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362 Emergências em Pediatria – Protocolos da Santa Casa

2. A estabilização hemodinâmica e a oxigenação tecidual, com reposição


Antibioticoterapia de volume, drogas vasoativas, oxigenoterapia e suporte ventilatório.
Pode-se citar o uso terapêutico dos imunomoduladores como o terceiro
30 empírica na sepse objetivo do tratamento.

pediátrica Neste capítulo, é abordada a antibioticoterapia empírica inicial da sepse.


A administração imediata do antimicrobiano é essencial. Nas últimas
Flá via Jacquel ine Almei da décadas, estudos sobre o efeito do uso de antimicrobianos apropriados nas
Marco Au rél i o Pal azzi Sáfadi infecções graves por bactérias Gram-positivas ou Gram-negativas têm
demonstrado uma considerável redução da morbimortalidade. Os anti-
microbianos podem ter mais utilidade no tratamento de estágios clínicos
precoces da sepse, antes que a produção sequencial dos mediadores do hos-
pedeiro determine estágios mais adiantados na cascata inflamatória, com
eventuais danos teciduais graves.

EPIDEMIOLOGIA DA SEPSE
Microbiologia
INTRODUÇÃO As bactérias Gram-negativas eram responsáveis pela maioria dos qua-
dros sépticos intra-hospitalares em pediatria até metade da década de
A incidência da sepse em pediatria sofreu um grande aumento nos
1980, quando a literatura começou a mostrar um aumento importante dos
últimos vinte anos como resultado de melhor e maior sobrevida dos pa-
Gram-positivos, com alguns estudos mostrando até mesmo predominância
cientes com traumas graves, queimaduras, imunodeficiências, neoplasias
destes últimos em determinados serviços.
e prematuridade. Portanto, a sepse é reconhecida como importante causa
Dados de pesquisas realizadas em adultos mostram que na sepse grave
de morte em crianças, com as maiores taxas de mortalidade ocorrendo em
e no choque séptico encontram-se um micro-organismo em até 71% dos
lactentes. Apesar da sofisticada terapia intensiva e dos potentes antibió-
casos, com Gram-negativos em aproximadamente 40% e Gram-positivos
ticos de largo espectro, atualmente disponíveis, a mortalidade permanece
em 30%. Infecções mistas também podem ocorrer (aproximadamente
elevada. Avanços em biologia molecular e celular têm permitido a iden-
15%), bem como infecções fúngicas (5%) e anaeróbias (2%).
tificação de mediadores e mecanismos envolvidos nas alterações celula-
Dentre os Gram-negativos, os mais frequentemente encontrados são
res, metabólicas e fisiológicas da sepse. Inúmeros tratamentos visando à
as enterobactérias (principalmente Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae)
interrupção dessas cascatas estão em desenvolvimento, com alguns já em
e a Pseudomonas aeruginosa. Dentre os Gram-positivos, predominam o Sta-
estudos clínicos.
phylococcus aureus e o Staphylococcus coagulase negativo, além do enterococo
Dessa forma, o manejo ideal do paciente com sepse tem dois objetivos:
e do pneumococo em menor frequência.
As infecções fúngicas são responsáveis por 5% dos quadros sépticos,
1. A erradicação rápida de agentes infecciosos com o uso da antibiotico-
com as espécies de Candida responsáveis pela grande maioria, e são asso-
terapia ou drenagem de um foco infeccioso.
ciadas à alta mortalidade (40 a 60%).

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Nos quadros sépticos adquiridos na comunidade, os agentes mais fre- Antimicrobianos desenvolvidos na última década, dos grupos do car-
quentemente encontrados são Streptococcus pneumoniae, Neisseria meningi- bapeném (imipeném e meropeném) e das cefalosporinas de 3ª e 4ª gera-

Doenças Infecciosas
tidis, Streptococcus pyogenes e Staphylococcus aureus. ções, têm sido propostos como monoterapia substitutiva da associação de
aminoglicosídeo com betalactâmico para a sepse grave e choque séptico
Foco infeccioso por Gram-negativos. Vários estudos mostraram que a monoterapia com
carbapeném ou cefalosporinas de 3ª e 4ª gerações é tão eficaz quanto a
A identificação do foco infeccioso primário é um passo importante no terapia combinada com betalactâmico, com a vantagem de diminuir a toxi-
manejo do paciente séptico. Alguns estudos mostram que a identificação do cidade. No caso de antimicrobianos dos grupos das penicilinas de espectro
foco infeccioso é possível em até 92% dos pacientes, sendo os locais mais fre- estendido (associações com ticarcilina ou piperacilina), do monobactam
quentes o pulmão e a corrente sanguínea. Em menor frequência, o foco pri- (aztreonam) ou das quinolonas, os estudos não são suficientes para afirmar
mário também pode ser abdominal, urinário, estar na pele e em partes moles. a mesma eficácia da monoterapia. Alguns estudos mostram diminuição da
mortalidade na sepse por Pseudomonas aeruginosa quando se utiliza terapia
Tratamento combinada, apesar de os dados serem controversos quando se utiliza car-
bapeném ou cefepima.
Pacientes com sepse grave devem receber antimicrobianos de amplo Com o aumento da resistência bacteriana e da frequência dos Gram-
espectro, endovenosos, com cobertura para Gram-positivos e Gram-nega- -positivos, os glicopeptídios (vancomicina ou teicoplanina), as oxazolidi-
tivos. A escolha da antibioticoterapia inicial é determinada: nonas (linezolida) ou as estreptograminas (quinoprustin/dalfoprustin) têm
sido adicionados frequentemente à terapêutica empírica inicial da sepse
• pela probabilidade do agente causal, baseando-se na idade, estado imu- devido à sua atividade contra Staphylococcus aureus, resistente à oxacilina,
nológico e modo de aquisição (comunitária ou hospitalar); contra Streptococcus pneumoniae, resistente à penicilina e à cefalosporina,
• pelo padrão de sensibilidade microbiana em determinado hospital ou e contra enterococo, resistente à ampicilina. Entretanto, o uso indiscrimi-
comunidade; nado dessas drogas deve ser evitado. Essas drogas são indicadas apropria-
• pela penetração tecidual do antimicrobiano; damente ao paciente com sepse relacionada à infecção de cateter, na sepse
• pela toxicidade do antimicrobiano. grave e no choque séptico, e em hospitais nos quais há predomínio do esta-
filococo resistente à oxacilina. Para minimizar a emergência de resistência
Terapias empíricas com antimicrobianos têm sido recomendadas, espe- bacteriana à vancomicina, esta deve ser descontinuada sempre que a cultura
cialmente em pacientes com sepse grave e choque séptico. identificar uma bactéria com sensibilidade a outros agentes.
A escolha de uma terapia antimicrobiana empírica combinada tem Uma preocupação também crescente é o aumento na identificação de
como principais fundamentos: cepas de Streptococcus pneumoniae resistentes à penicilina e, em alguns locais
do mundo, também às cefalosporinas de terceira geração. Ainda não é clara
• a combinação permite que se amplie o espectro de cobertura, o que é a verdadeira relevância clínica da menor suscetibilidade do pneumococo à
vantajoso, uma vez que o tratamento geralmente é iniciado de maneira penicilina para o prognóstico das infecções tratadas com betalactâmicos.
empírica; Para o tratamento empírico de meningites bacterianas, ceftriaxona ou cefo-
• a combinação de antimicrobianos pode, em algumas situações, exercer taxima possuem boa penetração liquórica e atividade contra N. meningitidis
um efeito sinérgico contra o patógeno, resultando em melhor atividade e contra a maioria das cepas de S. pneumoniae; a adiçao de vancomicina
antibacteriana e eventual melhora na resposta clínica; deve ser considerada apenas em locais com presença relevante de cepas de
• a associação de dois ou mais antimicrobianos diminui a chance de S. pneumoniae resistentes a cefalosporinas.
desenvolvimento de resistência bacteriana.
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A terapêutica empírica da síndrome do choque tóxico (SCT), causa- até o resultado dos testes de sensibilidade. O uso empírico de antifúngico
da por Staphylococcus aureus ou Streptococcus pyogenes, produtores de toxinas, deve ser considerado em situações em que o paciente evolui com sepse,

Doenças Infecciosas
deve incluir um agente antimicrobiano antiestafilocócico e um agente anti- em vigência de antibioticoterapia de amplo espectro para outras infecções.
microbiano que atue inibindo a síntese proteica, como a clindamicina. Nos A remoção e/ou drenagem de foco infeccioso (p.ex., peritonite, empie-
casos em que houver identificação do agente, a terapia deve ser modificada ma, osteoartrite séptica, tecido necrosado), bem como a retirada de corpo
para penicilina, e clindamicina nos casos de SCT mediados por Streptococcus estranho infectado (até mesmo dispositivos invasivos), também são de im-
pyogenes com ou sem fasceíte necrosante associada. Nos casos de SCT me- portância relevante para interromper o estímulo infeccioso, uma vez que
diados por Staphylococcus aureus, o agente mais apropriado deve ser escolhido tais medidas tenderão a diminuir ou descontinuar a produção dos media-
com base no perfil de sensibilidade adicionado à clindamicina. dores endógenos da sepse, com eventual redução do potencial de autossus-
As infecções fúngicas vêm ganhando importância crescente como causa tentação da resposta inflamatória sistêmica.
de infecção hospitalar e são associadas à alta morbimortalidade. A terapêu- A Tabela 1 mostra os principais agentes microbiológicos e a escolha
tica antifúngica atualmente licenciada para uso em crianças inclui a anfote- antimicrobiana empírica inicial do paciente séptico.
ricina B e suas formulações lipídicas derivadas, com propriedades farmaco-
lógicas diferentes: anfotericina B lipossomal, anfotericina B com complexo TA B E L A 1 PRINCIPAIS AGENTES MICROBIOLÓGICOS E A ESCOLHA ANTIMICROBIANA EMPÍRICA
lipídico e anfotericina B com dispersão coloidal. A anfotericina ainda é a INICIAL DO PACIENTE SÉPTICO
droga de escolha para o tratamento da maior parte das infecções fúngicas Paciente Principais agentes microbiológicos Antimicrobiano
invasivas graves. Ela é fungicida contra grande variedade de espécies de
RN com sepse precoce Estreptococo do grupo B (S. agalactiae ) Ampicilina +
fungos, com exceção de espécies de Fusarium e Pseudallescheria boydii. A Gram-negativos do canal de parto (E. coli, aminoglicosídeo
anfotericina está associada a reações adversas – particularmente nefrotoxi- Klebsiella sp, Enterobacter sp)

cidade – e relacionadas à sua infusão, como febre, calafrios, náuseas, vômi- RN com sepse tardia Estreptococo do grupo B ( S. agalactiae ) Ampicilina +
comunitária Gram-negativos do canal de parto aminoglicosídeo
tos, cefaleia, hipotensão e arritmias. A nefrotoxicidade está relacionada ao ( E. coli, Klebsiella sp, Enterobacter sp )
menor fluxo plasmático renal e pode ser atenuada com adequada hidrata- RN com sepse tardia S. aureus , estafilococo coagulase negativo Vancomicina +
ção e evitando-se o uso de diuréticos. A hipopotassemia é frequentemente hospitalar Gram-negativos hospitalares (E . coli, aminoglicosídeo
Klebsiella sp, Enterobacter sp, Citrobacter sp,
observada com o uso prolongado. As formulações lipídicas de anfotericina Serratia marcescens, Pseudomonas sp),
B apresentam menor toxicidade, sendo tão efetivas quanto a anfotericina B Candida sp
convencional para pacientes com neutropenia febril e aspergilose invasiva; Lactente, criança e adoles- S. pneumoniae, N. meningitidis, Ceftriaxona
entretanto, ainda não existem evidências suficientes de equivalente eficácia cente com sepse comunitária Haemophilus influenzae tipo b, S. aureus

no tratamento da candidíase invasiva. Além da anfotericina e seus deriva- Lactente, criança e Gram-negativos hospitalares ( E. coli, Klebsiella Cefepima ou
adolescente com sepse sp, Enterobacter sp, Citrobacter sp, Serratia carbapeném +
dos, há a 5-fluorcitosina, os azólicos (fluconazol, itraconazol e voriconazol) hospitalar marcescens, Pseudomonas sp ), vancomicina
e as recém-desenvolvidas equinocandinas (caspofungina, anidulafungina e S. aureus, S. coagulase negativo,
Candida sp
micafungina). As equinocandinas estão licenciadas em adultos para o trata-
Infecção invasiva por Streptococcus pyogenes Betalactâmico +
mento de candidíase invasiva, candidíase esofágica e aspergilose. Apesar da Streptococcus pyogenes clindamicina
limitada experiência com as equinocandinas em pacientes pediátricos, os Neutropênico febril Gram-negativos hospitalares Ceftazidima ou
resultados dos estudos clínicos mostraram um bom perfil de tolerabilidade ( E. coli, Klebsiella sp, Enterobacter sp, cefepima
Citrobacter sp, Serratia marcescens,
associado a uma efetiva atividade fungicida. Dessa forma, a escolha do an-
Pseudomonas sp ),
tifúngico deve ser baseada no padrão de sensibilidade local. Infecções por S. aureus , S. coagulase negativo
espécies de Candida, que não Candida albicans, apresentam maior resistên- RN = recém-nascido.

cia aos azólicos, estando indicado o uso empírico inicial da anfotericina B,


Antibioticoterapia Empírica na Sepse Pediátrica 367

Assim que o agente causador e a sensibilidade antibiótica forem identi-


ficados, a restrição do número e do espectro de ação dos antibióticos cons-

Doenças Infecciosas
titui uma estratégia importante para reduzir o desenvolvimento de resis-
tência, a toxicidade e os custos. A duração típica da antibioticoterapia é de,
pelo menos, dez dias, devendo ser direcionada pela resposta clínica. Para as
candidemias, a duração da terapia antifúngica deve ser de catorze dias após
a primeira hemocultura negativa para fungos.

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