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U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D O P A R Á

N Ú C L E O D E A L T O S E S T U D O S A M A Z Ô N I C O S
P R O G R A M A D E D O U T O R A D O D O T R Ó P I C O Ú M I D O

ALINE MARIA MEIGUINS DE LIMA

O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E A GESTÃO DA


OFERTA HÍDRICA BASEADOS NO ESTUDO DA
PAISAGEM, NA BACIA DO RIO CAPIM - PA

Belém-Pa
2007
ALINE MARIA MEIGUINS DE LIMA

O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E A GESTÃO DA OFERTA


HÍDRICA BASEADOS NO ESTUDO DA PAISAGEM, NA BACIA DO
RIO CAPIM - PA

Tese de Doutorado apresentada ao Núcleo de


Altos Estudos Amazônicos, como parte dos
requisitos para obtenção do Título de Doutora
em Ciências: Desenvolvimento Socioambiental,
com enfoque na área de Gestão de Recursos
Hídricos, pelo Programa de Doutorado do
Trópico Úmido.

Belém-Pa
2007

ii
ALINE MARIA MEIGUINS DE LIMA

O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E A GESTÃO DA OFERTA


HÍDRICA BASEADOS NO ESTUDO DA PAISAGEM, NA BACIA DO
RIO CAPIM - PA

Tese de Doutorado apresentada ao Núcleo de


Altos Estudos Amazônicos, como parte dos
requisitos para obtenção do Título de Doutora
em Ciências: Desenvolvimento Socioambiental,
com enfoque na área de Gestão de Recursos
Hídricos, pelo Programa de Doutorado do
Trópico Úmido.

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Marcos Ximenes Ponte


Orientador – NAEA/UFPA

Prof. Dr. Norbert Fenzl Prof. Dr. Índio Campos


NAEA/UFPA NAEA/UFPA

Prof. Dr. José Almir Rodrigues Pereira Prof. Dr. Lindenberg Farias
CT/UFPA CT/UFPA

iii
Dedico este trabalho aos meus pais, Luiz e
Sônia, e irmãos, Fábio e Amélia, que são
minha família, a razão de eu ter chegado a
este momento.

iv
AGRADECIMENTOS

Este trabalho dedico e agradeço a Deus que me deu força nos momentos mais
difíceis e nas vitórias conquistadas; e pais como Luiz e Sonia, que nunca se cansaram de
apoiar e incentivar minha vida acadêmica, da alfabetização ao doutorado. Nesta jornada, a
presença e a importância deles foram essenciais.
De forma especial, agradeço ao Prof. Dr. Marcos Ximenes Ponte por ter sido um
orientador, no sentido da palavra, direcionando e auxiliando o melhor caminho a tomar,
sempre de maneira profissional e amiga.
Durante o desenvolvimento dos trabalhos de campo contou-se com o apoio do Prof.
Dr. Maurílio Monteiro e do Prof. Dr. Juarez Pezzuti, aos quais agradeço e compartilho os
sucessos alcançados.
Ao final desta caminhada vejo-me obrigada a reconhecer as contribuições que recebi
de todos os professores com os quais tive a oportunidade de trabalhar e aprender. E em nome
daqueles que me orientaram em diferentes fases, agradeço aos demais: Prof. Dr. Francisco
Matos de Abreu (Iniciação Científica - UFPA), Prof. Dr. Candido Moura (Iniciação Científica
- UFPA), Prof. Dr. Paulo Gorayeb (Iniciação Científica e Trabalho de Conclusão de Curso -
UFPA) e Prof. Dr. Nilson Gandolfi (Mestrado - USP/EESC).
Existem vários amigos, colegas e familiares que de alguma forma contribuíram com
apoio, incentivo e orientações, a estes agradeço, esperando continuar contando em minha vida
profissional e pessoal com a sua participação.
Durante todos estes anos foram muitas as dúvidas, altos e baixos; manter o equilíbrio
exigiu fé, por isso meu último agradecimento é a quem recorri em diversos momentos, e
nestes encontrei o conforto que procurava, a Nossa Senhora de Fátima.

v
“O mundo não vai superar a crise atual
usando o mesmo pensamento que criou essa
situação.”
Albert Einstein

“Quando a água desaparecer, que será do


homem, que será das coisas, dos verdes, dos
bichos? Que será de Deus?”
Mário Quintana

vi
RESUMO

A gestão preventiva dos recursos hídricos, voltada ao planejamento para garantia da


sustentabilidade futura, busca resolver as possíveis situações de conflito e aplicar medidas de controle
para que elas não se instalem ou acarretem em menor impacto possível sobre as águas. Tecnicamente,
esta deveria ser prioridade nos estados Amazônicos em função de seu potencial hídrico que é relevante
no contexto global.
Nesta perspectiva, esta tese traz sua contribuição para a discussão sobre o planejamento
adaptado a realidade da oferta maior que a demanda hídrica. Sua estruturação parte de uma abordagem
baseada na identificação, avaliação e análise do sistema, com a aplicação do estudo prospectivo como
base para o planejamento hídrico. No estudo prospectivo cada bacia hidrográfica apresenta elementos
próprios que definem cenários em função de suas características naturais e de suas respostas ao
processo de uso e ocupação de seu solo, sempre enfocando a sustentabilidade do recurso hídrico na
bacia. Na construção destes cenários faz-se necessário o uso de indicadores que tenham por principal
objetivo orientar as decisões futuras. A análise estratégica vem ao encontro desta demanda por
envolver as diversas conseqüências de determinado plano de ação, enfatizando a importância de
antecipar possíveis acontecimentos e os conflitos de uso, uma vez que se reconhece a velocidade das
mudanças.
Como exemplo de aplicação desta proposta utilizou-se a bacia do rio Capim, pertencente à
bacia do rio Guamá. A dinâmica de sua paisagem foi identificada pelo diagnóstico base que subdividiu
a bacia do rio Capim em 25 sub-bacias. A análise das paisagens componentes mostrou 38 variáveis
que poderiam interferir na disponibilidade hídrica da bacia. Estas ao serem avaliadas segundo a análise
prospectiva foram reduzidas para 13, identificadas como as reais indicadoras de seu comportamento.
Como conseqüência, obteve-se também a indicação das áreas de maior sensibilidade, ou seja, aquelas
cuja capacidade de recuperação é menor se afetadas significativamente. A etapa final foi caracterizada
pela formulação de cenários futuros baseados nas intervenções que a bacia possa ou não sofrer.
Os resultados obtidos mostraram que se houver a implantação da gestão integrada de
recursos hídricos no Estado; assim como investimentos para realização de diagnósticos mais
detalhados, juntos com planos de bacia, existe a possibilidade da bacia do rio Capim ter sua
sustentabilidade garantida em longo prazo, mesmo considerando o avanço do setor produtivo sobre a
mesma. Porém, a estagnação do processo de gestão hídrica ou seu retrocesso pelo enfraquecimento do
que existe poderá implicar em sérias conseqüências ao suprimento de água existente, principalmente
no trecho mais a montante que se mostrou ser o de maior sensibilidade.

vii
ABSTRACT

Management of the space unit denominated water basin demands of public administrators
understanding its variables and the politician-administrative limits relations. So it is necessary adapted
instruments to plan and implement the directives which have as base the water resources. With the
purpose to guarantee the future water sustainability the preventive management appears as the solution
to resolve the possible conflict situations or minimized their effects on water resources. Which should
be priority in the Amazonian states because their water potential in a global context.
This thesis contributes to offer water demand planning using as example the Capim basin. It
is based in an identification system, evaluation and analysis with the application of the prospective
study. In the prospective study each water basin analyzed defines their dynamics scenes. They have
the main function to join the natural characteristics and its answers associated to the process soil
occupation use, focusing the water resource sustainability in the basin. In the construction of these
scenes had been used indicators with objective to guide the future decisions. The strategic analysis
answers this demand because it is able to involve many variables, emphasizing the importance of
anticipate possible events and the conflicts of its use and recognizes the changes velocity.
As application example was used the river Capim basin located in the river Guamá basin in
Pará northeastern. Established the work principles and general intentions and chosen the study area,
the next stage was their execution. At first was identified the system dynamics using the landscape and
the 25 water basins components. These natural characteristics, the effects of social and economical
actions and the interactions of the water multiple uses had been studied. The first analysis of the
component has showed 38 variables associated with the water basin availability. The second analysis
of the component using the prospective analysis has gotten to reduce them for 13, which was
identified as the indicators of its behavior. Consequently had been identified more sensitivities areas
where the recovery capacity is smaller if are affected significantly. The final stage was characterized
by the formulation of future scenes based in the interventions, which the basin can or cannot suffer.
The gotten results have shown that if there is the implantation of the water resources
management integrated in the State and investments for detailed studies, connected to the basin plans,
there is a great guarantee of sustainability in the river Capim basin for a long period, even with the
productive sector advance. However, the stagnation of the water management process or its retrogress
because of the public political weakness will be able to imply in serious consequences to the
supplement of existing water, mainly in the stretch where exist more sensitivity.

Keywords: water resources management. prospective study. strategic analysis.


viii
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Rio Capim – Aurora do Pará/Pará._____________________________________________________ 4


Figura 2. Cenários comuns ao longo do rio Capim: (a) ocupação irregular das margens; e (b) queimadas. _____ 4
Figura 3. Usos que geram conflitos na bacia: (a) ocupação urbana; (b) núcleo urbano, associado à travessia no rio
Capim, com transporte de cargas e pessoas; (c) Feição erosiva de grande porte próximo à sede municipal de
Ipixuna do Pará.___________________________________________________________________________ 8
Figura 4. Aspectos característicos da paisagem como uma unidade de interações. ______________________ 10
Figura 5. A Região Hidrográfica do Tocantins – Araguaia como exemplo de espaço de interações
socioeconômicas._________________________________________________________________________ 11
Figura 6. Elementos de composição da paisagem, empregando o conceito de landform. __________________ 13
Figura 7. Dominialidade dos cursos d´água no Estado do Pará. _____________________________________ 16
Figura 8. Fronteira do desmatamento dos estados componentes da Amazônia Legal. ____________________ 16
Figura 9. Fases interativas do modelo de Simon (1960 apud CABRAL, 2001)._________________________ 17
Figura 10. Motricidade x dependência e seus campos definidores.___________________________________ 21
Figura 11. Exemplo de preenchimento da matriz estrutura. ________________________________________ 22
Figura 12. Sistemática de elaboração de cenários com base em Godet (2000). _________________________ 25
Figura 13. Processo de cenarização, segundo TUCCI (1998). ______________________________________ 26
Figura 14. Matriz de gerenciamento ambiental, modificada de Muñoz (2000). _________________________ 29
Figura 15. Matriz Gerencial de Recursos Hídricos (MGRH), modificada de Lanna et al. (1990). ___________ 29
Figura 16. Hierarquia da gestão das águas. _____________________________________________________ 31
Figura 17. Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos segundo a Política de Recursos Hídricos do Estado
do Pará - (PERH-PA, Lei nº 6.381/2001).______________________________________________________ 41
Figura 18. Importância do Manejo de Bacias Hidrográficas. _______________________________________ 47
Figura 19. Vertentes do manejo conservacionista ou administração ambiental de bacias hidrográficas. ______ 47
Figura 20. (a) Visão comum ao longo da BR 010, extensas áreas desmatadas, com finalidades diversas; (b)
Interferência comum observada próximo à sede do município de Ipixuna do Pará: processos erosivos que geram
ravinamentos de grande porte._______________________________________________________________ 58
Figura 21. A atividade madeireira ainda como forte motor econômico da região. _______________________ 58
Figura 22. Localização da bacia do rio Capim no Estado do Pará. ___________________________________ 59
Figura 23. (a) Foz do rio Capim – localidade de Santana do Capim; (b) Comunidade de Fortaleza, ao longo do
rio Capim. ______________________________________________________________________________ 64
Figura 24. Relação presente – passado – futuro, segundo Ribeiro (1997). _____________________________ 65
Figura 25. Método de trabalho adotado. _______________________________________________________ 67
Figura 26. Etapas da análise prospectiva direcionada ao planejamento estratégico. ______________________ 68
Figura 27. Rotina desenvolvida. _____________________________________________________________ 72
Figura 28. Encontro do rio Capim com o rio Guamá, próximo a São Domingos do Capim. _______________ 75
Figura 29. Rio Capim, trecho que atravessa o município de Ipixuna do Pará. __________________________ 75
Figura 30. A rede hidrográfica da bacia do rio Capim, dividida em 25 sub – bacias. _____________________ 78
Figura 31. Funcionalidade do sistema estabelecendo três zonas fundamentais: de produção, de transferência e de
deposição, segundo Schumm (1973). _________________________________________________________ 79
Figura 32. Zonas distintas da bacia do rio Capim: o Alto rio Capim e o Baixo - Médio rio Capim.__________ 80
Figura 33. Sistemas de terreno da bacia do rio Capim. ____________________________________________ 81
Figura 34. Padrões de drenagem observados na bacia do rio Capim. _________________________________ 84
Figura 35. Lago formado por meandro abandonado do rio Capim.___________________________________ 85
Figura 36. Áreas de deposição alternadas às de erosão, padrão comum ao longo do rio Capim. ____________ 85
Figura 37. Caracterização da topografia na bacia do rio Capim._____________________________________ 87
Figura 38. Unidades de terreno da bacia do rio Capim. ___________________________________________ 88
Figura 39. Mapa de unidades geomorfológicas. _________________________________________________ 91
Figura 40. Colinas de topo aplainado: UT Ararandeua – Surubiju.___________________________________ 93
Figura 41. Processo de retomada de erosão: UT Ararandeua – Surubiju. ______________________________ 93
Figura 42. Superfícies tabulares: UT Jamanxim - Itaquiteua Grande._________________________________ 93
Figura 43. Colinas de topo aplainado - vales com processo erosivo: UT Jamanxim - Itaquiteua Grande. _____ 93
Figura 44. Colinas de topo aplainado: UT Carataua-Açu.__________________________________________ 99

ix
Figura 45. Superfícies em retomada de erosão: UT Candiru-Açu. ___________________________________ 99
Figura 46. Terraços fluviais com depósitos inconsolidados: UT Palheta – Jari. ________________________ 100
Figura 47. Colinas de topo aplainado com vales pouco profundos: UT Cajueiro – Pirajoara. _____________ 101
Figura 48. Geologia regional da área da bacia do rio Capim e entorno. ______________________________ 109
Figura 49. Sedimentos da Formação Itapecuru. ________________________________________________ 112
Figura 50. Feição erosiva nos sedimentos da Formação Ipixuna. ___________________________________ 112
Figura 51. Arenito da Formação Ipixuna. _____________________________________________________ 112
Figura 52. Sedimentos da Formação Barreiras._________________________________________________ 113
Figura 53. Depósitos aluvionares. ___________________________________________________________ 113
Figura 54. Cobertura de latossolos. __________________________________________________________ 113
Figura 55. Solo desenvolvido a partir de sedimentos aluviais com acumulação de matéria orgânica e textura
argilosa. _______________________________________________________________________________ 113
Figura 56. Unidades geológicas da bacia do rio Capim. __________________________________________ 119
Figura 57. Cobertura de solos da bacia do rio Capim.____________________________________________ 120
Figura 58. Províncias Hidrogeológicas do Brasil (REBOUÇAS et al, 2001). _________________________ 121
Figura 59. Principais aqüíferos do país (ANA, 2005). ___________________________________________ 122
Figura 60. Sistema de captação de água subterrânea na comunidade de Fortaleza. _____________________ 123
Figura 61. Unidades hidrogeológicas da bacia do rio Capim. ______________________________________ 124
Figura 62. Classificação climática da bacia do rio Capim. ________________________________________ 127
Figura 63. Deficiência hídrica na bacia do rio Capim. ___________________________________________ 128
Figura 64. Precipitação pluviométrica na bacia do rio Capim. _____________________________________ 129
Figura 65. Períodos menos chuvosos na bacia do rio Capim. _____________________________________ 130
Figura 66. Caracterização da cobertura vegetal da bacia do rio Capim. ______________________________ 134
Figura 67. Área desmatada para aproveitamento agropecuário. ____________________________________ 135
Figura 68.Área desmatada para aproveitamento madeireiro. ______________________________________ 135
Figura 69. Área de mata ciliar ______________________________________________________________ 135
Figura 70. Área de floresta primária._________________________________________________________ 136
Figura 71. Área de campos abertos. _________________________________________________________ 136
Figura 72. Desmatamento de encosta, gerando erosão e deslizamentos de massa. ______________________ 136
Figura 73. Etapa de avaliação das características socioeconômicas da bacia do rio Capim._______________ 137
Figura 74. Distribuição dos municípios na bacia do rio Capim. ____________________________________ 140
Figura 75. Sistema viário da bacia do rio Capim. _______________________________________________ 141
Figura 76. Sede municipal de São Domingos do Capim. _________________________________________ 145
Figura 77. Sede municipal de Aurora do Pará. _________________________________________________ 145
Figura 78. Sede municipal de Ipixuna do Pará. _________________________________________________ 145
Figura 79. O Baixo – Médio Capim: evolução populacional. ______________________________________ 151
Figura 80. O Alto Capim: evolução populacional. ______________________________________________ 152
Figura 81. Distribuição dos projetos de colonização e dos assentamentos na Amazônia Legal.____________ 153
Figura 82. Área destinada à pecuária. ________________________________________________________ 157
Figura 83. Infra-estrutura para produção de grãos em Paragominas. ________________________________ 160
Figura 84. Área desmatada para o plantio. ____________________________________________________ 160
Figura 85. Área sendo queimada para o roçado. ________________________________________________ 160
Figura 86. Produção de lenha nos municípios componentes da bacia do rio Capim. ____________________ 162
Figura 87. Transporte da madeira pelo rio Capim. ______________________________________________ 162
Figura 88. Ações conseqüentes do extrativismo vegetal: (a) pátio de madeira; (b) carvoaria; e (c) áreas de
reflorestamento._________________________________________________________________________ 163
Figura 89. Áreas de extração de material para construção civil. ____________________________________ 165
Figura 90. Ocorrências minerais na bacia do rio Capim.__________________________________________ 166
Figura 91. Lançamento de esgoto no Ig. Ipixuna em Ipixuna do Pará. _______________________________ 167
Figura 92. Traçado dos minerodutos que atraveçam a bacia do rio Capim. ___________________________ 169
Figura 93. Usos múltiplos: (a) travessia e navegação comercial; (b) lançamento de efluentes. ____________ 170
Figura 94. Usos múltiplos: (a) sinalização voltada à navegação; (b) turismo/lazer; (c) abastecimento público. 171
Figura 95. Fluxograma identificando os componentes da etapa de análise do sistema. __________________ 172
Figura 96. Disponibilidade hídrica da bacia do rio Capim - climáticas. ______________________________ 177
Figura 97. Disponibilidade hídrica da bacia do rio Capim - o perfil de alteração. ______________________ 178

x
Figura 98. Disponibilidade hídrica da bacia do rio Capim - o modelo de terreno. ______________________ 180
Figura 99. (a) Pluviometria; e (b) Fluviometria na bacia do rio Capim. ______________________________ 182
Figura 100. Distribuições das estações pluviométricas e fluviométricas na bacia do rio Capim. ___________ 183
Figura 101. Disponibilidade hídrica da bacia do rio Capim - os sistemas hídricos. _____________________ 184
Figura 102. Divisão da área em quadrantes, para o cálculo do percentual de manchas presentes. __________ 185
Figura 103. Disponibilidade hídrica da bacia do rio Capim - a cobertura vegetal. ______________________ 188
Figura 104. Disponibilidade hídrica da bacia do rio Capim - os sistemas produtivos locais. ______________ 193
Figura 105. Disponibilidade hídrica da bacia do rio Capim - a ocupação territorial. ____________________ 196
Figura 106. Disponibilidade hídrica da bacia do rio Capim - o uso e gestão dos recursos hídricos._________ 199
Figura 107. (a) Zona natural de acumulação no leito do rio Capim, com alta vulnerabilidade as modificações no
processo de remoção, transporte e deposição de material pelo sistema fluvial. Intervenções que podem gerar
modificações no sistema: (b) Desmatamento de encostas; e (c) Progressão de processos erosivos. _________ 203
Figura 108. (a) Ocupação marginal com retirada de mata ciliar; (b) Processo avançado de erosão com
desmoronamento; (c) Assoreamento de canais._________________________________________________ 204
Figura 109. 1º Avaliação da sensibilidade da bacia à perda de potencial hídrico._______________________ 206
Figura 110. Fluxograma identificando os componentes da etapa de formulação de tendências.____________ 207
Figura 111. Etapa nº 1: Análise do problema e delimitação do sistema. ______________________________ 209
Figura 112. Gráfico motricidade x dependência.________________________________________________ 214
Figura 113. (a) Gráfico motricidade x dependência para o Sistema 0-1; (b) Seleção das variáveis de pelotão. 215
Figura 114. (a) Gráfico motricidade x dependência para o Sistema potencial 1-2-3; (b) Seleção das variáveis de
pelotão. _______________________________________________________________________________ 216
Figura 115. Área desmatada ao longo do rio Capim, próxima a PA 256, exemplo de alteração significativa,
exercendo pressão sobre o seu leito. _________________________________________________________ 227
Figura 116. Mudança da paisagem, ocasionada pelo desflorestamento no Alto Capim. __________________ 227
Figura 117. Trabalhadores ampliando a rede viária, facilitando o acesso ao rio Capim: nova fronteira de
expansão. ______________________________________________________________________________ 227
Figura 118. 2º Avaliação da sensibilidade da bacia à perda de potencial hídrico._______________________ 228
Figura 119. Exemplo de combinações no processo de formulação de hipóteses para definição de estratégias. 235
Figura 120. Exemplo da análise morfológica. __________________________________________________ 235
Figura 121. Exemplo de combinações possíveis, efetuadas na análise morfológica. ____________________ 236
Figura 122. Cenário estável ou atual. ________________________________________________________ 240
Figura 123. Cenário sustentável. ____________________________________________________________ 241
Figura 124. Cenário restrito. _______________________________________________________________ 244
Figura 125. Gado bebendo água no leito do rio Capim. __________________________________________ 247
Figura 126. Desmatamento e assoreamento de curso d´água. ______________________________________ 247
Figura 127. Situação das áreas ocupadas na bacia do rio Capim, no ano de 2000. ______________________ 248
Figura 128. Situação das áreas ocupadas na bacia do rio Capim, no ano de 2004. ______________________ 249
Figura 129. Situação das áreas ocupadas na bacia do rio Capim, desde a década de 80. _________________ 250
Figura 130. (a) Critério hidrográfico: Regiões↔Bacias↔Sub-bacias hidrográficas; (b) Critério de dinâmica da
paisagem: Sistema e Unidade de Terreno._____________________________________________________ 252
Figura 131. Modificação da paisagem comum na bacia do rio Capim, desmatamento associado a geração de
feições erosivas de portes variáveis, agravadas pela ação do escoamento superficial. ___________________ 256
Figura 132. Situação clássica gerada pela ocupação irregular ao longo dos cursos d´água, gerando problemas
sociais (saúde e saneamento) e ambientais (poluição hídrica). _____________________________________ 258
Figura 133. Situação agravante, o leito do rio Capim sendo utilizado como lixão a céu aberto na localidade de
Canaã. ________________________________________________________________________________ 260
Figura 134. Nascente preservada, uma necessidade à manutenção do sistema hídrico da bacia. ___________ 261
Figura 135. Incremento populacional projetado pelo IBGE (2006). _________________________________ 272
Figura 136. Possibilidades futuras: (a) extrativismo vegetal; (b) turismo e lazer; e (c) poluição hídrica._____ 273
Figura 137. Possibilidades futuras: (a) ampliação de núcleos populacionais existentes – Santana do Capim; (b)
urbanização; e (c) expansão agrícola e pecuária.________________________________________________ 274
Figura 138. Exemplos de prioridades ao manejo: (a) reorientação das formas de ocupação; e (b) manutenção das
áreas de preservação permanente. ___________________________________________________________ 276

xi
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Perfil síntese da gestão de recursos hídricos.____________________________________________ 34


Tabela 2. Comparação entre as políticas Nacional e do Estado do Pará de Recursos Hídricos. _____________ 40
Tabela 3. Conteúdo mínimo que deve constar nos Planos de Recursos Hídricos.________________________ 55
Tabela 4. Evolução do processo de aproveitamento e controle dos recursos hídricos. ____________________ 61
Tabela 5. Caracterização identificada para a bacia do rio Capim, com base nas variações topográficas. ______ 86
Tabela 6. Sistemas de terrenos caracterizados para a bacia do rio Capim. _____________________________ 89
Tabela 7. Coluna estratigráfica adotada, modificada CPRM (2000). ________________________________ 110
Tabela 8. Caracterização das formações geológicas e cobertura de solos da bacia do rio Capim. __________ 114
Tabela 9. Informações climatológicas de cada sub-bacia componente da bacia do rio Capim. ____________ 126
Tabela 10. Caracterização da cobertura vegetal na bacia do rio Capim. _____________________________ 132
Tabela 11. Configuração político-administrativa da bacia do rio Capim. _____________________________ 138
Tabela 12. Atividades econômicas predominantes em cada município da bacia do rio Capim. ____________ 142
Tabela 13. Histórico do povoamento da bacia do rio Capim. ______________________________________ 143
Tabela 14. Atividade de criação de animais nos municípios componentes da bacia do rio Capim. _________ 155
Tabela 15. Atividade de criação de bovinos na bacia do rio Capim._________________________________ 156
Tabela 16. Atividade de criação de bovinos na bacia do rio Capim._________________________________ 157
Tabela 17. Produção agrícola na bacia do rio Capim. ____________________________________________ 158
Tabela 18. Produção agrícola na bacia do rio Capim: arroz e mandioca. _____________________________ 159
Tabela 19. Produção mineral na bacia do rio Capim. ____________________________________________ 164
Tabela 20. Delimitação do sistema avaliado. __________________________________________________ 173
Tabela 21. Conjunto de variáveis envolvidas. __________________________________________________ 174
Tabela 22. Definições de pesos segundo o questionamento proposto. _______________________________ 175
Tabela 23. Pesos atribuídos as variáveis climáticas. _____________________________________________ 176
Tabela 24. Pesos atribuídos as variáveis que caracterizam o perfil de alteração. _______________________ 177
Tabela 25. Pesos atribuídos as variáveis que caracterizam o modelo de terreno. _______________________ 179
Tabela 26. Pesos atribuídos as variáveis que caracterizam os sistemas hídricos. _______________________ 181
Tabela 27. Pluviometria por Unidade de Terreno – UT. __________________________________________ 181
Tabela 28. Pesos atribuídos as variáveis que caracterizam os sistemas vegetais. _______________________ 185
Tabela 29. Pesos atribuídos as variáveis que caracterizam o Percentual de área sem cobertura vegetal (Pcv) e o
Grau de cobertura das matas ciliares e das nascentes (Gmcn). _____________________________________ 187
Tabela 30. Matriz de correlação de variáveis. __________________________________________________ 201
Tabela 31. Extrato da Tabela 30, referente aos usos múltiplos considerados para análise morfológica.______ 236
Tabela 32. Ações prioritárias, segundo os cenários previstos. _____________________________________ 246
Tabela 33. Avaliação da etapa levantamentos básicos – componentes estruturais.______________________ 253
Tabela 34. Avaliação da etapa levantamentos básicos – histórico do processo de ocupação e perfil
socioeconômico. ________________________________________________________________________ 257
Tabela 35. Avaliação da etapa levantamentos básicos – usos atuais da água e do planejamento da utilização do
potencial hídrico. ________________________________________________________________________ 259
Tabela 36. Critérios empregados na definição dos pesos atribuídos. ________________________________ 264
Tabela 37. Avaliação dos elementos de análise e sua resposta._____________________________________ 265
Tabela 38. Situação dos sistemas de gerenciamento ambiental/hídrico municipais e do Estado. ___________ 270

xii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANA - Agência Nacional de Águas.


CERH - Conselho Estadual de Recursos Hídricos.
CNRH - Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
GBH - Gestão de Bacias Hidrográficas.
GRH - Gestão dos Recursos Hídricos.
MBH - Manejo de Bacias Hidrográficas.
MMA - Ministério do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos.
PERH - Política Estadual de Recursos Hídricos.
PNRH - Política Nacional de Recursos Hídricos.
SECTAM - Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente.
SIRH - Sistema de Informações de Recursos Hídricos.
SRH - Secretaria de Recursos Hídricos.
UT - Unidade de terreno.

xiii
SUMÁRIO

Resumo ______________________________________________________________________________ VII

Abstract ______________________________________________________________________________VIII

Lista de figuras _________________________________________________________________________ IX

Lista de tabelas ________________________________________________________________________ XII

Lista de abreviaturas e siglas _____________________________________________________________XIII

CAPÍTULO I ____________________________________________________________________________ 1

1 INTRODUÇÃO _____________________________________________________________________ 1

CAPÍTULO II ___________________________________________________________________________ 5

2 A GESTÃO DA DISPONIBILIDADE HÍDRICA _________________________________________ 5


2.1 A bacia hidrográfica como espaço de interações ____________________________________________ 9
2.2 A sensibilidade da paisagem como elemento norteador do planejamento de uso dos recursos hídricos _ 12
2.3 Sistemas de suporte à decisão _________________________________________________________ 15
2.4 A análise prospectiva estratÉgica_______________________________________________________ 18
2.5 Matriz de Análise Estrutural___________________________________________________________ 20
2.6 Cenarização _______________________________________________________________________ 23
2.7 Matriz gerencial de recursos hídricos: aplicação do método de cenários. ________________________ 27
2.8 Gestão de recursos hídricos ___________________________________________________________ 30
2.8.1 Mecanismos operacionais de gestão_____________________________________________________ 40
2.8.2 Aplicação legal_____________________________________________________________________ 42
2.8.3 Aplicação direta ____________________________________________________________________ 45
2.8.4 Planos de bacia hidrográfica___________________________________________________________ 52
2.9 Os desafios da gestão da oferta hídrica __________________________________________________ 57

CAPÍTULO III _________________________________________________________________________ 60

3 A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO HÍDRICA NO ESTADO DO PARÁ: O EXEMPLO DA BACIA


HIDROGRÁFICA DO RIO CAPIM________________________________________________________ 60

CAPÍTULO IV _________________________________________________________________________ 65

4 A ANÁLISE PROSPECTIVA E O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM BACIAS


HIDROGRÁFICAS, VISANDO A MANUTENÇÃO DA OFERTA HÍDRICA: METODOLOGIA DE
APLICAÇÃO___________________________________________________________________________ 65
4.1 Etapas componentes e produtos ________________________________________________________ 66
4.1.1 Diagnóstico base ___________________________________________________________________ 66
4.1.2 Análise do sistema __________________________________________________________________ 67
4.1.3 Formulação de tendências ____________________________________________________________ 68
4.1.4 Fator consultivo ____________________________________________________________________ 71

xiv
4.2 Sistema de informações geográficas ____________________________________________________ 72
4.3 Diagnóstico base da bacia do rio Capim _________________________________________________ 76
4.3.1 Componentes estruturais _____________________________________________________________ 76
4.3.2 Histórico do processo de ocupação ____________________________________________________ 137
4.3.3 Dinâmica atual de uso e ocupação _____________________________________________________ 154
4.4 Análise do sistema _________________________________________________________________ 172
4.4.1 Definição do questionamento condutor _________________________________________________ 172
4.4.2 Estruturação matricial das informações _________________________________________________ 173
4.5 Formulação de tendências ___________________________________________________________ 207
4.5.1 Etapa nº 1: Análise do problema e delimitação do sistema __________________________________ 208
4.5.2 Etapa nº 2: Diagnóstico do sistema ____________________________________________________ 208
4.5.3 Etapa nº 3: Análise estrutural _________________________________________________________ 209
4.5.4 Etapa nº 4: Definição da dinâmica e evolução ____________________________________________ 214
4.5.5 Etapa nº 5: Definição de cenários ambientais_____________________________________________ 221
4.5.6 Etapa nº 6: Identificação de estratégias _________________________________________________ 233
4.6 Perfil de demandas atuais e perspectivas futuras __________________________________________ 245

CAPÍTULO V _________________________________________________________________________ 251

5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS _________________________________________ 251


5.1 Diagnóstico base da bacia do rio Capim ________________________________________________ 251
5.1.1 Avaliação dos componentes estruturais da bacia do rio Capim _______________________________ 251
5.1.2 Suporte do histórico do processo de ocupação e perfil socioeconômico ________________________ 257
5.1.3 Avaliação dos usos atuais da água e do planejamento da utilização do potencial hídrico ___________ 259
5.1.4 Considerações sobre a etapa de diagnóstico______________________________________________ 261
5.2 Análise do sistema _________________________________________________________________ 262
5.2.1 Definição do questionamento condutor _________________________________________________ 262
5.2.2 Estruturação matricial das informações _________________________________________________ 262
5.2.3 Procedimentos de análise ____________________________________________________________ 263
5.2.4 Matriz de correlação________________________________________________________________ 266
5.3 Formulação de tendências ___________________________________________________________ 267
5.3.1 Análise estrutural __________________________________________________________________ 267
5.3.2 Definição da dinâmica e evolução _____________________________________________________ 267
5.3.3 Definição de cenários ambientais______________________________________________________ 268
5.3.4 Identificação de estratégias __________________________________________________________ 270
5.3.5 Cenários possíveis _________________________________________________________________ 271
5.4 Perfil de demandas atuais e perspectivas futuras __________________________________________ 271
5.4.1 Manejo de áreas prioritárias na bacia do rio Capim ________________________________________ 275
5.4.2 Plano da bacia do rio Capim__________________________________________________________ 277

CAPÍTULO VI ________________________________________________________________________ 279

6 CONCLUSÃO ____________________________________________________________________ 279


6.1 O planejamento e a oferta hídrica______________________________________________________ 279
6.2 O planejamento aplicado ao aproveitamento dos usos múltiplos: o caso da bacia do rio Capim______ 281

CAPÍTULO VII________________________________________________________________________ 284

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _____________________________________________________ 284

xv
Capítulo I

1 INTRODUÇÃO
O início da preocupação legal com a utilização das águas data de 1934, este veio com
o Código de Águas (Decreto n° 24.643, de 10 de junho de 1934) baseado nos princípios
estabelecidos pela 1ª Conferência de Direito Internacional de Haia, de 1930, e dando ênfase
ao aproveitamento hidráulico, que à época, representava uma condicionante do processo
industrial; este já trazia normas que submetiam o uso do recurso ao controle institucional no
interesse da saúde e segurança, empregando o conceito de outorga de direito de uso, ao
colocar que: “a ninguém é lícito conspurcar ou contaminar as águas que não consome, com
prejuízo de terceiros”.
As pressões técnicas, sociais, econômicas ou legais que progressivamente se
desenvolveram nos últimos 70 anos, mostraram a necessidade de refinar, dinamizar e tornar a
resposta à sociedade mais efetiva com relação ao uso e aproveitamento dos recursos hídricos.
Porém, o progresso da implantação das políticas de recursos hídricos, especialmente
no Brasil, tem mostrado que o conflito (por escassez natural ou induzida pelas ações
antrópicas) é um fator mais motivador que a oferta.
A gestão preventiva, que visa garantir a sustentabilidade hídrica antes que o
problema se torne real, ficou enfraquecida, tanto que os estados da região norte do Brasil
incluindo o Pará, que representam cerca de 70% (REBOUÇAS et al, 2001) do potencial
hídrico existente no país, têm sido os últimos a implantarem seus sistemas e são os mais
defasados quanto a quantidade e qualidade de informação existente.
A implantação de instrumentos específicos aplicados à gestão da oferta hídrica
representam uma forma de sistematizar, analisar e representar as condições da bacia
hidrográfica visando o melhor aproveitamento do recurso, compatibilizando a
heterogeneidade de densidade de informações hídricas aos aspectos regionais, atuando como

1
elemento de suporte à decisão que busca incorporar critérios ambientais, sociais, técnicos e
econômicos compondo, desta forma, uma análise multicriterial.
A técnica de estudo da paisagem contempla o aspecto multicriterial, com a
possibilidade de identificação do grau de intervenção em cada sub-bacia hidrográfica e sua
composição, estabelecendo o zoneamento em termos da homogeneidade de suas formas
("landforms") e sensibilidade (“landscape sensibility”) ao uso inadequado de seus recursos
para o total da bacia, possibilitando ao planejador uma visão descritiva e dinâmica das
diversas interações que diretamente afetam os recursos hídricos presentes.
O estudo e caracterização da paisagem tem sido empregado para diversas finalidades,
desde o planejamento territorial a temas mais voltados ao estudo de ecossistemas. A técnica
passou a ser bastante usada como critério de entendimento da dinâmica das mudanças com o
tempo. Entender a paisagem como instrumento de planejamento é associá-la a parâmetros de
composição, conectividade, estrutura, integralidade, funcionalidade e organização, além de
um parâmetro livre, a complexidade, que acompanha o sistema durante toda a sua evolução
(UHLMANN, 2002). Contribuindo para que este seja uma antevisão de um estado, de um
ambiente futuro, aspecto fundamental à gestão da oferta hídrica que trabalha sobre a
perspectiva das mudanças que podem ocorrer e como o sistema irá responder as mesmas.
Esta resposta diferenciada está relacionada à diversidade de ambientes existentes na
bacia hidrográfica, dotados de resistências próprias e relações sinérgicas, onde cada elemento
componente passa a requerer estratégias individualizadas que sejam capazes de atender suas
demandas e explorar de forma mais adequada suas potencialidades. A análise prospectiva
estratégica aparece como este meio que permite antecipar a evolução dos futuros possíveis e
com base nesses cenários, avaliar as estratégias existentes e/ou definir uma nova visão
condutora da ação (RIBEIRO, 1997).
O objetivo principal de integrar o planejamento ao estudo da dinâmica da paisagem,
empregando como ferramenta de suporte à decisão a análise estratégica, é promover a gestão
hídrica em bacias hidrográficas caracterizadas pela oferta de água, baixa densidade de
informações, capacidade de recuperação variável com a velocidade, intensidade e recorrência
de seu processo de ocupação. Por meio deste objetivo esta tese identifica, avalia e analisa o
sistema da bacia do rio Capim e aplica o estudo prospectivo como base para o planejamento
hídrico.
2
Contempla a revisão e aprofundamento das bases conceituais da técnica do estudo da
paisagem, dos instrumentos de política e planejamento do uso dos recursos hídricos e da
análise estratégica.
Do ponto de vista prático tem-se a aplicação na bacia do rio Capim (Figuras 1 e 2),
pertencente à bacia do rio Guamá localizada no nordeste do estado do Pará, no eixo de maior
concentração, expansão econômica e ocupacional dos últimos 30 anos, direcionado ao longo
da Rodovia Belém-Brasília; tendo concentrado esforços em diversos sentidos, desde estudos
de viabilidade de projetos (hidrovia Guamá – Capim; e de implantação de projetos industriais
e mineiros), àqueles decorrentes da expansão das atividades extrativista (madeireira) e
agropecuária nos municípios da região. Com uma área total de 37.485,75 km2 (95,22 % no
estado do Pará e 4,78% no estado do Maranhão). O rio Capim, com aproximadamente
764,820 km (da sua foz com o rio Guamá, até a confluência com as bacias dos rios Surubiju e
Ararandeua), é navegável desde sua foz situada junto à cidade de São Domingos do Capim até
a foz do rio Potiritá, próximo a Vila de Canaã.
Encontrando-se estruturada em sete (07) capítulos. O primeiro aborda os aspectos
introdutórios, enfocando objetivo geral do estudo, a relevância da proposta e a localização da
área de estudo. O segundo discute os principais aspectos teóricos trabalhados, dando suporte à
metodologia adotada. Este é composto por três segmentos: (1) a bacia hidrográfica como um
sistema; (2) a sensibilidade e o modelo evolutivo da paisagem e; (3) o planejamento hídrico.
O terceiro apresenta a bacia do rio Capim e seus aspectos mais relevantes,
justificando o emprego desta bacia como modelo de área com potencial à problemas de
disponibilidade hídrica pela ausência de gestão direcionada a manutenção da mesma.
O quarto traz a proposta de trabalho desenvolvida, empregando metodologias
associadas ao estudo da paisagem àquelas voltadas ao planejamento estratégico, tendo como
meta a formulação de cenários tendenciais à bacia considerando sua situação atual de
ocupação e tendências futuras.
O quinto discute e avalia os resultados obtidos, neste são feitas considerações sobre o
método empregado e sua resposta operacional na bacia do rio Capim. Possivelmente, algumas
considerações realizadas só venham a ser melhor compreendidas após a leitura deste.
O sexto apresenta as avaliações finais e conclusões obtidas, finalizando-se com o
referencial bibliográfico consultado e citado.
3
Figura 1. Rio Capim – Aurora do Pará/Pará.

(a)

(b)
Figura 2. Cenários comuns ao longo do rio Capim: (a) ocupação irregular das margens; e (b)
queimadas.

4
Capítulo II

2 A GESTÃO DA DISPONIBILIDADE HÍDRICA

Discutir a oferta hídrica representa uma mudança de postura com relação ao que é
realizado atualmente em termos de gestão, cujo foco no geral é a escassez, mudando a visão
imediatista de resolução de situações emergenciais, passando a buscar um caráter mais
preventivo, que vise cenários futuros que garantam a maunenção desta disponibilidade.
Este argumento é discutido em Tundisi (2003) onde é ressaltado que os principais
problemas referentes a quantidade e a qualidade dos recursos hídricos no Brasil mostram uma
situação diversificada e complexa que exige avanços institucionais e tecnológicos para
recuperação e proteção, além de novas visões para a gestão preventiva, integrada e
adaptativa.
A palavra adaptativa se enquadra para a situação dos estados da região Norte do
país, onde é necessária uma releitura da própria política hídrica, desta vez, voltada ao
gerenciamento da oferta, preventivo, integrado e corretivo.
Considerando os aspectos preventivos, integrados e corretivos, pode-se utilizar o
conceito de Ecotecnologias de Strakraba (1993, apud TUNDISI, 2003), que a define como o
uso de métodos tecnológicos para o gerenciamento de ecossistemas baseados no profundo
conhecimento de princípios do funcionamento dos ecossistemas naturais, e na transferência
deste conhecimento para o gerenciamento e aplicação de tal forma que os custos e os danos
ambientais possam ser minimizados, ou seja, dá-se ênfase ao uso de tecnologias derivadas do
conhecimento do próprio funcionamento dos ecossistemas, o que promove sustentabilidade de
longo prazo.

5
Os princípios gerais propostos por Tundisi & Strakraba (1995) atendem ao
gerenciamento da disponibilidade da oferta hídrica por:
1. Considerar a dinâmica do ecossistema;
2. Considerar a sensibilidade das bacias hidrográficas às entradas externas de material;
3. Utilizar o conhecimento das interações entre fatores abióticos e bióticos; retendo as
estruturas naturais e protegendo a biodiversidade, respeitando a sustentabilidade do
desenvolvimento;
4. Gerenciar a bacia hidrográfica como parte de um todo e adotar uma visão sistêmica;
5. Avaliar opções de longo prazo e os efeitos globais do gerenciamento;
6. Confrontar usos conflitantes;
7. E determinar a capacidade assimilativa do sistema e não excedê-la.
Estes pré-supostos permitem considerar que o gerenciamento dos recursos hídricos,
no contexto amazônico, por exemplo, necessita de uma abordagem articulada ao problema da
bacia hidrográfica como unidade e da água como bem finito de usos múltiplos e dotada de
valor econômico.
Como suporte a esta discussão citam-se os trabalhos abaixo, por abordarem os
principais aspectos referentes a(ao):
ƒ Bacia hidrográfica como um sistema:
Discute sobre o
Morin (1990); Prigogine (1997); Maia et al. (2001); Leff (2001).
pensamento sistêmico.
Aborda o equilíbrio
dinâmico dos sistemas e Bertrand (1971); Tricart (1977); Capra (1996); Tauk (1995); Branco
a teoria geral dos (1999); Maia et al. (2001); Uhlmann (2002); Fenzel (2003).
sistemas.
ƒ Sensibilidade e modelo evolutivo da paisagem:
Discute a paisagem seus Bertrand (1972); Tricart (1979); Tricart e Kilian (1982); Forman e
conceitos e dinâmica. Godron (1986); Ribeiro (1989); Dias (1998); Soares Filho (1998).
Conceitua e aplica o uso Brunsden e Thornes (1979); Allison e Thomas (1993); Lollo (1996);
dos landforms. Thomas e Simpson (2001).
Conceitua e aplica o uso
Chorley (1962); Chorley e Kenned (1971); Forman e Gordon (1986);
da sensibilidade da
Allison e Thomas (1993); Downs e Gregory (1993); Brunsden (200);
paisagem (Landscape
Thomas (2001); Thomas e Simpson (2001); Usher (2001).
Sensitivity)
Avalia as alterações
Christofoletti (1970); Schmm (1973); Gupta (1984); Brookes &
produzidas na bacia
Gregory (1988); Kochel & Patton (1988); Willgoose et al (1989);
hidrográfica, naturais
Petts et al. (1992); Burt et al (1993); Mello Filho (1994); Ahnert
ou induzidas por
(1996); Bragagnolo (2000); Paiva et al (2004).
atividades antrópicas.

6
ƒ Sensibilidade e modelo evolutivo da paisagem:
Baker (1989); Sklar e Costanza (1991); OECD (1993); Zayas (1994);
Discute modelos e
Tauk (1995); González et al. (1995); Ahnert (1996); OECD (1998);
indicadores da
Soares Filho (1998); Christofoletti (1999); Maturama (2000);
paisagem.
Domingues et al (2000) ; Maia et al. (2001); Santos (2004).
ƒ Planejamento hídrico:
Define e discute a bacia Strahler (1952); Schumm (1973); Christofoletti (1970); Viessman et
hidrográfica como al. (1972); Ramos et al. (1989); Black (1991); Molinier (1992); Costa
unidade de (2000); Guerra e Cunha (2001); Lanna (2001); Tucci (2001); MMA
planejamento. (2002); Campos (2003); Hogan e Carmo (2003).
Ross, (1991); Barraqué (1998a); Barraqué (1998b); Correia (1998);
Hernández (1998a); Hernández (1998b); Hubert (1998); Kraemer
(1998); Mostert (1998); Pigram (1998); Teube, (1998); Zabel e Rees
Discute o direito das
(1998); Antunes (2000); Fiorillo (2000); MMA (2000); Silva e Prousk
águas.
(2000); Anjos et al (2001); Donzier (2001); Granziera (2001); Sjef
Van Put (2001); Machado (2002); Falala (2003); Freitas (2003);
Veltwisch (2003); Pereira (2004).
Lanna et al (1990); Barraqué (1993); Tonet e Lopes (1994); Lanna
(1995); Tundisi & Strakraba (1995); Heijden (1997); Lanna (1997);
Discute as formas de Ribeiro (1997); Caldas e Perestrelo (1998); Lanna (1999); Lanna
planejamento e os (2001); Leal (1998); Barros e Barros (1998); Zuffo (1998); Fernandez
instrumentos de gestão (2000); Godet (2000); Setti (2000); Sena (2000a,b); Bodini (2001);
de recursos hídricos. Cabral (2001); Setti (2001); Barlow e Clarke (2003); Campos e Sousa
(2003); Maud e Lima (2003); Tundisi (2003); Godet (2004);
Boaventura et al (2005); Benini (2005).

A Figura 3 ilustra algumas interações que ocorrem na bacia do rio Capim que
demonstram a necessidade de se incorporar um conjunto de conhecimentos articulados
visando à manutenção das características hídricas da bacia.

7
(a)

(b)

(c)
Figura 3. Usos que geram conflitos na bacia: (a) ocupação urbana; (b) núcleo urbano,
associado à travessia no rio Capim, com transporte de cargas e pessoas; (c) Feição erosiva de
grande porte próximo à sede municipal de Ipixuna do Pará.
8
2.1 A BACIA HIDROGRÁFICA COMO ESPAÇO DE INTERAÇÕES
Discutir a bacia hidrográfica como uma unidade integrada exige a percepção tanto do
todo quanto das partes componentes; assim como, de suas inter-relações.
Quando se analisa esta perspectiva considerando as dimensões espaciais das bacias
hidrográficas dos Estados componentes da região Norte do país, entende-se o retardo do
avanço da implantação de suas políticas hídricas. A principal dificuldade está no
entendimento de seu funcionamento, potencialidades derivadas, limitações e capacidade de
autorecuperação.
Os sistemas hídricos podem ser discutidos dentro da teoria geral dos sistemas, onde
as propriedades das partes são entendidas a partir da organização do todo, desta forma, não há
a construção de um pensamento compartimentado e sim, de princípios de organização básicos
ressaltando o contextual e o analítico (TAUK, 1995; CAPRA, 1996; PRIGOGINE, 1997;
BRANCO, 1999; LEFF, 2001; MAIA et al., 2001; UHLMANN, 2002).
Tendo identificado os componentes e suas interações (considerando os fatores
abióticos e bióticos), parte-se para a compreensão de seu funcionamento integrado às ações
que se desenvolvem na bacia hidrográfica, sob a perspectiva dela como espaço de interações
sócio-econômicas, de caráter desenvolvimentista, e de expansão de novas tecnologias, ou seja,
como unidade básica do planejamento. Esta teoria compatibilizada ao planejamento hídrico
passa a compor duas bases principais (UHLMANN, 2002):
ƒ A análise de sistemas: voltada para o desenvolvimento e planejamento de modelos de
sistemas, inclusive matemáticos, adotado amplamente para a compreensão do todo das
organizações complexas, bem como, das relações existentes entre os seus componentes
(subsistemas); (Figura 4) e
ƒ A gestão: que se refere à adoção do pensamento sistêmico na condução, coordenação e
elaboração das estratégias de permanência dos sistemas complexos.
Como exemplo desta discussão cita-se o processo de gestão de grandes bacias
hidrográficas, como as dos rios Amazonas ou Tocantins, neste se observa uma complexidade
tanto estrutural, quanto funcional. Onde a análise do sistema é falha por não conseguir
contemplar todas as relações existentes entre os seus componentes (subsistemas) refletindo-se
na gestão que passa a ter seu processo de condução, coordenação e elaboração de estratégias

9
ainda distante da situação real, idealizando formulações que não atingem seus objetivos pelo
fato do modelo adotado não ser capaz de contemplar as variáveis necessárias.
A Figura 5 que ilustra a Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia e as
intervenções sofridas. Estas têm se mostrado capazes de afetar sua capacidade de recuperação,
principalmente no que se refere ao potencial hídrico (ANA, 2002), mostrando que são
necessários instrumentos capazes de avaliar a sensibilidade da bacia, tornando a análise do
sistema cada vez mais apta a fornecer subsídios concretos à gestão das diferenças existentes
entre a região à montante (estados de Goiás, Tocantins, Distrito Federal e Mato Grosso) e à
jusante (estados do Pará e do Maranhão), referente à disponibilidade hídrica, potenciais e
problemas existentes.

Sistema físico Sistema biótico


(geologia, solos, clima, (fauna e cobertura
hidrologia, vegetal)
hidrogeologia)
PAISAGEM

Sistema
socioeconômico
(demografia, economia,
uso do solo, infra-
estrutura)

Figura 4. Aspectos característicos da paisagem como uma unidade de interações.

10
Região Hidrográfica do Tocantins – Araguaia: (Resolução do CNRH nº 32, de 15 de outubro de 2003).
Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia: é constituída pela bacia hidrográfica do rio Tocantins até a sua foz no Oceano
Atlântico. Segundo a visão atual da gestão de recursos hídricos, surge a conceituação de Regiões Hidrográficas
(Resolução do CNRH nº 30, de 11 de dezembro de 2002), que agrupa bacias, tendo como um dos fatores a dinâmica
socioeconômica.
Fonte: Agência Nacional de Águas – ANA - 2002.

Figura 5. A Região Hidrográfica do Tocantins – Araguaia como exemplo de espaço de


interações socioeconômicas.

11
2.2 A SENSIBILIDADE DA PAISAGEM COMO ELEMENTO NORTEADOR DO
PLANEJAMENTO DE USO DOS RECURSOS HÍDRICOS
O desenvolvimento de modelos de sistemas, para a compreensão do todo e das
relações existentes entre os seus componentes, tem no estudo da paisagem um meio de análise
e de delimitação de espaços para a formulação metas que visem o planejamento estratégico.
O sistema bacia hidrográfica passa a ser decomposto em sub-sistemas
individualizados a partir de um conjunto de fatores que caracterizam dinâmicas ou paisagens
distintas.
Segundo Tricart e Kilian (1982, apud SOARES FILHO, 1998) a paisagem é uma
porção do espaço caracterizada por um tipo de combinação dinâmica, portanto instável, de
elementos geográficos diferenciados (físicos, biológicos e antrópicos) que, ao reagirem
dialeticamente entre si, fazem da paisagem um conjunto geográfico indissociável que evolui
em bloco, tanto sob o efeito das interações entre os elementos que o constitui como sob o
efeito da dinâmica própria de cada um dos elementos considerados separadamente (Figura 4).
Na decomposição de uma região hidrográfica, em um conjunto de bacias e estas em
um conjunto de micro-bacias utilizando seus elementos componentes, faz-se necessário
identificar fragmentos agrupados ou separados segundo suas similaridades ou diferenças a
nível estrutural. Para tanto, utiliza-se o método de avaliação do terreno. Este se baseia no
reconhecimento, interpretação e análise de feições do relevo denominadas de landforms as
quais, sendo reflexo dos processos naturais atuantes sobre os materiais da superfície terrestre,
devem refletir as condições dos mesmos (LOLLO, 1996). Ou seja, as paisagens atuais podem
ser compreendidas em termos de landforms e dos ecossistemas mantidos por processos
naturais, expressões da história ambiental, incluindo dos impactos e a interferência humana
(THOMAS & SIMPSON, 2001).
Em função das escalas diferenciadas de análise, o landform, pode ser descrito desde
o conjunto maior (sistema de terreno) ao menor elemento unitário (elemento de terreno),
permitindo a individualização eficaz de suas similaridades (Figura 6), principalmente no
estudo de bacias hidrográficas (THOMAS, 2001). Se o landform pode ser considerado o
elemento descritivo (estrutural), deve-se eleger outro componente (funcional) que considere
os fatores mais incidentes sobre as mudanças do meio, que seja dependente do tempo, ligado
aos processos evolutivos naturais e antrópicos.
12
Landform – categorias.
Representa o maior dos
níveis, sendo
caracterizado pela
SISTEMA associação de feições
0 DE de relevo com
TERRENO expressão morfológica
determinada e que
representa condições
similares de processos
evolutivos e de
materiais rochosos
associados.

Corresponde a uma feição


individual do relevo que se
UNIDADE distingue das demais às quais
DE está associada por indicar um
TERRENO determinado subconjunto de
processos do sistema de terreno
no qual se situa, sendo que estas
diferenças devem se repetir em
termos dos materiais
inconsolidados associados à
unidade.

É definido como uma subdivisão


da unidade de terreno e pode ser
ELEMENTO entendido como parte (forma) de
DE uma feição individual do relevo
TERRENO distinguível das demais partes
em termos de inclinação ou
forma de vertente, posição (ou
forma) topográfica, e que deve
refletir condições diferenciadas
de espessura ou de variações
laterais no perfil de alteração
dos materiais inconsolidados.

Figura 6. Elementos de composição da paisagem, empregando o conceito de landform.

13
Neste contexto, é empregada a análise de sensibilidade como indicadora do
funcionamento do sistema, por representar a resistência natural do mesmo, ou seja, sua
habilidade em resistir às mudanças. Uma vez que, nem todas as partes do sistema recebem
exatamente o mesmo número, seqüência, freqüência e duração de um ou mais processos; cada
componente da paisagem tem uma capacidade diferente de armazenamento da energia,
mecanismo de troca de calor, resposta de reação, tempo de relaxamento, resiliência,
tolerância, e conseqüentemente sensibilidade (BRUNSDEN, 2001).
O termo Landscape Sensitivity pode ser entendido de várias formas, segundo Allison
e Thomas (1993): como a susceptibilidade de um sistema a mudanças; a capacidade de
resposta do sistema a mudanças; ou a resposta do sistema a mudanças.
O conceito da sensibilidade da paisagem implica conseqüentemente em uma
instabilidade condicional no sistema, com a possibilidade de mudança rápida e irreversível
(THOMAS, 2001; BRUNSDEN, 2001).
Allison e Thomas (1993), Downs e Gregory (1993) reforçam que um dos mais
importantes aspectos desta abordagem envolve a ação antrópica, que age diretamente nesta
capacidade e velocidade de resposta do sistema, uma vez que sua intervenção pode ser tão
significativa (ex: obras hidráulicas de grande porte – canalizações) a ponto de modificarem de
forma permanente um sistema (ex: mudança do leito natural de rios, alterando características
como vazão e carga sedimentar em suspensão).
Resgatando o exemplo da Figura 5, onde também está inserida a bacia do rio Capim,
destaca-se que a Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia (com cerca de 918.279 km² -
aproximadamente 11% do território nacional) precisou para o entendimento de suas partes
componentes ser decomposta em 3 sub-regiões (sistemas de terreno), divididas em 18 bacias
hidrográficas (de acordo com a Resolução CNRH nº 32, de 15 de outubro de 2003). São 18
unidades de terreno cada uma com sua própria rede de interações (PNRH, 2006). Estas redes
podem ter suas relações qualificadas e quantificadas por meio do estudo da sensibilidade da
paisagem, propiciando informações a serem trabalhadas em um mecanismo de suporte à
decisão, onde o administrador irá se apoiar para definir como intervir na bacia.

14
2.3 SISTEMAS DE SUPORTE À DECISÃO
O planejamento do uso dos recursos hídricos necessita de elementos de quantificação
que permitam a construção de cenários futuros, principalmente, se o objetivo principal é
administrar a disponibilidade hídrica.
Nos últimos anos, os planos de recursos hídricos passaram por uma evolução na sua
forma de condução, passando de um ato realizado por setores usuários desses recursos, para
um modelo mais participativo e sistêmico, observando-se, para essas mudanças, a influência
dos crescentes focos de conflitos pelo uso da água e da conscientização da necessidade de
conservação ambiental (NEVES, 2004).
O planejamento não é um ato que se esgota no momento em que se conclui o plano,
pelo contrário, ele é um processo que se supõe contínuo (NEVES, 2004). Podendo ser
considerado com base em quatro passos (ZUFFO, 1998):
1. Identificação dos objetivos do sistema a ser planejado: este passo envolve a seleção de
objetivos no processo político;
2. Transformação dos objetivos em critérios: isto implica o desenvolvimento de critérios
detalhados para refletir os objetivos do sistema a ser planejado;
3. Desenvolvimento do sistema a ser planejado: usando os critérios anteriormente
desenvolvidos, que reflitam os objetivos; e
4. Revisão dos resultados: avaliação do processo do sistema planejado.
Para os estados da região Norte do país, mais especificadamente, o Pará, alguns
fatores de suporte à decisão voltados ao planejamento devem ser contextualizados
ultrapassando seu limite político-administrativo, dentre estes citam-se: que significativa parte
de seu território é dominada por cursos d´água federais (aproximadamente 30 %),
representados importantes bacias: Tocantins, Tapajós e Xingu; e a ampliação da fronteira do
desmatamento na região pressionando diretamente os sistemas hídricos (Figuras 7 e 8).
Logo, os métodos de suporte à decisão específicos ao planejamento hídrico devem
ser baseados em tecnologias que visem à análise integrada de informações geocodificadas,
que dêem suporte aos procedimentos diretamente relacionados à outorga de uso, ao
monitoramento dos usuários/usos, ao monitoramento da qualidade destes recursos, e às
questões socioeconômicas e legais, fomentando a integração interinstitucional e a maior
eficiência da gestão dos recursos hídricos.
15
Fonte: Núcleo de Hidrometeorologia – NHM / Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente – SECTAM, 2006.
Figura 7. Dominialidade dos cursos d´água no Estado do Pará.

Distribuição
geográfica e
intensidade
(“hotspots”) do
desmatamento
na Amazônia
entre 2000 e
2001.

Os hotspots
(áreas
vermelhas)
indicam as
áreas com alta
concentração de
fragmentos de
floresta
desmatados.

Fonte: Alencar
et al (2004).

Figura 8. Fronteira do desmatamento dos estados componentes da Amazônia Legal.


16
Os métodos de suporte à decisão, aplicados ao planejamento hídrico, têm como
objetivo principal, ajudar os decisores a utilizarem dados e modelos para identificar e resolver
problemas, assim como a tomar decisões (CABRAL, 2001). Simon (1960 apud CABRAL,
2001) desenvolveu um modelo descritivo para a tomada de decisão, dividido em 3 fases
interativas: (1) Reconhecimento: consiste na identificação do problema ou de uma
oportunidade de mudança; (2) Desenho: consiste na verificação e na estruturação das decisões
alternativas; (3) Escolha: está relacionado com a avaliação e com a escolha da melhor
alternativa.
Estas três fases da decisão não seguem um caminho linear desde o reconhecimento à
escolha, passando pela fase de desenho, em qualquer momento do processo de tomada de
decisão poderá ser necessário regressar a uma fase anterior; cada uma delas exige um tipo de
informação diferente (Figura 9). No desenho do sistema de suporte à decisão escolhido devem
ser incorporados quatro elementos relacionados à atividade de resolução de problemas:
(SPRAGUE & WATSON, 1996): Dados: representam o estado do problema que retrata a
realidade e é relevante para o problema; Objetivos e condicionantes: representam os
resultados desejados da resolução do problema e as limitações impostas pelo espaço de
decisão; Procedimentos: representam à seqüência de operações utilizadas na resolução do
problema; e Estratégias: indicam os procedimentos a aplicar para se atingirem os objetivos.
Seguindo o raciocínio deste capítulo, os dados são refletidos pelos elementos
formadores da paisagem e de seu funcionamento (sensibilidade); faltam os objetivos,
condicionantes, procedimentos e estratégias. Como objetivo pode-se definir o uso potencial
dos recursos hídricos de uma bacia hidrográfica, condicionando à existência de
disponibilidade hídrica e de elementos de conflitos difusos e heterogeneamente distribuídos.

Reconhecimento Desenho Escolha

Figura 9. Fases interativas do modelo de Simon (1960 apud CABRAL, 2001).

17
2.4 A ANÁLISE PROSPECTIVA ESTRATÉGICA
Em termos de procedimentos e estratégias adotar-se-á a análise prospectiva, por
trabalhar de forma independente a formulação de estratégias, deixando o decisor livre para
melhor escolha; principalmente pelo uso da Matriz de Análise Estrutural que permite
ponderações qualitativas e/ou quantitativa das diversas variáveis envolvidas.
A análise prospectiva estratégica tem seus primeiros trabalhos durante a década de
70, trazendo como principais marcos: L'impact Societal et Economique de L'energie
Nucleaire au Brèsil (Eduardo Marques - 1976); Crise de la Prévision, Essor de la Prospective
(Michael Godet - 1977); Cours Prospective - Économie et Societé (Pierre F. Gonod - 1986);
Dynamique de la Prospective (Pierre F. Gonod - 1989); L'avenir Autrement (Michael Godet e
Armand Colin - 1991); De L'anticipation à L'action - Manuel de Prospective et de Stratégie
(Michael Godet - 1991). (BODINI, 2001)
Destacam-se como contribuições: Ribeiro (1997), Bodini (2001), Buarque (2001),
Moritz (2004), Romero e Cavalcante (2005), e Boaventura (2005).
Optou-se por trabalhar com a metodologia desenvolvida no LIPSOR – Laboratory
for Investigation in Prospective and Strategy (Chaire de prospective industrielle du
Conservatoire national des arts et métiers, Paris-França). Este método integra duas tarefas,
respectivamente a montante − o diagnóstico do sistema; e a jusante - o apoio às escolhas
estratégicas (RIBEIRO, 1997). Contemplando desta forma, as principais etapas para definição
de ações visando o planejamento hídrico (MENDIONDO et al, 2005):
ƒ Identificação do sistema;
ƒ Definição do sistema, incluindo as principais forças (clima, condições hidrogeológicas,
economia, etc.), sua extensão espacial e temporal;
ƒ Definição de indicadores do estágio do sistema;
ƒ Geração de cenários qualitativos: cenários de referência (ou de base) e cenários de
intervenção (ou de controle);
ƒ Quantificação dos cenários através da determinação dos indicadores dos estágios do
sistema no presente e no futuro usando modelos;
ƒ E a avaliação dos cenários.
O estudo prospectivo relaciona-se com o planejamento estratégico partindo do
princípio que este último tem por principal meta orientar as decisões futuras, envolvendo os
18
objetivos, as prioridades e o estudo das diversas conseqüências de determinado plano de ação.
Esse tipo de planejamento enfatiza a importância de antecipar os possíveis acontecimentos
por meio de técnicas de análise e formulação de cenários (MAUAD & LIMA, 2003).
De acordo com Webster & Le-Huu (2003), embora haja muitas variações, o
planejamento estratégico pode ser caracterizado pelos seguintes princípios:
• Os recursos são direcionados a atingir uma meta específica, freqüentemente dentro de
cenário bem definido e realístico.
• A meta é baseada em problemas identificados em conjunto pelos principais responsáveis.
• Enfatiza a importância da antecipação por meio de técnicas como análise e formulação de
cenários, porque esse tipo de planejamento reconhece que o mundo é um lugar de mudanças
rápidas.
Tendo como base o estudo prospectivo, o planejamento estratégico é construído
sobre prioridades que direcionam a utilização dos recursos hídricos nas bacias hidrográficas.
A primeira e mais conhecida é a fase de diagnóstico. Esta tem sua base nos sistemas
de informação que reúnem dados fisiográficos, hidrológicos, hidrogeológicos,
hidrometeorológicos e socioeconômicos. A seguir tem-se a etapa de análise do sistema
identificando seu grau de independência, dependência e motricidade. Onde se procura
descrever a capacidade do sistema recuperar seu estado inicial após um distúrbio ou a
velocidade da recuperação. E finalizando são estruturadas tendências considerando: a
dinâmica e evolução; os cenários ambientais; e a identificação de estratégias.
Este conjunto de etapas quando projetados, em uma situação real, que para
caracterizar um sistema hídrico (das dimensões características dos componentes as Regiões
Hidrográficas Amazônicas ou Tocantins-Araguaia) são elencados cerca de 50 a 70, ou mais,
variáveis não se mostra tão simples de ser cumprido.
Portanto, é necessário um mecanismo de filtragem que permita elencar as variáveis
mais condicionadoras do comportamento do sistema.
O mecanismo que acompanha a análise estratégica com esta finalidade é a Matriz de
Análise Estrutural.

19
2.5 MATRIZ DE ANÁLISE ESTRUTURAL
A análise matricial parte da premissa da estruturação de um processo contínuo, com
possibilidades diversas de interações, baseado na administração das incertezas, empregando
tendências e padrões que denotam segundo Heijden (1997):
ƒ A existência de uma ordem temporal, com acontecimentos organizados numa seqüência
temporal;
ƒ A existência de uma co-variância, em que se assiste a diversas variáveis seguirem padrões
de comportamento semelhantes ao longo do tempo;
ƒ A existência de uma proximidade espacial ou temporal, em que se assume uma relação se
um acontecimento segue sempre outro;
ƒ A existência de semelhanças de forma ou padrão.
A Matriz de Análise Estrutural utilizando o método MICMAC (Matrice d’Impacts
Croisés – Multiplication Appliqué à um Classement / Matriz de Impactos Cruzados –
Multiplicação Aplicada a uma Classificação) permite reduzir a complexidade de um sistema,
detectando as variáveis - chave, no pressuposto da existência de inter-relações entre as
mesmas. Consiste em identificar as variáveis do ambiente externo, suas inter-relações e
relevância para explicar como atua a organização. Oferece a possibilidade de descrever um
sistema com o auxílio de uma matriz que relacione todos os elementos constitutivos, tendo
como objetivo fundamental ajudar a delinear a estrutura das relações entre as variáveis
qualitativas que o caracterizam (SILVA, 2005).
Na sua operacionalização são selecionadas as variáveis que influenciam o sistema (a
partir de um diagnóstico), estruturadas como uma matriz quadrada, capaz de descrever suas
relações. Esta, designada de Matriz de Análise Estrutural, tem tantas linhas e colunas quantas
as variáveis identificadas, sendo o elemento genérico aij ocupado por um 1, caso a variável i
influencie diretamente a variável j, e por um 0, caso contrário (CALDAS & PERESTRELO,
1998).
Os principais aspectos limites desta forma de análise são:
ƒ Definição do conteúdo das variáveis: quanto maior, mais complexo se torna seu
preenchimento.
ƒ Duplo sentido de algumas variáveis: algumas variáveis podem ser complementares ou
decorrentes, podendo levar a duplicação de resultados.
20
ƒ Ponto de vista do operador na distinção entre os efeitos diretos e indiretos entre variáveis:
é relativo à visão que o operador tem do processo.
ƒ Possibilidade de indução da informação: o operador pode conduzir a matriz a fornecer um
direcionamento na análise.
Porém seu grande mérito é possibilitar uma avaliação potencial das variáveis do
sistema e classificá-las, segundo uma tipologia, baseada no seu grau de motricidade e
dependência; permitindo a identificação dos elementos indicadores de seu funcionamento.
A motricidade é uma medida da influência da variável x sobre o conjunto do sistema
(soma em linha da matriz A). A dependência é dada pelo número de variáveis que a
influenciam (soma em coluna da matriz A). O grau de motricidade (dependência) de uma
variável é dado pela posição que ocupa na seqüência ordenada das variáveis segundo a sua
motricidade (dependência) (CALDAS & PERESTRELO, 1998). (Figura 10)

Figura 10. Motricidade x dependência e seus campos definidores.

A partir dos campos definidos no gráfico de Motricidade x Dependência são


caracterizadas tipologias específicas, conforme Godet (2004):
ƒ Variáveis motrizes: variáveis muito motrizes e pouco dependentes – influenciam a
dinâmica do sistema, mas são pouco condicionadas por ele.

21
ƒ Variáveis de ligação: variáveis muito motrizes e muito dependentes – ocupam uma posição
de charneira, sendo objeto de fortes influências, propagam essas influências ao conjunto do
sistema.
ƒ Variáveis de resultado: variáveis pouco motrizes e muito dependentes – são muito
condicionadas pela dinâmica do sistema e exercem pouca influência sobre ele.
ƒ Variáveis excluídas: variáveis pouco motrizes e pouco dependentes – têm um papel pouco
relevante.
ƒ Variáveis de pelotão: variáveis medianamente motrizes e dependentes – ocupam uma
posição intermédia, difícil de caracterizar:
Godet (2004) considera que as variáveis-chave do sistema (as de maior sensibilidade)
são as variáveis de ligação.
Na construção de uma análise que avalie a influência de uma variável sobre outra, a
matriz estrutural pode ser preenchida a partir de uma escala que varia de 0 a 3 conforme a
influência de uma variável sobre outra é nula, fraca, média ou forte (Figura 11). Neste caso,
os procedimentos de determinação da motricidade e a tipologia de classificação das variáveis
se mantêm (CALDAS & PERESTRELO, 1998).

(Soma –
Matriz de análise Variável Variável Variável Variável Variável
linha)
estrutural A B C D E
Motricidade
Variável A 0 1 1 2 3 7
Variável B 1 0 2 2 2 7
Variável C 1 3 0 3 2 9
Variável D 2 3 3 0 3 11
Variável E 3 3 2 1 0 9
(Soma – coluna)
7 10 8 8 10
Dependência
Figura 11. Exemplo de preenchimento da matriz estrutura.

O objetivo final da matriz de análise estrutural é definir quais as principais variáveis


condicionantes de futuro. Estas passam a se portar como ferramenta de auxílio a formulação
de estratégias que objetivem gerenciar a oferta hídrica e construir cenários que indiquem as
ações necessárias a sua garantia futura.

22
2.6 CENARIZAÇÃO
Autores como Barlow e Clarke (2003), De Villiers (2002) e Tundisi (2003) discutem
cenários futuros pessimistas em função da disponibilidade hídrica existente no mundo, no
século XXI, por outro lado a região Amazônica é clamada como o futuro oásis deste deserto
que se configura e consequentemente as ações de gestão deveriam prever tais cenários futuros
e construir meios que garantissem a sua sustentabilidade hídrica.
A construção de cenários envolve expectativas qualitativas ou fortemente embasadas
em dados quantitativos e modelos numéricos, projetando futuros múltiplos. Esta diversidade
de futuros no processo de cenários é enfatizada por Godet (1993) que explica que o futuro é
múltiplo e diversos futuros potenciais são possíveis.
A descrição de um potencial futuro e das progressões necessárias para atingi-lo
constitui um cenário (BOAVENTURA et al, 2005).
Segundo Ribeiro (1997) o processo de cenarização objetiva:
ƒ Identificar as questões a estudar em prioridade: por meio das Variáveis – Chaves, a partir
do estabelecimento de relações entre as variáveis que caracterizam o sistema estudado.
ƒ Determinar os atores fundamentais: suas estratégias e dos meios de que dispõe para chegar
à realização dos seus projetos.
ƒ Descrever, sob a forma de Cenários, da evolução do sistema estudado: tendo em conta as
evoluções mais prováveis das variáveis-chaves e a partir de jogos de hipóteses quanto ao
comportamento dos Atores.
Godet (2000) detalha o método e propõe um modelo constituído por um processo
dividido em nove etapas:
Etapa 1. Análise do problema e delimitação do sistema: tem em vista visualizar e simular a
globalidade do processo.
Etapa 2. Diagnóstico: onde é feita a completa radiografia do sistema.
Etapa 3. Análise estrutural: quando são verificadas quais as variáveis-chaves do
funcionamento do sistema.
Etapa 4. Dinâmica do sistema: entende-se a dinâmica do sistema com base na retrospectiva,
ou seja, sua evolução; o objetivo é identificar as questões-chave para o futuro.

23
Etapa 5. Cenários ambientais: procura-se reduzir as incertezas que influenciam as variáveis-
chaves, através da análise das principais tendências e de potenciais
descontinuidades.
Etapa 6. Identificação das estratégias: as diversas estratégias são detalhadas e confrontadas
com os cenários mais prováveis.
Etapa 7. Avaliação das estratégias: onde é realizada a avaliação das opções estratégicas.
Nesta fase termina-se a etapa que precede a decisão e a ação.
Etapa 8. Seleção das estratégias: finaliza a fase de decisão, que se submetem as alternativas
estratégicas ao corpo decisório para as escolhas.
Etapa 9. Planos de ação e monitoração da estratégia: conclui-se o processo com a
elaboração dos planos de ação e contratação por objetivos.
Godet (2000) salienta que o processo desta abordagem não é totalmente linear e que
da Etapa 4 até a Etapa 9, eventualmente, há retro-alimentações.
Sua estrutura de aplicação pode ser resumida em três grandes blocos (RIBEIRO,
1997):
1. Construção da base analítica e histórica: consiste em construir um conjunto de
representações do estado atual do sistema, esta fase inclui, portanto, a identificação das
variáveis-chaves e dos atores. Este bloco inclui: delimitação do sistema; análise estrutural;
análise atual e retrospectiva e análise do jogo de atores.
2. Exploração do campo das possíveis evoluções: resulta na redução das incertezas; pode
realizar-se através de uma análise morfológica que decomponha o sistema estudado em
dimensões essenciais, definindo as configurações mais prováveis para cada uma delas e
estude as combinações destas diferentes dimensões; neste bloco cabe ainda o processo de
redução de incerteza, com a estimação das probabilidades subjetivas de ocorrência dessas
diferentes combinações.
3. Elaboração dos cenários: entendidos, não só como descrição dos possíveis “estados
finais”, mas como descrição do caminho que possa conduzir da situação atual a estes,
passando por estados intermédios.
O fluxograma abaixo exemplifica o processo (Figura 12).

24
"Ateliers" de prospectiva Análise Estrutural
Identificação do problema e do Pesquisa das variáveis -
Sistema. chaves
(internas e externas).

Análise das
Estratégias dos Atores
Identificação das questões e
objetivos estratégicos.
ELABORAÇÃO DE
CENÁRIOS
Análise
Morfológica
Análise do campo de possibilidades
externas.

Métodos de Peritos e
Problematização
Conclusão quanto às questões
chaves para o futuro.

Figura 12. Sistemática de elaboração de cenários com base em Godet (2000).

Centralizando na vertente relacionada aos recursos hídricos, os cenários ambientais


passam a ser importantes ferramentas para o planejamento regional, combinando quantidade
de conhecimento quantitativo e qualitativo, transmitindo resultados de uma análise integral de
forma transparente e compreensível (DÖLL et al, 2003). Ao mesmo tempo, a geração de
cenários contribui para estimar como um futuro incerto reagiria e como pode influenciar-se
pelas decisões feitas hoje.
Um cenário não faz predições do futuro nem pode ser qualificado pela sua
probabilidade. Assim, eles devem ser imagens plausíveis e possíveis do futuro, e também
suficientemente ricos em indicadores para contribuir na tomada de decisões. Esses possíveis
futuros podem demonstrar o impacto que ocorreria devido a um planejamento regional
(PERES & MENDIONDO, 2004). A Figura 13 apresentada por TUCCI (1998) ilustra uma
seqüência, cujo enfoque principal é o aproveitamento estratégico dos recursos hídricos.

25
Figura 13. Processo de cenarização, segundo TUCCI (1998).

Quando o enfoque é a garantia do uso múltiplo das águas, a Matriz Gerencial de


Recursos Hídricos (LANNA, 1999) tem sido empregada como elemento de análise integrada,
orientando a previsão dos cenários possíveis.

26
2.7 MATRIZ GERENCIAL DE RECURSOS HÍDRICOS: APLICAÇÃO DO MÉTODO
DE CENÁRIOS.
O emprego conjugado da Matriz Gerencial de Recursos Hídricos, no processo de
cenarização, auxilia a hierarquização das demandas de forma a garantir o atendimento das
mais prioritárias. Este atendimento poderá ser realizado com garantias decrescentes, em
função das prioridades. Em cada demanda, poderão ser buscados níveis de eficiência de uso,
com eliminação de desperdícios e controle de perdas (LANNA, 1997).
A Matriz Gerencial de Recursos Hídricos (MGRH) auxilia a inserção dos planos
setoriais e ações de instituições públicas e privadas ligadas a cada uso específico dos recursos
hídricos: abastecimento público e industrial, esgotamento sanitário, irrigação, navegação,
geração de energia, recreação, etc.
Em termos gerais, deve contemplar cenários compatíveis com (LANNA, 1999):
ƒ Desenvolvimento econômico: ocasionando o aumento das demandas de recursos hídricos,
seja como bem intermediário, seja como bem de consumo final.
ƒ Aumento populacional: trazendo a necessidade direta de maior disponibilidade de recursos
hídricos para consumo final.
ƒ Expansão do setor produtivo: aumentando o consumo regional de recursos hídricos para
irrigação e abastecimento, com possíveis conflitos de uso, quando a água for escassa e já
existirem outros usuários concorrentes.
ƒ Pressões regionais: voltadas a reivindicações de uma maior equidade nas condições inter-
regionais de desenvolvimento econômico, qualidade ambiental e bem-estar social,
pressionando os recursos hídricos no sentido do atendimento destes anseios.
ƒ Mudanças tecnológicas: que trazem necessidades especificas sobre os recursos hídricos, e
possibilitam novas técnicas construtivas e de utilização, modificando a situação vigente de
apropriação destes recursos.
ƒ Mudanças sociais: trazendo novos tipos de necessidades e demandas, ou modificando o
padrão das necessidades e demandas correntes das águas.
ƒ Necessidades ambientais: relacionada a manutenção dos sistemas bióticos locais.
ƒ Incerteza do futuro: permeando todos estes fatores existe a incerteza sobre quando, como,
onde e com que intensidade ocorrer às necessidades e demandas mencionadas.

27
O gerenciamento de recursos hídricos e o ambiental apresentam interfaces em
comum relacionadas (MUÑOZ, 2000): ao consumo de fatores ou ao capital tecnológico e
humano, no que diz respeito ao Gerenciamento do Uso dos Recursos Ambientais; ao estoque
dos fatores ou do capital natural, no referente ao Gerenciamento da Oferta do Ambiente; e a
compatibilização das duas gestões anteriores que ocorre no âmbito político, legal e
administrativo, ou no Gerenciamento Interinstitucional.
Considerando os componentes do ambiente em geral, como água, solo, flora, fauna,
etc, observa-se que os recursos ambientais exercem funções que podem ser classificadas em
(MUÑOZ, 2000):
ƒ Função de produção: quando são usados como bens de consumo final ou intermediário.
ƒ Função de suporte: quando criam condições para a vida e as atividades produtivas.
ƒ Função de regulação: quando limpam, acomodam, filtram, neutralizam ou absorvem
resíduos ou ruídos;
ƒ Função de informação: quando servem de indicadores sobre os estados ambientais.
Estas possuem relações que podem ser representadas pela estrutura matricial, na qual
uma das dimensões trata do gerenciamento das suas múltiplas demandas e a outra do
gerenciamento das suas ofertas (Figura 14).
Nesta fica evidenciada a localização do Gerenciamento das Águas na interseção do
Gerenciamento da Oferta do Ambiente Hídrico com diferentes setores usuários. Na adaptação
desta concepção são indicadas as formas específicas de uso setorial das águas, e sua oferta é
tratada em função da disponibilidade em qualidade e em quantidade, como proposto em
Lanna et al. (1990). (Figura 15)
Para finalizar a discussão sobre o gerenciamento da oferta hídrica, faz-se necessário
entender alguns aspectos legais da gestão de recursos hídricos e sua inserção junto às políticas
setoriais.

28
Gerenciamentos do Uso Setorial
dos Recursos Ambientais

CULTURA E LAZER
AGROPECUÁRIA

TRANSPORTE
INDÚSTRIA E
COMÉRCIO
PÚBLICOS
SERVIÇOS
Matriz do Gerenciamento Ambiental

ENERGIA

OUTROS
Ar
Solo
Água GERENCIAMENTO DAS ÁGUAS
Gerenciamento da
Minérios
Oferta do Ambiente
Fauna
Flora
Outros

Figura 14. Matriz de gerenciamento ambiental, modificada de Muñoz (2000).

Gerenciamentos do Uso Setorial


das Águas
ABASTECIMENT

ABASTECIMENT
O INDUSTRIAL

NAVEGAÇÃO

CULTURA E
IRRIGAÇÃO
O PÚBLICO

Matriz Gerencial de Recursos Hídricos (MGRH)

ENERGIA

OUTROS
LAZER
Potencial hídrico
Gerenciamento da
(quantidade e
Oferta das Águas
qualidade)

Figura 15. Matriz Gerencial de Recursos Hídricos (MGRH), modificada de Lanna et al.
(1990).

29
2.8 GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS
A gestão representa um processo de organização e administração de uma sociedade,
fruto de uma necessidade de explicitar e conciliar interesses divergentes, que possam vir a
gerar conflitos, evitando assim a quebra do equilíbrio social (MELLO FILHO, 1994;
BARROS & BARROS, 1998).
Da mesma forma que na gestão pública, a gestão ambiental se instalou às vésperas da
crise, também a Gestão dos Recursos Hídricos (GRH) tornou-se mais difundida quando se
constatou que a reserva de água necessária à sobrevivência da espécie humana estava
ameaçada.
A Gestão das Águas é uma atividade analítica e criativa voltada à formulação de
princípios e diretrizes, ao preparo de documentos orientadores e normativos, à estruturação de
sistemas gerenciais e à tomada de decisões que têm por objetivo final promover o inventário,
uso, controle e proteção dos recursos hídricos. Fazem parte desta atividade os seguintes
elementos (LANNA, 1997):
ƒ Política das Águas: trata-se do conjunto consistente de princípios doutrinários que
conformam as aspirações sociais e/ou governamentais no que concerne à regulamentação ou
modificação nos usos, controle e proteção das águas.
ƒ Gerenciamento das Águas: conjunto de ações governamentais destinadas a regular o uso, o
controle e a proteção das águas, e a avaliar a conformidade da situação corrente com os
princípios doutrinários estabelecidos pela Política das Águas.
ƒ Plano de Uso, Controle ou Proteção das Águas: qualquer estudo prospectivo que busca, na
sua essência, adequar o uso, o controle e o grau de proteção dos recursos hídricos às
aspirações sociais e/ou governamentais expressas formal ou informalmente em uma Política
das Águas, através da coordenação, compatibilização, articulação e/ou projetos de
intervenções (Figura 16).

30
Plano de Uso, Controle ou Proteção
das Águas

Gerenciamento
das Águas

Política
das Águas

Figura 16. Hierarquia da gestão das águas.

A gestão considerada de forma ampla, abriga todas as atividades, conjunto de


organismos, agências e instalações governamentais e privadas, estabelecidos com o objetivo
de executar a Política das Águas através do Modelo de Gerenciamento das Águas adotando e
tendo por instrumento o Planejamento do Uso, Controle e Proteção das Águas.
A Gestão de Bacias Hidrográficas (GBH) representa o gerenciamento de um único
bem ambiental, a água, quando realizado no âmbito de uma bacia hidrográfica (LANNA,
1995). O World Commission on Environment1 fornece uma definição mais completa,
enfocando como o processo de negociação social, sustentado por conhecimentos científicos e
tecnológicos, que visam a compatibilização das demandas e das oportunidades de
desenvolvimento da sociedade com o potencial existente e futuro do meio ambiente, na
unidade espacial de intervenção da bacia hidrográfica, no longo prazo.

1
World Commission on Environment and Development. Our Common Future. Oxford University Press, 1987.
31
A legislação francesa, que foi a base teórica dessa política, trouxe alguns fatores
inovadores, tais como, a definição geográfica para o planejamento urbano, que não o
municipal ou estadual e sim a bacia hidrográfica, um termo quase restrito aos profissionais
das geociências e praticamente desconhecido de economistas e políticos. Mas o principal
estava no estabelecimento de um novo conceito de gestão, ou seja, da gestão participativa,
compartilhando com a sociedade as decisões sobre aquele que representa hoje, o mais
importante recurso natural da terra, a água, dada a sua distribuição geográfica irregular e
escassez (BARROS & BARROS, 1998; BARRAQUÉ, 1993).
O Brasil deu o primeiro passo em 1934 com o Código das Águas, porém só adotou
esse modelo em 1997 com o advento da Lei N° 9.433/97 que instituiu a Política Nacional de
Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
Algumas das grandes dificuldades que se apresentam na operacionalização de tal
proposta, segundo Barros e Barros (1998), são:
ƒ A falta de delimitação clara de competências entre os três níveis de poder;
ƒ A necessidade de implementar programas e projetos de interesse nacional que algumas
vezes se confrontam com interesses de um ou mais estados federativos;
ƒ A cultura centralizadora da política pública brasileira;
ƒ As dificuldades inerentes a gestão participativa;
ƒ A disputa entre o executivo federal e o estadual pelo poder sobre a base municipal; e
ƒ A falta de uma estrutura de coordenação com credibilidade, aceita por todos.
Mesmo considerando a Lei N° 9.433/97 (define a Política Nacional de Recursos
Hídricos), como marco regulatório, já haviam no país estados com mais de 10 anos de política
de recursos hídricos (ex: Ceará e São Paulo), quando esta se instalou. Estes serviram de base
para várias das normas e procedimentos atualmente definidos.
Em termos de Pará o processo foi mais lento, até por que a premissa da escassez,
forte na Lei N° 9.433/97, aparentemente não existe no estado, que contempla uma fartura
hídrica e uma vocação ao desperdício. Por isso a pouca ou lenta conscientização dos governos
estadual e municipais, da população em geral, fez com que a Política Estadual de Recursos
Hídricos, só fosse definida em 2001 (Lei N° 6.381) e seu processo de regulamentação
atrasado em pelo menos 06 anos.

32
Como referências que contribuem com informações sobre vários aspectos da
legislação de recursos hídricos, podem ser citadas (Tabela 1):
ƒ Alemanha: Kraemer (1998); Teube, (1998); Veltwisch (2003).
ƒ Austrália: Pigram (1998).
ƒ Espanha: Hernández (1998a); Hernández (1998b).
ƒ França: Barraqué (1998a); Barraqué (1998b); Hubert (1998); Donzier (2001); Falala
(2003).
ƒ Holanda: Mostert (1998); Sjef Van Put (2001).
ƒ Inglaterra: Zabel & Rees (1998).
ƒ Portugal: Correia (1998).
ƒ Brasil: Lanna et al (1990); Tonet e Lopes (1994); Lanna (1995, 1997); Leal (1998); Lanna
(1999); Antunes (2000); Setti (2000); Anjos et al (2001); Lanna (2001); ANA (2003); Pereira
(2004).
Entre os Estados Membros da União Européia, não existem dois que tenham a
mesma organização institucional de gestão de recursos hídricos, mesmo assim existem
algumas características em comuns.
O sistema institucional da França, Alemanha, Holanda, Portugal e da Inglaterra tem
em si enraizado uma série de tradições distintas, e baseadas em estruturas legais
completamente diferentes, suas políticas tendem a convergir aos dilemas similares e a práticas
mais integradas, isto é o resultado de duas décadas de diretrizes orientadoras comuns e de
uma cultura comum lentamente em desenvolvimento, no referente a água e aos problemas
ambientais.

33
Tabela 1. Perfil síntese da gestão de recursos hídricos.
(a) Portugal.
Políticas N° 187 de 24/05/1993; e Decreto Lei N° 74/90 de 07/03/1990.
O Decreto Lei N° 74/90 de 07/03-1990 não categoriza instrumentos, apenas define 13 tipos de usos de domínio da água
que requerem licenças: água para consumo humano, descarga dos efluentes, todos os tipos de estruturas hidráulicas,
Princípios/
limpeza de cursos da água e trabalhos do rio, mineração da areia e de cascalho, qualquer tipo de construção, equipamento
Instrumentos
da praia, lugares de estacionamento e estradas de acesso, cultivar de peixes, produção de sal, navegação, estruturas
flutuando, plantação ou cortar das árvores. Os critérios de qualidade para cada uma das categorias.
ƒ Decreto Lei N° 188 de 24/05/1993.
Estrutura ƒ A coordenação global é de responsabilidade do Ministro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (MARN), com a
Organizacional colaboração de duas Secretarias de Estado: a de Recursos Naturais (SERN), com responsabilidade direta sobre a água; e
outra de Meio Ambiente e do Consumidor (SEAC).
Conselhos ƒ Sim, diretamente ligado ao Ministro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais.
Consultivos ƒ 15 Conselhos de Bacia e o Conselho Nacional da Água foram criados.
ƒ Não, antes de 1993 a administração era feita por bacias. Com a Lei foram criados 05 Diretórios Regionais do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais (DRARN): A Direção Regional do Ambiente e Recursos Naturais - Norte; a Direção
Regional do Ambiente e Recursos Naturais - Centro; A Direção Regional do Ambiente e Recursos Naturais - Lisboa e
Vale do Tejo; Direção Regional do Ambiente e Recursos Naturais - Alentejo; e A Direção Regional do Ambiente e
Setor Usuário
Recursos Naturais - Algarve. Responsáveis pela gestão ambiental, incluindo as águas.
e Comitês
ƒ Ao nível nacional, o Instituto Nacional – INAG, foi criado para colaborar com as Associações de Usuários – ARHs.
Esta organização seria responsável por preparar, executar e monitorar políticas, fornecer ferramentas técnicas e o
treinamento profissional, para procedimentos que segurem a consistência e a equidade em todo o país; além de
disseminar a informação a nível nacional, e cooperar com a Espanha na gerência de bacias internacionais.
ƒ Decretos Leis N° 045, 046 e 047 de 02/1994.
Planos de
ƒ 15 Planos Diretores de Bacias foram criados em 2 anos e o Plano Diretor Nacional de Bacia foi criado em 3 anos, a
Bacias
partir de 1994.
Executa Adota o princípio do poluidor – pagador e do usuário – pagador tendo se tornado inteiramente operacional a partir de
Cobrança 1999, para usos domésticos e industriais e a partir de 2004 para retiradas da irrigação.
(b) Espanha.
Políticas N° 029 de 02/08/1985; Lei N° 10 de 05/07/2001.
ƒ Princípios básicos: da gerência, do tratamento integral, da economia da água, da descentralização, da coordenação, da
eficácia e da participação dos usuários; o respeito da unidade da bacia hidrográfica, os sistemas hidráulicos e o ciclo
Princípios/ hidrológico; a compatibilidade da gerência pública da água com o arranjo do território, da conservação e da proteção do
Instrumentos meio ambiente e da restauração da natureza; dos acordos direitos e subscritos internacionais.
ƒ Principais instrumentos: os planos diretores; a adoção das medidas precisas nos acordos e tratados internacionais; e
realizar consultas para concessões e autorizações nas bacias hidrográficas federais.
ƒ As nove Confederações de Bacias Hidrográficas do Estado são organizações da direita pública, com personalidade
legal, portadora de autonomia funcional total. São destinados os efeitos administrativos ao Ministro do Meio Ambiente;
embora cada Confederação elabore e controle seu próprio orçamento de renda e despesas. A maioria de suas finanças se
origina de fundos do orçamento do diretório de trabalho hidráulico e da qualidade das águas: As funções das
Estrutura
Confederações são, entre outras: elaboração dos Planos de Bacia, sua execução e revisão; administração do domínio
Organizacional
público hidráulico; administração das vantagens do interesse geral; execução e operação das infra-estruturas; e a
administração dos acordos com outras administrações.
ƒ Para o desenvolvimento destas ações são estruturados 4 setores, nas Confederações: o de monitoramento das águas; o
escritório de planejamento; o corpo técnico; e o Secretário Geral.
É o órgão consultivo supremo na matéria das águas. Foi criado pela Lei das Águas de 1985, compreendendo a
representação de todas as entidades interessadas na água como recurso: Administrações de Estado e autônomas; usuários
Conselhos educacionais; associações, propriedades; empresas; organizações; uniões agrárias; e organizações ecológicas. Suas
Consultivos funções são: regulamentar a política; definir propostas relacionadas à gestão das águas; e direcioná-las ao governo para
aprovação. É também instituído em cada Confederação um Conselho das Águas, para cada bacia. Sua atribuição
principal consiste em contribuir para os planos de bacias locais.
Setor Usuário As comunidades de usuários constituem organismos consultivos da bacia, regulamentadas pela Lei N° 030 de
e Comitês 26/12/1992.
É uma competência do Estado (Dec.Lei N° 927/1988). Objetiva: assegurar totalmente o fornecimento de água aos
centros urbanos e industriais; garantir a qualidade das águas; proteger o território de inundações; assegurar volumes
mínimos para os sistemas fluviais e para conservação das águas; manutenção dos recursos ambientais dependentes da
Planos de
água e da restauração hidrológico/florestal das bacias; modernização de sistemas de irrigação; gestão hidrelétrica; e
Bacias
conservação de infra-estruturas hidráulicas. Estas funções do planejamento serão feitas ou estão sendo feitas por meio de
dois tipos de instrumentos relacionados: O Plano Nacional de Bacias Hidrográficas e os Planos Estaduais de Bacias. Em
abril de 1993 foi apresentado ao Conselho Nacional das Águas a proposta do PNBH, tendo sido aprovada em 07/1994.
Executa A ocupação, uso, ou aproveitamento dos recursos hídricos, que requerem a concessão ou a autorização administrativa,
Cobrança deverá pagar uma taxa de uso destinada à proteção e melhoramento deste bem.

34
Tabela 1. Perfil síntese da gestão de recursos hídricos (continuação).
(c) França.
Políticas Lei N° 092 de 03/01/1992
A gestão dos recursos hídricos visa garantir: a preservação dos ecossistemas aquáticos; a proteção contra a poluição e a
recuperação dos sistemas fluviais e marinhos, superficiais e subterrâneos; o desenvolvimento e a proteção da água como
Princípios/
recurso; a valorização da água como recurso econômico e sua repartição, de forma a conciliar os diferentes usos; a água
Instrumentos
potável em padrões que atendam as normas de saúde pública; a conservação, o livre escoamento e a proteção contra
inundações; e as práticas de agricultura, aqüicultura, pesca, lazer e turismo, diretamente ligadas aos recursos hídricos.
ƒ O sistema francês opera em dois níveis. Num primeiro nível, o território francês foi dividido em 6 regiões
hidrográficas (bacias). Em cada uma das bacias há um conjunto de 3 elementos inter-atuantes: as comunas e os
departamentos; a Agência da Água, e o Comitê de Bacia.
ƒ A dinâmica de atuação é iniciada com as comunas e departamentos aprovando as classes ou cenários de qualidade
para os cursos de água que passem por suas área de domínio, que deverão ser alcançados ao longo dos anos; em
Estrutura seqüência, a Agência da Água - órgão de apoio técnico e administrativo da bacia – realiza estudos técnicos e econômicos
Organizacional identificando "pontos negros" e o respectivo elenco de ações (ou programas) de menor custo econômico global para a
consecução de tais objetivos e determina as cotas de contribuição (redevances) sobre os diversos usos da água,
necessárias para cobrir uma parcela ponderável dos investimentos planejados; no próximo passo, o Comitê de Bacia -
entidade colegiada composta por políticos locais, funcionários do governo central e usuários da água - analisa, discute,
solicita modificações e finalmente aprova as cotas de contribuição. Nesta fase é realizado o cotejo entre o custo da
solução e a sua efetividade possibilitando a reavaliação dos cenários estabelecidos.
Conselhos
O Conseil d´Ètat
Consultivos
Os Comitês funcionam como um Parlamento das Águas. São compostos por 38 representantes eleitos nas comunas e
departamentos, 38 representantes dos usuários da água, 20 representantes indicados pelo governo central e 7
Setor Usuário
representantes de entidades da sociedade civil. A Agência da Água tem um Conselho de Administração designado pelo
e Comitês
Comitê, formado por 8 representantes das coletividades locais, 8 representantes dos usuários, 8 representantes do Estado
e 1 dos funcionários.
Os programas plurianuais são votados pelos Comitês de Bacias para um período de cinco anos (seis a partir do próximo
Planos de
programa), seguida da aprovação pelo governo. Estabelecem a política de atuação da Agência de Bacia, sendo
Bacias
financiados pela cobrança pelo uso da água (autonomia financeira das Agências).
Neste país o sistema de cobrança é baseado na escassez da água e em quanto dela retorna ao ambiente. Os valores
cobrados geralmente são altos para captações em trechos de montante, onde as águas costumam ser menos poluídas.
Também mais altos são cobradas as captações de água subterrânea. Os recursos obtidos são usados, para financiar novos
Executa investimentos na melhoria da infra-estrutura hídrica. O valor cobrado é estabelecido pelo Conselho de Administração da
Cobrança Agência de Água tendo por referência os investimentos previstos no plano de bacia. A água para uso doméstico e
industrial é cobrada tendo por base três elementos: volume de água derivado durante o período de estiagem, uso
consultivo (valor anterior multiplicado por um fator de consumo) e local de derivação. Para o uso agrícola, a cobrança é
estimada como função do volume de água derivado durante a estação de estiagem.
(d) Holanda.
Políticas Water Management Act (1989).
Estrutura dos 4 principais aspectos da política de águas holandesa:
ƒ Estratégia, política principal e perspectiva;
ƒ Sistemas de água (água na cidade; águas regionais; rios grandes; o "coração molhado" (canal de Jsselmeer, canal de
Amsterdam-Rhine e canal do mar norte); delta do sul; costa e mar; e oceanos);
Princípios/
ƒ Temas (defesa da inundação; escassez; emissões; cama da água);
Instrumentos
ƒ Organização;
ƒ Instrumentos da política;
ƒ Política internacional da água; e
ƒ Fatores financeiros e econômicos.
O sistema de gerência holandês pode ser resumido em três pontos:
ƒ Um grande número organizações de gerência da água;
Estrutura
ƒ Um nível relativamente elevado de descentralização;
Organizacional
ƒ A preferência em usar processos comunicativos e de consenso, como o Conselho, o Planejamento e acordos
voluntários.
Conselhos Os conselhos relevantes para a gerência da água são: o de transporte e da água; o da política ambiental; da natureza; de
Consultivos recreação; e o conselho de planejamento do uso da terra.
Os principais elementos dos planos são: o estabelecimento das principais potencialidades hídricas a serem gerenciadas; a
Planos de indicação das diretrizes básicas que garantam o desenvolvimento, operação e proteção das águas; e definição dos
Bacias instrumentos de manutenção financeira dos planos e de desenvolvimento econômico da exploração das águas superficiais
e subterrâneas.
A gerência governamental da água é financiada por seis fontes: Carga do ato da poluição da água de superfície (21% dos
Executa custos totais); Pagamento do consumo domiciliar (10%); Explotação da água subterrânea (0,1% de custos totais);
Cobrança Lançamento de efluentes – esgotos (11%); Consumo de água potável (34%); e Impostos gerais, diretamente com os
subsídios (24%)
35
Tabela 1. Perfil síntese da gestão de recursos hídricos (continuação).
(e) Alemanha.
Política Act on the regulation of matters pertaining to water (Federal Water Act – WHG) – 19/08/2002 ).
Nacional
ƒ A Outorga de direito de uso dos recursos hídricos é o elemento central para o controle do uso racional das águas.
ƒ Todas as águas, incluindo as águas subterrâneas e as águas costeiras, são subordinadas integralmente à supervisão do
Estado.
Políticas
ƒ Todas as utilizações, como por exemplo, despejo de esgotos ou retirada de água, necessitam obrigatoriamente de uma
autorização. A princípio, a autorização está sujeita ao critério das autoridades estaduais (conforme planejamento
estadual).
ƒ União: Linhas básicas para a gestão de recursos hídricos em leis estruturais e em padrões ambientais; Assuntos
internacionais; e Vias navegáveis.
ƒ Estados: Planejamento e Gerenciamento; Leis, normas e regulamentações estaduais; Planejamento estadual; Outorga
Princípios/
pelo uso; Taxa de esgoto; Planejamento e obras de controle de enchentes; Manutenção de rios estaduais; Monitoramento;
Instrumentos
e Controle (despejos industriais e municipais).
ƒ Municípios: Planejamento técnico, implantação (inclusive financiamento) e operação (água, esgoto, lixo); e
Manutenção de rios municipais.
Um Consórcio Interestadual de Recursos Hídricos (Länderarbeits-gemeinschaft Wasser – LAWA), com encontros
Estrutura
regulares, dos representantes dos estados, pelos recursos hídricos, em nível político e técnico, aí incluindo um vasto
Organizacional
sistema de grupos de trabalho, que arca com todos os assuntos comuns de recursos hídricos.
Somente no Estado da Renânia do Norte-Vestfália, as sub-bacias dos afluentes do rio Reno formam a unidade regional
de gestão com Comitê de Bacia, compostas de usuários e com agência própria, responsável especialmente pelos assuntos
Conselhos de abastecimento de água e o tratamento dos esgotos municipais e industriais. A cooperação nas grandes bacias, que na
Consultivos maioria são bacias internacionais (Reno, Danúbio, Elba, Oder) se realiza em forma voluntária em Comissões de Bacia
baseadas em acordos nacionais e internacionais com a participação dos países da bacia, e no caso das nacionais, com a
participação dos estados envolvidos.
A Lei de Recursos Hídricos (WHG) dispõe de uma série de instrumentos de planejamento sintonizados entre si, em
Setor Usuário
Planos Integrados de Bacias, Planos de Gerenciamento (para a otimização da despoluição) e os planos setoriais como o
e Comitês
tratamento de esgoto em nível estadual, ou os planos de controle de enchentes em bacias ou sub-bacias.
Na Alemanha a Gestão das Águas é responsabilidade dos Länders (províncias) e por isto os sistemas de cobrança variam.
Valores mais altos são geralmente aplicados à captação de águas subterrâneas, especialmente quando suprem sistemas de
abastecimento públicos. O princípio usuário – pagador é realizado pelo instrumento da cobertura total das despesas pelos
usuários. Todos os custos de abastecimento de água, de esgotos e do tratamento de esgotos devem ser pagos pelos
Planos de usuários nos municípios ou pelas indústrias. Nos municípios, os custos deverão estar cobertos pelas contribuições dos
Bacias proprietários dos terrenos ligados à rede (investimento inicial da rede) e pelas tarifas pagas pelos usuários (ETE e
operação). A cobrança pelo uso da água ainda está, fora da taxa de esgoto, numa fase inicial. Somente em alguns estados
têm cobrança pela retirada de água subterrânea através das empresas de abastecimento e através da indústria. Esta
cobrança entra para um fundo estadual destinado ao financiamento de medidas de proteção das águas; somente 10%
podem ser utilizados pelas agências estaduais.
(f) Reino Unido.
Políticas Water Resources Act 1991.
Princípios/ Composto por duas estruturas principais:
Instrumentos ƒ O Escritório de Serviços de Água (Office of Water Services), com atribuições no controle do preço da água e da saúde
financeira das empresas regionais; a representação dos usuários e das comunidades neste órgão é viabilizada pelos
Comitês Regionais de Serviços dos Consumidores (Consumers Services Committees).
Estrutura ƒ E a Superintendência Nacional de Rios (National Rivers Authority) com atribuições no gerenciamento integrado dos
Organizacional recursos hídricos: inundações, pesca, navegação, recreação, lazer e o controle da poluição para o cumprimento dos
padrões ambientais. Um dos instrumentos usados para este controle é a cobrança pela poluição excedente a dado limite
preestabelecido.
Conselhos ƒ Existe também a Divisão de Água Potável (Drinking Water Inspectorate) da Secretaria do Meio Ambiente que
Consultivos monitora a qualidade da água potável.
Setor Usuário A participação dos usuários e das comunidades é restrita aos Comitês Regionais de Serviços aos Consumidores do
e Comitês Escritório de Serviços de Água.
Planos de Os planos são vinculados ao Escritório de Serviços de Água e a Superintendência Nacional de Rios.
Bacias
Na Inglaterra e País de Gales o objetivo á a recuperação de custos de regulação do sistema de recursos hídricos,
atribuição da Agência Ambiental. O sistema de cobrança é composto de duas componentes: uma que é paga de uma só
Executa vez quando um usuário solicita a outorga de dado volume de água e a outra um valor anual que depende do volume
Cobrança derivado, do manancial, da estação do ano, e de um fator de perdas. Valores distintos são aplicados em diferentes regiões
para levar em consideração a escassez da água. No entanto, os valores são relativamente reduzidos e não há intenção que
reflitam o valor real do recurso hídrico.

36
Tabela 1. Perfil síntese da gestão de recursos hídricos (continuação).
(g) Canadá.
Políticas Canada Water Act, R. S. 1985.
ƒ Estabelecer e manter inventários dos usos d´água.
ƒ Coletar, processar e fornecer informações sobre a qualidade, quantidade, distribuição e uso das águas.
Princípios/
ƒ Conduzir pesquisas em conjunto com instituições de pesquisa, cooperação e instituições públicas.
Instrumentos
ƒ Formular planos de gerenciamento das águas, incluindo os custos de implementação e beneficiários.
ƒ Definir projetos que visem o uso eficiente, a conservação e o uso sustentável das águas.
Estrutura
Organizacional; ƒ O Ministro pode, com a concordância do Governador, estabelecer, Agências e Comitês, a nível nacional, de
Conselhos província, de lagos ou de bacias hidrográficas, estes têm a função de: atuar como órgão consultivo em relação às
Consultivos; questões de pesquisa, planejamento, conservação, desenvolvimento e utilização da água. avaliar as políticas e programas
Setor Usuário e hídricos; e facilitar a coordenação e implantação destes.
Comitês
Planos de Bacias
São executados e regulados pelas Agências de Bacia.
Executa Cobrança
(h) Brasil.
Políticas Lei N° 9433/97.
Os Planos de Recursos Hídricos; o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da
Princípios/
água; a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; a cobrança pelo uso de recursos hídricos; a compensação a
Instrumentos
municípios; e o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.
O Conselho Nacional de Recursos Hídricos; os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal; os
Estrutura
Comitês de Bacia Hidrográfica; os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais e municipais, cujas competências se
Organizacional
relacionem com a gestão de recursos hídricos; e as Agências de Água.
Composição: representantes dos Ministérios e Secretarias da Presidência da República com atuação no gerenciamento ou
Conselhos
no uso de recursos hídricos; representantes indicados pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; representantes
Consultivos
dos usuários dos recursos hídricos; e representantes das organizações civis de recursos hídricos.
Os Comitês de Bacia Hidrográfica são compostos por representantes: da União; dos Estados e do Distrito Federal cujos
Setor Usuário e territórios se situem, ainda que parcialmente, em suas respectivas áreas de atuação; dos Municípios situados, no todo ou
Comitês em parte, em sua área de atuação; dos usuários das águas de sua área de atuação; e das entidades civis de recursos
hídricos com atuação comprovada na bacia.
Os Planos de Recursos Hídricos são planos de longo prazo, com horizonte de planejamento compatível com o período de
implantação de seus programas e projetos e terão o seguinte conteúdo mínimo: diagnóstico da situação atual dos recursos
hídricos; análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução de atividades produtivas e de modificações dos
padrões de ocupação do solo; balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos, em quantidade e
qualidade, com identificação de conflitos potenciais; metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria
Planos de Bacias da qualidade dos recursos hídricos disponíveis; medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a
serem implantados, para o atendimento das metas previstas; responsabilidades para execução das medidas, programas e
projetos; cronograma de execução e programação orçamentário-financeira associados às medidas, programas e projetos;
prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídricos; diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos
recursos hídricos; e propostas para a criação de áreas sujeitas a restrição de uso, com vistas à proteção dos recursos
hídricos.
Executa
Em bacias federais e por iniciativa de alguns comitês estaduais.
Cobrança
(g) Austrália.
Políticas Second Report of the Working Group on Water Resource Policy (Council of Australian Governments, 04/1995)’
Uso sustentável da água e do ambiente, para manutenção do equilíbrio entre os interesses ambientais e de
desenvolvimento; adoção da bacia hidrográfica como uma unidade integrada de gerência do recurso água.; reforma,
Princípios/ fixando os preços de recuperação, remoção dos subsídios e provisão para a manutenção do recurso e de seu uso comum;
Instrumentos gestão dos sistemas de trocas de água; esclarecimento e adoção dos direitos de propriedade da água; reformas
institucional e organizacional; ajuste dos impactos social da reforma; e implantação de programas de consulta e de
instrução da comunidade.
Conselhos
Council of Australian Governments (COAG).
Consultivos
Setor Usuário e Os setores sociais e econômicos. de interesse no recurso água, serão envolvidos no planejamento e no processo de
Comitês tomada de decisão.
Foi fixada segundo alguns princípios: devem ser baseadas na maneira mais eficiente de fornecer serviços de água; a
administração dos recursos de água deve conseguir estabilidade financeira e um nível sustentável dos serviços de água; a
política fixando o preço, deve incentivar o melhor resultado para a comunidade, em termos de uso da água, seu
Executa
armazenamento, controle e entrega; os custos dos serviços de água devem ser pagos por aqueles que são responsáveis por
Cobrança
causar modificações qualitativas e/ou quantitativas; sendo que aqueles que mais usam ou modificam o recurso, devem
pagar mais; e a política fixando o preço, deve promover o uso ecologicamente sustentável da água e dos recursos usados
para armazenar, controlar e destinar essa água.

37
A França, a Alemanha e a Inglaterra são sistemas conhecidos de gestão citados
freqüentemente como paradigmas às demais políticas hídricas. Portugal e Holanda são
sistemas menos conhecidos, porém, ambos têm um histórico longo de organizações bem
estruturadas. Eles também refletem ambientes completamente distintos, com a Holanda no
norte úmido e Portugal no sul temperado a semi-árido.
A análise completa destas políticas mostra que em termos gerais existem três fatores
que dirigem seus princípios e/ou instrumentos de ação: ciência e tecnologia; processos e
estruturas de decisão; e os atores relevantes do segmento público.
O nível de interferência do estado é variável, assim como, as formas de organização
do setor usuário. O que se observa em comparação com a política brasileira, é que em países
como a França e a Alemanha, as discussões já se encontram em um estágio em que todos
estão inseridos no mesmo diálogo ou seja, tanto na base, setor usuário e sociedade civil,
quanto a nível institucional o pensamento é o mesmo e no centro das discussões está
principalmente o combate ao desperdício, a poluição e o controle do uso da água, seja pelo
sistema de outorga de direito de uso e/ou cobrança.
Nas Américas existe uma dificuldade de estabelecer comparações entre as políticas,
pois se trata de uma região de grandes contrastes, tanto sob o aspecto social quanto
econômico. Esta disparidade no grau de desenvolvimento tem uma influência na maneira
como as sociedades encaram a questão da proteção ambiental. Países com mais alto grau de
industrialização, desenvolvimento humano e conscientização, como o Canadá, os EUA, o
México, o Brasil, o Chile, a Argentina e o Uruguai possuem uma ordenação ambiental mais
desenvolvida e específica.
Outro fator que exerce uma grande influência neste contexto é o grau de organização
da sociedade civil. A maioria dos países da América Latina e do Sul viveu durante grande
parte do século XX sob ditaduras que restringiram as liberdades individuais. Grandes
projetos, implementados por governos ou grandes companhias nacionais ou multinacionais,
não tiveram seus impactos ambientais avaliados e discutidos com os grupos sociais atingidos
pelos projetos.
Embora em termos de recursos hídricos, os países da América do Sul sejam o centro
das atenções mundiais, pois são detentores das bacias: do rio Amazonas, dos rios Paraná e
Prata (localizadas entre a Bolívia, Paraguai, Brasil e Argentina), do rio Orinoco (localizada
38
entre a Venezuela e a Colômbia); e do maior aqüífero em todo o mundo, o Guarani (cobrindo
parte do território do Brasil, da Bolívia, Paraguai, Uruguai e da Argentina), a gestão dos
recursos hídricos e o processo de implementação das políticas hídricas é extremamente
desigual dentro e entre cada país.
Em outras regiões os recursos hídricos são mais escassos e sua falta representa um
desafio ao desenvolvimento futuro destas regiões. O México e o Peru, por exemplo, estão
entre os países com maiores problemas de escassez de água, já que utilizam anualmente cerca
de 15% de seu estoque de recursos hídricos.
As Américas Latina e do Sul tratadas como um todo tem como maior problema a
fraca implementação de sua legislação. Existem inúmeros exemplos, como:
ƒ Extensas áreas de floresta da Bacia Amazônica localizada no Peru, no Brasil e na
Colômbia, apesar de estarem sob proteção legal ainda são derrubadas por falta de controle das
autoridades da região.
ƒ No México grande parte dos recursos hídricos esta poluída por efluentes domésticos e
industriais, apesar de existir legislação que exige o tratamento destas emissões.
ƒ Na Nicarágua criaram-se diversas leis referentes à descarga de efluentes domésticos,
industriais e agrícolas que, todavia não são respeitadas, aumentando o nível de poluição dos
lagos e cursos de água.
Países como os EUA e o Canadá, por assimilarem e modificarem segundo suas
necessidades os sistemas europeus diferenciaram-se dos países Sul-Americanos, estando a
gestão dos recursos hídricos discutida ao nível de tratar a água como um recurso econômico
de significativo valor, a ponto de ser considerada uma commodity, negociada no mercado. Em
1998, o Banco Mundial previu que o comércio global da água em breve se transformaria em
uma indústria de US$ 800 bi, e antes de 2001, esta projeção tinha sido elevada para 1 trilhão
de dólares (BARLOW & CLARKE, 2003).

39
2.8.1 Mecanismos operacionais de gestão
A gestão dos recursos hídricos é operacionalizada por meio de mecanismos que pode
ser abordados em duas categorias de aplicação: a legal e a direta.
Os de aplicação legal correspondem aos instrumentos das políticas de recursos
hídricos. A Tabela 2 compara os definidos nas políticas nacional e do Pará.

Tabela 2. Comparação entre as políticas Nacional e do Estado do Pará de Recursos Hídricos.


Política Nacional de Recursos Hídricos Política de Recursos Hídricos do Estado do Pará
(PNRH, Lei nº 9.433/1997) (PERH-PA, Lei nº 6.381/2001)
Planos de recursos hídricos. Plano de recursos hídricos.
Classificação dos cursos d´água segundo seus Enquadramento dos corpos de água em classes,
usos. segundo os usos preponderantes.
Outorga dos direitos de uso recursos hídricos. Outorga dos direitos de uso de recursos hídricos.
Cobrança pelo uso de recursos hídricos. Cobrança pelo uso de recursos hídricos;
Compensação a municípios. Compensação aos municípios.
Sistema nacional de informação sobre recursos Sistema estadual de informações sobre recursos
hídricos. hídricos.
Capacitação, desenvolvimento tecnológico e
educação ambiental.

Portanto, aqueles ligados diretamente aos principais usos consultivos dos recursos
hídricos – abastecimento humano, animal (dessedentação), industrial e irrigação – são: a
outorga dos direitos de uso, a cobrança pelo uso de recursos hídricos e o enquadramento
(classificação) dos corpos de água segundo os usos preponderantes (Figura 17).
As ações decorrentes da aplicação destes instrumentos em geral resultam em
propostas ligadas ao manejo de bacias hidrográficas – como ação mais ampla; e aos
programas de despoluição de forma mais específica.
Os Planos de Bacia Hidrográfica finalizam a discussão sobre mecanismos de gestão,
pois são tratados como seu instrumento principal. Na verdade sintetizam todas as ações
ocorridas neste espaço, sendo o mais complexo de se construir e aplicar, com um horizonte
temporal de médio e longo prazo.

40
Instrumento de integração

PLANO DE
RECURSOS
HÍDRICOS

Outorga dos
Compensação direitos de uso de
aos municípios recursos hídricos

Sistema de
Instrumentos de informações Instrumentos
envolvimento sobre recursos de regulação e
municipal e hídricos controle
social
Capacitação, Cobrança pelo
desenvolvimento uso de recursos
tecnológico e hídricos
educação
ambiental
Enquadramento
dos corpos de
água em classes,
segundo os usos
preponderantes

Instrumento de adequação e monitoramento

Figura 17. Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos segundo a Política de Recursos


Hídricos do Estado do Pará - (PERH-PA, Lei nº 6.381/2001).

41
2.8.2 Aplicação legal
Em termos de entidades envolvidas no processo decisório, tem-se (PNRH – Política
Nacional de Recursos Hídricos; PERH – Política Estadual de Recursos Hídricos):
ƒ PNRH: Conselho Nacional de Recursos Hídricos, Secretaria de Recursos Hídricos -
SRH/MMA, Agência Nacional de Águas - ANA/MMA, Comitês de Bacia Hidrográfica,
Agências de Água, Órgãos Estaduais de Recursos Hídricos, representantes dos usuários de
água e da sociedade civil.
ƒ PERH-PA: Conselho Estadual de Recursos Hídricos, Órgão Estadual de Recursos Hídricos,
Comitês de Bacia Hidrográfica, Agências de Água, representantes dos usuários de água e da
sociedade civil.
A competência de aplicação destas é:
ƒ PNRH: Conselho Nacional de Recursos Hídricos, Secretaria de Recursos Hídricos -
SRH/MMA, Agência Nacional de Águas - ANA/MMA.
ƒ PERH-PA: Conselho Estadual de Recursos Hídricos, Órgão Estadual de Recursos Hídricos.
Os instrumentos empregados para atingir o Gerenciamento da Oferta das Águas são
baseados normas administrativas e legais, tais como: estabelecimento de programas e
projetos; enquadramento das águas em classes de usos preponderantes, de padrões de
emissão; cobrança pelo uso e poluição das águas; multas por infrações; promoção de ações
legais, etc (LANNA, 1999).
Dentre os instrumentos destacam-se:
a) Outorga de direito de uso
9 Definição: A outorga dos direitos de uso é ato administrativo que faculta a particulares e a
prestadores de serviço público, o uso das águas, em condições pré-estabelecidas, por
determinado tempo (VAN ACKER, 2000).
9 Aplicação: Estão sujeitos a outorga - derivação ou captação para consumo final, inclusive
abastecimento público, ou insumo de processo produtivo; extração de água de aqüífero
subterrâneo para consumo final ou insumo em processo produtivo; lançamento em corpo
de água de esgotos e resíduos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou
disposição final; aproveitamento dos potenciais hidroelétricos; e outros usos que alteram o
regime, a quantidade ou a qualidade das águas. Na PERH-PA foi incluído o uso para
transporte em hidrovias. São considerados isentos de usos: para satisfazer as necessidades
42
de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural; e as derivações, captações,
lançamentos e acumulações consideradas insignificantes.
9 Principal contribuição para gestão: Esse é o mais importante dos instrumentos da Política
de Recursos Hídricos porque é por meio da outorga dos direitos de uso que ela será
efetivamente implantada. Tendo uma interface direta com o licenciamento ambiental,
especialmente nos casos de lançamentos de resíduos líquidos e de obras hidráulicas para
exploração de recursos hídricos: barragens para fins hidroelétricos, saneamento, irrigação,
abertura de canais para navegação, drenagem, retificação de cursos d’ água, abertura de
barras e embocaduras, transposição de bacias e construção de diques.
9 Restrições: Sua real aplicação demanda da configuração do Sistema de Informações de
Recursos Hídricos (SIRH), incluindo os indicadores de quantidade e qualidade dos
principais cursos d´água; o que em nível de Brasil e principalmente de Pará está longe de
atender a real dimensão e volume hídricos envolvidos tanto de água superficial quanto de
subterrânea, esta última com uma base de informações bastante irregular e mal distribuída
não permitindo um zoneamento consistente.

b) Cobrança pelo uso da água


9 Definição: A cobrança pelo uso de recursos hídricos efetiva o princípio da internalização
dos custos ambientais por aqueles que se aproveitam dos recursos naturais, em geral, e,
especialmente, das águas (VAN ACKER, 2000). Tem fundamento em dois princípios
ambientais relacionados no Inciso VII do Art. 4º da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981
(Política Nacional do Meio Ambiente): Princípio do Poluidor-Pagador e Princípio do
Usuário Pagador, ou seja, em termos de verificação dos usos múltiplos e vazões
disponíveis, quanto cada usuário capta e/ou quanto lança no corpo de água (CUNHA,
2004).
9 Aplicação: A cobrança só é possível para usos outorgáveis, ou seja, usos insignificantes
devem realizar o cadastro no órgão gestor, mas não precisam pagar pelo uso da água. Os
valores arrecadados devem ser aplicados, prioritariamente, na bacia em que foram gerados
e serão utilizados para: financiar estudos, programas, projetos e obras incluídas nos Planos
de Recursos Hídricos e para pagar as despesas de implantação e custeio administrativo dos
órgãos e Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (CUNHA, 2004).
43
9 Principal contribuição para gestão: O pagamento pelo uso dos recursos hídricos é uma
forma dos usuários preservarem esses recursos contra a exaustão e a degradação da sua
qualidade. A cobrança permite que ao decidir, o quanto consumir, cada usuário dos
recursos hídricos leve em consideração o efeito que suas decisões de consumo ou
utilização desses recursos sobre os demais usuários do sistema. Assim, objetivando tornar
a alocação da água desse manancial mais eficiente, é que o órgão gestor de recursos
hídricos pode e deve intervir na alocação desses recursos, através da adoção de ações e
instrumentos de gerenciamento de demanda. Portanto, é visando prover os recursos
necessários para financiar esse gerenciamento que a cobrança pelo uso da água se
justifica. É também através do instrumental da cobrança que cada usuário dos recursos
hídricos internaliza, às suas decisões individuais de consumo ou produção, os custos
sociais causados aos outros usuários (FERNANDEZ, 2000).
9 Restrições: A cobrança é sem dúvida uma das questões mais sensíveis por duas razões:
sua aplicação consigna um poder político federativo ao comitê de bacia por gerar altas
somas de recursos próprios e, assim, cria incentivos a um conflito político e burocrático; e
se a cobrança e suas receitas catalisam parceiros, os critérios de cálculo do valor e
aplicação de receitas os antagonizam, ou seja, a parceria e o processo participativo serão
um jogo no qual a soma de benefícios terá de ser positiva. E tais benefícios serão
basicamente medidos pela diferença dos ganhos e perdas econômicas advindas da
cobrança Seroa da Motta (1998 apud YOUNG & YOUNG, 1999).

c) Enquadramento de corpos d´água segundo classes de uso:


9 Definição: O enquadramento dos corpos d’água em classes estabelecidas pela Legislação
Ambiental, incorpora na Política de Recursos Hídricos, a Resolução nº 357/2005 que
substitui a n° 20/86 do CONAMA. É o instrumento que estabelece metas para garantir à
água nível de qualidade que possa assegurar seus usos preponderantes (VAN ACKER,
2000; LEEUWESTEIN & MONTEIRO, 2000).
9 Aplicação: O enquadramento dos corpos de água não se baseia necessariamente no seu
estado atual, mas nos níveis de qualidade que um corpo de água deveria possuir para
atender às necessidades definidas pela sociedade. Trata-se de instrumento de proteção dos
níveis de qualidade dos recursos hídricos, que considera que a saúde e o bem-estar
44
humano, assim como, o equilíbrio ecológico aquático, não devem ser afetados pela
deterioração da qualidade das águas (LEEUWESTEIN & MONTEIRO, 2000).
9 Principal contribuição para gestão: É fundamental nas bacias hidrográficas onde existem
conflitos de uso, pois propicia aos diferentes gestores uma ferramenta que assegure a
disponibilidade quantitativa e qualitativa, fortalecendo a relação entre a gestão dos
recursos hídricos e a gestão ambiental.
9 Restrições: O custo de aplicação do enquadramento é alto, principalmente nos, estados
que não apresentam cultura de monitoramento da qualidade da água. Onde as redes de
controle já existem e fornecem uma série histórica confiável, sua aplicação fica facilitada,
permanecendo o custo elevado de manutenção.

2.8.3 Aplicação direta


a) Manejo de bacias
O manejo de bacias hidrográficas teve sua origem em duas iniciativas paralelas e
independentes: a reabilitação dos Alpes, a partir do último quarto do século XIX, e o
movimento conservacionista dos EEUU, iniciado em 1930. Na primeira iniciativa o foco se
dirigiu ao desenvolvimento e aplicação de técnicas de recuperação de solos e correção de
cursos de água torrenciais. Na segunda, a atenção foi orientada para o manejo da vegetação,
conservação do solo e das águas. A característica comum de ambas as iniciativas é que elas
foram concebidas para bacias com pouca ou nenhuma atividade antrópica. A finalidade era,
portanto, alterar os fenômenos físicos e naturais (MUÑOZ, 2000).
A evolução das técnicas passou visar às necessidades de: conservação de sistemas
hídricos, recuperação de áreas degradadas, preservação de nascentes, recuperação de áreas de
proteção permanente, proteção de grandes estruturas hidráulicas e de projetos agrícolas ou de
assentamentos humanos; adaptando-se às situações em que o objetivo era alternar fenômenos
físicos e naturais aos processos socioeconômicos.
O manejo integrado de bacias hidrográficas visa tornar compatível a produção com a
preservação ambiental, buscando adequar a interveniência antrópica às características
biofísicas dessas unidades naturais (ordenamento do uso/ocupação da paisagem, observadas
as aptidões de cada segmento e sua distribuição espacial na respectiva bacia hidrográfica), sob
gestão integrativa e participativa, de forma que sejam minimizados impactos negativos e se
45
garanta o desenvolvimento sustentado. Busca integrar esforços das diversas instituições
presentes nas várias áreas de conhecimento, a fim de que todas as atividades econômicas
dentro da bacia sejam desenvolvidas de forma sustentável e trabalhadas integradamente
(SANTANA, 2003).
O manejo considera o sistema ou subsistema constituído de partes e processos na
escala definida pela análise. Desta forma, uma bacia hidrográfica pode ser concebida como
um sistema ambiental. Este sistema contém fluxos de água, ciclagem de nutrientes, solo,
organismos vivos, incluem ainda as atividades humanas, as máquinas e equipamentos, dentre
outros (MARQUES, 2002).
O planejamento de uma micro-bacia passa a ser tratado de forma integrada com as
micro-bacias vizinhas e o meio urbano. O que se estabelece junto com a sociedade é a
perspectiva gradualista da intervenção.
Os problemas associados ao uso inadequado do solo ou dos recursos naturais na
bacia, não se restringem ao desflorestamento. Eles podem ser ordenados em três categorias
(FRANK et al, 2000): (Figuras 18 e 19)
• degradação dos solos, devido ao uso com finalidades que extrapolam a capacidade de
sustentação do sistema, sobretudo nas áreas de intensa atividade agrícola;
• degradação dos cursos d'água, devido ao uso inadequado das áreas marginais e das
planícies de inundação, a intervenções com obras de engenharia insuficientemente estudadas e
a contaminação com dejetos gerando problemas de saúde pública (agrotóxicos e
borrachudos);
• degradação das florestas, devido à exploração não-sustentável da vegetação primária e
secundária.
Bragagnolo e Pan (2000) apresentam técnicas envolvendo o uso, manejo e
conservação dos recursos naturais (principalmente solo e água), essa estratégia foi pautada em
quatro grandes enfoques:
• aumento da cobertura vegetal do solo;
• aumento da infiltração de água no perfil do solo;
• controle do escoamento superficial;
• controle da poluição.

46
MANEJO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS (MBH)

CONSEQÜÊNCIAS
Degradação Degradação Degradação das DA AUSÊNCIA
dos solos das águas florestas DO MBH

Aumento da cobertura Aumento da infiltração de Aumento da cobertura


vegetal do solo água no perfil do solo vegetal do solo

Aumento da infiltração de Controle do escoamento Aumento da infiltração de


água no perfil do solo superficial água no perfil do solo

CONSEQÜÊNCIAS GERAIS
Controle do escoamento Controle da poluição
superficial EM CADA CASO DA APLICAÇÃO
hídrica
DO MBH

Diminuição sensível dos Manutenção de


índices de erosão ecossistemas

Aumento da Preservação de
produtividade mananciais para
abastecimento público
Planejamento do uso do
solo CONSEQÜÊNCIAS CONSEQÜÊNCIAS
DA APLICAÇÃO DA APLICAÇÃO
DO MBH NO DO MBH NO
Redução da poluição AMBIENTE RURAL Recuperação ambiental AMBIENTE
dos recursos hídricos de áreas prioritárias URBANO

Implantação das Incentivo a elaboração


técnicas de plantio do plano de uso do
direto e cultivo mínimo espaço urbano

Figura 18. Importância do Manejo de Bacias Hidrográficas.

MANEJO CONSERVACIONISTA OU ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL DE BACIAS HIDROGRÁFICAS

Vertente Institucional Vertente comunitária

Emprega conhecimento técnico - científico como Emprega a organização social como elemento de
elemento de condução dos trabalhos. condução dos trabalhos.

Utiliza instrumentos diversos de investigação para Utiliza como instrumento principal os cadernos de
configuração de diagnósticos. planejamento construídos com base no conhecimento popular.

Figura 19. Vertentes do manejo conservacionista ou administração ambiental de bacias


hidrográficas.

47
Segundo, os mesmos autores, os três primeiros enfoques estão direcionados no
sentido de proporcionar um uso, manejo e conservação adequados do solo. Busca-se também
alcançar maior cobertura média do solo, principalmente, nos períodos críticos. Com isto,
assegura-se a manutenção do sistema, melhores condições às comunidades locais, que terão
menos perdas de solo e uma série de impactos ambientais positivos, notadamente a melhoria
da qualidade dos recursos hídricos.
Costa (2000) destaca os impactos positivos ambientais e econômicos para o
desenvolvimento rural do manejo de micro-bacias:
• A diminuição sensível dos índices de erosão, por meio da cobertura permanente do solo
com espécies apropriadas;
• A alteração da relação do agricultor no trato com a terra, com a implantação das técnicas
de plantio direto e cultivo mínimo, que contribuíram também para humanizar seu trabalho,
pois reduziram o sofrimento imposto aos homens e animais pelo sistema convencional de
preparo do solo;
• O aumento da produtividade das lavouras e a redução dos custos de produção com
insumos;
• O incentivo ao planejamento do uso do espaço nas propriedades de acordo com a aptidão
natural dos solos; e
• O controle da poluição dos recursos hídricos por meio de ações variadas (a implantação de
saneamento básico na área rural, a proteção das fontes de água e a construção de depósitos
para lixo tóxico), visando reduzir o impacto do lançamento dos dejetos humanos e animais in
natura nos corpos d’água.
No caso de sistemas urbanos o uso e a ocupação do espaço são condicionados pelas
características intrínsecas da área da bacia hidrográfica onde o mesmo se situa. Esta determina
as potencialidades e limitações para as diversas modalidades de uso/ocupação e a visualização
de possíveis conflitos de interesses, determinando sua capacidade de suporte. Envolve
segundo Santana (2003):

48
• A identificação dos ecossistemas, evidenciando suas potencialidades e limitações para as
atividades econômicas, tais como: turismo e indústria.
• A identificação de mananciais para abastecimento público.
• A identificação de áreas para recuperação ambiental.
• E os fundamentos para a elaboração do plano de uso do espaço urbano.
Segundo Lanna (2001) uma das metodologias de ordenação de bacias hidrográficas
que tem sido aplicada no Brasil é a denominada: Manejo Conservacionista ou Administração
Ambiental de Bacias Hidrográficas. A estratégia adotada define duas vertentes: a institucional
e a comunitária (Figura 19):
• A vertente institucional: forma-se um grupo de especialistas das diversas áreas ou
disciplinas científicas, oriundos das instituições públicas com atribuições na bacia. O trabalho
é considerado como um processo de caráter técnico e científico, aproveitando os diversos
instrumentos modernos de apoio ao planejamento ambiental: fotos aéreas, imagens de satélite,
análises físico-químicas de água e solo, estatísticas secundárias, etc..
• A vertente comunitária: é formada por diversos lideres da sociedade civil organizada
existente nos municípios. Eles terão participação paritária na elaboração do plano ambiental.
Para permitir uma participação adequada desta vertente, são criados instrumentos próprios
denominados cadernos de planejamento popular. Estes instrumentos buscam captar a
percepção ambiental das comunidades rurais e urbanas da bacia, o resultado de sua vivência,
experiência e sensibilidade das transformações ambientais ao longo de sua existência na
região.

49
b) Programas de despoluição
Segundo CNRH (2000), Maciel (2000), Tucci (2001) e Brasil (2005) a recuperação
da qualidade hídrica de bacias hidrográficas envolve avaliar as fontes oriundas de efluentes
domésticos e industriais, de atividades agropecuárias e de outras fontes causadoras de
degradação ambiental sobre os recursos hídricos, bem como estabelecer parâmetros
indicadores para cada trecho do rio.
Neste procedimento são levantadas as áreas da bacia ameaçadas ou degradadas pelas
atividades antropológicas, observando os seguintes aspectos (CNRH, 2000; MACIEL, 2000):
• Áreas com problemas de erosão laminar e drenagens assoreadas que afetam a
disponibilidade e a qualidade dos recursos hídricos na bacia, identificando as atividades
causadoras;
• Áreas suscetíveis a processos de erosão e assoreamento;
• Lançamento de fontes de poluição e/ou contaminação em cursos d´água;
• Poluição e contaminação dos aqüíferos subterrâneos, identificando as atividades
causadoras;
• Vulnerabilidade das águas subterrâneas à contaminação, o que é resultante do
levantamento do risco natural à contaminação e do uso atual do solo, com ênfase nas
atividades potencialmente poluidoras.
Os principais aspectos a serem identificados e diagnosticados nestes programas são:
1. Fontes urbanas de poluição:
• Pontos de lançamento de esgotos domésticos;
• Estações de tratamento de esgoto;
• Sistema de esgotamento doméstico na bacia - domicílios e habitantes atendidos, os
constituintes potencialmente poluidores e suas cargas (total e residual), a eficiência de
tratamento, as vazões e os impactos ambientais sobre os recursos hídricos;
• Cargas poluidoras difusas provenientes das áreas urbanas (esgotamento sem sistema de
coleta e tratamento) e seus impactos ambientais sobre os recursos hídricos superficiais e
subterrâneos.
2. Fontes industriais de poluição:
• Principais estabelecimentos na bacia (incluindo os de geração de energia elétrica), os
principais pontos de lançamento de esgotos industriais;
50
• Constituintes potencialmente poluidores e suas cargas (total e residual), sobre eficiência de
tratamento, vazões de efluentes, impactos ambientais sobre os recursos hídricos superficiais e
subterrâneos.
3. Fontes agropecuárias de poluição: constituintes potencialmente poluidores e suas cargas
poluidoras difusas provenientes das áreas rurais, seus impactos ambientais sobre os recursos
hídricos superficiais e subterrâneos.
4. Outras fontes de poluição: tais como mineração, disposição de resíduos sólidos e seus
impactos sobre os recursos hídricos superficiais e subterrâneos.
Estes programas consideram os usos e ocupação do solo e da água, tendo em seu
cronograma o estabelecimento de parâmetros indicadores, observando-se as regras
estabelecidas na Resolução CONAMA nº 357/2005 e/ou normas estaduais quando existentes.
Com base no resultado do diagnóstico e nos parâmetros indicadores definidos são
elaborados prognósticos do uso e do aproveitamento do solo e dos recursos hídricos na bacia
hidrográfica.
Nesta etapa de prognóstico serão formuladas, conforme a Resolução nº 12/2000
(define procedimentos para o enquadramento de corpos de água em classes segundo os usos
preponderantes), projeções com horizontes de curto, médio e longo prazos, objetivando o
desenvolvimento sustentável, que incluirão:
• Evolução da distribuição das populações e das atividades econômicas;
• Evolução de usos e ocupação do solo;
• Políticas e projetos de desenvolvimento existentes e previstos;
• Evolução da disponibilidade e da demanda de água;
• Avolução das cargas poluidoras dos setores urbano, industrial, agropecuário e de outras
fontes causadoras de degradação ambiental dos recursos hídricos;
• Evolução das condições de quantidade e qualidade dos corpos hídricos, baseadas em
estudos de simulação consistentes; e
• Usos desejados de recursos hídricos em relação às características específicas da bacia.
Ao final de sua aplicação se objetiva adequar os usos desejados de recursos hídricos
em relação às características específicas da bacia, mantendo o equilíbrio e a qualidade do
sistema.

51
2.8.4 Planos de bacia hidrográfica
A gestão hídrica depende de planejamento institucionalizado não podendo o uso das
águas ser condicionado apenas a planos setoriais e, à decisão de cada caso concreto, sem
vinculação com o planejamento do uso dos recursos hídricos da bacia (VAN ACKER, 2000).
Os Planos de Recursos Hídricos constam nas políticas nacional (Lei 9.433/1997) e
estadual (Lei 6.381/2001) de recursos hídricos, sendo o instrumento síntese da gestão, com a
função de planejamento, fundamentado científica e tecnologicamente com vistas à solução de
problemas de uma maneira geral. Apesar de assimilar as diretrizes e princípios do
planejamento, tem características próprias que dependem de determinantes sócio-culturais e
políticos. São esses determinantes que permitem compreender a especificidade da prática do
planejamento ao longo do tempo (SANTOS, 2001). Merecem destaque:
• O estabelecimento de prioridades para a outorga de direitos de uso das águas e de critérios
para a cobrança de seu uso;
• A criação de áreas sujeitas à restrição de uso, que tem correlação com a articulação da
gestão dos recursos hídricos com a do uso do solo.
Segundo Campos & Sousa (2003) podem ser citadas onze regras básicas para a
elaboração de um bom plano:
1. Ser um documento que, sem dúvidas, é um Plano: um documento, para ser um plano, deve
conter objetivos alcançáveis, e conter cursos de ações alternativas para atingir esses
objetivos.
2. Estabelecer os objetivos e metas deforma clara: deve apresentar de forma clara e sucinta
os objetivos e as metas que se espera atingir com sua implementação.
3. Cobrir uma área racional de planejamento: a área de planejamento deve ser ampla o
bastante para tirar vantagem das oportunidades e das economias de escala, mas, por outro
lado, não deve ser mais ampla que o necessário.
4. Ter o nível de detalhe adequado para ajustar-se ao tipo de ação proposta: o nível de detalhe
apresentado para as ações propostas deve ser compatível com as dimensões dessas ações.
5. Ajustar-se ao planejamento multi-setorial: deve ajustar-se aos outros de atividades sócio-
econômicas desenvolvidos em áreas correlatas como saneamento básico, conservação
ambiental, irrigação e drenagem, geração de energia, controle hidrológico - manejo de
bacias e controle de inundações, transporte fluvial, turismo, lazer e outros.
52
6. Apresentar vantagens e desvantagens das alternativas propostas: as alternativas devem não
somente ser identificadas. Elas devem ser analisadas com vistas à apresentação de suas
vantagens e desvantagens e facilitar a tomada de decisão pelos setores competentes.
7. Alocação eqüitativa dos recursos: deve informar quais são os recursos necessários para
sua implementação e como eles devem ser usados. Essa apresentação irá incorporar
informações confiáveis, compatíveis com nível de planejamento, sobre os custos diretos e
indiretos envolvidos, sobre os benefícios econômicos, apresentado um quadro detalhado que
indique como os recursos disponíveis e possíveis de captar podem ser alocados.
8. Ter um balanceamento apropriado para adequar-se às incertezas: a grande defesa contra as
incertezas, inerentes aos planejamentos de médio e longo prazo, deve ser o desenvolvimento
de um plano bastante flexível que possa ajustar-se a futuras condições sem grandes perdas ou
traumas.
9. O plano deve ser implementável politicamente, tecnicamente, financeiramente e
legalmente: no Brasil e no mundo, muitos são os planos que foram desenvolvidos e se
acumularam em prateleiras, por falta de atendimento de somente um dos quatros
condicionantes relacionados. O que se propõe é que todas as grandes linhas de ação
propostas sejam avaliadas em suas viabilidades políticas, técnicas, financeiras e legais.
10. O plano deve ser desenvolvido com o adequado envolvimento público: o processo de
planejamento moderno requer que haja participação das populações envolvidas desde os
estágios iniciais. Uma das maneiras de proceder este envolvimento é a discussão com vários
públicos durante o desenvolvimento do plano.
11. O plano deve ter uma boa base técnica: para que o plano possa definir programas e
projetos tecnicamente apropriados, é necessário que haja uma boa base de dados e uma
avaliação adequada dos planos anteriores.
Segundo Neves (2004); os planos de recursos hídricos de bacias hidrográficas
passaram a ser elaborados no país principalmente a partir de 1990, sendo os que apresentaram
os melhores resultados: da bacia dos rios São Francisco, Paraíba do Sul, Piracibaca, Capivari
e Jundiaí - PCJ, Tubarão e Complexo Lagunar, Mogi-Guaçu, Pontal do Paranapanema e
Paracatu; o plano referente à bacia do rio Iguaçu foi o pior qualificado. Com exceção do plano
do Paracatu, os planos que obtiveram os melhores resultados têm em comum os fatos de:
serem recentes, tendo sido finalizados após 2000; terem contado com a participação de
53
Comitês de bacias no seu processo de elaboração; terem sido demandados por atores sociais
relevantes das respectivas bacias hidrográficas; terem sido elaborados para âmbitos
geográficos que já contavam com uma política de recursos hídricos instituída, quando do
início dos seus processos de elaboração; e de se referirem as bacias localizadas,
principalmente, nos estados do sul e sudeste do país, com exceção da bacia do rio São
Francisco.
Os Planos de Recursos Hídricos são de longo prazo, com horizonte de planejamento
compatível com o período de implementação de seus programas e projetos. A Tabela 3 ilustra
o conteúdo mínimo que deve constar, segundo as políticas nacional e do estado do Pará.
No âmbito da União, os marcos referenciais são:
• Resolução do CNRH nº 58, de 30 de janeiro de 2006 que aprova o Plano Nacional de
Recursos Hídricos.
• Resolução do CNRH nº 32, de 15 de outubro de 2003 que institui a Divisão Hidrográfica
Nacional.
• Resolução do CNRH nº 22, de 24 de maio de 2002, que estabelece as diretrizes para
inserção das águas subterrâneas nos planos de recursos hídricos.
• Resolução do CNRH nº 17, de 29 de maio de 2001, estabelece que os planos de recursos
hídricos, no seu conteúdo mínimo, deverão ser constituídos por diagnósticos e prognósticos,
alternativas de compatibilização, metas, estratégias, programas e projetos, contemplando os
recursos hídricos superficiais e subterrâneos, de acordo com o art. 7º da Lei 9.433/97.
Em relação ao estado do Pará ainda não existem perspectivas para definição final de
um Plano Estadual de Recursos Hídricos. Até o ano de 2006 haviam sido estruturados apenas
estudos preparatórios à discussão.
O Plano Nacional de Recursos Hídricos aprovado em 30 de janeiro de 2006 teve sua
concepção conforme acordado no âmbito da Câmara Técnica do Plano Nacional de Recursos
Hídricos CT- PNRH/CNRH. O Grupo Técnico de Coordenação e Elaboração utilizou como
referencial para desenvolver a cenarização do Plano Nacional de Recursos Hídricos a
metodologia PROSPEX – Prospectiva Exploratória.

54
Tabela 3. Conteúdo mínimo que deve constar nos Planos de Recursos Hídricos, segundo as
políticas nacional e do Estado do Pará.
Política Nacional de Recursos Hídricos Política de Recursos Hídricos do Estado do Pará (PERH-
(PNRH, Lei nº 9.433/1997) PA, Lei nº 6.381/2001)
Objetivos e diretrizes gerais visando ao aperfeiçoamento
do sistema de planejamento estadual e inter-regional de
recursos hídricos;
Inventário e balanço entre disponibilidade e demanda,
atual e futura, dos recursos hídricos, em quantidade e
Diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos; qualidade, com identificação de conflitos potenciais;
Diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos,
considerando os aspectos físicos, biológicos, antrópicos,
sociais e ambientais;
Análise de alternativas de crescimento demográfico, de
evolução de atividades produtivas e de modificações dos
usos e padrões de ocupação do solo;
Estudo de balanço hídrico, desenvolvimento tecnológico e
Análise de alternativas de crescimento
sistematização de informações relacionadas com os
demográfico, de evolução de atividades produtivas
recursos hídricos;
e de modificações dos padrões de ocupação do
Metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e
solo;
melhoria da qualidade dos recursos hídricos disponíveis;
Medidas a serem tomadas, programas a serem
Balanço entre disponibilidades e demandas futuras desenvolvidos e projetos a serem implantados para
dos recursos hídricos, em quantidade e qualidade, atendimento de metas previstas;
com identificação de conflitos potenciais; Propostas para a criação de áreas sujeitas à restrição de
uso, com vistas à proteção dos recursos hídricos;
Metas de racionalização de uso, aumento da Prioridades para a outorga de direito de uso;
quantidade e melhoria da qualidade dos recursos Diretrizes e critérios para cobrança pelo uso dos recursos
hídricos disponíveis; hídricos;
Medidas a serem tomadas, programas a serem Diretrizes e critérios para o rateio do custo das obras e
desenvolvidos e projetos a serem implantados, para aproveitamento dos recursos hídricos de interesse comum
o atendimento das metas previstas; ou coletivo;
Responsabilidades para execução das medidas, Controle da exploração de recursos minerais em leito e
programas e projetos; margens de rios;
Diretrizes para implantar, obrigatoriamente, os planos de
Cronograma de execução e programação contingência contra lançamentos e/ou derramamento de
orçamentário-financeira associados às medidas, substâncias tóxicas ou nocivas em corpos de água,
programas e projetos; observado o disposto na lei federal 9.966, de 28 de abril
de 2000;
Prioridades para outorga de direitos de uso de Propostas de enquadramento dos corpos de água em
recursos hídricos; classes de usos preponderantes;
Diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos Diretrizes para o transporte fluvial nos cursos de água
recursos hídricos; onde haja tráfego de embarcações;
Estudos de gestão de águas subterrâneas, compreendendo
Propostas para a criação de áreas sujeitas a restrição a pesquisa, o planejamento, o mapeamento da
de uso, com vistas à proteção dos recursos hídricos. vulnerabilidade à poluição, a delimitação de áreas
destinadas a sua proteção, o controle e o monitoramento.

55
Neste processo buscou-se diminuir as incertezas quanto ao futuro, respeitando-se a
complexidade e a organicidade da qual se reveste esta atividade. O resultado desta etapa do
Plano Nacional de Recursos Hídricos foi a descrição de futuros possíveis ,quanto aos recursos
hídricos do País (MMA, 2006).
Na descrição dos futuros possíveis foi necessário identificar o sistema que se tomou
como referência. No caso do Plano Nacional de Recursos Hídricos, o sistema em análise são
as regiões hidrográficas, o total de 12 no país. Estas se conformam a partir das inter-relações
de um conjunto de variáveis, que representam aspectos ou características das partes que as
compõe. O comportamento das variáveis foi definido segundo a opinião dos envolvidos no
seu processo de elaboração (MMA, 2006).
O resultado do PNRH atendeu parcialmente as premissas previstas em lei. O fator
mais deficitário ficou na base do diagnóstico, centrada basicamente em um conjunto muito
grande de informações secundárias de fontes diversas. Os reflexos deste mosaico se refletem
tanto no diagnóstico quanto na cenarização e vão pesar quando houver necessidade de
detalhar os Programas Regionais.
A grande homogeneização regional possibilitou cenários superestimados, este
problema era previsível em função das dimensões do país e a distribuição irregular da
informação hídrica, centrada no centro-sudeste-sul.
A região norte mostrou sua sensível diferença em relação às demais do país, com as
dificuldades de acesso, mobilização, disponibilidade de informação e adequação as
metodologias já empregadas no sul-sudeste e nordeste do país, adaptadas a gestão da escassez
de água e aos conflitos decorrentes.

56
2.9 OS DESAFIOS DA GESTÃO DA OFERTA HÍDRICA
Ao longo deste capítulo foram discutidos diversos elementos que compõe os aspectos
mais relevantes à gestão da disponibilidade hídrica. Inicialmente foi abordado o sistema
hídrico e suas inter-relações de sustentabilidade, reforçando a idéia de se entender a bacia
hidrográfica como um conjunto de partes que compõem um espaço de interações, internas e
externas; e que pode funcionar como a unidade básica de planejamento do território.
A seguir procurou-se explorar a sensibilidade da paisagem como elemento norteador
do planejamento de uso dos recursos hídricos, realçando sua capacidade de descrever e
indicar como o mesmo funciona, realçando suas potencialidades e vulnerabilidades naturais.
Esta técnica mostrou-se útil para compor elementos de suporte à decisão.
A análise prospectiva estratégica foi descrita como uma ferramenta que conduzirá o
gestor no processo de tomada de decisão, por permitir a avaliação conjunta de um grande
número de variáveis por meio da Matriz de Análise Estrutural. O resultado final possibilitará a
construção de cenários baseados nos usos múltiplos das águas, segundo a Matriz Gerencial de
Recursos Hídricos. Desta forma, o gestor é capaz de operar os mecanismos (instrumentos)
previstos em lei (outorga de direito de uso, cobrança pelo uso da água, enquadramento de
corpos d´água segundo classes de uso) visando à garantia da sustentabilidade hídrica;
podendo prever ações de manejo ou programas de despoluição para a recuperação de sistemas
que sofreram alguma forma de degradação.
Esta operacionalização é fundamental à construção dos Planos de Bacia Hidrográfica
para as bacias da região Norte do Brasil, que apresentam em comum uma oferta hídrica acima
da demanda e um grande desperdício; sobretudo considerando o atraso institucional de
implantação de órgãos estaduais específicos para a questão hídrica, regulamentação e
aplicação dos instrumentos previstos nas políticas estaduais, notadamente a outorga e os
planos de bacia (pela base irregular de informação hidrológica e hidrogeológica); os comitês
de bacia (em função das dimensões das bacias hidrográficas, o que dificulta a articulação e
mobilização social); e em decorrência as agências de bacia e a cobrança.
A bacia do rio Capim é um exemplo desta discussão, nela como um todo a oferta é
maior que a demanda, porém seu histórico de intervenções, se crescente produzirá um futuro
em que estas duas situações tendem ao equilíbrio e possivelmente possam caminhar para uma
situação de maior stress hídrico (Figuras 20, 21 e 22).
57
(a)

(b)
Figura 20. (a) Visão comum ao longo da BR 010, extensas áreas desmatadas, com finalidades
diversas; (b) Interferência comum observada próximo à sede do município de Ipixuna do
Pará: processos erosivos que geram ravinamentos de grande porte.

Figura 21. A atividade madeireira ainda como forte motor econômico da região.
58
59
Figura 22. Localização da bacia do rio Capim no Estado do Pará.
Capítulo III

3 A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO HÍDRICA NO ESTADO DO PARÁ: O


EXEMPLO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CAPIM
A Política Nacional de Recursos Hídricos a Lei 9.433/97 registra como o primeiro
objetivo: “...assegurar a atual e as futuras gerações à necessária disponibilidade de água, em
padrões de qualidade adequados aos respectivos usos” (Art. 2º, I). A referência explícita às
gerações futuras e reflete a preocupação com a sustentabilidade, logo, os recursos hídricos são
considerados limitados, passando a ter um papel significativo no desenvolvimento econômico
e social (MUÑOZ, 2000); esta relação pode ter como exemplo o estado do Pará, que teve as
origens do seu povoamento definidas pelos “caminhos dos rios”.
Porém, como observado atualmente, o princípio da sustentabilidade não foi atendido.
No Pará e no Brasil até os anos 70, as questões de recursos hídricos eram sistematicamente
consideradas a partir dos objetivos do sub-setor usuário da água ou de políticas específicas de
combate aos efeitos das secas e das inundações. A exceção foi a criação, no fim dos anos 40,
da Comissão do Vale do São Francisco, com uma proposta de desenvolvimento integrado da
bacia que drena território de seis Estados e do Distrito Federal. Na década de 80, foram
aprovadas as primeiras legislações sobre controle ambiental e iniciada a pressão sobre as
indústrias privadas quanto ao controle de seus efluentes (TUCCI et al, 2000). Os anos 90 e o
início do século XXI foram marcados por grandes desafios como a definição dos aspectos
institucionais do gerenciamento, o controle dos recursos hídricos nas grandes metrópoles
brasileiras, a preservação ambiental, o uso e controle do solo rural e o impacto da poluição
difusa dentro de uma visão racional de aproveitamento e preservação ambiental (Tabela 4).

60
Tabela 4. Evolução do processo de aproveitamento e controle dos recursos hídricos
(modificada de TUCCI et al, 2000).
Período Países desenvolvidos Brasil
1945-60
ƒ Uso dos recursos hídricos: abastecimento,
Engenharia
navegação hidroeletricidade, etc.; ƒ Inventário dos recursos hídricos;
com pouca
ƒ Qualidade da água dos rios; ƒ Início dos empreendimentos hidrelétricos e
preocupação
ƒ Medidas estruturais de controle das projetos de grandes sistemas.
ambiental
enchentes
1960-70
ƒ Controle de efluentes; ƒ Início da construção de grandes
Início da
ƒ Medidas não estruturais para enchentes; empreendimentos hidrelétricos;
pressão
ƒ Legislação para qualidade da água dos ƒ Deterioração da qualidade da água de rios e
ambiental
rios. lagos próximos a centros urbanos.
ƒ Usos múltiplos;
ƒ Ênfase em hidrelétricas e abastecimento de
ƒ Contaminação de aqüíferos;
água;
1970-1980 ƒ Deterioração ambiental de grandes áreas
ƒ Início da pressão ambiental;
controle metropolitanas;
ƒ Deterioração da qualidade da água dos rios
ambiental ƒ Controle na fonte de drenagem urbana;
devido ao aumento da produção industrial e
ƒ Controle da poluição doméstica e
concentração urbana.
industrial;
ƒ Legislação ambiental.
ƒ Impactos Climáticos Globais;
ƒ Preocupação com conservação das ƒ Redução do investimento em hidrelétricas
1980-90 florestas; devido à crise fiscal e econômica;
Interações ƒ Prevenção de desastres; ƒ Piora das condições urbanas: enchentes,
do Ambiente ƒ Fontes pontuais e não pontuais; qualidade da água;
Global ƒ Poluição rural; ƒ Fortes impactos das secas do Nordeste;
ƒ Controle dos impactos da urbanização ƒ Aumento de investimentos em irrigação;
sobre o ambiente ƒ Legislação ambiental
ƒ Contaminação de aqüíferos
ƒ Desenvolvimento Sustentável;
ƒ Legislação de recursos hídricos
ƒ Aumento do conhecimento sobre o
ƒ Investimento no controle sanitário das
comportamento ambiental causado pelas
1990-2000 grandes cidades;
atividades humanas;
Desenvolvi ƒ Aumento do impacto das enchentes urbanas;
ƒ Controle ambiental das grandes
mento ƒ Programas de conservação dos biomas
metrópoles;
Sustentável nacionais: Amazônia, Pantanal, Cerrado e
ƒ Pressão para controle da emissão de gases,
Costeiro;
preservação da camada de ozônio;
ƒ Início da privatização dos serviços de energia
ƒ Controle da contaminação dos aqüíferos e
e Saneamento.
das fontes não-pontuais.
ƒ Desenvolvimento da Visão Mundial da
ƒ Avanço do desenvolvimento dos aspectos
Água;
institucionais da água;
ƒ Uso integrado dos Recursos Hídricos;
ƒ Privatização do setor energético;
ƒ Melhora da qualidade da água das fontes
2000- ƒ Aumento de usinas térmicas para produção de
não-pontuais: rural e urbana;
Ênfase na energia;
ƒ Busca de solução para os conflitos
água ƒ Privatização do setor de saneamento;
ƒ transfronteiriços;
ƒ Aumento da disponibilidade de água no
ƒ Desenvolvimento do gerenciamento; dos
Nordeste;
recursos hídricos dentro de bases
ƒ Desenvolvimento de Planos de Drenagem
sustentáveis.
urbana para as cidades.

61
A administração dos problemas de recursos hídricos levando-se em conta os limites
de uma bacia hidrográfica não é uma tradição no Brasil, nem no estado do Pará. Os conflitos
envolvem não só setores usuários diferentes, como também; os interesses de unidades
político-administrativas distintas (Estados e Municípios).
Em se tratando de estado do Pará os questionamentos são diversos. A gestão de
recursos hídricos demanda por valores numéricos de quantidade e qualidade de água, e pelo
conhecimento das relações usuário-água e uso do solo-água.
A intensa vertente de ocupação do estado se concentra em seu eixo oriental, indo da
sua porção Sul-Sudeste à Costa Atlântica. Tal área de expansão atravessa a bacia do Capim,
gerando um processo de ocupação sem planejamento por décadas, cujos resultados, somente
atualmente, tem sido considerados pelos governos municipais e estadual.
A inserção da bacia do Guamá, como componente da Região Hidrográfica do
Tocantins (Resolução do CNRH nº 32, de 15 de outubro de 2003), compromete ainda mais a
gestão desta bacia, uma vez que, o rio Tocantins traz consigo uma série de ações a nível
nacional ligadas a interesses diversos, dentre estes a energia elétrica que é o mais conflitante.
Desta forma, a gestão da bacia do Guamá (e de seus afluentes principais: Capim,
Acará e Mojú) fica atrelada aos interesses do rio Tocantins, que é um rio nacional cuja área de
drenagem é dividida entre cinco estados (Pará, Tocantins, Maranhão, Mato Grosso e Goiás),
mais o Distrito Federal.
A reação da maior parte dos problemas relacionados com a água é muito diferente de
região para região, exigindo um equilíbrio entre vários usos e entre soluções tecnológicas e
tradicionais (SELBORNE, 2001).
O que desequilibra bastante a balança entre os interesses envolvidos nas bacias dos
rios Tocantins e Guamá são ações de setores diretamente interessados (empresas
internacionais, companhias de mineração, de energia elétrica, agropecuária), que influenciam
a administração regional cuja agenda precisa ser ajustada para servir as necessidades da
região.
De forma geral, a gestão da bacia do rio Capim está atrelada aos mais diversos
interesses, desde transporte até abastecimento de água, estando esta disputa nas mais diversas
esferas, do municipal ao federal, sem estar, porém, definida ou estruturada segundo um plano
diretor ou planejamento específico para a mesma.
62
Este quadro, se ampliado para as demais bacias estaduais e federais que compõe o
estado do Pará, fomenta as seguintes considerações:
ƒ As legislações vigentes atendem as particularidades existentes nas bacias componentes das
Regiões Hidrográficas Amazônica e Tocantins-Araguaia?
ƒ Como caracterizar tais peculiaridades identificando potencialidades e demandas
prioritárias?
ƒ Quais seriam as variáveis capazes de identificar a estrutura e o funcionamento das bacias
hidrográficas componentes? Como selecioná-las? E de que modo elas poderiam ser
combinadas, visando à definição de cenários futuros que considerem o aproveitamento
núltiplo das águas?
ƒ Como o planejamento estratégico pode garantir a sustentabilidade hídrica destas bacias,
possibilitando a diversidade de usos, a recuperação e manejo das áreas de maior
vulnerabilidade e compatibilizando a ocupação do território à manutenção da oferta de água,
tanto superficial quanto subterrânea? (Figura 23)

63
(a)

(b)

Figura 23. (a) Foz do rio Capim – localidade de Santana do Capim; (b) Comunidade de
Fortaleza, ao longo do rio Capim.

64
Capítulo IV

4 A ANÁLISE PROSPECTIVA E O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM


BACIAS HIDROGRÁFICAS, VISANDO A MANUTENÇÃO DA OFERTA
HÍDRICA: METODOLOGIA DE APLICAÇÃO
Considerando o objetivo principal a manutenção da oferta hídrica, busca-se entender
a velocidade em que as mudanças podem ocorrer e como antecipar suas conseqüências de
forma a prever as ações futuras necessárias a sua compensação.
O tempo passa ser mais do que uma simples extensão do passado, torna-se um cone
de variação, com vértice no presente, consiste em acontecimentos e interpretações cujo
alcance se situa para trás do momento presente ou da atual interpretação. Quanto ao futuro, é
um cone de possibilidades cada vez mais largo, com vértice também no presente. Não existe
um futuro à espera de acontecer (Figura 24). Existem várias possibilidades associadas, ao
momento presente, acerca das quais não se dispõem da totalidade da informação (RIBEIRO,
1997).

Passado Futuro
Presente

Figura 24. Relação presente – passado – futuro, segundo Ribeiro (1997).

65
Este entendimento implica na necessidade de estratégias, que permitem estimar a
direção que os acontecimentos podem tomar em tempo de se operarem ajustamentos,
tornando possíveis a sobrevivência e a obtenção de resultados.
O raciocínio do tipo causa/efeito possibilita associar o acontecimento em face de
uma série de estruturas, que estão relacionadas umas com as outras, por meio de modelagens
de atributos espaciais, que permitem identificar a variabilidade (passada, presente e futura) do
atributo dentro de uma região de interesse. Esta formulação parte de quatro princípios,
referentes à existência de:
ƒ Ordenamento espacial - temporal;
ƒ Padrões de comportamento semelhantes ao longo do tempo de diversas variáveis;
ƒ Proximidade espacial ou temporal, em que se assume uma relação se um acontecimento
segue sempre outro;
ƒ Semelhanças de forma ou padrão.
Seguindo estes princípios, para o entendimento da evolução dos mecanismos
atuantes e definidores da manutenção do sistema hídrico da bacia do rio Capim, compôs-se
uma análise compartimentada em 03 momentos (Figura 25):
1) Diagnóstico base: responsável pela formulação da estrutura e ordem espacial – temporal;
2) Análise do sistema: permite a análise dos padrões de comportamento semelhantes ao longo
do tempo, sua resiliência; e da proximidade espacial ou temporal de seus atributos;
3) Formulação de tendências: por meio das semelhanças de forma ou padrão permite estimar
cenários prováveis e possíveis.

4.1 ETAPAS COMPONENTES E PRODUTOS


4.1.1 Diagnóstico base
O diagnóstico base teve por produtos:
ƒ O sistema de informações da bacia hidrográfica em questão;
ƒ A identificação dos componentes estruturais da bacia;
ƒ O histórico do processo de ocupação da bacia;
ƒ Sua dinâmica atual de uso e ocupação do solo.

66
MÉTODO DE TRABALHO

DIAGNÓSTICO ANÁLISE FORMULAÇÃO


BASE DO SISTEMA DE TENDÊNCIAS

Sistema de informações Análise do problema e delimitação


geográficas do sistema

Componentes Diagnóstico
estruturais do sistema
Definição do questionamento
condutor
Histórico do Análise
processo de ocupação estrutural
Estruturação matricial das
informações
Dinâmica atual Definição da
de uso e ocupação dinâmica e evolução

Definição de
cenários ambientais

Avaliação da
sensibilidade da bacia

Avaliação de
tendências e eventos

Figura 25. Método de trabalho adotado.

4.1.2 Análise do sistema


A análise do sistema consistiu de uma avaliação das inter-relações entre seus
componentes, visando identificar seu grau de: independência, dependência e motricidade.
Fundamentou-se na:
ƒ Definição do questionamento condutor: Possibilita ou não a manutenção do sistema
hídrico?
ƒ Definição de pesos com base no questionamento:
Possibilita ou não a manutenção do sistema hídrico? Sigla Pesos
Não ou muito pouco NMP 1
Pouco P 2
Moderadamente Mod 3
Altamente com algumas restrições Acr 4
Significativamente sem restrições Ssr 5

67
ƒ Estruturação das informações em uma base matricial;
ƒ Definição das variáveis que seguem padrões de comportamento semelhantes;
ƒ Primeira avaliação de resiliência que descrever, a capacidade do sistema recuperar seu
estado inicial após um distúrbio ou a velocidade da recuperação.

4.1.3 Formulação de tendências


Na formulação de tendências procura-se, em função dos fundamentos da gestão de
recursos hídricos, incluir em seu escopo o critério de usos múltiplos da água, priorizando a
sustentabilidade do sistema. Para tanto é utilizado o conceito cenários de Godet (2000) onde
“a descrição de um potencial futuro e das progressões necessárias para atingi-lo constitui um
cenário”. Este mesmo autor mostra que o casamento entre a análise prospectiva e a estratégia
é necessário e inevitável, propondo um modelo constituído por um processo dividido em 09
etapas (BOAVENTURA et al, 2001). (Figura 26)

Estruturação de planos de ação e


E9 monitoramento da estratégia

E8 Seleção das
estratégias

E7 - Avaliação das
estratégias

E6 - Identificação de
estratégias
E5 - Definição de cenários
ambientais
E4 - Definição da dinâmica e evolução

E3 - Análise estrutural

E2 - Diagnóstico do sistema

E1 - Análise do problema e delimitação do sistema

Figura 26. Etapas da análise prospectiva direcionada ao planejamento estratégico.

68
Em função dos objetivos deste trabalho e desta metodologia ter seu berço no
planejamento empresarial, foram feitas adaptações de sistemática e utilizadas as etapas de 01
a 06:
ƒ Etapa nº 1: Análise do problema e delimitação do sistema
Tem como objetivo analisar o problema em questão e delimitar o sistema estudado; definição
de objetivos, metas, bacia e sub – bacias hidrográficas.

ƒ Etapa n.º 2: Diagnóstico do sistema


É baseada em uma radioscopia completa da bacia; construção de perfis por sub – bacia
hidrográfica segundo seus atributos; com a definição dos elementos externos de maior
interface. Compõem-se: do Diagnóstico interno – que são identificadas as potencialidades
naturais e vulnerabilidades intrínsecas à bacia; e do Diagnóstico externo: – que são
identificados os atributos externos de maior influência na bacia.

ƒ Etapa n.º 3: Análise estrutural


Identifica as variáveis chaves do sistema com a indicação dos atributos de maior
sensibilidade. O preenchimento da matriz de análise estrutural é qualitativo. Para cada par de
variáveis verifica-se a relação de influência entre a variável i e a variável j. Em seguida são
identificadas as variáveis - chaves, ou seja, as variáveis essenciais a sua evolução. Para a
análise do sistema representado na matriz estrutural é empregado um método, designado
MICMAC (Matriz de Impactos Cruzados de Multiplicação Aplicada a uma Classificação),
que tem como objetivo determinar as relações indiretas entre as variáveis e classificá-las
segundo uma tipologia baseada no seu grau de motricidade e dependência (CALDAS &
PERESTRELO, 1998).

69
ƒ A etapa n.º 4: Definição da dinâmica e evolução
Identifica dentro da relação de motricidade e dependência das variáveis as:
1. motrizes: variáveis muito motrizes e pouco dependentes (influenciam a
dinâmica do sistema, mas são pouco condicionadas por ele).
2. de ligação: variáveis muito motrizes e muito dependentes (ocupam uma
posição de charneira: sendo objeto de fortes influências, propagam essas
influências ao conjunto do sistema).
3. de resultado: variáveis pouco motrizes e muito dependentes (são muito
condicionadas pela dinâmica do sistema e exercem pouca influência sobre ele)
4. e excluídas: variáveis pouco motrizes e pouco dependentes (têm um papel
pouco relevante).
As variáveis do pelotão representam a média da motricidade e da dependência. Desta
forma, seu desenvolvimento não é conhecido, sendo difícil determinar suas reais
características. Por este motivo, a presente análise não leva em consideração esse setor. A
hierarquização das variáveis permite confirmar, ou não, a importância de certas variáveis e
tratar daquelas que, num primeiro momento, foram consideradas de menor importância; após
esta análise, o sistema passa a ser analisado apenas em função das variáveis motrizes, de
ligação e de resultado. As variáveis de ligação por serem muito motrizes e muito dependentes,
são fortemente condicionadas pela dinâmica do sistema, podendo ser consideradas as de
maior sensibilidade em uma segunda avaliação de sensibilidade.

ƒ A etapa n.º 5: Definição de cenários ambientais


Procura reduzir a incerteza que pesa sobre as questões-chave para o futuro.
1. Definição do foco: define os limites dos cenários a serem criados, por meio de
respostas as questões como: Quais questões estratégicas serão abordadas?
Quais os campos do futuro que precisam ser analisados? Qual o horizonte de
tempo a ser contemplado? Quais os indicadores a serem previstos?
2. Mapeamento das forças motrizes.
3. Definição de tendências e eventos necessários para se chegar a cada um dos
estados finais.
4. E projeção quantitativa ou qualitativamente dos indicadores das variáveis.
70
ƒ A etapa n.º 6: Identificação de estratégias
Esta põe em evidência os cenários mais coerentes, e indica as opções estratégicas,
considerando: a situação institucional da bacia, o uso e ocupação do solo, as atividades
econômicas, os usos potenciais (agrícolas, energéticos, abastecimento) e os conflitos de uso
atuais e futuros (LEAL, 1998). Avaliando as relações causa-efeito entre estas variáveis
empregando a Matriz Gerencial resultante da concepção do Modelo Sistêmico de Integração
Participativa do Gerenciamento das Águas (LANNA et al, 1990).

4.1.4 Fator consultivo


Em geral esta metodologia propõe duas fases não consideradas neste trabalho:
• A avaliação de atores: representa a capacidade dos atores influenciarem na rede política
formada pelo conjunto dos grupos sociais organizados na sociedade e a hierarquia da
dependência dos atores do conjunto do sistema de forças políticas. A hierarquia formada
representa a estrutura de poder na região, destacando os atores que têm mais capacidade de
determinação do futuro regional (BUARQUE, 2001).
• A avaliação de incertezas: implica na classificação dos condicionantes segundo o grau de
incerteza – de modo a destacar as incertezas críticas – com entrevistas com especialistas e/ou
brainstorming com conhecedores da realidade.
Nestes, podem ser utilizados três recursos técnicos (BUARQUE, 2001): entrevistas
estruturadas com especialistas, brainstorming com técnicos conhecedores da realidade, e o
método Delfos (Delphi).
Em função da bacia do rio Capim ter um nível muito heterogêneo de atores
envolvidos (mais de cinco municípios envolvidos e considerando os segmentos: poder
público, sociedade civil e setor usuário), rede de informações dispersa e pouco divulgada,
com trabalhos restritos a algumas áreas, optou-se por não inserir no trabalho esta fase
consultiva. As informações são ponderadas a partir da sua resposta à disponibilidade hídrica
da bacia, obtida pelo diagnóstico.

71
4.2 SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS
Um sistema de informações geográficas reúne um conjunto de ferramentas para a
entrada, armazenamento, recuperação, transformação, análise e representação de dados, seu
princípio fundamental de funcionamento é o georreferenciamento, ou seja, a indexação ou
codificação geográfica da informação utilizada por meio de um sistema de referência
cartográfica. Outra característica é a possibilidade de integrar informações espaciais e não
espaciais de natureza, origem e forma diversas numa única base de dados, possibilitando a
geração de novas informações derivadas e sua visualização na forma cartográfica (CÂMARA,
1993; WEBER et al, 1999).
O processamento de dados em SIG pressupõe que os mesmos estejam organizados
em planos de informação individuais, de acordo com a natureza dos diversos temas a serem
representados, como forma de efetuar análises que possam considerar separadamente as
características específicas de cada um (Figura 27).

Figura 27. Rotina desenvolvida.

72
A informação de cada plano é composta de basicamente duas partes. Uma delas é a
informação espacial, referenciada a um sistema de coordenadas e com a localização e
delimitação das classes da área de interesse. A outra parte é composta pelos atributos não
espaciais e reúne dados descritivos de natureza diversa sobre as classes, geralmente tabulados
e organizados em um sistema gerenciador de bancos de dados (WEBER et al, 1999).
O material e os programas utilizados no desenvolvimento da base de informações de
subsídio ao diagnóstico da bacia do rio Capim foram:
a) Base textual e passível de tabulação em planilhas:
ƒ Levantamento bibliográfico: envolvendo a pesquisa e a coleta de material existente sobre a
região de abrangência da bacia do rio Capim.
ƒ Síntese de indicadores sociais: IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2004.
ƒ Projeção populacional: IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2006.
ƒ Informações a cerca do setor produtivo (agricultura, pecuária, mineração, indústria):
disponíveis no site http://www.ibge.org.br e www.sectam.pa.gov.br, com base no censo federal
de 2000, e levantamento estadual de 2005 - 2006.
ƒ Números da produção mineral: SEPROD – Secretaria Especial de Produção do Estado do
Pará, 2006.
ƒ Dados hidrológicos: disponibilizados pela Agência Nacional de Águas (ANA), no site
http://www.ana.gov.br.
ƒ Informações e pontos georeferenciados: com base nas amostras coletadas nas etapas de
campo.
b) Base cartográfica:
ƒ Mapeamento geológico do Brasil: realizado pela Companhia de Pesquisa e Recursos
Minerais – CPRM (2000), incluindo as informações hidrogeológicas.
ƒ Sistema de Informações Georeferenciadas de Energia e Hidrologia: HIDROGEO,
disponibilizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, em 2000.
ƒ Base de dados em CD ROM: disponibilizada pelo Ministério do Meio Ambiente e dos
Recursos Hídricos - intitulada “Avaliação e identificação das ações prioritárias para a
conservação, utilização sustentável e repartição dos benefícios da Biodiversidade na Amazônia
Brasileira”, da Série Biodiversidade da Amazônia Brasileira, em 2002.
ƒ Conjunto de Folhas da Carta Integrada do Brasil ao Milionésimo: produzidas pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), disponibilizadas em CD ROM (2003).

73
ƒ Base de dados georeferenciada do Estado do Pará: GEOPARÁ (2004), produzida pelo
Governo do Estado do Pará.
ƒ Base de informações hidroclimatológicas: presentes em Lima et al (2005).
c) Cartas imagem:
ƒ Imagens de satélite LandSat TM, cenas: 223 – 61 (21-05-2003); 223 – 62 (21-05-2003); 223
– 63 (15-05-2004); 223 – 63/62/61 (31-07-2000); 223 – 63/62/61 (24-07-1991); 223 – 62/61
(27-07-1984); 223 – 63 (22-07-1988).
ƒ Imagens de satélite Cbers, cenas: 161 – 101/102/103 (06-07-2004); e 161 – 104/105 (01-08-
2004).
ƒ Imagens SRTM (Shuttle Radar Topography Mission): cartas de elevação do terreno (com
dados topográficos), com resolução de 90m, produzidas a partir de imageamento de radar
acoplado a um satélite, fornecidas pala National Geospatial-Intelligence Agency (NGA) e pela
National Aeronautics and Space Administration (NASA), disponibilizadas a partir de junho de
2003. O documento base de referência para aplicação foi VALERIANO (2004).
d) Programas de digitalização, armazenamento, processamento e análise:
ƒ Programas de geoprocessamento e processamento digital de imagens: Auto Cad Map, Arc
View, Global Mapper e Spring.
ƒ Programas MICMAC (Matrice d’Impacts Croisés – Multiplication Appliqué à um
Classement / Matriz de Impactos Cruzados – Multiplicação Aplicada a uma Classificação) e
MORPHOL (Analyse Morphologique - Análise Morfológica): desenvolvidos no LIPSOR –
Laboratory for Investigation in Prospective and Strategy (Chaire de prospective industrielle du
Conservatoire national des arts et métiers, Paris-França).
O levantamento bibliográfico envolveu a pesquisa e a coleta de material existente
sobre a região de abrangência da bacia do rio Capim. Foram reunidas publicações com dados
estatísticos sobre cada um dos municípios integrantes da bacia hidrográfica e o levantamento
de materiais como, cartas topográficas e mapas temáticos da área estudada. Nos trabalhos de
campo cada local visitado foi descrito e caracterizado, fotografado e teve sua localização
determinada com auxílio de GPS; tendo sido realizadas viagens por terra e excursões de barco
no segmento navegável do rio Capim. Buscou-se identificar e detalhar zonas de conflito de
uso da água e do solo em torno dos cursos d’água (Figuras 28 e 29). Paralelamente a
realização desses levantamentos de campo foram desenvolvidas tarefas, como: a tabulação em
planilhas eletrônicas dos dados descritivos obtidos no levantamento bibliográfico e coletados
em campo; e a estruturação de dados cartográficos no SIG.
74
Figura 28. Encontro do rio Capim com o rio Guamá, próximo a São Domingos do Capim.

Figura 29. Rio Capim, trecho que atravessa o município de Ipixuna do Pará.

75
4.3 DIAGNÓSTICO BASE DA BACIA DO RIO CAPIM
4.3.1 Componentes estruturais
O fluxograma abaixo ilustra os elementos envolvidos no diagnóstico dentro dos
componentes estruturais:

MÉTODO DE TRABALHO

DIAGNÓSTICO FORMULAÇÃO
BASE DE TENDÊNCIAS

Sistema de informações Análise do problema e


geográficas delimitação do sistema

Componentes Diagnóstico
estruturais do sistema

Hidrografia

Topografia

Unidades
de relevo
Baixo – médio Alto
rio Capim rio Capim
Geologia
e solos
Unidade de Terreno: Unidade de Terreno:
Hidrogeologia Carataua - Açu Ararandeua - Surubiju

Unidade de Terreno: Unidades de Terreno:


Clima Candiru - Açu Jamanxim - Itaquiteua Grande

Cobertura Unidade de Terreno:


vegetal Palheta - Jari

Unidade de Terreno:
Cajueiro - Pirajoara

76
4.3.1.1 Hidrografia
A bacia hidrográfica do rio Capim localiza-se na região nordeste do estado do Pará,
fazendo parte da Região Hidrográfica Costa Atlântica - Nordeste, conforme divisão estadual
proposta em Lima et al, (2001); e da Região Hidrográfica do Tocantins, segundo divisão
federal definida pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos - Resolução do CNRH nº 32,
de 15 de outubro de 2003. Com uma área total de 37.485,75 km2, desta 95,22 % estão no
estado do Pará e 4,78% no estado do Maranhão. O canal principal, o rio Capim, apresenta
com aproximadamente 764,820 km, considerando desde a sua foz com o rio Guamá, até a
confluência com as bacias dos rios Surubiju e Ararandeua. É navegável desde sua foz situada
junto à cidade de São Domingos do Capim até a foz do rio Potiritá, próximo a Vila de Canaã.
Nasce nas proximidades da Serra dos Coroados, no sudeste do estado do Pará. A rede
hidrográfica da bacia enfocada foi dividida em 25 sub – bacias (Figura 30), considerando o
sistema de ordem de canais definido por Strahler (1952) e o modelo funcional de Schumm
(1973) (Figura 31):
Sub-bacia Código Ordem
Igarapé Palheta Sb 01 3
Igarapé Jari Sb 02 4
Igarapé Juruará Sb 03 3
Igarapé Caratateuá Sb 04 4
Igarapé Jabuti Maior sb 05 4
Igarapé Cipoteuá sb 06 3
Rio Candiru-Miri sb 07 4
Rio Candiru-Açu sb 08 5
Igarapé Tracajá sb 09 3
Igarapé Carrapatinho sb 10 3
Rio Potiritá sb 11 5
Igarapé Caetano sb 12 3
Rio Jamanxim sb 13 5
Igarapé Itaquiteua Grande sb 14 3
Rio Surubiju sb 15 5
Rio Ararandeua sb 16 5
Igarapé Rio Verde sb 17 5
Bacias primárias sb 18 3
Igarapé Carataua - Açu sb 19 4
Igarapé da Fazenda Vargem Alegre sb 20 3
Igarapé Tracajá sb 21 3
Igarapé Maracaxi sb 22 3
Igarapé São Mateus sb 23 4
Igarapé Pirajoara sb 24 4
Igarapé do Porto Seguro sb 25 3

77
Figura 30. A rede hidrográfica da bacia do rio Capim, dividida em 25 sub – bacias.

78
Figura 31. Funcionalidade do sistema estabelecendo três zonas fundamentais: de produção, de
transferência e de deposição, segundo Schumm (1973).

Strahler define a hierarquização de canais, denominando de canais de 1ª Ordem,


aqueles que originados por nascentes ou pela contribuição pluvial, não recebendo
contribuição de nenhum outro canal; os canais de 2ª Ordem nascem da confluência de canais
de 1ª Ordem; os de 3ª Ordem da confluência de canais de 2ª Ordem, e assim por diante; sendo
o canal de maior ordem o que recebe contribuições de todo o sistema. A bacia do rio Capim
obteve segundo a rede traçada a 6ª Ordem. Schumm atribui uma funcionalidade a este
ordenamento estabelecendo três zonas fundamentais: de produção, de transferência e de
deposição. Onde haveria as sub – bacias potencialmente produtoras, as que configurariam
uma zona de maior dispersão e as receptoras.
Para caracterizar estas zonas na bacia do rio Capim, utilizou – se como critério o
relevo que configura duas zonas distintas: o Alto rio Capim e o Baixo - Médio rio Capim;
individualizadas por formas de relevo e declividades diferenciadas. Assim as sub – bacias que
indicam maior grau de retrabalhamento do relevo são consideradas produtoras; e as que
apresentam um maior número de formas residuais, são ditas de transição e deposição (Figuras
32 e 33).

79
Figura 32. Zonas distintas da bacia do rio Capim: o Alto rio Capim e o Baixo - Médio rio
Capim.
80
Figura 33. Sistemas de terreno da bacia do rio Capim.

81
A bacia hidrográfica do rio Capim tem a forma de um retângulo alongado e rede de
drenagem irregular, devido à declividade da região, com forte controle tectônico de seus
tributários.
No trecho superior, de planície, as larguras do rio variam entre 90 e 350 m,
predominando, porém larguras da ordem de 200 m. No trecho mais baixo, as larguras variam
de 150 a 1100 m, com largura média de 300 m. No trecho próximo a desembocadura no rio
Guamá, as larguras atingem 2000 a 3000 m.
Na caracterização da rede de drenagem foram empregados os conceitos definidos em
Christofoletti (1970), Christofoletti (1999) e Guerra e Cunha (2001), relativos a modelos
descrevendo processos em bacias hidrográficas.
Para caracterização morfológica da bacia foram empregados como indicadores
(CHRISTOFOLETTI, 1999):
a) Área (A): é toda a área drenada pelo conjunto do sistema fluvial, projetada no plano
horizontal.

b) Forma (Ic): toma-se como referência uma figura geométrica como parâmetro, para atribuir
a forma da bacia. O Índice de Circularidade é capaz de traduzir a relação existente entre a área

da bacia e a área do círculo de mesmo perímetro: Ic = A . O valor máximo a ser obtido é 1,


Ac
e quanto maior o valor, mais próxima da forma circular se encontra o formato da bacia de
drenagem.

c) Amplitude altimétrica da bacia (H): diferença entre o valor altimétrico máximo e mínimo
na bacia, correspondendo à diferença entre a altitude da desembocadura e a altitude do ponto
mais alto situado em qualquer lugar da divisória topográfica.

d) Comprimento da bacia (Lb): distância em linha reta entre a foz e o ponto mais distante
situado no interflúvio.

82
e) Comprimento total dos canais da bacia (Lt): somatória do comprimento de todos os canais
contidos na bacia.

f) Quantidade de rios na bacia (Fb): corresponde a quantidade de canais de 1º ordem segundo


Strahler (1952).

g) Densidade de drenagem (Dd): considera o comprimento total dos canais pela área da bacia:

Dd = Lt .
A

h) Densidade de rios (Dr): considera o número total de rios pela área da bacia:

Ir = nº _ total _ de _ canais .
A

i) Índice de rugosidade (Ir): representa as qualidades de declividade e comprimento das


vertentes com a rede de drenagem; sendo o produto da amplitude altimétrica pela densidade
de drenagem: Ir = H * Dd .

A disposição espacial dos rios, controlada em grande parte pela estrutura geológica, é
definida como padrão de drenagem (GUERRA & CUNHA, 2001). Os principais padrões de
drenagem observados foram o meandrante, o dendrítico e o treliça, ocorrendo localmente
radial centrífuga. Estes ou aparecem conjugados ou definindo sistemas isolados. O primeiro
denota rochas de resistência uniforme e o segundo forte controle estrutural; o terceiro está
associado a divisores topográficos, constituindo amplitudes altimétricas significativas
(Figuras 34, 35 e 36).

83
Figura 34. Padrões de drenagem observados na bacia do rio Capim.

A caracterização morfológica da bacia do rio Capim apresentou a seguinte


configuração:
Sub-bacia Cod A (km2) H (m) Dd Dr Ir Per (km) Ic Lb (km) Lt (km)
Ig. Palheta Sb 01 404,42 51,00 0,44 0,12 0,02 102,69 0,120 2,24 176,31
Ig. Jari Sb 02 248,25 49,00 0,63 0,25 0,03 75,86 0,136 22,87 155,21
Ig. Juruará Sb 03 197,38 27,00 0,55 0,18 0,01 66,74 0,139 19,74 107,58
Ig. Caratateuá Sb 04 280,30 33,00 0,57 0,26 0,02 77,14 0,148 24,27 158,51
Ig. Jabutí Maior sb 05 630,33 47,00 0,50 0,15 0,02 121,94 0,133 43,47 312,84
Ig. Cipoteuá sb 06 235,00 61,00 0,65 0,36 0,04 92,05 0,087 11,16 152,63
Rio Candiru-Miri sb 07 475,66 76,00 0,43 0,12 0,03 119,97 0,104 33,43 204,57
Rio Candiru-Açu sb 08 1870,55 68,00 0,49 0,14 0,03 194,17 0,156 56,19 923,69
Ig. Tracajá sb 09 399,04 84,00 0,41 0,14 0,03 118,33 0,090 33,35 163,33
Ig. Carrapatinho sb 10 285,40 94,00 0,51 0,15 0,05 78,52 0,145 23,80 144,92
Rio Potiritá sb 11 1834,25 136,00 0,46 0,14 0,06 189,09 0,161 55,28 834,79
Ig. Caetano sb 12 298,40 98,00 0,39 0,11 0,04 120,51 0,065 13,28 116,10
Rio Jamanxim sb 13 2263,35 121,00 0,36 0,09 0,04 216,19 0,152 65,19 811,83
Ig. Itaquiteua Grande sb 14 2689,54 79,00 0,32 0,06 0,03 354,73 0,067 47,36 863,82
Rio Surubiju sb 15 8426,34 101,00 0,33 0,08 0,03 456,88 0,127 177,72 2741,78
Rio Ararandeua sb 16 10742,62 164,00 0,31 0,06 0,05 567,13 0,105 215,94 3326,41
Ig. Rio Verde sb 17 1178,05 92,00 0,48 0,16 0,04 157,57 0,149 46,77 562,13
Bacias primárias sb 18 1215,88 83,00 0,25 0,05 0,02 393,56 0,025 14,70 302,22
Ig. Carataua-Açu sb 19 1332,59 84,00 0,28 0,06 0,02 233,99 0,076 25,06 374,75
Ig. da Fz. Vargem Alegre sb 20 286,47 80,00 0,43 0,10 0,03 84,64 0,126 31,56 121,94
Ig. Tracajá sb 21 564,95 80,00 0,36 0,08 0,03 162,06 0,068 20,28 204,55
Ig. Maracaxi sb 22 475,43 60,00 0,39 0,09 0,02 92,45 0,175 28,06 186,89
Ig. São Mateus sb 23 281,43 40,00 0,35 0,12 0,01 104,98 0,080 12,74 99,68
Ig. Pirajoara sb 24 498,53 51,00 0,50 0,14 0,03 102,29 0,150 36,75 250,06
Ig. do Porto Seguro sb 25 371,60 44,00 0,44 0,12 0,02 95,52 0,128 14,80 164,39

84
Figura 35. Lago formado por meandro abandonado do rio Capim.

Figura 36. Áreas de deposição alternadas às de erosão, padrão comum ao longo do rio Capim.

85
4.3.1.2 Topografia
A topografia da bacia indica a presença de 08 (oito) classes, que denotam
compartimentações distintas na bacia, individualizadas em suas sub – bacias componentes:
Classes gerais Intervalos
1 < 20 m
2 20 - 30 m
3 30 - 60 m
4 60 - 80 m
5 80 - 110 m
6 110 - 140 m
7 140 - 170 m
8 > 170 m

Estas compõem 06 (seis) unidades de terreno distintas, conforme a Tabela 5.

Tabela 5. Caracterização identificada para a bacia do rio Capim, com base nas variações
topográficas.
Classes Unidade Classes
Unidade de
Sub-bacia Código topográficas de Sub-bacia Código topográficas
terreno
(m) terreno (m)
Ig. Palheta Sb 01 Rio Potiritá Sb 11 < 30
Ig. Jari Sb 02 Rio Jamanxim Sb 13 30 – 60
60 – 80 Jamanxim -
80 – 110 Itaquiteua
< 20 Ig. Itaquiteua 110 – 140 Grande
Ig. Juruará Sb 03 Palheta - Sb 14
20 – 30 Grande 140 – 170
Jari
> 30 > 170
Ig. Caratateuá Sb 04 Rio Surubiju Sb 15
< 110
Ig. do Porto 110 – 140 Ararandeua -
Sb 25 Rio Ararandeua Sb 16
Seguro 140 – 170 Surubiju
Ig. Jabutí > 170
Sb 05 Ig. RioVerde Sb 17
Maior
< 20
Ig. da Fz.
Ig. Cipoteuá Sb 06 20 – 30 Sb 20
Candiru Vargem Alegre
30 – 60
Rio Candiru- - Açu
Sb 07 60 – 80 Ig. Tracajá Sb 21
Miri > 80 < 30
Cajueiro -
Rio Candiru- 30 – 60
Sb 08 Ig. Maracaxi Sb 22 Pirajorara
Açu > 60
Ig. Tracajá Sb 09 Ig. São Mateus Sb 23
Ig.
Sb 10 Ig. Pirajoara Sb 24
Carrapatinho < 30
Ig. Caetano Sb 12 30 – 60 Carataua
Bacias 60 – 80 -Açu
Sb 18 > 80
primárias
Ig. Carataua-
Sb 19
Açu

86
Figura 37. Caracterização da topografia na bacia do rio Capim.

87
Figura 38. Unidades de terreno da bacia do rio Capim.
88
4.3.1.3 Unidades de terreno
As unidades de terreno da bacia do rio Capim foram descritas acoplando as
características tipicamente morfológicas àquelas relacionadas a sua dinâmica. Desta forma
tem – se como:
ƒ Sistemas de terreno: os dois compartimentos estruturais diferenciados na bacia: o Alto rio
Capim e o Baixo – Médio rio Capim. Estes compõem conjuntos com estruturas e dinâmicas
bem distintas (Tabela 6, Figura 33).

Tabela 6. Sistemas de terrenos caracterizados para a bacia do rio Capim.


Sub-bacia Código Sistemas de terreno Unidade de terreno
Ig. Palheta Sb 01
Ig. Jari Sb 02
Ig. Juruará Sb 03 Palheta - Jari
Ig. Caratateuá Sb 04
Ig. do Porto Seguro sb 25
Ig. da Fz. Vargem Alegre sb 20
Baixo – Médio rio Capim

Ig. Tracajá sb 21
Ig. Maracaxi sb 22 Cajueiro - Pirajorara
Ig. São Mateus sb 23
Ig. Pirajoara sb 24
Ig. Jabutí Maior sb 05
Ig. Cipoteuá sb 06
Candiru - Açu
Rio Candiru-Miri sb 07
Rio Candiru-Açu sb 08
Ig. Tracajá sb 09
Ig. Carrapatinho sb 10
Ig. Caetano sb 12 Carataua-Açu
Bacias primárias sb 18
Ig. Carataua-Açu sb 19
Rio Potiritá sb 11
Alto rio Capim

Rio Jamanxim sb 13 Jamanxim - Itaquiteua Grande


Ig. Itaquiteua Grande sb 14
Rio Surubiju sb 15
Rio Ararandeua sb 16 Ararandeua - Surubiju
Ig. Rio Verde sb 17

89
ƒ Unidades de terreno: as caracterizações específicas em cada sistema, definidas pelas
variações geológicas e topográficas locais (Figura 38).
Em relação a classificação geomorfológica, representada pelos Domínios ou
Unidades Morfoestruturais (RADAMBRASIL, 1976; ROSS, 1992; IBGE, 1997) que
apresentam características geológicas prevalecentes como direções estruturais que refletem o
comportamento geral do relevo ou o controle da drenagem principal (IBGE, 1995), tanto o
Alto quanto o Baixo – Médio Capim são formados por duas Unidades Morfoestruturais e
Morfoclimáticas: o Planalto Rebaixado da Amazônia (PRA) e Planalto Setentrional Pará-
Maranhão (PSPM); ambos pertencentes ao grande Domínio dos Planaltos Amazônicos
Rebaixados e Dissecados.
O PRA predomina no trecho norte-sul da bacia no Baixo-Médio rio Capim,
coincidindo com que IBGE (1997) denomina de Depressões do Meio-Norte.
O PSPM domina o trecho onde o rio se desloca para sudoeste no Alto rio Capim,
sendo coincidente com o que IBGE (1997) denomina de Chapadas do Meio Norte.
De forma geral o PRA constitui uma extensa e rebaixada superfície pleistocênica,
dissecada, seguindo um controle tectônico.
As formas de relevo predominantes são Superfícies Pediplanadas (Espp), que
correspondem a áreas de topografia plana, vales abertos e rasos, com retomada de erosão
recente.
O PSPM representa um conjunto de relevos tabulares, com cotas topográficas acima
de 150 m, drenagem bem definida, com vales estreitos e profundos.
As formas mais características são as Superfícies Tabulares Erosivas (Estb), que
constituem áreas aplainadas e topograficamente elevadas, com limites constituídos
principalmente por escarpas e rebordos erosivos.
A Figura 39 apresenta a classificação geomorfológica adotada para a bacia do rio
Capim elaborada a partir dos seguintes documentos cartográficos: RADAMBRASIL (1976) e
IBGE (1997).

90
Figura 39. Mapa de unidades geomorfológicas.
91
a. Alto rio Capim
a.1. Características gerais (Figuras 40 a 43):
ƒ Unidade de Terreno: Ararandeua – Surubiju
Aspectos estruturais da
Aspectos morfoestruturais do relevo Dinâmica fluvial
drenagem
Canal principal • Dinâmica intensa dos
ƒ Dissecação em ravinas, vales afluentes principais que
encaixados e interflúvios tabulares formam as cabeceiras do rio
(drvit). Capim – os rios Ararandeua e
ƒ Dissecação em colinas de topo Surubiju.
aplainado, com ravinas e vales • A drenagem encontra-se
encaixados (dctrv). fortemente estruturada sobre os
ƒ Dissecação em ravinas e vales sedimentos detrito - lateriticos
encaixados (drv): formas resultantes da ƒ Padrão: fortemente e os arenitos e siltitos da
evolução do ravinamento. meandrante. Formação Itapecurú;
ƒ Dissecação em colinas e ravinas apresentando forte controle
ƒ Ordem: 6° estrutural, onde predominam
(dcr): formas em colinas com
duas direções principais: SE –
ramificações de canais intermitentes,
ƒ Controle estrutural: NW e SW-NE; e duas
resultantes de retomada de erosão
N–S secundárias: S-N e E-W.
recente ou influência litológica.
• As sub – bacias
ƒ Dissecação em colinas (dc): componentes desta unidade
superfícies aplainadas por vales pouco estruturam um relevo formado
aprofundados e ravinas. por vales encaixados em
ƒ Dissecação em colinas de topo interflúvios tabulares, colinas
aplainado (dcta): superfícies aplainadas com topos aplainados, e
por vales pouco aprofundados. localmente colinas associadas
a vales pouco profundos.

ƒ Unidade de Terreno: Jamanxim - Itaquiteua Grande


Aspectos estruturais da
Aspectos morfoestruturais do relevo Dinâmica fluvial
drenagem
ƒ Dissecação em ravinas e vales Canal principal ƒ Área de dinâmica mais
encaixados (drv). intensa do rio, com a
ƒ Dissecação em colinas de topo aplainado, presença de terraços e
com ravinas e vales encaixados (dctrv). ƒ Padrão: meandrante, planícies aluviais estreitos.
ƒ Superfícies tabulares erosivas (Estb): com meandros mais ƒ Superfícies pediplanadas
superfícies tabulares erosivas e de fechados, até se tornar e tabulares erosivas
aplainamento talhada em rochas fortemente meandrante. associadas a altas
sedimentares. declividades.
ƒ Ordem: 6° ƒ A drenagem fortemente
ƒ Dissecação em ravinas, vales encaixados entalhada indica
e interflúvios tabulares (drvit). retrabalhamento recente,
ƒ Controle estrutural:
ƒ Terraços fluviais (Atf): terraços com NE – SW sobre as rochas da
depósitos inconsolidados, apresentando Formação Ipixuna,
lagoas em alguns trechos, podendo estar Itapecuru e sedimentos
pediplanados. detríticos terciários.

92
Figura 40. Colinas de topo aplainado: UT Ararandeua – Surubiju.

Figura 41. Processo de retomada de erosão: UT Ararandeua – Surubiju.

Figura 42. Superfícies tabulares: UT Jamanxim - Itaquiteua Grande.

Figura 43. Colinas de topo aplainado associada a vales com processo erosivo: UT Jamanxim -
Itaquiteua Grande.
93
a.2. Características específicas associadas a dinâmica do relevo
ƒ Unidade de Terreno: Ararandeua – Surubiju
◘ Escoamento superficial com forte condicionante estrutural, traduzido pelo controle linear
da drenagem segundo NE – SW e NW – SE, ocorrendo localmente segundo N – S e E - W.
Amplitude altimétrica e declividades consideradas as mais altas da bacia; densidade de
drenagem média a alta, e índice de rugosidade alto.

◘ Vales fechados, com vertentes côncavas e retilíneas; associados aos processos erosivos
atuantes, influenciados pelo escoamento superficial e condicionante estrutural. Topos
tabulares ou formados por colinas de topo aplainado. Amplitude altimétrica e declividades
consideradas as mais altas da bacia. Como ilustram as figuras abaixo [P01 – SB17 (a) e (b)]:

[P01 – SB17 (a)]

[P01 – SB17 (b)]


94
◘ Vales abertos e largos, com vertentes côncavas e ocorrência de largos terraços fluviais;
associados aos processos erosivos e deposicionais atuantes. Topos tabulares, com amplitudes
altimétricas e declividades altas. Como ilustram as figuras abaixo [P1 - SB15 (a) e (b)]:

[P1 - SB15 (a)]

[P1 - SB15 (b)]

◘ Vales fechados e largos, com vertentes convexas e retilíneas; onde predominam processos
erosivos. Topos tabulares, com amplitudes altimétricas e declividades altas. Como ilustram as
figuras abaixo [P2 - SB 16 (a) e (b)]:

[P2 - SB 16 (a)]

95
[P2 - SB 16 (b)]

ƒ Unidade de Terreno: Jamanxim - Itaquiteua Grande


◘ Escoamento superficial com forte condicionante estrutural, traduzido pelo controle linear
da drenagem segundo NW – SE, ocorrendo localmente segundo N – S, NE - SW e E - W.
Amplitude altimétrica e declividades altas; densidade de drenagem média a alta, e índice de
rugosidade médio a alto.

◘ Vales abertos, com vertentes côncavas e côncavo - retilíneas; associados a processos


erosivos atuantes, influenciados pelo escoamento superficial e condicionante estrutural. Topos
formados por colinas de topo aplainado. Amplitude altimétrica e declividades variáveis de
médias a altas. Como ilustram as figuras abaixo [P1 - SB 14 (a) e (b)]:

[P1 - SB 14 (a)]

96
[P1 - SB 14 (b)]

◘ Topos tabulares, com vertentes convexas e côncavo - retilíneas; associados vales abertos e
encaixados. Amplitude altimétrica e declividades variáveis de médias a altas. Como ilustram
as figuras abaixo (Perfil 1: [P2 - SB 11 (a) e (b)]; Perfil 2: [P2 - SB 14 (a)]):

Perfil 1: [P2 - SB 11 (a)]

Perfil 2: [P2 - SB 14 (a)]

97
Perfil 1: [P2 - SB 11 (b)]

b. Baixo – médio rio Capim


b.1. Características gerais (Figuras 44 a 47):
ƒ Unidade de Terreno: Carataua-Açu
Aspectos morfoestruturais Aspectos estruturais da
Dinâmica fluvial
do relevo drenagem
ƒ Dissecação em colinas de Canal principal
topo aplainado (dcta): ƒ Zona de terraços estreitos, onde a
superfícies aplainadas por bacia apresenta as menores larguras.
vales pouco aprofundados. ƒ Padrão: meandrante, Dominada por canais de primeira e
ƒ Dissecação em ravinas e com meandros mais segunda ordem é uma área
vales encaixados (drv). fechados, até se tornar encaixada topograficamente entre o
ƒ Dissecação em colinas de fortemente meandrante. divisor da bacia do Capim com a
topo aplainado, com ravinas bacia do rio Acará.
e vales encaixados (dctrv). ƒ Ordem: 6° ƒ Ocorrência de áreas sujeitas a
ƒ Terraços fluviais (Atf): inundações, e de lagoas marginais.
ƒ Controle estrutural: Nas áreas de terra firme ocorrem
terraços com depósitos N – S, gradando para
inconsolidados, superfícies pediplanadas erosivas,
NE - SW da Formação Ipixuna e sedimentos
apresentando lagoas em
alguns trechos, podendo detríticos.
estar pediplanados

98
ƒ Unidade de Terreno: Candiru-Açu
Aspectos morfoestruturais Aspectos estruturais da
Dinâmica fluvial
do relevo drenagem
ƒ Dissecação em Canal principal
interflúvios tabulares (dit): ƒ A largura do rio Capim neste é
forma com entalhamento em torno de 100 m e a passagem do
profundo de talvegue em canal fluvial para os terrenos
ƒ Padrão: meandrante,
relevos tabulares. marginais ocorre a partir de
localmente
ƒ Dissecação em colinas de anastomosado pela barrancos com alturas variáveis
topo aplainado, com ravinas presença de ilhas entre 1 e 3 m, até 20 m.
e vales encaixados (dctrv). ƒ As áreas sujeitas a inundações e
com presença de lagoas marginais
ƒ Superfícies pediplanadas ƒ Ordem: 6°
são presentes na forma de planícies
(Espp): aplainamentos em
aluviais.
retomada de erosão recente. ƒ Controle estrutural:
ƒ Nas áreas de terra firme ocorrem
ƒ Terraços fluviais (Atf): N – S, com ilhas
superfícies pediplanadas e tabulares
terraços com depósitos aluviais orientadas
erosivas, que constituem áreas
inconsolidados, neste sentido
aplainadas e elevadas, com limites
apresentando lagoas em constituídos por escarpas e rebordos
alguns trechos, podendo erosivos, da Formação Ipixuna.
estar pediplanados.

Figura 44. Colinas de topo aplainado: UT Carataua-Açu.

Figura 45. Superfícies em retomada de erosão: UT Candiru-Açu.


99
ƒ Unidade de Terreno: Palheta - Jari
Aspectos morfoestruturais Aspectos estruturais da
Dinâmica fluvial
do relevo drenagem
Canal principal ƒ Na área sob influência das marés a
largura do rio Capim é em geral
superior a 1 km, a passagem do
canal fluvial para as margens neste
compartimento é gradual, não
havendo presença de barrancos ou
diques marginais.
ƒ As formas de relevo
ƒ Padrão: meandrante,
ƒ Superfícies pediplanadas predominantes são os terraços
localmente
(Espp): aplainamentos em aluviais, que se constituem em
anastomosado pela
retomada de erosão recente. formas de acumulação, com
presença de ilhas
topografia plana, disposta em faixas
ƒ Terraços fluviais (Atf):
adjacentes ao longo do rio, estas
terraços com depósitos ƒ Ordem: 6°
formas de relevo sofrem inundações
inconsolidados,
localizadas e pouco freqüentes, mas
apresentando lagoas em ƒ Controle estrutural:
o fato de serem áreas inteiramente
alguns trechos, podendo N – S, com ilhas
recobertas por depósitos aluvionares
estar pediplanados. aluviais orientadas
sugere uma maior extensão da
neste sentido
planície de inundação.
ƒ Em níveis altimétricos mais
elevados, os terraços fluviais cedem
lugar às superfícies pediplanadas,
formas do relevo aplainadas, com
domínio de declividades muito
baixas e presença da Formação
Barreiras.

Figura 46. Terraços fluviais com depósitos inconsolidados: UT Palheta – Jari.


100
ƒ Unidade de Terreno: Cajueiro – Pirajoara
Aspectos
Aspectos morfoestruturais do
estruturais da Dinâmica fluvial
relevo
drenagem
Canal principal ƒ Marca a transição onde a largura
do rio é bastante inferior àquela
ƒ Superfícies pediplanadas presente a jusante.
(Espp): aplainamentos em ƒ Padrão:
ƒ A passagem do canal fluvial para
retomada de erosão recente. meandrante, com
as margens ocorre ora de forma
meandros mais
ƒ Dissecação em colinas de gradual, ora em barrancos, os quais
fechados.
topo aplainado (dcta): se tornam mais altos no sentido
ƒ Ordem: 6°
superfícies aplainadas por vales montante.
ƒ Controle
pouco aprofundados. ƒ A presença de taludes
estrutural: N – S
estabilizados, indica zonas de erosão,
em antigos terraços.

Figura 47. Colinas de topo aplainado com vales pouco profundos: UT Cajueiro – Pirajoara.

b.2. Características específicas associadas à dinâmica do relevo


ƒ Unidade de Terreno: Carataua-Açu
◘ Escoamento superficial controlado por lineamentos da drenagem orientados segundo NE –
SW e NW – SE. Amplitudes altimétricas médias e declividades variadas, com ocorrência de
superfícies planas; densidade de drenagem média a baixa, e índice de rugosidade médio a
baixo.

101
◘ Vales abertos, com vertente côncava; associados aos processos erosivos e deposicionais
atuantes; com terraços fluviais amplos. Topos tabulares aplainados. Como ilustram as figuras
abaixo [P1 - SB 10 (a) e (b)]:

[P1 - SB 10 (a)]

[P1 - SB 10 (b)]

◘ Vales fechados, com vertentes convexas; associados a processos erosivos. Formados por
colinas de topo aplainado. Como ilustram as figuras abaixo [P2 - SB 09 (a) e (b)]:

[P2 - SB 09 (a)]

102
[P2 - SB 09 (b)]

◘ Topos tabulares, com vertentes convexas e côncavo - retilíneas; associados a vales


fechados e largos, com vertentes convexas e retilíneas. Como ilustram as figuras abaixo
(Perfil 1: [P2 - SB 10]; Perfil 2: [P1 - SB 12 (a) e (b)]):

Perfil 1: [P2 - SB 10]

Perfil 2: [P1 - SB 12 (a)]

103
Perfil 2: [P1 - SB 12 (b)]

ƒ Unidade de Terreno: Candiru-Açu


◘ Escoamento superficial controlado por lineamentos da drenagem orientados segundo NW
– SE, localmente ocorrem NE – SW, N – S e E – W. Amplitudes altimétricas médias e
declividades médias a baixas; densidade de drenagem média a alta, e índice de rugosidade
médio.
◘ Vales abertos, com vertente côncava; associados aos processos erosivos e deposicionais
atuantes; com terraços fluviais amplos. Topos tabulares aplainados. Como ilustram as figuras
abaixo [P1 - SB 07 (a) e (b)]:

[P1 - SB 07 (a)]

104
[P1 - SB 07 (b)]

◘ Vales fechados e largos, com vertentes convexas e retilíneas; formando entalhamentos


marcantes do talvegue em relevos tabulares, onde predominam processos erosivos. Como
ilustram as figuras abaixo [P2 - SB 08 (a) e (b)]:

[P2 - SB 08 (a)]

105
[P2 - SB 08 (b)]

ƒ Unidade de Terreno: Palheta - Jari


◘ Escoamento superficial controlado por lineamentos da drenagem orientados segundo NW
– SE, localmente ocorrem NE – SW, N – S e E – W. Amplitudes altimétricas médias e
declividades médias a baixas; densidade de drenagem média a alta, e índice de rugosidade
baixo.
◘ Vales abertos, com vertente côncava; associados aos processos deposicionais atuantes.
Predominando baixas declividades. Como ilustram as figuras abaixo [P1 - SB 04 (a) e (b)]:

[P1 - SB 04 (a)]

106
[P1 - SB 04 (b)]

◘ Vales abertos, com vertente côncava; com terraços fluviais bem definidos; e topos
tabulares aplainados. Como ilustra a figura abaixo [P1 - SB 25]:

[P1 - SB 25]

ƒ Unidade de Terreno: Cajueiro - Pirajoara


◘ Escoamento superficial é fracamente orientado segundo NW – SE e NE – SW.
Amplitudes altimétricas e declividades médias a baixas; densidade de drenagem média a alta,
e índice de rugosidade médio a baixo.
◘ Vales abertos e largos, com vertente côncava; associados com terraços fluviais amplos e
topos tabulares aplainados. Como ilustra a figura abaixo [P1 - SB 24 (a) e (c)]:

107
[P1 - SB 24 (a)]

◘ Vales fechados, com vertentes convexas; associados aos processos erosivos. Formados
por colinas de topo aplainado. Como ilustram as figuras abaixo [P2 - SB 24 (b) e (c)]:

[P2 - SB 24 (b)]

[P2 - SB 24 (c)]

108
4.3.1.4 Geologia e solos
A bacia do rio Capim apresenta seus aspectos geológicos e tectônicos totalmente
inter-relacionados a sua dinâmica hídrica. Basicamente são observados: o Grupo Itapecuru e
as formações Ipixuna e Barreiras, além das coberturas quaternárias finalizando a seqüência.
Em termos tectônicos a área entre Marabá e Paragominas é condicionada por feições
planares predominantemente E-W e NE-SW (COSTA & HASUI, 1997). Encontrando-se
inserida no contexto tectônico da Serra do Tiracambu, descrita por Soares Jr (2002) como
uma área que experimentou um soerguimento (alto estrutural) durante o evento tectônico que
originou as bacias sedimentares da região, Evento Sul-Atlantiano segundo Schobbenhaus &
Campos (1984), estando sua evolução intimamente ligada à formação de bacias (Figura 48).

Figura 48. Geologia regional da área da bacia do rio Capim e entorno.


109
Dentre os elementos indicadores dos condicionantes estruturais da bacia, destaca-se
sua forma em “L”, marcada por uma forte estrutura N-S e outra E-W, possivelmente
relacionadas à interação entre os eventos tectônicos responsáveis pelas principais feições de
entorno; Costa et al., (1996) e Costa & Hasui (1997) ainda consideram a influência dos
eventos neotectônicos do Terciário – Quaternário.
Na identificação das principais unidades geológicas da bacia foram empregadas as
informações das colunas estratigráficas elaboradas pelo RADAMBRASIL (1976) e pela
CPRM (2000), que apresentam uma proposta mais compatível com a metodologia que está
sendo desenvolvida (Tabela 7).

Tabela 7. Coluna estratigráfica adotada, modificada CPRM (2000).


Unidades crono-estratigráficas Unidades Ambiente
Potencial Mineral
Era Período Litoestratigráficas Deposicional
Depósitos Areia, argila e
Quaternário Sistema fluvial.
Aluvionares cascalho.
Sistema fluvial Cascalho, argila,
meandrante, areias e
Superior Formação Barreiras
leques aluviais e concreções
Cenozóico fluxos de detritos. lateríticas.
Terciário Sistema fluvial
meandrante,
Bauxita, caulim,
Inferior Formação Ipixuna leques aluviais e
areia e argila.
sedimentos
eólicos.
Sistema fluvial,
lagos-lagunas, Areia, argila,
Formação
Mesozóico Cretáceo Superior estuários e bauxita, caulim, e
Itapecurú
sedimentos cascalho.
eólicos.

As unidades observadas na bacia apresentam como características:


• Formação Itapecuru: aflorante principalmente no sul da bacia e em algumas porções
centrais. Depositada no fim do Cretáceo Inferior até o Cretáceo Superior é constituída
essencialmente de arenitos róseos e avermelhados, argilosos, finos a grosseiros. Segundo
Horbe e Costa (1999) são observados também arenitos argilosos caulínicos, conglomerados e
pelitos que sofreram lateritização a partir do início do Terciário, com desenvolvimento de
crosta alumino – ferruginosa a aluminosa.
• Formação Ipixuna: segundo Góes (1981) a Formação Ipixuna foi criada para designar um
conjunto litológico, essencialmente arenoso, rico em caulim, aflorante desde 60 km a sul de

110
São Miguel do Guamá (PA) até 31 km a norte de Imperatriz (MA). Corresponde a um
intervalo estratigráfico com cerca de 40 m de espessura, e inclui arenitos caulínicos, com
granulometrias finas a grossas, coloração branca a avermelhada clara, que ocorrem
intercalados a pelitos, argilitos e conglomerados (SANTOS JR & ROSSETTI, 2001). Esta
característica é responsável por se observar nesta unidade jazimentos de importância
econômica, de caulim ao longo do vale do rio Capim e bauxita no município de Paragominas.
• Formação Barreiras: ocorre na maior parte da bacia do rio Capim, constitui-se de
sedimentos clásticos mal selecionados que variam de siltitos a conglomerados, assentando-se
discordantemente, sobre camadas do Grupo Itapecurú (ROSSETI & TRUCKENBRODT,
1999). São observados sedimentos areno-argilosos, arenosos (em geral cauliníticos), argilo-
siltosos e conglomeráticos de cores variadas, com idade pliocênica a pleistocênica,
depositados em ambiente continental com sistema de leques aluviais e planícies fluviais e
lacustres.
• Depósitos aluvionares: dominam o vale principal da bacia e de alguns tributários,
representam faixas, principalmente em trechos descontínuos adjacentes ao curso inferior do
rio Capim e trechos contínuos em seu curso médio e superior, correspondem a depósitos
aluvionares quaternários constituídos por cascalhos, areias e argilas inconsolidadas. Na
unidade Palheta – Jari predominam os depósitos constituídos por cascalhos, areias e argilas
inconsolidadas, de idade quaternária, que ocupam as áreas de topografia plana presentes.
A ação dos diversos processos que produzem alteração do substrato rochoso e a
própria dinâmica de erosão, transporte e deposição da bacia do rio Capim geraram um perfil
de alteração responsável pela formação de coberturas de: Argissolo Vermelho Amarelo
Argilosa; Argissolo Vermelho Amarelo Média/Argilosa; Latossolo Amarelo Argilosa;
Latossolo Amarelo Média; Latossolo Amarelo Muito Argilosa; Latossolo Vermelho Amarelo
Argilosa; Neossolo Flúvico Indiscriminada; e Solos Glay.
As unidades observadas na bacia apresentam como características
(RADAMBRASIL, 1976; EMBRAPA, 1982; SILVA & CARVALHO; 1986):
• Latossolos Amarelos: principal cobertura da bacia, sua textura é bastante variável, podendo
ser desde arenosa até argilosa, sendo compatível com as formações geológicas locais.
• Latossolos Vermelho-Amarelos: sua textura é bastante variável, podendo ser desde arenosa
até muito argilosa.
111
• Solos Hidromórficos e Aluviais Indiscriminados: estão presentes em faixas estreitas ao
longo do rio Capim. Os Solos Hidromórficos são solos desenvolvidos a partir de sedimentos
aluviais holocênicos e típicos de áreas baixas e normalmente planas. Apresentam espessura
média, acumulação de matéria orgânica total ou parcialmente decomposta no horizonte
superficial e textura argilosa.

Figura 49. Sedimentos da Formação Itapecuru.

Figura 50. Feição erosiva nos sedimentos da Formação Ipixuna.

Figura 51. Arenito da Formação Ipixuna.


112
Figura 52. Sedimentos da Formação Barreiras.

Figura 53. Depósitos aluvionares.

Figura 54. Cobertura de latossolos.

Figura 55. Solo desenvolvido a partir de sedimentos aluviais com acumulação de matéria
orgânica e textura argilosa.

113
Em cada sub-bacia foram identificadas suas características geológicas e pedológicas,
considerando: os litotipos presentes, seu controle tectônico e os tipos de solos dominantes;
tendo como base a pesquisa bibliográfica feita - RADAMBRASIL (1976), Schobbenhaus e
Campos (1984), Góes (1981), Costa et al. (1996), Costa & Hasui (1997), Horbe e Costa
(1999), Rosseti e Truckenbrodt (1999), Santos Jr e Rossetti (2001), e Soares Jr (2002) - e as
atividades de campo (Tabela 8; Figuras 56 e 57).

Tabela 8. Caracterização das formações geológicas e cobertura de solos da bacia do rio


Capim.
Código 25 Ordem 3ª
Sub –
Ig. Porto Seguro Zona funcional Deposição
bacia
Eon/
Período Litotipo Tipos de solos
Era
Fanerozóico
/Cenozóico

Depósitos aluvionares - Sedimento Solos Glay


Quaternário
Aluvionar, Sedimento Detrito-Lateritico Latossolo Amarelo Média

04 Ordem 4ª
Ig. Caratateuá Zona funcional Deposição
Eon/
Período Litotipo Tipos de solos
Era
Depósitos aluvionares - Sedimento
Quaternário
Fanerozóico
Unidade de terreno Palheta – Jari

Aluvionar, Sedimento Detrito-Lateritico


/Cenozóico

Depósitos detríticos –
Latossolo Amarelo Media
Laterita, Sedimento Detrito-Lateritico
Terciário Formação Ipixuna - Arenito, Argilito,
Siltito
03 Ordem 3ª
Ig. Jauará Zona funcional Deposição
Eon/
Período Litotipo Tipos de solos
Era
Depósitos aluvionares - Sedimento
Quaternário
Fanerozóico

Aluvionar, Sedimento Detrito-Lateritico


/Cenozóico

Depósitos detríticos –
Latossolo Amarelo Média
Laterita, Sedimento Detrito-Lateritico
Terciário Formação Ipixuna - Arenito, Argilito,
Siltito
02 Ordem 4ª
Ig. Jari Zona funcional Deposição
Eon/
Período Litotipo Tipos de solos
Era
Depósitos aluvionares - Sedimento
Fanerozóico
/Cenozóico

Quaternário Latossolo Amarelo Média


Aluvionar, Sedimento Detrito-Lateritico
Neossolo Flúvico
Formação Barreiras - Arenito, Arenito Indiscriminada
Terciário
conglomerático, Argilito Arenoso

114
Tabela 8. Caracterização das formações geológicas e cobertura de solos da bacia do rio
Capim. (continuação)
01 Ordem 3ª
terreno Palheta –

Ig. Palheta Zona funcional Deposição


Unidade de

Eon/ Era Período Litotipo Tipos de solos


Jari

Depósitos aluvionares - Sedimento


Fanerozóico
/Cenozóico
Quaternário Solos Glay
Aluvionar, Sedimento Detrito-Lateritico Latossolo Amarelo Media
Formação Barreiras - Arenito, Arenito Neossolo Flúvico
Terciário Indiscriminada
conglomerático, Argilito Arenoso
Código 24 Ordem 4ª
Sub –
Ig. Pirajoara Zona funcional Transferência - deposição
bacia
Eon/ Era Período Litotipo Tipos de solos
Depósitos aluvionares - Sedimento
Fanerozóico

Quaternário
/Cenozóico

Aluvionar, Sedimento Detrito-Lateritico


Solos Glay
Formação Barreiras - Arenito, Arenito Latossolo Amarelo Média
Terciário
conglomerático, Argilito Arenoso
23 Ordem 4ª
Ig. São Mateus Zona funcional Transferência - Deposição
Eon/ Era Período Litotipo Tipos de solos
Depósitos aluvionares - Sedimento
Fanerozóico

Quaternário
/Cenozóico

Aluvionar, Sedimento Detrito-Lateritico


Formação Barreiras - Arenito, Arenito Latossolo Amarelo Média
conglomerático, Argilito Arenoso
Unidade de terreno Cajueiro – Pirajoara

Terciário
Formação Ipixuna - Arenito, Argilito, Siltito
22 Ordem 3ª
Ig. Maracaxi Zona funcional Transferência - Deposição
Eon/ Era Período Litotipo Tipos de solos
Formação Barreiras - Arenito, Arenito
/Cenozóico
Fanerozóic

conglomerático, Argilito Arenoso Latossolo Amarelo


Argilosa
o

Terciário
Formação Ipixuna - Arenito, Argilito, Siltito Latossolo Amarelo Média

21 Ordem 3ª
Ig. Cajueiro Zona funcional Transferência - Deposição
Eon/ Era Período Litotipo Tipos de solos
Depósitos aluvionares - Sedimento
Quaternário
Aluvionar, Sedimento Detrito-Lateritico Latossolo Amarelo
Fanerozóico
/Cenozóico

Depósitos detríticos – Argilosa


Laterita, Sedimento Detrito-Lateritico Neossolo Flúvico
Formação Barreiras - Arenito, Arenito Indiscriminada
Terciário
conglomerático, Argilito Arenoso Latossolo Amarelo Média
Formação Ipixuna - Arenito, Argilito, Siltito
20 Ordem 3ª
Ig. da Fz. Vargem Alegre Zona funcional Transferência - Deposição
Eon/ Era Período Litotipo Tipos de solos
Depósitos detríticos – Latossolo Amarelo
Laterita, Sedimento Detrito-Lateritico Argilosa
Formação Barreiras - Arenito, Arenito Neossolo Flúvico
Fanerozóico Terciário
conglomerático, Argilito Arenoso Indiscriminada
/Cenozóico
Formação Ipixuna - Arenito, Argilito, Siltito Latossolo Amarelo Média

115
Tabela 8. Caracterização das formações geológicas e cobertura de solos da bacia do rio
Capim. (continuação)
Código 08 Ordem 5ª
Sub –
Rio Candiru-Açu Zona funcional Transferência - Deposição
bacia
Eon/ Era Período Litotipo Tipos de solos
Depósitos detríticos –
Fanerozóico
/Cenozóico

Laterita, Sedimento Detrito-Lateritico Latossolo Amarelo Muito


Formação Barreiras - Arenito, Arenito Argilosa
Terciário conglomerático, Argilito Arenoso Latossolo Amarelo Media
Formação Ipixuna - Arenito, Argilito, Siltito
07 Ordem 4ª
Rio Candiru-Miri Zona funcional Transferência - Deposição
Eon/ Era Período Litotipo Tipos de solos
Depósitos aluvionares - Sedimento Aluvionar,
Quaternário
Unidade de terreno Candiru – Açu

Sedimento Detrito-Lateritico
Fanerozóico

Latossolo Amarelo Argilosa


/Cenozóico

Depósitos detríticos –
Laterita, Sedimento Detrito-Lateritico Latossolo Amarelo Media
Neossolo Flúvico
Formação Barreiras - Arenito, Arenito
Terciário Indiscriminada
conglomerático, Argilito Arenoso
Formação Ipixuna - Arenito, Argilito, Siltito
06 Ordem 3ª
Ig. Cipoteuá Zona funcional Transferência - Deposição
Eon/ Era Período Litotipo Tipos de solos
Depósitos aluvionares - Sedimento Aluvionar,
Quaternário
Fanerozóico
/Cenozóico

Sedimento Detrito-Lateritico
Depósitos detríticos – Latossolo Amarelo Argilosa
Laterita, Sedimento Detrito-Lateritico Latossolo Amarelo Média
Terciário
Formação Ipixuna - Arenito, Argilito, Siltito
05 Ordem 4ª
Ig. Jabuti Maior Zona funcional Transferência - Deposição
Eon/ Era Período Litotipo Tipos de solos
Formação Barreiras - Arenito, Arenito
Fanerozóico
/Cenozóico

conglomerático, Argilito Arenoso Latossolo Amarelo Argilosa


Terciário Latossolo Amarelo Média
Formação Ipixuna - Arenito, Argilito, Siltito

116
Tabela 8. Caracterização das formações geológicas e cobertura de solos da bacia do rio
Capim. (continuação)
Código 18 Ordem 1ª e 2°
Sub –
Bacias primárias Zona funcional Produção
bacia
Eon/ Era Período Litotipo Tipos de solos

Depósitos aluvionares - Sedimento Aluvionar,


Quaternário
Sedimento Detrito-Lateritico
Fanerozóico
/Cenozóico

Latossolo Amarelo
Formação Barreiras - Arenito, Arenito
Terciário Argilosa
conglomerático, Argilito Arenoso
Latossolo Amarelo Média
Formação Barreiras - Arenito, Arenito
Terciário
conglomerático, Argilito Arenoso
Unidade de terreno Carataua-Açu

19 Ordem 4ª
Ig. Carataua-Açu Zona funcional Produção
Eon/ Era Período Litotipo Tipos de solos
Depósitos aluvionares - Sedimento Aluvionar, Latossolo Amarelo
Quaternário
Sedimento Detrito-Lateritico Argilosa
Depósitos detríticos – Neossolo Flúvico
Fanerozóico Laterita, Sedimento Detrito-Lateritico Indiscriminada
/Cenozóico Terciário
Formação Ipixuna - Arenito, Argilito, Siltito Latossolo Amarelo Média
12 Ordem 3ª
Ig. Caetano Zona funcional Produção
Eon/ Era Período Litotipo Tipos de solos
Depósitos aluvionares - Sedimento Aluvionar,
Quaternário Latossolo Amarelo
Sedimento Detrito-Lateritico
Depósitos detríticos – Argilosa
Fanerozóico Laterita, Sedimento Detrito-Lateritico Latossolo Amarelo Muito
/Cenozóico Terciário Argilosa
Formação Ipixuna - Arenito, Argilito, Siltito
10 Ordem 3ª
Ig. Carrapatinho Zona funcional Produção
Eon/ Era Período Litotipo Tipos de solos
Depósitos aluvionares - Sedimento Aluvionar, Latossolo Amarelo
Quaternário
Fanerozóico

Sedimento Detrito-Lateritico Argilosa


/Cenozóico

Depósitos detríticos – Latossolo Amarelo Muito


Laterita, Sedimento Detrito-Lateritico Argilosa
Terciário Neossolo Flúvico
Formação Ipixuna - Arenito, Argilito, Siltito Indiscriminada
09 Ordem 3ª
Ig. Tracajá Zona funcional Produção
Eon/ Era Período Litotipo Tipos de solos
Depósitos aluvionares - Sedimento Aluvionar, Argilosa
Quaternário
Fanerozóico

Sedimento Detrito-Lateritico Latossolo Amarelo Muito


/Cenozóico

Depósitos detríticos – Argilosa


Laterita, Sedimento Detrito-Lateritico Latossolo Amarelo Média
Terciário Neossolo Flúvico
Formação Ipixuna - Arenito, Argilito, Siltito Indiscriminada

117
Tabela 8. Caracterização das formações geológicas e cobertura de solos da bacia do rio
Capim. (continuação)
Código 14 Ordem 3ª
Sub –
Ig. Itaquiteua Grande Zona funcional Produção
bacia
Eon/ Era Período Litotipo Tipos de solos
Depósitos detríticos –
Fanerozóico

Laterita, Sedimento Detrito-Lateritico Latossolo Amarelo Argilosa


Cenozóico
Terciário Formação Ipixuna - Arenito, Argilito, Latossolo Amarelo Media
Unidade de terreno Jamanxim - Itaquiteua Grande

Siltito Argissolo Vermelho


Formação Itapecurú - Arenito, Arenito Amarelo Media/Argilosa
Mesozóico Cretáceo
Arcoseano, Argilito, Folhelho, Siltito
13 Ordem 5ª
Rio Jamanxim Zona funcional Produção
Eon/ Era Período Litotipo Tipos de solos
Depósitos detríticos – Latossolo Amarelo Argilosa
Fanerozóico

Laterita, Sedimento Detrito-Lateritico Latossolo Amarelo Media


Cenozóico
Terciário Formação Ipixuna - Arenito, Argilito, Latossolo Amarelo Muito
Siltito Argilosa
Formação Itapecurú - Arenito, Arenito Argissolo Vermelho
Mesozóico Cretáceo Amarelo Média/Argilosa
Arcoseano, Argilito, Folhelho, Siltito
11 Ordem 5ª
Rio Potiritá Zona funcional Produção
Eon/ Era Período Litotipo Tipos de solos
Depósitos aluvionares - Sedimento
Quaternário Latossolo Amarelo Argilosa
Aluvionar, Sedimento Detrito-Lateritico
Latossolo Amarelo Muito
Depósitos detríticos –
Argilosa
Fanerozóico Laterita, Sedimento Detrito-Lateritico
Argissolo Vermelho
/Cenozóico Terciário Formação Ipixuna - Arenito, Argilito, Amarelo Média/Argilosa
Siltito
Código 17 Ordem 5ª
Sub –
Ig. Rio Verde Zona funcional Produção
bacia
Eon/ Era Período Litotipo Tipos de solos
Fanerozóico Formação Itapecuru - Arenito, Arenito
Cretáceo Latossolo Amarelo Argilosa
/Cenozóico Arcoseano, Argilito, Folhelho, Siltito
Unidade de terreno Ararandeua – Surubiju

16 Ordem 5ª
Rio Ararandeua Zona funcional Produção
Eon/ Era Período Litotipo Tipos de solos
Depósitos detríticos – Latossolo Amarelo Argilosa
Cenozóico Terciário
Fanerozóico

Laterita, Sedimento Detrito-Lateritico Latossolo Amarelo Média


Latossolo Amarelo Muito
Formação Itapecuru - Arenito, Arenito Argilosa
Mesozóico Cretáceo
Arcoseano, Argilito, Folhelho, Siltito Argissolo Vermelho
Amarelo Média/Argilosa
15 Ordem 5ª
Rio Surubiju Zona funcional Produção
Eon/ Era Período Litotipo Tipos de solos
Depósitos detríticos – Latossolo Amarelo Argilosa
Cenozóico Terciário
Fanerozóico

Laterita, Sedimento Detrito-Lateritico Latossolo Amarelo Média


Latossolo Amarelo Muito
Formação Itapecuru - Arenito, Arenito Argilosa
Mesozóico Cretáceo
Arcoseano, Argilito, Folhelho, Siltito Argissolo Vermelho
Amarelo Média/Argilosa

118
Figura 56. Unidades geológicas da bacia do rio Capim.

119
Figura 57. Cobertura de solos da bacia do rio Capim.
120
4.3.1.5 Hidrogeologia
A bacia do rio Capim encontra-se em sua maior parte inserida na Província
Hidrogeológica do Parnaíba (FGV, 1998; REBOUÇAS et al, 2001). (Figura 58)

.
Figura 58. Províncias Hidrogeológicas do Brasil (REBOUÇAS et al, 2001).

Os sistemas aqüíferos são encontrados em sedimentos mesozóicos (Itapecurú) e


Cenozóicos (Barreiras) sendo formados por arenitos ou areias finas sobre outras rochas. A
alternância de camadas permeáveis e menos permeáveis, com mergulhos dirigidos para
interior da bacia, condiciona a ocorrência de águas livres, sob pressão e artesianas.
O Aqüífero Itapecuru é constituído por arenitos, folhelhos e siltitos. Sua maior
extensão de ocorrência é sob a forma de livre a semi-confinada. Com vazões que variam de
3,2 a 25 m3/h. Apresenta grande área de recarga, com 204.979 km2. É utilizado na pecuária e

121
no abastecimento humano no interior dos estados do Pará, Maranhão e Piauí, e para
abastecimento doméstico na cidade de São Luís (SOUSA, 2000).
O sistema aqüífero Barreiras tem ampla distribuição na costa brasileira, aflorando de
forma descontínua desde a região Norte até a Sudeste. Constitui um aqüífero
predominantemente livre que ocupa uma área de 176.532 km2 (ANA, 2005). O sistema
aqüífero Barreiras tem grande participação no abastecimento de várias capitais brasileiras,
particularmente das capitais litorâneas nordestinas de São Luís, Belém, Fortaleza, Natal e
Maceió.
Os Aqüíferos Barreiras e Aluvial são formados por arenitos, argilas e areias.
Ocorrem, o primeiro aqüífero na porção setentrional dos estados do Pará, Piauí e Maranhão e
o segundo em áreas descontinuas nestes estados ANA (2005):

Figura 59. Principais aqüíferos do país (ANA, 2005).

122
A maior parte da água subterrânea da bacia do rio Capim vem das formações
cenozóicas; as vazões variam de 5 a 150m3/h. Os poços escavados em beira de rios são muito
freqüentes e fornecem vazões de 50 a 250m3/h. O conteúdo de ferro alcança algumas vezes
15mg/l, tornando as águas, muitas vezes, excessivamente corrosivas (AHIMOR, 2003).
Os aqüíferos são recarregados por meio dos inúmeros aluviões dos cursos da água
que drenam toda a região e dos 2000 mm médios de precipitação anual que são em parte
absorvidos por areais pleistocênicos existentes.
A pouca evaporação motivada pela elevada umidade do ar e a cobertura florestal
contribuem também para uma maior absorção das águas superficiais pelas rochas.
O aqüífero Itapecurú, que ocorre na porção sul da bacia, apresenta produtividade
média à fraca, tendo os poços vazões específicas entre 1 e 3 m3/h/m e a vazão entre 2,5 e
3,2m3/h, para rebaixamentos de 25m (AHIMOR, 2003; ANA, 2005).
Os aqüíferos Barreiras, Aluvial e o lençol freático ocorrem na maioria dos locais e
contribuem com a vazão das drenagens naturais e eventualmente sendo abastecido por estas.

Figura 60. Sistema de captação de água subterrânea na comunidade de Fortaleza.


123
Figura 61. Unidades hidrogeológicas da bacia do rio Capim.

124
4.3.1.6 Clima
Segundo a classificação de Köppen que considera as médias anuais de precipitação e
a presença de meses com precipitações inferiores a 60 mm, foram reconhecidos três subtipos
climáticos na bacia do rio Capim (GUIMARÃES et al, 2000; GUIMARÃES et al,2001;
OLIVEIRA et al, 2004; LIMA et al, 2005):
ƒ Subtipo Climático Af: denominado de Clima Tropical Chuvoso de Floresta, não apresenta
estação seca, sendo o valor do mês menos chuvoso igual ou superior a 60 mm. Na área são
identificadas duas subdivisões neste subtipo climático: Af2, com valores de precipitação
média anual variando de 2500 a 3000 mm; e Af3, caracterizado por valores médios anuais de
precipitação entre 2000 e 2500 mm.
ƒ Subtipo Climático Aw: denomina-se Clima de Savana, apresenta um inverno seco bem
definido, com ocorrência de meses com precipitação média inferior a 60 mm. Subdivide-se
em: Aw4, com valores entre 1500 e 2000; Aw5, apresenta valores que variam de 1000 a 1500
mm.
ƒ Subtipo Climático Am: denominado de Clima Tropical de Monção, este subtipo é
considerado intermediário entre o Af e Aw, apresentando uma estação seca moderada, com
ocorrência de no mínimo um mês, com valor de precipitação média inferior a 60 mm. Este
subtipo divide-se em: Am2, com valores entre 2500 e 3000 mm; Am3, com variações de 2000
a 2500.
De forma geral as temperaturas variam em torno de 26° C (média anual), com uma
umidade de 75 a 80% (média anual). Os meses mais chuvosos vão de fevereiro até
aproximadamente abril, enquanto que os menos chuvosos variam de agosto a outubro (Alto
rio Capim) ou de setembro a novembro (Baixo - Médio rio Capim). A precipitação varia de
1500 a 2000 mm ao ano (principalmente no Alto rio Capim); aumentando em direção a foz
onde passa a apresentar variações de 2000 a 2500 mm ao ano. Seu balanço hídrico mostra
uma deficiência de 500 a 300 mm (média anual) no Alto rio Capim, e de 300 a 100 mm no
Baixo - Médio rio Capim (média anual).
Desta forma, o Alto rio Capim se configura como a região de maior sensibilidade
com períodos mais longos de estiagem, podendo influir na quantidade de água que circula na
bacia (Tabela 9; Figuras 62, 63, 64 e 65).

125
Tabela 9. Informações climatológicas de cada sub-bacia componente da bacia do rio Capim.
Precipitação Meses menos Deficiência Classificação
Unidades de terreno Sub-bacia
(mm) chuvosos hídrica (mm) climática
Am3p
Bac. do Ig. Pirajoara 2000 – 2500 09 a 11 200 - 300
Am2p
Am2p
Bac. do Ig. São Mateus 2000 – 2500 09 a 11 200 - 300
Am3p
Cajueiro - Pirajoara Bac. do Ig. Maracaxi 2000 – 2500 09 a 11 200 - 300 Am2p
200 - 300 Am3p
Bac. do Ig. Cajueiro 2000 – 2500 09 a 11
300 - 400 Am2p
Bac. do Ig. da Fz. Vargem
2000 – 2500 09 a 11 300 - 400 Am3p
Alegre
08 a 10 Am4
Rio Surubiju 1500 – 2000 400 - 500
07 a 09 Aw4
< 1500 08 a 10 Am4
Ararandeua - Surubiju Rio Ararandeua 400 - 500 Aw4
1500 – 2000 07 a 09
Aw5
1500 – 2000 300 - 400 Am3p
Ig. Rio Verde 08 a 10
2000 – 2500 400 - 500 Am4
1500 – 2000 300 – 400 Am3p
Bac. do Ig. Itaquiteua Grande 08 a 10 Am4p
2000 – 2500 400 - 500
Aw4p
Jamanxim - Itaquiteua
300 - 400 Am4p
Grande Bac. do Rio Jamanxim 1500 – 2000 08 a 10
400 - 500 Aw4p
300 - 400 Am4p
Bac. do Rio Potiritá 1500 – 2000 08 a 10
400 - 500 Aw4p
1500 – 2000 09 a 11 Am3p
Bac. do Ig. Carataua Açu 300 - 400
2000 – 2500 08 a 10 Am4p
Bac. do Ig. Caetano 1500 – 2000 08 a 10 300 - 400 Am4p
09 a 11
Carataua-Açu Bac. do Ig. Carrapatinho 1500 – 2000 300 - 400 Am4p
08 a 10
1500 – 2000 09 a 11 Am4p
Bac. do Ig. Tracajá 300 - 400
2000 – 2500 08 a 10 Am3p
Bacias Primárias 2000 – 2500 08 a 10 300 - 400 Am3p
1500 – 2000 09 a 11 200 - 300 Am3p
Bac. do Rio Candiru - Açu
2000 – 2500 08 a 10 300 - 400 Am4p
1500 – 2000 200 - 300
Candiru-Açu Bac. do Rio Candiru Miri 09 a 11 Am3p
2000 – 2500 300 - 400
Bac. do Ig. Cipoteuá 2000 – 2500 09 a 11 200 - 300 Am3p
Bac. do Ig. Jabuti Maior 2000 – 2500 09 a 11 200 - 300 Am3p
< 100
Am3p
Bac. do Ig. Porto Seguro 2000 – 2500 09 a 11 100 - 200
200 - 300 Af3p
Bac. do Ig. Caratateuá 2000 – 2500 09 a 11 200 - 300 Am3p
Palheta - Jari Bac. do Ig. Jauará 2000 – 2500 09 a 11 200 - 300 Am3p
100 - 200 Am3p
Bac. do Ig. Jari 2000 – 2500 09 a 11
200 - 300 Af3p
100 - 200 Am3p
Bac. d Ig. do Palheta 2000 – 2500 09 a 11
200 - 300 Af3p

126
Figura 62. Classificação climática da bacia do rio Capim.
127
Figura 63. Deficiência hídrica na bacia do rio Capim.

128
Figura 64. Precipitação pluviométrica na bacia do rio Capim.
129
Figura 65. Períodos menos chuvosos na bacia do rio Capim.
130
4.3.1.7 Cobertura vegetal
De forma geral, predomina na bacia um forte grau de descaracterização da cobertura
vegetal, com modificação das composições florísticas e estruturais dos fragmentos
remanescentes, além do efeito de borda nos mesmos, resultante das intervenções antrópicas.
A fisionomia característica são florestas secundárias e campos, produtos da atividade
agropecuária local, incluindo as culturas de subsistência. É observada também a presença de
formações florestais aluviais em vários estágios de regeneração.
Ocorre o predomínio, em termos fitogeográficos, de vegetação influenciada pelos
fatores climáticos tropicais de elevadas temperaturas e de alta precipitação, bem distribuída
durante o ano (IBGE, 1992; MMA, 2002), associadas aos seguintes ambientes:
ƒ Aluvial – não varia topograficamente e apresenta sempre ambientes repetitivos nos terraços
aluviais dos cursos d’água; corresponde a formação ribeirinha que ocorre ao longo do rio
Capim e de seus principais afluentes, devido à exploração madeireira e outras ações
antrópicas, constantemente é encontrada formando campos abertos.
ƒ Terras Baixas – corresponde à altitude de 5 a 100 m, ocupa os terrenos quaternários da
bacia, tendo sofrido forte ação antrópica, principalmente por atividades agropecuárias.
ƒ Submontana – ocorre próxima às encostas e morros com cotas superiores aos 100 m; onde
se encontram alguns fragmentos de floresta primária.
No geral, tais composições de cobertura vegetal natural foram fortemente alteradas
pela ocupação humana, ou completamente ou no seu entorno; as principais formas resultantes
são: capoeiras, pastos, áreas cultivadas e áreas de desmatamento.
As várzeas, presentes em toda a extensão da bacia, merecem destaque por possuírem
composição variável em função das proximidades com o rio. Caracterizam-se por vegetação
de porte baixo, onde ocorrem espécies de gramíneas e arbustos, sujeitos à inundações
periódicas. Tais áreas sofrem com a dragagem de material (areia), permanência de áreas de
cultivo, pecuária e assentamentos. As sub-bacias consideradas como zonas de produção,
deveriam ter a cobertura vegetal melhor preservada da bacia, nestas, sua remoção ocasionará
em possíveis perdas de solo por erosão. O mesmo pode ser atribuído ao sistema aluvial e de
terras baixas que corre paralelamente ao curso principal do rio Capim e de seus afluentes, por
comporem matas ciliares, fundamentais para a retenção do processo intenso de erosão natural
do rio (Tabela 10; Figuras 67 a 72).
131
Tabela 10. Caracterização da cobertura vegetal na bacia do rio Capim.
Unidade de
Sub-bacia Ordem Descrição Zonas
terreno
Bac. do Ig. Sistema secundário de terras baixas, associado às áreas antropizadas.
4
Pirajoara Sistema secundário de terras baixas.
Bac. do Ig. São Sistema secundário de terras baixas, associado às áreas antropizadas.
4
Mateus Sistema secundário de terras baixas.
Bac. do Ig. Sistema secundário de terras baixas, associado às áreas antropizadas.
3
Maracaxi Sistema secundário de terras baixas.
Cajueiro - Sistema secundário de terras baixas, associado às áreas antropizadas. Transferência –
Pirajoara Sistema secundário com floresta densa. deposição
Bac. do Ig.
3
Cajueiro Sistema secundário de terras baixas.
Sistema secundário, associado à atividade madeireira e agropecuária.
Sistema secundário de terras baixas, associado às áreas antropizadas.
Bac. do Ig. da Sistema secundário com floresta densa.
Fz. Vargem 3
Alegre Sistema secundário de terras baixas.
Sistema secundário, associado à atividade madeireira e agropecuária.
Sistema secundário de terras baixas, associado às áreas antropizadas.
Rio Surubiju Sistema secundário associado a altitudes maiores que 100 m.
Sistema secundário com floresta densa.
5 Sistema secundário, associado à atividade madeireira e agropecuária,
caracterizado por fragmento de floresta aberta, associados com
Ararandeua - altitudes maiores que 100 m.
Rio Ararandeua Produção
Surubiju
Sistema secundário de terras baixas.
Sistema secundário, associado à atividade madeireira e agropecuária,
caracterizado por campos abertos.
Sistema secundário de terras baixas, associado com áreas
Ig. Rio Verde 5 antropizadas.
Sistema secundário com floresta densa.
Sistema secundário de terras baixas, associado com áreas
antropizadas.
Bac. do Ig. Sistema secundário com floresta densa.
3
Tracajá
Sistema secundário de terras baixas.
Sistema secundário, associado à atividade madeireira e agropecuária.
Sistema secundário de terras baixas, associado com áreas
antropizadas.
Bac. do Ig. Sistema secundário com floresta densa.
3
Carrapatinho Sistema secundário de terras baixas.
Sistema secundário, associado à atividade madeireira e agropecuária,
caracterizado por fragmento de floresta aberta.
Carataua- Sistema secundário de terras baixas, associado com áreas
Produção
Açu antropizadas.
Bac. do Ig. Sistema secundário com floresta densa.
4
Carataua-Açu Sistema secundário de terras baixas.
Sistema secundário, associado à atividade madeireira e agropecuária,
caracterizado por fragmento de floresta aberta.
Sistema secundário de terras baixas, associado com áreas
antropizadas.
Bac. do Ig. Sistema secundário com floresta densa.
3
Caetano Sistema secundário de terras baixas
Sistema secundário, associado à atividade madeireira e agropecuária,
caracterizado por fragmento de floresta aberta.
Bacias
1, 2 Sistema secundário de terras baixas.
Primárias

132
. Tabela 10. Caracterização da cobertura vegetal na bacia do rio Capim. (continuação)
Unidade de
Sub-bacia Ordem Descrição Zonas
terreno
Sistema secundário de terras baixas, associado com áreas
antropizadas.
Sistema secundário com floresta densa.
Bac. do Rio Potiritá 5 Sistema secundário de terras baixas.
Sistema secundário, associado à atividade madeireira e
agropecuária, caracterizado por fragmento de floresta aberta,
associados com altitudes maiores que 100 m.
Sistema secundário de terras baixas, associado com áreas
antropizadas.
Sistema secundário com floresta densa.
Jamanxim - Bac. do Rio
5 Sistema secundário de terras baixas.
Itaquiteua Jamanxim Produção
Grande Sistema secundário, associado à atividade madeireira e
agropecuária, caracterizado por fragmento de floresta aberta,
associados a altitudes maiores que 100 m.
Sistema secundário de terras baixas, associado com áreas
antropizadas.
Sistema secundário com floresta densa.
Bac. do Ig. Sistema secundário associado a altitudes maiores que 100 m.
3
Itaquiteua Grande Sistema secundário de terras baixas.
Sistema secundário, associado à atividade madeireira e
agropecuária, caracterizado por fragmento de floresta aberta,
associados a altitudes maiores que 100 m.
Sistema secundário de terras baixas, associado com áreas
antropizadas.
Sistema secundário com floresta densa.
Bac. do Rio Sistema secundário de terras baixas.
5 Sistema secundário, associado à atividade madeireira e
Candiru-Açu
agropecuária, caracterizado por fragmento de floresta aberta.
Sistema secundário, associado à atividade madeireira e
agropecuária, caracterizado por fragmento de floresta aberta,
associados a altitudes maiores que 100 m.
Sistema secundário de terras baixas, associado com áreas
antropizadas.
Sistema secundário com floresta densa.
Bac. do Rio Sistema secundário de terras baixas.
4 Sistema secundário, associado à atividade madeireira e
Candiru - Candiru Miri Transferência -
Açu agropecuária. deposição
Sistema secundário, associado a atividade madeireira e
agropecuária, caracterizado por fragmento de floresta aberta,
associados a altitudes maiores que 100 m.
Sistema secundário de terras baixas, associado com áreas
Bac. do Ig. antropizadas.
3
Cipoteuá
Sistema secundário de terras baixas.
Sistema secundário de terras baixas, associado com áreas
antropizadas.
Sistema secundário de terras baixas.
Bac. do Ig. Jabuti Sistema secundário, associado à atividade madeireira e
4
Maior agropecuária, caracterizado por campos abertos.
Sistema secundário, associado a atividade madeireira e
agropecuária, caracterizado por fragmento de floresta aberta,
associados a altitudes maiores que 100 m.
Bac. do Ig. Porto
3
Seguro
Bac. do Ig.
4
Palheta - Caratateuá Sistema secundário de terras baixas, associado com áreas
Bac. do Ig. Jauará 3 Deposição
Jari antropizadas.
Bac. do Ig. Jari 4
Bac. do Ig. do
3
Palheta

133
Figura 66. Caracterização da cobertura vegetal da bacia do rio Capim.
134
Figura 67. Área desmatada para aproveitamento agropecuário.

Figura 68.Área desmatada para aproveitamento madeireiro.

Figura 69. Área de mata ciliar


135
Figura 70. Área de floresta primária.

Figura 71. Área de campos abertos.

Figura 72. Desmatamento de encosta, gerando erosão e deslizamentos de massa.


136
4.3.2 Histórico do processo de ocupação
Na abordagem dos aspectos socioeconômicos da bacia será avaliado seu histórico de
ocupação até o presente, e suas principais conseqüências sobre os sistemas hídricos, assim
como a evolução do uso e ocupação do solo, conforme a seqüência que está sendo adotada
(Figura 73).

MÉTODO DE TRABALHO

DIAGNÓSTICO FORMULAÇÃO
BASE DE TENDÊNCIAS

Sistema de informações Análise do problema e


geográficas delimitação do sistema

Componentes Diagnóstico
estruturais do sistema

Histórico do Dinâmica atual


processo de ocupação de uso e ocupação

Potencial econômico da bacia


Importância da bacia no contexto do rio Capim
regional e estadual

Criação de animais
Processo de ocupação
Usos Atuais da Água
Produção agrícola
Desenvolvimento de 1960 à
atualidade
Extrativismo vegetal Planejamento da utilização do
potencial hídrico
Eixos de ocupação da bacia

Atividade Mineral

Evolução populacional

Figura 73. Etapa de avaliação das características socioeconômicas da bacia do rio Capim.

137
4.3.2.1 Importância da bacia no contexto regional e estadual
A configuração político – administrativa da bacia do rio Capim é representada por 7
municípios (São Domingos do Capim, Aurora do Pará, Ipixuna do Pará, Paragominas,
Goianésia do Pará, Dom Eliseu e Rondon do Pará) perfazendo 90,42% da bacia e 10
municípios localizados em suas bordas, totalizando 5,7% da mesma, o restante representa a
porção em território Maranhense (3,88%). Destes 7 municípios, 2 (Paragominas e DomEliseu)
apresentam sua sede fora da bacia e mais de 50% de seu território na bacia (Tabela 11).

Tabela 11. Configuração político-administrativa da bacia do rio Capim.


% do Total da % do
Área do Área do Sede Sede Borda
área do Total da
Municípios UF Município - Município na na Fora da da
Município na área da
Km2 Bacia - Km2 Bacia Bacia Bacia
bacia Bacia
Capitão Poço PA 2727.00 27.73 1.02 0.08 SIM SIM
São Domingos
PA 1691.90 1408.07 83.22 3.76 SIM
do Capim
Concórdia do
PA 710.70 10.19 1.43 0.03 SIM SIM
Pará
Nova
Esperança do PA 2889.70 15.72 0.54 0.04 SIM
Piriá
Mãe do Rio PA 471.10 57.71 12.25 0.16 SIM SIM
Aurora do
PA 1824.00 1777.39 97.44 4.74 SIM
Pará
Tome Açu PA 5179.20 180.11 3.48 0.50 SIM SIM
Ipixuna do
PA 5285.20 5029.79 95.17 13.42 SIM
Pará
Tailândia PA 4475.50 14.19 0.32 0.04 SIM SIM
Paragominas PA 19396.00 10415.37 53.70 27.78 SIM
Breu Branco PA 3989.00 99.55 2.50 0.28 SIM SIM
Ulianópolis PA 5103.60 1240.30 24.30 3.47 SIM SIM
Goianésia do
PA 6958.80 4524.98 65.03 12.07 SIM
Pará
Dom Eliseu PA 5297.40 3417.59 64.51 9.12 SIM
Rondon do
PA 8277.30 7320.06 88.44 19.53 SIM
Pará
Bom Jesus do
PA 2828.50 48.9742 1.73 0.14 SIM SIM
Tocantins
Abel
PA 616.90 22.704 3.68 0.06 SIM SIM
Figueiredo
Açailândia MA 6402.89 640.61 10.00 1.71 SIM
Cidelândia MA 1460.71 619.94 42.44 1.65 SIM
Vila Nova dos
MA 1189.98 194.14 16.31 0.52 SIM
Martírios

138
Na avaliação socioeconômica da bacia é importante ressaltar que:
• A bacia do rio Capim é uma bacia estadual, a bacia do rio Ararandeua que constitui uma de
suas cabeceiras, é federal, pois apresenta sua nascente no Maranhão (a Lei nº 9.433/97 só
considera rio federal o curso d´água que ultrapassa os limites de um estado).
• Serão priorizados os municípios com mais de 50% de seu território na bacia, pela
dificuldade em se considerar espacialmente as contribuições inferiores a este valor.
Os sistemas viários, incluindo estradas e hidrovias, destacam-se como as principais
vias de ocupação e ligação dos municípios componentes da bacia: a PA 257, PA 252, PA 256,
PA 150 e PA 222, todas aproximadamente leste-oeste; a BR 010, PA 140 e a PA 150, ambas
aproximadamente norte-sul; e a hidrovia do Capim, em fase de construção, integrando ao rio
Guamá no km 110, altura de sua confluência com este rio, deste ponto em diante continua ao
longo do rio Capim, passando pelo entroncamento deste rio com a PA 256 em Paragominas e
estendendo-se até a fazenda Tauary no km 554, totalizando 444 km (Figuras 74 e 75). A
importância desta bacia para o estado pode ser avaliada sobre dois pontos, que apesar de
complementares, são melhor entendidos individualmente:
1. Demanda e potencial hídrico:
• Com relação à navegação: o rio Capim tem sido navegado, desde épocas bem anteriores,
por pequenas embarcações para transportes de passageiros e para abastecimento das
populações dispersas ao longo do rio; juntamente a navegabilidade do rio Guamá (do qual é
afluente o rio Capim) garante o acesso direto a Belém e ao transporte marítimo, ressaltando
assim a vocação natural deste rio como hidrovia.
• Abastecimento humano, dessedentação de animais e lançamento de efluentes: representam
uma demanda significativa, uma vez que dos 7 municípios componentes, 5 apresentam sua
sede na bacia, todas localizadas em sua margem ou em seus tributários.
• Irrigação: as atividades agrícolas se encontram em expansão na região, em detrimento ao
retrocesso da atividade madeireira (Tabela 12).

139
Figura 74. Distribuição dos municípios na bacia do rio Capim.

140
Figura 75. Sistema viário da bacia do rio Capim.
141
2. Relevância econômica: o interesse comercial na bacia do Capim foi despertado pela
descoberta de ricas jazidas de caulim e de bauxita. No Pará estão contidas cerca de 53% das
reservas nacionais; no município de Ipixuna – PA, encontram-se 99% de toda reserva
paraense, correspondendo a 7% de toda reserva mundial. O caulim da região do médio Capim
começou a ser pesquisado em 1968 e, a partir daí, várias jazidas passaram a ser utilizadas pela
indústria cerâmica do Estado do Pará.
Algumas das principais jazidas encontram-se às margens do rio. As reservas totais de
caulim de toda a área da região do rio Capim foram estimadas em 590 milhões de toneladas,
das quais cerca de 237 milhões constituem a reserva medida (AHIMOR, 2003; SEPROD,
2006).

Tabela 12. Atividades econômicas predominantes em cada município da bacia do rio Capim.
Município Atividades
Aurora do Pará Agricultura, pecuária e extrativismo
Ipixuna do Pará Exploração de caulim, cultivo de mandioca extração de madeira
Paragominas Exploração agropecuária e extração e processamento de madeira
São Domingos do Capim Exploração da pecuária e agricultura de subsistência
Goianésia do Pará Agricultura, pecuária e extrativismo
Rondon do Pará Agricultura, pecuária e extrativismo
Dom Eliseu Agricultura, pecuária e extrativismo
Fonte: Projeto Executivo da Hidrovia do Capim. AHIMOR. 2003.

4.3.2.2 Processo de ocupação


Os fluxos migratórios tiveram um papel relevante na conformação do atual perfil
demográfico da bacia, sobretudo nos anos 70, destacando a região de Paragominas.
A Belém-Brasília foi idealizada juntamente com a capital do País nos anos 50. É o
marco mais visível da febre de asfalto que tomou conta do Brasil no governo de Juscelino
Kubitschek. Contribuiu no desenvolvimento e no povoamento da Amazônia, destacando o
trecho do nordeste do Pará. Facilitou assentamentos e até hoje escoa produção rural de várias
cidades do interior das regiões Norte e Centro Oeste.
Ressalta-se que as direções dos fluxos migratórios que balizaram o povoamento,
mostraram que o estado do Mato Grosso, seguido do Pará, na sua porção leste, foram aqueles
que mais atraíram migrantes entre 1991 e 1996, época de criação ou emancipação da maioria
dos municípios componentes da bacia. Tais municípios foram os que experimentaram nos

142
últimos anos o maior fluxo populacional, dada a abertura para novas oportunidades de
investimentos e ofertas de terras (Tabela 13).
Segundo Kempel et al (2001) o processo histórico de ocupação humana e
urbanização da Amazônia, não se deu linearmente, o contexto político e econômico ao longo
do tempo foram determinantes destas flutuações. Atualmente, a urbanização da região
encontra-se em fase de estruturação, caracterizando-se ainda como uma região de "fronteira",
onde a dinâmica das cidades ainda é muito intensa e estável, incluindo o surgimento de novos
assentamentos urbanos.

Tabela 13. Histórico do povoamento da bacia do rio Capim.


Período Condicionante Estrutura Urbana decorrente
Séc. XVII a Vilas nas várzeas do Amazonas e afluentes, nos sítios de
Missões e ibéricos
1850 maior densidade de população indígena.
1851 a 1891 Exploração da borracha Forma dendrítica da rede Proto-Urbana
1892 a 1912 Apogeu da borracha Estrutura Urbana Primaz - Belém
1913 a 1965 Declínio da borracha Estagnação local e primazia de Manaus
1966 a 1985 Intervenção do Estado Urbanização regional
1986 a 1990 Retração do Estado Desconcentração - padrão dos eixos fluvial/ viário
1991 a 1996 Diminuem migrações Macrozoneamento regional
Cidades ligadas ou não à rede urbana nacional
1997 a 2000 Descentralização do Estado
e/ou internacional.
Período de
% de
existência, Estimativa de
Ano de População incremento
Municípios tomando 2006 incremento
criação em 2000 populaciona
como referencia populacional (*)
l por ano (*)
(anos)
São Domingos do
1890 27411 116 242.575 0.885
Capim
Paragominas 1965 76095 41 2002.500 2.632
Rondon do Pará 1982 39856 24 1897.905 4.762
Dom Eliseu 1989 39428 17 2816.286 7.143
Aurora do Pará 1991 19654 15 1637.833 8.333
Ipixuna do Pará 1991 25135 15 2094.583 8.333
Goianésia do Pará 1991 22642 15 1886.833 8.333
(*) Esta estimativa é apenas referencial, pois as taxas de crescimento populacional não foram constantes, no decorrer do
tempo de existência destes municípios.
Fonte: IBGE (2000).

O padrão histórico observado mostrou a substituição do padrão dendrítico pelos


eixos viários, e a perda de importância dos grandes centros urbanos. Entre 1991 e 1996, os
processos de urbanização e desconcentração se acentuaram, com o surgimento de novos
municípios (Constituição de 1988) e com o crescimento da população em núcleos urbanos de

143
20.000 habitantes. Como resultado, obteve-se a concentração dos núcleos urbanos ao longo
dos eixos fluvial e viário, desenhando um macrozoneamento regional (BECKER, 1999).
Os municípios predominantes na composição do Baixo - Médio rio Capim são:
Ipixuna do Pará, Aurora do Pará e São Domingos do Capim. Enquanto que os predominantes
no Alto rio Capim são: Paragominas, Goianésia do Pará, Rondon do Pará e Dom Eliseu
(Figuras 76, 77 e 78).
Os trabalhos que remontam sua história são escassos e incompletos, pela falta de
detalhamento das informações. Para esta abordagem foram consultadas como fontes: Pará
(2003), Pará (2005); Ribeiro (1990); IDESP (1998); Trindade & Uhl (1998); Becker (1999);
IBGE (2000, 2004) e Kempel et al. (2001). Estas são resumidamente apresentadas abaixo:
ƒ Baixo - Médio rio Capim: São Domingos do Capim
O Município de São Domingos do Capim localiza-se na foz da bacia do Capim, com sua sede próxima a
desembocadura do rio. O rio Capim serve de limite natural com Paragominas, na porção sul do Município,
percorrendo-o no sentido sudeste-nordeste e, depois sul-norte, até a sede Municipal. O rio Guamá, por sua vez,
faz limite natural, ao norte, com o Município de São Miguel do Guamá. Citam-se ainda como limites ao leste,
Irituia e Mãe do Rio; ao sul, Rondon do Pará e a oeste, Moju, Tailândia, Tomé-Açu, Bujarú e Concórdia do
Pará.
Sua história está vinculada às incursões realizadas pelos portugueses ao interior do Estado, durante os
tempos da Colônia, utilizando, para tais empreendimentos, os cursos dos rios Guajará, Guamá e Capim. A
localização geográfica da sede, por se encontrar, precisamente, na confluência de rios navegáveis, favoreceu
uma intensa atividade econômica e comercial. Mas, o que resultava numa vantagem natural, também
provocava momentos de angústia para seus habitantes, considerando que, por achar-se cercada de terrenos
baixos, sua extensão territorial ficava diminuída, por efeito das enchentes e da própria erosão das suas escassas
terras altas.
Em 1943, com a nova divisão territorial do Estado, a área territorial desse município sofreu uma primeira
redução para aumentar o patrimônio jurisdicional de São Miguel do Guamá, e também para permitir o
nascimento de Bujarú, que, originalmente, era distrito de São Domingos do Capim, pela Lei nº 4.505, de 30 de
dezembro de 1943, igualmente, a denominação desse município passou a ser unicamente Capim, outorgando-
lhe tão somente como patrimônio o seu distrito-sede. Mais adiante, no ano de 1955, outra parte do seu território
foi desmembrada para possibilitar o surgimento do Município de Santana do Capim, fato que, em 1956, foi
anulado. Em 1965, desta vez, ocorreu um novo desmembramento para concretizar o nascimento do Município
de Paragominas.
Atualmente é um dos municípios do Pará com forte apelo turístico, marcado principalmente pelo fenômeno
da pororoca. Tendo estado nos atuais planos de Governo, com a viabilização da Hidrovia Guamá – Capim, que
corresponde a uma nova rota de escoamento do Estado além das vias terrestres já exploradas.

144
Figura 76. Sede municipal de São Domingos do Capim.

Figura 77. Sede municipal de Aurora do Pará.

Figura 78. Sede municipal de Ipixuna do Pará.

145
ƒ Baixo – Médio rio Capim: Aurora do Pará
O Município de Aurora do Pará localiza-se no baixo Capim, estando sua sede municipal nos limites da
bacia, limita-se ao norte com o Município de São Domingos do Capim; ao sul com o Município de Ipixuna do
Pará; a leste com os Municípios de Mãe do Rio e Capitão Poço; e a oeste Município de Tomé-Açu e São
Domingos do Capim. Foi desmembrado dos Municípios de Irituia e São Domingos do Capim. Em 26 de outubro
de 1990, a Prefeitura de Irituia através do Ofício nº 080/90, comunica que a área territorial que constituía
posse de vila Aurora passaria a pertencer efetivamente a São Domingos do Capim. A emancipação do
Município de Mãe do Rio foi um fator que acelerou decisivamente o desejo emancipacionista dos aurorienses, o
que se deu em conjunto com os outros 22 Municípios, em dezembro de 1991.

ƒ Baixo - Médio rio Capim: Ipixuna do Pará


Com sede municipal na bacia, faz limites com os municípios de Aurora do Pará (norte), Capitão Poço
(leste), Paragominas (leste e sul), Goianésia do Pará (sul), Tailândia e Tomé-Açu (oeste). Criado pela Lei de n°
5690, de 13 de dezembro de 1991, sancionada pelo governador Jader Barbalho, foi desmembrado do município
de São Domingos do Capim, ao qual pertencia.

ƒ Alto rio Capim: Paragominas


O rio Capim serve de limite entre Paragominas e São Domingos do Capim. Primeiro na direção Oeste-Leste,
depois, na direção Norte, até chegar ao paralelo de 3°, onde recebe o rio Candiru-Açu, seu último afluente da
margem direita dentro do município.
A serra do Tambaú representa um limite natural com São Domingos do Capim. O rio Uraiam banha a sede
do Município a Noroeste. A leste destaca-se o rio Gurupí, que separa o Pará do Maranhão. Na sua margem
esquerda, aparecem vários afluentes, que se localizam no município, tais como o Gurupizinho, o Uraim, o
Coaraci-Paraná, o Croantá e o Piriá. Em direção oposta, no sentido Oeste, está o rio urubijú, que limita o
Município com Rondon do Pará e recebe uma série de igarapés na sua margem direita, que pertencem a
Paragominas. A colonização do Município de Paragominas foi efetivada com camponeses pioneiros, que
chegaram à região, antes da construção da rodovia Belém-Brasília, no final da década de 50, seguidos pelas
primeiras companhias.
A proximidade da estrada Belém-Brasília provocou uma grande procura pela terra entre proprietários de
Minas Gerais e Espírito Santo, além de companhias de especulação de terras de São Paulo, ao mesmo tempo
em que camponeses penetravam em terras da região, com o objetivo de enfrentar a competição com os
“grileiros”, que emitiam títulos falsos e os asseguravam, através do uso da força. Houve uma rápida
concentração de propriedade, nesse clima de violência, e as tentativas de colonização fracassaram. O
Município obteve autonomia em 1965, durante o Governo de Jarbas Gonçalves Passarinho, com a Lei Nº 3.235,
de 4 de janeiro de 1965, formado com área desmembrada de parte do distrito de São Domingos do Capim e
parte do distrito de Camiranga, que pertencia ao Município de Vizeu. Sua denominação constitui a abreviação
do nome de três Estados: Pará, Goiás e Minas Gerais.

ƒ Alto rio Capim: Rondon do Pará


O município de Rondon do Pará compõe região de nascentes da bacia do rio Capim, tendo sua sede
municipal nos limites da bacia. Limita-se ao norte com os municípios de Moju, São Domingos do Capim e
Paragominas; a leste com Dom Elizeu e Maranhão; ao sul com Bom Jesus do Tocantins e Marabá; e a oeste
com Jacundá, Moju e Tucuruí. Criado através da Lei Nº 5.027, de 13 de maio de 1982, a sua instalação deu-se
a 2 de fevereiro de 1983, durante o governo de Jader Fontenelle Barbalho, com área desmembrada do
Município de São Domingos do Capim.

146
ƒ Alto rio Capim: Dom Eliseu
O Município de Dom Eliseu compõe região de nascentes da bacia do rio Capim. Pertencendo tanto a bacia
do Capim quanto a bacia do Gurupí (médio curso). O rio Gurupí serve de limite com o Estado do Maranhão.
Outro rio importante é rio Sarapeú, e seu afluente o córrego do Mutum, que se localizam na porção oeste do
Município e possuem direção sul-norte, separando Dom Eliseu de Rondon do Pará. A sede Municipal fica fora
da bacia do rio Capim. Limita-se ao norte com os Municípios de Paragominas e Ulianópolis; ao sul e a leste
com o Estado do Maranhão e com o Município de Rondon do Pará; e a oeste com os Municípios de Rondon do
Pará e Goianésia do Pará. A origem de Dom Eliseu está relacionada ao Município de Paragominas, pois Dom
Eliseu pertencia aquele Município, como povoado, com o nome de Felinto Muller, até que, em 14 de setembro
de 1983, foi elevado á categoria de distrito, com o nome de Dom Eliseu. Em 10 de maio de 1989, através da Lei
Nº 5.450, Dom Eliseu passou á condição de Município, sendo seu território desmembrado do município de
Paragominas.

ƒ Alto rio Capim: Goianésia do Pará


Localizado na porção sul da Bacia do rio Capim, representa a segunda maior extensão de suas nascentes,
após Rondon do Pará, com sede na bacia. Limita-se ao norte com os municípios de Ipixuna do Pará e
Paragominas; a leste com Rondon do Pará e Dom Eliseu; a oeste com Breu Branco e a sul com Jacundá. O
povoado que deu origem ao município de Goianésia do Pará começou a ser formado às margens da rodovia
PA-150. Mais tarde, a abertura da PA-263 atraiu vários imigrantes para a região em busca de trabalho. Os
conflitos pela posse de terra não demoraram a acontecer. Cedendo às pressões, o dono de uma fazenda da
redondeza acabou doando uma grande área para o assentamento das famílias dos trabalhadores. Em troca, fez
um pedido: que o local fosse chamado de Goianésia, nome da sua cidade natal em Goiás. Assim nasceu, em
dezembro de 1991, o município de Goianésia do Pará, pela Lei N° 5.686, de 13 de dezembro de 1991,
desmembrado dos municípios de Rondon do Pará, Jacundá, Moju e Tucuruí.

4.3.2.3 Desenvolvimento de 1960 à atualidade


O processo de ocupação na bacia do Capim seguiu o mesmo padrão observado no
restante da Região Amazônica. Até 1960 o crescimento urbano caracterizou-se como cidade
primaz, com a concentração da população e atividades em poucos núcleos, organizando-se
numa rede dendrítica, seguindo a geometria da rede fluvial. A partir de 1960 inicia-se o
processo de urbanização regional com a construção da rodovia Belém-Brasília e a política
territorial do Estado.
A urbanização Amazônica deste período não foi decorrente da expansão da fronteira
agrícola, como ocorreu no início do século na região centro-sul, foi decorrente das ações do
Estado para incorporar o país ao capitalismo moderno. Autores tais como Becker (1985,
1999), Gomes & Virgolino (1997), Machado (1995) e Buarque de Holanda (1992), reforçam
este argumento.
A intervenção estatal no povoamento com a conseqüente valorização das terras
amazônicas foi decisiva no período 1966/85. Dois elementos dessa intervenção merecem
147
destaque. O primeiro foi à subordinação dos projetos de colonização regional ao projeto mais
amplo de modernização institucional e econômica; e o segundo foi o uso de redes técnicas
modernas, com o objetivo de estimular e viabilizar a mobilização de capitais e de imigrantes
para as novas frentes de povoamento (MACHADO, 1995).
Porém, como avalia Ribeiro (1990) as políticas públicas regionais para a Amazônia
nunca refletiram na criação de uma sociedade economicamente estável e progressista, estando
sempre restritas a um ideário utilitarista e imediatista da exploração dos recursos naturais
regionais, quase sempre se traduzindo em degradação ambiental e ocupação populacional da
região. Ficando as possibilidades de reforma agrária, restritas, uma vez que a maioria das
terras Amazônicas, é pública, logo sujeitas à colonização e não a reforma.
Na primeira metade da década de 1980, ainda no governo militar, e especificamente
na Região Amazônica, novos municípios foram criados para atender a demanda reprimida da
década anterior, quando o sistema de povoamento havia produzido numerosas aglomerações
urbanas que não eram consideradas cidades, por não serem sedes municipais. Depois que a
Constituição Federal de 1988 retirou do governo federal e devolveu aos estados locais a
prerrogativa de conceder autonomia municipal, o aumento do número de municípios foi
explosivo: 138 no período 1980/1991 e 151 entre 1991 e 1996.
A comparação entre os dados relativos aos municípios criados no período 1980/91 e
no período 1991/1996 mostra que o aumento do número de municípios na década de 1990
está associado a um processo mais de “ruralização” do que de urbanização da população, no
sentido mais restrito de aumento da população residente urbana. Enquanto no primeiro
período (1980/91) os novos municípios somavam uma população mais urbana, que rural, ou
seja, a maior parte da população municipal estava concentrada nas cidades, nos municípios
criados mais recentemente a população rural é quase o dobro da população urbana.
Em Kempel et al (2001) é mostrada esta evolução, decorrente da série de incentivos
e da infra-estrutura projetados para a Região. O resultado mostra que a região nordeste do
estado (na qual se insere a Bacia do Capim), encontra-se na confluência de dois eixos: o
resultante da influência da foz do rio Amazonas com a capital do Estado e o definido no
sudeste do Estado, aproximadamente no sentido norte-sul, onde se destaca a influência do rio
Tocantins. Desta forma, a história de seus municípios irá refletir esta dependência dos grandes

148
centros e principalmente das vias de escoamento e fluxo de mercadorias e pessoas, tanto por
terra quanto pelos seus rios.
A colonização do município de Paragominas se acelerou no início da década de 70,
com a abertura da rodovia Belém-Brasília, que o atravessa de Norte a Sul. Como ocorreu em
quase toda a Amazônia, aproveitar os recursos naturais através da mineração e da exploração
da madeira e valorizar as áreas assim desmatadas com a criação de gado de corte foram os
dois principais motivos da colonização da região.
Desta forma, nos 25 últimos anos, muitos fazendeiros, pecuaristas e madeireiros,
originários principalmente do sudeste, se instalaram em Paragominas, e ocupam atualmente
cerca de 96% dos 14.338 km2 do município. A agricultura familiar que se encontra totalmente
inserida entre as fazendas, é formada por pequenos agricultores, que vieram de outras regiões
do país para Amazônia com objetivos de adquirir terra e assim melhorar as condições de vida.
Nos últimos anos, notaram-se várias migrações internas no Nordeste Paraense em
conseqüência do processo de reorganização da ocupação do espaço rural, confirmando a
característica de fronteira agrícola (GUIA et al, 1997).
Em 1988, 34% da cobertura vegetal de Paragominas estava alterada, como resultado
das principais atividades praticadas no seu domínio. Da sua área total, 1.600.000 hectares
estavam cobertos de floresta natural; 242.000 hectares eram florestas exploradas pela
atividade madeireira; 263.000 hectares estavam cobertos por capoeira; enquanto 352.000
hectares eram áreas abertas dedicadas à atividade agropecuária (TRINDADE & UHL, 1998).
Nas últimas décadas, 80% das terras de Paragominas têm sido controladas por
pecuaristas; os madeireiros possuem 16% do município e o restante pertence aos pequenos
agricultores. Os pecuaristas estão envolvidos com a atividade madeireira através da venda do
direito de exploração de suas florestas, ou ainda eles próprios realizam a exploração. Ao
mesmo tempo, os madeireiros estão comprando áreas de floresta para garantir um estoque
futuro de madeira (TRINDADE & UHL, 1998).
Berardo et al (1998) indicam que tem havido uma exaustão dos recursos naturais do
estado, exatamente no trecho ocidental, onde se encontra a bacia do Capim. Resultante da
concentração potencial de atividades econômicas, migração populacional e do potencial
natural da região (destacando o mineral).

149
Este processo gerou intensas mudanças das formas tradicionais de exploração
econômica, induzidas principalmente por uma agressiva política de transportes centrada no
rodoviarismo, reforçada pela política de incentivos fiscais; acompanhado pela expansão da
agropecuária e da exploração madeireira, consolidando de um lado, expressivas
transformações sócio-econômicas e espaciais e de outro, um modelo de exploração dos
recursos naturais altamente comprometedor da sustentabilidade ambiental e social do Estado.
Tal situação, somente poderá ser resolvida com um redirecionamento de políticas
públicas, que alterem o processo, histórico, de exploração dos recursos naturais que tem se
desenvolvido na região.

4.3.2.4 Eixos de ocupação da bacia


Sendo uma região de intenso fluxo de mercadorias e produtos, tanto pelos eixos
rodoviários como hidroviários, sua dinâmica é progressiva e desordenada, principalmente ao
longo destas vias, pela ação intensa do desmatamento, favorecendo a contaminação de cursos
d´água superficiais e a obstrução de nascentes.
A maioria dos núcleos formados, resulta de assentamentos urbanos em lugares
inadequados à habitação, localizados na periferia ou ainda no próprio centro urbano, no caso
das cidades, e com acesso difícil, no caso do interior. Deste fato, resulta um processo de
exclusão social pela expansão não planejada, não integrada na cidade inicial e não respeitosa
ao meio ambiente. A exclusão social representa um elemento de insustentabilidade forte,
podendo ser vista como uma característica da urbanização na Amazônia (SERRE, 2003).
O processo de formação dos municípios componentes da bacia do rio Capim, assim
como em diversos outros municípios Amazônicos, privilegiou ações com retorno em curto
prazo, esquecendo que, para o real desenvolvimento da região, seriam necessárias políticas de
médio a longo prazos. Desta forma, as condições de vida pioraram para a grande maioria da
população.
O caminho tecnológico pode constituir em uma solução, para reduzir os impactos
ambientais e reduzir a pressão de incorporação de novas áreas. Como isso exige pesados
investimentos, uma ação isolada pode significar em convite para a vinda de novos
contingentes migratórios anulando qualquer esforço nesse sentido.

150
O processo de ocupação, apesar dos atores participantes serem conflitantes, mostra
uma perfeita sintonia entre os diversos segmentos. Os ocupantes constituem uma garantia de
oferta de terra para os mais capitalizados; havendo um processo de substituição, quer seja
apoiada nos recursos naturais, nos incentivos econômicos ou na criação de novas alternativas.
Em termos de gestão dos recursos hídricos da bacia, estes devem se compatibilizar
ao potencial natural da mesma e resgatar, com projetos de recuperação e monitoramento, as
conseqüências produzidas ao longo dos últimos 15 anos na bacia, a fim de garantir seus usos
múltiplos, que é o fundamento principal da Política Nacional (Lei N° 9.433/1997) e Estadual
(Lei N° 6.381/2001).

4.3.2.5 Evolução populacional


O Baixo – Médio Capim sofreu um aumento populacional a partir de 1991, com a
emancipação de Aurora do Pará e Ipixuna do Pará, porém seus reflexos não acompanham os
investimentos nos setores de infra-estrutura, saneamento, empregos, e desenvolvimento social
(Figura 79).

80000

70000

60000 Ipixuna do Pará

50000
Habitantes

Aurora do Pará
40000

30000 São Domingos do


Capim
20000

10000

0
População 1991 População 1996 População 2000

São Domingos do Capim Aurora do Pará Ipixuna do Pará


População 1991 20876 12360 9290
População 1996 23916 15453 13930
População 2000 27405 19728 25138
Fonte: IBGE (2000)
Figura 79. O Baixo – Médio Capim: evolução populacional.

Desta forma Aurora do Pará e Ipixuna do Pará, tiveram seu início pautado em uma
forte dependência com São Domingos do Capim, e ao mesmo tempo, foram receptores de
151
todo fluxo migratório, ao longo da Belém – Brasília, criando uma formação sócio-econômica
heterogênea devida à multiplicidade de influência desde os dois processos de ocupação: da
colonização mais antiga, tradicional, hidroviária e a da recente pela expansão das vias
terrestres de acesso, possibilitando a maior interligação com os solos interioranos.
No Alto Capim, mesmo considerando Paragominas como o município mais antigo, e
Goianésia o mais recente, os municípios de Dom Eliseu e Rondon do Pará, foram os que mais
se destacaram em termos de crescimento populacional. Tendo sofrido grande influência dos
eixos viários que interligam o SE do Estado a capital Belém (Figura 80).

200000

180000

160000
Rondon do Pará
140000
Dom Eliseu (*)
Habitantes

120000

100000 Goianésia do Pará


80000
Paragominas (*)
60000

40000

20000

0
População 1991 População 1996 População 2000

Paragominas (*) Goianésia do Pará Dom Eliseu (*) Rondon do Pará


População 1991 59636 11039 24362 31156
População 1996 65931 20882 35981 35221
População 2000 76450 22685 39529 39870
(*) Sede municipal fora da bacia. Fonte: IBGE (2000)
Figura 80. O Alto Capim: evolução populacional.

Quanto às taxas de crescimento da população, nota-se que a variação no crescimento


da população nos períodos estudados aponta para o período 70/80 um grande afluxo de
pessoas para a região, principalmente devido a incentivo governamental para indução de
povoamento, porém este processo não é estanque e as atividades produtivas continuam
motivando no geral, seu aumento.
Em São Domingos do Capim, na década seguinte, observa-se o início da diminuição
da população, bastante significativa, que pode ser verificada até 2000, devido às migrações
internas e externas ao Estado e à emancipação de distritos deste município. No período de
1991 a 2000, acompanhando de certa forma as tendências demográficas brasileiras, o
152
crescimento populacional já não é tão significativo como na primeira e segunda décadas
sendo registrados menores índices em geral. Cabe destacar, as taxas de crescimento
populacional em Ipixuna do Pará, emancipado de São Domingos do Capim neste período.
O fluxo migratório existente na região é decorrente das transformações econômicas,
além disso, as peculiaridades das transformações no modo de produção promovem inserções
econômicas diferenciadas da população que se traduzem, por um lado, na incorporação de
novos valores sociais e culturais e, de outro, na permanência de hábitos e valores ligados à
cultura local. A população migrante varia entre 25% em Paragominas e 2,75% em São
Domingos do Capim, sendo que os migrantes residentes nestes municípios são provenientes
principalmente dos estados da Região Norte, em sua maioria do próprio estado do Pará,
seguido da região Nordeste (Figura 81).

Figura 81. Distribuição dos projetos de colonização e dos assentamentos na Amazônia Legal.
Os projetos de colonização englobam aqueles ao longo das rodovias Transamazônica e
Cuiabá-Santarém. A área destacada ( □ ) representa a de influência da bacia do rio Capim.
Fonte: Alencar et al (2004).
153
Pode-se notar, ainda, que há, nestes municípios, habitantes provenientes de outros
países, apesar de serem em número muito reduzido. A motivação para a migração da
população é à busca de empregos e melhores condições de vida, fato propiciado pelo
desenvolvimento de algumas atividades econômicas nestes municípios, tais como a
silvicultura e alternativas de produção agrícola.

4.3.3 Dinâmica atual de uso e ocupação


4.3.3.1 Potencial econômico da bacia do rio Capim
a. Criação de animais
A pecuária e demais criações de animais tem quase toda a produção (principalmente
bovina), enviada por via rodoviária ao sul do país, com um alto custo. Com a implantação da
Hidrovia Capim-Guamá, parte desta produção poderá ser deslocada em direção a Belém, por
via fluvial, para matadouros e frigoríficos, com posterior encaminhamento, com valor
agregado, para os centros de consumo nacionais ou de outros países. Além disso, o sal para
gado, insumos e fertilizantes agrícolas, bem como diversos produtos da agricultura regional
poderão ainda ser movimentados, através do rio Capim (AHIMOR, 2003).
Os valores indicados no último censo são significativos para o Estado,
principalmente na produção leiteira e bovina, nestes destacam-se no Baixo-Médio Capim,
Ipixuna do Pará; e no Alto Capim, Paragominas.
A o manejo inadequado de terras para criação de animais tem sido um dos grandes
problemas encontrados, principalmente pela não manutenção da mata ciliar e prática da
queimada para rápida retirada da vegetação. A Tabela 14 ilustra o crescimento da atividade de
criação de animais nos municípios componentes da bacia.
Com relação à expansão da criação de bovinos observa-se que até 1995 a situação
favorecia o Baixo – Médio Capim (BMC); em 1999 o Alto Capim (AC) passa a se destacar
sensivelmente como o maior produtor da bacia, principalmente com as contribuições de
Paragominas e Rondon do Pará, gerando fortes modificações naturais, pela abertura de novas
áreas destinadas ao pasto na região (Tabelas 15 e 16).

154
Tabela 14. Atividade de criação de animais nos municípios componentes da bacia do rio
Capim.
Total
Rebanhos São Total –
Aurora Ipixuna (Baixo - Goianésia Dom Rondon
(n° de Domingos Paragominas (Alto
do Pará do Pará Médio do Pará Eliseu do Pará
cabeças) do Capim Capim)
Capim)
Bovinos 11200 25400 64200 100800 495000 60000 61732 136144 752876
Porcos 7600 6400 6800 20800 8062 8000 2277 7420 25759
Aves 78300 52350 71700 202350 27590 88000 11591 34310 161491
Eqüinos 1200 1180 2400 4780 2800 2700 2415 4950 12865
Bubalinos 8 100 210 318 892 ----------- 143 265 1300
Asininos 100 125 250 475 179 60 402 1690 2331
Muares 390 250 900 1540 1680 850 471 2650 5651
Caprinos 180 320 355 855 2016 200 690 1620 4526
Ovinos 790 1990 1605 4385 2875 800 805 1990 6470
Aves: galinhas, codornas, galos, frangas, frangos e pintos.

200.000 São Domingos do Capim Aurora do Pará


Ipixuna do Pará Paragominas
Goianésia do Pará Dom Eliseu
rebanhos (n° de cabeças)

150.000
Rondon do Pará

100.000

50.000

0
bovinos porcos aves eqüinos bubalinos asininos muares caprinos ovinos

200.000
Total - BMC
rebanhos (n° de cabeças)

150.000 Total - AC

100.000

50.000

0
bovinos porcos aves eqüinos bubalinos asininos muares caprinos ovinos

Fonte: IBGE (2000).

155
Tabela 15. Atividade de criação de bovinos na bacia do rio Capim.
Municípios São Aurora Ipixuna Total Total Total
Goianésia Dom Rondon
Domingos do do Paragominas
do Pará Eliseu do Pará
do Capim Pará Pará
Ano Valor (ton) BMC AC Bacia

1995 Bovinos 33.351 21.100 37.100 70.451 450.000 40.050 75.150 181.918 40.050 110.501
1999 Bovinos 11.200 25.400 64.200 75.400 495.000 60.000 61.732 136.144 555.000 630.400
2003 Bovinos 15.984 61.810 97.882 61.810 400.877 75.800 124.910 292.290 768.967 830.777

Evolução da criação bovina de 1995 a 2003

900000
800000
700000 Baixo -Médio Capim
600000 Alto Capim
500000
ton

Bacia
400000
300000
200000
100000
0
1995 1999 2003 ano

Evolução da criação bovina de 1995 a 2003

São Domingos do Capim Aurora do Pará


600000 Ipixuna do Pará Paragominas
Goianésia do Pará Dom Eliseu
500000 Rondon do Pará

400000
ton

300000

200000

100000

0
1995 1999 2003 ano

Fonte: SEPROD/SECTAM (2006).

156
Tabela 16. Atividade de criação de bovinos na bacia do rio Capim: participação no percentual
total da criação, entre 1995 e 2003.
% de contribuição - criação bovina Baixo -Médio Capim Alto Capim Bacia
Ano Valor (ton) % Valor (ton) % Valor (ton)
1995 70451,00 63,76 40050,00 36,24 110501
1999 75400,00 11,96 555000,00 88,04 630400
2003 61810,00 7,44 768967,00 92,56 830777

Participação no percentual total da criação bovina de 1995 a


2003 na bacia
100
90 Baixo -Médio Capim
80 Alto Capim
70
60
%

50
40
30
20
10
0
1995 1999 2003 ano

Fonte: SEPROD/SECTAM (2006).

Figura 82. Área destinada à pecuária.

157
Segundo o Macro Zoneamento Econômico Ecológico do Estado do Pará (Lei nº
6.745, de 6 de maio de 2005) o eixo oriental do Estado está destinado à expansão das
atividades produtivas, dentre estas está à pecuária que ocupa extensas áreas. A bacia do rio
Capim apresenta os reflexos desta abertura, principalmente quando é observado o percentual
de áreas desmatadas e destinadas a pasto, formando uma extensa faixa que a atravessa de
forma N-S, indiscriminadamente a manutenção das micro-bacias locais.

b. Produção agrícola
A produção agrícola é diversificada, ressaltando a produção de grãos (arroz, milho,
soja) e de mandioca. São destacados os municípios de Aurora do Pará no Baixo – Médio
Capim e Dom Eliseu e Paragominas no Alto Capim (Figuras 83, 84 e 85).
Estes se diferenciam, enquanto Dom Eliseu e Paragominas apresentam uma produção
diversificada e aproximadamente equilibrada; em Aurora do Pará, a monocultura é forte,
principalmente entre as pequenas propriedades (Tabelas 17 e 18).

Tabela 17. Produção agrícola na bacia do rio Capim.


São Aurora Ipixuna
Valor em Total Goianésia Dom Rondon Total
Domingos do do Paragominas
mil reais BMC do Pará Eliseu do Pará AC
do Capim Pará Pará
Algodão - 2 - 2 - - - - 0
Amendoim - 65 - 65 - - - - 0
Arroz 28 882 170 1080 2495 588 3360 1800 8243
Feijão 214 689 1084 1987 194 24 113 18 349
Mandioca 2400 9360 4410 16170 634 420 1800 3840 6694
Milho 612 1555 1607 3774 5166 46 468 1750 7430
Soja - - - 0 235 14 - 249
Abacaxi - - - 0 38 18 456 202 714
Melancia 6 - - 6 12 - - 12
10000
São Domingos do Capim
Aurora do Pará
8000
Ipixuna do Pará
Valores em mil reais

Paragominas
6000
Goianésia do Pará
Dom Eliseu
4000
Rondon do Pará

2000

0
Algodão Amendoim Arroz Feijão Mandioca Milho Soja Abacaxi Melancia

Fonte: IBGE (2000).

158
Tabela 18. Produção agrícola na bacia do rio Capim: arroz e mandioca.
Municípios 1995 2000 2004 1995 2000 2004
Aurora do Para 1.080 810 585 4.400 6.090 4.320
Dom Eliseu 7.500 5.400 14.925 3.250 6.750 39.180
Produção Goianésia do Para 1.800 2.160 2.040 Produção 360 350 240
de arroz Ipixuna do Para 1.920 3.330 900 de milho 4.992 6.400 7.302
(ton) Paragominas 2.835 18.480 31.767 (ton) 2.688 46.200 60.450
Rondon do Para 960 12.750 7.700 720 4.000 11.406
São Domingos do Capim 108 108 65 3.280 1.995 2.185
Bacia - Total 16.203 43.038 57.982 19.690 71.785 125.083

Evolução da produção de Arroz (A) e Milho (M) na bacia de 1995 a


2004
140000
1995 - A 1995 - M 2000 - A 2000 - M
120000 2004 - A 2004 - M

100000

80000
ton

60000

40000

20000

0
Aurora do Pará Dom Eliseu Goianésia do Ipixuna do Paragominas Rondon do São Domingos Bacia
Pará Pará Pará do Capim

Quantidade de mandioca produzida na bacia do Rio Capim e principais


produtores

1.200.000 Rio Capim Ipixuna do Pará Aurora do Para


1.100.000
1.000.000
900.000
800.000
700.000
ton

600.000
500.000
400.000
300.000
200.000
100.000
0
1996 2000 2004

Fonte: SEPROD/SECTAM (2006).

159
Figura 83. Infra-estrutura para produção de grãos em Paragominas.

Figura 84. Área desmatada para o plantio.

Figura 85. Área sendo queimada para o roçado.


160
A soja, dentre estes, merece ser assinalada pelo seu crescimento em termos de
produção na região. Quando comparadas às produções em 2002 dos principais municípios
produtores de soja do Estado, observa-se o destaque de Paragominas e de Dom Eliseu, que
notadamente tiveram um crescimento significativo da produção, como apresentado abaixo.

ƒ Produção agrícola na bacia do rio Capim - soja.


Produção São Ipixuna Rondon
Municípios Total Dom Total Total
de soja Domingos Aurora do Goianésia do
Paragominas Eliseu
do Capim do Pará Pará do Pará Pará
Ano Valor (ton) BMC AC Bacia
1995 Soja 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1999 Soja 0 0 0 0 840 0 0 57 897 897
2003 Soja 0 0 0 0 8.640 0 4.125 0 12.765 12.765
Produção de soja
Paragominas Don Eliseu Paragominas Don Eliseu
Ano Ano Valor (ton) Valor (ton)
Valor (ton) Valor (ton)
1997 877 0 2001 754 0
1998 846 0 2002 3.326 360
1999 840 0 2003 8.640 4.125
2000 1.155 0 2004 9.777 6.600

Evolução da produção de soja na bacia de 1997 a 2004

12000

10000 Paragominas
Don Eliseu
8000
ton

6000

4000

2000

0
ano
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Fonte: SEPROD/SECTAM (2006).

c. Extrativismo vegetal
O extrativismo vegetal é um elemento historicamente modificador da paisagem, em
virtude de seu próprio processo de ocupação, que teve como um dos elementos de atração, a
exploração madeireira. Não se detendo em um retrospecto da situação, para esta análise,

161
empregaram-se os dados de 2000 e 2002 disponibilizados pelo IBGE, para avaliar em termos
de quantidade e valor agregado.
Estes mostram que a produção madeireira continua relativamente alta na região, mas
sofreu uma queda de 2000 para 2002. A ausência desta informação em Paragominas (retirada
de madeira em tora), não permite avaliar como esta queda se manifestou neste município.
Os dados são referentes apenas à produção de lenha, que passou de 16910 m3, em
2000, para cerca de 1000.000 m3, em 2002. Valores extremamente altos de produção são
também encontrados também para o carvão vegetal (Figuras 86, 87 e 88).

900,00
ANO - 2000
800,00
700,00 ANO - 2002
Madeira em tora (Ton)

600,00
500,00
400,00
300,00
200,00
100,00
0,00
São Domingos Aurora do Pará Ipixuna do Pará Paragominas Goianésia do Rondon do Pará Dom Eliseu
do Capim Pará

Figura 86. Produção de lenha nos municípios componentes da bacia do rio Capim.

Figura 87. Transporte da madeira pelo rio Capim.


162
(a)

(b)

(c)
Figura 88. Ações conseqüentes do extrativismo vegetal: (a) pátio de madeira; (b) carvoaria; e
(c) áreas de reflorestamento.
163
d. Atividade Mineral
A extração de material para construção civil (areia principalmente) é amplamente
realizada na bacia, de forma difusa e irregular, inclusive no leito do rio, as conseqüências são
a geração e o agravamento de feições erosivas. O caulim, nos Municípios de Irituia e São
Domingos do Capim, começou a ser pesquisado em 1968 (AHIMOR, 2003). A produção
destina-se, em parte, ao consumo nacional, nas indústrias de papel e borracha e, em parte, à
exportação para as referidas indústrias e para a indústria de fiberglass (fibra de vidro).
O caulim calcinado é utilizado como produto refratário e, finamente, granulado para
coating de papel especial. As reservas totais de caulim no Estado do Pará foram medidas em
mais de 300 milhões de toneladas, das quais a maior parte encontra-se na região do rio Capim.
Das jazidas são extraídas cerca de 600.000 toneladas por ano (SEPROD, 2006). A bauxita é
outro importante minério explorado na bacia do rio Capim, destacando-se a região de
Paragominas e em menor participação São Domingos do Capim (Tabela 19, Figuras 89 e 90).
Esta região concentra cerca de 500 milhões de toneladas, quase metade do potencial medido
do Estado (SEPROD, 2006).

Tabela 19. Produção mineral na bacia do rio Capim.


3 Ipixuna do
Produção em 10 ton São Domingos do Capim Aurora do Pará Paragominas
Pará
Bauxita 276.496 - - 983.094
Caulim - 816.451 -
Reservas - Caulim Medida (ton) Indicada (ton) Inferida (ton) Lavrável (ton) % do Estado - lavrável
PARÁ 307.481.094 319.091.186 263.500.656 290.214.784
Aurora do Pará 94.150 47.690 0,02
Ipixuna do Pará 84.116.774 58.227.820 145.182.728 66.802.774 23,02
São Domingos do Capim 222.822.927 260.497.216 117.895.928 222.822.927 76,78
Reservas - Bauxita Medida Indicada Inferida Lavrável % do Estado - lavrável
PARÁ 1.767.111.309 429.300.938 552.203.000 1.767.111.309
Paragominas 386.281.000 286.509.480 438.041.000 386.281.000 21,86
São Domingos do Capim 100.219.300 58.018.400 112.671.800 100.219.300 34,53
Reservas - Caulim - Lavrável Reservas - Bauxita - Lavrável

Aurora do Pará Ipixuna do Pará


Paragominas São Domingos do Capim
São Domingos do Capim

Fonte: DNPM – Anuário Mineral Brasileiro (2001, 2005).


164
(a)

(b)
Figura 89. Áreas de extração de material para construção civil, abertas de forma irregular:
(a)ativa; (b)abandonada.

165
Figura 90. Ocorrências minerais na bacia do rio Capim.
166
4.3.3.2 Usos Atuais da Água
Os usos múltiplos das águas na bacia do rio Capim são caracterizados por atender a
expansão da agricultura, os processos industriais de minério, as atividades produtivas, bem
como a população em geral.
Como usualmente ocorre em comunidades ribeirinhas a água nestes municípios é
utilizada como meio de transporte, tanto de passageiros como mercadorias; para incremento
de renda e alimentação, com a pesca; para lazer em áreas informais e formais; para
dessedentação de animais e para abastecimento doméstico, tanto em comunidades rurais como
urbanas. Nas áreas urbanas a água tem a função, além das acima citadas, de diluir os
efluentes, considerando que o tratamento de esgoto nestes municípios é muito reduzido.
As bacias dos rios Potiritá, Jacamim e Candiru-Açu, são as que mais concentram
núcleos de ocupação, sendo visível sua intervenção e alteração no sistema de drenagem da
bacia, seja com redução da área drenada, seja pelo assoreamento de canais e de nascentes
(Figura 91).
A hidrovia Guamá-Capim tem seu curso coincidindo exatamente com as sub-bacias
mais degradadas, devendo ter acoplado a si um plano de gestão de forma a não agravar a
situação, já que passará a constituir um eixo viário formado pela PA 140, Hidrovia e BR 010,
de forte atrativo populacional e de implementação do setor produtivo.
Desta forma, para garantir os usos múltiplos das águas, é necessário que o plano
diretor da bacia trate de forma diferenciada as diversas bacias afluentes, atendendo as
demandas locais, relevantes às economias municipais e ao balanço hídrico e a manutenção
dos sistemas ecológicos da bacia.

Figura 91. Lançamento de esgoto no Ig. Ipixuna em Ipixuna do Pará.


167
4.3.3.3 Planejamento da utilização do potencial hídrico
Considerando a bacia hidrográfica como unidade de referência e baseando-se apenas
nas formas de ocupação existentes, observa-se que a gestão territorial e hídrica na bacia do rio
Capim, apresentaram ao longo do tempo perfis distintos.
O objetivo do processo de ocupação ocorrido, foi exclusivamente institucional, de
forma alguma a questão hídrica se inseriu neste planejamento, tanto que, foi nítida a
influência das PA´s 140, 150 e 256 e da BR 010, sobre a ocupação da mesma.
Desta forma, a motivação econômica foi o atrativo principal, seja a pecuária, a
mineração, a extração madeireira ou a exploração mineral.
O exemplo da bacia do rio Capim faz perceber o caráter emergencial desta mudança
de postura e a elaboração de planos diretores orientativos ao processo de gestão. E que
programas de micro-bacias hidrográficas sejam adotados como alternativa para promoção do
gerenciamento integral de micro-bacias e como parte de um processo educacional
preparatório para a promoção de uma efetiva participação comunitária nos processos
decisórios e de negociação social característicos do modelo sistêmico de integração
participativa.
A ausência de planejamento integrado pode ser exemplificada pela falta de condução
estratégica, ao permitir a instalação de minerodutos na bacia, que poderiam ser perfeitamente
substituídos por um sistema que utilizasse a hidrovia como principal meio de transporte
utilizando os rios Capim e Guamá, ou um combinado rodovia-hidrovia minimizando os
impactos ambientais gerados com a implantação dos minerodutos (Figura 92).
O macro Zoneamento Ecológico Econômico do Estado do Pará (MZEE) contribui
apenas em parte para a gestão conjunta visando à manutenção da sustentabilidade hídrica da
bacia. O ponto positivo é que ele considerou as regiões hidrográficas como unidades de
referência. Porém, o principal obstáculo a ser discutido é o que conservar para a manutenção
da bacia, no principal eixo de produção econômica do Estado. A maior parte centro-ocidental
do Estado é dominada por unidades de preservação, conservação e terras indígenas; deixando
seu setor oriental, a partir da região hidrográfica Tocantins-Araguaia destinado à expansão do
setor produtivo principalmente da agricultura e da pecuária. Neste também, se localiza o pólo
mineral mais importante e de maior potencialidade de ampliação.

168
Figura 92. Traçado dos minerodutos que atraveçam a bacia do rio Capim (Fonte:
MINERODUTO – RIMA, 2003).
169
O direcionamento para o manejo das áreas de maior necessidade de preservação da
bacia ficaria para ser definido no detalhamento do MZEE, que é a médio e longo prazo;
deixando assim um forte ponto de vulnerabilidade que permite a expansão imediata de
determinados setores produtivos, em função tanto do atraso na implementação da política
estadual de recursos hídricos quanto na execução de seu ZEE.

(a)

(b)
Figura 93. Usos múltiplos: (a) travessia e navegação comercial; (b) lançamento de efluentes.

170
(a)

(b)

(c)
Figura 94. Usos múltiplos: (a) sinalização voltada à navegação; (b) turismo e lazer; (c)
abastecimento público.
171
4.4 ANÁLISE DO SISTEMA
4.4.1 Definição do questionamento condutor
O questionamento que conduzirá a análise do sistema para a obtenção dos objetivos
propostos é: Quais as variáveis que favorecem ou não a manutenção do sistema hídrico da
bacia do rio Capim? Ou seja, quais os atributos identificados durante o diagnóstico que mais
contribuem para a manutenção positiva do balanço hídrico da bacia, e quais os mais sensíveis
às mudanças que ocasionam redução de seu potencial. Para esta identificação foram
detectadas variáveis - chave, baseando-se no pressuposto da existência de um relacionamento
entre as variáveis do sistema.

MÉTODO DE TRABALHO

DIAGNÓSTICO ANÁLISE FORMULAÇÃO


BASE DO SISTEMA DE TENDÊNCIAS

Análise do problema e
delimitação do sistema
Definição do questionamento Estruturação matricial das
condutor informações Diagnóstico
do sistema
Quais as variáveis que Procedimentos de análise
favorecem ou não a
manutenção do sistema hídrico Análise
da bacia do rio Capim? estrutural

Definição da
dinâmica e evolução
Fatores climáticos Fatores do perfil de
alteração

Fatores do modelo de Fatores do regime


terreno hídrico
Matriz de correlação
Fatores da cobertura Fatores dos sistemas
vegetal produtivos

Fatores da ocupação Fatores do uso e gestão dos


territorial recursos hídricos

Figura 95. Fluxograma identificando os componentes da etapa de análise do sistema.

172
Considerando que o sistema se apresenta sob a forma de um conjunto de elementos
(variáveis) é possível identificar suas relações qualitativas, quantificáveis ou não, que o
caracterizem, por meio da designada análise estrutural.

4.4.2 Estruturação matricial das informações


Definido o questionamento principal é construída a base de informações que
alimentará a Matriz de Correlação. Esta é composta por três etapas:
ƒ Delimitação do Sistema – foram identificados dois sistemas de terreno, o Alto rio Capim e
o Baixo - Médio rio Capim; com seis unidades de terreno associadas (Tabela 20).
ƒ Determinação das variáveis chaves – divididas em dois grandes grupos: o natural e o
socioeconômico (Tabela 21). A escolha das variáveis-chaves é oriunda do diagnóstico. Neste
foram verificados quais fatores representam maior interferência direta na bacia, se
tendecialmente positivo (favorecem a disponibilidade hídrica - ↑) ou negativo (não favorecem
a disponibilidade hídrica - ↓).

Tabela 20. Delimitação do sistema avaliado.


Sub-bacia Sistemas de terreno Unidade de terreno
Ig. Palheta
Ig. Jari
Ig. Juruará Palheta – Jari
Ig. Caratateuá
Ig. Do Porto Seguro
Ig. da Fz. Vargem Alegre
Ig. Tracajá
Ig. Maracaxi Cajueiro - Pirajoara
Ig. São Mateus
Ig. Pirajoara Baixo – Médio rio Capim
Ig. Jabutí Maior
Ig. Cipoteuá
Candiru - Açu
Rio Candiru-Miri
Rio Candiru-Açu
Ig. Tracajá
Ig. Carrapatinho
Ig. Caetano Carataua-Açu
Bacias primárias
Ig. Carataua-Açu
Rio Potiritá
Rio Jamanxim Jamanxim - Itaquiteua Grande
Ig. Itaquiteua Grande
Alto rio Capim
Rio Surubiju
Rio Ararandeua Ararandeua - Surubiju
Ig. Rio Verde
173
As variáveis naturais foram analisadas por sub-bacia e as socioeconômicas e de
gestão hídrica por unidade de terreno; esta última justifica-se pela espacialidade da
informação, que em geral tem sua fonte de referência o município ou pontualmente (núcleos
urbanos). Por isso, para uniformizar a linguagem, a apresentação dos resultados, de cada
análise de grupo de variáveis, será no nível de unidade de terreno.

Tabela 21. Conjunto de variáveis envolvidas.


Fatores Variáveis chaves
1. Umidade – U
2. Temperatura – T
Climáticos 3. Classificação climática – Cc
4. Deficiência hídrica – Dfh
5. Precipitação pluviométrica – Prp
6. Geologia – G
Perfil de
7. Solos – S
alteração
8. Dinâmica do sistema – Ds
9. Geomorfologia – Gm
Modelo de 10. Amplitude altimétrica – H
Natural

terreno 11. Declividade – Dcv


12. Índice de rugosidade – Ir
13. Ordem da bacia – Ob
14. Densidade de drenagem – Dd
Regime 15. Densidade hidrográfica – Dh
hídrico 16. Quantidade de água superficial – Qsp
17. Quantidade de água subterrânea – Qsb
18. Qualidade da água – Qa
19. Tipologia – Cvt
Cobertura 20. Percentual de área sem cobertura vegetal – Pcv
vegetal 21. Grau de cobertura das matas ciliares e das nascentes –
Gmcn
22. Potencial mineral – Pm
23. Área de influência direta da hidrovia – Aidh
24. Agropecuária e Extrativismo vegetal – Apev
Sistemas 25. Agricultura irrigada – Ai
produtivos 26. Indústria – Id
27. Pesca – Pc
Socioeconômico

28. Navegação – Nv
29. Turismo e Lazer – Tl
30. Demografia – Dmg
Ocupação 31. Índice de desenvolvimento humano – Idh
territorial 32. Potencial de ocupação territorial – Pot
33. Infra - estrutura viária – Iev
34. Sistema de abastecimento de água – Sabas
Uso e gestão 35. Saneamento básico – Sb
dos recursos 36. Demanda por água – Da
hídricos 37. Sistema de informação em recursos hídricos – Sirh
38. Instrumentos de gestão de recursos hídricos – Igrh

174
ƒ Definições de pesos segundo o questionamento proposto – as variáveis foram analisadas
individualmente atribuindo-se pesos conforme sua capacidade de favorecer ou não a
manutenção do sistema hídrico da bacia (Tabela 22).

Tabela 22. Definições de pesos segundo o questionamento proposto.


Categoria Pesos Definição
Não favorecem a manutenção da bacia – hipóteses:
ƒ A utilização dos recursos hídricos é muito maior que a disponibilidade do
sistema, sem capacidade de recuperação;
ƒ A saída é muito maior que entrada de água no sistema, sem capacidade de
Não ou muito
1 recuperação;
pouco
ƒ A perda de água do sistema em quantidade e/ou qualidade ocorre de forma
significativa;
ƒ Geram redução da área de drenagem da bacia;
ƒ Implica em total ausência de gestão da bacia.
Trazem fortes restrições a manutenção da bacia – hipóteses:
ƒ A utilização dos recursos hídricos é maior que a disponibilidade do sistema, com
lenta capacidade de recuperação;
ƒ Implica em maior saída que entrada de água no sistema, com lenta capacidade
Pouco 2 de recuperação;
ƒ Contribuem para a perda de água do sistema em quantidade e/ou qualidade;
ƒ Dificultam a manutenção da bacia contribuindo para a redução de sua área de
drenagem;
ƒ Implica na parcial ausência de gestão da bacia.
Trazem restrições, porém são capazes de favorecer a manutenção da bacia – hipóteses:
ƒ A utilização dos recursos hídricos é menor que a disponibilidade do sistema,
porém tende a aumentar;
ƒ A saída de água no sistema é menor que a entrada, mas existem casos de
escassez;
Moderadamente 3 ƒ Não contribuem para a perda de água do sistema em quantidade e/ou qualidade,
havendo possibilidade disto ocorrer em função da modificação de um ou outro
fator;
ƒ Não dificultam a manutenção da área de drenagem da bacia, podendo no futuro
vir a contribuir para a sua redução;
ƒ Existe gestão na bacia, mas de limitada atuação.
São capazes de favorecer a manutenção da bacia, com algumas restrições – hipóteses:
ƒ A utilização dos recursos hídricos é menor que a disponibilidade do sistema, e a
tendência de aumentar é pequena;
ƒ A saída de água no sistema é menor que a entrada, com curtos períodos de
Altamente com
escassez;
algumas 4
ƒ Não contribuem para a perda de água do sistema em quantidade e/ou qualidade,
restrições
sendo pequena a possibilidade disto ocorrer;
ƒ Não dificultam a manutenção da área de drenagem da bacia, sendo limitados os
fatores que podem vir a contribuir para a sua redução;
ƒ Existe gestão na bacia, porém pouco efetiva.
São capazes de favorecer a manutenção da bacia, sem restrições – hipóteses:
ƒ A utilização dos recursos hídricos é muito menor que a disponibilidade do
sistema;
Significativamen
5 ƒ A saída de água no sistema é muito menor que a entrada;
te sem restrições
ƒ Não contribuem para a perda de água do sistema em quantidade e/ou qualidade;
ƒ Não dificultam a manutenção da área de drenagem da bacia;
ƒ Existe gestão na bacia atuante.
175
4.4.2.1 Procedimentos de análise
a. Fatores climáticos
Foram identificadas as principais classes por sub – bacia e definida sua relevância
para o balanço hídrico, se tendecialmente positivo (↑) ou negativo (↓) (Tabela 23).

Tabela 23. Pesos atribuídos as variáveis climáticas.


Precipitação Pluviométrica (mm) Classificação Climática Deficiência Hídrica (mm)
Classe Peso Classe Peso Classe Peso
< 1500 2 Aw4p 2 < 100 5
1500 – 2000 2 Aw5p 2 100 - 200 4
2000 – 2500 3 Am2p 3 200 - 300 3
2500 – 3000 4 Am3p 3 300 - 400 2
> 3000 5 Am4p 3 400 - 500 1
Umidade do ar (%) Af3p 4 Temperatura (°C)
Classe Peso Classe Peso
75 4 26 3
80 4

Como resultado obteve-se:


Jamanxim
Ararandeua Cajueiro - Candiru Carataua Palheta
Variáveis Unidades de terreno - Itaquiteua
- Surubiju Pirajorara - Açu - Açu - Jari
Grande
Umidade 4 4 4 4 4 4
Temperatura 3 3 3 3 3 3
Climáticos Classificação climática 2 3 3 3 3 3
Deficiência hídrica 1 3 2 2 2 3
Precipitação 2 3 2 2 2 3

A Figura 96 ilustra o resultado considerando as categorias da Tabela 22 e a média do


comportamento segundo as variáveis climáticas para a avaliação da disponibilidade hídrica da
bacia do rio Capim:
Jamanxim
Ararandeua Cajueiro - Candiru Carataua Palheta
Unidades de terreno - Itaquiteua
Variáveis - Surubiju Pirajorara - Açu - Açu - Jari
Grande
Média 2 3 3 3 3 3

b. Fatores de caracterização do perfil de alteração


Foram definidas as principais classes e identificada sua relevância, considerando as
categorias que favorecem: o escoamento superficial, o armazenamento de água subterrânea e
infiltração (↑); e as de maior vulnerabilidade à erosão (↓) (Tabela 24).

176
Figura 96. Disponibilidade hídrica da bacia do rio Capim segundo as variáveis climáticas.

Tabela 24. Pesos atribuídos as variáveis que caracterizam o perfil de alteração.


Geologia Solos
Classe Peso Classe Peso
Formação Itapecuru: arenito, arenito arcoseano,
3 Solos Glay 1
argilito, folhelho, siltito.
Formação Barreiras: arenito, arenito Argissolo Vermelho Amarelo
3 2
conglomerático, argilito arenoso. Argilosa
Depósitos detritícos: laterita, sedimento detrito - Latossolo Vermelho Amarelo
3 2
laterítico. Argilosa
Argissolo Vermelho Amarelo
Formação Ipixuna: arenito, argilito, siltito. 3 2
Media/Argilosa
Depósitos aluvionares: sedimento aluvionar, Latossolo Amarelo Muito
3 2
sedimento detrito - laterítico. Argilosa
Dinâmica do sistema Latossolo Amarelo Media 3
Classe Peso Neossolo Flúvico Indiscriminada 3
Deposição de sedimentos 2
Transporte e deposição de sedimentos 3
Produção de sedimentos 4

177
Como resultado obteve-se:
Jamanxim -
Cajueiro - Candiru - Carataua - Palheta -
Variáveis Unidades de terreno Ararandeua - Surubiju Itaquiteua
Pirajoara Açu Açu Jari
Grande
Geologia 3 3 3 3 3 3
Perfil de Solos 3 3 3 3 3 3
alteração
Dinâmica do
4 3 3 4 4 2
sistema

A Figura 97 ilustra o resultado considerando as categorias da Tabela 22 e a média do


comportamento segundo as variáveis que caracterizam o perfil de alteração para a avaliação
da disponibilidade hídrica da bacia do rio Capim:
Jamanxim
Ararandeua Cajueiro - Candiru Carataua Palheta
Unidades de terreno - Itaquiteua
Variáveis - Surubiju Pirajorara - Açu - Açu - Jari
Grande
Média 3 3 3 3 3 3

Figura 97. Disponibilidade hídrica da bacia do rio Capim segundo as variáveis que
caracterizam o perfil de alteração.
178
c. Fatores de caracterização do modelo de terreno
Foram definidas as principais classes e identificada sua relevância, considerando as
categorias que favorecem: o escoamento superficial e a infiltração (↑); o assoreamento e a
erosão (↓) (Tabela 25).

Tabela 25. Pesos atribuídos as variáveis que caracterizam o modelo de terreno.


Geomorfologia
Classe Peso
Vales abertos com terraços fluviais, associados com depósitos de materiais inconsolidados.
Colinas associadas a vales pouco aprofundados. 2
Colinas com topos tabulares associadas a vales pouco aprofundados.
Vales aplainados, interplanáticos apresentando em algumas áreas processos de retomada de
3
erosão.
Vales com entalhamento profundo de talvegue em relevos tabulares.
4
Vales estreitos e pouco profundos resultantes do entalhamento por drenagem.
Ir H (m) Dcv (°)
Classe Peso Classe Peso Classe Peso
< 0.01 1 < 30 1 < 10 1
0.01 - 0.02 2 30 - 60 2 10 - 40 2
0.02 - 0.03 3 60 - 90 3 40 - 45 3
0.03 - 0.04 4 90 - 120 4 45 - 50 4
> 0.04 5 > 120 5 > 50 5

Como resultado obteve-se:


Jamanxim
Ararandeua Cajueiro - Candiru Carataua Palheta
Variáveis Unidades de terreno - Itaquiteua
- Surubiju Pirajoara - Açu - Açu – Jari
Grande
Geomorfologia 3 3 4 3 3 4
H 4 3 3 3 4 2
Modelo de terreno
Dcv 4 3 3 3 3 2
Ir 5 3 4 4 4 3

A Figura 98 ilustra o resultado considerando as categorias da Tabela 22 e a média do


comportamento segundo as variáveis que caracterizam o modelo de terreno para a avaliação
da disponibilidade hídrica da bacia do rio Capim:
Jamanxim
Ararandeua Cajueiro - Candiru Carataua Palheta
Unidades de terreno - Itaquiteua
Variáveis - Surubiju Pirajorara - Açu - Açu - Jari
Grande
Média 4 3 4 3 4 3

179
Figura 98. Disponibilidade hídrica da bacia do rio Capim segundo as variáveis que
caracterizam o modelo de terreno.

d. Fatores de caracterização dos sistemas hídricos


Foram definidas as principais classes e identificada sua relevância, considerando as
categorias que favorecem: a densidade de canais, vazões significativas e a qualidade das
águas (Tabela 26).
Na avaliação da quantidade de água disponível na bacia foram utilizadas as séries
históricas de fluviometria e pluviometria, disponíveis.
As estações fluviométricas de referência foram: Badajós, Fazenda Maringá e Tauiri.
Sua distribuição na bacia é aproximadamente regular, com série histórica variando de 10 a 30
anos. Estas estações são de responsabilidade da Agência Nacional de Águas – ANA.

180
Como os dados de fluviometria empregados não permitem uma avaliação por
unidade de terreno (UT), nela se considera a bacia como um todo, avaliando-se as partes
componentes somente por meio da pluviometria.

Tabela 26. Pesos atribuídos as variáveis que caracterizam os sistemas hídricos.


Densidade Densidade de Quantidade de água
Ordem da bacia
hidrográfica drenagem superficial
Classe Peso Classe Peso Classe Peso < 200 m3/s 2
< 0.1 1 1° 1 < 0.2 1 200 – 600 m3/s 3
3
0.1 - 0.2 2 2° 2 0.2 - 0.3 2 > 600 m /s 4
0.2 - 0.3 3 3° 3 0.3 - 0.4 3
0.3 - 0.4 4 4° 4 0.4 - 0.5 4
> 0.4 5 5° 5 > 0.5 5
Qualidade das águas Peso Hidrogeologia Peso
As observações de campo mostram
contaminação local por esgotos domésticos,
Na maior parte da bacia
fluidos de óleos de embarcações, detritos de
predominam aqüíferos pouco
serrarias e fontes pontuais ligadas a
profundos, em sua maior extensão,
pequenos empreendimentos comerciais. Em
são diretamente recarregados pelas
todos os casos deve ser considerada a
precipitações pluviométricas. O
influência da maré. Com base na resolução
3 aqüífero Itapecuru, que predomina 3
CONAMA 357/2005, Art. 42, enquanto não
no sul da bacia, tem produtividade
aprovados os respectivos enquadramentos,
média, com vazão específica entre
as águas doces serão consideradas classe 2,
0,5 e 3 m3/h/m, e vazões variáveis
as salinas e salobras classe 1, exceto se as
entre 3,2 e 25 m3/h, para
condições de qualidade atuais forem
rebaixamento de 25 m.
melhores, o que determinará a aplicação da
classe mais rigorosa correspondente.

As informações pluviométricas e fluviométricas são resumidamente apresentadas a


seguir (Tabela 27; Figuras 99 e 100).

Tabela 27. Pluviometria por Unidade de Terreno – UT.


Série histórica
Pluviometria por UT Anos
(mm) Período
Palheta – Jari 2449,8 1975 - 2005 / 1982 - 2005 30
Cajueiro – Pirajoara 2396,8 1972 - 2005 33
Candiru – Açu 1971,8 1982 - 2005 23
Carataua-Açu 1989,8 1989 - 2005 / 1982 - 2005 23
Jamanxim – Itaquiteua Grande 1680,4 1982 - 2005 23
Ararandeua – Surubiju 1969,5 1980 - 2005 25

181
500
450
Palheta - Jarí
Cajueiro - Pirajorara
400
Candiru Açú
350
Carataua Açú
300 Jamanxim - Itaquiteua Grande
mm

250 Ararandeua - Surubijú


200
150
100
50
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Pluviometria - Série histórica - Média mensal


(a)

1200
31700000 (Badajós, 1971 - 2002)
1000 31680000 (Faz. Maringá, 1982 - 2003)
31650000 (Tauiri, 1977 - 1988)
800

600
m /s
3

400

200

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Fluviometria da bacia do rio Capim - Série histórica - Média mensal
(b)
Figura 99. (a) Pluviometria; e (b) Fluviometria na bacia do rio Capim.

Como resultado obteve-se:


Jamanxim -
Ararandeua - Cajueiro - Candiru Carataua Palheta
Variáveis Unidades de terreno Itaquiteua
Surubiju Pirajoara - Açu - Açu - Jari
Grande
Ordem dos canais 5 3 4 3 4 3

Sistemas Dd 3 4 4 3 3 5

hídricos Dr 1 2 3 2 1 2
Quantidade de água superficial 2 3 2 2 2 3
Quantidade de água subterrânea 3 3 3 3 3 3
Qualidade da água 3 3 3 3 3 3

182
Figura 100. Distribuições das estações pluviométricas e fluviométricas na bacia do rio Capim.

183
A Figura 101 ilustra o resultado considerando as categorias da Tabela 22 e a média
do comportamento segundo as variáveis que caracterizam o sistema hídrico, para a avaliação
da disponibilidade hídrica da bacia do rio Capim:
Jamanxim
Ararandeua Cajueiro - Candiru Carataua Palheta
Unidades de terreno - Itaquiteua
Variáveis - Surubiju Pirajorara - Açu - Açu - Jari
Grande
Média 3 3 3 3 3 3

Figura 101. Disponibilidade hídrica da bacia do rio Capim segundo as variáveis que
caracterizam os sistemas hídricos.

184
e. Fatores de caracterização da cobertura vegetal
Foram definidas as principais classes e identificada sua relevância, quanto à
ocorrência de cobertura vegetal, fundamental à preservação da bacia (Tabela 28).
Associado a este foi avaliado o percentual de área com ausência de cobertura vegetal,
representado pelos índices: Percentual de área sem cobertura vegetal (Pcv) e Grau de
cobertura das matas ciliares e das nascentes (Gmcn). O Pcv para cada sub-bacia foi definido
com base no percentual de área com manchas características de ausência de cobertura vegetal.
O método empregado foi dividir a área em quadrantes e calcular o percentual de manchas
presentes em cada quadrante, a figura abaixo mostra em todos os casos 50% de área coberta
(Figura 102).

Tabela 28. Pesos atribuídos as variáveis que caracterizam os sistemas vegetais.


Categorias de formações vegetais Peso
Campos abertos e sistemas secundários caracterizado por fragmentos
florestais, associados à atividade madeireira e agropecuária, 2
localizados em terras baixas ou em altitudes maiores que 100 m.
Sistema secundário com fragmentos florestais, localizados em terras
4
baixas ou associados a altitudes maiores que 100 m.
Sistema secundário, de influência fluvial; tipicamente herbáceas
4
aluviais e matas ciliares.

(a) (b)

(c) (d)
Figura 102. Divisão da área em quadrantes, para o cálculo do percentual de manchas
presentes.

185
O Gmcn tem por base a Lei 4.771/1965 e CONAMA 303/2002, que disciplinam o
uso dos recursos florestais, caracterizando as Áreas de Preservação Permanente (APP - poder
público proíbe ou restringe sua utilização por serem áreas consideradas importantes em
função de seus aspectos ecológicos) e as Áreas de Reserva Legal (ARL – onde o poder
público disciplina o uso da propriedade rural, reservando uma parcela desta onde o corte raso
não é permitido).
As APP´s identificadas na área correspondem às faixas ao longo dos rios ou de
qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será:
APP (m) Cursos d'água - largura (m)
30 < 10
50 10 – 50
100 50 – 200
200 200 – 600
500 > 600

Trabalhou-se com eqüidistâncias em torno do canal principal (buffers) de 1, 2 e 3


quilômetros. O intervalo de 1km, foi adotado, pois além da melhor visualização na escala
adotada, ele seria mais representativo para avaliar não somente a presença ou ausência de
mata ciliar, mas o grau de retirada da cobertura vegetal em torno dos canais.
Destaca-se da legislação, que as APP´s devem ser mantidas ao redor das lagoas,
lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais e nas nascentes; ambos com 50m de
largura. Suas funções seriam: atenuar a erosão das terras; fixar as dunas; formar faixas ao
longo de rodovias e ferrovias; auxiliar a defesa do território nacional; proteger sítios de
excepcional beleza ou de valor científico ou histórico; a asilar exemplares da fauna ou flora
ameaçados de extinção; manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; e
assegurar condições de bem-estar público.
O método empregado para avaliar a retirada da cobertura vegetal foi mesmo
empregado para o Pcv, com a diferença é que a observação era feita segundo as faixas de 1, 2
e 3 km, definidas.

186
Tabela 29. Pesos atribuídos as variáveis que caracterizam o Percentual de área sem cobertura
vegetal (Pcv) e o Grau de cobertura das matas ciliares e das nascentes (Gmcn).
Pcv (Percentual de área sem cobertura vegetal) Gmcn (Grau de cobertura das matas ciliares e das nascentes)
Classe (%) Peso Classe (%) Peso
< 10 5 < 10 1
10 – 20 4 10 – 20 2
20 – 30 3 20 – 30 3
30 – 40 2 30 – 40 4
> 40 1 > 40 5

Como resultado obteve-se:


Categorias de formações vegetais
Jamanxim -
Ararandeua - Cajueiro - Candiru - Carataua-
Itaquiteua Palheta – Jari
% da área total Surubiju Pirajoara Açu Açu
Grande
3 3 3 4 3 2
Percentual de área sem cobertura vegetal - Pcv
Jamanxim -
Ararandeua - Cajueiro - Candiru - Carataua-
Itaquiteua Palheta - Jari
% da área total Surubiju Pirajoara Açu Açu
Grande
2 4 2 3 3 4
Grau de cobertura das matas ciliares e das nascentes - Gmcn
Jamanxim -
Ararandeua - Cajueiro - Candiru - Carataua-
% da área total Itaquiteua Palheta - Jari
Surubiju Pirajoara Açu Açu
Grande
até 1 km - SC 2 3 3 3 3 4
1 a 2 km - SC 2 3 3 3 3 3
2 a 3 km - SC 2 3 2 2 2 2
> 3 km - SC 2 2 1 2 2 1

A Figura 103 ilustra o resultado considerando as categorias da Tabela 22 e a média


do comportamento segundo as variáveis que caracterizam a cobertura vegetal, para a
avaliação da disponibilidade hídrica da bacia do rio Capim:
Jamanxim
Ararandeua Cajueiro - Candiru Carataua Palheta
Unidades de terreno - Itaquiteua
Variáveis - Surubiju Pirajorara - Açu - Açu - Jari
Grande
Média 2 3 2 3 3 3

187
f. Fatores de caracterização dos sistemas produtivos
1) Potencial mineral: representa uma avaliação pontual dos locais onde estão ocorrendo
exploração mineral na bacia, e o potencial de dragagem do leito do rio, principalmente
de areia. Tendo sua forma de definição baseada, na localização dos pontos atuais e
futuros de extração mineral e o estabelecimento de eqüidistâncias em torno destes
(buffers) de 1, 2 e 3 km, avaliando sua proximidade com os cursos drenantes da bacia:
% de pontos de ocorrência de Pm
(Potencial mineral)
Classes Pesos
< 1 km 2
1 - 2km 3
2 - 3km 4
> 3km 5

Figura 103. Disponibilidade hídrica da bacia do rio Capim segundo as variáveis que
caracterizam a cobertura vegetal.
188
2) Área de influência direta da hidrovia: como a implantação da hidrovia Guamá –
Capim é um fator relevante à gestão dos recursos hídricos locais; é estabelecia uma
zona de eqüidistância (buffer) de 2 km, considerada como Área de Influencia Direta da
Hidrovia (AIDH):
AIDH (Área de influencia direta da hidrovia)
Classes Pesos
Dentro da faixa de 2 km 5
Fora da faixa de 2 km 1

3) Agricultura irrigada: não foram encontrados nem nos trabalhos de campo, nem no
referencial bibliográfico indícios de prática de agricultura irrigada de grande porte,
portanto consideraram-se apenas duas categorias:
Agricultura irrigada
Classes Pesos
Não é praticada 5
É praticada 1

4) Agropecuária e extrativismo vegetal: como não existem registros que caracterizem o


percentual de áreas destinadas a estas práticas na bacia; estas foram estimadas a partir
do percentual de solo exposto, avaliado em função sua proximidade com os cursos
drenantes da bacia, tomando como base o estabelecimento de eqüidistâncias (buffers)
em torno de 1, 2 e 3 km:
Percentual de áreas destinadas à agropecuária e extrativismo vegetal,
em uma faixa até 3 km de distância dos cursos drenantes da bacia.
Classe (%) Peso
< 10 5
10 – 20 4
20 – 30 3
30 – 40 2
> 40 1

5) Indústria: com base nos dados identificados na literatura e nos coletados em campo,
foram identificadas as áreas de maior atividade industrial (empresas mineradoras,
madeireiras), considerando também o entorno das sedes municipais. Estas foram
avaliadas em função de sua proximidade com os cursos drenantes da bacia, tomando
como base o estabelecimento de eqüidistâncias (buffers) em torno de 1, 2 e 3 km:

189
Percentual de concentração da atividade industrial, em uma faixa até 3
km de distância dos cursos drenantes da bacia.
Classe (%) Peso
< 10 5
10 – 20 4
20 – 30 3
30 – 40 2
> 40 1

6) Pesca: comunidades de pescadores como a de Vila de Canaã, que dependem


exclusivamente da pesca no rio Capim indicaram uma diminuição desses recursos,
atualmente, a busca é rio a cima, com a finalidade de pescar em áreas onde a
exploração ainda não é intensa, tendo a limitação da navegabilidade, pois a partir da
sub - bacia do rio Potiritá as condições de navegação ficam comprometidas pelo
estreitamento do curso do rio, ocorrência de bancos de areia e níveis rochosos. Outra
discussão levantada é sobre a pesca nos lagos formados pelos meandros do rio Capim,
algumas são autorizadas e outras não. Os trabalhos de campo identificaram que o rio
Capim contribui com uma significativa percentagem (não dimensionada) deste
produto, sendo sua produção pesqueira, em grande parte devida, à formação de lagos
periféricos por fechamento de antigos meandros que, sazonalmente, são alagados
durante a cheia do rio. A formação destes meandros se deve ao baixo declive do relevo
com processos predominantes de erosão lateral e acumulação. Desta forma, na
identificação de seu potencial pesqueiro, foram avaliadas as regiões onde ele é ou tem
perspectiva de ser desenvolvido e aquelas em que não é ou apresenta limitações:
Potencial da atividade pesqueira
Classes Pesos
Muito bem desenvolvido 5
Bem desenvolvido 4
Moderadamente desenvolvido 3
Pouco desenvolvido 2
Muito pouco desenvolvido 1

190
7) Navegação: o escoamento da produção dos municípios componentes da bacia do rio
Capim é feito por rodovias e pelos rios, estes últimos considerados como vias
tradicionais na região. A navegação do rio Capim é utilizada como apoio às atividades
agrícolas e pecuárias, tendo em vista a grande quantidade de fazendas dedicadas à
criação bovina; seu histórico indica que desde épocas bem anteriores já era
amplamente utilizado como via de transporte, por pequenas embarcações para
transportes de passageiros e para abastecimento das populações dispersas ao longo do
rio. Desta forma, na identificação de seu potencial à navegação, foram avaliadas as
regiões onde ela é ou tem perspectiva de ser desenvolvida e aquelas em que não é ou
apresenta limitações:
Potencial à navegação
Classes Pesos
Muito bem desenvolvido 5
Bem desenvolvido 4
Moderadamente desenvolvido 3
Pouco desenvolvido 2
Muito pouco desenvolvido 1

8) Turismo e Lazer: as atividades de lazer são desenvolvidas em espaços fechados na


área urbana e, na área rural, estão ligadas ao uso informal de locais próximos aos rios,
onde se desenvolvem a pesca e outras formas de lazer como festas religiosas e cívicas.
O turismo em geral é histórico ou ecológico, destacando pólos como São Domingos
do Capim e as festividades rurais de Paragominas:
Potencial das atividades de turismo e lazer
Classes Pesos
Muito bem desenvolvido 5
Bem desenvolvido 4
Moderadamente desenvolvido 3
Pouco desenvolvido 2
Muito pouco desenvolvido 1

191
Como resultado obteve-se:
Potencial mineral
% de pontos de Ararandeua - Cajueiro - Candiru - Carataua- Jamanxim -
Palheta - Jari
ocorrência Surubiju Pirajoara Açu Açu Itaquiteua Grande
< 1 km 2 2 - - - 2
1 - 2km - - 3 - 3 -
2 - 3km - - - - 5 -
> 3km 5 - - - 5 -
Hidrovia
Ararandeua - Cajueiro - Candiru - Carataua- Jamanxim -
Influência do traçado da Palheta - Jari
Surubiju Pirajoara Açu Açu Itaquiteua Grande
hidrovia
1 5 5 5 1 5
Agropecuário e extrativismo vegetal
% de áreas destinadas em
uma faixa até 3 km de Ararandeua - Cajueiro - Candiru - Carataua- Jamanxim -
Palheta - Jari
distancia dos cursos Surubiju Pirajoara Açu Açu Itaquiteua Grande
drenantes da bacia.
até 1 km - SE 2 3 1 3 1 2
1 a 2 km - SE 3 3 3 3 3 2
2 a 3 km - SE 4 3 4 3 4 3
> 3km 4 3 5 4 4 4
Agricultura irrigada
Ararandeua - Cajueiro - Candiru - Carataua- Jamanxim -
% de atividade Palheta - Jari
Surubiju Pirajoara Açu Açu Itaquiteua Grande
desenvolvida
5 5 5 5 5 5
Indústria
% de áreas em uma faixa Ararandeua - Cajueiro - Candiru - Carataua- Jamanxim -
Palheta - Jari
até 3 km de distancia dos Surubiju Pirajoara Açu Açu Itaquiteua Grande
cursos da bacia. 3 4 4 5 3 5
Pesca
Ararandeua - Cajueiro - Candiru - Carataua- Jamanxim -
Área de abrangência Palheta - Jari
Surubiju Pirajoara Açu Açu Itaquiteua Grande
4 3 2 4 4 2
Navegação
Ararandeua - Cajueiro - Candiru - Carataua- Jamanxim -
Área de abrangência Palheta - Jari
Surubiju Pirajoara Açu Açu Itaquiteua Grande
4 3 2 4 4 2
Turismo e Lazer
Ararandeua - Cajueiro - Candiru - Carataua- Jamanxim -
Potencial Palheta - Jari
Surubiju Pirajoara Açu Açu Itaquiteua Grande
3 3 4 4 3 2

A Figura 104 ilustra o resultado considerando as categorias da Tabela 22 e a média


do comportamento segundo as variáveis que caracterizam os sistemas produtivos locais, para
a avaliação da disponibilidade hídrica da bacia do rio Capim:
Jamanxim
Ararandeua Cajueiro - Candiru Carataua Palheta
Unidades de terreno - Itaquiteua
Variáveis - Surubiju Pirajorara - Açu - Açu - Jari
Grande
Média 3 4 4 4 3 3

192
Figura 104. Disponibilidade hídrica da bacia do rio Capim segundo as variáveis que
caracterizam os sistemas produtivos locais.

g. Fatores de caracterização da ocupação territorial


1) Demografia: quantificar valores de demografia utilizando a bacia hidrográfica como
unidade de referência, acaba tendo como resultado um valor estimado, pela
dificuldade em identificar quantas pessoas exatas moram e atuam no limite da bacia.
Por isso, empregou-se uma relação espacial com a área do município contido na bacia
e a possível representatividade de sua população, considerando a presença ou não da
sede municipal em seus limites:

193
Percentual total da população residente na bacia, pela área
de cada município componente.
Classes (%) Pesos
<5 5
5 – 10 4
10 – 15 3
15 – 20 2
>20 1

2) Índice de desenvolvimento humano: este índice foi usado com a finalidade de associar,
mesmo indiretamente, as condições de sustentabilidade social a hídrica. Quanto
menores os problemas de degradação social, também serão menores seus efeitos sobre
os sistemas hídricos locais. Para considerar o IDH usou-se de uma extrapolação, assim
para a bacia foram considerados os valores de seus municípios componentes na forma
de uma média, resultando assim em uma avaliação aproximada:
IDH
Classes Pesos
<=0.2 1
02 - 0.4 2
0.4 - 0.6 3
0.6 - 0.8 4
>0.8 5

3) Potencial de ocupação territorial: indica a distribuição espacial da ocupação na bacia.


Tendo sua metodologia de definição, com a localização espacial destes com o
estabelecimento de eqüidistâncias (buffers) de 1, 2 e 3 km, avaliando sua proximidade
com os cursos drenantes da bacia:
Concentração da ocupação territorial ( portos, aeroportos, cidades,
povoados e vilas), em uma faixa até 3 km de distancia dos cursos
drenantes da bacia.
Classe (%) Peso
< 10 5
10 – 20 4
20 – 30 3
> 30 2

4) Infra - estrutura viária: nesta avaliação foi estabelecia uma zona de eqüidistância
(buffers) de 1, 2 e 3 km, em torno das principais vias de acesso e avaliada sua
influência sobre a rede de drenagem local:

194
Influência do sistema viário sobre a rede de drenagem
Classes Pesos
< 1 km 2
1 - 2km 3
2 - 3km 4
> 3km 5

Como resultado obteve-se:


Demografia
Ararandeua - Cajueiro - Candiru - Carataua- Jamanxim - Palheta -
Surubiju Pirajoara Açu Açu Itaquiteua Grande Jari
São Domingos do Capim - 5 - - - 4
Aurora do Pará - 5 5 - - 5
Ipixuna do Pará 5 5 4 4 5 -
Paragominas 5 5 5 5 3 -
Goianésia do Pará 4 - - - - -
Dom Eliseu 3 - - - - -
Rondon do Pará 2 - - - - -
Potencial de ocupação territorial - Pot
Concentração da ocupação Ararandeua - Cajueiro - Candiru - Carataua- Jamanxim - Palheta -
territorial Surubiju Pirajoara Açu Açu Itaquiteua Grande Jari
< 1 km 1 3 1 2 1 1
1 - 2km 4 2 4 3 3 3
2 - 3km 4 4 3 4 4 5
> 3km 3 3 5 4 4 4
Infra - estrutura
Influência do sistema viário Ararandeua - Cajueiro - Candiru - Carataua- Jamanxim - Palheta -
sobre a rede de drenagem Surubiju Pirajoara Açu Açu Itaquiteua Grande Jari
até 1km 2 2 3 3 2 3
de 2 - 3 km 4 4 4 3 4 3
de 3 - 4 km 3 3 4 3 3 4
de 4 - 5 km 3 3 2 2 3 2
IDH Municipal
Ararandeua – Cajueiro – Candiru - Carataua- Jamanxim – Palheta –
Surubiju Pirajoara Açu Açu Itaquiteua Grande Jari
São Domingos do Capim - 4 - - - 4
Aurora do Pará - 4 4 - - 4
Ipixuna do Pará 4 4 4 4 4 -
Paragominas 4 4 4 4 4 -
Goianésia do Pará 4 - - - - -
Dom Eliseu 4 - - - - -
Rondon do Pará 4 - - - - -

A Figura 105 ilustra o resultado considerando as categorias da Tabela 22 e a média


do comportamento segundo as variáveis que caracterizam a ocupação territorial, para a
avaliação da disponibilidade hídrica da bacia do rio Capim:
Jamanxim
Ararandeua Cajueiro - Candiru Carataua Palheta
Unidades de terreno - Itaquiteua
Variáveis - Surubiju Pirajorara - Açu - Açu – Jari
Grande
Média 3 4 4 4 4 4
195
Figura 105. Disponibilidade hídrica da bacia do rio Capim segundo as variáveis que
caracterizam a ocupação territorial.

h. Fatores de caracterização do uso e gestão dos recursos hídricos


1) Sistema de abastecimento de água e saneamento básico: foram considerados os dados
municipais, extrapolados para os limites da bacia, como uma média do percentual de
residências atendidas:

196
‘Percentual de atendimento com relação ao abastecimento de água
Classes Pesos
<20% 1
20 – 40% 2
40 – 60% 3
60 – 80% 4
>80% 5
Percentual de atendimento com relação ao saneamento básico
Classes Pesos
<20% 1
20 - 40% 2
40 - 60% 3
60 - 80% 4
>80% 5

2) Demanda por água: com base nas informações obtidas nos itens que representam uso
direto das águas (indústria, agropecuária, abastecimento) foi avaliado de forma
qualitativa um grau de demanda segundo cada região:
Grau de demanda por água
Baixo 4
Moderado 3
Alto 2

3) Sistema de informação em recursos hídricos e Instrumentos de gestão de recursos


hídricos: esta forma de avaliação é qualitativa, baseada na existência de informações a
cerca dos recursos hídricos locais, sua estruturação em um sistema de informações e o
nível de intervenção que existe por parte do governo Estadual que detém a gestão
destas águas:
Atuação do sistema de informação em recursos hídricos na bacia
Baixo 2
Moderado 3
Alto 5
Atuação dos instrumentos de gestão de recursos hídricos na bacia
Baixo 2
Moderado 3
Alto 5

197
Como resultado obteve-se:
Percentual de atendimento com relação ao abastecimento de água
Jamanxim –
Ararandeua – Cajueiro – Candiru - Carataua- Palheta –
Itaquiteua
Surubiju Pirajoara Açu Açu Jari
Grande
São Domingos do
- 2 - - - 2
Capim
Aurora do Pará - 2 2 - 2
Ipixuna do Pará 2 2 2 2 2 -
Paragominas 2 2 2 2 2 -
Goianésia do Pará 1 - - -
Dom Eliseu 4 - - -
Rondon do Pará 4 - - -
Percentual de atendimento com relação ao saneamento básico
Ararandeua - Cajueiro – Candiru - Carataua- Jamanxim – Palheta -
Surubiju Pirajoara Açu Açu Itaquiteua Grande Jari
São Domingos do
- 1 - - - 1
Capim
Aurora do Pará - 1 1 - - 1
Ipixuna do Pará 1 1 1 1 1 -
Paragominas 1 1 1 1 1 -
Goianésia do Pará 1 - - - - -
Dom Eliseu 1 - - - - -
Rondon do Pará 1 - - - - -
Grau de demanda por água
Ararandeua - Cajueiro – Jamanxim –
Candiru - Açu Carataua-Açu Palheta - Jari
Surubiju Pirajoara Itaquiteua Grande
2 3 3 3 3 4
Atuação do sistema de informação em recursos hídricos na bacia
Ararandeua - Cajueiro – Jamanxim –
Candiru - Açu Carataua-Açu Palheta - Jari
Surubiju Pirajoara Itaquiteua Grande
1 1 3 1 3 3
Atuação dos instrumentos de gestão de recursos hídricos na bacia
Ararandeua - Cajueiro – Jamanxim –
Candiru - Açu Carataua-Açu Palheta - Jari
Surubiju Pirajoara Itaquiteua Grande
1 1 1 1 1 1

A Figura 106 ilustra o resultado considerando as categorias da Tabela 22 e a média


do comportamento segundo as variáveis que caracterizam o uso e gestão dos recursos
hídricos, para a avaliação da disponibilidade hídrica da bacia do rio Capim:
Jamanxim
Ararandeua Cajueiro - Candiru Carataua Palheta
Unidades de terreno - Itaquiteua
Variáveis - Surubiju Pirajorara - Açu - Açu – Jari
Grande
Média 2 2 2 2 2 2

198
Figura 106. Disponibilidade hídrica da bacia do rio Capim segundo as variáveis que
caracterizam o uso e gestão dos recursos hídricos.

4.4.2.2 Matriz de correlação


A Matriz de Correlação permite individualizar o comportamento geral do sistema,
suas homogeneidades e heterogeneidades (Tabela 30).
Para a primeira avaliação de sensibilidade é realizada uma ponderação do percentual
da categoria de pesos por UT, onde:
Pesos Categoria
1 Não favorecem ou muito pouco a manutenção dos sistemas hídricos. Tornam a bacia dependente de fatores
2 Pouco favorecem a manutenção dos sistemas hídricos. externos
Atuam moderadamente na garantia da
3 Favorecem moderadamente para a manutenção dos sistemas hídricos.
disponibilidade hídrica da bacia
Favorecem altamente com algumas restrições para a manutenção dos
4
sistemas hídricos.
Garantem a sustentabilidade da bacia
Favorecem significativamente sem restrições para a manutenção dos
5
sistemas hídricos.

199
O percentual de pesos por categoria resulta em:
% de variáveis que Jamanxim –
Ararandeua – Cajueiro – Candiru Carataua Palheta –
favorecem a manutenção Itaquiteua
Surubiju Pirajoara – Açu – Açu Jari
dos sistemas hídricos Grande
Não favorecem ou muito
10,53 7,89 5,26 10,53 7,89 5,26
pouco
Pouco favorecem 15,79 7,89 13,16 10,53 10,53 21,05
Favorecem moderadamente 31,58 57,89 44,74 34,21 44,74 36,84
Favorecem altamente com
28,95 18,42 26,32 34,21 23,68 23,68
algumas restrições
Favorecem
significativamente sem 13,16 7,89 10,53 10,53 13,16 13,16
restrições

O que implica em:


Jamanxim -
Ararandeua Cajueiro - Candiru Carataua Palheta
% de variáveis que ... Itaquiteua
- Surubiju Pirajoara - Açu - Açu - Jari
Grande
Tornam a bacia dependente de
26,32 15,79 18,42 21,05 18,42 26,32
fatores externos
Atuam moderadamente na garantia
31,58 57,89 44,74 34,21 44,74 36,84
da disponibilidade hídrica da bacia
Garantem a sustentabilidade da bacia 42,11 26,32 36,84 44,74 36,84 36,84

Analisando-se separadamente as componentes naturais e de intervenção antrópica


são observadas influências diferenciadas.
A vulnerabilidade natural do sistema a redução de seu potencial hídrico é baixa,
porém as intervenções feitas na bacia trazem o desequilíbrio ao mesmo, principalmente nas
duas UT´s onde foi observado maior nivelamento entre as características que favorecem e
desfavorecem a manutenção do sistema hídrico (Ararandeua – Surubiju e Palheta – Jari).

200
Tabela 30. Matriz de correlação de variáveis.
Jamanxim -
Ararandeua - Cajueiro - Candiru - Carataua - Palheta
Atributos Unidades de terreno Itaquiteua
Surubiju Pirajoara Açu Açu – Jari
Grande
Umidade – U 4 4 4 4 4 4
Temperatura – T 3 3 3 3 3 3
Classificação climática –
Climáticos 2 3 3 3 3 3
Cc
Deficiência hídrica – Dfh 1 3 2 2 2 3
Precipitação pluviométrica
2 3 2 2 2 3
– Prp
Geologia – G 3 3 3 3 3 3
Perfil de
Solos – S 3 3 3 3 3 3
alteração
Dinâmica do sistema – Ds 4 3 3 4 4 2
Geomorfologia – Gm 3 3 4 3 3 4
CATEGORIS NATURAIS

Modelo de Amplitude altimétrica – H 4 3 3 3 4 2


terreno Declividade – Dcv 4 3 3 3 3 2
Índice de rugosidade – Ir 5 3 4 4 4 3
Ordem da bacia – Ob 5 3 4 3 4 3
Densidade de drenagem –
3 4 4 3 3 5
Dd
Densidade hidrográfica –
1 2 3 2 1 2
Sistemas Dh
hídricos Quantidade de água
2 3 2 2 2 3
superficial – Qsp
Quantidade de água
3 3 3 3 3 3
subterrânea – Qsb
Qualidade da água – Qa 3 3 3 3 3 3
Tipologia – Cvt 3 3 3 4 3 2
Percentual de área sem
Cobertura 2 4 2 3 3 4
cobertura vegetal – Pcv
vegetal Grau de cobertura das
matas ciliares e das 2 3 2 3 3 3
nascentes – Gmcn
Potencial mineral – Pm 4 2 3 0 4 2
Área de influência direta da
1 5 5 5 1 5
hidrovia – Aidh
Agropecuária e
Extrativismo vegetal – 3 3 3 3 3 3
CATEGORIAS DE INTERVENÇÃO ANTRÓPICA

Sistemas Apev
produtivos Agricultura irrigada – Ai 5 5 5 5 5 5
Indústria – Id 3 4 4 5 3 5
Pesca – Pc 4 3 2 4 4 2
Navegação – Nv 4 3 2 4 4 2
Turismo e Lazer – Tl 3 3 4 4 3 2
Demografia – Dmg 4 5 5 5 4 5
Índice de desenvolvimento
4 4 4 4 4 4
Ocupação humano – Idh
territorial Potencial de ocupação
3 3 3 3 3 3
territorial – Pot
Infra - estrutura viária – Iev 3 3 3 3 3 3
Sistema de abastecimento
3 2 2 2 2 2
de água – Sabas
Saneamento básico – Sb 1 1 1 1 1 1
Recursos Demanda por água – Da 2 3 3 3 3 4
hídricos Sistema de informação em
1 1 3 1 3 3
recursos hídricos – Sirh
Instrumentos de gestão de
1 1 1 1 1 1
recursos hídricos – Igrh

201
Este resultado mostra que os fatores naturais são os que mais contribuem para o
equilíbrio da situação e que qualquer alteração nestes, se significativa, implicará em maior
tempo de reabilitação do sistema; e aumentando o peso da intervenção poderão ocorrer
mudanças de alto impacto e longo período de recuperação; o que evidência a necessidade de
planejamento hídrico para bacia como forma de gerenciar o grau de intervenção que a mesma
pode sofrer (Figuras 107 e 108). Os gráficos (a) e (b) ilustram a situação:

Categorias naturais
80
70 Tornam a bacia dependente de
60 fatores externos
50
Atuam moderadamente na
(%)

40
30 garantia da disponibilidade
20 hídrica da bacia
10 Garantem a sustentabilidade da
0 bacia
Ararandeua - Cajueiro - Candirú - Açú Carataua - Açú Jamanxim - Palheta - Jarí
Surubijú Pirajorara Itaquiteua
Grande

(a)
Jamanxim -
% de variáveis naturais que favorecem a Ararandeua - Cajueiro - Candiru Carataua - Palheta -
Itaquiteua
manutenção dos sistemas hídricos Surubiju Pirajoara - Açu Açu Jari
Grande
Tornam a bacia dependente de fatores externos. 24 5 10 14 14 14
Atuam moderadamente na garantia da
33 71 67 52 48 52
disponibilidade hídrica da bacia.
Garantem a sustentabilidade da bacia. 43 24 24 33 38 33

Categorias de intervenção antrópica


70
Tornam a bacia dependente
60
de fatores externos
50
40 Atuam moderadamente na
(%)

30 garantia da disponibilidade
20 hídrica da bacia
Garantem a sustentabilidade
10
da bacia
0
Ararandeua - Cajueiro - Candirú - Açú Carataua - Açú Jamanxim - Palheta - Jarí
Surubijú Pirajorara Itaquiteua
Grande
(b)
% de variáveis de intervenção antrópica que Jamanxim -
Ararandeua - Cajueiro - Candiru Carataua - Palheta -
favorecem a manutenção dos sistemas Surubiju Pirajoara - Açu Açu
Itaquiteua
Jari
hídricos Grande
Tornam a bacia dependente de fatores externos. 29 29 29 29 24 41
Atuam moderadamente na garantia da
29 41 18 12 41 18
disponibilidade hídrica da bacia.
Garantem a sustentabilidade da bacia. 41 29 53 59 35 41

202
(a)

(b)

(c)
Figura 107. (a) Zona natural de acumulação no leito do rio Capim, com alta vulnerabilidade as
modificações no processo de remoção, transporte e deposição de material pelo sistema fluvial.
Intervenções que podem gerar modificações no sistema: (b) Desmatamento de encostas; e (c)
Progressão de processos erosivos.

203
(a)

(b)

(c)
Figura 108. (a) Ocupação marginal com retirada de mata ciliar; (b) Processo avançado de
erosão com desmoronamento; (c) Assoreamento de canais.

204
Considerando o exposto por Usher (2001) a sensibilidade da paisagem (S), pode ser
traduzida como o reflexo sofrido no sistema pelas modificações impostas aos seus
componentes, com base na seguinte escala:
S Resistência, resiliência e redistribuição de energia
Sensibilidade alta: as mudanças ocorridas nas partes estão se redistribuindo uniformemente no
S=1
todo, gerando compensação de efeitos.
Sensibilidade moderada: as mudanças ocorridas nas partes estão encontrando resistência ou não
1 > S ≥ 0,1
apresentam intensidade suficiente para afetar o todo.
Sensibilidade muito baixa: as mudanças ocorridas nas partes estão encontrando forte resistência
S < 0,1
e uma rápida capacidade de recuperação (alta resiliência), não gerando mudanças na paisagem..

Com base nos valores percentuais obtidos, relativos a manutenção da disponibilidade


hídrica da bacia:
Jamanxim -
Ararandeua Cajueiro - Candiru Carataua Palheta
% de variáveis que ... Itaquiteua
– Surubiju Pirajoara - Açu – Açu - Jari
Grande
Tornam a bacia dependente de fatores
26,32 15,79 18,42 21,05 18,42 26,32
externos
Atuam moderadamente na garantia da
31,58 57,89 44,74 34,21 44,74 36,84
disponibilidade hídrica da bacia
Garantem a sustentabilidade da bacia 42,11 26,32 36,84 44,74 36,84 36,84

E tendo como referência apenas a alínea de maior dependência das variáveis


(valores inteiros - não percentuais), obtêm-se:
Ararandeua – Cajueiro – Candiru - Carataua – Jamanxim - Palheta -
Surubiju Pirajoara Açu Açu Itaquiteua Grande Jari
Sensibilidade
0,26 0,16 0,18 0,21 0,18 0,26

Isto implica no fato que a bacia do rio Capim está sofrendo mudanças e estas estão
encontrando resistência ou não apresentam intensidade suficiente para afetar o todo.
Internamente pode ser feita uma hierarquia com base nestes valores, conforme a Figura 109.

205
Figura 109. 1º Avaliação da sensibilidade da bacia à perda de potencial hídrico.

206
4.5 FORMULAÇÃO DE TENDÊNCIAS
Esta etapa utiliza o produto da análise do sistema e do diagnóstico base, sendo a
finalizadora do processo. O objetivo desta é apresentar um quadro tendencial para a bacia do
rio Capim considerando os aspectos naturais, as intervenções atuais e as possibilidades de
aproveitamento futuro, permitindo uma previsão das conseqüências destes sobre os sistemas
hídricos componentes, seja individualmente, ou compondo o conjunto da bacia (Figura 110).

MÉTODO DE TRABALHO

DIAGNÓSTICO ANÁLISE FORMULAÇÃO


BASE DO SISTEMA DE TENDÊNCIAS

Análise do problema e
delimitação do sistema

Definição do foco Diagnóstico


do sistema

Mapeamento das forças Análise


motrizes estrutural

Definição da
dinâmica e evolução
Perfil de demandas atuais e Identificação de estratégias
perspectivas futuras Definição de cenários
ambientais

Admitindo o Cenário 1
Avaliação da sensibilidade da
bacia

Admitindo o Cenário 2
Avaliação de
tendências e eventos

Figura 110. Fluxograma identificando os componentes da etapa de formulação de tendências.

207
4.5.1 Etapa nº 1: Análise do problema e delimitação do sistema
1. Definição dos principais objetivos:
ƒ Auxiliar à tomada de decisão em problemas envolvendo planejamento de recursos hídricos;
ƒ Selecionar modelos que melhor se adeqüem a estudos voltados ao planejamento dos
recursos hídricos; e
ƒ Adotar como instrumento a matriz gerencial dos recursos hídricos e a análise da paisagem,
por meio das características definidoras do seu estado e da sua dinâmica.

2. Definição do sistema (Figura 111):


ƒ Bacia hidrográfica: bacia do rio Capim;
ƒ Sub – bacias componentes: total 25 (vinte e cinco), identificadas a partir dos seus principais
afluentes;
ƒ Sistemas de terreno: Alto rio Capim e Baixo - Médio rio Capim, que marcam os dois limites
distintos da bacia; e
ƒ Unidades de terreno: total de 06 (seis) definidas a partir da composição de sub – bacias que
apresentaram semelhanças estruturais.

4.5.2 Etapa nº 2: Diagnóstico do sistema


Realizado na etapa de Diagnóstico base, podendo ser classificado em: externo e
interno.
O interno considera como variáveis os componentes estruturais: hidrografia,
geomorfologia, geologia, solos, hidrogeologia, clima e cobertura vegetal.
O externo considera os atributos de maior influência na bacia, estes são revistos
principalmente na avaliação do histórico do processo de ocupação, seus eixos principais, sua
evolução populacional e dinâmica atual de uso.
As atividades econômicas desenvolvidas na bacia exercem também um importante
papel, por representarem inter-relações com os demais municípios que compõem a bacia do
rio Guamá, da qual o rio Capim é afluente; além de utilizarem como principal via de trânsito
de pessoas e produtos a BR 010, que corta a bacia do Capim, no sentido N-S.

208
ELEMENTOS DE ANÁLISE:
38 vaiáveis indicadoras da
dinâmica do sistema.
Com os objetivos
de ...
Quais variáveis
SISTEMA HÍDRICO: Bacia do rio Capim

representam uma
instabilidade
condicional no • auxiliar à tomada de
sistema com a decisão;
SUB-BACIAS COMPONENTES:
possibilidade de • selecionar modelos que
06 UNIDADES DE TERRENO.
02 SISTEMAS DE TERRENO

mudança rápida e melhor se adeqüem a


25 sub-bacias irreversível? estudos voltados ao
planejamento;
• adotar como instrumento a
matriz gerencial dos
recursos hídricos e a análise
da paisagem.
PROBLEMA
DE
MÉTODO?

Figura 111. Etapa nº 1: Análise do problema e delimitação do sistema.

4.5.3 Etapa nº 3: Análise estrutural


A compreensão do sistema objeto é uma tarefa importante que, se não for estruturada
e objetiva, pode levar a uma grande dispersão de natureza teórica, demorada e,
principalmente, com pouca aplicação direta no trabalho. Para assegurar uma adequada
compreensão do objeto e, ao mesmo tempo, a montagem de um referencial de análise prático
e objetivo, pode ser utilizada uma ferramenta de trabalho bastante útil, chamada de Análise
Estrutural (BODINI, 2001). De imediato, permite que se destaque o conjunto de variáveis
determinantes e de maior relevância para explicar o movimento do objeto de análise.
A análise estrutural objetiva:
ƒ Determinar as relações de motricidade e dependência entre as variáveis do sistema; e
ƒ Identificar o conjunto que representa os indicadores do funcionamento do sistema.
Neste caso, tais indicadores serão os definidores do grau de sensibilidade do sistema
as intervenções sofridas, tendo como referencia a sustentabilidade hídrica da bacia.

209
Na análise estrutural será empregado o método MICMAC (Matrice d’Impacts
Croisés – Multiplication Appliqué à um Classement / Matriz de Impactos Cruzados –
Multiplicação Aplicada a uma Classificação), desenvolvido no LIPSOR – Laboratory for
Investigation in Prospective and Strategy (Chaire de prospective industrielle du
Conservatoire national des arts et métiers, Paris-França), por contemplar os aspectos básicos
do planejamento hídrico:
ƒ Identificação, definição das principais forças, extensão espacial e temporal do sistema;
ƒ Definição de indicadores do estágio do sistema, com geração de cenários qualitativos;
ƒ Determinação dos indicadores dos estágios do sistema no presente e no futuro;
ƒ Avaliação dos cenários.
Partindo de uma abordagem sistêmica, este método, procura identificar as variáveis
(variáveis - chaves) que expressam, sinteticamente, a realidade e, em seguida, analisa as
relações de causalidade (causa e efeito) entre as mesmas. Utilizando uma matriz quadrada,
cruza todas as variáveis entre si, atribuindo pesos que refletem a influência de cada uma sobre
todas as outras. Somando as linhas – adição de todas as influências individualizadas de cada
variável – chega-se a um resultado final que representa o poder de influência das mesmas
sobre o sistema; por outro lado, a soma das colunas apresenta uma hierarquia representativa
do grau de dependência das variáveis em relação ao sistema (BODINI, 2001).
A matriz de análise estrutural passa a ser analisada desta forma, sob uma nova
perspectiva, que permite estudar a difusão do impacto pelos caminhos e elos de retroação e,
por conseguinte, hierarquizar as variáveis por ordem de motricidade e de dependência.
Neste trabalho a matriz apresenta 38 variáveis (38 x 38), passando a ter linhas e
colunas identificadas, sendo o elemento genérico aij, conforme ilustrado abaixo:
Variáveis internas Variáveis externas
I
Variáveis internas II

Variáveis externas III IV


--------------------- aij

A análise estrutural consiste em relacionar as variáveis entre si, em um quadro de


dupla entrada (matriz quadrada), anotando-se a influência direta de cada variável sobre todas
as outras.

210
Se a variável i influencia diretamente uma variável k e se k influencia diretamente a
variável j, temos que qualquer mudança que afete a variável i pode repercutir-se na variável j,
havendo, por conseguinte, uma relação indireta entre i e j, conforme ilustrado abaixo:

Logo, é possível definir uma relação ij, inicialmente admitindo apenas duas relações:
influência direta e reversa. Atribuindo-se o valor (1), caso a variável i influencie a variável j, e
(0), caso contrário (CALDAS & PERESTRELO, 1998). Nesta matriz, os elementos da
diagonal são sempre zero, uma vez que não se considera a influência de uma variável sobre si
própria, conforme ilustrado abaixo:
Variáveis A B C
A 0 1 0 1
Soma dos
B 1 0 1 2 elementos de
C 1 0 0 1 cada linha
2 1 1
Soma dos elementos de cada coluna

Durante o preenchimento da matriz é necessário, antes de concluir pela existência de


uma relação entre duas variáveis, ponderar: Há mesmo influência direta da variável i sobre a
variável j; ou a relação será antes de j para i ? Há influência de i sobre j ou não há mesmo
colinearidade, atuando um terceira variável (s) sobre i e j ? E a relação de i com j é direta ou
passa por outra variável (r)?
O resultado permite constatar quais as variáveis que têm maior ação direta. A soma
da linha representa o número de vezes que a variável i tem ação sobre o sistema (constituindo
o número como um indicador de motricidade da variável i); a soma da coluna representa o
número de vezes que a variável j é influenciada pelas outras (constituindo o número um
indicador de dependência da variável j). Obtém-se, assim, para cada variável, um indicador de
motricidade e um indicador de dependência que permitem classificar as variáveis segundo
estes critérios. Com base no preenchimento da matriz (38 x 38), usando o sistema binário 0-1,
obteve-se o seguinte resultado ilustrado a seguir:

211
Nº Variáveis Dependentes Motrizes
1 Umidade – U 9 3
2 Temperatura – T 7 3
3 Classificação climática – Cc 8 6
4 Deficiência hídrica – Dfh 12 13
5 Precipitação pluviométrica – Prp 3 23
6 Geologia – G 0 15
7 Solos – S 8 10
8 Dinâmica do sistema – Ds 14 9
9 Geomorfologia – Gm 5 18
10 Amplitude altimétrica – H 2 10
11 Declividade – Dcv 3 7
12 Índice de rugosidade – Ir 15 5
13 Ordem da bacia – Ob 8 5
14 Densidade de drenagem – Dd 11 13
15 Densidade hidrográfica – Dh 13 14
16 Quantidade de água superficial – Qsp 18 10
17 Quantidade de água subterrânea – Qsb 14 7
18 Qualidade da água – Qa 21 4
19 Tipologia – Cvt 13 7
20 Percentual de área sem cobertura vegetal – Pcv 13 14
21 Grau de cobertura das matas ciliares e das nascentes – Gmcn 14 18
22 Potencial mineral – Pm 4 15
23 Área de influência direta da hidrovia – Aidh 8 15
24 Agropecuária e Extrativismo vegetal – Apev 7 20
25 Agricultura irrigada – Ai 9 4
26 Indústria – Id 6 15
27 Pesca – Pc 13 4
28 Navegação – Nv 19 4
29 Turismo e Lazer – Tl 20 6
30 Demografia – Dmg 4 19
31 Índice de desenvolvimento humano – Idh 9 3
32 Potencial de ocupação territorial – Pot 9 13
33 Infra - estrutura viária – Iev 10 8
34 Sistema de abastecimento de água – Sabas 17 2
35 Saneamento básico – Sb 11 4
36 Demanda por água – Da 18 6
37 Sistema de informação em recursos hídricos – Sirh 1 14
38 Instrumentos de gestão de recursos hídricos – Igrh 3 13

Resumindo em função das categorias, têm-se:


Variáveis Dependentes Motrizes
Climáticas 39 48
Perfil de alteração 22 34
Modelo de terreno 25 40
Sistemas hídricos 85 53
Cobertura Vegetal 40 39
Sistemas produtivos 86 83
Ocupação territorial 32 43
Recursos hídricos 50 39

212
As principais dificuldades nesta fase residem: na definição do conteúdo das
variáveis; a deficiente especificação da variável pode levar a hesitação no preenchimento da
matriz; no duplo sentido de algumas variáveis; e na distinção entre efeitos diretos e indiretos.
Em um segundo momento, a matriz é novamente preenchida, porém desta vez
avaliada a ocorrência de uma relação potencial entre as variáveis, utilizando-se como
ponderação: a fraca ocorrência de influência (1), a influência média (2) e a influência forte
(3). O resultado obtido foi:
Nº Variáveis X Y
1 Umidade – U 58 52
2 Temperatura – T 54 50
3 Classificação climática – Cc 59 57
4 Deficiência hídrica – Dfh 74 75
5 Precipitação pluviométrica – Prp 66 87
6 Geologia – G 54 67
7 Solos – S 62 65
8 Dinâmica do sistema – Ds 74 69
9 Geomorfologia – Gm 65 78
10 Amplitude altimétrica – H 53 59
11 Declividade – Dcv 50 54
12 Índice de rugosidade – Ir 72 62
13 Ordem da bacia – Ob 58 55
14 Densidade de drenagem – Dd 72 74
15 Densidade hidrográfica – Dh 77 78
16 Quantidade de água superficial – Qsp 83 75
17 Quantidade de água subterrânea – Qsb 72 65
18 Qualidade da água – Qa 83 66
19 Tipologia – Cvt 70 64
20 Percentual de área sem cobertura vegetal – Pcv 77 78
21 Grau de cobertura das matas ciliares e das nascentes – Gmcn 83 87
22 Potencial mineral – Pm 60 71
23 Área de influência direta da hidrovia – Aidh 68 75
24 Agropecuária e Extrativismo vegetal – Apev 71 84
25 Agricultura irrigada – Ai 59 55
26 Indústria – Id 64 73
27 Pesca – Pc 67 59
28 Navegação – Nv 79 64
29 Turismo e Lazer – Tl 83 69
30 Demografia – Dmg 64 79
31 Índice de desenvolvimento humano – Idh 58 52
32 Potencial de ocupação territorial – Pot 68 72
33 Infra - estrutura viária – Iev 65 63
34 Sistema de abastecimento de água – Sabas 73 58
35 Saneamento básico – Sb 63 56
36 Demanda por água – Da 79 67
37 Sistema de informação em recursos hídricos – Sirh 53 66
38 Instrumentos de gestão de recursos hídricos – Igrh 56 66

213
Resumindo em função das categorias, têm-se:
Variáveis Dependentes Motrizes
Climáticas 311 321
Perfil de alteração 190 201
Modelo de terreno 240 253
Sistemas hídricos 445 413
Tipologia 230 229
Sistemas produtivos 551 550
Ocupação territorial 255 266
Recursos hídricos 324 313

A análise estrutural completa-se com os resultados obtidos a partir da interação entre


as variáveis da matriz, sendo seu produto descrito na próxima etapa, por já permitir a
avaliação da dinâmica do sistema.

4.5.4 Etapa nº 4: Definição da dinâmica e evolução


O grau de motricidade (dependência) de uma variável é dado pela posição que ocupa
na seqüência ordenada das variáveis segundo a sua motricidade (dependência). Com base na
relação de motricidade e dependência identificaram-se as variáveis (Figura 112):
ƒ motrizes: variáveis muito motrizes e pouco dependentes (influenciam a dinâmica do
sistema, mas são pouco condicionadas por ele).
ƒ de ligação: variáveis muito motrizes e muito dependentes (ocupam uma posição de
charneira: sendo objeto de fortes influências, propagam estas ao conjunto do sistema).
ƒ de resultado: variáveis pouco motrizes e muito dependentes (são muito condicionadas pela
dinâmica do sistema e exercem pouca influência sobre ele)
ƒ e excluídas: variáveis pouco motrizes e pouco dependentes (têm um papel pouco relevante).

Motrizes Ligação

Pelotão
Motrizes

Excluídas Resultado

Dependentes

Figura 112. Gráfico motricidade x dependência.


214
As variáveis de pelotão encontram-se dentro da faixa de desvio padrão em torno da
média, sendo consideradas de comportamento incerto, por isso não são consideradas na
análise. Para a seqüência 0-1 obteve-se o apresentado na Figura 113.

(a)
Motrizes

24
30
9 21

6 22 26 23
37 20 15
38 32 4
14

10 7 16
8
33
11 17
3 19 36 29
13 12
25 35 27 28 18
2 1
31 34

Dependentes
(b)
Figura 113. (a) Gráfico motricidade x dependência para o Sistema 0-1; (b) Seleção das
variáveis de pelotão.

215
Para ponderação 1-2-3 obteve-se o apresentado na Figura 114.

(a)
Motrizes

5 21
24

30
9 20 15
23 4 16
26
32 14
22
8 29
6 36
38 18
7 17
37 28
33
19 12

10 27
34
3
35
13 25
11
1
2 31

Dependentes
(b)
Figura 114. (a) Gráfico motricidade x dependência para o Sistema potencial 1-2-3; (b)
Seleção das variáveis de pelotão.

Os resultados obtidos, na análise motricidade x dependência, permitem a seguinte


contabilidade do sistema:
216
a) Considerando o conjunto total de 38 variáveis, abaixo é ilustrada sua distribuição conforme
a categoria ao qual pertence:
% do Total de variáveis 13,16 13,16

Climáticos 13,16 10,53 7,89

Perfil de alteração 7,89


Modelo de terreno 10,53
10,53
Sistemas hídricos 15,79
21,05
Cobertura vegetal 7,89 15,79
7,89
Sistemas produtivos 21,05 Climáticos Perfil de alteração Modelo de terreno

Ocupação territorial 10,53 Sistemas hídricos Cobertura vegetal Sistemas produtivos


Ocupação territorial Recursos hídricos
Recursos hídricos 13,16

b) Os percentuais resultantes da análise do Sistema binário 0-1, são apresentados abaixo:

15,79
% de variáveis excluídas 63,16
5,26

% de variáveis Motrizes 15,79

63,16
15,79
% de variáveis de Ligação 5,26
% de variáveis Excluídas % de variáveis Motrizes

% de variáveis de Resultado 15,79 % de variáveis de Ligação % de variáveis de Resultado

c) Os percentuais resultantes da análise do Sistema potencial 1-2-3, são apresentados abaixo:


7,89
% de variáveis excluídas 68,42 15,79

% de variáveis Motrizes 7,89

% de variáveis de 7,89 68,42


15,79
Ligação
% de variáveis Excluídas % de variáveis Motrizes

% de variáveis de
7,89 % de variáveis de Ligação % de variáveis de Resultado
Resultado

217
d) Com base no Sistema binário 0-1 foi obtida uma redução de 38 para 14, no número de
variáveis (63,16%); abaixo é ilustrada sua classificação dentro das categorias existentes:

Categoria de variáveis %
7,14
Climáticos 7,14 7,14
28,57
Perfil de alteração 0,00

Modelo de terreno 7,14


21,43
Sistemas hídricos 21,43 7,14
7,14
Cobertura vegetal 7,14 21,43
Climáticos Modelo do terreno Sistemas hídricos
Sistemas produtivos 21,43
Cobertura vegetal Sistemas produtivos Ocupação territórial
Ocupação territorial 28,57 Recursos hídricos

Recursos hídricos 16,67

e) As 14 variáveis elencadas pelo Sistema binário 0-1 redistribuem-se conforme apresentado


abaixo:
Variáveis - Chaves Tipo Categoria Ação
Quantidade de água superficial Sistemas hídricos
Qualidade da água Sistemas hídricos São muito condicionadas
Navegação Sistemas produtivos pela dinâmica do sistema
Resultado
Turismo e Lazer Sistemas produtivos e exercem pouca
Sistema de abastecimento de água Recursos hídricos influência sobre ele.
Demanda por água Recursos hídricos
Grau de cobertura das matas ciliares e das Ocupam uma posição de
Cobertura vegetal charneira: sendo objeto
nascentes Ligação
de fortes influências,
Quantidade de água superficial Sistemas hídricos propagam estas ao
conjunto do sistema.
Precipitação pluviométrica Climáticos
Demografia Ocupação territorial Influenciam a dinâmica
Agropecuária e Extrativismo vegetal Sistemas produtivos do sistema, mas são
Motrizes
Geomorfologia Modelo do terreno pouco condicionadas por
Sistemas de informação em recursos hídricos ele.
Recursos hídricos
Instrumentos de gestão em recursos hídricos

218
f) Com base no Sistema potencial 1-2-3 foi obtida uma redução de 38 para 13, no número de
variáveis (65,79%); abaixo é ilustrada sua classificação dentro das categorias existentes:
Categoria de variáveis % 8,33
16,67 0,00 8,33
Climáticos 8,33
8,33
Perfil de alteração 0,00
Modelo de terreno 8,33
25,00
Sistemas hídricos 25,00 13

25,00
Cobertura vegetal 16,67
16,67
Sistemas produtivos 25,00 Climáticos Perfil de alteração Modelo de terreno
Ocupação territorial 8,33 Sistemas hídricos Cobertura vegetal Sistemas produtivos

Recursos hídricos 16,67 Ocupação territorial Recursos hídricos

g) As 13 variáveis elencadas pelo Sistema potencial 1-2-3 redistribuem-se conforme


apresentado abaixo:
Variáveis – Chaves Tipo Categoria Ação
Qualidade da água Sistemas hídricos São muito condicionadas pela
Navegação Resultado Sistemas produtivos dinâmica do sistema e exercem
Demanda por água Recursos hídricos pouca influência sobre ele.
Demanda por água Recursos hídricos
Turismo e Lazer Sistemas Produtivos
Agropecuária e Extrativismo vegetal Sistemas Produtivos Ocupam uma posição de
Densidade hidrográfica Sistemas hídricos charneira: sendo objeto de
Ligação
Quantidade de água superficial Sistemas hídricos fortes influências, propagam
Grau de cobertura das matas ciliares e das estas ao conjunto do sistema.
Cobertura vegetal
nascentes
Percentual de área sem cobertura vegetal Cobertura vegetal
Precipitação pluviométrica Climáticos Influenciam a dinâmica do
Demografia Motrizes Ocupação territorial sistema, mas são pouco
Geomorfologia Modelo do terreno condicionadas por ele.

O resultado das duas formas de análise, sistema binário 0-1 e potencial 1-2-3,
mostram semelhanças e diferenças. Como principal semelhança destaca-se ter obtido
praticamente o mesmo percentual de filtragem (>60%), reduzindo bastante à amostragem de
variáveis envolvidas.
Em função da forma de atribuição de valores ser diferenciada, o primeiro (0-1)
restringe-se a avaliar apenas as relações diretas e o segundo atribui níveis de influência entre
as variáveis, a avaliação potencial mostrou uma melhor seleção das mesmas.

219
Algumas variáveis se repetem nas mesmas funções, porém outras são introduzidas ou
retiradas em função da forma de análise, como observado abaixo:
Variáveis – Chaves (Resultado 0-1) Variáveis – Chaves (Resultado 1-2-3)
Quantidade de água superficial
Qualidade da água Qualidade da água
Navegação Navegação
Resultado
Turismo e Lazer
Sistema de abastecimento de água
Demanda por água Demanda por água
Grau de cobertura das matas ciliares e das
Grau de cobertura das matas ciliares e das nascentes
nascentes
Quantidade de água superficial Quantidade de água superficial
Ligação Demanda por água
Turismo e Lazer
Agropecuária e Extrativismo vegetal
Densidade hidrográfica
Percentual de área sem cobertura vegetal
Precipitação pluviométrica Precipitação pluviométrica
Demografia Demografia
Agropecuária e Extrativismo vegetal
Motrizes
Geomorfologia Geomorfologia
Sistemas de informação em recursos hídricos
Instrumentos de gestão em recursos hídricos

Outras considerações podem ser feitas, tais como:


ƒ Dentre as variáveis de Resultado, a qualidade da água e a navegação têm uma forte ligação
com o funcionamento do sistema, sofrendo reflexos diretos se houver significativa redução da
disponibilidade hídrica.
ƒ O sistema de abastecimento de água sofre este reflexo também, porém no caso do turismo
e lazer o impacto é comparativamente aos demais, menor.
ƒ A quantidade de água superficial e a demanda por água apresentam comportamento misto;
a primeira depende diretamente da precipitação pluviométrica (ou seja, do sistema natural),
porém exerce influência direta em diversas variáveis da bacia, não sendo totalmente
independente. A demanda por água tanto depende do sistema (considerando a oferta
disponível para os usos), como o condiciona, pois se não gerenciada a demanda pode superar
a oferta.
ƒ As variáveis de Ligação são sensivelmente melhor individualizadas na análise potencial.
ƒ O grau de cobertura das matas ciliares e das nascentes e a quantidade de água superficial
representam bem a relação de ser objeto de fortes influências e propagarem estas ao conjunto
do sistema.
220
ƒ A demanda por água é melhor entendida como variável de ligação.
ƒ A densidade hidrográfica e o percentual de área sem cobertura vegetal interagem com
reciprocidade no sistema, a redução de ambos se repercutirá no meio com perdas em vários de
seus sub-componentes.
ƒ O turismo e lazer e a agropecuária e o extrativismo vegetal são interferências do sistema
produtivo, estes alteram o meio propagando seus efeitos, e também são condicionados pelo
mesmo; porém em intensidade muito menor que os demais.
ƒ As variáveis Motrizes se caracterizam por influenciar dinâmica do sistema e serem pouco
condicionadas por ele.
ƒ A precipitação pluviométrica e a demografia são fortes componentes motrizes. A primeira
é a base de alimentação do sistema hídrico da bacia e a segunda de seu processo de ocupação.
ƒ As formas de relevo traduzidas pela geomorfologia, apesar da forte interação com a
dinâmica hídrica, podem ser consideradas motrizes tendo como fundamento os processos
endógenos e exógenos responsáveis pelo seu modelamento.
ƒ A agropecuária e o extrativismo vegetal têm sua componente motriz avaliando-se apenas
sua inserção na bacia, porém sua sustentação na mesma, principalmente referente à oferta
hídrica, mostra um fator de dependência.
ƒ Os Sistemas de informação e os Instrumentos de gestão em recursos hídricos são
potencialmente motrizes por ordenarem o uso múltiplo das águas, favorecendo sua gestão em
função da garantia da disponibilidade hídrica.

4.5.5 Etapa nº 5: Definição de cenários ambientais


4.5.5.1 Definição do foco
As questões estratégicas a serem abordadas envolvem:
a) Campos do futuro que precisam ser analisados: a bacia hidrográfica do rio Capim
localiza-se na área considerada produtiva segundo a proposta do Macrozoneamento
Ecológico-Econômico do Estado do Pará – MZEE (Lei nº 6.745, de 6 de maio de 2005),
destinada a consolidação ou fortalecimento do desenvolvimento humano e/ou destinadas à
expansão do potencial produtivo.
A bacia do rio Capim estaria nas Zonas de Consolidação que se referem às áreas com
média a alta potencialidade socioeconômica, com contingente populacional ao nível de
221
suporte da área, cujo grau de desenvolvimento humano permite que se opte pelo
fortalecimento do potencial existente, via consolidação das atividades, que demonstrem
capacidade competitiva de atendimento ao mercado interno e externo.
Apenas a porção sul da bacia estaria inserida nas Zonas de Recuperação que são
aquelas que apresentam ou apresentaram algum tipo de alteração do meio ambiente, não
compatível com a intensidade da exploração praticada, resultando no abandono das terras, ou
áreas de preservação permanente que foram alteradas pelo desmatamento tornando-se
suscetíveis à ação erosiva e que se encontram, atualmente, em diversos estágios de
degradação. A potencialidade social nessas zonas varia de média a alta.

b) Horizonte de tempo a ser contemplado:


O horizonte previsto contemplará os dois extremos do processo: o direcionado à
gestão da bacia e o desenvolvimentista não vinculado à manutenção das potencialidades
hídricas.

c) Indicadores a serem previstos:


Os indicadores serão avaliados segundo a matriz estrutural nas suas três formas
principais de resposta: os de resultado, os de ligação e os motrizes, obtendo-se uma redução
do número de variáveis envolvidas, pela eliminação das que ficaram no campo das excluídas e
de pelotão.

4.5.5.2 Mapeamento das forças motrizes


No mapeamento das forças motrizes é avaliado seu papel como elemento condutor
das tendências e eventos. Serão consideradas as variáveis identificadas pela matriz estrutural e
os pesos atribuídos durante a fase de diagnóstico base - matriz de correlação (Tabela 22).

222
Interagindo as duas matrizes obteve-se:
1. Variáveis-Chaves (Sistema 0-1) x Matriz de correlação: Pesos por variável
Categorias Jamanxim
Ararandeua Cajueiro - Candiru Carataua Palheta
- Itaquiteua
Resultado – Surubiju Pirajoara - Açu - Açu - Jari
Grande
Quantidade de água superficial 3 3 3 3 3 3
Sistemas hídricos
Qualidade da água 3 3 3 3 3 3
Navegação Sistemas 4 3 2 4 4 2
Turismo e Lazer produtivos 3 3 4 4 3 2
Sistemas de abastecimento de
3 2 2 2 2 2
água Recursos hídricos
Demanda por água 2 3 3 3 3 4
Ligação
Quantidade de água superficial Sistemas hídricos 2 3 2 2 2 3
Grau de cobertura das matas
Cobertura vegetal 2 3 2 3 3 3
ciliares e das nascentes
Motrizes
Precipitação pluviométrica Climáticos 2 3 2 2 2 3
Ocupação
Demografia 3 3 4 3 3 4
territorial
Agropecuária e Extrativismo Sistemas
4 5 5 5 4 5
vegetal produtivos
Geomorfologia Modelo do terreno 3 3 3 3 3 3
Sistemas de informação em
1 1 3 1 3 3
recursos hídricos
Recursos hídricos
Instrumentos de gestão em
1 1 1 1 1 1
recursos hídricos

2. Variáveis-Chaves (Sistema 0-1) x Matriz de correlação: Média por categoria


Categorias Jamanxim -
Ararandeua Cajueiro – Candiru - Carataua - Palheta -
Itaquiteua
Resultado - Surubiju Pirajoara Açu Açu Jari
Grande
Sistemas hídricos 3 3 3 3 3 3
Sistemas produtivos 4 3 3 4 4 2
Recursos hídricos 2 3 3 3 3 3
Ligação
Sistemas hídricos 2 3 2 2 2 3
Cobertura vegetal 2 3 2 3 3 3
Motrizes
Climáticos 2 3 2 2 2 3
Ocupação territorial 3 3 4 3 3 4
Sistemas produtivos 4 5 5 5 4 5
Modelo do terreno 3 3 3 3 3 3
Recursos hídricos 1 1 2 1 2 2

Com base no sistema de pesos da matriz de correlação, elaborou-se um padrão de


cores indicativo, para facilitar a leitura dos resultados obtidos:
Pesos Escala de cores Descrição
1 a 2,99 Favorabilidade a manutenção dos sistemas hídricos muito baixa a nula.
3 a 3,99 Favorabilidade a manutenção dos sistemas hídricos moderada.
4a5 Favorabilidade a manutenção dos sistemas hídricos alta.

223
Identificando assim as tendências e as ações necessárias para se chegar a cada um
dos estados finais, e projetar qualitativamente seus efeitos. Desta forma, o Sistema 0-1
passaria a apresentar o seguinte mapeamento de forças:
Ararandeua Cajueiro - Candiru - Carataua - Jamanxim - Palheta -
Tipo Categoria
- Surubiju Pirajoara Açu Açu Itaquiteua Grande Jari
Sistemas hídricos
Resultado Sistemas produtivos
Recursos hídricos
Sistemas hídricos
Ligação
Cobertura vegetal
Climáticos
Modelo do terreno
Motrizes Ocupação territórial
Sistemas produtivos
Recursos hídricos

Para as Variáveis-Chaves (Sistema 1-2-3) interagindo as duas matrizes obteve-se:


1. Variáveis-Chaves (Sistema 1-2-3) x Matriz de correlação: Pesos por variável
Categorias Jamanxim -
Ararandeua - Cajueiro - Candiru Carataua Palheta
Itaquiteua
Resultado Surubiju Pirajoara - Açu - Açu - Jari
Grande
Qualidade da água Sistemas hídricos 3 3 3 3 3 3
Sistemas
Navegação 4 3 2 4 4 2
produtivos
Demanda por água Recursos hídricos 2 3 3 3 3 4
Ligação
Demanda por água Recursos hídricos 2 3 3 3 3 4
Turismo e Lazer 3 3 4 4 3 2
Sistemas
Agropecuária e Extrativismo Produtivos 3 3 3 3 3 3
vegetal
Densidade hidrográfica 1 2 3 2 1 2
Sistemas hídricos
Quantidade de água superficial 2 3 2 2 2 3
Grau de cobertura das matas
2 3 2 3 3 3
ciliares e das nascentes
Cobertura vegetal
Percentual de área sem cobertura
2 4 2 3 3 4
vegetal
Motrizes
Precipitação pluviométrica Climáticos 2 3 2 2 2 3
Ocupação
Demografia 4 5 5 5 4 5
territorial
Geomorfologia Modelo do terreno 3 3 4 3 3 4

224
2. Variáveis-Chaves (Sistema 1-2-3) x Matriz de correlação: Média por categoria
Jamanxim -
Ararandeua - Cajueiro - Candiru - Carataua - Palheta -
Itaquiteua
Resultado Surubiju Pirajoara Açu Açu Jari
Grande
Sistemas hídricos 3 3 3 3 3 3
Sistemas Produtivos 4 3 2 4 4 2
Recursos hídricos 2 3 3 3 3 4
Ligação
Recursos hídricos 2 3 3 3 3 4
Sistemas Produtivos 3 3 4 4 3 2
Sistemas hídricos 2 2 2 2 2 3
Cobertura vegetal 2 3 2 3 3 3
Motrizes
Climáticos 2 3 2 2 2 3
Ocupação territorial 4 5 5 5 4 5
Modelo do terreno 3 3 4 3 3 4

O resultado mostrou o seguinte mapeamento de forças para o Sistema 1-2-3:


Ararandeua - Cajueiro - Candiru Carataua Jamanxim - Palheta -
Tipo Categorias
Surubiju Pirajoara - Açu - Açu Itaquiteua Grande Jari
Sistemas hídricos
Resultado Sistemas produtivos
Recursos hídricos
Recursos hídricos
Sistemas produtivos
Ligação
Sistemas hídricos
Cobertura vegetal
Climáticos
Motrizes Ocupação territorial
Modelo do terreno

Para identificação da sensibilidade do sistema e posterior avaliação de tendências,


utilizando o produto da interação das duas matrizes, será empregado o resultante da matriz
potencial, que discrimina melhor as variáveis de ligação, mostrando um número maior de
indicadores de sensibilidade da bacia.

4.5.5.3 Avaliação da sensibilidade da bacia


A primeira ponderação sobre a sensibilidade da bacia, considerando todas as 38
variáveis do diagnóstico base, mostrou que as UT´s que apresentariam maior sensibilidade
seriam a Ararandeua – Surubiju e a Palheta – Jari.

225
Na segunda avaliação, utilizando o mapeamento de forças motrizes, obteve-se o
seguinte resultado, considerando os pesos definidos por categoria (Tabela 22) e as variáveis
de ligação como indicadoras:
(1) Pesos definidos por categoria:
Pesos Categoria
1 Não favorecem ou muito pouco a manutenção dos sistemas hídricos. Tornam a bacia dependente
2 Pouco favorecem a manutenção dos sistemas hídricos. de fatores externos
Atuam moderadamente na
3 Favorecem moderadamente para a manutenção dos sistemas hídricos. garantia da disponibilidade
hídrica da bacia
4 Favorecem altamente com algumas restrições para a manutenção dos sistemas hídricos. Garantem a sustentabilidade
5 Favorecem significativamente sem restrições para a manutenção dos sistemas hídricos. da bacia

(2) Variáveis de ligação como indicadoras de sensibilidade da bacia:


% de variáveis que contribuem Cajueiro Jamanxim -
Ararandeua Candiru Carataua Palheta -
para a manutenção dos sistemas - Itaquiteua
– Surubiju - Açu - Açu Jari
hídricos Pirajoara Grande
Tornam a bacia dependente de
fatores externos
71,43 14,29 28,57 28,57 28,57 14,29
Atuam moderadamente na
garantia da disponibilidade 14,29 71,43 42,86 42,86 71,43 57,14
hídrica da bacia
Garantem a sustentabilidade da
bacia
14,29 14,29 28,57 28,57 0,0 28,57

Tendo como referência apenas a alínea de maior dependência das variáveis e


considerando-se os valores inteiros (não percentuais), obtêm-se:
Jamanxim -
Ararandeua – Cajueiro - Candiru- Carataua – Palheta -
Itaquiteua
Surubiju Pirajoara Açu Açu Jari
Sensibilidade Grande
O,71 0,14 0,28 0,28 0,28 0,14

A redução do número de variáveis permitiu visualizar melhor quais eram as reais


influencias sobre a bacia, mantendo a UT Ararandeua – Surubiju, porém ressaltando mais as
unidades medianas da bacia (Candiru-Açu, Carataua-Açu, e Jamanxim - Itaquiteua Grande)
que as de foz (Cajueiro-Pirajoara e Palheta-Jari), coincidindo com as observações de campo
(Figuras 115 a 118).

226
Figura 115. Área desmatada ao longo do rio Capim, próxima a PA 256, exemplo de alteração
significativa, exercendo pressão sobre o seu leito.

Figura 116. Mudança da paisagem, ocasionada pelo desflorestamento no Alto Capim.

Figura 117. Trabalhadores ampliando a rede viária, facilitando o acesso ao rio Capim: nova
fronteira de expansão.
227
Figura 118. 2º Avaliação da sensibilidade da bacia à perda de potencial hídrico.

228
4.5.5.4 Avaliação de tendências e eventos
Na avaliação das tendências, prevendo a implantação de ações intervencionistas são
consideradas duas situações: 1º Tendência - o estabelecimento da gestão territorial e hídrica;
e 2º Tendência – a implantação de políticas desenvolvimentistas não vinculadas à
manutenção das potencialidades hídricas.
Estas são qualificadas segundo as ações e instrumentos da política de recursos
hídricos do Estado (Lei nº 6.381/2001) - AÇÕES DE GESTÃO: (1) Outorga; (2)
Fiscalização e monitoramento; (3) Enquadramento dos corpos d´água segundo classes de uso;
(4) Levantamentos bases (incluindo aspectos físicos-bióticos-socioeconômicos); (5) Cadastro
de usuários; e (6) Planejamento ambiental municipal.
As variáveis motrizes não são consideradas nesta análise pelo seu caráter de maior
independência das intervenções no sistema.
Para a 1º Tendência (o estabelecimento da gestão territorial e hídrica) avaliaram-se as
NECESSIDADES, relativas as ações de gestão de:
Implantação (I) I Não existe e precisa ser criado.
Fortalecimento (F) F Existe, mas atua de forma precária e precisa ser fortalecido.
Ampliação (A) A Existe e funciona, tendo necessidade de ampliação.
Consolidação (C) C Existe e funciona estando na fase de consolidação.
NA Não se aplica.
Variáveis/categorias Unidades de terreno
Ações de
Ararandeua Cajueiro - Candiru - Carataua - Jamanxim - Palheta –
Resultado gestão
- Surubiju Pirajoara Açu Açu Itaquiteua Grande Jari
1 I I I I I I
Qualidade da

2 F F F F F F
Sistemas
hídricos

3 I I I I I I
água

4 A A A A A A
5 I I I I I I
6 F F F F F F
1 I I I I I I
2 A A A A A A
Navegação

produtivos
Sistemas

3 I I I I I I
4 C C C C C C
5 I I I I I I
6 C F F A C F
1 I I I I I I
Demanda por

2 F F F F F F
Recursos
hídricos

3 I I I I I I
água

4 A A A A A A
5 I I I I I I
6 F F F F F F

229
Implantação (I) I Não existe e precisa ser criado.
Fortalecimento (F) F Existe, mas atua de forma precária e precisa ser fortalecido.
Ampliação (A) A Existe e funciona, tendo necessidade de ampliação.
Consolidação (C) C Existe e funciona estando na fase de consolidação.
NA Não se aplica.
Unidades de terreno
Ações de
Variáveis/categorias Ararandeua Cajueiro - Candiru - Carataua - Jamanxim - Palheta –
gestão
- Surubiju Pirajoara Açu Açu Itaquiteua Grande Jari
Ligação
1 I I I I I I
Demanda por

2 F F F F F F
Recursos
hídricos

3 I I I I I I
água

4 A A A A A A
5 I I I I I I
6 F F F F F F
1 I I I I I I
Turismo e Lazer

2 F F F F F F
produtivos
Sistemas

3 I I I I I I
4 C C C C C C
5 I I I I I I
6 F F F F F F
1 I I I I I I
Agropecuária e

2 F F F F F F
Extrativismo

produtivos
Sistemas
vegetalI

3 NA NA NA NA NA NA
4 C A C A C A
5 I I I I I I
6 F F F F F F
1 NA NA NA NA NA NA
2 NA NA NA NA NA NA
hidrográfica
Densidade

Sistemas
hídricos

3 NA NA NA NA NA NA
4 C C C C C C
5 NA NA NA NA NA NA
6 NA NA NA NA NA NA
1 I I I I I I
água superficial
Quantidade de

2 F F F F F F
Sistemas
hídricos

3 NA NA NA NA NA NA
4 F F F F F F
5 I I I I I I
6 F F F F F F
1 NA NA NA NA NA NA
2 F F F F F F
Cobertura
vegetal

3 NA NA NA NA NA NA
Gmcn

4 F F F F F F
5 NA NA NA NA NA NA
6 F F F F F F
1 NA NA NA NA NA NA
2 F F F F F F
Cobertura
vegetal

3 NA NA NA NA NA NA
Pcv

4 C F C F C F
5 NA NA NA NA NA NA
6 F F F F F F

230
O resultado mostra que para se alcançar as metas da 1ª Tendência, o estabelecimento
da gestão territorial e hídrica, as duas principais ações são a implantação e o fortalecimento,
seguido da ampliação dos instrumentos da política de recursos hídricos e do planejamento
ambiental.
Para a 2º Tendência (a implantação de políticas desenvolvimentistas não vinculadas à
manutenção das potencialidades hídricas) avaliaram-se as DECORRÊNCIAS, relativas as
ações de gestão, da:
Não Implantação (NI) NI Não existe e não será implantado.
Enfraquecimento (E) E Existe, mas com significativo enfraquecimento de ações.
Redução (R) R Existe, mas funciona precariamente com redução gradativa de ações.
Implementação lenta (IL) IL Existe, porém com lenta aplicação e resultados pontuais.
NA Não se aplica
Variáveis/categorias Unidades de terreno
Ações de
Ararandeua Cajueiro – Candiru Carataua - Jamanxim -
Resultado gestão Palheta – Jari
- Surubiju Pirajoara – Açu Açu Itaquiteua Grande
1 NI NI NI NI NI NI
Qualidade da

2 E E E E E E
Sistemas
hídricos

3 NI NI NI NI NI NI
água

4 R R R R R R
5 NI NI NI NI NI NI
6 E E E E E E
1 NI NI NI NI NI NI
2 R R R R R R
Navegação

produtivos
Sistemas

3 NI NI NI NI NI NI
4 IL IL IL IL IL IL
5 NI NI NI NI NI NI
6 IL E E R IL E
1 NI NI NI NI NI NI
Demanda por

2 E E E E E E
Recursos
hídricos

3 NI NI NI NI NI NI
água

4 R R R R R R
5 NI NI NI NI NI NI
6 E E E E E E
Ligação
1 NI NI NI NI NI NI
Demanda por

2 E E E E E E
Recursos
hídricos

3 NI NI NI NI NI NI
água

4 R R R R R R
5 NI NI NI NI NI NI
6 E E E E E E
1 NI NI NI NI NI NI
2 E E E E E E
produtivos
Turismo e

Sistemas

3 NI NI NI NI NI NI
Lazer

4 IL IL IL IL IL IL
5 NI NI NI NI NI NI
6 E E E E E E

231
Não Implantação (NI) NI Não existe e não será implantado.
Enfraquecimento (E) E Existe, mas com significativo enfraquecimento de ações.
Redução (R) R Existe, mas funciona precariamente com redução gradativa de ações.
Implementação lenta (IL) IL Existe, porém com lenta aplicação e resultados pontuais.
NA Não se aplica
Variáveis/categorias Unidades de terreno
Ações de
Ararandeua Cajueiro – Candiru Carataua - Jamanxim -
gestão Palheta – Jari
- Surubiju Pirajoara – Açu Açu Itaquiteua Grande
1 NI NI NI NI NI NI
Agropecuária e
Extrativismo

2 R R R R R R
produtivos
Sistemas
vegetal

3 NA NA NA NA NA NA
4 IL R IL R IL R
5 NI NI NI NI NI NI
6 E E E E E E
1 NA NA NA NA NA NA
Densidade de

2 NA NA NA NA NA NA
Sistemas
hídricos

3 NA NA NA NA NA NA
rios

4 IL IL IL IL IL IL
5 NA NA NA NA NA NA
6 NA NA NA NA NA NA
1 NI NI NI NI NI NI
água superficial
Quantidade de

2 E E E E E E
Sistemas
hídricos

3
4 E E E E E E
5 NI NI NI NI NI NI
6 E E E E E E
1 NA NA NA NA NA NA
2 E E E E E E
Cobertura
vegetal

3 NA NA NA NA NA NA
Gmcn

4 E E E E E E
5 NA NA NA NA NA NA
6 E E E E E E
1 NA NA NA NA NA NA
2 E E E E E E
Cobertura
vegetal

3 NA NA NA NA NA NA
Pcv

4 IL E IL E IL E
5 NA NA NA NA NA NA
6 E E E E E E

O resultado da perspectiva da 2ª Tendência, a presença de políticas


desenvolvimentistas não vinculadas à manutenção das potencialidades hídricas, mostra o
predomínio da não implantação, enfraquecimento ou redução gradativa de ações voltadas ao
planejamento hídrico e ambiental.
As informações que subsidiaram esta análise basearam-se nas pesquisas de campo e
a realizada junto aos órgãos municipais e do Estado, responsáveis pela gestão hídrica e
ambiental.

232
4.5.6 Etapa nº 6: Identificação de estratégias
4.5.6.1 Formulação de hipóteses
A definição de hipóteses sobre o comportamento futuro é o momento central da
construção dos cenários, na medida em que delas dependem as diversas alternativas possíveis.
Por isso, a formulação de hipóteses demanda um cuidado para assegurar sua pertinência com
o objeto e, principalmente, sua plausibilidade, ou seja, que seu comportamento seja previsível
de fato e possa efetivamente ocorrer (BODINI, 2001). Na sua formulação é feita a seguinte
associação da Figura 118.
Onde cada elemento corresponderá:
• Domínio: são considerados 02 Domínios, o Alto (DARC) e o Baixo – Médio rio Capim
(DBMRC).
• Variáveis: o DARC é associado a 02 e o DBMRC a 04 Unidades de Terreno.
• Hipóteses: as hipóteses se baseiam no desenvolvimento dos usos múltiplos na bacia
hidrográfica, empregando os critérios de controle e utilização da Matriz Gerencial de
Recursos Hídricos resultante da concepção do Modelo Sistêmico de Integração Participativa
do Gerenciamento das Águas (LANNA et al, 1990).
Definidos os elementos componentes da análise (Domínio – Variáveis – Hipóteses)
de seu desempenho futuro, o trabalho se concentra na montagem das combinações possíveis
das mesmas, gerando as diversas alternativas de comportamento do objeto.
Para estruturar estas combinações, facilitando o processo de análise da consistência
das mesmas, recorreu-se à Análise Morfológica que procura cruzar todas as possibilidades de
articulação das variáveis com suas hipóteses.
Esta técnica consiste, basicamente, em uma forma de organização das combinações
sob a forma de matriz ou rede, permitindo visualizar o conjunto articulado para a análise de
consistência. Apenas as combinações consideradas consistentes, cujas hipóteses combinadas
podem constituir uma realidade poderiam ser chamadas de cenários (eliminando aquelas que
parecem inconsistentes). (BUARQUE, 2001)
Como foi trabalhado um número limitado de hipóteses (cinco por variável) foi
possível constituir um bloco articulado de todas as possibilidades de agrupamento;
exemplificando: se forem definidos dois domínios, duas variáveis para cada um e duas
hipóteses para cada variável se chega a oito possibilidades de agrupamento.
233
O esforço analítico se concentra em observar cada uma das combinações (colunas)
para testar se algumas das hipóteses têm conflitos teóricos com outra do mesmo agrupamento,
invalidando, neste caso, toda a combinação (Figura 119).
No processamento das combinações foi empregado o programa MORPHOL (Analyse
Morphologique - Análise Morfológica), desenvolvido no LIPSOR – Laboratory for
Investigation in Prospective and Strategy (Chaire de prospective industrielle du
Conservatoire national des arts et métiers, Paris-França).
O Método MORPHOL (LIPSOR, 2005) é voltado à construção de cenários,
compreendendo um conjunto de etapas, que objetivam a definição de dimensões, variáveis e
probabilidade de ocorrência das hipóteses admitidas.
As hipóteses são combinadas entre si atribuindo-se valores que indicam a sua
probabilidade de ocorrência, estas são combinados uma a uma, estruturando os conjuntos
mais possíveis de ocorrerem e os cenários mais plausíveis (Figura 120).
Este processo consistiu 05 fases:
Fase (1) Definição dos eixos da matriz: são indicados os Domínios e as Variáveis. Onde:
DARC = Domínio Alto rio Capim; DBMRC = Domínio Baixo – Médio rio Capim;
Ararandeua - Surubiju (AS); Cajueiro - Pirajoara (CP); Candiru - Açu (CA); Carataua - Açu
(CTA); Jamanxim - Itaquiteua Grande (JI); Palheta – Jari (PJ).

Fase (2) Identificação das hipóteses: conforme a Matriz Gerencial de Recursos Hídricos são
contemplados os usos múltiplos das águas e considerada sua disponibilidade hídrica. Onde: T
= Transporte; TL = Turismo e Lazer; EVA = Extrativismo vegetal e agropecuária; LES =
Lançamento de efluentes e saneamento; AHI = Abastecimento humano e industrial. Estes
foram escolhidos por meio do resultado do diagnóstico, que mostrou serem os mais usuais na
bacia do rio Capim.

Fase (3) Valoração das hipóteses: cada uso múltiplo recebe uma valoração representando a
oferta hídrica disponível (Tabela 31).

234
C1 Combinação I

B1

C2 Combinação II

A1

C1 Combinação III

B2

C2 Combinação IV

C1 Combinação V

B1

C2 Combinação VI

A2

C1 Combinação VII

B2

C2 Combinação VIII

Figura 119. Exemplo de combinações no processo de formulação de hipóteses para definição


de estratégias.

Figura 120. Exemplo da análise morfológica.

235
Tabela 31. Extrato da Tabela 30, referente aos usos múltiplos considerados para análise
morfológica.
Usos múltiplos/Pesos
Unidades de Terreno Turismo e Extrativismo Lançamento de
Transporte Abastecimento
lazer vegetal efluentes
Ararandeua - Surubiju 4 3 3 3 2
Jamanxim - Itaquiteua
4 3 3 3 3
Grande
Carataua - Açu 4 4 3 3 3
Candiru – Açu 2 4 3 3 3
Cajueiro - Pirajoara 3 3 3 3 3
Palheta – Jari 2 2 3 3 4

Onde:
Pesos Descrição
A oferta hídrica para o uso múltiplo enfocado e as demandas existentes não estão compatíveis, ou no
1 a 2,99
critério qualidade ou em quantidade.
3 a 3,99 A oferta hídrica para o uso múltiplo enfocado está compatível com as demandas.
4 a 5 A oferta hídrica para o uso múltiplo enfocado é muito superior as demandas.

É requisito do programa trabalhar com os valores na forma percentual, onde a


somatória da linha deve ser igual a 100%. (Figura 121)

DARC = Domínio Alto rio Capim; DBMRC = Domínio Baixo – Médio rio Capim.
AS = Ararandeua - Surubiju; CP = Cajueiro - Pirajoara; CA = Candiru - Açu;
CTA = Carataua - Açu; JI = Jamanxim - Itaquiteua Grande; PJ = Palheta – Jari (PJ).
T = Transporte; TL = Turismo e Lazer; EVA = Extrativismo vegetal e agropecuária;
LES = Lançamento de efluentes e saneamento; AHI = Abastecimento humano e industrial.

Figura 121. Exemplo de combinações possíveis, efetuadas na análise morfológica.

236
Fase (4) Análise combinatória total: são listadas as combinações possíveis (S), sendo o
total de 50; abaixo estão as 30 mais plausíveis:

237
Fase (5) Análise combinatória dirigida: esta consiste na definição das combinações mais
favoráveis e consequentemente os cenários possíveis.
Os cenários que priorizam a oferta hídrica superior a demanda na bacia do rio
Capim, favorecem os usos voltados ao transporte (navegação) e ao turismo e lazer; seguidos
do abastecimento humano e industrial.
Os cenários que mais restritivos quanto a oferta hídrica indicam os usos voltados ao
extrativismo vegetal e agropecuária, lançamento de efluentes e saneamento.

4.5.6.2 Cenários possíveis


a) Cenário Estável
Define-se como CENÁRIO ESTÁVEL ou ATUAL, o equivalente a situação que é
encontrada atualmente na bacia do rio Capim. Este pode ser traduzido da seguinte forma:
Manutenção das atividades produtivas com gradual penetração das
atividades agropecuárias e industriais; crescimento demográfico
centralizado nos núcleos urbanos, sendo difuso no meio rural, implicando
em fraco controle do lançamento de efluentes nos corpos hídricos.
Consumo d´água e ocupação controlados pela expansão econômica na
bacia.

Este cenário reflete o aumento gradativo do percentual de áreas alteradas na bacia


desde a década de 80 até a atualidade, como ilustrado no gráfico abaixo:

90 Área alterada Área remanescente


80

70

60

50
(%)

40

30

20

10

0
1988 1991 2000 2004

238
Esta situação marca os seguintes aspectos:
• O transporte continua sendo a atividade que menos compromete a qualidade/quantidade
das águas no Alto rio Capim; e o abastecimento humano e industrial juntamente ao
lançamento de efluentes e a ausência de saneamento básico, os mais comprometedores.
• No Baixo-Médio rio Capim é onde ocorre a maior diversificação de atividades, sendo que
as demandas hídricas por o turismo e lazer, abastecimento humano e industrial são as que
menos afetam a bacia. A atividade de transporte - navegação - passa a se comportar de forma
marcante, podendo interferir nos aspectos de qualidade/quantidade das águas (Figura 122).

b) Cenário Sustentável
Define-se como CENÁRIO SUSTENTÁVEL ao uso múltiplo das águas, aquele
que prevê melhoria as condições atuais, com a implantação, o fortalecimento e a ampliação
dos instrumentos da política de recursos hídricos e do planejamento ambiental (resultado da 1º
Tendência da avaliação de tendências e eventos - item 4.5.5.4):
Utilização de áreas parcialmente antropizadas com a implantação de
lavouras com tecnologia adequada. Recuperação de áreas degradadas ou
improdutivas, principalmente de matas ciliares e entorno de nascentes,
promovendo a consolidação das ações locais, fortalecendo-as e garantindo
o uso sustentável, identificando as áreas a serem submetidas a projetos de
recuperação ambiental. Tanto os sistemas produtivos, quanto a
consolidação de núcleos urbanos acompanham as propostas de gestão da
bacia, visando reduzir a pressão nos pontos mais vulneráveis.

• As principais mudanças a serem implementadas afetariam diretamente os agentes


modificadores da qualidade das águas. As UT´s Ararandeua – Surubiju, Candiru – Açu e
Jamanxim – Itaquiteua Grande seriam as mais beneficiadas, pois seriam atendidas com planos
de recuperação para as áreas prioritárias e teriam o avanço das demandas hídricas controlado
conforme a disponibilidade existente.
• Este cenário positivo igualaria o Alto e o Baixo – Médio Capim em termos de suas
potencialidades (Figura 123).

239
Figura 122. Cenário estável ou atual.

240
Figura 123. Cenário sustentável.

241
c) Cenário Restrito
Define-se como CENÁRIO RESTRITO ao uso múltiplo das águas, aquele que
prevê o agravamento das condições atuais, com a presença de políticas desenvolvimentistas
não vinculadas à manutenção das potencialidades hídricas, mostrando o predomínio da não
implantação, enfraquecimento ou redução gradativa de ações voltadas ao planejamento
hídrico e ambiental (resultado da 2º Tendência da avaliação de tendências e eventos - item
4.5.5.4):
Consolidação e expansão das atividades produtivas principalmente nas
terras em que foram implantados extensos cultivos industriais e fazendas
para a criação de gado; ampliação da malha viária, de núcleos urbanos e
do número de empreendimentos industriais, incluindo os minerais. Estes
fatores indicam maior consumo d´água e aumento da área ocupada ao
longo dos corpos hídricos.

Este cenário reflete o aumento gradativo do percentual de áreas alteradas na bacia,


em taxas semelhantes as atuais, considerando um intervalo futuro de 20 anos, como ilustrado
no gráfico abaixo:

100 Área alterada Área remanescente


90

80

70

60
(%)

50

40

30

20

10

0
5 10 15 20 anos

242
Esta situação refletirá os seguintes aspectos:
• Este cenário considera o avanço dos sistemas produtivos na bacia, em especial a expansão
do setor extrativista e agropecuário.
• As UT´s de maior demanda hídrica pelo desenvolvimento de atividades ligadas ao setor
produtivo seriam: Jamanxim-Itaquiteua Grande, Candiru-Açu, e Ararandeua-Surubiju; as duas
últimas já indicadas como áreas de maior sensibilidade na bacia.
• A UT Ararandeua-Surubiju é a que mais imporia restrições quanto a cobertura vegetal e
demanda hídrica, necessitando de investimentos para a recuperação de áreas vitais a
preservação da disponibilidade hídrica da bacia (Figura 124).

243
Figura 124. Cenário restrito.

244
4.6 PERFIL DE DEMANDAS ATUAIS E PERSPECTIVAS FUTURAS
Em função dos cenários identificados observa-se que a bacia do rio Capim deve ter
propostas de planejamento contextualizadas para utilização de seu potencial hídrico (Tabela
32).
Na avaliação de sensibilidade a primeira ponderação (Figura 109), que considerou
todas as 38 variáveis do diagnóstico base, mostrou que as UT´s que apresentariam maior
sensibilidade seriam a Ararandeua – Surubiju e a Palheta – Jari. Na segunda avaliação
(Figura 118), o mapeamento de forças reduziu para 13, mantendo a UT Ararandeua-Surubiju,
porém ressaltando mais as sub-bacias intermediárias do que as de jusante, coincidindo com as
observações de campo.
Esta informação é coincidente com a obtida por meio dos cenários que mostram as
cabeceiras e parte do trecho intermediário, como os pontos de maior vulnerabilidade e os que
mais precisariam de intervenções diretas para sua adequação segundo a Política de Recursos
Hídricos. A UT Ararandeua – Surubiju tem a particularidade de conter uma bacia hidrográfica
Federal, do rio Ararandeua, que apresenta parte de suas nascentes no Estado do Maranhão
tendo assim uma gestão compartilhada.
A gestão hídrica da bacia do rio Capim deve ser associada a um intenso programa de
manejo de bacias, voltado à recuperação de áreas prioritárias, especialmente ao longo da BR
010, que a corta no sentido N-S e influencia diretamente os seus afluentes da porção oriental.
A região ocidental da bacia deverá adotar um caráter mais preservacionista, pois
nesta ocorrem várias micro-bacias com canais até a 3º ordem, que são extremamente
vulneráveis, uma vez que dependem diretamente das nascentes ou da pluviometria local.
O canal do rio Capim apresenta um comportamento variável, ultrapassando áreas
intensamente retrabalhadas. Como o seu padrão é fortemente meandrante uma das principais
decorrências é a modificação do seu comportamento erosivo ao longo de seu curso (Figuras
125 e 126).
As figuras 127 a 129 ilustram a evolução temporal da ocupação na bacia do rio
Capim nas décadas de 80 e 90, e nos anos 2000 e 2004, mostrando a clara tendência de
ocupação de seu eixo oriental, e da região a montante da mesma.

245
Tabela 32. Ações prioritárias, segundo os cenários previstos.
Onde: OUT – Outorga, incluindo a de fiscalização; ECU - Enquadramento dos corpos d´água segundo classes de uso, considerando o
monitoramento da qualidade da água; SIRH – Sistema de Informações em Recursos Hídricos, abrangendo os levantamentos bases (incluindo
aspectos físicos – bióticos – socioeconômicos), o cadastro de usuários e o monitoramento hidrológico e hidrogeológico em quantidade e
qualidade; MBH – Manejo de Bacia Hidrográfica, incluindo a recuperação de matas ciliares e nascentes, assim como o reflorestamento de
áreas prioritárias; PAM – Planejamento ambiental municipal, voltado à integração da gestão hídrica com as questões de saneamento básico e
participação social; UC – Sistema de Unidades de Conservação, voltado à criação de áreas de uso restrito ou destinadas ao uso empregando o
manejo sustentável, visando à preservação dos corpos hídricos e seu uso múltiplo.
Previsão de aplicação
GERENCIA- prioritária dos Instrumentos da
MENTO CENÁRIO CENÁRIO CENÁRIO
DAS
Política de Recursos Hídricos e
ATUAL RESTRITIVO SUSTENTÁVEL
ÁGUAS Ambiental
OTG ECU SIRH MBH PAM UC
Avaliação do potencial real das
Ararandeua - Surubiju

atividades desenvolvidas e sua


Área de maior sensibilidade Desenvolvimento
inserção no planejamento da
da bacia, em função de suas desigual das atividades
utilização do potencial hídrico da
vulnerabilidades naturais relacionadas ao setor
bacia, visando à manutenção dos
associadas ao processo de produtivo, implicando X X X X X X
padrões de quantidade e qualidade.
ocupação e urbanização sem em instabilidade entre
Por estar nas cabeceiras da bacia
orientações com relação ao a demanda e a
esta poderá conter algumas áreas
Alto rio Capim

manejo hídrico. disponibilidade hídrica.


protegidas para manutenção de
nascentes estratégicas ao seu ciclo.
Desenvolvimento
desigual das atividades
Itaquiteua Grande

Área intermediária quanto à relacionadas ao setor Avaliação do potencial real das


Jamanxim –

sensibilidade, com avanço do produtivo, implicando atividades desenvolvidas e sua


setor produtivo, destacando a em uma inicial inserção no planejamento da
X X X X X
agricultura e mineração, mas estabilidade entre a utilização do potencial hídrico da
com uma relativa capacidade demanda e a bacia, visando à manutenção dos
de recuperação do sistema. disponibilidade hídrica, padrões de quantidade e qualidade.
porém vulnerável a
mudanças.
Avanço do setor produtivo seria
Área intermediária quanto à acompanhado de rigoroso plano de
Carataua - Açu

sensibilidade, comportando-se Avanço do setor manejo de bacias e estaria


como uma zona de fronteira produtivo, com condicionado, a recuperação das
X X X X X X
entre a bacia do rio Capim e as progressiva redução da áreas de maior vulnerabilidade ou a
bacias vizinhas (Acará – disponibilidade hídrica. definição desta área como uma
Mojú). unidade destinada à preservação da
bacia.
Área intermediária quanto à Desenvolvimento
sensibilidade, com um avanço desigual das atividades
do setor produtivo (destacando relacionadas ao setor Avaliação do potencial real das
Candiru – Açu

a mineração) e dos núcleos produtivo, implicando atividades desenvolvidas e sua


urbanos, com forte em uma inicial inserção no planejamento da
X X X X X
Baixo - Médio rio Capim

interferência no sistema estabilidade entre a utilização do potencial hídrico da


hídrico principal – rio Capim; demanda e a bacia, visando à manutenção dos
principalmente após a disponibilidade hídrica, padrões de quantidade e qualidade.
consolidação da Hidrovia porém vulnerável a
Guamá-Capim. mudanças.
Avanço do setor
Definição de propostas de
Pertence à área de menor produtivo, com
intervenção que possibilitassem o
sensibilidade da bacia, nesta aumento da demanda,
Cajueiro –
Pirajoara

avanço do setor produtivo e a


as intervenções estão afetando a manutenção
manutenção da disponibilidade X X X X X X
ocorrendo, porém sua da disponibilidade
hídrica da bacia, ou a definição
redistribuição não tem gerado hídrica tanto em
desta área como uma unidade
reflexos no todo. quantidade quanto em
destinada à preservação da bacia.
qualidade.
Pertence à área menor
sensibilidade da bacia, onde as Avanço do setor Definição de propostas de
Palheta – Jari

intervenções, tanto rurais produtivo, com intervenção que possibilitassem o


quanto urbanas e de fronteira progressiva redução da avanço do setor produtivo e a
com o rio Guamá estão disponibilidade hídrica, manutenção da disponibilidade X X X X X X
ocorrendo, e redistribuindo-se associada à perda tanto hídrica da bacia, ou a definição
na bacia sem que o sistema em quantidade quanto desta área como uma unidade
local sofra perdas em qualidade. destinada à preservação da bacia.
significativas.
246
Figura 125. Gado bebendo água no leito do rio Capim, associado a retirada da cobertura
vegetal e geração de processos erosivos – exemplo comum da necessidade da gestão integrada
e do manejo de bacias.

Figura 126. Desmatamento e assoreamento de curso d´água – indicadores de mudanças do


sistema, com lenta regeneração, no Baixo-Médio Capim.

247
Figura 127. Situação das áreas ocupadas na bacia do rio Capim, no ano de 2000.

248
Figura 128. Situação das áreas ocupadas na bacia do rio Capim, no ano de 2004.

249
Figura 129. Situação das áreas ocupadas na bacia do rio Capim, desde a década de 80.

250
Capítulo V

5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS


5.1 DIAGNÓSTICO BASE DA BACIA DO RIO CAPIM
O diagnóstico construído foi elaborado sobre quatro suportes:
01. Componentes estruturais: hidrografia, topografia, unidades de terreno, geologia, solos,
hidrogeologia, clima e cobertura vegetal.
02. Histórico do processo de ocupação e perfil socioeconômico: importância da bacia no
contexto regional e estadual, processo de ocupação, desenvolvimento de 1960 à atualidade,
eixos de ocupação da bacia, evolução populacional, dinâmica atual de uso e ocupação, e
potencial econômico da bacia do rio Capim.
03. Usos Atuais da Água
04. Planejamento da utilização do potencial hídrico

5.1.1 Avaliação dos componentes estruturais da bacia do rio Capim


O principal desafio do perfil estrutural é tornar a bacia hidrográfica um instrumento
viável ao planejamento.
As informações são sistematizadas tendo em sua raiz a divisão hidrográfica, em
escalas específicas (Figura 130):
• Sub-bacia hidrográfica: a menor unidade de gerenciamento que compõe a bacia
hidrográfica.
• Bacia hidrográfica: unidade principal de gerenciamento.
• Região hidrográfica: macro-unidade de planejamento com função de gestão regional.

251
Sub-Bacia
Bacia hidrográfica C1
hidrográfica A
Bacia
hidrográfica C Sub-Bacia
hidrográfica C2
Bacia
hidrográfica B

Sub-Bacia
REGIÃO
hidrográfica C3
HIDROGRÁFICA

(a)

Sub-Bacia
hidrográfica A1
SISTEMA DE UNIDADE DE
TERRENO 1 TERRENO 1.1
Sub-Bacia
hidrográfica A2
Bacia
hidrográfica A

Sub-Bacia
hidrográfica A2

UNIDADE DE
TERRENO 1.2
Sub-Bacia
hidrográfica A2 (b)

Figura 130. (a) Critério hidrográfico: Regiões↔Bacias↔Sub-bacias hidrográficas; (b)


Critério de dinâmica da paisagem: Sistema e Unidade de Terreno.

A bacia do rio Capim foi sub-dividida em 25 sub-bacias que são as unidades básicas
da informação.
Objetivando integrar os aspectos tipicamente morfométricos as características do
terreno, resultantes da interação dos diversos processos nele atuantes, foi adotado como objeto
de análise as Unidades de Terreno derivadas do conceito de landforms. Estas se mostraram
bastante funcionais, pois permitiu individualizar o Alto e o Baixo-Médio Capim e suas sub-

252
unidades componentes; como se a bacia do rio Capim tivesse um conjunto de células
definidoras de seu funcionamento.
Com base nestes, foram executadas as avaliações da: hidrografia, topografia,
unidades de terreno, geologia, solos, hidrogeologia, clima e cobertura vegetal. A Tabela 33
sintetiza as principais vantagens e limitações associadas a cada tipo específico.

Tabela 33. Avaliação da etapa levantamentos básicos – componentes estruturais.


Variável Vantagens Limitações
1. Ao se detalhar a rede de drenagem fica-se
1. A rede de drenagem foi configurada sobre atrelado à escala de trabalho e a interpretação do
a base do IBGE (1:250.000) e detalhada com analista. São definidos vários canais
base em imagens de satélite e das cartas de (especialmente os de 1° Ordem) que podem se
elevação do terreno (SRTM). comportar como canais intermitentes.
2. Este detalhamento permitiu a: análise de 2. A quantidade de canais de 1° Ordem
parâmetros morfológicos específicos e a definidos influencia diretamente nos parâmetros
Hidrografia
identificação das hierarquias de agrupamento morfológicos gerados.
de bacias. 3. O canal do rio Capim possui uma dinâmica
3. Constituiu a primeira proposta de muito intensa de erosão e deposição, o que gera
segmentação da bacia segundo unidades que modificação de seu padrão meandrante, portanto
correspondessem aos elementos de menores o “retrato” de seu contorno ilustrado, não será
heterogeneidades. exatamente o mesmo em um intervalo de curto a
médio prazo.
A topografia foi basicamente definida
considerando as informações SRTM (Shuttle
Radar Topography Mission), ou seja, cartas
de elevação do terreno (com dados
topográficos) com resolução de 90m, O processamento das informações necessita de
Topografia
produzidas a partir de imageamento de radar equipamento computacional apropriado.
acoplado a um satélite; esta permitiu um
detalhamento e um nível de informação
superior ao que se obteria com as cartas do
IBGE.
O emprego da técnica de identificação das
unidades da paisagem por meio dos landforms Como esta forma de análise parte da conjugação
Unidades de possibilitou que se reunisse à informação de diversas informações, principalmente
terreno física à dinâmica externa de processos, referentes à rede de drenagem e a topografia,
principalmente as resultantes dos agentes sua a interpretação fica a cargo do analista.
fluviais, objeto de análise.
1. Em função da escala, uma análise mais
específica, visando o uso múltiplo com área de
As unidades descritas para a bacia foram
influência em torno de um curso d´água, deve
definidas a partir do Mapeamento geológico
ter um detalhamento de suas unidades
do Brasil, realizado pela Companhia de
geológicas componentes.
Geologia Pesquisa e Recursos Minerais- CPRM (2000),
2. A avaliação das intervenções estruturais na
que apresenta um detalhamento de
bacia do rio Capim (ex: obras de engenharia)
informações adequado ao método de trabalho
demandam estudos de tectônica, especialmente
adotado.
seus reflexos sobre o material de cobertura do
Terciário – Quaternário.

253
Tabela 33. Avaliação da etapa levantamentos básicos – componentes estruturais.
(continuação)
Variável Vantagens Limitações
1. Em função da escala, uma análise mais
As unidades descritas para a bacia foram específica, visando o uso múltiplo com área
definidas a partir do mapa pedológico presente de influência em torno de um curso d´água,
no Sistema de Informações Georeferenciadas de deve ter um detalhamento de suas unidades
Solos Energia e Hidrologia-HIDROGEO, da ANEEL, pedológicas componentes.
que apresenta um detalhamento de informações 2. O planejamento do potencial agrícola da
suficiente ao trabalho adotado e adequado a bacia hidrográfica deverá ser fundamentado
caracterização de bacias hidrográficas. em um mapeamento específico à esta
finalidade.
1. O detalhamento de ações voltadas ao
planejamento hídrico na bacia deve
necessariamente buscar a realização de seu
mapa hidrogeológico, com a definição dos
Como não foram detalhadas as potencialidades potenciais, da geometria dos aqüíferos e
Hidrogeologia hidrogeológicas, as informações gerais obtidas sua relação com as unidades hidrográficas.
permitiram algumas conclusões. 2. A ausência deste não permitiu uma
análise mais consistente das possibilidades
de uso múltiplo das águas na bacia, ficando
a maior parte das conclusões finais
atreladas ao potencial superficial.
A bacia hidrográfica precisa de uma
As informações obtidas, a partir dos trabalhos
distribuição de estações climatológicas
tomados como base, possibilitaram uma visão
mais adequadas a sua geometria e usos
panorâmica da climatologia geral da bacia,
Clima múltiplos, de forma a garantir uma visão
principalmente da variação da precipitação
mais concreta do seu potencial de recarga,
pluviométrica, que contou com série histórica de
dos períodos de escassez e de maior
dos dados.
precipitação pluviométrica.
Não se pode tratar a cobertura vegetal
O mapeamento da cobertura vegetal apresentado como algo estanque, sua velocidade de
pelo MMA (2002) foi empregado apenas como alteração é muito significativa, portanto
Cobertura
norteador da análise, uma vez que se reconhece este é um levantamento que deve ser
vegetal
que o fator cobertura vegetal é altamente continuado na bacia e associado ao seu
variável em função da ocupação na região. contexto hídrico (% de cobertura por sub-
bacia).

Os resultados obtidos permitem concluir que:


1. A bacia hidrográfica do rio Capim localiza-se na região nordeste do Estado do Pará,
fazendo parte da Região Hidrográfica Costa Atlântica-Nordeste, conforme divisão estadual, e
da Região Hidrográfica do Tocantins, segundo a divisão federal. É descrita na forma de 25
sub-bacias, obtendo segundo a rede traçada o canal principal na 6ª Ordem. Os indicadores
morfométricos mostram que predomina uma rede irregular, com baixa a média densidade de
drenagem, conseqüência direta das variações de declividade da região, e de sua dimensão
espacial.

254
2. Quanto à dinâmica do relevo, foram identificados dois Sistemas de Terreno: o Alto rio
Capim e o Baixo-Médio rio Capim. No primeiro, predominam as maiores altitudes da bacia,
onde ocorre um forte entalhamento do sistema, marcado pela presença dos afluentes
principais que formam as cabeceiras do rio Capim: os rios Ararandeua e Surubiju. O Baixo-
Médio rio Capim corresponde às variações topográficas mais baixas da bacia, sofrendo a
influência da maré em parte do seu trecho principal.
3. O substrato geológico da bacia é basicamente formado pelas rochas sedimentares das
formações Itapecuru, Ipixuna e Barreiras, além das coberturas quaternárias finalizando a
seqüência. As formações Itapecuru e Ipixuna marcam o Alto rio Capim, e as formações
Ipixuna e Barreiras, o Baixo-Médio rio Capim. Estruturalmente, existem grandes feições que
denotam a tectônica marcante da região entre Marabá e Paragominas, condicionada por
feições planares predominantemente E-W e NE-SW, inserida no contexto tectônico da Serra
do Tiracambu. A ação dos processos exógenos, principalmente os pluviais e fluviais, geraram
espessos perfis de coberturas, onde se destacam: Argissolos, Latossolos e Solos Glay.
4. A bacia do rio Capim encontra-se em sua maior parte inserida na Província
Hidrogeológica do Parnaíba. Os sistemas aqüíferos são encontrados em sedimentos
Mesozóicos (Itapecuru) e Cenozóicos (Barreiras) formados por arenitos ou areias finas sobre
outras rochas. O aqüífero Itapecurú ocorre na porção sul da bacia com produtividade média à
fraca; os aqüíferos Barreiras, Aluvial e o lençol freático ocorrem na maioria dos locais e
contribuem com a vazão das drenagens naturais e eventualmente sendo abastecido por estas.
5. A análise das variáveis climáticas da bacia permitiu concluir que o Alto rio Capim
configura como a região de maior sensibilidade, podendo influir na quantidade de água que
circula na bacia. A precipitação varia de 1500 a 2000 mm ao ano no Alto rio Capim;
aumentando em direção a foz, onde passa a apresentar variações de 2000 a 2500 mm ao ano, o
que reflete em seu balanço hídrico, que mostra uma deficiência de 500 a 300 mm (média
anual) no Alto rio Capim, e de 300 a 100 mm no Baixo - Médio rio Capim (média anual).
6. Associado a estes fatores de natureza física observa-se uma cobertura vegetal em fase de
descaracterização, com modificação das composições florísticas e estruturais dos fragmentos
remanescentes, além do efeito de borda nos mesmos, resultante das intervenções antrópicas. A
fisionomia, antes, característica de florestas primárias, está sendo substituída por áreas de

255
florestas secundárias alternadas a campos, produtos da atividade agropecuária local, incluindo
as culturas de subsistência.
Resumidamente o perfil geral da bacia pode ser descrito da seguinte forma: “A bacia
do rio Capim corresponde a uma bacia de sexta ordem, de comportamento variável,
associado às variações geológicas e de retrabalhamento superficial condicionado pelos
processos fluviais. Este último é fortemente influenciado pela climatologia local responsável
por uma precipitação que apesar de garantir a sustentabilidade da bacia mostra variações
internas que diferenciam o Alto e o Baixo-Médio Capim. O aporte pluvio-fluviométrico local
possibilita formação de espessos perfis de alteração, responsáveis pela geração das
categorias de solos locais. O resultado e ao mesmo tempo a interação destas ações, produz
formas de relevo que compartimentam a bacia em dois grandes sistemas com dinâmicas
próprias, porém complementares. A cobertura vegetal natural tem garantido a
sustentabilidade hídrica da bacia, contudo o intenso processo de modificação por agentes
antrópicos produz variações e fragmentação destas unidades. Os recursos hídricos
superficiais têm correlação com o subterrâneo, porém esta interface de geometrias não é
clara pela falta de informações que permitam delineá-la. Logo, suas condições naturais são
favoráveis a sustentabilidade hídrica e ao aproveitamento múltiplo das águas ao longo do
curso d´água principal e afluentes.” (Figura 131)

Figura 131. Modificação da paisagem comum na bacia do rio Capim, desmatamento


associado a geração de feições erosivas de portes variáveis, agravadas pela ação do
escoamento superficial.

256
5.1.2 Suporte do histórico do processo de ocupação e perfil socioeconômico
A Tabela 34 sintetiza as principais vantagens e limitações associadas a cada tipo
específico.

Tabela 34. Avaliação da etapa levantamentos básicos – histórico do processo de ocupação e


perfil socioeconômico.
Variável Vantagens Limitações
A visão de como ocorreu à expansão da 1. O perfil socioeconômico foi construído com
ocupação na bacia e as principais base em informações coletadas de diferentes
Histórico do interações socioeconômicas envolvidas fontes.
processo de são fundamentais a compreensão da
ocupação resposta do sistema e sua interpretação 2. Os dados numéricos a cargo de levantamentos
quanto ao potencial de recuperação ou realizados entre os anos de 2000 e 2006, apesar de
reabilitação. recentes, não são todos contemporâneos, havendo
informações de 2000 que não tem atualização em
A dinâmica de uso e ocupação permitiu
2006.
avaliar as intervenções mais
Dinâmica
significativas que a bacia vem sofrendo
atual de uso e 3. O estudo é centralizado no enfoque hídrico,
sua perspectiva de crescimento de
ocupação portanto, limita-se a informações de
demanda e conseqüente reflexo sobre os
contextualização mais direta com a bacia
sistemas hídricos.
hidrográfica.

Os resultados obtidos permitem concluir que:


1. O histórico do processo de ocupação mostra que os fluxos migratórios tiveram um papel
relevante na conformação do atual perfil da bacia, sobretudo a partir da década de 70, nos
municípios predominantes na composição do Baixo-Médio rio Capim (Ipixuna do Pará.
Aurora do Pará e São Domingos do Capim) e do Alto rio Capim (Paragominas, Goianésia do
Pará, Rondon do Pará e Dom Eliseu); em decorrência da abertura da rodovia Belém-Brasília,
que a atravessa de Norte a Sul.
2. Atualmente observa-se o avanço da degradação ambiental (áreas desmatadas, poluição
hídrica, interrupção e assoreamento de canais d´água) no trecho oriental do Estado, onde se
encontra a bacia do Capim. Este é resultante da concentração potencial de atividades
econômicas e da migração populacional.
3. A atividade mineral ocorre de forma marcante na bacia, onde se destacam: o caulim, a
bauxita e materiais para construção civil (areia e seixo).
4. Na produção leiteira e bovina mostram-se mais atuantes, no Baixo-Médio Capim, Ipixuna
do Pará; e no Alto Capim, Paragominas.

257
5. Na produção agrícola se destacam os grãos (arroz, milho, soja) e a mandioca; os
municípios mais presentes são: Aurora do Pará no Baixo – Médio Capim e Dom Eliseu e
Paragominas no Alto Capim; a soja merece uma análise a parte, pelo seu crescimento em
termos de produção principalmente em Paragominas e de Dom Eliseu.
6. O extrativismo vegetal é um elemento de aproveitamento histórico na região, em virtude
de seu próprio processo de ocupação que teve na exploração madeireira um de seus fortes
motores; atualmente, este está declinando e permitindo a ascensão da agricultura; porém a
implantação de usinas de siderurgia no Estado tem reanimado o setor para a produção de
carvão vegetal.
Resumidamente este perfil geral da bacia pode ser descrito da seguinte forma: “A
bacia do rio Capim encontra-se em um dos setores mais produtivos do Estado, historicamente
foi associada a forte atividade extrativista, representada pela exploração de madeira;
atualmente a mineração e a agricultura estão definindo as novas formas de ocupação;
atividades irregulares como carvoarias e extração de material para construção civil no leito
de rio, também tem agravado diversas situações de degradação hídrica e florestal. Todo este
processo não contemplou até o presente momento, a bacia hidrográfica como unidade de
planejamento, trazendo conseqüências como desmatamentos de matas ciliares, de entorno de
nascentes, interrupções de cursos d´água e uma contaminação não contabilizada pelo uso de
defensivos agrícolas.” (Figura 132)

Figura 132. Situação clássica gerada pela ocupação irregular ao longo dos cursos d´água,
gerando problemas sociais (saúde e saneamento) e ambientais (poluição hídrica).

258
5.1.3 Avaliação dos usos atuais da água e do planejamento da utilização do potencial
hídrico
A Tabela 35 sintetiza as principais vantagens e limitações associadas a cada tipo
específico.

Tabela 35. Avaliação da etapa levantamentos básicos – usos atuais da água e do planejamento
da utilização do potencial hídrico.
Variável Vantagens Limitações
Usos atuais da água 1. O levantamento dos usos múltiplos das águas
Permite qualificar/
ocorreu a partir de entrevistas de campo e do
quantificar os usos
Planejamento da referencial bibliográfico.
múltiplos existentes e sua
utilização do potencial 2. Como não existem formas concretas de
necessidade de
hídrico planejamento hídrico, as informações são
planejamento.
interpretadas a partir de bases pré-existentes.

Os resultados obtidos permitem concluir que:


1. O quadro de ocupação na bacia configura uma dinâmica não contabilizada em termos de
usos múltiplos. As ações de campo (entrevistas e relatos) indicam uma não sensibilização em
termos do potencial hídrico da bacia e seus usos diversos.
2. A utilização da água é voltada em primeiro plano ao abastecimento e lançamento de
efluentes, sendo o abastecimento para consumo humano em geral proveniente de água
subterrânea a profundidades variáveis.
3. Como as atividades econômicas na bacia foram basicamente extrativistas em seu processo
de ocupação, a ausência de planos de manejo tem por conseqüência atual a ocupação de áreas
consideradas de preservação (nascentes e APP-Áreas de Proteção Permanente).
4. O MZEE do Estado do Pará prioriza a área da bacia do rio Capim para a expansão do
setor produtivo, esta perspectiva de cenário futuro gerará na bacia um desequilíbrio em torno
de seus usos múltiplos, com possibilidade de crescimento de uma atual quase inexpressiva
atividade irrigação, com o aumento das áreas destinadas ao plantio de soja; além do acúmulo
de lançamentos diversos de efluentes oriundos do setor mineral e siderúrgico.
5. O aumento de núcleos urbanos pode contribuir para agravar este fato, principalmente se
houver ampliação da oferta de empregos locais, fomentando o lançamento de efluentes
domésticos e a geração de lixo.

259
6. Atualmente a região conta com um precário sistema de saneamento básico, sem rede de
tratamento interligada de esgoto e com a destinação do lixo para lixões a céu aberto, aterros
não controlados ou, como foi constatado em campo, o próprio leito do rio Capim.
Resumidamente, este perfil geral da bacia pode ser descrito da seguinte forma: ”A
bacia do rio Capim teve um processo de ocupação que não considerou sua sustentabilidade
hídrica. A utilização ampla de suas terras, sem observar limites como nascentes ou matas
ciliares, no decorrer dos anos agravou os processos locais de erosão e assoreamento de
canais. Estes são associados ao lançamento de efluentes domésticos e industriais de forma
difusa, de resíduos sólidos e captações irregulares, com obstrução de cursos d´água para
construção de açudes para bebedouro de animais. As perspectivas futuras mostram a
continuação deste cenário e sua ampliação, uma vez que, a bacia se encontra no “front”
produtivo do Estado, fazendo parte no âmbito nacional da Região Hidrográfica do
Tocantins-Araguaia, que tem associada a si, diversos projetos de ampliação de seu potencial
energético, fomentando assim o crescimento econômico regional, disponibilizando para o
setor produtivo os insumos principais: água, terras e energia.” (Figura 133)

Figura 133. Situação agravante, o leito do rio Capim sendo utilizado como lixão a céu aberto
na localidade de Canaã.
260
5.1.4 Considerações sobre a etapa de diagnóstico
Com base no exposto, conclui-se que:
1. O acervo de informações mais as complementações de escritório e campo, permitiram
uma análise concreta da bacia e de seus componentes mais atuantes, subsídios ao foco
principal deste trabalho que é o planejamento hídrico.
2. Foram contempladas as principais características naturais e antrópicas, sempre
considerando como referencia a unidade espacial da bacia hidrográfica.
3. Este último critério mostrou-se ser o mais complexo, como antevê a literatura,
principalmente pela dificuldade de espacializar a informação. Esta, é mais fácil quando se
consideram os fatores naturais, do que os socioeconômicos.
4. Definir critérios para a participação do município na bacia tentou minimizar as incertezas,
ou conduzir melhor o processo avaliativo. Porém, como no caso de Paragominas, pode
ocorrer de mais de 50% da área municipal estar na bacia, mas sua sede não.

Figura 134. Nascente preservada, uma necessidade à manutenção do sistema hídrico da bacia.

261
5.2 ANÁLISE DO SISTEMA
5.2.1 Definição do questionamento condutor
O questionamento conduziu a análise do sistema para a obtenção dos objetivos
propostos foi: Quais as variáveis que favorecem ou não a manutenção do sistema hídrico da
bacia do rio Capim?.
Segundo Meredith e Mantel (1995) para o planejamento é fundamental a fixação e
clareza dos objetivos para toda a missão. Estes foram:
1. Elencar dentre as características identificadas no diagnóstico base, as mais pertinentes a
avaliação das condições de sustentação do sistema hídrico da bacia do rio Capim.
2. Hierarquizar o grau de influência das variáveis selecionadas.
3. Permitir uma análise indicadora das condições de sustentação do sistema hídrico da bacia
que possibilite a formulação do quadro atual e das tendências futuras.
Para esta identificação contou-se com a análise por meio da Matriz de Correlação,
como modeladora das variáveis-chaves, baseando-se no pressuposto da existência de um
relacionamento entre as variáveis do sistema.
Os resultados obtidos mostraram que o questionamento condutor exerceu seu papel
de selecionador, ajudando a evitar análises dispersas, que tirariam o foco do trabalho
proposto.

5.2.2 Estruturação matricial das informações


A Matriz de Correlação estruturada para a bacia do rio Capim foi construída em três
etapas:
ƒ Delimitação do Sistema – onde foram identificados dois sistemas de terreno, o Alto rio
Capim e o Baixo - Médio rio Capim; com seis unidades de terreno associadas:
ƒ Determinação das variáveis chaves – divididas em dois grandes grupos: o natural e o
socioeconômico:
ƒ Definições de pesos segundo o questionamento proposto – as variáveis foram analisadas
individualmente atribuindo-se pesos conforme sua capacidade de favorecer ou não a
manutenção do sistema hídrico da bacia.

262
Esta seqüência foi adotada, como forma de deixar as informações claras e bem
definidas, pois o número final de 38 variáveis, cada uma analisada individualmente em 06
unidades de terreno (228 células no total), gera uma matriz longa e trabalhosa.
Com base no questionamento condutor foi definido um sistema de pesos baseado em
hipóteses que apresentam alternativas ao mesmo.
A formulação das hipóteses tentou contemplar o leque de respostas das variáveis
envolvidas, em uma escala numérica de 1 a 5. O emprego de pesos justifica-se como
mecanismo de avaliação mais coerente e que representaria uma forma de delineamento do
grau de influência. Na Tabela 36 são apresentados os critérios empregados, organizados por
hipótese.

5.2.3 Procedimentos de análise


Como foi observado a Matriz de Correlação teve sua construção baseada em critérios
bem definidos pelo questionamento condutor, estes contemplaram 08 grupos que reúnem as
38 variáveis selecionadas, referentes aos fatores: climáticos; do perfil de alteração; do modelo
de terreno; dos sistemas hídricos; da cobertura vegetal; dos sistemas produtivos; da ocupação
territorial; e da caracterização do uso e gestão dos recursos hídricos.
A formulação da proposta de análise, seus resultados e limitações são
correlacionados na Tabela 37.
Considera-se que o procedimento de análise conseguiu atingir seu objetivo de
sistematizar o processo de atribuição de pesos, tornando-o passível de retro-alimentação, uma
vez que, foram definidos critérios condutores para indicação de cada valor, e conforme o
aumento do conhecimento e sua atualização será possível adotar tais mudanças e fazer assim
o sistema se auto-regular.
Observa-se que para o planejamento hídrico é de fundamental importância a
sistematização de fatores diretamente e indiretamente influentes, pois tais critérios serão os
termômetros de seu funcionamento, possibilitando o estabelecimento de objetivos, metas e
responsabilidades para todos os envolvidos (MEREDITH & MANTEL, 1995).

263
Tabela 36. Critérios empregados na definição dos pesos atribuídos.
1 2 3 4 5
Pesos Altamente com
Não ou muito Significativamente
Pouco Moderadamente algumas
pouco sem restrições
restrições
São capazes de
Relativo Trazem restrições, São capazes de
Não Trazem fortes favorecer, com
manutenção porém são capazes favorecer, sem
favorecem. restrições. algumas
da bacia de favorecer. restrições.
restrições.
muito maior
maior que a menor que a
que a menor que a
disponibilidade disponibilidade muito menor que a
A utilização disponibilidade disponibilidade do
do sistema, do sistema, e a disponibilidade do
dos recursos do sistema, sistema, porém
com lenta tendência de sistema.
hídricos é... sem tende a aumentar;
capacidade de aumentar é
capacidade de
recuperação; pequena;
recuperação;
a saída muito maior saída a saída de água é a saída de água é
Relativo a a saída de água é
maior que que entrada, menor que a que menor que a
entrada/saída muito menor que a
entrada, sem com lenta entrada, mas entrada, com
de água do entrada;
capacidade de capacidade de existem casos de curtos períodos
sistema...
recuperação; recuperação; escassez; de escassez;
não contribui,
HIPÓTESES

Relativo a
perda de água havendo não contribui,
ocorre de
do sistema em contribui para possibilidade disto sendo pequena a não contribui.
forma
quantidade que ocorra; ocorrer em função possibilidade
significativa;
e/ou da modificação de disto ocorrer;
qualidade... um ou outro fator;
não dificultam a
não dificultam a sua manutenção,
Relativo a dificultam a
sua manutenção, sendo limitados
área de geram redução; sua não dificultam.
podendo no futuro os fatores que
drenagem da manutenção;
vir a contribuir podem vir a
bacia...
para sua redução; contribuir para a
sua redução;
na total na parcial
que existe gestão que existe gestão
ausência de ausência de que existe gestão na
Implica ... na bacia, mas de na bacia, porém
gestão na gestão na bacia atuante.
limitada atuação; pouco efetiva;
bacia; bacia;

O planejamento é a função de selecionar e alcançar com êxito objetivos por meio do


estabelecimento de políticas, procedimentos e programas, baseados em previsões. É um
processo contínuo, que determina o que precisa ser feito, por quem, quando e por qual valor.
O propósito básico para se elaborar um planejamento é a possibilidade de estabelecimento de
metas e a viabilização de sua concretização. O seu uso facilita a compreensão de problemas
complexos que envolvem a interação de fatores estabelecendo um rumo (OLIVEIRA, 2003).

264
Tabela 37. Avaliação dos elementos de análise e sua resposta.
Fatores Proposta de análise Resultados Limitações
Favorecem o sistema as
Associa os critérios de: temperatura, classes que implicam em
umidade, classificação climática, maior possibilidade de
Climáticos
deficiência hídrica e precipitação entrada de água, e menores
pluviométrica. perdas por saída para a
atmosfera.
ƒ Não favorecem o sistema:
Avalia de forma conjugada as
as unidades potencialmente
informações: da geologia, dos solos
erodíveis e as zonas de As informações podem ser
e da dinâmica do sistema. Esta
intensa acumulação. mais detalhadas e
Perfil de utilizou como critérios de análise: o
ƒ Favorecem o sistema as contextualizadas em uma
alteração escoamento superficial, o
unidades que potencializam o escala maior.
armazenamento de água subterrânea
escoamento superficial e a
e infiltração; e a maior
recarga dos sistemas
vulnerabilidade à erosão.
aqüíferos.
Quanto mais dissecado o
Reúne as características descritivas sistema da bacia, mais ele
Modelo de
das formas e do grau de perde sua capacidade de
terreno
retrabalhamento do relevo. transporte e favorece a
deposição.
Agrupa as categorias indicadoras da: Permitem definir o perfil da
Sistemas
densidade de canais, quantidade e da bacia quanto à qualidade e
hídricos
qualidade das águas. quantidade de água.
Quanto maior a cobertura
Necessita-se de maior
vegetal em áreas de recarga,
Relaciona o tipo de cobertura quantidade de informações,
de mata ciliar e de nascentes,
vegetal, fundamental à preservação com a ampliação do
maiores as chances do
Cobertura da bacia; com o percentual de área monitoramento hídrico e
sistema hídrico não perder
vegetal sem cobertura vegetal e grau de ambiental nessa região.
sua produtividade ao longo
cobertura das matas ciliares e das
do tempo, reduzindo
nascentes.
processos como erosão e
assoreamento.
Avalia de forma integrada os
principais usos do setor produtivo
que podem exercer influencia sobre
Sistemas o sistema hídrico: potencial mineral,
produtivos área de influência direta da hidrovia, As informações são
agropecuária e extrativismo vegetal, Quanto maior a pressão indicadoras da situação entre
agricultura irrigada, indústria, pesca, destes setores, maior será o 2000 e 2006, devendo-se
navegação, turismo e lazer. uso do potencial hídrico. considerar sua velocidade de
Integra os índices que caracterizam: dinâmica temporal.
a demografia, o índice de
Ocupação
desenvolvimento humano, o
territorial
potencial de ocupação territorial, e a
infra - estrutura viária.
Avalia de forma integrada os As informações são
Caracterização
seguintes fatores: sistema de Quanto menor for o nível de indicadoras da situação entre
do uso e
abastecimento de água e saneamento estruturação e funcionalidade 2000 e 2006, devendo-se
gestão dos
básico, demanda por água, sistema destes, maior será a pressão considerar a possibilidade de
recursos
de informação e instrumentos de sobre os recursos hídricos. mudanças, para os sentidos
hídricos
gestão de recursos hídricos. mais e menos agravantes.

265
5.2.4 Matriz de correlação
Segundo Oliveira (2003) o processo para se cumprir os objetivos e as metas se dá, na
maioria das vezes, sob condições de informação parcial, sendo necessário um processo de
coleta e seleção de informações para realimentar o processo, a fim de se garantir o rumo na
direção desejada; o emprego da Matriz de Correlação teve este fim, permitindo individualizar
o comportamento geral do sistema, suas homogeneidades e heterogeneidades. A organização
de informações pertinentes e relevantes é necessária para dar fundamento e orientação ao
processo de planejamento (MARTIN, 2002).
Considerando-se seus objetivos e a necessidade de apresentar uma alternativa de
tratamento da complexidade do meio ambiente, que exige o reconhecimento e a identificação
dos fatores essenciais para dar agilidade na tomada de decisões, pois quanto maior é o número
de variáveis ou fatores, maiores são as suas possíveis influências no estado final dos
resultados, devido às constantes mudanças do meio; o emprego da Matriz de Correlação
mostrou-se um mecanismo hábil a ponderação de variáveis em função de suas significância
para a sustentabilidade hídrica.
Como produto desta ponderação obteve-se a primeira avaliação de sensibilidade da
paisagem, entendida em termos de equação como (USHER, 2001): S = ∆st ; Onde: S =
∆et
sensibilidade; ∆st = percentual de alterações sofridas no sistema; ∆et = percentual de
alterações sofridas em componentes do sistema.
Logo, quando S = 1, a somatória das alterações sofridas pelos seus componentes
refletirá diretamente no sistema como um todo. E quanto menor o valor de S (mais afastado
de 1), mais o sistema está tendo capacidade de se recuperar ou simplesmente de redistribuir as
alterações sofridas, de tal modo que no todo não é perceptível.
A análise realizada baseou-se na avaliação percentual dos pesos dados, indicando
que quanto maior o número de variáveis que tornam a bacia dependente de fatores externos,
maior será a probabilidade de o todo refletir rapidamente as alterações sofridas por seus
componentes, e mais próximo de 1 será o valor de S.
O resultado obtido trás praticamente toda a bacia para uma situação de garantia da
manutenção de seu potencial hídrico, indicando uma tendência menor nas UT´s Ararandeua –
Surubiju e Palheta – Jari.

266
Como para iniciar qualquer planejamento no campo dos recursos hídricos é
necessário entender a dinâmica do sistema, quem são seus limitadores e qual o seu nível de
intervenção (OLIVEIRA, 2003), o resultado obtido apenas pela Matriz de Correlação, pode
ser aprimorado, visando discriminar e individualizar os pontos focais para a gestão hídrica da
bacia do rio Capim. E como forma de aprimoramento foi empregada a Análise Estrutural.
Ao final observou-se que a melhor formulação foi quando se juntou as duas matrizes
(de correlação e a estrutural), a primeira com a ponderação de pesos e a segunda com a
seleção de variáveis.

5.3 FORMULAÇÃO DE TENDÊNCIAS


5.3.1 Análise estrutural
A identificação das variáveis-chaves que expressam as relações de causalidade
(causa e efeito), por meio de uma matriz quadrada, que cruza as variáveis entre si, atribuindo
pesos que refletem a influência de cada uma sobre todas as outras, indicando as relações de
dependência e motricidade do sistema; constituem a base da Análise Estrutural e de sua
componente funcional a Matriz Estrutural (BUARQE, 2001).
Na busca da melhor forma de entender as relações foram empregados dois
procedimentos: o primeiro que avaliou apenas as relações diretas/indiretas (sistema binário 0-
1); e outro que considerou os níveis de influência (sistema potencial 1-2-3).
O preenchimento da Matriz Estrutural em ambos os sistemas, teve como base o
Diagnóstico Base representado na Matriz de Correlação e nas experiências de campo. O
resultado final atendeu ao esperado a partir dos comportamentos gerais já detectados,
mostrando que se houveram perdas estas não afetaram o produto final.

5.3.2 Definição da dinâmica e evolução


Preenchida a Matriz Estrutural, o resultado é transcrito na forma de um sistema
cartesiano, onde o eixo horizontal traduz o grau de dependência e o vertical à motricidade.
O próprio método procura excluir as variáveis pouco motrizes e pouco dependentes
(excluídas) e as medianamente motrizes e dependentes (pelotão), que ocupam uma posição
intermédia de difícil de caracterização (CALDAS & PERESTRELO, 1998). Restando três
categorias: motrizes, de ligação e de resultado.
267
Este método mostrou sua eficiência de filtragem, pois os resultados das duas formas
de análise, o sistema binário 0-1 e o potencial 1-2-3, apresentaram o mesmo percentual de
redução (> 60%) das variáveis.
Como todo método numérico, algumas exceções podem ser feitas:
1. Algumas variáveis ficaram nas faixas limites entre duas áreas do gráfico (resultado-
ligação ou ligação-motrizes);
2. Este comportamento duplo pode ser solucionado em função da análise das características
próprias da variável na bacia, não representando um problema;
3. O resultado do sistema potencial 1-2-3 mostrou um maior número de variáveis de ligação,
que são aquelas muito motrizes e muito dependentes, objeto de fortes influências e que
propagam estas ao conjunto do sistema; consequentemente sendo boas indicadoras de
sensibilidade.

5.3.3 Definição de cenários ambientais


5.3.3.1 Mapeamento das forças motrizes e avaliação da sensibilidade da bacia
Nesta etapa ocorre a conjugação das duas matrizes trabalhadas – correlação e
estrutural – finalizando o processo de identificação das variáveis-chaves do sistema.
As variáveis indicadas nos campos: motrizes, ligação e resultado; são separadas e
analisadas segundo seus pesos anteriormente estabelecidos.
O resultado permite visualizar um mapeamento de forças. A forma adotada de
representação – em escala de cores – se mostrou de fácil visualização e compreensão,
permitindo identificar rapidamente quem favorece a sustentação do sistema hídrico. Outra
vantagem é a identificação de onde ela é mais e menos favorecida.
O resultado mostrou três níveis hierárquicos, que trazem as sub-bacias mais a
montante como elementos de maior sensibilidade, onde pode ocorrer uma instabilidade
condicional no sistema, com a possibilidade de mudança rápida e irreversível, dependendo da
escala dos processos ou dos fenômenos (THOMAS, 2001). Logo, estas são mais susceptíveis
a ação antrópica, que age diretamente na capacidade e velocidade de resposta do sistema, uma
vez que sua intervenção pode ser tão significativa a ponto de modificar de forma permanente
o mesmo (ALLISON & THOMAS, 1993).

268
As sub-bacias próximas à foz sofrem mudanças em taxas que permitem o reajuste
mútuo entre todos os seus componentes. Porém gradualmente, em direção a montante, as sub-
bacias estão sofrendo um aumento no valor e na taxa de stress aplicado aos seus
componentes; e o período do reajuste tende a ser maior, com os vários subsistemas tentando
restabelecer novos equilíbrios. Segundo Thomas (2001) estes não serão alcançados se a
freqüência dos eventos modificadores persistir ou se elevar, suficientemente para causar um
distúrbio maior.

5.3.3.2 Avaliação de tendências e eventos


Nesta etapa foi empregado, como critério a projeção de tendências extremas com
base na aplicação ou não dos instrumentos da política estadual de recursos hídricos,
associados ao planejamento ambiental municipal. Este último foi acrescentado porque se
entende que apesar de, a gestão hídrica ser estadual ou federal, se não houver uma parceria
com a política ambiental municipal, a mesma terá dificuldades de implantação.
Cada tendência considerou o crescimento do potencial econômico da bacia frente: ao
estabelecimento da gestão territorial e hídrica; e a não manutenção das potencialidades
hídricas. Em ambos os casos, prevêem-se o desenvolvimento diferenciado das seguintes
ações: outorga; fiscalização e monitoramento; enquadramento dos corpos d´água segundo
classes de uso; levantamentos bases (incluindo aspectos físicos-bióticos-socioeconômicos);
cadastro de usuários e planejamento ambiental municipal.
A forma de representação utilizada, em cores, com gradação conforme a escala
adotada foi o mecanismo encontrado para visualizar o processo de forma mais integrada.
A base de coleta de informações foram as prefeituras municipais são órgãos do
estado. Em ambas as situações, o cenário de aplicação de políticas ambientais mais concretas
e no caso do estado a hídrica, ainda pode ser considerado incipiente.
Como o aparelhamento das políticas ambiental e hídrica é uma decisão de maior peso
político, centralizada nos governos municipais e no Estado, não é possível quantificá-la,
apenas inferir seu comportamento com base no panorama atual (Tabela 38).

269
Tabela 38. Situação dos sistemas de gerenciamento ambiental/hídrico municipais e do Estado.
Até o ano de 2006, o panorama dos municípios componentes da bacia do rio Capim e do Estado era...
São
Aurora Ipixuna Dom Rondon do Goianésia
Domingos Paragominas
do Pará do Pará Eliseu Pará do Pará
do Capim
Órgão/
Existente Existente
Departamento Não Não Existente como Não Não
como como
específico para o existente existente órgão existente existente
departamento departamento
Meio Ambiente
Estado do Pará
Ano de criação A Política Estadual de Recursos Hídricos foi homologada em 25 de julho de 2001.
Outorga Não regulamentada.
Fiscalização e
O hídrico ainda ligado ao ambiental.
monitoramento
Enquadramento
dos corpos Não regulamentado e sem rede de monitoramento próprio.
d´água
Com base em informações secundárias, a rede hidrológica pertence à Agência Nacional de Águas
Levantamentos
e a Hidrometeorológica com 11 estações – plataformas automáticas – gerenciadas pelo Estado,
bases
mas em parceria com o INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
Cadastro de
Existente, mais sem normalização.
usuários

Os resultados mostraram que para se alcançar a 1ª Tendência o principal é a


implantação, fortalecimento e ampliação dos instrumentos da política de recursos hídricos e
do planejamento ambiental. No caso da 2ª Tendência o que predominará é uma situação mais
agravante que a atual, com a não implantação, enfraquecimento ou redução gradativa de ações
voltadas ao planejamento hídrico e ambiental.

5.3.4 Identificação de estratégias


Para identificação de estratégias, desenvolveu-se o seguinte mecanismo:
1. A análise estrutural das 38 variáveis conduziu à identificação de 13 variáveis-chaves;
agrupando-as segundo seu comportamento: de resultado (3), de ligação (7) e motrizes (3).
2. Utilizando os critérios da Matriz Gerencial de Recursos Hídricos foram selecionadas
aquelas que implicam diretamente nos seus usos múltiplos, reduzindo para 05 variáveis:
transporte (navegação); turismo e lazer; extrativismo vegetal e agropecuária; lançamento de
efluentes e saneamento (qualidade da água); abastecimento humano e industrial (demanda por
água).

270
3. Como ferramenta para manusear esta nova matriz foi empregada à análise morfológica das
respostas possíveis a cada um dos cinco usos múltiplos, pelo método MORPHOL (LIPSOR,
2005), onde foram selecionados os cenários mais prováveis.
4. Dentro da análise morfológica as hipóteses são combinadas entre si atribuindo-se valores
que indicam a sua situação de ocorrência, estas são combinados uma a uma, estruturando os
conjuntos mais possíveis de ocorrerem, que indicará os cenários mais plausíveis.
5. A construção de cenários pela análise morfológica parte do pré-suposto da existência de
um ou mais sistemas (Alto e Baixo-Médio Capim) que podem ser decompostos em
dimensões, ou componentes (transporte; turismo e lazer; extrativismo vegetal e agropecuária;
lançamento de efluentes e saneamento; abastecimento humano e industrial) cada um deste
componentes podendo ter um determinado número de estados possíveis (hipóteses que
indicam a oferta hídrica disponível). O encaminhamento, ou seja, a combinação associada à
configuração de cada componente passa a compor um cenário.
Esta formulação mostrou-se funcional ao problema de definição de estratégias, pois
permitiu ter um modelo adaptável e aplicável.

5.3.5 Cenários possíveis


Como as perspectivas futuras identificadas pela avaliação de tendências e eventos
não são concretamente valoráveis, inferiu-se a partir dos resultados da análise morfológica
como seriam os cenários a partir da:
ƒ Manutenção das condições atuais – chamado de Cenário ESTÁVEL ou ATUAL;
ƒ Implantação, fortalecimento, ampliação e consolidação da política hídrica e do sistema
municipal de meio ambiente – chamado de Cenário SUSTENTÁVEL.
ƒ Não implantação, enfraquecimento, redução, e implementação lenta da política hídrica e do
sistema municipal de meio ambiente – chamado de Cenário RESTRITO.

5.4 PERFIL DE DEMANDAS ATUAIS E PERSPECTIVAS FUTURAS


Esta etapa finaliza o processo mostrando o perfil resumo da bacia do rio Capim e as
UT´s que devem ter prioritariamente propostas individualizadas de planejamento para
utilização de seu potencial hídrico.

271
O perfil foi construído considerando os Cenários: RESTRITO, ATUAL e
SUSTENTÁVEL; com base no pré-suposto do crescimento do setor produtivo, do
abastecimento público, das condições de saneamento básico e no avanço da demanda de água
sobre a oferta. Prevendo, desta forma, a implantação do MZEE do Estado; do aumento do
potencial de extração mineral com a ampliação das áreas já explotadas e aberturas de novas;
da finalização da hidrovia Guamá-Capim; do crescimento do setor agropecuário e de serviços
na região, se verdadeiro o incremento populacional projetado pelo IBGE (2006). (Figura 135)

100000 População 1991 População 1996 População 2000 Projeção 2006


90000
80000
70000 ALTO CAPIM
População

60000
50000 BAIXO-MÉDIO CAPIM
40000
30000
20000
10000
0

eu
as

á
im



r
Pa

in
Pa

Pa
Pa

is
ap

El
C

do

do

do
do
o

om
do

ag
a

n
or

un

si

do
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s

Pa
go


ur

ix

on
A
in

Ip

R
oi
om

G
D
o

População São Domingos Aurora Ipixuna Goianésia Dom Rondon do


Paragominas
total do Capim do Pará do Pará do Pará Eliseu Pará
1991 20876 12360 9290 59636 11039 24362 31156
1996 23916 15453 13930 65931 20882 35981 35221
2000 27405 19728 25138 76450 22685 39529 39870
Projeção 2006 32231 25174 36851 88877 31293 50739 48311
Figura 135. Incremento populacional projetado pelo IBGE (2006).

O resultado ilustrado também sob a forma de cartas, mostra a evolução até 2004 da
ocupação na bacia, e o que ocorre com as perspectivas extremas. Conclui-se desta forma, que
a bacia do rio Capim em função de sua localização e aspectos naturais, demanda por ações de
ordenamento territorial, com a utilização do manejo de bacias, na recuperação das áreas
prioritárias; e de planos de bacias para o ordenamento do aproveitamento de seus usos
múltiplos com a aplicação dos instrumentos da Política Estadual de Recursos Hídricos
(Figuras 136 e 137).

272
(a)

(b)

(c)
Figura 136. Possibilidades futuras: (a) extrativismo vegetal; (b) turismo e lazer; e (c) poluição
hídrica.
273
(a)

(b)

(c)
Figura 137. Possibilidades futuras: (a) ampliação de núcleos populacionais existentes –
Santana do Capim; (b) urbanização; e (c) expansão agrícola e pecuária.
274
5.4.1 Manejo de áreas prioritárias na bacia do rio Capim
O manejo da bacia hidrográfica do rio Capim deve ser orientado para a conservação
de sistemas hídricos e recuperação de áreas degradadas.
Os problemas identificados, associados aos usos inadequados do solo e dos recursos
hídricos, que mais se destacaram foram (Figura 138):
ƒ Degradação dos solos: nas UT´s Candiru-Açu e Jamanxim - Itaquiteua Grande ocorrem
ações que ameaçam a capacidade de sustentação do sistema, sobretudo nas áreas de intensa
atividade agrícola e madeireira.
ƒ Degradação dos cursos d'água: a necessidade de se chegar ao rio com travessia em
embarcações de madeira e a fixação de vastas fazendas próximas a cursos d´água, tem gerado
o uso inadequado das áreas marginais e das planícies de inundação, produzindo degradação
nas áreas de preservação permanente. Estas ações têm modificado em determinados trechos o
ciclo erosão-assoreamento, intensificando as perdas de solo, com conseqüentes modificações
no curso do leito do rio (observável nas UT´s: Candiru-Açu, Carataua-Açu, e Jamanxim -
Itaquiteua Grande).
ƒ Degradação de áreas florestais: com a exploração não-sustentável da vegetação primária e
secundária, as sub-bacias componentes tem perdido várias áreas de nascentes, reduzindo seu
potencial de recarga do sistema; este tem grandes possibilidades de ser o processo atuante na
UT Ararandeua – Surubiju devido a sua característica de fronteira (Estadual com o Maranhão
e de transição de bacias com a bacia hidrográfica do Tocantins-Araguaia) e a forma difusa
com que está se processando sua ocupação.
ƒ Modificação na qualidade das águas: apesar de não quantificada, a inexistência em quase
toda a bacia de sistemas de tratamento de esgoto e a forma difusa de fixação das atividades
produtivas, tem gerado uma poluição local, mas dispersa. Como não se conhece o background
natural das águas da bacia, não se tem parâmetros de comparação para a avaliação do
lançamento continuado de efluentes em seus diversos cursos d´água componentes.
Dentre as técnicas abordadas por Bragagnolo e Pan (2000) para o uso, manejo e
conservação dos recursos naturais (principalmente solo e água), no caso da bacia do rio
Capim sugere-se:
ƒ Aumento da cobertura vegetal do solo: nas áreas de preservação permanente e nas sub-
bacias responsáveis pela recarga do sistema superficial e de interação com o subterrâneo.
275
(a)

(b)
Figura 138. Exemplos de prioridades ao manejo: (a) reorientação das formas de ocupação; e
(b) manutenção das áreas de preservação permanente.

276
ƒ Controle do escoamento superficial: prevendo o monitoramento da ocorrência de focos de
erosão, realizando pequenas obras nos trechos mais críticos.
ƒ Controle da poluição: cadastrando e ordenando os pontos de lançamento, com a
caracterização físico-química e bacteriológica do efluente.
ƒ Incentivo ao planejamento do uso do espaço: nas propriedades de acordo com a aptidão
natural dos solos por sub-bacia.
ƒ Preservação de ecossistemas de potencial turístico.
ƒ Preservação de áreas de mananciais para abastecimento público.
ƒ E trabalhar a vertente comunitária do manejo: procurando as lideranças da sociedade civil
organizada existente nos municípios para captar sua percepção e empregá-la como elemento
de sensibilização para o uso adequado do sistema solo-água da bacia.

5.4.2 Plano da bacia do rio Capim


O Plano da bacia do rio Capim seria um instrumento de articulação com os demais
instrumentos da Política Estadual de Recursos Hídricos e estaria integrado ao Plano Estadual
de Recursos Hídricos.
Suas ações visariam à gestão compartilhada e o uso multi-setorial, integrado dos
recursos hídricos superficiais e subterrâneos.
No seu processo de elaboração adotaria uma postura contínua e dinâmica, com
revisões periódicas e focadas em uma visão com previsão de ações de curto, médio e longo
prazos, traduzidas pela análise dos cenários previstos (ATUAL – RESTRITIVO –
SUSTENTÁVEL) que retratam suas condições de desenvolvimento.
A elaboração do plano deverá abranger as seguintes etapas:
ƒ Diagnóstico da bacia hidrográfica, produzido a partir dos dados primários e secundários
disponíveis;
ƒ Análise de alternativas de desenvolvimento da bacia, abrangendo a evolução da dinâmica
populacional, das atividades produtivas e as tendências de uso e ocupação do solo, bem como
as de aproveitamento dos recursos hídricos;
ƒ Avaliação das interferências na disponibilidade, na qualidade dos recursos hídricos e nos
conflitos de uso;

277
ƒ Consolidação de metas de racionalização de uso, aumento da disponibilidade e melhoria da
qualidade;
ƒ Previsão de enquadramento de cursos de água, definição de diretrizes para outorga e
fiscalização.
O Plano de Bacia requer que os esforços que estejam dirigidos aos temas, que
retratem as questões-chave para a sua sustentabilidade, individualizando as unidades
componentes da bacia; não a tratando como uma unidade integra em que todos os seus
componentes respondem com a mesma intensidade ao processo, garantindo a legitimidade das
proposições.
Apresenta-se, a seguir, uma relação indicativa de temas relevantes que podem ser
abordados na preparação do Plano de Bacia:
a) Para avaliação do potencial dos recursos hídricos:
ƒ O fornecimento de água potável: águas superficiais e subterrâneas.
ƒ A disposição e tratamento de efluentes domésticos e industriais.
ƒ A água como meio de sustentação dos ecossistemas naturais.
ƒ A água como meio de sustentação de comunidades locais.
ƒ A pesca comercial e a aqüicultura.
ƒ A irrigação como perspectiva futura.
ƒ O transporte hidroviário.
ƒ O controle de cheias.
ƒ O turismo e lazer.

b) Para identificação das potencialidades socioambientais:


ƒ A conservação de ecossistemas de alto valor ecológico.
ƒ A sustentabilidade da atividade agropecuária.
ƒ A possibilidade de integração intermodal de transportes com menor impacto ambiental.
ƒ Tendências futuras e impactos do uso e ocupação do solo na conservação dos recursos
hídricos.
ƒ Atividades econômicas dominantes e estratégicas para o desenvolvimento da região.
ƒ A redução das desigualdades sociais: o papel dos aproveitamentos de recursos hídricos.

278
Capítulo VI

6 CONCLUSÃO
6.1 O PLANEJAMENTO E A OFERTA HÍDRICA
No mundo são vários os exemplos de onde a escassez hídrica é o elemento condutor
de conflitos, são conhecidos os problemas do Oriente Médio, de diversos países
industrializados da Europa e no Norte Africano.
Porém, a discussão sobre a gestão da oferta é bem mais restrita. Basicamente é um
privilégio dos países latino-americanos, em especial dos amazônicos.
Aplicar políticas integradas que contenham dentro de suas prioridades a gestão dos
recursos hídricos, quando existem problemas que geram conflitos imediatos, como o
desmatamento, a poluição atmosférica e sociais agravantes, como as disputas por terras e bens
minerais; não tem sido uma meta fácil de ser atingida nos estados Amazônicos.
A gestão da oferta hídrica deve ser construída nas propostas de governo como uma
meta de garantia da sustentabilidade do recurso água, mesmo em situações agravantes como a
grande seca de 2005, que ocorreu na bacia Amazônica.
Para tanto, é necessário um grande esforço na compreensão da bacia hidrográfica
como um sistema que contém elementos naturais e antrópicos; cuja dinâmica aponta para um
conjunto complexo de variáveis de entrada e saída que estabelecem entre si diversas
correlações de motricidade, dependência, independência ou invariância. Esta unidade é
mutável ao longo do tempo e apresenta uma capacidade de recuperação, que se superada,
torna o sistema incapaz de voltar ao estado anterior ao da intervenção.
Desta forma, o modo de entender seu funcionamento não pode ser igual, devendo
sofrer adaptações de região para região. Novamente, contextualiza-se que os estados da
Região Norte não podem ter formulações iguais aos do Sudeste e Nordeste do Brasil.

279
A definição de mecanismos de planejamento adaptáveis a gestão da oferta hídrica
requer formas de modelamento apoiadas em processos que contemplem os diversos atores
envolvidos, identificando: os que implicam em maior vulnerabilidade, as particularidades dos
sistemas de informação em torno dos serviços públicos e os problemas ambientais. A
sustentabilidade do recurso água, passa a depender da implantação de políticas de
desenvolvimento econômico e socioambiental que fomentem a articulação entre as esferas
governamentais, principalmente reforçando a importância de uma gestão compartilhada.
O planejamento passa a incorporar, desta forma, um elenco de ações que contribuirão
para o seu efetivo alcance, visando minimizar os principais problemas relacionados aos
recursos hídricos e otimizar o seu uso múltiplo.
Essas ações poderão estar voltadas diretamente: para o aproveitamento dos recursos
hídricos; para a melhoria do conhecimento sobre as disponibilidades e demandas hídricas ou
de aspectos físicos, bióticos e sócio-econômicos que afetam ou são afetados pelos recursos
hídricos; para a criação de áreas sujeitas a restrição de uso, com vistas à proteção dos recursos
hídricos; ou ainda para facilitar a implantação e o acompanhamento dos planos de manejo.
Este também deve prever: a proposição das diretrizes necessárias à implantação dos
instrumentos de gestão na bacia, definidos em lei; a proposta organizacional do
gerenciamento de recursos hídricos na bacia; e a capacitação material e técnica dos órgãos
gestores dos recursos hídricos.
Como elementos característicos das condicionantes amazônicas citam-se:
ƒ a variável escala como a mais significativa, ao se propor planos baseados nas informações
disponíveis, na articulação inter-setorial e na participação social esbarrar-se-á na característica
difusa da informação, com alguns vazios, principalmente nos quesitos quantidade e qualidade
das águas superficiais e subterrâneas;
ƒ na percepção diferenciada dos diversos segmentos componentes do processo de gestão das
águas, desde o ribeirinho ao produtor industrial, que apesar de a utilizarem em percentual
diferenciado, ambos trazem suas conseqüências;
ƒ e principalmente no referente à mobilização, a questão de logística que dificulta na maioria
das vezes a comunicação entre municípios e setores internos destes.
Além destes, acrescenta-se que o enfoque principal é a manutenção da
disponibilidade hídrica, com ações voltadas ao reordenamento territorial, que tenham dentre
280
suas prioridades o uso racional dos sistemas hídricos. Ou seja, o enfoque mais abrangente é o
preventivo (e não a gestão de conflitos) e localmente a aplicação medidas de maior controle.
Tal adaptação de comportamento pôde ser experimentada nesta tese; sua
contribuição está na articulação integrada de diferentes conceitos, tratando o planejamento
hídrico em um contexto estratégico, uma vez que se está lidando com a água, um recurso
dotado de valor econômico, mas um bem comum, de uso de todos.

6.2 O PLANEJAMENTO APLICADO AO APROVEITAMENTO DOS USOS


MÚLTIPLOS: O CASO DA BACIA DO RIO CAPIM
A bacia do rio Capim localiza-se na porção nordeste do Estado do Pará, pertencendo
a Região Hidrográfica Costa Atlântica-Nordeste, com uma área de 37.485,75 km2.
A dinâmica de sua paisagem, identificada por seu diagnóstico base, permite dividi-la
em 25 sub-bacias, agrupadas inicialmente segundo 06 Unidades de Terreno (Ararandeua-
Surubiju, Cajueiro-Pirajoara, Candiru-Açu, Carataua-Açu, Jamanxim-Itaquiteua Grande e
Palheta-Jari), e em seguida reagrupadas em 02 Sistemas de Terreno (o Alto rio Capim e o
Baixo-Médio rio Capim) conforme suas compatibilidades.
Os aspectos socioeconômicos mostram uma região que sofreu contínuas
modificações, sobretudo a partir da década de 90, quando a maior parte de seus municípios
componentes se emancipou. A diversidade de setores produtivos instalados na bacia traduz
esta dinâmica; nesta se encontra a agropecuária, indústria, mineração e o extrativismo vegetal.
Os usos múltiplos das águas acompanham estas intervenções, acrescentando o lançamento de
efluentes e abastecimento humano. A navegação e a pesca também se fazem presentes, a
primeira tendo uma intervenção direta com a instalação da hidrovia Guamá-Capim.
O conjunto destas ações permite configurar cenários futuros variáveis com as
intervenções que a bacia possa sofrer. Se houver a implantação da gestão integrada de
recursos hídricos no Estado, e investimentos para realização de diagnósticos mais detalhados,
acoplados a planos de bacia (que indiquem a necessidade do emprego de técnicas de manejo
de bacias hidrográficas para recuperação de suas áreas prioritárias e preservação de outras que
ainda não foram alteradas), existe a possibilidade da bacia do rio Capim ter sua
sustentabilidade garantida a longo prazo, mesmo considerando o avanço do setor produtivo
sobre a mesma.
281
Porém, a ausência de intervenção trará conseqüências sérias ao sistema. A região de
maior sensibilidade, definida pelas sub-bacias a montante, será uma das mais fortemente
impactadas, sua recuperação lenta ou simplesmente sua alteração para uma nova dinâmica
frente às modificações sofridas, repercutirá na bacia como um todo, afetando sua
disponibilidade hídrica.
A bacia do rio Capim é uma bacia de transição, ao norte tem-se a bacia do rio
Guamá, ponte de ligação com a capital do Estado (Belém) e com os municípios de maior
acúmulo de bens e populacional. Ao sul limita-se com a bacia do rio Tocantins, que
representa um dos maiores potenciais hídricos do Estado, pelo amplo aproveitamento de seus
usos múltiplos, praticamente todas as formas de intervenção desenvolvem-se nela, incluindo
um potencial energético fundamental ao país.
Estes fatores a tornam uma área de transição, onde produtos e pessoas deslocam-se
em busca de novas oportunidades, fixação ou de comercialização. O reflexo deste é possível
de se observar ao longo das principais estruturas viárias que a cortam. Atualmente, o que era
antes concentrado como eixos paralelos a estas vias, tem adquirido um padrão difuso,
entrando cada vez mais para o interior da bacia, exercendo um fator de pressão sobre os
recursos hídricos, especialmente no próprio rio Capim.
As áreas mais preservadas da bacia têm coincidido com as mantidas por empresas
que se instalaram na região, esta característica mostra como seu processo de ocupação é
desvinculado de um ordenamento, pois estas áreas não priorizam a manutenção da bacia,
apenas se restringem a manter espaços úteis a sua produção (áreas de reflorestamento para
exploração de madeira) ou definidas como compensação ambiental, por vezes com critérios
diversos ao sistema hídrico.
Logo, a bacia do rio Capim é uma área que não se encontra em conflito, porém o
retardo de ações mais concretas em prol da gestão, a tornará uma das primeiras a entrar nesta
situação no estado, em função da redução de seu potencial hídrico e capacidade de
recuperação comprometida. Somente um Plano Estadual de Recursos Hídricos e seus
componentes operacionais, na forma dos Planos de Bacia, construídos de forma participativa,
com sensibilização social e dos gestores políticos municipais, pode gerar um cenário futuro
mais próximo a sustentabilidade.

282
Bacia do rio Capim: duas fácies do mesmo cenário.

283
Capítulo VII

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