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Projeto

PERGUNIE
E
RESPONDEREMOS
ON-LlNE

Apostolado Veritatis Splendor


com autorização de
Dom Estêvão Tavares Bettencourt, osb
(in mamoriam)
APRESENTAÇÃO
DA EDiÇÃO ON-LlNE
Diz $lo Pedro que devemos
estar preparados para dar a razão da
nossa esperança a todo aquele que no-Ia
pedir (1 Pedro 3,15).
Esta necessidade de darmos
conta da nossa esperança e da nossa fé
..... hoje é mais premente do que outrora,
.'
'~' ..' visto que somos bombardeados por
numerosas correntes filos6f1cas e
religiosas contrárias à fé católica, Somos
assim incitados a procurar consolidar
nossa crença católica medianle um
aprofundamento do nosso estudo.
Eis o que neste sita Pergunte e
RespOnderemos propOS aos seus leitores:
aborda questões da atualidade
controvertidas, elucidando-as do ponto de
vista cristão a fim de que as dúvidas se
. , dissipem e a vivência catól ica se lortaleça
_ I ... no Brasil e no mundo, Queira Deus
abençoar este 1rabalho assim como a
equipe de Verltatis Splandor que se
encarrega do respectivo site.
Rio de Janeiro, 30 delulho de 2003.
Pe. E.tevlo s.ttencourl, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATlS SPLENDOR

Celebramos convênio com d. Estevão Bettencour1 e


passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual
conteúdo da revista teológico - filosófica · Pergunte e
Responderemos·, que conta com mais de 40 anos de publicaçAo.
A d. EstêvAo Benencourt agradecemos a conflaça
depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e
zelo pastoral assim demonstrados.
Teologia d . UberUçiQ: Qqlro
Enloqu,"

TeoIot~ da Ubertl~ ; P....,.


Of&ctal d. ' . .I_

"A Do' hlwlf\ca"

Novembro.Dezembro - 1984
PERGUNTI" E RESPONDEREMOS NOVEMBRO-DEZEMBRO - 1984
PUblIcIVio blmHtnl NC? 277

DINtot-A.porIIMI:
SUMARIO
D. Estlv'o Baüencourt OSB
Autor e Redltor de toda a matéria
publlc.dl neste periódico TEMPO PREMENTE ..,
g"'-'o...Admlntlltndar Semp,. wo~ i . bella:
D. Hlldebrando P . Martins OSB
TEOLOGIA DA LlBERTAÇAO: OUA-
TRO ENFOQUES . . ..•.•••••. .4042
AdmlnhtQIÇIc • dblribulçk: EaF»Ja"fa.... ...
Edlç6es Lumen Chrisll TEOL.OGIA DA. LIBERTA ÇAO : PALA·
Dom: Gerardo, 10 - 5' andar, 5 / 501 VRA OFICIAL DA tGREJA . . . . . . . . 451
reI.: (020291-7122 Ume ceM AposlvllQe de .10' 0 '11.110 11:
Caixa postal 2666
"A DOR SALVIFICA M ••• ••• • • • • .71
20001 - Rio de Jene lro • RJ
Em via" d. di.... cMl!bfeçlo:
A INSTRUÇA.Q - INAESTIMABJLE DO-
P. .amenlo em chltqu. nominal vINdo ou
Vale Poslel (para Ag'nclll CenlrtIllRlo) , NUM - •.•.•....•••••.•••. <488
.~OM : Ollvlde freqü ..... :
Edições LUIA.n Ctuill1
COMUNGAR MAIS VezES POR DIA? 504
e.lxa Poelel 2666
:20001 - Rio d. Janeiro - RJ Um 11'110 que Interpela:
-A VOLTA J. QF\A.NDE DISCIPLINA M 509

Em MecllugcNj. (lugos!h&l)
AS~NATURA ANUAL PARA 19115 APARIÇOES DE NOSSA SENHORA? 521
Sendo paga até 31 de LIVROS EM ESTANTE ...........•.. 528
dezembro da 1984 .. CrS 12 .000.00
tV'llcIa para todo o ano lNDICE DE ' 1S8<4 •••...•.•.•••.•...• S32
de t9§)
Sendo paoa a partir de
l' da Janeiro de 1985 Cr$ 15 .000,00
NO PR6XIMO HOMERO
RENOVE QUANTO ANTES 278 - Janel~Feverelro ....... 1985
A SUA ASSINATURA
A Eucar'Slle. mistério OI lI. - Parllclpeç'o
da 'oreje ne lIuIIIÓllde bfl.llelra. "" Teolo-
s'e de Llb.naç'o: o Oe~te .. prolonga. -
MAcl"eçCloes ec.rca de IlsIuns tem .. de teo-
CONUNIQUE-NOS QUALQUER
logia M Ileonerdo BoIII . _ "Minha. Vid •• ~
MUDANÇA DI! ENDEREÇO IShlrley Mac·Lalnel. - MQuando coISas ••
ruiM .conlflc.m .. peuoa. boas- 111',01d
CompoIlçIIo • lmpl'tllllllo::
-Marque. SaraM M
Ku.hne,).
U. R.S .5.
Imp,euOH colhida.. N . ·~
• i
SanIOl RodrllJUM. 240
Alo de " ...I,Q Com aprovaçi!ilo eclesiAstica
TEMPO PREMENTE
o Cim do ano chega sempre cbeio de múltiplas sugestões ...
Para vivê-l0 mais intensamente, poderíamos retomar o
ttnaI do Apocalipse. N& secção de 22.6-14, o autor nos coloca
cUante do Cristo, que há de rematar os séculos com a sua
vinda gloriosa. À medida. que os tempos passam, Q iniqüidade
se torna mais e mais requintada, planejada e inteligente: em
compensação, a santidade deve asswnlr densidade cada vez
mais carregada: _Que o lnjusto cometa ainda a injustiça e o
sujo continue a suj~! E que o justo pratique ainda mais a
justiça e que o santo continue a santificar-.se!~ (22.11). ~
eRJ)eclalrnente importante este apelo numa época em que não
poucas pessoas. perplexas diante da problemática do mundc> e
da Igreja, perguntam: «Que faremos? Não temOs meios para
acu~ a tantos desafios!,. :t: verdade que nenhum cristão pos·
sul recursos naturais para renovar a realidade que o cerca.
Mas, apolaclos no Apocalipse, podemos dizer: o que Deus pede,
prlmciramente, dos seus fiéis diante da iniqüidade progressiva,
é que sejam cada vez: mais santos, pois «uma alma que se
eleva, eleva o mundo Inteiro. (Ellzabeth Leseur). Existe, sim.
entre OS cristãos a comunhão das coisas santas, de tal modo
que quem possul 0$ valores t:ranscendentals em elevado teor.
os faz transbordar etusivarnente sobre os seus innãos.
Ser mais santo (a) ... Talvez isto não seja fácil num
mundo em que os valores da fé são concu1cados, ou num mWldo
em que os padrões do llbertinismo se tornam quase Imperativos
(nesse contexto contuso. o cristão não se confunde. pois ele
sabe que os critérios da verdade e do bem não são ditados por
maioria pleblscltãria, mas pela palavra de CrIsto, que está viva
no cOrp<I de CriSto OU na. S. Igreja). Doutro lado, poxém, os
tempos ingratos que vivemos são mais motivadores do que
tempos pacatos: precisamente os desatinos morafs levam os
fiéis a perceber melhor a enorme necessidade de apresentarem
ao mundo wn testemunho de vida coerente; a retidão e a fIde.
lidade atraem, porque se tomaram pêrolas raras e preciosas.
O pObllco está saturado de belos discursos; o que ele quer ver,
é a vivência destemida das verdades atinentes ao Absoluto; um
crlstio fiel e coerente com CrIsto na 19re1a possui a força
renovadora dos santos•... dos santos que, na humildade e em
aUtude de oraCio unida ao trabalho, abalaram o mundo e o
transfonnaram.
Essa vocação à santidade•... santidade que sacode e des·
~" é a de todo e qualquer cristão. :t: a tua, caro leitor,
eSpecialmente trazida à tua memória pela conjuntura de mais
um ano qUe passa!
. SANTO NA'I'AL E FELIZ 19851 E.H.
-441-
• PERGUNTE E RESPONDEREMOS •
Ano XXV - N9 277 - Novembro-dezembro de 1984

Sempre voltando i baIla:

Teologia da Libertação: Quatro Enfoques


Em slntne: A ravisla Italiana 30 GIORN1, maio 1984, pp. 41-51, publi-
cou qU.lro artigos so bre a T.ologla da Llbertaçlo (TL), de"l~$ a plllll
d os Prot. IAlberto Malhol Ferré, uruguaio, Juan Cerlos SCannona. argentino,
Georges Colllar. sulço. li Roeco Buttlgllone, Italiano; ve rsam respectiva-
mente sobra a origem e o desenvolvimento da Tl, sobra a3 quatro princi-
pais modaUdad.. desta, sobre a Imp0S8lvel -dupla fidelidade" a Cristo •
• Marx a lobra o conc»lto de "pobre proletarlo" em Mal)!: li no documento
de Puebla ,

AplanAI_mos . umarlamanta o conleOdo destes artigos: Alberto M.


Fantl traça. V6na.. da Tl • partir de dois conceitos: pobres li IlbertaçlO.
J. C. Scannona ptoplle tra~(js legltlmos, traços dlscull'le" • traços Inacel-
tIoveb da Tl, levando em conta "~clal o conluio que algun. dos aulora
da TL queram realizar ·com o marxismo, - Georgas Cottler te detém prlo-
çlpalmenle sobre o pansamanto da Guslavo Gutlé"lZ, no qual ale rec0-
nhece Cl anseio de combater a miséria latino-americana. como também a
adoçA0 preclpUada ti daninha de teses marxistas que dasvlrtuam a Intençlo
cristA do aulor, - Rocco Bultlgllona explana a diferença existente anlre o
pI'OIalUto de Karl Marx a o pobn do Documento de Puebla. desfazendo
aqulvocOl disseminados. propósito.

EIn .uin., os quatro.nfoqu.. ·"O de grande valor por proleta*" luz


lefeftI • profunda loble • complexa • amblQu,: temAtlca da n. .
• • •
. A Teologia da Ubertação (TL) está sempre em foca;
Parece provocada pela situaçio de ' penúria em que se àcha o
continente latino-americano e~ 'mais de' perto ainda, o Bra.sU..
Tainbém os .uropous .. lntere.sam pelo ....".to. desejosos de
colaborar na reestruturação da sociedade .dos nossoS ' p~.
. .. A propOslto a révt.sta jtaJlana 50 GIOmo, em seu número.
de maio de 1984, pp. 41-57, publiCOU quatro artigos sobre tp1
tem!t1oa., redJgldos por pensadores notivels: o urugualo Ál-
. I
-442 -
_ _ _ _.:'Tc.,.!O~A;;.LIBEP.TACÁO; QUATRO ENFOQUES 3

~rto Methol Ferré, fllôsofo e diretor da revista latino-ame-


rlcana NEXO, que trata da origem e do desenvolvimento da
TL; o arg~ntino Juan carlos Scannone. Decano da Faculdade
de Filosofia da Universidade São Miguel (Argentina). que dis·
tingue quatro correntes principais da TL; o prot. Georges Cot.
tier, docente de Filosofia Moderna nas Universidades de Gene-
bra e de Friburgo, que aborda o relacionamento da TL c;:om o
marxismo; e o Pro!. Rocco Buttiglione, da Ca deira de FUosofia
da Política na Universidade de Urbino, que considera a figura
do pobre no marxismo e na TL. Dada a especial importância
destes art.Jgos, vamos, a seguir, apresentar uma slntese dos
mesmos.

1. «FOI ASSIM QUE A CENTELHA SE ACENDEU.


Ipp. 43451
Alberto Melhol Ferré

1. A TI... se baseia sobre dois conceitos-chaves: pobres e


Iiberta<io.
Aos 12/09/ 1962, wn mês antes. de abrir o ConclUo do
Vaticano n, o Papa João XXIII afirmou: cOiante dos países
subdesenvolvidos. a Igreja se apresenta como é e como quer
ser: a Igreja de todos e, especialmente, a Igreja dos pobres».
Estas palavras tiveram ampla repercussfio, desencadeando uma
série de estudos sobre a pobreza no mundo e o desafio que ela
apresenta ao Crist1an1smo.
Quanto li. palavra cUbertacão», utilizada pela resistência
francesa que se opunha aos ocupantes nacional·soclallstas duo
rante a Segunda Guel"ra Mundial (1939-1945), entrou no vaca·
bulãr10 oficial da Igreja em fevereiro de 1967: foi assumida
pelo CEIAM no Dorumento de Buga (CoIOmbia) relativo às
UniversIdades Católicas em fevereiro de 1967. De Buga pas-
sou para os Documentos de Merellln (1968). Em novembro
de 1969, o teólogo peruano Gustavo Gutlérrez proferiu uma
conferência sobre o tema cNotas para uma Teologia da Uber·
tação»; nascia assim a expressão cTeologia da Libertação».
dotada imediatamente de grande voga e eloqüência. Tal expres-
são foi, aos poucos, recobrindo um leque de posições afins entre
si, mas não Idênticas, como demonstra o artigo de J. C: Sean-
none, resumido às pp. 445-448 deste rasciculo.
-443-
4. cPERGUNTE E RESPONOEREt.IOS. 277jl!$i

A TL despertou o interesse pela teologia fora dos Seminá-


rios, pois procurou relacionar·se estreitamente com as ciéncias
humanas da história, da sociologia, da economia, da polltlca.
como também com a praxe pastoral.
2 . Todavia a TL tem enfrentado problemas precisamente
por entrar em contato com tantas ciências. Em particular, é
questionado o seu modo de considerar o marxismo. PergWl-
ta·se: pobres e libertação exigem, sim ou não, o marxismo como
método cientifico? Para Gutiórrez. s!m; para Lucio J era, não.
Há quinze anos que se vem discutindo a questão sem que haja
novidade de um lado ou do outro. cAte hoje os teólogos que
assumem o marxismo, nunca deram uma resposta séria ao pro·
blema da Justaposição de teologia e marxismo. A énCa.sc colo-
coada sobre os pobres não é uma solução: dentro mesmo do
marxismo, Stalin e Trotski afirmavam estar com os pobres;
isto, porém, não impediu que Trotski acabasse seus dias com
um golpe de picão na cabeça.
A verdadeira questão, portanto, não são apenas os pobres;
hâ sempre algo mais. Muito freQ.lientemente os pobres se tor-
nam a capa para uma retórica que esconde a falta de respos-
tas. Não é legitimo usar o «grito dos pobres como alibi (deri-
vativo) intelectual para fugir da responsabilidade diante da
verdade. (p. 45) .
3 . .As variantes cristão.marxistas da TL, a principio.
eram de indole ultra.esquerdista. sustentadas por estudantes
que tinham em Camillo Torres e Che Guevara os seus modelos;
apresentavam·se tão radi<:ais que chegavam a ser antl·sovIé-
ticas. Todavia em 1913 fundou-se o movimento de «Cristãos
para o Socialismo», que abriu nova fase dentro da TL; esta
subordinOu-se à politica da Urúão Soviética e, entre as suas
expressões, move uma campanha de d1!amaçâo sistemât1ca con-
tra o Papa João Paulo lI, servindo·se de livros. revistas, arti-
gos, folhas mlmeografadas, etc.
4.Em suma, no binômio marxismo·teologia é geralmente
o cmarxJsmo» que absorve a teologia e a fé, e não vice·
peJo,
-versa. Mais ainda: é de notar que a ala crIstão-marxista da
TL guarda o mais absoluto sUênclo a respeito do marxismo
real, ou seja, o tnarxismo como ele se rea.liza em sociedades
concretas nos últimos decênios (Rússia, China, Polônia, Teheco-
.slQVâqula, A1bãnla. Hungria . .. l. Os apologistas de tal cqr.
rente Ignoram o marxismo histórico, prãtiro, e falam apenas

-444 -
T. DA LlBERTACÁO: QUATRO ENFOQt:ES 5

do marxismo teórico~ assim t:apagam a metade do mundo con·


temporâneo. Esse sllênelo é muito eloqüente. porque vem a
ser uma manobra polItlca» (p. 45).
t:Em atitude de serviço à Igreja e à verdade. é tempo de
ralarmos em 'Voz alta sobre \ai assunto. que rere toda a comu·
nldade eclesiah (p.45).

2. TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO: AS CORRENTES


PRINCIPAIS Ipp. 46-501
Juan Carlos Scannon&

Geralmente os comentadores observam que a expressão


t:Teologia da Libe11tlção» ê polivalente ou recobre um leque
de posições tcológlt:aS; dai a düicuIdade de discorrer sobre TL.
S pois. oportuno, antes do mais, tomar consciência dos diver·
versos tipos de TL existentes. Embora quase cada autor seja.
no caso, caracterizado por notas próprias. podem·se agrupar
as diversas linhas de TL sob quatro principais titulos, segwldo
o Prof. Juan carlos Scannone.

2 .1• Tl a partir da paIJoral da ISreia

Existe uma rorma de TL que adota, sim, o linguajar das


demais correntes, mas não entra diretamente em reflexões
sobre aspectos sócio.poUticos; não recorre à mediação socioana·
nUca do marxlsmo, embora não recuse levar em conta os dados
~tatisticos e outras contribuições das ciências sociais.

Procura ser fiel aos documentos de Medellin e de Puebla,


como também à hlerarquJa da Igreja. Os fautores desta linha
mostram ter consciência de que & hierarquia é guarda da Tra-
dição e do vincule) de unidade da Igreja; não lhe cabe envol.
ver-se em missões politlcas, as quais tocam propriamente aos
leigos católicos, que Deus chama para santificar as estruturas
deste mW1do por suas atividades seculares.
Diante desta posi!Wáo, pode·se perguntar: até que ponto
estamos rrente li. Teologia da Libertação em sentido estrito?
O vocabulário da TI.. pode ai constar,... todavia para exprl.
mir proposlcões QUê a Igreja não desabona, mas, ao contrãr1o,
reconhece como vãlidas.
-445 -
G .. PE RGU}.;'TE E RESPOr.lDEREMOS:. 277/ 1984

2.2. n a partir da praxe dos povos lati'no-am.ricanos

Esta corrente se deve ao teólogo Lúcio Jera. Como a


anterior, só impropdamente hoje pode chamar-se Teologia da
Libertação, embora em suas origens, após o Concllio, tivesse
esoo nome.

A principa l diferença em relacão às modalidades extrema-


das da TL consiste no conceito de povo. «Povo_, segundo Lú-
cio Jera e sua escola, não é entendido como classe (= a classe
oprimida pela estrutura capita lista), mas como realidade hls-
tórlco·cultural. _Povo. ê o sujeito comunitário de uma histó-
ria e de uma cultura, como ocorre quando se diz . povo Irlan·
dês, povo francês, povo português ... li

Sujeito de uma hl.st(.1'ia.. e não da. hlstória, isto é, sujeito


de experiências históricas concretas vividas por toda a comu-
nidade (assim as experiénclas da hlstória do povo brasileiro,
que são bem diferentes das experiências da história do povo
chinês).

Sujeito de uma c.ultun, isto é, de um esWo de vida, que


não se confunde com intelectualismo e alta filosofia. Esse
estilo de vida se espelha também em estruturas politica.s e
econômk:as próprias de cada época da história. Tais estrutu-
ras exigem atitudes éticas e justas, de tal modo que, onde não
haja valores éticos nem justiça, não hâ povo, mas, sim, anti·
pov<>o

A realidade histórlco-cultural de um povo inclui sua reli·


giosidade e as expressões de fé e clt!: piedade~ povo: no
caso da América I.atina, trata-se do pa.trimOnIo da. fé cristã,
que ê fundamental na história das respectivas populações. O
elemento especificamente religioso cristão dos povos latino-
-americanos é tido como dinamizador de toda a sua atividade
em prol da justiça. e da fraternidade.

Tal corrente da TI..., valorizando a história concreb\ dos


povos latino-ameri~os, em vez de ceder a concepções fil0s6-
ficas e abstratas, Julga que tem muito mais probabilidades de
atuar. com êxito na América Latina do que o mar:x1mto. Este,
propondo 8 secularizaCão da vida ou renegando OS valores I'f,ll-
glosos, fica longe demais da realIdade de nossas populatões.
- 446-
T. DA LmERTACAO: QUATRO ENFOQUES

2 .3 . TL a partir da P"". hist6rica

1. Esta corrente tem como significativo arauto o teó-


logo peruano Gustavo Guliérrez. É radical nos seus propósitos
de tranSformar as estruturas da sociedade latino-americana.
Recorre ao método de aná.li.se marxista da realidade como ele·
mento válido para obter o material que a teologia deve consi.
derar com seus olhos próprios. Essa corrente tem c:o pobre>
ou c:o poVO:. na conta de classe, segundo categorias do mal'·
xismo ou próximas ao marxismo; identifica, por conseguinte,
n práDs libertadora com a luta de classes. e a opção pelos
pobres com opção por uma classe contra a outra ; o amor cris-
tão, em tal caso, inclui oposição ou mesmo ódio aos ricos.

Tal modalidade de TL cede largamente à secularizacio. O


elemento «especificamente cristão:. da praxe übertadora seria
a consciência da salvação e a referência a Jesus Cristo, . . .
referéncia esta que não ofereceria senão novas motivações
para a luta, mas não daria um caráter próprio à ação social
do cristão.

2 . Aos autores desta corrente propõem·se algumas obje.


ções, a saber: não é posslvel separar entre si análise marxista
e filosofia marxista; especialmente é antropologia e o conceito
de história professados por Marx estão ligados ao tipo de aná-
lise da realidade que ele instituIu. Também não é cabive) dis·
tlnguir entre luta de classes e interpretação marxista da socie-
dadej sim, a luta de classes marxista tende a instaurar uma
sociedade violenta dominada por regime totalitário. AliAs, o
Dorumento de Puebla assinala os perigos que resultam do con-
luio da teologia com o método de anãlise marxista:

cAlgun$ crêem possível $eporOf diverso$ Olpoctos do mouilmo,


em particular suo doutrino c lua anóll:e. Recordamos com o Magislério
pontiffd~ que 'seria ilusória e pe,iogo!;o chegar (I esquece.. o nua
Intimo que os tme rodicalment.: oceilar os alem.nlos da onáli~e
mor.islo Sflm reconhecer lIun reloções com a Ideologia , entrar na
prática do 'uta de cios'" e d. sua interpretaçõo mondlta, dei.ando
de perceber o tipo de soct.dade totalitário e violento a qu. conduz
101 proceua·.

Cumpre lalienlar a.qui o fls~ de ldeólógi7<oClçÕo a que se expõe a


refLexão têOlágica. '1uando se realil.o perllnda de uma pr6xil quo re·
corr. 6 an6lis. mar.J.ista. Sua, (onseqüAncia, são o total polilb:ocão

-447_
8 ~PERGUNTE E RESPONDEREMOS ~ 271/ 1984

da existincio cristã. a dissolução da linouo.oem da f' na das dinc:ias


soQQis e o esvaziamento da dimensão transCendental da salvação
crilfõ. In' 544$ I_

Como se deprcende destes textos, o próprio Papa João


Paulo 11 rejeitou a utilização do marxismo na elaboração de
uma slntese teolõgica. A advertência do Sumo Pontifice, feita
na abertura da Conferência Episcopal de Puebla. foi renovada
no ruo de Janeiro aos 2/07/SO, em discurso proferido ao
CELAM,

c A libeflo(;ão cri,lõ u,a meio" evangélicos, com suo .ficcício


peculiar, e não recorre a nenhum tipo de violinc:io, nem à d ialética da
luta de claues ... ou à práxis ou an61ise marxista, pejo perigo de
ideologização a que se upóe a reflexão teológica quando se realiza
portindo de umo práxis que recorre g análise marxista».

2 .4. TL a partir do práxis dos grupos reYoludonários.

A mais extremada linha da TL tem como representante


mais slgnuiCa1.JVO o l)rasuell'O .t1ugo Assmann; inspu-a o movi·
rnt:nto C.CrlStaos para o SociaJismo:t.

Recorre à análise marxista como se fosse certamente cien-


tifica. Aumenta assim a. pnLDs de grupos cristãos poJJtJ.ca-
mente radlca.1izados e envolvidos em ação revoJucionár18 (não
necessariamente violenta) . FormUla as suas proposições em
IWlCão as prâxis revolucionária, perdendo o contato com a
traOl",ao crISta. Com outJ:as palavras: a fé, com suas expres·
soes e UlSUtwCUes, e cntJcada a partir da ação reVOlUcionária;
o critério da verdade, mesmo em materia de fé, ó a força
U'aflstormQaora que 81guma proposição possa ter.

Tal corrente se distancia da hierarquia da I&reja e do


povo fiel e tende a converter-se em wna «teOlogia transconfes-
$lOna!. (,eJém ou acima das confissões de fé cristãs) ou mesmo
esvaziada de conteUdo de fe propriamente dito. Tende a ..redu-
zir-se a mero âiscurso sociológlco de verniz cristão, poSto a
serviço da luta de classes. A prárls libertadora, em tal UlSO,
é destitulda de notas especificamente cristãs. Assim apaga-se
a diferença entre Igreja e mundo; realiza-se a total seculari-
zação do Cristianismo.

-448 -
T. DA UBERTAÇAO: QUATRO ENFOQUES 9

3. A «DUPlA FIDELIDADE. Cpp. 51-531

Georges CottJar

o Prof. Georges Cottier começa seu artigo observando


que se deteve especialmente sobre dois autores da TL. O pri.
metro é Hugo Assmann, com sua obra Opresi6a-Llberael6n.
desafio a I'M Cristia.nos: esta lhe p;1t'cccu ser c:uma releltura
marxista do Cristianismo, que leva.a uma secularização da fé ~ .
O outro autor é Gustavo Gutiérrez; este apresenta, de um lado,
o anseio de combater eficazmente a misêria dos povos latino-
-americanos; de outro lado, faz·se arauto de teses do mar-
xismo, aceitas um tanto precipitadamente ou sem juizo cr itico .

.t: o que induz o Prol. Cottler 8 renetir no~ seguintes


termos:

3 . 1. Algumas liçõ.s do história

Os autores da TL, esposando teses marxistas, parecem


estar revlvendo episódios do passado, nos quais o conluio redun-
dou não em proveito da tê cristã, mas. sim, em absorção da
mesma por parte do marxismo.

1) Tal foi o caso, por exemplo, de muitos inteleetuais e


homens de projeção que nos últimos decênios aderiram ao Par-
tido Comunista do respectivo pais como se fosse isto a única
maneira de lutar contra a injustiça que afetava a classe ope-
rãrla. - Ora, uma vez. chegado ao poder, o Partido e.lijou tais
homens e mulheres, tlrando~]hes a vida ou legando-os ao ostra-
cismo. Tenha·se em vlsta, entre outros, o ocorrido na Nlcarâ-
gua, na Iugoslavia, na Polônia, etc.

• 2) N8 década de 1950, vários sacerdotes se fizeram cpa.-


drP..s operários:t, inspirados pela louvável intenção de compar-
tilhar as duras condições de vida dos trabalhadores; tallnlcla-
tive, assim intencionada. só podia e pode merecer apoio. T0+-
davia esses presbiterm; fOram 80s poucos absorvendo teses do
marxismo que imperava naqueles ambientes. Julgavam poder
guardar dupla fidelIdade, ou seja, a fidelidade a Cristo e à
Igreja e a fidelldade ao marxismo; tal fórmula, porém, era
uma annadllha i tiveram finalmente que escolher entre Cr1s-
-449-
10 . PERGUNTE E RESPONDEREMOS,. m / 1984

tianismo e marxismo, e acabaram optando pelo marxismo e a


deserção frente ao Senhor Deus; o marxismo era.lhes apre-
sentado pelo Partido Comunista como sendo a consciência da
classe operária, de modo que, para ser fiéi s 80 operariado,
deveriam ser tiéis ao marxismo com abandono dos valores da
fé; a Igreja era-lhes apresentada. na doutrinação comunista.
com o falso rótulo de .. expressão Ideológico-cultural da classe
burguesa» (!).
Conclui Cottier: cPor conseguinte, o meu lU:eio não é
infundado, Quando considero a ingenuidade com Que generosos
teólogos acolhem na sua sintese de pensamento teses da filo-
sofia marxista, (p. 52).
Prossegue o aulor: . Dlr-me-ão que me prendo a fórmulas
sem levar em conta as Inten~ dos teólogos da libertação
que adotam tais fónnulas:». nn resposta, observa que as rór-
mulas não são .inocentes nem neutras,. mas fazem parte de
um sistema estruturado que, por SUa prática politica, exerce
colossal Impacto no mundo contemporâneo; existe uma coe-
rência l6Jnca entre as tónnulas e a práxis ou a a~ão revolu-
clonãr1a do marxismo no mundo.
A conseqüêncla destas considerações, segundo CotHer, é
que . a teologia da libertação pousa sobre uma contradição: de
um lado. a intencáo é cristã e se exprime mediante temas e
vocábulos da Biblla: de outro lado. porém. as fónnulas toma-
das de empréstimo. com certa precipitação, de tontes marxistas
lancam a TL na órbita do materialismo histórico:. (p. 52) .
Pergunta então Cottler:

3.2. Quais as teMs mandstol que entram na n?


São quatro as teses que afelam a TI.. a ponto de se tomar
o seu centro de gravltaçio.
,
1) t: necessá.ria a luta de classes. Para Marx, a luta não
ê um elemento casual (lU acidentai. mas. sim. um dado',cons-
titutivo e expllcatiyo da hist6rla: esta vaJ-se desenrolando por
torça da luta de classes: levando-a a tenDo. a classe operária
julga realizar a sua própria Ubertacão. Assim a história uni-
versal vem a ser a história da redencão e da dlvlnizaçãO" do
homem pelo homem.
- 450-
T. DA LmERTACAO; QUATRO ENFOQUES 11

2) Por conseguinte, o marxismo e, ~om êlê, a TI.... não


aceita meras refonnas econômloas e sociais, mas apregoa a
revolução ClU a práDs revoluciClnária. Quem não entra na revo-
lução com os oprimidos, é opressor.
3) O objêt.ivo da revolução é derrubar o sistema capi-
talista e instaurar o socialismo marxista. O vocábulo csocia-
1Ismo::- ocorre nos escritos da TI.. mas com certa impre~lsão.
O socialismo mao:ista, na verdade, estã inseparavelmente con-
jugado com totalitarismo; sim, de modo geral, nos paises êm
que o marxismo toma o poder, instaura o regime de um Par-
tido unico; este, afirmando agir em nome do proletariado, ins·
titul uma ditadura totalitária e atéia que não respeita os direi-
tos da pessoa humana. A TI.. se fecha no silêncio a respeito
do totalitarismo e dos métodos de violência que ele aplica às
populações dominadas.
4) O ReIno de Deus seja secularizado, isto é, despojado
de seus valores e de suas manifestações explicitamente reli-
giosas, para coincidir com o reino do homem na terra. A esca-
tologia cristã é transfonnada em escatologia terrestre s6clo-
-politico-econõmica; a expectativa da consumada vitória de
Cristo sobre o pecado e a morte no fim dos tempos ê substl-
tulda pela de uma ordem sócio·econômica em que todas as
asplracões do hom~m encontrem sua resposta.
Enunciados estes pontos, Cottier propõe uma

3 .3. Reflexão final


1) eNio se deveria falar de certa ingenuidade da parte
da TL? Falta a esta um exame aprofundado do pensamento
marxista1> (p. 52).
2) A TI... não pretende ser apenas uma práxis decorrente
do logos ou da contemplação das verdades eternas reveladas
por Cristo no Evangelho. A TI.. entende prbis no sentido
marxista, isto é, como ação revolucionária à qual está subor-
dinado o Jogos ou o racloclnlo; o critério da verdade não ê a
evidência teórica das proposições, mas o poder transfonnador
e revolucionArio das mesmas; a teologia e o dLscurso teológico
estio subordlnados aos imperativos da revoluçlo. cOriglnaria-
mente a 'n. não intenclonava chegar a tal conclusão. mas foI
levada a tanto pêla inexorável 16gica das teses marxistas que
ela adota sem prévio e suficiente exame. (p. 53).
-451-
12 . PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 277/1984

3) A TL ~ vitima de confusão entre o pobre da S. Escri-


tura e o proletArlo de Marx. confusão esta que decorre da assi-
milação precipitada e preconcebida de teses marxistas. - O
pobre na S. Escritura é o homem Injustiçado que tem o cora-
cão aberto para Deus e os valores da fé, inclusive os valores
transcendentais; el. Sf 2,3; 3,11s; Is 49,13; 57,14·21; 66,2;
SI 21,27; 33,30; 36,11,; 68,34; 73,19; 148,4; Mt 5,3; Lc 1,52;
6,20; 7,22; é. pois, uma figura profundamente religiosa , que
espera do Senhor Deus a sua resposta. - Ao contrário, o COn·
ceito de proletário. para Marx, l'l'Sulta de categorias filosófl.
cas; através dessa nocão, Marx queria traduzir aversão aG
mundo cristão da sua época. AliAs, o artigo de R. Buttlgllone
trata também deste assunto, comG se verá adiante.

4 r A conclusão final de Cottler é a seguinte:

. Em conclusão dlrel que a TL é trabalhada por duas CQrR


rentes que não se conciliam entre si: de um lado, a generosi-
dade das intcn~ões, c, de outro lado, a lógica das Idéias toma-
das de empréstimo à ideologia marxista-leninista, sem que
tenham sido avaliados todo o seu signtficado e as conseqUên.
eias destas. As Idéias são mais fortes do que as Intenções des·
títuIdas de sólidas bases intelectuais. Essa teologia, portanto,
é capturada por uma corrente Que tende a distanciá-la das suas
raizes eristãs:t (p. 53).

1.: nltida a poslCão do Prot. Georges Cottier, à qual, de


certo modo, faz eco a de Rocco Buttigllone.

4. QUEM SÃO OS VERDADEIROS POBRES Ipp, 54-571


Roeco Buttlgllone

A TI.. teve origem quando fallram as socIologias do desen-


volvimento, Que na década de 1960 lançavam wn olhar com-
passivo sobre os pafses latin~americanos; consideravam, p0-
rém. a Am~rlca Latina a partir do ponto de vista das nações.
abastadas ou ricas. Em tomo do ano de 1970 os estudiosos.
verificaram que a Am.~tiea Latina não é propriamente um
continente catrasado:t, mas um continente que tem seu ritmo
e seu modo de desenvolvimento pecullares por causa da funcAo
que lhe toca no sistema eçonõm1co mundial. A América Lta·
tina terá seu progresso diferente, fundado sobre o esforço soU-

-452 -
T. DA LIBERTACÁO: QUATRO ENFOQUES 13

dárlo dos seus habitantes e não sobre a exploraeão. Desta


intuicão surgiu o propósito de pensar na situacão da Amêrica
Latina a partir da. AméI1ca Latina, ou seja, a partir das espe-
ranças, das exigências e das energias que o pobre latino-ame-
ricano traz em si. - Foi esta a grande e posiUva novidade
que as Conferências Episcopais de Medellin (1968) e Puebla
(1979) confirmaram e explanaram, colocando em foco os po.
bres da América Latina.

4 .1. O proletoriado no man:lsmo

Tendo em vista 'la opção preferencial pelos pobres~ pro-


clamada pelos Bispos da America Latina, pergunta-se; quem
são os pobres assim considerados?

- Uma certa corrente da TL, utilizando a análise mar·


xista com seus conceitos próprios, identifica o pobre com pro-
letário marxista, tirando àquele vocábulo o signíficado con·
ereto e histórico que ele tem na América Latina. Com etel to,
para Marx, as categorias de c:proletârio. e « proletariado ~ são
categorias filosóficas mais do que categorias de sociologia e
economia. Sim; o jovem Marx quis renegar, de modo abso-
luto, o mundo cristão-burgués da sua época; para tanto cons-
truiu o conceito de proletário; este seria o homem no estado
puro. sem cultura alguma, sem moral nem religião. pols estas
lhe são incutidas pela distribuição do trabalho nas fábricas;
por isto. o proletariado não tem nação. nem moral nem reU·
giáo. Tal COOCéltô resulta da no:ão materialista de história.
segundo a qual o elemento que determina a existência humana
é a produção dos bens materiais necessários à existência e â
reprodutão da vida. Este principio. menos evidente em outras
categorias da sociedade, se toma patente de maneira brutal
na vida do proletariado.

Assim o conceito filosófico de proletário. formulado por


Marx. vem a ser a expressão do ódio deste pensador para com
a civUização européia impregnada de Cristianismo.
Notemos, pOrém, qUe o próprio Marx reconhecia que o
proletário real nAo chega a ter consciência de ser a «negação
absoluta~ da ordem de coisas existente. Geralmente o prole-
tário real tem sua cultura, sua moral, sua religião e SUB filo-
sofia de vida. Verdade é que o marxismo considera estes
-453-
H .. PERCUN"I'E E RESPONDEREMOS,. m / 19M

dados como «residuos de pequeno burguês. que permanecem


dentro da mentalidade operária. Como, quer Que seja, porem,
é em torno de tais valores (cultura. fl1(Iral, religião, filos()..
tia . . . ) que se organiza a vida do operário. Oeve-se mesmo
dizer que a cultura do operário, espontaneamente impregnada
de elementos religiosos, vive em luta continua contra as cor~
rentes que tendem a cancelá~la.

4 . %. Os pobres Hg"'ndo Puebla


A interpretação marxista da realidade latino-americana
part~ da ànãlise das estruturas econ6micas e procura deduzir
destas O comportamento dos homens. especialmente dos operá.
rios. Ora a Conferência dos Bispos reunida em Puebla adotou
outro procedimento: procurou compreender o homem latino-
-americano a partir das rnizes da .sua cultura; procurou pene-
trar no coração e na consctência do pObre para compreender e
compartilhar os valores e as aspiraç6cs desse homem. Esta con~
sldcração levou à conclusão de que o pobre real-existenle (à dife_
rença do imaginário da teoria) é um homem profundamente
cristão; os critérios pelos quais ele orienta a sua vida, s.ão os
que lhe foram conntnicados durante quase quinhentos anos de
evangelização. Quando ele entra em lula imposta pelas cir~
cunstâncias, trata-se de uma luta em prol da justiça c do res-
peito à dignidade humana, e não de uma luta de classes em
sentido marxista.
lt certo que a religiosidade popular latino-americana resu1~
tanle da evangelização á muitas ve:zes ofuscada e desviada
por elementos espúrios ou superticiosos. Não obstante, o D0-
cumento de Puebla quis colocar em foco a religiosidade popu-
lar na medJda em que ê uma profunda meditacão sobre os mis~
t érlos do nascimento, do amor e da morte do homem ilumi-
nados pela luz de Cristo.
Assim Puebla restituiu ao homem latino-americano a sua
cultura e a sua história ou a sua Identidade. Isentou-o de
representar o papel de uma das fJguras do drama de cons-
ciência do infeliz Intelectual europeu ou europeizante. O pobre,
segundo Puebla, não é mera negação ou contestação, pronta
a descarregar do tundo do seu coração o incêndio revolucio-
nário. Mesmo atingido pelo SOf.rimento, o pobre é dignidade,
ternura, amor, ... alegria e festa. :t.: uma pessoa que merece
respeito e que não pode ser sacrltlcada a um projeto histórico
revolucionário.
-454 _
T. DA LmERTACAO: QUATRO ENfOQUES 15

".3 . Conseqüindas do confronto: a renovação &egUndo plJebla


1 . A comparacão entre o conceito de proletário em Marx
e o de pobre em Puebla não implica Que as exigências da jus-
tiça e da renovação social sejam atenuadas. Mas influi no
modo de conceber a renovação social.
O caminho ~a llbertacão na América Latina já começou
hã muito ou desde que se prega o Evangelho neste continente.
Náo há duvida, tal caminho foi distorcido e desfigurado pelo
pecado dos homens, mas, todas as vezes Que se restaura a fé
no coração dos agentes da história, reluz de novo a imagem
do homem com as suas exigências de justiça e os imperativos
de renovação.
Assim, em lugar da prospectiva marxista de «revolução
totaI:. entendida como completa ruptura com o passado, Pue·
bla propõe a prospectiva de ressurgimento ou revoluC"d,o como
retomada de vigor dos vaiares fundamentais cristãos que a
evangelização colocou no âmago do homem latino--amerlcano.
A perspectiva de Puebla parte de um valor positivo, ou seja,
da consciência da presença misteriosa e sensivel de Deus na
história da América Latina (presença recordada, de aJgum
modo, pelo semblante mestiço da Virgem de Guadalupe,. É
esta presença Que dinam1za a caminhad& do homem latino-
-americano e que deve ser, antes do mais, levada em conside-
ração quando se trata de esboçar o futuro do continente.
2. Na perspectiva marxista, a libertação do proJetAria é
o resultado da dialética das forças produtoras e das relações
de produção que se reflete na tuta de classes. À Igreja não
compete funçio alguma. Apenas se lhe pede que não estorve
o esforço revolucionário mediante os seus inoportunos apelos
à misericórdia, ao perdão, ao respeito da dignidade de todo
homem (qualquer que seja a sua classe social).
Diverso, porém, é O papel que toca à Igreja se, com Pue-
bla. procuramos entender o homem latino-americano a partir
das suas raizes culturais. Compete então à Igreja a tarefa de
reavivar a consciência da prt!Senca de Deus subjacente a tal
cultura; compete-lhe resguardar OS valores inerentes a esta e
de:es deduzir as conseqUências éticas para Que a luta em prol
da verdade e da justiça se desenvolva organicamente. com res-
peito 80 ser humano e aos seus direItos. Desta maneira se
atingira. a autêntica llbertacAo do pobre latino-americano.

- 455-
16 cPERGUNTÊ E RESPONDEREMOS,. 277/1984

5. OBSERVAÇÃO ANAL
Após apresentar ti. sintese dos quatro artigos de 30 GIORNI
nestas páginas, ocorre à reda!:áo de PR uma observação final.
Independentemente da TL. a Igreja tem uma mensagem
multo concreta e eCicu frente ao proolema da justiça social
no mundo inteiro: é a Doutrina Social da Igreja, fonnulatla
em cncicllcas ou outros documentos dos Papas desde a Rerum
Novarum de Leão XW (1891) até e. Laborem Exercem de
J oão Paulo 11 (1982). Esta Doutrina abrange os pontos con-
cretos da problemática com clareza e precisão, apontando as
pistas de solução autenticamente cristã para tais situações.
Trata-se de proposições deduzidas logicamente das premissas
da fe cristã, sem desvios ou mesclagens deformantes. A Dou-
trina Social de. Igreja substitui com vantagem as correntes
ambíguas ou espúrias da TL. Acontece, porém, que o grande
publico freqUentemente julga ser a TL a resposta católica para
H problemática social, de tal modo que não abraçar a TL pa-
l "eCe o mesmo que ficar insensível às exigências da justiça no
mundoi o publico pouco esclarecido sobre a TL abraça qual-
quer corrente da mesma sem se .dar conta de que, com isto.
pode estar até apostatando das verdades da fe católica, em vez
de lhes dar seu apoloj pode estar favorecendo o marxismo com
detrimento do Cristianismo. Daí a necessidade não só de aler-
tarmos os lnteressados sobre o que é a TL, mas de propormos
em termos exatos as grandes teses da Doutrina Social da
Igreja: esta é a própria Moral do CatoliC!ismo aplicada aos pro 4

blemas sociais de nossos tempos sem mediatõe!; heterogêneas.

• • •

A551NATURA ANUAL PARA '985

Sendo paga até 31 de dezembro de 1984 .. Cr$ , 2.000.00


,
(VAlida para todo o ano de 1985)

I Sendo paga a partir de ,. de Janeiro de 1985 Cr$ 15.000,00


.,

-456-
ES.pefava-se .. .

Teologia da liberta~ão:
Palavra Olicial da Igreja
.Em aí"la.. : A ~Instruçlo .. . " emanada da Santa S6 aos 8/ 08/~
sobre a Teologia da libertaçlo (TL) moslra claramente que
1 ) A Tl nlo é limplasmanta a r.sposla crlltl ao problema das InJus-
tIças socIais. Quem estuda as obras dos teólogos da Ilbertao;Ao (lntellzmenta
o grande p';'blk;o, Informado ape nas pelos jOrna is, nlo as conhece), verl-
rica que $8 tr. t. de algo .aMI: dife rente: a Tl. na medida em que rtcorre
! análise marxista. vem a ser uma relorm utaçio tolal do Crlsllanllmo; em-
bora se slr'18 de vocâbulos • expl'essaes de l"OIogla. prop&e um Cristia-
nismo secularizado, laIcizado. a-,eIl91O$O e pol1ltz.ado (cf. Tllul0 X. ns. 12-14) .
especialmente o conceito de "lula de classes- privilegia uma classe
(a dOS pobres, ente ndidos no sentido marxista da "proletarfado· . e nlo no
sentido blbllco) contra ou Ira clasu, lida como pecador., oondenada ti
exçlulda das ~embl.lu da çull0. Isto çertamanta çonlradlz • lnlançAo
da Crlalo, q ue 101 • de cNmar todoa os homens Irnflstlnlamente 1 con-
varllo do coraçAo para que hala eslruturas :sociais Juslas a IraternlS. t: o
malerlallsmo ma rxl$ ta que faz as çonscl6nclas depender das estruluras
soelals, ao p.sso que °C, l$llanlsmo faz as estruturas depandar da çons·
c/Anela dos homeru.

2 ) A Igreja, çondenando os e rros d. TL. nlo 6 Insef1$fvel • questlo


.oclaL Desde leio XII I <e"dcllca .....rum Nov."..... 1891) · .16 Jo&o
Paulo n. os PIpas têm formulado as normas da ~1Ic:a aoelal decorr.nlas do
Evangelho. Deve-se mesmo dizer quo • Doutrina Social di Igreja atenda
melhor aos Inlelesses dos pobres e inJustiçados, porque respeita a pessoa
humana. nlo diasemlns nem o ódio nem a luta de c1...... que ,6 .erwm
SNra garar Odlo e violência. Ali As, • experiência de povos reglClca por
govemoa 1olalllérl01 de esquerda bem demonl lra que os prlnclploe marxll-
las "o lIus611o., pola nAo libertam, mas tnstlluem nova forma de escra-
vldlo loclal. tuMIdo do Estada o granele Clpllalist.. do qual cada cldadlo
depende par. eSludar, 8ftr Informado, locomovor-ee, conseguir empreoo,
lobrevlver ...

• •••
Com a data de 6/8/84 foi publicada uma IJInstr"ução sobre
alguns aspectos da Teologia da Libertaçãoa aprovada pelo
Santo Padn João . Paulo II e assinada pelo Cardeal Joseph
Ra1.z1nger, Prefeito da S. Congregaçio para a Doutrina da Fé.
-457 -
18 «PERGUNTE E RE$PONDEREMOS. 'm/1984

o documento veio esclarecer, de maneira abalizada e serena,


R difícil temática, de modo a merecer consideração da parte
dos fiéis católicos como também do grande público. Eis por
que, nns páginas seguintes, apresentaremos uma slntese obje·
tiva e fiel do mesmo.

INTRODUÇÃO
o documento 10 abre expondo o prablem61ico elJl paulo.
A misério e os c.ondiçõel lub·humonol em qve vive," num erosos
populaç6es, tim chamado especialmente a atenção dOI te610go$ dos
últimos anos, levondo olguns o elaboror sistemas teol6,gicos tendentes
o promover o liberloçQO de tais grupos humanos. Visto que delyiol
e errai s. têm registrodo em tais coneepções, o S. Congregoçõa poro
o DoutrillO do Fé se yê obrigoda G apontor eues elementos preludiciois
Q f6 e ô vida cristõ,

Tel adyerlincio. poré m. niio signifko desoprovatiio do trabalho


r.eoliz:odo por muitos fiéis em fovor dOJ Irmãos pobres e Jofredoroli
ao contr6rio. a Igreja não deixa de exortar seus fithos o que, guiados
por fé elçlo:recido, se empenhem em pro:l dos irmãos deserdodos e
perseguidos. '

I. UMA ASPIRAÇÃO
A ospiraçCio dos povos a \Jmo vida condizente com ( I dignidade
humana vem a ser um dos sinais dOI noSlOs tempos. E plenamente
lu,tUteoda pelo fala de que o homem foi feito à imagem e semelhança
de Deus e chomado à liIiacão divina. Por conseguinte, todos tlm
direito o ser respellodos _ a que implica a extinção de gritante.
desigualdades entre rk:os e po"res, o fi.., de qual.quer farma de colonio-
IlImo e o cultivo do lolidoriitdode e da eqüldado nos Intercâmbios
intemoQanois.

11. EXPRESSõES DESTA ASPIRAÇÃO


A alplroç60 pera justico toma hoje em dia expressões variado ..,
dos quais alguma. v'm c;onlogloda. por ideologia. que per""t.m o
... u .en,ldo, pr.gando melas de 0,..60 qve Implicam o re<tH'O s1lt.m6_
fico b viol'nda e derrogam 00 re.p.ito devido õ penoa humano, .ão
optas a fru ,tror moi, do que a promover os populoc;:ões carenle.. DoI
a neceuidada de discernimenlo no locon'e à. eXpressões da osplr8cão
à libertac;:ôo.
-458 -
T. DA LIBERTAÇÃO: PALAVRA OFICIAL 19

111. LIBERTAÇÃO, TEMA CRISTÃO


Entre os cridãos, tol aspiração suscitou, entre outros, o movimento
conhecido cemo deologia der Libertação» (TL). Esta compreende um
leque de correntes teológicas diversificados, qUe hõo de ser considera-
dai à luz do Revelação Divina oulenlicomente interpretada pelo
magistério da IgrejCl 1,

IV. FUNDAMENTOS BIBlICOS


Encontra-se nas Escrituras s61ida fundllmentllçao poro anseios de
libertação. Com efeito; nelas lemlls que Jesus Crido nos tibertou do
pec.ado e outorgou o vida nova do graça, que nos torno livres da
escravidão do pecado.

As leolooios do libertaçõo recorrem aMplamente à narração do


livro do ElI:odo. Esto, porém, não significa liberlar;ão de nalurexo
prevalentem ente político, pois implica a constituiçãe do povo de Deus,
que celebrou Alianço com o Se"hor no monte Sinal. O fixado do Egito
(século XIII a . C) foi roferencial ulilixodo pelos Profelos poro predizer
o fim do cativeiro babilônico no século VI a . C. Aliás, toda a lite,oturo
profético é marcada por apelos à justiça e à solidariedade, em defesa
do viúva e do érf(io, oprimidos por ricos poderosos.

Semelhon'es exigências encontram-se no Novo Testamento. O di,.


curso dos bem-aventurancas. par exemplo, tlpregoa a felicidade do,
que t~m um coração de pobre Id. Mt .5,311 o pr6prio Jesus, feito
pobre por nouo amor. quis idenfificor. se com todo homem sofredor
(d, Mt 25,31.461 i al~m do quI, incitou os $eU! diKlpulos a serem
misericordiosos como o Pai é misericordioso Id, Lc 6,36).

cA Revelação do Novo Testamento nos ensino qve o pecodo é o


moi mais profundo, que alinge a homem no cerne d. sua personolidade.
A primeiro liberlocõo, ponlo de referênda poro os demais, é o do
pe(odo~. Não se pode, por'm, restringir o ccnc;e;lo de pecado àqullo
qUe se denomino cpecodo sociol». Tomb'm não ê licito .iluar o mal
IÍnico ou prlnçlpolmente nas estruturas econ6micos, sodais ou politicas.
como UI todos OI oulros moles tiveSMm neue" estrutural a suo causai
mudodcu tais eslruturos, apareceria sobre a t."a um c hamem novo~,
se,gundo dix.", teólogos do Iiberlocão. No verdade, , o Inveno que

I Ver I prap6l1lo o artigo deite fuclculo, pp. 442....58.

-459 -
20 cPERCUNTE E RESPONDEREMOSp m / 191M

se ... erjfka ~ as e ltruttlro s, boas IOU min, sãlO fruta da ocêio do homeml
vêm a fer c;onseqü!ncios antes de ser causas. A roi:t de ladlO mal so
encontra no coração do homem , que deve ser convertido pela graça
de Jesus Cri.lo poro avir como novo criatura no amor ao próltimo e na
busca efica~ do justiça.

V. A VOZ DO MAGISURIO
Para responder ao desafio lorlf;ado Ô nossa época pelo opr.nõo
e o fom e, o Magistério do Igreja tem lembrado insistentemente 05
principia s do ttico cri·IÕ . Tenham-se e m visto os pronundolTMln las
pontifícios «Moter e l Moglstro» e c Pocem in Terrin de João XXIII,
e PopulOfulI'I Plogressio_, «Evongelii Nunliandi» e «Oc1ogesima
Advenien u de Paulo VI, c Redemptor Hominin, c Oi"es in Misericordio»
e daborem Exercenb de Jo2io Ptlulo 11, além de numerOIOI discursai
papais e Dedarações de Conferências Episcopais. A c preocupociío da
Igreia pelo promociío humana traduziu-se também na criaçõo da
Pontifícia Comissão Justiça e Pau.

VI. UMA NOVA INTERPRETAÇÃO DO CRISTIANISMO


cO zelo e o compoiJtãa dos paslares correm. por vezes, a rÍ$~o
d. ser desviados para iniciativas não menos prejudiciais ao homem do
que a própria miséria que se ~ombo! u:

«Assim aconlece que alglln., dion!e do urgindo de repartir o


pão, tão lenlados o adiar para amanhã a evongelização : primeiro o
Pão, mais lorde a Palavra. Ora 6 erro 10101 separor o. duas coisas olé
chegar a opô-Ias enlre si»; protiquem-se uma e oulta .

cA outros parece que a lula para abler jusliça e liberdade huma ·


nal, entendidas na sentida econ6mico e polllíco, constitua o eneneial
• a totalidade da salvaçõo. Paro elles. o Evangelho .0 reduJ: Q \/ma
boa-nova meramente terrestre_o

Estai poslcões doulrln6r1os redundom numa re-interpretação global


da mensa,gem do Cristianismo; vim o ser a negacão prõlica da
tomando empredados ao marxismo elementol ideol6giCCls li recorrendo
f'.
a teses de hermenêutica bíbli.ca. marcada pelo racionalismo. E precisa·
monte tal modalidade de teologIa da liberlaciío que a Itutrucão pensa
Q consIderar mais detidamente nOI seus inci~s seguintel.

-460 -
T. DA UBERTACÁO : PALAVRA OFICIAL 21

VII. A ANÁLISE MARXISTA


O. teólogo5 que .e valem da análise marxista, a5Sim racioc:nam ,

Todo situação explosiva exige imediata ação efic.oz. Tal efk6cia


requer prévio análise cientifico dcu causas estruturais da misério . Ora
o marxismo ofere.:::e um instrumental para elSa anál1le. E, pois, necelSá.
rio aplicó·lo à situat;co dos países subdesenvolvidos, indusive da
América Latina.

A propósito oble""'e ·se'

o conhecimento cientifico de determinodo situoçõa é, sem dúvido,


pressuposto poro eficaz transformação sodol . Acontece, porém, .q ue
o termo c denfífico, exerce uma foscinac:õo quase milita. Nem ludo o
que o,'enla a eliquelo de científko, é necenariomenle falo Por isto a
aceil.ação do método de análise marxista d ....eria ser precedida de um
exame critico, eXClme este que Iliio é realizado pela teologia do liberta·
ção em foCCl . - Sabe·se que O marxismo é umo con,epçõo globaliza.nte
do mundo, cujos componentes são todos inspirados pelas mesmas
premissas mQte,ialistas e Qtéias, por conseguinte, não se pode a ssumir
11 anólise marxista do sociedade sem o5Sumir 00 mesmo tempo os seus
principias onlicristãos. Verdade é que o pe nsamento marxisto e ...oluiu
nos últimos decênios, dando origem o linhas di ...ersos ICI do Rússia,
a da China, a da Albânia, a da lugoslá... ia . • . I; na medida, porém,
em qUe tais correntes se mantim marxistas, .:::ontinuam vinculados a
lese.s fundamentais incompollveis com a coneepeão cri,tã do homem
e da sociedade. Por cCOIeguinle, quem pretende integrar em sua sínlese
teológica tal elemenlo do marxismo dependente do ateísmo e dg
materialismo, com ele de$astrosas contradições.

o crh'rio do ...erdGde, em teOlogia, não pode S4tr ~e nõo o men-


sagem de fé transmitido por Jesus Cristo. l à lu% da fé .q ue se d .....
iul;ar o grau de validad. dos proposlcões d.e outras disciplinas refe-
rentes 00 homem, à hislõ,io e 00 desllno deste. Quem esqueu isto,
realiza limplificações e confusões em leu sistema teológico.

Do que acabo de .er dito, se depreende também que as f6rmulal


oriundos do marxismo conservom a sivnificocÕo que receberam no
coutrina marxista original. e o que ocontece com a expreuõo .. luta
de dosses'l continua impregnada da Interpretação que Marx lhe deu
e não pode ser tida como sinónimo da f6rmula cconflilo .odal agudo ~ 1
quem Qulm julgaue, alimentaria g.o.... mal...ntendido na m.nle de
seus leitores.
-461_
22 .. PERGUNTE E RESPONDEREMOS~ 2'n/l9&1

VIII. SUBVERSÃO DO SENSO DA VERDADf E VlOUNCIA

A teologia do libertação, assumindo elementos do mondsmo,


chego a conclusões incompatlveh com ° visão cristã do homem.

Assim, na lóg iect do pen,amHto marltisto, a análise da saciedode


feita por Mau. é insepatóvel do práxis revolucionório. Em conseqijlncio,
s6 pode fOler uma corf~ to onálise do sociedade qu~m participa do
combate revolucionário. Oro a participaçõo no com bale iOfma a cons-
ciência do individ uo e vem a ser poro ele critério da verdade. A
verdade, por conseg uinte, é portidário; é o verdode da classe; só é
verdade o proposicõa .que contribuo poro transformar o sociedade.

Mois: co lei fundamenlal da hiilório, que é o lei da luto de


closses. implica que (I sociedade estejo fundado sobre o violência, A
violência que constitui a relacüo de dominacõo dos ricos ,obre os
pobres, deverá corresponder a oonlraviolêncio revolucionário».

A luto de cloues 6, pai" apresentado como lei objetivo e nec.nó-


ria. Quem nela entra, do lodo dos oprimidos. doz a verdade .., 1;09.
c;ienlificomente~. Em conseqüêncio, o concepção do verdade eslá ligado
à violência necessário e, com iSlo, 00 omorolismo político) os conceilos
de bem e mal ,ao totolmente Irandormodos nesse contex10 ou, melhor,
deixom de existir dentro do ótica do [ulo de danes.

IX . TRADUÇÃO .UOLóGlCA. DfSTE NOCLfO


IDEOLÓGICO

Como 141 pode perceber dos anlecedentes, o ,i5temo do leologia


do libertação extremodo vem o ser a perversõo do mensagem cristã,
qve 6 poslo em xeque não em um ou outro dos seul olpodos, mos no
suo globolidode. VejCl.se mais precilClmente (amo islo ocorre:

01 O principio da lulo de dasses oplicado à Sociedade ec:lnial


divido a l1Irejo. Esta é cindida pelos Clraulos do TL em Igreja do povo
e Igreja do hi.rorquio ins1itucionol ou [grejo dos pobres e Igrejo dos
rico., o 101 ponto que não querem aceitar alslaoJ ricos e cristãos pobre ..
no mesmo celebração do culto do Senhor,

b)O conceito de lula de cloues dá valor socrol e absoluto ô


hlst~ria.Eslo le lorno um elemenlo Gentral no concepeão da n l «DiluI.
se fez histária». Em eonse~üincio, tais leólogos rejeitam a distinção

-462 -
T. DA LlDERTAC)W: PALAVRA OFICIAL 23

entre história da salvacão li história profana; monte; ta! cli11jncão


seric ccir no dualismo. Tendem deste modo a identificor o Reino do
Doul c;om o movimento de libertação humano; na história se darie Q
auta-redençao do homem por meio do luta de classes.

«Alguns chegom e identificor o próprio Deus com o história e ti


definir o fi como ' fidelidade à hhtória', o que significa fidelidade
comprometido com uma prótka poll1koa, prgtica relacionado com a
lnstauroção de um mouianhmo lou de umg salvl:llçõo messiânico I
meramente temporal.

cl PDr conseguinte, a fé, a esperan§a e ti caridad. rec;ebem


novo signiflCodo: sao «fidel idade à história», «co nfiança no futuro a,
«opçõo pelDs pobres». Isto equivgle O negar o conteudo leologal dOI
mesmos. A caridade a$5im entendida eJCige do ((blao participação no
luto de clouesl quem queira amar todo homem, de qualquer cloue
social, ou quem queira entrar em diólogD por via nõo violenta , eslá
lomondo atitude contrário 00 verdodeiro OMar; pOf pertencer objetivo-
menle OD mundo do: rico" O rico é, antes do m(lis, um inimigo a com-
bater. A universalidade do omor 00 pr6ximo e (] fralernidade só terão
valor quando da revoluçêio vilorioso surgir o chamem novo».

di «Oelfo. concepções derivo-se ume polltlUl§Õo radicol dos


afirmacõel do fé e do, iuitol leoló,gicos. Nõo te trola apenas de
chamar a otenção paro OI connqüê"óas politicas das verdodes do fé,
mo. de subordinar qualquer afirmação da fé °
critirio$ pDliIicos, q\le,
por suo vez. depoéndem do teorlo da luto do clones entendida como
movente do hi.tÓrio_

e) A 19rolO, nosta perspectiva, é encalada como sociedade


inlOrida no história e sujeita, também ela, às leis que governam a
evolufião histórica na IUO imanência. Assim se deslr61 · a realidad.
especifico da Igrejg, que' locrgmento e mistirio do fi.

f) O cDnceita de &pobrea da 81blio é confundido COI'II a de


«proletório» de Mor)!. Perverte·se entõo o sentido escritlJrlstico de
. pobrea. parqlJe se lhe dá uma colorocõo politico que ele não lem; O
pobre na Blblio i. (lntes do mois. o amigo de DOlJs, ao pano qlJe o
proletório de Mor,. nóo tem rellgiõo I. A Igreja dOI pobres tornCl-se
então Igreja classista, que tomou consciinda da necessidade do com-
bat. revolucio"Órl0 • .que celebro (I sua luta no liturgia. «O povo Idos
pobresl ouim entendido chego a 'ornar-se, para olglJns, objeto d. fb.

1 V.r p. <453s dee'e laeclculo.


- 463
24 "PERCUNTE E RESPONDEREMOS ~ 277)1984

g) A concepcoêio de clgteta do povo. implico uma erilicCl deu,


pr6prlos estruturos da Igreia. . . Crrtica que nCio é apenas cOfrllCãQ,
fraterna dirigida oas po,tores da Igreia# mas implica pôr em xeque a
eslrulura sacramenlal e hier6rquica da Isreia tal cama a quis o pr6prio
Senhor, a hierarquia e o magisléria sôo denunciados como represen-
lonle. do clane dominanle, que é preciso combaler. Islo equivale
einda a dizer que o povo é a fonle dos minhl~rio5 e portanto pode
e5colher os ministros que lhe aprazam, de acordo com os necessidades
do sua .... inõo revoludon6rio.

X. UMA NOVA HERMENWTlCA


Em conse,qüincio do q\Je foi dito, cos teólogoJ quI!' não com·
partilham a n. a hierarquia e sobeetudo o magilterio do Igreja são
desacreditados de antemõo como pertencentes à claue dOI opre,.orel .
A teologia deles é uma leologia de claue. OS 10US argumentos li
ensinamentos, portanto, não merecem ser ••aminados, uma vez que
refletem .ímplesmente os interenes de uma clone. Por iSIO, decreto ·se
que o discurso deles é. em principio. folso • .

01 Disto se sl'gue que' extremamenle difícil, se não impoulvel.


conseguir com alguns teólogos da libertocão um verdadeiro diálo~ol
lais te610g05 portem da premiJlo d. que o clone revolucionário é o
única portadorCl do verdade. Os critérios teológicos da verdade são
subordinados aos Imperativos da lula de clG5SI!S. Nesta perspectiva
substitui-se a artadoJ!iia pelo ortopraxis; esta é que vem o Hr o aitório
da verdade. Ora a matodalogia teológica sadia admite precisamente
e contrário, a próxis ou <I ética é de<:orrinoa da f. ou do Iogas •
constitui uma expressão vivenciada dessa fé; a ortopraxis decorre dOI
ortodoxia, • não vice-versa.

bl A doutrina sodol do I"reia é reieilado com desdé m; eslo,


dizem, procede da ilujão de um possível compromiuo, próprio da.
claues médias, dMtituidas de senso hidórico.

cl As premissas do n levam a uma re-Ieituro essendolment.


político da Escrituro, que sugere OI seguintes conclulões:

- o jxado do Anti"o Teslomento lem imporlâncio m&xima


enquanto libertacão da escravidão político. Também a Magnlflcat de
Mario SS. , privUegilldo comll expressão de exoltocão poliliCCl . - Oro
a eno não eit6 em realçar a dlmenlão política dos narrações blbliep'i
mal em fozer dedo dimens60 a principal e exclusivo;

- 46<\-
T. DA UBERTAC.\O: PALAVRA OFICIAL 25

- O messianismo é entendido em terMOs Seculares e meramente


imonentes à história deste mlJndo:

- é silenciado a concepção da cncomot;õo do Verbo, q\Je, como


homem, morreu e ressuscitou em favor de todos os homens; em seu
lugar, aporece a figura de Jesus como símbolo .que "s\lme em si OI
....igindos dos lutos dos oprimidos;

- quem se afasta do magistério da Igreja, afasta -se o\ltomotica-


menle do Trodicãa (do qual o Magistério nã o é senôo a porta·vo:t) . Em
canuqúência, os teó logas do lib ertação se privam de um critltrlo tea·
IÓ,glco euenciol e acolhem no vallo Os teses mais radicais do exegese
racionalista. 'ropugnam entco. sem eSJOirito critico, CI oposicáo entre
o «Jesus do história:. e o cJesus do fé> I_ Re;eitando o Jesus do "
dóuico e tradicional do Igreja (embora wnsl!:rvem a let.a das fórmulas
de fé dOI Concilias', pretendem chegar ao conhecImento do Jesus do
história ou do Jesus real o partir dCl ,xperilncia revolucion6ria do lula
dos pobres peta suo libertação. Tal experilncio, e só elo, revelaria
o conh edmtmto do verdadeiro Deus e do Reino;

- propõe-50 aulm uma inlerprelacõo exclusivamente polltica da


morte de Cristo. Nego·se o seu valor salvífico e todo a economia da
Redenção,

_ de modo gerol, a novo interpreto(õo reatilo o mversão dOI


slmbolos: par exemplo, em vez de ver no ~xodo. com Sôo Paulo
liCor 10,1. 04), uma figura do aatismo, fazem do Batismo um sfmbolo
da libertação palítlco1

- em virtude do mesmo crit6rio de interpretaçõa, os reloções


entre a hierarquia e a . bose , do Igrefo tornam·se relaç3es de dom!·
nadio quo obedecem li lei do lula de clasles. 1: simplesmente Ignorado
a soeramentalidode que edó na foil: dOI mlnldériol .cfesiais e que fOl:
da Igreja uma realidade mbtico Ique nõo s. pode reduzir a dimens5es
meramente IClciCllóglcos',

I · Jesus di hlsI6".- seria Jesus como. de ralo, ."Iveu na Pal..llna '"


quase vlnle "cuia.. "JuU& da "lO seria JOIUB como foi concebidO pela f6
e pela senlO mlatlco doa dlsclpulaa: OItes terlam criada uma Imagem de
Jeaus mala bela e portenlOsa do qUI, Imagem real. Haveria. pois. d iferença
ou meeIRo oposlçlo entre a realidade de Jesll8 I o concello teológico
formulada peloe antigos crlstlae. Tat eflnnaç.lo 6 preconoelluou e metmo
contrArIa 101 aludas exeGéticos ",ale a6rlos. Cf. PR 00/ 1967, pp. 248-250;
108/1M8, pp. W-515.

- 465-
2G . PERGUNTE E RESPONDEREMOS) m / l984

- Cl Eucaristia lá não ~ (I perpetuacão do socrifldo de Cristo


sobre 01 OO$ S01 aliares, cstanda (I Senhor realmente presente lob 0$
aparências do põo c do vinho, mo~ vem (I lef a cclobraçao do lula do
povo em prol da libertaçôo polltico.

XI. ORIENTAçõES
A present e In$lruçõo. chamando (I atencão poro desvios do n,
nõo lenciono deter 0 $ esror(o$ dos sacerdotes, Religiosos e leigos q VCt
trabolhom pela promoção dos seus irmãos carentes. mos é uma
gdverlênda poro que o foçom heroicamente em estrilo comunhão com
seu Bispo e c:om o Igreja univcuol .
De modo slImelhonte, Irabalhem os le6logo$ em consonânci<l com
(Imagistério do Igreja . Reconhe çam nesle um dom de Crido à sua
Igreia e acolham os 11,10$ ori.enlaçõe, com respeito.

Os esfor<;ol em prol da juslica social sejam conduzidos de mClneira


condizente com o dignidade humano. Por Isto o recurso ,htemótico à
violência ceia de ... e $er' condenado. Quem confio em moios violentos
pora instaurar moi, jusllca no sodedode, é vfllmo de ilusão fatal·
Violência gera violência e degrodo o homem. A fonle dos injusti1;OJ
l e enconfro no coroçõo do "amem; donde s. segue que i: prioril6ria
a conversão dos coro(3el poro que hoio eslruturos sodois juslo •.
Visto que o. tesel do, «Ieologios da liberloC"ãO :D esltio !endo torgo~
mente difundidos nOI curSOI de formocéio e nos comunidades de base,
que carecem de preparcção catequético e teológico, os postores devem
vigiar sobre o qualidade e o c;:onteúdo da catequese e da formação;
estas devem sempre apresentar o integralidade da meruagem do sal-
vação e os imperoti'lOs do verdodeiro libertocão humano, no quadro
dello mtn.tloem Integral.
cNesto opre, entocõo inte;grol da ",i,t61"Io cristão, ,.,6 oportuno
acentuor os aspectos essenciais que as 'Ieologios da IIbertoçõo' tendem
especialmente o desconhece, ou eliminar: tronscend'nc:io e gratuidade
do libertação em' Jesus Crillo, verdadeiro Deu. e verdadeiro homem,
.oberania do suo 9fOCG; verdadeiro natureza dos meios de !olvac;ão,
e especialmenle da Igreja e dai soc.romenlos. TenhQm-le presentes a
verdadeiro signific.açõo da . ~Iic.a, para a .qual a d istinção ent'e o. bem
• a mal não pode ser relotivizcdo; o senlida aulintlco do pecado; a
lIece:ssldode da conversão e o tlOi:'lersolldade da · lei do amor fralerno.
Chame-se Q olenc;ão Conlro uma . palitizocão do exilllncio. que, des-
conhecendo 00 mesmo tempo a especificidade da Reino . de Deus e o
tronKendlncla do pena0, ~caha socralizanda .0 polllica e abusonêio
da religiosidade do povo em proveito de inlciatJvos revolucionárion.
-466 -
T. DA LIBERTAÇÃO: PALAVRA OFICrAL 27

CONClUSAO

«As palavras de Paulo VI, na Profissão de Fé do povo de Deus,


exprimem , com meridiano darua, a fé do Igreja. do Rual ningLlém 5e
pode afaslar 14m provocar. luntClmente com a rvlna espiritual, novas
misérias e novos escrovidlieJl

'Nós professamos que o Reino de Deus iniciada aqui no talfo. na


Igre jo de Cristo, não é deste mundo, cuia figura: pana, e qlJe seu
crescimento próprio não se pode confundir com o progresso do civfli:::r:o~
cão, da ciência ou do l~cn lÇQ humanos, mal consiate e m conhecer cada
vez: mais profundamente os insondáveis riquezas de Cristo, em esperor
cada vez: mais corojosotnente os bens etemos, em responder cedo vez
mais ardentemente 00 amor d e Deus e em difundir cedo vez mais
amplamente o graça e o santidade enlre OI homens,

Mas é elle mesmo amor que leva a Igrejo (I preocupor~ le conllan-


temente com o bem te mporal dos homerll . Nóo cessondo de lembrar
a seus filhos que eles n<io tim aqui na terra morado permonente,
animo-os também a contribuir, cado .q uol 5.l!Igundo o sua vocação e os
meios de que dilpõem, pena o bem da suo cidode terreslre, o promover
o Justiça, o paz e o fraternidade enlre os homens, a prodigalizar-lo
na aJudo aos irmãos, Jobreludo aos maIs pobres e mais infel j z:~IS. A
Intensa lolicitude do 1.9relo, Espoto de Cristo, pelas necessidades dos
hom en. , suas alegria s e esperancos, seus sofrimentos e seus esforçol,
nado mais é da que o seu grande desoio de Ihel e star presente poro
os iluminar com (I luz de Cristo e reuni-los todos nele, se u único Solva-
dor. Esla solicitude não pode, etn hipótese alguma, comportor que a
próprio Igreja se conforme às coisas deste mundo, nem que diminua o
ardor da espera pelo seu Senhor e pelo Reino eterna'.

o Sumo Pontlfice João Paulo li, no decorre, d. uma audllncia


concedida 000 Cardeal Prefeito que sub$Creve este documento, aprovou
a pre.ent. Inslrução . • . e ordenou que a mesma fosse publicado.

Roma, Sede do Sagrada Congregação poro o Doutrina da Fé, 6 de


agollo de 1984, na f.,lo do Transfiguraçêio do Senhor.

Joseph Carel. Ratzinger


Prefeito

Alberto 8ovoM
Arcebispo til. de Cesaréo d. Numfdio
Secr.tário~

-467
28 " PERCUNTE E RESPONDEREMOS~ mjl984

RECAPITULANDO .•.
o documento apresentado vinha sendo esperado desde
muito. pois as disputas suscitadas pela TL provocavam nos
fiéis o desejo de ler wna palavra abalizada e dirimente a res·
peito. _ Recapitulando o conteúdo de tal Instrução. poremos
em relevo os seus tóptcOS principais:
1) A TL não é simplesmente a resposta cristã ao pro-
blema da fome e da miséria no mundo, como, à primeira vista,
poderia pensar o grande público. A TL atrai muitos observa-
dores contemporâneos precisamente porque parece ser a autên-
tica fOrnlulação do senso de justiça e fraternidade dos ens-
tãos no mundo contemporâneo. - Todavia quem estuda as
obras dos teólogos da Jibertacão (infelizmente o grande público,
Informado apenas pelOS jornais, não as conhece), verlnca que
se trata de algo assaz diferente: a TI.., na medida em que
recorre à análise marxista, vem a ser uma re-interpretação
ou reforrnulação total do Cristianismo:
c 12. Propõe-se umo interpretor;õo elldusivomente politico do
morte de Cristo. Nego-se dello moneira o seu volor salvlfico e todo
a economia do Redenção.

13. A novo interpfotoção atinge assim lodo o conjunto do misté-


rio cristão.

1Â . De modo gerCll, ela opera o que se poderio chomor °invenão


dOI slmbolo,' . ITitulo XI.

Pode-se dizer Que a lnsplraçio básica da TI. extremada é


materialista ; 5e[Ve·se de vocâbulos e fónnulas do Cristianismo
que lhe dão aspecto teol6gico. Tal aspecto, porém, é o de um
Cristianismo secularizado, laicizado, a-religioso e politizado:
todos os conceitos cristãos são revistos ã luz de catell:orias
sociais. pollticas e revolucionArias; é através da prática revolu-
clonãria que se relormulam as proposiçóes do Cristianismo a
fim de condizerem com ela e a apoiarem.
Com outras palavras: a TL extremada não fere apenas
um ou outro aspecto da mensagem cristã. mas afeta a. Boa~
-Nova de Cristo em sua totalidade, atribuindo-Ihe sentido radi-
calmente diverso daquele que o Senhor Jesus lhe quis dar: sen-
tido derivado do materialismo, do racionalismo e do ódio a
irmãos.
-468 _
T. DA LIDERTACÁ-O: PALAVRA OFICiAL 29

Para tomar plena consciência disto, () estudioso não se


limitará a ler apenas os escritos de teólogos da libertação bra-
sileiros, mas tomará contato tambem com os escritos dc Pablo
Rlchard, Enrique Dussel, Jon Sobrino ...

2) A Igreja, condenando OS erros da TL. não é insensí-


vel à questão social:

cA preocupação com o purezCl dei fé nõo subsiste $em o preocupo_


ç60 de dor g rlHposlo de um te$lemunho eficoz de sc/viço ao prólumo
e. e m especial, 00 pobre e 00 oprimido, através de uma vida leolO9ol
inleg,o!:. !TIlulo XI, nt 181.

Desde o .século passado (enciclica dwtUIn :Sovarum. de


Leão XIII em 1891). n Igreja vcm formulando as eonseqüím-
elas éticas do Evangelh() diantc dos problemas sociais dos ulti-
mas decênios; as enclcllcas e cartas dos Papas têm acompa-
nhado minuciosamente a eVOlução da q uestâo social, respon-
dendo-Ihe de maneira cada vez mais pormenorizada; o Papa
João Paulo lI, ao mesmo tempo que se mantém fiel à doutrina
da fé, é muito insistente no tocante à genwna ação social
cristã. Por conseguinte, quem não abraça a TL, não é neces-
sariamente partidâri() de situa~ injustas, mas pode adotar
a doutrina social da Igreja; esta, posta em prãtica, se revela
mais efIcaz d() que as teorias materialistas, que desrespeitam
a dignidade da pessoa humana e, aplicando violência. geram
violência;

«Conceitos tomados por empréstimo, de maneira acrítica, à ideo.


lo,gia morltilla e o recurso Q teses de uma hermenêutica biblica marcada
pelo rad onolismo .ncontrom-se na roiz. do novo interpreloçÕo. qve
vem corromper o que ho";o de outintico no generoso em pe nho inicial
em favor dos pobres. ITitulo VI. n' 101 ·

As experiências dos países submetidos a regimes de ex-


trema esQuerda são assaz eloqüentes para mostrar que os prin-
cipios marxistas não trazem a solução para a questão social:

IZ.A lula de c:Io5Sei COI'I'IO cominho para uma sodedode sem cloues
é um mito .q ue impede as ref.orlflos e ogroYo a miséria e os injustiças.
Aquele, que" deixam fosdnar por este mito, deveriem reiletir sobre
es experi6ntias his.t6ricos omor;cI cu quais ele conduziu. Compreende.
riam entoo que não s.e Irolo, de modo olgum. de abandoner uma viQ

-469 -
30 «PERCUNTE E RESPONDEREMOS,. ~/1984

eficaz de lula em favor dos pobres em prol de um ideal desprovido de


efeito. Tralo.se, pelo conl:ó:rio, de libertor-se d. uma miragem pora se
apoiar no Evonoelh6 e na iUG forca da reCllila~êio. !Título XI , n' II I.

:to pois,
para desejar que fi palavra da Santa Sé, serena e
objetiva como é, projete luz sobre a problemâtica e contribua
para que os fiéis católicos evitem ilusões e o grande público
possa discernir a autêntica fé das contrafações da mensagem
de Cristo!

• • •

DILATAR OS HORIWNT&S

Corta vez, ao comentar O medo do oompromisso, gue tan-


tos homens experimentam em nossos dias, observava João
!'auto U:

, ESSE MEDO . . . PROWM DE UMA PERDA DO SEN-


TIDO DA VIDA. MUITOS JA NAO PERCEBEM A VIDA
EM SEU CONJUNTO, COMO UM TODO QUE IMPLICA
UMA OpÇAO E UM DIRECIONAMENTO. VIVEM-NA POR
FATIAS SUCESSIVAS, SEM VER MAIS LONGE DO QUE
O FIM DE UMA FASE E O INlCIO DA SEGUINTE -
QUANDO CHEGAM A \lie-LOS! ORA E PRECISO COM-
PROMEI'ER-SE TOTALMENTE. A VIDA RELIGIOSA E A
VIDA MATRIMONIAL SAO DUAS MODALIDADES DE UM
TAL COMPROMISSO ABSOLUTO. INFELIZMENTE MUI·
TOS HOJE CARECEM DE UMA VISAO CLARA DA FI-
NALIDADE DA EXlSmNCIA HUMANA. ISTO E VERDA-
DEIRA DOENÇA FREQUEZA, TALVEZ UM PECADO
CONTRA O ESP1RITO. OS HOMENS NÃO PODEM VIVER
DIANTE DE DEUS COMO SE VIVESSEM DIANTE DO
N :..DA. (TEXTO EXTRA1DO DO LIVRO DE AND~ FROS-
SARO, N 'AYEZ PAS PEUR. DIALOGUE AVEO JEAN-
·PAUL D, P. 322), .,

-470 -
Uma Carta Apoalóllcl de João Paulo 11:

"A Dor Salvífica"


Em aln1ae: Abordando o delicado tema cio sofrimento, Joio Paulo 11
mostra que ele 6 Inerente à vida do homem. Introduz.ldo no mundo pelo
pecado, foi 8uumldo por Cristo. o ,egundo Adio. que lhe deu v.lor r...
°
dllfl'or; hom.m " salvo do pecado e da morte pelo sofrimento e)(pl8lórlo
do Cristo. Todo crlslilo que aceite padeeGr com Cristo, compartilha o valor
salvlflco da Crul de Crlslo . Assim o sofrimento. que anles de Crlslo e,.
tido em III"el como .Inal da Justiça punitiva de Deus. ap.rece no NoVO
Testamento como testGmunho do amor divino, que se compadece do tlomem .
Com multa 601a.e, Joio Paulo 11 eluclda o mistério do sofrimento, cllando
o to)(lo de Jo 3,15 : " A lal ponto 09U& amou o mundo que lhe deu o leu
Filho Unlgtnllo, para quo todo o que nele cr. nlo pereçe, mu lenha a
vida elema": por amor o Pai antregou o seu filho à aorte do homem
pecador para que este pudesso compartilhar a herança do Filho de Deu•.
So o sofrimento é assim apresentedo, compreende-se que o cristlo o consl~
dere com otlml8mo e alegria. consoante o texto de Cf 1,24, multo citado
por Joio Paulo 11; "AlegrCHne nos sofrimentos auportadoa por VOIIiI
causa. Completo na minha carne o que falta .. Palxio de Cristo em lavor
do aeu corpo, que' a IgI8Ja-.

A. carta de Joio Paulo 11 • um monumenlo d4I profundldllde e de


valor ucéllco-mlsUco .

• • •
Aos 11/02/ 84 O S. Padre João Paulo n assinou um do·
cumento de grande importância pastoral, a saber: a Carta
Apostólica . BaJvIlici Dolorls_ (Da Dor Salvifica). t: este O
primeiro texto pontificlo que, sob fonna de Carta, tntta do
sofrimento (seu sentido teológico e seu valor pastoral) . Consta
de sete tltulos e trinta e um parãgrafos, que merecem atenta
meditação, pois abordam uma temática que toda a f'1losafla e
toda a humanidade sempre consideraram com muito interesse.
O documento tem significado não apenas biblico e teológico,
maS também pastoral e ascéUco. Eis por que, nas páginas
seguintes, proporemos wna sintese do seu conteúdo, seguida
de aJgumas obiervaç6es.

-471-
32 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS,. :2'17/ 1984

I. Introdução (U 1-4)

2 . O tema do sofrimento não só C()ndiz com as linhas da


espiritualidadc do Ano Santo (Redenção pela cruz), mas ê
assunto que acompanha o homem de todos OS tempOS e de
todas aS latitudes. O sofrimento o:parece particularmente css{!n-
elaI à natureza de homem.,
cO sentido do sofrimento é tão profundo quonto o homem mesmo,
precisamente por.q ue manifuto, o seu modo, o profundidade próprio
do homem e ullroposSCI esto . O sofrimenlo parece pertencer à trans-
cendêncio do hom . m ~ In t 2) .

cOe uma forma ou de oulro, o sofrimento pareee ser, e d. foto


é, quase in~epor6vel da exislência lerreslre do home m» tn' 3).

Em nosso comentârlo, â p_ 4845, yeltaremos à consideracão


deslc aspecto.

Ora, se o roteiro da Igreja passa pelo homem, compreen-


de-se que passe pelo homem que sou-e (aliás, todo homem
soCre). Ê para este que a Igreja se volta com especial atenção.
4. O sofrImento inspira compaixão, respeito c, também,
intimida, cpols traz em 51 a grandeza de um mistério especi-
fico , . E a fé que nos leva a penetrar dentro do que parece
inacessivel em cada homem; doutro lado, o coração nos incita
a vencer a timidez e a aproximar-nos do irmão sofredor.

11 . O mundo do sofrimento humano (nl. 5-81


5. Mesmo que o sofrimento pareça inexprimlvel e inco.
munlcável, porque fato subjetivo e pessoal, ele exige, .mais do
que outra realidade, ser tratado de maneira objetiva; trata-se
de um problema que deve ser explicitado e que suscita pergun-
tas as quais exigem resposta.
O homem sofre não somente no plano físico, quando o
corpo lhe dói, mas também no plano moral, quando padece
a dor da alma. A dor moral não é menos ampla e complexa
do que a dor ÍlSica; além do quê, mais dificilmente pode ser
atingida e diagnosticada pelos recursos terapêuticos do que 'a
dor fislca.
-472-
________________~.A~DO~R~S~A~L~V~IF~I~C~A~>C___________ ~
6. A S. Escritura nos oferece exemplos múltiplos de
dor, visto Que ela é cum grande livro sobre o sofrimento:.:
assim o perigo de morte suportado por Ezequlas (cf. Is 38,1·3);
a ameaça de morte do filho, no caso de Agar (cf. Gn 15-16),
no de Jacó (cf. Gn 38,33-35) I no de Davi (cf. 2Sm 19,1); a
nostalgia da pá.tria (cf. SI 136): a perseguição e a hosWidade
(cf. SI 21,1.21 ; Jr 18,18): a solidão e o abandono (cf. SI 21,2s;
30,13: 37.12; 87.9.19; Is 53.3); a Ingratidão dos amigos e dos
vizinhos (ef. J619,19; SI 40.10; Jr 20,10); os remorsos da cons-
ciência (cf. SI 50,5; Is 53,3.6; Zc 12,10) .

o AntigO Testamento frisa que o sofrimento é psicosso-


mático. associando a dor moral à dor rlSica nos ossos (el. ls
38,13: Jr 23,9; SI 3O,10s ... ), nos rins (cf. SI 72,21; J6 16,13;
Lm 3,13) no coração (cf. 15m 1,8: Jr 4,19; 8,18; Lm 1,20.22) ...
I

7. O sofrimento não é algo de meramente passivo no


homem (c estou afetado de . . . , experimento uma sensaçAo de
angústia . .. :t ), mas tem indole aüva; o homem assim atingido
reage com atitudes de dor, tristeza, decepção, abatimento ou
mesmo desespero . . .

Estas considerações suscitam naturalmente a pergunta:


que é o mal? Tal questão é inseparável do tema do sofri·
mento.

o cristão não responde em termos dualistas, como se o


bem e o mal fossem realidades subsistentes. das quais partici.
pariam as cdaturas. Não há substância má por sI. O mal é
um bem alterado, diminuldo Ou privado de valores que lhe
do devidos; é precisamente esta privacão que oonstitui o mal.

8. O sofrimento existe espalhado pelos homens ou car-


regado por numerosos sujeitos. Embora assim dispersa, a dor
provoca soUdariedade ou- comWlhão entre aqueles que sofrem.
Vem a ser um apelo à união entre os homens. especialmente
quando ela se faz multo densa como no caso das calamidades
que afetam as populações (epidemias, catástrofes. cataclis-
mos . . . ); monnente as guerras, e de modo pert1cuIar a guelT8.
at6mlea que ameaça hoje em dia a hwnanidade, despertam o
sentimento de solidariedade entre as vitimas; a ameaça de
autodestruição do gênero humano faz·nos mais ainda enfa.tizar
o mundo do .sofrimento e o sofrimento do mundo.
-- 473 --
34 ~PERGUNTE E RESPONDEREMOS. rn/ l984

111. O sentjdo do sofrimento (ns. 9-131

9. No âmago de todo sofrimento co1ocam-se inevitavel-


mente as perguntas: por que? para quê? Somente o homem
é capaz de ronnuJar tais indagaçãcs, visto que os animaIs 50-
fl'êm, mas não refletem sobre o sentido da sua dor

TaLo; ~rguntas são geralmente dirigidas a Deus, Criador


e Senhor, e não aos homens, pois estes não são capazes de res·
ponder-Ihes cabalmente. Muitos dos que assim Indagam, che·
gam a negar a existência de Deus ; o mal e a dor no mundo,
sem aparente explicação, obscurecem, na mente de vârlos pen-
sadores, a imagem de Deus.

10. Ora Deus não recusa o questionamento do homem,


como bem provam os escritos blblicos.

No livro de J6, por exemplo, aparece um homem reto que


é prorundamentc aretado pela perda dos filhos e da própria
saude. Os amigos que o vão visitar em tais condições, propõem-
.Ihe a tese antiga adotada pelos Israelitas: Jó deve ter come·
tido alguma falta grave, pois todo sofrimento é castigo ou
pena devida a uma tramgressão da Lei de Deus. como pare·
cem enslnlU' Do 3.275; SI 18,10; 35,7; MI 3,16-21; Mt 20,16;
Me ]0,31: Lc 17,34: Jo 5.30; Rm 2,2, Allãs, de modo geral,
os homens são propensos a admitir que todo pecado acarreta
nesta vicia mesma uma pena ou uma punição da parte de Deus;
d . J64.8.

11. Todavia Jó contesta tal principio, afirmando que


sofre com lnocênela. ~. aliãs, esta a tese que o autor do livro
de .Jó quer incutir no final da sua obra: nem todo sofrimento
é conseqUêncla de um pecado do sujeito sofredor. No caso de
Jó, por exemplo, tem o significado de provacão: Jó é chamado
a conceber fé e amor tão vivos que ele continua a servir a
Deus, mesmo que privado de seus bens materiais e da sua
saudei ora o patriarca atravessa flnnemente a prova e Ma se
revolta contra Deus. O Antigo Testamento. em outras p8.ssa-
gens, apte9Cnta o sofrimento como apelo à conversão ou 8
triunfar do mal mediante a penitência: ef. 2Me 6.12.
12. Todavia o livro de Jó nio representa a palavra rlriAI
da Revelação DMna sobre o assunto.
- 474-
cA DOR SALVIFICA ~ 35

13. Para entender bem o porquê do sofrimento, os escri~


tos do Novo Testamento nos incitam a voltar nosso olhar para
o amor de Deus, fonte suprema do sentido de tudo o que
existe. Com efeito, o Evangelho nos apresenta Jesus Cristo
que sofre o suplício da cruz para salvar os homens ou por
amor à humanidade.

IV. Jesus Cristo, o $Ofrimento vencido


pelo amor Ins. 14-181
14. c:Deus tanto amou o mundo que entregou seu Filho
único para que todo aquele que nele crer, não pereça, mas
tenha a vida etema~ (Jo 3,16) . Estas palavras de Cristo nos
introduzem no âmago da ação sa1v1flca de Deus.
Salvar é libertar do mal ou da morte. Ora Deus amou
OS homens a ponto de entregar seu FIlho único para que Este,
assumindo a dor e a morte dos homens. lhes possibilitasse par·
tlclpar da vida do próprio Deus. O Filho de Deus foi dado à
humanidade para protegê-la contra o mal definitivo que Im-
plica a perda da vida eterna. As raIzes desta perda mergu-
lham no pecado. Isto quer dizer que Jesus quis sofrer para
vencer o pecado.
15 . Donde se vê que, na perspectiva do Novo Testa·
mento, a dor não é necessariamente correlativa a pecados peso.
908is cometidos pela vitima; Cristo, por exemplo, foi inocente,
o Santo por excelência. e. não obstante, sofreu atrozmente.
Mas não se pode deixar de perceber que o sofrimento é .ass0-
ciado ao pecado das origens ou Original: cNão se pode renun-
ciar ao criUrio segundo o qual, na base dos sofrimentos huma·
nos, existem implicacõcs múltiplas com o pecado., (o' 15):
cO mal, de falo. permonece ligado ao pecado e li morte. E.
ainda que le devo ler muita coutela em consideror o lofrimento do
homem como conseqOlnda de pecado I concretos (como mosha precha-
mente o exemplo do lusto J61, ele n80 pode canil/do ser separado
do pecado das origens. daquilo que em São João é chomodo 'o pecado
do mu"do' (Jo 1.29h (n t 15).
Destes verdades se segue que o sofrimento é transfigu-
rado pelo amor: vem a. ser vitória sobre o pecado e a. morte;
na medIda em Que é vivifieado pelo amor, extingue- as conse-
qüências destruidoras que o pecado dos primeiros pais acar·
retou para a humanidade.
-475 _
36 cPERcumE E RESPONDEREMOS,. 277/ 1984

cEm conlflqüência da obra solylfktl dfl Cristo, a homem, no de·


correr do suo existência terrestre, tem o esperanco da yida ...
eterna. Mesmo se o vitória sabre o peccu;!o e Q morte, obtida por
Cristo mediante o Cruz fi a Re$Surreiçôtl, nõo suprime os sofrimentos
telnporois dCl vido humano e nõo isenta de sofrimento a existincia
humano no totalidade do sua dimensão histórko, ela projeta uma luz:
novo - a luz: do salvoçõo - lobre todo eua dimensão histórica
e sobfe o sofrimento. E essa luz tê o do Eyangelho, o do 800·Novo »
(n' 151.

16. Cristo se tornou próximo ao mundo do sofrimento,


assumindo sobre si esse sofrimento: quis experimentar o can-
saço, a pobreza, a Incompreensão, a hostilidade ... de maneira
cOnsciente, Isto ê, sabendo que dessa maneira Ele faria que o
homem não perecesse, mas tivesse a vida eterna. Foi por Isto
Que São PauJo pôde escrever: «Ele me amou e se entregou
por mim. (Gl 2.20) .

17 . Aliás, a missão de Cristo assim entendida iâ foi esbo-


çada, no Antllto Testamento, pelo Quarto cântico do Servidor
de Javé (15 52.13·53,12): este frisou bem Que o Servidor Ino-
cente tomaria sobre si os nossos pecados (cf. Is 53,2-6); Ele
sofn!u em csubstltulcão» ou fazendo as vezes de .. . , para redi-
mir o homem. cNo seu sofrimento os pecados são a pagados
precisamente porque Ele s6, como Filho único. os pôde assu-
mir sobre si com amor ao Pai que ultrapassa o mal de todo
pecado: em certo sentido, ele aniquila esse mal no espaco espi-
ritual das relacóes enlrê Deus e os homens e preenche esse
espaço com o bem:. (n' 11).

18. cO Cristo ... traz a mais completa das respostas pos-


sivels II Questão do sentido da dor. . . Ele a dá não s6 por seu
ensinamento, isto é, pela Boa.Nova, mas, antes do mais, por
seu próprio sofrimento. que é completado. . . pelo ensinamento
da Boa-Nova. Tal ê a palavra última, a síntese, desse ensi-
namento: a linguagem da cruz, como disse um dia São Paulo
(cf. 1Cor 1,18);, (o' 18).

Esta linguagem da c~ é muito vivamente expressa petas


palavras do Senhor Jesus no horto das Oliveiras dIante da
perspectiva da sua Paixão: cPal, se posslvel, que este eMiee
passe sem que o beba! Mas faca-se a tua vontade, e nfio a
minha!» (Mt 26,42l. Tais palavras atestam tanto a verdade
-476-
cA DOR SALVíFICA. 37

do sofrimento como a do amor de Cristo. Com o Senhor Je·


sus, todo homem pode experimentar a angústia da Paixão, mas
diga sempre: .Faça.se a tua vontade, e não a minha!:t
Outras palavras do Senhor, que se seguiram às do horto,
são as do Crucificado: cMeu Deus, meu Deus, porque me
abandonaste?:. (Mt 27,46). Estes dizeres brotam do fato de
que O Pai fe2 recair sobre Jesus as nossas faltas (cI. Is 53,6),
de modo que Ele experimentou o peso horrivel da separação
de Deus ou da ruptura com Deus. Mas Coi precisamente por
tal sofrimento que o Cristo realizou a Redenção do mundo e
põde dizer ao expirar: _Tudo estã consumado:t (Jo 19~).
Em síntese, cO sofrimento humano atingiu o seu vértice
na Paixão de Cristo; e, ao mesmo tempo, revestiu-se de uma
djmensão completamente nova e entrou numa ordem nova: ele
foi associado ao amor, àquele amor de que Cristo falava a
Nlcodemos, àquele amor que -cria o bem, tirando·Q mesmo do
mal, tirando· o por meio do sofrimento, tal como o bem supremo
da Redenção (10 mundo foi tirado da Cruz de Cristo e nela
encontra perenemente o seu principio. A Cruz de Cristo tor-
nou-se uma fonte da qual brotam rios de âgua viva. Nela
devemos também repr<lpor· nos a pergunta sobre o senUdo do
sot'rimento, e ler ai até o fim a resposta a tal pergunta» (n' 18).

V. Participantes dos sofrimentos de Cristo (ns. 19.24)


19 . A Paixão de Crlsto projeta nova luz sobre o sofri-
mento dos homens, pois ela o resgata: . Entregou-se pelos nos·
sos pecados, a fim de nos subtrair ao mundo maligno em que
vivemos» (Gl 1,4), diz o Apóstolo, que acrescenta: cFostes
comprados por elevado preço. Glorificai, pois, a Deus no vosso
corpo» (lCor 6,20).
Em conseqüência, c:todo homem participa, de uma ma·
nelra ou de outra, na Redenção:t. cRealizando a Redenção
mediante o sofrimento, Cristo elevou ao mesmo tempo o sofri·
mento hwnano a ponto de lhe dar valor de Redepçã<J» (n' 19) .
20. São P aulo exprime diversas vezes esta verdade:
c:Em tudo somos atribuladas, mas não aprimidos; perplexos, mas
nõo dOJesperClldoli ~tse91,1Ido., mos não abandonados; oba'idos, mal
nõo perdido.; por loda parte levemos ~empre no corpo OI sofrimentos

-4T1-
38 . PERCUNTE E RESPONDEREMOS,. 277/1984

de Jesus, para que também a vida de Jesul le manifeste na nouo


carpa. De falo, enquanlo vivemos, 10mOl continuamente enlregue5
à morte por caUlO de Jesus, poro que o vida de Je1us se manifeste
I_Clmbém na nossa carne mortol • .. com a cerleza de _q ue aque le que
relluscitou o Senhor Jesus, nos ressuscilaró lambém o n6s com Jesun ·
I 2eol 4,8· 11. IA I.

E stas palavras do Apóstolo revestem·se de uma dupla


dimensáo:

. Se um homem se lorno participanle dos sofrimentos de Cristo,


is!o a contece porque Cristo abriu o seu sofrimento 00 homem, porque
Ele próprio na 'eu sofrimento redentof se tomou, num certo sentida,
participont' de lodos o s 50bimenlos humClnos. Ao descobrir, pela fé,
o sobimenlo redenlor de Cristo, o homem descobre ne le, 00 mesmo
tempo, OI próprios sofrimentos, reenconfra-o$, medianle o fé, enrique-
cidos de um novo conteúdo e com um novo significado» In' 20).

21 . De resto, o mistério do sofrimento e da morte ê


lnsepal'aVel d a certeza da ressurreição. cO mistério da Paixão
estâ contido no mistério da Pàscoa:.. E, mediante a vitória de
P áscoa, o sofrimento é colocado em relação com o Reino de
l)cus. clt mediante o sofrimento que amadurecem para o Reino
os homens envolvidos pelo misterio da. Redenção de Cristo»
(n9 21) .

22 . Com outras palavras ainda: cAqueles que partici-


pam dos sofrimentos a e Cristo, são também chamados. me-
diante os seus próprios sofrimentos,. a tomar parte na sua
glOria,.

clmpOfta reCOnhecer esta gl6ria não só nos mártire s da fé, mas


tombtm em muilos 01llr05 nomens que, por vezes, mesmo "m o 16
em Crislo, sofrem e dão o vida peta verdade e por UfllO C<lUSO jU lto.
Nas sofrimentos de todos estes, , confirmado. de modo particular, o
grande dignidade do homem • .

Esta passagem de João Paulo II é importante porque


põe em relevo o valor' das atitudes fortes e coerentes daqueles
que amam a verdade e o bem, mesmo que não tenham B. fé
em Cristo. São atitudes que podem encaminhar o homem não
crente para a plenltude da sua nobreza e grandeza, a ser UStlo
fruida na comunhão de vida com Cristo.

-478-
. A DOR SALVIFICA ..

23. O sofrimento, neste contexto, também é uma pro-


vação que toma o homem particulannente receptivo Q aeão
salvifica de Deus. e um apelo à prãtica da \'irtude perseve-
rante e tenaz. O Senhor quer que a força de Deus se mani-
fest e precisamente na fraqueza do homem e que se dê uma
renovacão de energia espiritual em meio às provações e tribu_
lações dos cristãos.
24 . Mais um passo deve ser dado. O Apóstolo diz que
«completa em sua carne o que falta à Paixão de Cristo em
prOl do seu corpo, que ti a Igreja» (c!. CI 1,24 , .
Quer isto dizer que a Redenção operada por Cristo não
foi completa? - Não. A Redenção foi realizada em toda a
s ua plenitude pelo sofrimento de Cristo, mas ela toma em
cada cristão que participa dos sofrimentos de Cristo, um
suporte ou um cenário novo, que ela não tinha. cEia se desen-
vOlve como o Corpo de Cristo, que é a Igreja; e, nesta dimen-
são, todo sofrimento humano, em razão da sua união com
Cristo no amor, completa o sofrimento de Cristo. Completa·o,
como a Igl-eja completa a obra redentora de Cristo». Asso~
oando os seus sofrimentos aos de Cristo na Igreja, 'o cristão
se tom a capaz ue levar aos seus innãos as graças adquiridas
por Cristo em favor dos homens; ele vem 6 ser um canal por-
t ador dos dons da salva.ção. .~ algo que parece fazer parte
da própria essência do soCr imento redentor de Cristo: o Cato
de que Ele tende a ser incessantemente completado ...

VI. O Evangelho do Sofrimento Im. 25-2n


25 . Cristo deixou à Igreja e à humanidade um Evange-
lho especifico do sofrimento.
Antes de qualquer outra criatura, Maria 55. participa
desse Evangelho;

«Taste munha da Paixõo pela sua pre Sen(CI, nela participante com
CI .ua CCllrlpaixõo, MCI,iCl SanltnimCl ofereceu umo conlribuiçõo singular
ClCI evangelhCl do sofrimento, ,..oli:r;ando antecipodomente Clquilo q\Je
.ofirmClria São PaulCl com as palovras ciladas na inicio desta reflexão.
Sim, Elo lem título. elpeclalíllimo. poro poder Clfirmg, que 'completa
na lua c:arne - como Igualmente no seu coratão - aquilo que falta
aOI sofrlmentol de C,isto·:t.

-479-
40 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS) 2TTjl984.

Cristo não escondeu aos seus seguidores a necessidade do


sofrimento. Pelo contrário, dizia-lhes muito claramente: .Se
alguém quer vir após mim, • .• teme a sua cruz todos os dias»
(Le 9,23) O caminho que leva ao Reino dos Céus é estreito
e apertado, em oposição ao caminho largo e espaçoso que con-
duz à perdição (cf. Mt 7,135).

Para ser HeI a Cristo, o cristão tem que se dispor a supor-


tar injurias e tribulações: cO servo não é maior do que o seu
senhor. Se perseguiram a Mim, tambêm a vós hão de perse-
guir. (Jo 15,18-21); «No mundo tereis que sofrer. Mas tende
confiança. Eu venci o mundo. (Jo 16,33). Isto qucr dizer que
a vocação cristã é, entre outras coisas, um chamado espccial
ã coragem e 'à fortaleza, apoiado na vitória de Cristo ressus-
citado.

26. Assim o Evangelho do sofrimento vai-se desenvol-


vendo ao longo da história, escrito agora por todos aqueles
que sofrem com Cristo, W1indo os próprios sofrimentos ao
sofrimento salviflco do Senhor.
No decorrer dos séculos tem·se comprovado que no sofri.
menta se esçonde uma .torça partiCUlar, que aproxima inte-
riormente o homem de Cristo. 1"oi esta força que converteu
muitos santos, como S. Francisco de Assis. S. Inácio de
Loiola. .. O sofrimento abre também perspectivas para que
'O homem possa encarar de maneira nova toda a sua ex.lsten-
ciai quando 'O corpo está enfermo ou mesmo inutitizado. mais
se podem evidenCltlr a grandeza ~plritua1 e a maturidade inte-
nor da pessoa que sofre; esta. assim prostrada. mas ao mesmo
tempo engrandecida, oferec! comovedoras lições de vida às
pessoas sãs e normais.

A aceitação do SOfrimento, em muitos c&sos, só se tu


paula.tlnamente. lu pessoas quase sempre entram no $Otn-
mente com a pergunta sobre o seu porquê; interrogam Deus
Pai e o Cristo a respeito do sentido da sua dor. (.:risto lhes
responde por meio do seu próprio sofrimento; às vezes, é
necess6.rio multo tempo para que a resposta comece a ser per-
cebida lnterionnente. Na medJda em que o homem toma a
sua cruz, unlndo·se esplritualmente à CnIZ de Cristo, val·se·lhe
manifestando o sentido salvífico do sofrimento; tal descoberta
é acompanhada de paz interior e alegria espiritual. Na base
desta experiência, d.l7.ia o Apóstolo: cA.legro-me nos sofrlmen-
-480-
d DOR SALVIFICA,. 41

tos suportados por vossa causa. Completo na minha carne o


que falta à Paixão de Cristo, err favor do seu corpo que é a
Igreja. (C11,24).

27. Com efeito. O SQfrimento torna o cristão cons·


ciente de que é útil a seus innãos porque unido à Cruz de
Cristo ; dissipa·se assim a sensação de vazio e inutilidade que
as pessoas doentes podem experimentar, cedendo lugar a pro-
funda alegria interior. cO sofrimento impregnado do espíri to
de Cristo é o mediador Insubstitulvel dos bens indispensáveis
à salvação do mundo. Mais que qualquer outra coisa, o sofri-
mento abre caminho à graça que tmnsforma as almas
humanas».

1: por isto que a Igreja vê em seus membros sofredores


valiosos esteios da sua missão sobrenatural. Quantas vezes os
pastores da Igreja recorrem precisamente a eles, para pedir-
.Ihes ajuda e apoio! Mediante os seus sofrimentos conservam
uma rica parcela do tesouro da redenção do mundo, que eles
compartilham com os outros homens.

VII . O Bom Samaritano


28. A 1>3rãbola do Bom Samaritano oertence também
80 Evangelho do sofrimento. Indlca·nos oual deva ser o rela-
cionamento de cada um de nós com o próximo que sofre. Não
nos é pennittdo passar adiante com indiferença, mas devemos
oarar junto dele numa atitude de disponibilidade servieaI. Não
basta comover·se (embora isto seja a única coisa viável em
alguns casos); ~ preciso também prestar ajuda eficaz. na me-
dida do possivel: esta ajuda consistirá em dar bens materiais.
sim, mas principalmente em dar.se a si JT1esn\O. «Bom Sama-
ritano é O homem capaz de um tal dom de si mesmo~.

29. O papel do Bom samaritano 1llp6e e mobUlza o


amor ao próximo. Ele se exerce em muitas profissões ou atra-
vés · de diversas InstltuJeóes da vida civil. cQuanto de Bom
Samaritano têm as profissões de mé-dlco ou de enfennelra ou
outras slmna~!. NÃo sfio apenas profissões. mas são voca·
cões ao apostolado. É dIflcU apresentar uma 1.lsta de todas u
esferas da atividade do Bom Samaritano que existem na IDeja
e na sociedade . .. GraC9.s B elas, os valores morais fundamen-
tais. como o da solidariedade humana e o do amor 80 pro-
-481_
42 ~pp.nCUNTE E RESPONDEREMOS,. m /19M

ximo, compõem o quadro da vida social, e fazem frente às


diversas formas do ódio, da violência, da crueldade, do des-
prezo pelo homem ou até da simples insensibilidade para com
o próximo.

Nesta altura deve·se salientar a importante função que


compete à educa~ão. A familia, a escola e as outras institui·
ções educativas ... devem tr-abalhar com perseverança no sen-
tido de despertar aquela sensibilidade para com o próximo de
que se tornou símbo lo a rlgura do samaritano do Evangelho.
Nenhuma instituição pode substituir o cora~ão humano, a com·
paixão humana, o amor humano, a iniciativa humana, quando
se trata de Ir ao encontro do sofrimento de outrem.

Vê·se, pois, que o cristão, longe de ser passivo diante do


sofrimento, é incitado a exercer sua atividade preparando-se
para ouvir no juizo final as palavras do Senhor Jesus: cEm
verdade vos digo que tudo o que fizestes a um destes meus
Irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes» (Mt 25,40).

~ A mim o f1zest.es:a. l!: o próprio Cristo que, em eada um,


experimenta o amor e recebe ajuda. Ele próprio está presente
em quem sofre, pois o seu sofrimento salviflco foi aberto, uma
vez para sempre, a todo sofrimento bumano.

VIII. Conclusão (n' 31)

Ali explanacões a nteriores tentaram desvendar o sentido


do sofrimento. Em resumo, ele é verdacJeirameDte bumauo"
pois o sofrimento faz parte do mistério do homem ou da natu-
reza e da dignidade do homem. Mas é também verdadetn.-
meate sobrenatttraI, porque só se ~xplioa, em última analise,
dentro do plano de R.edençio do mundo. 1!, sim, Cristo quem
plenamente reveJa o sentido do homem ao homem e, conse-
qüentemente, o sentido do sofrimento. Lembra o Concilio do
Vaticano n: «Por Cristo e em Cristo se esclarece o enigma
da dor e da morte» (Const Gaudium et Spes n 9 22).
~ preciso, pois, que se congreguem em espírit!), junto •
Cruz do calvário. todos aqueles que Sofrem é acreditam em
Cristo ... a fim de Que o oferecimento dos seus sofrimentos:
apresse o reallzar·se da oracão do mesmo Salvador pela WlI-"'
dade de todos os homens (cf. Jo 17,11.218).
-482-
cA DOR SALVIFICA:.

Em seu Ultimo parágrafo dirige O' S. Padre um apelo calo·


roSO:

c:Pedim()1 a todol vós que safreil, que nos oiudeis. Preciso mente
o v6s, quo $ois frocos, pedimo$ que vos 10rneis UIIIQ fQnte de forço
poro o Igreja e poro (I humanidode. No ter,lvel luto entre as for(os
do bem e do moi, de que o n0550 mundo contemporôneo nos oferece
o elpetóculo, que venço o vono sofrimento em uniõo com o Cru~ de
Cristolif In! 31).

Tal é, em síntese, o conteúdo da notável Carta de João


Paulo II sobre a dor salvífica.

• • •

OBSERVAÇOes

São cinco as observaCÕes que o texto nos sugere:

1. o âmago do Corto

João Paulo n parte do fato de que o sofrimento é ine-


rente à vida do homem, pois decorre da dignidade da natu-
reza humana, qUe é intelectiva e reflete sobre si mesma; o
homem sobre e sabe que gofre, ao passo que o animal irracio-
nal apenas sofre.

Além disto, o sofrimento, concretamente considerado, tem


como pano de fundo o pecado das origens. Foi assumido por
Cristo, o segundo Adão, que lhe deu valor rede ntar; o homem
é salvo do pecado e da morte pelo sofrimento expiatório de
Cristo. A propósito João Paulo TI cita com muita ~nfase as
palavras de Jo 3.16: eDeus tanto amou o mundo que lhe deu
o seu Filho Migênito, para que todo o que nele crê não pereça,
mas tenha a vida eterna»; por amor, o Pai entregou o nlho à.
sorte do homem pecador para que este pudesse eompartill}ar
a herança do Filho de Deus. - Assim o sofrimento, que antes
de Crlsto era tido em Israel como sinal da justiça punitiva de
Deus. aparece no Novo Testamento como testemunho do amor
divino, que se compadece do homem.

-483-
41 ~ PERCUNTE E RESPONDEREMOS:> m / 1984

Se O sofrimento ê assim apresentado, compreende-se que


o cristão o coilsidere com oUmismo e alegria, consoante o texto
de CI 1,24, tamb6m muito citado por João Paulo TI: «Ale-
gro -me nos sofrimentos suportados por vossa causa_ Completo
em minha carne o que falta à Palxã.o de Cristo, em prol do
seu Corpo, que é a Igreja:D_

Passemos agora â consideração de pontos particulares.

2_ Es"encIaJ ir naturezo humgna

No inciso 2, diz João Paulo II:

e Ainda que os sofrimentos do mundo das animais sejam bem


conhecido1 e este jam pr~;':imo 1 ao homem, aquilo que n6s exprimimos
ctlftI a palgvro 'k)frimenlo' parece Soer algo particularmente el1endal
6 natureza humOflo . .. O sofrimento parece pertencer ir Ironscendên-
cio do homem ,..

Estes dizeres, à primeira vista, desconcertam, pois contra-


riam à espontânea tendência que temos, de procurar uma vida
efeliz ,. e sem sofrimento. Como pode então o sofrimento ser
essencial à natureza humana?
- A resposta não é diflcll. Consideremos a escala dos
seres. . ,
Os seres Inanimados (minerals_ . . ), quando percutidos ou
lesados, não reagem; nada sentem, não sofrem; são os mais
imperfeitos dos seres, pois não têm vida. Passa ndo para o
ntvel dos seres vivos vegetativos. verificamos que, quando um
vegetal ou uma planta é maltratada ou mutilada. ela tende a
se restaurar reagindo contra a lesão Infilgida: dir-SI!--ia QU(!-
nio é impasslvel como os minerais. Subindo '80 degrau dos
animais irracionais. percebemos que reagem multo senslvel·
mente aos golpes dolorosos: gemem, rugem. fogem, contra-
-atacam... E1evando.nos ainda na eseala dos seres, chega-
mos ao homem, que certamente sofre mais do que os restantes
seres criados, porque, além de sofrer fisicamente, ele sabe que
sofre (tem consciência psicológica): o homem renete sobre o
seu sofrimento, eomparando-o com o seu ideal e verificando
Que este é, não raro, truncado ou p~judtOlldo pelas adversida·
des da caminhada: um pai ou uma mãe de famUla atingidos I)

em sua saúde fisioo. quando têm filhos pequenos, sentem, além


- 484-
__________!;
<A,-'O""
O R"-"S"'A"'L"V.cIF"I"'C"'A".'--___ _ _ _ _ _15

do incõmodo flsico, a dor de náo poderem desempenhar devi.


damente a sua tarefa de educadores... Diremos mesmo:
quanto mais um ser humano é nobre e profoodo (no plano mo·
ral), tanto mais sofrej quanto menos alguém tem ideal ou
vive como criatura inteligente, tanto menos sofrei diz..se que
a mãe desnaturada e aquela que não se sensibiliza pela dor
dos filhos.

Eis em que termos o sofrimento é essencia l ao homem e


earecterisUco da sua transcendencia : ele decorre da dignidade
mesma da natureza humana , que aspira legitimamente a rea U-
zacões prejudicadas pelos golpes da vida. Ele decorre, com
outras palavras, da nobreza intelectual (e espiritual) do ser
humano, que não .só conhece, mas sabe que cem hece ou renetc
sobre si mesmo (coisa que os animais Inferiores não realizam) .

EstA claro, porém, que uma pessoa de fé sabe superar a


dor natural que a afeta, olhando para o modelo do Cristo J e·
sus; Este, diante da perspectiva da sua Paixâo e Morte, orava:
<Pai, se possível, que estc cãllce passe sem que eu o beba;
faça-se, porém, a tua vontade c não a minha. (Mt 26,39) .
Acima de tudo, importa ao cristão Identificar·se com o desígnio
do Pai. que cc11amente é mais sábio que os plan os dos homens.

3. Sofrimentos .. pe(Qdo

Nos incisos 9.15, João Paulo n percorre a história das


respostas dadas ao problema do sofrimento. Verifica que, a
principio, o povo de Israel o associava sempre ao pecado come·
tido pelo individuo sofredor i seria castigo de faltas pessoais.
Tal tese. desmentida pela história, Cai posta em xeque pelo
livro de J6, no qual aparece um homem reto que sofre. Os
sá.bios de Israel perceberam então que o sofrimento poderia
ser provação infligida por Deus ao homem para acrisolar as
suas virtudes. Sobreveio Jesus Cristo, que o Pai quis cnrregar
com os pecados de todos os homens (cf. 2Cor 5,21); inocente,
sofreu as conseqüências do pecado - a dor e a morte: cO mal
permanece ligado ao pecado e à morte. E. ainda que se deva
ter muita cautela em considerar o sofrimento do homem como
conseqüência dos pecados concretos (como mostra precisamente
o exemplo do justo Jó), ele não pode contudo ~r separado
do pecado das origens, daquilo que em São João é chamado
'o pecadO do mundo' (cf. Jo 1.29) :t.
- 485-
41i cPI!:RCL~"'E E RESPONDEREMOS,. 277/ 1984

Estes dizeres são importantes porque reafinnam a dou-


trina do pecado original numa época em que este é diluído em
concepções vagas. O primeiro peçado da histõria não foi sim-
plesmente um fato desregrado como outro qualquer, mas um
Não dito ao convite de Deus, Que chamava o homem ao con-
sórcio de sua vida (na justiça originaJ); essa recusa acarretou
para os homens a perda dos dons paradisiaros. entre os quais
o não sofrer c o nâo mor rer. A S. Escritura, de ponta.a-ponta,
relaciona a dor e a morte com o pecado (ao menos, o pecado
original ou dos primeiros pais). Hã, sim, nas origens da his-
tória humana um pecado que é responsável pelo desencadea-
mento da miséria física e moral de que o homem sofre atra-
vés dos séculos. Como bem atesta São Paulo, em consonância
com todo o AnUgo Testamento, «por um só homem o pecado
entrou no mundo e, pelo pecado, a morte:o (Rm 5,12).

4, Sofrimento-servi§:0

João Paulo 11 alude ao sentimento de inutilidade que aco-


mete, muitas vezes, as pessoas que sofrem; julgam ser apenas
fardo para os outros _ o que as aflige e humilha. Ora a pro-
pósito escreve () S. Padre:

eTorna·se fonte de alellrio o superor o sentimento de inutilidade


do sofrimento, senJocãa ,que. por vez:es, está profundamente arraigado
no sofrimento humano; e ido não sê desgcl$lo ° homem por dentro,
ma. porece fazer dei, um p.~o para os oulros. O hemem senle-se
,"ondenado a receber Cliuda e anistinda da parte dos oulros " ao
mesmo tempo, c;onsidero·se Q si mesmo inútil. A desc;(Iberta do sentido
lolvífico do sofrimento em união com C,i$lo Iransfornta elta sensacão
deprimenle. A fé na participaçõo nos sofrimentos de Crisla 'roz:
consigo a c:erteJ.o interior de que o homem que lofre, completo o q1.I'
falto 001 sofrimentos do mesmo Cristo, e de que, na dimenlõo elpirituol
do obro da Redencao. serve, como Cristo, porG a solvac;ão dos seul
irmiio. e irmã.. Porlonto, não só é útil aos outros, mell predo-Ihes
ainda um "rvico inlubllitulv,l. In' 271.
o Papa frisa que o sofrimento é servIço insubstltulvel.
E Ist.o a dois titulos: 1) na comunhão dos santos, equele Que
se santifica contribui para santificar o mundo Inteiro (<<uma
alma que se eleva, eleva o mundo., diz Elizabeth Leseur): 8
mais intima configuração a Cristo beneficia os Irmãos; 2)
aquele Que 90fre com paciência e tenacidade heróicas, dá aoS'
seus semelhantes um exemplo Que as homens fortes, Impor.

-486 -
~A DOR SALVIFICA~

tantcs e violentos não conseguem dar. Ê dos enfermos heroi·


camente prostrados sobre o seu leito de dor que os homens
sadios podem aprender coragem e magnanimidade. Não fos·
sem tais figuras pacientes. o mWldo careceria de lições valiosas
c insubstituiveis. Aquele que remata uma discussão dando um
murro sobre a mesa e quebrando valores, e mais fraco do que
aquele que sabe aJ:Uardar magnanimamente a hora precisa
para salvar os valores em perigo.

5. O mitlé-rio do sofrimento

o S. Padre, apesar de propor a transfiguração do sofri-


mento em Cristo e por Cristo, não deixa de reconhecer que
cO homem no seu sofrimento permanece um mistério intan·
gíveb (n' 4). Na verdade, se podemos dizer que todo sofri-
mento decorre da derrogação à ordem inicial instl tuida pelo
Criador, se podemos dizer também que é participação da Pás·
coa (morte e ressurreição de Cristo). não nos é pOSSível expll.
car por que tal ou tal pessoa sofre deste ou daquele modo, ...
por que uma mãe de famllla é arrebatada deixando filhos peque-
nos, ou por que tal pai desaparece sem ter cumprido plena-
mente a sua mIssão humana.
Cremos que cada um desses casos está envolvido nos
sabios desígnios do Senhor Deus, que não se engana, mas. ao
contrãrio, é muito mais perspicaz do que a limitada inteligên-
cia humana. Na visão face·a-face de Deus e do seu santo
desígnio sobre este mundo, teremos a alegria de perceber me-
lhor os nexos que ligam os acontecimentos da história entre si,
fazendo desta uma sinfonia hannonlosa. Por ora, compete.nos
adorar em silêncio as santas e sábias dispcsi~ da Providên-
cia Divina.
Como se vê, a Carta de João Paulo n vem a ser rico ali-
mento espiritual destinado a todo e qualquer individuo, pois
reflete sobre o tema que é a trama da vida de todo homem.
causando escândalo a uns, curiosidade a outros, e eJevação mls·
tica a terceiros. € precisamente na direção do engrandeci·
mento do homem e da desceberta de novos horizontes que Joio
Paulo II propõe suas considerações. Os cristãos não podem
deixar de ser gratos ao Santo Padre por mais este "belo texto,
que eles hão de procurar meditar e transformar em vida.
A propóallo multo I' recomenda
JOURNET, CHARI.ES, ... mal. Descl6e de Brouwer 1961.

-487 -
Em vt.ta de digna eelebraçio.

A Instru~ão "Inaestimabile Donum"


sobre a S. Eucaristia

Em alnt ... : A S. Congregaçlo para os Sacramentos & o Cullo Divino


publicou aos 30/0411980 uma Instruçio sobre o Culto da S. Eucaristia. a 11m
de lembrar ao clero e eos 1 1~ls pontos concretos que merecem ser observados
na c&lebraçlo da S. Liturgia: slo assim localizados a recllaçAo da OraçAo
Euclrlsllea, a distribuição da 5, Comunhão, a açao de graças após a
Comunhl o, as partes do celebrant& e dos ministros durante o rito l ucar/a-
tico . .. As normas eslabelecldas ou recordadas nesses itens mereclm todo
o acalo do povo de Deus, pois slo a expressa0 de lé sólida e coerente; estll
nlo pode ser te6rlca apenas, mas Iraduz.se tanlo na açio em prol doS
Irmlas quanto no culto do Senhor Deus dignamente celebrado. A Comunhlo
com o CIISIO EucarlsUco exige plena comunhio com o Cristo em sua IgreJe .

• • •

Em PR 274/1984, pp. 178·196, publicamos a Terceira Ins-


trução da Santa se após o Condlio do Vaticano n referente
à digna celebração da S. liturgia; tal documento encerrava a
fase de experiências litúrgicas Que se iniciara após o Concilio.

Eis , porém, ' que certas ocorrências sugeriram ã S. Con-


gregação para os Sacramentos e o C\llto Divino a promulga-
ção de mais uma InstruCão sobre o assunto, datada esta de
3 de abril de 1980. Este documento conserva sua atualidade
e urgên,d a em nossos dias, razão pela qual PR o publica, inten·
donando prestar serviço não somente aos sacerdotes, mas
também aos fiéis leigos que participam da S. Liturgia. .,
Ao texto seguir-se-ão breves notas complementares.
-488_
dNAESTL\IABILE DONUM:>

I. INSTRUÇÃO «INAESTIMABILE DONUM» SOBRE


ALGUMAS NORMAS RELATIVAS AO CULTO
DA SANTISSIMA EUCARISTIA

PRO!MIO

Em continuidade com a Corta dirigida aOs bispos e, pOf inl~rmé·


dia d~rel , aos socerdolel, a 24 ~e fevereiro de 1980, na qual o Sonlo
Padre João Paulo " novamente tlotou do ineslimável d om da Santluima
Eucorilitia, Q Sagrada Cangregoçõo para os. Sacramental e o Cuila
Divino ch ama a atenç60 dos bispos paro algumas nar.,as referentes
ao culta de tão grande militéria.

Eslas indicações ngo soa o ,iniCie de quanlo o Sonlo Sé já disse


nos documental relativos à Santiuima Eucaristia, promulgados depois
do Concilio Vaticano 11 e em vigor; isto pode ser lido especialmente no
Mi5SCIl. Romanum I e no Ritual De Sacra Communione ef da Cultu
Mysteril Eucharistici exlra MiS5am 3 , e nos Instruções Eucharisticum
Mysterlum 3, Memoriale Dornin! i, Immensae Caritalis G e tiklrglae
Inltaurallonol e.

Elta Sosrado Congregação v~riflca, com 0le9,io, O I frutOI


numerolos • positivos do reformo liturgica, como sejam: participação
mais ativa e mais conldenle dOIi fi éis nos mi stê rios lilúrgicos, enrique-
omento doutrinai e catequético medianle o uso do língua vulgar e com
o abundando das leituras b lblicas, oumsnto da M!ntido comunit6rio
da vida litúrgica, ~sforços bem sucedidas paro eliminar o desacordo
e:xilitente entre o vida e cullo, entre pied<lde litúrgica e piedade pessoal
e entre ·liturgia e piedtlde popular.

1 EII. ~plc:a alte,a, Rom.. 1~,.s.


S Ed. Typlc., Romae 1973.

~ S. Congreglçao dos Ritos, 2S de maio de 1967: AAS 59 (19111),


p. 539--73.
4 S. Conllregeçlo para a Cufto Divino, 29 da mala lIe 1989: MS ."
(1ge1), p. 541-5.
, S. Conllflgaçlo par. a Dlaclpllna das Sacramentos, 29 de Janllro
de 1973: MS es (1073), p. 2U-7t.
• S. Congregaçlo par. o Culto Divina, 5 de setembro de 1970: MS 62
(1970), p. 692-704.

-489-
50 · .,PERGUNTE E RESPONDEREMOS) 2Tl"/l984

Mas estes aspeclol positivos e animadores nõo podem encobrir a


preocupaçõo çom que se observam os moi, "oriados e freq"Üenles abulo,
de que chegam informações do, diversas regiões da mundo c.ot61ic.o :
canfusofío das funções, espec.iolmente pelo que se refere ao mini,terio
sacerdotal. ao popel do) loigas (recitação indiscriminado e comum
do Oração Eucarlstico, homilia feita por leigos, distribuiçõo do
Comunhão leito pelos leigos enquonta os sacerdotes se dispenliam de
laur iuo) ; crescente perda da sentido do sa'IiJrodo (abandono dei
vestes lilúrgicas, c~lebrotÕes de Eucaristia foro dos igrejas sem y:!rda·
deira neceuidodc , falta de fflVerêncio e de respeito poro com o
Santfnimo Sacramenlo, etc.) i desconhecimento do çor6ter ede~ial da
liturgia 11,110 de lelltos privados, proliferoção de orações eucarísticos
não aprovados e inslrumentalizoçõo dos textos litúrgkos poro fins
s6cio·polfticos) . Nestes cosas, IIdamOl perante umo verdadei ro falsifi·
cação do liturgia cat6lico: . Incorre no erro de falsidade quem
OpreJenlo o Deus um culto da parle do Igrejo em contradição com os
formos, pOl' alllaridode divino estabelecidas pelo mesma Igreio e quo
nedo são usuais:. T.

Ora, ludo iuo não pode dar bani resultados. A. çonsequenctas


são - como não poderiam delllar de ler - os fenda s da unidade
de fé • de culto no Igreia, o inseguronea doutrinai, o .scândolo e Ol
perple~idades do Povo de Deus e, quase inevitavelmente, reoeães
violentos.
Os fiéis têm direito a uma liturgia verdadeira, que ).eró lal .q uondo
se identificar com a qUe foi '1uerida c estabelecido pela IgrejQ. 10 quol
também previu ai -eventuais possibilidades de adaptocão, requeridos
pelas ot!!lCigêncicu pastorais nas diversas porles ou pelos diveuas grupos
de pessool. Experiêncios, mudanças e crialivldade Indevidos desorien·
tom os fiéis. Depois, o uso de texlos não outori;todos faz com que
venho o follar o ne xo necessário entre a 'ex orandi Inorma do araeõol
e a lex cf'ltdendl (narmo da "I. Quanla o isto. é bom ,~ordar o
advertência do Concilio Votkano 11 : c: Ninguém mals, ab!alutamenle,
mesmo que .ela .acordote, oule, por lUa Inicialivo. acrescentcH, SUo
primir ou mudar seio o que: for em mol6ria litúrgica:. '. E o Santo
Podre Paulo VI, ce venerando mem6rio, lembrava l «Quem aproveito
da reforma poro le enlregor o ellpe,iênclas arbitráriol, disperso
energias. ofende o sentido ecleslol. '.

, Sanlo Toma de Aqulno, Summll Tbealoglca, 2·2. q. 93, a. 1 .


• Cone. Ecum. VaI. li, Cena!. sobre a Sagrada liturgia $acraunc:tum
C:onclAum, n. 22. ')
• Paulo PP. VI, Alacuçio a 22 de agosto de 1973: "l'OlIlervalore
Romano", 23 de 8gosl0 de 1873.

-490-
dNAESTIMABlLE [)QNUM:t 51

AI A Santa MilMl

1 _ As duas partes que con$tihlem, de algum modo, CI Mina,


isto é, a Liturgio da PolQ'Iro e o Liturgia EUCOlrstico, e ltão tõa
intimamente ligados entre si que formam um .ó alo de culto 10_
Ninguém deve aproximar-se da me!o do Pão do Senhor, senôo depois
de ter estodo presente â meia da sua Palavra li , t: do móxima im-
portância, pois, o Sagrado Escritura na celebraçõo da MisUl. Por
conU9uinte, nõo pode W!r tron scurado aCf\lilo que o Igreja et$tobeleceu
poro que n eia mais abundante, varioda e bem adaptada g leitura do
Sogradg Escrit uro nas celebrocões litúrgicas:. 12. Observem-Ie os nor-
mas e$tabelecidas no Ledanário, seja qUQnto ao número das leituras,
seio quanto ôs indical;;ões referentes a circunstâncias especiais_ Seria
um grave abuso substituir o Palavra de Deus pela palavra do home m,
seio este quem for I",

2. A leitura da pericoPe Clvongêlica é ruervoda ao minislro


ordenado, ou seio, ao diócono aU ao sot:erdalo. As outras reituras,
qUQndo iua for pOSSível. sejam (:()nfiado~ o quem tenha recebida a
ministério d. leitor ou o oultos leigos. preparados espiritualmente e
10mbe"1 tecnicomentCl. À primeira leitura segue-se um salmo reSpon-
sorial, que fQZ porte integrante do liturgia da Palavro \t.

3. A homilia tem por fim explicar 00$ fiéis a Palavra de Deus,


proclamado nos leituras, e atualizar a mensagem do mesma. Compete,
portanto, 00 .ocerdote ou 00 diácono faur o homiria 1$.

". A procLomoçêio da Oraçõo Eucarístico .que, par sua naturezo,


• co",o que o ponto culminanto de toda a celebração, é res.rvado ao
sacerdote, em virtude do sua arde-naçãa, E um abula, portento, dClixar
que algumal portes do Oretãa Eucorb.tica seiam ditos pelo dlócono,

1~ Cone. Ecum. V'l. li, Consl aobre a SllIrada liturgia 'Ic,.,..nctum


Conclnum, n. 56.
11 Cf. IbldCIIIIJ n. 56; cf. também Cone_ Eeum. VaI. 11, Consl. dogm.
• oI:Ire e Dlvlne Reveleçlo De4 Verbcun, n. 21_
12 Cone. Ecum, V.1. li, Conal. aobre • Sf.grada Uturgle a.cron~um
Coacnlum, n. ~5.
J;;lI CI. S. Congregeçao pera o Culto Dlvtno, t_truçlo Ulurglcee I.....
t.unllqna, n. 2, a.
I" Cf. IMtHullo If8I*1IRe U.....1e Roman~ n. 38.
Ui S. Congregaolo para o Cullo Divino, Inslruçla UUqlcee 1MUIu-
relton•• n. 2, a.

-491-
52 -.PERGUNT E E RJ.:SPONDEREMOS.. 2'77/ 19M

ou por um minislro inferior ou pelos simpll!~ fiéis 16, No entanto, o


Qssembléia noo fica passivo e inerte: une·,e 00 sacerdote na fé e no
silêncio e manifesto Q sua adesão com os vários intervenções previstos
no desenrolor do orocão eucarística : os respostos 0 0 diálogo do
prefácio, o Sondus, (I aclamação depois da consagração e o Amém
final, depois do Per Ipwm I « por Cristo:.), que também é reservado 00
sacerdote. Este Amém final, em portic",lor, deveria ser valorizado
com o conlo, porque é o Amém mois importante de lodo a Mils.

5 . Usem-se somente os oroções eucaristicos incluldas no Missal


Romeno o u legitimamente admitidos pelo Sê Apost61ica, segundo os
modolidtldes e os limites por ela estabelecidas. Modificor os O,oçóu
EucoristiuJl aprovadas pelo Igreio ou adotar outrClS di ...ersos, de com-
posicóo pri"'ada, é abulo gra ...íssimo.

6. e preciso lembrar sempre q ue não se de....m sobrepor


outros oroçÕf:S ou conlOI â OfClção Et,u;Qrislico 11. Ao proclamar o
Oração Eucorístico, o sacerdote pronllncie o texto com clareza, de
modo a facilitar aos fi éis a compreensão do mesmo e o favorecer a
formação de lima ...erdadeira assembléia. toda e lo aplicado no cele-
bração do Memorial do Senhor.

7 . Concelebraçõo. A concelebroçõo, reposta em prótico na


lilurgio do Ocidenle, monifesla de modo pri ...ilegiado o unidade do
Sacerd6do. Por ino, os concelebranlcs estejam atentas 00$ sinais
Indicativos desta unidade: por exemplo, estejom presetlles desde o
inicio da celebroção. en'le-rguem os ... utes sagradas prescritos; ocupem
o lugar que compete ao seu ministirio de concelebrant&l' e abser-
"em fielmenle a s oulros norm(l$. para um de,oTolO d., enrolof-H do
rito sagrado 11 .

8 . MCI'éria do Euc.m5tIcl. fiel ao exemplo d. Cril to, °


Igreja
usou constantemente o pão e O vinho com 69uo, poro celebror o
Ceio do Senhor. O põo poro a celebração da Eucorb'ia deve ser,
segundo ti tradicão pr6prio do I,grelo lalino, ór.imo. Em ro~ão do
sinal, o matéria da celebração eucarlstica etem de apresentar-se \Itr-
dodeiromenle como alimento». IstD d.'Ie entender~.. em relQsão êI

1. Cf. S. Congr8g&çIo piora o Culto Dlv{no, carta eJre. e..cluriall.


Partldpatlon..... de 27 de abrlt de 1913, n. 8: MS 65 (1973), p. 34CJ..7;
Idem, In'truçlo LHufSJJc;.. 1..18II1'II110..... n. 4.
17 Cf. InatHvllo .........11 Mr... 11I Ro,rnIInl. n. 12. "
1. 1ttkIem. n. 15e • 161-3.

- 492
d NAESTI:\IABILE DONUM . 53

consistência do pão, e não õ forma cio Ift"MO, que permanece a Ira·


dicionol. Não pod~m !~r ajuntados outrOl ingredientes além da fa,i·
nhQ de trigo -e de água. A preparação do mesmo pão exige um
cuidado diligente, de tal ",oneira que o fabrico não venha a redtm·
dor em prejuÍJ::o do dignidade quo convém 00 pão eucorfsticoj lorne
possivel uma docorosa frocao, nao dê origem a excessivos fragmen-
tai e não choque a ,ensibHldade dos fiéis no momento de ser tomada .
O vinho paro o celebração eucorislico deve ser extraido c:do fruto
do yideiro . !Lc 22, 181. natural e genuino, isto é, naa misturado com
substâncias estranheu Ut.

9 . A carnunhãa eucariít:to . Á comunhão é um dom do Se·


nha r, que é dado aos fiéis por intermédio do minislto deputado poro
isso. Não se admito que os fiéis tomem eles .próprias o pão consa_
9rado e o cálice IQgf'CIdo, e muito menos se admite que o. fi 'ls os
.passem uns aos outro,"

10 . O fiel, religioso ou loigo, que está devidamente a uto r;·


,izado como ministro elltraordinório da Eucaristia, poderei distribuir
g Comunhão somente quando 10ltorem o sacerdote, o diócono ou o
acólito, ou quO'ndo o sacerdote estiye r impedido por motivo de enfer.
midade ou por causo da ~ua idade avançado , ou ent50 quando o
numero dos fiJtls que se oproJlimom da Comunhõo for tão grande
q ue foco demorar excj!,u ivomente (I celebraçõo do Mi llo~. E de se
reprovar, portonlo, o atitude daqueles socerdotes que, emboro pre-
sentes na cefebraç50, se abstêm de distribuir (I Comunhão, deixanrlo
tal tl:lrefa 001 leigos.

11 . A Igrejl:l exigiu sempre dos fiéis respeito e reyerêncio poro


com o Santíssima Eucaristia, no momenlo em que a reCebem.

QUOllto ao modo de 18 oprelllntar à Comunhõo, eslo pode "'"


recehidc:r p elos fi éis tonto de ioel'tos como de pé, de acordo com os
normal estabelecidas pelo Con/erêncio Episcopal. «Quando os fi'is
rece berem o Comunhão de joelhos, nõo se exige da porte de les sinal
algum de reveri!ncia poro com O SOtIlluimo Sacramento, umo vez.
qUe o pr6prlo ato de le ajoelharem exprime odoroc<io. Quando,
pelo contrôrio, receberem o Comunhão de pé, 00 apraximcllem ose do

1. Cio ibidem, n. 281-4 ; S. Congregaçlo para o Culto OIYlno , tn6lfu.


çlo U......CN IRltaul1ltklnis, n. 5: Notai•• 6 (1970) . p. 37.
20 S. Congregaçlo para • Disciplina dOI Sacramentos. InstruçAo
Immen... Clirlllta, n, 1.

-493 -
54 .o:PERCUNTE E RESPONDEREMOS:. m / 1984

altar pro cenionolmenh!, focem um 010 de reverência onlel de rece-


ber o socromenlo, no local e de modo adaptado, contanto que não
le perturbe o rilmo no suceder-se dos fiiin 21.

o Amém que OI fiéis dix.em, quando recebem (I Comunhão, é


um !;Ilo de fé peuool no prelençG d e Crislo.

12 . Quonlo à Comunhõo lob os duas e l póci e l. observe-se (I

que a Igreja determinou, quer por m:)livQ de veneração devido 00


mesmo sacramento, quer poro (I u,i lidade daqueles que recebem a
Eucaristia, segundo (I diversidode dOI circunslãndos, dos tempos e
dos lugores u.

Mesmo as Con'er~n(ias Epbcopais • os onlin6riol do Jugar não


",ltrepassem neste ponto aquilo qUe foi estabelecido pelo atual disci-
plino: (I concessão do Comunhão sob os duos es pécies não sejo ind il -
c;;riminodo; a s celcbracões seiam estabelecidos de maneira precisa,
depois, OI grupos que usufruem della faculdade leiam bem determi-
nados, disciplinados e homogêneos u.

13 . O Senhor permaneCe IOb as espédes mesmo depois da


Comunhão, Porlanla, distribuido o Comunh(io, a s porticulaJ conso-
orodas .que sobrarem sejam consumidos, ou então levadas pelo minis-
Ito compelente para o lugar da reservo eucarístico·

U . O 'linho cansogrado, por SUCl Vez, d eve Ser consumido


imediatamente a se,guir à Comunhão. e não pode Mf canservodo.
Preste-se atenção, pois, pala consagrar somente a quantidade de
vinho necessário poro a Comunhão.

15. Observem-se os regras prescritos poro a purificocõo do


cólic;e e dos outros venos sagrados que te nham contido as es p6cies
eucorlsticos :2"

16. Deve-Ie ter particular respeito e cuidado para com os


valOs logradol, tonto para com o cálice como poro com o patena
usados na celebraçõo da Eucaristia, COmo ainda patQ com os cib6-

f i S. Congregaçlo dos Rltc*, Instruçlo Euchart.tJcuM Mp""'_.


n, 34, cf. Inltl1utlo "'1'11111 M....III Romanl, n. 244, Cj 244, b; e 247. b.
t2 CI. IMUtutlo tltMfIIl1I Mi ... 11I Romul. n. 241-2.
20 CI. IbWem, n. 242.
2. Cf. Ibld ... n. 238.
"'
-494-
dNAESTIl\lABILE DONUPo-t, 55

rios que servem no Comunhão dos fi'il. A forme das vasos d eve
ser adaptado ao uso litúrgico 00 quol são deslinodoc. A matéria
deve ser nobre, duradoura e, em qvalquer caso, adequada ao uso
l acro. Nesle campo, o juizo compete ô Conferf nQQ Episcopal de
cada regiõo.

Não pode m ser usados simples cestos ou outrOI rectplentes des·


linados 00 u:a comum fora dcs celebroçães sagradas, ou de quali-
~a~e infe rior, ou que careçam de toda e quolquer caráter arthlico·

o c6l1c. ~ ai patenas, an!K de ser. . usados, deveM ser ben.


l idas pelo Bispo ou por um p~ítero -:tD.

17 . Recomende-se aa~ fié is que não d e5Cuidem, dopoi, da


Comunhão, de uma justo e ind i~ pe ns6vel ação d e graças, quer no
própri:J celebroção - com uns momentos de $i lincio e com um hino,
ou um sa lmo, ou a inda um outro cântico de louvor:U - quer 'ermi-
nado a celebroOçCia, permanecendo possivelmente em oração durante
um canve nienle espaço de tempo .

18 . Como é labido, há várias torefas que o mulher pode


desempenhar no assembl6ia 1i1vrgkQ , ~tre os quoi ~ Q leitura do
Palavra de Deus e a proclamação do. intençãe-s nQ Oração dos fi6h.
Porém não .ao permitida . às mulheres o. funsõel c:k servir ao oltor
como acólito 2T .

19 . Reçomenda-se uma particular vigilância e UI\'I ospedcl (u;"


dada quanto às Sentas Missas trQnlm itidos através dos meios da
call1unlcaçlio. Com efeito. dado o vastissima difusão que podem ler,
o seu desenro!« deve refleti, uma qualidade enmplar u .

Nos celebrações que se fazem em casal privadas, observem_se as


normas do Instrução Ac.tlo postoralis, d. 15 d . maio de 1969~.

flI CI. Ibidem, n. 288, 289, 292 e 295; e ainda. Sagrada Congregaçlo
para o CUlto Dlvfno, Inltr. Utwglcae Insteurllllonel, n. 8; • Po..UflcaIe Ro-
manum. ardo dedlcaDa..11 eccl_e ti altartlt, p. 125, n. 3.
f t Cf. Inlttlutlo gen.,ell. Mlnalll ROmlnl. n. 56 I,

u Cio S. Congregaçlo para ° Culto Divino, Inl lruçAo utIIrglClte


' ..tllUratlonn, n. 7.
U Cf. Const. Ecum. Vat. . 11, Con.1. IIQbte e Sagrad. Uturglll laoor'D'-
nnctum ConeOIum" n. 20; Ponl. Comlaslo para as Comunlcaçi5es SoclaJ.,
Instruçlo Connunlo ai PI'OQI'Haio, de 23 de mato de 1971, n. 151: AA8 63
(1971), p, S'93-6S6,
H Ma 61 (19691, p. 806-811.

-495_
56 .. PEne UNT E E RESPONDEREMOS» 277/ 198"

8) Culto eucaristito foro do Mism

20 . emuito recomendodg o devo<;õo, tonto pública como pri.


vedo, poro com a Sontissimo Eucaristia, também fora da MIsso. Com
efeito, o presenCQ de Cristo, adorado pelos fiéis no Santíssimo Sacro·
menta, deriva do Sacrificio " viso à Comunhão :.ocromenlol " espi.
, iluol.

21 . No pu~d is por os eu, dcios de piedode oucorl'lico, te·


nhom · se em conta os tempos, de maneira que os mesmos exerddos
se hormoniz.em com o litur9io , ne lg ! e inspirem, de algum modo, e
para ela encaminhem o povo c,islão. 3o •

22 . Quonto à s exposiçõos do Sonlíssitne $ocrame-nte, q-uer


prolongadas quer breve s, e quanlo às prOcissões eucarísticas, 005
Con,greuas Eucarísticos, bem como o todo o ordenaçêio da piedodo
eucarístico, obsQrvem' ~ Q os indicações postoroi, e as disposicões dados
pelo Ritual Romano 31.

23 . Não se devo esquecer quo, c antes da bfnção cem o San-


tíssimo 50",1amenlo, é preciso dedicar um espaço de tempo conve·
niente à leiluro do Polovro de Deus, Q canticos e o preces e o um
pouco de oracêio em silêncio:. u . No filiai do odoroçõo, conla-se
um hino e redlo-"I ou conlo-se uma dos orac;Oes, que se deve esco·
Iher dentre aquelas muitcu que paJa 101 fim ,ão apresentados no
Riluol Romano *=t.

2.A . O souário (tabernáculo!, onde se conservo o Sontluimo


Eucor jslio, pode se r colocado num altar_ ou também foro dele, num
lugar do igrela bem visível, verdodeiramenle nobre e devidamente
ornamentado, ou enlCio numa capela odaptoda poro o oro<;Cio pri-
vodo e poro o odoraçõo dos fiéis 34..

:tO CI. RitUlle Roma_wn. Da sacra Communlone e de cultu Mysterll .


8uchlllflsllcl exlr. Min am, nn. 79 e SO.
U CI. Ibidem, n. 82-112.
=z Cf. Ibldnn, n. 89.
as CI. Ibldlem, n.
87. "'
G1 CI. 1IIIlHutla aenerlllls M....11s Romanl, n. 276.

-496-
"INAESTI;\IADILE DO:-lU?,·I,. 57

25 . O '!'acrório devê ler sólido, inviolável e não transpo-


parenle l:'. Dianle dele, em que a pr~ le nco da Scrntissima ElICa,istic
deve ser inditada pelo cortinado, ou por oulro meio idôneo estabe le-
cido pelo autoridode compe1en1c, deve arder pere"e~nle uma lâm-
pado, como sinal de honro prestada 00 Senhor ~Q.

26 . Diante do Santíssimo Sacram ento, fe chado no sacrório ou


quando ode. publicamente e)(podo, montenho-se o veneranda praxe
de genufl ectir, em sinal de adoroçõo l'. Tal ato QKige que se lhe d~
uma olmo· Para que O coração se inc line diante de Deul, em pro·
fundo revl!rêncio, a gel'lufll!xão nõo seio aprenad a n em desajeitado.

27 . Se alguma coisa tive r sido introdu%ido, qUe oste jo em con-


troste com e:las disposições, deveró ler corrigida.

A maior porte das difku td ades cnc;o nlrodos na atuação do


reformo do Liturgia, sobretudo pelo qUe! se rofere ô Sonto Misso, pro-
vêm do fa to de o lguns socerdote l e fiéis nôo terem tido talvex um
conhecimento suficiente dos ra:r.ões teológicas e espirituais, pelos
quais foram foitos as modifico(õe s, segundo os princípios estabele-
cidos p elo último Concilio .

Os ,acerdolos d ~ve m apro fundar mais o autêntico conceito da


Igr~ia u, do qual o celebração litúrgico, sobre tudo a $onlo Missa,
é upreuõo viva. Sem uma adequado cultura biblica, os facerdotes
nõo poderõoop,esentor oos fiéis o sig nificado do Liturgia como
otuocõo, nos sinais, do hisrória do salvação. O C"onhecimento da
hiriório do ütUtglCl, de igual modo, contribuirei para four compreender
OI modificoçõ" introduzidcu, néio como novidade, mas sim como relo-
mada e adopta~ão da autl ntica 11 genuína tradiçéio.

A Liturgia exige a indo um grande equilibrio, porque, como di:r..


° Constituição Sacrosanelum Concilium, «o Liturgia . . . contribuirá em
tumo grau paro que os fiéis e)(primam na vida e manifestem uns oos
oulros O mistério de Cristo e o autêntico natureza do ve rdadeira
Igreja, que tem .o (CIrocteristica de ser, 00 mesmo tempo, humana o

~~ Cf. Ritual. Romanum. De sacra Com munion. el de cullu Mytterll


eucharlSllcl o)(tra Mlssam, n. 10.
CCl Cf. S. Congregaçlo dos: RitM. Inslruçlo Euchatistlcum Mysletlum, 57.
11 CI. Rltualfll AOINnum. 0& l acra Communlone e\ de cultu Myllerll
fIIucharitUci extra Mlssam, n. 84.
11 Cf. Cone. Ecum. Vai. li, COMI. dogm. sobre 8 Igreja Lumen GentlunL

- 497 -
58 ..PERCU~'TE E RESPONDERt=;MOS, m / l 9&l

divino....istvel e clolada de .lefMontol invisíveis, empenhada na oro-


~ão e clada à canlemplasóo, preS&nle no mundo e, todavia, per...
grinCl: ludo isto, porém, de tal mc."eiro que oquilo qu e nela é humano
U!I deve ordenar e subordinor ao divino. o vilii"el 00 invisive l, a o,,;õo
à contemplação, e a realidade presente à 'lido futuro poro a quol
estamOI en.::ominhodon lO. Sem um equilibrio a~sim . seró desfigu.
reda a "erdodeira face do Lilurgi(l cristã.

Poro se tll ~ onça;em mais facilmenle esle$ ideais, ser6 neccuono


favorecer a forma~ão litúrgica nos Seminários e nas Faculdade. Ecle-
sióstlcas tO e a participação dos sacerdotu: em cursos, convôinios e
encontros ou semanas li:urgicos, em que o edudo e a re:le .. õo d e ve m
ser volidamcnle integrados por celebrações exemplificadora; , Anim,
os sacerdotes poderão aplicar- s., a uma oçõo pastoral mais eficaz,
mediante o cote,quese litúrgica dos fiéis. o 0"90n i~açgo de ,grupos de
leitor." o formocão tonto espiritual corno prática daqueles que ser-
vem ao altar. a formação de animadores da asse mbléia, a progres-
sivo endq1.lecimento de um reportório do cônticos, em suma, me diante
todas aquelos inidativas que possom fo'tlarc:cer um conhecimento cada
'tIez mais profundo do liturgia.

e grande a responsabilidade das Comissões nacionais., dioce-


sanos de liturgia, be m como a dos InstitulOi e Centros litúrgicos, no
atuação do reforma litúrgica, sobretudo no trabalho do traduçóo dos
livros lihirgicol e no formação do clero e dos fiéis paro o espirito da
reforma determinado pelo recente Concilio.

As atividades de lais organismos devem odor a serviço do auto-


ridade eclesiástica, a qual lem de poder conlar com a suo colobo·
ro,õo, fiel ôs normal e às diretrizes da Igrelo, Manlendo-se ao meUHO
'.,..0 afastada de iniciativas arbitrária. e d. p.cu'Ilwlarillnos. que
podorIam comprometer os fN10s da reno'lo\:âo litúrgica .

.. Conc. Ecum. VaI. li, Consl. sobre a Sa grada liturgia SacfOAnctum


Conciliam. n. 2.
0&0 Cf. S. Congre~çio plra a Educaçlo CatólIca, Instrução De InsU·
">
tutlon. Uturglea In SlmlluII11.. In eccleala.tlcam luturorum aa.cllrdol"",
IonMUonem, dll 3 de junho dll 1979.

- 498
cINAES'I'IMABlLE DONUM,. 59

Este docume nto chegara às mãos das mini,trO$ d e Dous ao com-


pletar-se o primeira deci nio d e ..da do Miuolo Romonum, promul-
gado pelo 5onto Padre Paulo VI, em oluoção das prescrições do Con-
dlio Volic=ano 11.

Parece opor tuna reevocor aq ui algumas palavras (lue aquele


Suma PanHrite pronunc:a u qutmta o fidelidad e os normas da celebra-
çóa do Liturgia,

«li!: um fCIta multo grave, quando se introduz o divlsóo IlGquilo


precisamenle e m que 'o amor de Cristo na, congregou na unidode',
islo é, na liturglCl e no Socrifído eucodsfico, recusando o respeito
d evido às n ormas estClbelec:dai em rno lêrio litúrgico . I!: em nome do
!rCldiçõo q ue quere mos pedir o lodos as nouol filhos e a todo~ as
eam U:lidodes cotõlica s celebrarem, com dignidade e fervor, o liturgia
,enovadCl :' .1.
Os bispos, e nquanto «orden odares, promotores e guordas do
vida litúrgita na Igreja o eles canfiClda:o u, têm de sober enconlror
Os «Imlnhos mais oplos porCl umo criterioso e firme apliUl~óo datas
1\0"",05, parG a 91&rio de Devs e o maior bem do Igreja .

Romo, sede do Sagrado Con.gregoção poro os Sacramentos e o


Culto Divino, aos:') de abril - Quinta-feira Santa _ de 1980.

hta Inst""~õo, preporada p e la Sagrado Congregação para os


Sacromentos e o Culto Divino, foi ClPl'Ovoda G 17 d e obril de 1980
pelo Santa Padre João Paulo 11, a qual, conflnnando-a com a sua
autoridade, orde nou que a mesma fosse publicado e abservodo por
lodos 0$ inf.,essadas.

Jam.s R. Cardo Knox Virgílio No'


Prefeito 8ecTe"rlO Adjunta

n AIoç\l~lo eon.istarlal a 24 do maio de 1976: MS 68 (1976), p. 374.


i2 Cone. Ecum. VaI. 11. Dec=r. .obre o Múnus Paslor.1 dos Bispos ne
Igreja Cbrlltl.lll DomlnUl. n. 15.

499 -
60 , PERGUNTE E RESPONOEREMOS ~ 277/ 1981

11 . NOTAS COMPLEMENTARES
1 . Com relação ao n' 4 da Instruçã() transcrita, pode ser
citado o Código de Direito Canônico, que assim reza:

Cônon 907: «No celebro,õo eucarístico, não é permitido aos


dióconos e leigos proferir as oro,ões, cspetialmente a Oro(õa Eucarís·
tico, ou executor os oções própríos do sacerdote celebronte ».

CBnon 846: «§ l ' Na celebroção dos sacramentos, ligam.se


fielmente os livrOi litúrgicos aprovados pela autoridade comp.lente;
por tanto ninguêm acrescente, suprimo ou aUere coisa alguma neles,
por própria iniciativa ,.

2. Explicitando o n7 12, citamos aqui as mencionadas


rubricas do Missal Romano atinentes à distribuição da S. Eu·
caristia sob as duas espécies:
c 241. Cuidem os pIntoreS de lembrar, da melhor formo pos:í-
vel, 00$ fiéis que participam do rito ou a ele aubtem, a doutrino
l;ot6li,0 a respeito dCl formo da Sagrado Comunhão, segundo o
Concilio Triden1ino. Anles de ludo, advirtam os fiéis de que o fé ,aló-
lico ensino que, 10mbêm sob uma só elpieie, se recebe Cristo todo
e inteiro, assim como o verdadeiro sa crall1ento; por istet, no que con-
cerne 00. frulos do Comunhõo, aqueles que recebem uma 16 espê<ie
nôo ficam privados de nenhuma .graça neceuó,ia ô salvaçôo.

Eminem ainda que o lur.ia, no adminillrocê'io dos sacramental,


tem o poder de determinor e mudar, solvo o lua lubstância, o que
julgar conveniente ti utilidad e dos que OI recebem e g 'Ytlnera ..iio dos
mel mos sClcromenlos, em razôo do diversidade dos COilOl, dOI tempos
e dos lugares. Ao mesmo tempo, exortem os fiéis a que desejem
participar moi, intensamente do fito sagrado, pelo qual se manifesta
do modo mais perfeito o sinol do banquete e ucorístico.

242 . A jui:r:o do Bispo e após uma conveniente catequ.te, per~


mito"8 a Comunhão do cálke no, seguintes 1;0101:

1) 00$ neófitos od\lIIO" na Missa qUe Se legue ao Batismo;


aOI conflrmGndos Gdultos, no Missa de ConfirmoçãG; aos boti:r:odos ')
que são recebidos na Comunhõo do Igreja;

- 500-
clNAESTIMABlLE DONUM, 61

2' a os t!sposos, no Miua de leu Matrimônio;

3'- '~~-;"c;rden(ldo s, na Mim;-d e7uã"Orderiõçãõ~;------

A I à -abodes: o, na Missa de lua b8nc;õa. às virgens_ na Missa


de sua consagração; 001 professos t! seus pais, parenles e co.irmõOI,
no Mina da primeira proliuão religiosa ou do renovocõo do profissão,
ou da profissõo religiosa perpétua , contanto que e mitam ou renovem
OI valos durante a Missa;

SI oos ou;o;;li(.,es leigos dos I'IIIS!OeS, no Misso eln que recebem


publicamente suo missõo e o lodos os oulros no Min a em que recebe m
uma missão eclesiódica;

6) na administração do Viótko 00 e nfermo e o todos os pre·


sentes, quando o Missa fo, celebrodo na cosa do enferlllo, conforme
a norma do Direito ;

7) ao diócono e 001 ministros, quando desempenham a s.Ua


func;<ío no Missa com canto;

8) havendo con«:clebrac;õo:

o, a todos, mesmo leigos, que desempenham no própria con·


ceJebrocõo um ...erdodeiro ministério litúrgico, onim como o todos os
semino,illos que delo participam;

b, em suas tgreios e orot6rtos, o lodos os membros. dos Institutos


que professam os conselhos e ... ongélico~ e das outros Sociedades nos
quois se consagram o Deus por votos religiosos, oblação ou promessa,
e ainda (I todos os que residem dia e noite no cena dos membros dos
mencionados Institutos e Saciedad~s i

9' 00 :5 sacerdote. que auislem a grande, celebrações " nõo


podem cele brar ou conceleb,or;

101 o todos os que fazem elt.relelos espirituoi., na M1s:5CI que,


durante· os mesmos, , celebrado especlalmente poro eles com a suo
partic:ipoC;<ío otiya; a todos os que participam de alguma reunião
paltaral, na Mina que celebram em comum:

li) àqvele. de que falam OI n., 2 e A, na Mina dOI relpe cti'iOI


jubileus;

-501-
62 t!PERGUNTE E RESPOND8REMOS » m / 19M

121 00 padrinho, à madrinha, aos pais, ao c6njuge e também


aos (otoquistos leigos do batizado adulto, na Mina de sua iniciaçãoJ

13) aos pois, 001 fomiliores e tombém aos benfeitores insignes


que participam do Missa do neo-sacerdotOl

14) aos membros dos comunidades, no Missa convenhotal ou ' do


Comunidade' ».

3 . O n' 15 da Instrução cInncstlmabile Donum» refere-se


a normas con~rnentes ã purificação dos vasos sagrados_ Ei-Ias:

.. 238 . Os Y.asos sagradas são purificados pelo sacerdote oU pelo


diácono depois do Comunhão ou da Missa, na medida do possível
junto à credindg. A purificação do cálice é feito com vinho e águo,
ou sb com 6guo, que o prôprio sacerdote ou o diócono consome. A
patena seja purificado normalmente com o sangüinho ».

4. O n' 17t que trata da ação de graças apOs a Comu·


nhão Eucarlstica, merece ser enfatizado. A oração comunitA-
ria, para ser plenamente frutuosa, exige a oração particular e
silenciosa: sem esta, corre o risco de tornar-se mera formali-
dade para quem celebra a Liturgia. Dai a importância da
oração pessoal e recolhida após a recepção da S. Eucaristia,
inclusive após o ténnino da S. Missa. Quem participa desta
conscientemente, sabe Que está vivendo o ponto alto do seu
dia; deve ser, portanto, Impelido a procurar agradecer e apro-
fundar o dom recebido, mesmo que a cerimônia litúrgica. tenha
acabado. A tradição da Igreja recomenda esta prática, que,
após a renovação da Liturgia pelo Concilio do Vaticano lI,
entrou em desuso, sem que para isto se JX)SSR encontrar ade-
quada expUeação. Os momentos em que se conserva a pre-
sença eucaristica de Cristo nos fJéls cOmungantes, são de ele.
vado valor para a vida espiritual e constituem, para o C"istio,
o momento, por excelência, de adoratão a Cristo e da apre-
sentação de gratidão e petições.
5. O n' 20 trata da piedade eucarfst1ca fora da Missa.
A propósito pode-se citar o n. 3 da Carta de Joio Paulo n
datada de 24/08/1980:

c:Um lal cullo, que se dirige li Santlsslma Trindade do PGi, do


filho o do Esplrito Santo, Clcompanha e permeio, Gntes de mais nadei:
toda a colebra"óCl da liturgia eucorl.tka. Mas ele há de encher

- 502_
cINAESTIMABll.E OONUM:t 63

também os nouos templos noutros momentos poro além do horário


das sanlos IIIluas. Na verdade, uma vez que o mi,tê,io euc:a,rstico foi
inslituldo pelo amor, e nos torna Crislo sacramentalmente presente, ele
é digno de adoração e de culto. E este 1'101$0 culto h6 de sabreuair em
cada 1,1", dos nosso.$ encontros com o Sontíssr",o $oCfamenlo, ~uer
quondo vhitamos os nanai igrejas, quer quando os logrodos espécies
sôo levados e administrados aos enfermos .

A ado'CI~ao de C,ille nede sacramento do amor deve oncontrar


o sua expressõo em diversos formos de dovoção eueorístka: orações
pessoais dlente da Santissimo, horas de adorac;õo, exposicões breves,
prolongados ...

A. animocõo e o oprofundomento do culto eucarístico s60 provo


daquela autêntico renovacão, que o melmo Concilio se propôs como
finalidade e dele são o ponto ccntral ... A Igreia e mundo Ifm
grande neceuidade do (1,1110 eucorí"íco. Jesus espero por no, nesle
sacramente do amor. Não nos mostremos avaros co", O tlOna tempo,
para ir encontrar-nos com Ele na odoracão, na contemplação cheio
de fé " pronta poro reporor OI grandes culpas 11 os crimes do mundo.
Hêio ceSle nunca a nona odoracõCI :t.

t: oportuno que os sacerdotes e os leigos católicos tenham


em mira tais normas da Igreja. Embora minuciosas e apa~
rentemente de pouca Importância ou desprezivels, merecem
todo o acato do clero e do povo de Deus. «Quem é fiel nas
coisas mInlrnas, ê fiel também no muito, e quem é inlquo no
minimo, é iníquo também no multo» (Lc l6,lO). Não basta
ao fiel cristão ter sólida fonnação doutrinária ou teol6glca;
sem vivência concreta ou sem obediência prática às normas
da Igreja, tal formação redunda Imperfeita ou falha. :t.: na
fidelidade cotidiana que se comprova a autenticidade da estru~
tura doutrlnãria do fiel católico.

"t "
,
> ..

<: ....
-,

-503 -
Dúvida freqüente:

Comungar mais vezes por dia?


Em 11m... : o prasente artigo analisa o uso do advérbio letino
Ittrvm tanlo na J/ngua clisslca do Uclo como na linguagem eclasltsUca.
Conclui Que llervrn significa uma .aguftCl. "I. ou pela ..gunde vaz. e oAo
Indaflnktamenta da novo. Em con$eqQenc:I., o cAnon 917 do Código de
Direito CenOnlco, qua permite comungar herum no mesmo dia. tem em vista
autorizar uma segunda recepçJo da S. Eucaristia para quem participe da
S. Missa, e nlo um nOmero Indellnklo da ComunMes Eucaristias por dia.
_ t o que propOe o Prof. Folbt Lasheras Bêrnal em artigo abaixo
tran$Crlto.

• ••
A revista espanhola ROCA vrv A em seu número 196, de
abrU de 1984, pp. 208.211, publicou um artigo de Felix: Lasheras
Bernal, egrégio professor de Latim, que analisa o cânon 917
do atual Código de Direit<l Canônico, Este tem sido objeto de
hesitações, pois permite aos fiéis receber a S. Eucaristia ite-
nun no mesmo dia. Donde se tem deprecndido que é licito
receber de novo e de novo a S. Comunhão num só dia desde
que o comungante participe da respectiva Missa.
A propósito o citado mestre tece considerações lingUisticas
que mereeem atenção e que vão abaixo publicadas em traducão
portuguesa.

o ADVeRBIO «ITERUM» NO CANON 917 DO NOVO


CODIGO DE DIREITO CANONICO
Come_londo o novo Código, dine-me um sacerdote: c Agoro será
líólo comungor sempre qua o fiel portidpe dg Mina:..
E um ReligioJO: «Agora a s penoo. piedosos ponarão O diõ Q
(:oml./"gor, porque o poderão 10%e, sempre que anidom à Mluolt.
Veiamol, porém, o cônon 917, que se refere à Sagrada Comunhõol
«Qui loncliuimom EuchorisfiClm iam reccplt, polelt com il.rum code""
di. IUlciper• . solummodo In'ra euchoristicom c:elebrotionem cul
porticipal».

-504 -
COMUNGAR MAIS VEZES f>OR DIA ? 65

Ao tradução deste cãnon, segundo a edição publkcdo no Brasil,


soo:

cQuem já recebe u a 100ntllsimo Eu caristia, pode recebê-Ia nova-


m ~nl~no mesmo dia , some nte denlro da c~l e braçao eucoristica ~m
que participa ».

Confesso que sou quase leigo em questões cancnlCOS. Um curso


d e Direito Ca nônico, ainda que realilodo em Universidado Pontificia,
nôo dél poro mais. Toda via tenho obrigaçôo de conhecer o latim
depois de haver dedico do todo uma vida 00 estudo e 0 0 ensino deste
id ioma. limito· me, portanto, à interprela'ião do advérbio latino
ae,,"!m, que foi tradu1ido por cde novo». Esla locuçõo odverbioJ signi-
fico «reileradomen le » ou «,epetidamente ». Lo,g o, conforme o tradução
corrente, têm rozôo meus interlocutores, sa cerdote e Religioso. Razão
que e confirmado na edição bilin,güe do C6digo publicado p ela BAC
e com.n lada pelos professores de Direito Canônico do Universidade de
Sa lamonco. Dize m estes ihatres mestrel : cO leor lilelo l do ronon
lovorece comungar de novo em qualquer Missa d e que o fiel participe,
sem limitação de vezes, e mesmo .q ue o partidpaçóo seja inspirado
openos p or deVOt a0 pessoal ... O mesmo se conclui do leio de que
s. Irato de lei fovoróvel, o qual deve $tlr interpretadO' com emplidiio».

Acantectl, poré m, que os redatores do Código escreveram este


canon em latim, que continuo sendo a Unguo oficial do Igreja. Ora,
no latim clilsrico o advérbio ite rum, q u. ê o n6 do questa o, significo
c segunda vez_, cd. novo. . Ou seio, não «re petidome nt.», mal
apenaI cuma segundo vez ". Neste sentido usam-no sempre os autores
clássicos:

1. Veja m-,. olguns exemplos, que le poderiO'm multipllcor,

nto Uvio !t 17 d . C.11 « lIerum canJub. O que eyidentemente


quer dizer: «C6n,ul pe lo segunda veu.

Júlio César It 44 a . C." cSemel al.qu o ilerum », isto é, «Dues


vezes, uma ve:z e outra segunda vez •.

atera It 43 a . C.h cln Sicilia ubi ,ex Agalhocle~ regnalor fui!


el ilerum Cindhia, tertium liparuu, ou 'êja, «No Sidlia, onde o rei
Asaloçle' foi o sobetano, depois (em se gundo lugar) Oncthia, depois
I em le rceiro lugar) Uparo».

-505 -
66 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS:. m / 19M

Comfllo Nepos (t 2. o.c., : c Qu~m primo apud Rhodanum .


iterum opud Padum, lerlio opud Trebiom fugalGb, ou seja: cA quem
pusera em fuga primei ramente junto 00 Ródano, depois (-em segundo
lugar) lunto 00 Pó, em lerceiro lugar em Tr6bio :..

Com~io Neposs tt 2<4 a . C. ) c Bis dimicavit, ,,"ne l ad Dyrrachium,


ilerum in Hlspania :., ou leja. «lulou duol vezel : o primeira em Durono,
o segundo na Espanho ll.

VarfÕo It 27 a . c.) : eTerram cum primum orOl1l, proscindere


oppellont; cum ilerum, oHringere dicunl ;t, ou seja, «Quando lavram
(I lerra pelo primeira ver.:, dizem proscinderej quando o lavram pelo

segunda vez. dizem offringe,.:..

Se OI dó u icoI querem referir-se a «reilerodamenle :., ou uepeli do.


rneflle ., escrevem ollim:

Uvio: d lerum olque lerlium :.. ou seja, «Segundo e lerceira veu.


Clcero (t 43 o . e . ) : «Iterum ac lerlio :. islo é, «Duas e Irês vezes:..
Viramo It 19 a .C.) ' «lIerum ilerumque:., ou leio, c Vários vezen .
Viramo e Horácio It 19 o , C" t 8 d .C. " c lterum alque i'eru", :.
ou seja, «Uma e muitas vezes:..

A qUem deseje mais exemplos, d ia o elatin Diclionory:. editado


em Oxford 119821. p. 976, verbele Illrum.

Sob Q luz dos Guiares clémicos romanos, o cânon 917 portanlo


deve interpretar.se no sentido de se poder comungar apenas unia
segunda ve;r; no "'esmo dia.

2. Do "'esmo modo entendiam OI Santos Padrel o advérbio,

cVetliet Salvador rlon ui ilerum iudic=aluf. sed ui in ius voai aos o


quibus in iudlcium ali vocatus:. IDas Catequeses de S. Cirilo de
Jerusalém, t 3B61. A Iraducao é cloro I cViril o Salvadar nõo paro
l er ju,&!ado uma segundo vez, mos .. .

Sõo leão Magno, Popa de .440 a "'61 , diz.


c PI' Baplismalis socramenlum Spi,ilus Saneli fodus es lemplum :
noll lantum hobitolorem provis de II actibus effugore el dioboli le
ITERUM subiCof:re serviluli:.. t: evidente .que o sonto admoesto o cristão
a quo não torne, por IUO$ más GI;Õel, Q ser uma 189 unda vez escroYo ' .
do diabo, de quem j6 foi eSa"oVQ antes do Batismo.

-506 -
COMUNGAR MAIS VEZES POR DIA? 67

3 , Como nas demonstrações dai Escolásticos, possemos à S,


Escritura :

cEI veniunl domum (lesul el dilcipuliJ el convenit ITERUM turba:t


I Me: 3,201, A mullidõo que hgvia cercgdg Jesus. OI seus, vai p.,la
segunda vel: ã cosa onde estavgm Jesul e OI seus discipulos.

São Paulo em dois convites suceuivos nas quer alegres : c Gaudele


in Domino semper, ITERUM dica, goudetu (FI 4,.4).

clTERUM reversus lum DamalCUm it IGI 1,171, Torno o Apóslolg


Q OClmcuco; erC! o 5egundC! vez que lá ia,

cQui enim sonctifical et qui sonctificontur, ex uno omnes: propler


quom causam non confundilUf fralrel c OI vocare dicens: ' Nuntiobo
nomen luum fratribuI meis, in media ccclesiae laudabo la', cl ITERUM:
'Ego cro fiden$ in eum', el ITERUM: 'Ecce ego el pucri mei, quoI dedil
Deu. ' . IHebre us 2,11-131, Aquele ~u. sgntiftCa, chamo os que são
sanlHicadas pe lo apelativo de irmãos uma segunda vez, Para referir-se
pelo lercelra VIU cas 1rmõ05. repele o advl:rbio lttIf'Um,

" , A Igreja uso também o adverbio ilerum no , entido de «pela


segunda vez., Na Orocõa Eucoristicg 11 di:r.em os sacerdotes:

cPostquom coenalum esl, accipienl ai calicem, ITERUM orCltias


agem dedit discipulis suis,. , :t Dá graças antes do consa,groção da
põo e oulra (sc9unda) vez antes do consagração do vinho,

Por fim, no Clodo da Mino eKprimimo$ o fé da IV reja no segundo


vinda d. Cristo tnoo virá mais ve.:r.es l, dizendo : 4 Et iterum v.nlurus
esb.

o próprio Código nos ensina a inl.rpretgr correlomente o advir.


bio. advertindo no cânon 17.

elegei ecclesiosticae inl.llegendae sunl secundum propõam verbo-


rum significationell'l in fexlu el contexlu consid.rolam»1. Creio ter
demonstrado que o significado próprio do C!dvérblo lterum é cuma
segundo vez s6:t, Por conseguinte, assim hil de enlender-se o
cônan 917,

1 UAs leis da Igreja devem .er enlendldas segundo o sentido próprio


dai palavras. considerado no 1,.10 e no contexlo",

- 507-
Ainda no câ non 21, li-se:

dn dubio revoUltio legi, proeuiJte ntis noo praes umitur, sed leses
poderiores Cld prioru trahendCle $unt et his, qUClnlum fieri polesl,
conciliondoe. 1 • Se, porém, resta a alguém ql,llCllquer dúyido sobre o
sentido de Iten.un no cônon 917, d eve conciliar esta lei com a prece·
dente, eJlpreu Cl na Instrução Immensae Ccuilcdis 11973, depois do
Conciliai. cuia revogação não d ....e ser presumida. Sabemos que, em
vi rtude desta Instrução, j6 se podia comungar uma segunda vez no
mesmo dia qUClndo se cumpri0 o preceito dominical no véspera do d ia
santo, na Mino vespertina de quinla· feira sanla, na segundo Missa
do dio de PáscoCl, nas Miu a s rituais, elté.quias, e lc. O ca non 917
limito· se o ampliar a faculdade de comungor pelo segundo vez no
mesmo dia desde qu e 101 Comunhõo seja feita dentro dQ Mina de que
o fiel PQltlcipe.

0, comentador., do edicâo do BAC confenam que o suo inter·


pretação ampla poderia acarretar como conseqüênd(l um certo desvio
da piedode eucarifticQ, com rosultados negativos no ombito ecumênico.
AcrelCenlQm que s.rio conveniente uma interprelQçõo Quti ntica dQ
parte da Sanlo Sé. Não ne go o conveniência de tal interpretação pC"HO
evitar qualquer dúvida, mQS julgo que eda nõo é necessária porque
o mente do legislodor eslá muito clara porQ .q uem sobe latim.

A edição da Univeuidodê de Novorro IEUNSA) vinculo, como


nás fizemol, g inlerprelgçgo d o cônon 917 00 laor da Instrução
Im....n$O. Cclritolll, O mesmo fiurom os <omefltodores da adiçõo
catalã, que :e limitaram Q tradur.ir para o calolõo as natos da EUNSA.

SlncerQm.nte creio que ou im se deve proceder enquanto RomQ


não nos dir o canlrório. Profetizo, a liás, .q ue não o d irá .

Sem comentários ...

I "Na dÍIIIlda. nlo se presume a teyogaçia da lei preelllalenle, mas ••


leI. poaterlore. devem .er comparadas com as anlerlore. a, quanto poss! ... t,
I..-om elas harmonizadas".

-508 -
Um livro qu. I~terpel.:

"A Volta ã <irande Disciplina"


por Joio Batista Ubãnlo S . J.

Em alnl... : o Pe. Joio Batista Libanlo, S.J. julga que a imagem da


Igreja Inspirada paio Concilio de Trento ( 15Q-1565) esli destrulda . Maa
nlo ae oba qual outra colocar em seu lugar. ~ pessoalmonte lavorável à
leologla da llbartaçlO, mas também a esta faz breves criticas. Deixa, pois,
o leitor diante de um Impas5o, para o qual não aparece salda autêntica ou
satlslatOrla.
Observamos que o livro é, por vez.es, amblguo e tendente a genetalizar,
almpllflcar a carI caturar. Alêm do que nlo leva em conta devIda o mistério
ou o aacramonlo da IgroJa (luman Cantlwn n~ 11: esta é realldado divino-
-humana, que, em suas encruzilhadas, é assistida pelo Esplrilo 58nlo pera
anconlr.r o rato caminho do lululo : se hi dlllculdades a perplexidades para
os IMls cat611coa camlntlfJlrM, Clstas hlo de lSer olueldadas por lidelldade ao
maglst6rlo da Igreja, qUe raesbau da Crlato a mlsslo da orlantar autenllca-
monlo a grei do senhor (cl. MI 16.17-19; 18,18: Lc 22,315: Jo 21,15-17) .

• • •
o Pe. João Batista Libãnio S.J., conhecido teólogo bra-
sileiro, pUblicou um Uvro que certamente muito fala ao leitor.
com o ütulo cA Volta ã Grande Disciplina~ I . A obra tennina
deixando um tanto aberta a QUestão lancada inicialmente, de
modo que o estudioso se sente de certa. maneira obrigado a
continuar o racloci.nio do autor. 1: o que vamos fazer nas
pâginas subseqüentes, expondo sumariamente o conteúdo do
livro e acrescentando-lhe algumas observaçôes.

1. As propostos do li_
O titulo do livro se deriva de uma mensagem do Papa
João Paulo I, que logo no inicio do seu breve pont1flcado apre-
goou o retorno ·dos fiéis à discIplina que os últimos dedn10s

J Ed. Loyola, Slo P.ulo 19M. Coleçlo -TeGlogl. a Evangollzl,lo"


n' 4, 140 X 210 mm, 180 pp.

-509_
10 ..PERGUNTE E RESPONDEREMOS_ 277/ 1984

contribuíram para quebrar dentro da Igreja. O Pontífice


seguinte. João Paulo II. retomou a temãtica, preconizando
fidelidade à cgrande discipUna da Igrejab.

Qual o pano de fundo destas exortações?

1. Se1nJ.ndo o Pe. LibAnlo, é preciso retroceder até o


Concilio de Trento (1543-1565), que propôs definlem dogmá-
tiCAS e nonnas disciplinares assaz eJaras, t endo em vista a
situação conturbada da Igreja na época de Lutero. O Con-
cilio de Tnmto conseguiu realmente despertar a consciência
dos católicos para a reta fé e os prlnclpios de a utêntica vivên-
cia do Evangelho: a proveitando clementO$ positivos da Cris-
tandade medIeval, levou em conta os tempos modernos e pro-
curou traçar diretrizes para assegurar o testemunho dos cató-
licos nos séculos subseqüentes. A influência positiva do Conci-
lio de Trento perdurou inalterada até a Revolução Francesa
(1789), que já a contrabalançou de algum modo. O século XIX
e, mais ainda, o .século XX destruíram o que Libânlo chama
«o imaginârlo e as conseqüências do imaginAria do Concilio
Tridentino ~. Cf. pp. 23-27.

2. A edeconstruçâo. do imaginário social religioso (p. 81)


de Trento foi-se dando aos poucos até ser finalmente reconhe-
cida e sancionada pelo ConciUo do Vaticano n (1962-1965),
segundo o Pe. Llbânio. Este Conclllo terá chamado a atenção
para o valor das realidades terrestres, que tinham estado
esquecidas nos séculos anteriores por parte da Igreja. Além
dJsto, a psicologia profunda exerceu influxo corrosivo nas con-
cepeões religiosas dos cristãos. A exegese protestante liberal,
encabeçada por Martin Dlbelius e Rudolf Bultmann, terá aba-
lado clássicas conclusões dos comentadores da S. Escritura.
O ecumenismo laneou certo relativismo na mente dos fi~is cató-
licos, cujo zelo missionário terá sido solapadO. A CQnsclência
do pecado se perdeu por influência da psicologia das pro(un-
didad.es.. . O autor aponta ainda numerosas facetas do que,
ele chama 4a deconstrução do Imaginário tridentino•.

3. Após o COncilio do Vaticano fi, Liblnio vê quatro


reações à deconstrução ou quatro tentativas de reconstrução "
da identidade oat6Uca.

- 510-
cA VOLTA À GRANDE DISCIPLINA ,. 71

1) Cri"lanlsm~ desvlnwlado de Instituição

A primeIra tentativa seria a que anuncia o fim do Cris-


tianismo convencional e apregoa a subsistência da mensagem
do Evangelho em pequenos grupos, espontâneos em suas mani-
festações de fé, de Moral e de Liturgia, desvinculados de qual-
quer autoridade universal ou do magistério da Igreja_ Neste
contexto se situariam certas correntes secularizadas e secula-
rizantcs do Cristianismo, como também certos movimentos
carismâticos, pois uns e outros fazem questão de afirmar slIa
espontaneidade; co ponto de referência não é a instih.Jicão,
mas práticas ou experiências do grupo. (p. 114).
O Pe. Libánio não se identifica com esse modo de pensar
e agir. que ele critica, visto que, entre outras coisas, a insti-
tuição é indispensável para que as idéias e os carismas possam
sobreviver e atuar. «Esse tipo de análise desconhece a força
sociológica do mlstica religiosa, a consistência e resistência das
Instituições religiosas oficiais, estruturadas,. (p. 119) .

2} Cr.fstianbmo ,.,tourado segundo o modelo trld.nfino

o Pe. L1bânlo situa aqui a corrente de D. Mareel Lefébvre


e dos fundamentallstas, que se recusam a aceitar o Concilio do
Vaticano U, considerado como «capltulacão da Igreja diante
do espírito liberal e anti·religioso da Revoluçãe Francesa_
(p. 121) . cA solução é reter' a totalidade integra da Identi-
dade tridentIna_ (p. 121).
A posicão de D. Lerébvre, segundc o Pe. Libãnio, «vive •..
de decisões autorltArlas sem hesttacão, de forte fideismo até a
demissão quase completa da razão e da critica» (p. 123) .
No Brasil a TFP (Tradição, Família e Propriedade) seria
uma sociedade representativa deste modo de pensar, junta·
mente com o grupo de saeerc:!otes "tradicionalistas da dIocese
d. Campos.
o autor do livro também critica esta posição. A Tradição,
diz ele, é cvlva e dinâmica. posta num processo de continua
relnterpretação. em busca de sinteses mais completas e ricas_
(p. 128). cA grande garantia da autenticidade dessa relnter-
pretação é a atio do Esplrito Santo, que Cristo entregou à sua
Igreja» (p. 128). cOs Integristas negam ao mundo moderno
sua gmndeza teológica. fIlosófica e sóclo-poUtlca» (p. 131).
-511-
72 cPERCUNTE E RESPONDEREMOS. 277;198-1

3} Construção da Identidade <lVaticano 11 »

As duas tentativa anteriores de solução tendiam a extre·


mos opostos. A que se segue, procura ser equilibrada.
Apregoa a necessidade de cfazer com o Vaticano n o
que se fez com Trento nos séculos seguintes:. (p. 131) : tende,
pois, a pôr em prática as Constituições e os Decretos do Con-
cílio do Vaticano ll. Depois de um período de experiências
subseqUentes ao Concilio, já. se podem definir normas e prin.
cipios para uma nOva disciplina da Igreja; esta implica o re·
tomo à centralização da adminlstra('ão da Igreja e o reforço
da autoridade. Exprlme.se em alguns movimentos de leigos
como Renovação Carismática, Cursilhos de Cristandade, Movi·
mento Familiar Cristão, Equipes de Nossa Senhora, Focola-
rini, etc., que procuram a conversão dos seus membros e do
mundo descristianizado.
A teologia, no caso, procura oferecer respostas -e segu-
rancas, após um penodo de suspeitas e dúvidas teológicas;
rejeita atitudes criticas que estão sempre em busca de rein-
terpretações. O magistério da Igreja, de acordo com esta men·
talidade, tem-se pronunciado sobre pontos Importantes, obnu.
bilados pela vida moderna: assim tez Paulo VI na. encldlca
cHumanae Vitae~ (1968) sobre o controle da natalidade e ·na
Instrução sobre alguns pontos de lOOca Sexual (1975); assim
também João Paulo n no documento sobre a Escatologia
(1979). A revista COMMUNIO seria a expressão da corrente
de pensamento inspirada pelo VatieaDo U .
O Pe. Libinio também critica esta imagem de Igreja. E
isto, a vários titulas. Julga que o Concilio do :Vaticano n,
mais do que um cdado Objetivo, fixo, redigido numa forma
acabada., foi um principio de dinámica, que criou coovo espl.
rito, nova mentalidade, introduzindo no interior da Igreja a
dimensão histórloa, hennenêutica., dlalétieap (p. 149). cEIe
mesmo anuncia a sua superação. ao aceitar o duplo principio
fundamental da perspectiva ecumênica e pastoral:. (p. 149) .
cCom o rolar dos tempos são os ensinamentos do VaUoo.no ,n
que necessitam de novas vestes, enquanto os defensores desSa
Hnha pastoral ficam presos a seu modelo démodé» (p. 150).
Na Igreja MO deve haver cmecanismos coercitivos, .que
se criam totalmente peremptos ~ (p. 152). Mais: cpor mais'l
que se diga que pertence como parte integrante ou essencial
-512-
t.A VOLTA À GRANDE DISCIPUNA,. 73

da evangell.zacão a proJTlO(:ão humana, a libertação social. a


identidade neofundarnentallsta não se- contenta com essa afir-
mação, nem com essa teologia. Teme sempre que ela camufle
um horizontalismo lmperdoâvel, uma negação, em última aná-
lise, da própria Transcendéncia:t (p. 153).
«Jesus mostrou- profunda liberdade diante das leis, dos
ritos religiosos, dos costumes, do sábado, do templo - elemen-
tos sagrados da religião judaica - toda vez Que entrava em
jogo algum bem importante para o ser humano » (p. 153).

4) A via do pluralismo. do compromisso libertador

Parte do principio de que cO Concilio do Vaticano li não


é estacionamento, mas plataforma de lançamento:t (P. 159) .
A nova identidade se definirá pelo compromisso com os pobres
ou pelo compromisso social libertador; e a ortopraxis da liber-
tação que garante a ortcdoxla do Evangelho. Essa identidade
está sempre em devir, em construção (p. 162) i desfaz·se e
refaz-se continuamente. cPor paradoxal que pareça, a fideli-
dade ao Concilio requer afastar-se dele. .. na direção apon-
tada por ele» (p. 163).

As comunidades eclesiais de base são expressão privile-


giada dessa quarta linha pastoral de pastoral. pois nelas ca
Palavra de Deus e os sacramentos são vividos em intima rela-
ção com o compromisso social, com as lutas de reivindicação,
com as batalhas sindicais e com as esperancas de libertação))
(p. 169).

cO imaginário do quorla vio é reforçado pelo It.olo;;a da liberta-


ção. Seu esforl;O, hoie OlSOZ conheddo, oriento-se no linha do reinter.
pr.,aç(lo global do Revelação, da TrCldição eclesial em suos múltiplos
romificações numCl perl'pectivo liberladora» I p. 1721.

o Pe. Libânio confessa preferir este quarto modelo de


atuação da Igreja (p. 1&». Mas critica-o moderadamente:
cseus maiores problemas situam-se no campo da ecleslologtu,
como se pode depreender do debate em torno do livro cIgreja:
carisma e poder,. de Leonardo BoU (cf. PR 260/1982 pp. 15-26).
A quarta via também incorre no risco de identificar o
soelal e o religioso: crUlca violentamente os valores religiosos
e sacraliza os valores poUtlcos. Mais: a recusa da instituição
-513 -
74 ItPERCUXTE E RESPO NDEREMOS;> m / 19M

e da autoridade clâssica da Igreja pode facilment e encobrir a


criação de outro poder; os propugnadores da dlbertacão> são
totalitários e opressores em relação aos que nlio os acompa-
nham, embora digam que são contrAries ao uso do poder e
da autoridade.

4 . ~ nestes tennos que o Jivro se encerra: após haver


proposto quatro modelos para reconstituir a identidade do Ca-
tolicismo em nossos dias, coloca o leitor diante de certo im-
passe, pois o autor nada tem de plenamente positivo e vãlido
que possa apresentar ao público; nada oferece que mereca
entusiasmo e adesão generosa. Dir·se-ia que os fiéis católicos
estão diante de um beco para o qual não há salda a não ser
atraves do debate, talvez fadado à esterilidade c â perplexi-
dade. Em suma: o livro é critico do principio ao fim, talvez
mais demolidor do que construidor.

Passemos agora a

2. Uma avaliação
Não hã dúvida, a obra em pauta impressiona pelo apa-
rato de sua erudição e pelos quadros gerais que apresenta. Me-
rece, porem, sêrias reslricõcs tanto por seu estilo como pela
omissão de celtas pontos. impreteríveis numo reta apreciação
da problemática.

2 .1. Estilo
o autor, na apresentação de seus quadros gerais, genera-
liza C simplifica os dados em foco - o que redunda não raro
~m carlcntura; um certo pathas ou uma atitude passional per-
passa a obra inteira, O qué dã a impressão de que falta a sere-
nidade indispensável a quem faz um trabalho de tal enverga-
dura, Assim, por exemplo, o autor atinna repetidamente que
o medo e o poder regiam os fiéis dos sêculos XVI·XX até
êpoca recente; cf. pp. 67.68.71.105.132 .. . À p. 86 refere-se â
devoção das primeiras sexta.s-felras e dos primeiros sábados
do mês em tennos um tanto caricaturais. À p. 104 menciona
um «atestado de óbito da identidade tridentina:t ; deprecia o
zelo missionário da vida cristã. .. Á p. 133 alude a «poltrona
cômoda da nova codificação». .. À p. 155 propõe autêntico "
sofisma a respeito do Concilio do Vaticano ll: embora o Con-
-514 -
~A VOLT A A GRANDE DlSCIPUNA:. '5
cUio do Vaticano U não pretenda «parar a história», ele é
marco obrigatório para todos os que querem ser fiéis a Cristo,
até que nova instância conciliar ou a autoridade suprema da
I greja diga o contrário.

2 .2 . Perplexidade'?

Quem chega ao Cim do livro, tem a impressão de que a


imagem da Igreja Cio luluro ainda tcm que ser concebiaa ou
aescoberta, como se deve conceber ou descobrIr o rumo que
a situação poiltica de um pais, agitado por diversas correntes,
deve encetar. ~a verdade, a Igreja não é uma sociedade como
as outras agremiações humanas, mas é wna realIdade divino-
-humana ou um . sacramento», como diz a Constituição Lwnon
Gentium do ConciHo do Vaticano U, n" 1. Na Igreja, portanto,
será precisO pôr em relevo:

a) a existência de elementos permanantes, como as ver-


dades da. fé, a con:mlulção hicrarquica sob a cneHa de peo.ro
e seus sucessores, os sete sacramentos como canals da graça,
a comunhão dos valores santos... Estes são anteriores ao
ConcIlio de 'frente e perduram até nossos dias, devendo inte-
gml' a Igreja atê o fim dos séculos.

b) N a Igreja, hã uma instância dirimente, que ê o ma-


gistêrio represen18.de pelos bispos, em consenso unânime, ou
pelo SwnQ PontlClce. A este magistério Cristo quis confiar a
autoridade necessária para apascentar c reger a grei (ci. Jo
21,15-17; Mt 16,17-19; 18,18; Lc 22,31sl, de modo que, nas
situaçôes de aparente impasse, toca aos bispos e, especialmente,
ao Papa o dever de intervir e de definir os rumos a tomar.
A IQ'reja não ó um barco sem leme, que navega à deriva ou
entregue à mera pencia dos homens.

Alguém dirá que o apelo à autoridade é }X)uco condizente


eom a mentalidade moderna . . . Respondemos que na Igreja
o recurso à autoridade é obrigatório, pois a Igreja é, em última
análise, governada pelo próprio Deus mediante as lnstâncias
humanas por Ele escolhidas. :e coerente com a ré admitir e
acatar a autoridade legitima na 19n'Ja, principalmente quando
tenciona definir assuntos de fé e de moral; sim, a fé é a acei·
tação da PaJavra de Deus como ela vem por suas Instâncias
competentes.
-515 -
16 .. PERGUNTE E RESPONDERE;\'I OSlI mjl9M

Quem pondera estas 1terdadcs, reconhece que, na encruzl.


lhada em Que S~ vê a Igreja contemporânea, há focos lumino-
sos que indicam o caminho a seguir; há instâncias das quais
se pode haurir a palavra de orientacão a fim de realizar a
obra de Cristo. Ora tal conclusão não aparece na obra do
Pc. J . B. Libãnio.

2 .3 . Concílio de Trenlo [1545-15631

o Concílio de Trento não morreu; a história não lhe pas-


sou lIateslado de óbito li . Este Concilio promulgou definições
dogmãticas referentes â S. Escritura, à graça, à justificação,
aos sacramentos, dcfinicÕes que têm valor perene. Aliás, o
Concilio de Trento, ao definir tais proposições, fazia eco con-
sentânco com a Tradição anterior.

A assembléia tridcntina formulou também nOrmas disci·


plinares relativas à formação do clero, às funções dos bispos,
à piedade dos fiéis ... Estas foram inspiradas pelas circuns·
tâncias do sCcuIo XVIi tinham, pois, caráter contingente e
estavam sujeitas a reforma desde que os tempos o exigissem,
O Concilio do Vaticano II U962.1965), em parte, confirmou
tais normas; em parte, propõs outras, sugeridas pelos tempos
atuais. Ê, pois, inadequado, se não falso, falar da deconstru·
~ão da identidade tridentina, como faz J. 8. Libãnlo (p. 79).
O que passou, foi o quadro histórico do século XVI, cedendo
ao do século XX; mas dentro destes continuam a existir legi~
timamente elementos do Conellio de Trento.

Por certo, a época contemporânea ê marcada pOr corren-


tes de pensamento que abalaram a cosmovisão dos antigos c
obrigaram a repensar o sentido de certas proposições da fê
(especialmente a exegese de Gn 1-3 foi Qbjeto de revisão) i a
psicologia freudiana, entre outras, parece ameaçar a fé. Toda-
via nenhuma das escolas de pensamento moderno destrói as
perenes proposições da fé ou os ditames da ascese e da jus-
tiça cristã; o cristão não é obrigado a renunciar à sua crenÇa
diante das verdades formuladas ~1as dências contemporâneJ;l.s;
ao contrârio, estas vieram confinnar notavelmente certas pro·
posições de fé, a ponto que muito sabiamente se tem dito :
c.a pouca ciência afasta de Deus, a muita ciência leva a Deus •. "
Cf. PR 265/1982, pp. 422-427.
- 516_
~/\. VOLT/\. À GRANDE DJSC[PLlKA ~ ._{

2.4. Concnio do Votlcono 11 11962-19651

Segundo o Pe. Libãnio, este Concílio (oi um incentivo


para que os fi éis católicos não se fixem nem se estabilizem,
mas con tinuem a mudar as expressões de sua ré-. .. Em conse-
qüência, quem quer viver o Vatica no 11 deve inventar e criar
novas rormas de comportamento cristão.

A propôsito observamos que o Concilio do Vaticano n


soube auscultar os sinais dos tempos a tuais para encarnar nes-
tes a perene mensagem do Evangelho; esta (oi respeitada na
íntegra. O Concilio do Vaticano tI reafirmou o principio de
autoridade na Igreja e o magistêrio infalíveJ do Sumo Pontí-
fice em matéria de fé e de moral (cf. Lumen Gentium c. 3) ;
por conseguinte. corroborou os elementos perenes da Igreja,
entre os Quais figuram, sem dúvida, o exercido da iurlsdlcão
e as faculdades do magistério para intervir diante de desvios
doutrinários c morais. - De resto, o apregoado plUralismo de
nossos dias é aceito dent.ro da Igreja na medida em que silml-
fica diversida de de modos de pensar e interpretar o Evangelho
dentro dos parAmetros da reta fé. Existe. sim, o ootrimônlo
da Revelac::ão divina. que foi confiado por Cristo à Igreja e
que deve Sér "...ardado incólume: à Igreja não é lícito permitir
seja vilipendiado nem admitir a equloal':lção entre reta fé e
heresia, nem mesmo a titulo de pluralismo. Ela tra1ria Cristo
e os homens se não fosse fiel guardiã da verdade revelada por
Deus. .

Quem compulsa os documentos emanados do Vaticano n


e suas fontes, verificarA que, entre estas. é citado freqüente.
mente o Concilio de Trento. O Concllio retomou a voz da
Igreja do século XVI nO que ela tinha de definitivo. tencio-
nando assim dar continuidade a Trento e à Tradic;ãC' anterior·
Por sua vez, o Vaticano 11 promulgou verdades Eternas ao lado
de normas disciplinares contingentes: estas nomas disciplina-
res estarão talvez um dia ultrapassadas, mas é preciso que
elas sejam vividas fielmente pelo povo de Deus até se eviden-
ciar que perderam sua voga.
Em conseqUência, têm razão os bispos, presbíteros e fiéis
que procuram construir a identidade cVatlcano n~ ou a ter-
ceira imagem apontada por Liblnlo. ~ esta a única atitude
correta no momento presente; o fiel católico não deve enver-
gonhar-se por proCessar como Inabaláveis as certezas da fé e
-517-
18 <PERGUNTE E RESPONDEliE:\105» 2TI/ IDS'1

n segurança que esta transmite; não dc\'c fugir ao rcconheci-


mento d~ que há ra Igreja elementos estáveis; não deve rejeI-
tar o exercicio da autoridade, que não é autoritarismo I. Não
se deve Importar com o apelido de «conservador» ou «ncocon-
servador» que lhe queiram impingir, pois a verdade ê algo que
realmente se conserva; sem dúvida, conserva-se com sua vida
e sua capacidade de adaptação _.. capacidade de assumir novas
e novas facetas, sem, porém, se trair ou desdizer. Certamente
é preciso ter coragem para não se deixai' abalar por cognomcs
depreciatlvosj tal é a coragem da coerência, do brio c da
virilidade.

As criticas que o Pe. LiMnio formula contra a identidade


«Vaticano lb, referem-se a exageros cometidos na I~rcja. Não
invalidam, pois, o cultl\"O dessa Imagem, de mais a mais que
é a imagem proposta pelo magisté rio.

De modo especial , :t Tn:rcja do Vaticano tI é solicita pelos


nobres e péla justicn soci al ; ela possui numerosos docum~ntos
pontinclos Que constituem a Doutrina Social da In:rcja. E!lta
não é mencionada uma sõ vez por J. B. Ltbánlo; hã Quem a.
considere «ultrapassada» e inefICiente _ o que e injusto. Tal
rloutrina vem a ser certamente multo mais fecunda do Que M
teorias revolucionárias Que pela violência pretendem resolver
a Questão social; com efeito, a violência gera a violência; os
vlolentO!'l Que conquistam o poder, passam a oprimir, como fo-
ram oprimidos pelos adversârios por eles derrubndos. - Donde
se vê Que, para acudir aos neces...itarlos e cumprir os pr'c ceitos
evangélicos da justica e do amor fralemo, não é necessário
ao fiel católico afastar-se da linha do ConciUo do Vaticano II_
1:: difícil compreender como o autor pode afinnar Que a
rgreja do Vaticano n se recusa ao diálogo com a modernidade.
com a cultura, com a cIência... (pp. 1515) . Quem examina
o 0tlt8nojrr&ma da Santa Sê, verlflca que ela dispõe de Setrc-
tarfados. Comissões e vários outros ól"Jrãos destinados precisa.
mente a estabelecer contato com as diversas instituições da
Ciência e da cultura contemporâneas. A Pontiftcia Academia
das Ciências congrega estudiosos de diversas nacionalidades

I AIL~., a aulorld.de , 110 neceu'rll ao .homem •• loçl~ade que o


pr6prlo Pa. Llb'nlo reconhece que os .rautos da Teologia da lIbettaç'o, pot,
maIs dernoclIUlcos qu' parar:am, Irnpe,m camulladamante uma autoridade
opreuora e pouco honesta (p. 178),
-518 -
~A VOLTA À CRANDE DISCIPLrNA .. '19

que, em colaboração com col~as não católicos, estudam OS


problemas mais vultosos da atualidade. As viagens do Sumo
Pontífice João Paulo U são um testemunho da posição dialo-
gante da Igreja; o mesmo se diga da OstpollUk (polltlca em
relação à Cortina de Ferro) do Vaticano. Em 1982 foi fun-
dado o Pontífieio Co nselho de Cultura . .. - Nunca se viu a
Igreja tão aberta ao mundo moderno quanto em nossos dias.

2 .5 . Jesus Cristo e a liberdade


o autor insiste em Que Jesus Cristo mostrou profunda
liberdade diante das leis, dos ritos religiosos. dos costumes . ..
toda vez Que entrava em jogo algum bem importante para o
ser humano (cf. p. 153).
Com efe-ito, Jesus Cristo sabia ~ca.lonar os valores, de
modo que afirmava ser o sábado para o homem e não O homem
para o sãbado (cf. Mc 2,27) . Isto, porem. não quer dizer que
tenha sido um Incentlvador da liberdade descnrreada ou do
des respeito à autoridade legitima. Seria desonesto p,'ocurar no
Evangelho pretextos para desafiar li autoridade legitimamente
constituída. São P aulo, o disciInJIO que m~lhor compreendeu o
espírito de Cristo, dizia muito enfaticamente: cPara aqueles que
vivem se-m a lei, fiz-me como se vivesse sem a Lei - a inda que
não viva sem n. lei de Deus. pois estou sob a lei do Cristo . . ,"
UCor 9,21). O crilitão estã sob uma lei,que não lhe é notifi-
cada unicamente por critérios subjetivos, mas lhe vem anun-
ciada por instâncias objetivas ou pela Igreja; por isto O Após-
tolo excomungou os libertinos que não quiseram subordinar-se
à lei de Cristo; cf_ lCor 5,3-5; 2Cor 2,5-11; lTm 1,20; Tt 3,10.
A qua rta via apontada e preferida por Libânio apoia-se
multo na acão inspiradora do Espírito Santo: IZEsta Quarta posi-
eão trabalha teologi~mente a presença do Espírito Santo _. .
Vê nele o dom Que Jesus Ressuscitado deu à Igreja para cons.-
tltui·la comunidade ao longo da história. EJe, com sua pre-
sença, inspira criativamente seus membros, dá-lhes percepção
dos sinais dos tempos, sugere-lhes fonnas novas de respostas.
desperta-lhes Iniciativas inéditas, com a mesma liberdade que
o fizera no inicio do Cristianismo. (p. 164) .
Estes dizeres contêm verdades, mas podem ser mal inter-
pretados. O Esplrito Santo que anima os fiéis e os move a
novas Iniciativas, só o faz dentro da comunhão da Igreja ou
-519 -
80 ~ PEP..GUNTE E HESPONDEREàlOS;, m j 19St

de modo a construir a unlca Igreja, que é juridica e carismá-


tica ao mesmo tempo. Todo verdadeiro carisma cOITObora o
amor e a unidade dentro da Igreja. De resto, assevera o Con-
cilio do Vaticano U que os carisma!> estão sujeitos à aprecia-
ção da hierarquia; é esta quem. em última instAncia, distingue
os autênticos e os falsos carismas (cf. «Lumen Gentium» n' 12;
«Apastolicam Actuositatem » n' 3) .
O recurso à inspiração do Espírito Santo pode ser um arti-
flcio subjetivo para Que alguém se subtraia à verdadeira comu-
nhão com a Igreja. Tal inspiracão pode ser ilusória; é fácil
admiti-Ia, mas ê difícil provar a sua genuinidade. Geralmente
a ação do Espírito Santo é credenciada por sinais objetivos,
reconheciveis por todos os Interessados; a estrutura sacramen-
tal da Igreja o postula. Os santos souberam usar os seus caris_
mas sem quebrar a unidade da Igreja (entre outros, São Fran-
cisco de Assis ... ).

A primazia da ortopraxls da libertação sobre a ortodoxia


(cf . p. 161) ê de cunho marxIsta. Na verdade, foi Karl Marx
quem estabeleceu esta lesei derroga ao caráter prlmacial e
orientador da verdde, que é assim menospre<l:ada. Tal posição
não é cristã. O Cristianismo afirma o primadO da verdade sobre
a praxis moral ou sobre a Êtica ; é da ortodoxia que o cristão
deduz as normas do seu comportamento ético, político e social,
e não vice-versa.
Ainda muitos reparos se poderiam fazer ã obra de Llbãnio.
A p. 175, por exemplo. parece identificar o natural e o sobre-
natural - o que é grave e contradiz à definição de alguns Con-
cllios do passado.
Em sintese, o livro é ambíguo e tendente a caricaturar;
ademais é insuficiente ao propor sua problemática, pois não
leva na devida conta a funçio da Igreja oficial e do seu magis-
térJo, magistério este que decorre logicamente do fato de que
Dew Quer falar aos homens por meio de homens que Ele
credencia,

"

..- ...-520-
Em Medjugorje (Iugoslavia):

Aparições de Hossa Senhora?


Em slnlne: As propaladas aparlç6es de Nossa Senhora em Med!LI-
gorje na lugos"vl. tem suscitado glande afluência de fiéis .\quele tocai,
com beneficios de ordem espiritual ou aforvoramenlo tio pO'fO de Deus e
notáveis çonversOes. ~ autoridades governamentais socialistas da Iugoslávia
têm empreendido campanhas hostis contla os clérigos e crlstiO$ 'elgo. que
realizam calebraçOes devotas na paróquia da Medjugorje.

Diante dos lalos , o Sr. Bispo de Mostar-Ouvno nomeou uma Comisslo


encarregada do esclarocer .s ocorrências. Tal Comisslo pediu selam mais
atentamente estuoados alguns pontos. Entrementes sugeri1,l ql,le se evitem
atitudes e gestos que ~ :ecipi ladam e nte fo rmem a oplnlio pública. Nlo h'
prolbiçlo de proturar o local Indicado para orar, cantar, ouvir a Palavra de
Deus. promover e odlllcaçio dos fiéis e a conversão das pessoas .f.,tadas
da fé. Os aut ênticos "utos esplrltuels que 50 colhem em Medjugorje slo
motivo de alegria e respeito para toda a comunIdade ca tólica .

• • •
Têm-se difundido no Brasil noticias a respeito ~e apari.
ções de Nossa Senhora em Medjugorjc na Iugoslávia, ou seja,
em pleno pais comunista. O noticiário parece provir de fontes
fidedi.gnas ; é o que tem suscitado. em vârios leitores de PR,
o desejo de melhores informa!;ÕCs.

Em vista destc anseio, publicamos abaixo: 1) um trecho


dc livro que nonu a oa.-igem das aparições; 2) uma crõnica
referente â reação do Coverno iugoslavo e à tenacidade dos
fiéis; 3) uma nota extralda do jornal «L'OSSERVATORE
ROMANO» sobre a atitude da autoridade diocesana. compe-
tente.

I. A ORIGEM DOS ACONTECIMENTOS

«Na larde de 24 de- junha de 1981 , sobre a colina de Podbrdo,


que fax porte da Serra d e (rnica, em 8iiabovici, oldeia que integra
CI paróquio de Mediugorie, uma figura vestida de cinzento, com um

-521-
82 • PERC UNT E E nr.SPONDEHE.\lOS... Zi'7;19!l1

véu bronca sobre ti cabeça, apate ceu ti seis jove nl , elevoda ocima do
terra. Nos dias seguintn, pelo lim da IOlde, OI iovens voltaram ô
colina e o Senhora continuou o apare ceI e o fal<Jr-lhel. A Virgem
fala va de por e pedio. rhes .q ue lo~onem e fil.essel':1 pen;lêt\cio em
prol do paI. no mundo; (omungos~m com freqüência e t iv.ltem ObiO-
luto confiança em Deui. l ogo ti nOlici o dos acontecime ntos se pro-
pagou pelo região e uma den.o multid ão começou o reun ir_SI!! so bre
(I colina poro fU:Of. fiei ellpecloliyu de que (I Virgem apareCeUc 0 01

••i, iovens.

Registrarom-se também alguns milagres! um cego recuperou (I


'Iill<l; um ro pa z pOfolilico p ôde andor no rmalmente; muitOI doentes
tiveram (I soude rnlQ urodo e vôrios penoai que eslavam em lili9 :0
ou oversõo en tre si encontralom o com in no do te~ onci l i o çã o_ Mos o
moior milag re foi eslo, despe rlo u-se o senso religioso em toda a re gião
vivnho a Me djugorje; o oro(ão se tornou muito mois fervo roso, foi
, estabelecido o observôncio dos preceitos re ligioso s e dell-se grande
imporlância õ prático severo do jejum o pâo e ôguo.

As auloridades contunistas locais, qUe têm se de no yi:z;nha cidade


d . Cilluk, começaram °alarmar-s8, principalmente parquo tombêm
oulros m\lil05 jovens se habituaram a subir ó colina todos as fardes
paro orar e recit.or o rosório. Foron. inúteis as nforços do GOverno
paro p romover espatacutos o d ivenoes poro o juve ntude do luga' ;
.mbaro louom orgon i:zodos sob os ouspicios dos ollloridades locais,
se nões de cinema e boile foroOl deixodo s de Itldo. OI jovens pro-
,,,iom II/bir o colina_

Em bre ve ti Governo iulgou . • e obrigado o to mar sérias medidos


,epressivas. Antes do mais, foi proibido aos veiculO$ enlrar em
Mediugorje no fim da tarde . A po licio local lambêm comunicou 00
põraco que era vedodg quolquo:r reuniõo de coráter nligio ~ o foro do
recinto da igrejo , devio ceuor, porlanlo, o oraçôo .00 or livre sobre
a calintl, ficando a s preccs circunscritas 0 0 intc,ior do igrejo pcroquial.
Te mas o melhor Govefno comunista da mundo, di ue um frode fran -
ei.ecno, .orrindo: Qcanselno o nosso gente que vó ó igreja poro rextlrl
O s seis iove ns. aos quoh o Viroem continuoyo (I aparecer, forom presos,
levodlll 00 pr6ximo posto de Policitl, onde receberom duto lrotamento
e o conl elho de retralorem tudo quanto havitlm d ilo . Somente ap6~
vórios horas de pctqu isição foram poslos om liberdade. O p6roco fo i
inlimado o põr fim o tiSo obsurdo comportamento religieso do poplllo-
(ão. Mais de cinqüenta peuoas forom detidas e ocu ~(ldo s de lutar
implicodol em QUonte se ia desenvolvonda em Mediugo rje. Algumas"
(lcebarom por ser condenados a penas de pri$õo,

- 522 -
~IEDjUGOruE : APAntCOES DE N . SEl\'HORA? .83

A impre"~a camunilfo deu grande publicidgde g lais aconteci·


mental, referindo os falos de maneira sectórig e desfigurondo-o:;
rolulou os frades franciscanos e os frl!!iral lacois dI!! « sepafglislgu,
Yin ~ u'ado, a um grupo de e .. tremo direilo nozi-fosci~lg , conhecida pela
nom e de «Movimenlo dOI Usloldg •. Este IAoyimenlo se empenho por
obter Q independência dg (roâcia , recorrendo a violêncig; .,. o lua
mgis recenle façanha foi o desvio de rolo de um oviõo. Um jornal
ng(ionol maSl rou em manchete o Virgem 55, veslidg como terroris to,
com um facõo entre os dentes, oporecendo a meninos; em baiJlQ de
tio: Eis o verdadeiro fgce dg Virgem.

Toh ataquei do imprenloo, assim cgmg os OCUSgCões de subversõo


e de terrorismo, chomora..,. a alcncõo de quase lodo o pois paro
Medjugorio, em ucolo 101 que CI imprensa cotólka nur:ca leri a atingido.
As oparições continuom, diHe o Pe, Tomislav em 1983; a Virgem
contin ua a oporecer e o falar oos leis jovem, mesmo quondo não
eslõo lodol juntos. Elo dorovante taz parle do v,da de cada um
deles» (extraído e traduzido do livro «Mario Regina dolla Pace. do
autoria do Ir, lucy Rooney SNO fi Pe. Roberl forocy S . J., Millio 1984,
pp. 12· 1'1 .

11. MEOJUGORJE; UMA POSSIVEL LOURDES


IUGOSLAVA?
c Foi no dimo envenenada pela polêmica do Partido Comunista
Gue, a partir de jvnho de 1981, lurgirom noticias re ferenles 'à oporição
do Mãe de Deus no pOfóquio de Medjugorie (Karst, Herzegovinial,
no arcebispado de MOSlor. Maria terio apgrecido o. olJumol ctionços
como ' Roinhg da Po:r.', Embora o Igreio não se lenho pronunciado o
respeito, milhares do pelloas logo ofluiram lodos os dias ôquelo lugar;
isto incomodou d e modo especial os autoridades comuni.los, pois
duranle o gue rra 2.500 pessoas falam oSlauinodOI por partidários
de Tito ncu proximidades daquele local. Quanto mais o Igrejo guo r·
dava sitêncio, tania mais OI. funcionóri os do Porlidg e os jornalistas
do imprensa oficial eram YÍrulento s qua ndo olacavom os dois franeis-
çonol que atendem â paróquia de Medjugorje (comuna d. CillukJ
o quondo fa lavam das 'in ,enções desses nacionolilolos do clero'.

Somente no dão 16 de agoslo de 1981 o maior jornal cal61ico de


língua croolo de lagreb .Glol Koncilo» publicou umo declorocóo do
bispo de Mostar, Pavou Zonic:, no qual observovo o seguinte,

-523_
&, ",PERGU;'\'TE E RESPONDERDIOS. 2nn9!W

' E cerlo que ninguém no Igreja sugesliona as crianças para que


digam menlirClS. Alê o pruonl, ao menos, tudo porece indicar que
as crianças nôo me ntem. Meu fico (I pergunto mQis difí<iI: traia-se de
experiincio vivida subjetivamente pelai crianças ou d e olgo de
sobrenatural?
QuandO' OI judeus quiseram ,aduzir 00 silêncio os Apóstolos,
Goma/lef, eSle doutor do Lei sábia li po nderado, disse 00 Sinédrio.
coma nOI refere o livra dOI AIos: Vós não conseguireis e){lin9u;·lo • .••
(AI 5.38sl _ Nós obrcu.omOI csle ponta de v;sto',
Entrementes, <I pOlêmica continuava na imprenso ofidal. O jorllot
Vee,mlmst de Z09rcb publicou um artigo de R. Homzic e J. Klaljevlc
intitulada c A Ma. de Deus, escudO' dos inimigos». O, arliculistas re·
f eriam que a Alianc;a soc:ialilla de LjubuJ.ki havlCI refletido sobre OI
aparicões: 'Nos lugares da pretenso eporic;õo da Màe de Deus, vlom·se
jovens bem Olgomz.ado5 que ento a vam canções e que se eJlóprimiom
e m polavtos hostis, Jo vemos mais doramente donde sopra o vento',

Os artigos da implensa cOFllrc os peregrinaI de Mediugorie SÕCI


muitas , Aqui 5Ó podemo. (itcr alguns eJlóemplal. Na suo tendência
Clnli.religlos.a, IÔO tôo significCltivos que me'eceriom conuituir
d OCumentoçôa especifica, Eis o que escreve Men",.., Osmavic em dali
artigos publicados aos 13 e 14 de setembro no Vecerje navosti de Bel·
grada: 'Foi a Igreja que lançou a história da Môe de Deus,. , Os
inimigos do nouo pais, moscorodos debaixo de longas botinas pretos,
atrai ram dnena1 e centenas de milhares de fiéis honestos a Medjugorje
no HerOlegovinio, Estão jogando pe rigosomente com os lenlimentos
re ligiosos:.. Fra JOOlQ ZovkO, que fora enc.orcerodo, era novamente
atacado.

o aulor, é verdade, verifICa que reino calma provisória em


Medjugorje, mos que se reunem sempre 10 , 000 penaos para os Ofícios
religia.as. O Bispo Zonic e aquelu que pensam como ele em todos
OI recan tos do pois, não hão de renunciar aos seus. intentos, conforme
° jornalista. 'Em Cilluk e n,uas old,ias, não se registraram manifesla·
ções obertament. hostis neltes úttimos dia .. , ." mos há bom número
de plovocacõu. OI inimigos, que quer.m passar par cr'nlCl, Iro'";.m
pequenos COllent'81 com uma grande crU;l p.ndent. 00 peJ.coço,
Trazem·na auim, poro que todol °vejam 1ar.a dOI seus p"'ll.o ....11 d e
pescoca 0110. Alguns [aminho ... am descalços. COItos grup05 cantavam
hinos r.ligiosos penando dianle do coso do bur,gomeslte',

Aos \9 de agosto, Ollobodjenie publicou um artigo intitulado


cCondenação enérgico dos elemenlas nacionalistas clericais de Citlvk :t, "
ortigo em ~ue o aular, M, Karobeg, comporovo o .. doi. franciscanos

- 524
:\IEDJUr.ORJ E: APAR iÇõES DE X. SENHORA? S5

Zovko e VIg. jc a vampiros. Na suplemonlo 00 mesmo jornal, Mirka


Sogolj atacava principalmente FrQ JO%O Zovko em tom detestável,
interpretando moi o s lUas pregoções, e afirmavo de novo que os
crentes que iam o Medjugorie, levados por nacionalistos cleric ais, não
viam a Moa de Deus, mas unicamente os símbolos e 05 polovros de
o rdem hostis ao Governo. Como exemplo dessol palavras do ordem,
citavam o in$criçõo «Mõe de De ul, laivo o povo croata •.

Entrementes alsun, funcion 6rios do Servic;o Sec reto de Modo,


realitorom IJmo perquisiçõo no dia 17 de Og 05tO à s 7h JO min da
manhã no COlO poroquiol e no igrejo de Medjugorie, e levaram Frei
Ja to Zovko e Frei Ferdo Vlasie, tomb' m redator do jornol Naso
09nlsla. Os jo rnoi$ Viesnik e Veeerni' Ibl, 00 1 21 d. OgOltO, noticiaram
que Frei Ferdo Vlolic 'ora conde nodo o 60 dio~ de prisCio, porque
nã ~ executarQ os o rdens dos a genles do milicio 00 1 12 c!e ogoslo.

Aos 14 de setembro d e 1981, Frei Jo~o Zovko foi levado 00


t ribunal da circ.lJnlcric;Õo de MOl tar. Segundo o QClIsacão -
Ki 79/ 81 - , ele, como loce:dole e membro d o dera da paróquia de
Medjugorje do comur'lo de Ciltur., tinha aproveilado do lUa 'unçào de
clérigo nos sormões que pronuncioro aos 11 de jlJlho d e 1981 perante
gronde número de fi~is, poro afirmar que cqua rento anal de u cravidào
nos Irevas e 1.0 miséria erol'll l uficienteuJ assim oludio oberlomente 00
40! an iverJá rio da revolla das nO: lOI populacões e dos r'lOSlOI grupos
ólnicos CQntro os ocupantes e o s traidores do país. Além disto, de 7
o 13 de 09 0sI0, elc IOrio re pelidamente elorlodo o s fiéis nas luas
homilios .a d erramar o sangue pela fê col61ica e Q pedir a Deus lus(l·
loue um povo ctillão copat de se emontipor dO I Ire vaI e do medo.
01as Koncila aninolovo que um oficial de jusliço propusera que le
p ediue o coloboroçào de um teôlogo perilo poro le poder lulgor o
conteúdo biblico dos pregocões e le poder o veriguar se se trotava de
decbroções bíblicos ou políticos. Esta solicitoção não foi atendida.

Pouco deFois, pre ndera m lomb' m Frei JOIO Krizic, que fato
ordenado sa cerdote poucos anal ontel. Aos 22 de outubro, Frei Jazo
Jovko foi conde nado a três anos e meio Je prisão por 'propogonda
hosl1l'.

Acusovam·no de ter cilodo e!ll suas prega~ões pcusag:ens do


Slblio que ucitavom o povo. Ainda pouco depois, Ferdo Vlalie foi
condenodo (:I oilo anos e JO%O Krizic o cinco anOI e meio de (:árcere.

Em obril de 19 82, fez. se uma revisão do proces: o de Jazo '"KrizJc


e de Ferdo Vlosic, que relullou em reduçõo dos penas a dali anos e
meio e df'lco on05 e meio respectivamente. Mos todo l 0$ IlIulo$ de

- 525-
8G ~ PE:P.(; DlTE E RJ::S PONl>EnE~IOS :> 277/ 1'931

acusaçõc foram !uslcnlados. AMm distc, sobe-s! qUe! foram reeusados


aos podres lodos os li v,o~ religiosos, até mesmo o Brevi6rio e o MinaI,
que eles q\leriam ler consigo no côrcere.
Todos essas medidas. po rém, al rai rom mois pere grino s a Mediu.
gorjc. De junho (I meados de outubro de 1991, jul.ga-se que houve
mais de meio milhão de penoos na região de lConl e que mais de
100 . 000 rel;eberam (I sacramento do Penitência na p equena paróquia,
qu e conto apena s 3.000 fióh <alólicos, Desde 1981 CHiO numero
duplicou-se . Os odvenóriOi nodo poupam poro dificultor use afluxo
de peregrinas, çamo provo (I ogreuáo noturno reofi:todo no começo
de moio de 1982 no ig reja FOfoquial d ~ Mediugorio. Destruiram "Cio
somenle eslóhJas e HIUI pedestais, mal tombem a sacrÓr io . Trê. cibó·
,ios Foram roubodQ I e os hc;" l;os cons{"9'rada s foram cs!)alhtldtls no
chêie foro do jgf~ i o . O culto de exp;oCôtI pCr esse !ocrili:gic foi acom-
panhado po r mc.: io ~ número de fiéis de que de tostume.
A participo~õo dos fiéis no colebroção do prime iro onivenório
dos apari(ões fo i porticulorn'enle imprel$ionanle. Os primeires pere·
9rin05 chegaram no dia 23 de iunho, dos retontos mais afostadol da
lugo,lóvia, e tambem da Itória, do Áustria, da Alemanha, do Suiço.
Após a Mina da lorde de 24 dI! lunho, muito!> fiéis passaram a noilo
inteire na igreja ou rezaram e contaram perto da igreja. Alé o manhã,
o número de penoos quo rCIQVam nôo deixou do aum entar. pois os
peregrinos che goyalll a pé d e diversos lugares. Muitos penoas ho'liolTl
cominhodo em gr upos d uront. o dia inteiro sob um sol tórrido. falam
vislos lombêln trinlo ônibus com placas que oninolavom proudincia.
muito disltlnles. Os sacerdotes e os Irmãs do paróquia rO%Olom durante
mai, de 2" horal com o mullidóo; mtli, de cem podres olenderom ôs
confissões durante o dia inteire, Ainda qUe isto nõa estiveSSe pre-
vnto _ pois ninguém conlova com 101 aflu xo de peregrinos - , muitas
Missas foram celebradas em croolo, italiano e slovênio. No ofício
religioso dCl sexto· feira os 18 hor.Qs. havia 50.000 penoas, No lotai,
foram dislribuldol 16.000 comunhões.
Para celebrar o segundo aniversário das aparições, em 24 e 25
d. junho de 1983, mClb de 60.000 peregrinos loram o Modjurgorje .
Muitol chegaram a pé, ma. numerosos peregrinos .ervirom-se de
ônibus ou corro porliculor pt"o~nient es de lodo °
1\100116"';0 e do
estrangeiro. Perlo de cem sacerdotel, dos quais sessenta Ironcisca-
nOl o dei: estrongeiros, reve.loram-se poro atender às confissões no
decurso dos 2..t haros do dia. Durante o Ano Sento do Rede nção
proclamado por Joãe Paulo li, o numere de peregrinot aumenlou
senlivelmente, onim como o freqllenfoção dos socramenlOl» I u- .,
fralda e Iraduzida do revislo cChréliens de l'Esl. foits el témoignagen
n' 41, 198-4, pp. 43-4ól ·
_526 -
:m :DJUGORJ E: APARIÇõES nI: N. SL":-:UORA? R7

111. UMA NOTA DA AUTORIDADE DIOCESANA


~ SUIl Excelência RevQr(!fldlsdma Momenhor Povoe Zanic, bi5po
de Moslar·Duvno exprimiu o deseja de que :eiam publicados os con-
clusões os quais chegou o Comiuõo por e le insti!uido paro examinor
os oconleclmenlos ql.:o. há t,êi anos, vóo ocorrendo no paróquia de
Medjugorie. Eua Camissõo, após reunião plenário e m Moslor nos
dias 23 e 24 de marco de 1983, redigiu um Comunicado.

Neua Oeclorocóo eslá dito qUe o COM i!são, co nstiluido iniciol-


me"le por qualro membros, foi posle ri:lrmoflle acrescido, chegando
a con:or vi nte penoal; enlre e~lo s. ha via ecluiõllicos escolhido s
onlre os perilos em Teologio das d iveno$ fa cul dodes de Teolag;a
da Croõcio e do Slovênia, como também representantes do ó'oo
médkl:l,

Após ter e)(amim~do olenlament e o desenrolar dos acontecimen·


tos, flua Comissão amplo definiu os principa is ponlos qu e, segundo
os porilos, precisam d e sc. esclarecidos, t , em particula r, formu lou
CIS ind kocões seguintes:

- Seria de$eiâve l que os melas de ccmunicoçõo de indole reU.


gioso deiJ(o~sem da le ocupar com tais eventos, 00 menas enquo"to
o Auto ridade competenle nõo proferir um juizo: caso, porém, divul·
guem notícias (I respoilO, foçom·no com prudê ncla e de maneiro
r.spons6vel:

- A Comissão não pode oprovor o foto de que sacerdote, e


leigos organilem peregrinoções o Medjugorie; também nõo aprova
que se e stimulem OI vidêntes o aparecer em públicó "os igrejas
anles que a Autoridade profira um jul'lO lobre o autenticidade das
OporilOõel. A tal propósito, a Comi5lão cilo a medido modelar lo.
moda por S. Eminência a Cardeal franio Kuharic oos 14 do janeiro
de 1984, que proibiu 001 vidente. falor e oporec:.r em public:o nOI
igrejas da orquic!;oce,. de Zagreb, enquonlo nõo liver sido pronun·
ciodo um iulza da Igrelo o respeito dai acontecimen tol.
- A Comissão p.diu oos videntes e aos sacerdotes de Mediu'
gorie que não focam decloracões .obre o conteüdo dos vlsõe. ou
,obr. OI CU101 tidas como milagroso •.
- A Com inão reconhece que os jovellli em foco devem ser

I.
orienladol em direcõo e:pirilual pelos leus sacerdotes, ma. desela,
ao melmo lempo, que, no celebro(õo do l iturgia de Medju,gorje,
nóo fo(o distincão olgumo e"tr. os videntel e os oulrol fi'i.
Ic:L'Oue,votore Romano:., ed, francelo 24 / 07/ 84, p. 2).

-527 -
88 ..:PERGU?-''TE E: Rfo;Sl>()XDERE:\IOS~ 217/ 1984

Deste te~to pode-se depreender o seguinte:


1) Ainda mio hã pronunciamen to oficial da Igreja a n'S-
peito da autenticidade das aparições em foco. O assunto vai
sendo estudado cautelosamente, \'isto que se têm registrado
nos últimos decênios casos de .. apal'Íçôes;, comprovadamente
ilusórias.
2) Entrementes a Autoridade cclesiásliC'd local desejn ( IUC
se evitem atitudes e gestos que precipitadamente formem a
opinião publica.
3) Não há proibição de procura r o local das presumidas
aparições par" orar. cantar, om'ir a Palavra de Deus e pro-
mover n ed ifica~ão dos fiêis c a conversão das pessoas afltsta·
das da fé. <>.; autênticos frutos espirituais que se colhem em
Medjugorjc são motivo de alegria e reverência para toda a
comunidade católica.
Aguardemos, pois, com l'Cspcito pelos fatos e pela Autori-
dade competente, wna palavra esclarecedora ...
Esté,'õ.o Bette.noourt o.s.n.
• • •

livros em estante
Por de"r ou por p'a:r.er? por A. Plé. TraduçAo de Jean Brlant. Coleçlo
· Pesqulsa e ProJelO" ni 3. - Ed. Paul lnas, Silo Paulo 198-4, 140 X 210 mm,
107 pp.

O Pe . Alber tO PI6 rejeita a Moral que procura sua motivaçilo ucluslva·


mente no devar, na lei ou no medo: este tipo de MoraJ gera a neuroM!, 811rma
o autor. e tem euas raizes nos securas XIV e XV. Ela é hole vl-ylde "na
sociedade do Ocidente neurótica esqulzofr'nlc:a com . Intomas próximos da
par.nola 11 da Murose QtnI!$3Na" (p. 6). Em oposlçio, Plé prQPOe • Moral
do pr8l:er: "todo homem procura a felicidade, o prazer de viver ..• ; a Moral
lem por finalidade humanizar e lvangeUzar essa desejo do prazer, motor
do agir humano" (4' capa).
O ((VIa se inspira Jorlemenle IÕm prlnclploa de Slgmund Freud. O au tor
Julga que tembém 0& escritos do Novo TestaMento e da Trad1çAo crTstA mais
antlge corroboram lua tes • . EstA claro que filo placonta qualquer prazer
como motivo do agir moral, mas tio somlnte aprazar alsoclaOo .. pr6t1ea
da virtude: "O homem temperanle nlo foge dos prazeres que lhe alo

- 528-
LIVROS Ei\l ESTI'~~~·1~·~E~_ __ __ _ _.89

con"Venien1es: ele 05 pro cura, mas l oge d os prazeres do homem Intempe-


ro nto" tp. 224 1. ~Se a prazer pode preencher a lunção da regra mar al, s6
pode tratar-se do p.azar do agir bem no sentid o õ1ri$lotélico. Trata-se do
prazer do homem virtuoso, Islo é, do prale, que remata a coroa as allvldacles
p rópria s do /1(Imem~ Ip. 224) .

Quo di:J:er ? - O l i ~ ro db Pté corrcspond e bem li tendênc ia hadoni sla


que morca a sociecladc contemporlnea, muilo Inlluenciada pela 1iI000lia de
Fraud, Cabe-lhe o merilo de d issipar o conte ilo de vida crÍ$ tã amedrontada
e sufocada pela lei e suas aan çOes: a vida cristã, sem dUvida, reconhece.
nee(l~idad c c O va lor CIos preceitos morais, mas nao é levaera a cumpri-ios
pelo medo ou ;JfI!as ameaças a penas., fi sim preponder antemente pela amor
ao Q(!m ; os.le é apl o a gerar ,le9r l4l, dilata n:lo o coraçl0 00 cr i$lao que se-
ootr093 gonerosamente a prillica das ~i lludes.

Todovla um41 s.'r la reserva paira sobre li leso do livro: pare ce Ignorar
o valor ao sacrificlo abraçaóo espontanea e vol unlllrilmenll a titu lO oe
morhliCação oas pai xões e pu rll icaç~o 00 homom tnlertor; o jejum, a
<t\:lsl lm!mçia, as mortifica ções cOlpo rais o espirituais .,. que nQo geranl
~r.;,::~r do ponto oe vi Sla mcramenit nannal, que sontldo teriam nesse con·
' OKIO? Veleade é q ... ~ mu,tas pessoas hoje não entend em mais o valor da
moni,icaçlio co rpolal. Ora ni~to ha uma di storção do concello de vida
cristA: a penilêncla corpora l é Indlspensávol à prá ti ca da ~i rl ude , pais sem
ela C lals.o crer Gue Ilgu.:!m SI) po ssa IlDenar das pai.Oes desrElgradas; l oaa
OI mensagem oibJlca e a Traafçao çrislã incutem etoqiJenlemellte a prAtica
d a mOl th l caçl0 corporal, - E, poi s, com r-Qstriçóes quo conSideramos a
o\)ra da Pie: ao 'a do de belas paginas e dum interessante per curso da
nislória da Moral, incute co ncepç6es que podam desvifluar a autentica tace
era vioa cr lslit

No!lSos Pais nos Conluam. Nova Leitu"" da História Sagrada, por


Marcelo de Barros Souza. - 1 ~84, 137 x 210 mm,
Ed, Vales, Pé lrópolis
0422 pp ,
O Pe. Marcelo de Barros Souza é beneditino, D iretor d a Escol' de
Evangelho d a d iocese da Golãs e AssessGr do Teologia do secretariado
Na:::lonal da Comlsslo Pastoral d a Terra .

O li"Vlo em loco ' uma re·leltura ( re--inlerpre tllçao) da hist ória .agrada
dentro ela ollC4 OI 'l lIolOiilia oa Ll oenar,;ao. ' I OGa a tll$lOfla 00 I\nllQo
'IHtamemo • c;onS looraoa ,;orno hlStorla dEI um J.o~o o~l imlCJo econ()mk;a
e pOlll icamen lll por oulros povos, que l enoe a se lioer lar, mas nem I5Ompt.
Q leilZ na Icalilaçio oesse prOJato: incida, por exemplo, na tenl açAo de
ins titu ir um ral, que o governa li 10lna a oprimir. 1 ai maneira de conslGerar
o 18Xlo 8a graoo quer olzer qua a mensagem Dibhca '" distorcIDa; e ialo
a vários IIIUloS: ~ j O conceito de Mus.ias, dOMlnanle em tooo o I'In1l9O
'18$lamento, • muho pallOo nesse conlexto ; Z} a ação de Oeus quo 101
eo .. canoo o seu pOvtl na t6 e na espe,ança para receber o M~Ias, •
$henClada; d iz mesmo o autor qllo ~ tuoo ~I rou uma co isa so ... OuanQO.
tnDlla Ol.t: 'Oeus leI, lJeus talou' , 8sta Oiz8nao também, ao mesmo tempo :
'O pOllO le2., o povo lalou'" Ip. 14 ): 3) 9S passag ens mais antigas da
Sibila slo l olalmenla deturpadas : a história do pecado originai é entendida
C<lmO história do uma disputa em damanda do podeI Ipp. 23·261, a história
de Cslm e Abal vem a ser " provavelmente o r::omlmtêrlo do d esen tend imen to

- 529-
!lO ..PERG U1'\TE E RF.SPONDEREMOS 277/ 198-1

entre o povo da foça (Israel) e o pOlia da cidade (can8neU51~ Ipp. 27-29I ;


4 ) a hist ória dOI epis6dios ,elerente. aos Patriarcas parece um conjunto
de historietas c uja autenticidade poder ia ser posta em dúvlda : 5) pari
desenvolver seus pontos de ~ 1s1a. I) aulor é confuso e cede a anacronismos
(cf. pp, 13-1«1).

Em slntese, o livro carece de valor tlenUnca ti objetivo , pois despreza


as normas da exegese séria: palie de preconceitos, que o 8ulor quer de-
dudr artificialmente do l e.to sagrado. Pode-se mesmo d izer que deturpa
o mensagem blbflca ti nio respeit a c erlos dados Inleorant es do Credo
eatólieo: assim • história do pecado Originai é falsamen ta explicada, sem
respolto dos lermo$ da lê f elevaçAo do homem .li justiça orOi081, queda por
soberba, lransmiu lo aos pO$IOll)5 . .. I.
Ê do lamenlar nlo somente 11 pllbllcer;1I0 de lal livro, mas lambem o
lato de que 5e destlfla &0 povo sImples (cuja linguagem o aUlor sabe
reproduõtirl; lal povo $imples ~ defraudado o empobrecido a novo tilulo,
porque até mesmo os va lores supremos, qua são os da aul~nljColl mensagem
blblica, lhe: slo sonegados; e 1510 sem que tal público, simples como 6,
tenha meios de se delenderl
A Blblla como memória doe pobrn, por Carlos Mntcl1, Pablo Rlchard.
Milton Sc hwanles, Alberto Anlonlazzl. Coloçlo "Estudos e /bUco$" n9 1 -
Ed. VOles, Potrópolls, 1984, 160 X 230 mm, 66 pp.
A "Revista Ec leslé.slica Brasileira", D parllr do primeiro numero de 1984,
0914 publicando, em apêndice, I.sclculos Inlilulados uCadernos BibUcos",
(jUO podem ser vend Idos separadamente. O primeiro, aCIma apresentado,
encerra Quatro IIlIgos, Que 'epresentam a Teologia da Ubertaçlo aplicada
,. 1e11ure da Blblla : os c rité rios sócJ.o-acon6mlcos do decisivos na maneira
como os autores encaram o texto sagrado. De modo e special, é privilegiadO
o pobre, entendido como classe social. 011, por exemplo, Pablo Rlchard:
" Os pobres 510 o aulor humano da Blblla e slo eles, em vitima ins tância,
quo lêm .. chave da sua In lerpretaçAo ~ (p. 2tJ) .
A prOpOslto pode-se observar: lem dúvida, os pobras, se têm fé
religiosa, do froqüentemente guiados pelo El5lplrilo Sal'llo pera Inlulr certa.
yerdades da 16 e In terpre lar paSS8lJO ns da BlbUa; diz o Senhor que "lIqucles
que lêm o cora~' o puro, veriO a Dous " (Mt 5,801. Mas a BlbUa e um I/vro
escrito em IIngolS anllgas . assaI dllerentes do portugu.!s; .up6e. geografia ,
a h istória e • menta1idada dOI homens desde o séculO XIX a _C. até o
fécula I d . C. Por Islo é ind iS pensâve~ par. entend6-la bem, uma celta
IfIlclaçio clenllllce, 11 11m de que o lellor poS5a, alravés da lelra do lexlo
devidamente compreendida, perceber a mensagem teG16g1cI do mesmo. Se
n!o ,)llsle e688 IfllclaçAo clenHllca, o lollor pode In1erp relar o le~lo segundo
critérios subletivos e fantasiosos, decorrente. de um fervor mal iluminado.
E o que .e d6, por uemplo, com os fundadoros de seita. e oultos crlstilos,
que lulgam poder depreender da Blblla I dali do 11m do mundo, as catás-
Irolel qua o precederia, a existência de dllCOS voadores, de habitantes em
outros planeta. a ouI". nollclilli · profétlcas ".. . Sendo llialm, ,eUOcarla-
moa 11 pfopaalçlo de Pablo Rlchard: aquela que lem o coraçlo da pobre
tlnoapendentemenle de cla$Se social ou categoria cultural), lem condlçOB's
positivas pera Interprete, e Blblla; mu mHmo assim 141 pobre neoosslta de
uma Inlclaçlo clenUllca (ainda que modesta) na Blblla (como Qualquer "
leitor necessita de uma iniclaçAo cientlllca para ler adequadamente u obras
de Lula de C&mOas).

-53()_
LIVROS "::0.1 ESTA~"'E !lI

OI nonos Modelos. PalronOI, por Arlindo Ruberl. - Ed. PallelU,


Santa Maria 1984. 156 X 227mm, 312 pp.

o Pe. Arlindo Ruben Já se tornou eOf1h~ido hislorladOf ~mhe nós


pelos seus dois vOlumes de História da Igre:ja no firas!!, multo apreciados
pela c ritica. Acaba de publicar outra obra histórica, que verea aobre oa
párocos falecido. em fama de santidade desde o século IV até o século XX
na Europa, no Brasil. no Uruguai, .'. pertencentes prlnelpalmente ao cloro
diocesano Ique se ded ica prioritariamente ao mln\3té,1o paroqulall, ..em
cx!:lusão, po'ÓITI, do IJgl.Ola$ not Avals <lo clero regular.

o autor apresenta 228 heróis do traba lllo paroquial: descreve ~mlfia·


mente a vida de cada um, va!endo,se dos poucos ou mu itos dados que O:
rtnJ'lolto do cada qual se Jl'O!i$am oncontral; aPÓ'o o quê propõe uma renexlo
e uma oraç'o. A o~a se abro com :lIgumn noliclas Importantes s obre li
origem das palOqul4" • d.slgna~ao dos respectivos liIu!auis. o sentido de
BeaU:lcaçlo e Canonlz:sçlo. , .

o trabalho do Pc. Arlindo RuMrl resclta não só de m lnucloso D paelenle


pes,"ulsa d~ arq'llivos, mos tambêm de glande amor ao ministério sacerdotal
o à S, Igre ja; ê proelS4menlo esta amor, iluminado pola sabedorlíl das eolsls
de Deus, que o livro em toco tll:'1smlle ao teilor,

E.8,

• • •
CARTA DE LEITOR
Trilogia. AnalítiaL: A Ora, Cláudia Bcrnhardt Pacheco.
Vice-Presidente da SITA (São Paulo) e s..."Cretária Geral da
JSAT (Nova Iorque) , escreve-nos a respeito d o artigo publi-
cado em PR 273/1984 sobre a Trilogia Analitica. ÀS pp. 172s
desse fasciculo, há referências ao fundador da Trilogia, Dr. Nor-
berto Keppe (.rDepoimenlos orais ... ), que, conforme a Ora.
Cláudia. não mCl'Cccm cl'édito, pois

c Tais afirmacões provavelmente ioram proferida, por doentel


mentais graves, que, 0li6s, abundam numo Clinico de P:iiconólise. com
seus re,pc~tivos deliriol mhlicQl, Vã qualquer um a um sanatório
psiquiálrico e ouviró muitos h iSló ri O$ $emelhanles sem nenhum dos
doenloli tllr sequer ouvido folor em Norberto R. Keppe ou Trilogia
Analítica ».

Registramos tais esclarecimentos, que agradecemos à


Ora. Cláudia Bernhardt Pacheco.
- 531 -
ERGUNTE
e
Responderemos

íNDI-CE de 1984
INOICE 1984
(Os nOmero" • dlreltla look:am. respect1V11mcnte, rasctculo,
lUlO de cdlçiio e pAcina.)

A
«ABORTO. u:\1 DIREITO DA MULHER SOBRE
O SEU PROPRIO CORPO~ (livro) •• 274/ 19&1 . p . 205.
I NDIRETO .. _. ... ........ ....... .. . 214/1984 , p. 215.
TERAPElITICO ................... . 214/ 1984, p. 214.
~A OOR SAI..VJFICA:t - carta Apostólica de
Jooo Paulo 11 ................... ...... .. _. 217/ 1984 , p . 471.
cA GLORIFICACAO. - de Norberto Keppe _. . 21311984, p . 163.
AUANCA CO~'[ DEUS E FIDELlDADE ..... . . Zl6/1984, p. 394.
ANÁFORA OU ORACAO EUCARlSTICA: exi-
gências lltQrç'lcas ...... . ... : ...... . ....... . . 214 / 1984, p . 193.
ANJOS E DEMôNIOS: exis tênCia ............. . 27211984, p. 19.
d OBRA HISTóRICA 00 PE. HOORN AERT.
_ de Ame:-lco Jacobina Lacomoo ......... . 21511984, p . 3<11.
APARICOES DE MARIA EM MEDJUGORJE
(IUGOSLÁVIA)! .......... .. .. . . . .. . .. . . . . 277/ 1984 , p. 521 .
NO BRASIL? ......... _........ ........... . 213/1984, p. 14<1.
cA POBREZA, RIQUEZA DOS POVOS. - de
Albert Tévoédjré .......... . ........ . ..... . 214/19&1. p. 219.
cAUTOPERFEICÁQ COM HA'nIA VOGA » - de
José HCimó~cnes de Andrade •..•......... 273/1984, p . 155.
AVINHAO E P APA DO ........................ . 27S/ 1984, p . 332.
cA VOLTA À GRANDE DISCIPLINA» - de JoM
Batlsta LlbAnlo ....... . . . ..... .......... .. . 2Tl/ 1984, p. 509.

8
BALTHASAR, H .U. von : celibato e In(emo 276/ 1984, p. 436.
DOFF, CLODOVlS : cTEOLOGIA E PRATICA» . 276/1984, p . 437.
BOFF, LEONARDO: .ECLES[OG~NESE •..... 27211984, p. 36.
BOM SAMARITANO HOJE .. .. .............. .. m/19M, p. 481.
BOSSA, BENJAMIM: cO DIREl'1'O DE AMAR. 216/1984, p. 368.

c
CANTOS PASTORAIS: exlr~nclas IIturafcA$ 274/1984, p . 194.
CAROUNA DE MONACO: cuamento dissolvido? 276/1984, p. 434.
CAUSA COM DUPLO EFEITO: que ê! ... ..... 214/1984, p. 215.
CELIBATO SACE:RDOTAL ... . . .... . .... 276/ 1984, p. 369 e 436.
CIRILO DE ALEXANDRIA E HIPÂCIA . . .... . 2741191H, p , 248.
CLEMENTE DOMINGUEZ: antipapa . . .... .. ... 273/1984, p. 134.
CLERO E CEU~TO: dlscussAo ,............. 276/1984 , p. 369.
CNBB e NORO .. . .. . .. . ... .. ... ... ...... . 216/1984, p. 428.

-533-
94 _PERGUNTE E RESPONDEREMOS~ m/l9M

COMUNGAR MAIS VEZES POR DIA ••....•. . 277/ 1984, p. 5(H.


COMUNHAO EUCARlSTICA: cxlg?:ncias litúrgi-
cas ......... ... . ................. . 274/ 1984, p. 1 93;
FREQUENTE OU COTIDlANA:
co"dl~s exigidas .............. . . 272/ 1984, p. 61.
COMUN"lDADES ECLESIAIS DE BASE. e Euca-
carl6t1a ............... _...... . 272/ 1984. p . 36.
COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE, scgundo
J . Call.'a •.. •..........•....... 27211984 , p . 73.
CONCILIO DE TREmo. SI.'J:undo J. 9 . Llbânlo 2TI/19S4. p. 500;
00 VATICANO lI . SC2undo J . B. Li-
bttnlo .•.......•.. • .................. 277/ 1984 . p . 517.
CONFISSÃO DOS PECAJX)5 : (undamenlaçiio . . 273/ 19801 , p . 3G.
CONFISSÃO PARA CO:\IUNCAR .............. . 272/19&1 , I). G1.
INDIVIDUAL E FREQUENTE: va-
lor ......... . .................... . 27S/ ]!)S.J, p. 29<1 .
CRIACAO OU EVOLUCÃO 00 MUNDO'? ..... . 712lJ.98.1 , p. 18.
CRISTÃO E MARXISTA '? ..................... . 276/ 198-1, p. 419
CRISTIANISMO E ESCRAVIDAO ..... ..... ••. 715/ 1981, p . 211.
CULTO EUCAR ISTtCO FORA DA MISSA: nor-
mas ...... . .......... ... . .... ............. . 277/ 1984, p . 496.
(CU RA S~ 00 DR. EDSON DE QUEIROZ 273/1981, p . 150.

D
DECLARACAO ECUM1:NICA SOBRE MARIA
SANTlSSIMA .. • , ••..•.• . ,. , •. ..•.......... Zi3/ 1984, p. 90.
DEVERES E DIREITOS DE TODOS OS FIE:IS 272/ 19&1. I). 4.
DIREITO CANONICO E LEIGOS ............. . Z12/19S4, )1. 2.
..DIREITO DE AMAR. (lIvro) . por Bl:!njamlm
Bossa ,,' . .. .. ...... .......... ...... ... ... .. 276/1984, p. 368.
DIREITOS DA MULHER E ABORTO ...•..•.• Z14/19801, p . 205.
DISPOSICOES PARA COMUNGAR DIGNA-
MEl'fI'E •....• ,. , ••• • ", •. , •..• . . . ..• .. .. .. . 212/ 1984, p. 59;
276/1984. p. 300.
DOR SALV1FICA : Carta de J oão Paulo n ..... 277/1984 , p . 471.
DlVORCIAOOS E COMUNHÃO EUCARlSTICA 774/1984, p. 197.
DROGAS E PERMISSIVIDADE . •.... ..... .•.. 27511984, p. 290.

E
cECLESIOG~NESE, - Leonardo Bof! ••• . .. .. 272/1984, p. 36.
ECO. UMBERTO: ..o NOME DA ROSA' ..... . 715/1~ , p. 330.
ECOS DE VIAGEM A INDIA - MADRE TE-
RESA DE CALCUTÁ ............. .. ...... . 712/ 1984, p. 82.
EDUCAÇAO SEXUAL HOJE: INTRUCAO DA
SANTA Sl:: .•....••. . .• . ...•••••..•••••.••. 2'75/1984, p. 282.
EL PALMAR DE TROYA E GREGóRIO XVII 273/ 1984, p. 133.
cEM NOME DE DEUS. - de David Yaliop •..• 276/ 1984, p. 398,
ESCASSEZ 00 CLERO ..... .. ................ . 716/ 1984, p'. 381.
ESCRAVATURA E ICREJA ................. .. 274/1984, p. 240.
ESPORTULAS DE MISSAS: &Ignl1lcado . . .... . 77311984 , p. 125,'1
ETERNIDADE, TEMPO E EVO ....... ....... . 275/1984, p. 274.
ETIOPIA E PERSEGUIÇAO RELIGIOSA 212/1984, .p. 76.

- 534-
lNDlCE 1984 95

EUCARISTIA; culto devido " , ...... , ....... " .. 27411984, p. 178;


doutrina católica , .• , ... , ...... .. 273/ 1984, (l . 110;
quem a pode celebrar ., ....... . 27211984, p. 28.
m / I984, p. 488.
EUTANASIA: doutrina da Igr-eJa . o • • • • o • • o • • • • o 2751l984, p. 320.
EVA:-':CEl.HO DO SOFRI MENTO: Carla de João
P:lu)o 11 ........ .......................... . 277/ 1984, p . 479.
EVANGELHOS; critica dos .. .... . .. ........ .. 276/ 1984, p. 406.
EVO, TEMPO E ETERNIDADE .............. . 275/ 1984, p . 274.
EXISTENCiALISMO E FIDELIDADE . ....... . 276/ 1984, p . 389.

F
FALSIFICACOES NA HlSTORIA 01\ ESCRA·
VA'rUIl.A ...............•....... 0 •••••••••• 274/l984, p. 243.
I~J:; ESTA MUDANDO? ............. .......... . 279/ 1984, p . 1:5.
nDEUDADE: crise de .. .. ......... .......... . 270/ 1984, p . 387.
FILóSOFA HIPÁCIA TRUC.lDADA POR UM
SANTO? ................... . .... .... . . .. .. . 214/ 1984, p. 248 .
FREUO, SIGMUND, E AN"mOPOLOGlA ... . . . 270/ 1984, p. :390.
t'RITZ, Dn., E EDSON DE QUEIROZ ..... o •• 273/1934, p. loo.

G
GAL EA, JOSe.: .:1,IMA lOREJA NO povo E
l)ELO POVO~ ..................•....... o •• 212/ 1984, p. 00.
GARDENAL, J .M. S.J.: dMPRESSOES DA
INDIA ;, . ... .......... . ........... ........ .. 272/1984, p. 82.
G/l.NDHI, MAHATMA E CONFlSSAO .... .•••• 273/1984, p. 97.
GENI TALIDADE E EDUCACAO SEXUAL .. o •• 275/ 1984, p. 283.
..GLOHn'lCAçAO, A. tle Norberto Keppc .... 213/1934, p. 163.
GREGÓRIO X\'U: 3n t lpapo. o ••••• o •• ••• ••••• o •• 273/1!hW, p. 137.

H
HATHA rOGA : q u e é? ...................... . 273/1984, p. 156.
lil:."Ri\lOGENES: .:AU'l'OPERFElÇAO COM MA-
1ltA YOCA • . . ... • .•.....•.. 0 ••••••••••••• Z73!1984, p. 155.
H I PÁClA E S . CIRILO DE ALEXANDRIA ... . 274/ l9IM, p. 248.
HlSTORIClOAOE; DOS EVANGELHOS ....... . 276/ 1984, p. 400.
HO;-"10SSEXUALIDADE E EDUCAÇAO SEXUAL 275/ 1984, p. 289.
HOORNAERT, E .: obra hl.sló r-ica ............. . 27511984, p. 3U.
HUBERTO ROHDEN E EUCARISTIA . . . o • •••• 213/ 1984, p. 108;
DA DOS BlOGRAFICOS •. 274/ 1984, p. 200.
HUMANISMO SEGUNDO MARX ••.. •..• • .•... 276/1984, p. 421.

I CHING: técnica chinesa ..................... . 274/1984, p. 230.


IGREJA COMUNHÃO DE MEMBROS IGUAIS E
DESIGUAIS .......... ....... 0 •••••••• 272/1984. p. 3;
E CELEBRACAO DA EUCARISTIA
POJ' LEIGO ........ . .. " . .. .• " ... ". Z721l984, p. 39;

-535-
96 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS' 277 119M

t ANTIFEMINlSTA? . .. ... ....... .. .. Zl4/ 1984, p . 209;


ESTADO E POVO, SCliUndo J . Galea .. 272/1984, p. 69 ;
E MACONARIA ................... . .. 215/ 1984, p . 303:
PONTE OU BARREIRA? ........... .. 272/ 1984, p. 25.
IMP~O E PAPADO NO SecULO XlV . .... . 275/ 1984, p . 333.
c:INAEST[MABlLE OONUM.: Instrução ...... . 277/1984, p . 488.
INFERr-;;O VAZIO? ......................... .. . 216/1984, p. 437.
lNSTITIJICAO DA EUCARISTIA : 05 textos b1-
blicos ........................... . ... ... . •.. 273/ 1984, p. l14.
lNSTRl:ÇAO cPOSTQUAM PIU$. . . .. ..... ... . m / l984, p. 00.
IN VEJA , TEOMA:-:IA E CONSC ~CIA. se-
gundo N. Kep pe .. . .. • ..•.....•••• , ...•. • •. 273/ 1984, p . 165.
lNVERSAO E CONVERSA0, segundo N. Keppe 213/ 1984, p . 165.
IOGA E AUTOPERFEICÁO ....... .. .... ..... . 273/ 1984, p . 155.
dTERml~ NO CÂNON 911 .................. . m / 19M, p. 504.

J
JESUS. DEUS VERDADEIRO ....... ......... .. 216/ 1984 , p. <l08.
O JUDAISMO E A IGREJA ......... .. 276/ 1984 , p . 411.
RESSuSCITOU VERDADEIRAMENTE . 716/ 1984, p. 413 .
JOAO PAULO I : nssasslntu:lo? .... .. . .. ...... .. . 21611984, p . 398-
J OAO PAULO II E COMUNHÃO EUCARlSTICA 276/ 1984, p. 36G.

K
KEPPE, :-lORnERTO; cA Glol'lfIcação~ (livro) 27311981, p. 1M.

L
LACOMBE, A .J .: cA Obra Histórica do Padre
Hoomacl'h ........................... . ... . 215/1984, p. 34L
LÃPPLE, ALFRED: cNossa lé estA mudando?, 272/l984, p. 15.
LEGALlZACÁO DO ABORTO .. .. ............ . 214/1984, p. 211 .
LEGISLACÁO SOBRE O CELIBATO .......... . 276/ 1984, P. 315.
LEIGO E O PODER DE CELEBRAR A CEIA
DOSENHOR .......... . .......... . . ... . 272/1984, p. 31:
_quemé .•.. .. ....•.... . .... ....•...• 272/ 1984, p. 8.
LEIGOS NO DIREITO CANONICO ....•. • ...•• 272/l984i, p. 2.
cLEX ORANOl, !.EX CREDENDb ..... . .. . . . 272/1984, p. 51.
LlBANIO, J.B.: I A Volta A Grande Disciplina. m / I9&1 , p. 509.
LmERDADE E COMPROMISSO ....•... .... .. 276/1984, p. 391.
LlBERTAÇAO, TEMA CRISTAO ........ .. ... . 2'77/ 1984, p. 459.
LITURGIA: alienação? .. ..... . .......... . ... . . 272/1984, p. 56.
UTURGIA: lNSTRUCA.Q dNAESTIMABILE
DONUM. 13/0411980) •...••.... . 2'77/ 1984, p, S88.
TERCEIRA INSTRUÇAO (S/09no) 274/1984, p. 178"
I LITURGIA E LIBERTAÇ.lQ:J - de Aldo Van-
nucchi .... ............... . ...... . . .. ...•..• 272/ 1984, p. 49.

- 536-
íNDICE 1984

M
MACONARIA E IGREJA ................. . .•. 215/ 1984, p. 303.
MARIA SANTlSSIMA: Declaracão Ecumên.iea.. 273/ 1984, p. 90.
MAR'l'1NS, LUCIANO ; c Revo1uçlo na Igreja? ~ 276/L984, p, 40.).
MARXISMO E PutSEGUICAO RELIGIOOSA .. 212/ 1984, p . 76;
TEOLOGIA DA llBERTACAO 271/ 1984, p . 453 e 461.
MASTURBAÇAO; moralidade "",." " .... ". , 275/l964, p. 289.
MATÊRlA DA EUCARISTIA : normas canônicas m / I984., p. 492.
MATERIAUSMO ATEU E VlSAO CRJ.S'rA .... 276/1984, p. 419.
MATERNIUADE VIRGINA L DE MARIA: vec-
dadc de r6 ., ..••.•. • ........ ,. ... .......... 272/ 19&1 , p. 2-1.
MATRIMONIO INDISSOLúVEL E CELIBATO
DISPENSÁVEL ........... . ............... . Z13/1984., p. 203.
MEDJUGOHJE; IIp.ilriç6e, marianas? ••...••.• , 277/ llI84, p, 523.
MJ::1'OOOS CIENTIFICOS NA EXEGESE Bt-
BLICA ............ .... ....... .. ...... .. .. . 276/1984, p. 405.
MINISmRlOS NA IGREJA ... , .......... ... .. 212/1984, p. 12.
MINISTRO DA EUCARISTIA: Instruç50 da
Santa Sé .......... . .................. .. .. . Z12/1984, p. 28.
MISSA: normas para cclebra~lio ... . ...... . ... . m / 19M, p . 491.
MISSAS e saerilido do caMario ............... . 273/1984, p. 119.
PELOS DEFUNTOS ............. . .. .. 273/1981. p . 130.
MISSIONÁRIAS DA CARIDADE ......... .. . . • 27:2/19M, p. 84.
MIS'fl:RIO DO SOFRll\lENTO: Carla de Joilo
Paulo 11 ........... . ... . ... .. . . ... . ....... . 277/1984, p. 487.
MONISMO E I CHING ..... .... ............. .. 274/ 1984, p, 234.
MONTANHA SANTA E APARICOES . .... .... . 273/1984, p. 144.

N
I:EGRO E IGREJA .......................... .. 274/1984, p. 240.
• NOSSA FE ESTA MUDANDO?:. - de AUred
Lilpple ...... . .............•.......•....... 272/ 1984, p. 15.
• NOME DA ROSA, O:., de U. Eco .....• , •••••• 275/ 1984, p. 330•
NORDESTE E CNBB ............. ........... .. 276/1984, p. 428.

o
cO DIA SEGUINTE,. - lIIme ........•......•.. 274/1984, p. 255.
• 0 DmElTO DE AMAR:. - de Benjamim Bossa 276/ 1984, p. 368.
cO NEGRO E A IGREJA:. - de J .E . Martlns
Terra, S. J . . ..... .................. ....... . 274/l98!I, p . 240.
• 0 NOME DA ROSA. ~ romance de Umberto
Eco .............. . .... .. ............. .. .. . 21S/1984, p. 330.
cOPRESSORES E OPRIMIDOS" NA LITURGIA 272/1984, p. 58 .
• 0 QUE l: O ABORTO. - por Frente Feminista 275/ 1984, p. 205 .
ORDEM BENEDITINA NOS Sl::CULOS XIV/XV 275/ 1984, p. 336.

p
PACIENTE TERMINAL: como tratá- lo ...... . . 215/1984, p. 315.
PAPADO E RELIGIOSOS NOS SJ::CULOS
XlV/XV ..........••••... . . . .. . ••.... . .. . .. 275/1984, p. 335.

- 537 -
98 . PE RCUNTE E RESPONDEREMOS _ 277/ 1984

PAPAS, BISPOS E ESCRAVATURA . .. .• " ... 274./ 1984, p. 244.


PARAPSICOLOGIA E .CURAS_ MEDIúNICAS 213/ 1984. p. 150.
PARTICIPANTES DOS SOFRIMENTOS DE
CRISTO .. ... .... ... ...... . ..... ... .. ... .. . 2T1/ 1984. p. 4TI.
PASTORAL DOS DIVORCIADOS .. ..• . . .. • . ... 274/ 1984, p. 200.
NA ICREJA - pronunciamentos dc
Bispos do BrasU ..... .. ..... .... .. 276/ 1984. p. 427.
PECAOO ORIGINAL: exposlça.o da dOutrina ., 272/1984 , p. .21.
PENrn:NClA E VIDA WT úRGICA . • ......... Z15/ 1984 , p. 297 •
• POBRES_ DA O_SLIA E cPROLETÁRIOS.
DE MARX .. . ,.", ......... . . .. , ...... ... . 277/ 19&1. p. 463.
POBRES E LIBERTAÇAO . ............... . .. .. m / I 984 , p . 443.
POBREZA SIM, MIS~RIA NAO , •..•.......•. 274/l.984, p . 219.
• PODE UM CRISTÃO SER MARXISTA ?.. - de
Urbano Zilles .. , . .. •.. ,. , . ...••. . . .•. ... • . . 276/ 1984, p. na
PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS DA MAçoNA_
RIA .... . .. .. ...... ... ........ . .......... .. 275/1984, p. 308.
PROLETARlAOO NO lIolARXLSMO ..•.... . ..•• m / l984, p. 453.
PROMESSA DA EUCARISTIA ...... .... ..... .. 273/1984 . p. 111.
PUEBLA E PODRES ..•...... .. ........ . . . •... 277/1984, p . 454.

Q
cQUAL O SENTIDO nEAL DA EUCARISTIA ?_
- dc Huberto Rohdc!l ..... .. . ... . ... .. .. . 273/ 1984 , p. lOS.
QUEIROZ, EDSON DE, E cCURAS, ..... . . .. • 27311984. p. 150.
QUEVEDO, OSCAR, E .CURAS_ ......... . ... . 213/ 1984. p . 152.

R
RATZLNGE R, J . E MAÇONARIA ....• . ..... .. , 275/ 19&1, p. 304 ;
E TEOLOGIA DA LlBERTACAO 276/ 1984. p. 354.
REEDUCAÇAO E AC AO PREVENTIVA PARA
OS DROGADOS . ...... . . ... .... ... . ...... . 275/ 1984, p. 290.
RELACOES MATRIMONIAIS E PRAZER . ... . 276/ 1984, p. 435.
PM-MATRIMONlAIS ........... . 275/l.984, p . 288.
RELIGIAO NO MAR.XlSMO ....... .. .. . ..... .. 276/1984. p. 420.
RENOVACA.O SOCIAL SEGUNDO PUEBLA ... 277/ 1984, p. i~.
RESSURREIÇÃO CORPORAL DE JES US ..... . 272/ 1984. p . 24.
DOS MORTOS .............. . 273/ 1984. p . 154.
LOGO APóS A MORTE? .. . . 275/ 1984, p. 266.
REVELACOES PARTICULARES: oco['rl! ncias .. 213/ 1984, p. 133;
277/1984, p . 523.
cREVOLUCAO NA IGREJA. _ artigo de- Lu_
ciano Martins ..... ... • " .....• •••• . •• .. .• " 276/1984, p. 403.
RIQUEZA E POBREZA, secundo A. Tévoédjré 274/ 1984. p . 220.
nOHDEN, H.: dados blogrAlleos ..........•..... 774/l984. p . .$I;
qUQfiUonamento da Eucaristia 273/ 1984, p. 108.

s
SACERDóCIO E CEUlJATO - fundarnt'nta(l o '1
teol6glca ...... . .......... .... ........ ,. ... 216/1984, p. 377.
SACERDOTE E VIDA CONJUGAL . . • . ..•.•.•. 276/1984, p. 381.
-538_
lNDICE 1984 99

- Ilflal de bens cclesUais . • •. •.• 27ti/ I9M, p. 378.


SACEROOTES ORDENADOS APOS CASA-
MENTO •..•• . ••••.. . •....••.•..•.......... Z16/ 1984, p. 385.
SEN"rWO DA VIDA ..... . .... . ..... . ........ . 215/19&1, p. 2M.
SERVIço À IGREJA PELOS SACERDOTES '. 276/ 1984, p. 377.
SEJ(UALIDADE ...... . ................•....... 275/l984, p. 283.
SOFRIMENTO: sentido e valor •..•....•..•.... m / 1981J, p, 411.
E PECAOO ...........•... .... 277/ 1~, p. 485.
SOLIDARIEDADE ENTRE OS POVOS •. •..•.. 274/l.984, p . 277.
SOLIDÁO E CELIBATO ..................... . . 276/1984, p. 380.
SUICtoIO COMO AIJ'roLIBERTAÇAO . • ... . . . . 215/l984, p. 3U.

T
TEMPO, ETERNIDADE E EVO ., .......... . . . 275/ 1981, p. To5.
TEOLOGLA DA LlBERTACÂO: correntes princi-
pais ... .. ..... . 277/ 198<1, p. 445.
exposiçãO do Car·
deal Ralzinger . 276/ 1981, p . ~.
palavra oficial da
Igreja .• , .. •..• 277/ 1984, p. 437.
TERCEIRA INSTRUCAO SOBRE A l.lTURGlA 275/ 1984, p. 178 .
'CEff.ESA DE CALCUTA ............... . .. .. .. . 272/1984, p. 82.
TERRA, P ,J .E. MART.lNS: cO NEGRO E A
IGRE.'o\~ ••....... ,. , •.••...••... , ..•...... 2741l984, p. 240.
TEVOeDRJt, A.: cA Pebreza, Riqueza dos Po-
vos~ (livro) ....... , .... . ........ . .... ... ,. 214/1984, p. 2l9.
TRANSUBSTANCIAÇAO : qUe é? ......... .. . '. 273/l984, p. 122,
TRENTO: identidade do ConcUio de ., .. , ...•.. 277/1984, p . 509.
TRILOGIA ANALiTICA: exposlcão e critica . .. 273/1984, p. 163.

U
cUMA IGREJA NO POVO E PELO POVO, ~ de
Jesé GaJea ..•..•....• . . • ... .. . , •.. , ....•.. 272/ 1984, p. 66,

V
VATICANO 11: sua Identidade, segundo J . B. Li-
bânlo .. , ..• .. . ..... ..• ..• ....... . , ........ . Zl7/ l9&1, p, 512-
VERDADE: NO MARXISMO ••••... •..•.• • ..••. 216/1.984, p . 423.
VIDA PóSTUMA E PURGATORIO . ......... . 273/ 1984, p . 125.
VOCACAO AO DOM DE S I MESMO .. . .. . . .. . Zl5Il984, p. 284.
cVOLTA A GRANDE DISClPUNA:Do, de Jollia
Batlta LlbAnlo ........ .. ................. .. ZT1/ 1984, p. 509.
VON BALTHASAR, H .U., Prfmlo Nobel de
T l!tIlogla .•••... . ................ . .... ...... 276n9M, p. 436.
y
YAlLOP, DAVID: cEM NOME DE DEUS,. 276/1984, p. 398.
YOGA F AUTOPERFEICAO .... . .... .. •• •.••• 273/1984, p. 155.

Z
WJ.ES, URBANO: ePODE UM CRISTAO SER
MARXIS'rA?~ •• . .•••••••.... ........•• • •• • 276/1984, p. 418.
- 539-
100 cpeRCUNTE E RESPONDEREMOS. Zrl/1984

EDITORIAIS
BEBER O CÁucr DO SENHOR ... . . . ....... . 2731l9S4, p. 89.
<CAMINHA E CANTA : 'ALELUIA!' • . . • , . .. • . 214/1984. p. 1'71.
DESCOBERTA DE DEUS ... . . , .... .. ......... . 276/1984, p . 353.
cHÃO TENHAIS MEDO! . . . . ..... . . . ........ . . 272/1!)8(, p . 1.
O SENTIDO DA VIDA . . . ..... . . . ... . .. . .. ... . 275/ 1984, p. 265.
TEMPO PREMENTE • • . •. • .. . ....•..•.....•.•• Z77/198t, p. 441.

LIVROS APRECIADOS
AGUI LAR, Miguel, A Descoberta dJl. F I!. A Des-
cobeTta do Amo r. A d600berta da. Graça. .• 275/ 1984, p . 348.
ALONSO, Artur, RencxÕft Pedagó&'leu - IV-
Luz e Sombra! no Dfl'i r do HumanIsmo ...• 275/1984, P. 351.
BAITISTINI, Frei Francisco. Maria, ltONO SIm
.. Deus ......... . .. . .. .. ................. .. 275/1984, p . 349.
BESANCON, Alaln, An..!oml& do um Espectro 273/ 1984, p. 174.
BE'lTENCOURT. Estévlo, Dlilogo Ecumênlco.
Temias Controvertidos ..................... . 215/1984í, p. 352.
BOFF, C1odovll. TeoJoc1a e PriUca. Teol~ do
PoUtIco e al1&ll medlaç3es ..... __ ......... .. 216/1984, p. 437.
CAROTHERS. Capelão Merlln R., Louvor que
llbet1a ................. .. ....... ....... .. .. 273/1984, p . 176.
COLA, Slivano, Operidos da Prlmelnl Bora. Per_
tb dos Padres da Igreja . . ..... _ •••... .. .. 21411984, p. 262.
FICUEIREOO, Fernando Antô nio, Curso d e Teo_
logia ratrbltlca. A \'lda da lrreja Prlmltlva
(séculos [ e U ) ..... .. ...... . ............ . 215/ 1984, p. 349.
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KLOPPENBURG, Frei Boaventura, PIW11llnno
Ecleslal . ........................ .. ....... .. 275/1984, p . 347.
MESTERS, RICHARD, AN'I'ONIAZZI • .•. , A Bl-
blla como memórIa dos pobres .. • . ... .. . . .. 277/1984, p . 530.
MOHANA, Joio. EscolhldOol de Deu •.••.•• • •. 275/l9S4, p. 350.
MORACHO, ~Ilx, Na Escola da F 6 . ... ...... . 27211984, p. 8S..
OUVEIRA, Ralíy Mendes de, Palavru de ClUto
na Cruz . . . ......•• . .....••••.•....••• . . • . . 274/1984, p. 264.
ORDURA. R. Rloon e outros, Pnul. Cristã -
\'o!. I ......rora! Fundamental •..•• .. •... ,., 27611984, p. 440.
PU, A ., Por Dover ou por Pru.er-f • •..•.•.•• . 277/ 1984, p. 528-
RUBERT, Arlindo, Os nOPOS :&Iodelos e Patrono. m / 19M, p. 531.
SÁ, lrene Tavares de, " hI. tória, o fUrrftI e voo6
ou O olho tn1~co . , .... . ......•........... 274/l984, p. 264.
S n.VA. J oio Ubaldo da, A BlbIla nos W1e •..
A Inte rprdaçllo n Os .epara . . . . ..•.. ....... 274/1984, p. 263.
SOBRINO, Jon, CrlrtoJogla • partir da América
·Ls Una. ...... . .. .. .... .. . . . . ........ ; ..... .. 275/l984, p. ~.
SOUZA, Marcelo de Barros, N ossoa: PaIs na.
contaram. Ncn.. Leitura da História SIlg-n.da 277/1984, p. 529. "
VÁ RIOS AUTORES. O Deu. de J OSWl Cristo ••. Z74/ 198-t, P. 262.
ZEZINHO, Padre, NOS, OI CatóUcos Romanos 275/1984, P. 35L

- 540-
íNDICE 1984 101
AMIGO. SE ESTA REVISTA LHE FOI úTIL, QUEIRA DIFUNDI.LA.
LEMBRE·SE DE QUE MUITOS SEMElHANTES SOFREM DE PROBLEMAS
QUE ELES NEM SABEM EQUACIONAR POR FALTA DE DADOS
BASICOS. PR DESEJA OFERECER MATERIA PARA REFLEXÃO.

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