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Direcção
Cassiano Soda Chipembe
Produção
Laura Duarte, Dionísia Khossa e Mussagy
Ibraimo
Análise de Qualidade:
João Dias Loureiro
Manuel da Costa Gaspar
Cassiano Soda Chipembe
Revisão
Cecília Vilanculos e Filipe Langa
Design e Grafismo:
Mário Chivambo
Difusão
Instituto Nacional de Estatística
Tiragem:
1000
ÍNDICE
PREFÁCIO .......................................................................................................................... 9
INTRODUCÃO .................................................................................................................. 11
Agregados Familiares........................................................................................................ 19
Habitação ........................................................................................................................ 22
Desistências ..................................................................................................................... 42
Conclusão ........................................................................................................................ 44
Frequência escolar............................................................................................................ 45
Mortalidade...................................................................................................................... 57
Nutrição .......................................................................................................................... 60
GRÁFICOS
Gráfico 1.3 Esperança de Vida ao Nascer, Moçambique, 1997, 2007 e 2013 .......................... 18
Gráfico 1.6 Percentagem de Mulheres de 12-24 anos Chefes de Agregados Familiares segundo
províncias, Moçambique, 2007 ........................................................................................ 20
Gráfico 1.7 Percentagem de Agregados Familiares que possuem telefone celular, por sexo do
Chefe, segundo província, Moçambique, 2007 .................................................................. 21
Gráfico 1.8 Pecrentagem de Agregados Familiares que usam computador, por sexo do Chefe,
segundo províncias, Moçambique, 2007........................................................................... 22
Gráfico 1.9 Distribuição percentual de Agregados Familiares por tipo de Habitação particular,
segundo sexo do Chefe, Moçambique, 2007 .................................................................... 23
Gráfico 1.11 Acesso a água potável por sexo do chefe Agregado Familiar, segundo tipo de
fonte, Moçambique, 2007 ............................................................................................... 25
Gráfico 1.12 Percentagem de Agregados Familiares segundo sexo do chefe do agregado, por
tempo médio (em minutos) para chegar à uma fonte de água, Moçambique, 2008 ............. 26
Gráfico 2.1 População Economicamente Activa por 1000 pessoas de 15 e mais, por sexo,
Moçambique, 2007 ........................................................................................................ 29
Gráfico 2.5 Percentagem das Explorações que utilizaram trabalhadores a tempo inteiro, na
actividades agro-pecuárias, Moçambique, 2010 ................................................................ 33
Gráfico 3.3 Taxas de Desistências por nível de ensino, Moçambique, 2010 ............................ 42
Gráfico 3.4 Razões para não frequentar a escola entre jovens 15-24 anos
Moçambique, 2009 ........................................................................................................ 46
Gráfico 3.5 Índice de Paridade de Género no Ensino Primário, Moçambique, 2008 ................. 47
Gráfico 3.6 Índice de Paridade de Género no ensino Secundário, Moçambique, 2008 ............ 47
Gráfico 3.10 Alunos Matriculados no ensino Técnico, por nível, Moçambique, 2010 ................ 50
Gráfico 4.1 Percentagem de mulheres casadas ou em união marital que usam contraceptivos ou
seus parceiros usam, segundo idade, Moçambique, 2008 .................................................. 56
Gráfico 4.2 Percentagem de mulheres 15-49 anos casadas ou em união marital que usaram
algum método contraceptivo ou seus parceiros usam, Moçambique, 2008 .......................... 57
Grafico 4.3 Taxas Brutas de Mortalidade Segundo Sexo, Moçambique, 1997 e 2007 .............. 58
Gráfico 4.4 Taxa Mortalidade Infantil (menores de 1 anos), Moçambique, 1997 a 2012 .......... 58
Gráfico 4.5 Taxa de Mortalidade Infantil, segundo Província, Moçambique, 1997 a 2012 ........ 59
Gráfico 4.6 Taxa de mortalidade materna intra-hospitalar (por 100 000 nados vivos),
Moçambique, 2010 ........................................................................................................ 60
Gráfico 4.7 Estado nutricional das crianças menores de 5 anos, Moçambique, 2008 ............... 61
Gráfico 4.8 Estado nutricional das crianças menores de 5 anos por Província,
Moçambique, 2008 ........................................................................................................ 61
Gráfico 4.11 Pessoas 15-49 anos com conhecimento abrangente sobre HIV,
Moçambique, 2009 ........................................................................................................ 64
Gráfico 4.12 Prevalência de HIV entre pessoas de 15-49 anos, Moçambique, 2009 ................ 64
Gráfico 4.13 Prevalência de HIV entre pessoas 15-49 anos, por nível de escolaridade,
Moçambique, 2009 ........................................................................................................ 66
Gráfico 4.14 Prevalência de HIV entre jovens de 15-24 anos, Moçambique, 2009 .................. 67
Gráfico 4.15 Percentagem de óbitos por HIV e Malária, Moçambique, 2007 ........................... 68
MAPAS
Mapa 4.1 Prevlência de HIV entre pessoas de 15-49 anos, 2009 .......................................... 65
QUADROS
Quadro 3.1 Alunos Matriculados nas Escolas Públicas e Privadas, Moçambique, 2010 ............. 40
Quadro 3.2 Taxa Bruta de Escolarização no Ensino Primário e Secundário, 2010 ................... 41
Quadro 3.3 Taxa Liquida de Escolarização no Ensino Primário e Secundário, 2010 ................. 41
Quadro 3.6 População de 15 anos e mais por nível de ensino concluído, 2007 ....................... 44
Quadro 3.8 Taxa bruta de Conclusão no ensino Secundário Geral, 2010 ............................... 45
Quadro 3.9 Estudantes por área de formação no Ensino Superior, 2010 ............................... 50
Quadro 3.10 Professores por nível de ensino, Moçambique, 2008 a 2010 .............................. 51
Quadro 4.1 Percentagem de mulheres de 15-49 anos casadas ou em união marital que usam
contraceptivos ou seus parceiros usam, 2008................................................................... 55
Quadro 5.1 Profissionais na área de Administração e Justiça, por sexo, segundo sector,
Moçambique 2008 e 2009 .............................................................................................. 71
Quadro 6.1 Lugares de decisão por sexo, segundo órgão, Moçambique, 2008 e 2009 ........... 77
Quadro 6.2 Funcionários e agentes do Estado, por sexo e segundo função de chefia,
Moçambique, 2008 e 2009 ............................................................................................. 78
Quadro 6.3 Funcionários e agentes do Estado em cargos de Direcção e Chefia, por sexo,
segundo Provincia, Moçambique, 2008 e 2009 ................................................................. 79
PREFÁCIO
Muitos sectores registaram progressos consideráveis ao longo dos últimos anos, especialmente o
de educação, onde as metas do desenvolvimento do milénio como a universalização do ensino
primário poderão ser alcançadas. Foram também identificados progressos na situação económica
e da saúde da mulher. No entanto, continuam a existir notáveis discrepâncias, entre o meio
urbano e o rural e entre as províncias de Moçambique. Assim, espera-se que a informação contida
nesta publicação possa permitir aos planificadores de políticas de integração dos assuntos de
género, as mulheres em especial, na percepção da situação actual e seu aprimoramento.
Presidente do INE
Esta publicação apresenta informação recolhida por diferentes ministérios e agências nacionais.
As estatísticas são desagregadas por sexo e área geográfica e dão uma visão da tendência ao
longo do tempo. Uma breve análise acompanha os dados estatísticos apresentados de modo a
mostrar a tendência e a situação actual, no que concerne a equidade de género em Moçambique
População
1
O gráfico 1.1 mostra população total e por sexo de 1975 a 2013, onde se nota uma tendência
crescente, e a população feminina apresenta um número maior que da população masculina. Este
crescimento pode ser resultado de elevadas taxas de fecundidade e diminuição das taxas de
mortalidade.
30 000
24 366
25 000
20 632
20 000
16 076 Mulher
População
15 000 Homem
12 130 12 614
10 527 10 702 Total
10 000 8 373 11 752
6 222 9 930
5 456
7 703
5 000
5 909
5 171
0
1975 1980 1997 2007 2013
Fonte: INE, Projecções da População 1950-2000; I RGPH 80; II RGPH 97; III RGPH 2007; Projecções da População 2007-
2040
1
Ano da independência
80+
75-79
70-74
65-79
60-64
55-59
50-54
45-49
40-44 Mulheres
Homens 35-39
30-34
25-29
20-24
15-19
10-14
5-9
0-4
10 8 6 4 2 0 0 2 4 6 8 10
Percentagem
O indicador Esperança de Vida ao Nascer, representa o número médio de anos que espera
viver uma pessoa nascida num determinado ano, se as condições de mortalidade registadas no
momento de nascimento continuarem constantes ao longo de tempo. Assim, o gráfico 1.3 mostra
que, em média, as mulheres têm uma esperança de vida ao nascer mais elevada do que os
homens. Esta é uma tendência que se regista na maioria dos países do mundo.
40.6
30
20
10
0
Mulher Homem Total
Fonte: INE, II RGPH 97; III RGPH 2007; Projecções da População2007-2040
A Taxa Global de Fecundidade (TGF), indica o número médio de filhos que uma mulher teria
até ao final da sua vida reprodutiva se as condições do comportamento reprodutivo registado no
ano do censo ou da pesquisa se mantiverem constantes.
O gráfico acima mostra que as mulheres em Moçambique ainda continuam a ter, em média,
acima de 5 filhos. Esta situação tende a manter-se ao longo de tempo, pois, como se pode notar,
entre 1997 e 2007, a taxa global de fecundidade mante-ve quase constante. Enquanto as
mulheres residentes em áreas urbanas tendem a diminuir cada vez mais o número de filhos, na
rural, a tendência é de se manter estável, e em média acima de 6 filhos por mulher.
12
Total Urbana Rural
10
8
Nº médio de filhos
6.2 6.4
6 5.9 6.4
5.2 5.7 5.4
4 4.3 3.6
2
0
1997 2007 2013
Fonte: INE, II RGPH 97; III RGPH 2007; Projecções da População 2007-2040
Agregados Familiares
Considera-se agregado familiar, a pessoa singular ou grupo de pessoas ligadas ou não por laços
de parentesco, que vivem na mesma casa, partilham a alimentação e maior parte das despesas.
Em Moçambique, o tipo de agregado familiar predominante é o alargado, isto é, inclui outros
parentes, para além da mãe, pai e filhos.
O número de agregados familiares têm vindo a aumentar, pois passou de cerca de 4 milhões em
1997 para cerca de 5 milhões em 2007.
Chefe do agregado familiar, refere-se a pessoa responsável pelo agregado, ele deve ser
residente, podendo estar presente ou não, desde que a ausência seja inferior a 6 meses.
60
1997 2007
40
20
Percentagem
Maputo Cidade
Maputo…
Gaza
Inhambane
Sofala Homem
Manica
Tete Mulher
Zambézia
Nampula
Cabo Delgado
Niassa
0 10 20 30 40 50
Percentagem
Menos de 5% dos agregados familiares das províncias do Norte e Centro do País tiveram acesso a
um computador com a excepção de Sofala, onde a percentagem dos chefiados por homens está
próxima dos 10%. Maputo Província e Maputo Cidade apresentam percentagens mais elevadas,
tanto nos agregados familiares chefiados por mulheres como por homens. Em ambos casos, nota-
se que o uso é menor nos agregados chefiados por mulheres, pricinpalmente nas províncias das
Regiões Norte e Centro.
Habitação
O tipo de habitação predominante no País é a palhota (gráfico 1.9) e em quase todos tipos de
habitação, registam-se pequenas diferenças entre os agregados familiares chefiados pelos
homens e pelas mulheres
O acesso a água potável é um dos indicadores que mostra o nível de desenvolvimento sócio-
económico do País. Apesar de não estar descriminado segundo o sexo do chefe do agregado, este
indicador pode ser importante para análise de género, pois se sabe que esta actividade de busca
de água é muitas vezes realizada pelas mulheres.
O gráfico 1.11 mostra acesso a água potável segundo sexo do chefe de agregado familiar e por
tipo de fonte de água. Cerca de 14% de agregados familiares no País utilizam a água proveniente
de poço ou furo protegido. O gráfico ilustra ainda que aproximadamente 16% de agregados
familiares chefiados por mulheres, usam água proveniente de poço ou furo protegido, contra 13%
dos agregados chefiados por homens. No que diz respeito a água canalizada dentro e fora de
casa, as percentagens são baixas, mas a tendência é de ser mais utilizada pelos agregados
chefiados pelos homens.
15.63
Agua de poço/furo protegido 13.34
14.05
10.50
Fontenario 10.25
10.33
Mulheres
7.66
Canalizada fora 8.47
8.22 Homens
1.57 Total
Canalizada dentro 2.11
1.94
0.06
Agua mineral 0.08
0.07
0 5 10 15 20
Percentagem
Acesso a água potável está também relacionado com a distância em que os agregados familiares
percorrem até as fontes de água. Segundo a informação apresentada no gráficio 1.12, 90% dos
agregados familiares percorrem menos de 30 minutos para chegar a uma fonte de água. Não
existem diferenças significativas entre os agregados chefiados por mulheres e homens, quanto ao
tempo de acesso a fonte de água.
O gráfico 2.1 apresenta população economicamente activa, onde se nota uma pequena redução
entre o II e III RGPH. Os homens tendem a ter maior número da população economicamente
activa do que as mulheres. De referir que as mulheres economicamente activas tendêm à
decrescer, por razões várias incluindo o acesso a educação, e consequentemente deixam de ser
economicamente activas passando para as inactivas.
1000
724.4 725.3
750 691.3 684.9 662.9 649.7
Permilagem
500 1997
2007
250
0
Total Homens Mulheres
3.47
Outros Serviços 6.68
0.76
Serviços Administrativos 2.53
Comércio e Finanças 7.55
12.61
0.13
Trans porte e Comunicação 2.21
0.16
Cons trução 4.90 Mulher
0.04
Energia 0.34
0.88 Homem
Indús tria Manufactureira 5.65
0.11
Extracção de Minas 1.34
0 5 10 15
Percentagem
Segundo o quadro 2.1, cerca de 60% de mulheres são inactivas por serem domésticas, enquanto
entre os homens, a maioria é inactiva por ser estudante.
Segundo o Censo Agro-pecuário de 2010, no País existem cerca de 3.8 milhões de explorações,
onde as pequenas correspondem a maioria, e em menor escala as grandes explorações. As
Províncias de Nampula e Zambézia com (21.8%), são as que apresentam maiores percentagens
de pequenas explorações, e em contrapartida, há mais grandes explorações nas Províncias de
Maputo (30.3%), Gaza (18.2%) e Tete (11.4%).
O gráfico 2.4, que mostra a percentagem de pequenas e médias explorações, segundo sexo e
idade do chefe de agregado, em ambos sexos, o pico das pequenas e médias explorações, se
regista no grupo etário 30-39 anos e a percentagem de homens sé mais elevada que a das
mulheres, a situação muda a partir do grupo etário 50-59 em diante, onde as percentagens de
mulheres ultrapassam a dos homens, e termina num ponto de igualdade.
Dos 452 950 trabalhadores nas explorações agro-pecuárias a tempo inteiro, cerca de 61% são
homens e 39% mulheres, sendo que, a maioria deles praticam actividades agrícolas. Como
mostra o gráfico 2.5, as Províncias de Zambézia, Nampula, Gaza e Cabo Delgado são as que têm
mais mulheres a trabalhar a tempo inteiro.
30 Homem Mulher
25
20
15
percentagem
10
5
0
Cerca de 80% dos homens trabalham na pecuária a tempo inteiro, como mostra o gráfico 2.6. Na
Província de Tete, por exemplo, a percentagem de homens é 5 vezes superior a das mulheres.
Em contrapartida, as Províncias de Gaza e Nampula apresentam uma situação inversa.
35 Homem Mulher
30
25
20
15
10
Percentagem
5
0
De acordo com os resultados do último RGPH (2007), a média nacional de crianças no ensino
primário, matriculadas no início do ano com idade oficial para esse nível (EP1-6 a 10 anos e EP2
11 a 12 anos), em relação a população dessa mesma idade, a Taxa Líquida de Escolarização,
ronda aos 60% no EP1 e 12% no EP2. Estes dados mostram que a cobertura do sistema de
educação no País ainda está muito abaixa daquilo que se pretende atingir, por isso, o número de
alfabetizados no País tem subido lentamente.
São consideradas alfabetizadas, todas as pessoas com idade igual ou superior a 15 anos que
possuem habilidade de ler e escrever. As taxas tendem aumentar, apesar do processo de
alfabetização ser ainda lento, uma vez que passados 10 anos (1997 – 39.5; % a 2007 – 49.7%),
só aumentou em cerca de 10 pontos percentuais.
Segundo o gráfico 3.1 os homens apresentam taxas elevadas de alfabetização, na área urbana,
assim como rural. Apesar da tendência positiva de 1997 para 2007, a diferença percentual entre
os homens e mulheres nos dois períodos em analise, reduziu o significa mais mulheres a entrarem
para o grupo dos alfabetizados.
90 85.8
80.6
80
70 65.5 64.6
To tal
60 55.4 53.8 54.7
50 Urb ana
43.6
40 35.9 Rural
30 25.9 22.6
20 14.9
10
0
Ho mem 1997 Mulher 1997 Ho mem 2007 Mulher 2007
Assim, como se pode constatar no gráfico 3.2, em Moçambique, a maior parte da população
alfabetizada encontra-se entre as idades 15-19 e 20-24 anos, e em menor percentagem aos 60
anos e mais. Tanto para os homens como para as mulheres a taxa de alfabetização decresce com
a idade. Registam-se grandes diferenças por sexo, onde as mulheres apresentam taxas de
alfabetização muito baixas.
O Mapa 3.1 apresenta taxas de alfabetização por províncias e sexo, onde evidentemente se nota
que Maputo Cidade, Maputo Província e Gaza têm elevadas taxas de alfabetização. Enquanto,
todas as províncias da região norte e a Província de Zambézia apresentam baixas taxas. Em todas
as províncias, as mulheres são as que apresentam menores taxas de alfabetização, exceptuando
Maputo Província e Maputo Cidade, onde as diferenças entre mulheres e homens não são
significativas.
49
55 19
24
54
61 23
29
57
21
76
40 77
38
76
77 Total
51 46
Baixa
Média
Alta
88 Total
70
Feminino
85 96
Masculino
Fonte: INE, ESDEM com base nos dados do III RGPH 2007
No geral, as taxas brutas do ensino primário tendem a estar acima dos 100%, isto, deve-se ao
facto de existir alunos com idades superiores a idade oficial definida para frequentar este nível.
Os rapazes apresentam elevadas taxas que das raparigas, o mesmo cenário se repete no ensino
secundário. Em algumas províncias como Inhambane, Gaza, Maputo Província e Maputo Cidade,
as raparigas apresentam taxas elevadas que as dos rapazes (quadro 3.2).
As percentagens são ainda baixas, mas não deixa de ser preocupante, pois, segundo os
resultados de muitos inquéritos realizados pelo INE (IAF2002/03, IOF2008/9, IDS 2003 e 2011,
entre outros), que têm a informação sobre as razões de abandono escolar, tem apontado como
razões principais de desistência, a falta de condições materiais e financeiras, distância,
casamento, gravidez, emprego, etc.
As províncias Niassa e Tete são as que apresentam elevadas taxas de desistência, tanto para o
EP1, assim como, para o EP2. Nota-se que os rapazes são os que mais desistem na maioria das
Províncias, (quadro 3.4).
As taxas negativas acontecem quando o número de alunos no fim do ano é superior ao número
de estudantes no início. Isto ocorre, principalmente, devido a entradas de alunos depois do
levantamento realizado a 3 de Março. As Províncias de Cabo Delgado e de Maputo Cidade são as
que tiveram taxas negativas, como mostra o quadro 3.5, e principalmente no ensino secundário
do segundo ciclo.
Quadro 3.6 População de 15 anos e mais por nível de ensino concluído, 2007
Total Urbana Rural
Total Feminino Masculino Total Feminino Masculino Total Feminino Masculino
Alfabetização 0.1 0.1 0.2 0.1 0.2 0.1 0.1 0.1 0.2
Primário 15.4 12.1 19.0 23.8 21.7 26.1 10.0 7.0 13.4
Secundário 8.3 6.2 10.7 19.9 16.3 23.7 4.2 2.4 6.2
Técnico 0.4 0.2 0.5 1.0 0.6 1.4 0.5 0.2 0.8
C.F.P 0.1 0.1 0.2 0.2 0.2 0.2 0.0 0.0 0.0
Superior 0.2 0.1 0.3 0.6 0.3 0.8 0.1 0.0 0.1
Nenhum 74.8 80.6 68.3 53.4 59.9 46.6 84.6 89.9 78.8
Total 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0
Fonte: INE, III RGPH 2007
De acordo com o quadro 3.7, os rapazes apresentam taxas de conclusão mais elevadas que as
raparigas para ambos os níveis em quase todas as províncias, com a excepção da Região Sul,
onde por sinal tem a taxa mais elevadas do País.
Frequência escolar
De entre as causas que leva os jovens a não frequentar a escola, a gravidez figura em primeiro
lugar entre as raparigas, enquanto, a falta de dinheiro constitui a razão principal para os rapazes
(gráfico 3.4). Para além destas duas razões, há outras, por exemplo, entre os rapazes citaram
também a distância e outros motivos, enquanto que entre as raparigas citaram a
doença/deficiência, falta de dinheiro e outros motivos.
Paridade do Género
Segundo o Global Gender Gap Report 2010, documento publicado pelo Fórum Económico
Mundial, Moçambique ocupa a 22ª posição no índice que mede a paridade de género, de um total
de 134 países do mundo2. Este é um facto positivo, pois demonstra o trabalho que o País vem
desempenhando, incentivando ambos os sexos, no que concerne a mesmas oportunidades para
todos.
O rácio de raparigas por rapazes tem aumentado ao longo do tempo. Por exemplo, em 1997
(IDS), o rácio no EP1 era de 0.71, passou para 0.89 em 2008 (MICS). Com esta tendência em
2015 o índice de paridade para o país estará muito próximo de 1, ou seja, haverá uma menina
para cada rapaz a frequentar os níveis de ensino.
O gráfico 3.5, apresenta o índice de paridade de género por Província para o ensino primário,
onde as Províncias de Inhambane e Gaza têm rácio acima de 1, o que significa que há mais
raparigas que rapazes. Isto significa que estas duas províncias já ultrapassaram a meta dos ODM,
que é de 1. Maputo Cidade e Província estão muito próximos daquela meta.
2
Maputo, 20 Outubro de 2010 – Agência de Informação de Moçambique AIM
No ensino secundário os resultados são heterogéneos. O gráfico 3.6 apresenta algumas Províncias
com rácio acima de 1 e outras abaixo. O Sul do País e a Província de Nampula são os que estão
acima da meta dos ODM. As Províncias de Manica e Tete apresentam uma situação muito abaixo
da meta e deverão empreender muitos esforços para atingir a barreira.
O acesso ao ensino superior melhorou bastante nos últimos tempos, em quase todas províncias
existe pelo menos uma universidade, pública ou privada. O corpo docente também tem vindo a
aumentar.
Nos últimos anos, tem se verificado no País aumento da procura do ensino superior, e a sua
oferta também tem aumentado. O gráfico 3.7 demonstra esta situação, em 2010 foram
matriculados em todos estabelecimentos de ensino superior, mais de 100 000 estudantes, e assim
como tem aumentado o número de graduados.
A maior parte da população a frequentar o ensino superior é do sexo masculino. Entretanto, nota-
se que em 2010, aumentou o número de matriculados do sexo feminino e em contrapartida o dos
homens reduziu.
À semelhança dos matriculados, a maioria dos graduados são do sexo masculino, nota-se uma
redução na diferença entre homens e mulheres, de 2009 para 2010, gráfico 3.9.
100
Mulher Homem
80
58.8
Percentagem
60 55.1
44.9
41.2
40
20
0
2009 2010
Ensino Técnico
O gráfico 3.10 mostra uma grande diferença entre os homens e mulheres matriculados nos
ensinos básico e elementar. As mulheres representam a minoria nos cursos técnicos.
10 8.5
4.5
5
1.9
0
Ens ino Elementar Ens ino Basico e Médio
Quadro 3.10 Professores por nível de ensino, Moçambique, 2008 a 2010 (continuado)
ESG2 E.Tecnico ES
Ano
Total % Mulher % Homem Total % Mulher % Homem Total % Mulher % Homem
2008 1 775 17.5 82.5 1 284 18.8 81.2 1 138 25.0 75.0
2009 2 245 17.6 82.4 1 596 14.8 85.2 2 069 23.4 76.6
2010 2 890 17.2 82.8 1 932 17.0 83.0 2 705 24.8 75.2
Fonte: MINED, Levantamento Escolar 2010 e Estatísticas sobre Ensino Superior
Falar da contracepção, é referir-se sobre o planeamento familiar, que permite aos casais e as
mulheres em especial orientar adequamente a sua vida reprodutiva. O uso de métodos
contraceptivos, pode garantir a prevenção de gravidez indesejada e limitar o número de filhos,
assim como evitar doenças sexualmente transmissíveis. Segundo o MICS, a maioria das mulheres
entrevistadas responderam que não utilizam nenhum método contraceptivo.
Os dados mostram que o uso de métodos contraceptivos continua baixo. A pílula, injecções e
amenorreia por amamentação são os métodos mais usados a nacional. A área rural tem maior
percentagem no uso de amenorreia por amamentação e abstinência periódica e por sinal os que
nunca foram a escola apresentam valores elevados.
Pilula 15-19
Es terilização masculina
Es terilização feminina
Não us a
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Percentagem
O gráfico 4.2 mostra percentagens de mulheres casadas ou em união marital e de seus parceiros
que usaram algum método contraceptivo. A nível nacional a percentagem é de 16%, sendo mais
elevada na área urbana que na rural. Nas províncias, constata-se que Sofala, Maputo Cidade e
Província apresentam percentagens mais elevadas. A menor percentagem registou-se na
Província de Cabo Delgado.
40
35
30
25
20
Percentagem
15
10
5
0
Mortalidade
Os dados do gráfico 4.3, mostram que em 1997 a taxa bruta de mortalidade era de 21.2 em cada
mil habitantes, tendo reduzido para 15.6 em 2007. A área rural continua a ser aquela que
apresenta elevadas taxas de mortalidade, e as mulheres são as que apresentam menores taxas,
comparativamente aos homens.
30 26.3
24.0 23.1
25 21.2 22.0
19.5 18.4
20 16.8 17.0
15.6
14.3 15.4 14.3 15.4
Percentagem
15 13.8 Total
13.1 12.8 11.9
Urbana
10
Rural
5
0
Total Homem Mulher Total Homem Mulher
1997 1997 1997 2007 2007 2007
Fonte: INE, II RGPH 97; III RGPH 2007
Com o melhoramento das condições de vida da população, também verifica-se a redução da taxa
de mortalidade infantil e consequentemente aumenta a esperança de vida ao nascer. Em
Moçambique, nota-se que durante os últimos 10 anos a mortalidade infantil reduziu bastante em
55 pontos percentuais, ao passar de 143.7 por mil nascidos vivos em 1997 para 93.6 em 2007
(gráfico 4.4)
Fonte: INE, II RGPH 97; III RGPH 2007; Projecções da População 2007-2040
160
120
Permilagem
80
40
Fonte: INE, II RGPH 97; III RGPH 2007; Projecções da População 2007-2040
Segundo o gráfico 4.6, Nampula, Inhambane e Sofala são as províncias que apresentam taxas de
mortalidade materna intra-hospitalar mais elevadas, acima de 200 em cada 100 mil nados vivos.
Em contrapartida, Maputo Província e Maputo Cidade exibem taxas mais baixas dos 100 óbitos em
cada 100 mil nados vivos. Maputo Cidade e Província, apresenta melhores condições em termos
de infraestruturas sanitárias comparativamente as outras províncias.
300
258
250 216
196 202
200 164
149
Obitos maternos
143
150 127 118
90
100
41
50
0
Nutrição
A má nutrição contribui em grande medida para elevada taxa de mortalidade no País. Ela é
resultado de uma combinação de factores tais como, insuficiência de proteínas, energia e de
micro nutrientes.
A nível nacional, 43.7% das crianças sofrem de subnutrição crónica, 18.3% têm insuficiência de
peso e 4.2% estão afectadas pela subnutrição aguda. Esta situação é pior nas áreas rurais que
nas urbanas (gráfico 4.7).
O gráfico 4.8 apresenta o estado nutricional das crianças por províncias, onde se nota que a
subnutrição crónica é mais elevada em Cabo Delgado e Nampula com taxas acima de 50%. Em
oposição, ela é mais é baixa em Maputo Cidade e Maputo Província.
47.3
50 43.7
40 34.7
Insuficiência de peso
30 Subnutrição Crónica
20.1
18.3
20 Subnutrição aguda
13.8
0
Total urbana Rural
Gráfico 4.8 Estado nutricional das crianças menores de 5 anos por Província,
Moçambique, 2008
20
10
0
A qualidade dos serviços de saúde depende muito dos recursos humanos e materiais, que
influenciam em grande medida no melhoramento e cobertura no atendimento. Segundo dados
disponíveis, em 2010, havia cerca de 4 médicos e 24 enfermeiros para cada 100 000 habitantes.
O quadro 4.2 apresenta o pessoal de saúde, onde se nota que o número de médicos ainda é
muito baixo. Há mais enfermeiros que médicos e na sua maioria compostos por homens. Deve-se
salientar também que até 2009 havia no País mais médicas que médicos, situação que se alterou
em 2010 a favor destes.
O gráfico 4.9 mostra a distribuição dos médicos pelas províncias e por sexo. Com a excepção de
Maputo Cidade e Maputo Província, as mulheres constituem maior percentagem, comparada a dos
homens. Observam-se algumas disparidades por sexo nas províncias: em Niassa e Cabo Delgado
a percentagem de médicas era infeiror a 20%, enquanto em Maputo Cidade e Maputo Província
ela predominam sobre os homens . Nas Províncias de Inhambane e Gaza havia quase um
equilíbrio entre os médicos de ambos os sexos.
90 Mulher Homem
75
60
45
Percentagem
30
15
0
60 Mulher Homem
46.0
40.2
40 35.0
Percentagem
31.8
27.8 29.0
20
0
Total Urbana Rural
Fonte: INSIDA 2009
Ainda de acordo com os resultados do INSIDA, em 2009, a taxa de prevalência do HIV era de
11.5 %, sendo mais elevadas nas mulheres, tantos nas áreas urbanas como nas rurais (gráfico
4.12).
9.5
4 9.2
.3
5.5
8 3.3
5.7
15.3
8.9
15.6 17.8
14.8 12.6
10 Prevalência
29.9 5.8 Baixa
16.8 Média
Alta
20
19.5 Sexo
20.5 Feminino 15-49 anos
12.3 Masculino 15-49 anos
Gráfico 4.13 Prevalência de HIV entre pessoas 15-49 anos, por nível de
escolaridade, Moçambique, 2009
Os dados do INSIDA permitem avaliar a prevalência do HIV entre jovens de 15-24 anos de idade.
Assim, a prevalência foi de 7.9% entre os jovens desta idade, sendo maior entre as mulheres,
11.1% e 3.7% entre os homens. A prevalência tende a ser maior entre os jovens da área urbana
que os da rural.
Causas de Mortalidade
Em 2008, o INE realizou um inquérito sobre as Causas de Mortalidade (INCAM), onde se apurou
que a malária era um dos principais motivadores de óbitos no País. Segundo o gráfico 4.15, a
malária é a doença que faz mais óbito seguida de HIV. Os óbitos por malária ou por HIV são mais
elevados entre os homens do que nas mulheres, emboras as diferenças nas percentagens sejam
pequenas.
O gráfico 4.16 mostra que a turberculose, também é uma das principais doenças causadoras da
morte, sobretudo pela sua carcterística oportunista associada ao HIV. Em 2009, a percentagem
de pessoas que morreram devido à tuberculose associada a HIV é quase três vezes superior
relactivamente, as não associadas, sendo 76% contra 26%, respectivamente. Por sexo os dados
do gráfico mostram que as mulheres tendem a morrer mais de tuberculose associada ao HIV do
que os homens, pois as percentagens são, 77% e 72%, respectivamente.
De acordo com o quadro 5.1, a percentagem de mulheres que trabalha no sector da justiça é de
35.1%, portanto, inferior ao dos homens.
Tomando em consideração os totais dos quadros 5.3 e 5.4, chega-se a conclusão, de que a
maioria dos detidos é composta por homens. Existem situações em que a percentagem de
condenados é maior que dos detidos. Isto deve-se pelo facto de alguns casos que não passam
pela detenção, são directamente julgados e condenados. Por exemplo, a Cadeia Provincial de
Nampula, onde em 2008 tinha 1.1% de detidos, e 9.8% de condenados.
Violência doméstica
A violência doméstica é tida como crime, razão pela qual nos últimos tempos, tanto o governo
como a sociedade civil moçambicana, tem estado a incentivar a denúncia e combate contra este
mal. Como comprovativo deste cometimento, o governo aprovou a Lei 29/2009 de 29 de
Setembro.
Os dados dos Inquérito Sobre Indicadores Múltiplos, realizado conjuntamente pelo INE e UNICEF,
mostra as razões que justificam atitude de violência doméstica. Segundo o quadro 5.5, das
mulheres mencionaram qualquer uma das razões contida no quadro poderia justiçar a violência
doméstica. De entre as razões específicas destacam-se, cuidar mal dos filhos, negar fazer sexo,
ausentar-se sem dar satisfação.
Embora as mulheres ainda tenham uma baixa representatividade nos órgãos do poder, nos
últimos anos é notório um esforço para garantir equidade entre os homens e mulheres nos cargos
de tomada de decisão. A título de exemplo, a percentagem de mulheres magistradas subiu de
26.6% em 2008 para 29.3% em 2009.
O gráfico 6.1 mostra as percentagens de funcionários do Estado segundo o sexo que ocupavam
as funções de chefia em 2008 e 2009, onde se nota que a maioria de funcionários de estado que
ocupam as funções de chefia é composta por homens. Por exemplo, em 2008 a percentagem de
mulheres que ocupava as funções de chefia foi quase 34%, contra os 66% de homens.
75
60
45
Percentagem
Mulher
30 Homem
15
0
2008 2009
De acordo com o quadro 6.2 que mostra os funcionários de estado que ocupam as funções de
chefia segundo tipo de chefia, de director nacional até ao chefe de departamento, as mulheres
estão em menor percentagem do que a dos homens. As percentagens de chefes mulheres,
tendem aumentar as categorias de chefe de repartição e secção.