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A Justiça do Trabalho e sua competência para execução

de títulos executivos extrajudiciais à luz da EC nº


45/2004.

Marcelo Cunha Holanda1 em co-autoria


com Juarez Gadelha Barbosa Junior2

1 Introdução
O presente artigo tem por escopo traçar um breve perfil acerca da discussão
doutrinária que envolve os títulos executivos extrajudiciais no âmbito da Justiça do
Trabalho, expondo posições favoráveis e contrárias à execução de qualquer título
extrajudicial decorrente da relação trabalhista na Justiça laboral.
Enfrentaremos a discussão doutrinária, apresentando uma análise à luz da
Constituição, das leis e da doutrina mais moderna, com objetivo de subsidiar um
entendimento favorável à execução extensiva a qualquer título extrajudicial decorrente
de uma relação de trabalho junto à Justiça Trabalhista.

2 Dos títulos executivos extrajudiciais


O processo de execução necessita de título executivo, seja judicial ou
extrajudicial. No processo civil, tais títulos são descritos no CPC (Código de Processo
Civil), nos art. 475-N (judiciais) e art. 585 (extrajudiciais).
Aduz o Código de Processo Civil, que somente por disposição expressa de lei
pode ser criado título executivo extrajudicial. Como exemplo, podemos elencar o termo
de ajustamento de conduta elaborado pelos legitimados para ações coletivas (art. 5º, §
6º, da Lei n. 7.347/85); o contrato escrito de honorários advocatícios (art. 24 da Lei n.
8.906/94); a cédula de crédito rural (art. 41 do Decreto-lei n. 167/67) e a cédula de
crédito industrial (art. 41 do Decreto-lei n. 413/69), dentre outros.
A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) não previa a existência de títulos
executivos extrajudiciais até o ano 2000, quando com a promulgação da Lei n. 9.958, de
12 de janeiro de 2000, foi alterado o art. 876 da CLT, instituindo expressamente o termo

1
Bacharel em Direito, Pós-graduado em Direito Processual Civil e Bacharel em Ciências Econômicas.
2
Oficial de Justiça Avaliador Federal do TRT 8ª Região e Bacharel em Direito.
2

de ajuste de conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho e o termo de


conciliação firmado perante as Comissões de Conciliação Prévia.
Numa interpretação literal do referido artigo, podemos dizer que há somente
dois títulos executivos extrajudiciais no processo do trabalho, pois a lei tratou de forma
taxativa estas hipóteses.
A EC 45, de 08 de dezembro de 2004, alterou a competência da Justiça do
Trabalho, modificando o art. 114 da CF/88, ampliando a competência para processar e
julgar qualquer relação de trabalho.
O Inc. VII, do art. 114 CF/88, atribui de forma expressa competência para
processar e julgar as ações relativas às multas aplicadas pela fiscalização do trabalho,
que são constituídas mediante certidão de dívida ativa, nos termos da Lei n. 6.830/80,
bem como, o Inc. IX atribui competência material à Justiça do Trabalho para apreciar
qualquer assunto ligado às atividades de prestação de serviços realizados por pessoa
natural, desde que não seja relação de consumo, nos termos da regulamentação da
norma infraconstitucional.
Assim, podemos dizer que até agora, com base nas informações colhidas, que há
previsto expressamente quatro espécies de títulos executivos extrajudiciais executáveis
na Justiça do trabalho: o termo de ajuste de conduta firmados perante o Ministério
Público do Trabalho, o termo de conciliação firmado perante as Comissões de
Conciliação Prévia, a certidão de dívida ativa proveniente das multas impostas pela
fiscalização do trabalho e o contrato escrito de honorários advocatícios.

3 Das posições doutrinárias


Passamos a analisar como a doutrina percebe a norma legal contida na CLT art.
876 que serve de regulamento para o reconhecimento dos títulos executivos
extrajudiciais pela Justiça do Trabalho.
É cediço que a discussão tradicional no âmbito do direito processual do trabalho
acerca da possibilidade de serem executados títulos extrajudiciais produzidos no bojo de
relações jurídicas materiais submetida à competência da Justiça do Trabalho, até hoje,
não resultou em consenso nem na doutrina e nem na jurisprudência.
Até a promulgação da Lei n. 9.958/2000, não encontramos na doutrina, nenhum
autor que adotasse uma posição favorável à possibilidade de execução de títulos
executivos extrajudiciais no âmbito da Justiça do Trabalho, seja por falta de previsão
3

constitucional, por ser antes da promulgação da EC 45/2004, seja por falta de previsão
legal na CLT, por ser antes da modificação do antigo art. 876 da CLT.
Apenas poucas vozes como a do professor e juiz do trabalho Edilton Meireles3,
em trabalho publicado na revista Síntese Trabalhista nº 61, pág. 16, pregava a aplicação
subsidiária do CPC no âmbito da Justiça do Trabalho, com base no art. 769 da CLT,
para execução de títulos executivos extrajudiciais, mas, mesmo assim, na prática, não se
via uma ação desta natureza no Judiciário Trabalhista.
Após as referidas alteração efetuada na CLT, no art. 876 em 2000 e na
Constituição em 2004, passa a vislumbrar uma nova ordem jurídica concernente ao
tema, pois, assim como a EC 45 expandiu a competência material da Justiça do
Trabalho a qualquer outra relação de trabalho (não somente ao trabalho subordinado), a
alteração do art. 876 da CLT, prevendo expressamente a existência de pelo menos dois
títulos executivos extrajudiciais e atribuindo à Justiça Laboral a competência para sua
execução, imputou uma nova interpretação do tema.
Desta forma, somos levados a crer que o legislador transferiu esta competência
para a Justiça do Trabalho, porém, em relação aos demais títulos executivos
extrajudiciais, previstos no art. 585 do CPC, poderiam ser executado pela aquela Justiça
Especializada? Ou seja, o rol do art.876 seria taxativo ou exemplificativo? Propomos a
seguir, algumas observações encontradas na doutrina, na tentativa de elidir essas
questões.

3.1 Posições doutrinárias favoráveis ao rol exemplificativo do art. 876 da CLT


Iniciamos a exposição da doutrina favorável à execução do título executivo
extrajudicial pela Justiça do Trabalho, na lição do renomado professor Wolney de
Macedo Cordeiro4 que nos coloca de forma inexorável que:

[...] O advento da EC 45, pôs fim a toda controvérsia. Ao estabelecer o


constituinte derivado a competência da Justiça do Trabalho para julgar
os conflitos decorrentes da relação de trabalho, [...] abandonou-se à
limitação contida na antiga redação do art. 114 da carta política. Ou
seja, os litígios não se circunscrevem aos limites internos da
relação de emprego, envolvendo questões geradas, mesmo que de
forma indireta, por aquela relação. Nesse sentido, é admissível que
as relações de crédito decorrentes dos liames jurídicos submetidos
à competência da Justiça do Trabalho, desde que representados

3
MEIRELES, Edilton. Artigo: Revista Síntese Trabalhista, nº 61, p.16.
4
CORDEIRO, Wolney de Macedo. Manual de execução trabalhista. São Paulo: Forense Jurídica, 2008. p. 13-27.
4

por documentos dotados de eficácia executiva, sejam cobradas


neste órgão do poder judiciário. (grifo nosso)

Já a professora Isis de Almeida apud MOREIRA5 colabora com esta mesma


tese, após invocar a dificuldade do obreiro em cobrar um título de crédito na Justiça
Comum e defende uma repressão maior ao empregador que, por exemplo, emite cheque
sem fundos ou promissória não resgatada no vencimento, destinados a quitar débitos
trabalhistas de serviços prestados, gerando um ativo trabalhista que somente, na falta da
execução extrajudicial, poderia ser resolvido por meio de cognição exauriente, quando
então expressa seu posicionamento, asseverando que:

Em conclusão: promissória, cheque, letra de câmbio, dados ao


empregado para pagar salários, férias, décimos terceiros,
indenizações, etc., devem ser cobrados na Justiça do Trabalho,
sujeitando-se o autor, evidentemente, à prova da causa debendi,
quando, na defesa se pretender descaracterizar a razão de ser da
obrigação assumida ao se emitir o título ou o cheque. De resto, é
sempre um litígio entre empregado e empregador, conforme dispõe a
Constituição Federal ao fixar a competência da Justiça do Trabalho.
(grifo nosso)

Ressaltamos que para a ilustre professora, a execução por parte da Justiça


Trabalhista, de qualquer título executivo extrajudicial desde que decorrente da relação
de trabalho, além de permitir uma unidade interpretativa do direito material trabalhista,
pelo ramo do poder judiciário especializado na seara laboral, contribui sobremaneira
para a inclusão social dos trabalhadores, não necessariamente empregados, que
estivessem em situações econômicas e sociais de desvantagem, diante de um título
executivo extrajudicial relativo à sua relação de trabalho e, finalmente, diante da
competência da Justiça trabalhista para execução destes títulos, agregar-se-ia de modo
substancial a celeridade e a efetividade às lides envolvendo tais títulos, objetivando
estabelecer uma proteção ao trabalhador que, embora não empregado, tem as mesmas
necessidades de sobrevivência que o empregado formal.
Posição semelhante é a do professor e eminente procurador do trabalho Renato
Saraiva6, quando demonstra de forma clara,

5
ALMEIDA apud MOREIRA, Evandro Pedrosa. Execução por título extrajudicial na Justiça do Trabalho. Jus
Navigandi, Teresina, ano 3, n. 34, ago. 1999. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1259>.
Acesso em: 12 maio 2008.
6
SARAIVA, Renato. Processo do trabalho. São Paulo: Método, 2006. p.313.
5

que o rol do art. 876 da CLT é exemplificativo, conforme sua conclusão abaixo:

Cumpre ressaltar que, com a promulgação da EC 45/2004, que


atribuiu competência à Justiça do Trabalho para processar e julgar as
ações oriundas das relações de trabalho, entendemos que os demais
títulos executivos extrajudiciais poderão ser executados na Justiça
laboral, como o contrato de honorários do advogado que não recebeu
a contraprestação pelos serviços prestados (o contrato de honorários é
considerado título executivo extrajudicial pela Lei 8.906/1994, art.
24).As sentenças normativas também somente ensejam execução
das custas e despesas processuais, uma vez que o seu
descumprimento apenas faz nascer uma ação de cumprimento (mera
ação de conhecimento proposta perante a Vara do Trabalho).Impende
destacar que o art. 114, §1º da CF/88 estabelece que frustrada a
negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros, constituindo-se,
portanto, a sentença arbitral, num titulo executivo extrajudicial a
ser executado na Justiça do Trabalho (art. 31 da Lei 9.307/1996).
(grifo nosso)

O ilustre autor trabalhista Amauri Mascaro Nascimento 7 vai mais longe,


quando afirma que mesmo antes da modificação introduzida no art. 876 da CLT pela
Lei 9.958/2000, já se poderia, à luz do princípio da subsidiariedade do processo civil no
processo do trabalho, previsto no art. 769 celetista, reconhecer a execução destes títulos,
conforme explicita abaixo:

O processo do trabalho considera título executivo judicial a sentença e


o termo de conciliação. O processo civil prevê títulos extrajudiciais
autorizantes do processo de execução. O processo trabalhista não
tinha expressa previsão de execução fundada em título
extrajudicial; porém, já era possível entender, com fundamento
no CPC, art. 585, que existem títulos executivos trabalhistas
extrajudiciais: o documento público ou particular assinado pelo
devedor e subscrito por duas testemunhas do qual conste a
obrigação de pagar quantia determinada e o instrumento de
transação referendado pelo Ministério Público, pela defensoria
pública ou pelos advogados dos transatores.
O laudo arbitral proferido em decorrência de arbitragem
facultativa a que se submeteram as partes em conflito coletivo de
trabalho deve ser considerado título executivo extrajudicial.
Significativo avanço é a regra do art. 876 da CLT, introduzida pela
Lei n. 9.958, de 12 de janeiro de 2000, que qualifica como títulos
executórios trabalhistas, além dos já previstos, os acordos quando não
cumpridos, os termos de ajuste de conduta firmados perante o
Ministério Público do Trabalho e os termos de conciliação
extrajudicial pactuados perante as Comissões de Conciliação Prévia.
(grifo nosso)

7
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. 23 ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p.
689-690.
6

Portanto, podemos sintetizar seu pensamento na afirmação, que deve a Justiça do


Trabalho ser competente para processar e julgar os títulos executivos extrajudiciais
elencados no art. 876 da CLT, como também, qualquer outro título executivo
extrajudicial, que esteja previsto no CPC, em seu art. 585, ou em qualquer outra norma
esparsa, mas desde que oriundos de relações de trabalho, admitindo, por exemplo, a
eficácia executiva do laudo nos processos coletivos mesmo não constando do rol do art.
876 celetista, sendo este, então um rol exemplificativo e não taxativo, na sua visão.
O professor e juiz do trabalho Luciano Athayde Chaves8 entende ser o rol do
art. 876 da CLT não taxativo, admitindo como título executivo extrajudicial os
elencados no art. 585, Inc.II do CPC, abaixo in verbis:

Admito, porém, nessa nova seara competencial da Justiça do


Trabalho, ser possível admitir a sua competência para a execução
de contratos assinados pelo devedor, na presença de duas ou mais
testemunhas igualmente signatárias, na forma do art.585, inciso II do
Código de processo Civil. (grifo nosso)

Indica, entretanto, para os títulos de crédito (cheque, promissória, debênture)


oriundos de relações de trabalho a via da Justiça Especializada do Trabalho, por meio de
ação monitória como instrumento efetivo de cobrança destes.
Mas é o doutor e procurador do trabalho Francisco Gérson Marques de Lima 9
quem defende a extensão do rol do art. 876 da CLT, ou ainda, a aplicação dos demais
títulos executivos extrajudiciais existentes, desde que conexos com as relações de
trabalho, desde já na competência da Justiça do Trabalho, com base no fim colimado às
causas trabalhistas, citando conforme abaixo:

[...] Era a hora de se acrescentar, também, os instrumentos


decorrentes de acordos firmados perante os sindicatos ou órgãos
do Ministério do Trabalho, os títulos de crédito decorrentes de
relações de trabalho, os documentos emitidos pelo empregador ao
empregado confirmando a existência de dívida a pagar, como
aqueles inerentes à produtividade, gorjetas e comissões; ou mesmo,
documentos emitidos por terceiros, vinculativos da atividade laboral e
que expressem valor, como a prestação de contas em entregas de
mercadorias, sobre cujo serviço o trabalhador tenha direito a
percentual. (grifo nosso)

8
CHAVES, Luciano Athayde. A recente reforma no processo comum e seus reflexos no direito judiciário do
trabalho. 3. ed.rev. e ampl. São Paulo: LTr, 2007, p.190.
9
LIMA, Francisco Gérson Marques. Execução de Título Executivo Extrajudicial no Processo do Trabalho. São
Paulo: LTr, 2004, p.37.
7

Afirmando que tal construção não se faz por acaso, devendo aos advogados
lutarem na Justiça do Trabalho pela aplicação subsidiária do art. 585 do CPC, II, ao
Processo do Trabalho, indicando estes acordos como uma forma de resolução de
conflitos fora do Judiciário, o que foi também a intenção do legislador quando aprovou
a Lei 9.958/2000.
Corroborando a assertiva acima, destacamos como principais argumentos: a
garantia da unicidade interpretativa do Direito do Trabalho, que deve ficar a cargo de
um único ramo do poder judiciário, o que deixaria de gerar conflitos de entendimentos e
decisões diferentes para um mesmo conflito; assegurar a efetividade à obtenção do
direito material com a economia e celeridade do processo, em face da apreciação da
matéria ser feita por Justiça eminentemente mais rápida e especializada; e que a
interpretação do ordenamento jurídico conforme a Constituição, de forma sistematizada,
primando pela dignidade da pessoa humana, portadora do titulo executivo extrajudicial,
só vem confirmar a consecução deste tipo de ação conforme os fundamentos da
República Federativa do Brasil elencados no art.1º, bem como, favorecer o atendimento
dos objetivos republicanos de um Estado Democrático de Direito, com a proteção do
trabalhador.

3.2 Posições doutrinárias contrárias ao rol exemplificativo do art.876 da CLT

Encontramos, porém, na doutrina pátria, posições contrárias ao exposto acima,


entre as quais destacamos as doutas palavras do sábio procurador do trabalho, Carlos
Henrique Bezerra Leite10 que, mesmo após a alteração do art. 876 da CLT e da EC 45,
detém-se a uma interpretação literal do referido artigo da CLT, demonstrando
tipicamente sua visão clássica positivista sobre o tema, estendendo apenas sua exegese
às certidões da dívida ativa da União (prevista da Lei de Execução Fiscal) decorrente
das multas aplicadas pela fiscalização trabalhista, conforme abaixo:

Em relação aos títulos executivos extrajudiciais, o processo do


trabalho passou a reconhecer, com o advento da EC n. 45/2004, os
seguintes:
a) Os termos de compromisso de ajustamento de conduta com
conteúdo obrigacional firmados perante o MPT – Ministério
Público do Trabalho;

10
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 6 ed. São Paulo: LTr, 2008.
8

b) Os termos de conciliação com conteúdo obrigacional


celebrado perante a CCP – Comissão de Conciliação
Prévia;
c) As certidões de dívida ativa (CDA) – decorrentes das
multas aplicadas aos empregadores pelos órgãos de
fiscalização do trabalho.
Infelizmente, os demais títulos extrajudiciais previstos no CPC (art.
585), tais como cheques, notas promissórias, duplicatas, etc., ainda
carecem de força executiva no âmbito da Justiça do Trabalho, embora
possam, não obstante, constituir documentos aptos para propositura de
ação monitória, desde que oriundos de relação empregatícia [...].

Acredita deste modo Bezerra Leite, na impossibilidade de se efetuar a execução


de título extrajudicial, salvo os previstos no art. 876 consolidado, na Justiça Trabalhista,
alegando ser tal rol taxativo e não exemplificativo, não suportando qualquer aplicação
do princípio da subsidiariedade do art. 769 da CLT ao caso. Poder-se-ia, sim, nos outros
casos, ingressar com ação monitória naquela especializada, tais como: cheque,
promissória, documentos públicos ou particulares, dentre outros.

Em consonância com a tese acima, encontramos ainda, o professor Manoel


Antônio Teixeira Filho11 que defende sua posição com fulcro na literalidade do art. 876
da CLT:

Mesmo que se tratasse de documento público, ou particular, assinado


pelo devedor e subscrito por duas testemunhas, do qual constasse à
obrigação de pagar quantia determinada ou de entregar coisa fungível
(CPC, art. 585, II), mantemos a nossa convicção de que não deveria
ser aceito como título executivo extrajudicial pelo processo do
trabalho, de lege lata, onde, convém insistir, há norma específica a
propósito dos títulos executivos.

Ensina-nos o famoso professor, que a CLT tem norma específica sobre o


assunto, prescindindo de outra norma para complementar sua aplicação, não sendo caso
de omissão, mas sim de expressa vontade legislativa ter criado rol taxativo no art. 876
celetista. Entretanto, quebrando a taxatividade defendida, aduz ao rol de títulos
executivos extrajudiciais inseridos na competência da Justiça do Trabalho, pelo art. 876
da CLT, os honorários de perito, de tradutor ou intérprete, conforme abaixo:

[...] Ocorrendo de o juiz do trabalho vir a aprovar, fora da sentença, os


honorários do perito, do tradutor ou do intérprete, estará, em tese,
aberta a possibilidade de esses honorários serem cobrados na Justiça

11
TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. Liquidação da sentença no processo do trabalho. 3. ed. São Paulo: LTr,
1991.
9

do Trabalho – contanto que os serviços destes profissionais tenham


sido prestados em causa da competência desta Justiça Especializada.12

Observa o referido autor trabalhista, que se tais honorários constarem em


sentença, configura-se então caso de titulo executivo judicial e não extrajudicial.
Com base nos fundamentos contrários a execução de qualquer título executivo
extrajudicial, oriundos da relação de trabalho pela Justiça do Trabalho, faz-se necessário
tecer algumas considerações.
Diante da exposição acima, argumenta a doutrina perfilada a esta corrente, que
na execução autônoma do título executivo extrajudicial, como não há cognição
exauriente, como então, poderíamos efetivamente saber se aquele título teria sido
originado verdadeiramente de uma relação de trabalho, haja vista, por exemplo, a
possibilidade do credor, ter repassado seu título de crédito a um terceiro e, este a outro.
Elegem como principais motivos de não se considerar nenhum outro titulo
executivo extrajudicial, salvo os expressamente elencados no art. 876 da CLT, os
seguintes argumentos: ser taxativa a lei consolidada quanto às espécies de títulos
executivos extrajudiciais aceitáveis na órbita da Justiça Laboral, restringindo-se ao
termo de compromisso de ajustamento de conduta perante o Ministério Público do
Trabalho e o termo de conciliação firmado perante as Comissões de Conciliação Prévia;
não haver omissão legislativa que intente a aplicação subsidiária dos títulos executivos
extrajudiciais previstos no art. 585 do CPC; serem incompatíveis os demais títulos
executivos extrajudiciais não previstos na CLT com o processo do trabalho e com o
próprio direito do trabalho, não sendo possível analisar de forma exauriente se tal título
é proveniente ou não de relação de trabalho.

4 Considerações finais
Consideramos, à luz da nova concepção de interpretação, da chamada doutrina
pós-positivista, ser a melhor interpretação aquela que converge para os fundamentos e
princípios basilares da Constituição Federal (interpretação conforme a constituição),
assegurando ao trabalhador caso seja portador de um título executivo extrajudicial,
decorrente da relação de trabalho (uma nota promissória ou cheque para pagamento de
salário) que lhe seja aplicado a mesma proteção prevista para as normas de direito
material do trabalho, garantindo Justiça efetiva e rápida.

12
TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. Execução de Título Extrajudicial - Breves apontamentos à Lei N.
11.382/06, sob a perspectiva do Processo do Trabalho. São Paulo: LTr, 2007, p.46.
10

Desta forma, somos plenamente favoráveis que a Justiça do Trabalho reconheça


não só os títulos executivos extrajudiciais previstos na CLT: o termo de ajuste de
conduta firmado perante o MPT; o termo de conciliação firmado perante as Comissões
de Conciliação Prévia (CCP) e o previsto na Constituição Federal, como a certidão de
dívida ativa (prevista no Código de Processo Civil e regulada pela Lei de Execução
Fiscal, no caso das multas aplicadas pela fiscalização trabalhista); mas também, as
sentenças normativas (quanto às custas e despesas processuais), a sentença arbitral (art.
31 da Lei 9.307/1996), o contrato escrito de honorários advocatícios (art. 24 da Lei n.
8.906/94), bem como todos os outros títulos previstos em lei, seja do Códex Processual
Civil, art. 585, sejam das leis esparsas, desde que oriundos de uma relação de trabalho.
11

REFERÊNCIAS

3
MEIRELES, Edilton. Artigo: Revista Síntese Trabalhista, nº 61. p.16.

4
CORDEIRO, Wolney de Macedo. Manual de execução trabalhista. São Paulo:
Forense Jurídica, 2008. p. 13-27.

5
ALMEIDA apud MOREIRA, Evandro Pedrosa. Execução por título extrajudicial na
Justiça do Trabalho. Jus Navigandi, Teresina, ano 3, n. 34, ago. 1999. Disponível em:
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1259>. Acesso em: 12 maio 2008.

6
SARAIVA, Renato. Processo do trabalho. São Paulo: Método, 2006. p.313.

7
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. 23 ed.
São Paulo: Saraiva, 2008. p. 689-690.

8
CHAVES, Luciano Athayde. A recente reforma no processo comum e seus reflexos
no direito judiciário do trabalho. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: LTr, 2007, p.190.

9
LIMA, Francisco Gérson Marques. Execução de Título Executivo Extrajudicial no
Processo do Trabalho. São Paulo: LTr, 2004, p.37.

10
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 6 ed.
São Paulo: LTr, 2008.

11
TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. Liquidação da sentença no processo do
trabalho. 3. ed. São Paulo: LTr, 1991.

12
______.Execução de Título Extrajudicial - Breves apontamentos à Lei N.
11.382/06, sob a perspectiva do Processo do Trabalho. São Paulo: LTr, 2007, p.46.

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