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Educação

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BR
Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio
carece de diálogo com a sociedade
do Brasil

solicitando a realização de um en-


contro entre a Câmara Bicameral da
BNCC e a SBPC e suas sociedades
científicas afiliadas, além da Acade-
mia Brasileira de Ciências (ABC).
Foto: reprodução Pixabay
O objetivo é apresentar sugestões
para o documento e discutir, em
especial, os aspectos e conteúdos
referentes às ciências e matemática
propostos. A previsão do MEC é de
que a BNCC do Ensino Médio en-
tre em vigor em 2019.
A BNCC define um conjunto de 10
competências gerais que devem ser
desenvolvidas ao longo de todas as
etapas da educação básica, de forma
articulada ao conteúdo das diversas
disciplinas. Segundo o texto, com-
petência é definida como “a mobili-
zação de conhecimentos (conceitos
e procedimentos), habilidades (prá-
ticas, cognitivas e socioemocionais),
atitudes e valores para resolver de-
SBPC defende mais discussões antes que a BNCC entre em vigor em 2019 mandas complexas da vida cotidia-
na, do pleno exercício da cidadania
e do mundo do trabalho”. Conhecer
A Base Nacional Comum Cur- foi concluída com a homologação as linguagens artística, matemática
ricular para o Ensino Médio, pelo MEC, em dezembro de 2017, e científica para se expressar e par-
entregue em abril de 2018 pelo da base curricular para a educação tilhar informações; compreender,
Ministério da Educação (MEC) infantil e o ensino fundamental. utilizar e criar tecnologias digitais de
ao Conselho Nacional de Educa- Agora, a última versão da BNCC informação e comunicação de for-
ção (CNE), completará a segunda para o ensino médio está sendo ma crítica, significativa e ética, são
fase do processo de definição das analisada no CNE, que deve sub- algumas dessas competências.
diretrizes que orientarão os currí- meter o texto a audiências e deba-
culos de todas as etapas da educa- tes, para depois ser votado. No dia 4 Reforma A BNCC complementa a
ção básica no país – ou seja, o que de maio, a Sociedade Brasileira pa- reforma do ensino médio, feita por
deverá ser ensinado aos estudantes ra o Progresso da Ciência (SBPC) meio de uma medida provisória
em todas as escolas brasileiras, pú- enviou uma carta ao presidente do (MP 746/16) e já sancionada em
blicas e privadas. A primeira fase Conselho, Eduardo Deschamps, 2017 (Lei nº 13415). A reforma é

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considerada a maior mudança na


legislação brasileira no que se refere
à educação, desde a Lei de Diretri-
zes e Bases (LDB), de 1996. Trata-
BR
do sistema educacional brasileiro.
De acordo com dados oficiais, há
cerca de 1,5 milhão de jovens de
15 a 17 anos fora da escola no país.
do Brasil

No último Ideb, a meta era de 4,3


pontos (a escala vai de 0 a 10).

Legitimidade Para Márcia Azevedo,


-se de um conjunto de diretrizes Muitos deles nem se matriculam coordenadora pedagógica do Co-
que muda a estrutura do sistema após concluir o ensino fundamen- légio Espírito Santo, da cidade de
atual do ensino médio. Ela prioriza tal, e outros abandonam a escola São Paulo, a necessidade de uma
a flexibilização da grade curricu- ao longo dos estudos. Além da alta reforma no ensino médio é indis-
lar e a articulação com a educação evasão, a qualidade da educação é cutível. “Precisamos de uma escola
profissional e a educação integral. insatisfatória: o ensino médio está mais conectada com a sociedade e
Na prática, no entanto, para que desde 2011 estagnado em 3,7 pon- com as competências exigidas pe-
entre de fato em vigor, a reforma tos no Índice de Desenvolvimento lo mercado de trabalho”, afirmou.
do ensino médio precisa dos apon- da Educação Básica (Ideb), prin- No entanto, na opinião dela, a re-
tamentos da BNCC para essa etapa cipal avaliação da educação básica forma não deveria ter sido feita por
de ensino – somente então estados, no país, calculado a partir da taxa medida provisória. “Para ter efeito
municípios e a rede privada pode- de aprovação e de notas dos alunos. e ser produtiva tem que ter diálo-
rão reelaborar os seus currículos.
Hoje, o ensino médio é composto
por uma grade com 13 disciplinas
obrigatórias. Com a reforma, já no Vestibular
início do curso os alunos escolhe- Uma das perguntas que as recentes mudanças no ensino médio colocam é
rão a área na qual poderão se apro- em relação aos exames vestibulares, já que, hoje, o currículo dessa etapa de
fundar: linguagens, ciências da na-
ensino é fortemente pautado pelos processos seletivos para o ensino superior.
tureza, ciências humanas e sociais
“Uma vez que o aluno poderá escolher um itinerário formativo, como ele será
aplicadas, matemática e formação
técnica e profissional. Do total da cobrado nos exames vestibulares? E a prova do Enem, como fica?”, questiona
carga horária nos três anos de en- Márcia Azevedo. Na opinião dela, a BNCC acerta ao dar mais autonomia para
sino médio, 1.800 horas deverão os estados e para as escolas, atribuindo a definição da organização curricular
ser guiadas pela BNCC. As demais às redes e instituições. Elas podem optar por desenvolver as competências
1.200 horas passarão a pertencer a e habilidades previstas na base por meio da oferta das disciplinas das áreas
essas áreas de formação, chamadas correspondentes, de temas interdisciplinares, de projetos ou outras formas
de “itinerários formativos”. Tais
de organização que considerem mais adequadas. Os conselhos estaduais
mudanças são a grande aposta do
de educação irão normatizar os currículos nos estados. Haverá provas
governo para estancar a evasão e a
queda nos índices de aprendizagem específicas? Não se sabe ainda. “A diversidade é o que existe de mais positivo

nessa etapa do ensino, além de au- na BNCC, mas não sabemos como será o ingresso no vestibular, nem o quanto
mentar a conexão com os jovens. as comissões que organizam os vestibulares vão se engajar nessa proposta”,
O último degrau da educação bási- opina Azevedo.
ca é hoje um dos principais gargalos

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BR do Brasil

Fotos: Antonio Cruz e Suami Dias


res públicas e particulares passarão a
ter uma referência nacional comum
e obrigatória para a elaboração de
seus currículos e propostas peda-
gógicas, promovendo a elevação da
qualidade do ensino com equidade e
preservando a autonomia dos entes
federados e as particularidades re-
gionais e locais”, escreveu o ministro
da Educação, Mendonça Filho, na
apresentação do documento.
Representantes de entidades cien-
tíficas, no entanto, apontam que
não houve diálogo suficiente na
elaboração da BNCC, o que pode
dificultar sua implementação na
realidade das escolas brasileiras.
Acima, alunos da “Até a segunda versão do texto,
rede estadual se nós pudemos participar. No atual
preparam para o
Enem. Ao lado, CNE governo, no entanto, isso cessou”,
reunido para contou o professor da Faculdade
discutir a BNCC
de Educação da Universidade Fe-
deral de Minas Gerais (UFMG)
e conselheiro da SBPC, Eduardo
Mortimer. “Com isso, mais de 100
especialistas de várias universida-
des deixaram de ser ouvidos. Isso
compromete a legitimidade desse
documento”, aponta. Ele acredita
go com professores e gestores. A O texto da BNCC, por sua vez, afir- que agora, no contexto do CNE,
proposta de cinco itinerários for- ma que o documento é resultado de não haverá grandes mudanças. “O
mativos que vão abarcar 13 dis- um trabalho coletivo, fruto de um diálogo tinha que ter acontecido
ciplinas deixa mais perguntas do debate amplo com diferentes atores em uma fase anterior, entre o Mi-
que respostas. Como o professor do campo educacional e com a so- nistério da Educação e a sociedade,
vai trabalhar com isso?”, questiona ciedade e inspirado nas mais avan- e isso não aconteceu”, lamenta.
Azevedo, que também é coorde- çadas experiências do mundo, como
nadora do curso de pedagogia da por exemplo, Portugal, Inglaterra e Interdisciplinaridade Na opinião
Faculdade Paulista de Pesquisa em Austrália. “A partir dela [BNCC], as de Mortimer, um dos aspectos mais
Ensino Superior. redes de ensino e instituições escola- problemáticos da reforma do ensino

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médio é a não obrigatoriedade de as


escolas ofertarem os cinco itinerá-
rios formativos. A BNCC agrava es-
se quadro ao estabelecer que apenas
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do professor é muito específica,
principalmente na área de ciências
do Brasil

da natureza”, considera Márcia Aze-


vedo. Segundo ela, um dos pontos
Foto: reprodução

português e matemática são obriga- positivos da proposta da BNCC é a


tórios. Com isso, o problema crôni- ênfase no processo de aprendizagem
co da falta de professores em todas que confere ao professor o papel de
as regiões do país, principalmente mediador. “No entanto, o profes-
nas áreas de física e química, deixa sor pensa que, como mediador, ele
de existir quando a escola “opta” por não dá aula. Essa cultura tem que
não oferecer o itinerário “Ciências ser modificada já na universida-
da natureza e suas tecnologias”. de”, pontua. A implementação da
“Em um cenário de carência de BNCC depende, de acordo com
professores no ensino público, es- Azevedo, de um diálogo com as uni-
pecialmente nas áreas de química versidades no sentido de adaptar a
e física, ao invés de dar opções aos formação dos professores com esse
alunos, como o ministério quer fa- perfil interdisciplinar.
zer crer, você obriga o aluno a seguir Mortimer lembra que a interdisci-
o itinerário que a escola consegue plinaridade é, de fato, uma deman- Combate às fake news inclui educação
oferecer”, diz Mortimer. De acor- da da escola contemporânea, mas dos leitores

do com o especialista, as escolas aponta que é necessário preparar


privadas poderão oferecer todos os os professores e a escola para isso. Co mu n ica çã o
itinerários, mas nas públicas isso Professores de escolas públicas rara-
vai depender da disponibilidade mente têm um lugar para preparar Fake news:
de professores. “Ora, nós sabemos aulas, corrigir provas e trabalhos. arma potente na
que no interior do país e mesmo nas “Para trabalhar os conteúdos con-
periferias dos grandes centros urba- forme as recomendações da BNCC
batalha de narrativas
nos não há professores de todas as eles teriam que trabalhar conjunta- das eleições 2018
disciplinas. Com isso, poderemos mente. Quando vão fazer isso? Em
assistir a um aprofundamento do que espaço? Na realidade da escola A polarização partidária
fosso que separa o ensino privado pública brasileira isso não me parece registrada nas eleições brasileiras
e o público em nosso país”, afirma. factível”, lamenta. Para ele, a BNCC de 2014 vai ceder lugar, no pleito
A organização do currículo por áre- teria que ser precedida por mais diá- de 2018, a uma forte batalha de
as busca promover um ensino inter- logo com professores, gestores e com narrativas envolvendo um potente
disciplinar, que supõe a colaboração a universidade. “Sem isso, ela corre ator: a engrenagem de produção
entre professores e o estabelecimen- um sério risco de se transformar em e distribuição de notícias falsas
to de conexões entre os conteúdos. um arremedo”, finaliza. ou, em inglês, fake news. Criados
“No dia a dia da escola isso é um e distribuídos de forma capilar
grande desafio porque a formação Patricia Mariuzzo e Ana Paula Morales e com a velocidade do ambiente

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