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JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 9ª REGIÃO
Tribunal Pleno
Conciliar também é realizar justiça
PROCESSO nº 0001208-18.2018.5.09.0000 (ArgInc)
ARGÜENTE: SEÇÃO ESPECIALIZADA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 9ª
REGIÃO
ARGUÍDO: § 7º DO ARTIGO 879 DA CLT
RELATOR: ARAMIS DE SOUZA SILVEIRA
RELATÓRIO
FUNDAMENTAÇÃO
Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: ARAMIS DE SOUZA SILVEIRA
http://pje.trt9.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18111316495879200000013772659
Número do processo: ArgInc-0001208-18.2018.5.09.0000
Número do documento: 18111316495879200000013772659 ID. b84bb49 - Pág. 1
Data de Juntada: 30/01/2019 17:43
ADMISSIBILIDADE
MÉRITO
Assim, tendo em vista que o §7º do art. 879 da CLT, ao definir o índice de
correção monetária aplicável aos débitos trabalhistas, faz referência a dispositivo de lei declarado
inconstitucional e, por consequência, padece de igual vício de inconstitucionalidade, ante à afronta, "
dentre outros, [a]o direito fundamental de propriedade do autor (art. 5º, XXII da CF) e [à] coisa julgada
(art. 5º, XXXVI da CF)", como bem pontuou o Exmo. Des. Adilson Luiz Funez, conforme constou no
acórdão prolatado pela Seção Especializada deste Tribunal em sede de agravo de petição nos autos nº
01585-2012-041-09-00-3 e cujos fundamentos se adota como razão de decidir. In verbis:
Quais sejam:
- na declaração constante nas ADIs nºs 4.357, 4.372, 4.400 e 4.425, pelo Supremo
Tribunal Federal, de que a expressão "índice oficial da remuneração básica da caderneta
de poupança", constante no §12 do art. 100 da Constituição Federal é inconstitucional;
Logo, divirjo para propor seja declarada a inconstitucionalidade do §7º do art. 879 da
CLT, considerando a redação que lhe foi conferida pela citada Lei 13.467/2017. [...]."
"§7o-A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial será feita pela Taxa
Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do Brasil, conforme a Lei no 8.177, de
1ode março de 1991."
O acórdão do TST teve como pano de fundo decisão do Supremo Tribunal Federal nas
ADIs nºs 4.357, 4.372, 4.400 e 4.425. Ele afirmou a inconstitucionalidade da expressão
"índice oficial da remuneração básica da caderneta de poupança", consignada no § 12 do
art. 100 da Constituição, que fixava o critério de atualização monetária dos créditos
inseridos em precatórios. Nesta decisão, o STF assentou o entendimento de que a
atualização monetária constitui direito subjetivo do credor e deve refletir a exata
recomposição do poder aquisitivo decorrente da inflação do período em que apurado, sob
pena de violar, dentre outros, o direito fundamental de propriedade do credor (art. 5º,
inciso XXII, da Constituição) e a isonomia (art. 5º, caput).
Em outubro de 2015, a decisão do Pleno do TST teve seus efeitos suspensos por força de
liminar concedida pelo Ministro Dias Toffoli, na Reclamação 22012, mas foi cassada, em
27 de fevereiro de 2018. Assim revigorada a eficácia plena da declaração de
inconstitucionalidade da expressão "equivalentes à TRD", contida no caput do artigo 39
da Lei n.º 8.177/91, e definição do Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial
(IPCA-E) como fator de atualização a ser utilizado na tabela de atualização monetária dos
débitos trabalhista da Justiça do Trabalho.
Mais do que isso, a correção pelo índice que não recompõe sequer a inflação do período
conduz a situação absurda em que a estratégia de postergação da data de quitação da
obrigação de pagar pecúnia representa um bom negócio para o credor, que, neste período,
tem a possibilidade de amortizar a dívida ao utilizar de índices do mercado mais
vantajosos. Em abstrato, tal conduta reforça a postura condescendente de desrespeito ao
direito do trabalho, além de figurar como flagrante ofensa ao direito de propriedade (art.
5º, inciso XXII, da Constituição) e ao princípio da isonomia (art. 5º, caput) uma vez que
não restabelece ao seu credor o valor devido e proporcional à época da pactuação da
obrigação, o art. 879, §7º, da CLT, ao estabelecer a Taxa Referencial para a atualização
dos créditos decorrentes de condenação judicial, desrespeita também o direito social ao
salário mínimo com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo (art. 7º, IV,
Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: ARAMIS DE SOUZA SILVEIRA
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Número do processo: ArgInc-0001208-18.2018.5.09.0000
Número do documento: 18111316495879200000013772659 ID. b84bb49 - Pág. 4
Data de Juntada: 30/01/2019 17:43
da Constituição), já que o crédito decorre da prestação de serviços e possui natureza
alimentar.
ACÓRDÃO
Pelo que,
Sem custas.
Intimem-se.
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