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Apresentação de Projecto

Materialidade do Espírito e a Sacralização do Corpo


A questão do corpo e da alma e o dualismo na Idade Média

Crenças e Práticas em Torno da Vida e da Morte 2019/20


Docente: Ana Maria Seabra De Almeida Rodrigues
Aluno: Vasco Martins Henriques
nº 149283

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa 2019/20


Sumário:

O tema sobre o qual me irei debruçar trata-se de um tema que encontrei recorrentemente na
historiografia mais recente, especialmente a de língua inglesa e também francesa, que é a
questão do corpo-alma e o seu consequente dualismo, que influenciou grandemente o
pensamento teológico desde a sua génese clássica helenística, no qual a fé cristã veio a
apropriar-se dos mesmos conceitos filosóficos para explicar a própria dogmática cristã.

Segundo Le Goff, as sociedades da Idade Média guiavam-se por oposições binárias, e apesar
da doutrina maniqueísta ter sido rejeitada, era no entanto, visivelmente praticada devido ao
facto de servir à própria didáctica medievalista que tinha como principal objectivo a tendência
para a salvação da alma do Homem.

O dualismo cristão medieval apresenta-se sobre a fórmula de Sto. Agostinho de um Homem


“interior”(alma) e “exterior”(corpo) de modo a fraturar e polarizar o pecado. E aplicando-se a
uma sociedade teocêntrica, onde o Homem não tinha uma identidade autónoma e só existia em
relação com Deus no seu ‘interior’, pois era feito à sua semelhança e teria assim o Homem
como obrigação moral se assemelhar a Ele, transformando-se na imagem de Cristo de modo a
chegar à sua própria identidade isto significa que a auto-realização para um indivíduo na Idade
Média não era ser um individuo único, esse sentimento só se concretizaria através da
semelhança. Por outro lado, a sua faceta ‘exterior’ pertence à terra, separada e à margem de
Deus, que existia de acordo com a auto-suficiência humana, em suma, o indivíduo (o self)
medieval era negligenciado em prol da busca da perfeição ou a simplicidade de Deus.

Estado da Arte

As várias propostas que analisei na minha pesquisa apontam para uma variedade de posições
que em grande medida convergem para uma prática diferente da dogmática quanto á percepção
do corpo e da alma na Idade Média, pois apesar de os teólogos medievais como Sto. Agostinho
e São Tomás de Aquino apontarem para a unidade da alma e do corpo devido ao milagre da
Eucaristia e a crença na russureição do corpo no dia do Juízo Final, no entanto, e isso também
é claro na bibliografia que pesquisei é que os seres humanos na Idade Média tinham uma
percepção diferente sobre a sua própria constituição material, não só devido a uma

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sobrevivência do pensamento clássico dualístico que foi apropriada pelo Cristianismo,
principalmente do Platonismo, sobre o corpo e a alma, no qual o corpo era onde se
experiênciavam os prazeres mundanos da vida, e a alma era o seu elemento mais puro.

Objectivos

O que pretendo com esta dissertação e poder demonstrar que através da percepção de um
pensamento dualístico na Idade Média que se perfilhou como é exemplo os Cátaros permitiu a
existência de uma linha de pensamento teológico no debate intelectual medieval, que fez com
que o Critianismo se actualizasse no séc. XIII, principalmente com a visão da unidade da alma
por São Tomás de Aquino, de certa forma atacando o pensamento dualístico ascético e de
condenação do corpo do séc. XII.

No entanto, esta actualização sobre a unidade provocou por outro lado a conflitualidade de
conceitos como o corpo e a carne, e a alma e o espírito, apoiando-me em artigos de autores
como Alain Boreau e de um artigo de uma autora norte-americana, Nancy Caciola que postula
que a existência de uma possessão espírita divina ou demónica, obrigava à materialização de
conceitos que hoje em dia pensamos como abstractos, já Alain Boreau aponta a uma
sacralização do corpo na Idade Média contrastando com a impureza da carne pelo pensamento
teológico cristão medieval, o corpo estava portanto preso à perfeição da alma, enquanto que a
carne era a organicidade material que era susceptível a variações naturais, como a decadência
e a putrefacção.

Metodologia

O método utilizado é a pesquisa bibliográfica e o pensamento crítico e analitico sobre fontes


secundárias, que permitiu uma abordagem original sobre a bibliografia não só de monografia
como também de artigos científicos os mais recentes possíveis. O resultado disso mesmo foi a
realização de uma perspectiva própria sobre a evolução da mentalidade humana na Idade Média,
uma época conceptualizada como ‘Idade das Trevas’, mas que pouco disso dá a revelar, pelo
contrário, demonstra um intenso debate intelectual que existiu nesse período, particularmente
entre os séculos XII a XIV, que provavelmente pricipitou a emergência do Renascimente e a

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individualização do próprio individuo detendo uma personalidade jurídica própria e não sujeita
à mercê de Deus.

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Bibliografia

LE GOFF, Jacques; TRUONG, Nicholas – Uma História do Corpo na Idade


Média, Teorema, Lisboa, 2005
BYNUM, Caroline Walker – The Resurrection of The Body in Western
Christianity (200-1336), New York, Columbia University Press (PDF)
BYNUM, Caroline Walker - Christian materiality : an essay on religion in late
medieval Europe, New York, Zone, 2012
BOREAU, Alain – The Sacrality of One’s Own Body in the Middle Ages, Yale
French Studies, No. 86, Corps Mystique, Corps Sacre: Textual Transfigurations
of the Body From the Middle Ages to the Seventeenth Century (1994), pp. 5-17
doi:10.2307/2930273 https://www.jstor.org/stable/2930273
CACIOLA, Nancy - Mystics, Demoniacs, and the Physiology of Spirit
Possession in Medieval Europe, Comparative Studies in Society and History
Vol. 42, No. 2 (Apr., 2000), pp. 268-306 https://www.jstor.org/stable/2696607

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