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SOBRE A BÍBLIA?
ARIEL ÁLVAREZ VALDÉS
QUE SABEMOS
SOBRE A BÍBLIA?
III
EDITORA SANTUÁRIO
Aparecida-SP
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
97-2253 CDD-220.07
Ano: 2000 99 98 97
Edição: 6 5 4 3 2 1
ÍNDICE
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Primeiro sentido: quantidade
Os números 1, 2 e 3
Os números 4 e 5
Os números 7, 10 e 12
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A tradição da Igreja continuou este simbolismo do 7 e
por isso marcou como 7 os sacramentos, os dons do Espírito
Santo, as virtudes.
O número 10, por outro lado, tem um valor
mnemotécnico; por serem 10 os dedos das mãos fica fácil
lembrar-se desse número. Por isso 10 são os mandamentos
que Javé deu a Moisés (poderiam ter sido mais) e 10 as pra-
gas que assolaram o Egito. Igualmente por esta razão é que
se colocam somente 10 antepassados entre Adão e Noé e 10
entre Noé e Abraão, ainda que saibamos que foram muitos
mais.
Outro número simbólico é o 12. Significa “escolha”.
Por isso se falará das 12 tribos de Israel, quando, na realida-
de, o Antigo Testamento menciona mais de 12. Com isso se
quer dizer que eram tribos “escolhidas”. Da mesma forma
serão 12 os profetas menores do Antigo Testamento. O Evan-
gelho mencionará igualmente 12 apóstolos de Jesus que, se
compararmos seus nomes, serão mais; são, porém, chama-
dos “os Doze”, porque são os escolhidos do Senhor. Jesus
afirma ter também 12 legiões de anjos à sua disposição (cf.
Mt 26,53). O Apocalipse falará de 12 estrelas que coroam a
Mulher, das 12 portas de Jerusalém, de 12 anjos, de 12 fru-
tos da árvore da vida.
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Essa possibilidade que as línguas bíblicas ofereciam
dava lugar a jogos engenhosos e entretenimentos originais,
já que em cada cifra podia estar escondida uma palavra. A
Bíblia nos traz vários exemplos disso.
Assim, Gênesis 14 nos relata a invasão da Palestina
por quatro poderosos exércitos do Oriente que levaram pri-
sioneiro Lot, sobrinho de Abraão. Quando o patriarca toma
conhecimento reúne 318 homens e sai em perseguição de-
les, consegue derrotá-los e resgata Lot. Mas, pôde Abraão,
só com 318 homens, vencer os quatro exércitos mais pode-
rosos da Mesopotâmia? Só alguém muito ingênuo poderia
acreditar nisto. A menos que este número signifique alguma
coisa. De fato, sabemos que Abraão tinha um criado herdei-
ro de todos os seus bens, chamado Eliezer (cf. Gn 15,2). Se
somarmos então os números que correspondem às letras
hebraicas deste nome, teremos: E (= 1) + L (= 30) + I (= 10)
+ E (= 70) + Z (= 7) + R (= 200) = 318. (Os valores assina-
lados correspondem ao alfabeto hebraico, por isso uma mes-
ma letra pode conter valores diferentes.) Com isso se queria
dizer que Abraão saiu para o combate com todos os seus
herdeiros; e que seus herdeiros, isto é, a descendência de
Abraão, será sempre superior a seus inimigos.
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Mas se substituirmos as letras da frase “todos os filhos de
Israel” (em hebraico: rs kl bny ysr’l) pelos seus valores nu-
méricos correspondentes, teremos exatamente 603.550. As-
sim, ao dizer que saíram 603.550, o autor afirma que saíram
todos os filhos de Israel.
São Mateus nos traz também um destes jogos. Divide
os antepassados de Jesus em três séries de 14 gerações, cada
uma, e acrescenta no final: “De Abraão até Davi são, pois,
14 gerações e de Davi até o cativeiro da Babilônia 14 ge-
rações e do cativeiro de Babilônia até Cristo 14 gerações”
(cf. 1,17). Isto, porém, é impossível. Mateus coloca três no-
mes apenas para cobrir os 430 anos de escravidão no Egito.
E somente dois ascendentes para completar os três séculos
entre Salomão e Jessé.
É que de fato confeccionou artificialmente esta lista,
para que dessem somente 14 gerações, já que 14 é o número
gemátrico do rei Davi: D (= 4) + V (= 6) + D (= 4) = 14. E
como se esperava que o futuro Messias fosse descendente
de Davi, o evangelista quis dizer que Jesus é o “três vezes
Davi”, e, portanto, o Messias total, verdadeiro descendente
de Davi.
O Apocalipse nos dá o mais famoso jogo bíblico de
gematria. Trata-se do número 666 da Besta (cf. Ap 13,19).
O mesmo livro declara que se trata do número de um ho-
mem. E quem se esconde atrás deste número não é senão o
imperador Nero: se transcrevermos “Nero César” em
hebraico, teremos: N (= 50) + R (=200) + W (= 6) + N (= 50)
+ Q (=100) + S (= 60) + R (= 200) = 666.
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E o Verbo se fez escritura
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COM QUEM SE CASOU CAIM,
O FILHO DE ADÃO E EVA?
O primeiro homicida
O herói Caim
O homicida Caim
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completa a informação e acrescenta que o mal não nasce
unicamente pela ruptura do homem com o Criador. Há como
que um segundo “pecado original”: o da ruptura de relação
com o irmão.
Por isso na narrativa de Adão e Eva é a voz de Deus
que adverte os primeiros pais que pecaram. Na de Caim,
porém, é o sangue de Abel o acusador: “Ouço da terra a voz
do sangue de teu irmão, clamando por vingança!”.
A pergunta “com quem se casou Caim?” não tem, pois,
nenhuma importância. Era um dado que pertencia ao relato
primitivo e que ficou deslocado ao ser inserido aqui. O im-
portante era sua mensagem.
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O autor desse texto, ao colocar aqui o relato de Caim,
completa ousadamente essa doutrina emanada do palácio,
denunciando que, segundo Deus, para ser um bom crente é
preciso também preservar a vida dos homens, seus irmãos,
cuidar dela e zelar por ela.
A ampliação de Jesus
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QUAL É A ORIGEM
DOS DEZ MANDAMENTOS?
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Os doze mandamentos
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As primeiras tentativas foram as de Filon de Alexandria
e do historiador Flávio Josefo, ambos do século I. Segundo
eles, o primeiro mandamento é o que manda ter um só Deus
(v. 3). O segundo proíbe imagens e prostrar-se diante delas
(v. 4-5). O terceiro ordena não tomar o nome de Deus em
vão (v. 7). O quarto prescreve santificar o dia do Senhor
(v. 8). Os que vão do quinto ao nono enumera-os como estão
(v. 12-16). E o décimo será todo o v. 17, ou seja, não desejar
a mulher do próximo, nem cobiçar os bens alheios.
Esta classificação distinguia quatro mandamentos para
com Deus e seis para com o próximo e foi aceita por vários
escritores cristãos antigos, como Orígenes, Tertuliano e são
Gregório Nazianzeno. E é o que seguem atualmente os pro-
testantes luteranos, calvinistas e anglicanos.
A proposta judaica
Contudo o judaísmo oficial não a aceitou. Quando os
rabinos escreveram o Talmud, seu livro sagrado, propuse-
ram outra maneira de contá-los. Consideraram o v. 2 (“Eu
sou o Senhor teu Deus que te libertou do Egito, do antro de
escravidão”), que na realidade não é nenhum mandamento,
mas o prólogo ou a apresentação do Decálogo, como se fos-
se o primeiro mandamento. Depois, para formar o segundo
reuniram os três seguintes, ou seja, a proibição de ter outros
deuses, de fabricar imagens e de prostrar-se diante delas
(v. 3-5). O terceiro manda não tomar o nome de Deus em
vão e o décimo reúne num só a cobiça da mulher do próxi-
mo e dos bens alheios.
Todos os judeus adotaram essa segunda divisão, tam-
bém de quatro mandamentos para com Deus e seis para com
os homens.
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A proposta cristã
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Para aprender o catecismo
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Mandamentos para cristãos
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Assim a Igreja reelaborou e atualizou o elenco dos 10
mandamentos para que pudessem estar à altura da nova moral
cristã. Por isso é que a lista dos mandamentos da Bíblia não
coincide com a que nos ensinaram no catecismo. Mas, pode
a Igreja mudar os dez mandamentos?
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Em um dado momento, diante da abundância de leis e
da necessidade de ter uma coleção breve que tratasse dos
crimes mais graves que punham em perigo a vida da comu-
nidade, resolveram redigir uma pequena lista. Para isso bus-
caram, dentre suas leis, todas aquelas que incluíam a pena
de morte, que terminavam com a fórmula “assim farás desa-
parecer o mal do meio de ti”.
Os pecados mortais
O espírito do Decálogo
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quer remontem ao próprio Moisés ou às leis posteriores da
vida do povo hebreu.
O que na verdade importa é que se ponha em prática
tudo o que o texto sagrado ensina: que o homem adore uni-
camente a seu Criador, que não prejudique a seu próximo e
que não cobice seus bens.
De Javé a Jesus
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PERMITIU MOISÉS O “OLHO POR
OLHO E DENTE POR DENTE”?
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Três vezes na Bíblia
Vinganças dilaceradoras
A falta de polícia
A túnica e o manto
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COMO CAÍRAM
AS MURALHAS DE JERICÓ?
O primeiro obstáculo
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a majestosa e soberba cidade de Jericó. Como poderiam con-
quistar todo o país, se a primeira cidade já se apresentava
inconquistável?
O estratagema insólito
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Milagre ou terremoto?
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Esta cidade foi destruída pela guerra e abandonada
cerca de 7200 a.C. Mas aqui os arqueólogos realizaram uma
segunda descoberta: na realidade não existiu uma, mas mui-
tas Jericós, visto que ao longo de sua história a cidade fora
destruída e reconstruída numerosas vezes. Os escavadores
encontraram ruínas de nada menos que dezessete Jericós, as
quais puderam estudar e analisar.
As sucessivas destruições e reconstruções da cidade
mostram a importância que na antigüidade tinha este estra-
tégico oásis e a cobiça que despertava a fertilidade da re-
gião.
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com obstinada constância voltou a ser edificada e habitada.
Assim aconteceu nos anos 3000, 2000, 1900 e 1700 a.C.
Até que finalmente uma nova invasão sofrida pelo ano
1550 a.C. lhe deu o golpe fatal. Depois deste desastre a or-
gulhosa cidade não voltou mais a se reerguer até o tempo de
Josué. A última Jericó, pois, que os arqueólogos encontra-
ram foi a do ano 1550 a.C.
O que diz a fé
A verdade da fé
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creviam para que seus relatos fossem lidos no templo, em
suas reuniões e grupos de oração. E narrar, nua e sobriamen-
te que seus antepassados, ao chegar à Terra Prometida, ex-
perimentaram um fraco combate com quem no momento
habitava as ruínas de Jerusalém, além de deixar de lado a
visão da fé, não teria ajudado a sustentar nem alimentar a
crença dos fiéis em Deus.
Por outro lado, o relato da procissão ao redor da cida-
de, o clamor do povo, o emocionante som das trombetas e as
muralhas caindo, isto sim inflamava os leitores, excitava e
reavivava a fé de todos os que escutavam e fazia crescer a
confiança em Javé.
E, de outra parte, o escritor sagrado estava dizendo a
verdade: foi Deus que lhes tinha demolido as muralhas de
Jericó (isto sim, vários séculos antes) em atenção às suas
orações.
A nova Jericó
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A Igreja sabe que a batalha de Jericó é eterna, que se
prolonga através dos séculos. E fazem falta, hoje em dia,
trombetas válidas para vencer essa fortaleza injusta e per-
versa: as trombetas da solidariedade, do serviço e da
fraternidade.
Mas as trombetas só não bastam. Josué ordenou um
grito de guerra a uma só voz. A condição essencial para que
a Igreja vença e debilite as estruturas injustas é, pois, sua
unanimidade, sua unidade.
O som das trombetas prolongado durante sete dias
mostra-nos que com o serviço constante do anúncio do Evan-
gelho, com o testemunho de vida e principalmente com a
unidade da Igreja, poder-se-á destruir a soberba de Jericó,
escondida atrás de suas torres do egoísmo, das injustiças
sociais e da corrupção. O dia em que a Igreja gritar, com seu
exemplo de vida e sua unidade, tudo o que seja inimigo do
homem se transformará em escombros.
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QUEM FORAM AS AVÓS DE JESUS?
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nha lido esta passagem do Evangelho, pesada e aparente-
mente sem sentido.
Mas, se nós a analisarmos, veremos que não é assim.
Porque em meio a esta cadeia de 42 nomes masculinos, a
presença de quatro distantes mulheres, as únicas quatro
antepassadas de Jesus que se nomeiam, projeta uma das
mensagens mais emotivas do Novo Testamento.
As lições da história
O Messias escondido
A avó Tamar
A avó Raab
A avó Rute
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A avó Betsabé
Os parentes pobres
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O ANJO DO SENHOR
ANUNCIOU A MARIA?
A audácia de Zefirelli
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do Novo Testamento; o sempre presente anjo a quem estamos
habituados a ver em toda pintura ou cena da anunciação. A
quem, desde criança, estamos acostumados a mencionar
quando na oração do Angelus dizemos : “O anjo do Senhor
anunciou a Maria...”; o maior comunicador da história.
De fato, Zefirelli fora ousado demais.
Um diálogo repetido
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Os cinco elementos
Também a Maria
Aos juízes
E aos sacerdotes
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O que se pretende afirmar
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JOÃO BATISTA
BATIZOU A JESUS?
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Por algo abriram-se os céus
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Quem devia ir a quem?
Discípulos em discussão
Teve de eliminá-lo
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Até mesmo Apolo
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Para entender melhor
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JESUS FOI TENTADO
PELO DIABO?
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Com efeito, sabemos pelos evangelhos que quiseram
tentar a Jesus muitas vezes. Como quando “chegaram-se a
ele os fariseus e saduceus e, para prová-lo, pediram que lhes
desse um sinal do céu” (Mt 16,1). Ou quando perguntaram-
lhe para tentá-lo: “é lícito ao homem despedir sua mulher
por um motivo qualquer?” (Mt 19,3). Ou quando ele contes-
tou aos que o interrogavam se deveria pagar ou não impos-
tos: “Por que me experimentais, hipócritas?” (Mt 22,18). Ou
no dia em que lhe trouxeram uma mulher surpreendida em
adultério “para tentá-lo” (Jo 8,6).
A razão do número 3
A tentação do deserto
A tentação do pináculo
A tentação da montanha
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Em substituição ao perdedor
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Baseados em sua vida
Também as demais
E a segunda tentação? Quando teria ocorrido? O Ten-
tador pede-lhe que faça um milagre jogando-se do alto para
mostrar ao povo que tem poderes extraordinários. Nessa ten-
tação o Diabo se mostra muito mais esperto e inteligente
que na primeira e, além disso, conhece bem a Bíblia, pois
cita o salmo 91.
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Temos também aqui uma pista. Sabemos que um dia
“chegaram-se a ele os fariseus e saduceus e, para prová-lo,
pediram que lhes desse um sinal do céu” e assim creriam
definitivamente nele (cf. Mt 16,1). Fazia anos que Jesus es-
tava pregando mas a dureza de coração desse povo não o
deixava se converter e a única coisa que havia colhido eram
zombarias. Agora tinha possibilidade de esmagá-los com
algum prodigioso milagre e tapar-lhes definitivamente a boca.
Mas reagiu diante da nova tentação e “deixando-os, foi-se
embora” (16,4).
Quem foi o Tentador dessa prova? Pelo domínio que
tem da Bíblia trata-se de alguém que conhece muito bem a
religião. De fato, foram as autoridades religiosas que,
intrigadas pela atividade que Jesus desenvolvia no meio do
povo, o desafiam para que realize um grande milagre para
ver até onde ia seu poder.
A terceira tentação, a da facilidade, em que o Diabo
lhe propõe conquistar todos os reinos do mundo, sem sofri-
mentos, nem sacrifícios, mas simplesmente o adorando, Je-
sus a sofreu quando Simão Pedro, ao ouvir que Jesus anun-
ciava sua futura paixão e sofrimentos, aconselhou-o a não
se deixar matar na cruz e que conquistaria o mundo de for-
ma mais fácil e cômoda. Jesus, porém, depois de ter pensa-
do, contestou-lhe: “Afasta-te de mim, Satanás!” (Mt 16,21-
23). Desta vez o Diabo foi, na verdade, o próprio apóstolo
Pedro.
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HOUVE CATACLISMOS NO DIA
EM QUE MORREU JESUS?
Fenômenos insólitos
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A escuridão do meio-dia
O terremoto
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As rochas que se fendem
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As tumbas que se abrem
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na terra poeirenta despertarão” (Dn 12,2). É a primeira vez
que na Bíblia se anuncia a ressurreição dos mortos. Pode-
mos imaginar o impacto que isso produziu entre os judeus,
que fixaram para sempre a lembrança do fato como sinal da
chegada do “dia de Javé”.
Evocando o fim
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contrário, que se dirigem a um público mais universal, os
omitem, com exceção do detalhe da escuridão.
A linguagem da Bíblia
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São Mateus e a genuína “New Age”
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PERGUNTAS SOBRE OS TEMAS
BÍBLICOS PARA REFLEXÃO E
DISCUSSÃO EM GRUPO
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