A chave para o sucesso da invasão microbiana, pelo menos a princípio,
é a evasão das respostas imunes inatas. As bactérias empregam um conjunto muito variado de mecanismos para impedir, ou ao menos atrasar, sua destruição. Algumas bactérias patogênicas interferem com as vias de sinalização dos TLRs. Os métodos utilizados incluem a produção de PAMPs modificados que não ativam TLRs e o bloqueio das vias de sinalização dos TLRs. Os PAMPs modificados são utilizados por Leptospira. As leptospiras possuem lipopolissacarídeos que são reconhecidos pelo TLR2, mas não pelo TLR4. O C. jejuni produz uma forma de flagelina que não é reconhecida pelo TLR5. As bactérias diferem na frequência de dinucleotídeos CpG no seu DNA e, assim, diferem na sua capacidade de ativar o TLR9. Outra habilidade útil para uma bactéria é a capacidade de resistir a proteínas antibacterianas. Por exemplo, a estafiloquinase de Staphylococcus aureus pode se ligar a defensinas e neutralizá-las. A aureolisina, outra enzima estafilocócica, é capaz de destruir catelicidinas. A Salmonella pode se ligar a defensinas e alterar a carga negativa e a fluidez da membrana externa bacteriana, reduzindo a ligação dessas moléculas. O polissacarídeo capsular de Klebsiella pneumoniae bloqueia a expressão de β-defensinas pelas células do epitélio respiratório. Muitas bactérias podem bloquear a fagocitose. Algumas evitam seu reconhecimento pelos receptores das células fagocíticas. O Staphylococcus aureus, por exemplo, inibe sua fagocitose por meio da expressão da proteína A. Essa proteína se liga à região Fc das moléculas de IgG, impedindo que esses anticorpos se liguem aos receptores Fc presentes nos fagócitos ou ativem a via clássica do sistema complemento. Bactérias encapsuladas, como Pneumococcus, possuem uma cápsula hidrofílica espessa, dificultando a ligação das células. Muitas bactérias podem escapar da opsonização mediada pelo sistema complemento. A proteína M de Streptococcus pode reduzir a opsonização, mascarando os sítios de ligação do C3b. O S. aureus produz uma proteína que bloqueia as C3 convertases. Outras bactérias produzem proteases que podem destruir componentes do sistema complemento. As bactérias podem evitar ser mortas simplesmente matando as células fagocíticas. As leucotoxinas destroem leucócitos, principalmente granulócitos. Outras bactérias desencadeiam a morte de linfócitos por meio da ativação de vias apoptóticas. Entre elas, destacam-se B. anthracis, Streptococcus spp., L. monocytogenes, S. aureus e Yersinia spp. Além disso, algumas bactérias injetam toxinas nos seus alvos. Embora matar leucócitos seja uma maneira efetiva de evitar sua própria morte, outras bactérias preferem simplesmente prevenir a destruição intracelular. Algumas bactérias produzem uma parece celular resistente capaz de protegê-las da ação de enzimas lisossomais Bactérias como E. coli enteropatogênica, Yersinia pestis, M. tuberculosis e P . aeruginosa secretam moléculas que diminuem a ação de neutrófilos. A E. coli, por exemplo, produz inibidores da lisozima. Outras bactérias garantem que nunca entrarão em contato com essas enzimas, interferindo com a maturação dos fagossomos. Micobactérias, Aspergillus flavus, B. abortus e Chlamydophila psoaci estabelecem-se em vacúolos e bloqueiam a fusão do fagolisossomo, protegendo-se, assim, da ação de proteases e oxidantes. No caso do M. tuberculosis, a bactéria interfere na maturação do fagossomo. Assim, os lisossomos não conseguem se fundir com os fagossomos. Eles continuam distribuídos no citosol e a bactéria consegue sobreviver e crescer sem problemas. Outro mecanismo utilizado pelas bactérias para impedir sua destruição consiste no escape do fagossomo e na migração para o citosol, utilizando um revestimento de moléculas de actina.
2. Evasão da Imunidade Adaptativa
Algumas bactérias secretam proteases que podem destruir
imunoglobulinas. Proteases IgA-específicas, por exemplo, são produzidas por Neisseria gonorrhoeae, Haemophilus influenzae e Streptococcus pneumoniae. Esses microrganismos podem, portanto, impedir sua opsonização e fagocitose mediada por receptores Fc.
As funções efetoras dos anticorpos são de neutralização e eliminação dos microrganismos infecciosos e das toxinas microbianas essa eliminação requer a participação de outros microrganismos tais como fagócitos e proteínas do