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Orixás o Segredo da Vida

Dedico este trabalho à minha mãe Osun e minha filha Gabriela.


Prezados amigos e leitores,
Espero que este trabalho seja uma colaboração útil a todos vocês e, principalmente, ao
candomblé, para o qual tenho dedicado minha vida. Confesso que tenho trabalhado muito ao
longo do tempo para alcançar e merecer a posição que hoje ocupo dentro desta seita, mas não
posso deixar de reconhecer que sempre fui recompensado justamente por todos meus esforços,
graças a minha mãe Osun. Hoje, sinto-me apto a colaborar de forma positiva com o candomblé,
pois a mim foram dadas muitas oportunidades de adquirir conhecimentos e viver experiências
que, infelizmente, não foi possível à maioria das pessoas. Nas minhas andanças por este país e
pela África, muitos véus foram descerrados de meus olhos e consegui ver um pouco mais além.
Por isso não seria justo que eu guardasse só para mim aquilo que seria útil a tantos. Tento aqui
dar, de forma simples, o meu quinhão de colaboração para o candomblé, ais quais tantos devem
tanto.
Ao contrário do que muitos pensam, o candomblé, assim como todas as outras seitas religiosas,
não se dedica ao mal e às forças negativas. Todas as religiões procuram o bem e a felicidade, não
seria esta a razão do viver?! Porém, se há pessoas que ainda tentam usar nossos rituais para a
magia negra e tantas outras coisas ruins, é porque desconhecem que as forças negativas, as
forças do mal não são produtos de seitas religiosas, mas sim de seus próprios corações voltados
para o mal, para o ódio e para o desamor. Que o ruim é o produto das próprias pessoas, de seus
desencantos, de suas frustrações, de suas invejas, de sua incapacidade para o bem e para o
amor. É produto dos que desconhecem a lei do retorno e só se sentem bem diante da infelicidade
alheia, que mais tarde será a sua. O fogo que serve para cozer o alimento é o mesmo que serve
também para destruir. Cabe a cada um saber utilizá-lo de forma boa e correta.
Que este trabalho seja visto com os olhos do bem, do amor, da dignidade!
Salve Osun!
Agradeço meus filhos de Santo: Rick de Logun Edé e Aniello de Vita, que muito
colaboraram comigo.

Aos Neófitos
"...quanto mais se aprende, mais se precisa aprender...".
Ilê Dara Ase Osun Eyn
"O material empregado na arte de Ifé espanta e abisma qualquer historiador,
incluindo os próprios africanistas".
“No princípio era o verbo... não havia nada. E o verbo como o nada era tudo que
havia... E os filhos da evolução, da desordem, foram os elementos e dos elementos foi
a vida e a vida foi o homem. Então o homem chamou o nada e verbo de Olorum (1),
Senhor de todos os seres espirituais, das entidades divinas e dos ancestrais".
Olorum é também:
Alàabalaase: Aquele que é ou possui o propósito e poder de realização.
Oba Arinum Roode: Senhor que concentra em si mesmo, tudo que é interior e tudo que é
exterior, tudo que é manifesto e tudo que é oculto.

Olodumaré: o Senhor do Destino Eterno, o Senhor do céu.

O Babalorixá Pai Cido de Osum Eyn nasceu no dia 10/08/1949 na ilha Madre de Deus, vizinha de
Salvador na Bahia. Foi o quarto filho de nove irmãos, sendo dois casais irmãos gêmeos.
O pai, Sr. Alcides Reis, marinheiro, falecido em 1954 de tuberculose, o que obrigou a mãe, Dona.
Zilah Reis, e os filhos a uma vida bem mais modesta, passando humilhações e dificuldades.
Iniciava-se uma sofrida trajetória.
Em 1964, num trágico acidente de ônibus Pai Cido perdeu dois irmãos. Dona. Zilah lamentou a
morte dos filhos até o final de sua vida. A família Reis, depois desse triste episódio, resolveu
deixar a ilha e mudar-se para Candeias (BA). Pai Cido, então com 15 anos, foi trabalhar como
balconista num Café e Leite, caminhando diariamente 3 horas para ir e voltar do emprego.
Foi neste café que ele começou a sentir as primeiras manifestações espirituais.
Porém, a primeira manifestação realmente forte foi com o espírito do pai, num momento de
desespero. Pai Cido já não trabalhava mais no café. Começou a sentir todos os sintomas da
doença que matou o pai e ter todas as reações dele, sem, no entanto, estar doente fisicamente.
Isto o fez voltar para a ilha onde ficou hospedado na casa de uma tia. Ignorando que a tia era
uma médium de transporte, Pai Cido curou-se quase que imediatamente quando regressou a
Candeias, deixou todos os sintomas da doença com a tia, que mais tarde foi obrigada a procurar
ajuda espiritual para se curar. A mãe casou-se novamente e deu a luz a mais dois filhos. O
padrasto foi transferido para Alagoinhas e levou consigo toda a família. Foram todos morar num
sítio perto da cidade.
Algum tempo depois a mãe e o padrasto se separaram, o que fez com que a família Reis
retornasse a uma vida de sacrifícios.
Pai Cido, para sobreviver, colhia jacas, abacates e outras frutas do sítio, colocava-as numa mula
emprestada do vizinho e, junto com o irmão, que ficava sempre meio de longe, ia à cidade para
vendê-las. Com o dinheiro fazia a despesa do dia e a trazia para a mãe.
Conseguiu um emprego de cortador de carne num armazém do mercado, onde ficou alguns anos.
A família toda se transferiu então do sítio para a cidade. Assim que a mãe conseguiu uma banca
no mercado, transferência de uma amiga, Pai Cido deixou o armazém e foi trabalhar com a mãe.
Aí, as manifestações espirituais voltaram, o que o deixou muito mal psicologicamente.
Procurou algumas casas para se curar, mas nada parecia dar certo.
Decidiu então vir para São Paulo, para trabalhar e procurar um médico que o ajudasse. Chegou
aqui no dia 24 de Dezembro de 1973, ficando hospedado na casa de amigos. No dia 4 de janeiro
de 1974 arrumou emprego como servente de obra no prédio esqueleto do Anhembi e, também,
moradia no mesmo lugar. Em 78, rendido a uma paixão, Pai Cido casou-se e em 79 nasceu
Gabriela para sua alegria.
Em 81, completando os sete anos de feitura de santo, Pai Cido recebeu o cargo com o Pai Bobó,
vindo do Axé Oxumarê da Bahia.
Separou-se da esposa no ano seguinte, mas dois anos mais tarde Gabriela veio morar com ele.
Hoje, aos 13 anos, quase moça, Gabriela já raspou a cabeça e se prepara para ser herdeira da
casa do Pai.
Dna. Zilah, que há alguns anos morava com o filho, faleceu em 1990. Pai Cido ainda sente a dor
desta partida, pois foi a mãe quem sempre o apoiou em seus momentos difíceis.
Foi aí que encontrou a famosa abelha de ouro com olhos de rubi, a qual mais tarde ofereceu a
seu Santo Igbá d'Oxum. Passando alguns meses, saiu da obra e com o dinheiro da indenização
fez o santo. Ficou trabalhando na casa até conseguir emprego num almoxarifado de uma firma.
Então se mudou para uma casa pequena e iniciou seus trabalhos como Pai de Santo, a pedido de
Oxum, seu Orixá de cabeça.
"Os Orixás deixaram na terra seus conhecimentos e como deveriam ser cultuados seus toques,
comidas e costumes".

LOGUN EDE
Dia: quinta-feira
Data: 19 de abril.
Metal: ouro
Cor: azul celeste e amarelo.
Partes do corpo: as mesmas correspondentes a Osun e Osossi.
Comida: axoxo (feita com milho amarelo e coco) e omolocum (feita com feijão fradinho e ovos).
Arquétipo: altruístas, abnegados, sinceros, simpáticos, tensos, austeros, possuem senso de
coletividade, calmos, carinhosos, desprendidos, inconstantes, vaidosos e sonhadores.
Símbolos: abebé e ofá.

Conta a lenda que Osun teve uma grande paixão na sua vida Osossi, mas na época era casada
com Ogun e não podia ter nada com Osossi. Numa das saídas de Ogum para guerrear, Osun
encontrou Osossi e dele ela engravidou. Nove meses depois, quando a criança estava para
nascer, Ogum mandou recado que estava regressando. Osun não podia mostrar a ele a criança.
Ela deu a luz a um menino e o pôs em cima de um lírio e ali o deixou e foi embora. Iansã
passando viu aquela criança e sabia que era de Osun, pegou e criou Lógún Ede. Iansã o ensinou
a caçar e pescar. Lógún Ede viveu com Iansã durante muito tempo. Existem duas lendas que
contam o reencontro de Lógún Ede com a mãe. A primeira diz que um certo dia Lógún Edé saiu
para caçar. Quando estava no topo de uma cachoeira, olhou para baixo e viu uma linda mulher
sentada nas pedras, tomando banho e se penteando. Ele ficou fascinado pela beleza desta
mulher. Aí ele desceu e ficou olhando-a escondido. Osun com seu abebê (espelhinho) viu que
havia um homem a observando. Virou o abebê para ele. Neste momento Lógún Ede se encantou
e caiu nas águas em forma de um cavalo-marinho. Iansã quando soube, correu atrás de Osun e
disse a ela que aquele menino que ela havia encantado era seu filho: Lógún Ede, que um dia ela
havia deixado em cima de um lírio. Osun desfez o encantamento e disse que a partir daquele dia
Lógún Ede viveria seis meses na terra com o pai, comendo da caá e seis meses viveria com a
mãe, comendo peixe.
Na segunda lenda diz que Lógún Ede, o menino caçador, andava pelos matos quando um certo
dia, passando pela beira do rio Alaketu, ele viu no meio do rio um palácio muito bonito. Voltou
para sua cidade, relatou a beleza deste palácio e sua vontade de ir até lá. Disseram a ele que era
o palácio de Osun, lugar em que nenhum homem punha os pés. Passou-se o tempo e Lógún Ede
não encontrava um meio de ir até lá. Um certo dia encontrou sua mãe de criação, Iansã, que lhe
confirmou que no palácio de Osun nenhum homem punha os pés e ele só conseguiria entrar se
vestisse de mulher. Lógún Ede fascinado e obcecado pelo palácio pediu a Iansã que lhe
arrumasse os trajes adequados. Depois de arrumado, pegou sua jangada e se pôs no rio a
caminho do palácio.
Chegando em terra cantou:
Alaketo-ê
Ala Ni Mala
Ala Ni Mala oke

Este oro foi cantado em saudação às águas e pedia permissão à dona do palácio para sua
entrada. Abriram-se os portões e Lógún Ede entrou e no meio das mulheres Osun reconheceu seu
filho. Disse que a partir daquele dia Lógún Ede usaria saia, que lhe daria o direito de reinar ao seu
lado.
Hoje na Nigéria, a mais rica cidade chama-se Ilesa, e é a cidade de Lógún Ede, que para muitos é
metade homem e metade mulher, o que não é verdade, Lógún Ede é um santo único, um Orixá
rico que herdou tanto a beleza e agilidade do pai quanto a beleza e a riqueza da mãe. Em Ilesa,
umas das cidades mais prósperas da África, encontra-se o palácio de Lógún Ede.

OSÀLUFAN
Dia: sexta-feira
Data: 15 de janeiro.
Metal: prata, ouro branco, chumbo e níquel.
Cor: branco leitoso.
Partes do corpo: parte genital masculina, rins, sêmen, os 16 dentes do maxilar inferior (cauris)
que pertencem a Oxalá.
Comida: ebô, acaçá, o ibí (caracol) e o inhame.
Arquétipo: calmos, mas capazes de liderar, bondosos e tolerantes.
Símbolos: apaasoro (cajado).
Segundo a lenda, Osàlufan, rei de Ifé, decidiu visitar Sàngó, rei de Oyó e seu amigo. Antes de
partir, ele consultou um babalaô para saber como seria a viagem. O babalaô respondeu que ele
seria vítima de um desastre e que não deveria ir. Então ele perguntou se oferecesse sacrifícios
poderia melhorar sua sorte. O babalaô confirmou que a viagem seria muito penosa, que ele
sofreia inúmeros reversos e, se não quisesse perder a vida, não deveria recusar os serviços que
por acaso lhe fossem pedidos, nem tramar as conseqüências disso. Deveria também levar três
mudas de roupa branca e sabão. Osàlufan se pôs a caminho. Como era velho, ia lentamente
apoiado em seu cajado de estanho. Encontrou logo depois, na beira do caminho, Essú Elépo
Pupa, o dono do azeite de dendê, que tinha um barril de azeite ao seu lado. Após as saudações,
este pediu a Osàlufan que o ajudasse a por o barril sobre a cabeça.
Osàlufan concordou. Essú aproveitou a operação para derrubar maliciosamente o azeite sobre
Osàlufan, pondo-se a zombar dele. Este não reclamou, seguindo as orientações do babalaô.
Lavou-se no rio e deixou a roupa velha como oferenda. Continuou a andar e foi vítima ainda duas
vezes de tristes aventuras: com Essú Eléèdu, o dono do carvão, e Essú Aláàdì, o dono do óleo de
amêndoa de palma. Osàlufan, sem perder a paciência, lavou-se e trocou de roupa após cada
experiência.
Chegou finalmente à fronteira do reino de Oyó onde encontrou um cavalo de Sàngó, que havia
fugido. No momento que Osàlufan quis amansar o animal com espigas de milho para levá-lo ao
seu dono, os guardas de Sàngó, que estavam a procura do animal, chegaram correndo. Pensando
que o idoso fosse o ladrão, caíram sobre ele com golpes de cacete e jogaram-no na prisão. Sete
anos de infelicidade se abateram sobre o reino de Sàngó: a seca comprometia a colheita, as
epidemias acabaram com os rebanhos, as mulheres ficaram estéreis. Sàngó consultou um babalaô
e soube que a desgraça provinha da injusta prisão de um velho. Após buscas e perguntas,
Osàlufan foi levado a sua presença e ele reconheceu seu amigo Osalá. Desesperado pelo ocorrido,
Sàngó pediu-lhe perdão e deu ordem a seus súditos para que fossem todos vestidos de branco,
guardando silêncio em sinal de respeito, buscar água três vezes seguidas a fim de lavar Osàlufan.
Em seguida ele voltou a Ifá, passando por Egiodobô para visitar seu filho. Oságuian, feliz por
rever o pai, organizou festas com distribuição de comidas a todos os assistentes. E por esta lenda,
que até hoje no Brasil se faz águas de Osalá. Na primeira sexta-feira é retirado o Ibá de Osalá de
sua casa e levado a uma cabana com palmas e tranças, que simboliza a viagem de Osalá e sua
estadia na prisão. Na sexta-feira seguinte, (sete dias após) representando os sete anos que Osalá
ficou enclausurado, tem lugar a Cerimônia de águas de Osalá. Todos que participam chegam na
véspera à noite. No maior silêncio, os participantes de branco, vão todos antes da aurora pegar
água na fonte. De cabeças cobertas formam um cortejo por ordem hierárquica, dos mais velhos
até os mais novos. As duas primeiras são derramadas sobre o axé de Osalá como lembrança das
pessoas do reino de Oyó, que foram em silêncio, vestidas de branco, buscar água para Osàlufan
se lavar. A terceira vez, ao nascer do dia, os vasos são enchidos d'água e arrumados em volta do
Ibá, a proibição de falar é sustada. Os atabaques acompanham as cantigas. Transes de possessão
se produzem entre os participantes, como testemunho de satisfação ao deus.
No terceiro domingo, finalizando o ciclo das Cerimônias, é chamado PILÃO DE OSÁGUIAN, que
invoca preferências gastronômicas deste Orixá. As distribuições de comidas são realizadas em seu
nome, a fim de festejar a volta de seu pai. Neste dia, a procissão leva ao barracão pratos
contendo inhames pilados, milho cozido sem sal, sem azeite de dendê, cominho da costa e
pequenas varas de atori (içã), que são entregues aos Oxalá’s manifestados. As pessoas ligadas ao
terreiro e os visitantes importantes formam uma roda. Os dançarinos dançam curvados diante dos
Orixás. Estes Orixás dão na passagem um ligeiro golpe de vara. Por seu lado, os que foram assim
tocados, dão e recebem o odaré, golpes de varas da assistência. Há nesta parte um ritual,
lembranças da luta de egigbo na festa de Oságuian.

OSÁGUIAN
É o filho de Osàlufan, considerado o Osalá novo, aquele que carrega a espada e o escudo e é
muito confundido com Ògún. Por ser um Orixá FUNFUN (branco), ele é muito guerreiro. É
também um Orixá enganador, porque sempre mostra as duas faces: a guerra e a paz. Oságuian é
considerado um Orixá de alimentos brancos (inhame - insu), mas ele também esconde o lado
vermelho da espiritualidade. É muito arteiro, muito teimoso, engana até a morte. Traz no seu
bojo um grande carrego espiritual e os babalorixás têm que ter bastante cuidado para cultivá-lo,
justamente pelas duas faces que tem, É considerado o Santo das derrotas, das lutas, das
batalhas, das guerras, mas também considerado um Orixá que traz muita vitória quando resolve
vencer suas demandas.
Dia: sexta-feira
Data: 15 de janeiro.
Metal: todos os metais brancos.
Cor: branco leitoso.
Comida: inhame pilado.
Arquétipo: alto e robusto, porte majestoso, olhar ao mesmo tempo altivo e travesso, elegante e
amigo das mulheres, alegre, gosta profundamente da vida, revela-se muitas vezes irônico,
malicioso, prolixo, brincalhão. Idealista e defensor dos injustiçados, intuitivo quanto ao futuro.
Seu pensamento original antecipa o de sua época, espírito brilhante, facilidade de argumentação.
Se rico é generoso e até pródigo. Embora guerreiro não é agressivo, nem brutal.

IBEJIS (ERÊS)
Conta a lenda que os Ibejis são filhos paridos por Iansã e jogados nas águas. Osun os abraçou e
os criou como se fosse seus filhos. Todas as casas de candomblé têm por obrigação cultuá-los e
tratá-los bem.
Eles são confundidos por muitos como Orixás malucos, mas na verdade eles são crianças e como
tais são muito difíceis de perdoar, pois são muito radicais. Eles exigem que cada um faça as
coisas mais certas possíveis, o que faz com que as pessoas os temam.
O seu culto é obrigatório, assim como o de Essú, pois eles comandam as forças positivas das
casas de candomblé. Dizem os mais velhos que só existe uma pessoa feita em Ibeji no Brasil e
está na Bahia. Na África os Ibejis são indispensáveis em todos os cultos, sempre. Eles são
respeitados como Orixás de frente e estão sempre ao lado dos Orixás como a semente da fruta.
Na África não precisa se esperar o dia 27 de setembro para comemorá-los, lá são cultuados no
dia-a-dia como qualquer outro Orixá. Eles não perdem grande coisa, seus pedidos são pequenos,
pois o mais importante para eles é serem lembrados e cultuados. O que o Orixá faz, os Erês
podem desfazer, mas o que os Erês fazem nenhum Orixá desfaz. Eles se consideram os donos da
verdade.

OBI
O Obi é uma noz de cola, um fruto de origem africana, que nasce em árvores que demoram de 7
a 8 anos para frutificar. É uma fruta sagrada, insubstituível. Sem ela não se faz nenhuma
obrigação, nenhuma confirmação, nem para Essú, nem para os Orixás. Ela é necessária para
confirmar obrigações feitas a nossa cabeça (bori), para dar comida aos Orixás, confirmar o Ibá
(panela do Orixá ou assentamento do Orixá).
O mais importante do Obi é sua resposta de afirmação se sua obrigação foi aceita. Ela também dá
respostas quanto a casamentos e viagens, enfim, confirmações em gerais, que dependem de sim
ou não. Para confirmações mais profundas é preciso fazer um curso de Ifá que chegue até Obí.
É imprescindível entender que dentro do Obí de quatro gomos, Obí Abatá, existe dois casais. O
Pai de Santo deve reconhecer quais são os machos quais são as fêmeas. Se por acaso o Obí tiver
menos de quatro partes, não pode ser jogado em hipótese nenhuma, mas ele serve para ser
posto no assentamento (ibá) de Osalá para pedir proteção e boa sorte para o filho desse Orixá,
ou para ser torrado e pilado com oito favas de Aberê (fava de Osun) e fazer um pó como
proteção espiritual e ser usado na cabeça ou no corpo. Se por acaso ele tiver mais de quatro
partes, deve-se tirar a que estiver a mais (devendo ficar dois casais) e a oferecer a Essú. Caso o
Obí tenha quatro machos ou quatro fêmeas é sinal de boa sorte. Quando isto acontecer, se por
acaso o quinto for diferente (Ex: quatro machos e uma fêmea), esta última diferente também
deve ser retirada e oferecida a Essú, joga-se com os quatro machos. Não é permitido passar a
faca no Obí, pois ele já vem com seus gomos delineados pela própria natureza e estes devem ser
obedecidos. Passar a faca no Obí é contra o axé e o Orixá pode se revoltar. O Obí não deve ser
trocado por qualquer outra coisa e serve para todos os Orixás, menos para Sàngó, que só aceita
o Orobô, seu fruto predileto.
Todas para baixo: trevas.
Todas para cima: aí é Alafia, pode ser iniciada a obrigação.
Os gomos de Obí devem ser jogados de uma vez, isto é, simultaneamente. Não é permitido
manipulá-los, ou seja, retirar só os que estão para baixo e jogá-los sozinhos. Deve-se jogar o Obí
até conseguir a Alafia (permissão).
O Obi é tão sagrado e importante, que quando o Pai ou a Mãe de Santo não querem mais falar
com seus filhos, estes se o enrolarem numa folha de Odundun (folha da costa) e o colocarem aos
pés do Pai de Santo, este é obrigado a falar com ele, e até fazer as pazes e definir situações. Isto
é muito comum no sul do Brasil, onde há muitos conflitos e rivalidades entre Pais de Santo e
filhos, por falta de compreensão e conhecimento.
Não é permitido jogar o Obí em pratos ou chão sem água, pois a água representa o início de
tudo,ela é o axé. Para se jogar o Obí e ser aceito pelo Orixá e entender qual energia que está
vindo ao seu encontro (favorável ou não), é preciso: -- Um prato branco com água ou um chão
molhado. Colocar o assentamento já pronto na frente.
Colocar o Obi sobre a cabeça do filho de santo, fazer a oração do Obi pedindo sorte e felicidade e
jogá-lo na água do prato ou chão. Se caírem:
1 para cima e 3 para baixo: responde Okaran (Essú). Verificar se antes das obrigações foram
feitas as obrigações de Essú, pois senão ele está cobrando.
Nessa situação o Pai de Santo tem obrigação de colocar a mão no chão e depois no peito
alternadamente três vezes e continuar joagando o Obí.
2 para cima e 2 para baixo: indica equilíbrio, é uma boa jogada. Quem responde é Egioko-Meji
(Ògún).
3 para cima e 1 para baixo: é uma resposta indefinida, ainda não se tem liberdade de iniciar
qualquer obrigação.
Se cair muitas trevas ou se estiver demorando muito para a confirmação é preciso mudar do
prato para o chão ou vice-versa, ou passar um Eko (Acaçá) no corpo do filho, voltando depois a
jogar o Obí, até se obter sua permissão para iniciar a obrigação. O Obí é tão sagrado para o
candomblé quanto a hóstia é para os padres.
O Obí serve também:
Como amuleto, podendo ser posto no bolso para viagens.
Ser oferecido a um Orixá, ele será aceito como uma grande oferenda.
Ser mastigado, pois está provado que é bom para o coração e depurativo do sangue.
Ser oferecido aos Orixás nas obrigações e assentamentos.

MERIDILOGUN
Jogo de 16 búzios
Ervas dos Orixás
Essú: folha de fogo, coração de negro, fruto da aroeira, figueira brava, bredo, urtiga.
Ògún: abre-caminho-de-Ògún, madeira de lei, aroeira branca, cajarana, folhas da manga espada,
pau-ferro, caiçara.
Osossi: aroeira branca, peregun (nativo), erva pombinho (quebra-pedra), pega-pinto, alecrim do
campo.
Osanyin: são gonçalinho, garobinha e a maioria das outras ervas. Obaluayé: canela de velho,
picão, erva de bicho, velame, manjericão roxo, barba de velho, umbaúba, carqueja, jurubeba.
Òsùmàré: folha de café, oriri (alfavaquinha de cobra), jibóia.
Nánà: folha da costa, folha de mostarda, manacá, quarana, papoula roxa.
Sàngó: cambuatá, hortelã (grosso), manjerona, musgo de pedreira, erva de São João
(mentrasto).
Oya: para-raio, louro, flor de coral, brinco de princesa.
Obá: candeia, negamina, folha de amendo-eira.
Ewa: teteregun, cana do brejo, folha de Santa Luzia, ojuorô.
Osun: macaça, baronesa, vitória régia, oripepê, ojuorô, oxibatá, oriri, vassourinha de igreja.
Yemanjá: pata de vaca (que nasce na beira do rio), umbaúba, erva de São João (mentrasto).
Logun Ede: oripepê.
Osàguian: levante, arruda.
Osàlufan: tapete de Osalá, língua de vaca, folha da costa
Estas ervas podem ser misturadas em Amaci, que é um tipo de banho não cozido, quinado e
deixado em infusão por uns três dias. É usado para dar banho nos iniciados, nos consulentes e
lavar os fios de contas de cada Orixá que será usado no pescoço dos iniciados.
Íbà Olódùmaré
Íbà Akódà
Íbà Asèdá
Àwa Egbé òdó Osun, Júbà O, Ki Íbà Wa Se
Ká Ma Dàgbà Atoro Je.
Asé

Eu saúdo Olodumare, Deus Maior!


Saúdo o primeiro homem criado
Saúdo o último dele a ser criado
Nós que cremos em Osun saudamos e esperamos que Osun ouça nossa saudação
E permita que nossos desejos se realizem.

Axé
Os caminhos de um babalorisa nem sempre são cercados de flores.
A batalha pelo reconhecimento é árdua e inúmeros são os obstáculos a serem superados. Mas,
Pai Cido pode contar com a colaboração valiosa de inúmeras pessoas que estarão sempre em seu
coração, em especial sua filha Gabriela, futura mãe-de-santo da casa.
Pai Cido é um babalorisa feliz porque ama e é amado pelos orisás.

Pai Cido

Eis o candomblé, a festa dos Orisás, uma celebração constante da vida e da natureza, onde
dançando, caminhamos ao encontro da nossa ancestralidade. Aqui está a resistência que
sobressaiu nas guerras, que atravessou os mares e enfrentou hostilidades. Esta é a cultura de um
povo que sobreviveu a inúmeros massacres, às imposições de outras crenças ditas "superiores",
que se preservou e progrediu, reencontrando as raízes, voltando à sua origem: à grande mãe
chamada África. Embora esteja separada por um imenso oceano, esta nação se faz presente em
cada Casa de Candomblé, reflete-se nos hábitos dessa gente, que nem sempre têm a pele escura,
mas encontra nesses pequenos pedaços de África, a verdade, não a verdade absoluta, porém a
sua verdade.
Então, atribui-se ao Candomblé um caráter sagrado. Por um lado a religião atrai, tudo é tão
bonito: as roupas, as danças e os cânticos. E por outro lado, as pessoas repugnam o Candomblé.
0 fato é que reagem como a algo sagrado e proibido, evitando qualquer contato. Isto caracteriza
o Candomblé enquanto tabu.
A diferença é que neste sagrado está implícita uma idéia de impuro. Mas as pessoas respeitam a
interdição, que, sequer parte do Candomblé, é uma proibição da sociedade, não apenas a uma
religião, mas a uma cultura considerada inferior.
Nossa preocupação não é acabar com o preconceito, mas informar às pessoas e desfazer certas
idéias e equívocos, mostrando que não há nada de macabro no Candomblé. Sem dúvida, o
segredo em que se envolveu a religião no Brasil e a completa falta de informação a respeito de tal
crença implicara numa série de práticas incorretas que contribuíram na criação desta imagem
negativa.
Ocorre que as religiões afro-brasileiras dividem-se em duas vertentes principais: a Umbanda e o
Candomblé. Dois cultos que, embora possuam elementos em comum, estão muito distantes no
que diz respeito aos seus dogmas, preceitos e concepções do mundo; porém, ambas são vítimas
do mesmo preconceito, já que as pessoas não fazem qualquer distinção entre elas e acreditam
que Umbanda, Espiritismo ou outros cultos, que por algum motivo se aproxime do Candomblé,
sejam iguais. Também podem fazer uma divisão entre o bem e o mal, colocando o Candomblé
como uma religião voltada para a maldade. Na verdade, o Candomblé não se ocupa de fazer o
mau às pessoas, cada um preocupa-se com o seu próprio bem e com o bem da humanidade.
Outra confusão latente refere-se à designação genérica, que se tornou pejorativa, de macumba.
As pessoas identificam Candomblé e o despacho da encruzilhada sob a alcunha de macumba. Os
sacrifícios realizados no Candomblé não ficam expostos nas ruas, encruzilhadas, cemitérios ou
lugares afins. São rituais restritos ao espaço sagrado do templo, rituais de consagração e
renovação da força sagrada, do Asé.
O Candomblé não é uma seita cruel que mata animais e bebe sangue. 0 sacrifício de animais tem
um significado profundo, uma noção que existe na própria Bíblia e se mantém na Igreja Católica.
"Depois de teres degolado o carneiro, tomarás do seu sangue e derramá-lo-á em torno do altar",
essa passagem da Bíblia encontra-se no Êxodo-29. Nós, fiéis do Candomblé, consideramos a Bíblia
como urna preciosa fonte histórica e, como os teólogos, a reflexão dos homens sobre Deus. A
liberdade de culto religioso é assegurada na forma da lei pela Constituição da República
Federativa do Brasil. Portanto, o espaço sagrado do templo deve ser preservado e a lei garante
este direito. Por isso, cabe a cada babalorisa se conscientizar dos seus direitos e lutar por eles,
certo de que têm razão. Para isso basta agir corretamente, levar o sacerdócio a sério, fazer do
Candomblé uma casa de auxílio, onde a generosidade e à ajuda mútua prevalecem. O Candomblé
é uma religião aberta a qualquer pessoa, não há segredos que não sejam revelados àqueles que
participam do Candomblé, muito distantes no que diz respeito aos seus nem qualquer interdito
que impeça as pessoas de penetrarem neste universo maravilhoso.

Água
A energia feminina que comanda o mundo.
Encarregado por olodumaré de criar o mundo, Orisala recebeu do Deus Supremo o "Saco da
Criação". Porém, altivo e prepotente, Osalá recusou-se a fazer alguns sacrifícios e oferendas a
Esú, o primogênito do Universo, que permitia a comunicação entre os dois mundos e encontrava-
se à porta do Orun. Como vingança, Esú fez Osalá sentir uma sede intensa. Para matar esta
sede o Grande Orisá furou com seu òpásoró a casca do tronco de um dendezeiro, de onde
escorreu um líquido refrescante, o vinho de palma. Osalá saciou a sua sede e de bêbado
adormeceu.
Seu irmão e grande rival Odùduà, tomou-lhe o "Saco da Criação", e foi relatar a Olodumaré o
ocorrido. Diante disto, o Deus Supremo ordenou que Odùduà criasse o mundo.
Saindo do Além, Odùduà deparou-se com uma extensão ilimitada de Água. Odùduà liberou do
saco uma substância marrom, a terra, formou-se um montículo que ultrapassou a superfície da
água. Uma galinha cujos pés tinham cinco garras passou a ciscar e espalhar a terra que se
alargou por toda a superfície. Odùduà fundou a cidade de Ilè Ifé, o berço da civilização Iorubá e
do resto do mundo, onde se estabeleceu seguido pelos demais Orisás.

Osalá, como consolo, recebeu a tarefa de modelar no barro o corpo dos seres humanos.
No entanto, não levava muito a sério a proibição de consumir dos derivados do dendezeiro e, vez
ou outra, embriagava-se com o vinho de palma e criava seres defeituosos ou os tirava do forno
antes do tempo, razão pela qual os albinos e todos os portadores de defeitos físicos são
consagrados à Osalá.

Este mito de criação revela que, embora o mundo estivesse por ser criado, a água já existia,
portanto, a água precede a força. A água parada e lamacenta como a dos pântanos, que
Odùduà encontrou no mundo, lembram a divindade mais antiga do Candomblé, Nàná
Buruku, uma deusa de criação simultânea à criação do mundo, a representante da memória
ancestral de nosso povo.

Sem água, a vida na terra seria impossível. Animais e vegetais necessitam da água para
sobreviver.
Pobres daqueles que desconhecem o poder da água, uma energia tão forte, tão intensa, que
poderia destruir o mundo em segundos. Esses "grandes sábios" acham que o homem pode viver
apenas da tecnologia, destroem a natureza sem medir as conseqüências desastrosas de seus
atos. Quando o homem agride a natureza está agredindo a si próprio e a milhares de outras
pessoas inocentes. Quando a natureza se revolta todos pagam.
As chuvas que assolam várias cidades brasileiras são a prova de que a água se revolta contra o
homem, e quando se vinga não escolhe a quem atingir, acaba com tudo e com todos. Aquilo que
as pessoas levaram anos para construir é destruído em poucas horas de tempestade.
A água pode ser a bênção das chuvas de verão, que fertilizam o solo e garantem o sustento, mas
também as tempestades repentinas, que inundam as cidades e desabrigam tantas pessoas. Mares
e rios dominam o Universo, um mundo composto em sua maioria por águas, que foram à origem
e podem ser o final da criação.
Por ser alimento indispensável ao corpo e ao espírito, todos devem beber um copo d'água antes
de dormir e ao acordar, faz bem à alma, ao anjo de guarda e ao próprio Orisá.
Embora seja uma prática comum nos Candomblés, acender vela para os Orisá é algo
absolutamente desnecessário, um hábito que por uma série de fatores adquiriu-se no Brasil. O
Orisá já é naturalmente iluminado e os filhos-de-santo devem preocupar-se em manter as
quartinhas sempre cheias de água, pois é isto que importa, é a água que mantém e renova a
energia do Orisá e do homem. A saudosa Mãe Menininha do Gantois certa vez disse: "acima de
Deus nada, abaixo de Deus a água". A eminente mãe-de-santo, do alto de sua sabedoria, revelou
a todos o poder do elemento água, uma energia tão sagrada como a força do próprio
Olodumaré.
A água é a força das Grandes Mães, a força da mulher, a origem da vida. Falar da água é falar
da energia feminina que comanda o mundo. A água já dominava o mundo antes da Terra ser
criada, a mulher já se anunciava como um ser que já nasceu para comandar, para brilhar, para
ser exaltada e reverenciada, e não para ser submissa ao homem. A água é feminina, a terra é
feminina. O mundo pertence à mulher.A água lava a alma, traz a paz e retira as coisas ruins. Ela é
a força de Nàná Buruku, de Yemojá e de Òsun, as grandes deusas das águas que
precedem à forma e sustentam a criação.

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