Vitor Schirato que “o contrato passa a ser não apenas
um meio de interação comercial entre Estado e iniciativa privada, mas meio de realização de funções
públicas e satisfação do interesse pela via consensual”.9
Pois bem. A unilateralidade também vem sendo posta em xeque no campo urbanístico. Isso porque,
conforme será exposto no item 2, o Estatuto da Cidade (Lei federal 10.257, de 10.07.2001) tem por
vetores a concertação e a participação popular. As decisões de políticas públicas no campo
urbanístico exigem uma Administração Pública dialógica.
Nesse contexto, é necessário promover a sinergia entre os setores público e privado na elaboração
de políticas públicas urbanísticas, afastando-se de um urbanismo totalitário e autoritário em direção a
um urbanismo concertado. Nessa seara, a contratualização substitui o agir unilateral da
Administração Pública, típico do regime jurídico dos atos administrativos e de uma administração
impositiva e autoritária.10
2.2 O paradigma da processualidade
Há muito se observa que o interesse público não se revela mais de forma unívoca e subliminar pelo
administrador público. Não se fala mais em prevalência apriorística de um interesse sobre o outro.11
Em tempos de fragmentação do interesse público, o Estado passa a atuar como árbitro dos
interesses em jogo.
Gustavo Justino de Oliveira faz referência à noção contemporânea de administração mediadora, cuja
principal tarefa passa a ser a de compor conflitos entre interesses estatais e privados, incluindo os
cidadãos no procedimento de determinação e densificação do interesse público, desconstruindo o
monopólio estatal na matéria e afastando a exclusividade das autoridades públicas.12 Tais conflitos
de interesses revelam-se de forma ainda mais intensa no direito urbanístico, tendo em vista a
pluralidade de atores envolvidos no desenvolvimento da cidade. Além disso, na seara urbanística,
grande parte dos interesses possui caráter híbrido, em parte público e em parte privado.
Segundo Sabino Cassese, o paradigma bipolar Estado-cidadão cede lugar ao paradigma multipolar,
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A formação concertada de políticas públicas urbanísticas
e o exemplo das operações urbanas consorciadas
Nesse cenário, o processo administrativo permite identificar os interesses envolvidos, bem como, a
partir de um diálogo com os diferentes grupos de pressão, determinar qual será o interesse a
prevalecer no caso concreto. O conteúdo do ato é feito de forma dialogada. Trata-se da
processualização do agir administrativo, o que se coaduna com o novo perfil do processo
administrativo, antes somente ligado à dimensão do ato administrativo para chegar à legitimação do
poder.14–15
O direito torna-se um direito negociado, fruto da deliberação coletiva, e a legitimidade intrínseca das
normas jurídicas, fruto da ideia do direito como encarnação da razão, é substituída por uma
legitimidade procedimental.16 Nessa linha, assevera Vitor Schirato que as decisões da administração
que afetem direitos ou interesses dos indivíduos não podem ser tomadas “entre quatro paredes”,
mas sim “com base em um curso processual que conte com a plena participação dos interessados,
sendo o resultado desse curso”.17
José Afonso da Silva traz a lume a noção de “planejamento urbanístico democrático”, como o
planejamento que busca realizar-se com base no consentimento popular. Nesse contexto, os planos
urbanísticos devem refletir as necessidades e aspirações do povo, e essa sensibilidade há de ser
captada pelas vias democráticas, e não idealizada autoritariamente. Com efeito, a discussão pública
é um mecanismo que garante a “aceitabilidade” e “exequibilidade” dos planos urbanísticos.20
Em consonância com essa ideia, o art. 2.º do Estatuto da Cidade traça as diretrizes gerais da política
urbana, destacando, dentre elas, a “gestão democrática por meio da participação da população e de
associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e
acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano” (inc. II) e a
“cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da sociedade no processo
de urbanização, em atendimento ao interesse social” (inc. III).
3.1 A gestão democrática da cidade
O art. 2.º, XIII determina a realização de audiência do Poder Público municipal e da população
interessada nos casos de implantação de empreendimentos ou atividades de efeitos potencialmente
negativos.
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A formação concertada de políticas públicas urbanísticas
e o exemplo das operações urbanas consorciadas
Já o art. 4.º prevê como instrumento associado ao planejamento municipal a gestão orçamentária
participativa (inc. III, f), além do controle social dos dispêndios de recursos por parte do Poder
Público (§ 3.º).
A publicidade torna-se uma diretriz da atuação do Município, conforme se extrai dos arts. 27, § 2.º,
sobre o direito de preempção, e 37, parágrafo único, acerca da divulgação do Estudo de Impacto de
Vizinhança.
O art. 40, § 4.º, I exige a realização de audiências públicas e debates com grupos sociais no
processo de elaboração do Plano Diretor e na fiscalização de sua implementação.
A respeito da gestão democrática da cidade, afirma Maria Paula Dallari Bucci que a própria situação
topológica do capítulo, antecedendo as “Disposições gerais”, indica seu caráter de norma de
processo político-administrativo, que informa o modo concreto de formulação de política urbana e da
incidência dos dispositivos precedentes, exigindo-se sempre a participação popular.24
A segunda faceta de interação público-privada no meio urbano é a cooperação entre setor público e
setor privado na materialização dos instrumentos de política urbana. Segundo Odete Medauar, o inc.
III do art. 2.º evidencia uma feição renovada da relação Estado-sociedade, revelada na concepção e
prática de aproximação, de colaboração, de conjugação de esforços entre Estado e sociedade na
urbanização.27 Com efeito, arremata a autora: “a função urbanística cabe precipuamente ao Poder
Público; trata-se de uma função pública, essencialmente. Isso não impede que seja realizada
também por agentes privados, desde que atendido o interesse da coletividade, sob a égide da
legislação pertinente”.28
Essa cooperação também se vislumbra no art. 2.º, XVI, que aponta como diretriz a “isonomia de
condições para os agentes públicos e privados na promoção de empreendimentos e atividades
relativos ao processo de urbanização, atendido o interesse social”.
Nota-se que “a ação privada é condição fundamental para que o Estado urbanista não enverede por
um caminho totalizante, no qual se considere autossuficiente para fixar planos e desenvolver as
ações materiais para implantá-los”.29 De fato, nenhum setor, seja público ou privado, possui o
monopólio das boas ideias ou da capacidade de executá-las.30
No passado, tais iniciativas de cooperação com o setor privado tinham por objetivo, essencialmente,
angariar recursos para a realização de intervenções urbanísticas que o Estado não tinha como arcar.
É o que relata Carlos Ari Sundfeld:
“(…) sabe-se que a partir da década de 80 (oitenta), a escassez de recursos públicos para viabilizar
obras urbanas levou o Município a introduzir novas formas de gestão, mais indutoras e
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A formação concertada de políticas públicas urbanísticas
e o exemplo das operações urbanas consorciadas
Por todo o exposto, verifica-se, no atual estado da arte do direito urbanístico, que a gestão
democrática da cidade é o “antidoto contra o isolamento estatal no campo do urbanismo” e, a ação
privada, “limite à autossuficiência estatal em matéria urbanística”.32 A gestão democrática e a ação
privada são, portanto, condicionamentos ao Estado urbanista.33
Nesse contexto, a legislação prevê uma série de instrumentos jurídicos para a instrumentalização
dessa interação, tais como as operações urbanas consorciadas, as concessões urbanísticas, as
Parcerias Público-Privadas, dentre outros. Tais instrumentos institucionalizam a participação privada
no direito urbanístico, formatando juridicamente a junção de interesses no planejamento urbano.
José Afonso da Silva relata que as intervenções urbanísticas com a participação e recursos da
iniciativa privada surgiram no Município de São Paulo, sob a nomenclatura de operações urbanas
integradas e operações urbanas interligadas.34 Tais modalidades foram incorporadas ao Estatuto da
Cidade sob a denominação de “operações urbanas consorciadas” (arts. 32 a 34).
A lei específica da operação deverá ter anteparo no Plano Diretor (art. 32, caput). Essa lei traçará o
“plano de operação urbana consorciada”, contendo, no mínimo, os seguintes elementos (art. 33):
definição da área a ser atingida; programa básico de ocupação da área; programa de atendimento
econômico e social para a população diretamente afetada pela operação; finalidades da operação;
estudo prévio de impacto de vizinhança; contrapartida a ser exigida dos proprietários, usuários
permanentes e investidores privados em função da utilização dos benefícios (não necessariamente
pecuniária); forma de controle da operação, obrigatoriamente compartilhado com representação da
sociedade civil; e, natureza dos incentivos a serem concedidos aos proprietários, usuários
permanentes e investidores privados.
benefícios usufruídos. São títulos que outorgam ao seu titular o direito de construir acima do
coeficiente básico da área da operação urbana consorciada (“solo criado”), regulamentados pela
Instrução CVM 401/2003.
Os Cepacs constituem uma forma de financiamento dos projetos municipais, mas os recursos
arrecadados com a sua emissão devem ser obrigatoriamente vertidos para a área da operação
urbana consorciada (art. 33, § 1.º), sob pena de configuração de improbidade administrativa.
Outra hipótese é o Município contar com a expertise do setor privado para a elaboração do projeto
de requalificação da área, por meio do lançamento de edital de licitação para contratação de
empresa ou consórcio responsável pelo desenvolvimento dos estudos e projetos, de acordo com as
diretrizes fixadas pela Prefeitura. Nessa cronologia, após a seleção da proposta e finalização do
projeto, o Poder Público elaborará projeto de lei a ser submetido à Câmara dos Vereadores. Após a
aprovação na Câmara, a operação urbana passa a vigorar.39
“Pela consensualidade, o Poder Público vai além de estimular a prática de condutas privadas de
interesse público, passado a estimular a criação de soluções privadas de interesse público,
concorrendo para enriquecer seus modos e formas de atendimento.”40
No entanto, deve-se ter em conta que a consensualidade implica em conjugação de esforços em prol
da elaboração de um projeto que atenda aos interesses de todos os envolvidos na operação e
guarde correlação com o planejamento traçado para a cidade. Não se trata de uma delegação
irrestrita da requalificação de parte do perímetro urbano para o setor privado. O setor público deve
zelar pela efetiva integração do projeto apresentado às políticas de planejamento urbano.
“Nesse contexto, a elaboração do plano urbanístico para o perímetro deve ser submetida ao
escrutínio dos diversos grupos sociais envolvidos na futura operação (proprietários, moradores,
investidores, associações, etc.), concretizando a ideia de gestão democrática da cidade. Ademais, a
lei específica deve trazer em seu bojo a forma de controle da operação, obrigatoriamente
compartilhado com representação da sociedade civil”. Além disso, a própria definição do perímetro
urbano objeto da operação urbana consorciada deve ser debatida com os interessados e com os
habitantes da urbe, “eis que a decisão de onde intervir diz com a definição de políticas públicas, que
devem ser objeto de debate, tanto quanto possível”.41
Feitas tais considerações, parece mais adequada a realização de licitação prévia para escolha do
responsável pela elaboração dos estudos de requalificação da área e definição das intervenções
urbanísticas, com a possibilidade de discussão do projeto finalizado, das intervenções propostas e
das suas formas de financiamento, antes da edição da lei específica.
Isso porque o procedimento inverso, ou seja, a fixação das diretrizes da operação urbana
consorciada em lei específica, ex ante, e posterior apresentação do projeto definitivo pelo setor
privado, selecionado a partir de certame licitatório, não permite o escrutínio democrático do plano
urbanístico apresentado pelo licitante vencedor, bem como do rol de intervenções definidas no
projeto, da modelagem econômico-financeira e dos termos exatos da requalificação proposta. Tal
procedimento gera um déficit de legitimidade do plano urbanístico local, além do risco de abdicação
por parte da administração da sua função urbanística de planejamento, “a depender do grau de
profundidade das diretrizes contidas na lei que lançou a operação urbana consorciada e do objeto
definido nos instrumentos convocatórios”.42
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A formação concertada de políticas públicas urbanísticas
e o exemplo das operações urbanas consorciadas
É necessário ressaltar, contudo, que não há fórmula geral que se aplique indistintamente a todas as
operações urbanas consorciadas. O elemento norteador da atuação do Poder Público deve ser a
fixação de diretrizes claras no plano de operação urbana consorciada para a requalificação e
renovação de determinado perímetro urbano, consentâneas com o planejamento urbano do
Município, em especial, com o Plano Diretor, e resultado das discussões travadas com os diversos
grupos sociais envolvidos. A lei municipal deve, portanto, “ser minuciosa, eis que haverá um sem
número de interesses conflitantes no bojo da operação e ela deverá ao menos traçar as balizas que
norteiem a resolução de tais conflitos”.43
Uma vez lançada a operação urbana consorciada, o Município passa a atuar como fomentador da
iniciativa de múltiplos agentes, sendo, portanto, característico desse instrumento o fomento
municipal. Isso porque os agentes são incentivados pelo Município a realizarem as intervenções
planejadas, recebendo, em contrapartida, benefícios pela municipalidade.44 Nesse contexto, “as
relações jurídicas oriundas do fomento público, assim, constituem-se pela adesão voluntária de
particular a comportamento normativamente previsto como de interesse público”. No entanto, uma
vez constituído o vínculo pela adesão voluntária do particular, surge a compulsoriedade para ambas
as partes, no tocante a seus direitos e obrigações.45
Para Toshio Mukai, o instrumento jurídico para concretização de uma operação urbana consorciada
teria características de um “contrato plúrimo”, comandado pelo Poder Público Municipal, por meio de
um Comitê Gestor de Operação ou de um Conselho, formado por todos os envolvidos. Tal
instrumento jurídico reflete a junção de vontades de proprietários, usuários permanentes e
investidores, fixando seus direitos e obrigações.47
A partir das premissas ora assentadas, constata-se que a operação urbana consorciada é um
instrumento catalisador de profundas transformações na práxis administrativa em matéria de
formulação de políticas públicas, “considerando a cooperação público-privada e o grau de
participação da sociedade civil necessários para o seu sucesso”.
5. Conclusão
Os novos ventos do direito administrativo sopram forte no direito urbanístico, carregando para longe
os velhos paradigmas de autoridade e cedendo lugar ao primado da consensualidade.
Nesse contexto, a operação urbana consorciada surge como um dos instrumentos jurídicos de
interação público-privada na formulação de políticas públicas urbanísticas. Porém, a conjugação de
esforços na elaboração e execução de uma operação urbana consorciada deve aliar a visão de
planejamento urbano integrado do Poder Público com a expertise do setor privado, sem implicar em
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A formação concertada de políticas públicas urbanísticas
e o exemplo das operações urbanas consorciadas
BINENBOJM, Gustavo. Uma teoria do direito administrativo. 3. ed. rev. atual. Rio de Janeiro:
Renovar, 2014.
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GORDILLO, Agustín. Tratado de derecho administrativo. Parte general. 7. ed. Belo Horizonte: Del
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______. Tratado de derecho administrativo. El acto administrativo. 6. ed. Belo Horizonte: Del Rey,
2003. t. 3.
MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 15. ed. São Paulo: Ed. RT, 2011.
MEDAUAR, Odete; ALMEIDA, Fernando Dias Menezes de. Estatuto da Cidade – Lei 10.257, de
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MUKAI, Toshio. Operações urbanas consorciadas. Fórum de Direito Urbano e Ambiental – FDUA. n.
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www.bidforum.com.br/bid/PDI0006.aspx?pdiCntd=46844. Acesso em: 20.06.2014.
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SCHIRATO, Vitor Rhein. A interação entre Administração Pública e particulares nos contratos
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SCHIRATO, Vitor. A participação de particulares na fase interna dos processos licitatórios. Boletim
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SCHIRATO, Renata Nadalin Meireles. Interação público-privada no ambiente urbano: uma análise
dos instrumentos jurídicos. Dissertação de mestrado em direito do Estado apresentada à Faculdade
de Direito da Universidade de São Paulo, no prelo.
SILVA, José Afonso da. Direito Urbanístico Brasileiro. 7. ed. rev. atual. São Paulo: Malheiros, 2012.
SUNDFELD, Carlos Ari. Pareceres. São Paulo: Ed. RT, 2013. vol. III.
1 “As relações fundadas apenas ou predominantemente na coerção não serão tão duradouras
quanto as que se fundem no consenso, situando-se entre ambas as relações híbridas, que, embora
suportadas pela coerção, contam com um mínimo de aceitação do grupo – o que as aproximam das
características consensuais institucionais espontâneas” (MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo.
Quatro paradigmas do direito administrativo pós-moderno. Belo Horizonte: Fórum, 2008. p. 36).
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A formação concertada de políticas públicas urbanísticas
e o exemplo das operações urbanas consorciadas
2 OLIVEIRA, Gustavo Justino de. Direito administrativo democrático. Belo Horizonte: Fórum, 2010. p.
213.
3 Idem, p. 223-224.
4 Idem, p. 218.
6 CHEVALLIER, Jacques. L’État post-moderne. 3eme éd. Paris: L.G.D.J, 2008. p. 138.
7 CONSEIL D’ÉTAT. Rapport public 2008 – Le contrat, mode d’action publique et de production de
normes. Paris: La documentation française, 2008.
8 CHEVALLIER, Jacques. L’État post-moderne. 3eme éd. Paris: L.G.D.J, 2008. p. 140.
9 SCHIRATO, Vitor Rhein. A interação entre Administração Pública e particulares nos contratos
administrativos. Fórum de Contratação e Gestão Pública – FCGP 138/51-69, ano 12. Belo Horizonte,
jun. 2013. p. 51.
10 Nessa linha constata Renata Nadalin Meireles Schirato acerca da participação privada na
constituição das políticas urbanísticas: “Desse modo, o modelo de administração autoritária,
impositiva e unilateral vai cedendo espaço para uma administração cada vez mais permeável ao
diálogo com os cidadãos e que se pretende, mais e mais, consensual” (SCHIRATO, Renata Nadalin
Meireles. Interação público-privada no ambiente urbano: uma análise dos instrumentos jurídicos.
Dissertação de mestrado em Direito do Estado apresentada à Faculdade de Direito da Universidade
de São Paulo, no prelo. p. 85).
11 V., por todos, BINENBOJM, Gustavo. Uma teoria do direito administrativo. 3. ed. rev. atual. Rio de
Janeiro: Renovar, 2014. p. 83-130.
14 MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 15. ed. São Paulo: Ed. RT, 2011. p. 174. V.,
ainda, o clássico da autora A processualidade no direito administrativo. 2. ed. São Paulo: Ed. RT,
2008.
15 “Así por de pronto se acepta que el fundamento de la justicia administrativa no es hoy la función
revisora del acto administrativo; que la tutela judicial procede contra cualquier tipo de comportamento
u omisión administrativa; que lo central es la pretensión procesal, no el acto impugnado”
(GORDILLO, Agustín. Tratado de derecho administrativo. El acto administrativo. 6. ed. Belo
Horizonte: Del Rey, 2003. t. 3 p. 2-3.
16 CHEVALLIER, Jacques. L’État post-moderne. 3eme éd. Paris: L.G.D.J, 2008. p. 141.
18 SILVA, José Afonso da. Direito urbanístico brasileiro. 7. ed. rev. atual. São Paulo: Malheiros,
2012. p. 87.
19 Idem, p. 97-104.
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A formação concertada de políticas públicas urbanísticas
e o exemplo das operações urbanas consorciadas
22 BUCCI, Maria Paula Dallari. Gestão democrática da cidade. In: DALLARI, Adilson Abreu;
FERRAZ, Sergio. Estatuto da Cidade (Comentários à Lei federal 10.257/2001). São Paulo:
Malheiros, 2002. p. 323.
23 SUNDFELD, Carlos Ari. O Estatuto da Cidade e suas diretrizes gerais (art. 2.º). In: DALLARI,
Adilson Abreu; FERRAZ, Sergio. Estatuto da Cidade (Comentários à Lei federal 10.257/2001). São
Paulo: Malheiros, 2002. p. 57.
25 GORDILLO, Agustín. Tratado de derecho administrativo. Parte general. 7. ed. Belo Horizonte: Del
Rey, 2003. vol. II, t. I, p. 15.
27 MEDAUAR, Odete. Diretrizes Gerais. In: MEDAUAR, Odete; ALMEIDA, Fernando Dias Menezes
de. Estatuto da Cidade – Lei 10.257, de 10.07.2001 – Comentários. 2. ed. São Paulo: Ed. RT, 2004.
p. 28.
30 A observação foi feita por Sir David Nicholson, em artigo para o valor econômico acerca da
colaboração do setor privado no desenvolvimento do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido
(NHS). A qualidade deve ser o princípio organizador. Valor econômico. 27.05.2014. p. A-12.
31 SUNDFELD, Carlos Ari. Operação Urbana – Direito do particular ao fomento previsto em lei. In:
______. Pareceres. São Paulo: Ed. RT, 2013. vol. III, p. 532.
33 Idem, p. 56-58.
34 SILVA, José Afonso da. Direito urbanístico brasileiro… cit., p. 361-362. A primeira operação
urbana realizada no Município de São Paulo foi a Operação Urbana Anhangabaú, por meio da Lei
municipal 11.090/1991, que estabeleceu um programa de melhorias para a área de influência
imediata do Vale do Anhangabaú.
37 MUKAI, Toshio. Operações urbanas consorciadas. Fórum de Direito Urbano e Ambiental – FDUA,
n. 34, ano 6. Belo Horizonte, jul.-ago. 2007. Disponível em:
[www.bidforum.com.br/bid/PDI0006.aspx?pdiCntd=46844]. Acesso em: 20.06.2014. p. 2.
38 Como parece ter sido o caso da Operação Urbana Consorciada da Região do Porto do Rio
(Projeto “Porto Maravilha”). A LC 101, de 23.11.2009, modificou o Plano Diretor, autorizando o Poder
Executivo a instituir a Operação Urbana Consorciada da Região do Porto do Rio, com a finalidade de
“promover a reestruturação urbana da AEIU, por meio da ampliação, articulação e requalificação dos
espaços livres de uso público da região do Porto, visando à melhoria da qualidade de vida de seus
atuais e futuros moradores, e à sustentabilidade ambiental e socioeconômica da região” (art. 2.º). Em
2010, foi lançada licitação na modalidade concorrência, do tipo técnica e preço, “para a contratação,
em regime de parceria público-privada, na modalidade concessão administrativa, do serviço de
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A formação concertada de políticas públicas urbanísticas
e o exemplo das operações urbanas consorciadas
39 O sítio oficial da Prefeitura de São Paulo descreve esse procedimento da seguinte forma: “A
licitação permite que a escolha recaia sobre a instituição que melhor atenda aos interesses públicos,
de forma transparente e impessoal. O edital define todas as fases da licitação, os critérios de
julgamento, a documentação necessária para participar da concorrência e as características do
projeto urbanístico a ser desenvolvido. Com a escolha da empresa ou do consórcio definida, o
contrato é assinado e todos os objetos que constam do edital são executados. Com o projeto
finalizado, o Poder Público, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Urbano elaborará projeto de
lei a ser submetido à Câmara dos Vereadores. Após a aprovação na Câmara, a operação urbana
passa a vigorar, por meio de lei específica, depois regulamentada por decreto”. Disponível em:
[www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/infraestrutura/sp_obras/operacoes_urbanas/index.php?p=37057].
Último acesso em: 23.06.2014.
42 Conclusiva, nesse sentido, a observação feita por Renata Nadalin Meireles Schirato:
“Entendemos, nesse ponto, que o ideal de cooperação deve ser implementado em todas as fases da
intervenção, inclusive na fase prévia de definição dos objetivos a serem alcançados, sob pena do
insucesso da operação ou ainda da desconsideração dos aspectos urbanísticos estruturais, sociais e
ambientais envolvidos, considerados vetores fundamentais, nos termos do art. 32, § 1.º, do Estatuto
da Cidade. Daí também a importância de que esse caráter cooperativo integre não apenas os
agentes imobiliários e investidores, como também os proprietários, moradores e usuários
permanentes, conforme decorre do dispositivo mencionado. Agregaríamos, ainda, que é necessário
envolver os habitantes de toda cidade no debate, sobretudo no momento de delimitação do
perímetro da operação urbana. Afinal, a decisão de privilegiar intervenções em um ou outro local
deve ser objeto de amplo debate pela sociedade, sob pena de manutenção do histórico de
intervenções estruturais em localidades já dotadas de infraestrutura privilegiada” (SCHIRATO,
Renata Nadalin Meireles. Interação público-privada… cit., p. 149-150.
45 Idem, p. 529.
47 MUKAI, Toshio. Operações urbanas consorciadas. Fórum de Direito Urbano e Ambiental – FDUA,
n. 34, ano 6. Belo Horizonte, jul.-ago. 2007. Disponível em:
[www.bidforum.com.br/bid/PDI0006.aspx?pdiCntd=46844]. Acesso em: 20.06.2014. p. 6-7.
49 Idem, p. 214.