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DA INSTITUCIONALIZAÇÃO TOTAL À MEDICALIZAÇÃO:

RELATOS SOBRE OS DISPOSITIVOS DE SAÚDE MENTAL EM


FEIRA DE SANTANA

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Stefanie de Almeida Macêdo1


Willima Cintia Santos Barboza2
Yonetane Freitas Tsukuda3

Fundamentado nas experiências de estágio supervisionado de Psicologia vivenciadas na Rede


de Atenção Psicossocial (RAPS) de Feira de Santana, entre os anos de 2016 e 2017, este
trabalho buscou compreender a persistência de uma perspectiva latente na assistência à saúde
mental: a recondução e tratamento do desvio social à ordem da “normalidade”; para tanto,
debruçou-se sobre dois conceitos centrais neste movimento: a institucionalização e a
medicalização. Passando por visitas nos cinco Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e de
algumas das Residências Terapêuticas (RTs) da cidade, bem como realizando atendimentos
no Hospital Especializado Lopes Rodrigues (HELR), foi possível constatar uma
desarticulação da RAPS feirense e um trabalho que destoa do apregoado pelos documentos
oficiais no trabalho do psicólogo em saúde mental. Para compreender estas dessemelhanças,
nos voltamos a constituição da RAPS na cidade e, também, para uma revisão bibliográfica
fundamentada por Michel Foucault, Franco Basaglia e Paulo Amarante, que nos auxiliaram na
compreensão dos temas supracitados. Embora os mecanismos de assistência à saúde mental
sejam outros, os estigmas vinculados à saúde mental ainda permanecem, o que impede uma
efetivação do trabalho em território, associado à prevenção e ao acolhimento. Se outrora os
indivíduos eram submetidos à institucionalização através do asilamento interminável nos
manicômios, hoje esse processo se dá por meio de uma medicalização. Para além da
recorrência indiscriminada do uso de fármacos, a medicalização representa uma racionalidade

1
Graduanda em Psicologia (Universidade Estadual de Feira de Santana). Email: stefanieamacedo@gmail.com.
Telefone: 75 9 9260 6496.
2 Graduanda em Psicologia (Universidade Estadual de Feira de Santana). Email: willima.cintia@gmail.com.

Telefone: 75 9 91855970.
3 Mestrando em Filosofia (Universidade Federal da Bahia). Psicólogo (Universidade Federal da Bahia). Email:

tsukuda.yonetane@gmail.com. Telefone: 75 9 97030903.


tecnicista que reduz questões políticas, econômicas e sociais ao âmbito do individual e
biológico. Seja através da farmacologização das práticas ou da centralidade na figura médica,
o discurso medicalizante ainda persiste dentro dos serviços substitutivos, tendo como
principais funções a oferta de consultas psiquiátricas e a distribuição de fármacos, preterindo
atividades que ocorram no âmbito da comunidade. Por mais que o “manicômio da princesa”
tenha modificado seu nome e determinadas práticas, conserva ainda, em muitos aspectos, os
estigmas da loucura dentro de seus muros, o que afeta diretamente o funcionamento dos
CAPS e das RTs que compõem a rede de saúde mental e não conseguem trabalhar de forma
articulada, oferecendo um serviço em saúde mental que é parcial e não cumpre os pré-
requisitos do Sistema Único de Saúde (SUS). Seja por entraves políticos, insuficiência de
verba e déficits formativos dos profissionais, ou pela mentalidade arraigadamente
preconceituosa da sociedade em relação ao transtorno mental, um processo de
desinstitucionalização efetivo não se concretiza. E o trabalho do profissional de psicologia se
localiza no epicentro desta questão. Longe de estar em consonância com a emancipação
humana e a mudança social, o psicólogo muitas vezes realiza práticas que funcionam como
estratégias de dominação e ratificam o cenário institucionalizador e medicalizante, reduzindo
questões econômicas, políticas e sociais a aspectos individuais e biológicos. Nesse sentido, é
importante refletir sobre as possibilidades de articulação do trabalho em rede e nos territórios,
potencializando a modificação da concepção patologizadora da diferença na psicologia.

Palavras-chave: saúde mental; institucionalização; medicalização.

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