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significado nao é algo criado pelo artista, distribuído pela rede e recebido pelo observador. O significado é
o produto da interaçao entre o observador e o sistema, o conteúdo daquilo que está em um estado de fluxo,
Roy Ascott
digital. O ouvir e o ver no ciberespaço se assemelham-se por serem ambos armazenados como
dados, mas o modo de percebê- los continua diferenciado, e é nesse ambiente polissêmico que se
passa o exercício dessa nova percepçao. Esse novo espaço está diretamente ligado ao nosso
tempo, mas ainda permanecem questoes sobre como utilizá-lo de forma nova. O caminho que o
artista precisa percorrer até alcançar a autonomia em um software, ou no uso de uma máquina
digital, igual ao de milhoes de usuários iguais a ele, que vao viver uma " primeira experiência"
"programaçao", que é o que o "aparelho" traz consigo. Assim, o papel do artista interessado em
lidar com novos meios é o de conceituar essas "açoes". Construindo essa crítica, estará criando
novos conceitos para uma área habitualmente ligada à produçao de entretenimento, sendo uma
alternativa a essa forma de produçao, utilizando esses meios como forma para alcançar pessoas
interessadas em uma produçao crítica e com atitudes e idéias diferentes daquelas dos meios de
comunicaçao de massa. Cabe ao artista buscar outras formas de manipulaçao desses novos
meios para superar essa defasagem e atingir nessa manipulaçao, o seu espectador,
transformando-o em "participador".
As instituiçoes que coordenam os aparelhos de comunicaçao investem pesadamente no binômio
"imagem/tecnologia" sustentando por esse "véu" o domínio completo desse "espaço". Os artistas
e analistas que se propoem a pensar diferentemente constroem as ferramentas sociais para uma
resistência criativa a essa situaçao. Esses agentes buscam dar forma à possibilidade de se manter
uma autonomia poética e a liberdade de expressao no rádio e na internet, utilizando-se para isso
de uma nova leitura desses meios, um choque das imagens do universo habitual com outras,
formando uma programaçao constituída por uma linguagem poética nao comercial que se integre
Trata-se de imagem produzida por aparelhos. Aparelhos são produtos da técnica que, por sua vez, é
texto científico aplicado. Imagens técnicas são, portanto, produtos indiretos de textos...
abstração de primeiro grau: abstrai duas dimensões do fenômeno concreto; a imagem técnica é
abstração de terceiro grau: abstrai uma das dimensões da imagem tradicional para resultar em
textos (abstração de segundo grau); depois, reconstituem a dimensão abstraída, a fim de resultar
imagens técnicas imaginam textos que concebem imagens que imaginam o mundo.1
Essas imagens são um dos instrumentos principais, a “língua” desse fluxo, dessas
imagem é peça fundamental e dominá-la é ter a chave para abrir as portas do espaço
mediático e atingir seu público. Mas ela sempre se sacrifica em função de ser informativa,
Se, como diz Flusser, a imagem técnica ”projeta significado sobre o mundo”2, cabe
ao artista reestabelecer esse significado, moldá-lo como questão e não como resposta.
1
Flusser Vilém, Filosofia da Caixa Preta
2
Flusser , A imgem texto como dinamica do ocidente(confirmar)
A essência da festa: cara a cara, um grupo de seres humanos coloca seus esforços em sinergia para
realizar desejos mútuos, seja por boa comida e alegria, por dança, conversa, pelas artes da vida.
Talvez até mesmo por prazer erótico ou para criar uma obra de arte comunal, ou para alcançar o
fundem em um fluxo autônomo, paralelo a esse corredor mediático de massas, a essas redes
A TAZ possui uma localização temporária mas real no tempo, e uma localização temporária mas real no
espaço. Porém, obviamente, ela também precisa ter um local dentro da web, outro tipo de local: não real,
Um espaço para o "relaxamento" das tensões, para que circulem os discursos, para a
apresentação de obras em processo, para a instauração de uma malha, que gere conexões,
que reconstitua áreas erodidas de relacionamento entre os artistas e a cidade, entre a rádio
e a comunidade, que funcione como uma área intermídia, um espaço “entre fronteiras”,
onde as semióticas se cruzam, fundando uma grande montagem, inserindo novos códigos
3
Bey, H., TAZ Zona Autônoma Temporária, São Paulo, Conrad, 2001.
4
___________, __________________, São Paulo, Conrad, 2001.
nesse “fluxo" a partir da seqüência das obras e da performance dos diversos artistas que
...a mídia nos convida a “celebrar os momentos da nossa vida” com a unificação espúria entre
obscenidade, nós temos, por um lado, o espectro da recusa (comentado pelos situacionistas John
Zerzan, Bob Black et al.) E, por outro a emergência de uma cultura festiva distanciada ou mesmo
escondida dos pretensos gerentes do nosso lazer. ”Lute pelo direito de festejar” não é uma paródia
da vida radical, mas uma nova manifestação dessa luta, apropriada para uma época que oferece a
tevê e o telefone como maneiras de “alcançar e tocar” outros seres humanos, maneiras de estar
junto.5
Assim, fazer arte pode ser uma troca de experiências, um “estar junto”, como coloca Hakin
Bey, numa época de afastamento radical em que as “ações da experiência estão em baixa”6,
troca de conceitos, para comparação e análise crítica do que se faz em arte e rádio,
sintetizando assim a idéia de espaço autônomo, ressaltando a função política dessa forma de
intervenção poética. Na concepção de Hakin Bey, o encontro, ou a festa pode ser uma
ocasião política de troca de experiência. Em seu texto Imediatismo, ele trata dessa questão
Música de improviso tocada por amigos em casa é menos alienado que música tocada ao vivo no metrô ou música tocada
pela mídia ( tanto pela pbs quanto pela mtv, ou pelo walkman). De fato pode-se argumentar que música distribuída de
5
Idem.
6
BENJAMIN, W., O narrador. Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. Obras Escolhidas, São paulo,
Brasiliense, 1996. P .203
graça ou a um certo custo em cassete pelo correio é menos alienada que música ao vivo tocada em qualquer grandioso
espetáculo “we are the world” ou em um clube noturno em Las Vegas, mesmo que o último seja tocado ao vivo para uma
audiência ( ao menos é o que parece ), enquanto o primeiro é música gravada, consumida por distantes e igualmente
7
anônimos ouvintes
“Rizomar, trocar, agregar artistas, é uma atitude política, embora a conotação desse trabalho
programa carrega consigo uma série de conceitos seqüenciados. A troca desse coletivo, de
7
Hakim Bey, imediatismo, s/d.