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Artigo para anais do encontro dos alunos PPGAV, 2003

“O observador em um sistema telemático interativo é por definiçao um participante. Na arte telemática o

significado nao é algo criado pelo artista, distribuído pela rede e recebido pelo observador. O significado é

o produto da interaçao entre o observador e o sistema, o conteúdo daquilo que está em um estado de fluxo,

de mudança e transformaçao infinitos.”

Roy Ascott

Todos os trabalhos gerados no ambiente computacional têm em comum a imaterialidade

digital. O ouvir e o ver no ciberespaço se assemelham-se por serem ambos armazenados como

dados, mas o modo de percebê- los continua diferenciado, e é nesse ambiente polissêmico que se

passa o exercício dessa nova percepçao. Esse novo espaço está diretamente ligado ao nosso

tempo, mas ainda permanecem questoes sobre como utilizá-lo de forma nova. O caminho que o

artista precisa percorrer até alcançar a autonomia em um software, ou no uso de uma máquina

digital, igual ao de milhoes de usuários iguais a ele, que vao viver uma " primeira experiência"

contínua, sempre repetindo e se esvaziando das possibilidades criativas, sempre repetindo a

"programaçao", que é o que o "aparelho" traz consigo. Assim, o papel do artista interessado em

lidar com novos meios é o de conceituar essas "açoes". Construindo essa crítica, estará criando

novos conceitos para uma área habitualmente ligada à produçao de entretenimento, sendo uma

alternativa a essa forma de produçao, utilizando esses meios como forma para alcançar pessoas

interessadas em uma produçao crítica e com atitudes e idéias diferentes daquelas dos meios de

comunicaçao de massa. Cabe ao artista buscar outras formas de manipulaçao desses novos

meios para superar essa defasagem e atingir nessa manipulaçao, o seu espectador,

transformando-o em "participador".
As instituiçoes que coordenam os aparelhos de comunicaçao investem pesadamente no binômio

"imagem/tecnologia" sustentando por esse "véu" o domínio completo desse "espaço". Os artistas

e analistas que se propoem a pensar diferentemente constroem as ferramentas sociais para uma

resistência criativa a essa situaçao. Esses agentes buscam dar forma à possibilidade de se manter

uma autonomia poética e a liberdade de expressao no rádio e na internet, utilizando-se para isso

de uma nova leitura desses meios, um choque das imagens do universo habitual com outras,

formando uma programaçao constituída por uma linguagem poética nao comercial que se integre

ao espaço mediático coletivo


Esse mundo da informação, é o mundo da “imagem técnica”. Que segundo Vilém Flusser,

seria toda “imagem” gerada artificialmente.

Trata-se de imagem produzida por aparelhos. Aparelhos são produtos da técnica que, por sua vez, é

texto científico aplicado. Imagens técnicas são, portanto, produtos indiretos de textos...

Historicamente, as imagens tradicionais precedem os textos, por milhares de anos, e as imagens

técnicas sucedem aos textos altamente evoluídos. Ontologicamente, a imagem tradicional é

abstração de primeiro grau: abstrai duas dimensões do fenômeno concreto; a imagem técnica é

abstração de terceiro grau: abstrai uma das dimensões da imagem tradicional para resultar em

textos (abstração de segundo grau); depois, reconstituem a dimensão abstraída, a fim de resultar

novamente em imagem. Historicamente, as imagens tradicionais são pré-históricas; as imagens

técnicas são pós-históricas. Ontologicamente, as imagens tradicionais imaginam o mundo; as

imagens técnicas imaginam textos que concebem imagens que imaginam o mundo.1

Essas imagens são um dos instrumentos principais, a “língua” desse fluxo, dessas

mídias, dessa “sociedade da informação”. Criados em série pela indústria os aparelhos

trabalham para você produzir imagens rapidamente e com a “máxima resolução”. A

imagem é peça fundamental e dominá-la é ter a chave para abrir as portas do espaço

mediático e atingir seu público. Mas ela sempre se sacrifica em função de ser informativa,

de se fazer explicar imediatamente - à primeira vista.

Se, como diz Flusser, a imagem técnica ”projeta significado sobre o mundo”2, cabe

ao artista reestabelecer esse significado, moldá-lo como questão e não como resposta.

1.1 O programa de rádio como um espaço autônomo de criação e encontros

1
Flusser Vilém, Filosofia da Caixa Preta
2
Flusser , A imgem texto como dinamica do ocidente(confirmar)
A essência da festa: cara a cara, um grupo de seres humanos coloca seus esforços em sinergia para

realizar desejos mútuos, seja por boa comida e alegria, por dança, conversa, pelas artes da vida.

Talvez até mesmo por prazer erótico ou para criar uma obra de arte comunal, ou para alcançar o

arroubamento do êxtase. Em suma, uma “união de únicos”.3

A estratégia de fazer um programa "ao vivo" (de duas horas, aproximadamente),

convidando um artista ou vários, cria como resposta a imobilidade da programação dos

meios telemáticos do rádio e da tevê, um espaço de autonomia poética temporária,

disponibilizado para que os diferentes discursos da arte contemporânea se encontrem, se

fundem em um fluxo autônomo, paralelo a esse corredor mediático de massas, a essas redes

de informação sustentadas pelas corporações. Esse espaço de encontro é o estúdio, e tem

seu rebatimento no espaço virtual em que se insere o programa e no espaço digital.

A TAZ possui uma localização temporária mas real no tempo, e uma localização temporária mas real no

espaço. Porém, obviamente, ela também precisa ter um local dentro da web, outro tipo de local: não real,

mas virtual, não imediato, mas instantâneo.4

Um espaço para o "relaxamento" das tensões, para que circulem os discursos, para a

apresentação de obras em processo, para a instauração de uma malha, que gere conexões,

que reconstitua áreas erodidas de relacionamento entre os artistas e a cidade, entre a rádio

e a comunidade, que funcione como uma área intermídia, um espaço “entre fronteiras”,

onde as semióticas se cruzam, fundando uma grande montagem, inserindo novos códigos

3
Bey, H., TAZ Zona Autônoma Temporária, São Paulo, Conrad, 2001.

4
___________, __________________, São Paulo, Conrad, 2001.
nesse “fluxo" a partir da seqüência das obras e da performance dos diversos artistas que

participam e dão forma a esse trabalho.

...a mídia nos convida a “celebrar os momentos da nossa vida” com a unificação espúria entre

mercadoria e espetáculo, o famoso não-evento da representação pura. Em resposta a tamanha

obscenidade, nós temos, por um lado, o espectro da recusa (comentado pelos situacionistas John

Zerzan, Bob Black et al.) E, por outro a emergência de uma cultura festiva distanciada ou mesmo

escondida dos pretensos gerentes do nosso lazer. ”Lute pelo direito de festejar” não é uma paródia

da vida radical, mas uma nova manifestação dessa luta, apropriada para uma época que oferece a

tevê e o telefone como maneiras de “alcançar e tocar” outros seres humanos, maneiras de estar

junto.5

Assim, fazer arte pode ser uma troca de experiências, um “estar junto”, como coloca Hakin

Bey, numa época de afastamento radical em que as “ações da experiência estão em baixa”6,

esse encontro por si só é suficiente para a mobilização e discussão, para a apresentação e

troca de conceitos, para comparação e análise crítica do que se faz em arte e rádio,

sintetizando assim a idéia de espaço autônomo, ressaltando a função política dessa forma de

intervenção poética. Na concepção de Hakin Bey, o encontro, ou a festa pode ser uma

ocasião política de troca de experiência. Em seu texto Imediatismo, ele trata dessa questão

da experiência musical improvisada:

Música de improviso tocada por amigos em casa é menos alienado que música tocada ao vivo no metrô ou música tocada

pela mídia ( tanto pela pbs quanto pela mtv, ou pelo walkman). De fato pode-se argumentar que música distribuída de

5
Idem.
6
BENJAMIN, W., O narrador. Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. Obras Escolhidas, São paulo,
Brasiliense, 1996. P .203
graça ou a um certo custo em cassete pelo correio é menos alienada que música ao vivo tocada em qualquer grandioso

espetáculo “we are the world” ou em um clube noturno em Las Vegas, mesmo que o último seja tocado ao vivo para uma

audiência ( ao menos é o que parece ), enquanto o primeiro é música gravada, consumida por distantes e igualmente

7
anônimos ouvintes

“Rizomar, trocar, agregar artistas, é uma atitude política, embora a conotação desse trabalho

não o seja por inteiro. O conceito é político-poético, criar um espaço de experimentação

poética é reanimar possibilidades perdidas de troca de experiência, e isso é político, mas as

experiências artísticas são poéticas. O que impele o coletivo é a troca. Os pensamentos de

cada um e a sua performance, contribuem para um acúmulo de conceitos, como o áudio do

programa carrega consigo uma série de conceitos seqüenciados. A troca desse coletivo, de

suas mensagens, de sua experiência.

7
Hakim Bey, imediatismo, s/d.

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