Desde o surgimento do design, muitas foram as atribuições acerca do seu conceito. Para o autor Rafael Cardoso, grande nome do design brasileiro, “a origem mais remota da palavra [design] está no latim designare, verbo que abrange ambos os sentidos, o de designar e o de desenhar” e suas ações decorrem de três processos globais: industrialização, urbanização moderna e globalização (CARDOSO, 2008, p. 22-23). De acordo com Silva (2002, p. 100) citado por Maurício (2010, p. 45) “Design é o processo criativo, inovador e provador de soluções para problemas de produção, tecnológicos e econômicos, como também, para problemas de cunho social, ambiental e cultural”. É notório que o design abrange diversos espaços e definições, inclusive, no que diz respeito ao campo de estudo e pesquisa, contribuindo assim para o desenvolvimento das sociedades contemporâneas.
O design como campo de estudo e pesquisa comporta um universo de grandes
possibilidades metodológicas. A amplitude dos Programas de Pós-Graduação é uma conquista do design, uma vez que tais iniciativas só eram atribuídas, pelo menos até o final dos anos 90, às áreas da engenharia, medicina, entre outras. O design é clarividente ao buscar interação com campos opostos, em busca da oferta de suas competências como ciência, objetivando a resolução de problemas das sociedades como um todo. O elenco de alternativas solucionadoras tangíveis ao design é vasto, podendo ser outorgado ao estudo sociocultural, de estruturas, dos materiais, de representação de conteúdo e até mesmo estratégico. A exemplo, é de extrema validez ressaltar a aproximação entre pesquisas sociais e design thinking. De acordo com dados da associação EPIC – “Etnography Perspective for Industry Conferece”, das 50 empresas mais inovadoras do mundo, 10 utilizam-se de pesquisas que avaliam a experiência do usuário através dos métodos do Design Thinking. Dessa maneira, portanto, vê-se a colaboração do design ao corpo social quando a prestação de serviço é aprimorada e a comunicação empresa – cliente torna-se transparente.
Na contemporaneidade, os estudos de design dão ênfase às relações
interpessoais e como elas perpetuam ao comportamento do usuário e seu produto. O design contemporâneo, território por onde navega-se hoje, é como todas as manifestações culturais, retrato da sociedade vigente. Ele sintetiza formalmente todas as características destes tempos, ou seja, uma sociedade multifacetada, multicultural, complexa, automaticamente em transformação, fatalmente vai produzir uma cultura com estas características e fabricar produtos capazes de atender às necessidades, desejos e sonhos desta nova sociedade (FERLAUTO, 2004, p. 74-75). O design vem se firmando como área científica no Brasil, desde o século 20, quando começou a ganhar destaque nos setores industriais e empresariais, logo, as pesquisas iniciais acerca da grande área, o design, eram voltadas aos segmentos citados. Com a chegada do ensino do design, o país ganha importância dentro do cenário nacional e revela princípios pertinentes ao desenvolvimento industrial e econômico. Para Niemeyer (2000, p.78), a instalação de um curso de design vinha a reboque de uma proposta de industrialização, dentro de uma política de renovação. A Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI) proporcionou a participação do designer num processo desenvolvimentista, com preocupações funcionalistas que deveriam convergir com a lógica capitalista. Dessa forma, as pesquisas discorriam relativamente à funcionalidade dos produtos desenvolvidos, porém as sociedades evoluem e junto a elas, novos anseios.
Agora, os desafios do design giram em torno de temas como ergonomia,
aspectos comunicacionais, sustentabilidade e informação, tornando-se consoantes ao terceiro processo global impulsionador do design, conforme Rafael Cardoso (2008), “a globalização, que integra a comunicação com redes de transporte e com o comércio e possui sistema financeiro e jurídico para regular todo o seu funcionamento. ”
Por conseguinte, os estudos e pesquisas de design são de grande relevância
para a coletividade, pois são capazes de proporem qualidade de vida a todos, sem exceção. É fato que nem todos têm o mesmo acesso às suas soluções, mas o design social, uma ramificação do grande leque, reforça a primordialidade de tal quadro ser revertido. Para que isso é preciso que indagações sejam feitas, discutidas e que se seus resultados se transformem aplicabilidades, pelos profissionais cabíveis. Abigail de Oliveira. Acadêmica do Curso de Design da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Abigail de Oliveira. Acadêmica do Curso de Design da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).