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Revista de Engenharias da Faculdade Salesiana

n. 7 (2018) pp. 2-14


http://www.fsma.edu.br/RESA

Estudo comparativo entre viga de concreto


armado e concreto protendido
Gabriel Cavichioli Giffhorn, Paula Manica Lazzari

Resumo— A utilização de estruturas protendidas é primordial I. INTRODUÇÃO


na construção de obras com cargas elevadas e grandes vãos a
serem vencidos. Este estudo visa realizar um comparativo entre
uma viga de concreto armado convencional, de grandes S egundo Mehta e Monteiro [9], o concreto só perde para
a água em questão de consumo pelo homem. A mistura
heterogênea formada por cimento, agregados miúdo e graúdo e
dimensões, com uma viga fictícia, que poderia substituir aquela
utilizada. Para tanto, foram calculadas as áreas de armadura água é essencial nas construções civis tradicionais
necessárias para resistir ao momento fletor e esforço cortante Um dos maiores motivos de sua grande utilização no mundo
gerados na viga de concreto armado. Em seguida, foi é a possibilidade de modelar o concreto de diversas formas,
dimensionado um elemento de concreto protendido de mesmo vão
e com vinculações e cargas atuantes idênticas. O estudo baseou-se, desde que utilizado com armaduras que garantam sua
principalmente, na NBR 6118 [2] e em Schäffer [13]. A viga estabilidade. Outro fator importante é que não se faz
protendida apresentou redução de mais de 70% no volume de necessária mão de obra com alto grau de qualificação para
concreto utilizado e de, aproximadamente, 77% de aço CA-50. trabalhar com este material.
Em contrapartida, há a adição de armadura ativa e mão de obra A utilização do concreto como elemento estrutural varia
especializada que a protensão exige.
conforme o porte da construção que será realizada, as cargas
Palavras-chave— Concreto armado; concreto protendido;
análise estrutural. envolvidas, o custo que o construtor planeja ter com a obra, o
prazo de conclusão e os materiais disponíveis na região. Em
construções de pequeno porte, como residências, por exemplo,
Comparative study between reinforced concrete é comum o emprego de alvenaria cerâmica ou madeira tanto
beam and prestressed concrete beam para vedação quanto para uso estrutural. Em edificações
maiores, com prazo de execução apertado, a utilização de
Abstract— The use of prestressed structures is essential on high estruturas metálicas é vantajosa, pois sua montagem é mais
loads and great spans constructions. This paper aims to compare rápida em relação ao sistema de concreto armado.
a usual, large rectangular section reinforced concrete beam, with Com o intuito de explorar ao máximo o potencial dos
a prestressed ficticious “I” section beam, which could replace the materiais de construção, buscaram-se novas técnicas
one used. Therefore, the areas of reinforcement to resist the construtivas que pudessem melhorar o desempenho das
bending moment and the shear were calculated. Then, a
prestressed concrete piece was calculated considering the same estruturas. Em 1886, houve a primeira proposta de protender
span, same fck and identical bindings and loads. The paper was uma peça de concreto. A ideia do engenheiro norte-americano
mainly based on ABNT NBR 6118 (2014) and Schäffer (2013). P. H. Jackson consistia em construir vigas e arcos a partir da
The prestressed beam presented reductions of more than 70% união de blocos individuais, utilizando um tirante
concrete volume and nearly 77% CA-50 steel weight. On the desenvolvido por ele [1]. Diversas foram as tentativas de
other hand, there is an addition of prestressing tendons which do
aplicar a protensão que não surtiram o efeito pretendido, em
not exist at the usual reinforced concrete and the need to use
specialized labor that the protension requires. função das perdas de tensão causadas pela deformação
Keywords— Reinforced concrete; prestressed concrete; apresentada pelo concreto.
structural analysis. Segundo a NBR 6118 [2], os elementos em concreto
protendido são aqueles em que uma parte das armaduras é
Gabriel Cavichioli Giffhorn é graduado em Engenharia Civil pela alongada por equipamentos especiais, com o objetivo de
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2016). E-mail: impedir ou limitar as fissuras e o deslocamento da estrutura,
gabrielgif@hotmail.com
Paula Manica Lazzari é Doutora em Engenharia Civil/Estruturas, professora assim como aproveitar da melhor maneira os aços de alta
da Universidade Federal de Santa Catarina, campus Joinville. E-mail: resistência no estado-limite último.
paula.lazzari@ufsc.br A utilização do concreto protendido tem-se mostrado muito
útil, principalmente em estruturas de pontes, viadutos e peças
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pré-fabricadas, que possuem grandes vãos livres e sofrem toda a seção de concreto trabalha à compressão. Desta forma,
atuação de cargas elevadas. O acréscimo de resistência à os elementos de concreto protendido possuem menor peso
tração gerada pelo tensionamento de cabos de aço no interior próprio que aqueles de concreto armado, tornando
das peças de concreto permite que sejam realizadas alterações economicamente mais viáveis estruturas de grandes vãos;
na seção das vigas, reduzindo a altura e largura da peça, b) Maior controle das deformações elásticas, resultando em
economizando concreto e armadura positiva e conferindo menores valores do que os apresentados por estruturas
menor peso próprio à estrutura [14]. metálicas ou em concreto armado de mesmo vão;
É valido mencionar que nem sempre a utilização do c) Maior durabilidade das estruturas, visto que a protensão
concreto protendido é a melhor solução para um melhor tende a anular a tração nas peças, maiores responsáveis pela
desempenho da estrutura. Por se tratar de um serviço que fissuração das mesmas. Assim, as armaduras sofrem menos
demanda mão de obra especializada e equipamentos especiais agressão de elementos externos;
para sua protensão, pode haver um acréscimo no custo da d) A protensão permite que a estrutura se recomponha após
execução, apesar da economia de materiais. Desta forma, deve sofrer uma sobrecarga momentânea, pois a força de protensão
ser analisada a solução estrutural de cada caso que satisfaz atuante ocasiona o fechamento das fissuras abertas;
tecnicamente a solicitação desejada com maior economia [8]. e) Resistência à fadiga em maior proporção, pois a variação
O objetivo deste trabalho é realizar um comparativo entre de tensões no aço, geradas por cargas móveis, é de valor muito
uma viga de concreto armado convencional, executada em um baixo quando comparado com sua resistência característica;
viaduto de Porto Alegre, que possui grande seção, e outra – f) Teste da estrutura antes de entrar em funcionamento, pois
fictícia – executada em concreto protendido (com pré-tensão). as forças de protensão aplicadas no elemento são de valor
Para tanto, será considerado que as duas sofrerão o mesmo muito superior comparadas às cargas que a peça em serviço
carregamento e possuirão o mesmo vão. Será realizada uma sofrerá.
análise estrutural nas peças com intuito de verificar as Por outro lado, o concreto protendido também possui
diferenças nas solicitações internas, considerando a variação, desvantagens quando comparado ao concreto armado
no peso próprio da estrutura. Além disso, será analisado o convencional, dentre as quais são citadas por Veríssimo e
consumo dos materiais utilizados para os dois métodos (neste César [14]:
caso, ambas serão consideradas como elementos pré- a) No sistema de elementos protendidos, há necessidade de
moldados). melhor controle do concreto utilizado, visto que as forças de
Não haverá modificações nos vínculos entre a viga estudada protensão comprimem a seção da peça. Uma resistência
e os pilares que a sustentam. O sistema de protensão característica de menor valor do que a projetada pode
considerado na viga fictícia a ser calculada será por aderência comprometer o efeito da protensão;
inicial. b) A armadura ativa exige cuidados especiais contra a
Para que o comparativo seja realizado da melhor maneira corrosão;
possível, será utilizado concreto fck = 30 MPa, o mesmo c) A colocação das armaduras ativas deve ser feita de
utilizado na viga de concreto armado. Também será estipulado maneira mais fiel possível ao projeto estrutural. Pelo fato das
que a altura total da peça e a largura da mesa possuam as forças de protensão possuírem valores muito elevados,
mesmas dimensões que o elemento não protendido. qualquer posicionamento equivocado dos cabos é capaz de
Para tanto, este artigo foi organizado da seguinte forma: na resultar em esforços inesperados, levando ao comportamento
seção II são apresentados referenciais teóricos a respeito da inadequado da peça;
protensão. O item III apresenta o desenvolvimento da d) Necessidade de utilizar equipamentos e mão de obra
pesquisa, em si. No item IV constam os resultados do especializados, pois há necessidade de controle minucioso
comparativo entre as vigas analisadas e no item V, as quanto aos esforços aplicados e alongamentos dos cabos.
considerações finais acerca do assunto tratado. Deve-se atentar, também, quanto à segurança dos envolvidos
no processo de protensão, pois o rompimento de um cabo pode
ser fatal àqueles que estiverem próximos à operação.
II. REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta seção, serão tratadas algumas das principais B. Classificação das aderências
características dos elementos protendidos, suas vantagens e
Para garantir que o concreto e a armadura da estrutura, seja
desvantagens e diferenças entre tipos de protensão.
passiva ou ativa, trabalhem de maneira solidária, deve-se
atentar à aderência entre estes materiais. Segundo Pfeil [10], é
A. Vantagens e desvantagens chamada de aderência de armaduras convencionais ou
Pelo fato de ser largamente utilizado no mundo, sabe-se que protendidas, a capacidade de transmitir os esforços para o
o concreto protendido apresenta vantagens em relação ao concreto, por meio de tensões cisalhantes que atuam na
concreto armado convencional. Veríssimo e César [14] listam periferia da armadura. A NBR 6118 [2], classifica os sistemas
as seguintes: de protensão da seguinte forma:
a) Possibilidade de executar seções mais esbeltas, visto que a) Protensão com aderência inicial: ocorre quando o pré-

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alongamento da armadura ativa é realizado com apoios elementos pré-fabricados de concreto protendido. Para tanto,
independentes do elemento estrutural, antes da concretagem da as armaduras ativas são posicionadas, fixadas nos apoios e
peça. Após o endurecimento do concreto, é feita a tracionadas (com auxílio de macacos hidráulicos). A seguir, é
desvinculação entre as cordoalhas tracionadas e seus apoios, colocada a armadura passiva e o concreto é lançado. Passado o
de forma que a ancoragem das armaduras ocorra somente por período de cura, a peça é desformada e as cordoalhas são
aderência, conforme figura 1; cortadas e liberadas dos apoios. Assim, a tendência da
armadura ativa no interior do pré-fabricado é retornar ao
Figura 1: Sistema de protensão com aderência inicial: estágio original - o que não acontece pelo atrito entre o
armadura é alongada antes que a peça seja concretada. concreto e a armadura ativa - comprimindo a peça.
O sistema de protensão com aderência posterior é muito
utilizado na construção civil, principalmente em obras de
pontes, barragens e grandes reservatórios. Para a confecção de
elementos utilizando este método, são posicionadas bainhas
metálicas durante a montagem de fôrmas e armaduras passivas.
Por essas bainhas serão introduzidos os cabos de protensão.
Após a concretagem, aguarda-se que o concreto atinja a
resistência necessária para, então, realizar a protensão dos
cabos, podendo estes serem inseridos nas bainhas antes ou
depois da concretagem da peça. A fim de garantir a aderência
Fonte: FORPREM [5] entre a armadura ativa e o elemento estrutural, é realizada a
injeção de nata de cimento no interior das bainhas,
b) Protensão com aderência posterior: ocorre quando preenchendo-as completamente [7].
primeiro é realizada a concretagem da peça e, após seu O sistema de protensão sem aderência é aquele em que,
endurecimento, tracionam-se os cabos (que passam por dentro como o nome diz, inexiste aderência entre a armadura ativa e a
de bainhas deixadas na peça concretada), conforme figura 2. É peça de concreto. Os cabos são ancorados nas extremidades do
utilizado como apoio o próprio elemento estrutural. elemento estrutural e envoltos com graxa, que protegem contra
Posteriormente, a aderência aço-concreto é feita através da a corrosão e permitem a movimentação da armadura no
injeção de nata de cimento nas bainhas; interior da capa plástica [12].
Ainda a respeito do método de protensão com ausência de
Figura 2: Instalação de bainhas em viga pré-moldada aderência, Veríssimo e César [14] destacam a possibilidade de
utilizando aderência posterior: a protensão ocorre após a se usarem cabos externamente à peça de concreto. Esta
concretagem da peça, com aderência feita com injeção de situação é comum de ocorrer no caso de reforços estruturais de
argamassa. pontes e viadutos ou em situações de cargas excepcionais
momentâneas, como quando do transporte de grandes
equipamentos industriais.
No Brasil, existem diversas empresas especializadas em
protensão. Contudo, os métodos usados por cada uma para
executar os serviços diferem entre si. De maneira geral,
ocorrem variações nos macacos hidráulicos utilizados, nos
conjuntos de ancoragem para fixação dos cabos, no sistema de
injeção de nata de cimento nas bainhas e nos detalhes das
armaduras de fretagem. Por isso, o engenheiro encarregado de
projetar a estrutura protendida deve levar em consideração o
sistema de protensão a ser utilizado, realizando as adequações
necessárias na peça.
Fonte: C.S. EMPREITEIRA DE OBRAS [4]
C. Perdas de protensão
c) Protensão sem aderência: ocorre quando primeiro são Quando da execução de projetos de elementos estruturais
posicionados os cabos constituídos por cordoalhas engraxadas pré ou pós-tracionados, deve-se levar em consideração que
e, em seguida, a peça é concretada. Quando a resistência ocorrem perdas de protensão, de maior ou menor intensidade,
necessária do concreto é atingida, tracionam-se os cabos. É dependendo do método utilizado.
utilizado como apoio o próprio elemento estrutural. Neste A redução da força de protensão resulta num menor grau de
caso, não é criada aderência entre os cabos e o concreto, compressão do elemento, atenuando as vantagens apresentadas
ficando ligados somente em pontos localizados. anteriormente. Conforme Pfeil [11], estas perdas podem ser
Conforme descrevem Veríssimo e César [14], a protensão imediatas (logo que é realizada a protensão) ou retardadas
com aderência inicial é largamente utilizada na fabricação de (quando sofrem influências durante vários anos). Os fatores

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indicados como responsáveis pelas perdas de protensão são os apenas ao longo do comprimento da peça. Para o caso de
seguintes: armaduras pós-tracionadas, existem sistemas de ancoragens
a) Perdas por deformação elástica do concreto: no caso de que não ocasionam perdas de protensão, mas que não se fazem
armaduras pré-tracionadas, ocorre quando a peça de concreto muito práticos às demandas mais usuais da construção civil.
recebe a força de protensão, sofrendo um encurtamento, que se No método de ancoragem com cunhas, mais comum de ser
repete na armadura ativa, resultando em perda de protensão visto, acontece o tensionamento dos cabos, com macacos
(Figura 3). No caso de armaduras pós-tracionadas com vários hidráulicos. A seguir, a cunha é apertada contra o bloco e o
cabos, o normal é que sejam tracionados um de cada vez. macaco descarregado, de forma que a força de tração seja
Assim, o primeiro cabo sofre o efeito de encurtamento elástico transferida para a ancoragem. Com a carga sofrida, a cunha
de todos os restantes e o último cabo não perde força de penetra na ancoragem, ocasionando um alívio de tensão no
protensão por encurtamento da peça. Desta forma, pode-se cabo. A penetração da cunha é diretamente proporcional à
considerar que o efeito da protensão sucessiva correspondente carga aplicada no cabo;
ao encurtamento elástico é de (n – 1)/(2n), onde n é o número d) Perdas por retração do concreto: são verificadas quando
de cabos; ocorre a retração do concreto ao longo do tempo, provocando
encurtamento do mesmo. A redução no comprimento da peça
Figura 3: Encurtamento de peça pré-moldada: gera uma se repete nos cabos protendidos do seu interior, diminuindo a
redução na força de protensão, visto que o encurtamento força de protensão;
ocasiona relaxação dos cabos. e) Perdas por fluência do concreto: fluência é o efeito
causado pela constante compressão gerada pela força de
protensão, que ocasiona uma deformação lenta do concreto
(encurtamento), gerando perda de protensão pelo mesmo
princípio ocorrido na retração;
f) Perdas por relaxação do aço de protensão: perda de
Fonte: VERÍSSIMO & CÉSAR [15] tensão ocorrida nos cabos, quando ancorados sob tensão
elevada e com comprimento constante, conhecida como
b) Perdas por atrito nos cabos: são aquelas ocorridas quando relaxação. Os principais fatores que influem na intensidade
os cabos, ao serem esticados, geram atrito com as paredes das deste fenômeno são as características metalúrgicas do aço
bainhas, causando perdas de protensão. É comum acontecer utilizado, a tensão aplicada e a temperatura ambiente.
com armaduras de aderência posterior, onde as mesmas Segundo Pfeil [11], quando são utilizados cabos de
possuem uma trajetória curva, gerando maior área de contato relaxação baixa, as perdas de protensão atingem valores que
entre os fios da cordoalha e entre cabos e bainhas (Figura 4). variam de 25% a 30%.
Também acontecem devido a grande distância entre pontos de
suspensão dos cabos que, colocados no caminho de queda do D. Níveis de protensão
concreto, sofrem ondulações que acentuam as perdas causadas
Conforme Veríssimo e César [14], os tipos de protensão
pelo atrito. As perdas por atrito também acontecem durante a
relacionam-se aos estados limites de utilização referentes à
execução da protensão, no interior do macaco hidráulico e
fissuração. Com exceção de obras que possuam exigências
entre os cabos e as ancoragens;
especiais quanto à fissuração tolerada, os tipos de protensão
podem ser classificados:
Figura 4: Atrito nos cabos de protensão: geram perda de
protensão. a) Protensão completa: aquela que resulta em condições
melhores de proteção das armaduras contra a corrosão e reduz
as variações de tensões no aço. São utilizadas em construções
como reservatórios protendidos (a fim de reduzir infiltrações
causadas pela fissuração) e tirantes de concreto protendido
onde se deseja impedir o surgimento de fissuras. Em
construções realizadas em meios agressivos, a protensão
completa é de grande valor;
b) Protensão limitada: utilizadas em estruturas com tensões
de tração moderadas, porém sem que ocorra a fissuração do
Fonte: VERÍSSIMO & CÉSAR [15] concreto. No caso de abertura de fissuras por sobrecarga
transitória, as mesmas fecham-se por consequência da
c) Perdas nas ancoragens: são aquelas ocorridas quando há compressão exercida, após a passagem da carga. Este tipo de
recuo das cunhas de ancoragem dos cabos no momento da protensão é utilizado preferencialmente nas lajes protendidas
transferência do esforço do macaco para a ancoragem. Estas de edificações e, eventualmente, nas estruturas de pontes,
perdas não são consideradas nos sistemas com aderência viadutos e afins, pois o menor grau de protensão pode trazer
inicial, pois o esforço nas cordoalhas é transferido ao concreto vantagens econômicas (maior grau de protensão exigiria

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armaduras ativas maiores, que são mais caras que as passivas) na figura 5.
e estruturais (utiliza tensões menores na protensão e possui
melhor comportamento quanto às flechas apresentadas); Figura 5: Características geométricas de uma seção genérica
c) Protensão parcial: utilizada em situações semelhantes as de viga protendida.
da protensão limitada, mas são permitidas tensões de tração de
valores maiores que geram formação de fissuras com aberturas
maiores. Segundo Hanai [6], são utilizadas, por exemplo, onde
há fissuras provocadas por diferenças de temperatura ou
recalques de apoio.

III. DESENVOLVIMENTO
O projeto em que este estudo se baseou apresenta uma viga
de concreto armado convencional, com seção retangular de
0,97 m de largura, por 1,66 m de altura. A mesma está apoiada
em aparelhos de apoio, cuja distância entre os pontos médios
dos dois apoios (vão) é 13,40 m. Para este comparativo, foram
consideradas as seguintes cargas: peso próprio da estrutura
(g1) igual a 40,6 kN/m, reação da laje apoiada sobre a viga
(g2) igual a 37,5 kN/m e carga acidental (q) de 30 kN/m. Estas
cargas, assim como o esforço cortante e o momento fletor
gerados ao longo da viga, estão presentes no apêndice A. Um As cargas g2 e q consideradas no cálculo do elemento
resumo do passo a passo do dimensionamento das vigas de protendido mantiveram-se com os mesmos valores. A carga g1
concreto armado e protendido encontram-se na figura 7. (peso próprio da estrutura) foi reduzida para 13,0 kN/m,
Considerando apenas estas como cargas causadoras de considerando a área média das primeiras seções de viga
esforço de flexão na viga, foi calculada a armadura de flexão testadas neste trabalho. Desta forma, as cargas atuantes ao
necessária para resistir ao momento causado, seguindo o longo da viga protendida, assim como a força cortante e o
modelo de cálculo da NBR 6118 [2]. Para o dimensionamento, momento fletor gerados sobre a mesma, estão representados na
foi utilizado concreto classe C30, aço CA-50, cobrimento da figura 6.
armadura igual a 3,0 cm. Desta forma, chegou-se a uma área
de armadura de flexão igual a 50,2 cm², o que seria atendido Figura 6: Cargas atuantes e esforços gerados na viga.
com a utilização de 10 barras de 25 mm, conforme apêndice B.
Com as cargas consideradas, foi dimensionada, também, a
armadura necessária para suportar a força cortante (estribos),
conforme modelo de cálculo I, presente no item 17.4.2.2 da
NBR 6118 [2]. Desta forma, chegou-se a uma área de
armadura para força cortante igual a 11,16 cm²/m. Esta área de
armadura pode ser atendida com estribos de 10 mm a cada 14
cm. Os cálculos realizados para dimensionamento dos estribos
encontram-se no apêndice C.
Em seguida, foi determinada a armadura de pele necessária Para iniciar o dimensionamento, foram calculadas as
na viga, conforme orientações do item 17.3.5.2.3 da NBR características geométricas da seção proposta. Para tanto, foi
6118 [2]. A área de armadura necessária em cada face da viga elaborada uma planilha cujos valores de entrada eram somente
corresponde a 0,1% da área da alma da peça, o que equivale a as coordenadas dos vértices da seção. Com estes valores,
16 cm² por face ou 9,7 cm²/m por face. Contudo, segundo a foram calculados: as áreas parciais da seção (Ai,j), área total da
norma, não há necessidade de se utilizar áreas maiores que 5 seção (A), momentos estáticos parciais (Si,j), momento estático
cm²/m por face, sendo este o valor utilizado. Esta solicitação é (S), momentos de inércia parciais (Ji,j), momento de inércia (J),
atendida com a adoção de barras de 8 mm a cada 10 cm. posição do centro de gravidade em relação ao bordo inferior
Para realização do dimensionamento de uma viga (yg), momento de inércia em relação ao eixo baricêntrico x0
protendida que pudesse substituir aquela que foi utilizada, (Jx0), distância do centro de gravidade ao ponto do bordo
seguiu-se o modelo de cálculo apresentado por Schäffer [13]. superior mais afastado (ds), distância do centro de gravidade
O modelo baseia-se nos parâmetros estabelecidos pela NBR ao ponto do bordo inferior mais afastado (di), módulo
6118 [2]. Foi adotada seção I para a viga, variando-se suas resistente superior (Ws) e módulo resistente inferior (Wi). O
dimensões e materiais utilizados, de maneira a encontrar a cálculo dos demais parâmetros anteriormente listados seguem
melhor solução. Uma seção genérica da viga está representada nas equações 1 a 12, respectivamente, conforme quadro 1.

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(fckj), resistência à compressão média à tração do concreto


Quadro 1: Equações para cálculo das propriedades (fct,m), resistência característica à tração direta inferior (fctk, inf)
e resistência do concreto à tração na flexão (fct,f). As equações
geométricas da seção.
para determinação destas resistências de cálculo encontram-se
no quadro 2.
, equação 1
sendo i e j as coordenadas do ponto da seção Quadro 2: Equações para determinação das resistências de
cálculo do concreto.
equação 2 ,

sendo ,
equação 3 sendo t a idade efetiva do concreto (em dias) e equação 13
,
sendo i e j as coordenadas do ponto da seção s um fator determinado no item 12.3.3 da
equação 4 NBR 6118 (ABNT, 2014), relativo ao tipo de
cimento

, equação 5 equação 14
sendo i e j as coordenadas do ponto da seção equação 15
equação 6 equação 16
equação 7
Em seguida foi definido o aço de protensão utilizado
equação 8 (armadura ativa), a partir dos dados da Tabela 1 da NBR 7483
equação 9 [3]. Desta tabela são colhidas as seguintes características da
cordoalha adotada: área da seção de aço da cordoalha (Ap),
equação tensão de ruptura característica (fptk) e tensão a 1% de
10 deformação mínima ou tensão de escoamento característica
(fpyk).
equação
Com estes dados, é possível determinar a força de protensão
11 inicial em uma cordoalha (Pi), conforme item 9.6.1.2.1 da
NBR 6118 [2]. Para os aços de relaxação baixa (RB) pré-
equação
tracionados, que é o caso das armaduras que foram utilizadas,
12 a força Pi deve ser igual ao menor valor entre 0,77 fptk e 0,85
fpyk. Em seguida, foi determinada a tensão de protensão inicial
Em seguida, foram determinadas algumas características (σpi), que corresponde à razão entre Pi e Ap.
relativas aos materiais utilizados: A seguir foi calculada a distância entre o centro geométrico
a) Classe de Agressividade Ambiental (CAA): determinada da armadura de protensão até a borda inferior da seção de
pela tabela 6.1 da NBR 6118 [2] – CAA II II (construção em concreto (a) e a altura útil (d), que corresponde à altura total
ambiente urbano); da viga (h) subtraída de a. A excentricidade dos cabos de
b) Classe do concreto: valores mínimos estipulados na protensão (e) corresponde à distância entre o centro
tabela 7.1 da NBR 6118 [2], em função da CAA – fck 30 MPa geométrico da seção e o centro geométrico das armaduras de
(elemento em concreto protendido, com CAA II); protensão. Para o dimensionamento do braço de alavanca do
c) Cobrimento nominal: valores estipulados na tabela 7.2 da par interno (z), foi considerado que os 15 cm superiores da
NBR 6118 [2], em função da CAA e do tipo de estrutura – 35 mesa correspondem à região comprimida da seção (y), sendo
mm; z = d – (y/2).
d) Exigências de durabilidade: verificações determinadas na O passo seguinte foi o cálculo da resultante de compressão
tabela 13.4 da NBR 6118 [2] – ELS-F com combinação no concreto (Nc). Essa força gera um momento na seção da
frequente (CF) e ELS-D com combinação quase-permanente viga (Mrcd). A partir deste foi realizada a verificação quanto à
(CQP) (em função do nível e tipo de protensão). necessidade de armadura suplementar para atender a
A partir da determinação da resistência característica à segurança. Para que não seja necessária a adição de armadura
compressão do concreto (fck), foram calculadas outras suplementar, é necessário que Mrcd possua valor maior que o
resistências necessárias ao dimensionamento da viga, dentre as momento de cálculo (Md). As equações de Nc e Mrcd se
quais: resistência do concreto em data j, inferior a 28 dias encontram no quadro 3.

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protensão, eram necessárias duas condições simultâneas: σt <


1,2 fctm e σc < 0,70 fckj, com γp = 1,1
Quadro 3: Equações para verificação do concreto. A NBR 6118 [2] relaciona, na tabela 13.4, as verificações
que devem ser realizadas no Estado Limite de Serviço (ELS).
equação 17
Visto que foi utilizada CAA II e a armadura ativa é pré-
equação 18 tracionada, duas condições foram verificadas: estado limite de
formação de fissuras (ELS-F) com combinação frequente das
ações (CF) e estado limite de descompressão (ELS-D) com
Em seguida, foi determinada a quantidade de cordoalhas combinação quase permanente das ações (CQP). As condições
necessárias (n) para satisfazer o momento atuante sobre a viga. para verificação do ELS-F e ELS-D estão, respectivamente,
Para isso, foi determinada a força de tração na armadura de nos itens 3.2.2 e 3.2.5 da NBR 6118 [2].
protensão (Np), assim como a tensão de tração de cálculo em Para realizar as verificações, levou-se em conta que a
uma cordoalha (fpyd). Os cálculos para determinação de Np, fpyd maior tensão de tração ocorre na borda inferior da seção de
e n seguem nas equações 19 a 21, respectivamente, conforme concreto, após as perdas totais de protensão (neste caso,
quadro 4. estimadas em 30%). Sendo assim, as tensões máximas
utilizadas consistiram na soma das tensões σi, considerando as
Quadro 4: Equações para determinação do número de ponderações necessárias. O item 11.7.2 da NBR 6118 [2]
cordoalhas utilizadas. estipula os coeficientes de ponderação que devem ser
utilizados com as cargas acidentais, presentes na tabela 11.2.
equação 19 A etapa seguinte foi o dimensionamento das armaduras
passivas que se fazem necessárias na viga. Para dimensionar a
armadura resistente ao esforço cortante (Asw/s), foi utilizado o
equação 20 mesmo modelo de cálculo da viga de concreto armado. Para
isso, foi necessário determinar a força cortante resistente de
cálculo, relativa à ruína das diagonais comprimidas de
equação 21 concreto (VRd2). Para que se obtenha uma condição segura, é
necessário que a força VRd2 seja maior que a força cortante de
cálculo (Vd). Os cálculos necessários para se chegar à área de
Conhecendo n e Pi, foi possível determinar a força normal armadura necessária seguem nas equações 26 a 30 (quadro 6).
de protensão (N) gerada na viga, visto que N = n x Pi (equação
22). Esta força de protensão gera um momento (M) no centro Quadro 6: Equações para determinação da armadura para
do vão, cujo valor foi calculado por M = N x e (equação 23). força cortante.
Calculados os esforços e momentos causados por ocasião equação 26
da protensão, foram determinadas as tensões nas bordas
superior (σs) e inferior (σi) da seção de concreto. O cálculo equação 27
para obtenção destas tensões é obtido através das equações 24 equação 28
e 25 (quadro 5).
equação 29
Quadro 5: Equações para determinação das tensões no
concreto. equação 30

equação 24 Por convenção, foi adotada largura bw da seção, junto aos


apoios, sendo igual à largura da borda inferior, pois nestes
pontos a força cortante possui valores máximos. O
equação 25 alargamento da alma é retilíneo e inicia nas extremidades da
viga. A seção retorna às suas dimensões usuais a 1,00 m de
distância das extremidades. Por isso, o bw para
A próxima etapa foi a verificação da viga no Estado dimensionamento de Asw/s,min não possui o mesmo valor que
Limite Último (ELU), por ocasião da aplicação da protensão. aquele utilizado em cálculos anteriores.
Para isso, deveriam ser atendidas as condições estipuladas no O dimensionamento da armadura mínima de flexão (As,min)
item 17.2.4.3.2 da NBR 6118 (ABNT, 2014), que determinam foi realizado a partir do cálculo do momento mínimo de
os valores limite para a tensão máxima de compressão (σc) e fissuração (Md,min = 0,8 Wo fctk,sup), respeitada a taxa
tensão máxima de tração (σt). Foram encontrados os valores mínima absoluta de 0,15%. A determinação da armadura de
das tensões resultantes nas bordas da seção de concreto, pele segue o mesmo modelo da viga de concreto armado
somando as tensões produzidas pela protensão (considerando (0,1% da área da alma).
uma perda inicial de 5%) e pelo peso próprio da viga. Para que
a viga apresentasse segurança satisfatória por ocasião da

8
GIFFHORN, G. C.; LAZZARI P. M./ Revista de Engenharias da Faculdade Salesiana n.1 (2014) pp. 2-14

IV. RESULTADOS peso próprio da viga nº 8, em relação à viga de concreto


Foram testadas 19 opções de seções para a viga protendida, armado, teve uma redução de 39,5 ton (cerca de 70,6%). Os
variando-se as dimensões da peça e diâmetro da cordoalha. Os cálculos para dimensionamento da viga nº 8 seguem nos
resultados encontram-se resumidos no quadro 8. apêndices E, F e G (determinação das características
Com base nos resultados expostos, as vigas nº 8 e 16 foram geométricas, dimensionamento da viga e verificações nos
aquelas que apresentaram menor área da seção de concreto estados limite, respectivamente). As dimensões da seção da
(0,4205 m²). Entretanto, levando-se em conta a quantidade de viga 8 encontram-se no apêndice D e seu esquema de
cordoalhas passantes pelo interior das duas e suas respectivas detalhamento está presente na figura 8.
massas nominais, presentes na tabela 1 da NBR 7483 [3],
pode-se afirmar que a viga nº 8 é aquela que apresenta melhor Figura 8: Detalhamento da viga nº 8.
resultado, considerando a redução na seção de concreto e o
peso total de armadura ativa utilizada.
Quando comparada com a seção da viga não protendida de
0,97 m x 1,66 m, há uma redução na área da seção de concreto
de 73,89%. A área de armadura passiva resistente à flexão
necessária na viga 8 é igual a 3,73 cm², que é atendida com a
utilização de 3 barras de 12,5 mm. Considerando todo o
comprimento da viga, há uma redução de 495 kg na armadura
passiva de flexão (aproximadamente 92,5%).
Complementando a análise, foi dimensionada uma viga
utilizando exatamente as mesmas cargas consideradas no
cálculo do elemento em concreto armado, inclusive o peso
próprio. O melhor resultado encontrado está apresentado na
viga nº 19. Para este caso, com área da seção de concreto igual
a 0,445 m², a viga utiliza 16 cordoalhas de diâmetro 12,7 mm.
No quadro 7 consta uma comparação entre as áreas de
armadura de flexão (passiva e ativa) utilizadas no sistema de
concreto armado e concreto protendido, nos casos das vigas 8
e 19. Pfeil [10] realizou comparativo semelhante (utilizando
exatamente as mesmas cargas para viga em concreto
Para efeito de demonstração, houve uma redução na altura
protendido e armado), chegando a uma redução de 59,65% de
da seção nº 17 em 20 cm, passando para 1,46 m. Esta alteração
área total de armadura (ativa e passiva). Para o caso da viga
reduziria quase 2% a mais o volume de concreto, quando
19, a redução encontrada foi igual a 60,94%.
comparada à viga nº 8, contudo, elevaria a quantidade total de
armadura ativa utilizada. Para que se pudesse otimizar ainda
Quadro 7: Áreas de armadura utilizadas no concreto armado
mais a seção, tentou-se reduzir mais 6 cm da altura total,
e protendido.
passando-a para 1,40 m. Esta redução, porém, já foi suficiente
PESO PRÓPRIO =
PESO PRÓPRIO = 40,6 kN/m para que a segurança da viga em relação ao ELU não fosse
13,0 kN/m
CONCRETO CONCRETO CONCRETO
atendida (viga nº 18).
ARMADO PROTENDIDO PROTENDIDO A idade de protensão poderia ser reduzida para 3 dias, se
Ap (CP 190 RB) - 16 Ø12,7 12 Ø12,7 fosse utilizado concreto com fck igual a 40 MPa, ou aditivo que
cm² - 15,78 11,83 potencialize a resistência à compressão inicial do concreto,
As (CA-50) 10 Ø25 3 Ø12,5 3 Ø12,5 visto que é recomendado que se aplique a força de protensão
cm² 50,00 3,75 3,75 sobre o elemento após o concreto atingir a resistência igual a
Ap + As
50,00 19,53 15,58 25 MPa (o concreto classe C30 atinge este valor em 8 dias).
(cm²)
No caso de um elemento pré-fabricado, provavelmente esta
seria uma medida tomada pela fabricante a fim de aumentar a
A área de armadura resistente à força cortante na viga em
produtividade.
concreto protendido é igual a 4,04 cm²/m, de forma que podem
ser utilizados estribos de 6,3 mm a cada 15 cm. A redução é de
190,8 kg (em relação à viga de concreto armado), o que
V. CONSIDERAÇÕES FINAIS
corresponde a 61,6%. A área de armadura de pele solicitada,
em cada face da alma, é igual a 1,95 cm²/m. Para tanto, foi O intuito deste trabalho foi realizar uma análise da variação
adotada a utilização de barras de 6,3 mm a cada 16 cm. no consumo de materiais ao substituir uma viga em concreto
Considerando o comprimento total da viga, há uma redução de armado convencional por uma protendida. Para isso, foi
125,4 kg na armadura de pele (aproximadamente 67%). O utilizada uma viga integrante de um viaduto de Porto Alegre,

9
GIFFHORN, G. C.; LAZZARI P. M./ Revista de Engenharias da Faculdade Salesiana n.1 (2014) pp. 2-14

de grande seção. Considerando as mesmas cargas para os dois [15] VERÍSSIMO, G. S.; CÉSAR JR, K. M. L. Concreto Protendido: perdas
de protensão. 4ª ed. Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas,
casos (com exceção do peso próprio), foram dimensionadas Universidade Federal de Viçosa, 1998.
seções de elementos protendidos, variando-se as dimensões da
seção e diâmetro de armadura ativa.
Conclui-se que houve uma redução na seção de concreto
superior a 70% e de, aproximadamente, 77% de aço CA-50,
considerando as delimitações estipuladas. A viga em concreto
protendido apresentou, também, grande diminuição no peso
próprio. A vantagem da utilização do concreto armado
convencional é a possibilidade de se executar a peça no
próprio canteiro de obras, sem a necessidade de mão de obra
especializada para realizar a protensão.
Como sugestões para trabalhos futuros, poderiam ser
analisados os custos de fabricação e montagem dos elementos.
Também poderia ser realizado um comparativo utilizando
outros sistemas construtivos ou materiais, como estrutura
metálica, por exemplo. Há, ainda, a possibilidade de realizar o
comparativo utilizando outros sistemas de protensão, como
por aderência posterior, por exemplo, visando à possibilidade
de executar a peça no canteiro de obras.

REFERÊNCIAS
[1] AGOSTINI, L. R. S. Concreto protendido: estudo das vigas isostáticas.
Livraria Ciência e Tecnologia. São Paulo, 1983.
[2] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT.
NBR 6118: projetos de estruturas de concreto – procedimento. Rio de
Janeiro, 2014.
[3] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT.
NBR 7483: cordoalhas de aço para estruturas de concreto protendido –
especificação. Rio de Janeiro, 2008.
[4] C.S. EMPREITEIRA DE OBRAS. Disponível em
<http://www.csempreiteira.com.br/pt-br/>. Acesso em 10 abr. 2016.
[5] FORPREM. Indústria de fôrmas pré-moldadas LTDA. Disponível em <
http://www.forpremformas.com.br/produtos/protensao/>. Acesso em 13
abr. 2016.
[6] HANAI, J. B. Fundamentos do Concreto Protendido. Universidade de
São Paulo. São Carlos, 2005.
[7] LAZZARI, B. M. Análise por elementos finitos de peças de concreto
armado e protendido sob estados planos de tensão. Porto Alegre, 2015.
Originalmente apresentado como dissertação de Mestrado, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, 2015.
[8] LAZZARI, P. M. Implementação de rotinas computacionais para o
projeto automático de peças em concreto com protensão aderente e não
aderente. Porto Alegre, 2011. Originalmente apresentado como
dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
2011.
[9] MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concrete: Microstructure,
Properties and Materials. 3ª ed. University of California at Berkeley.
Berkeley, 2006.
[10] PFEIL, W. Concreto Protendido, volume 3: dimensionamento à flexão.
1ª ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1984.
[11] PFEIL, W. Concreto Protendido: processos construtivos, perdas de
protensão, sistemas estruturais. 1ª ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e
Científicos, 1980.
[12] RUDLOFF INDUSTRIAL LTDA. Disponível em
<http://www.rudloff.com.br/concreto-protendido/>. Acesso em 10 abr.
2016.
[13] SCHÄFFER, A. Projeto de uma viga protendida. Notas de aula. 12 f.,
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2013.
[14] VERÍSSIMO, G. S.; CÉSAR JR, K. M. L. Concreto Protendido:
fundamentos básicos . 4ª ed. Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas,
Universidade Federal de Viçosa, 1998.

10
GIFFHORN, G. C.; LAZZARI P. M./ Revista de Engenharias da Faculdade Salesiana n.1 (2014) pp. 2-7

Figura 7: Fluxograma de dimensionamento das vigas de concreto armado e protendido.

CONCRETO ARMADO CONCRETO PROTENDIDO

DETERMINAÇÃO DE CARGAS E ESFORÇOS

DETERMINAR CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS

DETERMINAR CARACTERÍSTICAS DOS


MATERIAIS UTILIZADOS

CALCULAR RESISTÊNCIA DE CÁLCULO DOS


MATERIAIS UTILIZADOS

DETERMINAR A IDADE DE PROTENSÃO


CALCULAR O MOMENTO LIMITE DE
DIMENSIONAMENTO (Md,lim)
CALCULAR AS RESISTÊNCIAS DE CÁLCULO
PARA A IDADE DE PROTENSÃO

DETERMINAR O AÇO DE PROTENSÃO

CALCULAR A TENSÃO GERADA PELA


DETERMINAR NECESSIDADE DE UTILIZAÇÃO DE PROTENSÃO
ARMADURAS SIMPLES OU DUPLA

DETERMINAR O Nº DE CORDOALHAS E OS
ESFORÇOS GERADOS PELA PROTENSÃO

CALCULAR TENSÕES NAS BORDAS SUPERIOR E


INFERIOR DA SEÇÃO, EM FUNÇÃO DAS CARGAS
E DA PROTENSÃO

CÁLCULO DA(S) ÁREA(S) DE ARMADURA REALIZAR VERIFICAÇÕES NOS ESTADOS


NECESSÁRIA(S) LIMITE DETERMINADOS POR NORMA

CALCULAR ÁREA DE ARMADURA DE FLEXÃO


MÍNIMA

CÁLCULO DA ÁREA DE ARMADURA PARA


ESTRIBOS E ARMADURA DE PELE

ESCOLHA DAS ARMADURAS

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GIFFHORN, G. C.; LAZZARI P. M./ Revista de Engenharias da Faculdade Salesiana n.1 (2014) pp. 2-14

Quadro 8: Comparativo de vigas testadas. Todas vigas apresentadas na tabela, que tem “ok” nas verificações, poderiam ser
utilizadas. As vigas nº 8 e 16 são as mais “econômicas”, porque tem seção menores. Porém, a viga nº 8 utiliza menos aço de
protensão (considerando a massa de aço).
IDADE DE DIÂMETRO VERIFICAÇÕES
ÁREA fck bw b H
VIGAS CAA PROTENSÃO ARMADURA n e (m)
(m²) (MPa) (m) (m) (m) ELU ELS-F ELS-D
(dias) ATIVA (mm)
1 0,5342 II 30 8 12,7 12 0,20 0,97 1,66 0,8569 ok ok ok
2 0,5460 II 30 8 12,7 12 0,20 0,97 1,66 0,8853 ok ok ok
3 0,5360 II 30 8 12,7 12 0,20 0,97 1,66 0,8992 ok ok ok
4 0,4730 II 30 8 12,7 12 0,15 0,97 1,66 0,9180 ok ok ok
5 0,4525 II 30 8 12,7 12 0,15 0,97 1,66 0,8967 ok ok ok
6 0,4450 II 30 8 12,7 12 0,15 0,97 1,66 0,9097 ok ok ok
7 0,4275 II 30 8 12,7 12 0,15 0,97 1,66 0,9462 ok ok ok
8 0,4205 II 30 8 12,7 12 0,15 0,97 1,66 0,9606 ok ok ok
9 0,4450 II 30 8 15,2 9 0,15 0,97 1,66 0,9067 ok ok ok
10 0,4655 II 30 8 15,2 9 0,15 0,97 1,66 0,9277 ok ok ok
11 0,4730 II 30 8 15,2 9 0,15 0,97 1,66 0,9150 ok ok ok
12 0,5360 II 30 8 15,2 9 0,20 0,97 1,66 0,8962 ok ok ok
13 0,5297 II 30 8 15,2 9 0,20 0,97 1,66 0,9053 ok ok ok
14 0,4655 II 30 8 15,2 9 0,15 0,97 1,66 0,9285 ok ok ok
15 0,5490 II 30 8 15,2 9 0,20 0,97 1,66 0,9221 ok ok ok
16 0,4205 II 30 8 15,2 9 0,15 0,97 1,66 0,9576 ok ok ok
17 0,3905 II 30 8 12,7 14 0,15 0,97 1,46 0,8465 ok ok ok
18 0,3815 II 30 8 12,7 14 0,15 0,97 1,40 0,8119 x ok ok
19* 0,4450 II 30 8 12,7 16 0,15 0,97 1,66 0,9097 ok ok ok

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GIFFHORN, G. C.; LAZZARI P. M./ Revista de Engenharias da Faculdade Salesiana n.1 (2014) pp. 2-7

D. Dimensões da seção da viga nº 8.


APÊNDICES

A. Cargas atuantes sobre a viga de concreto armado e gráfico


da força cortante e momento fletor gerados no elemento.

B. Planilha de cálculo de armadura de flexão para viga de


concreto armado.
CARACTERÍSTICAS DA VIGA ARMADURA SIMPLES
h 166 cm As 50,2 cm²
d 162 cm
b 97 cm ARMADURA DUPLA
fck 30 Mpa As Não se aplica cm²
fcd 2,14 kN/cm² As' Não se aplica cm²
fyk 50 kN/cm²
fyd 43,47 kN/cm² E. Planilha de cálculo das características geométricas da
χlim 101,79 cm
ylim 81,43 cm
seção.
PONTOS X Y Aij Sij Jij yg Jxo ds di Ws Wi
CARGAS 1 0 166
M 2430 kN.m 2 97 166 16102 1336466 147902237
Md 340200 kN.cm 3 97 151 0 0 0
Md lim 1742592,98 kN.cm 4 56 146 -6088,5 -452114 -44767726
5 56 16 0 0 0
Armadura solicitada: Simples 6 66 12 140 987 9333
7 66 0 0 0 0
8 31 0 0 0 0
9 31 12 0 0 0
C. Planilha de cálculo de estribos para viga de concreto 10 41 16 140 987 9333
armado. 11 41 146 0 0 0
12 0 151 -6088,5 -452114 -44767726
CARACTERÍSTICAS DA VIGA ARMADURA 1 0 166 0 0 0
bw 97 cm Asw/s 11,16 cm²/m 4205 434212 58385453 103,2608 13548408 62,74 103,26 215948 131206
d 162 cm Asw/s 5,58 cm²/m 0,4205 0,6273 1,0326 0,2159 0,1312
fyk 50 kN/cm² Espaçamento 30 cm
fyd 435 MPa
fck 30 MPa
fcd 21,42 MPa
fctm 2,89 MPa
fctk,inf 2,02 MPa
fctd 1,44 MPa

CARGAS
V (cortante) 724,27 kN
Vd 1013,97 kN
Vrd2 7997,47 kN
Vc 1357,68 kN

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F. Planilhas para dimensionamento da viga nº 8.


FORÇA CORTANTE CARACTERÍSTICAS DOS CÁLCULOS DA PROTENSÃO
Vd 755,09 kN MATERIAIS Np 1669,66 kN
Vrd2 1214,3 kN CAA II Fpyd 146,6 kN
fck 30,0 MPa n 12
MOMENTOS fct,m 2,89 MPa nº cabos
12
M1 291,78 kNm fct,inf 2,02 MPa adotado
M2 841,69 kNm fct,f 2,42 MPa nº cordoalhas
1
M3 673,35 kNm cobrimento 35,0 mm /cabo
Md 2529,54 kNm tempo p/ e 0,9606 m
8 dias
protensão N -1719,7 kN
CARACTERÍSTICAS s 0,2 M -1652 kNm
GEOMÉTRICAS β1 0,8401
A 0,4205 m² fck,j 25,2 MPa ARMADURAS COMPLEMENTARES
ds 0,6273 cm fct,m 2,57 MPa Asw/s min 4,04 cm²/m
di 1,0326 cm fct,inf 1,79 MPa Asflexão 3,73 cm²
Ws 0,2159 m³ fct,f 2,14 MPa
Wi 0,1312 m³ fyk 500 MPa
fyd 434,78 MPa
CARACTERÍSTICAS DA Ap 98,6 mm²
SEÇÃO Fptk 187,3 kN
Ø estribo 10 mm Fpyk 168,6 kN
Ø cordoalha 12,7 mm 144,22
dist. entre 143,31
30 mm
cordoalhas Pi 143,31 kN
a 0,072 m σpi 1453448 kN/m²
bw 0,15 m
H 1,66 m RESUMO DOS ESFORÇOS SOLICITANTES
b 0,97 m P g1 g2 q
d 1,59 m N (Kn) -1719,7 0,0 0,0 0,0
y 0,15 m M (kNm) -1652,0 291,8 841,7 673,4
z 1,515 m
Nc 2650,17 kN TENSÕES NA SEÇÃO DE CONCRETO DO ESTÁDIO I
Mrcd 4015 kNm P g1 g2 q
σs (kN/m²) 3561,8 -1351,5 -3898,5 -3118,8
σi (kN/m²) -16680,9 2223,9 6415,3 5132,2

G. Planilhas de verificações da viga nº 8.

VERIFICAÇÃO NO ELU
σc -17640 kN/m²
σt 3084 kN/m²
Perda de
5%
protensão inicial
γp 1,0
σs 2032,26 kN/m² OK
σi -13622,88 kN/m² OK

VERIFICAÇÃO NO ELS-F COM A CF


fct,f 2420,00 kN/m²
Perda de
30 %
protensão total
γf2 0,6
σt,max 41,99 kN/m² OK

VERIFICAÇÃO NO ELS-D COM A CQP


Perda de
30 %
protensão total
γf2 0,4
σt,max -984,45 kN/m² OK

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