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José Lins

e a epopeia rural do Nordeste

III CONALI
Congresso Nacional de Literatura
COORDENAÇÃO GERAL
Profa. Dra. Maria do Socorro Silva de Aragão – UFPB/UFC/APL
Profa. Dra. Socorro de Fátima Pacífico Barbosa – PPGL/UFPB
Prof. Dr. Damião Ramos Cavalcante – APL/FCJA
Profa. Dra. Neide Medeiros Santos – UFPB/ALANE-PB/UBE-PB/AFLAP
Profa. Especialista Ana Isabel de Souza Leão Andrade – ALANE-PB/UBE-PB
Profa. Dra. Ivone Tavares de Lucena – UFPB

COMISSÃO CIENTÍFICA
Profa. Dra. Maria Elias Soares – UFC
Profa. Dra. Sônia Maria van Dijck Lima – UFPB
Profa. Dra. Josete Marinho de Lucena – UFPB

EQUIPE DE TRABALHO
Profa. Dra. Maria do Socorro Silva de Aragão
Profa. Dra. Neide Medeiros Santos
Profa. Esp. Ana Isabel de Souza Leão Andrade
Profa. Dra. Ivone Tavares de Lucena
Profa. Dra. Socorro de Fátima Pacífico Barbosa
Profa. Dra. Josete Marinho de Lucena
Profa. Dra. Marinalva Freire da Silva
Profa. Dra. Fernanda Barbosa de Lima
Prof. Dr. Jailto Luiz Filho
Prof. MS. Paulo Aldemir Delfino Lopes
Profa. MS. Clécia Maria Nóbrega Marinho
João Paulo Rocha
MARIA DO SOCORRO SILVA DE ARAGÃO
PAULO ALDEMIR DELFINO LOPES
[Orgs.]

José Lins
e a epopeia rural do Nordeste

III CONALI
Congresso Nacional de Literatura

João Pessoa
2016
Todos os textos são de inteira responsabilidade dos respectivos autores.

Capa e diagramação:
Paulo Aldemir Delfino Lopes

E86 José Lins e a epopeia rural do Nordeste. Resumos – Congresso


Nacional de Literatura: III CONALI. / ARAGÃO, Maria do
Socorro Silva de; LOPES, Paulo Aldemir Delfino (Orgs.).
João Pessoa: Mídia Gráfica e Editora Ltda, 2016.

196 p.

ISBN: 978-85-7320073-7

1. Literatura Brasileira – Do Rego, José Lins.


CDU: 869

Mídia Gráfica e Editora Ltda.


Impresso no Brasil – Feito o Depósito Legal
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO....................................................................... 31
Maria do Socorro Silva de Aragão

LITERATURA REGIONAL .......................................................33


PATROCÍNIO E O ROMANCE DAS SECAS ...........................33
Camila Machado Burgardt
O DIÁRIO DA TARDE DE ILHÉUS: UM ARQUIVO DA
MEMÓRIA LITERÁRIA ............................................................34
Antonio Valter Santos Barreto
A DIMENSÃO ESPACIAL EM PEDRA BONITA ....................34
Edvânio Caetano da Silva
AS PERSONAGENS FEMININAS E O PATRIARCADO EM
FOGO MORTO E A MORATÓRIA: PERSPECTIVAS DO
REGIONALISMO E REGIONALIDADE .................................35
Silvanna Kelly Gomes de Oliveira
Diógenes André Vieira Maciel
A IDENTIDADE DE UM POVO NA VOZ DE UM POETA ...36
Áquila Sartori Mesquita
SANTO SERTANEJO: REPRESENTAÇÕES DE UM MÁRTIR
EM ALFREDO MARIEN ...........................................................36
Eliziane Fernanda Navarro
Elizabete Sampaio
Olga Maria Castrillon-Mendes
O RECIFE ANTE O INSÓLITO E O MISTERIOSO: A
HISTÓRIA, A ALEGORIA E O FANTÁSTICO NOS RELATOS
FREYRIANOS ............................................................................. 37
Ivson Bruno da Silva
O CONTO ANJO MAU: ANÁLISE, MEMÓRIA E
CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DO POVO SUL-BAIANO .... 38
Magno Santos Batista
ALBA VALDEZ: A PALAVRA DA MULHER NA HISTÓRIA
DA LITERATURA E DA IMPRENSA CEARENSE ................. 39
Keyle Samara Ferreira de Souza
Socorro de Fátima Pacífico Barbosa
OLHOS MORTIÇOS E DE GATO BRABO NA ESCURIDÃO:
A PRESENÇA DO AUTOMÓVEL NA LITERATURA
REGIONAL ................................................................................. 40
Maria Betânia Peixoto Monteiro da Rocha
CAVALARIA E SERTÃO: UMA ANÁLISE DA PRESENÇA DO
ROMANCE DE CAVALARIA NO GRANDE SERTÃO:
VEREDAS .................................................................................... 40
Wallyson Rodrigues de Souza
AUTOFICÇÃO, DECADÊNCIA E INACEITAÇÃO EM: A
MORATÓRIA E FOGO MORTO .............................................. 41
Maria Aparecida Nascimento de Almeida
Paulo de Freitas Gomes
CAFUTE & PENA-DE-PATA: POR UMA LITERATURA
EDUCATIVA? ............................................................................. 42
Laila Rayssa de Oliveira Costa
A POESIA NA PROSA DE GUIMARÃES ROSA ...................... 43
Bárbara Costa Ribeiro
BÁRBAROS NA CIDADE DOS REIS - JUVENTUDE E
REBELDIA EM GERAÇÃO DOS MAUS ..................................44
José Marcelino Ferreira Júnior
Ilane Ferreira Cavalcante
CELESTINO ALVES: ENTRE O LUTO E A
REIVINDICAÇÃO ......................................................................45
Altierres Santos de Medeiros
NOVOS OLHARES SOBRE O SERTÃO NA LITERATURA
BRASILEIRA ...............................................................................46
Lisane Mariádne Melo de Paiva
JORGE WANDERLEY E A MORTE: ANÁLISE DE ALGUNS
POEMAS ......................................................................................47
Jorcilene Alves do Nascimento
A LITERATURA DA DÉCADA DE 20 NO NORDESTE:
TESTEMUNHOS, MEMÓRIAS, CARTAS E DIÁRIOS...........47
Elaine Cristina Cintra
O ANTROPOMORFISMO EM VIDAS SECAS .........................48
Danúbia Araújo Pereira
IMAGINÁRIO DA SERPENDE NA HISTÓRIA DE
TRANCOSO: A COBRA QUE ERA UMA PRINCESA, DE
JOSÉ LINS DO REGO................................................................49
Rafael Francisco Braz
"FOGO MORTO": UM ROMANCE DE TENSÃO CRÍTICA .50
Montgômery José de Vasconcelos
SIGNIFICAÇÃO DE UMA METAMORFOSE: VIDA APÓS A
MORTE NA LENDA DA CARNAÚBA ..................................... 51
João Paulo Rocha
Maria de Fátima Barbosa de Mesquita Batista
O CORONELISMO E A SUBSERVIÊNCIA NOS CONTOS “O
PADRINHO” E “COME GATO” EM TRAPIÁ, DE CAIO
PORFÍRIO CARNEIRO ............................................................. 52
Stefanie Cavalcanti de Lima Silva
IGUAL, MAS DIFERENTE - BREVES CONSIDERAÇÕES
SOBRE O QUINZE EM QUADRINHOS ................................. 52
Bruno Ricardo de Souto Leite
ESPAÇO E PERSONAGEM EM DECADÊNCIA: UMA
ANÁLISE COMPARATIVA DE FOGO MORTO E DOIS
IRMÃOS ....................................................................................... 53
Flávia Kellyane Medeiros da Silva Santos
E AGORA, JOSÉ? UM CONTADOR DE HISTÓRIAS DO
REGIONALISMO POTIGUAR.................................................. 54
Luciana Maria Carvalho Medeiros dos Santos
O REGIONALISMO REVISITADO EM “GALILEIA”, DE
RONALDO CORREIA DE BRITO ........................................... 55
Ana Paula Santos de Araújo Ferreira
Cristina Rothier Duarte
Renata Oliveira dos Santos
Marta Célia Feitosa Bezerra
CAMINHOS DA TERRA, CAMINHOS DO MAR: ALGUNS
TEMAS NA POESIA DE JÁDER DE CARVALHO .................. 56
Sávio Alencar de Lima Lopes
BETO E O GAVIÃO: A RELAÇÃO INFÂNCIA E ANIMAL DE
ESTIMAÇÃO NO CONTO O GAVIÃO, DE CAIO PORFÍRIO
CARNEIRO ................................................................................. 56
Elayne Castro Correia
AS PERSONAGENS FEMININAS DO ROMANCE FOGO
MORTO .......................................................................................57
Milena Soares Silva
O ROMANCE HISTÓRICO E A CRIAÇÃO DA IDENTIDADE
FEMININA EM VOLTAR A PALERMO ..................................58
Taciana Ferreira Soares
O VOCABULÁRIO DA SECA EM O QUINZE DE RACHEL
DE QUEIROZ .............................................................................59
Maria Silvana Militão de Alencar
ASSERTIVAS DE UM SERIDÓ PLURAL: REGISTROS DE
MEMÓRIA CULTURAL NA POESIA DE LUÍS CARLOS
GUIMARÃES ...............................................................................60
Altierres Santos de Medeiros
REFLEXÕES SOBRE A LITERATURA NORDESTINA NA
CONTEMPORANEIDADE ....................................................... 61
Manuella Mirna Enéas de Nazaré
MEMORIAL DE MARIA MOURA DA AUTORA RACHEL DE
QUEIROZ: ESTUDO DE PERSONAGENS .............................62
Maria do Socorro Cardoso de Abreu
AS ARTICULAÇÕES QUE CONSTITUEM O SUJEITO: UMA
LEITURA SOBRE "VIDAS SECAS", DE GRACILIANO
RAMOS ........................................................................................62
Jair Pereira de Oliveira
TRAVESSIAS: ASPECTOS ESPACIAIS E TEMPORAIS DO
LISO DO SUSSUARÃO DE GRANDE SERTÃO: VEREDAS ..63
Ana Karla Costa de Albuquerque
VIDAS SECAS OU DO SILÊNCIO COMO LINGUAGEM......64
Leyla Thays Brito da Silva
ANÁLISE DO DISCURSO LITERÁRIO ................................... 66
ALENCAR E OS MODERNOS EUROPEUS: UM DIÁLOGO
POSSÍVEL ................................................................................... 66
Sandra Mara Alves da Silva
À SOMBRA DA CASA-GRANDE: PATRIARCADO,
RESSENTIMENTO E LOUCURA EM FOGO MORTO ......... 67
Simone Rossinetti Rufinoni
O AMOR E O CIÚME PROUSTIANO: UM ESTUDO
SEMIÓTICO SOBRE O IMAGINÁRIO .................................... 68
Raquel Catunda Pereira
O DISCURSO DA ALMA SOB DOIS VIESES: O DISCURSO
ESTÉTICO BAKHTINIANO E O DISCURSO BÍBLICO-
TEOLÓGICO .............................................................................. 68
Wilder Kleber Fernandes de Santana
A DIVINDADE DE JESUS CRISTO MANIFESTADA NOS
TEXTOS BÍBLICOS: UMA REPRESENTAÇÃO
TEOLÓGICO-LITERÁRIA........................................................ 69
Wilder Kleber Fernandes de Santana
SOMBRAS DA VIOLÊNCIA: IMAGENS NA POESIA BEAT
DE GREGORY CORSO E NA POESIA (PÓS)MARGINAL DE
CARLOS GURGEL ..................................................................... 70
Alexandre Bezerra Alves
O DISCURSO DE CONSTITUIÇÃO DA SUBALTERNIDADE
EM LIMA BARRETO E JOSÉ LINS DO REGO ...................... 71
Tiago Nascimento Silva
POR UMA FALA NEGRA: VOZERIO E
PERFORMATIVIDADE EM UM DEFEITO DE COR ........... 72
Fabiana Carneiro da Silva
A REPRESENTAÇÃO DO CANTADOR NO DISCURSO DE
PEDRA BONITA ........................................................................73
Maria Thamirys Reinaldo
A VIA CRUCIS DA CARNE: O SUBSTRATO ERÓTICO EM
CLARICE LISPECTOR ..............................................................74
Ivanildo Da Silva Santos
Rayssa Kelly Santos de Oliveira
Hermano de França Rodrigues
AS (IN)DEFINIÇÕES DO ERÓTICO E DO
PORNOGRÁFICO: A PORNOGRAFIA ENQUANTO
DISCURSO ARTÍSTICO-LITERÁRIO......................................75
Rita de Kássia de Aquino Gomes
REPRESENTAÇÃO DA FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO EM
ROMANCES DE ONDJAKI .......................................................76
Gabrielly Martins da Silva
IMAGENS POÉTICAS EM UM CONTO DE DALTON
TREVISAN ..................................................................................77
Wesslen Nicácio de Mendonça Melânia
O ACONTECIMENTO E SUA VOLTA: A IMAGEM SOBRE O
NORDESTE NA LITERATURA E MÍDIA BRASILEIRA .......78
Thainá da Costa Lima
Marcela Viana de Souza
SOB A LEI DO DESEJO: O ARQUÉTIPO DA MULHER
FATAL NA LITERATURA SICARESCA COLOMBIANA .......79
Dayse Helena Viana de Albuquerque Gouveia
O ACONTECIMENTO E SUA VOLTA: A IMAGEM SOBRE O
NORDESTE NA LITERATURA E MÍDIA BRASILEIRA .......80
Marcela Viana de Souza
Thainá da Costa Lima
A CONSTRUÇÃO DA BELEZA EM THE TELL-TALE
HEART ........................................................................................ 81
Rafaelle Saraiva da Silva
PROCEDIMENTOS IDEOLÓGICOS E ACTORIAIS EM
MENINO DE ENGENHO: UM ESTUDO SEMIÓTICO ....... 81
Thiago da Silva Almeida
Maria de Fátima Barbosa de Mesquita Batista
O DISCURSO IRÔNICO EM DOIS CONTOS DE DALTON
TREVISAN .................................................................................. 82
Wesslen Nicácio de Mendonça Melânia
O DESEJO DO INCESTO: UMA ANÁLISE DO CONTO “O
PERFUME DE ROBERTA”, DE RINALDO DE FERNANDES
...................................................................................................... 83
Rossana Tavares de Almeida
Andréia Paula da Silva
A VOZ DOS SILENCIADOS: PODER E RESISTÊNCIA NA
OBRA DE JOSÉ LINS DO REGO ............................................. 84
Edjane Gomes de Assis
DOCE IMPACIÊNCIA: O DISCIPLINAMENTO DA ESPERA
NA OBRA "PASSAGEIRO DO FIM DO DIA" ......................... 85
José Helber Tavares de Araújo
O RIO CONTRA O MAR: UMA (RE)LEITURA EM LA
POÉTIQUE DE LA RÊVERIE DE GASTON BACHELARD . 85
Joaquim Nepomuceno de Oliveira Neto
O DISCURSO POLÍTICO DE ALMEIDA GARRETT:
MECANISMOS DE RESISTÊNCIA ENTRE A FICÇÃO E
REALIDADE ...............................................................................86
Amanda Gomes Olímpio Flor
Juliana Andréa Cerino da Silva
Edjane Gomes de Assis
A VERDADE NA PERSPECTIVA INFANTIL - ENTRE AS
HISTÓRIAS: OS TRÊS PORQUINHOS E A VERDADEIRA
HISTÓRIA DOS TRÊS PORQUINHOS ...................................87
Maria Efigênia Alves Moreira
Ileane Oliveira Barros
José Ronaldo Ribeiro da Silva
O DISCURSO RELIGIOSO DE JOSÉ LINS DO REGO ..........88
Marcos Paulo da Silva Soares
CRONOTOPO NA POÉTICA DE MANOEL DE BARROS ...89
José Ronaldo Ribeiro da Silva
Maria Efigênia Alves Moreira
Ileane Oliveira Barros
José Rômulo Porfírio de Lima
O DISCURSO INDIRETO LIVRE NO CONTO A IGREJA DO
DIABO DE MACHADO DE ASSIS ............................................90
José Ronaldo Ribeiro da Silva
Maria Efigênia Alves Moreira
Ileane Oliveira Barros
José Rômulo Porfírio de Lima
INTERTEXTUALIDADE EM O SUAVE MILAGRE (1885), DE
EÇA DE QUEIROZ E OS RELATOS BÍBLICOS SOBRE A
VIDA DE JESUS .......................................................................... 91
Maria Efigênia Alves Moreira
José Ronaldo Ribeiro da Silva
Ileane Oliveira Barros
ANÁLISE DE EPÍTETOS ATRIBUÍDOS À PERSONAGEM
EURICLEIA NA "ODISSEIA", DE HOMERO ....................... 92
Jessica Torquato Carneiro
TATUAGEM ENQUANTO RECURSO NARRATIVO: UMA
ANÁLISE ACERCA DA PEÇA “THE ROSE TATTOO”, DO
AUTOR TENNESSEE WILLIAMS ........................................... 93
Jessica Torquato Carneiro
A INDEXICALIDADE E O DISCURSO POÉTICO EM
"PAULICÉIA DESVAIRADA" ................................................... 94
Raniere de Araújo Marques
ANÁLISE DO CONTO “UM HOMEM CÉLEBRE” DO
ESCRITOR MACHADO DE ASSIS NA PERSPECTIVA
ATUAL ......................................................................................... 95
Damiana Fernandes da Cunha
PSICANÁLISE DO AÇÚCAR DE JOÃO CABRAL: UMA VISÃO
SEMIÓTICA E PSICANALÍTICA ............................................. 95
Edilene Maria Oliveira de Almeida

LITERATURA E CINEMA ........................................................ 97


A REPRESENTAÇÃO DA PERSONA FEMININA MARIA NA
NARRATIVA FÍLMICA VIDA MARIA...................................... 97
Josy Kelly Cassimiro Rodrigues dos Santos
“A DAMA DA NOITE”, DE CAIO FERNANDO ABREU, NO
YOUTUBE: OS SIGNOS DA SIMULAÇÃO ..............................98
Luciana de Queiroz
SONS AND LOVERS: UMA RELEITURA DO ROMANCE DE
D. H. LAWRENCE NAS TELAS ................................................98
Carlos Augusto Viana da Silva
O DESEJO TRAVESTIDO E A MALDIÇÃO DO DUPLO EM
“DO FUNDO DO POÇO SE VÊ A LUA” ..................................99
Antonio Peterson Nogueira do Vale
THE RAINBOW E A TRADUÇÃO DE D. H. LAWRENCE
PARA AS TELAS ....................................................................... 100
Bruna Renata Rocha Fernandes
Carlos Augusto Viana da Silva
DO LIVRO À TELA: IDENTIDADE E REPRESENTAÇÃO
DE PERSONAGENS NORDESTINOS EM VIDAS SECAS DE
GRACILIANO RAMOS............................................................. 101
Gleyda Lucia Cordeiro Costa Aragão
Carlos Augusto Viana da Silva
ADAPTAÇÃO E TRADUÇÃO - A RELAÇÃO
INTERTEXTUAL ENTRE LITERATURA E CINEMA ....... 102
Hélciu Einstein Santos Ferreira
MACBETH: UMA LEITURA CONTEMPORÂNEA DE
SHAKESPEARE NA TELA ...................................................... 103
Raquel Ferreira Ribeiro
DIÁLOGOS EM CONVERGÊNCIA: IMBRICAÇÕES ENTRE
LITERATURA CONTEMPORÂNEA E CINEMA
BRASILEIRO PÓS-RETOMADA ............................................ 104
Jivago Oliveira da Foseca
“LA CIUDAD Y LOS PERROS”: UMA LITERATURA
CINEMATOGRÁFICA ............................................................. 105
Bruna Rafaelle de Jesus Lopes
Natália Oliveira Moura
O PERTENCIMENTO E A SENSIBILIZAÇÃO ATRAVÉS
DOS RASTROS DA HISTÓRIA: RESSENTIMENTO E
MEMÓRIA NO FILME ‘HASHMATSA’ ................................. 106
Jose Eider Madeiros
DO TEXTO À TELA: LAURA BROWN REESCRITA NO
CINEMA .................................................................................... 107
Ricelly Jáder Bezerra da Silva
“QUANDO DOGVILLE MOSTRA OS DENTES”:
DISTANCIAMENTO E METAFICÇÃO EM DOGVILLE
(2003), DE LARS VON TRIER ................................................. 107
Joselayne Ferreira Batista
INFLUÊNCIA KAFKIANA EM ROMAN POLANSKI: A
ESTILIZAÇÃO DA ANGÚSTIA .............................................. 108
Matheus Picanço Nunes
Leonardo de Oliveira Colares
FÁBULA E SYUZHET NA ADAPTAÇÃO FÍLMICA TEMPO
DE IRA ...................................................................................... 109
Mylena de Lima Queiroz
O ESPAÇO EM A CULPA É DAS ESTRELAS DE JOHN
GREEN E O FILME HOMÔNIMO DE JOSH BOONE:
TRADUÇÃO E DIÁLOGOS INTERSEMIÓTICOS ................110
Luzinaldo Alves de Oliveira Júnior
Eveline Alvarez dos Santos
LITERATURA E CINEMA: UMA PROPOSTA DE ENSINO
PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA .................................................. 111
Analide Minéia da Silva
Daniela Maria Segabinazi
UMA ANÁLISE SEMIÓTICA DE QUE HORAS ELA VOLTA?,
DE ANNA MUYLAERT ........................................................... 112
Jonathan Lucas Moreira Leite
Jéssica Rodrigues Ferrér .................................................................... 112
A ASCENÇÃO DA “CASA” DE POE: RECONSTRUINDO A
NARRATIVA GÓTICA EM A "CASA DOS USHER", DE
HAYLEY CLOAKE ................................................................... 112
Auricelio Soares Fernandes
KEEPING WOMAN’S SEXUALITY IN CHECK: A STUDY ON
SLUT-SHAMING IN THE SCARLET LETTER AND EASY A
.................................................................................................... 113
Aurielle Gomes dos Santos

LITERATURA, CULTURA E TRADUÇÃO ............................ 115


OS LAÇOS DE FAMÍLIA E OS CONFLITOS
INTERFAMILIARES, EM CLARICE LISPECTOR ............... 115
Elizabete Sampaio Vieira da Silva
Eliziane Fernanda Navarro
Elisabeth Battista
O OLHAR SOBRE O OUTRO E ASPECTO DA
INTERCULTURALIDADE EM VEREDICTO EM CANUDOS,
DE SÁNDOR MÁRAI ............................................................... 116
Olavo Barreto de Souza
A CONSTRUÇÃO DA PARÓDIA NA REPRESENTAÇÃO
CULTURAL DO IMIGRANTE EM O XANGÔ DE BAKER
STREET, DE JÔ SOARES .........................................................116
Ramon Diego Câmara Rocha
NAS MALHAS DO MITO: A CONSTRUÇÃO DE UM ETHOS
EXISTENCIALISTA EM LES MOUCHES, DE JEAN-PAUL
SARTRE ......................................................................................117
Ana Luisa dos Santos Camino
Sandra Amélia Luna Cirne de Azevedo
DO ENGENHO À USINA: UMA TRANSCODIFICAÇÃO
TEMPORAL ...............................................................................118
Flaviano Batista do Nascimento
Maria de Fátima Barbosa de Mesquita Batista
ASPECTOS RESIDUAIS DO MAL EM CRÔNICA DA CASA
ASSASSINADA ...........................................................................119
Romildo Biar Monteiro
Elizabeth Dias Martins
JOSÉ LINS DO REGO NA FRANÇA: CORRESPONDÊNCIAS
PASSIVAS E A TRADUÇÃO DE MENINO DE ENGENHO 120
Flora Marina Figueiredo Ajala
O OBSERVADOR NO ESCRITÓRIO: REGISTROS
HISTÓRICOS E ÍNTIMOS NO DIÁRIO DE DRUMMOND 121
Juliana Ribeiro Silva
GONÇALVES DIAS E EMILY DICKINSON: CONTESTAÇÃO
ATRAVÉS DA MUSICALIDADE NO SÉCULO XIX ............. 122
Karima Bezerra de Almeida
A HIPERTEXTUALIDADE EM A CARTOMANTE DE
MACHADO DE ASSIS .............................................................. 123
Ana Paula Serafim Marques da Silva
Arturo Gouveia de Araújo
A FOME: UM ESTUDO DO POEMA “O BICHO” DE
MANUEL BANDEIRA E A TELA “OS RETIRANTES” DE
CÂNDIDO PORTINARI .......................................................... 124
Maria José do Nascimento
Marluce Cordeiro de Queiroz
Maria Bernardete da Nóbrega
CULTURA POPULAR E ALEGORIA NA PEÇA A DONZELA
JOANA, DE HERMILO BORBA FILHO................................ 125
Eduardo Henrique Cirilo Valones
QUEM É O OUTRO NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE? . 126
Larissa do Santos Pinheiro
A TRADUÇÃO DO OUTRO EM NARRATIVAS PÓS-
COLONIAIS .............................................................................. 127
Izabel Cristina Oliveira Martins
UM "O PEQUENO PRÍNCIPE" EM CADA PUBLICAÇÃO:
TRADUÇÃO E TRADUTORES NO BRASIL DE "LE PETIT
PRINCE" ................................................................................... 127
Carlos Adriano Ferreira de Lima
TESTEMUNHOS(AS) E LUTAS(OS): UMA LEITURA DE
MORTE E VIDA SEVERINA DE JOÃO CABRAL ................. 128
Ana Claudia Felix Gualberto
LAZARUS DE DAVID BOWIE: TRADUÇÃO EM PASSEIOS
INTERSEMIÓTICOS ............................................................... 129
Eveline Alvarez dos Santos
O CORPO ENVELHECIDO NO CONTO “SECULAR” DE
LUCI COLLEN ......................................................................... 130
Sayonara Souza da Costa
ANÁLISE SEMIÓTICA DO TEXTO CHAPEUZINHO
VERMELHO ............................................................................. 130
Angelita Silva de Almeida
SONETOS LUXURISOS DE PIETRO ARETINO ..................131
Widigiane Pereira dos Santos Fernandes
Angelita Silva de Almeida
Jánai Érica Santos da Silva

LITERATURA E LINGUAGEM POPULAR........................... 132


IDENTIDADE, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO: NARRATIVAS
ORAIS DO RIO DO ENGENHO (ILHÉUS/BAHIA) ........... 132
Gisane Souza Santana
A EXPRESSÃO DO TEMPO NA FRASEOLOGIA POPULAR
MARANHENSE........................................................................ 132
Maria de Fátima Sopas Rocha
A LITERATURA DE CORDEL: ARTE DE ESSÊNCIA
CRIATIVA E LÚDICA, PROPICIADORA DA FORMAÇÃO DE
LEITORES ................................................................................ 133
Severina Diosilene da Silva Maciel
O IDIOMA DE “LOS GAUCHOS”: POLÊMICAS EM TORNO
AO MARTÍN FIERRO DE JOSÉ HERNÁNDEZ .................. 134
Maria Luiza Teixeira Batista ............................................................. 134
A LINGUAGEM REGIONAL/POPULAR DE ZÉ VICENTE
DA PARAÍBA NA OBRA “SÃO SESSENTA E SEIS ANOS DE
VIOLA COMPLETANDO OS OITENTA DE IDADE” ......... 135
Wellington Lopes dos Santos
O PAPEL DA MEMÓRIA NA LITERATURA ORAL
POPULAR .................................................................................. 136
João Paulo Rocha
Paulo Aldemir Delfino Lopes
MONTEIRO LOBATO E JOSÉ LINS DO REGO: UM
DIÁLOGO POSSÍVEL NA LITERATURA
INFANTOJUVENIL BRASILEIRA ......................................... 137
Amanda Karoline Alves da Costa
A ORALIDADE EM VENTOS DO APOCALIPSE, DE
PAULINA CHIZIANE .............................................................. 138
Waldelange Silva dos Santos
A MONOTONGAÇÃO NO FALAR PARAIBANO:
CONTRIBUIÇÕES DO ATLAS LINGUÍSTICO DA PARAÍBA
(ALPB) E DO PROJETO VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NO
ESTADO DA PARAÍBA (VALPB) ............................................ 139
Sandro Luis de Sousa
CARLOS MAGNO E OS DOZE PARES DE FRANÇA: UM
FOLHETO “FOLHETIM” DO POVO INTERIORANO ...... 139
Willian Lima de Sousa
JOSÉ LINS DO REGO REVISITA A INFÂNCIA: UM OLHAR
NO UNIVERSO INFANTIL ATRAVÉS DAS HISTÓRIAS DA
VELHA TOTÔNIA ................................................................... 140
Joaes Cabral de Lima
Daniela Maria Segabinazi
UM ESTUDO DO CAMPO LEXICAL DA SEXUALIDADE EM
TIETA DO AGRESTE DE JORGE AMADO .......................... 141
Iêda Carvalhêdo Barbosa
O FALAR NORDESTINO EM ANGÚSTIA, DE GRACILIANO
RAMOS: UM ESTUDO LÉXICO-SEMÂNTICO .................... 142
Clécia Maria Nóbrega Marinho
VAQUEIROS, CANTADORES E FORMAÇÃO CULTURAL 143
Helenita Bezerra de Carvalho Tavares
VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS NA OBRA CAPITÃES DA
AREIA DE JORGE AMADO .................................................... 143
Maria do Perpétuo Socorro da Silva Barros

VIDA E OBRA DE JOSÉ LINS DO REGO ............................. 145


MENINO A VIDA NÃO É UM CONTO DE FADAS ............. 145
Suziane da Silva Vieira
RIACHO DOCE COMO ROMANCE DE FORMAÇÃO: A
TRAJETÓRIA DE EDUARDA/EDNA SOB UMA
PERSPECTIVA DE CRÍTICA FEMINISTA ........................... 145
Silmara Rodrigues
Júlia Kauana Arcanjo da Costa
PRESENÇA DA "PEDRA BONITA" (1938) NA IMPRENSA
DE PERNAMBUCO ................................................................. 146
Débora Cavalcantes de Moura Clemente
A DOCE E AMARGA VIDA NA OBRA "MENINO DE
ENGENHO" DE JOSÉ LINS DO REGO ............................... 147
Marciele Pereira de Menezes
VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS PRESENTES NA OBRA FARSA
DA BOA PREGUIÇA DE ARIANO SUASSUNA .................... 148
Uélida Dantas de Oliveira
“A LEITURA”: UMA ÁRIA SERTÂNICA ............................... 149
Darcilia Marindir Pinto Simões
Morgana Ribeiro dos Santos ............................................................ 149
REPRESENTAÇÃO DA FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO EM
MENINO DE ENGENHO, DOIDINHO E BANGUÊ, DE
JOSÉ LINS DO REGO.............................................................. 150
Gizele Eishila Silva de Andrade
AUTORIDADE, PODER E LIBERDADE EM FOGO MORTO
.................................................................................................... 151
Wanilda Lima Vidal de Lacerda
APRENDIZAGEM NA ESCOLA E FORA DELA: A
FORMAÇÃO EM DOIDINHO, DE JOSÉ LINS DO REGO . 152
Thiago da Camara Figueredo
UMA INVESTIGAÇÃO DAS REFERÊNCIAS AO RECIFE EM
MENINO DE ENGENHO, BANGUÊ E USINA, DE JOSÉ
LINS DO REGO ........................................................................ 153
Antony Cardoso Bezerra
MENINOS QUE OLHAM PARA SEU MUNDO: O
AMBIENTE EM ROMANCES DE FORMAÇÃO DE JOSÉ
LINS DO REGO E DA LITERATURA AFRICANA
LUSÓFONA............................................................................... 154
Patrícia Soares Silva
O VOCABULÁRIO REGIONAL DA OBRA FOGO MORTO
DE JOSÉ LINS DO REGO: UM ESTUDO LÉXICO-
SEMÂNTICO ............................................................................ 154
Fernanda Barboza de Lima
Jailto Luis Chaves de Lima Filho
“MENINO DE ENGENHO”: A ORALIDADE E A
PRAGMÁTICA DESCONSTRUINDO O MITO DO
ENGENHO COMO UM “REINO FABULOSO” ................... 155
Francis Willams Brito da Conceição
MEMÓRIA E TRADIÇÃO NA EPOPEIA RURAL DO
NORDESTE: UMA ANÁLISE A PARTIR DA OBRA
HISTÓRIAS DA VELHA TOTÔNIA DE JOSÉ LINS DO
REGO......................................................................................... 156
Andreia Paula da Silva
Rossana Tavares de Almeida
CANGAÇO E FIGURAÇÃO DA UTOPIA EM FOGO MORTO,
DE JOSÉ LINS DO REGO ....................................................... 157
Huerto Leutério Pereira de Luna
OS ABRIGOS DE RICARDO: O ESPAÇO HABITADO NA
OBRA "O MOLEQUE RICARDO", DE JOSÉ LINS DO REGO
.................................................................................................... 158
Raíssa Vale Miranda Cavalcante
REMEMORANDO A FICÇÃO DE JOSÉ LINS DO REGO .. 158
Marinalva Freire da Silva
O CICLO DA CANA-DE-AÇÚCAR DE JOSÉ LINS DO REGO
.................................................................................................... 160
Andréa Morais Costa Bulher

LITERATURA E FUTEBOL ....................................................161


O FUTEBOL E O PRECONCEITO RACIAL SEGUNDO
LIMA BARRETO .......................................................................161
Paulo Alves
MESAS-REDONDAS

ARQUIVO LITERÁRIO: MEMÓRIA PESSOAL E DE


CRIAÇÃO................................................................................... 163
PÉROLA: SÍNTESE E METÁFORA DO FEMININO EM
MEUS VERDES ANOS ............................................................. 163
Sônia Maria van Dijck Lima
GÊNESE DA MEMÓRIA: A CONSTRUÇÃO DE
SEQUÊNCIAS NARRATIVAS EM MEUS VERDES ANOS .. 164
Maria Lúcia de Souza Agra
GÊNESE DAS PERSONAGENS DE MEUS VERDES ANOS
.................................................................................................... 165
Marilene Carlos do Vale Melo

QUEM CONTA UM CONTO, ACRESCENTA UM PONTO 166


A MEDIAÇÃO SIMBÓLICA EM "HISTÓRIAS DA VELHA
TOTÔNIA" DE JOSÉ LINS DO REGO ................................. 166
Maria de Fátima Barbosa de Mesquita Batista
CORDEL CONTADO: O AGONISTA MARCADO EUFÓRICA
E DISFORICAMENTE ............................................................ 167
Renata Pinto Uchôa de Araújo
O CONTO POPULAR EM LIBRAS: RESSIGNIFICAÇÃO E
CULTURA ................................................................................. 168
Sandra Maria Diniz Oliveira Santos
Rosângela Ferreira de Melo
LITERATURA E PSICANÁLISE: A TRAVESSIA DOS
FANTASMAS ............................................................................. 169
TEXTUALIDADES DO SEXO: A PORNOGRAFIA E SUAS
PROMESSAS ............................................................................. 169
Hermano de França Rodrigues
LITERATURA E PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO:
AVATARES DA MASCULINIDADE, EM JOSÉ LINS DO
RÊGO......................................................................................... 170
Juliana Andréa Cirino da Silva
Hermano de França Rodrigues
AMORES INSÓLITOS: SEXO, AMOR E ANGÚSTIA ............171
Tâmara Duarte de Medeiros
Hermano de França Rodrigues
PERTURBAÇÕES DA ALMA: QUANDO A DOR IRMANA OS
CORPOS .................................................................................... 172
Rafael Venâncio
Hermano de França Rodrigues
EROS AMORDAÇADO: QUANDO SOBRAM AS ILUSÕES. 173
Renata Maria Silva de Souza
Hermano de França Rodrigues
ANGÚSTIA E VIOLÊNCIA: A DINÂMICA PULSIONAL NA
CONTEMPORANEIDADE ..................................................... 174
Frederico de Lima Silva
Hermano de França Rodrigues
UM LUGAR PARA O SUJEITO: O QUE KEVIN TEM A
DIZER ....................................................................................... 175
Angeli Raquel Raposo Lucena de Farias
Hermano de França Rodrigues
DO SEXO À PALAVRA: EXPLORAÇÕES LITERÁRIAS E
PSICANALÍTICAS .................................................................... 177
JOÃO NO DESEJO: ADICÇÃO E NARRATIVA EM
BERKELEY EM BELLAGIO ................................................... 177
Carlisson Morais de Oliveira
Hermano de França Rodrigues
PALAVRAS (MAL)DITAS: O JOGO ERÓTICO DA
ENUNCIAÇÃO EM HILDA HILST........................................ 178
Nicole Corte Lagazzi
Hermano de França Rodrigues
DECIFRA-ME OU SERÁS DEVORADO: ENIGMAS DA
PERVERSÃO ............................................................................. 179
Elisangela Marcos Sedlmaier
Hermano de França Rodrigues
UM DEUS IMORAL: SEDUÇÃO E QUEDA NA BÍBLIA
HEBRAICA................................................................................ 180
Manoel Hélder de Moura Dantas
Hermano de França Rodrigues

AS MÚLTIPLAS VOZES DE JOSÉ LINS DO REGO ............. 181


A LINGUAGEM METEFÓRICA DE USINA, DE JOSÉ LINS
DO REGO .................................................................................. 181
Maria do Socorro Silva de Aragão
“MEUS VERDES ANOS”: O ENTRECRUZAR DO REAL
COM O FICCIONAL ................................................................ 182
Neide Medeiros Santos
GILBERTO FREYRE E JOSÉ LINS DO REGO:
REGIONALISMO E DOCUMENTÁRIO ............................... 182
Ana Isabel de Souza Leão Andrade
DOS “AMORES IRREGULARES” NO INTERNATO E NA
PRISÃO: HOMOEROTISMO MASCULINO EM DOIDINHO
E USINA .................................................................................... 184
José Vilian Mangueira

HERÓIS E ANTI-HERÓIS NOS ROMANCES PEDRA


BONITA E CANGACEIROS, DE JOSÉ LINS DO REGO ..... 185
DO ENGENHO À USINA IMPASSES DA MODERNIZAÇÃO
EM JOSÉ LINS DO REGO ...................................................... 185
Manoel Freire Rodrigues
O ÉPICO REGIONAL NUMA DIMENSÃO DE
UNVERSALIDADE .................................................................. 186
Abdoral Inacio da Silva
HERÓIS E ANTI-HERÓIS NOS ROMANCES PEDRA
BONITA E CANGACEIROS, DE JOSÉ LINS DO REGO ..... 186
Elri Bandeira de Sousa
CONFIGURAÇÕES DA VIOLÊNCIA SIMBÓLICA EM
CONTOS DE MARÍLIA ARNAUD ......................................... 187
Risonelha de Sousa Lins
Manoel Freire Rodrigues

ESTUDOS LINGUÍSTICO-LITERÁRIOS .............................. 189


META-RETÓRICA, CONCEITO E APLICAÇÃO: ASPECTOS
DA POÉTICA DE AUGUSTO DE CAMPOS .......................... 189
Expedito Ferraz Júnior
USINA E AS QUESTÕES DE GÊNERO NO ROMANCE
BRASILEIRO ............................................................................ 190
Victor Hugo Adler Pereira
A VOZ DO RAPSODO E A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DA
LUTA COLETIVA EM LETRAS DE CANÇÕES DE VANDRÉ
.................................................................................................... 191
Amauri Morais Oliveira
UMA VIAGEM AO MUNDO FANTÁSTICO DE JOSÉ LINS
DO REGO .................................................................................. 192
Francisco de Sales Gaudêncio
O CONCEITO DE LÍNGUA NACIONAL NO “PÓS-
ESCRITO” DE “IRACEMA.LENDA DO CEARÁ”, DE JOSÉ
DE ALENCAR, DE 1870 ........................................................... 193
Maria Elias Soares

LITERATURA, CINEMA E TRADUÇÃO .............................. 194


MACHADO DE ASSIS NA TV: LEITURA E RECEPÇÃO
CRÍTICA DA MICROSSÉRIE CAPITU .................................. 194
Luiz Antonio Mousinho Magalhães
PARA UMA TEORIA DA ADAPTAÇÃO ................................. 194
João Batista de Brito
LITERATURA, CINEMA E TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA:
DIÁLOGOS POSSÍVEIS ........................................................... 195
Eveline Alvarez dos Santos
OFICINA
UNIDADE DE POESIA INTENSIVA (UPI): PROPOSTA,
AÇÃO E REFLEXÕES DE (E PARA) SALA DE AULA ......... 196
Anderson Rany Cardoso da Silva
Luana Kalline Moura Pereira
Edcarla Oliveira Bezerra
Humberto Carneiro Monte Júnior
Maria Roselí da Silva Pereira
Marcelo Medeiros da Silva
~ 31 ~

APRESENTAÇÃO

Maria do Socorro Silva de Aragão

Os grandes escritores têm a sua língua,


Os medíocres, a sua gramática.
José Lins do Rego

A Universidade Federal da Paraíba, em conjunto com outras


Instituições de Educação e Cultura do Estado, vem promovendo, desde
2012, o Congresso Nacional de Literatura – CONALI, tendo sido
realizados dois desses Congressos, o I CONALI em comemoração aos
cem anos de publicação de o EU de Augusto dos Anjos, denominado
“Eu Cem Anos de Poesia”, e o II CONALI pela passagem dos cem
anos de encantamento do poeta paraibano: “A Literatura e Tempo:
Cem Anos de Encantamento”.
Dando continuidade à realização do CONALI, neste ano de
2016 será homenageado o grande escritor paraibano José Lins do Rego,
pelos oitenta anos de publicação de duas de suas obras: Usina e
Histórias da Velha Totônia, sob o tema: “JOSÉ LINS E A EPOPEIA
RURAL DO NORDESTE”.
Como dos últimos eventos, CONALI I e II, este não apenas
homenageia José Lins, mas outros autores regionais nordestinos e
nacionais, acolhendo trabalhos sob as seguintes áreas temáticas: Vida e
Obra de José Lins do Rego; Literatura Regional; Literatura e Linguagem Popular;
Análise do Discurso Literário; Literatura, Cultura e Tradução; Literatura e
Cinema; Literatura e Futebol.
Os resumos dos trabalhos aqui apresentados demonstram a
diversidade de temas e aspectos linguístico-literários, a visão dos
autores – escritores, professores, alunos de pós-graduação e público
interessado em letras e literatura em particular, sobre tais temas.
~ 32 ~

Assim, é com alegria e com grande honra que a Coordenação


Geral do III CONALI dá as boas-vindas aos participantes do III
Congresso Nacional de Literatura: “JOSÉ LINS DO REGO E A
EPOPEIA RURAL DO NORDESTE.
A frase de Zé Lins é, neste momento, apropriada para justificar
este III CONALI:

Volto hoje às minhas criaturas, aos


rudes homens do cangaço, às mulheres,
aos sertanejos castigados, às terras tostadas
de sol e tintas de sangue, ao mundo
fabuloso do meu romance, já no meio do caminho.
José Lins do Rego

Maria do Socorro Silva de Aragão


Presidente da Comissão Organizadora do III CONALI
~ 33 ~

LITERATURA REGIONAL

PATROCÍNIO E O ROMANCE DAS SECAS

Camila Machado Burgardt


UFPB/ PPGL

O presente trabalho tem como objetivo pensar a literatura e a história


do século XIX, sobretudo nos novos estudos da História Cultural
tomando, em específico, o romance Os retirante, de José do Patrocínio,
enquanto um artifício ficcional que concorre como um dos fatores para
a construção dos discursos a respeito de um fenômeno climático - a
seca, que atingiu e atinge ocasionalmente grande parte da antiga região
Norte e que atuou como um instrumento na configuração da
construção do imaginário dos sujeitos no que diz respeito à seca na
atual região Nordeste, pensando a escrita folhetinesca como uma ilusão
compartilhada dos efeitos de sentido do suposto real em que a união de
forma e conteúdo podem revelar o contexto e os discursos de uma
época.
Procuramos também trazer à tona um homem de letras atuante à época
Imperial da década de 70, bem como na luta pela abolição da
escravidão e pela república, ativo político, jornalista e, pouco lembrado,
folhetinista, para estabelecer certas raízes narrativas de Patrocínio
enquanto precursor de uma linha narrativa de literatura sobre a seca,
com seus artifícios linguísticos e imagéticos que certamente podemos
encontrar em outras narrativas posteriores que tomam a seca como
pano de fundo, personagem inanimado ou central de suas histórias,
como na construção de romances como Os retirantes (1879), de José
do Patrocínio (1953-1905); A fome (1890), de Rodolfo Teófilo (1853-
1932); e Luzia-Homem (1903), de Domingos Olímpio (1850-1906),
além de ter inspirado outras narrativas.
Palavras-chave: José do Patrocínio; romance Os retirantes; seca;
século XIX.
~ 34 ~

O DIÁRIO DA TARDE DE ILHÉUS: UM ARQUIVO DA


MEMÓRIA LITERÁRIA

Antonio Valter Santos Barreto


UFRN

O debate em torno das questões que norteiam a preservação do


patrimônio documental e literário é cada vez mais crescente em nosso
país. Todavia, se para os grandes centros e grandes jornais como Folha
de São Paulo, por exemplo, essa tendência muitas vezes se reveste em
experiências bem-sucedidas de constituição, proteção de acervos e
arquivos de valor histórico, em jornais como o Diário da Tarde de
Ilhéus, o mesmo não ocorre, pois, quando atentamos para os estudos
de jornais e arquivos de cidades do interior do Nordeste, especialmente,
da Bahia, vemos que em sua grande maioria esses arquivos estão se
perdendo em salas sem nenhuma condição de preservação e, salvo
alguns exemplos, como o do CEDOC – Centro de Documentação e
Memória Regional – UESC , poucos têm sido armazenados em locais
apropriados, seja por falta de verbas ou por falta de interesse dos
órgãos e governantes em manter a memória histórica, cultural e literária
do século XX nas regiões periféricas do país.
Palavras-chave: Jornais; Arquivos; Documentos; Memória.

A DIMENSÃO ESPACIAL EM PEDRA BONITA

Edvânio Caetano da Silva


UNESP

O trabalho tem por objetivo, analisar a representação do espaço, na


obra Pedra Bonita (1938), de José Lins do Rego. Este romance que faz
parte do chamado ciclo do cangaço, na obra do escritor, o qual aborda
a vida do povo sertanejo e suas problemáticas, dentre elas o misticismo
religioso e o cangaço. Para este trabalho será levado em consideração o
espaço, enquanto fator determinante na confecção da obra. Ou seja, as
relações dos personagens com o espaço em que estão inseridos, e como
~ 35 ~

este é fundamental para a compreensão dos protagonistas. A obra será


contextualizada também no chamado “romance de 30”, e como o
espaço é moldurado num viés do regionalismo.
Palavras-chave: Pedra Bonita; Espaço romanesco; Regionalismo.

AS PERSONAGENS FEMININAS E O PATRIARCADO EM


FOGO MORTO E A MORATÓRIA: PERSPECTIVAS DO
REGIONALISMO E REGIONALIDADE

Silvanna Kelly Gomes de Oliveira


UEPB
Diógenes André Vieira Maciel
UEPB

O presente artigo visa abordar questões voltadas para a condição


feminina em que ora a mulher é subjugada, ora ela é transgressora,
tendo em vista as personagens Lucília e Helena, filha e mãe da peça A
moratória (Jorge Andrade), e as amigas Sinhá e Adriana, no romance
Fogo Morto (José Lins do Rego). As duas produções literárias possuem
em comum a temática da mudança de modelos sociais vigentes, apesar
de se apresentarem em regiões geograficamente distantes. Nesse
sentido, vê-se a relevância da reflexão sobre a regionalidade e
regionalismo presentes nas obras destacadas, uma vez que influenciam
no modo como o patriarcado e sua força coercitiva e social recaem
sobre as mulheres em suas respectivas regiões. Desse modo, é
interessante frisar que a regionalidade parte para uma análise não
apenas literária, mas também histórico-social, dentro de uma ambiência
concreta e concomitantemente subjetiva. Diante disso, juntamente às
ponderações teóricas de autores como Chiappini (2014), Neves (2011),
Candido (1945), Abdala Júnior (2003) etc, será tecida uma análise da
condição vivida pelas quatro personagens, entrelaçando a discussão do
regionalismo e regionalidade proposta neste trabalho.
Palavras-chave: Condição feminina; Regionalismo; Regionalidade; A
Moratória; Fogo Morto.
~ 36 ~

A IDENTIDADE DE UM POVO NA VOZ DE UM POETA

Áquila Sartori Mesquita


UEPB

O presente trabalho objetiva analisar na poética de Patativa do Assaré


aspectos que constituem a identidade e a memória cultural nordestina.
Nos poemas “Caboclo Roceiro”, “O inferno, o purgatório e o paraíso”
e “O maió ladrão”, escolhidos como corpus da pesquisa, Antônio
Gonçalves da Silva, assim batizado, revela sob a vocação de mensageiro
os símbolos constitutivos da identidade de seu povo. As características
culturais que perpetuam a memória do popular sertanejo tomam pela
voz do poeta notoriedade e importância, efetivando-o como seu
legítimo representante. Seus textos descrevem o cenário social sertanejo
através de elementos como solidariedade, simplicidade e religiosidade.
Tais elementos são investigados aqui com base nas discussões que
proporcionam os estudos de Xidieh (1993) e Ayala (2003) considerando
na memória da tradição de um povo um espaço de valorização,
preservação e compreensão da cultura popular. As problemáticas que
permeiam a compreensão do complexo processo da constituição da
identidade serão discutidas com base nas reflexões teóricas de Hall
(2005) e Bauman (2005) que pensam a identidade em transformação na
pós-modernidade.
Palavras-chave: Patativa; Cultura Popular; Identidade; Memória.

SANTO SERTANEJO: REPRESENTAÇÕES DE UM MÁRTIR


EM ALFREDO MARIEN

Eliziane Fernanda Navarro


Elizabete Sampaio
Olga Maria Castrillon-Mendes
UNEMAT

Dentre os vários aspectos mítico-simbólicos existentes na obra de


Alfredo Marien Era um Poaieiro, este estudo pretende investigar o
~ 37 ~

arquétipo do mártir, bem como a jornada do herói, no que diz respeito


a Brasilino, personagem protagonista da narrativa. O recorte recaiu
sobre a personagem porque, na obra, mais do que um jovem honrado,
sua figura está relacionada a vários símbolos que caracterizam seu
trajeto e destino. Este estudo está fundamentado nos pressupostos
teóricos defendidos por Gilbert Durand, Joseph Campbell e Junito
Brandão. A obra em questão é fruto da vivencia do autor francês no
interior de Mato Grosso na época em que, em virtude do apogeu da
poaia, o estado acolheu centenas de imigrantes que buscavam fazer
fortuna no novo Eldorado. Neste período, Marien absorveu diversas
narrativas orais e os costumes dos povos da região que mais tarde, em
1944 mais precisamente, deram origem a sua única produção publicada.
Palavras-chave: Imaginário; Remitologização; “Era um Poaieiro”;
Arquétipos; Mártir.

O RECIFE ANTE O INSÓLITO E O MISTERIOSO: A


HISTÓRIA, A ALEGORIA E O FANTÁSTICO NOS RELATOS
FREYRIANOS

Ivson Bruno da Silva


UFRPE

O presente trabalho tem por objetivo identificar o rendimento estético


da obra “Assombrações do Recife velho”, de Gilberto Freyre, à luz dos
vínculos mantidos entre o fantástico, a alegoria e a história. A partir dos
condicionantes teóricos antevistos nos livros “Origem do drama trágico
alemão”, de Walter Benjamin, e “Introdução à literatura fantástica”, de
Tzvetan Todorov, procurou-se vislumbrar a alegoria como categoria
analítica que, em liame com componentes sócio-históricos, propiciou
novas abordagens para analisar os relatos freyrianos. Sob essa ótica, a
análise dos relatos “Assombrações no rio”, “A velha branca e o bode
vermelho” e “O velho Suassuna pedindo missa?”, revelam a conotação
histórica e a amplitude interpretativa que designa o gênero fantástico.
Em oposição à visada todoroviana concluímos que, na interpretação
textual amparada pelo recurso alegórico, o ato de voltar-se para a
~ 38 ~

concretude do mundo material não dissipa a hesitação e a vacilação


mantidas por personagem e leitor diante da narração de um fato
insólito ou sobrenatural.
Palavras-chave: Literatura Fantástica; Alegoria; Gilberto Freyre.

O CONTO ANJO MAU: ANÁLISE, MEMÓRIA E


CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DO POVO SUL-BAIANO

Magno Santos Batista


UESC

O conto, desde o título “Anjo Mau”, em que “mau” antagonicamente é


bom, representa a história de vidas que morreram na saga do cacau, que
compartilharam experiências e tiveram suas esperanças desfalecidas.
Anjos bons como Açucena, aos poucos foram obrigados pelas
condições de injustiça, maus tratos, fome, miséria, tornaram-se maus.
Capazes de matar, para defender a própria vida, mas mesmo assim,
buscavam viver em um ambiente marcado pela ignorância humana, o
poder e o dinheiro. Neste artigo, procuramos discutir a partir do conto
“Anjo Mau”, a importância da narrativa adoniana no cenário literário
sul-baiano, identificar os traços que permitem afirmar que a obra
representa a memória e a construção identitária do povo sul-baiano e
analisar os aspectos literários que compõem a narrativa, uma vez que, a
análise nos ajuda a entender o processo narrativo na obra, ou seja, os
elementos que compõem a narrativa, a história e a formação do povo
itajuipense. O repertório teórico constitui-se: Cardoso (2006); Gagnebin
(1999); Paranhos (1989); Lima (1989); Gotlib (1985), dentre outros. A
partir da relação simétrica entre os aspectos literários e o contexto
social da época, o conto “Anjo Mau” conquista “status” de documento
social e ficção regionalista
Palavras-chave: Conto Anjo Mau; Análise; Memória; Identidade.
~ 39 ~

ALBA VALDEZ: A PALAVRA DA MULHER NA HISTÓRIA


DA LITERATURA E DA IMPRENSA CEARENSE

Keyle Samara Ferreira de Souza


UFPB
Socorro de Fátima Pacífico Barbosa
UFPB

No Ceará, a Literatura e a Imprensa, desde o século XIX, caminharam


de mãos dadas, de forma que não se pode estudar uma sem considerar
a outra, escrita literária e jornalística se retroalimentaram nas terras
cearenses. E apesar da pena ser um ofício dominado pelos homens, as
mulheres cearenses também escreveram e publicaram muito desde o
século XIX. Elas estiveram presentes em todos os movimentos e
associações literárias que vingaram no Ceará e muitas ousavam
frequentar os cafés e redações de jornais, inclusive fundando periódicos
para defender os direitos femininos, como a Liga Feminina Cearense
fundada por Alba Valdez. Entretanto, devido ao patriarcalismo da
sociedade da época, muito da produção literária e jornalística das
mulheres cearenses ficaram a margem do cânone literário, fortalecendo-
se assim, a necessidade de se investigar a escrita literária feminina
também nos jornais. Neste contexto, para considerar a palavra da
mulher cearense oitocentista, é preciso destacar a relevância da escritora
e jornalista Alba Valdez. Ela entrou no mundo das letras na última
década do século XIX escrevendo para periódicos, publicando os livros
Em Sonho (1901), este coletânea de crônicas e contos já publicados na
imprensa na década de 1890, e Dias de luz (1907), um romance
memorialista. Escritores, historiadores e críticos literários afirmavam a
qualidade da escritura de Alba Valdez em jornais, tendo crônicas suas
traduzidas para o francês e outras línguas, consequentemente foi a
primeira mulher a fazer parte da Academia Cearense de Letras.
Palavras-chave: Linguagem feminina; Relações entre a literatura e a
Imprensa; Alba Valdez.
~ 40 ~

OLHOS MORTIÇOS E DE GATO BRABO NA ESCURIDÃO:


A PRESENÇA DO AUTOMÓVEL NA LITERATURA
REGIONAL

Maria Betânia Peixoto Monteiro da Rocha


UFRN

A presença dos automóveis no meio rural foi mote para narrativas


prosaicas e poéticas de hoje e de outrora. Em seus contextos literários,
o automóvel ora assume o valor da ruptura da tradição em curso, ora o
de reforma dessa mesma tradição. No presente artigo propomos uma
aproximação entre a poesia de Jorge Fernandes e o conto de
Bartolomeu Correia de Melo. Ambos os escritores potiguares, a seu
modo e em seu tempo, literalizaram o processo de modernização do
campo, problematizando a inserção da tecnologia ao meio agrícola. No
conto “A parteira”, de Bartolomeu Correia de Melo, o Jeep é colocado
como um elemento de modernização, muito embora já em estado
decadente, apresentando os faróis “mortiços”. De outro modo, o Ford
na poesia de Jorge Fernandes possui “olhos de gato brabo na escuridão
da noite”, destacando a virilidade da modernidade, que chega abalando
a tradição. A análise das obras dos autores citados receberá a
contribuição dos estudos desenvolvidos por Antonio Candido, tanto no
que se refere à literatura regional, quanto aos caminhos da análise
literária.
Palavras-chave: Literatura; Tradição; Modernidade.

CAVALARIA E SERTÃO: UMA ANÁLISE DA PRESENÇA DO


ROMANCE DE CAVALARIA NO GRANDE SERTÃO:
VEREDAS

Wallyson Rodrigues de Souza


UFRN

O objeto de estudo aqui apresentando tem por intuito estabelecer um


diálogo entre o romance Grande Sertão: Veredas de Guimarães Rosa,
~ 41 ~

publicado em 1956, e o perfil dos romances medievais de cavalaria.


Para tanto, serão observados três aspectos da obra: O coronelismo no
sertão, os personagens da trama e a crença religiosa cristã. Os aspectos
do coronelismo apresentados no sertão mineiro (espaço mítico) da obra
serão postos em diálogo com as condições, de âmbito semelhante, do
sistema feudal. Sendo assim, observa-se a figura do rei transferida ao
grande proprietário de fazendas e ou personagens de ideais políticos; o
cavaleiro transposto em Jagunço; e os grandes espaços feudais
representados em grandes fazendas. Num segundo momento, analisa-se
o perfil dos personagens do Sertão roseano como uma representação
moderna e regional do que se encontra comumente nos romances de
cavalaria. Isto é, o herói-cavaleiro, a donzela que espera a volta do
amado, o amor impossível, entre outros aspectos. Por último, será
observada a presença do credo cristão, que se estabelece como principal
formador do pensamento medieval, e que sonda todo o discurso
apresentado na narrativa, se estabelecendo, principalmente, através do
pacto com o diabo. Como fundamento teórico serão utilizados os
ensaios "o homem dos avessos" de Antônio Candido, presente em Tese
e antítese (1971), Além de As Formas do Falso (1972) de Walnice
Nogueira Falcão.
Palavras-chave: Grande Sertão: Veredas; Regionalismo; Romance de
Cavalaria.

AUTOFICÇÃO, DECADÊNCIA E INACEITAÇÃO EM: A


MORATÓRIA E FOGO MORTO

Maria Aparecida Nascimento de Almeida


UEPB
Paulo de Freitas Gomes
UEPB

Discutem-se aqui a partir dos pressupostos defendidos por: ARANTES


(2001), NEVES (2011) JÚNIOR (2003) e CÂNDIDO (1991) as
implicações regionalistas que figuram a decadência e a inaceitação em A
Moratória e Fogo Morto, a partir das tensões dialéticas contemporâneas
~ 42 ~

a seus autores: rural/urbano, honra/dinheiro, casamento/posição social


e patriarcalismo/declínio; o que permite, por essa ótica, tomar a
regionalidade para o trato de temas universais numa perspectiva de
escritas de si, como o fizeram Jorge Andrade e José Lins do Rego;
oportunizando-nos vislumbrar, sob a pena da literatura, o contexto
histórico cultural paulista e paraibano no qual as supracitadas narrativas
foram ambientadas. Constatando, por fim, que a reconfiguração
econômica e social imposta as elite cafeeira e açucareira culminou em
conflitos subjetivos e externos, notabilizado através de aspectos físicos
e psicológicos das personagens construídas.
Palavras-chave: Decadência; Inaceitação; A Moratória; Fogo Morto.

CAFUTE & PENA-DE-PATA: POR UMA LITERATURA


EDUCATIVA?

Laila Rayssa de Oliveira Costa


UFC

Devido à Rachel de Queiroz (1910) ser tida como um ícone da


literatura regional, poucos sabem do seu talento também para a
literatura infantil. A escritora, que foi tão importante para a geração de
30, deixou também como legado três obras para os pequenos: O
menino mágico (1969), Andira (1992) e Cafute & Pena-de-pata (1986).
Neste último os personagens principais são dois pintinhos que, por
descuido do tratador da fazenda, fogem do lugar onde vivem em busca
de algo melhor. A abordagem desses personagens nos faz refletir sobre
a construção da literatura infantil e as possibilidades de leitura de um
livro destinado às crianças pensando-o como obra a ser analisada pelas
suas qualidades estéticas, mais do que pedagógicas. Então, a partir da
narrativa de Cafute & Pena-de-pata, procuraremos fugir da visão da
literatura infantil como instrumento paradidático, apontando
características puramente artísticas com o objetivo de legitimar uma
literatura, por muitos vista como inferior. Para essas reflexões
utilizaremos teóricos como Peter Hunt (2010), Gregorin Filho (2010),
~ 43 ~

Nathalie Prince (2015) e Nières-Chevrel (2015), os quais põem em


questão o papel da pedagógico da literatura infantil.
Palavras-chave: Literatura infantil; Paradidático; Arte.

A POESIA NA PROSA DE GUIMARÃES ROSA

Bárbara Costa Ribeiro


UFC

Este trabalho propõe reflexões críticas acerca do livro Tutameia, de


Guimarães Rosa, a partir do conto “Retrato de cavalo”, lançando-se à
análise da linguagem rosiana na estória e de que forma essa linguagem
comporia o que acreditamos ser uma proposta poética do livro. Em
consonância a isto, estabelece-se a comparação entre Tutameia (1967) e
Sagarana (1946), adotados como marcas-chave dentro da trajetória
literária do autor, uma vez que apontam determinados enfoques
conferidos por Guimarães às noções de Imitação e de Verdade na arte,
bem como à própria noção do ofício artístico. Ao manusearmos essa
discussão, pretendemos lidar também, na intenção de apurar a
percepção da poética rosiana em panorama, com outras categorias, tais
quais o espaço, a região, a dicção nas narrativas, averiguando de que
maneira esses elementos, elaborados em nível formal, contribuem para
a construção do objeto estético que é a escritura de Guimarães Rosa.
Esta que, enfim, operaria ainda e finalmente como motor de reflexão
para o próprio fazer literário.
Palavras-chave: Guimarães Rosa; Verdade; Imitação; Tutameia;
Sagarana.
~ 44 ~

BÁRBAROS NA CIDADE DOS REIS - JUVENTUDE E


REBELDIA EM GERAÇÃO DOS MAUS

José Marcelino Ferreira Júnior


UFRN
Ilane Ferreira Cavalcante
IFRN

Neste artigo, buscamos contribuir para a inserção da Literatura


Potiguar em sala de aula por meio de uma leitura atualizada da obra
Geração dos maus. Publicada em 1964, juntamente com a novela O
golpe, é a única incursão de José Humberto Dutra nas letras potiguares.
Essa narrativa aborda as aventuras e desventuras de Carlos, jovem
rebelde entediado com a vida provinciana de Natal dos anos 60 do
século XX. Em choque com o conservadorismo dos pais, entre as
obrigações escolares e costumes da burguesia natalense, encontra num
grupo de motociclistas e suas incursões pela vida noturna o antídoto
para a vida desinteressante da província. A partir desse contexto,
embasamos nossa análise na teoria das tribos desenvolvida por
Maffesoli (2006). Segundo esse autor, configura-se na
contemporaneidade uma busca por associações que se diferenciem do
materialismo e consumismo desenfreado típico das sociedades que,
priorizando os valores individuais, enfrentam o declínio desse
individualismo ao qual se contrapõe o que ele denomina de tribalismo
ou um retorno a formas arcaicas de organização social em que os
indivíduos buscam estar junto pela comunhão ou reconhecimento de
valores distintos daqueles impostos por instituições como Família,
Deus, Estado, etc. Com isso, entendendo a literatura como patrimônio
cultural, como admitido por Candido (2000), indicamos uma
abordagem de leitura em sala de aula no Ensino Médio a partir de
proposições de Cosson (2010) que sugere atividades diversificadas e
contextualizadoras com o intuito de proporcionar ao leitor meios de
descobrir, com a intermediação do professor, a plurissignificação do
texto literário.
Palavras-chave: Geração dos maus; Tribos; Literatura potiguar.
~ 45 ~

CELESTINO ALVES: ENTRE O LUTO E A


REIVINDICAÇÃO

Altierres Santos de Medeiros


UFRN

Muitos são os estudos literários que estão sendo realizados no âmbito


da poesia potiguar. No momento em que estudamos nossos autores
passamos a reconhecer o que é nosso, de nossa terra e cultura.
Passamos, portanto, a valorizar a nossa própria arte e capacidade
criativa fazendo valer o pensamento de Pessoa, onde nem mesmo “O
Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, (...)” O presente
estudo busca, então, analisar a caracterização do luto -cujo principal
fator é a seca - e da reivindicação - centrada em questões diplomáticas -
presentes na obra “O Nordeste e as Secas” (1983) do poeta currais-
novense Celestino Alves, buscando averiguar como ambos os fatores se
relacionam na constituição social e política da obra. Para a realização de
tal pesquisa foram escolhidos alguns poemas do livro a cima citado,
recomendados a análise por possuírem em sua composição temática
reflexões pertinentes à realização desse estudo. Na leitura e análise dos
poemas notamos claramente a percepção e o estilo de um autor de
essência múltipla. Muitos são os temas ao qual sua poética abrange. São
estes de ordem lírica, cultural, religiosa e, sobretudo, política. Os
problemas do estado e do nordeste sempre o preocupava. O luto e a
reivindicação unem-se quando ele passa a acreditar que para haver
mudanças na vida precária do nordestino é preciso, primeiro, haver um
plano político eficaz baseado principalmente na solidariedade e na
distribuição igualitária da renda. Atualmente vemos a globalização
ameaçar culturas singulares. Tanto a potiguar como outras parecem
sucumbir frente a padrões sociais modernos mediados pela denominada
cultura da informação. Pensando em tal realidade, esse estudo também
procurou valorizar a pesquisa e a leitura de autores norte rio-grandenses
na tentativa de preservar a identidade potiguar.
Palavras-chave: Poesia Potiguar; Celestino Alves; Luto; Reivindicação.
~ 46 ~

NOVOS OLHARES SOBRE O SERTÃO NA LITERATURA


BRASILEIRA

Lisane Mariádne Melo de Paiva


UFRN

Este artigo resulta de considerações acerca das representações literárias


enraizadas sob o solo sertanejo desenvolvidas na dissertação de
mestrado defendida pelo Programa de Pós-graduação em Estudos da
Linguagem (UFRN), a qual propôs leituras sobre as poesias de Patativa
do Assaré, publicadas em Inspiração Nordestina. Caminhando rumo a
novas observações sobre as representações do Sertão nordestino na
literatura brasileira, verificamos a mudança de perspectiva do antes
Sertão dos sujeitos em êxodo para os já alocados na urbe. Desejamos, a
partir deste estudo, acompanhar o redimensionamento do retrato do
Sertão nordestino, considerando como ponto de partida para a nossa
análise A Triste Partida, cantada por Patativa do Assaré, e o retorno da
geração filha do êxodo, narrado pelo livro Nossa Terra, de Antonio
Torres. Buscamos destacar a exposição das raízes fragilizadas que
dificultam que o homem consiga redirecionar-se no novo contexto da
urbe, bem como que impedem o reconhecimento do indivíduo que
retorna a um outro espaço sertanejo. Para tanto, auxiliamo-nos nos
estudos de T. Todorov (1999), acerca das raízes entre sujeitos e
espaços, além de termos nossas interpretações amparadas em teóricos
que repensam os modelos culturais imersos em um panorama incluso
nas questões da diáspora e do entrelugar, Stuart Hall (2008) e Silviano
Santiago (2000), respectivamente. Como uma pesquisa intencionada à
produção de novos olhares, temos como prerrogativa a produção de
indagações outras, questionamentos cujas respostas ainda se constroem
sob o risco do lápis em companhia constante da borracha.
Palavras-chave: Literatura; Sertão; Nordeste.
~ 47 ~

JORGE WANDERLEY E A MORTE: ANÁLISE DE ALGUNS


POEMAS

Jorcilene Alves do Nascimento


UFU

O presente trabalho apresenta uma discussão sobre o medo da morte,


levantando as principais questões teóricas que envolvem esse assunto.
Para realizar tal proposta, recorre-se a discussão nas teorias de Ariès
(2014), Fred (1992), Kübler-Ross (1996), e Schopenhauer (2014). Para
realizar tal tarefa, utilizaremos alguns poemas de Jorge Wanderley para
tentar compreender se é possível e como se torna possível fazer poesia
diante da morte. Ou a escrita, a poesia, a literatura já é puramente o
resultado desta busca por estar vivo, como imortal. Através da escrita o
ser é lembrado, retomado e conhecido. Em alguns poemas de Jorge
Wanderley, um poeta pernambucano busca-se entender como o sujeito
lírico lida com a certeza do próprio fim na poesia. Ao final, percebemos
o poeta tenta manter a morte longe. No entanto, ela se faz presente em
sua expressão poética, nos mostrando que ter conhecimento do seu
próprio fim não é uma questão fácil de conviver.
Palavras-chave: Poesia brasileira; Poesia contemporânea; Jorge
Wanderley; Morte.

A LITERATURA DA DÉCADA DE 20 NO NORDESTE:


TESTEMUNHOS, MEMÓRIAS, CARTAS E DIÁRIOS

Elaine Cristina Cintra


UFPB

A década de 1920 representou um momento decisivo para as novas


diretrizes que se traçaram no século XX para a arte e a cultura em geral
no nordeste. Recife, cidade que recebia diretamente da Europa as
últimas informações sobre a arte vanguardista, foi o palco da atuação de
vários grupos que teriam, não somente na região nordestina, mas no
panorama nacional, um enorme impacto na produção literária, artística
~ 48 ~

e cultural vindoura. O objetivo dessa proposta é investigar esta fase,


recorrendo-se a textos que se caracterizam pela abordagem
autobiográfica, e que poderão ampliar as perspectivas analíticas dessa
época, apontando para encontros, contradições e divergências estéticas
e críticas neste período. Para isto, serão discutidos o prefácio-
testemunho de Joaquim Cardozo, o testemunho de Luís Jardim, o
diário de Gilberto Freyre, e as correspondências entre Mário de
Andrade, Câmara Cascudo e Ascêncio Ferreira. A hipótese levantada é
que, através desses textos de caráter autobiográfico, será possível
resgatar e revisionar alguns autores e obras que se encontram
obliterados da história do modernismo nordestino, ou que ainda não
receberam um tratamento adequado à sua atuação na época, e
revisionar alguns aspectos críticos ainda por se elucidar.
Palavras-chave: Literatura brasileira; Modernismo no Nordeste;
Escritas autobiográficas.

O ANTROPOMORFISMO EM VIDAS SECAS

Danúbia Araújo Pereira


UFPB

Diante do panorama da ficção regionalista não é possível passar por


esta sem que vejamos a contribuição das obras de Graciliano Ramos
para a literatura brasileira. Suas obras nos permitem fazer um
acompanhamento social e econômico da sociedade brasileira.
Estudaremos em uma das obras mais conhecidas do autor, Vidas Secas
(1938), a personagem mais comovente da narrativa. Baleia é uma cadela
inteligente que assume na obra capacidades humanas, ou seja,
características antropomórficas. Levando em consideração a
importância dessa personagem que aparece em quase todos os capítulos
da obra de Graciliano Ramos, focaremos nosso olhar sob ela, e nas
características antropomórficas que a mesma ganha do narrador. Como
embasamento teórico, usaremos grandes estudiosos da literatura
~ 49 ~

brasileira como Antonio Candido e Alfredo Bosi para nortear nossa


pesquisa.
Palavras-chave: Graciliano Ramos; Antropomorfismo; Cachorra
Baleia.

IMAGINÁRIO DA SERPENDE NA HISTÓRIA DE


TRANCOSO: A COBRA QUE ERA UMA PRINCESA, DE
JOSÉ LINS DO REGO

Rafael Francisco Braz


UFPB

A arte de se contar história é remota. Desde a Antiguidade, conta-las


faz parte da natureza humana. Histórias, em primeiro lugar,
representam um antídoto contra a ansiedade despertada pelas
interrogações que todas as culturas se fazem sobre o universo e sobre a
existência. É nesse contexto que surge o mito. Na linguagem comum, o
termo tem uma conotação que, às vezes, envolve fama e mistério e,
mais frequentemente, significa mentira ou lorota. Termos de fontes
orais, especificamente no que concerne à voz das velhas senhoras,
amas, governantas e damas de companhia que sempre se reuniam no
seu ambiente doméstico, as tradições de transmitir a sabedoria antiga e
pura das pessoas que as criam. O objeto principal desta comunicação é
analisar o conto A cobra que era uma princesa, de José Lins do Rego
no seu aspecto mítico, simbólico e metafórico consonante a imagem
arquetípica da Serpente no imaginário popular. Para tanto, baseia-se
esta pesquisa quanto aos aspectos simbólicos, míticos e metafóricos
recorre-se a Chevalier e Gheerbrant (2002), Cilort (2005), Jung (2002 e
1993) busca-se apoio no conceito de história de trancoso e conto de
fadas Franz (1990 e 1984) e Wanner (1999). A análise mostra conhecer
o imaginário da Serpente nos coloca frente a uma releitura dos mitos de
origem e da trajetória psicológica do homem em busca de sua função,
papel e significado no mundo psico-espiritual, oportunizará a
compreensão do sentido dos rituais agrários, do poder da crença, de
certos paradigmas culturais seculares que construíram a sociedade
~ 50 ~

moderna. Portanto, interpretar o fenômeno mitopoético arquetípico da


Serpente significa mergulhar na própria essência da alma humana.
Palavras-chave: Serpente; Fontes orais; Mitopoética.

"FOGO MORTO": UM ROMANCE DE TENSÃO CRÍTICA

Montgômery José de Vasconcelos


Fundação Científica Reis de Leão e das Astúrias/FUCIRLA-PB

O romance moderno na literatura regional tem seu marco fundado


como cena inaugural, no Nordeste do Brasil, com "Fogo Morto" de
José Lins do Rego, que se notabilizou com a "tensão crítica"
permeando toda sua obra, mais intensamente nesta narrativa da
supremacia cômica do coronelismo nordestino, sendo anunciado sua
própria derrocada com o herói pícaro Capitão Vitorino, o "papa-rabo",
brilhando numa espécie de literatura carnavalizada. Trata-se de ser o
Capitão Vitorino, o "papa-rabo", uma personagem típica da
carnavalização da literatura, à luz da teoria do filólogo russo Bakhtin
sobre o dialogismo e a polifonia. Enfim, Capitão Vitorino Carneiro da
Cunha, o "papa-rabo" é a maior personagem quixotesca do "diálogo
social" de "Fogo Morto", romance moderno este que desnuda por
completo essa vítima da ironia de seu próprio nome, no universo de
toda a literatura do modernismo brasileiro. Capitão Vitorino, o "papa-
rabo", em especial, é o maior ápice do romance moderno regionalista
que se apresenta como um "Dom Quixote do Nordeste do Brasil, a
partir desse seu maior representante da literatura regional: "Fogo
Morto".
Palavras-chave: Modernismo; Regionalismo; Coronelismo; Picaresco;
Tensão crítica; Carnavalização.
~ 51 ~

SIGNIFICAÇÃO DE UMA METAMORFOSE: VIDA APÓS A


MORTE NA LENDA DA CARNAÚBA

João Paulo Rocha


PIBIC/UFPB
Maria de Fátima Barbosa de Mesquita Batista
DLCV/PPLP/PPGL/UFPB

Objetivamos, com este trabalho, fazer uma análise, à luz da Semiótica


de linha francesa, do lendário indígena corrente no Nordeste Brasileiro.
Além da proposta de Greimas e Courtès (1979) sobre o percurso da
significação, valemos da proposta de Rastier (2010, p. 21) que
considerou que “o nível semiótico do entorno humano é caracterizado
por quatro recuos ou rupturas de grande generalidade”: a pessoal,
“opõe o par interlocutório eu e tu a uma terceira pessoa ausente na
interlocução”; a local “opõe o par aqui e aí a um terceiro termo lá ou
ali”, a temporal “opõe o agora, o recente, e o futuro próximo, ao
passado e ao futuro” e a modal “opõe o certo e o provável ao possível
e real” cujas homologias permitem distinguir três zonas antrópicas de
identidade, proximidade e distanciamento culturais. Entre as zonas
antrópicas, Rastier (2010, p. 24) distinguiu duas fronteiras: a empírica
(situada entre a identitária e a proximal) e a transcendente (entre essas
duas e a distal). O corpus utilizado foi constituído de lendas levantadas
na região Nordeste de que escolhemos uma amostragem para análise
neste trabalho A Lenda da Carnaúba, (resgatada e divulgada pelo
website “Rede Carnaúba”), provavelmente oriunda dos índios
Tremembé, primeiros habitantes da região do Delta do Parnaíba no
Piauí, hoje extintos.
Palavras-chave: Lenda indígena; Significação; cultura.
~ 52 ~

O CORONELISMO E A SUBSERVIÊNCIA NOS CONTOS “O


PADRINHO” E “COME GATO” EM TRAPIÁ, DE CAIO
PORFÍRIO CARNEIRO

Stefanie Cavalcanti de Lima Silva


UFC

O objetivo do nosso trabalho é analisar os traços do coronelismo e da


subserviência nos contos “O Padrinho” e “Come gato” do livro Trapiá,
do escritor cearense Caio Porfírio Carneiro. Não podemos negar que
tais práticas ainda existem, principalmente no sertão, onde os donos de
fazenda exercem grande influência política em suas cidades. A temática
está presente na literatura brasileira, seja em verso ou prosa, e nos
mostra a realidade da nossa sociedade desde o seu início, fazendo um
relato histórico de nossa sociedade e ajudando na formação da
identidade cultural brasileira. O sertão e suas personagens trazem um
leque de possibilidades ao texto literário, seus tipos e cenários
enriquecem as obras e trazem ao leitor um vislumbre ou, na maioria
dos casos, um espelho do sertão brasileiro. Através dessa análise,
esperamos apresentar algumas das relações de oposição entre os
coronéis e seus serventes em dois contos do livro Trapiá, mostrando
que o tema pode ser abordado de diversas maneiras e que essas relações
não são sempre iguais.
Palavras-chave: Coronelismo; Subserviência; Conto.

IGUAL, MAS DIFERENTE - BREVES CONSIDERAÇÕES


SOBRE O QUINZE EM QUADRINHOS

Bruno Ricardo de Souto Leite


UFRN
Linda Hutcheon, em Uma teoria da adaptação (2013), coloca Roland
Barthes como aquele que expulsou de vez a intencionalidade dos
estudos literários com o seu célebre “A morte do autor”. A autora
canadense prega que já está na hora de voltar a se dar atenção às
intenções dos criadores, em especial aqueles que fazem adaptações. No
~ 53 ~

presente ensaio, no qual analisamos a versão para os quadrinhos do


romance O Quinze, de Rachel de Queiroz, levada a cabo pelo artista
Shiko, procuro demonstrar como a intencionalidade, o processo
criativo e aspectos da vida e do pensamento do artista (re)criador
ajudam a entender a obra em questão, tomada especificamente do
ponto de vista da adaptação, como a entende Hutcheon. Para ela, o
adaptador é antes de tudo um leitor. E se Roland Barthes cobrava que a
crítica desse justamente mais atenção ao leitor, é isso o que fazemos
quando miramos o processo criativo deste leitor-autor que é o
adaptador.
Palavras-chave: Adaptação; Histórias em quadrinhos; O Quinze;
Rachel de Queiroz; Shiko.

ESPAÇO E PERSONAGEM EM DECADÊNCIA: UMA


ANÁLISE COMPARATIVA DE FOGO MORTO E DOIS
IRMÃOS

Flávia Kellyane Medeiros da Silva Santos


UEPB

A visão de um regionalismo tido como extinto nas produções literárias


contemporâneas há muito tem norteado os estudos literários
brasileiros. No entanto, longe de ter se extinguido, o regionalismo
mostra-se bastante vivo na literatura, com propósito de não apenas
retratar sobre a região, mas de colocar em destaque questões que
envolve o homem e sua ligação com o espaço. A partir da análise
comparativa entre Fogo Morto e Dois Irmãos, esse trabalho busca
apontar para a existência de um regionalismo revisitado, em que diante
de um cenário rural e urbano se caracteriza como plural. Também
busca-se assinalar a característica universal desta tendência ao
manifestar a temática que registra a decadência do homem como
sinônimo da ruína do espaço em ambas obras, escritas em momentos
diferentes, retratando regiões também distintas. O estudo bibliográfico
que se desenvolve através da análise comparativa entre dois romances
~ 54 ~

com conteúdo regionalista conta com as contribuições teóricas de


Candido (2006), Chiappini (1995, 2014) e Pellegrini (2006).
Palavras-chave: Regionalismo; Personagem; Espaço; Decadência.

E AGORA, JOSÉ? UM CONTADOR DE HISTÓRIAS DO


REGIONALISMO POTIGUAR

Luciana Maria Carvalho Medeiros dos Santos


UFRN

É a literatura um espaço metafórico, multifacetado, permeado de vozes


infindas e sempre aberto ao diálogo com vozes outras que,
inevitavelmente, surgem no instante da leitura. Debruçar-se sobre um
texto literário é permitir-se ao devaneio, à catarse, à identificação, mas
também ao estranhamento, é permitir-se, sobretudo, ao conhecimento.
São muitas as obras literárias que convidam o leitor a visitar as
entranhas de suas memórias: os lugares vividos, as casas habitadas, o
chão pisado. Assim é a obra Chão dos Simples, do escritor potiguar
Manoel Onofre Jr. O homem simples, imerso em sua vida também
simples, vida alicerçada no trabalho e emoldurada na fé, assim são os
protagonistas de grande parte das narrativas que compõem a obra
citada. Assim é José, personagem principal do conto A primeira feira de
José, um menino de treze anos de idade que recebe o consentimento de
seu pai para ir sozinho à feira de Umarizal. O caminho na garupa do
cavalo, as expectativas, a chegada à feira, são momentos contados ao
longo do enredo, de modo a evidenciar todas as emoções vividas pelo
menino José. A pesquisa pretende abordar o papel do narrador na
construção e na significação do conto A primeira feira de José, assim
como o regionalismo como fio condutor da narrativa. Para isso, são
apreciadas as considerações de narrador de Benjamim (1994), a
concepção de literatura de Candido (2004) e os apontamentos de
Chiappini (1995) a respeito do regionalismo na literatura.
Palavras-chave: Literatura Potiguar; Conto; Narrador; Regionalismo.
~ 55 ~

O REGIONALISMO REVISITADO EM “GALILEIA”, DE


RONALDO CORREIA DE BRITO

Ana Paula Santos de Araújo Ferreira


IFPB
Cristina Rothier Duarte
IFPB
Renata Oliveira dos Santos
IFPB
Marta Célia Feitosa Bezerra
IFPB

O presente trabalho é efeito de estudos sobre a categoria analítica


espaço realizados durante encontros do PIBIC que se dedica à
investigação d’O espaço ficcional em “Galileia”, de Ronaldo Correia de
Brito. O objetivo deste escrito é demonstrar que o regionalismo
trabalhado no corpus em análise não busca, assim como o movimento
regionalista de 30, uma ruptura com padrões estéticos vigentes. Muito
embora o pitoresco ainda seja trabalhado em Galileia, já que o espaço
ficcional continua trazendo como mote o conflito existente entre o
citadino e o regional, agora, há ênfase da dicotomia moderno e arcaico
sob uma visão negativa desse segundo espaço à medida que,
simbolicamente, retrata dramas humanos universais, ou seja, conflitos
internos despertados a partir da memória que o espaço reporta os
indivíduos. Embasam a presente pesquisa reflexões de cunho histórico,
filosófico, fenomenológico e literário, notadamente, os estudos de
Bakhtin, Bachelard, Brandão, Candido e Lígia Chiappini. A
metodologia empregada é a pesquisa bibliográfica qualitativo-
interpretativa. Como resultado, percebemos o espaço representado na
obra para além do seu aspecto geográfico, ultrapassando as
peculiaridades regionais, dotado, assim, de aspectos universais dentro
de uma perspectiva simbólica peculiar.
Palavras-chave: Regionalismo; Espaço; Galileia.
~ 56 ~

CAMINHOS DA TERRA, CAMINHOS DO MAR: ALGUNS


TEMAS NA POESIA DE JÁDER DE CARVALHO

Sávio Alencar de Lima Lopes


UFC

Jáder de Carvalho (1901-1985), escritor cearense do século passado,


está inegavelmente filiado a uma tradição poética que privilegia em seu
cabedal temas, figuras e espaços caros ao imaginário e à sensibilidade
do homem nordestino. Natural da Serra do Estêvão (Quixadá), parte de
sua produção em versos (Terra Bárbara, Terra de Ninguém, Água da
fonte) reconhece, pois, nessa configuração sua pedra de toque. Daí
flagrarmos frequentemente a elaboração literária do telurismo, do
pertencimento, da permanência. No entanto, em outra faceta de sua
obra – lírica e memorialística –, irrompe igualmente o desejo da
mobilidade, da partida, da viagem. Avulta aí um narrador poético que
desbrava os mares, naufraga em ilhas, retorna ao porto. Ancorada na
tensão que o embate entre essas duas identidades poéticas (sertanejo e
viajante) acaba gerando, a poesia de Jáder de Carvalho aciona estados
sensíveis bem exemplares de quem, na biografia, dividiu-se entre a
aridez dos caminhos da terra e o alento dos caminhos do mar. Isso
posto, cabe a este estudo verificar de que maneira esses temas e essas
identidades constituem a poética de Carvalho, estudando seus
procedimentos e efeitos.
Palavras-chave: Literatura cearense; Jáder de Carvalho; Poesia.

BETO E O GAVIÃO: A RELAÇÃO INFÂNCIA E ANIMAL DE


ESTIMAÇÃO NO CONTO O GAVIÃO, DE CAIO PORFÍRIO
CARNEIRO

Elayne Castro Correia


UFC

No conto O gavião, presente no livro Trapiá (2008), do escritor


cearense Caio Porfírio Carneiro (1928 – Fortaleza – CE), o menino
~ 57 ~

Beto, protagonista, se vale da natureza para brincar, e os pássaros (o


canário e o gavião) são os companheiros que se aventuram, junto com
ele, no seu mundo infantil particular. Beto tem experiências variadas e
distintas com os tais animais não humanos, desde o enlaçamento
fraternal, figurados sob o sentimento do amor, até a vivência da dor e
da morte, moldadas pelo ódio. O presente estudo pretende investigar a
relação da criança com os animais de estimação, em especial aqueles
que estão fora do ciclo comum de adoção, no caso o gavião. O estudo
se justifica, visto que os animais não humanos, nesse locus da adoção,
possuem uma subjetividade específica, familiar e afetuosa com a
criança. Para constituir a representação infantil de Beto em consonância
com o modelo de compreensão da infância mais atual, o presente artigo
se ancora, principalmente, nos postulados de Marie-José Chombart de
Lauwe, no seu Um outro mundo: a infância (1991). No que se refere à
representação integradora e não especista do animal não humano,
escolheu-se, em especial, as considerações de Maria Esther Maciel,
organizadora do livro Pensar/escrever o animal: ensaios de zoopoética
e biopolítica (2011).
Palavras-chave: Infância; Animal não humano; Animal de estimação;
O gavião; Caio Porfírio Carneiro.

AS PERSONAGENS FEMININAS DO ROMANCE FOGO


MORTO

Milena Soares Silva


FAFIRE

O espírito Regionalista de José Lins do Rego, marcado pelo


Modernismo, levou-o a escrever sobre cana de açúcar e engenhos,
influenciado sempre por suas lembranças de infância. O homem, é
muitas vezes foco de sua narrativa e em Fogo Morto não foi diferente,
mas percebe-se que as mulheres das personagens principais tomam,
neste Romance, um destaque em especial pois possuem características
influenciadas pela geração do escritor. São figuras altivas, de caráter e
personalidades ímpares e que se destacam em meio ao machismo dos
~ 58 ~

respectivos maridos. A análise das personagens femininas de Fogo


Morto, busca mostrar como as mulheres, seres muitas vezes submisso,
frágil, sobressai-se em relação aos seus respectivos esposos. Com a
queda do patriarcalismo a mulher deixa de assumir o papel apenas
doméstico e começa a libertar-se das obrigações, até então femininas. O
trabalho mostrará as bases históricas do regionalismo, seu início, seus
percussores; além de destacar a mulher no romance regionalista, como
as personagens femininas eram abordados e mencionados neste tipo de
romance.
Palavras-chave: Fogo Morto; Mulheres; Patriarcado.

O ROMANCE HISTÓRICO E A CRIAÇÃO DA IDENTIDADE


FEMININA EM VOLTAR A PALERMO

Taciana Ferreira Soares


UPE

Voltar a Palermo é um romance histórico escrito pela pernambucana


Luzilá Gonçalves Ferreira e publicado em 2002. Este romance nos
conta a história de Maria, que nos anos 70, ao ficar viúva, decide
mudar-se para Argentina onde conhece e se envolve com Nino,
motorista de táxi e tocador de bandoneon que desaparece ao ser
perseguido pela ditadura militar daquele país. O presente artigo objetiva
discutir os traços das tendências contemporâneas da produção literária
presentes na obra, dividindo-se em dois pilares para tal estudo
escolhidos: o romance histórico e a identidade do discurso feminino. O
romance histórico, que perde sua força no século XX, retorna com
grande força nas três últimas décadas deste século, a partir da
necessidade cada vez maior da revisão da história oficial,
reinterpretando o passado e revendo suas certezas, percebendo agora o
olhar dos pequenos e dos anônimos. Além disso, temos em Voltar a
Palermo a representação da identidade feminina em seu próprio
imaginário. A mulher, aqui, não depende da voz masculina, falando de
si própria, afirmando-se e questionando-se.
Palavras-cahve: Romance histórico; Identidade feminina; Luzilá
Gonçalves Ferreira.
~ 59 ~

O VOCABULÁRIO DA SECA EM O QUINZE DE RACHEL


DE QUEIROZ

Maria Silvana Militão de Alencar


UFC

A presente comunicação objetiva analisar o uso do vocabulário


relacionado à seca no romance, O Quinze, de Rachel de Queiroz e, ao
mesmo tempo, observar o seu valor semântico contextualizado naquele
período dramático que o Ceará atravessou. Justifica-se, porque através
da fala apreende-se não só a mensagem da autora, mas os dados
identificadores de seus personagens, de seu universo sócio-linguístico-
cultural. Rachel usa uma linguagem correta, natural e clara, primando
sempre pelo equilíbrio formal. Empregando um vocabulário simples, na
cor local, pinta o nosso sertão, cria situações de angústia, desespero,
tudo com maestria e com uma naturalidade que impressiona. Buscou-se
respaldo teórico-metodológico na Etnolinguística, por ser esse ramo do
saber linguístico que se ocupa do estudo da linguagem em sua relação
com a civilização e a cultura, e da Lexicografia, que trata do estudo de
vocabulários. A cultura representando padrões gerais de pensamento e
ação do ser humano no tempo e no espaço – o ethos cultural. Uma
cultura aprendida através da interação no meio social em que se vive.
Enquanto algumas palavras mostram as diferentes reações do homem
diante de cada situação vivenciada no dia-a-dia, coragem do sertanejo,
fé em Deus, esperança de dias melhores e superstições, outras reforçam
a temática do livro, como as cores que pintam a paisagem, as
enfermidades e mezinhas para curá-las e até ditos populares. O corpus
compõe-se de vocábulos relacionados com o tema seca, apresentados
em ordem decrescente de ocorrência nesta obra: seca, fome, sol,
miséria, fogo, retirantes, dentre outros. A análise dos dados, com
enfoque no léxico, revela um campo semântico, cujo vocabulário
utilizado gira em torno do período de estiagem que assola o sertão
agreste nordestino.
Palavras-chave: Vocabulário da seca; Regionalismo; O Quinze.
~ 60 ~

ASSERTIVAS DE UM SERIDÓ PLURAL: REGISTROS DE


MEMÓRIA CULTURAL NA POESIA DE LUÍS CARLOS
GUIMARÃES

Altierres Santos de Medeiros


UFRN

O objetivo principal desse artigo é tecer consideração sobre a


representação do Seridó na poesia de Luís Carlos Guimarães.
Partiremos de um olhar de pesquisador-leitor. Será antes uma
homenagem que um manual de teoria literária que busque colocar em
detalhes técnicos e exaustivos a estética, estilo, temáticas, etc. do autor.
Os resultados que aqui se encontram serão, então, produto da interação
entre a poesia do autor e a sensibilidade daquele que a leu e que passa
longe de afirmar que a compreendeu por inteiro. A abordagem
metodológica que guiará as nossas análises será de natureza qualitativa,
uma vez que não buscamos sistematizar números ou padrões de
recorrência de um dado fenômeno específico. A atual pesquisa divide-
se em dois momentos principais: a coleta dos materiais a se analisar,
que contará com a pesquisa bibliográfica e pesquisa documental
enquanto procedimentos técnicos, e, por conseguinte, o momento de
codificação e análise dos dados. Os resultados apontam para uma
caracterização bucólica e simples de um cenário que nos remete ao
Seridó. Boa parte de tais idealizações parecem advir da memória do
autor, que as busca eternizar pondo as recordações nas linhas de sua
poesia. Muito são os elementos típicos de tal microrregião do Rio
Grande do Norte. A criação de gado é enfatizada, os sons do interior, a
paz do curral, a plantação de milho e algodão. Tudo isso parece somar-
se ao lirismo característico do poeta, surgindo, na materialização das
suas palavras, cenários de beleza única, estes sintonizados aos adjetivos
e substantivos típicos de sua infância e recordações.
Palavras-chave: Seridó; Cenário; Lirismo; Memória.
~ 61 ~

REFLEXÕES SOBRE A LITERATURA NORDESTINA NA


CONTEMPORANEIDADE

Manuella Mirna Enéas de Nazaré


UFPE

Das últimas décadas do século XX até hoje (período de tempo que


sociologicamente costuma-se chamar de pós-modernidade), as
sociedades ao redor do mundo se modificaram muito. Paralelo a isso, as
necessidades estéticas mudaram, e a literatura nordestina acompanhou
esse processo, ainda que sem tanta notoriedade. Por isso, este trabalho
visa estudar novos discursos reinventados sobre a literatura regional do
Nordeste. Para tanto, no contexto da contemporaneidade, atentaremos
para os cenários sociais, econômicos e literários, a fim de entender a
expressão da literatura nordestina atual em meio a tudo isso. Ademais,
discutiremos conceitos atuais em torno de literatura regional, uma vez
que as próprias definições de literatura contemporânea – que também
abordaremos brevemente – são muito plurais e, por vezes, confusas.
Por fim, buscaremos compreender as problemáticas em volta da
literatura nordestina contemporânea, uma vez que a literatura
nordestina teve, por muitos anos, uma forma homogênea de abordar a
identidade do homem nordestino, o espaço sertanejo e acionar as
tradições regionais. Por conseguinte, este trabalho objetiva observar o
contexto atual da literatura regional do Nordeste, abordar conceitos em
torno da literatura contemporânea, focando o expoente nordestino, e
discutir sombras que o passado impõe para essa literatura.
Palavras-chave: Literatura nordestina; Literatura regional;
Contemporaneidade.
~ 62 ~

MEMORIAL DE MARIA MOURA DA AUTORA RACHEL DE


QUEIROZ: ESTUDO DE PERSONAGENS

Maria do Socorro Cardoso de Abreu


IFCE

Este artigo tem como objetivo analisar os processos utilizados pelo


narrador de Memorial de Maria Moura da autora Rachel de Queiroz,
para referir-se às personagens no ambiente rural, identificando as
unidades léxico-semânticas regionais específicas a cada personagem. O
aporte teórico se detém nas abordagens da Lexicologia e Semântica.
Essa obra, pertencente a literatura do ciclo sertanejo, é selecionada por
ser uma das obras representativas da autora quanto ao regionalismo
cearense, pois para vários autores, ao estudarmos o léxico de uma obra
literária, entramos em contato com as abordagens existentes entre
língua e cultura. Quanto aos itens lexicais regionais selecionados,
procura-se a fidedignidade ao texto, registrando as lexias tal como são
apresentadas, localizando o trecho e a página, bem como apresentando
as personagens para a melhor compreensão do contexto. Os resultados
demonstram uma variedade de lexias simples, compostas, complexas,
textuais e lexias virtuais relacionadas às atitudes, aos comportamentos,
aos sentimentos e às características físicas e psicológicas das
personagens desse romance cearense.
Palavras-chave: Lexias; Semântica; Personagens; Rachel de Queiroz.

AS ARTICULAÇÕES QUE CONSTITUEM O SUJEITO: UMA


LEITURA SOBRE "VIDAS SECAS", DE GRACILIANO
RAMOS

Jair Pereira de Oliveira


UEPB

Neste estudo tratamos da análise-interpretação do romance “Vidas


Secas”, de Graciliano Ramos. Temos o objetivo de compreender como
se constitui o funcionamento de uma representação simbólica de sujeito
~ 63 ~

nesta narrativa fragmentada. Estes fragmentos compõem um conjunto


narrativo, formado por blocos nos quais surgem percepções distintas
sobre acontecimentos vários. Na narrativa se irradiam “os sentidos”
dos tempos (as dimensões de passado, presente e futuro) que
dimensionam o sujeito em correspondência com as instituições da
modernidade que lhe delimita e re-significa. Por isso, investigamos a
partir da hipótese de que há uma constituição temporal imanente a uma
representação de sujeito interligado às especificidades do que se
apresenta como projeto de modernidade. Esta geografia dos desejos se
movem em velocidades distintas, uma no eixo do sujeito e outra no
eixo das instituições. A composição e geografia que estruturam a
representação do sujeito e seus desejos não se limitam às
correspondências com a imposição das instituições modernas
simplesmente, mas na “perspectiva múltipla da narrativa”, um espaço
onde os diferentes níveis narrativos se articulam. Fizemos alguns
empréstimos conceituais dos estudos de Guattari e Rolnik sobre
subjetivação: para compreender a representação simbólica do sujeito
em “Vidas Secas”, e os procedimentos que o constituem. Em segundo
lugar, delimitamos o problema do sujeito sob a luz do estudo de
Badiou. Tomamos também por base o que sugere Giddens sobre como
a modernidade surge em um espaço e reconfigura proporções em um
outro lugar. Por fim, seguimos as discussões de Canclini sobre como o
projeto de modernidade é distinto na América Latina, isto para
apreender como se constitui as articulações da representação simbólica
do sujeito ao longo desta narrativa “regionalista”, que surge como um
desdobramento da modernidade.
Palavras-chave: Narrativa; Sujeito; Subjetivação; Articulação;
Modernidade; Regional.

TRAVESSIAS: ASPECTOS ESPACIAIS E TEMPORAIS DO


LISO DO SUSSUARÃO DE GRANDE SERTÃO: VEREDAS

Ana Karla Costa de Albuquerque


UFPB
Na topografia de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, no meio
do mapa de veredas físicas entre as Minas Gerais, a Bahia e as
~ 64 ~

imediações do Rio São Francisco, salta aos olhos o metafísico Liso do


Sussuarão. A pobreza da vegetação, o ar quente de queimar os pulmões
e o sol de brilho intenso são correspondentes à geografia do sertão
palpável, da terra conhecida pelos homens. Já o misterioso, o
“escampo dos infernos” e o lugar que “não concedia passagem a gente
viva” e que “se emenda com si mesmo” são características do aspecto
geográfico assimilado à ficcionalidade e à fantasia. É na anomalia da
geografia do sertão real que reside o encontro entre o aspecto espacial
do Liso do Sussuarão e o tempo de travessia, a primeira sob o comando
de Medeiro Vaz e a segunda sob a chefia de Riobaldo, já como Urutu
Branco. Este trabalho se propõe a analisar a fusão entre espaço e tempo
na enunciação das duas travessias do Liso do Sussuarão sob a luz dos
estudos de Bakhtin sobre as formas de cronotopo no romance.
Palavras-chave: Guimarães Rosa; Grande Sertão: Veredas; Cronotopo.

VIDAS SECAS OU DO SILÊNCIO COMO LINGUAGEM

Leyla Thays Brito da Silva


UFPB

No universo ficcional do romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, a


aridez que marca a vida das personagens é uma realidade evidente. Não
apenas o espaço geográfico, caracterizado pela paisagem ressequida, em
época de estio severo, determina essa aridez, mas também a secura
existencial, sobretudo, em relação à linguagem. A dificuldade de
comunicação é o que mais atormenta a personagem Fabiano, o chefe da
família de retirantes, em torno dos quais se desenvolve a trama do
romance. Fabiano questiona a própria honra e dignidade exatamente
em função de sua falta de habilidade com as palavras. Através da
fortuna crítica de Graciliano, discute-se uma possível animalização das
personagens, em virtude de sua inabilidade verbal. Contudo, a partir da
categoria estética do narrador, inteiramente imerso no pensamento das
dramatis personae, consegue-se identificar o nível de refinamento das
elaborações subjetivas de Fabiano e de sua família. Essa animalização
humana, em virtude da dificuldade das personagens em relação à
~ 65 ~

linguagem, é absolutamente discutível. A partir da tipologia do ponto


de vista na ficção, desenvolvida pelo teórico Norman Friedman,
pretendemos, com este trabalho, refletir sobre o refinamento humano
que constitui o romance Vidas Secas, dando enfoque aos
questionamentos existenciais, à angústia e à capacidade de sonhar e de
projetar esperanças de cada personagem.
Palavras-chave: Romance; Linguagem; Silêncio; Narrador.
~ 66 ~

ANÁLISE DO DISCURSO LITERÁRIO

ALENCAR E OS MODERNOS EUROPEUS: UM DIÁLOGO


POSSÍVEL

Sandra Mara Alves da Silva


UFC

Nomes como Victor Hugor, Madame de Staël e Georg Lukács, em seus


escritos sobre as formas literárias e os períodos histórico-filosóficos,
destacaram a inadequação de uma forma clássica para o período
moderno, com homens que apresentam novas configurações sociais,
que estabelecem novas relações relacionais entre si e apresentam novos
anseios muito diferentes do homem da Antiguidade. Os nossos
primeiros românticos conseguiram movimentar o ambiente literário no
Brasil e fazer refletir os intelectuais da época sobre a nacionalização da
nossa literatura, mas na produção dessa geração, identifica-se, lado a
lado, o conservadorismo classicista em oposição às aspirações
românticas de liberdade estética. Enquanto se falava, nos ensaios da
revista Niterói, revista brasiliense (1836), da necessidade de se voltar
para os motivos nacionais e de se defender a quebra da rigidez métrica
e a instauração de novos padrões estéticos na literatura brasileira, na
produção literária propriamente dita, identificava-se ainda um forte elo
com a literatura clássica, e uma confusão entre temas nacionalistas e a
escrita ao modo neoclássico. A exemplo disso, destaca-se Gonçalves de
Magalhães, com A confederação dos tamoios (1856), um poema épico
escrito muito tempo após a superação, na Europa, das discussões
acerca da inadequação da epopeia para o período moderno. José de
Alencar foi o grande responsável pelo reconhecimento de tal
inadequação e em suas Cartas sobre A confederação dos tamoios
(1856) revela a impossibilidade de se criar uma forma clássica na época
em que o Brasil se encontrava. Este estudo pretende uma reflexão
sobre a consonância de ideias estético-literárias de Alencar, ao compor
seus romances indianistas e ao condenar a escolha formal de
Magalhães, com os ideais apregoados pelos românticos europeus, no
~ 67 ~

que concerne à necessidade de superar as velhas estruturas formais e


reconhecer o romance como a forma literária moderna por excelência.
Palavras-chave: Antigos; Modernos; Formas Literárias; Romance; José
de Alencar.

À SOMBRA DA CASA-GRANDE: PATRIARCADO,


RESSENTIMENTO E LOUCURA EM FOGO MORTO

Simone Rossinetti Rufinoni


USP

Em Fogo morto, de José Lins do Rego, a casa-grande paira como


presença sufocante: domina a narrativa no sentido objetivo e
metafórico. Se, por um lado, todo espaço externo, o mundo do casebre
do agregado mestre José Amaro ou a vila onde atua o capitão Vitorino,
estão sujeitos à ordem patriarcal, ao engenho de fogo morto e aos
caprichos de seus moradores, por outro, a grande propriedade agoniza.
O desejo de autonomia dos homens pobres, evidenciado pelo afã da
palavra, choca-se com a inexistência do espaço público, esfera da polis,
local por excelência da manifestação da liberdade. Apesar do traçado
introspectivo, tessitura por meio da qual o conflito internalizado se
desvela e se desdobra, a concretude das relações sociais tolhe os
impulsos de independência – práxis e discurso – submetendo-os às
mesmas e velhas relações de compadrio e ao poder do pater famílias.
Assim, de modos diversos, tanto o polo da dependência, marcado pelas
tentativas falhadas de emancipação; quanto pólo do poder, aferrado ao
apego à aristocracia rural ruinosa, estarão sujeitos ora à manifestação do
ressentimento, ora aos modos da loucura, formalmente configurados.
Palavras-chave: Fogo Morto; patriarcado; loucura.
~ 68 ~

O AMOR E O CIÚME PROUSTIANO: UM ESTUDO


SEMIÓTICO SOBRE O IMAGINÁRIO

Raquel Catunda Pereira


UFC

O presente trabalho pretende analisar semioticamente a


interdependência do amor e do ciúme na literatura de Marcel Proust.
Tomaremos como reflexão inicial a obra Os caminhos de Swam, no
qual o objeto-valor de Charles Swam não se manifesta no desejo de
possuir Odette, mas em almejar a tranquilidade que lhe foi preterida
pelo ciúme crescente de seu objeto de amor. Também trataremos de
uma estrutura diversa de manifestação do amor proustiano por meio da
investigação do romance entre Marcel e Albertine, figurado nas obras A
prisioneira e A fugitiva. Nelas, o estado consonante com o seu objeto
de amor é na realidade disfórico para Marcel, enquanto, por outro lado,
o ciúme acarretado pela possibilidade de perdê-la apresenta-se como
um fator conjuntivo com o seu objeto-valor preponderante: o
sofrimento. Desta maneira, traçaremos o Percurso Gerativo de Sentido
proposto por Greimas (1973) a fim de tecer a arqueologia do amor e do
ciúme, amparando-nos nos objetos-modais dos personagens fictícios:
Swam e Marcel, na obra Em busca do tempo perdido (1913-1927).
Palavras-chave: Proust; Semiótica; Ciúme; Discurso.

O DISCURSO DA ALMA SOB DOIS VIESES: O DISCURSO


ESTÉTICO BAKHTINIANO E O DISCURSO BÍBLICO-
TEOLÓGICO

Wilder Kleber Fernandes de Santana


UFPB

Neste artigo se propõe analisar o discurso da Alma sob dois vieses: o


discurso estético de Bakhtin (2011) em paralelo ao discurso bíblico-
teológico (2012, cf. DAKE). Fundamentados na perspectiva
enunciativa da linguagem, pretendemos: 1) analisar como se dão as
enunciações em ambos os documentos a partir do seu uso, reprodução
~ 69 ~

e circulação; 2) observar as possibilidades de sentido presentes nos


discursos bakhtiniano e bíblico-teológico; 3) compreender como ocorre
a apreensão de outras as vozes sociais e os efeitos (inter)discursivos a
partir dos enunciados que se atualizam. Em sendo o discurso da alma
refletido sob a forma de diferentes esquemas sintático-semânticos de
sua recepção/transmissão, entendemos que esses dizeres portam
subsídios que interessam ao analista do discurso, não só como se dá a
movimentação das vozes “outras” citadas nos enunciados, mas também
como o discurso é construído e organizado em toda a linha retórico-
argumentativa a fim de convencer seus interlocutores sobre alguns
pontos emblemáticos que giram em torno das definições de alma. Sob
o viés do dialogismo, buscamos, assim, discorrer sobre estes discursos
estético-bíblico-filosófico-religiosos. Portanto, trata-se, de uma pesquisa
de caráter bibliográfico e documental norteada pela Teoria Dialógica do
Discurso. Escolhemos como corpus o livro Estética da Criação verbal
(2011) e a Bíblia Sagrada (2012). Para tanto, recorremos aos postulados
da Teoria da Enunciação de Bakhtin (1988, 2010, 2011) e do seu
Círculo, Bakhtin/Voloshinov (2012), além da contribuição dos
trabalhos desenvolvidos por pesquisadores brasileiros, tais como Fiorin
(2012, 2014), Sobral (2006), Francelino (2006, 2013), Faraco (2009),
Brait (2005, 2006), entre tantos outros que trabalham com pesquisas
voltadas aos estudos da linguagem.
Palavras-chave: Alma; Discurso; Estético; Bíblico-teológico.

A DIVINDADE DE JESUS CRISTO MANIFESTADA NOS


TEXTOS BÍBLICOS: UMA REPRESENTAÇÃO
TEOLÓGICO-LITERÁRIA

Wilder Kleber Fernandes de Santana


UFPB

Esta análise se propõe a delimitar como objeto de estudo “a Divindade


de Jesus Cristo manifestada nos textos bíblicos”, dentro de uma
verticalidade teológico-literária da linguagem (Bíblia – Pr. DAKE,
2012). Investigamos como se perfaz o cumprimento de cada profecia
~ 70 ~

no que condiz à vinda de um Deus que assumiria forma humana, e de


igual maneira estabelecemos paralelos e simbolismos referentes à
deidade de Jesus. O trabalho se demonstra através de escorrimento
discursivo, e dos usos de enunciados que dialogam entre si.
Entendendo o rico simbolismo existente através das escrituras sagradas,
procuramos observar as possibilidades de sentido presentes nas
narrativas e relatos bíblicos, na busca de compreender como ocorre a
materialização e o cumprimento de profecias messiânicas que registram
Jesus como o próprio Deus encarnado. Observando como cada
enunciado se atualiza, buscamos, assim, discorrer sobre a Divindade de
Jesus. A pesquisa é de caráter bibliográfico e documental, de cunho
qualitativo-interpretativo e o corpus constitui-se de relatos, profecias, e
narrativas acerca da Deidade cristológica. Há em cada discurso a
presença de diversas vozes outras, estas resultantes de relações
interdiscursivas. A análise deste trabalho tem como base os discursos
do profeta Isaías, fatos narrados através dos Evangelhos sinóticos e o
Evangelho de João; A revelação prestada a João em Apocalipse e
registros epistolares do apóstolo Paulo, dentre outros. A princípio,
abordaremos acerca do conceito de Divindade atribuído a Jesus,
caracterizado como princípio constitutivo de seu ser. Em seguida,
discorremos sobre os enunciados que ganham vida em cumprimento
deste conceito nas entrelinhas da Bíblia.
Palavras-chave: Divindade; Jesus; Bíblia.

SOMBRAS DA VIOLÊNCIA: IMAGENS NA POESIA BEAT


DE GREGORY CORSO E NA POESIA (PÓS)MARGINAL DE
CARLOS GURGEL

Alexandre Bezerra Alves


UERN

O século XX revelou novas tendências na poesia, fossem estrangeiras


ou nacionais. Herdando o ideário do discurso libertário do Modernismo
do começo do século, tanto poetas da Geração Beat (Beat Generation)
dos anos de 1950/1960 – que teve vários nomes usando um tom
~ 71 ~

prosaico e fragmentado como mote para a expressão lírica – quanto da


Poesia Marginal brasileira das décadas de 1970 e 1980 foram além de
sua própria época, pois autores que estrearam em meio a tais
movimentos continuaram na ativa. Por um lado, se os estadunidenses
possuem ícones como Gregory Corso (1930-2001) em seu panteão,
entre a Marginália brasileira há ainda inúmeros representantes
desconhecidos e espalhados além do epicentro carioca do movimento,
a exemplo de poetas pouco conhecidos – Alves (2013) prefere o termo
“submerso” – como o potiguar Carlos Gurgel. Estreando entre os
representantes da Poesia Marginal, Gurgel persegue os tons do discurso
fragmentado da escrita Beat, seja através da necessidade em observar a
atmosfera urbana, seja pela procura de um eu lírico confrontado com
uma percepção multifacetada sobre o cotidiano, fato também notório
na lírica de Corso. Beats e marginais parecem capturar uma tradição que
nasce, segundo Hugo Friedrich (1979) e Michael Hamburger (2007),
com Charles Baudelaire – por sua vez influenciado por Edgar Allan Poe
– e atravessa o ideário do Modernismo, desaguando na pós-
modernidade da segunda metade do século XX. A relação da poesia
Beat com a Poesia Marginal passa pela percepção das imagens urbanas,
incluindo-se nelas cenas de violência, nos versos de Corso e Gurgel,
ambos escrevendo sobre a realidade em prol do desejo de uma leitura
reflexiva sobre a humanidade através do discurso poético.
Palavras-chave: Geração Beat; Poesia Marginal; Gregory Corso;
Carlos Gurgel; Violência.

O DISCURSO DE CONSTITUIÇÃO DA SUBALTERNIDADE


EM LIMA BARRETO E JOSÉ LINS DO REGO

Tiago Nascimento Silva


SEDUC

Este trabalho tem por objetivo discutir a perspectiva da constituição do


ethos a partir do romance memorialista enquanto gênero discursivo.
Para tanto, far-se-á uma análise mais detida de narrativas cujas
estruturações textuais explicitam, além das características de
composição e procedimentos narratológicos, marcas linguísticas nas
~ 72 ~

quais se verificam posicionamentos ideológicos voltados à constituição


identitária da condição de sujeito, seja esta erigida à luz do pensamento
dominante e subalternizador ou mediante a visão do subalternizado,
estigmatizado pela coletividade. Considerando a tessitura narrativa
desenvolvida nas obras Recordações do escrivão Isaías Caminha, de
Lima Barreto e Menino de engenho, de José Lins do Rego, a
subalternidade será problematizada no sentido de trazer à tona, cada
autor à sua maneira, dentro dos textos, enunciadores que buscam
estabelecer uma representação de si relativa em se tratando do jogo
social no qual se inserem. O estudo será desenvolvido à luz de uma
perspectiva discursiva, tomando por base os elementos linguísticos que
permitem determinadas conclusões a partir do próprio texto. Porém, é
imprescindível destacar o fato de essas constatações trazerem, implícita
ou explicitamente, uma carga significativa de contextos sociais. Estes
também serão abordados aqui. Como suportes teóricos, na análise do
ethos, serão abordados desde conceitos voltados ao próprio processo
de comunicação, a partir das postulações de Jakobson (1992),
pontuações sobre a construção de si encontradas em Amossy (2008);
além de aspectos que extrapolam os limites internos do texto e
reverberam em considerações sociológicas, isso sob a ótica do texto de
Ianni (1987), Spivak (2012) e não descartando observadas em Freire
(2006). A intenção deste texto não é, de forma alguma, elucidar
totalmente as obras quanto aos quesitos analisados, porém, ilustrar de
forma coerente a importância da análise linguística e da correlação desta
com fatores extratextuais de construções ideológicas.
Palavras-chave: Literatura; Construção discursiva; Subalternização;
Lima Barreto; José Lins do Rego.

POR UMA FALA NEGRA: VOZERIO E


PERFORMATIVIDADE EM UM DEFEITO DE COR

Fabiana Carneiro da Silva


USP

O ineditismo que a voz narrativa, em primeira pessoa, de uma africana


escravizada no Brasil representa em nossas letras é um acontecimento
configurado pelo romance Um defeito de cor (2006), de Ana Maria
~ 73 ~

Gonçalves, que demanda investigação atenta. Ainda que já no meio da


história a narradora Kehinde consiga comprar a sua alforria, é a
condição de escrava – sempre à sua espreita, na medida em que a
liberdade que adquire é frágil – que irá pautar suas ações e perspectivas
até a volta para África, onde a necessidade de manter distância da
condição cativa do passado recente determina igualmente suas
empreitadas, não raro contraditórias no que concerne a essa experiência
pregressa. De modo a resultar numa complexa composição formal,
sobretudo no que concerne à construção da voz enunciativa do texto, o
romance parte da precariedade de registros biográficos e literários
fundamentados na perspectiva da mulher negra ao longo do período
escravista e mobiliza um repertório de conteúdo oral, que sobreviveu
graças às tradições e religiões de matrizes africanas no Brasil. Nesta
direção, a obra explicita índices de oralidade que remetem a distintos
sujeitos e momentos históricos e são alinhavados por uma voz
contemporânea a fim de reelaborar ficcionalmente desde a perspectiva
negra feminina - ponto de vista cuja legitimidade é até hoje socialmente
questionada -, um significativo momento da história do Brasil, a saber,
um recorte de quase oitenta anos no século XIX. Para explicitar isso,
nesta comunicação, pretendo compartilhar um recorte da análise do
romance, por meio da qual constata-se que ao livro podemos atribuir
uma dimensão performativa que sublinha as lacunas da história
nacional, enfatiza o desconhecimento acerca da cultura negra e visa, se
não engajar os leitores, ao menos mobilizá-los no sentido de criar
condições para uma experiência da História desde um lugar social
negro.
Palavras-chave: Um defeito de cor; Literatura afro-brasileira e
História; Crítica literária e discursividade negra.

A REPRESENTAÇÃO DO CANTADOR NO DISCURSO DE


PEDRA BONITA

Maria Thamirys Reinaldo


URCA
Este trabalho discute como está representado o cantador de viola
nordestino na obra Pedra Bonita de José Lins do Rego, publicada pela
~ 74 ~

primeira vez em 1938, sendo seu último romance. Neste livro, o autor
mistura dinamicamente aspectos sociológicos, culturais e psicológicos
da sociedade brasileira, que faz com que seja considerada, pela crítica, a
sua obra mais completa. As temáticas de Lins do Rego são de caráter
regionalista e tendem a descrever o sertanejo, de acordo com Simões
(1992), como o romancista moderno brasileiro, mais lírico, visto que
sua obra possui uma linguagem voltada à oralidade. A pesquisa será
desenvolvida através de bases teóricas como Ayalla (1988), que
colabora com a caracterização e descrição dos cantadores; e
Meangueneau (2006), para auxiliar a compreender o funcionamento e a
formação discursiva. Procuraremos observar o contexto de formação
da literatura regional e associa-lo a obra, afim de mostrar como o
cantador se desenvolve em sua função sujeito do discurso sobre a
cultura popular em Pedra Bonita.
Palavras-chave: Discurso; Regionalismo; Tradição Oral.

A VIA CRUCIS DA CARNE: O SUBSTRATO ERÓTICO EM


CLARICE LISPECTOR

Ivanildo Da Silva Santos


UFPB
Rayssa Kelly Santos de Oliveira
UFPB
Hermano de França Rodrigues
DLCV/PPGL/UFPB

Ao nos inclinarmos sobre as questões de gênero e sexualidade, notamos


o potencial do discurso feminino de promover a visibilidade e a
legitimidade das mulheres. A partir das representações políticas e
ideológicas do movimento feminista, outras minorias organizaram-se
para questionar os discursos e as estruturas que reduzem os indivíduos
a classificações estáveis e permanentes. Numa sociedade violenta como
a nossa, os sujeitos que se mostram anômalos aos padrões erguidos pela
matriz heterossexual são interditados, subalternizados e, ferozmente,
negados. Através de uma escrita intimista e feminina, Clarice Lispector
~ 75 ~

inaugura um estilo que ultrapassa os modelos hegemônicos sobre o


corpo e a sexualidade. Sua linha poética transgride e desestabiliza o
pensamento patriarcal. Deparamo-nos, em sua obra, com uma via de
acesso à alma de personagens masculinos e femininos. A linguagem
assume uma dimensão de experiência-limite que Bataille (2014)
denomina de o “gozo sagrado ou místico”. O presente trabalho, nesse
contexto, tem o propósito de adentrar no território lispectoriano, em
especial, no conto O Corpo, no qual investigaremos os enlaces
ideológicos acerca do gênero e sexo que, ainda, repercutem na
sociedade. Nosso arcabouço teórico compreende os estudos de Judith
Butler (2010), Michel Foucault e Guacira Louro (2008).
Palavras-chave: Sexualidade; Gênero; Feminino.

AS (IN)DEFINIÇÕES DO ERÓTICO E DO
PORNOGRÁFICO: A PORNOGRAFIA ENQUANTO
DISCURSO ARTÍSTICO-LITERÁRIO

Rita de Kássia de Aquino Gomes


UFRN

A pornografia protagoniza ao longo do tempo um papel contraditório


na sociedade. Lançada ao mundo dos interditos, ela existe, se
consolida, mas atua na clandestinidade, proporcionando um prazer que
estigmatiza e desqualifica o que quer que esteja ligado a ela, o que acaba
por trazê-la em uma perspectiva excludente do campo da arte.
Opondo-se a tal perspectiva, este trabalho, coaduna da visão de alguns
teóricos, como Sontag (1987), e parte do princípio de que a
pornografia, se posta à parte do seu julgamento histórico-social e
psicológico, também é passível de categorização artística. Pornografia e
arte não se repelem. Pornografia e literatura não se excluem. O presente
estudo reflete sobre o caráter da pornografia enquanto gênero artístico-
literário, partindo da reflexão sobre o seu histórico de transformação ao
longo de seu surgimento e questionando as definições reducionistas que
acabam por tratar pornografia e arte como elementos antitéticos.
Altercações a respeito da oposição entre erotismo e pornografia
~ 76 ~

enquanto gêneros literários distintos também serão feitas, trazendo os


problemas conceituais e de estrutura envolvendo tal antinomia. Para
isso, o estudo contraporá a visão sobre o tema de importantes teóricos
como Morais (1984), Hunt (1999) e Maingueneau (2010).
Palavras-chave: Pornografia; Erotismo; Literatura; Arte.

REPRESENTAÇÃO DA FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO EM


ROMANCES DE ONDJAKI

Gabrielly Martins da Silva


IFPE

Bildung, aprendizado ou educação, é a descrição e o acompanhamento


do crescimento da criança ou adolescente até sua fase adulta. Na
literatura, narrativas que tratam da formação do personagem
correspondem ao conceito de Bildungsromane ou romances de
formação. Nesta proposta, escolheu-se Ondjaki, escritor angolano da
contemporaneidade, e três de suas narrativas: Os da Minha Rua (2007),
Bom Dia, Camaradas (2006) e AvóDezanove e o Segredo do Soviético
(2009), tendo as duas primeiras obras o mesmo personagem e a última
um personagem distinto mas que é acompanhado dos mesmos amigos.
O contexto de Os da Minha Rua se assemelha ao de Bom Dia,
Camaradas. A combinação das duas obras é transmitida na Luanda dos
anos 1980, recém independente de Portugal, um período que tem como
fundo um ambiente em precariedade e difíceis condições de
sobrevivência, capital de um país assolado por uma guerra civil. Em
Avódezanove, a comunidade da praia do Bispo em que moram as avós
do protagonista é vigiada pelos soviéticos que são responsáveis pela
segurança de Luanda e pela construção de um mausoléu para o corpo
do presidente luandense. Diante da ameaça de explosão de tal
comunidade, as crianças planejam a destruição do mausoléu,
confrontando a presença soviética e o regime político angolano. É
importante destacar que os eventos das narrativas ficcionais de Ondjaki
se comunicam com parte das experiências da vida do autor, o que
caracteriza sua ficção como autobiográfica. Este trabalho tem como
~ 77 ~

finalidade a reflexão acerca da representação da formação dos


personagens de Ondjaki. Para isso, lança-se mão da fortuna crítica de
suas obras, da análise do conceito de Bildung por Freitag (1994) e das
investigações acerca da ideia de Bildungsroman de Bakhtin (2011).
Palavras-chave: Romance de formação; Ondjaki; Bildungsroman.

IMAGENS POÉTICAS EM UM CONTO DE DALTON


TREVISAN

Wesslen Nicácio de Mendonça Melânia


UFAL

No presente trabalho, analisamos a presença da construção do discurso


poético no conto “O ciclista”, do escritor paranaense Dalton Trevisan.
O texto, caracterizado pela sucessão de imagens e metáforas,
caracteriza-se na condição contemporânea do chamado miniconto, uma
narrativa breve e sintética que se manifesta no limiar entre o conto e a
poesia. A escrita de Dalton Trevisan tem sido marcada por essas
construções de narrativas curtas, onde a perseguição pela objetividade e
o poder de condensação fazem com que a escrita se aproxime ainda
mais do fazer poético. Por isso, inicialmente, elencamos os fatores que
nos permitem identificar a tessitura textual desse conto do “Vampiro de
Curitiba” enquanto discurso poético e que a distingue dos demais
discursos literários (em suas variadas formas, expressões e gêneros),
estabelecendo a “imagem”, conforme a definiu Octavio Paz (1976),
como o recurso poético, ou seja, o elemento caracterizador de poesia,
por excelência. Além disso, destacamos o papel do recurso metafórico
na criação desses compostos imagéticos e da apresentação de sentidos
contraditórios ou paradoxais na apresentação dessas imagens e de como
eles são necessários para a construção de uma realidade poética
singular. Por fim, identificamos no conto essas características e como
este se transforma e se atualiza através da presença poética.
Palavras-chave: Conto; Discurso poético; Literatura brasileira;
Imagem.
~ 78 ~

O ACONTECIMENTO E SUA VOLTA: A IMAGEM SOBRE O


NORDESTE NA LITERATURA E MÍDIA BRASILEIRA

Thainá da Costa Lima


UFPB
Marcela Viana de Souza

Com base nos pressupostos da Análise do Discurso de linha francesa,


sobretudo na esteira de pensadores como Foucault (2002), Pêcheux
(1999) e Courtine (2003), o presente artigo objetiva analisar a
construção imagético-discursiva sobre a região nordeste materializada
nos textos literários “Morte e Vida Severina” de João Cabral de Melo
Neto e “Cangaceiros” de José Lins do Rego. Observamos como se dá
os efeitos de sentido articulados pela mídia na forma de um novo
acontecimento que aparece com caráter de singularidade. A partir da
comparação entre o dizer literário e o midiático, evidenciamos uma
diferença bastante significativa no efeito de sentido destes discursos.
Estes são construídos em momentos históricos não coincidentes, o que
afasta, consequentemente, as condições de produção de cada um.
Contudo, a imagem discursiva e imagética sobre o Nordeste na mídia
demonstra que, através da estratégia de repetição, há um desejo
constante de ativar nossa memória para o que foi construído nos livros
literários de teor regionalista e de criar uma vontade de verdade quase
que dogmática do que seria a região em questão. Deste modo,
constatamos que o novo acontecimento vem carregado de estereótipos
advindos de um difuso processo de estereotipização, que tenta criar
uma homogeneidade excludente e preconceituosa que é absorvida até
mesmo pela população nordestina.
Palavras-chave: Nordeste; Mídia; Discurso Literário.
~ 79 ~

SOB A LEI DO DESEJO: O ARQUÉTIPO DA MULHER


FATAL NA LITERATURA SICARESCA COLOMBIANA

Dayse Helena Viana de Albuquerque Gouveia


UFPB

Durante décadas, a história da Colômbia esteve associada à imagem do


narcotráfico, no início dos anos noventa, porém, esta imagem se
desloca das páginas jornalísticas reverberando na literatura e cinema
local. Naquele momento, não mais os grandes chefes do narcotráfico
recebem o protagonismo, mas os sicários, os seus assassinos de aluguel
ganham as páginas literárias, emergindo uma vertente na literatura
colombiana denominada sicaresca. Um dos seus pontos principais é
colocar em destaque os sicários, revelando a dualidade entre a face cruel
e benévola destes jovens. Nas obras sicarescas aparece de modo
exacerbado o enfrentamento entre Eros e Tânatos, os personagens
vivem em urgência, em um duelo entre a vida e a morte. Imerso nesta
atmosfera efervescente da década, surge Jorge Franco, um jovem
escritor promissor que atingiu o sucesso, em 1999, ao publicar o seu
mais importante e reconhecido romance intitulado Rosario Tijeras. O
ineditismo desta obra se deve à protagonista, uma sicária,
representando uma ruptura à tradição de personagens masculinos na
literatura sicaresca.Apesar de ser inserida nos romances deste gênero,
Rosario Tijeras relega ao segundo plano a problemática do narcotráfico,
elevando em primeiro lugar, um romance sentimental. A personagem
que intitula o romance é uma assassina de aluguel construída sob os
moldes da crueldade e da sensualidade transitando entre o mundo do
crime e à classe burguesa emergente enredando suas vítimas até o seu
aniquilamento. O objetivo deste trabalho é analisar como a
representação da mulher fatal é construída na narrativa de Jorge Franco
através do sentido mítico-arquetípico. Para isto, numa interlocução
entre literatura e a psicologia analítica, utilizaremos como aporte teórico
Jung, Harding, Bolen, Campbell e Mielietinski.
Palavras-chave: Literatura colombiana; Literatura Sicaresca;
Arquétipos; Mulher fatal.
~ 80 ~

O ACONTECIMENTO E SUA VOLTA: A IMAGEM SOBRE O


NORDESTE NA LITERATURA E MÍDIA BRASILEIRA

Marcela Viana de Souza


UFPB
Thainá da Costa Lima
UFPB

Com base nos pressupostos da Análise do Discurso de linha francesa,


sobretudo na esteira de pensadores como Foucault (2002), Pêcheux
(1999) e Courtine (2003), o presente artigo objetiva analisar a
construção discursiva sobre a região nordeste materializada nos textos
literários “Morte e Vida Severina” de João Cabral de Melo Neto e
“Cangaceiros” de José Lins do Rego. Observamos como se dá os
efeitos de sentido articulados pela mídia, na forma de um novo
acontecimento que aparece com caráter de singularidade. A partir da
comparação entre o dizer literário e o midiático, evidenciamos uma
diferença bastante significativa no efeito de sentido destes discursos.
Estes são construídos em momentos históricos não coincidentes, o que
afasta, consequentemente, as condições de produção de cada um.
Contudo, a imagem discursiva materializada na imagem sobre o
Nordeste arquitetada pela mídia demonstra que, através da estratégia da
repetição, há uma vontade de verdade em ativar nossa memória para o
que foi construído nos livros literários de teor regionalista e assim, criar
uma outra “verdade” quase que dogmática do que seria a região em
questão. Deste modo, constatamos que o novo acontecimento vem
carregado de estereótipos advindos de um difuso processo de
estereotipização que tenta criar uma homogeneidade excludente e
preconceituosa que é absorvida até mesmo pela população nordestina.
Palavras-chave: Nordeste; Mídia; Discurso Literário.
~ 81 ~

A CONSTRUÇÃO DA BELEZA EM THE TELL-TALE


HEART

Rafaelle Saraiva da Silva


UECE

Edgar Allan Poe foi um contista, poeta e crítico literário estadunidense.


Com o estilo gótico e grotesco, o autor escreveu a respeito de morte e
mistério e, além disso, acreditava que tais elementos possuíam beleza;
característica atrelada à estética do texto e a seu efeito sobre o leitor.
Para Poe, a beleza fica em maior evidência através da representação dos
sentimentos de tristeza e de melancolia. Por essa razão, neste trabalho,
objetivamos analisar a construção da beleza no conto The Tell-Tale
Heart (1985). Esse conto apresenta a narrativa de um homicídio e de
suas consequências para o homicida, que passa a escutar as batidas do
coração de sua vítima, mesmo após essa ter sido assassinada. Dessa
forma, perguntamo-nos que estratégias foram utilizadas pelo escritor no
referido conto a fim de construir sua beleza. Como base teórica,
recorremos ao ensaio de Poe, A Filosofia da Composição (1985) e aos
estudos de Todorov (1981), de Schopenhauer (2004) e de Blanchot
(2011).
Palavras-chave: Beleza; Construção; Efeito.

PROCEDIMENTOS IDEOLÓGICOS E ACTORIAIS EM


MENINO DE ENGENHO: UM ESTUDO SEMIÓTICO

Thiago da Silva Almeida


UFPB
Maria de Fátima Barbosa de Mesquita Batista
DLCV/PPLP/PPGL/UFPB

Este trabalho objetiva analisar o aparato ideológico subjacente às ações


dos atores discursivos do romance Menino de Engenho, do escritor
paraibano José Lins do Rego. As análises serão fundamentadas sob a
ótica da semiótica de vertente francesa desenvolvida por A. J. Greimas.
~ 82 ~

No aparato greimasiano, a noção de ator substitui a designação de


personagem proveniente da tradição literária. Trata-se de uma entidade
que pode se apresentar de modo figurativo ou não-figurativo, ser tanto
individual, quanto coletivo. O ator é identificado pelo seu nome
próprio ou pelo seu papel temático no discurso. Escolhe-se trabalhar,
portanto, com os atores secundários do romance que carregam o traço
/+humano/ e que mantêm alguma relação com o ator central,
Carlinhos. Reis & Lopes (1988) afirmam que os atores conferem ao
texto investimentos de natureza temática, ideológica e sociocultural.
Para a semiótica greimasiana, ideologia é uma instância no percurso
gerativo que apresenta os valores disseminados em sua forma abstrata
ou temática, é o sistema de valores de um sujeito modalizado segundo
um querer-ser ou um querer-fazer.
Palavras-chave: Semiótica; Actorialização; Ideologia.

O DISCURSO IRÔNICO EM DOIS CONTOS DE DALTON


TREVISAN

Wesslen Nicácio de Mendonça Melânia


UFAL

No presente trabalho, analisamos a presença da ironia em dois contos


do escritor paranaense Dalton Trevisan: “A boneca” e “Emiliano
redivivo”. Cada ministória apresenta uma construção irônica diferente e
em que a incidência da ironia ora recai sobre o conteúdo apresentado
ora sobre o discurso literário, intensificando a característica condensada
e sintética do miniconto e sua capacidade de potencializar sentidos. A
ironia, em si mesma, já se constitui em um recurso polissêmico que
produz, no mínimo, dois sentidos distintos em um mesmo dizer. Além
disso, a escrita de Dalton Trevisan, marcada pela construção de
narrativas curtas, preza a objetividade e o poder de condensação que
fazem com que o discurso literário seja ainda mais permeado pela
multiplicidade de sentidos. Assim, a compreensão das várias
manifestações da ironia na escrita do “Vampiro de Curitiba” constitui-
se em chave de leitura que contribui para a compreensão do gênero
~ 83 ~

miniconto e sua manifestação na escrita deste autor. Além disso,


destacamos o papel da ironia na criação de efeitos de comicidade e/ou
estranhamento, e da apresentação de sentidos contraditórios na
construção do tema da violência ou na escrita satírica, conteúdos
recorrentes na obra de Dalton Trevisan. Finalmente, utilizamos o
método de análise literária através da perspectiva da redução estrutural,
relacionando o uso da ironia nos contos com uma leitura da realidade.
Palavras-chave: Ironia; Conto; Literatura Brasileira.

O DESEJO DO INCESTO: UMA ANÁLISE DO CONTO “O


PERFUME DE ROBERTA”, DE RINALDO DE FERNANDES

Rossana Tavares de Almeida


UFPB
Andréia Paula da Silva
UFPB

O intuito deste trabalho é a análise do "O perfume de Roberta", de


Rinaldo de Fernandes, tendo como categoria de análise a violência e a
perversão sexual. Nossa pretensão é verificar de que forma a violência é
praticada, focalizando as atitudes do personagem com o pseudonome
“Pedro”, que pratica a ação, e como a relação com a jovem é
construída. Além disso, pretendemos também mostrar as diversas
formas como a violência se manifesta no texto. Utilizando como
principal base teórica o capítulo “Sobre o poder simbólico", do livro O
poder simbólico, do sociólogo Pierre Bourdieu. Tal escolha justifica-se
pelo fato da violência no conto se revelar de forma tácita. A escolha do
corpus é relevante, primeiramente, porque encontramos não há
trabalhos que já tenha analisado a narrativa sobre este víeis. A violência
do conto é um meio pelo qual um homem realiza sua fantasia sexual,
que não poderia ser realizada em condições normais.
Palavras-chave: Conto; Violência; Poder; Perversão.
~ 84 ~

A VOZ DOS SILENCIADOS: PODER E RESISTÊNCIA NA


OBRA DE JOSÉ LINS DO REGO

Edjane Gomes de Assis


DLCV/UFPB

Ao longo de nossa vida ouvimos histórias que ficaram cristalizadas em


grandes enciclopédias, museus, praças e diversos espaços que
documentam a memória brasileira – são os chamados “lugares de
memória”. Contudo, tais histórias estão povoadas de eventos
grandiosos, cujas figuras de reis e imperadores são cultuadas, exaltadas,
em detrimento de outros sujeitos que também foram imprescindíveis
(se não decisivos) para o desenrolar dos fatos. O discurso literário,
sobretudo apresentado na obra regionalista de José Lins do Rego
funcionou como um movimento de resistência à história contada na
perspectiva do vencedor. Na série de romances que marcaram o que ele
denominou de “ciclo da cana-de-açúcar” – Menino de Engenho (1932),
Doidinho (1933), Banguê (1934), O Moleque Ricardo (1935) e Usina
(1936), encontramos elementos de uma cultura de resistência às
oligarquias dos senhores de engenho. Quando conta a história
atribuindo voz ao Moleque Ricardo, por exemplo, entre tantos
personagens que circulam nos bastidores da “casa grande”, aqueles
situados na base na pirâmide social, José Lins atua mediante modos de
resistência aos modelos regimentais e disciplinares daqueles condutores
de saberes (senhores feudais). Com base na Análise do Discurso
francesa, e na esteira dos articuladores da linguagem e pensamento,
como Pêcheux (1997), Foucault (2000; 2004; 2005), Le Goff (2005),
iremos focalizar, mais especificamente, a construção discursiva
constituída na voz do personagem Ricardo, agora em outra condição de
produção – na obra Usina. A passagem da cultura rudimentar para o
processo de industrialização das usinas açucareiras, focalizada na obra,
interdiscursa com a própria transformação dos personagens. O olhar de
Ricardo, bem como de outros personagens, engendram vontades de
verdade do autor em trazer para primeiro plano, sujeitos emudecidos,
censurados e cerceados pela tirania de um capitalismo que vem agindo
de modo excludente desde a década 1930 aos dias atuais.
Palavras-chave: Discurso literário; Silêncio, Poder; Resistência.
~ 85 ~

DOCE IMPACIÊNCIA: O DISCIPLINAMENTO DA ESPERA


NA OBRA "PASSAGEIRO DO FIM DO DIA"

José Helber Tavares de Araújo


IF Sertão-PE

Centrado na apreensão das conexões entre sofrimento social e tempo


do trabalho disciplinado, este ensaio visa empreender uma leitura crítica
do romance Passageiro do fim do dia (2010), de Rubens Figueiredo,
sob uma tríplice perspectiva: mapear as zonas de espera dos seus
principais personagens que, presos em um engarrafamento, no final de
expediente de uma sexta-feira, permanecem imobilizados, recebendo
doses de aflição como uma punição social do tempo urbano;
compreender que, a partir do texto literário, podemos identificar a
elaboração de um discurso social sobre como as expectativas das
pessoas foram rebaixadas a um presentismo contido e desamparado;
entender que todo o movimento de foco do narrador está baseado na
busca pela representação de personagens que sofrem dominação social
constante. A proposta é entender como o novo tempo de
racionalização do capitalismo leva as pessoas a amargarem um estado
de emergência perpétuo ao invés de alguma real insurgência. Para tal
interpretação, toma-se como textos de fundamentação O novo tempo
do mundo (2014), de Paulo Arantes, Futuro Passado, de Reinhart
Koselleck (2006) e Os condenados da cidade (2001), de Loic Wacquant.

Palavras-chave: Literatura Brasileira; Crítica Literária; Teoria crítica.

O RIO CONTRA O MAR: UMA (RE)LEITURA EM LA


POÉTIQUE DE LA RÊVERIE DE GASTON BACHELARD

Joaquim Nepomuceno de Oliveira Neto


UFPA

Neste estudo, pretende-se fazer uma breve (re)leitura do método crítico


bachelariano, tomando por base o livro La poétique de la rêverie,
bastante representativo do pensamento do filósofo francês que
~ 86 ~

apontou, com a teoria dos quatro elementos fundamentais - água, ar,


fogo e terra - como definidora do temperamento imaginário de vários
escritores, ao apontar novos caminhos para a crítica poética, permitindo
melhor análise e compreensão das produções literárias.
Palavras-chave: Quatro Elementos; Imaginário; Produções Literárias.

O DISCURSO POLÍTICO DE ALMEIDA GARRETT:


MECANISMOS DE RESISTÊNCIA ENTRE A FICÇÃO E
REALIDADE

Amanda Gomes Olímpio Flor


UFPB
Juliana Andréa Cerino da Silva
UFPB
Edjane Gomes de Assis
DLCV/UFPB

Todo e qualquer modelo de sociedade é organizado politicamente e


sistematizado através de regras capazes de conduzir de forma
disciplinar os sujeitos, que por motivos variados, necessitam de
assistências contínuas do Estado. O presente artigo objetiva analisar,
discursivamente, a forma organizacional e os procedimentos
disciplinares do governo político de Portugal, contextualizada na obra
“Viagens na minha Terra”, de Almeida Garrett (1846[2013]).
Percebemos na obra um forte enredo político na literatura narrativa em
prosa, cujos fatos “reais” marcantes daquela nação, estão entrelaçados
aos imaginários ficcionais, centralizando-se na resistência do autor ao
modelo governamental vigente. Na esteira dos pressupostos da Análise
do Discurso de Linha Francesa, iniciada por Pêcheux (1997), e seguida
por Foucault (1997), bem como, estabelecendo uma articulação com
Arendt (1958[2010]), temos como propósito, analisar a partir deste
arcabouço teórico, o processo de discursivização construído na
conjunta política portuguesa e materializado na obra de Garret.
Especificamente, a crítica elaborada ao longo do romance, mostra a
função-autor ao estabelecer uma resistência com a finalidade de sempre
~ 87 ~

manter um diálogo entre o real e o ficcional. De forma minuciosa


abraçaremos algumas questões que discursivizam com os modos
políticos e disciplinares no espaço da obra e interligando com outros
aspectos vigentes no século XXI.
Palavras-chave: Discurso político; Poder; Resistência.

A VERDADE NA PERSPECTIVA INFANTIL - ENTRE AS


HISTÓRIAS: OS TRÊS PORQUINHOS E A VERDADEIRA
HISTÓRIA DOS TRÊS PORQUINHOS

Maria Efigênia Alves Moreira


UFC/IFCE
Ileane Oliveira Barros
José Ronaldo Ribeiro da Silva

A presente pesquisa tem como objetivo discutir a “verdade” na


perspectiva infantil entre as histórias: Os três Porquinhos e A
verdadeira história dos três porquinhos (SCIESKA, 2005). Para ilustrar
a pesquisa bibliográfica são apresentadas as percepções das crianças em
momentos de vivências literárias com as duas histórias já referidas. A
primeira é uma narrativa tradicional em terceira pessoa, onde o lobo
surge como vilão; a segunda, narrada em primeira pessoa pelo próprio
Lobo, tem a pretensão de ser a verdadeira, como se apreende do título.
No entanto, diante de “verdades” historicamente instituídas sobre a
antropomorfização dos animais, os quais ganham características
atribuídas pelos humanos, e, considerando o discurso do Lobo, as
crianças tendem a refutar a versão do narrador. A pesquisa é ancorada
principalmente em Michael Foucault, quando discute a verdade como
categoria discursiva no interior das relações sociais; em Marie-José
Chombart de Lauwe ao refletir sobre a relação da infância com os
animais e Mikhail Bakhtin, visto que realizou-se uma análise do
discurso do Lobo e foram debatidos os princípios axiológicos,
envolvendo três “eus”: criança, narrador e autor.
Palavras-chave: Literatura; Infância; Análise do Discurso; Percepção
infantil; Real/imaginário.
~ 88 ~

O DISCURSO RELIGIOSO DE JOSÉ LINS DO REGO

Marcos Paulo da Silva Soares


Faculdade Batista do Cariri

O nordestino é, essencialmente, religioso. Na obra de José Lins do


Rego, isso é muito bem documentado pela recorrência das figuras
‘padre’, ‘igreja’ e ‘santas missões’. Por ser mais dionisíaco que apolíneo,
tem preferência pelo franciscanismo (VILLAÇA, 1984, p.204), não pelo
jesuitismo. Aqui influenciado profundamente em seu modo de ser
escritor por Gilberto Freyre (LIMA, 2001, p. 110). Gerando não uma
devoção inútil, mas um importante elemento na formação da
weltanschauung do autor, principalmente em seu lirismo. O presente
trabalho se propõe a explorar o uso dessa temática no pensamento e
escrita do literato paraibano, tomando por base os princípios teóricos
da Análise do Discurso (AD) da linha francesa (ORLANDI, 2001) e da
Semiótica Greimasiana (GREIMAS, 1975; BARROS, 1999). Na
perspectiva da AD, considera-se o texto uma unidade de significado,
destacando-se nele: o modo de funcionamento da linguagem e as
condições de produção (o que envolve ‘protagonistas’ e ‘objeto do
discurso’). Pressupõe-se que todo discurso é: (1) uma construção
incompleta, (2) constituída em duplo contexto (o imediato de
enunciação e o histórico-social) e (3) instituída na relação entre
formações discursivas e ideológicas. O sentido da obra de Lins do Rego
é, portanto, permeado de outros discursos, escapando ao domínio
absoluto do referido autor. Seguindo os pressupostos teóricos da
semiótica greimasiana, destacar-se-ão os procedimentos de organização
textual, os mecanismos enunciativos de produção e recepção (‘jogo da
interlocução’, a relação ‘enunciador-enunciatário’). Seguindo Barros
(1999), preocupar-se-á no presente trabalho com a descrição, a análise e
a explicação das estruturas e mecanismos dos sentidos que o compõem
o texto de Rego.
Palavras-chave: Franciscanismo; Lirismo; Análise do Discurso;
Semiótica Greimasiana.
~ 89 ~

CRONOTOPO NA POÉTICA DE MANOEL DE BARROS

José Ronaldo Ribeiro da Silva


IFCE
Maria Efigênia Alves Moreira
IFCE
Ileane Oliveira Barros
IFCE
José Rômulo Porfírio de Lima
IFCE

A crítica literária reconhece que Bakhtin não é o fundador do conceito


de cronotopia. O mestre russo tomou emprestado o termo a partir de
conceitos da matemática e da teoria da relatividade de Einstein, apesar
de se apoiar epistemologicamente na figura de Kant e seus seguidores.
Seu mérito está na “metaforização” do conceito que ele aplicou aos
estudos literários para designar a relação indissociável entre o espaço e
o tempo. O conceito de cronotopo em Bakhtin aparece primeiramente
no texto formas de tempo e de cronotopo no romance – ensaios de
poética histórica e, depois, em Estética da criação verbal, no capítulo
intitulado o romance de educação na história do realismo. Utilizamos
esse arcabouço bakhtiniano de indissiciabilidade de espaço e tempo
para analisar aspectos da poética de Manoel de Barros. Esse conceito
trespassa a poética do autor sendo considerado uma estética própria
específica dele. O presente trabalho busca averiguar como Manoel de
Barros elabora sua estética cronotópica através do olhar criativo-
contemplativo.
Palavras-chave: Cronotopo; Estética; Manoel de Barros.
~ 90 ~

O DISCURSO INDIRETO LIVRE NO CONTO A IGREJA DO


DIABO DE MACHADO DE ASSIS

José Ronaldo Ribeiro da Silva


IFCE
Maria Efigênia Alves Moreira
IFCE
Ileane Oliveira Barros
IFCE
José Rômulo Porfírio de Lima
IFCE

No enfrentamento dialógico da linguagem, encabeçada pelo mestre


russo Mikhail Bakhtin (2014) e os membros do Círculo (Medvedev,
Voloshinov, dentre outros), os enunciados são compreendidos como
materialização contínua de diálogos, de ideologias e vozes. Dentro
deste escopo, a categoria analítica “discurso citado”, aprofundada na
obra Marxismo e Filosofia da Linguagem é um dos temas mais caros
para o grupo de pensadores. Suas análises demonstram o caráter
dialógico-ideológico da citação da fala alheia. Os autores abordam os
discursos citados direto, indireto e indireto livre e variantes. Os
discursos citados direto e indireto permitem-se serem recuperados
linguisticamente, pois se materializam na teia discursiva de forma mais
fronteiriça. Em outras palavras, é possível identificar, com diferentes
níveis de aproximação, o autor de cada enunciado. No caso do discurso
indireto livre, há uma fusão de duas vozes, fato que inviabiliza
identificar se o enunciado é puramente do autor ou da personagem.
Este trabalho tem por objetivo analisar o uso do discurso indireto livre
no texto intitulado A igreja do Diabo e quais os efeitos de sentido
alcançados por essa bivocalidade.
Palavras-chave: Discurso citado; Discurso indireto livre; Bivocalidade.
~ 91 ~

INTERTEXTUALIDADE EM O SUAVE MILAGRE (1885), DE


EÇA DE QUEIROZ E OS RELATOS BÍBLICOS SOBRE A
VIDA DE JESUS

Maria Efigênia Alves Moreira


IFCE
José Ronaldo Ribeiro da Silva
IFCE
Ileane Oliveira Barros
IFCE

O objetivo desta pesquisa consiste em apresentar relações de


intertextualidade entre o conto O suave milagre, de Eça de Queiroz e
relatos bíblicos sobre a vida de Jesus. E para melhor situar a pesquisa,
apresenta-se o conto como um gênero literário (MOISÉS, 2004),
bastante utilizado por Eça e os conceitos de intertextualidade e
interdiscursividade a partir dos estudos de Bakhtin (1998), Fairclough
(2001) e Diana Barros (1997). No que se refere à obra eciana, o
referencial utilizado foram estudos de João Maria Reynaud (2003),
Antônio Néry (2009) e Alfredo de Campos Matos (2002). No conto O
suave milagre, o narrador apresenta uma descrição de lugares por onde
Jesus Cristo andou, pessoas que foram contemporâneas dele e os
milagres que operou, recriadas a partir de relatos bíblicos, numa relação
de intertextualidade. O referido conto traz a imagem de Jesus
divinizado, perdoando os pecadores e confortando os pobres. E diante
da fama que se espalhava além Galileia, dois ricos homens enviam seus
servos para que encontrem o Mestre e o tragam para resolver situações
pessoais, mas não o encontram. No entanto, Jesus aparece a uma pobre
viúva, com um filho aleijado, que almejava muito conhecê-lo e ser
sarado.
Palavras-chave: Religião; Eça de Queiroz; Milagre; Jesus.
~ 92 ~

ANÁLISE DE EPÍTETOS ATRIBUÍDOS À PERSONAGEM


EURICLEIA NA "ODISSEIA", DE HOMERO

Jessica Torquato Carneiro


UFPB
O presente trabalho se propõe a analisar a presença de epítetos
atribuídos à personagem Euricleia na obra de Homero chamada
“Odisseia”. Os epítetos escolhidos estão nos cantos XVII, XIX, XX e
XXII, uma vez que, dentre os vinte e quatro cantos da Odisseia, são
uns dos que possuem maior participação desta personagem, e,
portanto, apresentam maior número de epítetos referentes à Euricleia.
A fundamentação teórica está pautada em PEREIRA (1984), pois a
autora expõe diversas reflexões acerca da existência de epítetos em
obras de Homero e os analisa em diversas personagens, como Ulisses,
Penélope, Hera, Heitor, entre outros. A escolha dos epítetos como
categoria de análise se deu porque é um dos elementos estilísticos e
estruturais mais marcantes nos poemas de Homero, sendo vestígios da
tradição oral que perpassa a história dos versos homéricos, uma vez
que, se hoje temos acesso a essas histórias através da palavra escrita, foi
porque esses poemas foram anteriormente cristalizados ao longo dos
anos por meio da oralidade. Além disso, autilização de epítetos pode ser
entendida como um artifício adotado pelos poetas clássicos para
facilitar a memorização e marcarem características das personagens. A
escolha de tecer uma análise tendo como foco a personagem Euricleia
se justifica pelo fato de se tratar de uma serva da família de Odisseu,
logo, as atenções da análise não se voltam apenas aos grandes heróis,
reis e deuses clássicos, mas, para uma personagem que não representa
nem a realeza nem as divindades. Diante do até aqui exposto, vê-se que
o presente trabalho pretende demonstrar como uma análise sobre os
epítetos pode conferir reflexões pertinentes para compreender melhor
os papeis das personagens dentro da narrativa.
Palavras-chave: Literatura clássica; Odisseia; Epítetos; Euricleia.
~ 93 ~

TATUAGEM ENQUANTO RECURSO NARRATIVO: UMA


ANÁLISE ACERCA DA PEÇA “THE ROSE TATTOO”, DO
AUTOR TENNESSEE WILLIAMS

Jessica Torquato Carneiro


UFPB

A descrição física das personagens cumpre um importante papel para o


desenvolvimento de uma trama, uma vez que oferta ao leitor uma série
de aspectos que o ajudam a compreender o tom que o autor pretende
conferir às personagens. Alguns dos elementos, geralmente
evidenciados para a caracterização, são as marcas corporais (COSTA,
2014), tais como cicatrizes, sinais de nascença, piercings e, elemento
foco do presente trabalho, tatuagens. Na peça “The Rose Tattoo”
(1950), Tennessee Williams “tatua” três das personagens com uma
mesma imagem: a rosa. Ao longo da narrativa, as três tatuagens estão
atreladas à vida sexual e simbolizam relações amorosas vivenciadas
pelas personagens. Com isso, vê-se como a tatuagem, no contexto da
obra, está conectada à libido e marca os corpos desses sujeitos,
trazendo para a superfície algo que lhes é interior, sendo esse um dos
aspectos importantes para entender a tatuagem como um texto que
narra dentro de uma outra narrativa, pois diz sobre a história das
personagens. O referencial teórico que respalda esta análise da tatuagem
enquanto recurso narrativo está presente em Nesselhauf (2014), através
da discussão sobre esse fenômeno na literatura moderna. Além disso,
aparentemente, a rosa não foi escolhida ao acaso, uma vez que esse
símbolo permeia toda a trama, sendo necessário analisá-lo dentro do
encadeamento de significações que emanam do contexto geral da peça.
Diante disso, é possível observar como as marcas corporais, presentes
nas personagens, vinculam-se às histórias e aos percursos narrativos, o
que permite uma melhor compreensão sobre a psique desses “seres de
papel”.
Palavras-chave: Construção narrativa; Marcas corporais; Tatuagem.
~ 94 ~

A INDEXICALIDADE E O DISCURSO POÉTICO EM


"PAULICÉIA DESVAIRADA"

Raniere de Araújo Marques


UFPB

Este artigo analisará a funcionalidade dos índices degenerados, no


sentido peirciano do termo, na representação poética e discursiva da
cidade de São Paulo, no livro Paulicéia Desvairada. Signos são
elementos de representação cuja função é possibilitar o
desenvolvimento da linguagem. Por isto, todo fenômeno que
percebemos na consciência, ou melhor, todo fenômeno que
percebemos é e sempre será intermediado por signos. Estes são,
portanto, onipresentes na nossa percepção e apresentam-se de forma
multifacetada. Não são espelhos da realidade, na medida em que são, ou
fazem parte constituinte do real, sendo determinado e determinante do
mesmo. Daí ser imprescindível o reconhecimento desta sua função para
que possamos entender todo fenômeno, também como um fenômeno
de e na linguagem. A Literatura, portanto, não pode ser vista nem como
um fenômeno que espelha o real, nem como uma manifestação
puramente sígnica ou formal. Embora sua relação com o signo seja de
natureza distinta de outras linguagens, matem-se nela este aspecto do
signo citado acima, quer seja: o signo é determinante e determinado
pelo real. Esse trabalho terá especial atenção neste aspecto histórico do
signo literário, reconhecendo a complexa teia que envolve essa
temática, sobretudo, quando se trata de poesia. Além da teoria
peirciana, este trabalho usará como fundamentação autores de outras
áreas do conhecimento, tais como: Nicolau Sevcenko, Sérgio Miceli,
Michel Foucault e Walter Benjamin. Com isto, nosso objetivo é, ao
articular distintas áreas de conhecimento, desvendar sentidos e
funcionalidades nas constantes citações referenciais presente no livro,
corpus deste artigo. Observando, inclusive, as diversas formas como o
índice se apresenta nos poemas, trazendo contribuições para a teoria
peirciana e para o entendimento da São Paulo do início do século XX,
através da análise da linguagem poética.
Palavras-chave: Índices; Poesia; Representação; Urbanização;
Linguagem.
~ 95 ~

ANÁLISE DO CONTO “UM HOMEM CÉLEBRE” DO


ESCRITOR MACHADO DE ASSIS NA PERSPECTIVA
ATUAL

Damiana Fernandes da Cunha


UEPB

Neste trabalho vamos abordar o conto “Um homem célebre” do


renomado escritor realista Machado de Assis, que busca em seus contos
retratar os conflitos existenciais vividos pela burguesia do século XIX.
Ressaltando também com um viés apoiado nas ideias de Antonio
Candido, em seu texto “Crítica e sociedade”, onde para o autor deve-se
encontrar um equilíbrio entre a forma estética e a obra. Objetivando o
diálogo de ideias com ressalva aos dias atuais na análise do personagem
Pestana que é músico e compositor de polca, é um homem infeliz
porque almeja ser um artista clássico. Engajando nesse ponto o
problema do protagonista do conto em se sentir frustrado e incapaz de
realizar seu sonho, pois toda vez que tenta realizar algo inédito só
compõe polca, sendo ele um bom compositor de polcas, porém isso
não satisfaz sua alma. Tendo como principal aponte teórico Candido
(1980).
Palavras-chave: Conto; Conflitos; Homem.

PSICANÁLISE DO AÇÚCAR DE JOÃO CABRAL: UMA VISÃO


SEMIÓTICA E PSICANALÍTICA

Edilene Maria Oliveira de Almeida


FAMASUL-PE

Esta comunicação objetiva explicar, subjetivamente, as transformações


da cana nas diversas formas do açúcar, visando contribuir para
esclarecer à problemática do fazer açúcar, envolvendo a agricultura
(mãos de barro) e as da usina (mãos de metal). Para que fossem
atingidos estes objetivos, a metodologia adotada foi à pesquisa
bibliográfica, conjunto de referências que norteou entrar no universo
~ 96 ~

canavieiro histórico sob um arcabouço formal dentro da semiótica,


apontando o percurso gerativo de sentidos, envolvendo o Nível
Fundamental, o Nível Narrativo e o Nível Discursivo. De certo modo a
associação com a psicanálise mostra que a condição natural de ser fica
embutida no inconsciente pela própria constituição, o tempo vai
desmascarando a sua forma verdadeira. O presente estudo pretende
como resultado chegar a um entendimento semântico que a poesia não
só está pautada de mostrar o processo de fazer o açúcar, mas também
aborda a consciência aguda da história e da cultura em que o autor está
inserido.
Palavras-chave: Literatura; Semiótica; Psicanálise.
~ 97 ~

LITERATURA E CINEMA

A REPRESENTAÇÃO DA PERSONA FEMININA MARIA NA


NARRATIVA FÍLMICA VIDA MARIA

Josy Kelly Cassimiro Rodrigues dos Santos


UFPB

O presente trabalho tem como objetivo pensar sobre as relações entre


ficção e cultura presentes na narrativa fílmica cearense Vida Maria
(2006), de Mário Ramos. A animação produzida em computação gráfica
3D, colorida e finalizada em 35mm foi patrocinada pelo 3º Prêmio
Ceará de Cinema e Vídeo, do Governo do Estado do Ceará e Secretaria
da Cultura. Contendo, aproximadamente, nove minutos de duração, o
curta-metragem Vida Maria foi amplamente premiado, recebendo mais
de quarenta prêmios em festivais de cinemas no Brasil e no exterior,
dentre as premiações destaca-se o Prêmio de Melhor Animação
Internacional, no 15º FENSACOR – Festival Chileno Internacional
Del Corto metraje (2007). Além da relação ficção e cultura, também
buscamos, de acordo com os pressupostos da História Cultural e a
noção de representação, pensar a temática social – da valorização da
alfabetização, bem como os valores e hábitos do povo nordestino a
partir da personagem feminina “Maria”, representante de uma
coletividade do lugar feminino. Para isso, utilizamos como
pressupostos teóricos Genette (2009), Aumont (2003) e Reis (1988)
para tratarmos de teoria e crítica de cinema; os estudos de Chartier
(1990) subsidiou a respeito da História Cultural.
Palavras-chave: Curta-metragem; Vida Maria; História Cultural;
Narrativa fílmica.
~ 98 ~

“A DAMA DA NOITE”, DE CAIO FERNANDO ABREU, NO


YOUTUBE: OS SIGNOS DA SIMULAÇÃO

Luciana de Queiroz
UFPB

O monólogo “Dama da noite” (2011) é baseado no conto homônimo


de Caio Fernando Abreu (1948-1996). Publicado na coletânea Os
dragões não conhecem o paraíso (1988), o conto trata de um solilóquio
de uma personagem feminina que se encontra em um bar bebendo e
conversando com um interlocutor jovem que não possui voz nenhuma
durante toda a narrativa. A partir do conto em questão, o ator Daniel di
Britto monta o monólogo para a intervenção na casa de um amigo que
está aniversariando. Neste evento, denominado Noite das Estrelas
(2013), cada convidado faz uma intervenção artística. Em uma sala que
serve de palco, com um cenário simples e um figurino singelo e
peculiar, o ator atua sem quase modificar o texto original. Deste
monólogo foi criado um vídeo e divulgado no site Youtube, ou seja,
trata-se de um misto de linguagens artísticas em que um conto, se
transforma em teatro, que se transforma em cinema. O objetivo deste
trabalho, pois, analisar os signos presentes nos gestos do ator que
simulam sua felicidade falsa.
Palavras-chave: Caio Fernando Abreu; Conto; Adaptação; Signos.

SONS AND LOVERS: UMA RELEITURA DO ROMANCE DE


D. H. LAWRENCE NAS TELAS

Carlos Augusto Viana da Silva


UFC

O romance moderno inglês Sons and Lovers (1913), de D. H.


Lawrence, discute assuntos polêmicos, tais como sexualidade, política e
classe social. A narrativa conta a história de Paul Morel, que cresceu
próximo a Nottingham, uma área de trabalho nas minas, e deseja ser
um artista criativo. O centro da narrativa é a relação entre Paul e sua
mãe. Ele a ama e depende dela para que o mundo em volta faça
~ 99 ~

sentido. Entretanto, para se tornar um homem independente e um


artista, precisa tomar suas próprias decisões sobre sua vida e seu
trabalho. Este romance pode ser lido como o primeiro sobre a classe
trabalhadora inglesa, contado do ponto de vista de um autor que a ela
pertencia. Nesse sentido, Lawrence problematiza, através da construção
desse personagem, questões sociais e suas implicações no contexto
sócio-histórico. O objetivo deste trabalho é analisar a adaptação fílmica
Filhos e Amantes (1960), por Jack Cariff, considerando a forma como
se dá a releitura de Paul na tela. Acreditamos que a adaptação fílmica
focaliza aspectos importantes da narrativa literária para os espectadores,
mas não segue sua tendência inovadora da construção da personagem,
uma vez que sua interpretação é afetada por novas questões culturais e
temporais. Como fundamentação teórica, levamos em consideração as
ideias de adaptação fílmica como tradução, de Cattrysse (2014),
reflexões acerca da adaptação para as telas, de Cartmell e Whelenhan
(2010); bem análises críticas sobre o romance (KERMODE, 1975;
HAMALIAN, 1973).
Palavras-chave: Adaptação; Narrativa; Tradução.

O DESEJO TRAVESTIDO E A MALDIÇÃO DO DUPLO EM


“DO FUNDO DO POÇO SE VÊ A LUA”

Antonio Peterson Nogueira do Vale


UFRN

A transexualidade é uma temática que vem sendo explorada na


contemporaneidade, visto que novas correntes estão proporcionando
novas abordagens de pesquisa. Este artigo, pois, se propôs a investigar
e a entender a identidade transexual do personagem Wilson, do
romance “Do fundo do poço se vê a lua” (2010), de Joca Reiners
Terron. Por meio desse objetivo geral, a pesquisa assume uma
perspectiva literário-cinematográfica, ao investigar a presença do
cinema no romance. Assim, a leitura da obra é posta em paralelo com a
do filme “Cleópatra” (1963), de Mankiewicz. Este estudo também
analisa o doppelganger, fio condutor da narrativa, embasado na obra
~ 100 ~

“O duplo” (2013), de Otto Rank. Destaca-se, de um lado, a película


servindo como mola propulsora para o personagem Wilson se
encontrar no mundo. Aqui, Elizabeth Taylor, que interpreta a rainha
egípcia de Mankiewicz – e outros filmes citados no romance, como
deleite do protagonista – é a fonte da reinvenção para o personagem
Wilson que, após uma cirurgia de redesignação sexual, assume a
identidade de Cleo e parte para uma jornada no Cairo, onde presume
que encontrará sua felicidade. De outro lado, temos o diálogo com o
duplo, cujo registro na história da literatura é romanceado por Terron.
Defendemos que o duplo na obra está além de uma história
cronológica e mais próximo do narrador Wilson. Ao contextualizarmos
as narrativas, encontramos o duplo significativamente analisado através
da lente do protagonista. Este trabalho apresenta uma associação
disciplinar, já que demonstra, pormenorizadamente, uma ligação entre a
literatura e o cinema e entre outras áreas do conhecimento, como a
filosofia, a sociologia.
Palavras-chave: Transexualidade; Duplo; “Do fundo do poço se vê a
lua”; “Cleópatra”.

THE RAINBOW E A TRADUÇÃO DE D. H. LAWRENCE


PARA AS TELAS

Bruna Renata Rocha Fernandes


IC-CNPQ/UFC
Carlos Augusto Viana da Silva
UFC

O trabalho em questão tem como objetivo analisar o romance The


Rainbow (1915), de D.H. Lawrence e sua tradução para o cinema em
1989, através do filme homônimo dirigido por Ken Russell. Essa
análise tem a intenção de verificar algumas escolhas do diretor e as
consequências que essas escolhas tiveram no desenvolvimento dos
personagens e da narrativa fílmica. O foco será em Ursula, personagem
representativa do universo literário do autor, considerando a forma
como é construída no livro e no filme, e como as decisões do diretor
~ 101 ~

influenciaram na sua tradução para as telas. Partimos da ideia de que


alguns apagamentos na narrativa fílmica mudaram a perspectiva de
construção de Ursula para o espectador. A análise será feita por meio
de passagens do livro que serão usadas para comparar com as
respectivas cenas do filme, para, então, serem demonstradas as
diferenças entre o texto de partida e a sua tradução. Entre os autores
utilizados para a fundamentação teórica estão Dan Jacobson (1981),
com a discussão sobre D.H. Lawrence e a sociedade moderna, James
Wood (2007) e sua introdução sobre o livro The Rainbow, Louis K.
Greiff (2001) e a discussão sobre Lawrence no cinema, assim como
textos do próprio autor que ilustram seus pensamentos e ideologias.
Palavras-chave: Cinema; D.H. Lawrence; Tradução.

DO LIVRO À TELA: IDENTIDADE E REPRESENTAÇÃO


DE PERSONAGENS NORDESTINOS EM VIDAS SECAS DE
GRACILIANO RAMOS

Gleyda Lucia Cordeiro Costa Aragão


UFC
Carlos Augusto Viana da Silva

A iniciativa de levar para os cinemas textos literários é antiga, uma vez


que desde os primórdios da história do cinema, este tem sido um fato
recorrente. A literatura ao fornecer material narrativo para a criação de
filmes reforça a ideia do cinema como um gênero recriador. Ao
assistirmos um filme baseado em uma obra literária, inevitavelmente,
tendemos a fazer paralelos. Comparamos os personagens, o enredo e
muitas vezes questionamos as escolhas feitas pelo diretor e sua equipe.
O que para o grande público não-especializado pode soar como traição
(ou deturpação), Jakobson (1985) denomina de tradução intersemiótica,
ou seja, a interpretação de signos verbais por meio de sistemas de
signos não-verbais. Vidas Secas (1938) apresenta a vida miserável de
uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de tempos
em tempos para áreas menos castigadas pela seca. O personagem
principal, Fabiano é um homem rude, típico vaqueiro do sertão
~ 102 ~

nordestino. Neste trabalho pretendemos analisar a construção deste


personagem na literatura e em sua adaptação para o cinema por Nelson
Pereira dos Santos em1963, partindo da hipótese de que por se tratarem
de meios semióticos diferentes, o mesmo personagem pode ser
construído de formas diferentes de acordo com o público-alvo e o
período histórico de cada obra.
Palavras-chave: Literatura brasileira; Cinema; Personagens; Identidade.

ADAPTAÇÃO E TRADUÇÃO - A RELAÇÃO


INTERTEXTUAL ENTRE LITERATURA E CINEMA

Hélciu Einstein Santos Ferreira


UFRN

Desde sua consolidação como arte no início do século XX, a indústria


cinematográfica tem mantido uma sólida relação intertextual com a
literatura, relação essa que se dá principalmente na adaptação de obras
literárias para o cinema. Clássicos como A Divina Comédia, de Dante
Alighieri, A Odisséia, de Homero e Hamlet, de Shakespeare já tiveram
diversas adaptações para o cinema, assim como romances mais
contemporâneos, como Crime e Castigo, de Dostoievski e O Senhor
dos Anéis, de J. R. R. Tolkien. Embora prática muito comum no
universo cinematográfico, o processo de adaptação de romance literário
em obra cinematográfica é extremamente complexo, uma vez que esse
processo envolve não apenas a transição de uma linguagem artística
para outra, mas também a tradução da mesma. Segundo Walter
Benjamim em seu famoso ensaio “A tarefa do tradutor” (2008), é
importante que, no processo de adaptação, tente-se preservar o
máximo possível a mensagem original (a essência) do objeto artístico
adaptado. Isto pode ser facilitado ou dificultado por uma série de
fatores, tanto intraliterários (complexidade da obra literária, assim como
o número de páginas da mesma) quanto extraliterários (direção, opinião
do público, questões de mercado e interferência interna dos estúdios).
Esse artigo tem o objetivo de analisar esse processo de adaptação e
tradução de um texto literário em filme, com ênfase nas questões
intertextuais e dialógicas desse processo. Para exemplificar as questões
abordadas neste artigo, faremos uso de passagens de alguns textos
~ 103 ~

literários, com enfoque no romance A Vida e as Opiniões do


Cavalheiro Tristram Shandy, do escritor irlandês Laurence Sterne, e de
sua respectiva adaptação cinematográfica, A Cock and Bull Story
(2005), de Michael Winterbottom. Para nossa análise, além do texto de
Benjamim, remetemos aos estudos de Ismail Xavier (1983) e Syd Field
(2001), além de outros trabalhos focados nas relações entre literatura e
cinema.
Palavras-chave: Literatura; Cinema; Tradução; Adaptação;
Intertextualidade.

MACBETH: UMA LEITURA CONTEMPORÂNEA DE


SHAKESPEARE NA TELA

Raquel Ferreira Ribeiro


UFC

A tragédia Macbeth de William Shakespeare, escrita no século XVII, foi


mais uma vez adaptada ao cinema em 2015 pelo diretor australiano
Justin Kurzel. A “peça escocesa” é uma das histórias shakespearianas
mais levadas às telas, sendo assim, o que uma nova produção pode
trazer de novo sobre a obra para o público do século XXI? Reforça-se
então, a ideia de que o texto literário não prescreve o caminho a ser
seguido por quem o adapta, de modo que a literatura serve apenas
como ponto de partida e não de chegada. Este tipo de abordagem
atribui um processo criativo e transformador ao ato de adaptar uma
obra literária e que oferece à plateia um novo texto. As discussões sobre
adaptações cinematográficas identificam nova construção de sentido,
tomando o diretor/produtor como leitor da obra original que adapta a
narrativa em sequências de imagens (CATTRYSSE, 1992). Acrescenta-
se ainda, a noção de instância narrativa (real e fictícia), que indica quais
escolhas de história e narrativa foram feitas para uma produção
narrativa fílmica (AUMONT, 1995). O objetivo deste trabalho é,
portanto, refletir quais escolhas da produção Macbeth (2015) se
enquadra nos tipos de instâncias narrativas com foco em determinar
sequências de imagens, ou elementos fora de quadro se enquadram
~ 104 ~

como tal. Os resultados parciais apontam para reinterpretações de


motivações dos personagens Macbeth e Lady Macbeth.
Palavras-chave: Shakespeare; Macbeth; Adaptação fílmica; Instância
narrativa.

DIÁLOGOS EM CONVERGÊNCIA: IMBRICAÇÕES ENTRE


LITERATURA CONTEMPORÂNEA E CINEMA
BRASILEIRO PÓS-RETOMADA

Jivago Oliveira da Foseca


UFC

O atual papel de destaque assumido pela adaptação fílmica no campo


cultural brasileiro revela uma ligação cada vez mais íntima entre os
sistemas literário e cinematográfico nacional, apontando para
interferências mútuas tanto na forma quanto nas questões
mercadológicas ligadas a esses meios. Norteados pelas emergentes
posturas analíticas oferecidas por visões de cunho culturalistas acerca
da arte, juntamente com a apreensão do contexto globalizado
responsável pela ascensão de uma nova classe consumidora de
produtos artísticos, podemos perceber como o processo de adaptação,
desde as últimas quatro décadas, passou a mostrar-se como um
mecanismo de interveniência estética e legitimação comercial entre os
dois meios envolvidos. A proposta desse trabalho é entender de que
maneira as produções literárias contemporâneas e as cinematográficas
do período conhecido como “pós-retomada” – que apreende o início
dos anos 2000, segundo Oricchio (2003) ¬– se imbricam e
reconfiguram seus respectivos sistemas, exigindo, assim, uma nova
postura criativa e desmistificadora por parte de seus produtores e do
seu público consumidor. Utilizaremos, a fim de ilustrar nossa análise,
duas adaptações emblemáticas do período em questão, o filme Cidade
de Deus (2003) e O Invasor (2002); e, para guiar teoricamente nosso
ponto de vista, utilizaremos o viés apresentado por André Lefevere
~ 105 ~

(2007) sobre sistema cultural e reescritura, além da ideia de cultura da


convergência oferecida por Henry Jenkins (2009).
Palavras-chave: Literatura; Cinema; Interferências;
Contemporaneidade.

“LA CIUDAD Y LOS PERROS”: UMA LITERATURA


CINEMATOGRÁFICA

Bruna Rafaelle de Jesus Lopes


IFRN

Natália Oliveira Moura

Este estudo tem por corpus a obra literária La ciudad y los Perros,
publicada em 1963, e o filme homônimo que é baseado na obra de
Mario Vargas Llosa, lançado em 1985. A narrativa traz o cotidiano dos
cadetes do Colégio Militar Leoncio Prado, colégio que não existe
somente na ficção, mas é referência em Lima, Peru, instituição da qual
Vargas Llosa foi aluno. Vale salientar que o enredo narrativo aponta
para a formação do sujeito nas instituições militares, onde prevalecem
dois códigos norteadores, o dos alunos e o da própria instituição,
ambos machistas. Tendo em vista que o autor peruano é um dos
escritores latino-americanos que mais levou suas obras literárias para o
campo cinematográfico, são elas, “La ciudad y los perros”, “Pantaleón y
las Visitadoras” y “La Fiesta del Chivo”, é importante que haja um
olhar crítico sobre as releituras de suas obras. Assim, debruçaremo-nos
sobre quais são os pontos fortes da narrativa vargallosiana que já
aparecem em seu romance primogênito, capaz de introduzi-lo tão
facilmente no cinema. Então, a proposta deste artigo é analisar o
diálogo existente entre os autores e as suas produções, ou seja, texto
literário e a produção cinematográfica e o ponto alto do romance La
ciudad y los perros para o cinema. Para tanto, pautamos nossa pesquisa
nos postulados de Umberto Eco a respeito da semiótica e a filosofia da
linguagem, Bakhtin também fomenta nosso trabalho no que se refere à
construção das personagens, assim como na análise pautada nos seus
~ 106 ~

conceitos de polifonia e dialogismo que são conceitos desenvolvidos


pelo teórico russo e que nos ajudam na interpretação da obra de Llosa.
Outro teórico que embasa nossa pesquisa é Antônio Cândido, este
estudo é fundamentado no que ele define como crítica integrativa ou
dialética, em que os elementos sociais estão inseridos na obra como um
elemento estético intrínseco a ele.
Palavras-chave: La ciudad y los Perros; Vargas Llosa; Literatura;
Cinema; Dialogismo.

O PERTENCIMENTO E A SENSIBILIZAÇÃO ATRAVÉS


DOS RASTROS DA HISTÓRIA: RESSENTIMENTO E
MEMÓRIA NO FILME ‘HASHMATSA’

Jose Eider Madeiros


UFPB

Este ensaio traz uma leitura associativa entre o filme-documentário


Hashmatsa, ou Defamation, de Yoav Shamir (2009), e a temática da
memória e do ressentimento a partir das elucidações conceituais
presentes nos trabalhos de Konstan (2001) e Gagnebin (2001). De
maneira breve, busca-se compreender como grupos sociais a exemplo
dos judeus, vítimas históricas do Shoah, estabelecem a narrativa de seus
antepassados como via testemunhal dos campos de concentração, e,
por extensão, de exploração, de abuso e de extermínio, além das
perseguições e da catástrofe, a fim de agregar noções de pertencimento
e identidade coletiva que combatem o antissemitismo, que preservam a
memória dos vitimados, e que, inevitavelmente, provocam contradições
dentro da própria comunidade judaica. Percebe-se que, devido à
presença transversal da emoção no contexto de análise e sendo este
ingrediente o que converge com a relação cada vez mais atual da ponte
de análise entre literatura, história e trauma nos estudos de Seligmann-
Silva (2009, 2012, 2015), a representação fílmica e os textos apenas
esboçam parcialmente um quadro maior bastante desafiador e
complexo sobre a importância das reminiscências traumáticas.
Palavras-chave: Literatura de memória; Trauma; Documentário;
Shoah.
~ 107 ~

DO TEXTO À TELA: LAURA BROWN REESCRITA NO


CINEMA

Ricelly Jáder Bezerra da Silva


UECE

O objetivo deste trabalho é analisar a tradução da personagem Laura


Brown, do romance The Hours (1999), do escritor estadunidense
Michael Cunningham, para o filme homônimo de Stephen Daldry
(2002). No romance, o autor descreve os processos mentais de suas
personagens, utilizando o recurso conhecido como fluxo de
consciência, para apresentar seus conflitos internos. Por isso,
perguntamo-nos quais estratégias foram utilizadas na tradução da
referida personagem para o filme de Daldry, uma vez que Laura, uma
dona de casa morando no subúrbio de Los Angeles na década de 1950,
não se identifica com as funções de mãe e esposa designadas a ela. De
modo que seus conflitos surgem do sentimento de não adequação
àquelas funções. Partimos da hipótese de que, no filme, os elementos
cenográficos e o uso da câmera constituem os principais meios
empregados para apresentar os conflitos da personagem ao espectador.
Como fundamentação teórica, utilizaremos os conceitos de reescritura
de Lefevere (2007), de adaptação como tradução de Cattrysse (1995), os
estudos sobre a personagem de ficção de Candido (2011) e de Lima
(2011), bem como os estudos de Aumont (1995) e Martin (2005) a
respeito do cinema.
Palavras-chave: Reescritura; Literatura; Cinema.

“QUANDO DOGVILLE MOSTRA OS DENTES”:


DISTANCIAMENTO E METAFICÇÃO EM DOGVILLE
(2003), DE LARS VON TRIER

Joselayne Ferreira Batista


UFPB

A metaficção é quando a ficção fala de ficção, quando uma obra faz


referência a si, ou, ainda mais, quando incorpora outras ficções dentro
~ 108 ~

de si. As metaficções, são um jogo intelectual com a memória literária,


promovendo um diálogo entre tais ficções. Este artigo pretende trazer
algumas considerações acerca da estratégia metaficcional em Dogville
(2003), filme do diretor dinamarquês Lars von Trier, além de investigar
como o distanciamento faz-se presente no filme, e compreender como
estes recursos formais revelam nuances ideológicas contidas na
narrativa. Dogville é um filme onde a diegese se passa nos EUA. A
narrativa é situada após a crise de 1929 em uma cidade nos Estados
Unidos, chamada Dogville. Grace é uma fugitiva de gângsteres e é
escondida por Tom na cidade. Este acredita que Dogville precisa
discutir e aprender sobre aceitar o outro. Grace, então, torna-se a
experiência de Tom que não resulta da maneira que o autointitulado
filósofo esperava. Ela é explorada por todos em relação ao seu trabalho
(e também seu corpo), uma vez que sua moeda de troca, por não
possuir nenhum capital, é sua força braçal – alegoria do modo operante
do sistema capitalista. Para alcançar os objetivos deste artigo, faremos
uma breve explanação sobre o que é metaficção ou reflexividade para
alguns autores, como Robert Stam. Além disso, também faremos uma
revisão crítica da noção de distanciamento, segundo os pressupostos do
dramaturgo Bertold Brecht, a exemplo de: a criação de um espectador
ativo, a rejeição do voyeurismo e da “convenção da quarta parede”, a
crítica aos abusos da empatia e do pathos, - a arte como um
chamamento à práxis. Ambos os recursos se fazem presentes em
Dogville e é fundamental conhecê-los para se compreender melhor o
filme de Lars von Trier.
Palavras-chave: Dogville; Metaficção; Distanciamento.

INFLUÊNCIA KAFKIANA EM ROMAN POLANSKI: A


ESTILIZAÇÃO DA ANGÚSTIA

Matheus Picanço Nunes


UECE
Leonardo de Oliveira Colares
UECE

As obras de Franz Kafka são marcadas por um universo claustrofóbico


e angustiante, em que as personagens se encontram em situações-limite
~ 109 ~

que quebram a lógica cotidiana, como Gregor Samsa, em A


metamorfose (1915) ou Josef K., em O processo (1925). O mundo
opressivo e surreal criado pelo autor é fonte de inspiração para diversas
obras cinematográficas, que se utilizam do típico sentimento kafkiano
para construir tramas vertiginosas e marcantes na história do cinema
mundial. Dentre essas obras, objetivamos analisar a Trilogia do
Apartamento do diretor e roteirista Roman Polanski, composta pelos
filmes Repulsa ao sexo (1965), O bebê de Rosemary (1968) e O
inquilino (1976), por meio das noções de Stam (2002) e Covaleski
(2009) sobre a intertextualidade no cinema. Diante disso, o estudo
permite vislumbrar o diálogo com os elementos da obra de Kafka no
desenrolar dos enredos da Trilogia do Apartamento, tendo como
principal fator em comum o espiral de paranoia e loucura em que a
tênue linha entre real e irreal é desfeita.
Palavras-chave: Franz Kafka; Roman Polanski;
Intertextualidade.

FÁBULA E SYUZHET NA ADAPTAÇÃO FÍLMICA TEMPO


DE IRA

Mylena de Lima Queiroz


UEPB

Partindo da premiada obra fílmica Tempo de ira (2003), com roteiro de


Marcelo Gomes e direção de Gisella de Melo e Marcélia Cartaxo,
também atriz, é-nos possível, levando-se em consideração ser uma
adaptação declarada, analisarmos os vieses que ressignificam a fábula e
que compõem a trama (intriga, syuzhet, sjuzet) do curta metragem em
questão. Dessa forma, o presente trabalho pretende analisar certos
aspectos narratológicos da obra fílmica baseada no conto Cícera
Candóia, de Ronaldo Correia de Brito, à luz da teoria da adaptação.
Assim sendo, são basilares para a nossa investigação os pressupostos
teóricos de Linda Hutcheon (2011), André Gaudreault e Philippe
Marion (2012), além das contribuições, no que diz respeito à teoria da
narrativa, de Carlos Reis e Ana Cristina Lopes (1988), para adentrarmos
~ 110 ~

às concepções clássicas da narrativa, atreladas aos teóricos formalistas,


considerando as ressignificações que têm surgido no âmbito da
narratologia para compreender as novas formas midiáticas.
Palavras-chave: Adaptação; Literatura regional; Narratologia.

O ESPAÇO EM A CULPA É DAS ESTRELAS DE JOHN


GREEN E O FILME HOMÔNIMO DE JOSH BOONE:
TRADUÇÃO E DIÁLOGOS INTERSEMIÓTICOS

Luzinaldo Alves de Oliveira Júnior


UEPB
Eveline Alvarez dos Santos
Centro de Línguas do Estado da Paraíba

A literatura passa por um processo de ressignificação quando é


transformada do texto para o meio audiovisual. Seus signos são
protagonizados através de som e imagem com a intenção de transmitir
a essência que o texto literário traz consigo através de um processo de
equivalências entre os dois sistemas. As diferenças estéticas entre a
Literatura e o Cinema tornam desafiador o processo de tradução na
construção do espaço, tendo em vista que pertencem a sistemas
signicos diferentes e cada um têm suas características inerentes a sua
função, não devendo ser analisadas da mesma maneira. Segundo Borges
Filho (2007), o espaço se refere tanto aos objetos presentes na cena
quanto sua relação direta com sua localização, tendo papel fundamental
para contribuição da compreensão dos signos em ambos os sistemas,
pois ele auxilia no processo de composição e interpretação em ambas
narrativas. O presente trabalho tem como objetivo analisar o espaço no
texto literário tal quanto sua tradução intersemiótica para o cinema da
obra A Culpa é das Estrelas (2012), do autor Norte-americano John
Green e a tradução fílmica de Josh Boone (2014). Como pressupostos
teóricos para este trabalho foram usados os autores: Bazin (1999), Plaza
(2001), Johnson (2003), Xavier (2005), entre outros.
Palavras-chave: Literatura e Cinema; Tradução Intersemiótica;
Espaço.
~ 111 ~

LITERATURA E CINEMA: UMA PROPOSTA DE ENSINO


PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA

Analide Minéia da Silva


UFPB
Daniela Maria Segabinazi
DLCV/PPGL/UFPB

Este trabalho tem por objetivo apresentar uma reflexão e proposta de


Ensino de Literatura na educação básica, a partir dos Fundamentos
sobre a Natureza da Literatura de acordo com a concepção do autor
(GOUVEIA, 2014). Relacionando o aprendizado de literatura à
interdisciplinaridade com o universo do cinema, abordando a arte
cinematográfica de acordo com a construção sociológica do teórico
(ADORNO, 2009). Apresentando a arte da literatura e do cinema de
maneira a traçar elementos entre as duas artes que permeiem o
conhecimento e claro entendimento para que ambas não se confundam,
já que ainda é equivocada a ideia de que quando o Cinema filma um
livro, essa filmografia deve ser fiel ao livro, à Obra literária na qual o
roteiro foi baseado. Usamos ainda o sentido dado à Literatura pelo
teórico (TODOROV, 2009), que afirma que a Literatura é um conjunto
de discursos vivos, e que não surge do vazio, de modo que se tratando
de ensino da literatura na escola básica, se faz fundamental apresentar a
Literatura primeiro, e ensiná-la depois, pois é necessário que ao
desejarmos um efeito de aprendizado literário diferente, se faz
necessário que apresentemos estratégias diferentes, pois o
encantamento também está na forma(estética), e esta forma vem aqui a
ser proposta a partir da apresentação da Literatura junto à arte
cinematográfica, tratando de elementos que podem contribuir para um
melhor aprendizado, assim como a efetivação do exercício da leitura,
sobretudo aos alunos que estão formando suas personalidades, a partir
do que dispõem durante o processo de formação, como os
adolescentes por exemplo.
Palavras-chave: Aprendizagem; Cinema; Educação Básica; Ensino;
Literatura.
~ 112 ~

UMA ANÁLISE SEMIÓTICA DE QUE HORAS ELA VOLTA?,


DE ANNA MUYLAERT

Jonathan Lucas Moreira Leite


UFPB
Jéssica Rodrigues Ferrér
UFPB

O cinema é, naturalmente, uma arte que incorpora várias linguagens na


sua feitura. A obra cinematográfica é composta por elementos
presentes na fotografia, no teatro, na música, na literatura, entre outros.
Nesse sentido, o cinema é, quase sempre, uma construção coletiva,
tanto na pluralidade de códigos que formam o filme, quanto na
diversidade de colaborações para a construção da obra. No artigo
referente a este resumo, objetivamos analisar o filme Que horas ela
volta? (2015), dirigido por Anna Muylaert. Uma das principais temáticas
abordadas no filme são as relações de classe, em particular na sociedade
brasileira, trazidas à tela pelas personagens Val (Regina Casé) e seus
patrões ‘Dona’ Barbara (Karine Teles) e ‘Doutor’ Carlos (Lourenço
Mutarelli), sendo assim, focalizemos nossa análise no símbolo e no
ícone como fatores determinantes para as construções de sentido
presentes na estrutura do longa escolhido. Esses dois conceitos chaves
serão abordados à luz da teoria geral dos signos desenvolvida pelo
americano Charles Pierce e difundida no Brasil por pesquisadores como
Decio Pignatari e Lúcia Santaella. Utilizaremos, ainda, as formulações
de Agra (2014) sobre os aspectos poéticos no cinema e a contribuição
de Ferraz Júnior (2012) sobre a semiótica pierciana.
Palavras-chave: Que horas ela volta; Semiótica; Cinema.

A ASCENÇÃO DA “CASA” DE POE: RECONSTRUINDO A


NARRATIVA GÓTICA EM A "CASA DOS USHER", DE
HAYLEY CLOAKE

Auricelio Soares Fernandes


UFPB
Adaptações das mais variadas formas, como HQ´s, óperas, filmes,
novelas, seriados, cartoons, etc, têm ganhado cada vez visibilidade na
~ 113 ~

cultura de massa. Tal fato é comprovado se levarmos em consideração


as adaptações fílmicas da obra do escritor e poeta americano Edgar
Allan Poe, que ultrapassa o número de trezentas, entre curtas-
metragens, animações e longas-metragens, desde 1909, quando o
primeiro filme da obra do autor foi produzido. Entretanto, mais de cem
anos depois, a obra de Poe permanece ávida no cenário do cinema
mundial, traduzindo e/ou reconstruindo universo o gótico
característico do augor. O Corvo, poema célebre do autor, e os contos
A Máscara da Morte Rubra, O Gato Preto, O Poço e o Pêndulo, O
Coração Denunciador e A Queda da casa de Usher figuram entre as
produções mais adaptadas para o cinema e para a TV. No entanto, esse
artigo tem como objetivo principal discutir a adaptação fílmica The
House of Usher (2006). O filme, apesar de reconstruir magistralmente
alguns elementos estruturais do conto de Poe, não obteve recepção
crítica positiva de uma maneira geral, o que nos leva a propor uma
discussão teórica de ambos conto e filme, a partir de Hutcheon (2013),
Stam (1981) e (2006), Wilbur (1967), Botting (1996), Smith (1999), Poe
(2009) entre outros.
Palavras-chave: A Casa dos Usher; Reconstrução; Adaptação Fílmica.

KEEPING WOMAN’S SEXUALITY IN CHECK: A STUDY ON


SLUT-SHAMING IN THE SCARLET LETTER AND EASY A

Aurielle Gomes dos Santos


UEPB

More than three centuries have passed since the severe Puritan society
forced Hester Prynne to wear on her bosom the token of her sin.
Inspired by Hawthorne’s book The Scarlet Letter, published in 1850,
the 2010 American filmic production Easy A, directed by Will Gluck,
depicts how modern society continues to deem as highly improper
when a woman behaves in a way thought of as deviant. One of the
mechanisms used by patriarchy to restrain women’s autonomous
choices is the so-called slut-shaming, which is the act of depreciating a
girl or a woman by attaching to her the derogatory slut label. This
study, developed through the analysis of the aforementioned works, is
~ 114 ~

going to examine, therefore, the role of slut-shaming in keeping


women’s sexuality in check. In both the literary and cinematographic
works, the main female characters cross the line of what is sexually
acceptable, which leads to public humiliation and ostracism as forms of
punishment. We conducted our research through the theoretical
framework of intersemiotic translation, adaptation theory, and gender
studies.
Keywords: Literature and Cinema; Gender Studies; Slut-shaming.
~ 115 ~

LITERATURA, CULTURA E TRADUÇÃO

OS LAÇOS DE FAMÍLIA E OS CONFLITOS


INTERFAMILIARES, EM CLARICE LISPECTOR

Elizabete Sampaio Vieira da Silva


Eliziane Fernanda Navarro
Elisabeth Battista
UNEMAT

Esta abordagem tem por objetivo o estudo das configurações literárias


dos conflitos interfamiliares em narrativas da coletânea “Laços de
Família”, publicada em 1960, por Clarice Lispector. A autora Clarice
Lispector é uma figura importante da literatura moderna no Brasil,
iniciou a carreira precocemente, tendo aos 16 anos um de seus contos
publicado no jornal literário Dom Casmurro, trabalhou ainda como
jornalista e só então escreveu seu primeiro romance Perto do Coração
Selvagem, que foi publicado em 1944, pela editora do jornal onde
trabalhava. Clarice Lispector, a partir de sua produção ficcional vai
engendrar novas perspectivas acerca da alienação das relações
interfamiliares, desvelando a artificialidade dessas relações e o
aprisionamento do ser humano em decorrência dos laços familiares,
especificamente da figura feminina. Tendo como ponto de partida, a
análise do conto “Feliz Aniversário”, o quinto conto da coletânea, bem
como outros que serão selecionados, buscaremos compreender de que
forma a autora representa os conflitos familiares e os esfacelamentos
destas relações na sua produção. Nossas considerações terão como
embasamento as reflexões críticas teóricas de Antonio Candido (2004),
Nelly Novaes Coelho (2002) entre outros.
Palavras-chave: Clarice Lispector; Família; Relações; Aprisionamento;
Conflitos; Alienação.
~ 116 ~

O OLHAR SOBRE O OUTRO E ASPECTO DA


INTERCULTURALIDADE EM VEREDICTO EM CANUDOS,
DE SÁNDOR MÁRAI

Olavo Barreto de Souza


UEPB

O presente trabalho propõe analisar o modo com o narrador e as


personagens do romance Veredicto em Canudos, do escritor Sándor
Márai, constituem através do seu lugar de fala na narrativa o
desenvolvimento do aspecto da interculturalidade quando aproximam,
nas suas experiências, um olhar sobre o outro desenvolvendo uma
espécie de interpretação deste, ao passo que refletem, também sobre si
mesmos, demonstrando suas cosmovisões. O romance trata de uma
leitura do autor sobre a Guerra de Canudos ocorrida no nordeste
brasileiro, no estado da Bahia entre os anos de 1896 a 1897, de modo
ficcional, delineando aspectos que matizam o evento histórico citado,
focalizando, principalmente o fim desse acontecimento. Escrito como
uma espécie de testemunho ficcional, interessa-nos, mediante o
objetivo enunciado, propor uma leitura analítica do discurso do
narrador, bem como das personagens. Para tanto, no arcabouço teórico
utilizado para ratificar nossos posicionamentos nesse artigo, nos
portamos das considerações de Diana Klinger (2012), Georg Simmel
(2005), Luciana Machado de Vasconcelos (s.n.t.), dentre outros autores
que nos forneceram informações sobre o fato histórico de Canudos e
sua reverberação no campo literário.
Palavras-chave: Alteridade e Interculturalidade; Literatura húngara;
Canudos; Sándor Márai.

A CONSTRUÇÃO DA PARÓDIA NA REPRESENTAÇÃO


CULTURAL DO IMIGRANTE EM O XANGÔ DE BAKER
STREET, DE JÔ SOARES

Ramon Diego Câmara Rocha


UFS
O presente artigo tem o intuito de demonstrar, através de uma análise
do romance O xangô de Baker Street, como a paródia, recurso bastante
~ 117 ~

utilizado na obra como elemento de comicidade, reatualiza discussões


acerca da figura do Outro na formação do povo brasileiro. O trabalho
estudará, portanto, como a construção da paródia, no livro de Jô
Soares, funciona como estopim para reflexões acerca da(s)
representação (ções) cultural (ais) do imigrante, neste caso específico a
partir da figura de Sherlock Holmes. O estudo traçará um paralelo entre
a obra do escritor inglês Arthur Conan Doyle e a parodização de seu
personagem principal no livro do comediante brasileiro. Para além da
representação cultural do imigrante inglês dentro da narrativa de Jô
Soares, estudar-se-á as implicações estéticas a partir da literatura, para se
pensar o processo de alteridade cultural. Para trabalhar tais questões
usou-se como arcabouço teórico para a composição deste artigo,
estudiosos como Bhabha, Aristóteles, Hanciau, Hutcheon, Affonso
Romano de Sant'anna outros que serviram para fundamentação e
desenvolvimento do pensamento crítico das questões supracitadas.
Palavras-chave: Paródia; Representação cultural; O Xangô de Baker
Street.

NAS MALHAS DO MITO: A CONSTRUÇÃO DE UM ETHOS


EXISTENCIALISTA EM LES MOUCHES, DE JEAN-PAUL
SARTRE

Ana Luisa dos Santos Camino


UNINASSAU
Sandra Amélia Luna Cirne de Azevedo
PPGL/UFPB

Em Les mouches, peça encenada na França pela primeira vez em 1943,


durante a ocupação alemã, Jean-Paul Sartre retoma o mito de Orestes,
reestruturando-o em uma tragédia cuja aproximação com o legado
grego se dá por meio do aproveitamento da Oréstia de Ésquilo, e, mais
precisamente, de uma fusão entre as duas últimas partes da trilogia
esquiliana, As Coéforas e As Eumênides. Debruçando-se sobre os
mitos que narram o trágico acontecimento ocorrido no palácio de
Agamêmnon – o assassinato de Clitemnestra por seus filhos, Orestes e
~ 118 ~

Electra –, Sartre busca afirmar seu plano estético e filosófico através do


uso pragmático do mito, recusando suas possibilidades simbólicas,
elaborando Les mouches como um texto de apelo exclusivamente à
razão. No entanto, a despeito da caracterização racional e existencialista
dada ao protagonista Orestes, percebe-se que a presença da instância
mítica de ordem simbólica e afetiva imiscui-se no texto sartreano, e,
ironicamente, na própria figura do herói grego, que adquire contornos
míticos e trágicos. No sentido de demonstrar essa afirmação, este
trabalho percorrerá dois caminhos: 1) à luz da ideia sartreana de um
“teatro de situações”, apontará, em Les mouches, as estratégias de
caracterização e condução da ação usadas para fazer de Orestes uma
alternativa existencialista ao matricídio mítico, sobretudo porque o
engajamento político de Sartre alimenta uma noção de herói que se
oferece destemido à realização de ações libertárias; 2) com base nas
teorias do mito, evidenciará os elementos que permitem ver, em
Orestes, a configuração de um herói mítico, tangido pelo sagrado. Por
fim, serão tecidas considerações a respeito da tensão resultante da
junção, no drama de Sartre, de duas dimensões conflitantes: a razão e o
mito, apropriadamente revistos em um projeto literário que nem se
afasta da filosofia e nem se alheia à luta política.
Palavras-chave: Les mouches; ação e ethos; razão e mito.

DO ENGENHO À USINA: UMA TRANSCODIFICAÇÃO


TEMPORAL

Flaviano Batista do Nascimento


UFPB
Maria de Fátima Barbosa de Mesquita Batista
PPGL/UFPB

Résumé: Ce travail objective analyser les procés de transcodage dans le


roman de José Lins do Rego, a partir de la rupture temporale, propusée
par François Rastier, en «L'action et le sens pour une sémiotique des
cultures», et a partir de la temporalisation (composante de la syntaxe
discursive). Comme crpus il a été choisi le roman « Usina » 1936, de
~ 119 ~

l’écrivain de la Paraiba José Lins do Rego, Livraria José Olympio


editora, 1973. Il a été adoptée la sémiotique de ligne française, nommée
greimasienne aussi, et la sémiotique des cultures, l'un de ses
ramifications, pour analyser le corpus. La première voit le texte comme
un parcours constitué de narrativisation, discursivisation et structure
fondamentale; la deuxième, comme parte de la culture hétérogénie et
diversifié.

Resumo: Este trabalho objetiva analisar os processos de


transcodificação em um romance de José Lins do Rego, a partir da
ruptura temporal, proposta por Rastier em Ação e sentido por uma
semiótica das culturas, e da temporalização (uma das componentes da
sintaxe discursiva). Como corpus escolheu-se o romance “Usina”
(1936), do escritor paraibano José Lins do Rego, Livraria José Olympio
editora, 1973. A teoria adotada à análise do corpus foi a semiótica de
linha francesa, também chamada greimasiana, e a semiótica das culturas,
uma de suas ramificações. A primeira vê o texto como um percurso,
constituído de Narrativização, discursivização e estrutura fundamental;
a segunda, como parte de uma cultura heterogênea e diversificada.
Mots-clé: Sémiotique greimasienne; Sémiotique des cultures; José Lins
do Rego; Transcodage; Temporalisation.

ASPECTOS RESIDUAIS DO MAL EM CRÔNICA DA CASA


ASSASSINADA

Romildo Biar Monteiro


UFC
Elizabeth Dias Martins

O presente trabalho toma por objeto de estudo a Crônica da Casa


Assassinada (1959), do escritor mineiro Lúcio Cardoso, em que há uma
permanente inquietação acerca da condição humana e de seus
questionamentos relativos ao Bem e ao Mal, ao pecado e à redenção. O
objetivo norteador da pesquisa é discutir a questão do Mal a partir de
interpretações teológico-literárias. As manifestações e representações
~ 120 ~

do Mal, fortemente encontráveis no imaginário tanto ocidental quanto


oriental, estão intimamente ligadas à religião que, por sua vez, percorre
toda a extensão da vida sobre a Terra e não está unicamente na sua
superfície, conforme o paradigma da modernidade inclina para a
fragmentação. A questão do Mal implica dimensões mais profundas do
que o senso comum sugere. Por isso, é significativo partir em busca das
representações do Mal no histórico das culturas e no interior de obras
literárias, em particular, nas do escritor Lúcio Cardoso. Para tanto,
pautamo-nos na Teoria da Residualidade, proposta teórico-investigativa
sistematizada por Roberto Pontes, que se baseia no princípio de que
toda cultura contém resíduos de outros tempos e espaços. Por meio
desta pesquisa temos em vista dar mostra do rico repositório de temas
para investigação que se faz presente na literatura brasileira, em
especial, na de Lúcio Cardoso.
Palavras-chave: Mal; Residualidade; Crônica da Casa Assassinada.

JOSÉ LINS DO REGO NA FRANÇA: CORRESPONDÊNCIAS


PASSIVAS E A TRADUÇÃO DE MENINO DE ENGENHO

Flora Marina Figueiredo Ajala


UFPB

O presente trabalho consiste no estudo da primeira tradução francesa


da obra Menino de engenho (1932), sob o título L'enfant de la
plantation (1953), através das correspondências recebidas da França por
José Lins do Rego. Tem como principal objetivo observar o contato do
autor com o país e as relações estabelecidas com os remetentes, bem
como compreender o seu papel na publicação da primeira tradução
francesa. Para tanto, adotou-se a abordagem das Transferências
Culturais proposta por Michel Espagne (Transferências Culturais e
História do Livro, 2012), que procura examinar o processo de
translação de um objeto entre o contexto de produção e o contexto de
recepção, valorizando os intermediários e os impressos implicados
nessa troca. Dessa perspectiva, as correspondências são a
materialização das transferências culturais, e o seu estudo permite
~ 121 ~

evidenciar as relações e os intermediários implicados na tradução. Por


fim, foi possível identificar alguns intermediários que participaram na
tradução desse romance, bem como os desafios e os sucessos. Pode-se
ainda confirmar a importância dos impressos para a compreensão das
relações que José Lins estabeleceu com os remetentes e do papel dos
intermediários na publicação da tradução.
Palavras-chave: Transferências culturais; Tradução; José Lins do Rego;
Menino de engenho; L'enfant de la plantation.

O OBSERVADOR NO ESCRITÓRIO: REGISTROS


HISTÓRICOS E ÍNTIMOS NO DIÁRIO DE DRUMMOND

Juliana Ribeiro Silva


UFU

Este trabalho tem como objetivo apresentar uma discussão sobre o


diário de Drummond, intitulado O observador no escritório,
demonstrando como a obra transcende as questões do gênero, já que
não se configura como um diário convencional, indo além dos registros
mais íntimos e das reflexões do dia a dia. O livro reúne registros de
fatos políticos, literários e pessoais datados de 1943 a 1977, publicados
no Jornal do Brasil em 1981-1982 e, organizados pelo autor, em 1985.
Por ir além dos registros pessoais, recortando da história aquilo que o
poeta acreditava ser essencial para traduzir sua época, ao falar de si e
dos outros, o diário de Drummond, revela-se como uma
heterobiografia. Esta pesquisa objetivou, então, analisar este livro,
tendo em vista procedimentos limiares que embaralham os gêneros,
como a relação com o tempo e a linguagem ambígua que faz com que o
texto caminhe do documental ao literário. O trabalho se justifica por
tratar de uma obra que documenta uma época, pela problematização
dos gêneros e pela posição crítica, cética e irônica do autor presente nas
anotações. A análise divide-se em duas partes: a primeira relacionada
aos registros dos acontecimentos históricos feitos pelo olhar de um
“observador cronista” e a segunda, às anotações mais pessoais,
confessadas por um “observador de si”. Sendo assim, essas anotações
~ 122 ~

que se aproximam ora da crônica, ora da escrita íntima, ora do registro


histórico e documental fazem deste diário um livro precioso no qual o
leitor encontrará “um tempo filtrado pelo modo de ver” do observador.
Palavras-chave: Modernismo; Carlos Drummond de Andrade;
Escritas do eu; Diário; Memória.

GONÇALVES DIAS E EMILY DICKINSON: CONTESTAÇÃO


ATRAVÉS DA MUSICALIDADE NO SÉCULO XIX

Karima Bezerra de Almeida


UFRN

Emily Dickinson e Gonçalves Dias contestaram através de suas obras


inovadoras, tal como outros artistas do século XIX o fizeram;
enfrentando as barreiras dos isomorfismos históricos e derivando para
outros polos, muito embora, naturalmente, embasados nos modelos
clássicos que os precederam. A utilização da musicalidade como
ferramenta de contestação aproxima estes dois poetas, apesar do
distanciamento sociocultural e histórico relevante entre Brasil e Estados
Unidos na época em que viveram. Este texto tem como objetivo buscar
nas obras de Emily Dickinson e Gonçalves Dias estas proximidades e
distanciamentos, considerando exclusivamente os recursos eufônicos
que utilizaram. Emily Dickinson utilizou recursos musicais para
expressar sua inquietação aos preceitos da Igreja congressionalista; ao
tradicionalismo social europeu; àquilo julgado moral; e, particularmente,
às restrições que circunscreviam a condição da mulher, mortal e poeta.
Gonçalves Dias voltou-se contra o fluxo em sua obra poética,
emoldurando-se na temática “americana”, com assuntos e paisagens
brasileiros. Enxergou o índio, e o valorizou, presenteando a primeira
geração do Romantismo no Brasil com uma perspectiva nunca antes
explorada, o Indianismo, atrelado a vocabulário e ritmos característicos,
como o som do boré e o ritmo dos rituais indígenas, enraizados na
cultura brasileira pós-colonialista. Este artigo pretende colaborar com
as expectativas da linha de pesquisa dos Estudos Comparados de
~ 123 ~

Literaturas de Línguas Modernas, no tocante de abordagens


comparativo-críticas, compreendendo campos interdisciplinares das
literaturas e outros saberes como tradução, história, sociedade, cultura e
antropologia. Este estudo prioriza os ensinamentos do tradutor José
Lira e da estudiosa Judy Jo Small.
Palavras-chave: Emily Dickinson; Gonçalves Dias; Musicalidade
poética; Contestações no século XIX.

A HIPERTEXTUALIDADE EM A CARTOMANTE DE
MACHADO DE ASSIS

Ana Paula Serafim Marques da Silva


UFPB
Arturo Gouveia de Araújo
PPGL/UFPB

O presente trabalho tem como proposta o estudo da hipertextualidade


como categoria de análise. Para tanto, selecionamos A Cartomante
(2002), conto realista escrito por Machado de Assis, que se inicia
fazendo uma citação referente à peça Hamlet, de Shakespeare. A
citação, presente no início do conto em estudo, além de gerar uma
relação hipertextual, mostra como a vida tem mais mistérios do que
podemos alcançar. Isso incide diretamente no comportamento e nos
atos dos personagens. Nesta perspectiva, utilizaremos também a
primeira parte do artigo Uma dificuldade no caminho da psicanálise
(1977), escrito por Sigmund Freud, para analisar o inconsciente dos
personagens do conto em questão, explicitando a influência
hipertextual da citação, que aparece na obra para desmistificar os
conceitos que as personagens têm sobre si mesmas. Para embasar nosso
trabalho nos valemos principalmente de Gérard Genette (2006) na
definição do livro Palimpsestes (La littérature au second degré), e
Sigmund Freud (1977).
Palavras-chave: Machado de Assis; A Cartomante; Hipertextualidade.
~ 124 ~

A FOME: UM ESTUDO DO POEMA “O BICHO” DE


MANUEL BANDEIRA E A TELA “OS RETIRANTES” DE
CÂNDIDO PORTINARI

Maria José do Nascimento


UFPB
Marluce Cordeiro de Queiroz
UFPB
Maria Bernardete da Nóbrega
DLCV/UFPB

Neste trabalho temos por objetivo analisar a obra literária o poema “O


bicho,” de Manuel Bandeira, na perspectiva da fome, dialogando com a
tela “Os retirantes” de Cândido Portinari, embasados pela obra
“Geografia da fome” de Josué de Castro e “Ideologia alemã” de Marx e
Engels. Temos como finalidade mostrar nas obras referidas, a situação
sócio-econômica do país, as desigualdades sociais entre as classes
privilegiadas e as classes desfavorecidas de bens materiais, sejam eles, os
mais essenciais para a sobrevivência humana, como água e comida. O
capitalismo que trouxe progresso, também trouxe miséria, atraso para
alguns, desigualdade e degradação humana. Portanto, as obras que
contemplaremos têm muito em comum, apresentam as mesmas
relações e semelhanças sociais. Nosso método de pesquisa acontece em
dois momentos: Levantamento bibliográfico e no segundo momento
entrevista a uma ex-retirante, que sentiu na pele que é ser retirante e
seus dilemas. Portanto, iremos além da pesquisa científica,
adentraremos em relatos empíricos para que possamos alcançar nosso
objetivo, de informar, mas também de sensibilizar nossos interlocutores
através da arte dialogando com a vida real, associando à luta pela
sobrevivência e desigualdade.
Palavras-chave: Sobrevivência; Fome; Desigualdade social.
~ 125 ~

CULTURA POPULAR E ALEGORIA NA PEÇA A DONZELA


JOANA, DE HERMILO BORBA FILHO

Eduardo Henrique Cirilo Valones


UEPB

O projeto Cultura Popular e Alegoria na peça A Donzela Joana, de


Hermilo Borba Filho, elaborado paro O Programa de Iniciação
Científica da UEPB, visa promover a participação do discente no
processo de produção científica, na área de Literatura, uma vez que
abordaremos o estudo do texto teatral enquanto obra literária. Esse
projeto vai buscar estudar, através de dois pesquisadores, Cultura e
Tradição Popular Nordestina e a categoria literária Alegoria na peça A
Donzela Joana, de Hermilo Borba Filho. Nossa proposta tem por
objetivo continuar a examinar detidamente a construção da ação e das
personagens na Dramaturgia Moderna, reconstituindo a origem e a
estrutura da Tragédia. Então, o trabalho tem por finalidade não só a
análise dramatúrgica da peça teatral A Donzela Joana, de Hermilo
Borba Filho, como também, pesquisar mais detalhadamente dois
aspectos presentes no corpus do projeto, que são a Cultura e Tradição
Popular Nordestina e a categoria literária da Alegoria na peça. Assim,
são objetivos desse projeto: realizar leituras acerca do tema literatura e
dramaturgia; categorizar os aspectos da Cultura e Tradição Popular
Nordestina; verificar os principais conceitos sobre Alegoria; proceder a
processos de pesquisa e análises do texto teatral brasileiro A Donzela
Joana, de Hermilo Borba Filho; analisar e aplicar os conceitos
adquiridos sobre Cultura e Tradição Popular Nordestina e Alegoria na
peça corpus do projeto; ministrar seminários e oficinas acerca dos
resultados das leituras e análises.
Palavras-chave: Dramaturgia; A donzela Joana; Cultura Popular;
Alegoria.
~ 126 ~

QUEM É O OUTRO NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE?

Larissa do Santos Pinheiro


UECE

As discussões dos papéis de gênero na sociedade ganharam novo


impulso devido a uma série de ações de pauta, graças a reivindicações
dessas ações por parte de grupos que ainda sentem-se prejudicados no
exercício de seus direitos. Entre essas pautas, questões como a violência
contra mulheres, as diferenças de remuneração e espaço político para
homens e mulheres, por exemplo, trazem à tona a necessidade de
compreender e discutir as origens dessas desigualdades. Assim, se faz
pertinente a observação de como se desenvolveu a transformação dessa
situação de diferenças entre os papéis de gênero dentro da sociedade ao
longo da história. Nesse sentido, é importante voltar um olhar
específico para os primórdios da civilização, observando qual era a
posição da mulher nas tribos nômades e como essa situação se
transformou na passagem dessas tribos para comunidades agrícolas.
Esse trabalho, portanto, propõe uma reflexão sobre as causas, motivos
e condições que construíram na sociedade os conceitos que têm
sustentado ( ou ajudado a sustentar) o desrespeito permanente aos
direitos plenos das mulheres como cidadãs e seres humanos, sendo
possível observar, no recorte histórico abordado, que a desigualdade de
gênero imposta sobre a mulher foi construída por ocasiões e condições
em que o masculino deteve privilégios em detrimento do feminino,
sendo mantida a valorização daquele sob a inferioridade deste. Dessa
forma, hoje, mesmo depois de tantos estudos que situam e discutem as
possíveis origens da situação de desigualdades de gênero, como os
estudos de Lévi Strauss e Simone de Beauvoir, para citar os mais
referidos, ainda assim faz-se necessário reiterar como se deu,
historicamente, o início da desigualdade de direitos entre gêneros e,
portanto, o controle violento das mulheres pelos homens, mostrando
que esse fato não é algo natural, mas, sim, historicamente construído.
Palavras-chave: Gênero; Desigualdade; Sociedade; História.
~ 127 ~

A TRADUÇÃO DO OUTRO EM NARRATIVAS PÓS-


COLONIAIS

Izabel Cristina Oliveira Martins


UEPB

O ato de traduzir vai muito além da questão linguística. Estamos


constantemente a traduzir o Outro, a cultura do Outro, de tal modo
que se pode afirmar que a tradução é uma questão de alteridade,
realizada desde tempos longínquos e de forma complexa - se
considerarmos o processo não apenas como transferência linguística,
mas também como transferência intercultural. A tradução cultural,
portanto, não é um fenômeno absolutamente novo. Basta lembrar-se
do que aconteceu com as culturas dos nativos brasileiros e africanos,
por exemplo, quando entraram em contato com a cultura europeia no
período dos então chamados “descobrimentos”. Nessa perspectiva, o
artigo parte do conceito de tradução, baseando-se nos estudos feitos
pela teoria pós-colonial, para examinar um grupo de narrativas pós-
coloniais da literatura africana, analisando a forma como os autores de
tais narrativas procuram representar a tradução da religião e da cultura
do colonizador feita pelo colonizado, e vice-versa, no período da
colonização em África. Para corpus de análise foram selecionados o
conto “A historiadora obstinada”, da nigeriana Chimamanda Ngozi
Adichie; o conto “O embondeiro que sonhava pássaros”, do
moçambicano Mia Couto; e A última tragédia, romance do guineense
Abdulai Silá.
Palavras-chave: Pós-colonialismo; Literatura Africana; Tradução.

UM "O PEQUENO PRÍNCIPE" EM CADA PUBLICAÇÃO:


TRADUÇÃO E TRADUTORES NO BRASIL DE "LE PETIT
PRINCE"

Carlos Adriano Ferreira de Lima


UEPB

No ano de 2015, o livro "Le Petit Prince" teve seu conteúdo


disponibilizado como "domínio público" o que levou a uma série de
~ 128 ~

reedições e traduções da obra para o português brasileiro. Tal variedade


de novas leituras acerca do texto, em especial, no Brasil, país que teve
nas últimas décadas a tradução de apenas uma editora é objeto de nossa
reflexão que dialoga com a crítica genética, em especial, na visibilidade
dos tradutores, e suas marcas na presentificação ou ausência nos
elementos paratextuais das traduções, para tanto, nossa proposição de
análise dialoga com o que por ora, nomeamos de
"arquigeneparatextomediatradulogia".
Palavras-chave: Pequeno príncipe; traduções;
arquigeneparatextomediatradulogia.

TESTEMUNHOS(AS) E LUTAS(OS): UMA LEITURA DE


MORTE E VIDA SEVERINA DE JOÃO CABRAL

Ana Claudia Felix Gualberto


DLCV/UFPB

Este trabalho tem como objetivo estabelecer uma relação entre a


narrativa de um retirante nordestino, no texto canônico da literatura
brasileira, Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto, e a
biografia de duas mulheres que combateram, até a morte, a exploração
e a injustiça no meio rural, Margarida Maria Alves e Dorothy Mae
Stang, ambas pertencentes aos movimentos sociais direcionados à luta
pela terra. As histórias de Severino, Margarida Alves e Irmã Dorothy
serão analisadas pelo viés da crítica do testemunho a partir dos autores
Alberto Moreiras, George Yúdice, John Beverley, a fim de refletir sobre
o lugar do discurso produzido pelos “sujeitos subalternos”.
Palavras-chave: Literatura; Testemunho; João Cabral de Melo Neto.
~ 129 ~

LAZARUS DE DAVID BOWIE: TRADUÇÃO EM PASSEIOS


INTERSEMIÓTICOS

Eveline Alvarez dos Santos


Centro de Línguas do Estado da Paraíba

Desde os anos oitenta, podemos perceber como o videoclipe vem


tomando o espaço televisivo para divulgar o trabalho de grandes
músicos, como também estabelecer uma nova estética videográfica que
vai desaguar em uma relação intrínseca entre som e imagem. Segundo
Pedroso (2006) a MTV, através da exibição periódica de videoclipes,
alterou a estética da linguagem televisiva, criando um idioma
videográfico que vai proporcionar ao espectador várias leituras
perceptivas e subjetivas. Desde da emergência desse gênero, que alguns
estudiosos vêm observando e analisando as especificidades da
linguagem do videoclipe. De acordo com Soares (2004), autores como
Arlindo Machado, Oscar Landi Peter Weibel estão entre os grandes
pesquisadores que se preocuparam em normatizar os elementos visuais
que constituem esse gênero videográfico permeado de signos que se
apresentam de diferentes formas que acompanham a história da música
e do audiovisual. David Bowie, músico inglês conhecido como o
camaleão do rock, sempre esteve rodeado por inquietações musicais
que não o deixavam preso a um único estilo musical, fazendo com que
ele construísse durante toda sua carreira um estilo próprio e inventivo
que é possível ser observado através das letras de suas músicas, como
também de seus videoclipes. Um dos exemplos da criatividade e
singularidade de David Bowie pode ser observado através da música
Lazarus, do álbum BlackStar, último álbum do músico. A música em
questão conta também com um videoclipe lançado pouco antes de seu
falecimento no início deste ano. A partir de elementos ligados às
teorias sobre videoclipe, este trabalho pretende estabelecer um diálogo
intersemiótico entre a letra da música Lazarus e seu videoclipe
homônimo. Para tal pesquisa adentraremos em teorias que tratam do
universo videográfico tão quanto do universo da tradução
intersemiótica.
Palavras-chave: Intersemiótica; Tradução; Videoclipe; David Bowie;
Lazarus.
~ 130 ~

O CORPO ENVELHECIDO NO CONTO “SECULAR” DE


LUCI COLLEN

Sayonara Souza da Costa


UFPB

As questões relacionadas aos estudos de gênero, estão, cada vez mais,


tomando lugar nas pesquisas acadêmicas. O corpo feminino, por
exemplo, é um campo rico e vasto para ser analisado sob diversos
aspectos. O objetivo deste artigo é analisar alguns pontos relacionados
à personagem do conto “Secular” de Luci Collen a partir da perspectiva
das Teorias e Críticas feministas. O ponto principal desta pesquisa é
analisar o corpo feminino e seu lugar no meio social, que, sabemos
bem, como são muitas as barreiras enfrentadas pela mulher,
principalmente se o corpo que está em evidência, é velho. A sociedade
acaba por colocar o corpo envelhecido em um lugar de desprestigio,
visto que, os padrões sociais nos mostram que o belo é o jovem. A
própria mídia é responsável por disseminar esta ideia de que o corpo
feminino deve ser jovem e belo dentro do que é padronizado. Para
tanto, utilizaremos como base teórica os textos de Simone Schmitd,
Elisabeth Grosz, Michelle Perrot, entre outros.
Palavras-chave: Corpo; Velho; Mulher; Feminino.

ANÁLISE SEMIÓTICA DO TEXTO CHAPEUZINHO


VERMELHO

Angelita Silva de Almeida


UFPB

O presente trabalho tem como objetivo analisar o discurso O


Chapeuzinho Vermelho sob a perspectiva da teoria greimasiana. Está
dividido em duas partes: A primeira discorre sobre a teoria referida; a
segunda constitui a análise do cordel. A análise segue o percurso
gerativo da significação que é formado de três níveis: narrativo,
discursivo e fundamental. O discurso é marcado por traços da oralidade
que veiculam valores de um povo, revividos pela autoria coletiva. Da
~ 131 ~

análise emergiram cinco sujeitos semióticos: chapeuzinho vermelho, a


mãe, a avó, o lobo mau e o caçador. Percebeu-se a astúcia de
chapeuzinho, que apesar de ser uma criança, arranjou estratégias para se
defender subindo muna árvore e armando um laço para prender o lobo.
Outro ponto observado foi o arrependimento do lobo, que ao
desgarrar-se das amarras em que estava preso, foi ao encontro da
menina e sem mágoas veio suplicar-lhe perdão, prometendo não mais
praticar maldades.
Palavras-chave: Semiótica; Chapeuzinho Vermelho; Cordel.

SONETOS LUXURISOS DE PIETRO ARETINO

Widigiane Pereira dos Santos Fernandes


Angelita Silva de Almeida
Jánai Érica Santos da Silva
PPGL/UFPB

Apontaremos neste trabalho o enlace entre história e obra do poeta


satírico/pornográfico Pietro Aretino. Sendo analisado o livro traduzido
por José Paulo Paes sobre as expressões contidas nestes sonetos,
nomear sua diversidade no período da renascença italiana é
principalmente enlaçar os registros históricos em um período
significativo onde os Sonetos Luxuriosos notabilizaram o escândalo da
sociedade e do clero. Durante quatrocentos anos estes sonetos foram
considerados obscenos assim como seu escritor sendo relegados ao
esquecimento, entretanto, as possibilidades de interação entre textos e o
papel eminente da literatura pode reaver as obras desse ilustre
desconhecido. O conjunto da obra de Pietro Aretino nos transporta a
uma época de diversidade cultural. Considerado o Flagelo dos Príncipes
sua literatura ultrapassou o tempo e as convenções sociais impostas aos
seus sonetos.
Palavras-chave: Literaratura Pornográfica; Aretino; Sonetos.
~ 132 ~

LITERATURA E LINGUAGEM POPULAR

IDENTIDADE, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO: NARRATIVAS


ORAIS DO RIO DO ENGENHO (ILHÉUS/BAHIA)

Gisane Souza Santana


UESC

Este estudo objetiva analisar as narrativas orais do Rio do Engenho,


que são produzidas no cotidiano da comunidade, nas suas práticas
simbólicas. Trata-se de um estudo desenvolvido interdisciplinarmente
no espaço da Literatura Comparada onde são estabelecidas
convergências conceituais da teoria e crítica literárias, da nova história e
dos estudos da cultura. Parte-se de uma pesquisa bibliográfica,
relacionando questões sobre performance, memória e práticas
simbólicas (CERTEAU, 1998; IPHAN, 2000). Por meio da pesquisa de
campo, foram feitas a recolha dos relatos e depoimentos através do
método da história oral (PORTELLI, 1989). A pesquisa permitiu
verificar que as narrativas orais podem ser entendidas como uma
síntese de processos sociais e culturais, de um passado compartilhado
pela comunidade; podem ser consideradas como representação das
práticas cotidianas, das tradições e vivências coletivas.
Palavras-chave: Identidade; Memória; Patrimônio; Narrativas Orais.

A EXPRESSÃO DO TEMPO NA FRASEOLOGIA POPULAR


MARANHENSE

Maria de Fátima Sopas Rocha


UFMA

Este trabalho apresenta parte do material obtido no levantamento da


produção do pesquisador e folclorista maranhense Domingos Vieira
Filho, D. V. F. como ele se designava, para elaboração do Dicionário da
Obra de Domingos Vieira Filho, projeto de pesquisa que contou com
financiamento da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Científico e
~ 133 ~

tecnológico do Maranhão - FAPEMA. D.V.F. interessou-se por todos


os aspectos da cultura popular, especialmente a do Maranhão, e uma
vertente de seu trabalho é o registro das formas de expressão popular,
não só do léxico característico do falar maranhense, que é o tema de
uma de suas obras, como dos produtos da criatividade popular, como
lendas, frases feitas, parlendas e adivinhas. Selecionamos dez frases
feitas, unidades fraseológicas caracterizadas por serem unidades léxicas
com duas ou mais palavras, indecomponíveis, conotativas e cristalizadas
em um idioma pela tradição cultural, que são utilizadas em contextos
específicos, frequentemente de forma insconsciente. Estas unidades
fazem parte de um corpus mais amplo, coletado e analisado por D.V.F.
e divulgado na forma de artigo de jornal, como capítulo de livro, ambos
na década de 70, e em verbetes do livro A Linguagem Popular do
Maranhão (1953-1979). As frases feitas aqui analisadas estão
relacionadas, semântica ou formalmente, com a expressão do tempo,
indicando momentos ou circunstâncias temporais específicas ou
utilizando expressões de tempo metaforicamente, para atribuir-lhes
novo sentido. Buscamos identificar a origem e o significado dessas
unidades fraseológicas, enfocando a relação entre a fraseologia e a
cultura e destacando o papel preponderante da fraseologia como
elemento de preservação da memória linguístico-cultural e como marca
de identidade maranhense.
Palavras-chave: Fraseologia; Domingos Vieira Filho; Maranhão.

A LITERATURA DE CORDEL: ARTE DE ESSÊNCIA


CRIATIVA E LÚDICA, PROPICIADORA DA FORMAÇÃO DE
LEITORES

Severina Diosilene da Silva Maciel


UFPB

O domínio da leitura, da escrita e da oralidade é imprescindível para


que haja uma efetiva inclusão do sujeito na sociedade. É papel do
professor, principalmente do professor da área da linguagem, incutir
nos discentes a importância dessas práticas, por meio de um trabalho
~ 134 ~

significativo, contextualizado e prazeroso, e, dessa forma, orientá-los


acerca da importância do uso das mesmas, como instrumento de
comunicação, socialização e, sobretudo de interação. O presente
trabalho objetiva relatar uma experiência de leitura, produção e
circulação de um gênero cordel, enfatizando-se seu caráter criativo e
lúdico, enquanto ferramenta relevante para a formação de leitores,
escritores e oradores. Experiência foi realizada com uma turma do 2º
ano EJA, da Escola Estadual Conselheiro José Braz do Rego, no
Município de Boqueirão, tendo a participação e colaboração de um
poeta local, quando após a leitura e discussão de cordéis e após a
vivência em sala de aula com um poeta local, deu-se a construção
coletiva de um cordel com temática social, que foi socializado com a
comunidade. Com base nessa experiência, podemos concluir que os
discentes gostam de ler, falar e escrever, desde que o texto ou discurso,
objeto dessas práticas, tenha relação efetiva com o contexto desses
sujeitos. Este trabalho fundamentou-se nos pressupostos teóricos de
Marinho & Pinheiro (2012), entre outros.
Palavras-chave: Cordel; Leitura; Escrita; Interação.

O IDIOMA DE “LOS GAUCHOS”: POLÊMICAS EM TORNO


AO MARTÍN FIERRO DE JOSÉ HERNÁNDEZ

Maria Luiza Teixeira Batista


UFPB

O livro El Gaucho Martín Fierro de José Hernández, um clássico da


literatura argentina, foi alvo de muitas críticas desde sua publicação em
1872. Uma delas diz respeito à valorização da figura do gaucho, antes
depreciado por ser considerado um atraso ao processo civilizatório
proposto pelos governantes da época; outra crítica se refere à forma
como Hernández reproduz na escrita tonalidades próprias da linguagem
oral. Neste trabalho, abordaremos como a crítica e alguns leitores
privilegiados, como Leopoldo Lugones e Jorge Luis Borges, se
posicionam diante dessas questões. No seu livro, El payador (1916),
Lugones coloca o Martín Fierro como livro fundador de uma tradição
~ 135 ~

nacional, principalmente quando mostra a forma de vida do gaucho,


sua linguagem e sua importância para a cultura argentina. Em direção
contrária, encontramos o texto de Borges, El escritor argentino y la
tradición (1964), no qual questiona o título de livro fundador e aponta
para a artificialidade da linguagem usada por Hernández, os excessos
cometidos pelo poeta ao transpor a oralidade para a escrita,
transformando sua poesia em um enigma difícil de ser compreendido
até mesmo pelos argentinos. Tomando como base essas duas direções,
apresentaremos uma avaliação de como esses posicionamentos têm
repercutido nos dias atuais, a exemplo dos textos de Josefina Ludmer
(1984 e 2010) e Lucila Pagliai (2005), e como esse livro de poemas
transformou seu personagem principal, Martín Fierro, em um mito, um
símbolo de certo modo de ser argentino.
Palavras-chave: Literatura argentina; Literatura gauchesca; Hernández;
Martín Fierro.

A LINGUAGEM REGIONAL/POPULAR DE ZÉ VICENTE


DA PARAÍBA NA OBRA “SÃO SESSENTA E SEIS ANOS DE
VIOLA COMPLETANDO OS OITENTA DE IDADE”

Wellington Lopes dos Santos


UFPB

As canções de viola apresentam-se como importantes ferramentas para


análises de natureza linguística. Tais obras poéticas mostram nas suas
estrofes um acervo vocabular característico do universo sociocultural
no qual o autor pertence. São, portanto, poesias que revelam uma
riqueza linguística inesgotável. Nesta perspectiva, o presente trabalho
tem o objetivo principal de elaborar um glossário léxico-semântico da
linguagem regional/popular identificada na canção "são sessenta e seis
anos de viola completando os oitenta de idade", de autoria do poeta,
repentista e cordelista, Zé Vicente da Paraíba. A referida canção foi
composta em agosto de 2002, no município de Altinho, no estado de
Pernambuco e retrata nas suas sete estrofes – que foi escrita na primeira
pessoa do singular e de forma resumida - a trajetória de vida do autor
~ 136 ~

entre os estados da Paraíba e Pernambuco. A obra é poética e emotiva,


simultaneamente. A fundamentação teórica abarcou os pressupostos da
Sociolinguística: linguagem e sociedade (COSERIU, 1987), Lexicologia:
estudo científico do léxico (OLIVEIRA; ISQUERDO, 2001);
(ARAGÃO, 2005), Lexicografia: elaboração de dicionários,
vocabulários e glossários (BIDERMAN, 2001) e Semântica: ciência da
significação (MARQUES, 1996); (TAMBA-MECZ, 2006).
Palavras-chave: Linguagem regional/popular; Sociolinguística;
Semântica; Lexicologia; Lexicografia.

O PAPEL DA MEMÓRIA NA LITERATURA ORAL


POPULAR

João Paulo Rocha


UFPB
Paulo Aldemir Delfino Lopes
UEPB

A cantiga é um gênero popular na modalidade oral, existente desde a


Idade Média, que persiste até os dias atuais graças à sua simplicidade e
brevidade quando é transmitida entre as gerações. O papel da memória
é fundamental para manter viva essa tradição. Apesar de existir algumas
publicações desse gênero, chamados Cancioneiros, ainda hoje é mais
comum encontrarmos a cantiga na lembrança das pessoas,
especialmente nas mais humildes oriundas do interior. Por ser passado
de pessoa para pessoa, muitas dessas cantigas se modificam com o
tempo. O objetivo desse trabalho, então, é fazer uma breve comparação
entre duas versões da mesma cantiga, apontando pontos em comum e
divergentes, para tentar entender como essas modificações ocorrem e
se, mesmo com o emprego de um léxico diferente, o sentido continua o
mesmo.
Palavras-chave: Cancioneiro; Cultura popular; Parlenda; Literatura
oral.
~ 137 ~

MONTEIRO LOBATO E JOSÉ LINS DO REGO: UM


DIÁLOGO POSSÍVEL NA LITERATURA
INFANTOJUVENIL BRASILEIRA

Amanda Karoline Alves da Costa


UFRPE

A obra literária de Monteiro Lobato, que toma como público as


crianças, constitui um marco importante na literatura infantojuvenil
brasileira. O criador do Sítio do Pica-pau Amarelo tornou-se o escritor
do porviroscópio, por sua visão de mundo voltada para o progresso e
repleta de ideias arrojadas para o desenvolvimento socioeconômico do
país. Lobato acreditava na influência da literatura na formação do
homem, por isso dedicou-se a produzir para crianças, uma vez que as
enxergava como edificadoras do futuro Brasil, desenvolvido social,
econômica e culturalmente. Nacionalista crítico, dedicou-se à pesquisa
das raízes culturais brasileiras, erigindo no Sítio um imaginário ficcional
cujas histórias são contadas com auxílio de várias personagens que
integram o folclore nacional, tais como o saci e a cuca. Tal interesse
pelo folclore brasileiro não foi prerrogativa de Monteiro Lobato.
Outros escritores, nas primeiras décadas do século XX, hoje
consagrados como clássicos, voltaram-se a escrever livros narrando
histórias recolhidas da sabedoria popular. Neste artigo, iremos
estabelecer uma relação entre as histórias contadas nos livros Histórias
da Velha Totônia (1936), de José Lins do Rego, e Histórias de Tia
Nastácia (1937), de Lobato. A narrativa oral de cunho folclórico é o
pano de fundo das obras, que reúnem textos da tradição oral europeia,
indígena e africana - bases em que se apoia o imaginário do folclore
brasileiro. Através de uma comparação entre os recursos temático-
estilísticos utilizados pelos autores, apontaremos para a existência de
uma produção literária consistente para o público infantil que dialoga
diretamente com o universo ficcional que, aos poucos, fomentou em
Monteiro Lobato a criação do imaginário do Sítio, dando-lhe base para
a escritura da obra literária infantojuvenil até hoje mais importante da
literatura brasileira. Para tanto, embasamo-nos em estudiosos como
~ 138 ~

Arroyo (2011), Benjamin (1994), Coelho (2010), Perrone-Moisés


(2007), entre outros.
Palavras-chave: Monteiro Lobato; José Lins do Rego; Tradição Oral;
Contos Populares; Literatura Infantil.

A ORALIDADE EM VENTOS DO APOCALIPSE, DE


PAULINA CHIZIANE

Waldelange Silva dos Santos


UFPB

Fundamentado na Semiótica das Culturas, este trabalho busca


empreender uma análise da oralidade africana na obra Ventos do
Apocalipse (1999), da escritora moçambicana Paulina Chiziane, através
das performances que o narrador realiza para transportar para a
literatura os processos da oralidade, ou seja, para diluir em palavras
impressas os recursos da expressão oral. Ventos do Apocalipse (1999) é
um romance cujo enredo narra uma história ocorrida no período da
guerra civil apresentando todo o horror (social, religioso e político), a
atrocidade e o absurdo vividos em Moçambique, exemplificando
através das personagens os sofrimentos e as implicações calamitosas
para as populações locais. O texto inicia em uma aldeia Tsonga,
chamada Mananga, onde claramente há uma tensão entre modernidade
e tradição. O velho Sianga, antigo régulo2 da aldeia, perdeu os seus
direitos/poderes ao ser instalado o novo regime após o processo de
independência. A obra expressa, fortemente, as tensões geradas no
interior da aldeia após o processo de independência, o qual estabelece
uma nova liderança política em cada localidade. Para alcançarmos tal
objetivo, utilizamos os pressupostos teóricos de discursivização da
semiótica greimasiana. Contemplaremos estudos feitos por
investigadores com trabalhos sobre contos africanos, como teóricos
que se debruçaram sobre as questões da tradição oral ou na relação
entre o oral e o escrito.
Palavras-chave: Semiótica das Culturas; Ventos do Apocalipse;
Oralidade.
~ 139 ~

A MONOTONGAÇÃO NO FALAR PARAIBANO:


CONTRIBUIÇÕES DO ATLAS LINGUÍSTICO DA PARAÍBA
(ALPB) E DO PROJETO VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NO
ESTADO DA PARAÍBA (VALPB)
Sandro Luis de Sousa
IFRN/UFPB
O Atlas Linguístico da Paraíba (ALPB) de Autoria de Maria do Socorro
Silva do Aragão e Cleusa Bezerra de Menezes, assim como o Projeto
Variação Linguística no Estado da Paraíba (VALPB) têm como
proposta o desenvolvimento de pesquisas para a descrição da realidade
linguística da comunidade de falantes paraibanos sob as perspectivas da
Dialetologia e Sociolinguística. Este trabalho pretende apresentar uma
visão panorâmica sobre o fenômeno da monotongação no estado da
Paraíba a partir das contribuições do ALPB e de estudos desenvolvidos
com dados do VALPB. Dessa maneira, busca verificar a contribuição
desses dois grandes estudos para a descrição do falar da população da
Paraíba no que concerne à produção da monotongação. O artigo está
estruturado da seguinte forma: no item 1, serão apresentados os
princípios da dialetologia e sua possível intersecção com a
sociolinguística; no item 2, expõe-se uma visão geral sobre o Atlas
Linguístico da Paraíba e seus achados sobre o fenômeno da
monotongação no território paraibano; já o item 3, apresenta o Projeto
Variação Linguística no Estado da Paraíba e duas pesquisas
variacionistas que pretenderam também compreender a monotongação
no falar paraibano.
Palavras-chave: Dialetologia; Sociolinguística; Monotongação; ALPB;
VALPB.

CARLOS MAGNO E OS DOZE PARES DE FRANÇA: UM


FOLHETO “FOLHETIM” DO POVO INTERIORANO

Willian Lima de Sousa


UFPB

Uma das tramas mais conhecida da literatura de cordel versa sobre


Carlos Magno e os doze Pares de França. Segundo Câmara Cascudo
~ 140 ~

(1953), as narrativas carolíngias alcançaram um fama considerável entre


população interiorana. Essa consideração de Cascudo é o fator
principal para o desenvolvimento dessa investigação analítica. Desse
modo, por meio de uma pesquisa bibliográfica, tomamos como corpus
alguns folhetos o ciclo carolíngio e centramos nossa análise em uma das
facetas desses folhetos: a ideia de finalização da história em outro
folheto. Leandro Gomes de Barros é o primeiro poeta em que
podemos visualizar tal peculiaridade estética, principalmente em seus
folhetos denominados Batalha de Oliveiros com Ferrabrás. Outros
poetas intentam dar continuidade à trama. Essa especificidade
encontrada nos folhetos carolíngios, a ausência de um final explícito,
sinaliza ou evoca uma sequência. Por esse prisma, buscamos
demonstrar a engenhosidade do poeta concernente ao processo de
arquitetura de um folheto inconcluso. Essa pesquisa está amparada nas
seguintes contribuições analíticas e críticas: Galvão (2000); Ribeiro
(1987); (CURRAN, 1973); Kabatek (2006).
Palavras-chave: Folheto; Folhetim; Carlos Magno; Cordel.

JOSÉ LINS DO REGO REVISITA A INFÂNCIA: UM OLHAR


NO UNIVERSO INFANTIL ATRAVÉS DAS HISTÓRIAS DA
VELHA TOTÔNIA

Joaes Cabral de Lima


UFPB
Daniela Maria Segabinazi
DLCV/PPGL/UFPB

O tema da infância é retratado em algumas obras de José Lins do Rego,


de modo a percebermos que o autor não escreveu apenas para o
público adulto, mas para os pequenos também. Dessa maneira,
podemos dizer que o mundo da infância em José Lins do Rego é
permeado de lendas, histórias encantadas, crendices e heroísmo. Assim,
com um olhar voltado para este universo infantil e, sobretudo, para a
obra Histórias da Velha Totônia, este trabalho objetiva discutir a
relação do autor com a temática da infância, afinal de contas, o universo
~ 141 ~

da infância de Zé Lins está intimamente ligado à história de vida de


muitas crianças que vivem no interior. Além disso analisaremos a figura
da contadora de histórias que se relaciona à figura do herói, que ainda
está muito presente no nosso imaginário atualmente e que estabelece
uma relação de proximidade da criança com o contador de histórias.
Neste sentido, buscamos mostrar que as contadoras de histórias são as
personagens de Zé Lins que guardam consigo as tradições orais do
Nordeste, através das narrativas de contos, lendas e outros elementos
do folclore brasileiro que são capazes de encantar as crianças e permitir
que elas adentrem num universo mágico. Estas contadoras de histórias
são apresentadas pelo autor como senhoras idosas que transitam pelas
propriedades rurais, encantando as crianças dos engenhos através da
palavra. Tratando especialmente da Velha Totônia, nossa contadora de
história analisada neste trabalho, verificamos que a fantasia das histórias
desta personagem oportuniza uma grande carga de imaginação às
crianças, permitindo-lhes conhecer ainda mais seu mundo interior, para
a partir de então se relacionarem melhor com o meio exterior. Para a
fundamentação teórica buscamos suporte em autores tais como
Carvalho (2004), Cascudo (1984), Coelho (1994), Coutinho (2005),
Lajolo e Zilberman (2006), dentre outros.
Palavras-chave: Infância; Linguagem Popular; Histórias da Velha
Totônia.

UM ESTUDO DO CAMPO LEXICAL DA SEXUALIDADE EM


TIETA DO AGRESTE DE JORGE AMADO

Iêda Carvalhêdo Barbosa


IFCE

Jorge Amado utiliza largamente, em sua obra, a linguagem popular,


com palavras e expressões típicas dos falares nordestinos, elaborando
um rico acervo linguístico muito relevante para o estudo do léxico.
Sendo o léxico um produto cultural que revela a maneira de ser, de
pensar, de sentir, de agir de uma determinada comunidade, optou-se, na
presente comunicação, em centrar a atenção nas unidades lexicais
~ 142 ~

relacionadas à sexualidade no romance amadiano Tieta do Agreste


(2001), cuja primeira edição é de 1977. Na referida narrativa, destacam-
se muitas lexias do universo popular que dizem respeito ao campo da
sexualidade, tais como: “estrovenga”, “cabaço”, “chuparino”,
“rameira”, “arrombar” etc. Para analisar tais unidades lexicais, estas
foram subdivididas nos seguintes macrocampos: órgãos sexuais
(femininos e masculinos); relações sexuais; qualificadores (femininos e
masculinos) e locais de prostituição. Como base teórico-metodológica,
fez-se uso da teoria dos campos lexicais de COSERIU (1986), do
estudo de PRETI (2010) sobre a linguagem erótica e da obra de
GUÉRIOS (1979) sobre os tabus linguísticos.
Palavras-chave: Tieta do Agreste; Jorge Amado; Léxico; Sexualidade.

O FALAR NORDESTINO EM ANGÚSTIA, DE GRACILIANO


RAMOS: UM ESTUDO LÉXICO-SEMÂNTICO

Clécia Maria Nóbrega Marinho


IFPB/UFPB

Os aspectos léxico-semânticos do universo linguístico contextualizado


em Angústia, de Graciliano Ramos, obra publicada em 1936,
constituem o foco desta investigação. Buscamos nas palavras e/ou
expressões de cunho regional/popular pertinentes ao narrador e às
personagens aquelas em que se configuram o falar do povo nordestino,
notadamente do alagoano, respaldando-nos em pressupostos teórico-
metodológicos da Lexicologia (BARBOSA, 1981; VILELA, 1984;
POTTIER, 1972), da Dialetologia (ARAGÃO, 1990; CARDOSO,
1999-2000), da Sócio e da Etnolinguística (COSERIU, 1987; PRETI,
1997; BOAS, 2004) que, apesar de terem objetos e métodos peculiares
a cada uma, se interpenetram quando se estuda a língua na perspectiva
geo-etno-sociolinguística, isto é, quando tal estudo considera os fatores
geográficos e socioculturais que influenciam os atos de fala dos
membros de uma determinada comunidade linguística. O corpus deste
artigo constitui-se de 12 lexias: 4 simples, 4 complexas, 2 textuais e 2
expressões fixas. Algumas delas, aparentemente, comuns na linguagem
~ 143 ~

do Nordeste, e, apenas, uma ou duas usadas com mais frequência em


Alagoas.
Palavras-chave: Língua; Sociedade; Cultura.

VAQUEIROS, CANTADORES E FORMAÇÃO CULTURAL

Helenita Bezerra de Carvalho Tavares


UFPB

A literatura Popular depara com campos lexicais que nos permitem


adentrar no ambiente cultural vivenciado e construído por um
determinado povo. Este trabalho objetiva mostrar como a presença do
vaqueiro contribui para formação cultural do Brasil, retratando verbal e
visualmente o vaqueiro, a vaquejada e a Pega de boi. Nesse sentido,
além de, um breve comentário sobre os cantadores do aboio, têm-se o
propósito de contribuir para desvendar as lacunas referentes aos
estudos dos cânticos de toadas e aboios, marca da cultura popular do
Nordeste Brasileiro. Para tal, foi utilizado o aparato teórico
fundamentado em Euclides da Cunha, Câmara Cascudo e Mário de
Andrade. Assim, pretende-se, dar continuidade a Dissertação de
Mestrado aprovada no dia 12/06/2013, sob o título “O Léxico do
vaqueiro de Garanhuns: uma abordagem Sócio e Etnolinguística”. Para
tanto, busca-se colaborar para uma revalorização da cultura popular,
muitas vezes esquecida no meio acadêmico.
Palavras-chave: Vaqueiros; Cantadores; Formação Cultural.

VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS NA OBRA CAPITÃES DA


AREIA DE JORGE AMADO

Maria do Perpétuo Socorro da Silva Barros

Este trabalho consiste em retratar variações linguísticas, nas obras de


Jorge Amado, evidenciando a obra Capitães da Areia. Falar nas
variações linguísticas, presentes na obra Capitães da Areia é retratar a
vida dos personagens, as relações de trabalho - patrão e empregado - e,
~ 144 ~

com elas, todo o mecanismo da sociedade humana a partir das trocas


linguísticas. As vozes, revelando como cada personagem vê o assunto,
compõem um tecido de pontos de vista. A obra amadiana alia o lirismo
à crítica social, caracteriza-se pela simplicidade da linguagem e pelo tom
coloquial e popular, de fácil comunicação com o público
desenvolvendo um estilo solto, através de sua riqueza léxico-semântica,
impregnada nas frases feitas, nos provérbios e no seu próprio estilo.
Com base nesse seu perfil linguístico iremos desenvolver nosso
trabalho. Seguindo as próprias palavras do autor: Com o povo aprendi
tudo quanto sei, dele me alimentei e, se meus são os defeitos da obra
realizada, do povo são as qualidades porventura nela existentes. Porque,
se uma virtude possui, foi a de me acercar do povo, de misturar - me
com ele, viver sua vida, integrar-me em sua realidade (AMADO, 1981:
12).
Palavras-chave: Variações Linguísticas; Capitães da Areia; Jorge
Amado.
~ 145 ~

VIDA E OBRA DE JOSÉ LINS DO REGO

MENINO A VIDA NÃO É UM CONTO DE FADAS

Suziane da Silva Vieira


URCA

Buscando trabalhar o autor José Lins do Rego, em específico as suas


obras Menino de Engenho (1932) e Histórias da Velha Totônia (1957),
este trabalho irá observar a influência que as histórias da Velha Totônia
causaram na formação do imaginário de Carlos de Melo, protagonista
do romance Menino de engenho, publicada em 1932. Menino de
Engenho também é o romance de estreia de José Lins do Rego, sendo
o primeiro livro do ciclo da cana-de-açúcar. Sendo uma narrativa em
primeira pessoa, que retrata a infância e parte da adolescência do
narrador personagem, além de se desenvolver em uma estrutura que
leva a caracterizá-lo como sendo de teor memorialístico, este ainda é
consagrado como romance regionalista. Em Histórias da Velha
Totônia, o autor usa da ficção popular, deixando fluir o imaginário,
revisitando a sua infância, pois, este é um clássico da literatura infantil.
Baseado nessas informações este trabalho irá observar a influência das
histórias contadas pela velha Totônia na formação do imaginário de
Carlos de Melo e como isto se reflete na construção da personagem
protagonista.
Palavras-chave: Conto popular; Imaginário; Romance memorialista.

RIACHO DOCE COMO ROMANCE DE FORMAÇÃO: A


TRAJETÓRIA DE EDUARDA/EDNA SOB UMA
PERSPECTIVA DE CRÍTICA FEMINISTA

Silmara Rodrigues
UFPB
Júlia Kauana Arcanjo da Costa
UFPB

O objetivo de nosso trabalho é analisar o romance Riacho doce (1939),


de José Lins do Rego, como um romance de formação, observando a
~ 146 ~

composição romanesca da obra buscando enfatizar o amadurecimento


(formação) da protagonista Eduarda/Edna, personagem em constante
conflito emocional com a expectativa que tanto a sociedade quanto ela
mesma têm acerca de seu papel social como mulher/esposa.
Partiremos, então, da compreensão do que seja o romance de formação
– Bildungsroman no original, em alemão –, suas características e
transformações, observando as formas com que esse tipo de romance
se firmou como uma produtiva urdidura narrativa para contar histórias
tradicionalmente protagonizadas por personagens homens. Ao
apresentarmos esse panorama, consideramos as mútuas influências que
literatura e meio social mantêm entre si, e que ecoam nas
representações de gênero que envolvem as personagens. A abordagem
teórico-crítica que desenvolveremos partirá de conceituações presentes
na teoria literária dedicada ao romance e na teoria crítica feminista.
Nesse sentido, destacamos os trabalhos de Mikhail Bakhtin, que em
Estética da criação verbal trata do romance de formação na estética
realista; de Cíntia Schwantes, que enfoca a questão de gênero na
representação de personagens em romances de formação; e de Lúcia
Osana Zolin, que trata da corrente teórica de crítica feminista e da
caracterização de personagens femininas.
Palavras-chave: Riacho doce; Romance de formação; Personagem
feminina; Representação feminina; Crítica feminista.

PRESENÇA DA "PEDRA BONITA" (1938) NA IMPRENSA


DE PERNAMBUCO

Débora Cavalcantes de Moura Clemente

A "Pedra Bonita" (1938) foi o 7º romance publicado por José Lins do


Rego. Trata-se de uma obra que tem como pano de fundo o
movimento messiânico da Pedra Bonita, também conhecido como
pedra do reino ou reino encantado, ocorrido no sertão de Pernambuco,
entre 1836 e 1838. Tal movimento, liderado por João Antônio dos
Santos, teve cunho sebastianista e, a exemplo de outras manifestações
messiânicas coletivas, foi violentamente combatido pelas forças
~ 147 ~

policiais e potentados da região, cujo saldo de mortos ultrapassou o


número de 50 pessoas. O romance, publicado no ano do centenário
dos sucessos trágicos de pedra bonita, é uma inflexão de José Lins do
Rego na temática que predominou sua obra, a cana de açúcar, para
romancear os dramas dos descendentes daqueles que viveram em torno
da pedra bonita, cujos pleitos tinham cunho racial, social e econômico.
Esta comunicação debruçar-se-á sobre os pareceres assinalados pela
crítica e publicados na imprensa pernambucana entre 1938 e 1939. Há
de se ressaltar que houve manifestações sobre o romance em jornais
como "Diário de Pernambuco", "Jornal Pequeno" e "Jornal do
Commercio", os quais é objetivo aqui descortinar. A comunicação se
justifica à medida que "Pedra Bonita" é um dos romances menos
conhecidos e silenciados de José Lins do Rego e esse trabalho se
propõe a minimizar o prestígio relativo que tal romance goza frente às
demais obras do paraibano José Lins do Rego.
Palavras-chave: Pedra Bonita; José Lins do Rego; Imprensa
pernambucana.

A DOCE E AMARGA VIDA NA OBRA "MENINO DE


ENGENHO" DE JOSÉ LINS DO REGO

Marciele Pereira de Menezes


UFS

O trabalho pretende buscar uma breve análise da vida de José Lins do


Rego, bem como sua obra “Menino de engenho”, onde caracteriza não
só um romance regional, mas a caracterização rural, os costumes,
crenças, os valores culturais e sociais de um povo. José Lins nasce de
uma família que vive de perto toda conjuntura sofrida dos negros,
escravos, trabalhadores e sente de perto todo esse cenário nordestino,
por este motivo as suas obras são tão emotivas e reais. O olhar sobre o
romance revela não só um período predominante da cana-de-açúcar,
mas uma vida cujo olhar era de sobrevivência e “esperança” em dias
melhores. O objetivo é comparar a vida escravocrata daquele período
com os tempos atuais, que embora fictícia, o romance declara uma
~ 148 ~

triste realidade de um povo excluído e esquecido pelos senhores de


engenho, onde há uma grande semelhança com a mundo real. Enfim,
mesmo em pleno século XXI e no panorama pós-moderno, ainda
percebe-se que “caímos” nas mazelas da miséria, da desigualdade social,
na desvalorização da cultura e principalmente na desumanização com o
homem negro. Podendo, portanto, revelar uma obra tão viva e
presente. Uma verdadeira viagem ao tempo, se sobrepondo ao chão da
sociedade em que chamamos de ""alma Brasileira"".
Palavras-chave: José Lins do Rego; Menino de Engenho; Valores
sociais/culturais e pós-moderno.

VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS PRESENTES NA OBRA FARSA


DA BOA PREGUIÇA DE ARIANO SUASSUNA

Uélida Dantas de Oliveira


UFPB

O presente trabalho tem por objetivo analisar o livro Farsa da boa


preguiça do escritor paraibano Ariano Suassuna com a intenção de
identificar os tipos de variações linguísticas existentes na obra. Mesmo
tratando-se de uma obra regional nordestina, é possível encontrar
outras variações, visto que no livro ocorrem diálogos entre personagens
que usam uma linguagem regional típica do nordestino, e personagens
que falam usando expressões de outra região, e de contextos sociais
diferentes. As variações linguísticas são fenômenos que ocorrem na
língua dependendo de alguns fatores, como a idade do falante, o sexo,
seu grau de escolaridade, sua condição sociocultural e a região em que
vive. Levando em consideração esses fatores, as expressões foram
selecionadas no livro e classificadas conforme a variação que as
predominam. Para o desenvolvimento do presente artigo foram
utilizadas a seguinte fundamentação teórica, ARAGÃO (2008)
Variantes diatópicas e diastráticas na língua portuguesa do Brasil,
BARBOSA (1993) O léxico e a produção da cultura: elementos
semânticos, BELINE (2006) A variação linguística, CAMACHO (2011)
Norma culta e variedades linguísticas, CASCUDO (1986) Dicionário do
~ 149 ~

folclore brasileiro, NAVARRO (1998) Assim falava Lampião: 2500


palavras e expressões nordestinas, como também os dicionários de
língua portuguesa HOUAISS (2012) AURÉLIO (2001), entre outros.
Palavras-chave: Variações linguísticas; Ariano Suassuna; Linguagem
popular.

“A LEITURA”: UMA ÁRIA SERTÂNICA

Darcilia Marindir Pinto Simões


UERJ
Morgana Ribeiro dos Santos
UERJ

O Cancioneiro Elomariano consiste num vasto conjunto de obras


multimodais (letras, músicas, romances, roteiros, desenhos, pinturas
etc.) que permite ao estudioso falar de um Brasil conhecido por poucos.
Apesar da exploração midiática do adjetivo sertanejo, classificando
objetos de vária natureza, o verdadeiro sertão nacional ainda se
encontra em fase de desbravamento, e Elomar é um dos que elegeu o
Sertão Profundo (segundo ele designa) como seu objeto de pesquisa e
produção. A discussão de sua obra à luz da variação linguística propicia
a identificação de um eu lírico a um só tempo original (o ethos do
homem do Sertão Profundo) e plural (parcela sofrida do povo
brasileiro). Considerando-se a imensidão de nosso território e a
pluralidade de nossa origem mestiça, não é difícil imaginar uma
produção cultural e artística com essas características. Elomar
comprova essa riqueza e em seus textos verbais acolhe traços
representativos das raízes ibéricas, das comunidades aborígenes e dos
descendentes mestiços que constituem o povo brasileiro. Portanto, sua
obra configura uma expressão singular que vem chamando a atenção
dos pesquisadores interessados na subjetividade na linguagem. O
cenário predominante em sua obra é marcado pela seca que expulsa de
sua terra o homem sertanês (neologismo de Elomar), levado pela ilusão
de trabalho mais rendoso, ou de ganhos mais rápidos e mais fáceis, na
cidade grande. Elomar consegue soluções inusitadas a partir da mescla
~ 150 ~

do gênero lírico operístico ao canto sertanês, criando assim insólitos


contextos dramáticos. Reelabora, em seu cancioneiro, a cantoria
regional tradicional, e as formas literárias por ele utilizadas resultam em
qualidade estética inigualável. Nesta comunicação faz-se uma análise
das marcas da subjetividade e das estratégias discursivas em “A
Leitura”, a partir da discussão do léxico atualizado em um excerto do 4º
ato da ópera A Carta. O subsídio teórico é a teoria da iconicidade
verbal.
Palavras-chave: Elomar; Sertão Profundo; Estratégias Discursivas.

REPRESENTAÇÃO DA FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO EM


MENINO DE ENGENHO, DOIDINHO E BANGUÊ, DE
JOSÉ LINS DO REGO

Gizele Eishila Silva de Andrade


IFPE

A formação do indivíduo se dá através da interação com diversos


fatores que influenciam o desenvolvimento de sua personalidade:
aspectos comportamentais e ideológicos e o contato com as instâncias
sociais, como a igreja, a família, a escola e o meio em que vive. Na
literatura, narrativas que tratam da formação do personagem
correspondem ao conceito de Bildungsroman, romances de
aprendizado ou de educação em que há a descrição e o
acompanhamento do crescimento da criança ou adolescente até sua
fase adulta. Nessa proposta foram escolhidas três das obras de José
Lins do Rego: Menino de Engenho (1932), Doidinho (1933) e Banguê
(1934), que complementam um ao outro, contando a história e o
desenvolvimento do personagem Carlos de Melo. Em Menino de
Engenho, descobrem-se os acontecimentos que levaram o garoto a ser
criado pelo avô Zé Paulino, um dos últimos senhores de engenho do
Nordeste. Doidinho dá continuidade a trajetória de Carlos, narrando a
ida dele ao internato onde experimentará novas experiências e
aperfeiçoará suas antigas opiniões e conhecimentos, resignificando a
estrutura social do engenho, e até mesmo a figura de seu avô. Banguê, o
~ 151 ~

último livro sobre a vida de Carlos representa a transição da juventude


para a fase adulta ao focar no retorno dele da faculdade de Direito para
administrar o engenho herdado do avô. A trilogia permite ao analista
escrutinar a representação da formação do sujeito Carlos de Melo,
estabelecer relações com a biografia de José Lins do Rego e descortinar
valores e especificidades da sociedade canavieira. Para isso, serão
utilizadas como base conceitual as investigações teóricas de Freitag
(1994), no que concerne a Bildung, de Bakhtin (2011), a respeito do
romance de formação, além da autobiografia de José Lins do Rego
(1956), que corresponde a Meus Verdes Anos, e textos críticos dirigidos
ao corpus deste estudo.
Palavras-chave: Formação; Bildungsroman; José Lins do Rego; Carlos
de Melo.

AUTORIDADE, PODER E LIBERDADE EM FOGO MORTO

Wanilda Lima Vidal de Lacerda


UEPB

Autoridade, Poder e Liberdade são elementos naturais e necessários na


sociedade. São conceitos abstratos, interligados e até contraditórios, dos
quais só se toma conhecimento em ação, mas regidos e usados
racionalmente se harmonizam, promovem o bem-estar social e a
ordem. Em assim sendo, aborda-se neste trabalho o modo como esses
elementos atuam no universo dos engenhos da várzea do Paraíba,
especificamente na obra de Zé Lins, Fogo Morto, através dos
protagonistas de cada uma das partes, Mestre José Amaro, voltado para
o presente, Coronel Lula de Holanda preso ao passado e o Capitão
Vitorino, com o seu olhar para o futuro. Para isto, tomou-se como
suporte para as reflexões expostas, sobretudo, as ideias dos pensadores
Michel Foucault (2006; 1977; 1997; 2010) e Hanna Arendet (1996;
2007). Da análise, chegou-se à conclusão de que Autoridade, Poder e
Liberdade realmente são conceitos politicamente construídos, mas
dependem da situação e dos limites que lhes são postos; nos interstícios
entre o poder e o saber é possível o homem conhecer o mundo em que
~ 152 ~

vive para se relacionar livremente consigo mesmo e com os outros


homens.
Palavras-chave: Autoridade; Poder; Liberdade; Saber.

APRENDIZAGEM NA ESCOLA E FORA DELA: A


FORMAÇÃO EM DOIDINHO, DE JOSÉ LINS DO REGO

Thiago da Camara Figueredo


UFPE

Doidinho, de José Lins do Rego (1998), publicado em 1933, retrata a


ida do neto do coronel de Menino de Engenho (REGO, 2001) a um
internato e o consequente deslocamento deste menino do mundo rural
para uma cidade do interior da Paraíba. O desenvolvimento de Carlos
de Melo, apelidado de Doidinho na escola, se dá em meio ao
afastamento da família, as novas amizades, ao contato com a religião, à
instrução formal, às relações de poder representada pelo professor da
instituição, por exemplo. O objetivo deste trabalho consiste, assim, em
averiguar o papel que tais instâncias sociais desempenham na formação
do personagem. Para isso, tenta-se ilustrar o perfil de Carlos de Melo a
partir de sua experiência prévia à escola, o que requer atenção especial a
Menino de Engenho. Vislumbra-se, dessa maneira, investigar a
representação que o internato adquire na obra e que caráter lhe é
conferido acerca da transformação que ele provoca no personagem.
Nem por isso ignora-se a participação de atores e eventos fora da
escola que também são significativos para a construção da
personalidade do protagonista.
Palavras-chave: Doidinho; José Lins do Rego; Escola; Formação.
~ 153 ~

UMA INVESTIGAÇÃO DAS REFERÊNCIAS AO RECIFE EM


MENINO DE ENGENHO, BANGUÊ E USINA, DE JOSÉ
LINS DO REGO

Antony Cardoso Bezerra


UFRPE

Considerando-se a série de romances que o próprio José Lins do Rego


chamou de “Ciclo da Cana-de-Açúcar” (denominação que,
posteriormente, renegou), exceção feita a O Moleque Ricardo, pode-se
afirmar a geografia campesina como aquela por que se constitui,
dominantemente, a ambiência das fábulas. Entretanto, ao menos por
alusões, o espaço urbano é alvo de referências. Nesse plano, cabe
destacar as que se fazem à grande cidade nordestina do Brasil na
primeira metade do séc. 20: o Recife. Diante do quadro exposto,
investiga-se, em três romances do dito ciclo (Menino de Engenho,
Banguê e Usina), o conjunto das referências à capital pernambucana.
Como fundamento ao inquérito, recorre-se tanto ao conceito de
historicismo, conforme o entende Dilthey (1985), quanto a estudos
sobre o lugar da cidade na História e na Literatura (p. ex.: Barros, 2007;
Simmel, 2013; Williams, 2011). Não se despreza, ainda, a contribuição
que possa advir de textos pertencentes à fortuna crítica das obras e do
autor (p. ex.: Castello, 1961; Trigo, 2002; Bueno, 2006). Levantada a
totalidade de passagens em que o Recife é mencionado nos três livros,
avalia-se qual a natureza da citação e o respectivo papel nas narrativas,
de modo a compreender-se que figurações se fazem da cidade litorânea
e, mais, como contribui, por contraste, para caracterizar o espaço-mor
das fábulas, a zona rural.
Palavras-chave: José Lins do Rego; referências; Recife.
~ 154 ~

MENINOS QUE OLHAM PARA SEU MUNDO: O


AMBIENTE EM ROMANCES DE FORMAÇÃO DE JOSÉ
LINS DO REGO E DA LITERATURA AFRICANA
LUSÓFONA

Patrícia Soares Silva


UFRPE

Ao mesmo tempo em que revelam aspectos do crescimento de um


indivíduo, romances de formação mostram ambientes dos mais
diversos. O presente trabalho tem, como objetivo, analisar o ambiente
em Menino de Engenho, de José Lins do Rego e em dois romances da
literatura africana lusófona: Chiquinho, do cabo-verdiano Baltasar
Lopes e Avó Dezanove e o Segredo do Soviético, do angolano Ondjaki.
Todas as obras do corpus são romances de formação. Integram o
referencial teórico autores como CHAVES (2005), CHAVES e
MACEDO (2006), entre outros. Preliminarmente, foi possível observar
que o romance de formação é um gênero bastante prolífico na literatura
escrita em língua portuguesa.
Palavras-chave: José Lins do Rego; Romance de formação; Literatura
de língua portuguesa.

O VOCABULÁRIO REGIONAL DA OBRA FOGO MORTO


DE JOSÉ LINS DO REGO: UM ESTUDO LÉXICO-
SEMÂNTICO

Fernanda Barboza de Lima


UFPB
Jailto Luis Chaves de Lima Filho
UFPB

O léxico de um povo revela, entre outras coisas, seus costumes, suas


tradições, suas representações culturais e a forma como um grupo de
pessoas vê o mundo. O vocabulário tem a propriedade de traduzir a
sociedade, revelando como ela age e pensa em determinado contexto
histórico. Nesse sentido, estudar o léxico regional de uma obra literária
~ 155 ~

pode ser considerada, também, uma forma de compreender um pouco


melhor a história de um povo, mostrada através da descrição de lugares,
tipos humanos e hábitos que compõem uma dada narrativa. Com o
propósito de apresentar traços da cultura regional nordestina,
realizamos uma análise do vocabulário da obra Fogo Morto de José
Lins do Rego, romance que conta a história do declínio dos engenhos
de cana-de-açúcar a partir da descrição de três personagens principais:
José Amaro, Seu Lula e Capitão Vitorino. Nosso trabalho se
fundamenta na teoria dos campos lexicais de Coseriu (1977) e em
teorias que relacionam léxico e cultura, compreendendo que não há
como desvincular esses campos do saber. Com a análise de campos
léxico-semânticos selecionados da obra estudada, compreendemos que
um estudo do vocabulário pode contribuir para o maior conhecimento
da história e da cultura do povo nordestino.
Palavras-chave: Léxico; Campos lexicais; Fogo Morto; Vocabulário
regional.

“MENINO DE ENGENHO”: A ORALIDADE E A


PRAGMÁTICA DESCONSTRUINDO O MITO DO
ENGENHO COMO UM “REINO FABULOSO”

Francis Willams Brito da Conceição


UEPB

Essa obra de José Lins do Rêgo tem a autonomia de nos fazer perceber
o poder da linguagem oral atuando na configuração das tramas narradas
na infância do protagonista, principalmente, quando se tem o objetivo
de construir um mito; esse mito gerou uma expectativa antecipada
sobre a casa-grande, como sendo um “Reino Fabuloso”, nas palavras
do próprio narrador do romance. As histórias contadas pela negra
(tinha a função de contadora de histórias), trazida por Dona Clarisse,
gerou na mentalidade do menino uma realidade totalmente fantástica
acerca do funcionamento do engenho de seu Zé Paulino, o avô. Essa
construção do mito perdura durante os quatro anos, até a tragédia que
culminou na morte de Dona Clarisse, obrigando o menino a ir morar
~ 156 ~

no Engenho. A Desconstrução do mito, obviamente, é precedida por


uma construção oportunizada pela linguagem oral, como um conto de
fadas; assim, essa desconstrução se insere entre dois eixos: o da
linguagem oral e o da Pragmática, pois que toda contrariedade só foi
notada quando a situação contextual obrigou ao menino a mudar-se
para o Engenho do avô, bem como todas as suas vivências lá.
Objetivamos tecer uma argumentação em torno desses dois
fenômenos, um linguístico, oficializado pelo discurso, e outro prático,
estabelecido pelas circunstâncias impostas pela vida. Portanto, esse
trabalho se fundamenta nessa dualidade de construção do mito que
torna opaca a realidade e a desconstrução do mito que traz à tona a
realidade de um engenho em transição para usina, ou melhor, a
industrialização ocorrida no ciclo da cana-de-açúcar.
Palavras-chave: Linguagem Oral; Pragmática; Construção;
Desconstrução; Mito; Engenho.

MEMÓRIA E TRADIÇÃO NA EPOPEIA RURAL DO


NORDESTE: UMA ANÁLISE A PARTIR DA OBRA
HISTÓRIAS DA VELHA TOTÔNIA DE JOSÉ LINS DO
REGO

Andreia Paula da Silva


UFPB
Rossana Tavares de Almeida
UFPB

Considerando o que afirma Hafez (1997, p. 19) citando Otto Maria


Carpeaux (1990) sobre José Lins do Rego ser "o último dos contadores
de histórias”, título que atribui ao mesmo a função de guardião da
memória e da tradição popular, uma vez que a contação de histórias
envolve aspectos culturais que remetem à identidade de um povo, a
seus costumes, a sua religiosidade, a suas tradições, enfim, às nuances
que dizem respeito à constituição social da memória, atrelado ao fato de
que narrativas orais são instrumentos importantes para a formação do
ser humano e de sua subjetividade, desde a infância, este artigo procura
refletir as contribuições da obra Histórias da velha Totônia, de José
~ 157 ~

Lins do Rego, para a valorização da memória e da formação identitária


do indivíduo. As quatro histórias apresentadas nesta obra, narradas na
voz de uma velha “bem velha e bem magra”, que anda de engenho em
engenho “contando suas histórias de Trancoso”, trazem a abordagem
tradicional dos contos de fadas, visto que memória e tradição reportam
às civilizações antigas para entender a origem da história coadunada a
aspectos míticos, bem como a sua exploração maniqueísta, espalhando,
assim, sobre a terra nordestina encantos, ilusões e virtudes. O principal
objetivo deste trabalho, portanto, é mostrar a carga simbólica e
significativa que envolve o fato destas histórias serem atribuídas a uma
velha que apenas aparece na dedicatória da obra, dedicada “aos
meninos do Brasil”, na expressão do desejo de que todos estes meninos
possam ouvir com a mesma ansiedade e prazer com que ele, José Lins
do Rego, escutava a velha Totônia do seu engenho.
Palavras-chave: Memória; Tradição; Identidade; Histórias; Velha
Totônia.

CANGAÇO E FIGURAÇÃO DA UTOPIA EM FOGO MORTO,


DE JOSÉ LINS DO REGO

Huerto Leutério Pereira de Luna


UEPB

O nosso trabalho tem como objetivo discutir o cangaço como


figuração da utopia, no contexto da decadência representada em Fogo
Morto. Partimos da compreensão de que as utopias configuram modos
de esperança do humano, força motriz da vida e que surgem em
contestação ao mundo negativo em emergência no presente. A partir
disto buscamos realizar uma leitura interdiscursiva, nos propondo a
interpretar a possível significação utópica da figura do personagem
Capitão Antonio Silvino na trama narrativa, destacadamente para a
figura do personagem mestre José Amaro, um dos protagonistas da
obra. Fundamentamos nossa análise principalmente nos postulados
teóricos de FIORIM (2005), MAINGUENEAU (1993) e (2007),
BRANDÃO (2003), FARIAS (2006) e PAQUOT (1999).
Palavras-chave: Literatura; Interdiscursividade; Utopia; Cangaço.
~ 158 ~

OS ABRIGOS DE RICARDO: O ESPAÇO HABITADO NA


OBRA "O MOLEQUE RICARDO", DE JOSÉ LINS DO REGO

Raíssa Vale Miranda Cavalcante


UFPB

Neste trabalho analisamos a obra O Moleque Ricardo (1936) do


escritor paraibano José Lins do Rego por um viés espacial. Para abordar
a categoria, recorreremos às obras A poética do Espaço (1993) e
Questões de literatura e estética (1988) dos autores Bachelard e
Bakhtin, respectivamente. Estes pensadores auxiliam, sobretudo, no
sentido de estabelecer a categoria espaço como pertinente à análise
literária. Sob a ótica fenomenológica e de acordo com a metodologia da
topoanálise, Bachelard (1993) nos apresenta o conceito de casa
enquanto imagem primordial do espaço habitado e abrigo e como esse
espaço se insere psicologicamente no seu habitante, Bachelard (1993)
extende esse conceito a todo lugar veramente vivenciado. O teórico
Bakhtin, nos apresenta de forma temática os momentos chaves que
impulsionam o enredo da narrativa, a partir da noção de cronotopo,
que trata da indissociabilidade entre tempo e espaço. Utilizaremos ainda
autores como Borges Filho (2007) e Osman Lins (1976) que
desenvolveram análises pertinentes na categoria literária espacial. Com
essa abordagem teórica pretendemos investigar a relação entre o caráter
psicológico da personagem principal Ricardo e os espaço habitados por
este durante a obra.
Palavras-chave: José Lins do Rego; O Moleque Ricardo; Espaço;
Abrigo.

REMEMORANDO A FICÇÃO DE JOSÉ LINS DO REGO

Marinalva Freire da Silva


UFPB

A ficção de José Lins do Rego é memorialista. Menino de Engenho,


romance escrito em Maceió, Alagoas, é que ducumenta o que ocorre na
~ 159 ~

sociedade rural e nas cidades do norte do Brasil, alheia à pureza de


artifício da literatura corrente. O romance transcorre na zona
fronteiriça entre Pernambuco e Paraíba, conforme comprovam as
paisagens e a vida dos engenhos de açúcar. Doidinho, obra que retrata
o difícil, inquieto, precoce, nervoso, menino dotado de uma vontade
feita mais de impulsos que de costumes, menino que, não guarda tarefa
alguma de aluno aplicado. Banguê assinala a decadência com os rasgos
do castigo e da fatalidade. O enterro do Coronel José Paulino é
simbólico: com ele são sepultados todos os sonhos de grandeza, a vida
tranquila do canavial e o próprio Santa Rosa. Em o Moleque Ricardo o
autor troca o cenário, muda as personagens secundárias para homens,
mulheres, assuntos e problemas urbanos. Talvez represente a
exteriorização de um sentimento do próprio romancista. Usina retrata a
decadência sociopsicológica, sentida desde que o autor começou a
escrever. Com ela, encerra-se o ciclo açucareiro. Pureza se identifica
muito com Menino de Engenho. É um romance realista, com rasgos
poéticos, da beleza mágica da natureza. Agora o romancista se
transporta ao ciclo do cangaço: Pedra Bonita e Cangaceiros. Em
Cangaceiros se constata luta pela sobrevivência onde o forte se
sobrepõe ao fraco, e a violência vence a razão. Pedra Bonita assinala
uma seca que houve no nordeste do Brasil no início do século XX.
Riacho Doce, outra obra de José Lins do Rego, foge à regra porque não
repete as obras anteriores, contudo ela repete o autor em todas as
ações. Água Mãe é uma obra lírica e como tal representa tristeza. Esta
obra representa Cabo Frio (Rio de Janeiro). Fogo Morto representa
uma volta do escritor aos temas do ciclo do açúcar. Eurídice, pertence
ao ciclo carioca. É uma obra que retrata profundamente a angústia, a
solidão. Meus Verdes Anos é um livro de memórias onde prevalece o
tempo psicológico, já que os fatos vêm repletos de recordações do
escritor.
Palavras-chave: José Lins do Rego; Ficção; Obra memorialística; Ciclo
açucareiro; Ciclo do cangaço.
~ 160 ~

O CICLO DA CANA-DE-AÇÚCAR DE JOSÉ LINS DO REGO

Andréa Morais Costa Bulher


UEPB

Desde o romance de estreia Menino de Engenho (1932), passando por


obras como Doidinho, Banguê, Moleque Ricardo, até a maturação
magistral do livro Fogo Morto, José Lins do Rego, entre tantos
expressivos aspectos literários, se destaca, por unanimidade crítica, pela
temática dos engenhos. O nosso estudo, tomando como base a
economia açucareira do Nordeste, procura articular uma linha evolutiva
do ciclo da cana-de-açúcar do autor segundo a complexificação do
universo social representado, que se inicia por uma mirada lírico-afetiva
do mundo dos engenhos até a culminância de um filtro mais realista.
Entende-se que construção artística do ciclo da cana-de-açúcar, com a
sua temática dos engenhos decadentes pela usina, atravessa nas mãos de
José Lins um processo de maturação, cuja linha evolutiva se resume à
progressiva eliminação do componente neorromântico,
predominantemente representado em Menino de Engenho, pela vitória
total do componente realista crítico, observado, sobremaneira, na obra
Fogo Morto. O aparecimento de Fogo Morto, sete anos após a
publicação de Usina, abre questionamentos em torno de algumas
chaves críticas que enxergavam a obra do ciclo do autor como
conservadora e saudosista. Pretende-se, assim, compreender os traços
de mudança na representação de algumas obras do ciclo.
Palavras-chave: Lins do Rego; Ciclo da cana-de açúcar; Realismo.
~ 161 ~

LITERATURA E FUTEBOL

O FUTEBOL E O PRECONCEITO RACIAL SEGUNDO


LIMA BARRETO

Paulo Alves
UFPB

O futebol, na obra de Lima Barreto, não tem a menor importância. Isso


porque para ele não só o futebol não tinha a menor relevância social,
histórica nem política, como era nocivo à sociedade. Na sua obra
ficcional praticamente não há referência a futebol, mas na parte que
compõe os escritos de ocasião, isto é, crônicas se artigos de jornais e
revistas, encontram-se fartas e aguerridas referências a esse esporte
bretão, que ele qualificava, dentre outros epítetos, de racista,
animalesco, rude, grotesco, etc. Contudo sua maior crítica a este
esporte, que não fazia muito havia desembarcado em solo nacional, era
por conta do racismo que tanto trouxera em seu bojo quanto assimilara
no novo país que era e ainda é extremamente racista. E ele na qualidade
de negro, defensor dos direitos das minorias políticas de sua raça não se
furtava a apontar os preconceitos e os desmandos dos políticos que
acobertavam as atitudes racistas e privilegiavam os grupos futebolistas,
por serem todos oriundos da elite pretensamente branca; e que
menosprezavam o povo pobre e em sua maioria negro ou mulato, ao
mesmo tempo em que o exploravam com impostos escorchantes para
carreá-los em benefício da nova moda, estrangeira, para dizerem-se
chic.
Palavras-chave: Futebol; Racismo; Literatura militante.
~ 162 ~

MESAS-REDONDAS
~ 163 ~

ARQUIVO LITERÁRIO: MEMÓRIA PESSOAL E DE


CRIAÇÃO

PÉROLA: SÍNTESE E METÁFORA DO FEMININO EM


MEUS VERDES ANOS

Sônia Maria van Dijck Lima


UFPB

Para o projeto Ateliê de José Lins do Rego, o arquivo do autor de Fogo


morto conserva tanto sua memória biográfica, como testemunha seus
procedimentos autorais. Assim, entre os elementos agenciadores da
narrativa de Meus verdes anos, veremos a criação da personagem
Pérola. A crítica literária refere-se a Meus verdes anos como
autobiografia e memória, relativizando sua natureza ficcional. Sem
desconhecer que a narrativa de Meus verdes anos revela a experiência
vivida pelo autor na infância transcorrida no engenho do avô, Marilene
Carlos do Vale Melo salienta, no estudo publicado em Movimentos do
discurso de José Lins do Rego (2004), que há personagens femininas,
na obra autobiográfica e memorialística, resgatadas do romance Menino
de engenho, que, por sua vez, também se alimenta da memória e da
autobiografia. A fatura ficcional não pode ser desprezada criticamente
quando se lê Meus verdes anos, como se sua narrativa se confundisse
com um depoimento. Bom exemplo desse fato é a personagem Pérola,
que demonstraremos ser síntese da possível diversidade e metáfora do
feminino, quando o autor adulto retoma a aventura do menino Dedé,
na descoberta da sexualidade.
Palavras-chave: Arquivo; Crítica Genética; Memória.
~ 164 ~

GÊNESE DA MEMÓRIA: A CONSTRUÇÃO DE


SEQUÊNCIAS NARRATIVAS EM MEUS VERDES ANOS

Maria Lúcia de Souza Agra


URCA

Este trabalho se propõe analisar a função de regência do protonarrador


(narrador em construção) no manuscrito de Meus verdes anos, quando
desenvolve atividades de organização da narrativa memorialística,
construindo e/ou orientando efeitos de sentido que deverão se realizar
em seu receptor (o protonarratário). Esta função de regência só pode
ser observada com propriedade nos movimentos de criação que
instauram os agentes da comunicação narrativa, também em
construção, visto que a voz, o discurso e sua recepção são produzidos
concomitantemente. Para tanto, tornou-se necessário o recurso à
transcrição dos documentos de produção do texto memorialístico Meus
verdes anos, que foi realizada pela equipe de pesquisa do Projeto Ateliê
de José Lins do Rego e se encontra na dissertação de mestrado
desenvolvida por Agra (1992), sob o título A construção da estratégia
narrativa no prototexto de Meus verdes anos, na qual foi desenvolvida
a teoria da gênese da comunicação narrativa, publicada, posteriormente,
em Movimentos do discurso de José Lins do Rego (2004). Ao analisar
os movimentos empreendidos pelo protonarrador para estabelecer uma
comunicação com seu destinatário, percebe-se, entre outros aspectos de
igual importância, a grande preocupação em articular sequências
cronológicas e produzir efeitos discursivos que determinem, de formas
gradual e anacrônica, as relações entre o presente discursivo e o
passado diegético, e as que se mobilizam dentro da própria diegese,
para realizar efeitos de verdade memorialística.
Palavras-chave: Arquivo; Crítica Genética; Comunicação narrativa;
Memória.
~ 165 ~

GÊNESE DAS PERSONAGENS DE MEUS VERDES ANOS

Marilene Carlos do Vale Melo


UEPB

Durante a leitura dos documentos do Arquivo José Lins do Rego,


enquanto pesquisadora do Projeto Ateliê José Lins do Rego,
desenvolvido na Fundação Espaço Cultural da Paraíba, o manuscrito
de Meus Verdes Anos – narrativa que encerra o ciclo de produção de
José Lins do Rego - estimulou a investigação do processo de escritura
do autor, o que permitiu identificar os mecanismos de criação das
personagens, muitas trazidas da narrativa de Menino de Engenho –
narrativa que inicia a produção literária de José Lins do Rego.
Concentramos a atenção em situações de nomeação e caracterização de
personagens femininas que tiveram participação na formação moral,
social e sexual do menino Carlinhos, de Menino de Engenho, e do
menino Dedé, de Meus Verdes Anos. Constituem o referencial teórico
as classificações de personagens formuladas por Antonio Candido (et
ali – 1976), em A Personagens de Ficção, dentre as quais, duas se
identificam com os procedimentos de escritura de José Lins do Rego,
nas narrativas de Menino de Engenho e de Meus Verdes Anos.
Palavras-chave: Crítica Genética; Arquivo; Memória; Personagens.
~ 166 ~

QUEM CONTA UM CONTO, ACRESCENTA UM PONTO

A MEDIAÇÃO SIMBÓLICA EM "HISTÓRIAS DA VELHA


TOTÔNIA" DE JOSÉ LINS DO REGO

Maria de Fátima Barbosa de Mesquita Batista


DLCV/PPLP/PPGL/UFPB

A obra de José Lins do Rego é marcada por uma presença significativa


da cultura tradicional popular. Ele não é apenas um contador de
histórias, como se costuma apregoar, mas um digno representante da
história do povo. Manuseia, com maestria, gêneros literários de
expressão popular, desde os romances, contos, provérbios até cantigas
várias que o tornam, a nosso ver, um cantor do povo. Nesse trabalho,
vamos refletir sobre a mediação simbólica em Histórias da velha
Totônia (Rio de Janeiro: José Olympio, 1936), distribuída pelos
estudiosos entre as peças da literatura infantil. Foram transmodalizados,
ou seja, repassados da oralidade para a escrita quatro contos populares:
O macaco mágico; A cobra que era uma princesa; O príncipe pequeno;
O sargento verde. Buscamos, como base teórica, a Semiótica das
Culturas, considerando as condições de transmissão do entorno
(Rastier, 2010), especialmente os modos de mediação que representam
as linhas transfronteiriças entre o identitário e o distal, o que é
complementado com uma análise dos sistemas de dominação (Pais,
1993), que envolvem os sujeitos.
Palavras-chave: Literatura popular; Semiótica das Culturas; Mediação
simbólica.
~ 167 ~

CORDEL CONTADO: O AGONISTA MARCADO EUFÓRICA


E DISFORICAMENTE

Renata Pinto Uchôa de Araújo


UFPB

Desde os tempos antigos, a criatividade humana desfaz a história,


espalhando-a em múltiplas memórias. São elas que resguardam as
marcas da atuação do homem num mundo construído pelo símbolo e
pelo imaginário. Assim é o folheto de cordel: um gênero que trabalha a
realidade, transformando-a consoante os desejos do eu. Enquanto
expressão ímpar da cultura popular, o cordel faz sobreviver os valores,
as tradições e as crenças de um povo, cujo imaginário social continua a
alimentar os mitos e os discursos que permeiam a sociedade. Diante
disso, este trabalho, respaldado pela semiótica das culturas, tem como
objetivo examinar o processo de actorialização presente na literatura de
cordel, em particular, na forma de expressão do conto popular em
verso, através do folheto Rapunzel, de autoria de Isabel Maia, a fim de
observar como são construídos os atores, com base na classificação do
agonista, que determina como são retratados tais atores, se de forma
eufórica ou disfórica, pelo enunciador. Assim, determinando os valores
axiológicos que se encontram expressos às performances dos actantes.
As contribuições de RASTIER e VALETTE constituem as fontes
teóricas para o referido trabalho.
Palavras-chave: Literatura de cordel; Conto popular; Semiótica das
culturas.
~ 168 ~

O CONTO POPULAR EM LIBRAS: RESSIGNIFICAÇÃO E


CULTURA

Sandra Maria Diniz Oliveira Santos


UFPB
Rosângela Ferreira de Melo
PMJP/UFPB

Narrar histórias é um costume milenar. O conto popular são histórias


criadas e narradas pelo povo. Essa tradição antiga mesmo com a
evolução tecnológica não se tornou evanescente, pois se trata de uma
atividade na qual favorece a interação social. O ato de contar histórias
também é um costume antigo na comunidade surda. Eles costumam se
reunir em pontos de encontros, como associações, praças e escolas para
contar histórias; isso proporciona a interação entre eles e resgata o valor
do ser surdo. As histórias contadas entre os surdos e para os surdos são
chamadas de literatura surda. A literatura surda é manifestada através
das histórias narradas em língua de sinais e registradas através de
recursos audiovisuais, além de algumas publicadas na modalidade
escrita da língua portuguesa. Os surdos sempre estão criando novas
histórias em rodas de conversas e muitas delas terminam ficando sem
registro. Essas histórias também podem ser classificadas como contos
populares, uma vez que são criações de um povo e disseminadas entre a
própria comunidade. A literatura surda está relacionada com a cultura
surda, através da qual os surdos compartilham valores e saberes.
Palavras-chave: Contos; Literatura; Surdos; Cultura.
~ 169 ~

LITERATURA E PSICANÁLISE: A TRAVESSIA DOS


FANTASMAS

TEXTUALIDADES DO SEXO: A PORNOGRAFIA E SUAS


PROMESSAS

Hermano de França Rodrigues


DLCV/PPGL/UFPB

O mundo pós-moderno, com seus excessos e rupturas, albergou, como


nenhuma outra era, os signos da pornografia. O império das imagens
engendrou, ou melhor, concedeu novos lugares e nova indumentária a
um fenômeno subjetivo e cultural, que, de modo tácito ou avassalador,
percorreu as esferas pública e privada, regulando o corpo, o sexo e a
sexualidade. Ao escancarar nossos desejos mais recônditos e primitivos,
a experiência pornográfica aprisiona-nos à ilusão de que o estranho,
adormecido pela lei, poderá, enfim, ser despertado, ao mesmo tempo
em que nos conduz à angústia da frustração, quando nos faz fracassar
diante da impossibilidade de encenar o jogo alheio. Parece-nos, desse
modo, que a lógica tanática, marcada pela repetição e desagregação,
abraça a pornografia e, com efeito, responde por seus efeitos, suas
artimanhas e, mormente, por seus danos. Tal configuração, malgrado
possa sugerir uma construção negativa, sobretudo se vista sob o prisma
da moralidade, revela a potência das forças pulsionais, cujos itinerários
(singulares e fantasiosos) põem em evidência o demasiadamente
humano. Nossa pesquisa busca examinar, a partir dos estudos
psicanalíticos, os matizes do engenho pornográfico em produções
artísticas e/ou midiáticas.
Palavras-chave: Psicanálise; Pornografia; Gozo.
~ 170 ~

LITERATURA E PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO:


AVATARES DA MASCULINIDADE, EM JOSÉ LINS DO
RÊGO

Juliana Andréa Cirino da Silva


UFPB
Hermano de França Rodrigues
DLCV/PPGL/UFPB

Primordialmente, desde o florescimento dos grandes impérios


patriarcais, o masculino colocou-se como condição desejada, valorizada
e, sobretudo, imposta. Os signos que o caracterizam, dinâmicos em seu
trajeto histórico, compõem uma estrutura de poder apta a hierarquizar
as relações de gênero, situando, em pólos antagônicos, homens e
mulheres. Essa diáspora, a título de exemplificação, ressoou pelo
nordeste do Brasil, onde o ideal de masculinidade, forjado ao labor da
violência e virilidade, suplantou, inclusive, a lei e os princípios
religiosos. Inscreve-se, nessa cartografia, nossa proposta de
investigação: examinar, com base nos postulados da psicanálise
(pós)freudiana, os (des)caminhos do masculino, assim como seus
impasses, na obra Menino de Engenho, do escritor paraibano José Lins
do Rego. Como aporte teórico complementar, utilizaremos os estudos
de George Bataille (1987), acerca do erotismo, e de Albuquerque Júnior
(2013), sobre a cultura falocêntrica, responsável por instaurar uma
lógica perversa em que o “sexo-forte” subalterniza o feminino.
Interessa-nos penetrar, no tecido cultural que sustenta a narrativa, de
modo a compreender as pilastras conceituais e subjetivas, a partir das
quais o protagonista arquiteta, num percurso simbolicamente
ritualístico, as insígnias de sua identidade.
Palavras-chave: Literatura; Psicanálise; Masculinidade.
~ 171 ~

AMORES INSÓLITOS: SEXO, AMOR E ANGÚSTIA

Tâmara Duarte de Medeiros


UFPB
Hermano de França Rodrigues
DLCV/PPGL/UFPB

Na França do séc. XIX, o amor venal estava à disposição de um jovem


burguês ou aristocrata desde que tivesse condições de custeá-lo. Não à
toa, os bordéis parisienses eram os mais frequentados neste período,
devido não só a sua quantidade excessiva, como também aos serviços
específicos que eram, ali, realizados. No entanto, a perseguição à
prostituta era um fato: as donas dos estabelecimentos, por exemplo,
sofriam com a descarada chantagem da milícia, que se valia de seu
poder enquanto autoridades responsáveis pela manutenção dos cabarés.
Pela alta sociedade francesa, as prostitutas eram bem quistas e
desprezadas, ao mesmo tempo, se não pela beleza, certamente, pelos
serviços que prestavam. É o caso de Marguerite Gautier, heroína do
romance A Dama das Camélias, do francês Alexandre Dumas Filho,
publicado em 1848. Na história, a mais cobiçada prostituta da cidade,
desperta a paixão do jovem Armando, cujo amor é antagonizado por
membros da própria família, os quais ambicionam formá-lo em Direito
e arranjar-lhe um casamento vantajoso, visando especulação financeira.
Nossa pesquisa, numa conexão entre a psicanálise de base freudiana e
as teorizações de BATAILLE (1987) e ADLER (1991), pretende
analisar, na narrativa em foco, as ambivalências que recaem sobre esta
relação de prazer e sofrimento, por si mesma, subversiva.
Palavras-chave: Cortesã; Prostituta; Amor; Bordel.
~ 172 ~

PERTURBAÇÕES DA ALMA: QUANDO A DOR IRMANA OS


CORPOS

Rafael Venâncio
UFPB
Hermano de França Rodrigues
DLCV/PPGL/UFPB

A obra camiliana é a maior representante da literatura romântica


portuguesa, pois, dentre muitos fatores, traz histórias marcadas pelo ato
trágico, protagonizadas por personagens convictos de seu ideal
romântico, a ponto de, se necessário for, se entregarem a morte, quiçá,
este seja, no fim de tudo, o desejo que, mesmo tácito em seus discursos,
os conduz aos braços de tânatus. Neste sentido, o dilaceramento da
alma pode ser encarado como um caminho, dentre outros possíveis,
para (re)viver as pulsões mais primitivas do inconsciente, e, sobretudo,
concretizar o que, num espaço ficcional, imaginado e regido por seu
narrador, não é factível: fundir-se com o outro amado. É o caso do
romance Amor de Perdição, escrito por Camilo Castelo Branco em
1861, no qual, Teresa, Mariana e Simão estão, intrinsecamente, ligados
pela dor que os assola e os enreda em um sentimento intenso e
avassalador que, sem dúvida, os leva se perderem definitivamente,
condição esta que os românticos tanto louvaram e chamaram de amor.
Por isso, nossa pesquisa, num diálogo entre os estudos psicanalíticos de
veios freudianos e a literatura romântica, pretende analisar, na narrativa
em foco, o luto não concluído, que tece as teias de uma atormentada
melancolia que recai sobre os personagens principais, dotando-os, ao
mesmo tempo, de vícios e prerrogativas.
Palavras-chave: Luto; Dor; Melancolia.
~ 173 ~

EROS AMORDAÇADO: QUANDO SOBRAM AS ILUSÕES

Renata Maria Silva de Souza


UFPB
Hermano de França Rodrigues
DLCV/PPGL/UFPB

Madame Bovary, escrita em 1857 por Gustave Flaubert, constitui uma


obra-prima do Realismo francês, reverenciada, até os dias atuais, pela
crítica mundial. Seu enredo ergue-se sobre os devaneios e ilusões da
personagem Emma Bovary, cujo modo de vida espraia-se em fortes e
sôfregas idealizações, fruto das narrativas românticas com as quais
“preenche” o vazio de seu cotidiano (ou quem sabe de si mesma).
Envolvida por esse universo, onde tudo parece diluir-se, inclusive a
própria existência, a protagonista faz de seu claustro subjetivo o refúgio
de seu desejo e de suas dores, ambos silenciados pela hipocrisia de uma
sociedade burguesa e conservadora. Com efeito, o autor nos apresenta
o perfil de uma mulher descontente (talvez seja esta uma de suas
maiores virtudes) com a mediocridade de uma vida provinciana, capaz
de arrancar-lhe o viço, conduzindo-a a estados de letargia e alienação, o
que, debalde, culmina numa tragédia. O romance, de tom soturno e
polêmico, traz a palco o adultério, o excesso, o desequilíbrio, numa
crítica mordaz ao provincianismo burguês. À vista disso, numa
articulação com a psicanálise de base (pós)freudiana, abordaremos as
nuances da depressão, na obra em tela, de modo a encará-la em seus
benefícios e mazelas, dando impulso a uma leitura onde o feminino,
amordaçado, vocifera em brados corpóreos.
Palavras-chave: Literatura; Psicanálise; Melancolia.
~ 174 ~

ANGÚSTIA E VIOLÊNCIA: A DINÂMICA PULSIONAL NA


CONTEMPORANEIDADE

Frederico de Lima Silva


PPGL/UFPB
Hermano de França Rodrigues
DLCV/PPGL/UFPB

O cenário a que Freud, em Mal-estar na Cultura, denominou de


civilização, e que comporta todos os laços estabelecidos pela
humanidade: leis, crenças, costumes, a fim de que se torne possível a
vivência em sociedade, aponta-nos, nos dias atuais, denominados por
vários estudiosos como pós-modernidade, um conflito cada vez mais
claro e violento face àquilo que o pai da psicanálise, na década de 30,
postulou como sendo a insatisfação necessária ao estabelecimento das
relações humanas em sociedade. Nesse processo, cada vez mais
(des)ordenado, duas instâncias do desenvolvimento psíquico, a saber:
neurose e perversão, fazem vir à tona o quão difícil é, em nossa
contemporaneidade, a contenção dos desejos arcaicos. O objetivo deste
artigo é promover, mediante a análise da letra da canção Estado
Violência, da banda Titãs, uma reflexão sobre como os personagens da
narrativa constituem verdadeiros modelos da vivência angustiante entre
o sujeito neurótico e o perverso, a partir de uma análise freudiana. Para
tanto, partiremos de uma perspectiva de análise psicanalítica, onde a
neurose e perversão serão entendidas como sendo formas de
subjetividade próprias do sujeito, e não meros qualificadores morais,
como erroneamente ainda são entendidas em nossa
contemporaneidade. A hipótese a se sustentar é a de que vivemos sob
um desmentido social em dois aspectos distintos, mas, ironicamente,
complementares no ponto de vista da manutenção da ordem: o temor à
castração, possibilitando ao sujeito neurótico se instituir mediante o
recalque; e a negação da castração, oriunda de um imperativo do gozo,
originando uma contradição da convenção social, instituidora do
Estado, gerando consequências nas formas de subjetivação da
atualidade, principalmente ao sujeito neurótico, que se vê assombrado
~ 175 ~

não apenas por suas angústias, mas por um mecanismo, um monstro,


um mal que ele mesmo gerou, enunciando uma falha social que traz
consequências na constituição da subjetividade contemporânea.
Palavras-chave: Estado Violência; Literatura; Psicanálise.

UM LUGAR PARA O SUJEITO: O QUE KEVIN TEM A


DIZER

Angeli Raquel Raposo Lucena de Farias


UFPB
Hermano de França Rodrigues
DLCV/PPGL/UFPB

A relação mãe-bebê começa muito antes do nascimento do filho. Inicia-


se a partir do desejo da mulher frente à maternidade. Com a descoberta
da gravidez, fantasias, desejos e idealizações eclodem no mundo
psíquico da futura mãe, sustentando as transformações que tal estado
reclama. Nesse contexto, é importante citar a presença do pai diante de
um novo enlace familiar, doravante marcado pela tríade mãe-pai-filho,
cujos desdobramentos subordinam-se à economia pulsional de cada
membro. A função materna demandará algumas operações, sobretudo
de ordem subjetiva, necessárias ao acolhimento do infante numa
família, ao mesmo tempo, íntima e estrangeira. O modo como a mãe
reconhecerá esse filho, como ela o perceberá, colocando-se como
continente de suas angústias (dele), “determinará” a suficiência ou as
falhas da maternagem. Cumpre dizer que um ambiente suficientemente
bom garante ao filho as condições necessárias para um processo de
subjetivação capaz de conduzir o ego à integração e amadurecimento
psíquicos. Essa conjetura emocional (e seus efeitos) compõe, com as
devidas peculiaridades, a tessitura narrativa do filme Precisamos falar
sobre Kevin, a qual projeta uma relação mortífera entre a personagem
Eva e seu filho Kevin. A película nos apresenta uma mulher que,
submetendo-se à gravidez, fracassa e leva o outro a fracassar também.
As nuances desse vínculo são descoloridas, áridas e, por vezes, apáticas,
forjando um Kevin centralizador, perverso e insensível ao amor e ao
~ 176 ~

outro. A maior consequência dessa relação, marcada pelo ódio e seus


avatares, é um ato de terror perpetrado por Kevin, que resulta na morte
de inúmeras pessoas. O amor de Eva talvez surja nesse momento,
quando ela assume a culpa social e psiquicamente e tenta reparar a
relação com seu filho. O filme mostra, ainda, a ação de uma figura
paterna incapaz de suprir as exigências tanto da mãe quanto do filho.
Dessa forma, esse trabalho pretende se debruçar sobre a relação mãe-
bebê, exposta no filme, de modo a compreender as razões e os matizes
de um laço familiar corrosivo e desestruturante. Para tanto, iremos
recorrer à teoria psicanalítica, em especial, aos trabalhos desenvolvidos
por Freud, Lacan e Winnicott.
Palavras-chave: Psicanálise; Cinema; Mãe-bebê; Função materna;
Perversão.
~ 177 ~

DO SEXO À PALAVRA: EXPLORAÇÕES LITERÁRIAS E


PSICANALÍTICAS

JOÃO NO DESEJO: ADICÇÃO E NARRATIVA EM


BERKELEY EM BELLAGIO

Carlisson Morais de Oliveira


UFPB
Hermano de França Rodrigues
DLCV/PPGL/UFPB

Não é a toa que o narrador João escolhe o livro "Angústia" de


Graciliano Ramos para começar um de seus cursos na Universidade de
Berkeley: as suas memórias são as suas angústias, são elas que
organizam a estrutura do livro e que nos fazem compartilhar esses
sentimentos. Do campus da universidade, passando pelos bosques da
Fundação Americana até o retorno “definitivo” à Porto Alegre, a
narrativa — sempre entrecortada por memórias e sonhos nestes locais e
ainda outros — nos mostra o protagonista lidando com (e sendo) uma
sexualidade aditiva, seguindo a terminologia de Joyce McDougall. Nesse
sentido, vemos “a confusão de instantes”, ou seja, a dificuldade de
construir uma narrativa no tempo e a presença da obsessão, da
repetição; a dificuldade em reconhecer o próprio corpo, que confunde
até o uso dos pronomes pessoais; a dificuldade em aceitar o prazer, a
carne. Além disso, vemos as referências ao pensamento do filósofo
George Berkeley como tentativas de racionalização de seu modo de agir
e pensar. Seguindo este caminho, podemos reconhecer a grande
mudança que ocorre na cripta da Fundação, a "Death Chapel", onde,
pela primeira vez, ele coloca limites ao seu desejo: “sei que ali não
quero mais ninguém”. Este “não” acarretará muitas mudanças, tantas
que ele conseguirá voltar para casa, para Léo e pensar no futuro. No
nível textual, sua narrativa se torna mais lenta, mais organizada pela
reflexão do que pela memória. Para encerrar, seguindo as reflexões de
Susan Sontag sobre a imaginação total, principalmente a pornográfica e
~ 178 ~

a religiosa, podemos compreender a etapa final de sua narrativa como


consequência daquela negação, o que o próprio João chamou de
“liturgia do avesso”.
Palavras-chave: Sexualidade; Forma literária; João Gilberto Noll; Joyce
McDougall; George Berkeley; Susan Sontag.

PALAVRAS (MAL)DITAS: O JOGO ERÓTICO DA


ENUNCIAÇÃO EM HILDA HILST

Nicole Corte Lagazzi


UFPB
Hermano de França Rodrigues
DLCV/PPGL/UFPB

O presente trabalho, ao debruçar-se sobre a literatura


pornográfica/erótica, pretende analisar o substrato estético e ideológico
que consubstancia um discurso acerca do sexual, marcado por um jogo
linguageiro onde transitam censuras e desvelamentos, pudores e
nomeações. Para tanto, elegemos aqui a obra Contos d'escárnio, textos
grotescos (1990), da escritora brasileira Hilda Hilst. Consideramos
necessária, como princípio norteador, uma introdução à literatura
hilstiana e, mais especificamente, à tetralogia obscena da autora.
Privilegiamos, também, aspectos formais do discurso
erótico/pornográfico, os quais se inscrevem, dinamicamente, na
história da literatura brasileira. A psicanálise freudiana, com sua
compreensão sobre a importância da dimensão sexual na constituição
do sujeito, constitui nosso aporte teórico para a análise em questão. A
dimensão inconsciente e fantasmática do texto foi pensada a partir da
perspectiva de Roland Barthes, problematizando, aqui, a relação autor-
leitor dentro do espectro das obras pornográficas/eróticas.
Palavras-chave: Psicanálise; Erotismo; Hilda Hilst.
~ 179 ~

DECIFRA-ME OU SERÁS DEVORADO: ENIGMAS DA


PERVERSÃO

Elisangela Marcos Sedlmaier


UFPB
Hermano de França Rodrigues
DLCV/PPGL/UFPB

O termo perversão, para muitos, carrega uma carga negativa, quiçá, em


virtude das questões éticas e morais que o envolvem. Quase sempre,
homens comuns e acadêmicos costumam associá-lo a algo deplorável,
pornográfico, depravado ou, não infrequente, às estigmatizadas
“aberrações sexuais”. Tal confusão, possivelmente, deriva das mais
diversas nomenclaturas que foram atribuídas ao comportamento
desviante, no decorrer dos séculos, tanto pela instituição médica quanto
religiosa. No copioso e controverso território da literatura erótica e/ou
pornográfica, confrontamo-nos com inúmeras obras que exploram o
sedutor e angustiante espetáculo humano das perversões, que vai desde
o horror sadiano às peripécias fetichistas presentes nas peças
contemporâneas. Com um pouco mais de reflexão, perceberemos que a
perversão, longe de figurar como patologia, constitui uma transgressão
aos modelos conservadores edificados por uma sociedade patriarcal e
heteronormativa, que regula corpos e sexualidades, segregando
indivíduos conforme suas práticas sexuais. Opor-se a essa norma
significa contestar uma concepção de mundo que, ao reduzir o ato
sexual à mera atividade procriatória, nega a capacidade criativa de Eros.
A partir dessas considerações, buscaremos examinar, no romance “A
história de O” (1954), os signos da perversão, sobretudo no que
concerne ao teatro sexual encenado pela protagonista, nomeada
simplesmente com a vogal O. Com base nos estudos da psicanalista
McDougall, adentraremos no mundo ficcional da personagem, de
modo a considerar sua arquitetura erótica como defesa ante as
intempéries da própria subjetividade.
Palavras-chave: Perversão; Neo-sexualidades; Psicanálise; Literatura
erótica; História de O.
~ 180 ~

UM DEUS IMORAL: SEDUÇÃO E QUEDA NA BÍBLIA


HEBRAICA

Manoel Hélder de Moura Dantas


UFPB
Hermano de França Rodrigues
DLCV/PPGL/UFPB

O escritor e crítico literário americano Harold Bloom, em seu livro


“Abaixo as verdades sagradas”, ao traçar um paralelo entre os textos
antigos do Javista, levanta intensa polêmica com o ensaio “A Bíblia
hebraica”, quando cita especialmente o profeta Jeremias e o versículo
sete do capítulo 20, que diz: “Seduziste-me, Iahweb, e eu me deixei
seduzir”. Para Bloom, no texto “Jeremias acusa Iahweb de violência
sexual para consigo”, uma revelação que o escritor considera por
demais séria e original para passar despercebida, e estranha por que algo
que sugere uma blasfêmia seja simplesmente posto de lado. Bloom se
refere ainda ao episódio como um “tropo escandaloso”, que merece
reflexões mais apuradas, em virtude da excepcionalidade do episódio.
Parece uma alusão ao comportamento de Zeus, dos gregos, que tinha
por hábito seduzir humanos, usando a força de sua sedução e, também,
seu poder superior e opressor. Pretendemos prospectar a profundidade
da observação de Bloom, e compreender se de fato sua afirmação
confere com alguma relação de psicoerotismo entre o homem e a
divindade.
Palavras-chave: Harold Blomm; Bíblia Hebraica; Erotismo.
~ 181 ~

AS MÚLTIPLAS VOZES DE JOSÉ LINS DO REGO

A LINGUAGEM METEFÓRICA DE USINA, DE JOSÉ LINS


DO REGO

Maria do Socorro Silva de Aragão


UFPB/UFC/ALP

José Lins do Rego em suas obras de ficção, como todo bom


romancista, utiliza-se das mais diferentes estratégias linguístico-literárias
para dar vida a seus personagens e contar suas histórias. A temática, a
estrutura literária e a linguagem de suas obras caracterizam, com rara
precisão, o nosso povo, seu falar, costumes, crenças e tradições, e seu
modo de ser, viver, pensar e agir, dentro do seu universo sócio-
linguístico-cultural. Sua linguagem popular se manifesta, especialmente
no léxico, com um vocabulário de palavras e expressões
regionais/populares, com arcaísmos, com elementos de cantigas
populares, mas também é marcada do ponto de vista morfossintático,
através de figuras de linguagem como a metáfora, a metonímia e as
comparações, por exemplo. Na obra “Usina”, há um uso constante de
metáforas tornando-se uma das marcas de sua linguagem nessa obra.
Neste trabalho analisaremos como José Lins lança mão das metáforas
para enriquecer suas expressões, especialmente quando dá
características humanas aos seres da natureza, como nos exemplos: As
capoeiras de mato grosso gemiam no machado, com as caldeiras
precisando de lenha” (p. 77). Ou ainda: A lua bonita deitava-se nas
águas do mar, balançando-se nas ondas como numa rede (p.97). Ou
quando concretiza sentimentos quando diz: Ricardo fazia as suas bem
amargas reflexões (p. 34).
Palavras-chave: José Lins do Rego; Linguagem regional-popular;
Metaforização.
~ 182 ~

“MEUS VERDES ANOS”: O ENTRECRUZAR DO REAL


COM O FICCIONAL

Neide Medeiros Santos


UFPB/FNLIJ/PB

O verbo lembrar significa trazer algo à memória própria ou de outrem,


recordar, relembrar. É aquilo que ocorre ao espírito como resultado de
experiências já vividas, reminiscências. “Meus verdes anos” é o
resultado de experiências da infância do escritor José Lins do Rego. A
leitura do livro também nos leva a outros caminhos, é necessário
distinguir o que é real e o que é ficcional. Se nos romances de Zé Lins
aflora um entrecruzar de gêneros, “Meus verdes anos” não fica
indiferente a essa miscigenação – o poético convive fraternalmente com
o épico e mesmo o dramático é vislumbrado em certos momentos de
tensão, de solidão, de espantos e tristezas. Sendo assim, o conteúdo
desse trabalho procura demonstrar como se verifica esse entrecruzar de
gêneros na obra memorialista de José Lins do Rego.
Palavras-chave: Lembranças; Memória; Ficção.

GILBERTO FREYRE E JOSÉ LINS DO REGO:


REGIONALISMO E DOCUMENTÁRIO

Ana Isabel de Souza Leão Andrade


ALANE/UBE

O trabalho pretende traçar algumas considerações sobre o escritor


pernambucano Gilberto de Mello Freyre com o paraibano José Lins do
Rêgo Cavalcanti, quanto ao pensar a Sociologia de Gilberto Freyre e a
Literatura regionalista de José Lins do Rego, principalmente através do
diálogo entre ambos. Analisar até que ponto Gilberto Freyre
influenciou e contribuiu com a obra de José Lins do Rego e até que
ponto José Lins influenciou e contribuiu com a obra de Gilberto
Freyre. Daí a proposta de promover uma interseção entre Sociologia e
Literatura e entre o pensamento dos dois. Gilberto Freyre, ensaísta,
sociólogo, escritor, pintor, e José Lins, escritor regionalista, e vice-versa.
~ 183 ~

O que há do pensamento regionalista de José Lins em Gilberto Freyre e


o que há do pensamento sociológico de Gilberto Freyre em José Lins?
Essa é uma questão que será debatida na apresentação do trabalho. A
grande questão proposta é analisar até que ponto Gilberto Freyre
influenciou e contribuiu com a obra de José Lins do Rego e até que
ponto José Lins influenciou e contribuiu com a obra de Gilberto
Freyre. Daí a proposta de promover uma interseção entre o
pensamento regionalista através da Sociologia e Literatura e entre o
pensamento dos dois. A influência e as consequências do manifesto
regionalista lido no primeiro Congresso Brasileiro de Regionalismo na
cidade do Recife em 1926, escrito por Gilberto Freyre. A amizade ”José
Lins e Gilberto” é decerto uma das grandes amizades na história
literária brasileira e baseou-se em profunda admiração recíproca.
Gilberto marcou uma nova fase de influências no espírito de José Lins
do Rêgo através das ideias novas sobre a formação social brasileira e
vice-versa. Como conclusão cito as palavras de Gilberto Freyre: “ Os
dois, - José Lins e eu- nos completamos em várias das atividades que
desenvolvemos e em diversas das tendências exprimimos com maior ou
menor gosto ou ênfase, conforme o temperamento de cada um.
Completamo-nos na influência que, juntos, exercemos sobre escritores,
artistas, homens de estudo, até homens de ação, tanto mais velhos
como mais novos do que qualquer de nós, da nossa região do nosso
país. Completamo-nos através das influências que eu recebi dele e das
que ele recebeu de mim” (FREYRE, Gilberto. Vida, forma e cor. 1987,
p. 59).
Palavras-Chave: Literatura brasileira; Regionalismo; Sociologia;
Gilberto Freyre; José Lins do Rego.
~ 184 ~

DOS “AMORES IRREGULARES” NO INTERNATO E NA


PRISÃO: HOMOEROTISMO MASCULINO EM DOIDINHO
E USINA

José Vilian Mangueira


UERN

Os estudos que tratam da literatura de José Lins do Rego, comumente,


destacam o tom memorialista de seus textos ou a representação de um
sistema socioeconômico nordestino em decadência. Quando muito, são
exploradas as relações de gênero envolvendo o binômio heterossexual
homem X mulher, para se destacar o papel de passividade do feminino.
O que se pretende com esse trabalho é oferecer uma outra
possibilidade de leitura da obra de José Lins do Rego, destacando a
presença de personagens homossexuais masculinos em dois romances
do escritor paraibano. Nossa intenção é chamar atenção para o modo
como o sujeito gay masculino é concebido dentro de um universo
literário marcado pela masculinidade hegemônica. Assim sendo,
concentramos nossas análises em Doidinho e Usina. Nesses dois textos,
os personagens homoeróticos assumem papel de destaque na trama,
sendo ou protagonista ou personagem relevante. Nessas obras, os
sujeitos homoeróticos representam uma faceta da criação artística de
José Lins que foi esquecida pela crítica.
Palavras-chave: José Lins do Rego; Literatura e homoerotismo;
Relações de gênero.
~ 185 ~

HERÓIS E ANTI-HERÓIS NOS ROMANCES PEDRA


BONITA E CANGACEIROS, DE JOSÉ LINS DO REGO

DO ENGENHO À USINA IMPASSES DA MODERNIZAÇÃO


EM JOSÉ LINS DO REGO

Manoel Freire Rodrigues


UERN

No conjunto dos romances de José Lins do Rego, particularmente no


que se convencionou chamar de “ciclo da cana-de-açúcar”, Banguê e
Usina são cruciais como figuração do processo de mudança no sistema
de produção de açúcar do Nordeste, que passa da forma artesanal e
arcaica do engenho para o sistema industrial e moderno da usina. No
plano da forma, o processo opera-se pela passagem do relato
memorialístico/biográfico de Carlos de Melo (que vem de Menino de
engenho e Doidinho) em Banguê, para a narração impessoal do
romance realista em Usina. A mudança, entretanto, não é completa: o
modo supostamente racionalizado de produção na empresa capitalista
conserva, em muitos aspectos, o modelo arcaico de exploração do
trabalho e concentração de riqueza do antigo sistema, assim como a
forma impessoal da prosa realista é contaminada por elementos da
narrativa oral e pelas reminiscências do antigo menino/moleque de
engenho. Partindo desses pressupostos, esta comunicação analisa
alguns aspectos dos romances Banguê e Usina, com o propósito de
discutir as implicações da matéria social na configuração da prosa
literária de José Lins do Rego.
Palavras-chave: José Lins do Rego; Romance de 30; Modernização.
~ 186 ~

O ÉPICO REGIONAL NUMA DIMENSÃO DE


UNVERSALIDADE

Abdoral Inacio da Silva


UFPB

Este trabalho apresenta como proposta de análise a caracterização do


personagem Bentinho no romance Cangaceiros, de José Lins do Rego,
e do herói épico Eneias, na epopeia Eneida do poeta romano Virgílio,
tendo como objetivo demonstrar o que há em comum na trajetória do
heroísmo épico e no romance regionalista. Perceber algumas
características comuns entre obras tão distintas, com relação ao tempo
e ao espaço, e com propósitos distintos, é significativo nessa
perspectiva comparatista. A necessidade da viagem e a superação de
obstáculos são experiências recorrentes na trajetória do herói na
epopeia e também no romance, sendo recorrente, nesse percurso, a
intervenção divina. Embora estes percursos sejam analisados por um
viés específico é possível perceber elementos comuns na jornada feita
pelos dois, seja porque durante a sua jornada o herói passou por
transformações significativas, seja porque as obras literárias refletem os
acontecimentos comuns a uma determinada época sem, no entanto,
deixar de ter um caráter de universalidade. Fundamentarmo-nos nas
teorias de KOTHE, (1987), CAMPBELL (s/d), COUTINHO (1988),
BOSI (1987) e outros.
Palavras-chave: Literatura comparatista; Heroísmo; Epopeia; Betinho;
Eneias.

HERÓIS E ANTI-HERÓIS NOS ROMANCES PEDRA


BONITA E CANGACEIROS, DE JOSÉ LINS DO REGO

Elri Bandeira de Sousa


UFCG

Os romances Pedra Bonita (1938) e Cangaceiros (1953) constituem um


quadro à parte e complementar do painel sobre o Nordeste brasileiro,
construído por José Lins do Rego, que tem como dominância os
~ 187 ~

romances do ciclo da cana-de-açúcar. Ambientados no sertão


nordestino, esses dois romances aprofundam a discussão de dois temas
tocados de forma secundária nos romances do ciclo: o messianismo e o
cangaço. Vivendo essa face dupla e contraditória do sertão, os irmãos
Bentinho, Domício e Aparício são, ao mesmo tempo, heróis e anti-
heróis. Sua trajetória, marcada pela maldição do sangue da família,
desperta os sentimentos de recusa e de aprovação por parte de
governos, de coronéis ou do povo em geral. O presente trabalho analisa
a construção dessas personagens, levada a efeito, não apenas pelo
discurso do narrador, mas pelas inúmeras vozes de personagens que
circulam por essas duas narrativas que se fundem numa unidade épica.
Tomando o discurso direto e o indireto livre como materializações das
diversas perspectivas – míticas ou prosaicas – sobre os fatos narrados,
propomos analisar as personagens no seu envolvimento com o cangaço
e o messianismo – fatos esses que constituem o “rio de vida” que corre
nas duas narrativas, conforme palavras do seu autor. As categorias
analíticas estudadas são: ação, personagem, perspectiva e mito. Os
fundamentos crítico-teóricos deste trabalho são colhidos em Castello
(2001), Candido (1998), Farias Bronzeado (1991), Friedman (2002),
Reis & Lopes (1998), Genette (1995), Pereira de Queiroz (2003) e
Eliade (2006).
Palavras-chave: Ação; Herói; Anti-herói; Perspectiva; Mito.

CONFIGURAÇÕES DA VIOLÊNCIA SIMBÓLICA EM


CONTOS DE MARÍLIA ARNAUD

Risonelha de Sousa Lins


UERN
Manoel Freire Rodrigues
UERN

Apesar de serem observadas notáveis transformações nos modos de ser


e de agir da mulher na sociedade contemporânea em relação às
gerações que precederam a esta, nota-se que alguns modos de
submissão feminina ainda se fazem ver na convivência entre os
~ 188 ~

gêneros. Desta forma, a coexistência social, muitas vezes, é marcada


por relações de poder, garantido ora pela violência física, ora de forma
sutil, pela imposição de valores e ideologias ao devir dos dominados.
Esse problema tem motivado reflexões em todos os setores da
sociedade, inclusive na literatura, da qual emergem personagens
femininas ora marcadas pelos padrões de submissão, maquiados pelas
modificações sócio-temporais, ora figuram-se complexas, empenhadas
em romper com tudo que bloqueie o exercício da sua liberdade. Neste
contexto, Marília Arnaud, escritora contemporânea, questiona a
dualidade do feminino, posto entre os laços afetivos, que o aprisionam
ao parceiro, submetendo-o à violência, e o desejo de emancipação
social, fonte de libertação do jugo desigual entre os gêneros. A violência
simbólica ou física é, portanto, um tema que perpassa a obra dessa
paraibana, manifestando-se como reação do sujeito tanto aos conflitos
interiores quanto exteriores, ora embrutecendo-o, ora arrastando-o a
ações de confirmação de poder. Assim, este artigo intenta discutir a
configuração da violência simbólica contra a mulher e quais os seus
efeitos nos contos “O visitante” e “As tardes”, pertencentes à obra A
menina de Cipango, da referida autora, buscando entender e
problematizar a representação do sofrimento do outro e a situação das
mulheres nas práticas de violência que transcorrem na relação de
gênero. Para desenvolvermos nossa análise, utilizaremos como ponto
de partida os pressupostos da Crítica Literária Feminista.
Palavras-chave: Marília Arnaud; Violência; Mulher; Gênero;
Identidade.
~ 189 ~

ESTUDOS LINGUÍSTICO-LITERÁRIOS

META-RETÓRICA, CONCEITO E APLICAÇÃO: ASPECTOS


DA POÉTICA DE AUGUSTO DE CAMPOS

Expedito Ferraz Júnior


PPGL/UFPB

O conceito de estilo como desvio em relação a um código pode ser


bastante útil na apreciação da poesia experimental, desde que o
consideremos de maneira dinâmica. Os estudos retóricos, retomados na
atualidade, beneficiam-se de contribuições da linguística moderna, da
semiótica e das teorias da comunicação, e propõem uma aproximação
ao fenômeno poético partindo da abordagem estrutural desses desvios,
também chamados de figuras ou metáboles – os quais, embora não se
restrinjam ao domínio exclusivo do poético, seriam responsáveis por
“um efeito estético específico [...] que é o verdadeiro objeto da
comunicação artística” (Dubois et al, 1974, p. 66). A forma de
atualização retórica mais frequente que identificamos na poética de
Augusto de Campos consiste em redimensionar alguns desses
procedimentos, já convencionais, dando-lhes uma forma imprevista. O
poeta submete determinadas figuras a uma espécie de tradução
intersemiótica que, nos termos da função poética de Décio Pignatari,
envolve a presença de um sistema icônico “infra, intra e super imposto”
à linguagem verbal. O presente trabalho propõe uma abordagem desse
aspecto da poesia em estudo, a que chamamos de meta-retórica,
aplicando-o à leitura de alguns poemas ilustrativos do poeta paulista.
Palavras-chave: Semiótica; Retórica; Augusto de Campos.
~ 190 ~

USINA E AS QUESTÕES DE GÊNERO NO ROMANCE


BRASILEIRO

Victor Hugo Adler Pereira


UERJ

O romance Usina, ao examinar os impactos da modernização da


produção açucareira nordestina a partir da perspectiva de diferentes
sujeitos, supera os limites da abordagem exclusivamente econômica ou
sociológica desse processo. Entre as esferas da vida cotidiana
envolvidas no processo modernizador destacadas nessa obra de José
Lins do Rego situam-se as questões de gênero. Sua importância se
anuncia desde a primeira parte da obra, com a retomada da saga do
protagonista em Moleque Ricardo, encerrada com sua prisão em
Fernando de Noronha. Focaliza-se a relação homoerótica do
prisioneiro com Seu Manuel, cozinheiro e também detento. No
decorrer do romance Usina, a volta de Ricardo à fazenda onde nascera
coloca seus conflitos de identidade e de classe em segundo plano para
dar lugar ao relato da ascensão e queda do latifundiário Dr. Juca.
Diferentes questões de gênero são suscitadas tanto pelo trânsito desse
jovem coronel entre o núcleo familiar e o prostíbulo, como pela
hesitação de sua mulher na função de guardiã dos valores patriarcais
junto às filhas, e posteriormente, e em suas atitudes de comando diante
da doença e falência do marido. Procuro demonstrar em meu trabalho
como, no romance Usina, a alternância de pontos de vista dos
personagens, apoiada no discurso indireto livre e no fluxo de
consciência, apresenta ficcionalmente diferentes mecanismos e formas
de relação com o discurso patriarcal. Com isso, a obra contribui junto a
outros romances, a partir dos anos 30, para a discussão sobre os novos
valores morais, ideias políticas e referências teóricas que colocaram em
questão o patriarcado brasileiro.
Palavras-chave: Questões de gênero e literatura; José Lins do Rego;
Literatura e patriarcado; Patriarcado rural e romance de 30; Questões
de gênero em Usina
~ 191 ~

A VOZ DO RAPSODO E A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DA


LUTA COLETIVA EM LETRAS DE CANÇÕES DE VANDRÉ

Amauri Morais Oliveira


EEM Monsenhor Horácio Teixeira

A obra de Geraldo Vandré é uma das mais singulares da Música


Popular Brasileira, sendo uma arte que floresceu nos famosos festivais
musicais das décadas de 1960 do século passado. Produzida em um
momento de instabilidade econômica e ideológica, ela também pode ser
vista como um grito de revolta contra o regime militar implantado no
Brasil da época e a manutenção das formas de exploração do homem
pelo homem. O presente trabalho analisa a voz de resistência popular
encontrada em diversas canções do cantor e compositor paraibano: essa
voz se aproxima da voz do rapsodo, cantor popular da Grécia antiga.
Isso nos leva a trabalhar com a hipótese da presença de ecos do épico
nas quatro canções que delimitam o corpus desse trabalho: Disparada,
de Geraldo Vandré e Theo de Barros, Cantiga brava, de Geraldo
Vandré, Arueira, de Geraldo Vandré e Prá não dizer que não falei das
flores (caminhando), de Geraldo Vandré. Como método de trabalho,
fizemos uma pesquisa bibliográfica e discográfica, já que as letras das
canções são o corpus da pesquisa, embora sobressaia o caráter
bibliográfico da investigação. O eu-épico das canções diverge um
pouco da figura mítica do herói épico grego e passa a ser um herói
histórico, agente e feitor de história. Dessa forma, compreendemos que
a presença de um chamado popular para a luta coletiva é um dos traços
relevantes da obra aqui analisada. As categorias analíticas estudadas são:
ação, épico, rapsodo e atualização do mito. Os fundamentos crítico-
teóricos que embasam este trabalho são Bakhtin (2003), Staiger (1975),
Lukács (2009), Kothe (1987), Rosenfeld (1996) e Ramalho (2013)."
Palavras-chave: Vandré; Épico; Rapsodo; Mito.
~ 192 ~

UMA VIAGEM AO MUNDO FANTÁSTICO DE JOSÉ LINS


DO REGO

Francisco de Sales Gaudêncio

O objetivo deste trabalho é analisar o singular mundo de José Lins do


Rego, emblemático escritor regionalista nordestino. Em sua obra,
descreveu notavelmente o Nordeste Açucareiro: a decadência
canavieira, substituída pelas estruturas fundiárias, as secas e toda sua
problemática. Destacaremos a importância do Engenho Corredor,
legendário Santa Rosa dos romances do autor. Acervo de profunda
evocação lírica e histórica e um dos velhos engenhos da várzea do
Paraíba. Situado no coração da Zona Canavieira do Estado, o Corredor
além de berço de um dos maiores nomes da literatura brasileira, é um
dos diversos engenhos de “fogo morto” da região, como Santa Fé,
Maravalha, Itaipu, Engenho Novo, Oiteiro, Lagoa Preta, Itapuá,
Santana e Massagana. O retardamento de políticas públicas ensejou o
desmoronamento do engenho. Somente em 1998 o patrimônio foi
tombado, pelo Governo da Paraíba, através do IPHAEP/PB por meio
do decreto 20.137. Não prosperando essa iniciativa, o bem está sendo
recuperado por atuais proprietários descendentes do escritor. Nesse
cenário, faremos uma investigação da preservação desse patrimônio de
importância incontestável, pois como afirma Françoise Chaoay, “essa
bela e antiga palavra estava na origem, ligada às estruturas familiares,
econômicas e jurídicas de uma sociedade estável, enraizada no espaço e
no tempo”.
Palavras-chave: José Lins do Rego; Sítio Arquitetônico; Engenho
Corredor.
~ 193 ~

O CONCEITO DE LÍNGUA NACIONAL NO “PÓS-


ESCRITO” DE “IRACEMA.LENDA DO CEARÁ”, DE JOSÉ
DE ALENCAR, DE 1870

Maria Elias Soares


UFC

Este trabalho objetiva analisar o tratamento dado por Alencar à questão


da língua portuguesa no “Pós-escrito” de “Iracema.Lenda do Ceará”,
obra de 1870. No “Pós-escrito”, ele começa com citações de autores de
gramáticas modernas, na época, como o brasileiro Francisco Sotero dos
Reis, o dinamarquês Madwig, e de autores como João de Barros, Frei
Luiz de Sousa, Cooper e Mendes Leal, além de fazer citações dos seus
“críticos” Pinheiro Chagas e Henriques Leal, e de defender-se, no final,
citando nomes de dois autores históricos, Gabriel Soares, Fernão
Cardim e “Laet”. Dois dos autores citados foram descobertos,
identificados e publicados pela primeira vez por Varnhagen: Fernão
Cardim, 1847, e Gabriel Soares de Sousa, 1851. Ferdinand Denis e
Emmanuel Liais publicaram antes da primeira edição de “Iracema”,
mas o livro de viagem de Jean-Louis Agassiz, escrito pela esposa
Elizabeth, “A Voyage in Brazil”, foi publicado em 1867, em
Massachusetts, e os “Novos Ensaios” de Pinheiro Chagas, onde ataca
Alencar junto com todos os escritores brasileiros, foram publicados
também em 1867, mas no Porto. Com esta diversificação é
demonstrada a erudição e a grande ambição de Alencar de ser
informado tão completamente como era possível nas condições do seu
tempo, quando se publicaram bons livros na Europa, nos Estados
Unidos, e na Impressão Regia de Dom João VI, desde 1808, também
no Brasil. O trabalho discutirá, especialmente, a abordagem de Alencar
sobre o conceito de língua, de língua nacional, de gramática e de
ortografia.
~ 194 ~

LITERATURA, CINEMA E TRADUÇÃO

MACHADO DE ASSIS NA TV: LEITURA E RECEPÇÃO


CRÍTICA DA MICROSSÉRIE CAPITU

Luiz Antonio Mousinho Magalhães


PPGL/UFPB

A comunicação abordará dados da microssérie Capitu, observando


aspectos de sua concepção narrativa, bem como de sua recepção crítica,
com ênfase para a crítica jornalística, além de questões dialógicas
relacionadas à estrutura da obra. Em nossa fala, daremos especial
atenção à crítica, mas também observamos outros gêneros jornalísticos
que abordaram a circulação do produto audiovisual, com enfoque mais
informativo. Da mesma forma, estaremos atentos à recorrência nos
textos do debate em torno da audiência e comunicabilidade da obra,
bem como sobre a relação do audiovisual com o texto-fonte, o
romance Dom Casmurro.

PARA UMA TEORIA DA ADAPTAÇÃO

João Batista de Brito

O que acontece quando um livro, um conto, ou um poema vira filme?


Que operações semióticas são observadas no processo da adaptação?
Este trabalho reflete sobre o problema, sugerindo um caminho teórico,
mas também prático, não para o fazer cinematográfico, mas, para
aqueles que se debruçam sobre as obras fílmicas que adaptaram
literatura. Assim, eventuais autores de TCC, dissertações de mestrado, e
teses de doutorado podem vir a ser os interessados na proposta aqui
adiantada.
~ 195 ~

LITERATURA, CINEMA E TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA:


DIÁLOGOS POSSÍVEIS

Eveline Alvarez dos Santos


Centro de Línguas do Estado da Paraíba

A Literatura Comparada nos permite fazer estudos distintos e a


Literatura é uma forma artística que tem estado efetivamente junto a
outros sistemas semióticos nos processos tradutórios. O cinema e a
televisão vêm utilizando-se do texto literário para suas produções
através da linha do tempo. Partindo do pressuposto que um estudo
comparativo que abarca a audiovisualidade e a literatura necessita de
um dorso teórico que nos auxilie no processo de análise comparativa,
um dos caminhos teóricos que serve de suporte para tal estudo é a
Tradução Intersemiótica. Definida por Roman Jakobson (1959), como
um dos três tipos de tradução, esta também é definida como
transmutação, “consiste na interpretação dos signos verbais por meio
de sistemas de signos não-verbais”. A partir da definição de Jakobson e
observando, dentro de alguns estudos da tradução, que todo processo
tradutório deve ter como resultado um texto equivalente, acreditamos
que a tradução intersemiótica apresenta meios plausíveis que respaldam
um estudo comparativo entre a literatura, o cinema e outros textos
audiovisuais. Pretendemos aqui apresentar como a Tradução
Intersemiótica se constitui e suas formas de aplicabilidade analítica em
estudos comparativos entre o texto fílmico e o texto audiovisual.
~ 196 ~

OFICINA

UNIDADE DE POESIA INTENSIVA (UPI): PROPOSTA,


AÇÃO E REFLEXÕES DE (E PARA) SALA DE AULA

Anderson Rany Cardoso da Silva


PIBID/UEPB
Luana Kalline Moura Pereira
PIBID/UEPB
Edcarla Oliveira Bezerra
PIBID/UEPB
Humberto Carneiro Monte Júnior
PIBID/UEPB
Maria Roselí da Silva Pereira
PIBID/UEPB
Marcelo Medeiros da Silva
PIBID/CCHE/UEPB

Vinculado ao Projeto Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência


(PIBID), o presente trabalho é fruto de nossas intervenções nas escolas
da rede pública de ensino da cidade de Monteiro onde desenvolvemos
um conjunto de ações que visam fazer com que a prática de leitura,
sobretudo a de textos literários, se torne uma ação efetiva nas aulas de
língua Portuguesa. De nossas intervenções em tais escolas, nasceu a
presente oficina intitulada de Unidade de Poesia Intensiva (UPI) que
visa mostrar como é possível realizar um trabalho com o texto poético
a partir de uma perspectiva que não só aproxime texto e leitor, mas que
mostre que essa relação pode ser perpassada com momentos lúdicos de
aprendizagem. Fundamentamos a nossa proposta de oficina nas
orientações teórico-metodológicas de Tavares (2007), Silva (2009), Silva
(2006), Candido (1995, 2002), Eco (2003), Queirós (2012) e Alves
(2007). Esperamos que a presente oficina possa contribuir para uma
ampliação da circulação do texto poético no ambiente escolar bem
como para uma ressignificação das práticas de leitura e de formação de
leitores na educação básica.
Palavras-chave: Ensino de Literatura; Formação de Leitores;
Formação de Professores.

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