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Faculdade de Enfermagem
Disciplina: Gestão do Serviço de Enfermagem em Saúde Coletiva
Professora: Patrícia Maria Mattos Alves de Santana
Braverman (1977) relata que o controle de grupos direcionados à execução de certas tarefas
antecede à época burguesa. Ilustra tal afirmação fazendo referência à construção de uma das sete
maravilhas do mundo - as Pirâmides do Egito e, ainda, da Muralha da China, além de outros
feitos como arenas, catedrais, etc. Esses empreendimentos eram conduzidos através de trabalho
escravo, tecnologia arcaica e ocorriam em sistemas não-capitalistas. Nessas circunstâncias, a
administração era rudimentar, não exigindo rebuscamentos ou técnicas mais elaboradas para
gerir o resultado.
A lógica do capitalismo foi sendo introduzida nesse contexto timidamente e, com o advento da
Revolução Industrial no séc. XVIII, se viu reforçada, eclodindo numa dinâmica peculiar de
constantes buscas de excedente do capital investido. Esse cenário demandou "uma arte
inteiramente nova de administrar", como coloca Braverman (1977:66), sendo "mais completa,
auto-consciente, esmerada e calculista do que qualquer coisa anterior".
Reuniões de grupos inevitavelmente clamam por uma coordenação, que dê uma ordem às
operações, priorize ações e delegue responsabilidades. Melin (1990) assinala que nos primórdios,
as funções de gerente e de capitalista eram executadas pela mesma pessoa, em virtude de
possuírem a propriedade do capital, sendo um sistema extremamente centralizador, cujo controle
se fazia por meio de sanções. Ao fim do séc. XIX, essas funções foram distribuídas a um outro
ator, dando origem ao cargo de gerente. Inicialmente, ele trabalhava na contratação de pessoal, e
a gerência primitiva atuava também de maneira coercitiva para conseguir a adesão dos
empregados aos objetivos da empresa.
Essa trajetória conduziu aos primeiros estudos sobre essa prática, polemizando em alguns pontos
ou adaptando-os à realidade empresarial em outros aspectos. A função gerencial já passou por
diversas interpretações, fazendo parte de pesquisas que possuíam o propósito de identificar um
perfil de gerente que fosse coerente com as políticas e contexto da época.
Como conseqüência da discussão anterior, houve uma tendência ao desligamento das funções
operacionais e o gerente se concentrou em técnicas de gestão à distância (Armstrong citado por
Marques, 1993). Essa tendência se revelou improdutiva economicamente, levando a divergências
na concepção do perfil gerencial eficiente, o que por sua vez redundou na divisão dos conceitos
de líder e gerente.
Autores que defendem que o conhecimento técnico é fundamental para a função gerencial,
referem-se ao gerente como administrador. Os que interpretam a função gerencial como
independente do conhecimento técnico, estão concebendo-a na forma de liderança.
Bowditch & Buono (1992) argumentam que, mesmo na visão tradicional, o significado da
gerência abrange atividades de planejamento, organização, contratação de pessoal, direção,
controle e coordenação. Marques (1994:338) defende que "a gerência de recursos físicos e
humanos é necessária em todos os sistemas sociais de produção" e que, pela própria natureza
antagônica do capitalismo, este sistema demanda ainda mais essa característica.
Finalmente há o conjunto final, que consiste na tomada de decisões, atividade inerente à função
gerencial. De acordo com Mintzberg, citado por Marques (1993), fazem parte desse grupo o
empreendedor (quem assume a responsabilidade pela mudança organizacional), o administrador
e solucionador de conflitos, o distribuidor de recursos e o negociador. Em síntese, o autor sugere
que a gerência abrange atividades mais complexas que o foco exclusivo na consideração da
tarefa.
Outra contribuição nessa área veio de John Kotter que, assim como Mintzberg, verificou a
dificuldade de formatar o comportamento gerencial nas categorias de planejamento, organização,
controle. (Bowditch & Buono, 1992). Kotter identifica dois desafios e dilemas no trabalho
gerencial, quais sejam: lidar com a incerteza, ambigüidade e sobrecarga de informações; e
conseguir resultados satisfatórios dentro do grupo o qual gerencia. Com vistas a atender a esses
desafios, o autor propõe as estratégias de estabelecimento de agenda, implementação da rede e
implementação da agenda.
Em complementação, Bowditch & Buono (1992) sugerem que a gerência constitui-se de uma
arte, mais que uma ciência, dado sua amplitude funcional. Para Levitz, citado por Marques
(1993),
Reforçando essa definição e reiterando o já exposto, a liderança é vista apenas como uma parte
do papel gerencial; todavia, é relevante observar que essa parte integra, em seu cerne, a função
do gerente, justificando a opção pelo resgate, logo a seguir, de algumas teorias de liderança.
Embora não seja possível encontrar uma definição universalmente aceita para o conceito de
gestão/gerência e, por outro lado, apesar deste ter evoluído muito ao longo do último século,
existe algum consenso relativamente a que estes devem incluir obrigatoriamente a realização
eficaz de um conjunto de tarefas concatenadas, pertinentes ao funcionamento de uma
organização, “...através da tomada de decisões racionais e fundamentadas na recolha e
tratamento de dados e informação relevantes e, por essa via, contribuir para o seu
desenvolvimento e para a satisfação dos interesses de todos os seus colaboradores e proprietários
e para a satisfação de necessidades da sociedade em geral ou de um grupo em particular.”
Segundo o conceito clássico, desenvolvido por Henri Fayol, o gestor é definido pelas suas
funções no interior da organização: é a pessoa a quem compete a interpretação dos objetivos
propostos pela organização e atuar, através do planeamento, da organização, da liderança ou
direção e do controle, buscando atingir os referidos objetivos. Daqui se conclui que o gestor é
alguém que desenvolve os planos estratégicos e operacionais que julga mais eficazes para atingir
os objetivos propostos, concebe as estruturas e estabelece as regras, políticas e procedimentos
mais adequados aos planos desenvolvidos e, por fim, implementa e coordena a execução dos
planos através de um determinado tipo de comando (ou liderança) e de controle.
Conceito de Organização
Desta definição de organização convém reter alguns conceitos fundamentais para a sua adequada
compreensão, nomeadamente:
1. Atuação coordenada: para que exista uma organização, não basta que um conjunto de
pessoas atuem com vistas a atingir um objetivo comum; é necessário também que essas pessoas
se organizem, ou seja, que desenvolvam as suas atividades de forma coordenada e controlada
para atingir determinados resultados. Esta coordenação e controle é geralmente efetuada por um
líder mas encontram-se muitas vezes organizações em que estas tarefas são efetuadas por todos
os membros em conjunto através, por exemplo, de um órgão colegial.
3. Afetação eficaz: os recursos organizacionais descritos no ponto anterior são, por definição,
escassos, daí que a sua alocação deva ser efetuada eficazmente de forma que a probabilidade de
atingir os objetivos pré-definidos seja a maior possível. É daqui que surge a principal justificação
para a necessidade da gestão nas organizações.
Lembramos que, embora o gestor/gerente tenham sido apresentados com o mesmo processo de
trabalho, identificamos seu âmbito de atuação em diferentes níveis: a gestão é a administração de
um sistema de saúde, através das funções de direção comando, coordenação, planejamento,
controle, avaliação e auditoria; enquanto a gerência é a administração de um serviço ou órgão de
saúde do sistema de saúde.
Muito se fala sobre "gestão pública", mas poucas pessoas conhecem o significado da expressão.
Este assunto é de vital importância ao administrador público, pois delimita, com absoluta
clareza, o campo de sua atuação, indicando-lhe o caminho certo no trato da coisa pública.
De uma maneira sucinta, pode-se classificar o agir do administrador público em três níveis
distintos: a) atos de governo, que situam-se na órbita política; b) atos de administração, atividade
neutra, vinculada à lei; e c) atos de gestão, que compreendem os seguintes parâmetro básicos: I -
tradução da missão; II - realização de planejamento e controle; III - administração de recursos
humanos, materiais, tecnológicos e financeiros; IV - inserção de cada unidade organizacional no
foco da organização; e V - tomada de decisão diante de conflitos internos e externos.
Portanto, fica clara a importância da gestão pública na realização do interesse público porque é
ela que vai viabilizar o controle da eficiência do Estado na realização do bem comum
estabelecido politicamente e normatizado administrativamente.
Infelizmente, a grande maioria dos agentes políticos desconhece totalmente esta importante
ferramenta que está à sua disposição, resultando em gastos públicos inadequados ou
equivocados, ineficiências na prestação de serviços públicos e, sobretudo, no prejuízo financeiro
e moral da sociedade.