Sei sulla pagina 1di 74

Sumário

Introdução
1 - BREVE HISTÓRICO DA PSICOLOGIA .......................................................................... 5
2 - PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO ...................................................................................... 7
3 - PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO .................................................................... 10
3 -1 Fatores internos que contribuem para a modificação do comportamento ............... 11
3 -1-1 Maturação ..............................................................................................................................11
3 -1-2 Maturidade social .................................................................................................................12
3 -1-3 Maturidade intelectual ..........................................................................................................12
3 -1-4 Maturidade emocional...........................................................................................................13
3 - 2 Fatores externos que contribuem para a modificação do comportamento ............ 14
3 - 2-1 Ambiente social ....................................................................................................................14
3 - 2-2 Alimentação ..........................................................................................................................14
3 - 2-3 Preservação da natureza ....................................................................................................15
3 - 3 Fases do desenvolvimento humano ....................................................................... 15
3 - 3-1 Período pré natal ..................................................................................................................16
3 - 3-2 Período do recém-nascido ..................................................................................................16
3 - 3-3 Período da Infância ..............................................................................................................17
3 - 3-4 Puberdade - ..........................................................................................................................17
3 - 3-5 Adolescência ........................................................................................................................17
3 - 4 Princípios do desenvolvimento ................................................................................ 18
3 - 4-1 O desenvolvimento como processo contínuo ....................................................................19
3 - 4-2.As sequencias céfalo caudal e próximo distal ...................................................................19
3 - 4-3 Das respostas gerais às específicas ..................................................................................19
3 - 4-4.O ritmo de desenvolvimento................................................................................................20
3 - 4-5 Complexidade e inter relação de aspectos do desenvolvimento .....................................20
3 - 5 Desenvolvimento físico e motor ............................................................................. 20
3 - 6 Desenvolvimento emocional e social ........................................................................ 22
3 - 7 Desenvolvimento da personalidade em Freud ....................................................... 23
3 - 8 Estágios de desenvolvimento da personalidade .................................................... 27
3 - 8-1 Fase oral - (O a 18 meses) ...................................................................................................27
3 - 8-2 Fase anal (18 meses a 3 anos) ..........................................................................................28
3 - 8-3 Fase fálica (3 a 6/7 anos) ....................................................................................................28

1
3 - 8-4 Fase de latência (7 a 12 anos)............................................................................................29
3 - 8-5 Fase genital (12 anos até a idade adulta)..........................................................................29
4 - DESENVOLVIMENTO COGNITIVO ............................................................................. 31
4 - 1 Estágio da Inteligência sensório-motora................................................................. 32
4 - 2 Estágio da Inteligência intuitiva ou pré-operatório .................................................. 33
4 - 3 Estágio Operatório Concreto ................................................................................ 35
4 - 4 Estágio das Operações Formais ............................................................................. 37
5 - DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ....................................................................... 41
5 - 1 Principais teorias da aquisição da linguagem......................................................... 42
5 - 2 Estágios do desenvolvimento da Linguagem ........................................................ 42
6 - PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM E SUAS DIFERENTES CONCEPÇÕES ............ 45
6 - 1 Inatismo .................................................................................................................. 45
6 - 2 Ambientalismo ou empirismo ................................................................................... 46
6 - 3 Interacionismo ........................................................................................................ 47
7 - TEORIAS DA APRENDIZAGEM .................................................................................. 49
7 - 1 Behaviorismo .......................................................................................................... 49
7 - 2 Teoria da Gestalt .................................................................................................... 51
7 - 3 Teoria cognitiva ...................................................................................................... 53
8 - Incentivação e motivação ............................................................................................. 55
8 - 1 Incentivo ................................................................................................................. 55
8 - 2 Motivação .............................................................................................................. 56
9 - DESENVOLVIMENTO E LINGUAGEM NA VISÃO DE VYGOTSKY............................ 60
10 - INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS.................................................................................... 63
11 - DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ...................................................................... 65
11 - 1 Dificuldades na linguagem oral ............................................................................ 67
11 - 2 Dificuldade na linguagem escrita......................................................................... 68
11 - 3 Dislexia ................................................................................................................ 68
11 - 4 Discalculia ............................................................................................................ 70
11 - 5 Hiperatividade ...................................................................................................... 70
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 72

2
INTRODUÇÃO

Pesquisas revelam que os profissionais da área educacional sentem dificuldades,


que são enfrentadas, pela maioria das instituições escolares, quando se trata de garantir
aos alunos a igualdade de oportunidades no processo de aprender.
E para que esse processo da aprendizagem seja satisfatório, faz-se necessário
levarmos em consideração as experiências de vida dos nossos alunos, suas
características psicológicas, e ainda, socioculturais, que o transformam num ser
individual, único, um ser qualitativamente diferente dos outros, tanto pela sua capacidade
de assimilação, quanto pela apropriação das suas experiências acumuladas no decurso
da história social, e ainda, na história de cada um.
Quanto mais conhecimentos, nós, educadores, tivermos sobre a educação e
desenvolvimento, ou aprendizagem e desenvolvimento, maiores serão as chances de
melhoria das práticas pedagógicas e atuação docente em sala de aula.
O objetivo aqui não é apresentar um conjunto de práticas de ensino, materiais e
informações teóricas como uma receita pronta, dizendo o que fazer em sala de aula para
ser um bom professor, mas sim fazer um estudo da maneira pela qual acontece o
desenvolvimento e a aprendizagem, refletindo sobre como construir na interação de
nossos alunos no ambiente concreto. Tendo consciência da importância das nossas
ações, e acreditando que a educação e o ensino não devem esperar apenas pela
maturação das funções psíquicas, mas sim estimular e promover o desenvolvimento de
nossos alunos, numa visão consciente de mundo.
Na construção desses fundamentos, a Psicologia contribui com alguns de seus
ramos. A Psicologia do desenvolvimento esclarece quanto à sucessão das fases da vida,
especialmente quanto às características da infância e adolescência. Já a Psicologia da
personalidade aprofunda questões relativas ao modo de ser da pessoa, como se
organiza e como funciona o chamado psiquismo. A Psicologia da aprendizagem traz sua
contribuição quanto ao modo como as pessoas aprendem, as condições necessárias
para uma boa aprendizagem, o que aprendem e o que fazem as pessoas com o que
aprendem..
O indivíduo que você for estudar dentro da Psicologia de aprendizagem é o mesmo
que você verá em processo de desenvolvimento, e o mesmo que estrutura sua
personalidade dentro de processos evolutivos, É um ser que aprende, desenvolve e que

3
se constrói. Esse enorme campo de estudo precisou ser abordado de forma sucinta,
devido à dinâmica do nosso curso EAD.
Contamos com você, para que persistentemente, busque sempre mais e amplie os
conhecimentos que estamos abordando.
O único homem que se educa é aquele que aprendeu como aprender; que
aprendeu como se adaptar e mudar; que se capacitou de que nenhum
conhecimento é seguro, que nenhum processo de buscar conhecimento
oferece uma base de segurança. Carl R. Rogers
Vamos refletir....
Todos nós sabemos da grande importância que a escola assume na vida das
crianças, e de como essa escola, pode afetar no desenvolvimento emocional, cognitivo e
social, na formação de cada indivíduo.
Baseando-se nesta afirmação, reflita e elabore um texto sobre sua opinião do que
seja:
Uma escola ideal
Uma sala de aula ideal
Um professor ideal
Ao final do estudo de Psicologia da educação, retome o seu texto, e observe o que
você acrescentaria ou mudaria nele.

4
1- BREVE HISTÓRICO DA PSICOLOGIA

Vejamos, em linhas gerais, que na história do conhecimento humano, desde a


antiguidade até hoje, na era da informática, foram de grande valia e bastante variadas as
participações no campo,visando de compreender o processo evolutivo do ser humano.

Ao final do estudo do capítulo você deverá ser capaz de :


§ Avaliar a contribuição dos filósofos gregos para as reflexões sobre o ser humano.
§ Identificar a origem do termo Psicologia
§ Apontar a época e o porquê a Psicologia se torna independente dos seus
antecedentes filosóficos
§ Conceituar Psicologia.

O período prolongado de tempo e teorias tornam difícil destacar e descrever toda a


história da ciência e do conhecimento humano, sem que uma simplificação signifique
comprometimento dos fatos.
Mas, onde realmente se situa o início da história da Psicologia?
Alguns pesquisadores da história começaram com os filósofos gregos, cinco séculos
A.C. Sócrates, Hipócrates, Platão, Aristóteles, entre outros, iniciaram questionamentos
sobre a natureza do ser humano.
Levaríamos uma grande parte de tempo estudando e analisando essas indagações
filosóficas sobre o "ser humano", que não deixa de ser de suma importância para a
compreensão das complexas questões que definem a Psicologia hoje.
O termo Psicologia tem origem grega "PSYQUÉ" e significa alma e logos, ou. seja,
razão e estudo, ou ainda, estudo da alma, pois, para os gregos, a alma seria
pensamento, desejo, amor, ódio, sensação e percepção.
Sócrates evidencia a razão como uma das principais características do ser humano.
Todo o seu trabalho não teve apenas o objetivo intelectual, o que pretende usando a
máxima: "Conhece-te a ti mesmo" e o caminho das virtudes humanas.
Platão, contemporâneo de Sócrates, concorda com sua teoria e desenvolve a
dialética de Sócrates, definida como sendo um "contínuo discurso consigo mesmo".
Platão defende a ideia de que o lugar da razão é na cabeça, e que na cabeça estaria a
alma humana. Surgem as teorias platônicas (alma imortal e separada do corpo). Já para
Aristóteles, a alma e o corpo não podem estar separados, e a "psique" seria o elemento
ativo da vida, valorizando a razão no controle dos sentidos e das paixões. Suas teorias
são denominadas Aristotélicas (alma mortal e ligada ao corpo).

5
Porém, a Psicologia só se tornou realmente ciência no século XIX, quando o homem
utilizou a sua observação e a experimentação para um estudo mais científico da
natureza humana, só então, a Psicologia ganhou independência dos antecedentes
filosóficos.
Para se tornar independente da filosofia, a Psicologia necessitou desenvolver
métodos de estudos e técnicas para adquirir clareza e objetividade nas suas
problemáticas, e, definida como a "ciência do comportamento" consegue conquistar sua
independência, já no início do século XX.
Durante algum tempo, predominou, nesta nova ciência, as ideias do alemão Wundt,
que determinaram os métodos e objetivos, reunindo várias linhas de pensamentos que

tinham forte influência da filosofia.


Fonte:http://caminhodaPsicologia.webnode.com.pt/wundt/ acesso em maio 2014
Em poucos anos, começaram a surgir novos pensamentos de muitos e diferentes
pontos de vista, constituindo diferentes escolas de pensamento.
Essas escolas eram grupos de psicólogos que se reuniam para trabalhar por
problemas comuns referentes à Psicologia. Surgem, então, várias teorias psicológicas do
desenvolvimento e da aprendizagem.
Atualmente a Psicologia é entendida como a ciência que estuda a personalidade, o
comportamento, os fenômenos psíquicos, sempre centralizado no homem, visualizando-
o de forma sistêmica.
No princípio era o Verbo... É o pensamento que tudo cria e produz? Seria preciso
pôr: No princípio era a Força... O espírito vem em meu auxílio! Vejo de súbito a solução
e escrevo com segurança: No princípio era a Ação. (Goethe)

6
2-PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO

A Psicologia da educação é um veículo a partir do qual se pode potencializar o


desenvolvimento pedagógico, assim como o desenvolvimento moral e intelectual de
pessoas criativas, cooperativas, autônomas e solidárias.

Utilizar os princípios dos conhecimentos que a Psicologia da educação oferece


constitui-se em uma das bases necessárias para o desenvolvimento e eficiência no
processo educativo.

Ao final do capítulo você deve ser capaz de :


§ Identificar na tarefa de compreensão do aluno e do processo ensino aprendizagem os dois
aspectos principais tratados pela Psicologia da educação
§ Valorizar as atitudes positivas do educador na condução do processo de ensino
aprendizagem.
§ Refletir sobre o papel do educador para o aluno e a sociedade

O conhecimento científico psicológico ajuda a garantir as interações humanas na


escola, com o intuito de viabilizar a socialização e as condições favoráveis na formação
do aluno.
A contribuição da Psicologia da Educação abrange dois aspectos fundamentais:
§ Compreensão do aluno
O professor tem a missão principal de educar os seus alunos, contribuir através da
influência de sua personalidade, estabelecendo com eles uma ligação afetiva,
percebendo suas necessidades e características individuais e seu desenvolvimento
físico, emocional, intelectual e social.

7
§ Compreensão do processo ensino-aprendizagem
O professor precisa não só conhecer seu aluno, mas também compreender no
processo ensino-aprendizagem, quais os fatores que facilitam ou prejudicam a
aprendizagem, de que maneira o aluno consegue aprender com mais eficiência, assim
como perceber e fortalecer os vínculos entre aluno, professor, escola, família e meio
social.
Sendo assim, fica evidente a importância do papel que o educador assume na
construção do desenvolvimento da aprendizagem, na vida de cada aluno.
Percebe-se, então, que dominar conteúdos e ter eficiência no processo de ensino-
aprendizagem são características muito valorizadas pelos alunos. Porém é de suma
importância a vinculação criada em toda construção desse processo. Educadores
pacientes, com atitudes democráticas e cooperadoras, que participam de atividades
extraclasse as quais proporcionam oportunidades de conhecer melhor seus alunos, têm
mais probabilidade de ser bem sucedidos em seu desempenho escolar.
As atitudes positivas do educador levam o indivíduo não só a uma maior
independência interna e autoconfiança, bem como contribui para desenvolver suas
habilidades e conhecer as próprias características e os seus próprios limites.O professor
não é mais visto como o dono da verdade, como mostrava a tão ultrapassada escola
tradicional. Hoje o educador deve ser o mediador do conhecimento, com atitudes
positivas, sem preconceitos. O professor deve ter a consciência de que ele é visto, pelos
seus alunos, como um exemplo de conduta, de posturas, e principalmente como um
modelo que, muitas vezes, se identifica com o professor.
O professor deixou de ser o mero transmissor do conhecimento, pois o educador
aprende enquanto ensina, e o aluno, enquanto aprende, também ensina.
É imprescindível também que o professor tenha uma formação sólida e consciente,
dada a complexidade do seu trabalho. No entanto, sabemos que o educador, muitas
vezes, não recebe incentivo necessário para aperfeiçoar-se, muito menos para suprir
suas necessidades básicas para o ensino, que são os recursos didáticos.
Com isso, o professor fica sujeito a condições de trabalho muito precárias,
ocorrendo uma contradição entre a necessidade de formação que se exige e as
condições oferecidas para a prática da atuação profissional.
Não havendo, no entanto, formas específicas e milagrosas de como acertar a
situação do professor brasileiro, espera-se, pelo menos, que os professores tenham
como princípio o hábito de refletir sobre o seu próprio trabalho, aprofundando seus

8
conhecimentos teóricos, com vistas a tornarem-se agentes transformadores e
facilitadores da aquisição do conhecimento.

Texto para reflexão


A arte de ser professor....

Ser professor é ser artista, malabarista, pintor, escritor, doutor, psicólogo; é ser pai, mãe,
irmão, avô, avó...só?
É ser palhaço, bagaço, é ser paciência, ciência, informação, ação,
Para uns é o próprio Cristo; para outros, o demônio. Para estes, mal visto; para aqueles,
um santo.
Ser professor...é ser bússola, farol, sol, luz. É impelir para o bem. Incompreendido?
E muito. Defendido? Nunca. Seu filho passou de ano?... Claro, é um gênio, não passou?
Foi o professor que não ensinou.
Pra que ser professor? É um vício? Uma vocação? É uma e outra coisa. É ter nas mãos o
mundo de amanhã. É ter nas mãos o mundo e não ter nada.
Amanhã os alunos se vão e ele, o professor, fica de mãos vazias. Ainda há esperança,
olhos voltados para a estrela-guia, de que, no início do próximo ano, nova turma povoará a sala
de aula.
Aí, novos olhinhos, ávidos de cultura.
E ele, o mestre, o professor, vai ensinando - semeando - com toda ternura.
Nas novas cabecinhas, que, amanhã, brilharão no firmamento da pátria...fica, fica sim,
uma enorme saudade, e uma grande amizade...
Ao professor, o pagamento real?
Só na eternidade!
Fonte do texto: http://mailisa-criativa.blogspot.com.br/2011/10/arte-de-ser-professor.html-Acesso em
maio 2014

Segundo o poema não é nada fácil ser professor, um profissional muitas vezes
desvalorizado, incompreendido!
Mas será que ser professor é mesmo uma vocação? Professor é amor?
Registre a sua opinião sobre o tema.

9
3-PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

Para entendermos como a aprendizagem acontece no indivíduo, é necessário


compreender como o ser humano se desenvolve. É no trabalho como professor que você
perceberá a cada momento a importância do conhecimento das linhas gerais de
desenvolvimento para todo o processo de formação do alunado e do ensino-
aprendizagem.
Essa área do conhecimento da Psicologia estuda o desenvolvimento do ser humano,
desde o seu nascimento até a fase adulta, em todos os seus aspectos: físico, motor,
intelectual, afetivo, emocional e social. A abrangência deste capítulo será grande,em
decorrência do tema.

Ao final do capítulo você deverá ser capaz de :


§ Identificar fatores internos e externos de modificação do comportamento
§ Citar e caracterizar as fases de desenvolvimento do ser humano
§ Indicar os princípios do desenvolvimento humano
§ Caracterizar o desenvolvimento físico,motor,emocional e social
§ Reconhecer a importância de Freud nos estudos sobre o desenvolvimento da personalidade
§ Identificar os estágios de desenvolvimento da personalidade.

Desde Rousseau, a criança não é mais vista como um adulto em miniatura.Ao


contrário, a criança apresenta características próprias em cada idade, e estudar o seu
desenvolvimento significa conhecer essas características em cada faixa etária.
Quando passamos algum tempo sem ver nossos alunos, notamos seu crescimento e
a mudança de sua aparência, enquanto que os pais, que estão envolvidos com seus filhos
no dia-a-dia, acabam não percebendo tais mudanças, resultantes principalmente da
maturação física do organismo e que ocorre de forma lenta e contínua.
A maneira da criança pensar, o seu comportamento, a sua convivência social, o
conhecimento dos conteúdos escolares são mudanças que também ocorrem, resultantes,
em sua maior parte, da construção da aprendizagem.
É muito comum, nós, adultos, exigirmos das crianças comportamentos e respostas a
determinadas situações impróprias para sua faixa etária. Precisamos nos colocar no lugar
da criança e respeitar cada idade, porque, para cada fase de desenvolvimento infantil,
existem padrões de comportamentos apropriados.
O que uma criança faz em cada idade? Por que faz isso nessa idade? São
questionamentos que normalmente são feitos no contexto educacional, assim como no
contexto familiar.
Uma criança com três ou quatro anos pode falar "consego" ao invés de consigo, de
acordo com os padrões dos adultos. Essa maneira de se expressar pode ser considerada
imatura, isto é, o indivíduo é maduro na medida em que se comporta adequadamente
conforme sua faixa de desenvolvimento, entretanto pode não ser imaturo de acordo com

10
os padrões infantis. Um comportamento é maduro, na medida em que for igual ao
comportamento da grande parte das pessoas que têm a mesma idade.
Assim,por exemplo, dizer "Onde você vamos?" aos três anos de idade é um
comportamento maduro, pois a maioria das crianças dessa faixa etária pode falar dessa
maneira, enquanto que aos nove anos isso representaria um comportamento imaturo. De
acordo com a nossa cultura, um jovem de dezessete anos que interage com os outros por
meio de empurrões e brincadeiras desagradáveis pode ser considerado um rapaz imaturo
em termos de desenvolvimento social, portanto, maturidade, em termos psicológicos, é o
nível de desenvolvimento em que a pessoa se encontra, em comparação com as outras
da mesma idade, nos aspectos intelectual, social, emocional e físico que devem estar
intimamente relacionados e coordenados.
O ser humano modifica o seu comportamento de acordo com o crescimento do
organismo, principalmente sob a influência de fatores internos e externos.

3-1 Fatores internos que contribuem para a modificação do comportamento

3-1-1 Maturação
A maturação é um fator interno importante que influi no desenvolvimento. Esse fator
consiste nas mudanças do organismo, determinadas de dentro para fora, como exemplo,
aumento de altura, tamanho dos órgãos, desenvolvimento das habilidades de correr e
andar, que permitem ao indivíduo comportamentos e um domínio do mundo que
anteriormente não possuía.
Um fato bem claro que comprova isso é a possibilidade de descobertas de uma
criança, quando ela começa a engatinhar, andar e correr, em relação a quando essa
criança estava no berço com alguns dias de vida. Um comportamento precisa, além da
maturação interna, interagir com o meio para se desenvolver com harmonia. Pais e
professores deveriam aproveitar mais cada momento de aprendizagem e maturidade da
criança para incentivar e mediar.
Uma criança de dois anos pode apresentar-se superativa por ter uma sede ilimitada
de conhecimentos; é necessário dar oportunidades de saciar esses conhecimentos, pelo
menos por certo tempo ela pode tender a ficar menos agitada.
Quando citamos a maturação, não estamos nos referindo apenas à maturidade
física, biológica, existem outros tipos de maturidade que acontecem em decorrência do
outro, de forma sistêmica.

11
Nenhum desses aspectos da maturidade podem ser esquecidos pela escola, que
pode e deve proporcionar aos alunos oportunidades para seu desenvolvimento como um
todo.

3 -1- 2 Maturidade social

Segundo Pereira(2003) citando Mouly as características de uma pessoa considerada


socialmente madura são as seguintes:
a) relativa liberdade com relação ao domínio de seus pais e colegas, e já não procura
a segurança através da dependência infantil, nem apresenta as explosões e a
rebeldia do adolescente;
b) não apenas aceitação da responsabilidade pelos seus atos e por sua pessoa, mas
também pelos outros;
c) sensibilidade social, de forma a poder integrar suas necessidades e ações com as
necessidades e direitos dos outros, além de ser capaz de comunicar-se de
maneira eficiente para permitir harmonia e ação eficientes em situações sociais;
d) capacidade de enfrentar várias situações, sem sacrificar seus valores básicos e
padrões de conduta, apenas para "ser aceito";
e) ajustamento sexual, pois é motivado pelos aspectos morais do sexo, e não apenas
pelos aspectos biológicos, têm muitos amigos íntimos de ambos os sexos;
f) capacidade de avaliação crítica das questões, a partir de seu efeito a longo
prazo,sobre o grupo e sobre si mesmo, e não de um ponto de vista egoísta;
g) capacidade de participação efetiva de relações sociais, mas mantém o nível de
participação compatível com sua personalidade, seus recursos e suas
necessidades, bem como com as necessidades do grupo.
3-1- 3 Maturidade intelectual

Alguns psicólogos entraram em acordo no que se refere aos aspectos do


desenvolvimento mental. Vejamos esses aspectos segundo Mouly (1966).
a) O desenvolvimento mental envolve a ampliação dos horizontes intelectuais,
temporais e espaciais. Com o desenvolvimento, o indivíduo torna-se sempre mais
capaz de compreender e de pensar o passado, o presente e o futuro. A criança
pequena só tem condições de perceber e viver o presente, o ser adulto pode
perceber e, até certo ponto, viver o passado e o presente, sempre mais distantes.
b) Quanto ao espaço, ocorre a mesma coisa, a criança só compreende o espaço
mais próximo, desenvolvendo-se, amplia sempre mais a extensão desse espaço,
até incluir nele o mundo e o universo.
c) O desenvolvimento mental envolve um aumento da capacidade para lidar com
abstrações e símbolos. O exemplo mais característico deste desenvolvimento é o
da linguagem. Por volta de dois anos, a criança usa aproximadamente 150
palavras, aos sete anos pode utilizar aproximadamente 2 500 palavras. Além da
ampliação do vocabulário, sua linguagem torna-se cada vez mais complexa e rica
em possibilidades de expressão de ideias.

12
d) O desenvolvimento mental envolve uma capacidade de concentração por períodos
mais longos. Quanto mais nova a criança, menor sua capacidade de atenção e
concentração em uma tarefa.
e) O desenvolvimento mental envolve um declínio do devaneio e da fantasia. Os
sonhos, devaneios e fantasias infantis não constituem fuga da realidade, mas são
normais e necessários para o desenvolvimento da criança.
f) O desenvolvimento mental envolve o desenvolvimento da memória. Muitos podem
pensar que é na infância que a pessoa tem maiores possibilidades no campo da
memória. Entretanto, isso não é verdade, pois a linguagem, as experiências, as
percepções e a compreensão infantil estão longe de ter atingido seu
desenvolvimento máximo, e portanto, de possibilitar uma memória altamente
desenvolvida.
g) O desenvolvimento mental envolve um aumento da capacidade de raciocínio. O
raciocínio adulto será menos ingênuo e egocêntrico que o raciocínio infantil.

3-1- 4 Maturidade emocional

O que se entende por maturidade emocional? De forma simplificada podemos dizer


que é um processo contínuo para conhecer e administrar as emoções .
Maturidade emocional quer dizer também capacidade de usar
recursos emocionais a fim de obter satisfação por coisas agradáveis;
ser capaz de amar e de aceitar amor; experimentar cólera frente a
contrariedades que provocariam a ira em qualquer pessoa razoável,
aceitar e compreender o significado do medo que surge quando se
enfrenta algo ameaçador, sem precisar usar falsa máscara de
coragem, alcançar e buscar o que a vida possa oferecer, ainda que
isso signifique enfrentar a possibilidade de ganho e de perda, de
alegria ou de tristeza. Jersild (apud: Pfromm Netto, p.136):

Podemos dar um exemplo de maturidade do aluno para o aprendizado da escrita


abordando todos os aspectos enfocados.
Para que o aluno consiga dominar a linguagem escrita e o ato de escrever é necessário,
segundo algumas teorias, que ele tenha atingido maturidade intelectual, que é a capacidade que o
indivíduo tem de pensar e também de raciocinar, ou ainda, do conhecimento que a pessoa tem de
si mesmo e do mundo que o cerca. Aqui ele precisa compreender o significado dos sinais
gráficos.
Já a maturidade física, que se refere ao crescimento orgânico, é responsável pela
manipulação de objetos e de exercício do próprio corpo. No caso do aluno que está aprendendo a
escrever, deve ter condições de segurar o lápis e manejá-lo de maneira adequada.
A maturidade social é a maneira como esse aluno reage diante das situações que envolvem
outras pessoas; quanto mais ela cresce, mais aceita os outros e torna-se aceita, sendo capaz de
interagir no grupo de maneira satisfatória.
A maturidade emocional é o modo particular como cada aluno integra as suas experiências.
É o sentir vergonha, medo, e a capacidade de se concentrar nas atividades que fazem parte do
aprendizado da escrita.

13
3-2 Fatores externos que contribuem para a modificação do comportamento

Dentre os fatores externos modificadores do comportamento podemos destacar o


ambiente social, a alimentação e os cuidados com a preservação da natureza.

3-2-1 Ambiente social


O ambiente social em que a criança vive é um fator que influencia em seu
comportamento; podem-se incluir aqui a escola, a família, a classe e o grupo social ao
qual a criança pertence.
O ambiente social em que a criança convive deverá proporcionar oportunidades para
um desenvolvimento sadio.

3-2-2 Alimentação

A alimentação é uma necessidade primária e, quando não saciada, pode interferir


na disponibilidade da pessoa para qualquer atividade. Uma criança com fome está
menos disponível para brincar, correr e, inclusive, para aprender, encontrando assim
inúmeras dificuldades.
Um dos aspectos fundamentais a serem discutidos são os hábitos alimentares. Uma
criança precisa de uma alimentação rica e saudável para um bom desenvolvimento, mas
isso só será possível na medida em que houver uma melhoria na distribuição de renda e
do acesso às informações.

14
3-2-3 Preservação da natureza
A sobrevivência da humanidade depende da
preservação da natureza, um fator importante para o
desenvolvimento humano.
A poluição do ar, do solo, das águas, poluição visual e
sonora podem trazer consequências para o
desenvolvimento infantil, dificultando assim o rendimento
escolar. Nas grandes cidades onde existe excesso de
barulho, isso acarreta dificuldades de concentração, além
de prejudicar o aparelho auditivo; a poluição visual pode
trazer cansaço e fadiga; e a poluição do ar pode trazer problemas respiratórios.
A natureza de forma geral, as espécies animais e as áreas verdes precisam ser
preservadas, pois é desse equilíbrio que o ser humano necessita para sobreviver e se
desenvolver de forma harmoniosa e saudável.

Refletindo...

Baseando-se nos estudos dos fatores internos e externos que levam à modificação
do comportamento, elabore um texto sobre: "A importância dos fatores internos e
externos no processo ensino-aprendizagem".

3-3 Fases do desenvolvimento humano

O desenvolvimento é um processo dinâmico do organismo, e não há momentos de


ruptura radicais, ou seja, vai-se completando em diferentes níveis de amadurecimento.
Crianças não podem se comportar como adultos, porque resultam de níveis de
amadurecimentos diferentes.
Sabendo que o desenvolvimento do ser humano é contínuo, alguns estudiosos
dividiram esse processo em etapas, com características próprias, a fim de facilitar o
estudo. São elas: vida pré-natal, que compreende a vida intrauterina; a infância, que se
estende do nascimento aos doze anos; a adolescência, compreendida entre doze e vinte
e um anos; a fase adulta, dos vinte e um aos sessenta e cinco anos, e a velhice, após os
sessenta e cinco anos.

15
Essa divisão foi baseada em diferentes critérios que se estabeleceram para concluir
se um indivíduo ainda é criança, se já é adolescente, ou um adulto
Passamos a descrever esses períodos que são: pré natal, período do recém
nascido,período da infância,puberdade e adolescência.

3-3-1 Período pré natal


A vida de um indivíduo não começa no momento em que ele nasce,
mas no instante em que é concebido.
O bebê passa nove meses no ambiente uterino, sujeito a influências,
pois embora vivendo sua vida com independência de órgãos e circulação,
vive também a vida de sua mãe. A vida orgânica e psíquica da mãe, a
posição do feto e muitos outros fatores importantes são envolvidos nesse
processo.
Todas as sensações vividas no ambiente intrauterino têm um papel importante no
desenvolvimento posterior do indivíduo.
Para uma boa evolução do ser em formação é preciso, além de boa saúde, a boa
formação psicológica e um relacionamento satisfatório dos pais. A criança deve ser
concebida na alegria e não deve ser objetivo e compensação, caso contrário, acarretará
problemas futuros e a mãe não terá uma gravidez satisfatória.
Não há comunicação entre o sistema nervoso da mãe e do feto,mas as ansiedades
ou estimulações levadas pelo sangue podem ser irritantes para o feto.
As emoções da mãe, de forma indireta, através da atividade bioquímica do seu
organismo, irão exercer uma poderosa influência sobre o ser em formação.
A fase principal da gestação, na qual o ser está mais aberto às influências, é a dos
três primeiros meses.

3-3-2 Período do recém-nascido


Este período inicia-se com a passagem da
vida intrauterina para o meio exterior e termina
com a queda do cordão umbilical. Este período
tem uma duração média de sete dias, quando se
inicia a primeira infância.

16
3-3-3 Período da Infância

Esse é um período longo e a caracterização de cada uma dessas etapas precisa ser
detalhado.
A Infância inicia-se com a queda do cordão umbilical e termina com a puberdade.
Podemos classificar a infância em:
Primeira infância tem início com a queda do
cordão umbilical e termina com o desenvolvimento
da oralidade e do caminhar. A criança já poderá se
alimentar sozinha e já possui uma certa
independência da mãe. No final deste período
começa a desenvolver a dentição.
Segunda infância - Inicia por volta dos dois anos
ou com o desenvolvimento e aquisição da linguagem
oral. Esta fase da infância termina aos seis anos.
Meninice- Geralmente inicia com a primeira
série do Ensino Fundamental e vai até a puberdade.
Nesta fase a criança já se expressa socialmente com
mais facilidade.

3-3-4 Puberdade -
Período que, nas meninas, tem início mais cedo, geralmente por volta dos doze
anos, já, no menino, em torno dos quatorze anos. É um período curto, de
aproximadamente dois anos. Nesta fase há os segredos, os diários, as conversas
confidenciais. No menino, a voz começa a engrossar e, nas meninas, aparece a
menstruação e o crescimento dos seios.

3-3-5 Adolescência
Não podemos estabelecer limites para a duração desse período, porque sua
evolução sofre influências como hereditariedade, maneira de viver, clima, tipo de
atividade, meio social, condições econômicas, entre outros fatores. Mas, de um modo
geral, podemos dizer que entre os dez, doze anos até os vinte, vinte e dois anos é que
acontece a fase da adolescência.
O adolescente, mesmo que encontre condições de escolha para o futuro, algumas
das quais podem durar para a vida toda como casamento, ter filhos e escolha de
profissão, toma essas decisões num tempo crítico, sendo que isso é dificultado pela
sociedade que lhe dá pouca liberdade de escolha. O adolescente perde a posição que,

17
enquanto criança, tinha como bem definida pela sociedade; e, pior, não consegue se
integrar no mundo adulto. A impressão que se tem é de que a criança tem tudo de que
precisa para viver no mundo social, e de repente tem que se adaptar a um mundo novo,
com outra escala de valores. Pode-se inaugurar aqui um drama, além do desenvolvimento
intenso nos campos biológicos, fisiológicos e psíquicos.
Na puberdade é que ocorrem as mudanças físicas, variando muito o início de uma
pessoa para outra.

As mudanças biológicas e fisiológicas acontecem


na puberdade, ou seja, o indivíduo atinge a fase genital, sente prazer nas relações
sexuais e já é capaz de gerar filhos.
As modificações físicas acontecem rapidamente, sem um preparo psicológico, o que
torna o processo motivo de preocupações, uns acabam ficando receosos e outros,
orgulhosos. Acontece um crescimento desarmonioso, deixando-os desajeitados, vítimas
de críticas dos adultos e dos próprios colegas.
A adolescência é mais abrangente que a puberdade e o seu início é marcado pelas
mudanças fisiológicas, enquanto que o fim da adolescência depende muito do tipo de
sociedade e do tipo de vida que o indivíduo leva. Cada indivíduo vive essa fase de uma
forma, porque depende, também, do tipo de temperamento, influências do ambiente
familiar e escolar e da história da sua infância. Podemos dizer que é uma época de
problemas (físico, sexual, emocional, religioso, intelectual, social, familiar, vocacional,
moral e escolar) mas que também pode ser enfrentado pelo adolescente com
tranquilidade se ele souber aceitá-los e enfrentá-los com compreensão, confiança,
serenidade e firmeza.

3-4 Princípios do desenvolvimento

O comportamento e o desenvolvimento do ser humano nos reservam grandes


surpresas, pois as pessoas são diferentes, com ideias e características próprias . Apesar
dessas diferenças, podemos destacar algumas fases que acontecem no desenvolvimento

18
de todo ser humano. São etapas que obedecem a uma sequência, embora varie a idade
em que cada ser humano inicia cada fase e quanto tempo permanece nela, determinadas
também pelas maneiras diferentes de pensar e agir.
Segundo Pfromm Netto, podemos estabelecer alguns princípios essenciais que
norteiam esse estudo.

3-4-1 O desenvolvimento como processo contínuo


O desenvolvimento é um processo contínuo e ordenado, marcado por uma
transformação estrutural no indivíduo.
De um modo geral, podemos citar quatro etapas: infância, adolescência, idade adulta
e velhice. Nesta sequência, uma etapa sempre influencia a outra que vem depois. Em
relação ao desenvolvimento físico das diversas partes do corpo, estas etapas são
determinadas geneticamente.

3-4-2.As sequencias céfalo caudal e próximo distal


O desenvolvimento segue as sequencias céfafo-caudal e próximo distal.
No recém-nascido o tamanho da cabeça é desproporcional ao tamanho do seu
corpo, porque há inicialmente um crescimento e desenvolvimento das partes próximas ao
cérebro e, em seguida, o desenvolvimento se estende por todo o corpo. Uma criança
primeiro sustenta a cabeça, depois levanta o tronco, em seguida senta, engatinha e
finalmente anda. A sequência próximo-distal indica o amadurecimento das partes centrais
do corpo e depois das periféricas. É o desenvolvimento de dentro para fora. Como
exemplo podemos citar o fato de uma criança adquirir maior controle do braço, depois do
antebraço e, finalmente dos dedos.

3-4-3 Das respostas gerais às específicas


O desenvolvimento progride de respostas gerais para respostas específicas.O
indivíduo, quanto mais se desenvolve, mais se torna capaz de respostas específicas.
Em relação ao seu desenvolvimento físico, uma criança recém-nascida, quando
estimulada em alguma parte do corpo, responde com todo o organismo. É o que chamamos
respostas de massa. Um bebê maior, quando recebe uma picada no pé, ou seja, quando é
estimulado em uma área específica de seu organismo, reagirá desviando apenas o pé que
foi estimulado.
Na aprendizagem da fala, um bebê emite todos os sons da fala primeiro, depois
poucas palavras para dizer uma porção de coisas, depois é que fala uma palavra para cada

19
coisa específica.
No que se refere à escrita da criança, primeiro ela escreve com todo o seu corpo, ela
movimenta ao mesmo tempo a cabeça, tronco e membros. Depois que suas estruturas
nervosas amadurecem e que exercita essa .habilidade, que os movimentos tornam-se
menores é que a criança começa a utilizar somente as mãos e os dedos.

3-4-4.O ritmo de desenvolvimento


Cada parte do organismo apresenta um ritmo próprio de desenvolvimento.
Percebemos que a cabeça cresce de maneira acelerada e em ritmo diferente do resto
do corpo, logo após o nascimento até mais ou menos os dois anos de idade, depois seu
ritmo diminui. O tronco cresce significativamente até o primeiro ano de vida, enquanto que
pernas e braços iniciam um crescimento mais acelerado aos dois anos.
Um jovem fica muito preocupado com o tamanho de seus pés e das suas mãos, que
ficaram muito grandes em relação ao restante de seu corpo, somente mais tarde é que
tomam uma proporção normal.
Por outro lado o ritmo de desenvolvimento de cada indivíduo tende a permanecer
constante. O primeiro dentinho em uma criança pode nascer aos quatro meses como pode
nascer aos dez meses de idade. Uma moça pode menstruar aos 10, 14 ou 16 anos, isso vai
depender do ritmo de desenvolvimento de cada ser humano, mas que pode ser perturbado
por influências internas e externas, como doenças ou falta de uma alimentação adequada.

3-4-5 Complexidade e inter relação de aspectos do desenvolvimento

O desenvolvimento é complexo e todos os seus aspectos são inter relacionados.


Só podemos dividir o desenvolvimento do ser humano para fins de estudo, uma vez
que a criança se desenvolve sempre como um todo, intelectual, física, emocional e
socialmente, sendo todos esses aspectos interdependentes, ou seja, todos os processos de
desenvolvimento estão em constante interação, podendo um processo interferir no
desenvolvimento do outro.

3-5 Desenvolvimento físico e motor

Um bebê difere de outro ao nascer, na sua estatura e peso, mas a maioria nasce
com cinquenta centímetros de altura e pesa entre três e cinco quilos; normalmente os

20
meninos são maiores que as meninas. Os primeiros dois anos do bebê e o início da sua
adolescência são os momentos em que o crescimento apresenta maior velocidade,
havendo muitas diferenças no ritmo de crescimento de cada indivíduo.
Crescimento refere-se às mudanças das dimensões corpóreas, peso e estrutura. É
importante evidenciar que crescimento e desenvolvimento são processos distintos, mas
inseparáveis, que produzem no
homem as mudanças mentais,
sociais, físicas e emocionais; ou seja,
o biológico deve interagir sempre
com o social e o psicológico.
É preciso compreender o
homem não só no seu crescimento
como em seu desenvolvimento.
Quando o bebê nasce, já estão
presentes os sentidos: visão,
audição, olfato, tato e paladar, e
vários reflexos, tosse, preensão,
vomito, sucção, inclusive o reflexo de
andar e o de nadar.
O desenvolvimento das
habilidades motoras (movimentar,
agarrar, sentar, engatinhar e andar)
são muito visíveis na criança e
seguem uma ordem de
desenvolvimento, embora varie muito
de idade. Algumas crianças andam com dez meses, outras com mais de um ano.
O treinamento precoce dessas habilidades pode ser prejudicial, porque produz
frustrações e também experiências negativas, bem como a privação de oportunidades,
como deixar a criança sem a possibilidade de movimentos por muito tempo, ou, ainda,
pode retardar seu desenvolvimento motor.
Observai a natureza e segui o caminho que ela vos traça. Ela exercita
continuamente as crianças; endurece o seu temperamento com provas de
toda espécie; e ensina-lhes, muito cedo, o que é uma dor e o que é um
prazer. Rousseau

21
Sugestão de Filme
Como dado interessante porque apresenta uma reversão nas ideias sobre as fases
de desenvolvimento humano sugerimos assistir e fazer uma resenha sobre o filme de
Benjamin Button .que conta a história da vida de uma pessoa nasceu de forma incomum,
com a aparência e doenças de uma pessoa em torno dos oitenta anos mesmo sendo um
bebê. Ao invés de envelhecer com o passar do tempo, Button rejuvenesce.O filme o
Curioso caso de Benjamin Button é do ano de 2009 e foi dirigido por David Finch.
Ainda a respeito de cinema aconselhamos a assistir o filme Bebês(2010) de Thomas
Balmés,que acompanha a vida de quatro bebês durante um ano. São tomadas cenas de
um bebê na Mongólia,outro na Nigéria , outro nos Estados Unidos e outro no Japão

3-6 Desenvolvimento emocional e social

Será que quando uma criança nasce, ela traz consigo sentimentos de amor, raiva,
ódio, medo, etc., ou são as experiências que ela adquire com os adultos nos primeiros
anos de vida é que vão estabelecer o tipo de relacionamento que elas vão ter com as
outras pessoas? As atitudes positivas ou negativas que a
criança adquire são o resultado da ligação afetiva que ela
tem com a mãe ou com as pessoas de seu convívio?
Alguns psicólogos estudaram e observaram as
emoções que uma criança apresenta desde o nascimento, e,
através dessas observações, John B.Watson sugeriu que a
criança nos primeiros meses de vida apresenta emoções
como o medo, cólera e amor. Em relação aos medos, a
criança retinha a respiração; fechava os olhos, tremia,
gritava, chorava e fechava as mãos em forma de garras,
quando ouvia sons altos ou quando retiravam-na
bruscamente de um apoio corporal.
A cólera causava retenção dos movimentos espontâneos, os braços e os pés eram
movimentados com violência, a criança gritava e sua face contraía.
No amor, ela respondia com relaxamento muscular e uma respiração tranquila

22
quando era provocado por um contato suave, acalento ou acariciamento de algumas
partes do corpo.
Mas, outros estudos colocaram essa teoria em dúvida, achando difícil identificar as
reações dos recém-nascidos.
Para Bridges, quando uma criança nasce, ela só apresenta um comportamento
emocional, ou seja, uma excitação difusa, que acontece quando há mudanças bruscas no
ambiente. A partir dessa excitação é que se diferencia o prazer e o desprazer, e a partir
deste desprazer identificam-se respostas de cólera e medo.
Entre nove e dez meses a animação e a afeição pelos adultos são desenvolvidas a
partir de satisfação ou do prazer. A afeição por outras crianças aparece com um ano e
três meses; o ciúme, quando a criança já está com um ano e quatro meses, e as
manifestações de alegria e risadas, quando a criança está com um ano e dez meses.
Esses comportamentos aparecem graças à maturidade que, com o desenvolvimento,
se manifesta na criança, podendo ser modificados. A criança aprende a expressar suas
emoções, à medida que o desenvolvimento vai se processando,
Quando a criança passa a usar mais a linguagem, consegue expressar suas
emoções por palavras e não mais por atos.
É natural uma criança em idade pré-escolar sentir ciúmes de seus brinquedos, dos
seus pais, não os dividindo com ninguém.
Durante o período escolar, a atenção da professora e as notas são causas de
emoções, a criança já consegue se controlar ou disfarçar suas reações de desgosto.
A criança muda o seu estado emocional com frequência e rapidez. Uma hora chora e
imediatamente sorri, com muita facilidade, ela apresenta episódios emocionais, enquanto
os adultos apresentam estados emocionais.
Com Copérnico, o homem deixou de estar no centro do universo. Com
Darwin, o homem deixou de ser o centro do reino animal. Com Marx, o
homem deixou de ser o centro da história (que, aliás, não possui um
centro). Com Freud, o homem deixou de ser o centro de si mesmo.
Eduardo Prado Coelho

3-7 Desenvolvimento da personalidade em Freud

A construção da personalidade ocupa um papel de suma importância para a


psicanálise, o que muito contribui para que possamos compreender a afetividade do

23
sujeito. Sem dúvida o maior nome da Psicanálise é o de Freud.

SIGMUND FREUD - Fundador da psicanálise

Nasceu em 06-05-1856 e faleceu em 23-09-1939.


Alguns aspectos da abordagem do autor passam a ser descritas. Chama-se de
aspecto energético o que coloca a conduta em movimento. A conduta é o que determina
o comportamento das pessoas.
Pesquisas mostram que o sujeito se desenvolve, também, em virtude do interjogo
entre o sujeito e o meio ambiente, ou seja, é o resultado das operações cognitivo -
afetivo, possuindo um caráter estrutural, que Piaget nos coloca muito bem, e que veremos
a seguir no desenvolvimento cognitivo, e outro energético, vindo da conduta do sujeito.
Observa-se a necessidade de haver uma integração entre os fatores do meio e os que o
sujeito já possui.
A personalidade é o ponto pacífico para que haja a aprendizagem e o
desenvolvimento, uma vez que ela reúne os padrões individuais de reação e interação
com os outros, reunindo o afetivo e o cognitivo.
Freud expressava, em suas primeiras obras, grande convicção de que o psiquismo
do ser humano se estruturava em duas partes: o consciente e o inconsciente.
Para Freud o consciente era considerado como insignificante, era apenas o aspecto
superficial de toda a personalidade.Já o inconsciente era encarado como o poderoso e
entendido como o que contém forças ocultas, que impulsionam todo o comportamento do
homem.
Revendo mais tarde sua distinção sobre consciente e inconsciente, Freud apresentou
do que realmente se constrói o aparelho mental: id - ego - superego.
O id corresponde ao inconsciente, o qual segundo Freud é a parte primeira, à qual,
temos menos acesso. Existem ali forças poderosas. Nessas forças podemos incluir
nossos impulsos sexuais e instintivos. O id busca, sempre, satisfação imediata e nunca
leva em conta as circunstâncias. Freud deu o nome de princípio de prazer, a atuação do
id.
O ego é o que ele já denominara consciente. O ego é o representante da razão. É o
mediador entre o "eu" e o "mundo externo". O ego está sempre consciente da realidade,
assim, Freud o chamou de princípio da realidade.
Existe uma interação entre eles para que possamos manter o equilíbrio entre os
impulsos do desejo e o que a realidade me exige como comportamento.

24
O terceiro componente é o superego que se desenvolve cedo na infância, através de
"regras" e "limites"; o superego surge como uma censura, determinado como
autocontrole.
Se por um lado o ego tenta mediar as paixões e os impulsos do id, o superego inibiu
por completo.
São os instintos propulsores de toda a dinâmica de todo o comportamento humano,
no sentido amplo de toda a atividade observável. A libido é a forma de energia na qual se
manifestam os instintos da vida.

Significado de Libido

s.f. Busca instintiva pelo prazer sexual; desejo sexual: algumas pessoas
seguem sempre sua libido.
Psicanálise. Segundo as teorias Freudianas, refere-se à energia vital que está
na base das modificações da pulsão sexual.
Psicanálise. Segundo as teorias de C.G. Jung, força ou energia psíquica.
(Etm. do latim: libidus.inis)
Fonte: http://www.dicio.com.br/libido/ Acesso em maio de 2014

Tendo em mente as explicações sobre a psicanálise em Freud,(p22 em diante)


Interprete a imagem a seguir

Fonte:institutoluzes.com.org-maio de 2014

25
Grito de Alerta
Primeiro você me azucrina
Me entorta a cabeça
e me bota na boca
um gosto amargo de fel
Depois vem chorando desculpas
assim meio pedindo
querendo ganhar
um bocado de mel
Não vê que então eu me rasgo
engasgo, engulo
reflito e estendo a mão
E assim nossa vida
é um rio secando
as pedras cortando
eu vou perguntando
até quando?
São tantas coisinhas miúdas
roendo, comendo
arrasando aos poucos
com o nosso ideal
São frases perdidas num mundo
de gritos e gestos
num jogo de culpa
que faz tanto mal
Não quero a razão pois eu sei
o quanto estou errado
e o quanto já fiz destruir
Só sinto no ar o momento
em que o copo está cheio
e que já não dá mais pra engolir
Nosso caso é uma porta entreaberta
Eu busquei a palavra mais certa Vê
se entende o meu grito de alerta
Veja bem
É o amor agitando meu coração
Há um lado carente dizendo que sim
E essa vida da gente gritando que não

Segundo a canção "Grito de Alerta", tão bem interpretada por Gonzaguinha, podemos
perceber que "viver é fácil", o difícil é conviver, baseando na teoria freudiana no que se refere ao
id, ego e superego, pense e interprete a seguinte frase que diz:

"Há um lado carente dizendo que sim, e essa vida da gente gritando que não".

26
3-8 Estágios de desenvolvimento da personalidade

O primeiro ano de vida é importantíssimo, ele dá significado à constituição do


indivíduo. Assim, ao nascer, o bebê possui extrema dependência e vulnerabilidade, sendo
que seu sistema nervoso está ainda inacabado e o cérebro não está pronto para
funcionar no controle do comportamento. Um suprimento mais constante e adequado de
oxigênio constitui-se em uma exigência importante para o desenvolvimento do cérebro.
Com isto, observamos que não podemos ensinar uma criança a respirar, mas podemos
oferecer-lhe os estímulos necessários para fazer funcionar importantes reflexos.
Nesta fase de vida, o comportamento liga-se predominantemente aos ajustamentos
orgânicos internos, a maturação do sistema nervoso do bebê só se realizará
perfeitamente em condições familiares favoráveis.
Assim, o relacionamento mãe-filho baseia-se em ajustamentos emocionais e sociais
do bebê, cujos impulsos estarão em torno,da mãe. A resposta desperta no bebê a
capacidade para o reconhecimento e a necessidade de saber e amar, forças estas que
podem tornar-se tão fortes como o anseio que as trouxe à vida.
Faz-se necessária também a presença do pai no início da vida do bebê, pois a sua
falta poderá deixar um vácuo penoso nos sentimentos da criança.
É importante também ressaltar o bom relacionamento entre os pais para que o bebê
tenha uma estabilidade psicológica, pois os bebês não pensam, mas sentem, sendo que
o efeito de um distúrbio emocional, logo cedo, é muitas vezes conservado na vida adulta,
embora o indivíduo desconheça que tais sentimentos fazem parte de sua bagagem
emocional.
As principais fases do desenvolvimento da personalidade são as fases: oral,anal,
fálica,latência e genital.:

3-8-1 Fase oral - (O a 18 meses)


O bebê explora o mundo pela boca, sendo esta a
via pela qual ele aplaca a fome, a sede, para, assim,
diminuir a tensão e restabelecer o conforto. A boca
passa a ser o centro do mundo para o bebê, a sua maior
fonte de satisfação no processo de adaptação fora do
útero. A sucção torna-se, ainda, uma função capital, pois

27
além de receber o alimento, satisfaz importantes necessidades psicológicas do bebê.
A amamentação ao seio é a primeira satisfação que o bebê tem, após o nascimento,
por intermédio da mãe. Desta maneira, o bebê tende a adquirir mais confiança e fé em
sua mãe e, consequentemente, são mais fáceis de conduzir e orientar. Já o desmame
deve ser um processo lento e gradual, quando a presença da mãe deve ser constante,
para que não traga consequências drásticas ao bebê.
É necessário que se evitem frustrações para o novo ser nos primeiros meses de
vida, pois isso lhe causa exagerada tensão, cujos efeitos podem resultar em perturbações
do comportamento. Assim, para o bebê, o princípio de prazer deve predominar e o que se
pode fazer com segurança é introduzir, aos poucos, ordem em suas funções, tornando-as
fáceis e satisfatórias.

3-8-2 Fase anal (18 meses a 3 anos)


"O prazer da criança estaria voltado para a eliminação e retenção das fezes e da
urina".
Essa é a fase em que a criança aprende a controlar os esfíncteres, e passa a derivar
prazer ou desprazer na expulsão ou retenção das fezes.
Se nesta fase a criança passar por muitas frustrações, através de um controle muito
severo dos esfíncteres, por exemplo, sua estrutura de personalidade poderá interferir no
seu desenvolvimento. Psicanalistas atribuem a avareza, a exagerada preocupação por
limpeza e a meticulosidade, às frustrações ocorridas nesta fase.

3-8-3 Fase fálica (3 a 6/7 anos)


É assim denominada a fase do desenvolvimento da personalidade, na qual o pênis
(falo = pênis) é o principal objeto de interesse para a criança de ambos os sexos. O
interesse está nas diferenças anatômicas do menino e da menina; durante esta fase a
criança demonstra desejo de mostrar e ver os genitais. A criança se interessa e também
fantasia as questões voltadas para a origem dos bebês, e também o papel que os pais
desempenham na procriação.
Reações punitivas por parte principalmente dos pais sobre esses interesses,
segundo a concepção freudiana, pode ter um efeito negativo na identificação sexual
futura.

28
Segundo Freud, é a fase na qual nasceria no menino o temor à castração e na
menina o desejo do pênis que lhe falta, acompanhado de um ressentimento contra a mãe
que não a dotou disso.
Nessa fase, acontece também o Complexo de Édipo, que recebeu este nome, tendo
como referência a lenda grega, a qual relata que Édipo matou involuntariamente o seu
pai, casando-se com a mãe. Nesse estágio a criança sente certa rejeição pelo progenitor
do mesmo sexo, na qual vê como um rival. Posteriormente irão identificar-se com o
progenitor do mesmo sexo para conquistar o sexo oposto.
As figuras paternas e maternas necessitam de que seus papéis sejam determinados
e seguros, pois, caso contrário, os filhos poderão desprezar suas figuras. Com o término
desses três importantes estágios, a criança ingressa num outro período que Freud
denominou de latência :

3-8-4 Fase de latência (7 a 12 anos)

Fonte: http://matizesfeministas.blogspot.com.br/2011/08/clube-do-bolinha.html-acesso maio de 2014


No período da latência ocorre o declínio do complexo de Édipo e sua resolução. O
superego assume a herança do complexo edipiano, que representa a moral que proíbe o
incesto, e expressa uma vitória da espécie sobre o indivíduo. A criança também começa a
escolarização durante este período, e as novas atividades absorvem suas energias quase
que totalmente. Nesta fase, a interação com outras crianças é quase exclusivamente com
membros do mesmo sexo.

3-8-5 Fase genital (12 anos até a idade adulta)


A ligação sexual é mais madura. Algumas pessoas que não foram bem sucedidas na
resolução da crise edipiana podem ter identificações confusas que alteram sua habilidade
de enfrentar o reaparecimento das energias sexuais durante a adolescência. Outras não
tiveram um estágio oral satisfatório e assim não têm muito claros os alicerces de um
relacionamento amoroso. Tudo isso poderá interferir na completa resolução dos conflitos
da puberdade.

29
30
4- DESENVOLVIMENTO COGNITIVO

"Conhecer não é contemplar passivamente, mas agir sobre coisa e acontecimentos,


construindo-os e reconstituindo-se em pensamento". Jean Piaget (1896 -1980)
O biólogo suíço, Jean Piaget foi, sem dúvida alguma, um dos grandes gênios do
nosso tempo. Escreveu mais de cinquenta livros e monografias, tendo publicado centenas
de artigos. Sua preocupação mais forte foi com o sujeito epistêmico, isto é, o sujeito que
protagoniza o papel central do modelo piagetiano, pois a grande preocupação da teoria é
desvendar os mecanismos processuais do pensamento do homem

Ao final do capítulo sobre o desenvolvimento cognitivo você deverá ser capaz de :


· Avaliar a contribuição facilitadora de Piaget, relativas ao nosso conhecimento sobre
os alunos e suas aprendizagens
§ Reconhecer nas ideias de Piaget os princípios de equilibração- acomodação e
assimilação
§ Descrever características dos diferentes estágios do desenvolvimento cognitivo
apresentados pelo autor
§ Identificar as ideias piagetianas para conhecimento restrito e conhecimento amplo

Piaget deu grande ênfase ao processo de interação indivíduo - ambiente, procurando


entender os mecanismos mentais que o indivíduo utiliza para captar o mundo. Esse
processo de relação com meio depende do conhecimento.
Investigou cientificamente, por mais de quarenta anos, como se dá o conhecimento
realizando pesquisas com crianças, principalmente suas filhas, e usando a observação
direta, sistemática e cuidadosa.
Sua teoria explica que o desenvolvimento cognitivo é o progresso gradativo da
habilidade dos seres humanos, no sentido de obterem conhecimento e de aperfeiçoarem-
se intelectualmente.
Jean Piaget afirma que a inteligência não é inata nem adquirida, mas é o resultado
da construção do sujeito. Ao nascer, a criança encontra-se num estado de
indiscriminação entre si e o mundo externo, construindo então os níveis do
desenvolvimento cognitivo.
Para Piaget, todo organismo vivo procura manter um estado de equilíbrio ou de
adaptação, procurando compreender as relações que ele estabelece com o meio. Nesse
processo dinâmico e constante, vão surgindo novas estruturas, novas formas de
conhecimento que podem causar um desequilíbrio, mas as funções do desenvolvimento

31
permanecem as mesmas.
Para alcançar um novo estado de equilíbrio, dois mecanismos são associados: a
assimilação e a acomodação.
Através da assimilação incorporamos o mundo exterior, atribuímos significações a
partir de experiências anteriores, e, pela acomodação, o organismo precisa se modificar e
se transformar para se ajustar às demandas impostas pelo meio.
Os processos de assimilação e acomodação, ocorrendo durante anos, irão
transformar as estruturas primitivas em estruturas mais sofisticadas.
A natureza e a caracterização da inteligência mudam significativamente com o
passar do tempo, portanto Piaget definiu alguns estágios para o desenvolvimento mental
ou cognitivo, variando a idade para o aparecimento de cada um.

4-1 Estágio da Inteligência sensório-motora

A criança, desde o nascimento até mais ou menos


dois anos de idade, resolve seus problemas
exclusivamente através da percepção e dos movimentos;
percebe o ambiente e age sobre ele. Para Piaget a
estimulação visual, tátil e auditiva é fundamental no
desenvolvimento do bebê (uso de chocalhos, móbiles,
variedade na manipulação de objetos, várias
possibilidades de se movimentar, etc.). Ainda no primeiro
mês de idade, o bebê passa a maior parte do tempo
dormindo, só acorda quando está com fome, molhado ou
incomodado com alguma coisa, encontra-se num estado
egocêntrico. Os esquemas sensório-motores são
construídos a partir de reflexos inatos, como o de sucção
e o de agarrar, depois é que a criança passa a coordenar
esses reflexos, ou seja, ele melhora com suas
experiências.

32
Por exemplo, um bebê suga melhor no décimo dia do
que no terceiro dia. Já com quatro meses, a criança olha
para aquilo que ouve, tenta alcançar objetos, agarra-os e
coloca-os na boca. Aos seis meses o bebê adquire um
conceito importante para o desenvolvimento mental,
chamado objeto permanente, ou seja, ela passa a
entender que um objeto, mesmo escondido, existe,
embora ela não possa vê-lo. A criança sabe que o
desaparecimento é apenas temporário. Exemplo: brincar
de esconde-esconde, uma pessoa aparece e desaparece.
A criança já pode manter em sua mente a figura do objeto
desaparecido, é quase que como o início da memória
elementar.
Depois de um ano de idade, a criança já procura
meios para atingir aquilo que deseja e, por volta de dois
anos, ela já evolui de uma atitude passiva em relação a
tudo que a rodeia para uma atitude mais ativa e
participativa.

4- 2- Estágio da Inteligência intuitiva ou pré-operatório

Nesse estágio, que vai dos dois aos sete anos, aparece o desenvolvimento da
capacidade simbólica, ou seja, ela já usa símbolos mentais, imagens ou palavras, que
representam coisas e pessoas ausentes. O sujeito passa a ter um pensamento intuitivo,
ou seja, fazem julgamentos sem usar a lógica. As comparações mentais precisam ser
vistas, tocadas, mostradas. O sujeito confunde o seu pensamento com o do sujeito com
quem conversa.
Um dos acontecimentos mais importantes nesta fase é o aparecimento da linguagem
e, em virtude dela, o desenvolvimento do pensamento se acelera.

33
Piaget evidenciou algumas características do pensamento infantil neste estágio:
• Egocentrismo: revela a incapacidade de a
criança se colocar no ponto de vista do outro.
O centro de tudo é o próprio sujeito. Um
exemplo de pensamento egocêntrico é quando
a criança faz uso do jogo da imaginação e da
imitação (jogo simbólico), brinca de carrinho,
casinha e comidinha; aqui, neste estágio, a
criança transforma sua vida real em ficção,
prevalecendo aquilo que deseja.
• Pensamento verbal: é a fase do pensamento em que a criança deixa o
pensamento egocêntrico e passa a procurar a razão causal e finalista de
tudo. Nesse momento o pensamento infantil apresenta três
características:
a) Finalismo: é a famosa fase dos porquês, a criança precisa e quer saber o
porquê das coisas, para ela, não existe o acaso, e tudo deve ter uma causa.
b) Animismo: a criança dá vida aos objetos inanimados, e acredita que esses são
capazes de sentir, andar, etc. Exemplo: A Lua está triste.
c) Artificialismo: a criança acredita que ela ou qualquer ser humano criou tudo
que existe no mundo. Exemplo: o homem fez as estrelas e as colocou no céu..
· Pensamento intuitivo: a criança pensa da forma como ela vê, ela afirma
aquilo que percebe, sem conseguir reverter uma situação.Seu pensamento
apresenta traços característicos.
a) Centralização: conservação de massa/quantidade. A criança é capaz de
perceber os diferentes aspectos de um objeto, ou de um conhecimento, usa
mais a intuição do que a lógica. Exemplo: se mostrarmos para a criança duas
massas de modelar com a mesma quantidade de massa, porém com formas
diferentes, ela vai achar que tem mais massa aquela que para ela aparenta
formato maior.
b) Dicotomia: as crianças na fase pré-operatória conseguem usar critérios
definidos para executar a classificação agrupando os objetos por acaso. Para
essa criança objetos de formas, tamanhos e cores se misturam. A partir dos
cinco anos elas já conseguem agrupar objetos identificando tamanho, forma ou

34
cor.
c) Inclusão de classe: a criança neste estágio não consegue entender que um
objeto pode pertencer ao mesmo tempo a duas classes.
d) Seriação: a criança pequena é incapaz de perceber as diferenças de tamanho
fazendo ordenações causais.

4-3 Estágio Operatório Concreto

Essas características do pensamento infantil aparecem dos sete aos onze, doze
anos, quando o sujeito pensa vendo, fazendo, olhando. O sujeito pensa no que faz. Pensa
fazendo e faz pensando. A criança usa sua lógica quando manipula objetos concretos, e
em situações reais, e não consegue pensar em termos abstratos. Dando um exemplo: um
problema de matemática, com enunciado verbal, torna-se muito difícil porque ela só se
sente capaz de resolver situações-problemas através da manipulação dos objetos. Neste
estágio as crianças já estão mais preparadas para começar um processo de
aprendizagem sistemático, já são capazes de trabalhar em grupo e adquirirem autonomia.
Ainda neste período a criança começa a entender noções de maior, menor, esquerda e
direita.
Seu pensamento está se tornando mais lógico e estável, mas ela ainda não é capaz
de lidar com ideias abstratas. O uso de representações mentais de eventos e coisas já
permite que a criança torne-se capaz de classificar, seriar, entender os princípios de
conservação. A criança já descentraliza, ou seja, é capaz de levar em conta todos os
aspectos de uma situação e compreende a característica reversível da maioria das
operações.
O egocentrismo diminui e a criança começa perceber que é um ser distinto e
separado do resto do universo. Já é capaz de se colocar no lugar de outra pessoa e
efetuar julgamentos morais. Os conceitos de realismo, animismo, e artificialismo já
começaram a ser descartados de seu pensamento.
É importante que o professor do Ensino Fundamental tenha consciência das
capacidades que as crianças desta faixa etária apresentam; sempre voltadas para o
desenvolvimento das operações concretas as crianças necessitam trabalhar, com tudo
que possa ser visto e manipulado. Conceitos abstratos só têm validade se forem
vivenciados na prática, ou seja, de nada adianta dar definições muito teóricas.

35
Vamos ver como acontece a evolução da criança em relação à conservação(relativo
ao pensamento intuitivo) que talvez seja o trabalho mais conhecido de Piaget. A
capacidade que uma criança tem de conservar está presente quando ela já consegue
reconhecer que duas quantidades iguais, de substância, volume ou peso, permanecem
iguais, mesmo que essas quantidades sejam transformadas.
Que tal realizar uma pesquisa?
Para percebermos o nível de pensamento da criança, podemos aplicar as provas
piagetianas, considerando sempre o ponto de vista infantil.
Desenvolva uma pesquisa com duas crianças na faixa etária de 4/5 anos e outra de 8/9
anos, realizando a prova piagetiana de conservação de massa.
Conservação de massa
Primeiro momento
- mostrar a caixa de massa de modelar nova;
- pedir a criança que escolha duas cores;
- pedir a criança que faça uma bola de cada cor escolhida. Perguntar
à criança:
- Você acha que nas duas bolinhas tem a mesma quantidade de massa? Ou alguma tem
mais, alguma tem menos?
(seja qual for a resposta da criança, devemos perguntar: por quê?)
Nesse momento a criança deve ter a certeza de que nas duas bolinhas existe a mesma
quantidade de massa, só assim poderemos seguir a prova.
Segundo momento
Agora, eu gostaria que você escolhesse uma cor para você. A criança escolhe uma cor e o
examinador fica com a outra.
Veja o que eu vou fazer com a minha bolinha.(O examinador estica sua bolinha, fazendo
uma salsicha).
Você acha que agora nós continuamos com a mesma quantidade? Ou alguém tem mais,
alguém tem menos?
(A criança responde).
Perguntamos sempre, por quê?
(Nesse momento ela vai responder conforme sua estrutura cognitiva permitir).
Sempre voltamos a fazer a bolinha inicial e perguntamos novamente.
Terceiro momento
Amassar a bolinha em forma de uma pizza. Perguntar
novamente a criança:
- Você acha que agora nós continuamos com a mesma quantidade de massa? Ou
alguém tem mais, alguém tem menos? Por quê? (Volta a fazer a bola inicial)
Quarto momento
Fazer umas quatro ou cinco bolinhas
- E agora, você acha que nós continuamos com a mesma quantidade de massa?
Ou alguém tem mais, alguém tem menos? Por quê?

36
4-4 Estágio das Operações Formais

Após os doze anos, o pensamento que antes era concreto, agora passa a ser formal,
abstraio. O adolescente já não precisa manipular objetos, tira suas conclusões através de
hipóteses (pensamento hipotético - dedutivo) e imagina possibilidades, isto é, ele se torna
capaz de tirar conclusões a partir de hipóteses.
Se X é maior que J, e J é maior que Z, então X é maior que Z.
No período anterior, seu pensamento operava apenas no concreto, agora
desenvolve a capacidade para pensar abstratamente. isso permite que os jovens usem de
flexibilidade nos problemas, pensem sobre hipóteses, testem e deduzam se ela é ou não
verdadeira, ou seja, o adolescente já é capaz de raciocínio hipotético-dedutivo.
À medida que esse adolescente foi crescendo, suas estruturas neurológicas também
foram se desenvolvendo, seu ambiente social se ampliou e as oportunidades que ele teve
de experimentação deixaram impressões sobre ele. As interações desses fatores
possibilitaram que suas estruturas cognitivas amadurecessem.
Ginsburg e Opper (1969) fazem um resumo dos pensamentos de Piaget no que se
refere à atividade intelectual do adolescente.
Na esfera intelectual, o adolescente tem uma tendência a envolver-se
com questões abstratas e teóricas. Constrói elaboradas teorias
políticas ou inventa doutrinas filosóficas complexas. Pode
desenvolver plano para a reorganização completa da sociedade ou
entregar-se à especulação metafísica. Acabando de descobrir
capacidades para pensamento abstraio, ele passa a exercitá-las sem
restrição. Com efeito, no processo de explorar suas novas
capacidades, algumas vezes o adolescente perde contato com a
realidade e julga que pode realizar tudo apenas pelo
pensamento.(p.204-205)

A estruturação da personalidade do adolescente é um período em que o jovem tem a


necessidade de buscar sua identidade. É a fase em que se pergunta "Quem sou Eu?" Ele
necessita desenvolver seus próprios valores, precisa ser amado e respeitado por outros
jovens da mesma idade que a sua, tem a necessidade de descobrir o que pode fazer. De
acordo com sua capacidade mental, encontra condições de construir uma realidade,
elaborar projetos e colocá-los em ação, podendo trabalhar na realização destes

37
programas ou projetos de vida.
Inhelder e Piaget (1976, p. 256) deixam clara a influência em relação aos projetos de
vida.
...Tem uma influência real no desenvolvimento ulterior do indivíduo e
pode ocorrer que encontremos em seus papéis de adolescente o
esboço de ideias que efetivamente desenvolverá mais tarde. Mas em
muitos outros casos, os projetos da adolescência parecem mais uma
espécie de jogo superior com funções de compreensão, da
participação em ambientes realmente inacessíveis, etc. Assim, o
adolescente aceita orientações que o satisfazem certo tempo e são,
em seguida, abandonadas.
Esses projetos de vida, indispensáveis para a estruturação de uma personalidade,
podem ser abandonados a partir do momento em que ele percebe que seu desempenho
não condiz com aquilo que seja necessário para a construção desses projetos. Daí a
necessidade de intervenção dos adultos, entre eles pais e professores, em tornar o
adolescente mais realista, apesar de o fato de sonhar ser um comportamento necessário.
Na vida social do adolescente, ele prefere o convívio dos amigos ao da sua família; é
muito sensível às demonstrações de amizade, solidariedade e de simpatia, busca a
aprovação e luta para integrar-se num grupo social, aí seu interesse em participar de
sociedades políticas, esportivas, etc.
Num primeiro momento, o adolescente, em contato com amigos da mesma idade,
discute as reformas sociais e só mais tarde é que passa a conviver com movimentos
coletivos para a construção de um mundo melhor, busca uma realização pessoal e
através do estudo e do trabalho adapta-se à sociedade. O fato de o adolescente muitas
vezes querer viver a sua própria vida, de se sentir independente e adquirir experiência
pessoal leva a uma difícil relação com os pais que tentam impor suas experiências, e que
só ficam tranquilos à medida que o adolescente cede às pressões da sociedade e se
enquadra nas regras do jogo do mundo dos adultos; comparado ao comportamento de
um adolescente, Piaget(p 69) conclui:
Aqueles que, entre quinze e dezessete anos, nunca construíram
sistemas inserindo seu programa de vida em um vasto sonho de
reformas, ou aqueles, que no primeiro contato com a vida material
sacrificaram suas ideias quiméricas a novos interesses adultos, não
foram os mais produtivos. A metafísica própria do adolescente, assim
como suas paixões e megalomanias, são preparativas reais para a
criação pessoal.

38
Leitura complementar

Construtivismo de Piaget - Inteligência e Conhecimento

O que é "construído" é inteligência e conhecimento. Para Piaget, estas palavras têm


um significado, algo diferente do que usualmente tem para nós. Piaget usa ambos os
termos para referir-se à mesma coisa: a inteligência adaptativa do indivíduo ou o
conhecimento que o habilita a adaptar-se a um maior número de situações.
Esse conhecimento é "conhecimento" no sentido amplo, e isto, para Piaget, é a
mesma coisa que "inteligência". É diferente do conhecimento no sentido restrito, no qual o
termo refere-se a uma pequena informação.
Repetindo: "conhecimento", no sentido amplo, é o mesmo que "inteligência", e no
sentido restrito, refere-se a uma pequena informação.
Para ilustrar a diferença entre conhecimento no sentido amplo e conhecimento no
sentido restrito, Furth (1969) dá um exemplo (que procuraremos adaptar ao nosso país):
Se tentarmos ensinar às nossas crianças da pré-escola que Brasília é a capital do Brasil,
o máximo que poderíamos obter seria uma repetição mecânica. As crianças não
entenderiam a afirmação porque não têm o quadro geral de conhecimentos que
necessitam para colocar esta afirmação. Elas precisam de um quadro geral de geografia
e de organização política para compreender esta frase. Com quatro anos de idade,
mesmo morando em Brasília e em um país ao "mesmo tempo", a palavra "capital" pode
significar uma pessoa, um edifício, uma fonte ou nada.
Para compreender "Brasília capital" e "Brasil" é necessário capacidade de
classificação e generalização, A relação entre essas palavras precisa ser entendida como
é para nós que conhecemos a relação entre Londres e Inglaterra, Paris e França, Lisboa
e Portugal, etc.
Crianças da sexta série poderiam compreender um pouco melhor que Brasília é a
capital do Brasil, entretanto mais tarde, lendo jornais, estudando Geografia e História, e
indo com pessoas mais velhas à Brasília, a mesma criança estará apta para extrair ricas
afirmações da frase: "Brasília é a capital do Brasil",
Se interrogada o que a palavra Brasília a faz lembrar, ela poderá dizer: Palácio da

39
Alvorada, Praça dos Três Poderes, Lago Paranoá, etc. Estas associações exemplificam o
ponto de vista de Piaget, segundo o qual "desde que o conhecimento seja organizado
numa totalidade estrutural coerente, nenhum conceito pode existir isolado". Cada conceito
é sustentado e colorido por uma rede completa de outros conceitos.
Conhecer o fato específico de que Brasília é a capital do Brasil é um exemplo de
conhecimento no sentido restrito. O quadro geral que habita a criança a compreender a
afirmação específica sobre Brasília, nos aspectos de sua classificação e relação é, por
outro lado, um exemplo de conhecimento no sentido amplo. Este conhecimento não é
uma coleção de fatos específicos, mas antes, uma estrutura organizada.
"Conhecimento no sentido amplo é o que possibilita à criança compreender uma
informação específica".
Para Piaget, o significado do conhecimento específico depende do desenvolvimento
do conhecimento no sentido amplo. A criança compreende e aprende novas coisas
através de seu amplo quadro de conhecimentos, ou seja, sua inteligência.
Para compreender o que Piaget quer dizer quando afirma que "o que possibilita à
criança a compreensão de afirmações específicas é o conhecimento no sentido amplo",
pensemos nas perguntas mais divertidas que fazem as crianças no nível pré-operacional.
Um exemplo foi dado por uma psicóloga cujo filho de quatro anos perguntou: Por que o
sol é tão quente? Tentando responder a seu filho de uma maneira que ele pudesse
entender, a mãe disse: Porque o sol é como uma grande bola de fogo. A pergunta
seguinte foi: Quem atirou ela lá?
A razão desse tipo de pensamento da criança pré-operacional, diferente do
pensamento adulto, é que o conhecimento é construído na mente pela assimilação do
conhecimento anterior: o conhecimento é sempre um todo organizado em que cada nova
ideia é encaixada.
( ROGERS apud KAMII, C. & DEVRIES, R.,1992)
Atividade
A partir do exemplo de Brasília citado no texto (p 39 da apostila) aponte uma outra situação
que envolva conhecimento específico e conhecimento amplo.

40
5 - DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM
Antes mesmo de uma criança aprender a falar, ela já entende a linguagem. Logo
após o seu nascimento é capaz de perceber os sons, e seu choro é uma forma de se
comunicar.

Ao final do capítulo você deverá ser capaz de


§ Avaliar a importância da linguagem como forma de expressão e pensamento
§ Identificar as teorias a respeito do desenvolvimento da linguagem
§ Caracterizar os estágios de desenvolvimento da linguagem

Já com um mês, as pessoas que cuidam de um bebê conseguem identificar seus


diferentes tipos de choro (fome, dor, sono,...), o que torna sua comunicação mais precisa.
Até os seis meses, a criança já produz sons gritados e gargarejados, chamados de
arrulhos, inclusive crianças surdas. A partir daí, esses arrulhos se modificam em balbucio
(da, pá, di, ga,...), e, ao final desta fase, já repete esses sons várias vezes
(dadadadadada,...).
Já com dez ou doze meses, podemos considerar que a criança que fala "mama"
para a palavra mamãe, "aga" para dizer água, já aprendeu a falar.
Nesta fase a criança usa uma única palavra para transmitir um pensamento
completo, chamamos esse período uni vocabular, palavra frase ou holofrase. Pouco a
pouco a criança vai transformando sua frase em mais uma palavra e, por volta dos vinte e
quatro meses, surge a frase "Buno quê aga" e já é capaz de compreender ordens
simples.
Mas, como é que uma criança adquire a linguagem?
Do ponto de vista de Chomsky, o mais importante são as estruturas herdadas
biologicamente, mas com o cuidado de realçar que: "O conhecimento da linguagem
resulta do intercâmbio de estruturas da mente inicialmente dadas, dos processos de
manutenção e da interação com o ambiente"; enquanto Skinner acredita que o mais
importante é o meio em que a criança vive, porque ela é recompensada sempre que fala.
Assim, quando uma criança pronuncia "aga", para pedir água, quem ouve, sorri para ela
elogiando-a, esse reforço faz com que a criança repita a operação imediatamente.

41
Sabemos que um único fator não é suficiente para uma criança aprender a falar, ela
precisa de certas estruturas genéticas, maturação do sistema nervoso, das cordas vocais
e de um ambiente que propicie e estimule a linguagem.

5-1 Principais teorias da aquisição da linguagem

Entre as principais podemos citar: behaviorismo, relativismo cultural, interacionismo


e preformacionismo.
Para os behavioristas, psicólogos que estudam o comportamento através da
observação de reações ou respostas do organismo a estímulos do ambiente, a linguagem
é aprendida através do condicionamento operante (Skinner). Consiste na repetição das
respostas que forem seguidas de um reforço.
O Relativismo Cultural é uma teoria menos ambientalista e enfatiza o papel cultural,
não dando importância à hereditariedade e às diferenças individuais. A linguagem é
aprendida por uma necessidade social.
O Interacionismo é uma visão de aprendizagem da teoria piagetiana que explica a
aquisição da linguagem através da interação entre a hereditariedade, maturação e meio
ambiente. A criança nasce com a capacidade e necessidade de adquirir a linguagem que
é a parte essencial do desenvolvimento humano.
O Preformacionismo, teoria de Noam Chomsky, sustenta, como já vimos, que a
criança tem uma predisposição biológica inata para a linguagem, embora essa
aprendizagem resulte também da maturação e do meio em que vive.
Essas questões apresentadas a respeito da aquisição da linguagem ainda são um
grande enigma, mas com certeza representam um fato marcante e fascinante do
desenvolvimento do ser humano, e é através dele que as crianças se socializam com
outras.
Outras pesquisas também revelam estágios para o desenvolvimento da linguagem.A
linguagem é uma das características que distingue os homens dos animais, é uma forma
de comunicação, existem outras formas de se expressar, chamadas, gestos, mímicas,
desenhos, escritas, etc. Para se comunicar a pessoa precisa estar motivada.

5-2 Estágios do desenvolvimento da Linguagem

O desenvolvimento da linguagem também acontece por estágios, independente da

42
língua que a criança vai falar. São eles : causalidade, expansão, consciência estrutural,
operacionalização e criativo.Vamos acompanhar algumas características dos mesmos?
O primeiro estágio é o da casualidade (zero a oito meses).
É anterior à linguagem propriamente dita, a criança apenas produz sons
aleatoriamente. Não há ligação entre os sons e a linguagem posterior.
Para a passagem do balbucio à linguagem significativa é necessário um
amadurecimento neurológico, que ocorre depois do oito meses de vida,
O balbucio é igual para todas as crianças, independente da raça ou da língua,
mesmo as crianças deficientes auditivos balbuciam, posteriormente não desenvolvem a
fala como crianças que ouvem.
Até seis meses, a criança ri, chora e produz os sons; após essa idade, começa a
produzir sons como "papa", "dada", etc., à medida que os adultos reagem a esses sons, a
criança começa a emiti-las propositalmente, querendo chamar a atenção.
Entre oito e dez meses a criança repete para si mesma longas sequências do
mesmo som (ecolalia).
O segundo estágio é o da expansão (oito a vinte e quatro meses) quando surge a
primeira palavra e logo seguem as outras. Muitas vezes não são palavras convencionais,
mas, sons que significam algo para a criança, por exemplo: pó - chupeta, papa - comida.
Para ser considerada uma palavra não é preciso que tenha um som convencional,
mas que seja usada para um mesmo objeto ou situação.
Inicialmente existem as palavras frases, exemplo: aco-paninho - significa "quero meu
paninho, estou com sono", aos poucos a criança vai desenvolvendo a palavra, até
dominar a linguagem correta.
O terceiro estágio é o da consciência estrutural (dois a quatro anos). Neste estágio a
criança procura regras para poder generalizar.
Criam uma regularidade e criam sua gramática própria até para as formas
irregulares. Exemplo: Eu fazi, eu trazi.
Enriquecem seu vocabulário rapidamente. Em todas as línguas as mudanças se dão
numa mesma sequência, mesmo que num ritmo variável.
É importante ter claro que a linguagem não é uma imitação, mas uma criação;
quanto mais se interage com a criança, procurando compreender sua comunicação, mais
a criança se sentirá estimulada a enriquecer sua linguagem.
O quarto estágio é o da automatização (quatro - cinco anos a dez anos).
Nesta fase a criança se adapta à linguagem do grupo. Pode falar de uma forma com

43
a família e de outra com o seu grupo de amigos. A criança já domina um vasto
vocabulário.
O quinto estágio é o criativo (onze a dezoito, vinte anos)
A tendência é criar uma linguagem própria, diferente da dos adultos.
Algumas pesquisas mostram que crianças de classe média têm um vocabulário mais
amplo que a criança de classe menos favorecida. Isso porque se conversa mais com as
crianças desde as primeiras semanas de vida, o que possibilita que elas desenvolvam
um vocabulário maior.
Este é um fator que pode trazer facilidades ou dificuldades para a criança
compreender e construir sentenças mais complexas.

Atividade

1- Crie um quadro sinótico bem simples onde apareçam os estágios de desenvolvimento da


linguagem,baseando se na apostila( p.39 em diante) e apresente uma característica para
cada fase.( Utilize no comando inserir-smart art do word ou outro aplicativo de sua
preferência e trabalhe )
Sugestão de quadro
Estágios de
Desenvolvimento
da Linguagem

2-Releia o tópico sobre o desenvolvimento da linguagem e responda : Quando se pode


realmente afirmar que ocorreu o início da linguagem da criança? Por quê?

________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

44
6- PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM E SUAS DIFERENTES CONCEPÇÕES

A aprendizagem acontece ao longo de nossa vida, desde o nascimento até a morte.


Aprendemos de diversas formas, podendo aprender dentro e fora da escola, através da
família, dos amigos, dos meios de comunicação, etc.

Ao final do estudo do capítulo você deverá ser capaz de:


§ Apresentar um conceito de aprendizagem
§ Identificar as principais concepções da Psicologia que dizem respeito às teorias de
aprendizagem
§ Citar pelo menos uma consequência que a adoção cada uma dessas concepções provocam
no âmbito da educação escolar
§

O que é aprendizagem para você?

As diversas teorias sobre aprendizagem e


sobre o que seja aprender, se apoiam em
diferentes visões sobre o do modo como o
homem chega ao conhecimento. Essas
concepções estão ligadas à visão de mundo em
determinado momento histórico e sofrem a
influência da realidade.
Podemos considerar, a princípio, que são
três as diferentes concepções em: inatismo,
ambientalismo e o interacionismo.

6-1- Inatismo

Para os inatistas, a criança quando nasce já vem equipada com capacidades


básicas, partindo da ideia de que os fatos que acorrem após o nascimento não são
importantes para o desenvolvimento humano. Para eles o desenvolvimento resulta da
maturação das estruturas orgânicas. O papel que o ambiente, a educação e o ensino
desempenham interfere pouco no processo de desenvolvimento espontâneo do ser
humano. Para os adeptos desta concepção, o aluno é um ser ativo, sendo a
aprendizagem um processo de dentro para fora. Esse aluno tem o poder de modificar a

45
realidade de acordo com os interesses, e a função do professor é a de permitir o
desenvolvimento. Tal concepção acabou gerando rotulações no contexto escolar e na
atuação do educador em sala de aula, no sentido de valorizar os testes de inteligência,
aptidões e prontidão para a aprendizagem.
Como o homem "já nasce pronto", o ambiente e a ação educativa podem apenas
modelar o desenvolvimento e melhorar um pouco o que o indivíduo possa vir a ser.
Alguns autores expressam a concepção inatista com o ditado popular "pau que
nasce torto, morre torto"; portanto, pouco pode fazer em relação ao desenvolvimento
humano.

Algumas consequências da concepção inatista na escola:


· Os testes de inteligência, aptidão e prontidão que podem rotular o aluno.
· O aluno era culpado por não aprender.
· Nasceu "burro" e vai ser "burro" mesmo.
· Retira da escola a função pedagógica.
· Falta nessa visão a perspectiva do social, o meio não interessa.

6-2 Ambientalismo ou empirismo

Essa visão contradiz a visão inatista . Para os adeptos da concepção ambientalista,


o desenvolvimento do ser humano é fruto das forças do ambiente, dos estímulos do meio
em que ele vive, e das experiências por que o indivíduo passa. Desprezam-se outros
aspectos da sua conduta, como as suas fantasias, desejos, sentimentos, suas aptidões,
etc. Essa concepção é derivada da corrente filosófica, chamada empirismo, que valoriza a
experiência sensorial como fonte de conhecimento. Foi John Locke (1632 -1704) filósofo
inglês, quem afirmou que nossa mente é uma "tabula rasa" e que os nossos
conhecimentos são resultado das nossas sensações e das experiências.
Para Watson (1878-1958), a Psicologia deveria observar o comportamento do
organismo para poder modificá-lo. Os comportamentos seriam as respostas aos
estímulos do ambiente, e enfatizam a importância do condicionamento das respostas.
Já Skinner (1904-1990) acrescentou às ideias de Watson a noção de reforço, ou
seja, o comportamento pode ser mantido ou tornar-se mais frequente se for seguido de
estímulos reforçadores. O comportamento pode ser extinto, se os estímulos forem
retirados ou se for apresentado uma punição. O comportamento pode ainda ter influência
da imitação de outras pessoas que sirvam como modelo.

46
Esses pensadores, psicólogos da corrente ambientalista, que neste século
dominaram a Psicologia, a partir da década de 50 até meados de 80, definiram a
aprendizagem como uma mudança no comportamento ou uma adoção de novas formas
de comportamento, resultante dos estímulos do ambiente. Para Skinner o papel do
ambiente é mais importante do que a maturação biológica. Para os ambientalistas a
educação consiste em manipular ou condicionar comportamentos, e já que o aluno é um
ser passivo, a sociedade é quem modela o seu comportamento, portanto, também é o
papel do professor condicionar o seu aluno para que o estudante possa obter respostas
desejáveis ou extinguir as indesejáveis, não tendo ele a menor possibilidade de escolha,
de autenticidade.
Algumas consequências da concepção ambientalista na educação :
- Currículos fechados, definição dos objetivos do ensino.
- Planejamento das aulas.
- Apostilas, tudo é mastigado, para que pensar?
- O aluno é treinado.
- Disciplina, o aluno é padronizado, condicionado.
- Enfatiza a memorização.
- Visão do mundo, o aluno é passivo, fica esperando a resposta.
- Desconsidera o individualismo, a história do aluno em si.

6-3 Interacionismo

De acordo com essa visão, o desenvolvimento do ser humano se dá através de


fatores orgânicos e de fatores ambientais. Essa visão também se aplica na relação do
homem com a sociedade.O homem é o resultado das forças sócio-históricas específicas
e, ao mesmo tempo, ele é capaz de ação, que o faz transformar o meio.
Na visão interacionista o indivíduo nasce com um potencial, e sua interação com o
meio é que possibilita que a aprendizagem se realize.
O sujeito vai construindo seus conhecimentos na interação com o meio. Nessa
interação, os fatos se relacionam continuamente, ou seja, fatores internos e fatores
externos, exercem ação recíproca, acarretando mudanças sobre o indivíduo.
É na interação do sujeito com o mundo físico e social que as características
peculiares da aprendizagem e do conhecimento vão sendo adquiridas.
Um dos representantes da corrente interacionista é Piaget. Como já estudamos, para
ele, a criança age sobre o meio, e possui um modo de funcionamento cognitivo próprio
que leva a se adaptar a esse meio e a organizar suas experiências.

47
"Ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém educa a si mesmo: os homens se
educam em comunhão, mediatizados pelo mundo.(...) A leitura do mundo precede a leitura da
palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele". Paulo Freire

ATENÇÃO
Você já definiu o que é aprendizagem. Conhecendo um pouco sobre as visões de
como o aprender acontece no sujeito, em qual das visões a sua definição se enquadraria?

Fonte: http://sociologiass-unespunesp.blogspot.com.br/2011_03_21_archive.html

48
7-TEORIAS DA APRENDIZAGEM

Estudamos, de forma geral, as principais visões sobre a aprendizagem. Dentro de


cada visão foram surgindo as teorias da aprendizagem, que muito contribuíram para todo
o processo histórico da Psicologia e da aprendizagem. A importância do assunto nos leva
a descrever mais sobre o tema, assim vamos conhecer e mostrar como essas teorias
influenciam o nosso fazer pedagógico. São elas : behaviorismo, gestaltismo e a teoria
cognitiva.

Ao final desse capítulo você deverá ser capaz de :


§ Citar três importantes teorias de aprendizagem que têm reflexo no nosso fazer
pedagógico,reconhecendo suas características
§ Estabelecer conclusão sobre a questão do aprendizado através de estímulo e resposta
na concepção behaviorista e na gestaltista
§ Reconhecer nas atividades da escola momentos de aplicação de propostas do
cognitivismo

7-1 Behaviorismo

Iniciou-se nos Estados Unidos com estudos de John B. Watson, e tem foco no
comportamento.
Para essa teoria o estímulo (meio) e respostas (manifestações comportamentais)
são as unidades básicas da descrição e o ponto de partida para a compreensão do
comportamento humano.
O comportamento reflexo é o comportamento não voluntário, que dá respostas
produzidas por modificações do ambiente. Por exemplo: contrair as pupilas quando uma
luz forte incide sobre os olhos, ou a salivação devido a uma gota de limão sobre a língua,
ou ainda sobre as lágrimas nos olhos ao cortar cebola, etc.
O comportamento operante é o comportamento que opera sobre o mundo, ou seja,
age no mundo. Por exemplo: A leitura de um livro, a escrita, pedir para o táxi parar com
um gesto de mão, tocar um instrumento musical, namorar, etc.
De acordo com essa teoria, aprendizagem significa condicionamento, ou seja,
quando queremos que o indivíduo aprenda um novo comportamento, precisamos
condicioná-lo a essa aprendizagem. Esse processo consiste em apresentar estímulos
para que a aprendizagem ocorra, quando a pessoa manifesta o comportamento, o qual
queremos que ela aprenda. Esses estímulos são chamados de reforços, e devem estar

49
relacionados com alguma necessidade da pessoa que aprende.
Os reforços podem ser classificados em positivos ou negativos, assim, se deixarmos
um ratinho privado de água durante vinte e quatro horas, ele aprenderá o comportamento
de tomar água assim que tiver oportunidade. Esse comportamento foi aprendido e
mantido pelo efeito que proporcionou: matar a sede, esta é a lei da ação - efeito.
Já no laboratório, ao determinarmos a
resposta que o organismo deverá emitir para
conseguir o efeito de matar a sede. Skinner
Barra
colocou um ratinho numa caixa onde se encontra
uma barra que, pressionada, aciona um Água
Bandeja
mecanismo (camuflado pelo rato) que possibilita
de
a saída de uma de água de uma pequena haste.
Isso acontece pela primeira vez por acaso, ele
Caixa de Skinner
então continuará buscando a água e irá repetir o
seu comportamento até que ele associe o ato de
pressionar a barra ao aparecimento da água.
Neste caso, o comportamento operante, que propicia a aprendizagem do
comportamento e da ação do organismo sobre o meio e o efeito resultante é o de
satisfazer a necessidade, ou seja, a relação que se estabelece entre a ação e seu efeito.
R - S (R é a resposta, pressionar a barra, - S é o estímulo reforçador (a água)).
Estímulo reforçador é o reforço, ou seja, o estímulo de nossa ação está nas
consequências dessa ação. Por exemplo: Abrir a janela para o sol entrar, tocar um
instrumento musical para ouvir o som, etc.
O reforço positivo altera o comportamento para fortalecer o comportamento que o
precede.
O reforço negativo fortalece a resposta que remove o comportamento.
Por exemplo: Voltamos à caixa de Skinner, que, em vez de gotas de água, terá um
choque no assoalho, que poderá ser removido pela pressão da barra. O ratinho pressiona
a barra e o choque desaparece, o bater na barra está associado ao desaparecimento do
choque (reforço negativo).
O positivo oferece alguma coisa ao organismo; o negativo permite a retirada de algo
indesejável.
Para que um condicionamento seja mais duradouro, não precisamos dar o reforço
todas as vezes; segundo a teoria, basta fazê-lo de forma intercalada.

50
Como alternativa para as salas de aula, Skinner criou os textos de instrução. O aluno
lê a questão e escreve a resposta num determinado espaço. Depois ele verifica se a
resposta está correta ou não. Se estiver correta, vai se sentir reforçado e então passará
para a questão seguinte. Caso contrário, deve voltar às questões que não foram
aprendidas.

7-2 Teoria da Gestalt

A Teoria da Forma ou Gestalt, teve início na Alemanha , foi precursora do


cognitivismo e desenvolvida com base nos trabalhos de Wertheimer e Köhler. Veio criticar
o modelo behaviorista, segundo o qual o comportamento humano se poderia explicar pela
fórmula E-R(estímulo-resposta).
Esse esquema explicativo era mecânico, não correspondendo à realidade complexa
do comportamento humano. Ao modelo mecânico proposto pelos behavioristas, os
gestaltistas propõem um modelo dinâmico.
Para os psicólogos gestaltistas, a aprendizagem acontece por insight, é uma forma
em que a aprendizagem se dá "por estalo", parece que tudo fica claro e compreensível de
repente, "Ah! Já sei", "Ah! Já entendi". Os desenhistas de histórias em quadrinhos
mostram como acontece o insight com uma lâmpada acendendo em cima da cabeça do
personagem.

De acordo com essa teoria, toda aprendizagem consiste na reorganização perceptiva


(uma percepção do todo da situação-problema), ou seja, uma aprendizagem por
compreensão, sendo que a experiência anterior e o estímulo proposto também são fatores
importantes .

51
Exemplos de percepção .

O que você vê?

Quantos animais?

A teoria da Gestalt influenciou muito na área da percepção e da aprendizagem, por


tentar explicar os aspectos correspondentes a solução de problemas de forma mais

52
abrangente do que haviam feito os behavioristas.
Como desdobramento da gestalt surge a teoria de campo . A teoria de campo explica
como a aprendizagem e a percepção dependem do campo psicológico da própria pessoa,
ou seja, depende das suas atitudes, de seus sentimentos, expectativas e ainda da forma
com o ambiente externo atua em relação a todas condições internas do indivíduo. O
principal nome ligado a essa corrente foi Kurt Lewin.
O conceito principal desta teoria é chamado de espaço vital, que são as
características da pessoa e também do meio onde vive.
Lewin coloca, ainda, que todo comportamento deve ser visto em sua totalidade,
chegando ao conceito de grupo, que tem como principal característica a interdependência
de seus membros.
Para a teoria de campo, toda aprendizagem é uma mudança na estrutura cognitiva
do indivíduo, ou seja, à medida que aprende, o sujeito aumenta seu conhecimento,
ampliando e diferenciando o espaço vital.
Essa mudança na estrutura cognitiva acontece através de repetições ou de acordo
com as necessidades do indivíduo.
Para compreendermos o campo psicológico das pessoas, faz-se necessário
sensibilidade em relação aos sentimentos e atitudes de cada um.

7- 3 Teoria cognitiva

Estão ligados a essa teoria o norte-americano John Dewey (1859-1952) e teve


também como representantes Angell e H. Carr (Universidade de Chicago), R. Woodworth
(Universidade de Colúmbia) e Jerome Bruner, entre outros.
No Brasil, as ideias da escola nova de Dewey foram muito difundidas a partir do final
da década de vinte, através de Anísio Teixeira, Lourenço Filho e muitos outros.
O cognitivismo se preocupa com o processo de compreensão, transformação,
armazenamento e utilização das informações no plano da cognição.
Cognição é o processo através do qual o mundo de significados tem origem.
Para Dewey, aprender é aprender a pensar, isto é "inquirir, investigar, examinar,
provar, sondar para se chegar à descoberta". Este pensamento a que ele se refere é a
reflexão.
Sua escola nova é aquela em que o trabalho é feito com o diálogo entre o professor
e os alunos, com a participação dos alunos em atividades variadas, com o estímulo às

53
perguntas e à introdução de novidades, o estabelecimento de um clima democrático em
sala. Tudo isso, num ambiente interessante e propício à reflexão e às descobertas.
A teoria cognitiva concebe a aprendizagem como a solução de problemas, que,
segundo Dewey, segue o seguinte esquema:
1. tomada de consciência do problema;
2. delimitação do problema;
3. aparecimento das hipóteses;
4. seleção da hipótese mais provável;
5. verificação da hipótese;
6. confirmação do resultado e generalização.

A experiência educativa é, para Dewey, reflexiva, resultando em


novos conhecimentos. Deve seguir alguns pontos essenciais: que o
aluno esteja numa verdadeira situação de experimentação, que a
atividade o interesse, que haja um problema a resolver, que ele
possua os conhecimentos para agir diante da situação e que tenha a
chance de testar suas ideias. Reflexão e ação devem estar ligadas,
são parte de um todo indivisível. Dewey acreditava que só a
inteligência dá ao homem a capacidade de modificar o ambiente a
seu redor.(FERRARI, Márcio, 2008)

Vamos verificar a aplicação dessas ideias na escola?


A professora de uma turma do terceiro ano , aproveitando os dias de calor propôs à turma
promover um lanche coletivo ,solicitando que seus alunos levassem frutas para fazer suco..
Trabalhou com encarte de supermercado para abordar o trabalho com sistema monetário. Sugeriu
que eles examinassem encartes de supermercado para verificarem diferenças de preços e
levando-os também a verificar que as frutas da estação e as frutas produzidas na região
tornavam menores as despesas.
Aproveitou a ocasião e no dia marcado para a atividade , antes de fazer o suco, usou as frutas
para contagem e quantificação .
O envolvimento dos alunos foi total.

Reconheceu algumas das fases do esquema de Dewey na atividade apresentada?

54
8- Incentivação e motivação

Quando recebemos um convite para uma festa de reencontro com um grupo de


amigos é bem provável que pensemos : quero estar bem para me apresentar aos outros
colegas. A seguir nos vem a vontade de comprar uma roupa nova, cortar o cabelo etc.
Essa situação corriqueira envolve tanto motivo quanto incentivo.
Da mesma maneira , na sala de aula , a todo tempo somos incentivados e quase
sempre nos mostramos motivados a realizar o que nos é proposto ou apresentado. Tendo
em mente que a nossa mobilização interna é essencial para buscarmos a aprendizagem,
nós educadores temos necessariamente, que saber preparar nossos alunos para essa
mobilização em torno do aprender. É de Paulo Freire uma interessante reflexão sobre a
nossa tarefa educativa:“Continuo buscando, re-procurando. Ensino porque busco, porque
indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço
e comunicar e anunciar a novidade”.(FREIRE apud Morin, 2004.p 73).Essa postura
engajada no que fazemos deve mover a todos nós os sujeitos da escola.

Ao final da leitura desse capítulo espera-se que você seja capaz de


· Definir incentivo e motivo
· Estabelecer diferenças entre eles
· Refletir sobre a tarefa do educador criador de incentivos visando despertar as
motivações de seus alunos
· Conceituar aprendizagem significativa

8-1 Incentivo

Um objeto ou uma situação qualquer que se introduz no contexto para valorizar e

determinar a ação, denomina-se incentivo.

Uma galinha, depois de saciada, se é colocada no meio de outras famintas, passa

novamente a comer e pode comer até sessenta por cento a mais, além do padrão de

saciedade. Neste caso, a presença de animais famintos devorando avidamente grãos

apresenta-se como incentivo.

55
Assim temos como exemplo que um premio em dinheiro, a presença de uma

guloseima, as notas escolares, os elogios, os distintivos, os títulos honoríficos, tudo

isso se constitui em incentivos positivos, pois se apresentam como algo agradável que

resulta de determinada ação.

No entanto. os incentivos podem ser positivos ou negativos. Os incentivos

negativos são aqueles que determinam um comportamento de afastamento; como os

castigos, as notas baixas, as reprovações, etc. ao contrário dos incentivos positivos

que são aqueles que determinam um comportamento de aproximação; como o que

implica aprovação e aceitação social.

8-2 Motivação

Motivo é tudo aquilo que leva alguém a fazer alguma coisa. Poderíamos defini-lo
como tudo que inicia, sustenta e dirige uma atividade.
A necessidade de vencer na vida leva os estudantes para as salas de aula. A sede
leva o motorista a parar o carro e procurar água ou refrigerante num bar. O interesse por
conhecer os motores leva o adolescente a procurar revistas de mecânica. Para
resguardar suas riquezas, o rico proprietário vota nos candidatos conservadores.
Podemos identificá-lo como aquela quantidade de energia psíquica capaz de
determinar um comportamento individual ou social.
Numa definição um pouco mais aceita, motivo vem a ser tudo aquilo capaz de
determinar um comportamento individual ou social. Há, pois, motivos individuais e
motivos sociais. Os primeiros movem os indivíduos e os segundos, os grupos.
Uma parada para revisão:
1- Estabeleça a diferença entre motivo e incentivo
2-Na execução de uma aula o professor utiliza variados recursos para despertar e
manter a atenção do aluno. Devem esses recursos ser considerados motivos ou
incentivos?
3- Pensando numa aula cite um exemplo de uma situação de motivação e outra
de incentivo.

56
Texto complementar

Duas Espécies de Aprendizagem

A aprendizagem pode ser dividida em duas espécies gerais, dentro da mesma


continuidade de significação. Num extremo da escola está a espécie de tarefa que os
psicólogos algumas vezes impõem a seus clientes, a aprendizagem de sílabas, sem
sentido. Guardar de memória certos itens como baz, ent, nip, arl, lud e outros de igual teor
são tarefa difícil, porque não sugerem significado algum; aprender tais sílabas não é fácil
e, se aprendidas, são logo esquecidas.
Com frequência nos negamos a reconhecer que muito do material apresentado aos
estudantes em sala de aula tem, para eles, a mesma qualidade desconcertante e
destituída de significado que tem para nós a lista de sílabas sem sentido, isto é verdade,
sobretudo, para a criança pouco privilegiada, a quem uma experiência anterior não
oferece contexto algum dentro do qual se insira o material com que se defronta. Mas
quase todo estudante descobre que extensas porções do seu currículo não têm, ao seu
ver, o menor significado, Assim a educação se transforma na frustrada tentativa de
aprender matérias sem qualquer significação pessoal.
Tal aprendizagem lida apenas com o cérebro. Só se coloca "do pescoço para cima".
Não envolve sentimentos ou significados pessoais; não tem a mínima relevância para a
pessoa, como um todo.
Em contraste, há algo significante, pleno de sentido, a aprendizagem experiencial.
Quando a criança que está aprendendo a andar toca no aquecedor, aprende por si
mesma o significado da palavra "quente", percebe a necessidade de ter certos cuidados
em relação a objetos semelhantes no futuro; e a sua aprendizagem é feita de modo tão
significativo, que dela não se esquecerá tão cedo. Também a criança que guarda de
memória "dois mais dois igual a quatro" pode, um dia, ao brincar com seus toquinhos ou
com suas bolas de gude, compreender, subitamente que "dois mais dois devem fazer
quatro". Descobriu algo que, para ela, tem significado, de um modo que envolve ao
mesmo tempo, o seu pensar e o seu sentir. Ou a criança que laboriosamente adquiriu a
"habilidade de ler" pode-se ver encantada, um dia, com uma história ilustrada, seja um
livro cômico ou um conto de aventuras, e se capacita de que as palavras têm um poder
mágico que a põe fora de si mesma, dentro de um outro mundo. Só então aprendeu a ler.
Marshall McLuhan dá-nos outro exemplo. Acentua ele que se uma criança de cinco

57
anos é levada a um país estrangeiro, e se lhe é permitido brincar, livremente, durante
horas, com seus novos companheiros, sem nenhuma instrução prévia sobre a língua que
eles falam, as crianças aprenderão conseguindo em poucos meses, até mesmo a
entonação que lhe é própria. Estará aprendendo de um modo que tem significado, que
tem sentido para ela, e tal aprendizagem se processa em espaço de tempo relativamente
curto. Mas se alguém tentar instruí-la na nova língua, baseada esta instrução nos
elementos que tem significado para o professor, a aprendizagem será tremendamente
lenta ou simplesmente não se fará.
Esse exemplo, fundado em fato comum, merece ser bem ponderado. Por que é que
a criança, deixada a si mesma, aprende rapidamente de forma que não se esquecerá tão
cedo e por um meio que tem significado eminentemente prático para ela? E por que tudo
poderia se deteriorar se fosse "ensinado" de maneira a só envolver a sua inteligência?
Talvez um exame mais aprofundado nos ajude a responder.
Definamos, com um pouco mais de precisão, os elementos envolvidos em tal
aprendizagem significativa ou experiencial. Ela tem a quantidade de um envolvimento
pessoal. A pessoa como um todo, tanto sob o aspecto sensível, quanto sob o aspecto
cognitivo, inclui-se no fato da aprendizagem. Ela é auto-iniciada. Mesmo quando o
primeiro impulso ou o estímulo vem de fora, o senso da descoberta, do alcançar, do
captar e do compreender vem de dentro. É penetrante. Suscita modificação no
comportamento, nas atitudes, talvez mesmo na personalidade do educando. É avaliada
pelo educando. Este saber está indo ao encontro de suas necessidades, em direção ao
que quer saber se a aprendizagem projeta luz sobre a sombria área de ignorância da qual
tem ele experiência. O locus da avaliação, pode-se dizer, reside, afinal, no educando.
Significar é sua essência. Quando se verifica a aprendizagem, o elemento de significação
desenvolve-se para o educando dentro de sua própria experiência com um todo. A
aprendizagem, como já vimos, acontece durante toda nossa vida, mas ainda temos a
necessidade de saber como nossos alunos pensam, se desenvolvem e como adquirem o
conhecimento do mundo. Muitos psicólogos da educação vêm se dedicando ao estudo
dos processos de desenvolvimento e aprendizagem, mas ainda não chegaram a um
acordo sobre os aspectos considerados importantes neste processo.
As diferentes teorias para explicar o desenvolvimento e o processo ensino/
aprendizagem e procurar entender o ser humano a partir de diferentes pontos de vista,
procurando contribuir sempre para o seu aperfeiçoamento, não encontra uma resposta
final para essas questões, portanto nenhuma teoria pode ser considerada superior. É

58
importante que os professores entendam, compreendam e analisem as diferentes
concepções de aprendizagem para que sua atuação tenha coerência educacional. O
caminho a ser escolhido deve ser baseado numa postura pedagógica consciente.
(ROGERS, Carl 1978, p. 4-5.)

Refletir...

Pense no trabalho que você realiza com seus alunos ou no que é feito em sua
escola. Assim indique como você pode agir para tornar a aprendizagem de seus
alunos mais significativa. Use o texto de Rogers como suporte para a sua resposta e
acrescente as ideias de outros autores , se achar necessário.

59
9- DESENVOLVIMENTO E LINGUAGEM NA VISÃO DE VYGOTSKY

O bielo russo Vygotsky (1896 -1934), é representante de uma vertente de


aprendizagem conhecida como sócio-interacionismo.

Ao final do estudo do capítulo você deverá ser capaz de :


· Justificar a denominação sócio interacionista para o trabalho de Vygotsky
· Associar desenvolvimento de linguagem e conhecimento
· Conceituar a zona de desenvolvimento proximal
· Comparar os ponto de vista de Piaget e Vygotsky

No trabalho de Vygotsky, e no dos seus seguidores, especialmente Luria e Leontief,


existe uma contínua interação entre as estruturas orgânicas e as condições sociais em
que a criança vive. Através do contato com outras pessoas mais experientes, a criança
vai, por meio da linguagem, se apropriar do conhecimento.

Através da fala e do comportamento de pessoas mais experientes é que se forma e


que se organiza o pensamento infantil, que gradativamente adquire a capacidade de se
auto regular. Por exemplo, quando uma pessoa mais velha dá nome a determinados
objetos, indicando para a criança as várias relações que esses mantêm entre si, ela
constrói formas mais complexas e sofisticadas de conceber a realidade. Quando se
mostra a uma criança de dois anos que o ferro é quente e queima, o fato de se apontar
para o objeto e falar o que acontece provoca na criança uma modificação na percepção e
no seu conhecimento. Esse processo de internalização (processo ativo), possibilita que a
criança se aproprie do social de uma forma particular.
Ela interioriza e transforma o conhecimento dentro de uma interação constante. Ao
mesmo tempo em que a criança interage com o outro, ela é capaz de se posicionar frente
a esse outro ser seu crítico e seu agente transformador, até ter o controle sobre sua
própria conduta. Quando a criança internaliza essas instruções, ela modifica também
suas funções psicológicas: atenção, memória, percepção e capacidade para solucionar

60
problemas.
Para Vygotsky, pensamento e linguagem são dois círculos interligados. É na união
deles que se produz o pensamento verbal, o qual não inclui todas as formas de linguagem
nem todas as formas de pensamento, caso da inteligência prática, que nem todas as
áreas do pensamento têm relação direta com a fala.
Vygotsky não aceita a sequência de estágios cognitivos proposta por Piaget, porque
acredita na diversidade das condições histórico-sociais em que vivem as crianças. Para
ele os fatores biológicos preponderam sobre os sociais apenas no início de vida, depois o
desenvolvimento do ser humano se dá dependendo das condições e das interações
humanas.
Para Vygotsky, desenvolvimento e aprendizagem podem ser discutidas do ponto de
vista de três teorias. Na primeira o indivíduo tem que estar "pronto" para aprender. É
necessário um certo nível de desenvolvimento para que a aprendizagem seja possível,
esta teoria também é defendida por Piaget.
Na segunda teoria, aprendizagem é desenvolvimento, ou seja, o desenvolvimento
ocorre simultaneamente à aprendizagem.
A terceira teoria que pode ser considerada para Vygotsky é que há uma interação
entre desenvolvimento e aprendizagem, embora sejam processos independentes:
desenvolvimento causa aprendizagem, e a aprendizagem causa desenvolvimento.
Quando Vygotsky questiona a interação entre desenvolvimento e aprendizagem, ele
mostra o papel da capacidade do ser humano de entender e utilizar a linguagem, portanto
ele vê a inteligência como habilidade para aprendizagem, deixando de lado que
inteligência é resultado de aprendizagens já realizadas. Os testes psicológicos
padronizados apontam apenas aquilo que a criança é capaz de realizar sozinha. Para ele
a relação que a criança tem com parceiros mais experientes cria uma zona de
desenvolvimento proximal. Quando ele fala em zona de desenvolvimento proximal ou
zona de desenvolvimento potencial se refere à distância entre o nível de desenvolvimento
atual, quando a criança é capaz de solucionar um problema sem a ajuda do outro, e o
nível potencial de desenvolvimento, medido através da solução de problemas com a
ajuda de crianças mais velhas.
Num teste de inteligência, duas crianças têm o mesmo resultado e podem ser
completamente diferentes, o que se deve em grande parte às diferentes formas de se
relacionar com as outras pessoas, que pode inclusive dificultar a construção do
conhecimento por parte das crianças, portanto a aprendizagem precede ao

61
desenvolvimento intelectual, ao invés de coincidir com ele ou de segui-lo. O conceito de
zona de desenvolvimento proximal é que nos possibilita compreender a forma como a
criança organiza uma informação e o modo como o seu pensamento opera.
O professor, em sala de aula, percebendo o que um aluno é capaz de realizar com e
sem ajuda, pode com isso planejar as situações de ensino e avaliar o progresso de cada
criança. Vygotsky nos mostra o quanto é importante a troca que se dá num plano verbal
entre professor e aluno para a construção do pensamento.

Atividade

Fonte: http://education-portal.com/academy/lesson/differences-between-piaget-vygotskys-cognitive-development-
theories.html#lesson-Acesso em maio de 2014

A partir do exposto no texto (p 59-60) explique em que Vygotsky se contrapõe às


ideias de Piaget sobre os estágios de desenvolvimento.

62
10- INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

Como nossa proposta em Psicologia da Educação é traçar um painel que possibilite,


a você aluno e futuro professor, conhecer e participar de forma abrangente das
abordagens dessa disciplina, de maneira a facilitar a sua atuação profissional,
precisamos considerar a importância da teoria das Inteligências Múltiplas para a
educação.
Ao final do estudo desse capítulo você deverá ser capaz de :
· Reconhecer as diferentes competências citadas nos estudos sobre as Inteligências Múltiplas
· Entender a necessidade de ter uma visão pluralista no contexto escolar observando e
valorizando as competências predominantes nos alunos

Howard Gardner, psicólogo construtivista e também professor adjunto de


neurologia na Universidade de Medicina de Boston, com uma grande equipe de
pesquisadores, desenvolve na Universidade de Harvard projetos que buscam explicar
o desenvolvimento do que é chamado de inteligência múltipla.
O autor defende que as manifestações de inteligência compõem um amplo
espectro de competências, incluindo as dimensões: musical(1); corporal cinestésica(2);
lógico matemática(3); espacial(4); linguística(5); intrapessoal(6) e interpessoal(7).
Em um processo mais recente de revisão de sua teoria, Gardner acrescentou a
inteligência naturalista(8) à lista original. Aproveite para reconhecer nas figuras cada
uma delas,identificando-a com os números.

Fonte: http://Psicologiadaeducacao-portfolio.blogspot.com.br/2013/03/howard-gardner-e-teoria-das.html

63
A competência musical consiste na habilidade de apreciar, reproduzir ou compor a
música. Esta habilidade conta com a capacidade de discriminação de sons e percepção de
variações, como ritmo e timbre.
A dimensão corporal cinestésica é a habilidade do atleta, do artista, para resolver
problemas, para criar produtos através do corpo. Utiliza com grande facilidade a coordenação
motora grossa ou fina, apresenta grande controle de movimentos corporais e de manipulção.
A competência lógico-matemática apresenta grande habilidade em desenvolver
raciocínios dedutivos e resolução rápida para lidar com números ou outros objetos
matemáticos, envolvendo cálculos e transformações.
A inteligência espacial é a habilidade de encontrar caminhos, reconhecer faces, notar
mínimos detalhes. Geralmente esta competência está associada às atividades do arquiteto ou
do navegador, que revelam grandes habilidades na percepção e administração do espaço, na
elaboração de mapas, plantas, etc. Apresenta capacidade para perceber um objeto sob
diferentes ângulos.
A inteligência linguística se expressa de forma mais visível no orador, no escritor e em
todos os que lidam criativamente com as palavras. Tem habilidade no uso da linguagem para
discursos, para transmitir ideias, convencer, agradar e também fazer humor. Apresenta
facilidade na significação das palavras e valorização semântica/sintática.
A inteligência intrapessoal permite estar bem consigo mesmo, assim como a
compreensão e o trabalho de si mesmo, permitindo o entendimento e o trabalho com as
outras pessoas. Aquele que desenvolve mais esta inteligência tem um modelo de si mesmo e
se ajuda na resolução de conflitos.
A competência interpessoal consiste na habilidade de socializar-se. É a capacidade de
perceber distinções entre pessoas, em perceber seus humores, suas motivações, em captar
suas intenções. É característica nos líderes, políticos, professores, terapeutas, etc.
A competência naturalista está ligada à sensibilidade para compreender e organizar os
objetos, fenômenos e padrões da natureza, como reconhecer e classificar plantas, animais,
minerais, incluindo toda a variedade de fauna, flora, meio-ambiente e seus componentes.

Segundo Gardner todos os elementos das competências apresentadas interagem


entre si, sugerindo que o contexto escolar tenha uma visão pluralista, na qual possa
reconhecer as diferenças nas possibilidades cognitivas de cada aluno, permitindo assim,
o desenvolvimento dentro de suas competências específicas.
Para o autor da teoria todas as inteligências fazem parte da herança genética
humana o que,de acordo com o mesmo, independe da educação e da cultura.
Atividade
1- Pense no planejamento de uma aula, enfatizando predominantemente o
desenvolvimento de uma das inteligências múltiplas. Apresente ao grupo e discuta as
ideias apresentadas e indique possibilidades de atender aos alunos com diferentes
competências .
2- Levando em conta o seu perfil em quais dos tipos de inteligência você se
enquadraria de forma mais predominante?

64
11- DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Dificuldade de aprendizagem,de acordo com Krespsky(2004), é um termo geral que


se refere a um grupo diferenciado de desordens manifestadas por barreiras significativas
na aquisição e utilização da compreensão auditiva, da fala, da leitura, da escrita e do
raciocínio matemático.
Essas dificuldades de aprendizagem são consideradas "os sintomas", e é pela
intensidade com que se apresentam esses sintomas e comportamentos e pela duração
que eles têm na vida escolar que se faz necessária a busca das possíveis soluções para
os problemas surgidos na aprendizagem .

Ao final do estudo você deverá ser capaz de :


§ Reconhecer que a dificuldade em aprender refere-se às situações que impedem ou
atrapalham as crianças, adolescentes ou adultos na caminhada em direção ao saber.
§ Estabelecer diferenças entre os fatores que dificultam o processo de aprender
· Identificar os distúrbios referentes à linguagem oral, linguagem escrita,
dislexia,discalculia e distúrbio de atenção

Existem vários fatores que podem desencadear uma dificuldade no processo de


aprender. Os fundamentais são os orgânicos, psicológicos e ambientais. Apresentamos a
seguir alguns exemplos de cada um deles.:
- fatores orgânicos: saúde física, falta de integridade neurológica, alimentação
inadequada, etc.
- fatores psicológicos: inibição, fantasia, ansiedade, angústia, inadequação à realidade,
sentimento generalizado de rejeição, etc.
- fatores ambientais: o tipo de educação familiar, o grau de estimulação que a
criança recebeu desde os primeiros dias de vida, a influência dos meios de
comunicação, etc.
Podemos ainda incluir os fatores pedagógicos, assim como os funcionais.
Os pedagógicos se referem ao método de ensino e às defasagens de séries
anteriores.
Entre os funcionais seria identificar a maneira como a criança, age, a maneira de
funcionamento como um todo. Cada um de nós tem um jeito próprio de fazer ou agir
sobre algo, por exemplo: Nós dirigimos um carro, porém cada um tem uma maneira, um

65
jeito próprio de dirigir, que às vezes pode ser prejudicial de alguma forma .
Detectar as causas que interferem no desempenho escolar, principalmente da
criança, é fundamental para o seu bom rendimento escolar.
"A educação não é apenas o ato mediante o qual um homem informa a outro alguma
a coisa. Ela é sobretudo um sistema de troca mediante o qual, através da compreensão,
se atinge o consenso". Íris B.Goulart

Para o professor, sendo um dos primeiros elos no processo ensino-aprendizagem


sistemático, é importante que tenha uma preocupação em reconhecer aqueles alunos
com dificuldades de aprendizagem, que geralmente são crianças rotuladas como: lentas,
preguiçosas ou incompetentes, etc. Esse fato pode torná-las distantes, arredias, rebeldes,
agressivas, inclusive, sendo motivo para a evasão escolar.
Além dessa preocupação em reconhecer, é preciso admitir que é possível fazer algo
que possa ajudar o aluno. Existem diversos fatores que podem desencadear as
dificuldades na aprendizagem, como já lemos anteriormente, porém alguns são
considerados fundamentais: falta de estimulação nas habilidades básicas (conceitos
básicos, lateralidade), métodos de ensino; fatores emocionais; diferenças culturais;
sociais; dificuldades sensoriais (audição e visão); deficiência mental; síndromes;
hiperatividade; dificuldade de atenção; dificuldades na linguagem (dislexia, disgrafia,
disortografia, discalculia), oral e escrita, e na matemática (dificuldade no raciocínio
lógico), sendo que na maioria dos casos uma dificuldade se apresenta comprometida com
as demais.
Existem várias maneiras para se constatar uma dificuldade da criança em aprender,
mas o ponto de partida é o próprio desempenho do aluno. Estar atento para os
comportamentos que a criança manifesta para o funcionamento da visão e audição, assim
como orientar e direcionar a família para um encaminhamento que se faça necessário é
de suma importância para a vida escolar do aluno.
As dificuldades de aprendizagem podem estar relacionadas ao funcionamento
cognitivo, sendo o mais frequente a ausência de esquemas para a realização de tarefas,
pois, segundo Piaget, ninguém aprende além do que sua estrutura cognitiva permitir.
Vamos imaginar uma situação de ensino que envolva características do pensamento
operatório formal para uma criança que só dispunha do pensamento operatório concreto.
Neste caso, o aluno não dispõe dos recursos cognitivos de que precisa para aprender, e
quando o aluno tem esses recursos precisa saber fazer uso deles. Dessa forma é como

66
se o aluno tivesse um instrumento e não soubesse o que fazer com ele, ou fizesse um
uso inadequado.
A escola tem seu lugar garantido no desenvolvimento infantil, podendo a relação
professor - aluno oferecer oportunidades riquíssimas de crescimento, e os conflitos que
possam surgir exercem um importante papel, não só no desenvolvimento infantil, como no
processo de aprendizagem como um todo. É fundamental criar um vínculo positivo nesta
relação, sendo que o professor deve estabelecer limites e normas que sejam válidas para
todo o grupo.
Sem pretender esgotar o assunto , vejamos aqui o que algumas pesquisas, de um
modo bastante sucinto, definem como "causas" das dificuldades de aprendizagem

11-1 Dificuldades na linguagem oral

Dislalia - Dificuldade na linguagem oral, que pode interferir no aprendizado da escrita.


A criança omite, faz substituições, distorções ou acréscimo de sons. Exemplos:
• omissão - não pronuncia sons - "ornei" = "tornei";
• substituição - Troca alguns sons por outros - "telo" = "quero";
• acréscimo - Introduz mais um som - "Atelântico" = "Atlântico".
Disartria: É um problema de articulação que se manifesta através de uma dificuldade
que o indivíduo tem para realizar os movimentos necessários à emissão verbal. Esta
dificuldade na fala pode se originar de uma lesão no sistema nervoso ou de uma
perturbação nos músculos que intervêm na produção de sons linguísticos.
Afasia - A afasia está associada à perturbação da linguagem decorrente de distúrbios
no funcionamento cerebral. Caracteriza-se por falhar- na compreensão e na expressão
verbal.
Podemos observar a afasia em uma criança que:
• ouve a palavra mas não consegue interiorizá-la com significado;
• apresenta gestos inadequados e deficientes;
•. demora em compreender o que lhe é solicitado;
• confunde frases ou palavras com outras similares;
• apresenta dificuldade de evocação, exteriorizada por ausência de respostas ou
tentativa incompleta para achar a expressão ou emissão que a substituem.

67
11-2 Dificuldade na linguagem escrita

Disgrafia: A criança apresenta dificuldade em passar para a escrita, o estímulo visual


da palavra impressa. É o que chamamos genericamente de "letra feia".
Podemos caracterizar a disgrafia também pela lentidão no traçado das letras.
As principais características da disgrafia:
• apresentação desordenada de um texto;
• inexistência ou dificuldade em fazer margens;
• espaço irregular entre as palavras, linhas;
• traçado de má qualidade;
• distorção da escrita oscilando para cima e para baixo;
• separação inadequada das letras;
• ligações defeituosas de letras.
Disortografia - É a dificuldade que o sujeito apresenta para transcrever corretamente
a linguagem oral, havendo confusão de letras e trocas ortográficas. Os exemplos mais
comuns são:
• confusão de letras com trocas auditivamente semelhantes: f/v; p/b; ch/j;
• confusão de sílabas com tonicidade semelhante: falaram/falarão;
• confusão de letras com trocas visuais: b/d; p/q;
• confusão de palavras com configurações semelhantes: mapa/capa;
• uso de palavras com um mesmo som para várias letras: asa/aza; casar/cazar;
• dificuldade em recordar a sequência dos sons das palavras, por exemplo:
como nas junções: do que / do que; nas fragmentações: es cola / escola; a
contece/ acontece; nas inversões: prota/porta; nas adições: palalavra /
palavra;e nas omissões: tesora/tesoura; boeca/boneca.
Quando falamos em disortografia devemos considerar o nível de escolaridade da
criança e a frequência de seus erros.

11- 3 Dislexia

A dislexia se refere à dificuldade na aprendizagem da leitura e, consequentemente,


na escrita, ou seja, a criança não identifica símbolos gráficos (letras e/ou números), o que
acarreta fracasso em áreas que dependam da leitura e da escrita. Apesar de não ler é, ela

68
pode ser, muitas vezes, uma criança bastante inteligente.
Por outro lado a criança disléxica é considerada desatenta e preguiçosa, trazendo
consequências graves no nível emocional. Necessitam de auxílio especializado e
principalmente da ajuda do professor.
Podemos reconhecer se as dificuldades são devidas à dislexia, respondendo-se as
perguntas que se seguem:
Primeiramente levemos em conta se a criança tem cerca de oito anos e meio:
• Ela ainda tem dificuldades de leitura?
• Ela ainda apresenta dificuldades para soletrar? Isso nos surpreende?
• Temos a impressão de que em atividades não relacionadas com leitura e soletração ela é uma criança
esperta e inteligente?
• Inverte os números como 15 por 51 ou 2 por 5?
• Escreve "B" no lugar de "D"?
• Necessita usar blocos ou dedos para fazer cálculos?
• Apresenta dificuldade incomum em lembrar a tabuada?
• Demora em responder o que lhe é solicitado?
• Confunde direita e esquerda?
• É desajeitada?
• Tem dificuldade em pegar ou chutar bola?
• Apresenta dificuldades em atar os sapatos, fazer nó, vestir-se ou trocar a roupa?

Agora vamos supor estar trabalhando com a criança entre 8 anos e meio a 12 anos:
• Ainda comete erros negligentes na leitura?
• Ainda comete erros esquisitos na soletração?
• Omite algumas letras nas palavras?
• Não tem bom senso de direção, confundindo às vezes direita com esquerda?
• Às vezes confunde "b" com "p"?
• Ainda tem dificuldade na tabuada?
• Utiliza os dedos das mãos, dos pés, sinais no papel para fazer cálculos?
• A compreensão de leitura é mais lenta do que a esperada para sua faixa etária?
• Leva mais tempo do que a média para fazer trabalhos escritos?
• O tempo de que necessita para fazer as quatro operações, parecem mais lentas
do que o esperado?
• Demonstra insegurança e baixa apreciação sobre si mesmo?
A existência de alguns desses aspectos exige do professor uma atenção especial, de
forma ajudar o aluno , sem o rotular.

69
11- 4 Discalculia

A discalculia é a dificuldade na compreensão e nos processos matemáticos, sendo


que as causas podem ser pedagógicas, capacidade intelectual limitada ou uma disfunção
do sistema nervoso central.
Os distúrbios do raciocínio lógico podem ser encontrados em crianças que

apre sentam incapacidade para:


• estabelecer correspondência um a um , ou termo a termo ;
• associar símbolos auditivos e visuais (faz contagem oral mas não identifica o número
visualmente);
• aprender a contagem através dos números cardinais e ordinais;
• visualizar conjunto de objetos dentro de um conjunto maior;
• compreender o princípio de conservação de quantidade
• compreender o significado dos sinais das quatro operações (adição,
subtração,multiplicação e divisão);
• compreender os princípios da medida
• obedecer e recordar os passos das operações;
• escolher os princípios (somar, subtrair, multiplicar, dividir) para solucionar problemas.

11-5 Hiperatividade

É um distúrbio de atenção que atinge cerca de cinco por cento das crianças e
adolescentes de todo o mundo. Embora prejudique a capacidade de concentração e
atenção, a hiperatividade é facilmente tratável. Além de medicamentos com especialistas
a reorientação pedagógica na escola ajuda o aluno a não perder rendimento. A
hiperatividade só fica evidente no período escolar quando é necessário aumentar o nível
de concentração para aprender, embora o diagnóstico deva ser feito com base na história
da criança.
A origem do distúrbio pode ser de origem genética, segundo algumas pesquisas, e
os seus portadores produzem menos dopamina, um neurotransmissor responsável pelo
controle motor e pelo poder de concentração.

70
fonte: integramundo.com.br

Para melhor reconhecer as características de uma criança hiperativa, observe se a


mesma apresenta as reações a seguir :
• agita mãos ou pés ou se remexe na cadeira;
• abandona sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se espera
que permaneça sentada;
• corre ou escala em demasia em situações impróprias;
• tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer;
• está sempre "a todo vapor";
• fala demais;
• é impulsiva;
• dá respostas precipitadas, antes de ouvir a pergunta inteira,
• tem dificuldade de aguardar sua vez;
• intromete-se na conversa de outros ou a interrompe;
• tem dificuldades para seguir instruções;
• perde objetos com frequência;
• enfrenta os perigos sem avaliar os riscos.

"Se uma criança não pode aprender da maneira que é ensinada, é melhor ensiná-;
Ia da maneira que ela pode aprender”. Marion Welchmann
Fonte: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/855-2.pdf

ATIVIDADES

1-Faça um levantamento das possíveis dificuldades de aprendizagem que você


tenha percebido no contexto de uma sala de aula.

2-Discuta com o seu grupo de que forma você poderia contribuir para ajudar os
alunos com dificuldades de aprendizagem, e mãos à obra!

71
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALENCAR, Eunice Soriano de et al. Novas contribuições da Psicologia aos


processos de ensino e aprendizagem.. São Paulo: Cortez, 1995.

BARROS, Célia Silva Guimarães. Pontos de Psicologia do Desenvolvimento. 12 - ed.


São Paulo: Ática, 1999.

Psicologia e Construtivismo. São Paulo: Ática, 1996.

BIGGE, M. L. Teorias da aprendizagem para professores. São Paulo, E. P. U., Editora


da Universidade de São Paulo, 1997.

BOCK, Ana M. Bahia et al. Psicologias uma introdução ao estudo de Psicologia. 14


ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

BONFIM, Cláudia (Org). Corpo, Sexualidade e Gênero: a educação sexual como


possibilidade emancipatória . UEM : Revista Espaço Acadêmico .Disponível em <
http://educacaoesexualidadeprofclaudiabonfim.blogspot.com.br/2010/10/de-volta-ao-
nosso-blog-educacao-e.html. Acesso em maio de 2014

CAMPOS, Eduardo. Fundamentos Psicológicos da Educação.Paraíba:UFPB,Curso de


Licenciatura em Computação, Disponível em <
http://producao.virtual.ufpb.br/books/edusantana/fundamentos-psicologicos-da-
educacao-livro/livro/livro.pdf > Acesso em maio de 2014

CUNHA,Marcus Vinícius da . Freud- Psicanálise e Educação . São Paulo: UNESP:


arquivo digital. Disponível em
<http://www.acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/140/3/01d08t01.pdf> Acesso
em maio de 2014

DAVIS, Cláudia, OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos de. Psicologia na educação. 2a ed.
In Revista Coleção Magistério. 2- grau. Série Formação do Professor.

DROUET, R. C. da R. Distúrbios da aprendizagem. São Paulo: Ática, 1990

FALCÃO, Gerson Marinho. Psicologia da Aprendizagem. 6- ed. São Paulo: Ática, 1991.

FARIA, Anália Rodrigues de. O desenvolvimento da criança e do adolescente


segundo Piaget. 35 ed. São Paulo: Ática, 1995.

FERRARI, Márcio. Dewey - Grandes pensadores. São Paulo: Nova escola, 2008

GADOTTI, Moacir. História das ideias pedagógicas.São Paulo: Ática, 2002

GARDNER, Howard. Coleção Grandes pensadores. Editora Abril,julho de


2008.Disponível em revistaescola.abril.com.br/.../cientista-inteligencias-multiplas-

72
423312.shtml. Acesso em maio de 2014

GINSBURG, Herbert e OPPER , Sylvia .Teoria de desenvolvimento intelectual de


Piaget .USA:Editora Prentice Hall,1979

GOULART, Íris Barbosa. A educação na perspectiva construtivista: reflexões de


uma equipe interdisciplinar. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998

HALL, Elizabeth. A conversation with Jean Piaget and Bärbel Inhelder / Jean Piaget,
Bärbel Inhelder. In:Psychology today. 1970, vol. 3, p. 25-32, 54-56. Entrevista com J.
Piaget e. Inhelder Publicação original em língua inglesa, 1970. Tradução de SLOMP,
Paulo Francisco

INÁCIO, Magda . Guia do Formador- O Processo de Aprendizagem. Lisboa: Delta


Consultores e Perfil,2007

KAMII, Constance .e DEVRIES, Rheta.. O conhecimento físico na educação pré-


escolar: implicações da teoria de Piaget. Porto Alegre, Artes Médicas, 1985

................................. Piaget para a pré-escola. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.

KRESPSKY, Marina Cruz. Dificuldades de aprendizagem. Blumenau: Dissertação


de mestrado apresentada a FURB,Universidade Regional de Blumenau,2004.

MATUI, Jiron. Construtivismo. Teoria construtivista sócio-histórica aplicada ao ensino.


São Paulo: Editora Moderna, 1995.

MORAIS, Maria de Lourdes Cysneiros. Fatores intervenientes no processo de


aprendizagem- Um olhar psicopedagógico. Revista da ABPp. Disponível em
<http://www.abpp.com.br/artigos/72.htm > Acesso em maio de 2014

MORAN, José Manuel . A educação que desejamos: novos desafios e como chegar
lá. São Paulo: Papirus , 2007

MOULY,George J..Psicologia Educacional. São Paulo: Editora Pioneira Biblioteca de


Ciências Sociais,1966

PAPALIA, Diane E., OLDS, Sally Wendkos. O mundo da criança da infância à


adolescência. São Paulo: McGraw- Hill do Brasil, 1981.

PIAGET, Jean. A conversation with Jean Piaget and Bärbel Inhelder / by Elizabeth Hall,
Jean Piaget, Bärbel Inhelder. In: Psychology today. 1970, vol. 3, p. 25-32, 54-56.
Entrevista com Jean Piaget p. 25-32, com B. Inhelder p. 54-56. Publicação original em
língua inglesa, 1970. Tradução do Professor Paulo Francisco Slomp

PIAGET, Jean. Para onde vai a educação? Rio de Janeiro: Livraria José Olimpio Editora,
1973.

73
PIAGET, Jean A construção do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1971.

PIAGET, Jean A construção do real na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1970.

PIAGET, Jean Psicologia e pedagogia. Rio de Janeiro: Editora Forense, 1970.

PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. 17- ed. São Paulo: Ática, 1999.

PFROMM Neto, Samuel. Psicologia da aprendizagem e do ensino. São Paulo: E.P.U.


Editora da Universidade de São Paulo, 1987.

QUEIROZ, Elaine Moral. Teorias de aprendizagem. São Paulo : UNINOVE, 2009.


Disponível em < http://pt.slideshare.net/joaomaria/teorias-da-aprendizagem-2475571>
Acesso em maio 2014

RAPPAPORT, C.R. et al Psicologia do Desenvolvimento. .Teorias do


Desenvolvimento: conceitos fundamentais. Vol 1. São Paulo: Ed. Pedagógica
Universitária (EPU),1982

ROWELL, Maria Helena. Página de Freud. Disponível em


< http://www.freudpage.info/fase_falica.html> Acesso em maio de 2014

ROGERS, Carl R. Liberdade para aprender. Belo Horizonte: Interlivros, 1978

SANTOS, Renusia Rodrigues dos. A afetividade na educação de jovens e adultos IV


EDIPE – Encontro Estadual de Didática e Prática de Ensino, 2011

SANTOS, Theobaldo Miranda. Noções de Psicologia da Educação. 6a ed. São Paulo:


Nacional, 1960.

SUZUKY, Aldry. Construtivismo de Piaget -inteligência e conhecimento, 2011.


Disponível em http://aldry-suzuki.blogspot.com.br/2011/03/construtivismo-de-piaget-
inteligencia-e_19.html. Acesso em maio de 2014

TELES, Maria Luiza Silveira. Uma Introdução à Psicologia da Educação. 7- ed.


Petrópolis: Vozes, 1985.

74

Potrebbero piacerti anche