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ESCOLA SUPERIOR DE CRICIÚMA

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

NEUROARQUITETURA: AS IMPLICAÇÕES DOS AMBIENTES


EDUCACIONAIS NO DESENVOLVIMENTO DO CÉREBRO DE CRIANÇAS
NA PRIMEIRA INFÂNCIA

Proposta arquitetônica para um CEI (Centro de Educação Infantil) no município


de Araranguá, Santa Catarina.

RODRIGO G. PEREIRA

Criciúma, Junho de 2019.


Rodrigo Gonçalves Pereira
Endereço:Rua Amaro José Pereira Nº 937, Centro, Araranguá/SC
E-Mail: rgp@outlook.com.br

NEUROARQUITETURA: AS IMPLICAÇÕES DOS AMBIENTES


EDUCACIONAIS NO DESENVOLVIMENTO DO CÉREBRO DE CRIANÇAS
NA PRIMEIRA INFÂNCIA:

Proposta arquitetônica para um CEI (Centro de Educação Infantil) no município


de Araranguá, Santa Catarina.

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado a Faculdade ESUCRI,
como requisito parcial para obtenção
do título de Arquiteto e Urbanista.

Orientador: Profª. Drª. Michele Waterkemper Casagrande


Coorientador: Profª. Drª. Fabia Liliã Luciano

Criciúma, Junho de 2019.


Rodrigo G. Pereira

Este Trabalho de Curso I foi aprovado em sua forma final pelo Curso de
Arquitetura e Urbanismo da Escola Superior de Criciúma.

Criciúma, 04 de junho de 2019

_______________________________________
: Profª. Drª. Michele Waterkemper Casagrande
(Orientador)

_______________________________________
Prof. Arq. Rodrigo Fabre Feltrin, Esp.
(Coordenador do curso)

COMISSÃO EXAMINADORA

_______________________________________
Prof. Me. Tueilon de Oliveira (ESUCRI)

_______________________________________
Prof. Arq. Jamile Rodrigues de Bem Lindermann (ESUCRI)
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me dado saúde e forças para superar as


dificuldades.
À Instituição de Ensino, pelo ambiente criativo е amigável que
proporciona aos seus estudantes.
Meu muito obrigado a minha orientadora Profª. Ma. Michele
Waterkemper Casagrande. Sou grato pelas correções, incentivos e pelo
suporte que me fora dado.
Agradeço também а todos os professores por me proporcionarem о
conhecimento, não apenas racional mas, а manifestação do caráter е
afetividade no processo de formação profissional. Sou grato pelo tanto que se
dedicaram а mim, não tendo apenas me ensinado, mas, por terem me feito
aprender.
А palavra mestre, nunca fará justiça suficiente aos professores
dedicados que tive, e sem os quais, mesmo não os nomeando, não teria sido
possível chegar ao final desta jornada. Assim, a todos os meus grandes
mestres, meus eternos agradecimentos.
Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.
E о que dizer а você Adriane? Obrigada pela paciência, pelo
incentivo, pela força е, principalmente, pelo carinho ao longo dessa caminhada.
Essa vitória também é sua, amor!
Por fim, a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha
formação, o meu muito obrigado.
"A biologia dá a você um cérebro... a
vida transforma isso em uma mente."

(Jeffrey Eugenides)
RESUMO

O estudo proposto tem como objetivo desenvolver pesquisa que apresente a


ligação entre a neurociência e a arquitetura, vindo a utilizar os conceitos
extraídos da adjeção dessas duas áreas no desenvolvimento de diretrizes para
o partido arquitetônico que visa contribuir positivamente na educação de
crianças. No primeiro capítulo foi necessária a contextualização e
esclarecimento de alguns conceitos sobre a neurociência e a arquitetura e a
forma como esta pode e deve ser aplicada em prol do desenvolvimento
humano. Em seguida, houve necessidade de demonstrar os benefícios da
utilização da neurociência na educação, com descrição de como esta colabora
com o desenvolvimento intelectual, com ênfase na forma como o cérebro
humano aprende. Após as primeiras considerações, realizou-se a abordagem
da neuroarquitetura, tanto no campo físico quanto no psicológico, e os
estímulos causados por ela no desenvolvimento das capacidades cognitivas.
Foi necessário, ainda, discorrer sobre psicologia ambiental, apropriação dos
espaços e a tradução dos mesmos em vínculos afetivos, especialmente no que
se referem a conforto, segurança e qualidade, além da influência destes
espaços no aprendizado. O referencial projetual foi apresentado no quinto
capítulo com a utilização de alguns projetos bem sucedidos no mundo, além da
explanação acerca dos benefícios, inclusive para o meio ambiente. O sexto
capítulo do estudo apresentou as estruturas do local onde se tem como base a
construção do espaço adequado proposto, suas condições de localização,
dimensionamento, influência das características das edificações e inserção
social nos arredores. O sétimo capítulo trouxe detalhes sobre a proposta, as
diretrizes a serem utilizadas e o programa de necessidades para efetiva
implementação do projeto. Constatou-se que ambientes pensados e
elaborados com base no que a neuroarquitetura sugere influenciam
diretamente na evolução cognitiva, especialmente na primeira infância, criando
seres humanos mais saudáveis em todos os âmbitos de sua existência.

Palavras Chave: Arquitetura. Neuroarquitetura. Primeira infância


ABSTRACT

The purpose of this study is to develop research that shows the link between
neuroscience and architecture, using the concepts extracted from the adjection
of these two areas in the development of guidelines for the architectural party
that aims to contribute positively in the education of children. In the first chapter
it was necessary to contextualize and clarify some concepts about
neuroscience and architecture and how it can and should be applied for the
sake of human development. Next, there was a need to demonstrate the
benefits of using neuroscience in education, with a description of how it
collaborates with intellectual development, with an emphasis on how the human
brain learns. After the first considerations, the approach of the
neuroarchitecture, in the physical as in the psychological field, and the stimulus
caused by it in the development of the cognitive capacities was realized. It was
also necessary to discuss environmental psychology, appropriation of spaces
and the translation of these spaces into affective bonds, especially regarding
comfort, safety and quality, as well as the influence of these spaces on learning.
The design reference was presented in the fifth chapter with the use of some
successful projects in the world, as well as the explanation of the benefits,
including for the environment. The sixth chapter of the study presented the
structures of the place where the construction of the proposed space is based,
its conditions of location, dimensioning, influence of the characteristics of the
buildings and social insertion in the surroundings. The seventh chapter
provided details on the proposal, the guidelines to be used, and the needs
program for effective project implementation. It was found that environments
thought and elaborated based on what neuroarchitecture suggests have a direct
influence on cognitive evolution, especially in early childhood, creating healthier
humans in all areas of their existence.

Keywords: Architecture. Neuroarchitecture. Early childhood


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Catedral de Chartres, na França ..................................................... 17


Figura 2 - Experimento I: Desenvolvimento das células cerebrais dos ratos ... 19
Figura 3 - Formação de novas sinapses ......................................................... 23
Figura4 - Teoria do Iceberg ............................................................................. 32
Figura 5 Escola Infantil Municipal De Berriozar - Fachada noroeste .............. 37
Figura 6 - Escola Infantil Municipal De Berriozar - pátio interno coberto......... 38
Figura 7 - Escola Infantil Municipal De Berriozar - planta baixa térreo ............ 39
Figura 8 - Escola Infantil Municipal De Berriozar - Corte ................................. 40
Figura 9 - Escola Infantil Municipal De Berriozar - entorno .............................. 40
Figura 10 - Escola Infantil Municipal De Berriozar - pátio externo ................... 41
Figura 11 - Escola Infantil Municipal De Berriozar - Sala de aula .................... 41
Figura 12 - Escola de Canuanã, projeto Children Village (Vila das crianças) -
fachada ........................................................................................................... 42
Figura 13 - Escola de Canuanã, projeto Children Village (Vila das crianças) -
ciculação ......................................................................................................... 43
Figura 14 - Escola de Canuanã, projeto Children Village (Vila das crianças) -
planta baixa térreo .......................................................................................... 44
Figura 15 - Escola de Canuanã, projeto Children Village (Vila das crianças) -
planta baixa segundo pavimento ..................................................................... 44
Figura 16 - Escola de Canuanã, projeto Children Village (Vila das crianças) -
pátios externos ................................................................................................ 45
Figura 17- Escola de Canuanã, projeto Children Village (Vila das crianças) -
Área de descanso ........................................................................................... 45
Figura 18 - Escola de Canuanã, projeto Children Village (Vila das crianças) -
Materiais vernaculares .................................................................................... 46
Figura 19 - Projeto de compostagem do shopping eldorado - horta sustentável
........................................................................................................................ 47
Figura 20 - Ciclo de Produção e destino do composto orgânico proveniente do
sistema de compostagem ............................................................................... 48
Figura 21 - Legumes provenientes do telhado verde no shopping Eldorado/SP
........................................................................................................................ 49
Figura 22 - Av. Sete de Setembro, município de Araranguá, ano de 1940 ...... 50
Figura 23 - Pirâmide Etária 2010..................................................................... 51
Figura 24 - Índices de matriculas por período escolar ..................................... 52
Figura 25 - Avião da VARIG pousado no aeroporto de Araranguá .................. 53
Figura 26 - Limites do bairro Aeroporto em Araranguá/SC .............................. 53
Figura 27 - Mapa de equipamentos urbanos ................................................... 54
Figura 28 - Mapa de zoneamento urbano principal de Araranguá/SC ............. 55
Figura 29 - Limites de bairros em Araranguá/SC ............................................ 55
Figura 30 - Delimitações ................................................................................. 58
Figura 31 - Níveis do terreno ........................................................................... 59
Figura 32 - Condicionantes do terreno ............................................................ 60
Figura 33 -- Dados climatológicos de Araranguá/SC ....................................... 60
Figura 34 - Gráfico de incidência solar ............................................................ 61
Figura 35 - Área analisada .............................................................................. 62
Figura 36 - Cheios e vazios ............................................................................. 62
Figura 37 - Sistema viário ............................................................................... 63
Figura 38 - Processo de ensino ...................................................................... 66
Figura 39 – Diretrizes ...................................................................................... 66
Figura 40 - Programa de necessidades........................................................... 67
Figura 41 - Programa de necessidades........................................................... 68
Figura 42 - Programa de necessidades........................................................... 68
Figura 43 - Setorização ................................................................................... 69
Figura 44 - Fluxograma ................................................................................... 69
Figura 45 - Croqui da fachada ......................................................................... 70
Figura 46 - Fluxograma hall de entrada........................................................... 70
Figura 47 - Croqui de Insolação ...................................................................... 72
Figura 48 - Croqui ventilação cruzada ............................................................ 73
Figura 49 - Croqui horta comunitária ............................................................... 75
Figura 50 - Cerca retrátil ................................................................................. 76
Figura 51 - Croqui planta de situação ............................................................. 77
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Resultado do programa de pesquisa pré escolar Perry High/Scope


age 40 - Índices de Educação. ........................................................................ 26
Tabela 2 - Resultado do programa de pesquisa pré escolar Perry High/Scope
age 40 - Índices de Criminalidade ................................................................... 27
Tabela 3 - Resultado do programa de pesquisa pré escolar Perry High/Scope
age 40 - Índices de performance econômica ................................................... 28
Tabela 4 Resultado do programa de pesquisa pré escolar Perry High/Scope
age 40 - Índices de retorno de investimento .................................................... 29
Tabela 5 Janela de oportunidade .................................................................... 34
Tabela 6- tabela de permissibilidade de uso do solo - Zona Institucional ........ 56
Tabela 7 - Tabela de categorização do uso do solo - Zona Inconstitucional .... 56
Tabela 8 - Tabela dos condicionantes urbanos municipais - Zona
Inconstitucional ............................................................................................... 57
Tabela 9 - Direção predominante dos ventos em Araranguá/SC ..................... 61
GLOSSÁRIO

CENTER ON THE DEVELOPING CHILD - HARVARD UNIVERSITY


Trata-se de um centro para o desenvolvimento da criança da faculdade
americana de HARVARD - https://developingchild.harvard.edu

CEI Centro Educacionais Infantis responsáveis pela primeira etapa da


educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança
de 0 a 6 anos de idade,

ENCÉFALO: Conjunto do tronco cerebral, cerebelo e cérebro, parte


superior do sistema nervoso central que controla o organismo. (DICIONARIO
AURELIO, 2018)

GENE É um segmento de uma molécula de DNA responsável


pelas características herdadas geneticamente.

NEURÔNIOS são células nervosas, que desempenham o papel de


conduzir os impulsos nervosos. Estas células especializadas são, portanto, as
unidades básicas do sistema que processa as informações e estímulos no
corpo humano.

NEUROGÊNESE: Processo de formação dos .neurônios no cérebro.

PRIMEIRA INFÂNCIA: Período inicial na vida da criança, que começa


do 0 aos 6 anos de idade.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 12

2. NEUROCIÊNCIA E ARQUITETURA ........................................................ 15


2.1 O DESENVOLVIMENTO DO CÉREBRO NA PRIMEIRA INFÂNCIA . 21

2.1.1 COMO O CÉREBRO APRENDE ................................................ 22

2.1.2 A IMPORTÂNCIA DA INFLUÊNCIA EDUCACIONAL NA


PRIMEIRA INFÂNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL ........... 23
2.2 NEUROARQUITETURA - DO CAMPO CIENTÍFICO AO
PISICOLÓGICO ........................................................................................... 30

2.2.1 DA PSICOLOGIA AMBIENTAL À NEUROARQUITETURA: O


ESTUDO DAS EMOÇÕES. ...................................................................... 30

2.2.2 ESTIMULANDO OS SENTIDOS ..................................................... 33

5. REFERENCIAL PROJETUAL .................................................................. 36


5.1 ESCOLA INFANTIL MUNICIPAL DE BERRIOZAR ............................ 37
5.2 ESCOLA DE CANUANÂ, PROJETO CHILDREN VILLAGE - VILA DAS
CRIANÇAS .................................................................................................. 42
5.3 PROJETO DE COMPOSTAGEM DO SHOPPING ELDORADO -
TELHADO VERDE ...................................................................................... 46

6. O MUNICÍPIO DE ARARANGUÁ ............................................................. 50


6.1 O BAIRRO ............................................................................................. 52
6.2 O TERRENO...................................................................................... 57

6.2.1 ÁREA DO LOCAL ANALISADO.................................................. 61

7. PROPOSTA .......................................................................................... 64
7.1 CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO ...................................... 64
7.2 PROCESSO DE ENSINO DA PROPOSTA ....................................... 65
7.3 DIRETRIZES PROJETUAIS ............................................................. 66
7.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES .................................................. 67
7.5 SETORIZAÇÃO E FLUXOGRAMA ................................................... 68

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 77

BIBLIOGRAFIA .............................................................................................. 80
12

1. INTRODUÇÃO

A Educação é um dos direitos fundamentais descritos na


Constituição Cidadã brasileira e é responsável por influenciar o
desenvolvimento intelectual e social dos seres humanos, para que possam ter
melhor qualidade de vida.

Cabe enfatizar que a primeira infância ocorre de 0 (zero) a 6 (seis)


anos de vida, é de suma importância pois, é nesta fase que ocorre a maior
parte do desenvolvimento dos circuitos cerebrais neurotransmissores que
possibilitarão maior desenvolvimento intelectual.

A proposta de pesquisa do presente trabalho é analisar de que


forma os ambientes educacionais podem impactar o desenvolvimento
neurológico de crianças, especialmente na primeira infância.

A neurociência é uma das principais áreas de estudo científicos já


que o cérebro humano é o órgão que mantém todo o restante do organismo em
funcionando adequadamente.

Há enorme ligação entre medicina e neurociência, o que, de certa


forma, fortaleceu o aumento significativo nos estudos e avanços da tecnologia,
especialmente nos que envolvem a neurociência como ciência propulsora no
campo cognitivo.

Assim, o objetivo geral deste trabalho, portanto, é desenvolver


pesquisa que apresente a ligação entre a neurociência e a arquitetura, vindo a
utilizar os conceitos extraídos da adjeção dessas duas áreas no
desenvolvimento de diretrizes para o partido arquitetônico que visa contribuir
positivamente na educação de crianças

Além do objetivo geral, importa salientar que como objetivos mais


específicos pretende-se fazer a correlação do uso da neurociência com a
arquitetura; demonstrar, por meio de pesquisas, a correlação entre um
ambiente enriquecido e, o desenvolvimento do cérebro; ressaltar a importancia
da influencia educacional na primeira infancia para o desevolvimento infantil;
verificar como a educação de qualidade pode diminuir o índice de
13

criminalidade; e, por fim, traçar diretrizes aos projetos arquitetônicos


educacionais capazes de influenciar diretamente no desenvolvimento do
cérebro de crianças, na primeira infânci

O cérebro reage a estímulos causados por nossos sentidos, como


paladar, olfato, tato e, principalmente, audição e visão, e, a influencia dos
ambientes escolares, a partir das diretrizes da Neuroarquitetura, pode estimular
a capacidade cognitiva nos primeiros anos de vida.

Assim, quanto maior for esse estimulo, maiores serão as


possibilidades da criança aprender e desenvolver-se de forma a interagir com a
sociedade como um todo, transformando-se em um indivíduo social e
intelectualmente saudável.

Inicialmente será necessário desenvolver a contextualização e


esclarecer alguns conceitos sobre a neurociência e a arquitetura e a forma
como esta pode e deve ser aplicada em prol do desenvolvimento humano e
seus benefícios em relação aos sentidos coordenados pelo cérebro humano, o
que será destacado no segundo capítulo do estudo.

Verifica-se, ainda, a necessidade de demonstrar os benefícios da


utilização da neurociência na educação, com descrição de como esta colabora
com o desenvolvimento intelectual, com ênfase na forma como o cérebro
humano aprende, o que passará a ser abordado no terceiro capítulo do
presente estudo.

O quarto capítulo fará a abordagem da neuroarquitetura, tanto no


campo físico quanto no psicológico, e os estímulos causados por ela no
desenvolvimento das capacidades cognitivas.

Será necessário o desenvolvimento teórico de questões que tangem


sobre psicologia ambiental, apropriação dos espaços e a tradução dos mesmos
em vínculos afetivos, especialmente no que se referem a conforto, segurança e
qualidade, além da influência destes espaços no aprendizado

Além disso, pretende-se enfatizar, neste tópico, quais são as fases


de desenvolvimento cerebral, iniciando pela primeira infância e a importância
deste desenvolvimento cognitivo especialmente nesta etapa.
14

O referencial projetual será apresentado no quinto capítulo com a


utilização de alguns projetos bem sucedidos no mundo, além da explanação
acerca dos benefícios, inclusive para o meio ambiente, de projetos elaborados
com projeto adequado.

O sexto capítulo do estudo tem como objetivo apresentar as


estruturas do local onde se tem como base a construção do espaço adequado
proposto, suas condições de localização, dimensionamento, influência das
características das edificações e inserção social nos arredores.

O espaço que será utilizado como parâmetro para desenvolvimento


do projeto arquitetônico será um terreno localizado próximo a região conhecida
como “Favela do Uca”, no bairro Lagoão, município de Araranguá, Santa
Catarina. Onde encontra-se hoje um CEI de administração pública.

O sétimo capítulo trabalhado trará detalhes sobre a proposta, as


diretrizes a serem utilizadas e o programa de necessidades para efetiva
implementação do projeto.

Por fim, é preciso destacar que será utilizado como metodologia


científica o modo dedutivo, tendo sido delimitado o objetivo por meio de
pesquisa através do estudo exploratório. Os dados serão coletados por meio
de pesquisa bibliográfica e documental, visando esclarecer a questão proposta
e responder ao questionamento inicialmente formulado, sendo a justificativa
plausível a necessidade de se demonstrar que ambientes escolares que
contem com a devida elaboração de projetos específicos, na área de
arquitetura, podem influenciar de sobremaneira o desenvolvimento cognitivo
das crianças, especialmente na primeira infância.
15

2. NEUROCIÊNCIA E ARQUITETURA

A neurociência é a área na ciência que estuda o cérebro, o mais


complexo e, ao mesmo tempo, o principal órgão de funcionamento no corpo
humano, ele mantém todo o restante do organismo em pleno funcionamento, o
que já se verifica desde antes da ciência moderna, senão vejamos:

O homem deve saber que, de nenhum outro lugar, se não do cérebro


vem a alegria, o prazer, o riso, a recreação, a tristeza, melancolia, o
pessimismo e as lamentações. E então, de uma maneira especial,
adquirimos sabedoria e conhecimento, e vemos e ouvimos para saber
o que é justo e o que não é, o que é bom e o que é ruim, o que é
doce e o que é sem sabor... E pelo mesmo órgão tornamo-nos loucos
e delirantes, e sentimos medo e o terror nos assola... Todas essas
coisas provêem do cérebro quando este não está sadio... Dessa
maneira sou da opinião de que o cérebro exerce um grande poder
sobre o homem". (Hipocrates, Da Doença Sacra, IV A.C. apud
(MORAES, 2011, p. 4)

Tarefas simples, como cumprimentar o próximo ou resolver palavras


cruzadas, por exemplo, passam despercebidas no cotidiano atribulado das
pessoas. Essas tarefas executadas automaticamente pelo corpo humano,
como o movimento, reflexos a estímulos, etc., só são possíveis devido ao
cérebro, “[...] o órgão mais complexo do corpo, sem dúvida a coisa mais
complexa na Terra.", (MORRIS & FILLENZ, 2003, p. 1).

O jeito como andamos, aprendemos, as sensações, os medos, isso


tudo é algo natural ao longo da vida, mas como isso tudo ocorre? Quais
caminhos essas informações percorrem para se estruturarem? Como o
cérebro reage a determinados estímulos capazes de gerar reações físicas no
corpo humano?

"É da natureza humana sermos curiosos a respeito de como vemos


e ouvimos e, foi através desta curiosidade inquietante do ser humano que o
cérebro começou a ser desvendado." (CONNORS, B. W.; BEAR, M. F.;
PARADISO, M. A. 2017, p. 4).

De acordo com Richard e Marianne (2003, p. 1, grifo do autor), o


estudo do cérebro é assim definido:

[...] envolve cientistas e médicos de diversas especialidades, que vão


desde a biologia molecular à psicologia experimental, assim como
anatomia, fisiologia e farmacologia. A junção dos seus interesses
16

criou uma nova área de investigação chamada neurociência – a


ciência do cérebro.

Apesar de a palavra neurociência ser relativamente jovem, surgindo


apenas a partir de 1970, ano da fundação da A society for neurocience -
associação que engloba cientistas que trabalham no desenvolvimento de
pesquisas sobre o sistema nervoso, "[...] o estudo do encéfalo, entretanto, é tão
antigo quanto a própria ciência”. (CONNORS, BEAR, & PARADISO, 2017, p. 4)
Ainda de acordo com os autores acima citados(2017, p. 5) "Há evidências que
sugerem que até mesmo nossos ancestrais pré-históricos compreendiam que o
encéfalo era vital para a vida".

Paiva, (2018) enfatiza a forte ligação entre a medicina e a


neurociência ao longo dos séculos, gerando aumento significativo no avanço
da tecnologia, o que, por certo, impulsionou os estudos na área, fazendo com
que a neurociência se expandisse através de novas pesquisas para diversos
ramos, como por exemplo, o marketing.

No marketing, a neurociência também é muito explorada.


Profissionais da área tentam criar campanhas, propagandas e anúncios que
incitam reações instintivas e afetivas sobre seus consumidores. (PAIVA, 2018).

Verifica-se que, além do marketing, cada vez mais outras áreas de


profissionais buscam estreitar relações com a neurociência para entender o
comportamento humano e suas reações a determinadas ações estratégicas.

A ligação entre o ambiente e os seres vivos pode ser vista em


diversas situações ao longo da história. Nesse sentido, percebe-se que "[...] os
estudiosos acreditavam que a geometria era um meio de ligar o ser humano a
Deus [...]."(WOODS, 2008, p. 114). Exemplo disso, é a arquitetura que fora
usada em catedrais medievais, com sua verticalidade e imponência, como
demonstra a figura a seguir, da Catedral de Chartres, na França, postulando
respeito às pessoas, na busca de transmitir a sensação de que somos
pequenos em relação a grandeza do universo e, para alguns, de Deus.
17

Figura 1 - Catedral de Chartres, na França

Fonte: (FRANZÓI, Robson 2017, p. 1) 1

A hierarquia do poder, verificada diante do andar em que você ocupa


determinado cargo em uma empresa, ou até o relaxamento quase que
instantâneo ao chegar em casa depois de uma viagem, são reações naturais
ao ambiente, que foram durante muito tempo tratadas de forma empírica,
vindas do instinto.

No entanto, Cajal (2011) relata em sua tese, pesquisas na área da


neurociência que comprovam cientificamente a influencia do ambiente no
desenvolvimento do cérebro, até então apenas percepcionado. , neurocientista
Fred Gage, onde ele desmente a teoria de Ramon y Cajal, (1928, p. 750. apud
TEIXEIRA, 2013 p. 1. - traduzido pelo autor) que aduz: “Nos centros [cerebrais]
do adulto, os caminhos nervosos são algo fixo, final e imutável. Tudo pode
morrer, nada pode ser regenerado”. Já, para Fred Gage, os neurônios nascem
constantemente no cérebro adulto, em um processo chamado de neurogênese.

O processo de crescimento e surgimento de novos neurônios está


diretamente ligado as pesquisas realizadas por Mark e Edward (1996, p. 57- 65

1
Imagem disponível em https://www.umviajante.com.br/franca/6496-catedral-de-chartres-
franca-guia
18

- traduzido pelo autor), onde, por meio de um experimento com camundongos,


ficou comprovada a influencia dos ambientes no desenvolvimento do córtex
das cobaias.

No experimento (figura 2), 36 camundongos foram divididos em três


grupos experimentais, com um total de 12 animais por grupo. Eles foram
inseridos em 3 tipos de ambientes diferentes: 1) enriquecidos 2) padrão 3)
Ambientes empobrecidos. Todos os animais tiveram livre acesso a comida,
água e condições semelhantes de iluminação. (ROSENZWEING & BENNETT,
1996)

Para criar um ambiente enriquecido, foram fornecidos aos 12


animais em uma gaiola grande, de 5 a 6 objetos exploratórios como rampas e
rodas, os objetos foram alterados de duas a três vezes por semana para
fornecer novidades e desafios. Para o ambiente padrão, os animais foram
alojados três a três em uma pequena gaiola sem objetos exploratórios. Já no
ambiente empobrecido, um animal permaneceu isolado em uma gaiola
pequena sem objetos exploratórios. (ROSENZWEING & BENNETT, 1996)

Após 30 dias nos seus respectivos ambientes, anestesiaram-se


todos os animais antes de os cérebros serem removidos para comparação
entre os três grupos. Os resultados indicaram claramente que o córtex do
grupo enriquecido tinha aumentado sua espessura em comparação ao grupo
que viveu em condições de ambiente padrão, enquanto que, nos cérebros do
grupo com o ambiente empobrecido o córtex diminuiu em comparação com o
padrão.2 (ROSENZWEING & BENNETT, 1996)

Esse aumento na espessura do córtex, provocado por estímulos


provenientes de ambientes enriquecidos ou por experiências vividas ao longo
da vida, influenciam diretamente na capacidade de desenvolvimento neural
tendo conseqüências diretas no comportamento.

2
Figura 2 - Experimento I: Desenvolvimento das células cerebrais dos ratos
19

Figura 2 - Experimento I: Desenvolvimento das células cerebrais dos ratos

Fonte: (KAYAN, 2011, p. 30)

Avanços na pesquisa citada comprovam a influência dos ambientes


no desenvolvimento cognitivos dos seres humanos estreitando a ligação entre
a arquitetura e a neurociência, formando a Neuroarquitetura.

A neuroarquitetura faz a ponte entre o rigor científico da


neurociência e a arte de projetar, tornando possível, assim, entender como os
seres humanos percebem e interagem com os espaços projetados em um nível
biológico.

O objetivo final é chegar a descobertas lógicas comprovadas


cientificamente que poderão ser inseridas na prática, incluindo esses
conhecimentos na forma de projetar para influenciar positivamente a
experiência vivida pelo usuário. Segundo Paiva (2018, p. 135 - traduzido pelo
autor) "[...] devemos considerar que os espaços não necessariamente afetam a
todos da mesma maneira [...]", deste modo, a Neuroarquitetura se destaca
devido à capacidade de identificar a necessidade de cada individuo ou a função
que o ambiente atingirá, indo muito além de estudar o cérebro humano, com o
intuito de criar espaços eficazes.
20

Portanto, para desenvolver um ambiente positivamente favorável, é


necessário considerar três fatores: o conhecimento do cérebro, a finalidade da
construção e o usuário. (PAIVA, 2018)

Tudo em torno das pessoas as influenciam, alteram suas estruturas


cerebrais e mudam seus comportamentos. Mora (2017) faz uma forte ligação
entre o ambiente urbano e o aumento das taxas de ansiedade, estresse crônico
e depressão.

De acordo com estudos das Nações Unidas, em 2050 mais de 70%


(setenta por cento) da população viverá em centros urbanos. A dificuldade de
transporte, segurança, e a comunicação social fará com que a verticalização
das cidades seja algo inevitável. (UNIDAS, 2013).

Conhecer a fisiologia do cérebro humano e seus códigos neurais de


funcionamento é essencial antes de alterarmos o macroambiente. O cérebro
humano esta há milhões de anos vivendo em terra firme, tocando a natureza,
enxergando os horizontes e podendo sentir o mar e toda diversidade dos
biomas existentes. (MORA, 2017).

Alterar essa memória ancestral dos seres humanos pode ter como
consequência o surgimento de novas patologias nunca antes conhecidas.
Estudar e compreender o cérebro em desenvolvimento é o que une esses dois
campos até então distintos, ou seja, arquitetos e neurocientistas, que
permanecem trabalhando em conjunto para encontrar novos níveis de
exploração da mente humana. (MORA, 2017).
21

2.1 O DESENVOLVIMENTO DO CÉREBRO NA PRIMEIRA INFÂNCIA

Uma forma simplificada de compreendermos o cérebro em


desenvolvimento e garantir a saúde e o bem estar da humanidade nos
próximos anos é prepararmos as crianças desde sua base.

"[...] Quando investido sabiamente em crianças, a próxima geração


vai pegar isso de volta através de uma vida inteira de produtividade e cidadania
responsável[...]" (The Science of Early Childhood Development., 2007, p. 1), é
o que enfatizam as pesquisas em relação aos investimentos na área da
Neuroarquitetura.

Investir nas crianças desde a primeira infância é fundamental para


manter o controle e contribuir com um futuro melhor para elas, de acordo com
um estudo realizado pelo Comitê Cientifico Núcleo Ciência Pela Infância, é
possível entender que:

O desenvolvimento integral na primeira infância é crucial. As


experiências ocorridas nessa fase terão influência ao longo de toda a
vida do individuo, seja na área da saúde, seja no seu bem estar
social, emocional e cognitivo. (Comitê Científico do Núcleo Ciência
Pela Infância, 2014, p. 4)

Este período chamado de primeira infância tem inicio no pré-natal, e se


estende até o sexto ano de vida, apresentando-se como crucial para o
desenvolvimento saudável e intelectual do ser humano.

As primeiras experiências de vida do ser humano irão determinar o


que ele se tornará quando adulto. Na primeira infância se aprende sobre o
mundo, sobre os outros e sobre si mesmo. (PORTUGAL, 2009. apud DIAS,
CORREIA, & MARCELINO, 2013) A importância dessa fase visando a
preparação da criança para o futuro pode ser comparada a construção de uma
casa. (figura 3)

Cada conteúdo absorvido e armazenado durante uma etapa de


aprendizado, servirá como base para informações subsequentes. Portanto,
caso haja falhas em alguma etapa inicial, poderá comprometer as etapas
futuras, tornando possível eventuais déficits que com o passar dos anos
demandaram investimentos para serem corrigidos, sejam eles econômicos ou
sociais. (Comitê Científico do Núcleo Ciência Pela Infância, 2014)
22

"A promoção do desenvolvimento integral saudável, com nutrição e


cuidados de saúde adequados, ambiente familiar afetivo, seguro e
estimulante, relações estáveis e incentivadoras, além da oferta de
educação de qualidade, fornecem o alicerce para que cada criança
viva bem no presente e alcance seu potencial pleno no futuro"
(Comitê Científico do Núcleo Ciência Pela Infância, 2014, p. 4)

2.1.1 COMO O CÉREBRO APRENDE

Essa base do desenvolvimento infantil é resultado do


desenvolvimento cerebral da criança, que começa sua trajetória ainda no
período intra-uterino, na segunda ou terceira semana de gestação, tendo como
fase subsequente a formação das células cerebrais e das ligações entre os
neurônios, ou seja, as sinapses. (Comitê Científico do Núcleo Ciência Pela
Infância, 2014).

O site da Center on the Developing Child – HARVARD UNIVERSITY


publicou em sua página na internet, uma serie de vídeos apresentando os três
conceitos principais no desenvolvimento inicial.

O primeiro vídeo traz informações acerca de como as experiências


moldam a arquitetura do cérebro, explicando que os genes trazem consigo os
traços genéticos herdados, mas, são as experiências que moldam o processo e
constroem a base cognitiva, seja ela forte ou fraca para as áreas a serem
desenvolvidas ao longo da vida. (National Scientific Council on the Developing
Child, 2011)

No livro From Neurons to Neighborhoods: The Science of Early


Childhood Development, os autores Shonkoffs e Phillips (2000, p. 31)
ressaltam que "[...] o conceito de plasticidade do desenvolvimento neural
refere-se à capacidade do cérebro para reorganizar a sua estrutura ou função
[...]", mesmo sendo um processo determinado por modificações genéticas,
alterações no ambiente e os estímulos no quais as crianças são expostas, tem
como resultado grande influência nessa etapa.

Alguns períodos do desenvolvimento cerebral são mais propícios a


esses acontecimentos, sendo que a primeira infância é crucial para essa etapa.
"[...] Os chamados Períodos sensíveis são momentos nos quais os circuitos
cerebrais específicos para formação de determinadas habilidades têm maior
23

plasticidade [...]". (Comitê Científico do Núcleo Ciência Pela Infância, 2014, p.


4).

O gráfico a seguir (figura 4) mostra o período de maior plasticidade


neural, onde a formação de novas sinapses chega ao seu estagio no período
entre 0 a 5 anos de vida.

Figura 3 - Formação de novas sinapses

Fonte(Primeira Infância em Pauta - O desenvolvimento cerebral)3

2.1.2 A IMPORTÂNCIA DA INFLUÊNCIA EDUCACIONAL NA PRIMEIRA


INFÂNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

A importância da primeira infância no desenvolvimento da criança é


algo efetivamente comprovado pela neurociência, conforme visto
anteriormente, deixando claro o impacto causado pelo ambiente ao longo da
existência de cada ser humano.

3
Disponível em https://www.primeirainfanciaempauta.org.br/a-crianca-e-seu-desenvolvimento-
o-desenvolvimento-cerebral.html
24

Para que uma criança consiga se desenvolver além da capacidade


básica e alcançar melhores desempenhos futuros, é de suma importância que
ela esteja inserida em um contexto estimulante e saudável. (Comitê Científico
do Núcleo Ciência Pela Infância, 2014)

Os estudos mostram que tudo se inicia pela base familiar bem


estruturada, passando pela moradia adequada, acesso a saúde e programas
básicos como saneamento e higiene, além da alimentação, que é um dos
principais fatores de influência, assim como o espaço onde ela irá crescer e se
desenvolver. (Comitê Científico do Núcleo Ciência Pela Infância, 2014)

Crianças nascidas ou criadas em ambientes sobrecarregados por


adversidades significativas, como a pobreza, desnutrição e más condições de
saúde tendem a ter perda de potencial do desenvolvimento cognitivo.
(MCGREGOR, CHEUNG, CUETO, GLEWWE, RICHTER, & STRUPP, 2007,
traduzido pelo autor).

Essas situações de vulnerabilidade social são encontradas com


maior facilidade em favelas, onde sua população, como maioria, é formada por
famílias de baixa renda e socialmente desfavorecidas. Existem, nestes locais,
altas taxas de pobreza e desemprego. (FAVELA, 2015).

As populações que habitam esses espaços urbanos socialmente


vulneráveis sofrem com riscos das mais diversas ordens, como violência, baixo
nível de escolaridade, dentre outros, assim como também, suas próprias
moradias, que podem ser caracterizadas como fator de vulnerabilidade. (
BUSS, 2007; MARICATO, 2001; TORRES et al., 2003, apud LIMA, 2016).

O abuso físico, sexual, e emocional, maus tratos provenientes de


familiares ou cuidadores, assim como a violência na comunidade, geram
circunstâncias ameaçadoras que causam medo e ansiedade crônica em
crianças. (National Scientific Council on the Developing Child, 2010).

Para a National Scientific Council on the Developing Child (2010, p.


1) "[...] A exposição precoce a circunstâncias que produzem medo persistente e
ansiedade crônica podem ter consequências ao longo da vida por perturbar a
arquitetura e o desenvolvimento do cérebro."
25

Inserida nessas circunstâncias, a educação escolar tem papel


fundamental na inclusão de ambientes e fatores que possam suprir algumas
necessidades vitais para um desenvolvimento cognitivo infantil saudável.

A atividade humana é, acima de tudo, social, com os centros


educacionais vistos como locais adequados para que essas atividades se
distendam além do ambiente familiar, por serem, muitas vezes, mais ricos em
diversidades e por promoverem a convivência e a interação entre as crianças,
educadores e pais. (HORN, 2004)

Esses centros educacionais atendem crianças da chamada primeira


infância com faixa etária entre zero e seis anos, e, no Brasil, são denominados
CEI's (Centros Educacionais Infantis), tendo como característica peculiar o fato
de se tratarem de instituições públicas ou particulares que auxiliam no
desenvolvimento da criança.

O artigo 29 da Lei 12.796 de 2013, que estabelece as diretrizes e


bases educacionais traz o seguinte mandamento:

Art. 29 A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem


como finalidade o desenvolvimento integral da criança [...] em seus
aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a
ação da família e da comunidade. (Redação dada pela lei Lei nº
12.796 de 2013) (BRASIL, 1996. a)

A fim de comprovar que o ambiente escolar de qualidade pode trazer


impactos positivos no desenvolvimento infantil, social e econômico de crianças
que vivem na linha da pobreza, em 1967 a High / Scope Perry Preschool,
comparou 123 crianças de famílias pobres, na primeira infância distribuídas em
grupos iguais aleatoriamente, sendo que, determinado grupo foi introduzido em
centros educacionais infantis de alta qualidade e potencial. Já o segundo
grupo, se manteve isento de ajuda e completou a primeira infância sem
nenhum programa de educação infantil. (SCHWEINHART, XIANG, BARNETT,
BELFIELD, & NORES, 2005).

Ao longo de quarenta anos as crianças, já em fase adulta, foram


monitoradas. A coleta de dados cruzados verificou que as submetidas ao
programa infantil de alta qualidade tiveram efeitos positivos e significativos se
comparados ao grupo que não obteve incentivos.
26

A capacidade intelectual, comprometimento escolar, conclusão de


níveis escolares, emprego e o baixo índice de envolvimento com atividades
criminosas, foram itens que tiveram maior variação entre os dois programas.
(SCHWEINHART, XIANG, BARNETT, BELFIELD, & NORES, 2005).

Abaixo, apresentam-se os resultados numéricos. As evidências


científicas apontam a importância de se investir em ambientes estimulados nos
centros infantis e na educação de qualidade para o desenvolvimento da
criança.

Na educação, o índice com maior diferença entre o dois programas


foi o comprometimento com a escola aos 14 anos, chegando a 23% de
diferença. (tabela 1).

Verifica-se na tabela abaixo que as crianças que não tiveram


incentivos por meio de programas de ensino possuíam, aos cinco anos, QI de
28%, enquanto as que tiveram, possuíam, na mesma idade, QI de 49%. Da
mesma forma, o comprometimento com a escola das crianças, aos 14 anos,
que não tiveram o referido incentivo, era de 38%, enquanto as que tiveram,
tinham índice de 61%. E, por fim, em relação ao ensino médio, as crianças que
receberam um programa de ensino de alta qualidade, tiveram índices de êxito
de 77% formados no ensino médio, enquanto as que não tiveram o programas
de incentivo, tiveram índice de formação em 60%.

Tabela 1 - Resultado do programa de pesquisa pré escolar Perry High/Scope age 40 - Índices de
Educação.

Fonte: Criado a partir de dados do (SCHWEINHART, XIANG, BARNETT, BELFIELD, &


NORES, 2005)
27

O segundo fator analizado foi a criminalidade. O indice de crimes


relativo a drogas referente ao grupo que não frequentou o programa de
educação infantil teve um aumento de 20% comparado ao grupo com icetivo
educacional. A frequencia de crimes violentos e a quatidade de prisões
também são afetados. (tabela 2).

Tabela 2 - Resultado do programa de pesquisa pré escolar Perry High/Scope age 40 - Índices de
Criminalidade

fonte: Criado a partir de dados do (SCHWEINHART, XIANG, BARNETT, BELFIELD, & NORES,
2005)

Dados como a performace econômica obtida na vida adulta destas


crianças que iniciaram a pesquisa, mostram a influencia que o estudo teve na
vida de cada individuo. Influencia no emprego, na capacidade de administrar o
dinheiro e suas faixas salariais, são comparadas e as diferenças de um grupo
para outro chegam a mais de 26% se levado em conta quem possui poupança.
(tabela 3).
28

Tabela 3 - Resultado do programa de pesquisa pré escolar Perry High/Scope age 40 - Índices de
performance econômica

fonte: Criado a partir de dados do (SCHWEINHART, XIANG, BARNETT, BELFIELD, & NORES,
2005)

Através da análise da pesquisa percebe-se que o desenvolvimento


da criança principalmente na fase escolar pode mudar significativamente seu
futuro. Através dos centros educacionais infantis e suas estruturas físicas e
psicológicas criadas de forma intencional, eles influenciam no desenvolvimento
infantil, e consequentemente na vida adulta das crianças.

O retorno de investimento do programa, comprova que dinheiro


gasto com educação trás retornos significativos a todos os envolvidos direta e
indiretamente. Uma melhora na qualidade de vida seja na infancia ou na fase
adulta da criança que recebe uma educação de qualidade, seja na sociedade
como um todo ou no meio ambiente.(tabela 4).
29

Tabela 4 Resultado do programa de pesquisa pré escolar Perry High/Scope age 40 - Índices de retorno
de investimento

fonte: Criado a partir de dados do (SCHWEINHART, XIANG, BARNETT, BELFIELD, & NORES,
2005)

A criança traz consigo, independente do contexto social e cultural


em que ela nasça, apenas as funções psicológicas primárias, a datar da
interação saudável com seus pais, seguido de um programa educacional
infantil de qualidade desenvolve-se as funções psicológicas superiores,
responsáveis pelo comportamento e ações intencionais. (COELHO & PISONI,
2012)

.
30

2.2 NEUROARQUITETURA - DO CAMPO CIENTÍFICO AO PISICOLÓGICO

Os termos educação e arquitetura estão diretamente ligados na


busca de uma melhora no comportamento das crianças.

Paiva (2018), faz uma síntese sobre Neuroarquitetura, citando a


neurociência como um campo útil a arquitetura, mas, também, relata teorias e
estudos de grandes psicólogos como Freud e Kurt Lewin.

Essas duas áreas de estudos comprovam a interdisciplinaridade da


Neuroarquitetura, sendo que a neurociência carrega consigo o conhecimento
científico conceituado por Fabiana (1999, p. 137) como um conhecimento que:
"caracteriza-se por ser real (factual), contingente, sistemático, verificável, falível
e aproximadamente exato”.

Por outro lado, “a psicologia alocada ao conhecimento empírico se


mostra valorativa, reflexiva, assistemática, verificável, falível, inexata" (VIEIRA,
1999, p. 137), ou seja, o conhecimento surge a partir da observação e
interação do ser humano com o ambiente que o cerca.

A psicologia ambiental, que tem como tema central a interrelação


entre a pessoa e o ambiente, seja ele físico ou social, é o campo da psicologia
que possui certa correlação com a Neuroarquitetura, mas, difere-se pelo fato
de seu funcionamento ser substancialmente de forma sistêmica, holística e
indutiva (MOUSER, 2018).

Isso não distancia as duas disciplinas, de acordo com Emílio (2003),


pois, a neurociência embasada em estudos científicos traz contribuições
significativas à psicologia, ajudando a compreender a dinâmica do cérebro e o
comportamento humano.

2.2.1 DA PSICOLOGIA AMBIENTAL À NEUROARQUITETURA: O ESTUDO


DAS EMOÇÕES.

A psicologia ambiental, desde sua origem nos anos 70, tem como
especificidade analisar a forma como o ser humano percebe e avalia o
31

ambiente no instante em que ele está sendo influenciado pelo mesmo.


(MOSER, 1998)

A Neuroarquitetura, por outro vértice, através de evidências


neurocientíficas, comprova que os edifícios e cidades afetam nosso cérebro e
comportamento.

Ambas as áreas apresentam estudos que mostram de forma clara


como os ambientes construídos podem gerar emoções que alteram nosso
estado mental e físico, impactando diretamente na tomada de decisões, assim
como nas emoções, criatividade, atenção, socialização, memória, bem estar e,
por fim, na felicidade de cada indivíduo. (PAIVA, 2018)

Damásio (2012), em seu livro "O erro de descartes", destaca que as


emoções são originadas pelo cérebro, mas, suas reações são notadas em todo
o corpo.

Segundo Paiva (2018), o corpo e o cérebro respondem ao ambiente,


de forma consciente e na maioria das vezes inconsciente, à lembranças que o
fazem bem, manifestadas por meio da percepção do olfato quando assimila o
cheiro da madeira, por exemplo

Esta relação entre o ambiente e o individual acontece não só de uma


forma cognitiva, mas também de uma forma emocional ou mesmo
instintivo. 'Acontece que as pessoas têm múltiplas tendências
subconscientes e comportamentos que regem as suas respostas a
ambientes construídos'. (PAIVA, 2018, p. 133).

Freud (1856-1939 apud PAIVA, 2018), através de sua teoria de


estrutura psíquica explica como a mente do ser humano funciona.

Dividida em três partes, o ego é a parte que se consegue controlar, o


consciente. O ID é a parte inconsciente, ou seja, o instinto. E, por fim, o
superego seria a parte moral, responsável pelos sentimentos, onde se
absorvem e armazenam as normas e as condutas da sociedade.

A teoria do "Iceberg” (figura 5), abaixo, é uma metáfora criada para


ilustrar o estudo da psicanálise.
32

Figura4 - Teoria do Iceberg

fonte: estudantes do curso de Psicologia da UFSJ – Universidade Federal de São João del-Rei
(https://psicoativo.com)4

Em um desses estudos relatados, Andréa (2018, p. 133), revela que


"[...] nosso cérebro processa informações de forma consciente em menos de
1% de sua capacidade. A grande maioria dos estímulos recebidos são
processados de forma inconsciente [...]".

Kahneman (2011), utiliza personagens fictícios para ilustrar de forma


simples essas duas formas de desenvolvimento do pensamento humano. O
modo consciente é representado pelo Sistema II, enquanto o modo de
pensamento inconsciente chama-se Sistema I.

Em poucas palavras, o sistema I é rápido, emocional e intuitivo,


enquanto o sistema II é lógico, lento e deliberativo.

A junção desses dois sistemas mesmo com características tão


distintas influencia diretamente no desempenho e no comportamento humano.

4
Disponível em https://psicoativo.com/2017/04/primeira-segunda-topica-aparelho-psiquico-
resumo-psicanalise-freud.html
33

Funções vitais do corpo, assim como os comportamentos


automáticos e a percepção dos ambientes estão relacionados com o sistema I,
ele absorve as primeiras informações, processa de forma agilizada e transfere
para o sistema II apenas informações relevantes que necessitam de raciocínio
para tomadas de decisões. Comportamentos que necessitam ser rotineiros, ou
situações novas são processadas pelo sistema II até se tornarem automáticas
e conseqüentemente passarem para o sistema I tornando-se tarefas intuitivas.
(DANIEL (2011).

O Autor acima citado destaca, ainda, que estudos como o efeito de


priming5 revelam que estímulos não perceptivos em ambientes possuem total
influência nos pensamentos e ações, assim como, nas emoções.

2.2.2 ESTIMULANDO OS SENTIDOS

A neuroarquitetura aplicada em ambientes demonstra ser de grande


valia para ajudar a gerar estímulos captados pelo ser humano de forma
consciente ou inconsciente.

A educação, na chamada primeira infância, merece atenção especial


por parte da sociedade, afinal, é nesta fase do desenvolvimento que a
"aprendizagem é fortemente influenciada por todo o meio onde a criança se
encontra e com o qual interage", com predisposição para interagir com tudo,
sentir, tocar, etc. com (Comitê Científico do Núcleo Ciência Pela Infância, 2014,
p. 4).

A criança se manifesta através desses estímulos de forma criativa e


ativa, afinal, "[...] quanto mais ricos forem os estímulos nesta fase, maiores as
possibilidades de sucesso de desenvolvimento de algumas habilidades”.
(ZANATA, 2014, p. 1).

Segundo as autoras Schiavo e Ribó (2007), para a aplicação desses


estímulos é necessário entender como o cérebro infantil os absorve.

5
Priming é um tipo de memória em que as experiências prévias, influenciam na execução de
uma tarefa, sem que exista uma percepção consciente da existência dessas experiências.
34

Assim como elas, tem-se a posição de outros autores, conforme se


observa a seguir:

O cérebro infantil já traz os neurônios de toda vida, permanece


'aberto', pronto para se desenvolver e serem preenchidos com
estímulos, mas existem a época e o momento específicos, para
assimilar determinadas informações. Estas fases do aprendizado são
conhecidas como janelas de oportunidades, que chamamos de
“janelas abertas”, que são chances de desenvolvimento na vida e nas
atividades da criança. (SCHIAVO & RIBÓ, 2007, p. 2)

Através da análise da faixa etária é possível identificar a quantidade


de estímulos que a criança deverá receber. Cada fase de crescimento possui
características únicas, que estudadas mais a fundo influenciarão no
amadurecimento do cérebro da criança. (BARTOSZECK & BARTOSZECK,
2004)

Tabela 5 Janela de oportunidade

FASES DO APRENDIZADO
PERÍODOS DA "JANELA DE OPORTUNIDADES"
FAIXA ETÁRIA PROPÍCIA AO
FUNÇÕES
DESENVOLVIMENTO

Visão 0 - 6 anos
Formas comum de reação 6 meses - 6 anos
Controle emocional 9 meses - 6 anos
Linguagem 9 meses - 8 anos
Segundo idioma 18 meses a 11 anos
Habilidades sociais 4 anos - 8 anos
Música 4 anos - 11 anos

fonte: Reformulado de (DOHERTY, 1997, apud BARTOSZECK & BARTOSZECK, 2004)

Segundo Medina (2014), a capacidade de aprendizagem irá


depender da integração entre todos os estímulos, assim, desde que estes
trabalhem de forma unificada, os resultados se tornarão efetivamente
satisfatórios.

Diferentes recursos utilizados no design dos projetos, como


iluminação natural, temperatura, cor, e acústica, quando projetados de forma
correta causam grande interferência no processo de aprendizagem. (MORA,
2017)
35

Esses recursos disponíveis ativam quatro tipos de estímulos


diferentes: afetivos, físicos, cognitivos e sensoriais, conforme Schiavo e
Ribó(2007), que apresentam de forma sucinta e independente as suas
relações.

Os estímulos físicos estão relacionados a capacidades como a de


movimento, coordenação motora, psicomotoridade e lateralidade, por exemplo,
sendo necessário enfatizar que estimular as crianças fisicamente acaba
resultando em situações como a de conhecimento do próprio corpo, além de
acelerar seu desenvolvimento em ritmo distinto e estimular a criatividade e
desenvolvimento da personalidade expressiva. (SCHIAVO & RIBÓ, 2007)

Já os estímulos afetivos estão diretamente ligados ao emocional,


aos desejos, sentimentos e ansiedades. Quando estes estímulos são
trabalhados, a criança, especialmente, tem maior facilidade em socializar-se,
adquirindo, assim, segurança e firmeza na hora de expor e expressar seus
sentimentos e medos, além de incentivarem a compreensão dos outros e do
ambiente em que estão inseridas, o que, por certo, acaba desenvolvendo seres
humanos mais saudáveis, de um modo geral. (SCHIAVO & RIBÓ, 2007)

Estímulos cognitivos têm como finalidade integrar, perceber e


responder ao ambiente que os cerca. Envolvem a aprendizagem, fortalecem a
memória, incentivam a criatividade e fomentam a curiosidade. O
desenvolvimento cognitivo é explorado através de espaços que possibilitam o
exercício da inteligência, além da reflexão e do senso critico. (SCHIAVO &
RIBÓ, 2007)

Por fim, estímulos sensoriais são ativados pelos cinco sentidos do


ser humano, o olfato, o paladar, a audição, o tato e a visão. Através destes,
tudo em torno da criança vira uma experiência sensorial. Através dos sentidos,
os estímulos provocam ações que desencadeiam sensações e as
sensibilidades internas e externas da criança. (SCHIAVO & RIBÓ, 2007)

O ambiente deve ser rico em estímulos, o mesmo conteúdo deve ser


ensinado de várias formas, permitindo que várias áreas do cérebro
sejam trabalhadas. Isso porque há alunos com preferências
sensoriais diferentes, ou seja, alguns são visuais, outros auditivos e
36

outros ainda são cinestésicos.6 ( CHEDID, 2016, p. 3 apud (BLANCO


& NAVAJAS, 2017, p. 4)

Neste contexto, a arquitetura funciona como elo de ligação entre


estímulos e sensações, vinda de impulsos físicos captados por órgãos
receptores como o nariz, a boca, os ouvidos, a pele e os olhos, transformando-
se em reações psicológicas posteriormente. (LOURENÇO, 2016)

Cada experiência envolvida com a arquitetura se torna


multissensorial, Com a capacidade de estimular diversos sentidos, em conjunto
ela se torna a arte mais importante para o desenvolvimento humano.

Não há como não constatar que crianças que desenvolvem as


capacidades cognitivas - sendo relevante no caso do presente estudo a
primeira infância – em ambientes mais saudáveis do ponto de vista moral,
emocional e físico, tem maior capacidade de se tornarem adultos bem
sucedidos e com maior capacidade de interação com o todo.

Dito isto, é necessário frisar que o os referenciais projetuais


apresentados nos próximos tópicos tendem a comprovar tudo que fora exposto
neste e nos capítulos anteriores, demonstrando que a arquitetura pode ser
grande aliada na evolução cognitiva humana.

5. REFERENCIAL PROJETUAL

Os referenciais projetuais listados nesse trabalho tem por


característica o uso da arquitetura como fator determinante no desenvolvimento
infantil.

Materiais vernaculares para apropriação afetiva do espaço e o uso


de estímulos visuais, iluminação natural e ventilação para influenciar o
aprendizado são técnicas projetuais que de acordo com esses referenciais
trouxeram resultados.

6
cinestésicos são indivduos que utilizam do tato para estudar, focando sempre em situações
práticas.
37

5.1 ESCOLA INFANTIL MUNICIPAL DE BERRIOZAR7

A escola infantil Municipal De Berriozar é a materialização da


Neuroarquitetura, projetada para abrigar uma creche, ela se desenvolve
segundo o modelo herdado das escolas municipais italianas de Reggio Emilia,
onde os espaços físicos que recebem as crianças se articulam em torno de
uma praça, um espaço de interatividade e desenvolvimento de atividades
gerais.

Assim, é necessário destacar os seguintes dados: Localização: Calle


Errota, 31013 Berriozar, Navarra, Espanha; Área: 1,278,01 m²; Ano: 2012;
Arquitetos: Iñaki Bergera, Iñigo Beguiristáin, Javier Larraz; Colaborador: Juan
Miguel García; Arquitetos Técnicos: Atec Aparejadores; Engenharia: Naven
Ingeniería de Instalaciones; Estrutura: FS Estructuras.

Figura 5 Escola Infantil Municipal De Berriozar - Fachada noroeste

Fonte: (archdaily, 2013)

7
Disponível em https://www.archdaily.com.br/br/01-96342/escola-infantil-municipal-de-
berriozar-slash-javier-larraz-plus-inigo-beguiristain-plus-inaki-bergera
38

É possível ver claramente a intenção de aplicar a arquitetura em


beneficio da pedagogia. A iluminação natural é tratada como um dos principais
pontos neste projeto, assim com a interatividade entre as crianças.

Para Kahn, (2010, p. 9-10 apud FAVERO, 2017) a primeira escola


começou debaixo de uma árvore, quando o homem que não sabia que era um
mestre e se pôs a discutir o que havia aprendido com outros que não sabiam
que eram estudantes."

Assim como estes primeiros estudantes, as crianças aprendem pela


intuição vinda naturalmente dos seres humanos, e a arquitetura criada neste
projeto estimula a intuição das crianças a se voltar para a leveza e a paz
transmitida pelo edifício.

Figura 6 - Escola Infantil Municipal De Berriozar - pátio interno coberto

Fonte: (archdaily, 2013)

Na planta baixa do projeto em estudo percebe-se a intenção de


colocar como espaço principal a grande praça central para atividades além de
mais duas áreas externas implantadas uma em cada extremidade do projeto.
39

Devido ao formato longitudinal, a iluminação natural dos ambientes


que não estão em contato direto com a praça central ou com os pátios externos
ficariam prejudicados.

No estudo do conceito da Neuroarquitetura foi cientificamente


comprovado o beneficio da luz solar na motivação dos seres humanos. Um
exemplo clássico é a grande exposição das pessoas nas estações mais
calorosas, onde a luz solar é predominante na maioria do tempo. Esta
disposição humana tende a diminuir em épocas chuvosas e frias, como o
inverno por exemplo. Em local onde a vontade de aprender é gerada por
instinto, qualquer sensação que favoreça este aprendizado é bem vinda.

Figura 7 - Escola Infantil Municipal De Berriozar - planta baixa térreo

Legenda
1 - acesso 13 - Corredor 31 - Sala de aula 4
2 - Lobby de distribuição 14 - Oficina 32 - Refeitório 4
3 - Sala de Silletas 15 - Sala multiuso, praça 33 - Sala de descanço 4
4 - sala de brinquedos 16 - Cozinha 34 - Sala de banho 4
5 - Escritório da direção 17 - Escritório pessoal 35 - Sala de aula 5
6 - Sala de reuniões 18 - Sala de aula 1 36 - Refeitório 5
7 - Banheiro exterior 19 - Refeitório 1 37 - Sala de descanço 5
8 - Vestiários 20 - sala de descanço 1a 38 - Sala de banho 5
9 - Sala de limpeza 21 - sala de descanço 1b 39 - Pátio coberto 1
10 - Lavagem e secagem 22 - Sala de Banho 1 40 - Pátio exterior 1
11 - Sala de silos de biomassa 23 - Sala de aula 2 41 - Pátio coberto 2
12 - Sala de caldeiras 24 - refeitório 2 42 - Pátio exterior 2
Fonte: (archdaily, 2013)

A imagem do corte nos permite entender os desníveis criados no


telhado para proporcionar a entrada da ventilação e da luz solar em
praticamente todas as salas do edifício.
40

Figura 8 - Escola Infantil Municipal De Berriozar - Corte

Fonte: (archdaily, 2013)

Quanto ao entorno, a escola Infantil Municipal De Berriozar esta


situada em um bairro residencial e de skyline baixo, com prédios em tons
terrosos a escola acaba se destacando dos demais edifícios da região devido a
sua fachada com jogos de cores de saturação alta, que enriquece a relação
entre a rua e os espaços internos, trazendo a sensação de uma verdadeira
brincadeira de infância.

Figura 9 - Escola Infantil Municipal De Berriozar - entorno

Fonte: (archdaily, 2013)

A construção, modulada de concreto armado, ameniza as cores


fortes de sua fachada, trazendo um tom acinzentado sereno e neutro no interior
do edifício.
41

Figura 10 - Escola Infantil Municipal De Berriozar - pátio externo

Fonte: (archdaily, 2013)

Salas translúcidas permitem a entrada de luz e facilitam o contato


visual dos professores com seus alunos, alem de trazer a sensação de
amplitude em instalações adaptadas para todas as atividades em determinados
grupos.

Figura 11 - Escola Infantil Municipal De Berriozar - Sala de aula

Fonte: (archdaily, 2013)


42

5.2 ESCOLA DE CANUANÂ, PROJETO CHILDREN VILLAGE - VILA DAS


CRIANÇAS

Vencedora do premio Internacional RIBA de 2018, a denominada "Vila


das crianças" reforça a idéia de que a arquitetura pode sim ser um instrumento
de transformação social.

Os dados projetuais são os seguintes: Localização: Formoso do


Araguaia, TO, 77470-000, Brasil; Área: 23.344,00 m²; Ano: 2017; Arquitetos:
Aleph Zero, Rosenbaum; Arquitetos responsáveis: Adriana Benguela, Gustavo
Utrabo .

Figura 12 - Escola de Canuanã, projeto Children Village (Vila das crianças) - fachada

Fonte: (archdaily, 2017)

Localizado em uma comunidade remota e rural no estado do


Tocantins, o projeto criado no entorno de plantações locais, nos mostra o quão
importante é o diálogo entre o arquiteto e os usuários do futuro projeto. Criado
a partir de um diálogo intenso entre os arquitetos, a comunidade e os
professores, a vila das crianças atende 540 crianças de 13 a 18 anos em
regime de internato.

O ponto chave que fez este projeto ser escolhido como referencia no
uso da Neuroarquitetura foi justamente o desafio de transformar uma escola
em um lar, visto que os alunos passam dias longe de suas famílias e amigos.
43

Através de dinâmicas lúdicas com os alunos foi possível identificar


quais os desejos deles em relação à escola, chegando-se ao desejo de um
espaço resguardado, mas também lugares para brincadeiras coletivas
deixaram claro que a escola tem valor de lar.

Como em comunidades carentes quando a vulnerabilidade social e


as más condições de moradia privam crianças de se desenvolverem
adequadamente, a escola se torna o espaço chave para mudar a situação
dessas crianças, neste caso, a escola não tem a intenção de trazer a criança
para mais próxima do seu lar, mas sim, tornar esses espaços seus novos lares.

Figura 13 - Escola de Canuanã, projeto Children Village (Vila das crianças) - ciculação

Fonte: (archdaily, 2017)

A escola foi dividida em duas alas, a feminina e a masculina. A


grande alteração realizada neste projeto que se destaca dos demais internatos,
foi a redução de número de alunos por quarto, aumentando a privacidade e a
sensação do próprio lar aos alunos, melhorando a qualidade de vida e
consequentemente o desempenho acadêmico.
44

Figura 14 - Escola de Canuanã, projeto Children Village (Vila das crianças) - planta baixa
térreo

Fonte: (archdaily, 2017)

Figura 15 - Escola de Canuanã, projeto Children Village (Vila das crianças) - planta baixa
segundo pavimento

Fonte: (archdaily, 2017)

Grandes pátios integram as duas alas do internato, assim como


salas de TV, leitura e varandas, tudo desenvolvido através de um programa de
necessidades elaborado diretamente com os alunos, melhorando a qualidade
de vida e estreitando o laço entre os alunos e a escola, afinal ela se tornou as
suas casas.
45

Figura 16 - Escola de Canuanã, projeto Children Village (Vila das crianças) - pátios externos

Fonte: (archdaily, 2017)

Em toda instituição de ensino o local de lazer é parte primordial em


um projeto, mas, neste em especial vai muito mais além de um espaço de
recreação. Ele é o quintal das casas destas crianças e isso deve ser levado em
consideração.

Figura 17- Escola de Canuanã, projeto Children Village (Vila das crianças) - Área de descanso

Fonte: (archdaily, 2017)


46

Outro ponto importante a ser levado em consideração neste projeto


foram as formas e materiais escolhidos para a construção, visto que o edifício
se encontra em uma área rural, em um vilarejo pequeno e com fortes ligações
indígenas, a matéria prima utilizada uniu a tecnologia ao vernacular,
introduzindo o edifício na vida das crianças e não as crianças no edifício. Isso
nos mostra que materiais modernos e deslumbrantes não são sinônimos de
conforto e bem estar, muitas vezes esses materiais apenas tendem a nos levar
de volta para casa, mesmo que estejamos a milhares de quilômetros dela.

Figura 18 - Escola de Canuanã, projeto Children Village (Vila das crianças) - Materiais
vernaculares

Fonte: (archdaily, 2017)

5.3 PROJETO DE COMPOSTAGEM DO SHOPPING ELDORADO -


TELHADO VERDE

A transformação de lixo orgânico em adubo através de um sistema


denominado compostagem em um shopping de São Paulo também é citado
neste referencial projetual. A sustentabilidade e o uso consciente de resíduos
foram fatores determinantes para esta escolha.

Para compreensão, é necessário destacar os seguintes dados:


Empresa: Shopping Eldorado; Localização:Av. Rebouças, 3970 • Pinheiros,
São Paulo • SP; Área do telhado verde: 3 mil m²; Ano da implantação: 2012;
47

Autores do projeto: Eng. Arthur Leandro Lapa, Eng. Sergio Nagai, Tec.Tiago
Silva.

Figura 19 - Projeto de compostagem do shopping eldorado - horta sustentável

Fonte: (Condomínios Verdes, 2012)

De acordo com pesquisa realizada pelo IBGE (Pesquisa Nacional de


Saneamento Básico , 2008), no Brasil, de todo resíduo sólido gerado, 50,8%
deste montante é armazenado em lixões a céu aberto, 22,5% são levados a
aterros controlados e 27,7% despejados em aterros sanitários.

Resíduos orgânicos representam 60% de todo lixo urbano gerado.


Processos como a compostagem transformam esses resíduos em adubo.

Com a implementação, em 2012, de um programa de coleta,


separação e compostagem de resíduos provenientes da praça de alimentação,
o shopping Eldorado se torna referência mundial em aproveitamento de
resíduos orgânicos para fins sustentáveis.

A quantidade de lixo enviada ao aterro sanitário da cidade de São


Paulo pelo empreendimento reduziu significativamente. Ademais, houve
redução na emissão de carbono na atmosfera por conta do transporte dos
resíduos.
48

O processo inicia-se com a coleta das sobras de alimentos


recolhidos na praça de alimentação. Em seguida, o material é levado a unidade
de reciclagem, que faz uma mistura de serragem com esses resíduos
orgânicos selecionados. Este composto, retira a umidade da comida e evita o
mal cheiro.

Após algumas etapas de misturas e esterilização, no prazo de 30


dias, o composto de cor marrom e cheiro de comida industrializada estará
pronto.

Figura 20 - Ciclo de Produção e destino do composto orgânico proveniente do sistema de


compostagem

Fonte: Criado pelo autor a partir de dados de (Condomínios Verdes, 2012)

Após o fim do ciclo o composto é acrescentado ao solo em uma


horta sustentável que ocupa 3 mil m², localizado no telhado do edifício.

O telhado verde cultiva temperos, ervas, legumes e verduras,


produtos estes, distribuídos aos próprios colaboradores do empreendimento.
49

Figura 21 - Legumes provenientes do telhado verde no shopping Eldorado/SP

Fonte: (Condomínios Verdes, 2012)

Outro benefício adquirido com a implantação da cobertura verde, é a


redução da temperatura interna do edifício e diminuição nos gastos de energia
e água dos equipamentos de refrigeração.

A implantação deste projeto em escolas, gera destino sustentável


aos resíduos orgânicos provenientes da alimentação de crianças e professores,
ajuda no controle de temperatura do edifício, contribuindo com o bem estar e
aprendizado dos usuários, além de ser uma fonte de alimento e ajudar a
comunidade, com a distribuição dos produtos cultivados entre famílias de baixa
renda da região.

Por fim, outro ponto positivo é a inicialização do processo de


educação ambiental desde cedo na vida das crianças, incorporando ao
cotidiano a preservação de recursos naturais e o combate de desperdícios.
50

6. O MUNICÍPIO DE ARARANGUÁ

Desmembrado de Laguna e emancipado em 3 de abril de 1880, o


município de Araranguá esta localizado a 57,7km da fronteira com o estado do
Rio Grande do Sul e a 217,2km de Florianópolis, capital catarinense. (Município
de Araranguá, 2012)

Possui área de 298,42km² e encontra-se à 12 metros de altitude


referente ao nível do mar. Possui traçados largos, evidentes em suas extensas
avenidas projetadas no século XIX pelo então idealizador do projeto da cidade
engenheiro Antonio Lopes de Mesquita. Conhecida como cidade das avenidas,
é banhada pelo rio Araranguá e cortada pela BR 101.

Possui grande potencial turístico devido à sua natureza privilegiada,


sendo seu principal ponto turístico o balneário Morro dos Conventos, localizado
a beira do oceano atlântico e possui diversas características únicas na região,
como falecias, dunas, um farol da marinha e a foz do rio Araranguá. (Município
de Araranguá, 2012)

Figura 22 - Av. Sete de Setembro, município de Araranguá, ano de 19408

Fonte: (Prefeitura do município de Araranguá/SC, 2012)

8
Disponível em https://www.ararangua.sc.gov.br/cms/pagina/ver/codMapaItem/12403
51

Ademais, com uma população estima de 67.578 pessoas de acordo


com o site IBGE (https://cidades.ibge.gov.br, 2010), possui uma densidade
demográfica de 202,14 hab/km², sendo , a 18º cidade mais populosa do estado
de Santa Catarina.

Segundo ainda dados da pesquisa, a cidade dispõe da seguinte


divisão referente à faixa etária.

Figura 23 - Pirâmide Etária 2010

Fonte: Reformulado de (IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2010)

Em um local onde, 4,198 (6,9%) da população total do município


são crianças de 0 a 4 anos de idade, os índices apuram a existência de 44
CEI's. Dentre os estabelecimentos , 32 são municipais, 01 estadual e 11
privados. (QEDU, 2012).

Fazendo um breve comparativo com índices obtidos no portal do


IBGE, verifica-se que no ano de 2018, 1.662 crianças foram matriculadas em
educação pré-escolar no município de Araranguá. Apenas 39,6% das crianças
estariam aptas a frenquentar CEI's no município. (IBGE - Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, 2018).
52

Figura 24 - Índices de matriculas por período escolar

Fonte: Reformulado de (IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2018)

Confrontando dados, percebe-se que a média é de 37,77 crianças


com idades entre zero a seis anos por CEI.

Sabe-se que o número de alunos por sala, a proporção de


cuidadores e o espaço físico afetam significativamente o desempenho e
aprendizagem das crianças.

Assim, projetos bem elaborados e uma divisão consciente de


recursos por parte da prefeitura na implementação de novos CEI's, ou na
reforma dos já existentes, causariam grande impacto benéfico nos índices
escolares do município, além de melhorar o ensino e o bem estar das crianças
atendidas.

6.1 O BAIRRO

O terreno escolhido para o desenvolvimento do projeto de um CEI,


está localizado na cidade de Araranguá, em uma área institucional,
denominada Centro Cívico. O espaço, de propriedade da União federal e
posteriormente cedido à prefeitura municipal, deriva-se de um campo de
aviação desativado.
53

Criado em 1938, o aeroporto de Araranguá teve seu ápice em 1950


com pousos da empresa VARIG, fazendo a linha Araranguá/Porto Alegre.

Figura 25 - Avião da VARIG pousado no aeroporto de Araranguá

Fonte: (Prefeitura do município de Araranguá/SC, 2012)

Precisamente 43 anos após sua inauguração, o aeroporto já em


situação precária é desativado, suas terras pertencentes a UNIÃO, são cedidas
ao governo municipal, que por sua vez as transforma em um área que leva o
mesmo nome de sua atividade inicial, "Aeroporto".

Figura 26 - Limites do bairro Aeroporto em Araranguá/SC

Fonte: Reformulado de (GOOGLE, 2019)


54

Com a ampliação da Av. XV de novembro uma parte do terreno


cedido a prefeitura pela UNIÃO foi destinada a obra. Residências que
ocupavam a área tiveram que ser realocadas para a viabilidade na execução
do projeto.

Diante deste fato, as famílias foram transferidas para um novo


conjunto habitacional de interesse social, localizado no mesmo terreno,
denominado "Flor do Campo". Assim, sucessivamente, outros espaços foram
sendo realocados com estruturas de interesse social, e cívico. Além do UPA, o
campus da UFSC e IFSC, uma casa de acolhimento de idosos em fase de
construção, mesma situação do estádio municipal e a sede da AMESC, já
concluída.

Figura 27 - Mapa de equipamentos urbanos

Fonte: própria (2019)

Outra parte do terreno foi destinada a construção de um CEI modelo,


espaço este no qual, o referido trabalho fundamenta-se.

Diante do destino tomado pelo uso do terreno, posteriormente á área


foi denominada Centro Cívico. De acordo com o plano diretor e seu mapa de
55

zoneamento urbano principal, o centro cívico possui uma área total de 70,442
Ha, sendo destinada em sua totalidade a zona institucional (ZIN).

Figura 28 - Mapa de zoneamento urbano principal de Araranguá/SC

Fonte: Reformulado de ARARANGUÁ (2017)

Seus limites fazem fronteiras com 5 bairros do município de


Araranguá. Sendo eles: Bairro lagoão, Mato Alto, Cidade Alta, Alto Feliz e Nova
Dívinéia.

Figura 29 - Limites de bairros em Araranguá/SC

Fonte: ARARANGUÁ (2017)


56

Ainda de acordo com o plano diretor da cidade, citado no anexo 18


referente a lei de zoneamento, a tabela de permissibilidade de uso do solo, é
descrita da seguinte forma:

Tabela 6- tabela de permissibilidade de uso do solo - Zona Institucional


TABELA DE PERMISSIBILIDADE DE USO DO SOLO
ZONA INSTITUCIONAL - ZIN

SIGLA ZONAS
PERMITIDOS PERMISSÍVEIS PROIBIDOS
Institucional Administrativo,
ZONA cultural e de lazer; Institucional Assistencial; Todos os demais
ZIN
INSTITUCIONAL Comunitário Tecnológico e Comunitário associativo usos
Esportivo
Fonte: Plano ARARANGUÁ (2017)

Na tabela abaixo, descreve-se a categorização do uso do solo, parte


integrante do anexo 19 da lei de zoneamento, em atendimento ao pressuposto
de seu artigo 31..

Tabela 7 - Tabela de categorização do uso do solo - Zona Inconstitucional


TABELA DE CATEGORIZAÇÃO DO USO DO SOLO
ZONA INSTITUCIONAL - ZIN
INSTITUCIONAL USO EXCLUSIVO NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS
Creches e Berçários; Escolas de ensino básico e
Atividades de atendimento fundamental; Estabelecimentos de ensino
público as necessidades especial; Bibliotecas e Midiatecas; Postos de
Assistencial diretas das áreas de saúde, saúde ou de pronto atendimento; Hospitais
educação, social e de públicos; Centros sociais ou assistenciais;
segurança. Delegacias e postos policiais; Bases militares;
Atividades correlatadas
Atividades de gestão
pública; com eventual
Fórum, tabelionatos e cartórios; Câmara;
atendimento público as
Prefeitura; Agências tributárias; Secretarias,
Administrativo necessidades relativas aos
fundações e autarquias; Departamentos
procedimentos
públicos; Atividades correlatadas.
protocolares, informativos
e tributários
Centros culturais ou de convenções;
Atividades de promoção
Auditórios, teatros e cinemas; Museus;
cultural, social ou
Cultural e Lazer Circuitos em pista; Quadras, cachas e
esportiva, de caráter
campos recreativos; Praças e parques;
público.
Atividades correlatas.
Fonte: ARARANGUÁ (2017)
57

Já o anexo 20 da referida lei, trás a tabela dos condicionantes


urbanos municipais referentes a área onde encontra-se o terreno em estudo.

Tabela 8 - Tabela dos condicionantes urbanos municipais - Zona Inconstitucional

TABELA DOS CONDICIONANTES URBANOS MUNICIPAIS


ZONA INSTITUCIONAL - ZIN
CONDICIONANTES
CONSICIONANTES COMPLEMENTARES
PRINCIPAIS
APROVEITAMENTO

PAVIMENTOS TIPO

QUADRA DA ZONA
PERMEABILIDADE

TRANSFERÊNCIA
DO DIREITO DE
CONSTRUIR TD
CONSTRUTIVO
GABARITO EM

ADICIONAL PC

LIQUIDA POR
DENSIDADE
OCUPAÇÃO

POTENCIAL
ÍNDICE DE

TAXA DE

TAXA DE

ALTURA
CÓDIGO

DL
ZONA

TO TO
IA TP GA IA GA PROVER ADITAR MÍNIMA MÁXIMA
TÉRREO TIPO
(X) (%) (%) (%) PVTO (%) PVTO CONDIÇÃO HABIT X HA
Zona
ZIN 3,0 70 50 30 5 20 3 NÃO NÃO 300 600
Institucional
Fonte: ARARANGUÁ (2017)

6.2 O TERRENO

O espaço denominado Centro Cívico de Araranguá carrega consigo


uma herança de abandono. A datar de 1981, com o abandono do então campo
de aviação e suas terras mal administradas, ocupações urbanas irregulares
começam a surgir. Sem saneamento básico e falta de infra-estrutura em geral,
assentamentos urbanos informais se aglomeram nas extremidades do campo.

Com a doação dos terrenos por parte da UNIÃO à prefeitura


municipal, o bairro retoma o crescimento ordenado e um novo destino é dado
ao espaço. Desde então, a área denominada Centro Cívico ganha contornos
importantes para o desenvolvimento da cidade. Um conglomerado de órgãos
e entidades públicas administrativas/culturais aguardam verbas para
construção de suas novas sedes, para ai então, tornar o antigo campo de
aviação a região político-administrativa de Araranguá.

Para formar um pólo administrativo modelo em uma área até então


esquecida, para muitos, a solução mais prática e viável é realocar moradores
em áreas de assentamentos urbanos irregulares para outros espaços, longe do
futuro "coração" da cidade. Moradores que viveram por décadas em um espaço
de vulnerabilidade social, transferidos justamente quando a área é alvo de
58

ações por parte da prefeitura para melhoras na infra-estrutura e


consequentemente na qualidade de vida.

O terreno escolhido para o presente estudo, faz parte deste novo


espaço planejado pela prefeitura, o desejo de trazer a sociedade para perto de
seus governantes, e poder aproveitar os benefícios que um bairro planejado
trás, foi o motivo pelo qual o terreno em questão foi escolhido.

Para garantir o futuro de uma cidade, não basta apenas edifícios


novos, é preciso ter a frente seres humanos capacitados, e somente com a
educação de qualidade para todas as faixas sociais isso se tornará possível,
como dizia Leonel Brizola, "A educação é o único caminho para emancipar o
homem. Desenvolvimento sem educação é criação de riquezas apenas para
alguns privilegiados". Diante da intenção de trazer educação de qualidade para
crianças de baixa renda, o terreno escolhido para o presente trabalho, localiza-
se dentro do perímetro denominado Centro Cívico.

Por tratar-se de uma área cedida pela UNIÃO FEDERAL, não possui
consulta prévia, nem delimitações oficiais. A escritura do terreno dar-se de um
modo geral, ou seja, de todo Centro Cívico.

No espaço delimitado pelo autor, já existe um CEI construído. O


presente estudo visa, desconsiderar o edifício, e valer-se apenas do terreno em
questão mais uma parte do terreno vizinho.

Figura 30 - Delimitações

Fonte: Reformulado de (Google Earth, 2019)


59

Com uma área total de 15.875m² e um perímetro de 504m, o


terreno de esquina possui sua testada principal ao sudeste, defronte a Av.
Capitão Pedro Fernandes medindo 127 metros. Ao nordeste esta a testada
secundária de fronte com a Rua Francisco Rufino Orige medindo 125 metros.
Ao sudoeste possui ainda uma terceira testada defronte a Rua Antonio Belmiro,
a qual mede 125 metros. Ao noroeste, terras ao fundo extremantes com área
reservada para a construção do Fórum da cidade de Araranguá/SC.

Um fator determinante para a escolha do terreno foi suas


características físicas. Possui um relevo relativamente plano e geometria
regular. Proximidade com as comunidades e fácil acesso para transportes
públicos e particulares.

Figura 31 - Níveis do terreno

Fonte: Reformulado de (Google Earth, 2019)

As condicionantes principais do terreno ficam estabelecidas segundo


as indicações da tabela dos condicionantes urbanos municipais disponível no
plano diretor de Araranguá, da seguinte forma:
60

Figura 32 - Condicionantes do terreno

Fonte: Própria (2019)

Por se tratar de um antigo campo de aviação, o terreno e seu


entorno não possuem arborização, ficando a cargo do planejamento urbano e
paisagismo a escolha de vegetações que melhor se adéquem ao local.

De acordo com a classificação climática de Köppen-Geiger9, o clima


na região é Cfb10. Ao longo do ano a temperatura média geral varia de 11 ºC a
29ºC e a pluviosidade média anual é 1301mm.

Figura 33 -- Dados climatológicos de Araranguá/SC

Fonte: (Climate-Data, 2012)

9
Classificação climática de Köppen-Geiger é o sistema mais utilizado para classificação global
de tipos climáticos.
10
Cfb: Clima temperado, ameno. Chuvas distribuídas, sem estação de seca.
61

Outro dado relevante é o total diário incidente de energia solar na


região, importante no que diz a respeito a implantação de sistemas de
aquecimento e geração de energia através de painéis solares.

Figura 34 - Gráfico de incidência solar

Fonte: (Weatherspark, 2010)

Os ventos predominantes na região são separados por duas


estações do ano. No inverno a predominância é SW (sudoeste). Já no verão,
com exceção para o mês de dezembro, o vento predominante é SE (sudeste).

Tabela 9 - Direção predominante dos ventos em Araranguá/SC

Fonte: (MONTEIRO, 2007)

6.2.1 ÁREA DO LOCAL ANALISADO

Para análise de entorno do terreno, foi considerado aproximadamente


600 m em direção aos quatro lados do terreno.
62

Figura 35 - Área analisada

Fonte: Remodelado a partir de ARARANGUÁ (2017)

Através do mapa de cheios e vazios percebe-se a grande área


central denominada centro cívico praticamente sem construções. O restante do
entorno, predominantemente residencial, a densidade é moderada.

Figura 36 - Cheios e vazios

Fonte: Reformulado a partir de ARARANGUÁ (2017)

O Terreno apresenta vias importantes em seu entorno, como a Av.


XV de Novembro, a Av. Sete de Setembro e a Rua capitão Pedro Fernandes,
ambas ligam o entorno do terreno a diversos pontos da cidade e possuem fluxo
63

de veículos moderado. As vias locais, possuem baixo fluxo de veículos, devido


em sua predominância não possuírem pavimento.

Figura 37 - Sistema viário

Fonte: Reformulado a partir de ARARANGUÁ (2017)

A área analisada inserida neste contexto denominado centro cívico,


vem recebendo aos poucos a estrutura necessária para a transformação de um
bairro até então "esquecido" pelo poder público em um pólo
politicoadministrativo da cidade de Araranguá.

Analisando o mapa de equipamentos urbanos, percebe-se uma


melhor infraestrutura no lado oeste da área analisada, com maior concentração
de, abastecimentos, saúde e educação e espaços de lazer.

Outro fator importante analisado, foi a situação precária do


transporte público na região, na área analisada não á sinalização nem bancos
nos pontos de ônibus. Além da falta de pontos em lugares estratégicos como
escolas e faculdades.
64

7. PROPOSTA

O trabalho aqui apresentado destina-se ao anteprojeto de um centro


educacional infantil (CEI) na cidade de Araranguá/SC.

O projeto deve atender as demandas do local e todas as


especificações da rede de escolas públicas e do município. O contexto social
do entorno foi essencial para a escolha do terreno, sendo que todas as suas
características projetuais foram voltadas para atender as especificações do
local.

7.1 CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO

O conceito do projeto baseia-se no contexto onde o CEI esta


inserido, nessas circunstâncias a sensação de segurança transpassada pelo
centro educacional torna-se indispensável para a boa formação dos usuários
do local. Além da segurança os sentidos também são lembrados, a
Neuroarquitetura mostra a influencia que os estímulos aos nossos sentidos
causam ao longo da vida, e um projeto trazendo essas características não
influenciará apenas as crianças, mas também, os colaboradores do local e a
comunidade.

O olfato, tato, audição, paladar e visão são os cinco sentidos do


corpo humano, eles fazem parte do sistema sensorial, responsáveis por enviar
as informações absorvidas para o sistema nervoso, que por sua vez, analisa e
processa essas informações recebidas.

Esses sentidos podem ser ativados através de ambientes projetados


que transmitam estímulos a sentidos importantes, como o cheiro das flores ou
de alimentos sendo preparados, o ruído da chuva, o calor do sol ou a brisa do
vento. Experiências cognitivas também são possíveis através de superfícies
lisas, ásperas, quentes ou frias, duras e macias. O projeto, busca estimular
todos esses sentidos unificados, trazendo para perto de seus usuários um
mundo de sensações.

Segundo John (2014) a visão supera todos os outros sentidos, e


esse sentido ficará evidente no projeto, através das cores, usadas em pontos
65

estratégicos, busca-se uma influência positiva no aprendizado e no


desenvolvimento infantil.

Outro influenciador importante que o projeto abordará é a


segurança. As comunidades vizinhas, local onde muitas crianças usuárias do
CEI moram, são constantemente alvo de operações policiais, ou até mesmo de
brigas entre criminosos e usuários de drogas. O projeto visa diminuir esse
impacto negativo, transmitindo uma certa sensação de segurança e confiança a
todos ali inseridos.

Para transmitir essa sensação de segurança o conceito baseia-se na


pedagogia Waldorf, relatado por Sandra (ALVARES, 2010, p. 1) como uma
"filosofia educacional que tem por missão desenvolver, não só o lado intelectual
da criança, mas também o emocional, o psicológico, o intuitivo e a experiência
concreta."

Aplicado a arquitetura, a pedagogia Waldorf influencia nos


ambientes de aprendizagem utilizando-se de elementos como cores, texturas,
luz e ventilação natural, a conexão com a natureza introduzindo desde os
primeiros meses de vida o respeito ao meio ambiente assim como a intenção
gestual dos espaços, provocando nas crianças sensações como proteção e
segurança dentro de um centro de educação infantil. (ALVARES, 2010).

7.2 PROCESSO DE ENSINO DA PROPOSTA

O estudo de processo de ensino, baseou-se nos parâmetros


fornecidos pelo MEC através de documentos orientadores referentes a infra-
estrutura básica para instituições de educação infantil e parâmetros nacionais
de qualidade para educação infantil. Essas publicações tratam de padrões
mínimos a respeito da qualidade dos ambientes e de ensino.

Os documentos têm como finalidade padronizar as instituições de


ensino em todo âmbito nacional, estipulando números máximos de alunos por
cuidador, número ideal de crianças por centro educacional, ambientes exigidos
para o mínimo de infra-estrutura no local, assim como indicações de materiais,
acabamentos e mobiliários a serem inseridos nos projetos.
66

Sendo assim, baseado nos Parâmetros Básicos de Infra-estrutura


para Instituições de Educação Infantil (MEC, 2006) o processo de ensino da
instituição do presente estudo fica dividido da seguinte forma:

Figura 38 - Processo de ensino

Fonte: Própria (2019)

7.3 DIRETRIZES PROJETUAIS

As diretrizes foram criadas pensando nas necessidades dos


usuários, nos estímulos cognitivos desejados e na aplicação de tecnologias
sustentáveis. Priorizando sempre a segurança dos usuários e o bem estar da
comunidade, trazendo princípios estéticos e ecológicos, além de conforto,
beleza e economia.

Figura 39 – Diretrizes

Fonte: Própria (2019)


67

7.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES

O programa de necessidades do referido projeto teve como principal


referência o encarte do ministério da saúde, Parâmetros Básicos de
Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil (2006), disponível através
do site do MEC11. O encarte apresenta os parâmetros básicos de infra-
estrutura para elaboração de projetos de instituições de educação infantil.

Levando em consideração os resultados do estudo de viabilidade,


levantamentos in-loco e entorno o projeto, o referido trabalho foi adaptado para
se adequar as sugestões apontadas pelo encarte. Entretanto, as sugestões do
MEC apontadas não são mandatárias, e o projeto segue alguns padrões
distintos para se adequar a sua realidade e a proposta definida pelo autor.

Sendo assim, o programa de necessidades fica distribuído da


seguinte forma:

Figura 40 - Programa de necessidades

Fonte: Própria (2019)

11
Disponível em http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Educinf/eduinfparinfestencarte.pdf
68

Figura 41 - Programa de necessidades

Fonte: Própria (2019)

Figura 42 - Programa de necessidades

Fonte: Própria (2019)

7.5 SETORIZAÇÃO E FLUXOGRAMA

Na setorização dos ambientes, definiu-se a o lugar de cada


ambiente. O fluxo e a integração entre os setores além do fácil acesso ao
ambiente externo de integração foram levados em consideração. O estudo foi
elaborado com base na análise do entorno e do terreno pretendido, tendo como
ênfase a incidência solar, as direções dos ventos predominantes e a facilidade
de acesso tanto por meio de transportes públicos, como para pedestres.
69

Figura 43 - Setorização

Fonte: Própria (2019)

As recomendações e propósitos de cada ambiente discriminados a


seguir, são partes integrantes do encarte acima citado.

Figura 44 - Fluxograma

Fonte: Própria (2019)


70

Entrada/Fachada: Figura entre um dos setores mais importantes do


projeto. Com um propósito convidativo, ela deve ser considerada atraente aos
olhos das crianças, deve transpassar a sensação de que logo atrás dela existe
um ambiente diferente do cotidiano vivido pela criança em áreas de
vulnerabilidade na qual estão inseridas.

Figura 45 - Croqui da fachada

Fonte: Própria (2019)

Hall de entrada/Recepção: O primeiro ambiente visualizado ao entrar


no CEI, deve ser organizado, confortável e estimulativo. A importância da
primeira impressão deve ser considerada neste ambiente. frequentada em sua
maioria por pais de alunos, a recepção deve transparecer a sensação de
confiança, pois é ali que irão deixar seus filhos em período integral

Figura 46 - Fluxograma hall de entrada

Fonte: (HORN, 2013)


71

Biblioteca: Área destinada a uso público e alunos, pode ser


acessada tanto pela recepção como pelo interior do CEI. O conforto ambiental,
conforto e o uso da tecnologia são fundamentais para uma contribuição
significativa no desenvolvimento cognitivo da criança, a interação entre criança
e mídia visual é seja ela digital ou impressa é o objetivo neste espaço.

Administrativo: Considerado por muitos o coração da CEI, possui


diversos setores e funções, passando pela sala da diretora, até o apoio
psicológico para crianças e pais. Importante a aplicação de estudos na área da
neuroaquitetura para uma melhora na experiência de trabalho por parte dos
funcionários do CEI. Ambientes mais humanizados, influenciam diretamente no
comportamento e motivação, tornando fundamental atender as necessidades
físicas e psicológicas, promovendo maior produtividade e motivação. do
colaborador usuário do espaço.

Sala de professores: Precisa de um espaço planejado para suas


necessidades tanto quanto os alunos, com espaços para reuniões em grupo ou
para trabalhos individuais, as condicionantes térmicas e acústicas também
devem ser levadas em consideração.

Setor Pedagógico de 0 a 2 anos de idade: Como os demais


ambientes distribuídos no CEI, o setor pedagógico para crianças de 0 a 2 anos
de idade deve ser voltado para educar, estimular e cuidar, sempre incentivando
o desenvolvimento dos usuários. Condições acústicas de baixo ruído, boa
ventilação e iluminação, assim como o uso de mobiliários de layout flexível e
paredes reversíveis, para integração de ambientes são condicionantes
imprescindíveis neste espaço. O ambiente deve ser amplo, apto para as
atividades habituais de bebês nessa faixa etária, como rolar, engatinhar,
alimentar-se, dormir, descansar, tomar banho, observar, brincar, aprender e
interagir.

O setor conta com sala de repouso, dotada de berços para o


descanso dos bebês, sala de atividades, local destinado a atividades que
desenvolvam o potencial cognitivo do bebê, com um ambiente organizado,
estimulante, aconchegante e seguro.
72

O acesso deve ser sem restrições como degraus, ou obstáculos,


visto que os pais tendem a buscar seus bebês no local com o uso frequente de
carrinhos de bebê.

Sala de aleitamento materno também está incluso neste setor.


Ambiente tranqüilo confortável e privativo são essenciais nesse espaço, a
alimentação feita através do cuidador também é realizada neste local.

O fraudário, utilizado para higienização da criança, deve prever


expurgo para fezes, banheira em material térmico e bancadas com pia.

Dentre os ambientes do setor pedagógico destinado a crianças de 0


a 2 anos inclui-se o lactário, destinado a higienização, preparo e distribuição de
mamadeiras.

Solário: Espaço integrado com o setor pedagógico, uma extensão da


sala de atividades onde as crianças tomam banho de sol e interagem com
elementos externos da natureza ou criados especificadamente para promover o
desenvolvimento infantil. A vegetação e a orientação solar protegem as
crianças em momentos mais críticos de insolação além trabalhar em conjunto
com o pátio externo como porta de entrada ou saída para a ventilação cruzada.

Figura 47 - Croqui de Insolação

Fonte: Própria (2019)


73

Pátio descoberto: Espaço de ligação entre todas as áreas do projeto.


Tratando-se de conforto ambiental, tem como condicionante ser a porta de
entrada da ventilação natural predominante no setor pedagógico.

Figura 48 - Croqui ventilação cruzada

Fonte: Própria (2019)

Destinado a exploração, é o ambiente determinante quando se diz


respeito a estímulos físicos, aqui, o ambiente é enriquecido com vegetação e
detalhes que instigam a imaginação, movimentos e coordenação motora.
Permite brincadeiras em grupos a céu aberto, e também brinquedos de uso
individual, respeitando o coletivo e a privacidade de cada aluno. Áreas de
transição como decks e caminhos cobertos também viabilizam o uso do pátio.
Um ponto de referência como, por exemplo, um chafariz também pode ser
inserido ao ambiente.

Pátio coberto: Possui as mesmas características do pátio


descoberto, só que preparado para dias em que as condições climáticas são
desfavoráveis para atividades ao ar livre. Deve conter brinquedos interativos, e
móveis que possibilitem um layout flexível, criando um ambiente diferente a
cada modificação, possibilitando a criação de novas experiências, favorecendo
o autoconhecimento e desenvolvendo habilidades afetivas, cognitivas, sociais e
culturais.

Refeitório: Local arejado, com vista para os pátios, mesas redondas


a fim de promover a interação entre crianças. Ao lado da cozinha, facilita a
distribuição do alimento. Pode ser transformado em um espaço de integração,
indicado para apresentações e reuniões entre professores, pais e comunidade,
74

possui um palco e depósito para brinquedos e materiais de usados em


apresentações.

Sugere-se um dimensionamento de 1m² por usuário, com


capacidade mínima de 1/3 (um terço) do total de alunos. Não é recomendado
que todas as crianças façam suas refeições ao mesmo tempo. (MEC, 2006)

Cozinha: Ambiente responsável pelo preparo de refeições


disponibilizadas as crianças e colaboradores do CEI. Possui ambientes de
apoio que ajudam em seu funcionamento. Divida em 3 setores, a cozinha
possui uma área de produção, e a área de recepção e estocagem (depósitos) e
a área de expurgo do lixo produzido, onde é devidamente separado para
reciclagem.

O lixo orgânico é enviado através de um elevador para um ambiente


no segundo pavimento denominado compostagem. Ali, restos de comida são
processados e transformados em adubo, este, usado na horta implantada no
telhado verde do edifício.

Horta: Responsável pela produção de hortaliças e legumes


consumidos na própria instituição, a horta comunitária localizada no telhado
verde do edifício, ajuda no conforto térmico e na integração das crianças com
o meio ambiente. Consome o adubo produzido na compostagem e é irrigada
através de um sistema de captação da chuva implantado no telhado do setor
pedagógico, este, também utilizado em pontos de água não destinados a
limpeza e irrigação de plantas e jardins.
75

Figura 49 - Croqui horta comunitária

Fonte: Própria (2019)

Setor pedagógico de 3 a 4 anos: Localizado no segundo pavimento,


acessado através de uma rampa e distribuído ao longo de um corredor verde,
com áreas para interação, com elementos como areia, grama, pedras e
vegetação. A intenção do corredor verde é trazer aos usuários do segundo
pavimento a sensação de estar com os pés no chão, diminuindo o efeito da
verticalização imposta pela proposta do edifício.

As divisões do espaço ocorrem do seguinte modo: sala de repouso,


sala para atividades e solário. Neste período de desenvolvimento, através da
interação com o ambiente é essencial estimular a visão, o controle emocional
e a linguagem.

Setor pedagógico de 5 a 6 anos: Com uma distribuição de ambientes


igual ao setor pedagógico de 3 a 4 anos, este setor difere-se pelo fato de
aceitar mais crianças em suas salas e pelos estímulos gerados. Nesta etapa de
desenvolvimento, é importante a introdução do aprendizado musical através de
uma sala de música, localizada no pavimento térreo e um segundo idioma.
Além dos outros estímulos já citados no setor acima.

Sala multiuso: Utilizada pelos dois setores de aprendizado tem como


característica principal o estimulo de integração entre crianças de faixas etárias
diferentes.
76

Apesar de ser um espaço multiuso, sua organização é essencial.


Jogos, cantos de leitura, sala de televisão, DVD e som também são indicados
para este espaço.

Sanitários: Distribuídos em pontos estratégicos do edifício tem como


prioridade a ergonomia e a acessibilidade. Além da sustentabilidade ao serem
abastecidos através do sistema de captação de águas pluviais.

Lavanderia e DML: São os ambientes destinados aos serviços gerais


do edifício. Tem como características o acesso restrito á colaboradores. Possui
área externa para secagem de peças lavadas e assim como os sanitários, é
abastecida pelo sistema de captação de águas pluviais. Tem como áreas
integradas, um espaço para armazenagem de peças limpas e depósito de
materiais de limpeza.

Sala de compostagem: Responsável pelo processamento e


compostagem de resíduos orgânicos provenientes da alimentação servida no
CEI. O adubo produzido fomenta a horta comunitária locada no telhado verde
do edifício.

Área de recreação: Um espaço destinado a esportes e lazer, possui


quadras e parques infantis, de uso público apenas em horários que o CEI não
esta em funcionamento. Possui um sistema de cerca retrátil que garante a
segurança dos usuários do CEI durante seu uso. Ao ser liberado para a
comunidade a cerca é recolhida e o espaço liberado para o uso comum.

Figura 50 - Cerca retrátil


77

Fonte: Reformulado de (fancyfence)

Áreas verdes comuns: Além de quadras e parque infantil o CEI fica


envolto a uma área verde destinada a uma praça. Pode ser acessada por 3 das
4 testadas do terreno, é ampla, iluminada e de vegetação predominantemente
alta, reduzindo os riscos de crimes no local. Equipamentos urbanos distribuídos
ao longo da praça, e estacionamentos para automóveis, vans e ônibus também
serão incluídos no projeto.

Figura 51 - Croqui planta de situação

Fonte: Própria (2019)

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Está nítida que a intenção proposta no presente trabalho se mostrou


frutífera, especialmente pela possibilidade de buscar entender a importância
78

dos espaços bem planejados em ambientes de aprendizado, o que, no caso do


estudo aqui proposto, refere-se mais especificamente aos CEI’s.

A medida que as pesquisas foram sendo realizadas foi possível


observar que a relação entre o ser humano e o ambiente em que nasce, cresce
e se desenvolve molda aquele que nos tornamos.

As pesquisas feitas comprovaram que a ciência não falhou em


demonstrar que nascemos apenas com as funções primárias do cérebro
desenvolvidas e ao longo de nossa existência, as experiências vividas passam
a moldar nosso cérebro, e, consequentemente, quem somos.

A ciência, em conjunto com a arquitetura, vem através de pesquisas


desvendando o que faz bem ao ser humano, traduzindo o resultado em
ambientes personalizados, que atendem as necessidades físicas e psicológicas
do usuário.

A Neuroaquitetura assim como a psicologia ambiental, visam


transformar espaços pensando no bem estar dos seus usuários, e
principalmente no seu desenvolvimento como ser humano.

A primeira infância se mostrou a fase mais importante na vida do


homem médio. No que diz respeito ao seu desenvolvimento, estímulos vividos
nestes primeiros anos de vida moldam o futuro, interferindo diretamente nas
áreas sociais, econômicas e psicológicas de nossas vidas.

É na primeira infância que inicia-se o ciclo escolar, visto que o ápice


do desenvolvimento infantil se dá nos primeiros anos de vida. Assim, os CEI's
são de suma importância para fundamentar a base do ser humano,
especialmente quando pensados, criados e desenvolvidos de forma
arquitetônica condizente com as necessidades da criança e, com estudos que
comprovam sua efetividade.

Crianças nascidas ou criadas em áreas de vulnerabilidade social,


sem acesso a recursos básicos e educação de qualidade, vivem em ambientes
muitas vezes desfavoráveis, tendo que lidar desde cedo com a violência, maus
tratos e falta de investimentos sociais.
79

Para minimizar os impactos negativos que esses locais trazem para


o desenvolvimento infantil, a educação e a arquitetura, unidas, podem mudar o
panorama social dessas crianças, transformando seus cérebros e suas vidas.

Um projeto de qualidade pensado e estudado para estimular os


sentidos, treinar o cérebro e transmitir sensações positivas não vai influenciar a
vida apenas das crianças que frequentam o espaço, sendo que, restou
comprovado por meio dos estudos realizados que investimentos na educação,
com criação de espaços como o proposto neste trabalho acabam por beneficiar
toda comunidade.
80

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